Execucao Aula 7 01 04 2022

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EXECUÇÃO, PROCESSO COLETIVO E JUIZADOS ESPECIAIS – CCJ0038

PROF. ALEX CADIER - AULA 7 – 01/04/2022

TEMA DA AULA PASSADA: PENHORA E EXPROPRIAÇÃO DE BENS

 Penhora e depósito.
 Natureza jurídica;
 Bens não passíveis de penhora (art. 833, CPC);
 Ordem de preferência (rol exemplificativo – art. 835, CPC);
 Formalidades da penhora (arts. 837-849, CPC);
 Espécies de penhora (penhora em dinheiro – art. 854, CPC; penhora de créditos –
arts. 855-860, CPC; penhora das quotas ou das ações de sociedades personificadas
– art. 861, CPC; ´penhora de empresa, de outros estabelecimentos e de semoventes
– arts. 862-865, CPC; penhora de percentual de faturamento de empresa – art. 866,
CPC; penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel – arts. 867-869,
CPC)

 Avaliação (arts. 870-875, CPC)

TEMA DE HOJE: EXPROPRIAÇÃO DE BENS / SATISFAÇÃO DO CRÉDITO

- EXPROPRIAÇÃO DE BENS

Os bens penhorados destinam-se à futura expropriação e, por isso, devem ficar


custodiados até o advento dessa etapa. Em regra, a nomeação do depositário recai sobre o
próprio devedor, salvo se o credor não concordar e o juiz assim decidir.

A expropriação nada mais é do que a alienação forçada dos bens penhorados, com o
escopo de pagar ao credor. A expropriação importará, assim, na perda da propriedade do
executado.

Entretanto, pode ocorrer apenas a perda da faculdade temporária de fruir do bem, nos
casos em que este se submete à exploração econômica paulatina, com o objetivo de gerar fundos
necessários ao pagamento do crédito exequendo. É o que se denomina de usufruto de bem móvel
ou imóvel (art. 825, III, CPC).

De acordo com o art. 825 do CPC, portanto, a expropriação consiste em adjudicação,


alienação e apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros
bens.

Os arts. 876 a 878 do CPC apontam a primeira modalidade de expropriação, constituindo a


mais simples de todas. Trata-se da adjudicação. Nessa, o exequente pode conseguir a aquisição do
bem penhorado pelo valor que o mesmo tiver sido avaliado.
A segunda modalidade de expropriação está regulamentada nos arts. 879 e seguintes do
CPC, correspondendo à alienação. A alienação pode ser dada por iniciativa particular (art. 879, I,
CPC) ou em leilão judicial sob as formas presencial ou eletrônica (art. 879, II, CPC).

Assim, não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a alienação por sua
própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão
judiciário, podendo indicá-lo (art. 880, caput, CPC).

A alienação por meio de leilão judicial inclui a alienação de bens móveis e imóveis, deve ser
realizada por leiloeiro público (art. 881, § 1º, CPC), sendo utilizada quando não efetivada a
adjudicação ou a alienação por iniciativa particular (art. 881, caput, CPC). Todos os bens devem ser
alienados em leilão público, com exceção das alienações a cargo de corretores de bolsa de valores
(art. 881, § 2º, CPC).

O art. 882 do CPC dá preferência à realização do leilão judicial eletrônico em detrimento do


presencial. A veiculação do ato judicial por meio eletrônico deverá atender aos requisitos de
ampla publicidade, autenticidade e segurança, com observância das regras estabelecidas na
legislação sobre certificação digital, além da regulamentação específica do CNJ (art. 882, §§ 1º e
2º, CPC).

Entretanto, não será aceito lance que ofereça preço vil (art. 891, CPC), assim considerado
aquele inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital. Caso não tenha fixado preço
mínimo, considera-se vil o preço inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da avaliação (art.
891, parágrafo único, CPC).

Anote-se que, “arrematado o bem, e emitido e entregue pelo arrematante ao leiloeiro,


tempestivamente, cheque no valor correspondente ao lance efetuado, não invalida a arrematação
o fato de não ter sido depositado o referido valor, em sua integralidade, à ordem do juízo, dentro
do prazo previsto pela lei processual”. Isso porque, de acordo com o art. 884 do CPC, o dever de
depositar é do leiloeiro, não do arrematante.

