Sebenta - Teórica - Contabilidade Analítica II

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Contabilidade Analítica II

CONTABILIDADE ANALÍTICA II

FISCALIDADE (PÓS-LABORAL)

Apontamentos

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Contabilidade Analítica II

I - APURAMENTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO E REGIMES DE FABRICO

1.1 As Empresas Industriais e os Regimes de Fabrico

A forma como o processo de fabrico da empresa está organizado irá condicionar o método de
apuramento do custo unitário dos produtos. Assim, é importante identificar e distinguir os
seguintes regimes de fabrico ou fabricação:

Quanto ao número de produtos temos a fabricação:

 Uniforme (um só produto)

 Múltipla:  Conjunta (mesmas MP e transformação)


 Disjunta (transformações distintas)

Quanto à variação qualitativa dos produtos temos a fabricação:

 Contínua ou ininterrupta - “A produção apresenta-se em qualquer


altura nas várias fases de fabrico”.

 Descontínua - “A produção apresenta-se apenas numa fase específica ou


em algumas fases específicas”.

Quanto ao processo de transformação temos a fabricação:


 Simples - “uma só operação de transformação”
 Complexa - “várias operações de transformação”

Tendo em conta as características da fabricação podemos distinguir os seguintes métodos de


apuramento do custo industrial dos produtos:

Métodos:  Indireto ou Custos por Processo de Produção ou Fases


 Direto ou Custos por Ordens de Produção ou Encomendas
 Misto

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1.2 Apuramento dos Custos por Ordens de Produção (Método Direto)

1.2.1 Características do Método

 O produto é identificado ao longo de todo o processo de fabrico.

 São identificados e determinados todos os custos diretos de produção, relativamente a todo


o processo de fabrico.

 Os custos referentes a cada obra, lote ou encomenda são acumulados numa “ficha de
custo” - Obras em Curso - Ordens de Produção ou Ordens de Fabrico, independentemente
do período contabilístico.

Este método permite:


1. Controlar os resultados
2. Ajustar orçamentos futuros
3. Controlar a eficiência da empresa

No entanto, apresenta alguns problemas:


1. O custo total surge apenas com o fecho da encomenda
2. As Ordens de Produção não dependem do período contabilístico
3. Os custos administrativos são significativos
4. Não reflete determinados fatores de caráter conjuntural

A característica essencial do sistema de custos por ordens de fabrico está em conseguir que os
custos sejam imputados aos produtos de forma individualizada, o que acontece quando
cada ordem de fabrico é uma unidade diferenciada ou um lote.

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1.2.2 Aplicação do Método

Contabilísticamente:
Armazém de MP Ordem Produção n.º 1 Armazém de PA
Se
Terminada

MOD
Secções auxiliares
Ordem Produção n.º 2 Armazém de PVF
Se
GGF Não
Terminada
Secções principais

Exemplos de Fichas de Custo:

Ficha de Custo de Produção OP n.º 1


Mobiladora Início 1/9/20xx
Designação: 50 Camas – Tipo X Fim 25/9/20xx
Data Doc.º Materiais MOD GGF Total

Custo Total

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Ficha de Custo de Produção OP n.º 2


Mobiladora Início 5/9/20xx
Designação: 100 mobílias para quarto – Tipo Y Fim 26/9/20xx
Data Doc.º Materiais MOD GGF Total

Custo do mês
a transportar para
o mês seguinte

EXEMPLO
A Tipografia Leão produz cartazes de publicidade por encomenda. Em fevereiro de N tinha as
seguintes ordens de produção para executar:
A- 200 cartazes publicitários de uma marca de carros
B- 500 cartazes referentes a eleições sindicais

As matérias e a MOD são registadas na respetiva ficha de custo. Os GGF do mês são
repartidos pelas ordens de produção de acordo com o número de horas de MOD aplicada ou
através de uma unidade de imputação definida nos centros de custos.
A Contabilidade Analítica forneceu os seguintes dados sobre a produção (em euros):

Ordens de Produção
Rubricas A B
Matérias Consumidas 4 200 10 000
MOD 1 200 1 800
Custo Horário 12 12

Outros Custos:
GGF 2 100 €
Custos de Distribuição 500 €
Custos Administrativos 600 €
Custos Financeiros 1 000 €

Os cartazes A foram concluídos no mês de fevereiro, enquanto que os cartazes eleitorais são
concluídos no mês seguinte. O preço de venda dos cartazes A atinge o montante de 82 € cada.

