Vigilancia em Saude Unidade III Aluno

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Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais

GUIA CURRICULAR
CURSO TÉCNICO EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE
MÓDULO I

SUS e o Processo de Trabalho em Vigilância em Saúde

Unidade III - O SUS e a Vigilância em Saúde

MANUAL DO ALUNO

Belo Horizonte, 2013

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE |


ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS
Unidade Sede Rod. Pref. Américo Gianetti, s/n° - Ed.
Av. Augusto de Lima, 2.061 - Barro Preto / Belo Minas Bairro Serra Verde - Belo
Horizonte/MG CEP: 30190-002 Horizonte/MG home page:
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Unidade Geraldo Campos Valadão
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Departamento de Gestão da Educação na Saúde
Superintendência de Educação Coordenadoria Geral de Ações Técnicas em Educação na
Saúde
Núcleo de Educação Profissional em Saúde Esplanada dos Ministérios, bloco G sala 725 Brasília/DF
e-mail: educacaoprofissional@esp.mp.gov.br - CEP: 70058-900
telefones: (31) 3295-7990 / 3295-5409 e-mail: sgtes@saude.gov.br / deges@saude.gov.br
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Equipe técnico-pedagógica – NEPS
Érica Menezes dos Reis
Fabiana Gonçalves Santos Costa Impressão: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais
Jomara Aparecida Trant de
Miranda
João André Tavares Alvares da Silva – Coordenador - NEPS
Juliana Marques Fernandes Costa Teixeira - Coordenadorado
Curso Roberta Moriya Vaz

Autor (conteudista)
Milton Cosme Ribeiro

Colaboradora
Vanessa Alves Ferreira

Revisora Técnica
Beatriz Oliveira Carvalho

Editor Responsável: Harrison Miranda

Diagramação
ESP-MG/ ASCOM
SUMÁRIO

Atividade 1 - Criação de um mural sobre vigilância em saúde.....................................................04


Atividade 2 - A vigilância em saúde no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS)......................04
Texto de apoio - A vigilância em saúde no contexto do Sistema Único de Saúde........................04
Atividade 3 - Bases teóricas e conceituais da vigilância em saúde...............................................07
Texto de apoio - Bases teóricas e conceituais da vigilância em saúde.........................................07
Leitura complementar - Vigilância em saúde...............................................................................09
Atividade 4 - Quais são as áreas ou componentes da vigilância em saúde?.................................12
Atividade 5 - Trabalhando as áreas de vigilância em saúde.........................................................13
Atividade 6 - A política de vigilância em saúde.............................................................................13
Atividade 7 - Estudo Dirigido........................................................................................................13
Atividade 8 - Avanços e desafios do sistema de saúde brasileiro.................................................14
Atividade 9 - Estudo de casos: Diferentes realidades...................................................................14
Estudo de caso I: Município de Araras....................................................................................14
Estudo de caso II: Município de Boa Esperança......................................................................16
Leitura complementar - Planejamento estratégico e administração municipal...........................17
Atividade 10- Gestão da vigilância em saúde...............................................................................19
Atividade 11 - Novas Tendências do sistema de saúde: as redes de atenção à saúde.................19
Texto de Apoio - Sistema de Atenção à Saúde: A atenção fragmentada e as redes de atenção à saúde19
Texto para leitura complementar - Por que organizar rede de atenção à saúde no SUS.............22
Atividade 12 - Avaliação do Aluno................................................................................................23

Atividades de Dispersão - Unidade 2

Atividade 1 - Humanização do SUS...............................................................................................26


Atividade 2 - Código de Ética........................................................................................................28

Atividades de Dispersão - Unidade 3

Atividade 1 - Forma de organização da vigilância em saúde municipal........................................28


Atividade 2 - Ações de promoção e prevenção em saúde............................................................30
Atividade 3 - Elaboração de material educativo...........................................................................31
Curso técnico de Vigilância em Saúde

ATIVIDADE 1
CRIAÇÃO DE UM MURAL SOBRE
VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo estimado: 40 minutos

Objetivo

• Diagnosticar o conhecimento prévio dos alunos sobre Vigilância em Saúde.

Material

• Papel A4, pincel atômico, papel Kraft e fita adesiva.

ATIVIDADE 2
A VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO CONTEXTO DO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Tempo estimado: 2 horas

Objetivo
• Compreender como a Vigilância em Saúde se insere no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro.

Materiais

• Quadro, pincel e data show.


• Texto de apoio: A Vigilância em Saúde no contexto do Sistema Único de Saúde.

TEXTO DE APOIO
A VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO CONTEXTO DO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Milton Cosme Ribeiro¹

Nesta época, a assistência à saúde além de não ser Nesta ótica, conseguimos avançar no controle de
acessível a toda a população, priorizava ações diversas endemias e melhorar o acesso a saúde
médico- hospitalares e serviços de apoio para todos os cidadãos, independente de extrato
diagnóstico de alto custo, no qual a figura do social, condição econômica, étnica e religiosa.
médico e o tratamento medicamentoso eram vistos Apesar dos percalços e entraves que o SUS ainda
como principais soluções para os problemas de precisa superar, a garantia dos princípios de
saúde. A promulgação da Constituição de 1988 e a universalidade, integralidade, descentralização e
criação do SUS pela Lei Nº. 8.080/90, foram marcos participação social, são as maiores conquistas desse
importantes, pois tornaram a saúde um direito sistema.
social. Além disso,possibilitaram a implantação do
modelo de atenção à saúde que prevê, Vale ressaltar que, o processo de descentralização
prioritariamente, ações de promoção e de proteção das ações de saúde para estados e municípios não
à saúde como forma de prevenir, controlar e ocorreu de modo uniforme, pois as ações de
eliminar as doenças e agravos, até então prevalentes assistência à saúde individual foram priorizadas,
na população brasileira, este ficou conhecido como enquanto àquelas de natureza coletiva, incluindo a
modelo assistencial sanitarista. vigilância e o controle das doenças, permaneceram
organizadas ainda de

¹
Especialista em Políticas e Gestão da Saúde - Núcleo de Vigilância Sanitária/Superintendência Regional de Saúde de Diamantina/Secretaria de Estado da
Saúde de Minas Gerais – Mestre em Ciência dos Alimentos, Nutricionista.

4 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE


Curso técnico de Vigilância em Saúde

forma centralizada no governo federal e em alguns centrado na qualidade de vida e desenvolvimento


poucos casos, no estadual. global das comunidades com participação dos cida-
dãos (TEIXEIRA, PAIM e VILASBÔAS, 1998).
Passados mais de 20 anos, o Brasil ainda enfrenta
grandes dificuldades com a implantação de ações de É neste contexto, que o Ministério da Saúde
promoção e proteção à saúde e controle de publicou, em 2010, as Diretrizes Nacionais de
diversas doenças e agravos. Durante esse tempo, o Vigilância em Saú- de, cujo objetivo está focado no
perfil demográfico da população mudou, passamos a desenvolvimento de ações de vigilância em saúde
ter mais idosos e menos crianças, o perfil em todos os níveis de atenção, em especial no
epidemiológico também sofreu altera- ções, passamos campo da atenção primária, propondo uma
a ter mais doenças não transmissíveis (doenças reorientação nas formas de organiza- ção e de
cardiovasculares, diabetes, câncer, doença men- tal, gestão dos serviços de saúde.
obesidade e osteoporose) e o grau de sedentarismo
aumentou, pois reduzimos o nível de atividade física. Entende-se por Vigilância à Saúde, um conjunto de
ações voltadas para o conhecimento, previsão, pre-
Toda essa alteração no perfil demográfico e de venção e enfrentamento continuado de problemas
saúde, acrescido ao fato de ainda não termos êxito de saúde, selecionados e relativos aos fatores e
na erradi- cação de algumas doenças transmissíveis condições de risco, atuais e potenciais, e aos
(hanseníase, AIDS, tuberculose, dengue, febre acidentes, inca- pacidades, doenças, incluindo as
amarela) e de ter- mos sérios agravos ocasionados zoonoses, e outros agravos à saúde de uma
por causas externas (acidentes de trânsito, violência população num determinado território (TEIXEIRA,
urbana, dependência química), estão sinalizando a PAIM e VILASBÔAS, 1998).
necessidade de mudanças nos processos de trabalho
em saúde, ou seja,alterações no atual modelo de A vigilância em saúde surgiu a partir de uma
atenção a saúde. proposta de redefinição das práticas sanitárias, ou
seja, a im- plantação de um modelo assistencial
A crise do financiamento do modelo de saúde cen- alternativo de atenção à saúde. Se comparada aos
trado na doença exige o estabelecimento de novas demais modelos constatamos distintos sujeitos,
estratégias que recuperem o paradigma da saúde objetos, processos de trabalho e formas de
organização (Figura 1).

Figura 1. Comparação entre os modelos assistenciais de atenção a saúde existentes no Brasil.

Médico-assistencial
Modelo Sanitarista Vigilância em Saúde
Privatista

Médico

Especialização Sanitaristas Equipe de saúde


Sujeito
Complementariedade e auxiliares técnicos População (cidadãos)

(paramédicos)

Doença (patologia e outras) Modos de transmissão Danos, riscos, necessidades e


Objeto determinantes dos modos de vida e
Doentes (clínica e cirurgia) Fatores de risco saúde (condições de vida e
trabalho)
Tecnologia de comunicação
Meios de social, de planejamentos e
Tecnologia médica (indivíduo) Tecnologia sanitária
Trabalho programação local situacional e
tecnologias médico-sanitárias

Políticas públicas saudáveis


Campanhas sanitárias
Ações intersetoriais

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE |


Formas de Rede de serviços de saúde Programas especiais
Intervenções específicas (promoção,
Organização Hospital prevenção e recuperação)
Sistemas de vigilância
epidemiológica e sanitária
Operações sobre problemas e
grupos populacionais

Fonte: TEIXEIRA, PAIM e VILASBÔAS, 1998.