Realizada a praça ou o leilão e assinado o auto, expede-se a carta de arrematação,


documento destinado aos registros públicos (art. 901, § 2º, CPC), acompanhado de mandado de
imissão na posse, nos casos de bem imóvel ou a ordem de entrega, nos casos de bem móvel (art.
901, caput, CPC).

A expedição da carta de arrematação, assim como a da ordem de entrega de bem móvel,


está condicionada ao depósito ou prestação de garantias pelo arrematante, bem como ao
pagamento da comissão do leiloeiro e das despesas de execução (art. 901, § 1º, CPC).

A assinatura do auto de arrematação, regulada pelo art. 903 do CPC, configura perfeita e
acabada a arrematação, de forma que o ato, em regra, torna-se irretratável. As exceções dividem-
se em casos de invalidade, ineficácia e resolução da arrematação.

Será hipótese de invalidade, se realizada a arrematação por preço vil ou com outro vício de
legalidade (art. 903, § 1º, I, CPC); e de ineficácia, quando não observada a necessidade de
intimação do titular de direito real limitado sobre o bem arrematado (art. 903, § 1º, II, CPC).
Contudo, quando inadimplido o preço ou não prestada caução, ensejará resolução (art. 903, § 1º,
III).

Verificada qualquer dessas situações, o defeito deverá ser arguido em até dez dias do
aperfeiçoamento da arrematação, por simples petição, decidindo o juiz nos próprios autos (art.
903, § 2º, CPC).

Após esse prazo, preclui a oportunidade de se buscar a desconstituição do ato,


promovendo-se a expedição da carta de arrematação com o mandado de imissão na posse de
imóvel ou a ordem de entrega de coisa (art. 903, § 3º, CPC).

Ressalte-se que a arrematação será mantida mesmo que procedentes os embargos do


devedor ou a ação autônoma para invalidação da arrematação (art. 903, § 4º) – criada em
substituição aos embargos à arrematação do CPC/73.

SATISFAÇÃO DO CRÉDITO

A satisfação do direito do credor pode se dar por duas formas (art. 904, CPC): pela entrega
do dinheiro ou pela adjudicação dos bens penhorados.

É permitido ao exequente, até a satisfação integral de seu crédito, o levantamento do valor


depositado para segurar o juízo ou o produto dos bens alienados, bem como do faturamento de
empresa ou de outros frutos e rendimentos de coisas ou empresas penhoradas (art. 905, CPC).

Para isso, contudo, a execução deve ter sido movida só a benefício do exequente singular,
e se constatar a inexistência sobre os bens alienados outros privilégios ou preferências instituídos
anteriormente à penhora (art. 905, I e II, CPC). Esses pedidos de levantamento, por expressa
vedação legal, não podem ser concedidos em plantão judiciário (art. 905, parágrafo único, CPC).

Recebido o mandado de levantamento, será dada quitação da quantia paga ao executado,


por termo nos autos (art. 906, caput, CPC). A expedição poderá ser substituída pela transferência
eletrônica do valor para conta do exequente, conforme permissivo constante do art. 906,
parágrafo único. Após o pagamento do principal, juros, custas e honorários, eventual sobra será
restituída ao executado (art. 907, CPC).

Os arts. 908 e 909 do CPC tratam da satisfação de vários créditos em havendo pluralidade
de credores, devendo ser respeitado eventual direito de preferência, bem como a ordem das
penhoras em créditos de mesma natureza.

SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

O art. 921 do CPC traz as hipóteses de suspensão do processo de execução. São elas:

I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315 do CPC, no que couber;


II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução;

III - quando não for localizado o executado ou bens penhoráveis; (Redação dada pela Lei nº
14.195, de 2021) Obs: ver ADI 7005 STF

IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o


exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis;

V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916 do CPC.

Na hipótese de suspensão gerada pela falta de bens penhoráveis do executado ou não


localização do mesmo, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de um ano, o que suspenderá
também o curso da prescrição. Se, após, a situação se mantiver, os autos serão arquivados (art.
921, § 2º, CPC), mas a qualquer tempo poderão ser desarquivados para prosseguimento da
execução se forem encontrados bens penhoráveis (art. 921, § 3º, CPC).

