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Afonso da Maia partiu para santa Olávia e Mª Eduarda instalou-se nos Olivais. Por sua vez Ega
partiu para Sintra, por alguns dias. Carlos saiu depois do jantar e encontrou o amigo Taveira no
Grémio, que o advertiu contra Dâmaso. Taveira ainda arrastou Carlos até ao Price, mas Carlos
pouco se demorou. Ao sair, Carlos encontrou Alencar e o senhor Guimarães, tio de Dâmaso.
Carlos começava a alimentar mais fortemente o seu desejo de fugir com Mª Eduarda para Itália e
pensava no desgosto que poderia dar ao avô, mas o seu desejo de felicidade vencia todos os seus
receios. Carlos visitava todos os dias Mª Eduarda nos Olivais, sendo descritos os seus encontros no
quiosque japonês.
Os encontros de dia tornaram-se insuficientes e ambos começaram a desejar estar juntos também à
noite. Carlos combinou então um encontro para uma noite e depois disso descobriu uma casa perto
dos Olivais, que ele alugou para esperar aí os encontros noturnos. Numa dessas noites Carlos
descobriu miss Sara no jardim envolvida com um jornaleiro. Carlos ficou chocado com a hipocrisia
de miss Sara e estava decidido a contar a Mª Eduarda, mas depois resolveu calar-se, depois de
refletir que também os amores entre os dois, embora com uma aparência de mais nobres e divinos,
tinham também o seu teor de clandestinos.
Chegou o mês de Setembro e Craft, que estivera com Afonso em santa Olávia, fez uma visita a
Carlos para lhe dizer que o avô lhe parecera desgostoso pelo facto de Carlos não ter aparecido por
lá. Então Carlos comunicou a Mª Eduarda a sua decisão de visitar o avô e ela pediu-lhe que a
deixasse ir fazer antes uma visita ao Ramalhete. Esta visita ficou combinada para o dia em que
Carlos partia para santa Olávia.
Depois de percorrerem a casa, Mª Eduarda mostrou-se angustiada, lamentando o facto de Carlos se
dispor a deixar todos os seus confortos no Ramalhete, querendo partir com ela para longe.
Ao jantar Mª Eduarda comentou que Carlos lhe fazia lembrar a sua mãe, em certos jeitos,
nos seus modos e na maneira de sorrir (mais um indício de tragédia). Falando da mãe, Mª Eduarda
contou que ela era natural da ilha da Madeira e que casara com um austríaco. Mª Eduarda tivera
uma irmãzinha que morrera em pequena.
Apareceu Ega, que regressava de Sintra, trazendo notícias acerca de quem por lá passeava
(os Cohen acompanhados de Dâmaso e a madame Gouvarinho) e Carlos mandou-o subir, pedindo-
lhe para se juntar a eles no jantar.
Iam-se fazendo horas e Carlos teve que partir, instalando-se num coupé com destino a
santa Apolónia, que depois levaria Mª Eduarda de volta à Toca.
Carlos regressou então no sábado seguinte. Almoçando com Ega, confidenciou-lhe que
ambicionava instalar Maria em Itália e visitar regularmente o país, revelando gradualmente ao avô o
amor que o unia a Mª Eduarda. Discutindo com Carlos, Ega era de opinião que a melhor cidade para
se viver um amor era Paris. Assim os dois amantes podiam embrenhar-se durante o dia no
movimento das ruas, das compras, da entrada nos clubes e nos museus, etc, para à noite se
dedicarem um ao outro, sem nunca se aborrecerem. Chegou depois o Baptista, que entregou a
Carlos um bilhete de Castro Gomes, que o esperava na antecâmara. Carlos disse então a Baptista
que o mandasse entrar para o salão grande.
Castro Gomes mostrou a Carlos uma carta anónima que tinha recebido no Brasil, a
denunciar a relação de Carlos com Mª Eduarda. Então Castro Gomes revelou a Carlos que Mª
Eduarda não era sua mulher e que Rose também não era sua filha, portanto, para não passar pela
fama de marido atraiçoado, se limitava a retirar-lhe o seu nome, deixando-a com o nome de
madame Mac Green, que ela tinha anteriormente. Após a saída de Castro Gomes, Carlos contou
tudo a Ega, que simplificou a situação aos olhos de Carlos, dizendo-lhe que o facto de Mª Eduarda
não ser casada com Castro Gomes diminuía os problemas que Carlos teria de enfrentar para
alimentar a sua paixão.
Carlos pensou primeiro em escrever uma carta a Mª Eduarda a terminar a relação entre
eles, enviando-lhe dinheiro. Por fim, após muito refletir, decidiu deslocar-se aos Olivais.
