Trabalho de Epidemiologia

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FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – FAMERP

MESTRADO EM PSICOLOGIA E SAÚDE

Beatriz Pereira Barbosa Machado

Janaina Aparecida Soares Gil Quero

Nader Raduan Jorge Racy

Priscila dos Santos

Priscila Sanches Salviano de Oliveira

Relatório
apresentado à disciplina
Epidemiologia como pré-requisito
para obtenção do título de Mestre
sob a orientação da Profª Dra. Eliana
Cabrera.

São José do Rio Preto – SP

2019

VIGILÂNCIA EM SAÚDE
ASPECTOS HISTÓRICOS

No que diz respeito a saúde, o termo ‘vigilância’ está historicamente


relacionado aos conceitos de saúde e doença presentes em cada época e
lugar, às práticas de assistência aos doentes e aos meios adotados para tentar
impedir a dispersão das doenças (Monken & Batistella, 2009).
No final da Idade Média, o modelo médico e político de intervenção que
se formou para a organização sanitária das cidades transpassaram do
isolamento para a quarentena. O desenvolvimento das investigações no campo
das doenças infecciosas e o surgimento da bacteriologia, por volta do século
XIX, possibilitaram o aparecimento de novas e mais eficazes medidas de
controle, como por exemplo: a vacinação. Tal medida foi caracterizada como
uma nova prática de controle das doenças e repercutiu na forma de
organização de serviços e ações em saúde coletiva (Brasil, 2005 como citado
por Monken & Batistella, 2009).
Desse modo, aparece, em saúde pública, o conceito de ‘vigilância’, cujo
embasamento está relacionado a observar contatos de pacientes atingidos
pelas doenças contagiosas.
A partir da década de 1950, a definição de ‘vigilância’ é alterada, uma
vez que deixou de ser aplicada no sentido da ‘observação sistemática de
contatos de doentes’, para ter significado mais abrangente, o de
‘acompanhamento sistemático de eventos adversos à saúde na comunidade’,
com o objetivo de melhorar as medidas de controle (Waldman, 1998 como
citado por Monken & Batistella, 2009).

O DEBATE ATUAL

As discussões que emergiram a partir da década de 1990 possibilitaram


o surgimento da proposta de ação baseada na ‘vigilância da saúde’. Essa
envolvia pelo menos três elementos que deveriam estar associados: I) a
‘vigilância’ de efeitos sobre a saúde, tais como os agravos e doenças’; II) a
‘vigilância’ de perigos, como agentes químicos, físicos e biológicos que possam
ocasionar doenças e agravos; III) a ‘vigilância’ de exposições, por meio da
observação indivíduos expostos a um agente ambiental ou seus efeitos
clinicamente ainda não aparentes. Vale observar que esse último se coloca
como o principal desafio para a estruturação da denominada ‘vigilância
ambiental’ (Freitas & Freitas, 2005; EPSJV, 2002 como citado por Monken &
Batistella, 2009).
A ‘vigilância em saúde’, entendida como rearticulação de saberes e de
práticas sanitárias, indica um caminho fértil para a consolidação do ideário e
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Entendida como uma ‘proposta
de ação’ e uma ‘área de práticas’, a ‘vigilância em saúde’ apresenta as
seguintes características: intervenção sobre problemas de saúde que requerem
atenção e acompanhamento contínuos; adoção do conceito de risco;
articulação entre ações promocionais, preventivas, curativas e reabilitadoras;
atuação intersetorial; ação sobre o território; e intervenção sob a forma de
operações (Paim & Almeida Filho, 2000).
Os processos de trabalho da ‘vigilância em saúde’ apontam para o
desenvolvimento de ações intersetoriais, visando responder com efetividade e
eficácia aos problemas e necessidades de saúde de populações e de seus
contextos geradores.
Para Lefévre e Lefévre (2004), ao afirmar que a saúde é responsabilidade de
todos setores (habitação, emprego, renda, meio ambiente etc.), a ‘vigilância em
saúde’ esvaziaria a ação específica do setor saúde em detrimento de ações
políticas globais com alto grau de generalidade.

A ÁREA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE:

A formulação de propostas para a educação profissional em saúde,


muito embora possa representar importante colaboração para as mudanças
almejadas, sempre encontrará limitações dadas pela própria cultura
institucional e a organização das práticas de saúde.
A formação para o trabalho na ‘vigilância em saúde’ deve ter a pesquisa
como eixo central para a realização da prática estratégica –
informação/decisão/ação, através do reconhecimento do território/população,
do domínio do planejamento como ferramenta capaz de mobilizar os diversos
atores na resolução dos problemas identificados e da ação comunicativa (Paim
& Almeida Filho, 2000).
Portanto, as ações da vigilância em saúde contribuem para os objetivos
dos profissionais da saúde incluídos no contexto de SUS e políticas públicas.
Tais objetivos correspondem: a promoção de saúde, a prevenção de doenças,
ao tratamento e à reabilitação.
OS DESAFIOS PARA A FORMULAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E
IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