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE |


Curso técnico de Vigilância em Saúde

Como podemos ver no respecti vo quadro, o A estratégia de descentralização aumenta a


modelo médico-assistencial privatista é focado efetividade das ações de vigilância em saúde,
na atuação médica e no atendimento hospitalar e deslocando para outras esferas de gestão:
seu objeto era a doença em si, ou seja, o objetivo competências, recursos técnicos e financeiros e
era o tratamento dos doentes. Deste modo, o uso responsabilidades, facilitando o acesso da
de medicamentos e outras tecnologias médicas população aos serviços prestados e tornando as
eram os meios utilizados por estes profissionais. práticas de vigilância e controle de doenças mais
Enquanto, o modelo sanitarista tem como efetivas (BRASIL, 2006b).
sujeitos os profissionais de saúde (sanitaristas) e
auxiliares técnicos, cujo objeto era os modos de Contudo, a incorporação das ações de vigilância em
transmissão e os fatores de risco das doenças e saúde na rede de atenção em saúde tem
seu escopo de atuação era composto de ações promovido alterações importantes como o próprio
de educação em saúde, saneamento, controle de resgate da visão ampliada de saúde, na qual saúde
vetores e imunização, com foco, principalmente, não é apenas a ausência de doenças, mas sim a
nas doenças transmissíveis. Assim, podemos dizer garantia do bem estar biopsicossocial. Assim, a
que o modelo sanitarista contribuiu de maneira população precisa ter acesso a melhores condições
significativa para o desenvolvimento do sistema de de saúde, moradia, emprego, educação, lazer, entre
vigilância epidemiológica e sanitária e redução da outros. Soma-se a isso que, essa mudança de
carga de doenças infecciosas e parasitárias, tanto paradigma não trás apenas uma visão menos
é que expectativa de vida da população teve um fragmentada sobre os riscos e danos a saúde, como
crescimento elástico nas últimas décadas. Por coloca a população como produtora de saúde e não
outro lado, o crescente adoecimento populacional apenas como objeto de atuação dos profissionais
por condições crônicas revelam a fragilidade do de saúde.
modelo de atenção atualmente empregado.
Assim, o modelo de vigilância à saúde, propõe É com este novo olhar, que a implantação da
a incorporação de novos atores, incluindo, além vigilância em saúde promoverá mudanças nas
dos profissionais e trabalhadores de saúde, a formas de trabalho em saúde, enquanto um espaço
participação da população organizada, abordando para a articulação intersetorial e para o controle
tanto os determinantes clínico-epidemiológicos social, permitindo assim, uma reorganização dos
no âmbito individual e coleti vo, como os serviços e das práticas de saúde em todos os níveis
determinantes sociais que afetam os distintos de atenção e de gestão do SUS.
grupos populacionais em função de suas condições
de vida. O foco agora são as ações de promoção, Referências Bibliográficas
prevenção e recuperação da saúde a partir de
procedimentos e meios de análises da situação Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância
de saúde e de comunicação com a sociedade, bem em Saúde. Vigilância em Saúde no SUS:
como a criação e efetivação de políticas públicas fortalecendo a capacidade de resposta aos velhos e
saudáveis e atuação intersetorial das equipes novos desafios. Brasília: Ministério da Saúde, 2006a.
de saúde, de forma a intervir nos fatores que 228 p. il. - (Série
predispõem a ocorrência de doenças e agravos, B. Textos Básicos de Saúde).
sejam eles agudos ou crônicos.
Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 399/GM
Com essa transformação do modelo de atenção DE 22 DE FEVEREIRO DE 2006. Divulga o Pacto pela
à saúde, o SUS poderá avançar no processo de Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as
municipalização, uma vez que, o planejamento e Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. Disponível
execução das ações básicas de vigilância em saúde em: <http://
passam a ser realizados pela esfera municipal, dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/
sendo as demais, pactuadas com os Estados GM-399.htm>. Acesso em 27/11/2012b.
considerando o desenho de regionalização, a rede
de serviços e as tecnologias disponíveis e o TEIXEIRA, C. F.; PAIM, J. F.; VILASBÔAS, A. L. Sus,
desenvolvimento racionalizado de ações mais modelos assistenciais e vigilância da saúde. Bahia:
complexas (Brasil, 2006a). IESUS, VII (2), abr/jun, 1998. Disponível em:<
http://www.acervo.epsjv.fiocruz.br/beb/BVSEPS/
Material%202012/vigilancia%20ambiental/iesus_
vol7_2_sus.pdf> Acesso em 04/12/12.
6 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Curso técnico de Vigilância em Saúde

ATIVIDADE 3
BASES TEÓRICAS E
CONCEITUAIS DA
VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos

Objetivo

• Conhecer as bases teóricas e conceituais que originou o modelo de atenção em Vigilância em Saúde.

Materiais
• Quadro, pincel e data show.
• Texto de apoio: Bases teóricas e conceituais da Vigilância em Saúde.

TEXTO DE APOIO
BASES TEÓRICAS E
CONCEITUAIS DA
VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Milton Cosme Ribeiro ²


Vanessa Alves Ferreira
³

Agora que você já possui conhecimento do distribuição das doenças por meio da consolidação
processo saúde-doença apresentado na primeira e avaliação dos registros de adoecimentos e de
unidade do curso, ficará muito mais fácil entender mortalidade, fornecendo informações
a origem da expressão “Vigilância em Saúde”. imprescindíveis para o controle de algumas
endemias. Entretanto, foi somente por volta da
De acordo com os estudos de Waldman (1998) década de 70 que a vigilância foi reconhecida como
apud Arreaza e Moraes (2010), no campo da saúde uma área da epidemiologia ligada ao controle de
pública o conceito de vigilância surgiu no final do doenças transmissíveis, diferenciando assim do
século XIX com o desenvolvimento da microbiologia e conceito de vigilância sanitária, pois esta passou a
de saberes sobre a transmissão de doenças infecciosas, ser mais restrita ao conjunto de ações de
processando dados para subsidiar o emprego de fiscalização em portos e fronteiras e controle
medidas oportunas às pessoas observadas como uma sanitário de produtos e serviços de interesse da
alternativa à prática restritiva da quarentena. Esse saúde.
conceito envolvia a manutenção do alerta responsável
e a observação dos contatos de pacientes das Mais recentemente, surgiu o termo vigilância em
pestilências; seu propósito fundamental era detectar saúde. Este termo passou a abranger vigilância
doentes já em seus primeiros sintomas de forma a controle de riscos, danos e agravos, por meio do
permitir o isolamento imediato. Emnosso país, estudo de seus determinantes biológicos, sociais e
ostermos inicialmente utilizados com esse significado culturais. Desta forma, a vigilância epidemiológica
foram vigilância médica e, posteriormente, sanitária; passou a compor uma das áreas de vigilância em
esta, a sua vez, constituía em vigiar os comunicantes saúde, assim como temos atualmente a vigilância
durante o período de incubação da enfermidade a em saúde ambiental, a vigilância da situação de
partir da data do último contato com um doente oudo saúde, a vigilância em saúde do trabalhador e a
momento em queocomunicante abandonou o local em vigilância sanitária. Conhecendo este escopo, está em
que se encontrava a fonte de infecção. curso um processo de integração das diferentes
áreas de vigilância em saúde com vistas a intervir
A partir dos anos 50, período em que foi criado o nas práticas coletivas e individuais com foco nas
Ministério da Saúde, este conceito passa a ter um ações de proteção e promoção a saúde.
caráter mais abrangente, pois a este se incluem
atividades de avaliação da ocorrência de doenças A atuação da vigilância em saúde é focada nas
e registro de dados, se tornando uma ferramenta políticas saudáveis e nas ações intersetoriais como
importante no levantamento da incidência e forma de atingir a integralidade em todos os níveis
de atenção à saúde (Figura 2).

²Especialista em Políticas e Gestão da Saúde - Núcleo de Vigilância Sanitária/Superintendência Regional de Saúde de Diamantina/Secretaria de Estado da
Saúde de Minas Gerais – Mestre em Ciência dos Alimentos, Nutricionista.
³Professora do Departamento de Nutrição – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM – Doutoranda em Saúde Pública, Nutricionista.
O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 7
Curso técnico de Vigilância em Saúde

Figura 2. Modelo político sanitário da saúde no contexto do Sistema Único de Saúde.

Fonte: ARREAZA, A. L. V.; MORAES, 2010 (Adaptado de TEIXEIRA, PAIM e VILASBÔAS, 1998).

Este
Deconceito
acordo comampliado de vigilância
as Diretrizes em saúde
Nacionais tem III
de Vigilância em Saúde (2010) a vigilância
– monitoramento e avaliaçãoem saúde tem por
integrada;
o intuito de fazer com que as ações desta área
objetivo a observação e análise permanentes da situação de saúde da população, articulando-se em
sejam inseridas, de
um conjunto gradualmente, em todos
ações destinadas os níveis
a controlar determinantes, riscos e danos
IV – reestruturação à saúde de
dos processos de populações
trabalho com
deque
aten- ção, em especial na atenção primária
vivem em determinados territórios, garantindo-seà a autilização
integralidade da atenção, oe que
de dispositivos inclui tanto que
metodologias a
saúde. A partir
abordagem desta nova
individual comoproposta as problemas
coletiva dos equipes de saúde.çam a integração da vigilância, prevenção,
favore-
desenvolveram habi- lidades de programação, proteção, promoção e atenção à saúde, tais como
planejamento e execução de ações de saúde, linhas de cuidado, clinica ampliada, apoio matricial,
favorecendo o acesso da população aos serviços de projetos terapêuticos e protocolos, entre outros;
saúde.
V – educação permanente dos profissionais de
A integração entre a Vigilância em Saúde e a saúde, com abordagem integrada nos eixos da
Atenção Primária à Saúde é condição obrigatória clínica, vigi- lância, promoção e gestão (Brasil,
para a cons- trução da integralidade na atenção e 2010).
para o alcance dos resultados, com desenvolvimento
de um processo de trabalho condizente com a A vigilância da saúde tem no princípio de
realidade local, que preserve as especificidades dos territorialida- de sua principal premissa. O trabalho
setores e compartilhe suas tecnologias, tendo por em saúde deve estar imerso no contexto territorial.
diretrizes: Assim consegue-se definir problemas, e um conjunto
de prioridades, bem como obter os recursos para
I – compatibilização dos territórios de atuação das atender às necessidades de saúde da comunidade
equipes, com a gradativa inserção das ações de considerando cada situação específica. O indivíduo é
vigi- lância em saúde nas práticas das Equipes da o objetivo final da vigilância da saúde, mas deve ser
Saúde da Família; considerado parte da família, da comunidade, do
sistema social e do ambiente. Qualquer ação de
II – planejamento e programação integrados das saúde que se pretenda realizar deverá incidir sobre
ações este conjunto (Campos, 2003).
individuais e coletivas;

Segundo Campos (2003), o território é entendido como o espaço onde vivem grupos sociais, suas
relações e condições de subsistência, de trabalho, de renda, de habitação, de acesso à educação e o
seu saber preexistente, como parte do meio ambiente, possuidor de uma cultura, de concepções
sobre saúde e doença, de família, de sociedade, etc.

Segundo Teixeira, Paim e Vilasbôas (1998), adotar saúde local, implica tanto em avançar no processo
a concepção ampliada de vigilância em saúde, de descentralização da gestão da saúde nos
visando à transformação do modelo de atenção à territórios municipais, como investir na
articulação intra-

8 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE


Curso técnico de Vigilância em Saúde

setorial, na reorganização da atenção básica e no sileira, mas sim de uma área que passou por
fortalecimento do controle social sobre a gestão grandes transformações ao longo dos anos. Todas
dos serviços de saúde do SUS. essas trans- formações estão contribuindo para a
reorientação das práticas de trabalho e para um
Assim, podemos concluir que a vigilância em saúde olhar diferenciado sobre os condicionantes e
não se trata de um termo novo na saúde pública determinantes em saúde na busca pela
bra- integralidade da atenção.