Confidenciando com Carlos, Ega assegurou-lhe que teria sido o Dâmaso o autor da carta anónima
dirigida a Castro Gomes e então Carlos lembrou-se da conversa de Taveira, em que ele lhe contava
sobre insinuações de Dâmaso, a propósito de se preparar um grande escândalo em Lisboa,
envolvendo tiros e um duelo.
Baptista preparou então a tipóia e acompanhou Carlos aos Olivais. Quando estavam a
chegar à quinta apareceu Melanie, que estava à procura de uma carruagem que levasse Mª Eduarda
ao Ramalhete. Depois da visita de Castro Gomes, Mª Eduarda tinha ficado muito nervosa e chorosa,
querendo morrer. Melanie foi confidenciando que Mª Eduarda já não levantava o dinheiro que
Castro Gomes lhe enviava, por isso Carlos a tinha encontrado um dia à porta do Montepio, onde
tinha ido empenhar uma pulseira da senhora.
Ao chegar aos Olivais Carlos foi encontrar Mª Eduarda debulhada em lágrimas e ela quis-
lhe contar o seu passado, mostrando que a mãe é que tinha sido a culpada da sua desgraça. Mª
Eduarda em choro pediu perdão a Carlos, relembrando o dia em que tinha tentado falar com ele,
insistindo que tinha algo para lhe dizer, quando se declararam um ao outro. Carlos insistia em
mostrar-se ultrajado com a mentira de Mª Eduarda, mas por fim não
Capítulo XIII
Ega informa a Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo a ele e a Maria Eduarda. Carlos fica furioso,
querendo matá-lo e ao encontrá-lo na rua, ameaça-o.
No sábado, Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais. Depois da visita e do almoço, Carlos
e
Maria Eduarda envolvem-se.
Descobre-se que Dâmaso estava a namorar a Cohen. Depois a Gouvarinho aparece querendo falar
com Carlos - acabam por discutir sobre a ausência de Carlos e depois terminam tudo
Capítulo XV
Dias depois, Carlos conta tudo o que se passara a Ega que lhe diz que seria melhor esperar que o
avô
morresse para então se casar, pois Afonso estava velho e débil e não aguentaria o desgosto.
Afonso regressa de Sta. Olávia, Carlos abandona a casa que alugara perto dos Olivais e Maria
Eduarda
volta para o apartamento da mãe de Cruges na Rua de S. Francisco, deixando a Toca.
Espaço
Neste capitulo,a acão desenrola se em vários espaços:Quinta dos Olivais(“A
Toca”),Ramalhete,Santa Olávia e Lisboa
Personagens
Carlos da Maia
-É o protagonista;
-Filho de Pedro e Maria Monforte;
-Após o suicídio do pai vai viver com o avô para Santa Olávia, sendo educado à inglesa pelo
preceptor, o inglês Brown;
-Sairá de Santa Olávia para tirar Medicina em Coimbra;
-Admirado pelas mulheres;
-Depois do curso acabado, viaja pela Europa;
-Quando volta a Lisboa traz planos grandiosos de pesquisa e curas médicas, que abandona ao cair
na inactividade, porque, em Portugal, um aristocrata não é suposto ser médico;
-Apesar do entusiasmo e das boas intenções fica sem qualquer ocupação e acaba por ser absorvido
por uma vida social e amorosa que levará ao fracasso das suas capacidades e à perda das suas
motivações.
-Transforma-se numa vítima da hereditariedade (visível na sua beleza e no seu gosto exagerado pelo
luxo, herdados da mãe e pela tendência para o sentimentalismo, herdada do pai) e do meio em que
se insere, mesmo apesar da sua educação à inglesa e da sua cultura, que o tornam superior ao
contexto sociocultural português.
-A sua verdadeira paixão nascerá em relação a Maria Eduarda, que compara a uma deusa e jamais
esquecerá. Por ela dispõe-se a renunciar a preconceitos e a colocar o amor no primeiro plano.
-Ao saber da verdadeira identidade de Maria Eduarda consumará o incesto voluntariamente por não
ser capaz de resistir à intensa atracção que Maria Eduarda exerce sobre ele.
-Acaba por assumir que falhou na vida, tal como Ega, pois a ociosidade dos portugueses acabaria
por contagiá-lo, levando-o a viver para a satisfação do prazer dos sentidos e a renunciar ao trabalho
e às ideias pragmáticas que o dominavam quando chegou a Lisboa, vindo do estrangeiro.
-Simboliza a incapacidade de regeneração do país a que se propusera a própria Geração de 70. Não
teme o esforço físico, é corajoso e frontal, amigo do seu amigo, parece incapaz de fazer uma
canalhice. É uma personagem modelada.