Após o decurso de um ano de suspensão do processo por falta de bens penhoráveis ou não
localização do executado, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente (art. 921, § 4º,
CPC). O juiz, no entanto, antes de reconhecê-la, deve dar às partes a oportunidade de se
manifestar (art. 921, § 5º, CPC). O prazo de prescrição intercorrente é o mesmo prazo
prescricional para a ação (nestes termos, o enunciado nº 150 da Súmula do STF).

É possível ainda a suspensão da execução por acordo das partes, na forma do art. 922 do
CPC.

Também na hipótese de concessão de tutela de urgência no bojo da ação rescisória (art.


969, CPC); assim como em cumprimento provisório de sentença em decorrência do exequente não
dispor de patrimônio para prestar a caução, no momento em que vai se levantar o dinheiro
depositado ou alienar os bens constritos (art. 520, IV, CPC).

A execução, tendo tramitado como processo autônomo ou como fase do processo, finda
com a prolação de uma sentença, nas hipóteses do art. 924 do CPC.

Essa sentença terá natureza declaratória, já que afirma o fim do vínculo obrigacional desde
o momento em que se deu a causa de extinção, tendo, portanto, efeito ex tunc.

Dessa forma, a sentença proferida em execução gera preclusão máxima, a qual,


consequentemente, configura coisa julgada formal e material. Por isso, de acordo com o art. 508
do CPC, serão repelidas todas as alegações de defesa. Porém, há quem entenda que essa sentença
somente acarretaria coisa julgada formal, uma vez que na execução não há um aprofundamento
da cognição e também porque poderia ser ajuizada nova demanda.

Vale ressaltar, contudo, que apesar da ausência de aprofundamento da cognição, a norma


contida no art. 924 do CPC guarda silogismo com o art. 487 do CPC, em que há resolução do
mérito e, assim, deve ser formada a coisa julgada formal e material. Contudo, poderá o juiz
extinguir a execução com base também no art. 485 do CPC, quando se verificar uma das hipóteses
contempladas nesse dispositivo.
Art. 924. Extingue-se a execução quando:

I - a petição inicial for indeferida;

II - a obrigação for satisfeita;

III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;

IV - o exequente renunciar ao crédito;

V - ocorrer a prescrição intercorrente.

Art. 925. A extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

(*) CONTEÚDO EXTRA

 AÇÃO MONITÓRIA: arts. 700-702, CPC.

A principal característica do procedimento monitório é a oportunidade concedida ao


credor de, munido de uma prova literal representativa de seu crédito, abreviar o iter processual
para a obtenção de um título executivo. Assim, aquele que possui uma prova documental de um
crédito, desprovida de eficácia executiva, pode ingressar com a demanda monitória e, se
verificada a ausência de manifestação defensiva por parte do réu – embargos ao mandado
monitório –, obterá seu título executivo em menor lapso temporal do que o exigido pelo
processo/fase procedimental de conhecimento.

Trata-se, portanto, de uma espécie de tutela diferenciada, que por meio da adoção de
técnica de cognição sumária (para a concessão do mandado monitório) e do contraditório diferido
(permitindo a prolação de decisão antes da oitiva do réu), busca facilitar em termos
procedimentais a obtenção de um título executivo quando o credor tiver prova suficiente para
convencer o juiz, em cognição não exauriente, da provável existência de seu direito.

 Admissibilidade da ação monitória

Segundo disposição do art. 700 do CPC, a admissibilidade da demanda monitória está


condicionada à existência de uma prova escrita sem eficácia de título executivo e limitada às
obrigações de pagamento em soma de dinheiro, entrega de coisa (fungível ou infungível) ou de
bem (móvel ou imóvel) e adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. Além disso, o
credor deve optar por ajuizar a monitória, pois caso prefira ajuizar uma ação de conhecimento
para obter um título executivo judicial, a sentença, é direito do vredor optar por este caminho.
OBS: Ao empregar a expressão “prova escrita”, deixou bem claro o legislador que caberão ao juiz a
análise e a valoração dessa prova, para somente depois expedir o mandado monitório, o que
evidentemente não ocorre no processo/fase de execução e com o título executivo. Neste sentido:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. EMBARGOS MONITÓRIOS. PROVA