A integralidade trata-se de um princípio consagrado pela Constituição de 1988, que a definiu como: atendi-
mento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais
(Brasil, 1988). De acordo com Campos (2003) a integralidade é um dos pilares que sustentam a criação do
SUS, pois a esse conceito é atribuído um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema. No nível primário são utilizadas intervenções com enfoque preventivo,
comunitário e coletivo, destinadas a atender aos problemas mais comuns da população, enquanto os
níveis secundário e terciário são mais específicos ou parcelados/especializados, e usam

Referências Bibliográficas

ARREAZA, A. L. V.; MORAES, J. C. Vigilância da saúde: CAMPOS, C. E. A. O desafio da integralidade


funda- mentos, interfaces etendências. Ciência & segundo as perspectivas da vigilância da saúde e da
Saúde Coletiva, 15 (4):2215-2228, 2010. Disponível em: saúde da família. Ciência. Saúde Coletiva, v.8, n. 2,
<http://www.scielo. br/scielo.php?pid=S1413- p. 569-84, 2003. Disponível em: <
81232010000400036&script=sci_ arttext> Acesso em: http://www.scielo.br/pdf/csc/ v8n2/a18v08n2.pdf>
03/12/12. Acesso em: 07/12/12.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância WALDMAN, E. A. Usos da vigilância e da


à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes monitorização em saúde pública. In: ARREAZA, A. L.
Nacionais da Vigilância em Saúde. Brasília: V.; MORAES, J. C. Vigilância da saúde: fundamentos,
Ministério da Saúde, 2010. 108 p. : – (Série F. interfaces e tendên- cias. Ciência & Saúde Coletiva,
Comunicação e Edu- cação em Saúde) (Série Pactos 15 (4): 2215-2228, 2010.
pela Saúde 2006; v. 13). Disponível em <
http://portal.saude.gov.br/portal/ TEIXEIRA, C. F.; PAIM, J. F.; VILASBÔAS, A. L. Sus, modelos
arquivos/pdf/volume13.pdf> Acesso em: 07/12/12. assistenciais e vigilância da saúde. Bahia: IESUS, VII (2),
abr/ jun, 1998. Disponível em:
Brasil 1988. Constituição da República Federativa <http://www.acervo.epsjv.fiocruz.
do br/beb/BVSEPS/Material%202012/vigilancia%20ambien-
Brasil. Cap. II, Seção II, Art. 198. tal/iesus_vol7_2_sus.pdf> Acesso em 04/12/12.

LEITURA COMPLEMENTAR
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 4

Aspectos históricos

A expressão vigilância em saúde remete, O isolamento é uma das práticas mais antigas de
inicialmente, à palavra vigiar. Sua origem - do latim intervenção social relativa à saúde dos homens
vigilare - sig- nifica, de acordo com o Dicionário (Rosen, 1994; Scliar, 2002; Brasil, 2005). No final
Aurélio, observar atentamente, estar a atento a, da Idade Média, o modelo médico e político de
atentar em, estar de sentinela, procurar, campear, intervenção que surgia para a organização sanitá-
cuidar, precaverse, acautelar-se. ria das cidades deslocava-se do isolamento para a
quarentena. Três experiências iniciadas no século
No campo da saúde, a vigilância está XVIII, na Europa, irão constituir os elementos cen-
historicamente relacionada aos conceitos de saúde trais das atuais práticas da vigilância em saúde:
e doença pre- sentes em cada época e lugar, às a medicina de estado, na Alemanha; a medicina
práticas de atenção aos doentes e aos mecanismos urbana, na França; e a medicina social, na Inglaterra
adotados para tentar impedir a disseminação das (Foucault, 1982).
doenças.

4
Monken, M.; Batistella, C. Vigilância em Saúde. In: Pereira, I. B.; Lima, J. C. F. Dicionário da educação profissional em saúde. 2.ed. rev. ampl. - Rio de
Janeiro: EPSJV, 2008.
O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 9
Curso técnico de Vigilância em Saúde

O desenvolvimento das investigações no campo das ser pensada e discutida, a partir da década de 1990,
doenças infecciosas e o advento da bacteriologia, especialmente com o advento do Projeto de Estru-
em meados do século XIX, resultaram no turação do Sistema Nacional de Vigilância em
aparecimento de novas e mais eficazes medidas de Saúde
controle, en- tre elas a vacinação, iniciando uma - VIGISUS (Brasil, 1998; EPSJV, 2002).
nova prática de controle das doenças, com
repercussões na forma de organização de serviços O Debate Atual
e ações em saúde coleti- va (Brasil, 2005). Surge,
então, em saúde pública, o conceito de vigilância, As discussões que se intensificaram a partir da
definido pela específica, mas limitada, função de década de 1990 em torno da reorganização do
observar contatos de pacientes atingidos pelas sistema de vigilância epidemiológica, tornando
denominadas doenças pestilenciais. (Waldman, possível conceber a proposta de ação baseada na
1998). vigilância da saúde, continham pelo menos três
elementos que deveriam estar integrados: 1) a
A partir da década de 1950, o conceito de vigilância vigilância de efeitos sobre a saú- de, como agravos e
é modificado, deixando de ser aplicado no sentido doenças, tarefa tradicionalmente realizada pela
da “observação sistemática de contatos de Doentes”, vigilância epidemiológica; 2) a vigilância de perigos,
para ter significado mais amplo, o de como agentes químicos, físicos e biológi- cos que
“acompanhamento sistemático de eventos possam ocasionar doenças e agravos, tarefa
adversos à saúde na comuni- dade”, com o tradicionalmente realizada pela vigilância sanitária;
propósito de aprimorar as medidas de controle 3) a vigilância de exposições, através do
(Waldman, 1998). monitoramento da exposição de indivíduos ou
grupos populacionais a um agente ambiental ou
Em 1963, Alexander Langmuir, conceituou seus efeitos clinicamente ainda não aparentes
vigilância em saúde como a “observação contínua (subclínicos ou pré-clínicos), este último se coloca
da distribui- ção e tendências da incidência de como o principal desafio para a es- truturação da
doenças median- te a coleta sistemática, vigilância ambiental (Freitas & Freitas, 2005; EPSJV,
consolidação e avaliação de informes de morbidade 2002).
e mortalidade, assim como de outros dados
relevantes, e a regular dissemina- ção dessas No Brasil, o processo de implantação dos distritos
informações a todos os que necessitam conhecê- sa- nitários buscava organizar os esforços para
la” (Brasil, 2005). redefinir as práticas de saúde, tentando articular a
epidemiologia, o planejamento e a organização dos
Esta noção de vigilância, ainda presente nos dias serviços (Teixei- ra, 2000). Naquele momento, a
atu- ais, baseada na produção, análise e preocupação incidia sobre a possibilidade de
disseminação de informações em saúde, restringe-se reorganizar a prestação dos serviços, buscando a
ao assessoramen- to das autoridades sanitárias integração das diferentes lógicas existentes: a
quanto à necessidade de medidas de controle, atenção à demanda espontânea, os pro- gramas
deixando a decisão e a ope- racionalização dessas especiais e a oferta organizada dos serviços, com
medidas a cargo das próprias autoridades sanitárias base na identificação das necessidades de saúde da
(Waldman, 1998). população.

Em 1964, Karel Raska, propõe o qualificativo “epi- A excessiva fragmentação observada na institucio-
demiológica” ao conceito de “vigilância” designa- nalização das ações de vigilância. (epidemiológica,
ção consagrada no ano seguinte com a criação da sanitária e ambiental) também é criticada no
Unidade de Vigilância Epidemiológica da Divisão de âmbito de sua construção conceitual.
Doenças Transmissíveis da Organização Mundial da
Saúde (OMS). Em 1968, a 21ª Assembléia Mundial Três vertentes apontam diferentes concepções em
da Saúde promove ampla discussão sobre a torno da noção de vigilância em saúde: uma
aplicação da vigilância no campo da saúde pública, primeira, que a entende como sinônimo de análise
que resulta em uma visão mais abrangente desse
instrumento, com recomendação de sua utilização de situações de saúde., embora amplie o objeto da
não só em doenças transmissíveis, mas também em vigilância epidemiológica, abarcando não só as
outros eventos ad- versos à saúde (Waldman, doen- ças transmissíveis, não incorpora as ações
1998). voltadas ao enfrentamento dos problemas. A
segunda vertente concebe a vigilância em saúde
Um dos principais fatores que propiciaram a disse- como integração insti- tucional entre a vigilância
minação da vigilância como instrumento em todo o epidemiológica e a vigilância sanitária, resultando
mundo foi a campanha de erradicação da varíola., em reformas administrativas e, em alguns casos, no
nas décadas de 1960 e 1970. Neste período, no fortalecimento das ações de vi- gilância sanitária e
Bra- sil, a organização do Sistema Nacional de na articulação com os centros de saúde. Por fim, a
Vigilância Epidemiológica (1975), se dá através da terceira noção concebe a vigilância em saúde como
instituição do Sistema de Notificação Compulsória uma proposta de redefinição das prá- ticas
de Doenças. Em 1976, é criada a Secretaria sanitárias, organizando processos de trabalho em
Nacional de Vigilância Sanitária. No caso da saúde sob a forma de operações para enfrentar
vigilância ambiental, começou a
10 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Curso técnico de Vigilância em Saúde

integralidade.
problemas que requerem atenção e
acompanhamento contínuos. Estas operações
devem se dar em territó- rios delimitados, nos
diferentes períodos do processo saúde-doença,
requerendo a combinação de diferen- tes
tecnologias (Teixeira, Paim & Vilasboas, 1998).
Nesta última concepção são revistos os sujeitos, os
objetos, meios de trabalho e as formas de
organização dos processos de trabalho envolvidos.

De acordo com Teixeira, Paim e Vilasboas (1998), o


sistema de saúde brasileiro após a constituição de
1988 vem buscando construir modelos de atenção
que respondam de forma eficaz e efetiva às reais
necessidades da população brasileira, seja em sua
totalidade, seja em suas especificidades locais. Os
modelos hegemônicos atuais o médico-assistencial,
pautado na assistência médica e no hospital, e o
modelo sanitarista, baseado em campanhas,
programas e em ações de vigilância epidemiológica
e sanitária não conseguem mais responder à
complexidade e diversidade dos problemas de saúde
que circunscrevem o cidadão comum nesse início de
século.
A busca por modelos alternativos que, sem negar
os anteriores, conjuguem as ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde a outras formas
de cuidado voltadas para qualidade de vida das
coletividades, incorporando atores sociais antes
excluídos do processo de produção da saúde, é
estratégia para superar o ciclo biologicista,
antropocêntrico, medicalizante e iatrogênico em
que se encontra o sistema de saúde há quase um
século.
A vigilância em saúde, entendida como rearticulação
de saberes e de práticas sanitárias, indica um caminho
fértil para a consolidação do ideário e princípios do
Sistema Único de Saúde (SUS). Apoiada no conceito
positivo do processo saúde-enfermidade, ela desloca
radicalmente o olhar sobre o objeto da saúde pública
da doença para
o modo de vida (as condições e estilos de vida) das
pessoas. Entendida como uma proposta de ação e
uma área de práticas, a vigilância em saúde
apresenta as seguintes características: intervenção
sobre problemas de saúde que requerem atenção e
acompanhamento contínuos; adoção do conceito
de risco; articulação entre ações promocionais,
preventivas, curativas e reabilitadoras; atuação
intersetorial; ação sobre o território; e intervenção
sob a forma de operações (Paim & Almeida Filho,
2000).
Fundamentada em diferentes disciplinas
(epidemiologia, geografia crítica, planificação em
saúde, ciências sociais, pedagogia, comunicação
etc.), a vigilância em saúde recorre a uma
associação de tecnologias. (materiais e não
materiais) para enfrentar problemas (danos e
riscos), necessidades e determinantes sócio-
ambientais da saúde. Como combinação tecnológica
estruturada para resolver questões postas pela
realidade de saúde, a vigilância em saúde tem sido
reconhecida como um modelo de atenção ou como
um modo tecnológico de intervenção em saúde
(Paim & Almeida Filho, 2000) ou uma via para a
construção e a implementação da diretriz da
CARVALHO, S. R. Saúde Coletiva e Promoção da Saúde:
O pensar sistemático sobre o sujeito e mudança. São Paulo: Hucitec, 2005.
conhecimento, o objeto e o
trabalho em saúde dá suporte CZERESNIA, D. & FREITAS, C. M. de. (Orgs.). Promoção
para a operacionalização do da Saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de
trinômio informação-decisão- Janeiro: Fiocruz, 2003.
ação, dimensões estratégicas
para o planejamento. Esta EPSJV. Laboratório de Educação Profissional em
reflexão coloca tanto para o Vigilância em Saúde: projeto político pedagógico.
diagnóstico quanto para a ação a Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim
importância do olhar de cada Venâncio, 2002. (Termo de Referência para a
ator social sobre o seu cotidiano. Educação Profissional em Vigilância em Saúde).
Portanto, os processos de
trabalho da vigilância em saúde FOUCAULT, M. O nascimento da medicina social.
apontam para o In: FOUCAULT, M. A Microfísica do Poder. Rio de
desenvolvimento de ações Janeiro: Graal, 1982.
intersetoriais, visando
responder com efetividade e FREITAS, M. B. & FREITAS, C. M. A vigilância da
eficácia aos problemas e qualidade da água para consumo humano: desafios e
necessidades de saúde de perspectivas para o Sistema Único de Saúde. Ciência
populações e de seus contextos e Saúde Coletiva, 10(4): 993- 1004, out./dez., 2005.
geradores.
MONKEN, M. & BARCELLOS, C. Vigilância em saúde
Referências Bibliográficas e território utilizado: perspectivas teóricas. Cadernos
de Saúde Pública, Vol. 21, n.3. Rio de Janeiro:
BRASIL. Projeto VIGISUS . mai/jun, 2005 p. 898-906.
Estruturação do Sistema
Nacional de Vigilância em PAIM, J. S. & ALMEIDA FILHO, N. de. A Crise da
Saúde. Brasília: Ministério da Saúde Pública e a Utopia da Saúde Coletiva.
Saúde: Fundação Nacional de Salvador: Casa da Qualidade, 2000.
Saúde, 1998. 203p.
ROSEN, G. Uma História da Saúde Pública. São
BRASIL. Ministério da Saúde. Paulo/ Rio de Janeiro: Hucitec/Unesp/Abrasco,
Secretaria de Vigilância em 1994.
Saúde. Curso Básico de
Vigilância Epidemiológica. ROUQUAYROL, M. Z. & ALMEIDA FILHO, N. (Orgs.)
Brasília: Ministério da Saúde. Epidemiologia e Saúde. 5.ed. Rio de Janeiro: Medsi,
2005. 1999. SCLIAR, M. Do Mágico ao Social: trajetória da
saúde pública. São Paulo: Senac, 2002.