Mª Eduarda
-Apresentada como uma deusa;
-Dizendo-se viúva de Mac Green, sabia apenas que a sua mãe abandonara Lisboa, levando-a
consigo
para Viena.
-Tivera uma filha de Mac Gren, Rosa;
-A sua dignidade, a sensatez, o equilíbrio e a santidade são características fundamentais da sua
personagem, às quais se juntam uma forte consciência moral e social;
- Salienta-se ainda a sua faceta humanitária e a compaixão pelos socialmente desfavorecidos;
-A súbita revelação da verdadeira identidade de Maria Eduarda, vai provocar em Carlos
estupefacção e compaixão, posteriormente o incesto consciente, e depois deste, a repugnância;
- A separação é a única solução para esta situação caótica a que se junta a morte de Afonso;
-A sua apresentação cumpre os modelos realista e naturalista, pelo que coincidem no seu carácter e
no espaço físico que ela ocupa duas vertentes distintas da sua educação: a dimensão culta e moral,
construída aquando da sua estadia e educação num convento, e a sua faceta demasiado vulgar,
absorvida durante o convívio com sua mãe;
-Ela é o último elemento feminino da família Maia e simboliza, tal como as outras mulheres da
família, a desgraça e a fatalidade;
-É de uma enorme dignidade, principalmente quando não quer gastar o dinheiro de Castro Gomes
por estar ligada a Carlos;
-No final da obra, parte para Paris onde mais tarde casa com Mr. de Trelain, casamento considerado
por Carlos o de dois seres desiludidos;
João da Ega
-Autêntica projecção de Eça de Queirós pela ideologia literária, usando também um monólogo e era
considerado um ateu e demagogo.
-Excêntrico, cínico, o denunciador de vícios, o demolidor energético da política e da sociedade.
-É um romântico e um sentimental.
-Tornou-se amigo inseparável e confidente de Carlos.
-Instalou-se no Ramalhete, e a sua grande paixão será Raquel Cohen.
-Como Carlos, tem grandes projectos (a revista, o livro, a peça) que nunca chega a realizar. É
também um falhado, influenciado pela sociedade lisboeta decadente e corrupta.
Alencar
-“Personagem-tipo”, é o símbolo do romantismo.
-Representa a incapacidade de adaptação à “ideia nova” (realismo).
Craft
-Inglês, representa a formação e mentalidade britânicas, sendo Craft o jovem mais parecido com
Carlos
Guimarães
-Personificação do destino
Eusebiozinho
•Conhecimento teórico;
•Aprende latim
;•Advogado em Direito e depois
juiz;
•Isolamento e intolerante;
•Fragilidade, decadência física, cobardia;
•Pendor católico;
•Fuga à natureza e à realidade prática da
vida;
•Devoção cega;
•Incapacidade de resolver contrariedades;
•Debilidade física;
•Memorização;•Desvalorização da criatividade e do juízo crítico;
Taveira
•Empregado público, funcionário do tribunal de contas;
•Personagem comum a situação profissional definida;
•Vizinho de Carlos
Jacob Cohen
•Diretor do banco nacional;
•Judeu banqueiro, representante da alta finança;
•Traído por Ega, escorraça-o de sua casa;
•Simboliza a burguesia instalada no poder, sem possuir a
inteligência e a flexibilidade mental
para compreender e analisar o mundo.
Raquel Cohen
• Administração pública
•Amante de Ega.;
•Protagoniza um “adultério elegante;
•Mulher fatal do romantismo;
•Ama o marido, é devido
aos ciúmes que tem aventuras românticas.
Miss Sara
Miss Sara é uma personagem fictícia do livro Os Maias.
Sara é a governanta da família Castro Gomes, uma rapariga inglesa descrita por Eça de Queirós
como "uma pessoa simpática, redondinha e pequena, com um ar de rola farta, os olhos
sentimentais, e uma testa de virgem sob bandós lisos e loiros".
Carlos da Maia
-É inteligente,culto e com sentido de humor
-Tem uma atitude em relação ã sociedade crítica e irónica
Maria Eduarda
-Inteligente,culta e caridosa
Espaço físico:
-Sta Olávia (infância e educação de Carlos),
-Coimbra (seus estudos, e primeiras aventuras amorosas) e
- Lisboa, onde irá desenrolar-se toda a acção após a sua formatura e regresso da sua “longa
viagem pela Europa”.
-Sintra e Olivais são espaços muito referidos, mas onde não se passa qualquer acção de relevo
no romance. Os espaços interiores são descritos exactamente de acordo com as personagens.