As políticas de implantação de vigilância em saúde no Brasil se fizeram


presentes com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde) que oportunizou
que várias questões que antes estavam encobertas no âmbito da saúde no
país viessem à tona e mostrasse a complexidade do processo de prevenção à
saúde e controle de danos. Estes eram limitados até essa determinada época e
trouxeram consigo a necessidade de compreender a população de acordo com
seu território diante das dimensões continentais que o Brasil possui.
Naquele momento, de reo-rientação das políticas de saúde, buscou-se
uma interlocução maior entre os controle de ‘causas’, ‘riscos’ e ‘danos’, o que
demonstra a valorização da saúde levando-se em consideração a
regionalização e a hierarquização dos serviços.
Momentos históricos importantes permearam a implantação da política
Nacional de Vigilância em Saúde no Brasil que dataram de 1889 a 2013.
Nesse perfil, trabalha-se de forma estruturada, com modelos e
organizações, localidades específicas juntamente com suas demandas e a
abertura para a epidemiologia, que contribuiu bui para a análise dos problemas
de saúde que transcenda a mera sistematização de indicadores gerais.
O processo de tomada de decisões e de elaborações de politicas
publicas pode se dar em um contexto confuso, em situações diversas e em
meios sociais específicos, que se revestem não só de tecnologia ou na falta
dela, mas situações em que o contesto cultural local pode restringir o acesso
ao serviço de saúde.
O que se tem como objetivo principal do texto é poder compreender a
importância da ação conjunta de diversas disciplinas, para que a decisão seja
tomada de forma adequada aquele território onde será implantada. É
necessário que se considere os múltiplos fatores envolvidos para que uma
politica publica seja de sucesso, sendo certo que para isso ocorra é essencial
que a equipe envolvida na tomada de decisões tenham “múltiplos olhares”,
sejam eles na área da saúde, demografia, estatísticas oficiais e políticas
públicas.

VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL


A vigilância Sanitária no Brasil exerce papel fundamental, junto a outras
políticas e na interface com a proteção, promoção e recuperação da saúde. Foi
necessário um longo percurso para que a vigilância sanitária ocupasse um
lugar importante na garantia à cidadania, meio ambiente e direito à saúde.
São expressivas as evidências que com a atuação do Estado e os riscos
sanitários foram se tornando cada vez mais complexos com a modernização
das tecnologias de trabalho, com os novos processos produtivos e mudanças
nas relações de consumo.
A saúde pública considerada como um dos graves problemas nacionais
ocupa lugar privilegiado na agenda governamental, sendo de extrema
importância ter conhecimento e noções sobre este contexto, pois foram muitas
as mudanças e transformações das ações de controle sanitário, principalmente
pelo aumento do consumo da sociedade brasileira e devido a demanda da
tecnologia que se amplia, incluindo o aumento da produção de equipamentos e
medicamentos.
Portanto, no Brasil Contemporâneo, a vigilância sanitária é uma parte
muito importante do sistema de saúde. Entre as diretrizes da reforma sanitária
e a implementação do SUS, a descentralização foi um dos pilares de sua
construção, possível diante do sistema federativo, que prevê a distribuição nos
estados e municípios das responsabilidades com a gestão e direção do sistema
em cada esfera.

OS COMPONENTES DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

As principais unidades componentes do Sistema Nacional de Vigilância


Sanitária que estruturam sua operacionalização:
1- No nível federal: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).
2- Nível estadual: Os 27 órgãos de vigilância sanitária das secretarias
estaduais de Saúde que também contam com suporte laboratorial central em
cada unidade de federação com grandes diferenças de capacidade técnica e
analítica.
3- Nível municipal: Serviços de vigilância sanitária organizados ou ações
desenvolvidas articuladas com outras áreas de vigilância em especial
epidemiológica com denominações organizacionais diversas, como vigilância
da saúde, proteção à saúde, entre outras.
A Anvisa tem como função a regulamentação e coordenação do Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária e também executa ações de controle.
A finalidade institucional da Anvisa é promover a proteção da saúde da
população realizando para isso as atividades de controle sanitário, da produção
e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária e
de controle de portos, aeroportos e fronteiras.
O grande desafio para a construção de um campo de conhecimento em
vigilância sanitária em consonância com sua função de proteção é a
complexidade. Este desafio se torna ainda maior quando falamos sobre saúde
coletiva, que nos últimos apresentaram uma fragmentação das suas
organizações políticas.
As ações da vigilância sanitária são bem abrangentes, em diversas
áreas de atuação, meio ambiente, saúde do trabalhador, serviço e saúde e
produtos.
A vigilância sanitária, como política de saúde, é um mecanismo, a
garantia do direito humano da saúde. É no cotidiano de sua prática, na ação de
seus profissionais e na garantia igualitária de seu acesso que o valor ético é
garantido

REFERÊNCIAS

Monken, M., & Batistella, C. (2009). Vigilância em Saúde. In: Pereira, I.S e
org. Dicionário da Educação Profissional. 2ed. EPJV. Rio de
Janeiro.

Guimarães, R.M., et al (2017). Ciência e Saúde Coletiva, 22(5):1407-


1416,2017. Doi: 10.1590/1413-81232017225.33202016. Disponível
em:http://www.scielo.br/pdf/csc/v22n5/1413-8123-csc-22-05-1407.pdf

Campos, G W S; Minayo, M C S; Akerman M, Drumond Júnior M;


Carvalho Y M. Tratado de Saúde Coletiva ,Editora Hucitec, Editora
Fiocruz, 2012.

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