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 11


Curso técnico de Vigilância em Saúde

VILASBOAS, A. L. SUS: modelos assistenciais e WALDMAN, E. A. Vigilância em Saúde Pública.


vigilância da saúde. Informe Epidemiológico do SUS, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da
VII(2): 7-28, 1998. TEIXEIRA, C. (Org.) Promoção e Universidade de São Paulo, 1998. v.7 (Série Saúde
Vigilância da Saúde. Salvador: ISC, 2000. & Cidadania)

ATIVIDADE 4
QUAIS SÃO AS ÁREAS OU COMPONENTES
DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE?

Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos

Objetivo

• Conhecer quais as áreas ou componentes que fazem parte da vigilância em saúde.

Materiais

• Nenhum.

A vigilância epidemiológica é um “conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou


prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou
co- letiva, com a finalidade de se recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das
doenças ou agravos”. Seu propósito é fornecer orientação técnica permanente para os que têm a
responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos. Tem como
funções, dentre outras: coleta e processamento de dados; análise e interpretação dos dados
processados; divulgação das infor- mações; investigação epidemiológica de casos e surtos; análise dos
resultados obtidos; e recomendações e promoção das medidas de controle indicadas.

A vigilância da situação de saúde desenvolve ações de monitoramento contínuo do


país/estado/região/ município/território, por meio de estudos e análises que revelem o
comportamento dos principais indi- cadores de saúde, priorizando questões relevantes e contribuindo
para um planejamento de saúde mais abrangente.

A vigilância em saúde ambiental visa ao conhecimento e à detecção ou prevenção de qualquer


mudança nos fatores determinantes e condicionantes do ambiente que interferiram na saúde humana;
recomendar e adotar medidas de prevenção e controle dos fatores de risco, relacionados às doenças e
outros agravos à saúde, prioritariamente a vigilância da qualidade da água para consumo humano, ar e
solo; desastres de origem natural, substâncias químicas, acidentes com produtos perigosos, fatores
físicos, e ambiente de trabalho.

A vigilância em saúde do trabalhador caracteriza-se por ser um conjunto de atividades destinadas à


promoção e proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e
agravos advindos das condições de trabalho.

A vigilância sanitária é entendida como um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou


prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, na
produção e circu- lação de bens e na prestação de serviços de interesse da saúde. Abrange o controle
de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as
etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que, direta ou
indiretamente, se relacionam com a saúde.

5
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais da Vigilância em
Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 108 p. : – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v. 13).
Disponível em < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/volume13.pdf> Acesso em: 07/12/12.

12 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE


Curso técnico de Vigilância em Saúde

A promoção da saúde objetiva a promover a qualidade de vida, empoderando a população para reduzir
a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de
viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços
essenciais. As ações específicas são voltadas para: alimentação saudável, prática corporal/atividade
física, prevenção e controle do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do uso de
álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito, prevenção da violência
e estímulo à cultura da paz, além da promoção do desenvolvimento sustentável.
Fonte: Brasil (2010).

ATIVIDADE 5
TRABALHANDO AS ÁREAS DE
VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo estimado: 2 horas

Objetivo

• Trabalhar as ações de cada área de vigilância em saúde e as formas de articulação entre uma área e outra.

Materiais
• Papel Kraft, pincel atômico e fita adesiva.

ATIVIDADE 6
A POLÍTICA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos

Objetivo
• Aprofundar os conhecimentos sobre os conceitos e elementos da Política de Vigilância em Saúde.

Materiais
• Computador e data show.
• Vídeo-aula sobre Política de Vigilância em Saúde (Minas Gerais, 2012).6

ATIVIDADE 7
ESTUDO DIRIGIDO
Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos

Objetivo

• Promover por meio de exercícios, a reflexão sobre os conteúdos por hora apresentados nesta unidade.

Materiais

• Estudo Dirigido impresso e papel A4.

MINAS GERAIS. Escola de Saúde Pública. Secretaria de Vigilância e Proteção à Saúde SES-MG. Vídeo-aula do Curso de Atualização Profissional de
6

Vigilância
em Saúde: Caderno 1: políticas de saúde (Unidade 2: Vigilância em Saúde – Aspectos Históricos, Conceituais e Organizacionais). Belo Horizonte: ESP-MG, 2012.
Organizadora: Gracia Gondin.44min.

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 13


Curso técnico de Vigilância em Saúde

ATIVIDADE 8
AVANÇOS E DESAFIOS DO SISTEMA DE SAÚDE
BRASILEIRO
Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos

Objetivo

• Conhecer as alterações ocorridas no perfil de morbi-mortalidade brasileira nos últimos 40 anos e


quais foram os antecedentes históricos do atual Sistema de Saúde frente ao processo de transição
epidemiológica.

Materiais
• Data show.
• Sugestão de leitura: O Sistema de Saúde brasileiro: história, avanços e desafios. 7

ATIVIDADE 9
ESTUDO DE CASOS: DIFERENTES REALIDADES

Tempo estimado: 2 Horas

Objetivo
• Compreender a importância do planejamento e execução das ações de vigilância em saúde na esfera
municipal.

Materiais

• Papel A4, pincel atômico e caixa de papel.

ESTUDO DE CASO I: MUNICÍPIO DE ARARAS

O município de Araras possui uma população de, a cobertura dos PSF alcança 75% da população,
aproximadamente, 18 mil habitantes e está oferecendo os seguintes serviços básicos de saúde:
localizado na região Sul do Estado, há 222 km da consultas médicas, consultas de enfermagem,
capital de Minas Gerais. A cidade, que possui grupo operativo de hipertensos e diabéti cos,
economia, predominantemente agropecuária, vacinação e atendimento a gestante e ao recém-
distancia-se 40 km da cidade de Estância do Sul, nascido e puericultura. Uma das equipes de PSF
esta é considerada um pólo econômico para região encontra-se, temporariamente, sem enfermeiro
possui uma população residente de cerca de 200 mil e o médico não participa das ações de promoção
habitantes. devido ao grande número de atendimentos diários
e por trabalhar apenas 20 horas na unidade, já que
Araras possui um Hospital Municipal e 2 Unidades também atende em seu consultório.
de Básicas de Saúde com Programas de Saúde da
Família (PSF) recém reformadas e ampliadas com As ações de prevenção em saúde são realizadas
recurso do Estado. A Secretaria Municipal de Saúde pela equipe de zoonoses, composta por 8
(SMS) do município conta com um setor de profissionais de nível médio, que fazem visitas
controle de Zoonoses e um de Vigilância Sanitária domiciliares no intuito de combater os vetores de
(VISA). doenças infecciosas e, pela VISA, que conta com
apenas 1 fiscal sanitário de nível médio, que
O hospital de Araras possui 15 leitos e uma taxa percorre os estabelecimentos da área urbana da
de ocupação de 33%, sendo que a maior parte cidade, realizando inspeção sanitária e eliminando,
das internações decorre de condições sensíveis assim, diversos riscos na comercialização de produtos
à atenção ambulatorial. Em se tratando das UBS, à

7
PAIM J.; TRAVASSOS, C.; ALMEIDA, C.; BAHIA, L.; MACINKO, J.. O Sistema de Saúde brasileiro: história, avanços e desafios (Séries: Saúde no Brasil). The
Lancet, Londres, p. 11-31, maio, 2011. Disponível em: < http://download.thelancet.com/flatcontentassets/pdfs/brazil/brazilpor1.pdf>Acesso em: 14 dez 2012.

14 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE


Curso técnico de Vigilância em Saúde

população. A coordenação desses serviços era do ocorrido e tratou de solicitar a compra de novos
realizada por uma enfermeira de uma UBS. medicamentos e ampliar o número de profissionais
no plantão do hospital. Controlado o surto, chegou-
Por falta, principalmente de veículos, os se ao seguinte balanço: 79 casos de intoxicação, 18
profissionais de Zoonoses e de VISA não conseguem internações, 2 mortes por gastroenterite e 42 mil
realizar suas ações na área rural. No período em reais em gastos com a assistência aos enfermos.
que não estão em campo, estes profissionais ainda
são aproveitados para realizarem a digitação de Passados alguns dias, o motivo do surto alimentar
dados nos programas de saúde (SISVAN, o PCFAD, o ainda encontra-se desconhecido, pois os técnicos
SIA-SUS, entre outros). Os mesmos ocupam uma da saúde relataram não conhecer os
sala na Secretaria de Saúde com apenas um procedimentos de investigação e não terem tempo
computador, o qual é utilizado para alimentar os para investigar. Além disso, muitos comentaram
sistemas de informação. Cabe mencionar que que não sabiam de quem era a responsabilidade
município ainda não implantou nenhuma ação de para fazer a investigação, pois nunca foram
saúde do trabalhador. orientados.