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Pedidos:
1. Apure o Custo Industrial
2. Elabore a Demonstração dos Resultados por Funções.

RESOLUÇÃO
1. Apuramento do Custo Industrial

Cartaz A
Produção (200 unid.)
Matérias Consumidas 4 200 €
MOD 1 200 €
GGF * 840 €
Total 6 240 €
Custo Unitário 31,2 €

* N.º de Horas: *GGF:


Cartaz A: 1 200/12 = 100 Hh Cartaz A: 2 100*100/250 = 840 €
Cartaz B: 1 800/12 = 150 Hh Cartaz B: 2 100*150/250 = 1 260 €

Como a obra B não foi concluída, os custos até ao momento suportados correspondem ao
montante de 13 060 €.

Cartaz B
Custos Suportados:
Matérias Consumidas 10 000 €
MOD 1 800 €
GGF 1 260 €
Total 13 060 €

2. Demonstração dos Resultados – fevereiro de N (em euros)


Vendas 16 400
CIPV (6 240)
MB 10 160
CNI
Distrib. (500)
Adm. (600)
Financ. (1 000)
Res. 8 060

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1.3 Apuramento dos Custos por Processos ou Fases (Método Indireto)

1.3.1 Características do Método


 Método em que se procede à acumulação mensal dos custos industriais por produtos,
determinando o custo unitário de cada unidade, através do quociente entre o custo global
da produção e a quantidade produzida.
 É mais utilizado quando só há um produto, ou quando há poucos produtos.
 A produção desenvolve-se de forma contínua e ininterrupta ou por séries de produtos
homogéneos.
 Objetivos: calcular os custos em cada fase, ou seja, calcular o custo dos semi-produtos
obtidos e na última fase o custo dos produtos acabados.

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1.3.2 Aplicação do Método

Contabilísticamente (alternativa 1):


Armazém de MP Produto X Armazém de PVF

MOD

Fase n.º 1

Produto Y Armazém de PA

GGF

Fase n.º 2

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Contabilísticamente (alternativa 2):


Armazém de MP Produto X Armazém de PVF

MOD

Fase n.º 1

Produto Y Armazém de PA

GGF

Fase n.º 2

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1.3.3 Método das Unidades Equivalentes

Este método consiste em reduzir as quantidades em curso, com graus de acabamentos


variáveis, a unidades de produto acabado - unidades equivalentes.

Custo por Unidade Equivalente:

Pelo método do FIFO:


 Unid . Equiv . = PA + EFPVF * % Acab . - EIPVF * % Acab .
ou:
 Unid . Equiv.= EIPVF * ( 1 -% Acab. ) + PAdo período + EFPVF*% Acab.

 Avaliação do custo por unidades equivalente:



Custos do me s
Custo por Unidade Equivalente = C1 e   
do me s
Unidades Equivalentes do me s

Pelo método do Custo Médio:


 Unid. Equiv. = PA + EFPVF * % Acab.
 Avaliação do custo por unidades equivalente:
Custos Globais
Custo por Unidade Equivalente = C1 e 
Unidades Equivalentes

1.3.4 Valorização da produção em vias de fabrico

Metodologia:
 Conhecer a quantidade produzida e os respetivos graus de acabamento.
 Valorizar a produção acabada e em vias de fabrico (utilizando, por exemplo, o método das
unidades equivalentes).

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Contabilidade Analítica II

EXEMPLO
A Empresa de Montagem de Compressores, S.A., dispõe de uma linha de montagem em que é
feita a junção dos vários componentes dos compressores.

No final do mês passado, ficaram por terminar na linha de montagem, 5 compressores que lhes
faltavam incorporar os seguintes componentes de custo:

Materiais 20%
MOD 60%
GGF 60%

O custo atribuído aos 5 compressores foi de:

Materiais 720 €
MOD 137 €
GGF 148 €

Durante o mês deram entrada no armazém de produtos acabados, 120 compressores e ficaram
em linha de montagem 10 compressores, os quais tinham aplicados a seguinte % de custos:

Materiais 60%
MOD 50%
GGF 60%

Os custos do mês referentes à fabricação (linha de montagem) foram de 37 815 €, assim


distribuídos:

Materiais 26 230 €
MOD 5 682,6 €
GGF 5 902,4 €

Qual a Produção Equivalente do período? Qual o custo dos compressores? Qual o custo
dos Compressores em curso de fabrico no final do período?