Os espaços interiores mais destacados são O Ramalhete, o quarto da Toca, a Vila Balzac e o
consultório de Carlos
Espaço Social:
- Cumpre um papel eminentemente crítico.
-O Jantar no Hotel Central é onde o herói, Carlos, contacta pela primeira vez com o meio social
lisboeta, e em que é dada uma visão fortemente critica das limitações da mentalidade da
sociedade portuguesa.
-As corridas de cavalos onde há a denuncia da mentalidade provinciana.
- O jantar em casa dos Gouvarinho em que se critica a mediocridade mental e a superficialidade
das classes dirigentes.
-O episódio do jornal A Tarde em que se desmascara o parcialismo, o clientelismo partidário, a
venalidade e a incompetência dos jornalistas da época.
-Sarau literário do teatro da Trindade, em que se criticam a superficialidade e a ignorância da
classe dirigente.
Simbolismo:
Toca é o nome dado à habitação de certos animais, apontando desde logo para o carácter
animalesco do relacionamento amoroso entre Carlos e Maria Eduarda, em que o prazer se
sobrepõe à racionalidade e aos valores morais. Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam a
tragédia da relação.
Ramalhete está simbolicamente ligado à decadência moral do Portugal da Regeneração. O
percurso da família Os Maias, está relacionado com as modificações existentes no Ramalhete.
Quando Afonso vive em Sta Olávia, após a morte de Pedro, está desabitado. Quando Afonso e
Carlos se mudam para O ramalhete, este ganha vida, sendo agora símbolo de esperança e de
vida.
Mª Monforte e Mª Eduarda espalham a morte provocando o suicídio de Pedro, a morte física de
Afonso e a morte psicológica de Carlos.
Afonso simboliza os valores morais e o liberalismo. Sendo assim, com a morte de Afonso da
Maia, todos os princípios morais, que ainda existiam em Portugal, acabam. A morte instala-se no
país.
O Impressionismo Literário
Eça revela um estilo literário dualista, por um lado descreve de forma fiel a realidade observável e por
outro, a fantasia e a imaginação do escritor realçam essa mesma descrição. Deste modo, deixa
transparecer as impressões que lhe ficam da realidade que descreve já que considera que não bastava
descrever pormenorizadamente aquilo que se observava, mas que também era necessário manifestar o
sentimento que resulta dessa mesma observação. Assim, Eça além de descrever pormenorizadamente,
soube revelar a sua visão crítica sobre a sociedade dos finais do século XIX.
A Frase e a Linguagem
Uma das preocupações de Eça foi evitar as frases demasiado expositivas, fastidiosas e pouco
esclarecedoras dos românticos. Para tal, faz uso da ordem directa da frase, para que a realidade possa ser
apresentada sem alterações, e empregou frases curtas para que os factos e as emoções apresentadas
fossem transmitidas objectivamente.
A pontuação, na prosa queirosiana, não pretende servir a lógica gramatical. Eça põe a pontuação ao
serviço do ritmo da frase para, por exemplo, marcar pausas respiratórias, para revelar hesitações ou
destacar elevações de vozes.
Para evitar a utilização constante dos verbos declarativos, Eça criou o estilo indirecto livre.
O processo consiste em utilizar no discurso indirecto a linguagem que a personagem usaria no discurso
directo, ou seja no diálogo. Deste modo, o texto ganha vivacidade e evita a repetitiva utilização de disse
que, perguntou se, afirmou que, ..., criando a impressão de se ouvir falar a personagem.
Eça de Queirós utiliza uma linguagem representativa não só da personalidade da personagem mas
também de acordo com a sua condição social.
Como observador da sua sociedade, Eça teve de recriar nas suas obras as diferentes linguagens das
diferentes classes sociais da sua época. Por isso, as suas obras tornam-se riquíssimos espólios e
testemunhos da vida dos finais do século XIX.
Recursos Estilísticos
A prosa Queirosiana é enriquecida com vários recursos estilísticos. Aquelas que se podem destacar por
melhor representam o estilo de Eça são:
•a hipálage – figura de estilo que consiste em atribuir uma qualidade de um nome a outro que lhe
está relacionado, revelando assim a impressão do escritor face ao que descreve.
•a sinestesia – figura de estilo relacionada com o apelo aos sentidos que nos transporta para um
conjunto de sensações por nos descrever determinado ambiente (cenário envolvente) com
realismo, tornando-nos de certa forma testemunhas desse cenário.
•a ironia – recurso estilístico que, por expressar o contrário da realidade, serve para satirizar e
expor contrastes e paradoxos.
•a aliteração – figura de estilo que utiliza a repetição de sons para exprimir sensações ou sons da
realidade envolvente.