Interessado em ampliar o atendimento a O caso tomou repercussão e chegou ao


população, o gestor municipal investiu nos conhecimento da Superintendência Regional de
últimos dois anos na equiparação e estruturação Saúde (SRS) que as- siste ao município. Ao
do hospital, seja por meio da compra de comparecerem no município, os técnicos da SRS
aparelhos de alto custo ou pela contratação de verificaram que o serviço de vigilância
médicos especialistas. Investiu também investiu epidemiológica era incipiente, restringindo-se
na compra de mais duas ambulância e contratação apenas as ações desenvolvidas nas UBS e que o
de mais um enfermeiro para o atendimento às técnico de VISA não era capacitado para auxiliar na
urgências. O objetivo principal é depender o menos investigação, pois havia sido contratado havia 3
possível do município de Estância do Sul para o meses.
encaminhamento dos pacientes.
A equipe da SRS concluiu que o município precisa
Fazendo um balanço dos gastos da prefeitura nos rever sua forma de organização do serviço de vigi-
dois primeiros anos de mandato, o contador lância e aproveitou a oportunidade para informar
apresentou a aplicação do recurso da saúde no ao gestor quais eram os investimentos que
município: 35% é consumido nos gastos com o precisavam ser priorizados pela gestão municipal.
hospital, 30% na folha de pagamento dos Enquanto con- versavam, o gestor esclareceu que
funcionários, 12% do recurso é utilizado em não tem recurso para investir em ações de
consultas e exames especializados, 12% é aplicado vigilância em saúde e que o gasto com o tratamento
na atenção básica e o restante gasto com de doenças como hiperten- são, infarto e diabetes
transporte de pacientes e encargos administrativos. tem esgotado o recurso que a secretaria dispõe.
Todos estes gastos foram submetidos e aprovados Relatou também que, o que tem ajudado muito é o
em Conselho Municipal de Saúde, que se reúne ao auxílio do consórcio intermunicipal, o qual possibilita
ser convocado pela Secretária Municipal. a realização de exames de alto custo e consultas
médicas especializadas. Ao ser orientado sobre a
Chegada à festa de Santo Antônio, tradicional da existência de recurso específico para as ações de
cidade de Araras e muito esperada, pois é quando vigilância em saúde, o Secretário encontrou um
as pessoas retornam para a cidade natal para rever acúmulo de crédito superior a 8 meses de depósito.
os parentes e amigos, uma enorme multidão tomou Ao final o gestor reconheceu que existe falhas na
conta do centro da cidade. Por volta das 22 horas de apli- cação dos recursos na saúde e se mostrou
sábado, deram entrada no hospital 16 pessoas com favorável a analisar a necessidade das mudanças na
sintomas diarreia, vômitos e dor na região do gestão.
abdômen. Neste momento, os profissionais do
hospital optaram por administrar analgésico e soro Com base no estudo de caso, procure responder as
via endovenosa aos pacientes e encaminharem os seguintes questões:
mesmos para suas residências. Na segunda-feira,
pelo enorme número de pessoas que chegavam ao 1. Como você avalia a vigilância em saúde no mu-
hospital, suspeitou-se logo de um surto alimentar. nicípio de Araras?
Até este momento, já eram 48 às pessoas atendidas 2. Comente sobre a alocação dos recursos da saúde
na unidade hospitalar, com 7 casos de internações. no município. O que era priorizado?
A grande necessidade de tratamento à população, 3. A vigilância em saúde municipal dispõe de pla-
fez com o estoque de medicamentos da farmácia nejamento? Como é organizado o serviço de
municipal fosse esgotado. O Secretário Municipal de saúde no município?
Saúde tomou conhecimento 4. Quais são as alterações por você sugeridas
para os problemas de saúde do município?
O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 15
Curso técnico de Vigilância em Saúde

ESTUDO DE CASO II: MUNICÍPIO DE BOAESPERANÇA

Localizado a 155 km da capital de Minas Gerais, o vigilância em saúde e assistência à saúde, definindo
município de Boa Esperança está entre os municí- prioridades, competências, prazos e aplicação de
pios da região Oeste do Estado com uma população re- cursos orçamentários.
inferior a 20 mil habitantes. A economia da cidade
é aquecida pelo comércio e pela agropecuária. O As equipes de saúde procuram seguir o cronograma
mu- nicípio de grande porte mais próximo é a de atividades proposto no planejamento, bem
cidade de Resplendor, que tem 180 mil habitantes como o atendimento as novas demandas. Para
e está a 60 km de Boa esperança. permitir o monitoramento e avaliação das ações, o
coordenador da atenção primária se reúne,
A estrutura da saúde do município de Boa quinzenalmente, com o coordenador de vigilância
esperança conta com um Centro de Saúde, 3 em saúde. Estes por sua vez, ficam responsáveis por
Unidades de Básicas de Saúde com Programas de discutir com as suas equipes a tomada de ação a
Saúde da Família (PSF) e Programa de Agente cada mês.
Comunitários de Saúde (PACS), todas bem
estruturadas e equipadas para o atendi- mento As ações de promoção e prevenção em saúde são
primário à população. O serviço de vigilância em realiza- das tanto pela atenção primária, quanto de
saúde possui referências nas seguintes áreas: vi- vigilância em saúde, ambas possuem um quadro de
gilância epidemiológica, vigilância sanitária, vigilância técnicos satisfató- rios, com profissionais de nível
em saúde do trabalhador, vigilância ambiental, vigi- médio, técnico e superior. Os serviços são bem
lância da situação de saúde, incluindo uma estruturados e os profissionais pos- suem os
referência para as ações de promoção à saúde. equipamentos de trabalho necessários.

A cobertura das equipes de PSF alcança 100% da Ao fazer um balanço dos gastos da prefeitura nos
po- pulação, oferecendo diversos serviços nos dois primeiros anos de mandato, o contador
campos da prevenção, promoção e recuperação da apresentou a aplicação do recurso da saúde no
saúde, tais como: atenção a saúde da gestante e do município, onde 30% foi gasto na folha de
recém-nasci- do, puericultura, tratamento pagamento dos funcioná- rios, 25% no consumido
odontológico, atendimen- to ginecológico, grupos nos gastos na atenção pri- mária, 22% aplicado no
operativos, exames preventivos do câncer de mama, atendimento ambulatorial, 8% do recurso foi
atividade física para idosos, hi- pertensos e utilizado em consultas e exames especializados e o
diabéticos, atendimento clínico, atividades educativas restante gasto com transporte de pacientes e
no controle do tabagismo, da prevenção da encargos administrativos. O plano que previa o uso
tuberculose e das doenças sexualmente do recurso foi devidamente aprovado pelo
transmissíveis, vacinação, entre outros programas e Conselho Municipal de Saúde, que se reúne or-
atividades. Todos os profissionais das Unidades, dinariamente a cada mês e está sempre atento ao
incluindo os agentes comunitários de saúde, são devido uso do recurso da saúde.
muito bem capacitados para atuar junto à
população, identificando riscos e informando a A relação da equipe de saúde de Boa esperança é
população sobre as formas de prevenção e controle tão estreita que sempre que ocorrem agravos em
das doenças. saúde, um setor comunica aos demais para agir de
prontidão. Exemplo disso foi o último surto de
Devido a pouca capacidade resolutiva do município H1N1 ocorrido no município na última festa do
para as ações de alta complexidade, o mesmo padroeiro da cidade há dois anos, quando 12
optou por referenciar os pacientes graves para o pessoas foram atendidas na Unidade Básica de
município de Resplendor que conta com uma Saúde com sintomas da gripe. Imediatamente, o
assistência hospita- lar e diagnóstica melhor para enfermeiro tratou dos doentes de acordo com o
atender aos municípios de menor porte, conforme procedimento preconizado e informou ao serviço
pactuado nas Comissão de Intergestores Regional de vigilância epidemiológica e a sanitária, que
(CIR). O transporte dos pacien- tes é realizado pelo fizeram a investigação imedia- ta, notificaram os
Consórcio Municipal de Saúde. O consórcio casos e concluíram que o surto teve como foco um
também oferece aos municípios apoio as ações de viajante que estava no even- to. A equipe
vigilância em saúde por meio de uma equipe divulgou o ocorrido e conseguiu fazer com que
multiprofissional recém contratada. grande parte dos sintomáticos procurasse
tratamento nas Unidades ou no Centro de saúde.
Há dois anos a equipe de vigilância em saúde vem As medidas preventivas também foram divulgadas
realizando a análise de situação de saúde e utiliza possibilitando o controle da transmissão em curto
deste instrumento para indicar ao gestor as prazo. Ao final o saldo revelou apenas 3 interna-
necessi- dades de intervenção na área de saúde. ções e nenhum óbitos, gerando poucos gastos na
Diante dessas informações e sendo conhecedor dos assistência. A partir deste fato, todos os meses que
recursos que a vigilância recebe das esferas Federal antecedem as principais festas da cidade a equipe
e Estadual, o gestor elabora o plano anual de distribui cartilhas e faz informes no rádio de como
saúde e realiza o planejamento junto às equipes de prevenir a gripe H1N1.
atenção primária,
16 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Curso técnico de Vigilância em Saúde

Em visita de avaliação, a equipe da 1. Aponte as diferenças encontradas na adminis-


Superintendência Regional de Saúde que assiste ao tração e organização da saúde entre os
município, encontrou uma vigilância em saúde municípios de Araras e Boa esperança.
estruturada, bem organizada e integrada com a 2. Diante dos contextos apresentados, comente
atenção primária. Essas característi- cas estão sobre a importância do planejamento em
promovendo melhorias no quadro de saúde e vigilância em saúde.
possibilitando o atendimento integral a população.

Com base no estudo de caso I e II, procure


responder as seguintes questões:

LEITURA COMPLEMENTAR
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
E ADMINISTRAÇÃO
MUNICIPAL 8

O planejamento estratégico é um instrumento de programas mediante a alocação de recursos para as ações


ex- trema importância para a melhor eficiência da orçamentárias (projetos, atividades eoperações especiais).
gestão municipal e sua elaboração deve levar em
conta os recursos humanos, materiais, financeiros e A Lei de Responsabilidade Fiscal do ano de 2000
tecnológicos existentes, bem como os fatores possui importantes atribuições, uma delas é o
ambientais, os aspec- tos culturais, turísticos, estabelecimento de regras que visam garantir o
econômicos e sociais da região. equilíbrio e o ajuste das contas públicas (gestão
fiscal responsável), enfatizou também a integração
A Constituição Brasileira de 1988 deu ênfase à dos instrumentos (PPA, LDO e LOA) e ratificou a
função de planejamento, quando introduziu necessidade de planejamento, controle,
significativamen- te mudanças na forma de transparência e responsabilização na administração
condução do processo orça- mentário, pois aliou o pública.
orçamento público ao planeja- mento. Além disso, a
Carta Magna tratou de evidenciar a integração dos Diante do sistema criado pela Constituição Federal
instrumentos de planejamento: Plano Plurianual vigente percebe-se que o PPA, a LDO e a LOA
(PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei devem incorporar as diretrizes e metas do Plano
Orçamentária Anual (LOA). Diretor, sendo esse o pilar do sistema municipal de
planejamento. No PPA deve-se estabelecer os
O primeiro instrumento, o PPA, é o plano de programas e ações acerca das diretrizes metas
governo que expressa o planejamento de médio contidas no Plano Diretor, devendo a LDO
prazo. Evidencia os programas de trabalho do incorporar em seu conteúdo as ações prioritárias,
governo para um período de quatro anos restando para a LOA disponibilizar os recursos
especificados em diretrizes, objetivos, metas da orçamentários necessários para execução das
administração para as despesas de capital e outras respectivas ações, ou seja, o PPA deve ser
delas decorrentes, e para as relativas aos programas elaborado de forma compatível com o Plano
de duração continuada. Diretor e a LDO deverá ser elaborada de forma
compatível com o Plano Diretor e com o PPA
O segundo instrumento é a LDO, a qual cabe
anualmente orientar a elaboração e a execução Rezende (2005) apud Saldanha, Peixoto e Estrada
do orçamento. A parti r desse instrumento, o (2006), sugere uma metodologia para elaborar e
poder Legislativo passa a ter poderes para de implementar o planejamento estratégico municipal
fato interferir no decurso da elaboração da peça com as seguintes fases:
orçamentária e a condução as finanças públicas,
pois, ao aprovar a LDO, estará aprovada a regra • Análises estratégicas
para a elaboração do orçamento e para gestão • Diretrizes estratégicas
financeira do Município. Assim, a LDO tem entre • Estratégias e ações municipais
outras funções a de selecionar dentre os programas • Controles municipais e gestão do planejamento
e ações incluídas no PPA quais terão prioridade na
execução orçamentária. As análises estratégicas procuram identificar qual a
real situação do município, de seu entorno e de sua
O terceiro instrumento é a LOA, o qual viabiliza o administração, incluindo variáveis internas e
plano de governo, permitindo a realização anual externas.
dos