ESCRITA SEM EFICÁCIA DE TÍTULO EXECUTIVO. DOCUMENTOS NÃO APTOS PARA
A DEMONSTRAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DÍVIDA.
1. A teor do disposto no artigo 1.102-A do Código de Processo Civil, a prova
escrita apta a respaldar a demanda monitória deve apresentar elementos
indiciários da materialização de uma dívida decorrente de uma obrigação de
pagar ou de entregar coisa fungível ou bem móvel.
2. No caso dos autos, os bilhetes que instruíram a inicial não são aptos a
demonstrar a presença da relação jurídica entre credor e devedor, o que afasta a
existência da própria dívida, de modo que não se ajustam ao conceito de "prova
escrita sem eficácia de título executivo" de que trata a legislação de regência.
3. Recurso especial provido.
(REsp 866.205/RN, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 25/03/2014, DJe 06/05/2014)

No procedimento monitório caberá ao juiz a análise da prova juntada pelo autor,


verificando-se inclusive, ainda que de forma sumária, a existência do direito alegado na petição
inicial e corroborado com a prova que a instrui. No processo de execução, a simples presença do
título executivo dispensa qualquer espécie de pesquisa do juiz a respeito da efetiva existência do
direito exequendo. Essa abstração presente no título executivo não existe na prova literal que
legitima a tutela monitória.

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
§ 1º A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida
antecipadamente nos termos do art. 381.

 Propositura da ação monitória

Nos termos do art. 700, § 2.º, do CPC, cabe ao autor, na petição inicial, explicitar, conforme
o caso: (i) a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; (ii) o valor atual da coisa
reclamada; (iii) o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido.
Segundo o § 3.º do mesmo artigo, o valor de causa deverá corresponder à importância prevista no
§ 2.º, I a III.

A petição inicial pode apresentar vícios procedimentais sanáveis como qualquer outra,
sendo nesse caso hipótese de emenda da petição inicial, nos termos do art. 321 do CPC. Além de
hipóteses gerais que levariam a petição inicial de qualquer demanda a ser emendada, há
interessante previsão especificamente destinada à ação monitória no § 5º do art. 700 do CPC.
Segundo o dispositivo, havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada
pelo autor, o juiz intimá-lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao
procedimento comum.

O art. 701, caput, do CPC prevê que, sendo evidente o direito do autor, caberá ao juiz o
deferimento de plano de expedição do mandado monitório. No procedimento monitório, além de
verificar a regularidade formal da inicial e as matérias de ordem pública, deverá o juiz analisar a
prova trazida aos autos pelo autor, visto que ela constitui condição de existência da própria tutela
monitória.

 Citação e posturas do réu

Expedido o mandado monitório, o réu será citado para integrar o processo e tomar
conhecimento da existência e teor da demanda contra ele proposta, bem como intimado para a
interposição de embargos ao mandado monitório no prazo de 15 dias.

Realizada a citação, o réu poderá adotar no prazo de 15 dias uma dentre três possíveis
posturas: (a) satisfazer a obrigação; (b) não reagir; (c) ingressar com embargos ao mandado
monitório.

 O mérito no processo monitório e seu julgamento

Respondendo à questão sobre o que o autor pretende com o processo judicial, estar-se-á
determinando seu mérito. Quando o autor ingressa com uma ação de conhecimento, pretende,
em primeiro plano, o reconhecimento do direito por ele afirmado, para assim poder,
posteriormente, satisfazer o seu direito, seja por meio do cumprimento “voluntário” da obrigação
pelo devedor, seja por meio da própria força gerada pela sentença (declaratória e constitutiva) ou,
ainda, mediante execução forçada, quando além do reconhecimento do direito o autor requer a
condenação do réu ao cumprimento de uma prestação.

O mérito do processo monitório não se confunde com o mérito do processo de


conhecimento tradicional. Na realidade, o mérito monitório é mais próximo do mérito do processo
executivo, registrando-se, entretanto, que as manifestas diferenças procedimentais entre os dois
processos não permitem nenhuma confusão entre eles.

 Procedimento dos Embargos ao mandado monitório

Tratando-se de ação incidental, os embargos ao mandado monitório exigem o


oferecimento de uma petição inicial, nos termos dos arts. 319 e 320 do Novo CPC, seguindo-se o
procedimento comum. Diferente dos embargos à execução, nos embargos ao mandado monitório
a cognição é plena, sendo admissível a alegação de qualquer matéria de defesa, nos termos do art.
702, § 1º, do CPC. Os §§ 2.º e 3.º do art. 702 do CPC tratam da alegação de defesa de excesso na
cobrança.