8
SALDANHA, G. S.; PEIXOTO, F. B.; ESTRADA, R. J. S. Planejamento estratégico na gestão pública municipal. In: SLADE BRASIL/2006. Encontro Luso
Brasileiro de estratégia. Estratégia para o desenvolvimento sustentável das organizações. UNIVALI – Balneário Camboriú - SC, 03 e 04 de Nov. 2006.
Disponível em: < http://www.ead.fea.usp.br/eadonline/grupodepesquisa/publica%C3%A7%C3%B5es/rolando/46.htm>. Acesso em 27/12/2012.
O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 17
Curso técnico de Vigilância em Saúde

Englobam aspectos positivos e negativos, táticos e operacionais do planejamento estratégico


formalizam o que o município tem de bom, de municipal, por meios de padrões medição de
regular ou de ruim. Buscam responder questões desem- penho, o acompanhamento, a correção de
relacionadas com os diferenciais municipais, com as desvios. Também procuram definir formas de gestão
pessoas (jurídicas e físicas) que influenciam o para lidar com os recursos humanos, materiais,
momento atual e futuro da cidade e os pormenores financeiros e tecnológicos que são requisitados pelo
que serão descritos nas diretrizes estratégicas do planejamento estratégico municipal. Para se
projeto de planejamento estratégico municipal. controlar é necessá- rio medir e avaliar o
desempenho e o resultado das ações, com a
Por sua vez, as diretrizes estratégicas procuram finalidade de realimentar os tomado- res de
estabelecer os objetivos ou caminhos da cidade. As decisões, de forma que possam corrigir ou reforçar
diretrizes estratégicas municipais estão esse desempenho ou interferir em função do
relacionadas com os traçados de caminhos, com processo administrativo, para assegurar que os
programas de atividades, com conjuntos de resultados satisfaçam às metas, aos desafios e aos
instruções, com indicações de ações e com normas objetivos estabelecidos
ou procedimentos.
É importante ressaltar que para implementação dos
As estratégias e ações municipais definem as me- canismos de comparação e medição de
respec- tivas estratégias e ações que a cidade deve desempenho a prefeitura pode estabelecer um
planejar para atender aos seus respectivos sistema de controle para medir as ações do município
objetivos. por meio de indicadores, que devem contribuir com
a medição, com o acompa- nhamento e com a
As estratégias municipais são as atividades que avaliação das ações municipais. Na seleção dos
procu- ram atender aos objetivos municipais indicadores é importante o entendimento do que se
definidos pelo município, considerando a sua visão, quer medir, das informações que se quer gerar e dos
as suas vocações e os seus valores, ou seja, deve-se conhecimentos que se quer compartilhar.
considerar o que o município determina fazer ou
não fazer. Os sistemas de informação são relevantes meios de
controles do planejamento estratégico municipal.
As ações municipais detalharão quais as estratégias Como conceito, os sistemas de informação são o
do município serão elaboradas na prática, as conjunto de partes que geram informações para os
estratégias devem ser descritas de forma sucinta e controles municipais. Têm como maior objetivo o
as ações de forma detalhada. As ações municipais apoio nos processos decisórios do município e da
oportunizam as diversas possibilidades para realizar prefeitura.
as estratégias municipais, levando em conta as suas
viabilidades (fi- nanceiras e não financeiras), os Contudo, o planejamento estratégico municipal
recursos, as leis e, aci- ma de tudo, a necessidade da é um projeto e, como tal, deve ser iniciado,
vontade da comunidade local. O processo de controlado e encerrado. Num primeiro momento
elaboração das ações municipais exige planos de a gestão do planejamento estratégico municipal
trabalho, pois a estratégia sem ação nada significa. começa quando a elaboração da primeira
As estratégias municipais exigem sua atividade do projeto. Num segundo momento, a
transformação em ações municipais e, como conse- gestão acompanha o desenvolvimento de todo o
qüência, resultados municipais. projeto. No terceiro e último momento, reinicia-se
imediatamente após o seu encerramento, como
Já os controles municipais e gestão do planejamen- um processo cíclico e dinâmico.
to procuram estabelecer os controles estratégicos,
18 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Curso técnico de Vigilância em Saúde

ATIVIDADE 10
GESTÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Tempo Estimado: 2 Horas

Objetivo

• Possibilitar o conhecimento dos aspectos pertinentes à gestão da Vigilância em Saúde no SUS.

Materiais
• Quadro, pincel e data show.
• Sugestão de leitura: Manual de gestão da vigilância em saúde 9

ATIVIDADE 11
NOVAS TENDÊNCIAS DO SISTEMA DE SAÚDE: AS
REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

Tempo Estimado: 2 Horas

Objetivo

• Compreender os motivos que levaram a criação dos modelos integrados no sistema de saúde e o
funcionamento das redes de atenção à saúde no SUS.

Materiais
• Quadro, pincel e data show.
• Texto de Apoio: Sistema de atenção à saúde: a atenção fragmentada e as redes de atenção á saúde.

TEXTO DE APOIO
SISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE: A ATENÇÃO
FRAGMENTADA E AS REDES DE ATENÇÃO Á SAÚDE

Milton Cosme Ribeiro 10

Os Sistemas de Atenção à Saúde são definidos pela responder às necessidades, demandas e


Organização Mundial da Saúde “como o conjunto preferências das sociedades. Nesse sentido, eles
de atividades cujo propósito primário é promover, devem ser articu- lados pelas necessidades de
res- taurar e manter a saúde de uma população saúde da população que se expressam, em boa
para se atingirem os seguintes objetivos: o alcance parte, em situações demográ- ficas e
de um nível ótimo de saúde, distribuído de forma epidemiológicas singulares (Mendes, 2011).
equitativa; a garantia de uma proteção adequada
dos riscos para todos os cidadãos; o acolhimento Os sistemas de saúde podem apresenta-se de duas
humanizado dos cidadãos; a provisão de serviços maneiras, fragmentado ou integrado. Os sistemas
seguros e efetivos; e a prestação de serviços fragmentados de atenção à saúde são aqueles que
eficientes” (World Health Organization, 2000). se organizam por meio de um conjunto de pontos
Entende-se que estes constituem respostas sociais, de atenção à saúde isolados e incomunicados uns
deliberadamente organizadas, para dos outros, e que, por conseqüência, são incapazes

9
Manual de gestão da vigilância em saúdeMinistério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria de Apoio à Gestão em Vigilância em Saúde.–
Bra- sília: Ministério da Saúde, 2009. 80 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/cartilha_de_ges-
tao_web.pdf> Acesso em: 28/12/2012.
10
Especialista em Políticas e Gestão da Saúde - Núcleo de Vigilância Sanitária/Superintendência Regional de Saúde de Diamantina/Secretaria de Estado da
Saúde de Minas Gerais – Mestre em Ciência dos Alimentos, Nutricionista.

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 19


Curso técnico de Vigilância em Saúde

de prestar uma atenção contínua à população. Em As condições agudas, em geral, são manifestações
geral, não há uma população adscrita de respon- que apresentam um curso curto, inferior a três
sabilização. Neles, a atenção primária à saúde não meses de duração, e tendem a se autolimitar. A
se comunica fluidamente com a atenção secun- título de exemplo temos as doenças transmissíveis
dária à saúde e, esses dois níveis, também não se tais como a dengue, a gripe e outras doenças
articulam com a atenção terciária à saúde, nem infecciosas. Já as condições crônicas, ao contrário
com os sistemas de apoio, nem com os sistemas das agudas, são manifestações com período de
logísticos. Diferentemente, os sistemas integrados duração mais o menos longo, e nos casos de
de atenção à saúde, são aqueles organizados por algumas doenças crônicas como diabetes, doenças
meio de um conjunto coordenado de pontos de cardiovasculares, câncer, doença respiratória
atenção à saúde para prestar uma assistência con- crônica, doença mental, doença respiratória
tínua e integral a uma população definida. Essas crônica, entre outras, tendem a apresentar-se de
duas maneiras de se analisarem os sistemas de forma definitiva e permanente (VON KORFF et. al.,
atenção à saúde não aparecem, na prática social, 1997). Ressalta-se que, muitas condições agudas
de forma independentemente; ao contrário, os podem evoluir para condições crônicas e muitas
sistemas fragmentados tendem a se voltar para a condições crônicas podem apresentar
atenção principal às condições agudas, enquanto períodos de agudizações, que são manifestações
os sistemas integrados tendem a atuar, equilibra- comuns a eventos agudos.
damente, sobre as condições agudas e condições
crônicas (Mendes, 2011). Na figura abaixo, são colocadas as principais diferenças
entre as condições agudas e crônicas:

Figura 2: Diferenças entre as condições agudas e crônicas.

VARIÁVEL CONDIÇÃO AGUDA CONDIÇÃO CRÔNICA


Início Rápido Gradual
Causa Usualmente única Usualmente múltiplas
Duração Curta Indefinida
Diagnóstico e Prognóstico Comumente acurados Usualmente incertos
Testes diagnósticos Frequentemente decisivos Frequentemente de valor limitado
Resultado Em geral, cura Em geral, cuidado sem cura
Papel dos profissionais Selecionar e prescrever o Educar e fazer parceria com as
tratamento pessoas usuárias
Centrada no cuidado
Natureza das intervenções Centrada no cuidado profissional
multiprofissional e no autocuidado
Fonte: Mendes, 2011.

Na atualidade, as condições crônicas estão doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e


aumentando em ritmo acelerado em função do câncer, ou seja, se os serviços de saúde não
comportamento e do estilo de vida das pessoas. responderem a essa situação, fatalmente milhões
Entre os fatores que predispõe ao surgimento de pessoas morrerão por condições crônicas nos
dessas doenças estão: a inati vidade física ou próximos anos.
sedentarismo, a alimentação inapropriada, o
sexo inseguro, a dependência química e o estresse Nos países em desenvolvimento como o Brasil,
social. Cabe mencionar que, o envelhecimento historicamente, os problemas agudos ainda
populacional e a redução da taxa de fecundidade, constituem o principal foco de atenção dos sistemas
também influenciam na alteração desse quadro, de saúde. Ao passo que, os avanços na área médica
visto que aumentam a expectativa de vida da permitiram reduzir o impacto de inúmeras doenças
população. É notório que as doenças crônicas infecciosas, estes países vivenciam o aumento das
produzem impactos negativos, causando mortes doenças crônicas e a permanência de algumas
prematuras, incapacidades, redução da carga de doenças infecciosas.
trabalho e enormes prejuízos econômicos.
Essa situação encontrada, em especial nos países
A Organização Mundial da Saúde (2003) estimou em desenvolvimento, é caracterizada pela que
que até 2020, as condições crônicas serão chamamos de dupla ou tripla carga de doenças, que
responsáveis por 78% da carga global de doenças seria a superposição com a persistência
nos países em desenvolvimento e que as maiores concomitante das doenças infecciosas e carenciais e
incidências, semelhantemente ao que ocorre hoje, das doenças crônicas; o ressurgimento de doenças
serão de reermergentes como a dengue a febre amarela; e o
surgimento das novas doenças ou enfermidades
emergentes (Mendes, 1999).
20 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Curso técnico de Vigilância em Saúde

Pelo fato dos atuais sistemas de saúde terem sido Para o Ministério da Saúde (2010) as RAS podem
desenvolvidos para tratar dos problemas agudos e ser definidas como “arranjos organizativos de
das necessidades prementes dos pacientes, eles ações e serviços de saúde de diferentes densidades
foram desenhados para funcionar em situações de tecnológicas, que integradas por meio de sistemas
pressão. Por exemplo, a realização de exames, o técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a
diagnóstico, a atenuação dos sintomas e a integralidade do cuidado”.
expectativa de cura são características do
tratamento dispensado atualmente. Além disso, Dessa definição, emergem algumas características
essas funções se ajustam às necessidades de básicas das RAS:
pacientes que apresentam problemas de saúde
agudos ou episódicos. No entanto, observa-se uma • apresentam objetivos comuns;
grande disparidade quando se adota o modelo de • operam de forma cooperativa e interdependente;
tratamento agudo para pacientes com problemas • intercambiam constantemente seus recursos;
crônicos. Quando os problemas de saúde são • organizam-se de forma poliárquica, ou seja,
crônicos, o modelo de tratamento agudo não são estabelecidas sem hierarquia entre os
funciona. De fato, os sistemas de saúde não pontos de atenção à saúde;
evoluíram, de forma perceptível, mais além do • implicam um contínuo de atenção nos níveis
enfoque usado para tratar e diagnosticar doenças primário, secundário e terciário;
agudas. O paradigma do tratamento agudo é • convocam uma atenção integral com
dominante e, no momento, prepondera entre os intervenções promocionais, preventivas,
tomadores de decisão, trabalhadores da saúde, curativas, cuidadoras, reabilitadoras e
administradores e pacientes. Para lidar com a paliativas;
ascensão das condições crônicas, é imprescindível • funcionam sob coordenação da Atenção
que os sistemas de saúde transponham esse modelo Primária à Saúde (APS);
predominante. O tratamento agudo será sempre • prestam atenção oportuna, em tempos e
necessário, pois até mesmo as condições crônicas lugares certos, de forma eficiente e
apresentam episódios agudos; contudo, os ofertando serviços seguros e efetivos, em
sistemas de saúde devem adotar o conceito de consonância com as evidências disponíveis;
tratamento de problemas de saúde de longo prazo • focam-se no ciclo completo de atenção a
(World Health Organization, 2003). uma condição de saúde;
• têm responsabilidades sanitárias e econômicas
Os sistemas fragmentados são voltados para a inequívocas por uma população;
atenção às condições agudas e para os eventos de • geram valor para a sua população (Mendes, 2011).
agudizações das condições crônicas. Assim, a razão
técnica para a crise dos sistemas de atenção à No anexo 1, podemos observar as principais
saúde consiste no enfrentamento das condições característi- cas que diferenciam os sistemas
crônicas na mesma lógica das condições agudas, ou fragmentados e as RAS.
seja, por meio de tecnologias destinadas a
responder aos momentos de agudização das O objetivo da RAS é promover a integração
condições crônicas – normalmente auto percebidos sistêmica, de ações e serviços de saúde com provisão
pelas pessoas – por meio da atenção à demanda de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável
espontânea, principalmente em unidades de pronto e humanizada, bem como incrementar o desempenho
atendimento ambulatorial ou hospitalar. E do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia
desconhecendo a necessidade imperiosa de clínica e sanitária; e eficiência econômica. Para
uma atenção contínua nos momentos silenciosos atingir esses objetivos, o sistema de saúde deve
das condições crônicas quando elas, insidiosa e demandar atenção nas três áreas de aplicação que
silenciosamente, evoluem (Mendes, 2011). são: cuidados primários, atenção especializada
(ambulatorial e hospitalar) e cuidados de urgência e
Além desse paradigma, outro fator negativo emergência (Ministério da Saúde, 2010).
observado é o pagamento por procedimentos na
área de saúde que vigora no SUS. Este termina por O enfrentamento das condições crônicas exige uma
estimular os prestadores e profissionais a mudança nos sistemas de atenção à saúde por
ofertarem insumos e serviços em quantidade e não meio de um plano estratégico com ações de curto,
na qualidade, ao tempo em que não os incentiva a médio e longo prazos, a saber:
realização de intervenções voltadas para a
promoção e prevenção em saúde. Por isso, há que 1. Em curto prazo: a criação de uma consciência
se restabelecer a coerência entre a situação de geral sobre os problemas das condições crônicas; o
saúde e o SUS, o que envolverá a implantação das desen- volvimento de políticas de saúde pública
redes de atenção à saúde (RAS), uma nova forma de que foquem os determinantes sociais da saúde
organizar o sistema de atenção à saúde em sistemas distais, intermedi- ários e proximais; a instituição
integrados que permitam responder, com de incentivos para a integração da atenção
efetividade, eficiência, segurança, qualidade e primária, secundária e terciária à saúde; o estímulo
equidade, às condições de saúde da população das ações de promoção da saúde e de prevenção
brasileira (Mendes, 2011). das doenças por meio de processos edu-
O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 21
Curso técnico de Vigilância em Saúde

cacionais e incentivos financeiros; o mudar a lógica de atuação para o enfrentamento


reconhecimento das pessoas usuárias como do processo de transição epidemiológica completa
membros das equipes de saúde; o incentivo para nos países desenvolvidos e da dupla ou tripla carga
as ações de autocuidado; a utilização de diretrizes de doenças nos países em desenvolvimento. Esta
clínicas baseadas em evidências para indicar as lógica consiste na implantação de um sistema de
relações entre os diferentes serviços; a implantação atenção à saúde que, além de responder às
de tecnologias de informação que per- mitam condições agudas e aos momentos de agudizações
compartilhar as informações entre os diversos das condições crônicas nas unidades de pronto-
serviços; a estratificação da população por riscos; e atendimento ambulatorial e hospitalar, para um
a integração com os serviços comunitários. seguimento contínuo e proativo dos portadores
2. No médio prazo: a definição de políticas de condições crônicas, sob a coordenação da
nacionais de controle das condições crônicas; a equipe de atenção primária à saúde, e com o apoio
definição de políticas e instrumentos relativos aos dos serviços de atenção secundária e terciária da
fatores de riscos; o uso de indicadores de rede de atenção, atuando, equilibradamente, sobre
desempenho e de programas de qualidade; a os determinantes sociais da saúde distais,
utilização de ferramentas baseadas em evidências, intermediários e proximais, sobre os fatores de
como a gestão de caso e o trabalho mul- riscos biopsicológicos e, também, sobre as
tiprofissional; a introdução de incentivos financeiros condições de saúde manifestas e suas sequelas.
vinculados a desempenho; a definição de
políticas para incremento da equidade; e o Referências Bibliográficas
estímulo a relações colaborativas entre os
profissionais de saúde; o em- poderamento de Mendes, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília:
grupos comunitários; a alocação de recursos Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. 549p.
financeiros com base na carga de doenças; a
melhoria das equipes de saúde para manejar as Ministério da Saúde. Portaria nº. 4.279, de 30 de
con- dições crônicas; e a educação permanente dos dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a
profis- sionais de saúde (World Health organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito
Organization, 2006). do Sistema Único de Saúde (SUS). Publicada no
DOU de 31/12/2010, Seção I, Página 89.
Para conter o contínuo aumento dos gastos em saúde
na prestação de serviços de alto custo, muitas vezes Organização Mundial da Saúde. Cuidados
oriundos do tratamento tardio de condições e agravos inovadores para condições crônicas: componentes
sensíveis à atenção primária à saúde, os órgãos estruturais de ação. Brasília, Organização Mundial
reguladores e os gestores de saúde deverão dispor da Saúde, 2003.
de ferramentas de gestão e incentivos financeiros
para pagamento por desempenho individual e VON KORFF et. al. Collaborative management of chronic
institucional e o estímulo a participação efetiva do illness. Annals of Internal Medicine, 127: 1097-1102,
cidadão e da comunidade no processo de 1997.
contratualização entre os entes financiadores e os
prestadores de serviço (Ministério da Saúde, 2010). World Health Organization. Gaining health: The
European strategy for the prevention and control
Contudo, as condições de saúde podem se of noncommunicable diseases. Copenhagen, WHO
apresentar de forma aguda ou crônica, exigindo Regional Office for Europe, 2006.
diferentes formas de atenção à saúde, seja ela a
partir de um sistema de atenção fragmentado ou World Health Organization. The world health report
integrado. A crise no sistema de atenção à saúde 2000: health systems, improving performance.
está sendo aprofundada pelo fato dos serviços de Geneva, World Health Organization, 2000.
saúde ainda tratarem as doenças crônicas de forma
semelhante às doenças agudas. De acordo com
Mendes (2011), precisamos

TEXTO PARA LEITURA COMPLEMENTAR


POR QUE ORGANIZAR REDE DE
ATENÇÃO À SAÚDE NO SUS 11

Embora sejam inegáveis e representativos os O modelo de atenção à saúde vigente


avanços alcançados pelo SUS nos últimos anos, fundamentado nas ações curativas, centrado no
torna-se cada vez mais evidente à dificuldade em cuidado médico e estruturado com ações e
superar a intensa fragmentação das ações e serviços serviços de saúde dimensionados a partir da
de saúde e qualificar a gestão do cuidado no oferta, tem se mostrado insuficiente para dar conta
contexto atual. dos desafios sanitários atuais

11
Ministério da Saúde. Portaria nº. 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito
do Sistema Único de Saúde (SUS). Publicada no DOU de 31/12/2010, Seção I, Página 89.