Em razão da regra prevista no caput do art. 702 do CPC, os embargos ao mandado


monitório serão autuados nos próprios autos da demanda monitória, independentemente de
prévia segurança do juízo.

A interposição dos embargos ao mandado monitório suspende a eficácia do mandado


inicial (art. 702, § 4º do CPC), e, havendo a interposição de embargos parciais, a parcela do
mandado não impugnada converte-se de pleno direito em título executivo, nos termos do art. 702,
§ 7º do CPC), o que já permite a propositura da execução definitiva por meio do cumprimento de
sentença dessa parte incontroversa da pretensão do autor. Nos termos do § 7.º do art. 702 do
CPC, a critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais, constituindo-se de
pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela incontroversa.

 Fase de cumprimento de sentença

Uma vez constituído o título executivo judicial, a fase monitória terá se encerrado, sendo
iniciada a fase de cumprimento de sentença, que permitirá ao autor o pedido da aplicação das
medidas executivas para a satisfação de seu direito. Por se tratar de cumprimento de sentença
pelo procedimento comum, não há qualquer especialidade procedimental digna de nota. A única
questão que traz interesse peculiar a esse cumprimento de sentença diz respeito à defesa do
executado.

 EMBARGOS DE TERCEIROS: arts. 674-681, CPC.

Os embargos de terceiro são ação de conhecimento de rito especial sumário, de que dispõe
o terceiro ou a parte a ele equiparada, sempre que sofra uma constrição de um bem do qual tenha
posse (como senhor ou possuidor) em razão de decisão judicial proferida num processo do qual
não participe. O objetivo da ação de embargos de terceiro é desconstituir a constrição judicial com
a consequente liberação do bem. Também pode ser utilizada preventivamente, com o propósito
de evitar a realização da constrição, conforme expressa previsão do art. 674, caput, do CPC.

Como vimos no início do semestre, a responsabilidade patrimonial, como regra geral, recai
sobre as partes que participam da relação jurídica processual, sendo apenas de forma excepcional
permitido ao juiz que determine a constrição patrimonial daquele que não participou do processo
(art. 790, CPC). Sempre que a regra geral for desrespeitada e não se verificar um dos casos de
exceção, ou seja, não ser parte tampouco ter qualquer responsabilidade pelo cumprimento da
obrigação, o terceiro poderá ingressar com a ação de embargos de terceiro com o exclusivo
objetivo de afastar a constrição judicial já existente ou evitar que iminente constrição se realize.
São inconfundíveis os embargos de terceiro e as ações possessórias: enquanto nos
embargos de terceiro o ato de esbulho advém de uma ordem judicial, cumprida pelo oficial de
justiça, nas ações possessórias a agressão à posse é praticada sem nenhum respaldo jurisdicional,
por particulares ou entes estatais (o Estado também pode ser esbulhador), sem nenhuma ordem
judicial que a justifique.

 Legitimidade Ativa – a condição de “terceiro”

Conforme o disposto no art. 674 do CPC, “quem, não sendo parte no processo, sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito
incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro”. Terceiro é o sujeito que não faz parte da relação jurídica processual
tampouco tem responsabilidade patrimonial.

Na forma do § 2º do art. 674 do CPC, considera-se terceiro também: (i) o cônjuge ou


companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto
no art. 843; (ii) o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia
da alienação realizada em fraude à execução; (iii) quem sofre constrição judicial de seus bens por
força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; e (iv) o credor
com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não
tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.

 Legitimidade Passiva

De acordo com o §4º do art. 677 do CPC, compor-se-á o polo passivo da demanda o sujeito
a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal
quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial.

A regra fundamental para a determinação da legitimação passiva é aquela que indica o


polo ativo da demanda donde surgiu a apreensão judicial, levando-se em consideração que a
ordem do juiz para a constrição judicial ocorre ou deriva de uma satisfação do direito do
autor/exequente (conhecimento e execução) ou de garantia dessa satisfação do requerente
(cautelar).