22 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE


Curso técnico de Vigilância em Saúde

e, insustentável para os enfrentamentos futuros. de saúde reprodutiva com mortes maternas e


óbitos infantis por causas consideráveis evitáveis, e o
O cenário brasileiro é caracterizado pela diversidade desafio das doenças crônicas e seus fatores de risco
de contextos regionais com marcantes diferenças como sedentarismo, tabagismo, alimentação
sócio- econômicas e de necessidade de saúde da inadequada, obesidade e o crescimento das causas
população entre as regiões, agravado pelo elevado externas em decorrência do aumento da violência e
peso da oferta privada e seus interesses e pressões dos acidentes de trânsito, trazendo a necessidade de
sobre o mercado na área da saúde e pelo desafio de ampliação do foco da atenção para o manejo das
lidar com a complexa inter-relação entre acesso, condições crônicas, mas atendendo,
escala, escopo, qualidade, custo e efetividade que concomitantemente, as condições agudas.
demonstram a complexidade do processo de
constituição de um sistema unificado e integrado Superar os desafios e avançar na qualificação da
no país. atenção e da gestão em saúde requer forte decisão
dos gestores do SUS, enquanto protagonistas do
Consequentemente, a organização da atenção e da processo instituídos e organizador do sistema de
gestão do SUS expressa o cenário apresentado e se saúde. Essa decisão envolve aspectos técnicos,
caracteriza por intensa fragmentação de serviços, éticos, culturais, mas, principalmente, implica no
programas, ações e práticas clínicas, demonstrado cumprimento do pacto político cooperativo entre
por: (1) lacunas assistenciais importantes; (2) as instâncias de gestão do Sistema, expresso por
financiamento público insuficiente, fragmentado uma “associação fina da técnica e da política”, para
e baixa eficiência no emprego dos recursos, com garantir os investimentos e recursos necessários à
redução da capacidade do sistema de prover mudança.
integralidade da atenção à saúde; (3) configuração
inadequada de modelos de atenção, marcada pela A solução está em inovar o processo de organização
incoerência entre a oferta de serviços e a do sistema de saúde, redirecionando suas ações e
necessidade de atenção, não conseguindo serviços no desenvolvimento da Rede de Atenção
acompanhar a tendência de declínio dos em Saúde (RAS) para produzir impacto positivo nos
problemas agudos e de ascensão das condições indicadores de saúde da população.
crônicas; (4) fragilidade na gestão do trabalho com
o grave problema de precarização e carência de No campo das políticas públicas, comprometida
profissionais em número e alinhamento com a com a garantia de oferecer acesso equânime ao
política pública; (5) a pulverização dos séricos nos conjunto de ações e serviços de saúde, a
municípios; e (6) pouca inserção da Vigilância e organização do Sistema em rede possibilita a
Promoção em Saúde no cotidiano dos serviços de construção de vínculos de solidariedade e
atenção, especialmente na Atenção Primária em cooperação. Nesse processo, o desenvolvimento da
Saúde (APS) RAS é reafirmado como estratégia de reestruturação
do sistema de saúde, tanto no que se refere a sua
Considera-se, ainda, o atual perfil epidemiológico organização, quanto na qualidade e impacto da
brasileiro, caracterizado por uma tripla carga de atenção prestada, e representa o acúmulo e o
doença que envolve a persistência de doenças aperfeiçoamento da política de saúde com
parasitárias, infecciosas e desnutrição aprofundamento de ações efetivas para consolidação
características de países subdesenvolvidos, do SUS como política pública voltada a garantia de
importante componente de problemas direitos constitucionais de cidadania.

ATIVIDADE 12
AVALIAÇÃO DO ALUNO
Tempo Estimado:1 hora e 30 minutos

Objetivo

• Verificar se o aluno absorveu os conhecimentos apresentados na Unidade, identificando os


progressos e as dificuldades do aluno, visando recuperá-lo.

Material

• Papel A4

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 23


Curso técnico de Vigilância em Saúde

ANEXO 1

CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADAS DOS SISTEMAS FRAGMENTADOS E DAS REDES DE ATENÇÃO À


SAÚDE

CARACTERÍSTICA SISTEMA FRAGMENTADO REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE


Forma de organização Hierarquia Poliárquica

Coordenação da Atenção Inexistente Feita pela APS


Comunicação entre os
Inexistente Feita por sistemas logísticos eficazes
componentes
Nas condições agudas por meio de Nas condições agudas e crônicas por meio de
Foco
unidades de pronto-atendimento uma RAS

Objetivos de melhoria da saúde de uma


Objetivos parciais de diferentes serviços
Objetivos população com resultados clínicos e
e resultados não medidos
econômicos medidos

Voltado para uma população adscrita


População Voltado para indivíduos isolados estratificada por subpopulações de risco e sob
responsabilidade da RAS

Paciente que recebe prescrições dos


Sujeito Agente corresponsável pela própria saúde
profissionais de saúde

Proativa e contínua, baseada em plano de


Reativa e episódica, acionada pela cuidados de cada pessoa usuária, realizado
A forma de ação do sistema
demanda das pessoas usuárias conjuntamente pelos profissionais e pela
pessoa usuária com busca ativa

Promocionais, preventivas, curativas,


cuidadoras, reabilitadoras ou paliativas,
Curativas e reabilitadoras sobre doenças
Ênfase das intervenções atuando sobre determinantes sociais da saúde
ou condições estabelecidas
intermediários e proximais e sobre as
condições de saúde estabelecidas

Fragmentado por ponto de atenção Integrado, com estratificação de riscos, e


à saúde, sem estratificação de riscos voltado para os determinantes sociais da saúde
Modelo de atenção à saúde
e voltado para as condições de saúde intermediários e proximais e sobre as
estabelecidas condições de saúde estabelecidas

Gestão por estruturas isoladas (gerência Governança sistêmica que integre a APS, os
Modelo de Gestão hospitalar, gerência de APS, gerência pontos de atenção à saúde, os sistemas de
dos ambulatórios especializados, etc) apoio e os sistemas logísticos da rede

Planejamento da oferta, e baseado Planejamento das necessidades, definido pela


Planejamento em séries históricas e definido pelos situação das condições de saúde da população
interesses dos prestadores adscrita e de seus valores e expectativas

Atenção colaborativa realizada por equipes


Cuidado profissional centrado nos
Ênfase no cuidado multiprofissionais e pessoas usuárias e suas
profissionais, especialmente os médicos
famílias e com ênfase no autocuidado

24 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE


Curso técnico de Vigilância em Saúde

Concentradas nos profissionais, Partilhadas por equipes multiprofissionais e


Conhecimento e ação clínicos
especialmente médicos pessoas usuárias

Integrada a partir de cartão de identidade das


Fragmentada, pouco acessível e com
pessoas usuárias e de prontuários eletrônicos e
Tecnologia de informação baixa capilaridade nos componentes das
articulada em todos os componentes da rede
redes de atenção à saúde
de atenção à saúde

Territórios políticos-administrativos Territórios sanitários definidos pelos fluxos


Organização territorial
definidos por uma lógica política sanitários da população em busca da atenção

Financiamento por procedimentos em Financiamento por valor global ou por capitação


Sistema de financiamento
pontos de atenção à saúde isolados de toda a rede

Participação social passiva e a Participação social ativa por meio de conselhos


Participação social
comunidade vista como cuidadora de saúde com presença na governança da rede

Fonte: Mendes (2001); Fernandez (2004) apud Mendes (2011). 12

12
Fernández, J. M. D Los sistemas integrados de salud: um modelo para avanzar trás completar lãs
tranferencias. In: Mendes, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da
Saúde, 2011. 549p. Mendes, E. V. Os grandes dilemas do SUS. Salvador, Casa da Qualidade, Tomo II,
2001.

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 25


Curso técnico de Vigilância em Saúde

ATIVIDADES DE DISPERSÃO
UNIDADE 2

Carga Horária: 30 HORAS

ATIVIDADE 1 – HUMANIZAÇÃO DO SUS

1) No seu município, quais são as medidas tomadas visando humanizar os serviços de saúde prestados e
como você participa desse processo?

2) Entreviste dois usuários que são atendidos pelo SUS há mais de dez anos .

Entrevista 1

Nome completo do entrevistado:

Profissão:

1) Você percebeu alguma diferença no atendimento do SUS antes de 2003 em comparação ao atual? Caso
positivo, quais seriam essas mudanças?

2) Você já ouviu falar em Política Nacional de Humanização? O que você sabe sobre ela? O que imagina que
seja?

Assinatura do entrevistado

26 O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE


Curso técnico de Vigilância em Saúde

Entrevista 2

Nome completo do entrevistado:

Profissão:

1) Você percebeu alguma diferença no atendimento do SUS antes de 2003 em comparação ao atual? Caso
positivo, quais seriam essas mudanças?

2) Você já ouviu falar em Política Nacional de Humanização? O que você sabe sobre ela? O que imagina que seja?

Assinatura do entrevistado

2) Depois das entrevistas, o que você pôde perceber sobre o conhecimento dos usuários acerca da Política
Nacional de Humanização?

O SUS E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE | 27


Curso técnico de Vigilância em Saúde

ATIVIDADE 2 – -CÓDIGO DE ÉTICA

Leia o conceito abaixo :

.
“Código de Ética é um documento de texto com diversas diretrizes que orientam as pessoas quanto às suas posturas e atitudes ideais,
moralmente aceitas ou toleradas pela sociedade com um todo, enquadrando os participantes a uma conduta politicamente correta e
em linha com a boa imagem que a entidade ou a profissão quer ocupar, inclusive incentivando à voluntariedade e à humanização
destas pessoas e que, em vista da criação de algumas atividades profissionais, é redigido, analisado e aprovado pela sua entidade de
classe, organização ou governo competente, de acordo com as atribuições da atividade desempenhada, de forma que ela venha a se
adequar aos interesses, lutas ou anseios da comunidade beneficiada pelos serviços que serão oferecidos pelo profissional sobre o qual
o código tem efeito.”

Disponível em:<http://www.lopesfilho.com.br/docs/codigoetica.pdf>Acesso em: 28 Jan 2013.

De acordo com os princípios da Bioética, descritos no guia curricular, construa um “código de ética” para
sua futura profissão, Técnico em Vigilância em Saúde, destacando condutas que devem ser seguidas
considerando a humanização do SUS, o respeito ao próximo, a ética e a moral no ambiente profissional e
na relação profis- sional da saúde e população atendida.

ATIVIDADES DE DISPERSÃO
UNIDADE 3

Carga Horária: 30 horas

ATIVIDADE 1 – FORMA DE ORGANIZAÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE MUNICIPAL


Como o objetivo de caracterizar a Vigilância em Saúde de seu município faça um levantamento das seguintes
informações:

1) Quantos profissionais estão lotados nos serviços de vigilância em saúde da Secretaria Municipal de Saúde?

2) De maneira geral, qual o grau de escolaridade e a formação destes profissionais?

3) Quais são as atividades desenvolvidas por cada profissional?

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Curso técnico de Vigilância em Saúde

4) Faça uma distribuição por área e identifique quantos profissionais atuam em cada área de vigilância em
saúde? Verifique se há sobreposição de áreas.

5) Como essas áreas estão inseridas no organograma da Secretaria Municipal de Saúde? Esboce abaixo o
organograma da instituição para permitir uma melhor visualização.

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Curso técnico de Vigilância em Saúde

6) Ao final redija um texto sobre como você avalia a organização da Vigilância em Saúde de seu Município
e apresente as informações para os colegas da turma. Se possível faça críticas e exponha suas sugestões.

ATIVIDADE 2 – AÇÕES DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE

1) Lembrando que na Unidade 1 você já pesquisou sobre as principais doenças são encontradas em seu
município, pesquise agora junto aos colegas de trabalho, quais são as ações de promoção e prevenção que
estão sendo realizadas para permitir o controle e/ou eliminação dessas doenças?

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Curso técnico de Vigilância em Saúde

2) Descreva também, como se dá a participação da população nestas atividades?

3) As ações levam como base o território de atuação das equipes de atenção primária Aproveite para descrever
como essas ações são programadas.

ATIVIDADE 3 – ELABORAÇÃO DE MATERIAL EDUCATIVO

Com base na atividade de dispersão anterior, selecione uma doença ou agravo dentre os de maior
incidência em seu município e proponha uma atividade educativa para a população. Essa atividade pode
contemplar a elaboração de uma cartilha, a divulgação por diferentes mídias, encontros, palestras,
reuniões, atividades lúdicas, teatro, entre outras.

Planeje a atividade e execute. Feito isso, construa e aplique um formulário de avaliação da atividade para ser
preenchido pelo grupo alvo de sua ação.

Apresente em plenária o relato de sua experiência.

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