É preciso observar, entretanto, que em determinadas situações a apreensão judicial é


resultado direto da indicação de bem feita pelo sujeito que compõe o polo passivo da demanda.
Basta pensar numa execução na qual o executado oferece bem de terceiro à penhora, não
podendo ser o exequente responsabilizado sozinho pela constrição advinda de tal pedido. Nesse
caso, a legitimidade será tanto do executado (responsável pela individualização do bem) como do
exequente (responsável pelo pedido de constrição), formando-se no polo passivo dos embargos
de terceiro um litisconsórcio necessário.
 Competência

A competência para os embargos de terceiro vem prevista pelo art. 676 do Novo CPC,
indicando que os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição
e autuados em apartado. Trata-se de regra de competência absoluta, posto que determinada por
critério funcional.

Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a
constrição e autuados em apartado.
Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos
serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem
constrito ou se já devolvida a carta.

 Prazo para propositura

O prazo de natureza decadencial vem previsto no art. 675 do CPC.

Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de


conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento
de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação,
da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da
assinatura da respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em
embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.

 Procedimento

A petição inicial, a ser distribuída para o mesmo juízo no qual tramita a ação principal, deve
seguir as regras gerais do art. 319 do CPC, além de trazer prova sumária da posse do embargante,
que pode ser produzida em audiência preliminar (art. 677, § 1.º, do CPC) e da sua qualidade de
terceiro, com a indicação do rol de testemunhas e instruída com a prova documental que o
embargante pretenda produzir (art. 677, caput, do CPC). No caso de o autor ser mero possuidor
direto, poderá na petição inicial indicar o domínio alheio (art. 677, § 2.º, do CPC). Os embargos de
terceiro são autuados de forma autônoma, não sendo nem mesmo apensados aos autos da ação
principal.

Recebida a petição inicial e estando suficientemente provada a posse do embargante, o juiz


deferirá os embargos e ordenará liminarmente (tutela de urgência satisfativa) a suspensão das
medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos de terceiro preventivo ou
expedição de mandado de manutenção ou restituição do bem objeto da apreensão judicial em
favor do embargante se a constrição já tiver ocorrido, que só receberá os bens depois de prestar
caução suficiente e idônea, incidentalmente nos próprios autos, para a garantia de ressarcimento
de eventuais danos do embargado na hipótese de os embargos serem julgados improcedentes.
(art. 678, CPC).

Conforme entendimento pacífico do STJ, a simples interposição de embargos de terceiro


causa a suspensão da ação principal, não havendo requisitos no caso concreto a serem
preenchidos.

PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. Os embargos de terceiro suspendem o


curso da execução, quando tiverem como objeto a decretação da nulidade desta.
Recurso especial não conhecido.
(REsp 979.441/RJ, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em
03/06/2008, DJe 30/09/2008)

A citação do embargado deverá ser feita na pessoa de seu advogado, o que prestigia o
princípio da economia processual, sendo solução também adotada em outras ações incidentais
como a oposição e a reconvenção (art. 677, § 3º, CPC).

Na forma do art. 679 do CPC, os embargos poderão ser contestados no prazo de 15


(quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum. O embargado poderá alegar toda a
matéria de defesa possível, sendo os embargos um processo de cognição plena, à exceção dos
embargos ajuizados por credor com garantia real, visto que nesses casos as defesas do embargado
estão limitadas pelo art. 680 do CPC e pela alegação de fraude à execução, que demanda o
ajuizamento de ação pauliana.

Existe divergência doutrinária quanto à natureza da sentença que decide os embargos de


terceiro. Para aqueles que defendem a classificação tradicional (trinária) das sentenças, a maioria
entende ser a sentença de natureza constitutiva negativa, uma vez que desfaz a apreensão
judicial. Já para aqueles que defendem uma classificação quinária das sentenças, tal sentença tem
natureza mandamental.

Apesar das desavenças doutrinárias, sobre um ponto os estudiosos são uníssonos: não
existe necessidade para a satisfação do direito do vencedor de um processo autônomo de
execução, o que caracteriza os embargos de terceiro como uma ação sincrética. Se a liminar já
tiver sido efetivada, a sentença de procedência apenas a torna definitiva, gerando a estabilidade e
a imutabilidade da situação fática obtida liminarmente. Caso contrário, o juiz, a requerimento do
autor, passa imediatamente a praticar os atos materiais tendentes a entregar o bem a ele, sem
nenhuma necessidade de propositura de ação de execução de dar coisa certa.

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