Qual a fórmula de custeio a adotar?


1) FIFO
Pelo FIFO, as primeiras unidades a serem acabadas e a darem entrada no armazém de produtos
acabados são valorizadas ao custo da produção em curso no início do mês e, seguidamente ao
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custo das unidades equivalentes do período. Logo, as existências finais de produtos em curso
de fabrico ficam valorizadas ao custo das unidades equivalentes relativas a este período.

Cálculo da Produção Equivalente


Unidades MATERIAIS MOD GGF
Físicas
% Unidades % Unidades % Unidades
Equiv. Equiv. Equiv.
Produção 120 100 120 100 120 100 120
Acabada
EFPVF 10 60 6 50 5 60 6
126 125 126
EIPVF 5 80 4 40 2 40 2
Produção
Equivalente 122 123 124

OU

Unidades MATERIAIS MOD GGF


Físicas
% Unidades % Unidades % Unidades
Equiv. Equiv. Equiv.
Produção
começada e
Acabada/mês 115 100 115 100 115 100 115
EFPVF 10 60 6 50 5 60 6

EIPVF 5 20 1 60 3 60 3
Produção
Equivalente 122 123 124

Unidades Custos Totais Custo Unitário/Mês


Equivalentes (c1e)
Materiais 122 26 230 € 215 €
MOD 123 5 682,6 € 46,2 €
GGF 124 5 902,4 € 47,6 €

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FABRICAÇÃO (FIFO)
EIPVF (5 COMP) 1 005 € CIPA
5 * (20% * 215 + 60% * 46,2 + 60% * 47,6) + 1 005=
1 501,4 €
+
Custos do Período: 115 * (215 + 46,2 + 47,6) = 35 512 €
MP 26 230 €
MOD 5 682,6 € 37 013,4 €
GGF 5 902,4 €
37 815 € EFPVF
10 * (60% * 215 + 50% * 46,2 + 60% * 47,6) = 1 806,6 €

38 820 € 38 820 €

2) CUSTO MÉDIO PONDERADO


Neste método, os produtos acabados e as existências finais de produtos em curso são
valorizados ao custo médio de cada unidade equivalente. Este custo médio é calculado
dividindo o somatório do custo das existências iniciais em vias de fabrico e do custo de
produção do período, pelo somatório das respetivas unidades equivalentes. Voltando ao nosso
exemplo:
Unidades equivalentes materiais: 120+10*60%=126
Unidades equivalentes MOD: 120+10*50%=125
Unidades equivalentes materiais: 120+10*60%=126

Custo das Custos do Total Unidades Custo Médio


EIPVF período Equivalentes (c1e)
Materiais 720 € 26 230 € 26 950 € 126 213,889 €
MOD 137 € 5 682,6 € 5 819,6 € 125 46,557 €
GGF 148 € 5 902,4 € 6 050,4 € 126 48,019 €
308,465 €

FABRICAÇÃO (CUSTO MÉDIO)


EIPVF (5 COMP) 1 005 € CIPA
120 * 308,465 = 37 015,8 €
Custos do Período:
MP 26 230 €
MOD 5 682,6 €
GGF 5 902,4 €
37 815 € EFPVF
10 *(60% * 213,889 + 50% * 46,557 + 60% * 48,019)
= 1 804,233 €
38 820 € 38 820 €

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Aspetos Distintivos dos Métodos Direto e Indireto

POR ENCOMENDAS POR PROCESSOS


(DIRETO) (INDIRETO)
REGIMES DE Produção descontínua e Produção contínua, de produtos
FABRICO diversificada semelhantes ou iguais
- Indústria de equipamento
- Indústria gráfica - Indústrias de química
EXEMPLOS DE - Indústria mobiliária - Indústrias de cimento
TIPOS DE - Construção civil - Têxteis
EMPRESAS - Oficinas de reparação - Calçado
- Estaleiros navais - Bebidas
- Escolas profissionais
Cálculo do custo de cada Cálculo do custo de cada secção
OBJETIVO encomenda (O.F.) e posteriormente de cada
produto
CÁLCULO DO Será resultado do valor final das Será resultado do somatório do
CUSTO TOTAL várias encomendas custo das várias fases
PERÍODO O custo total surge com o fecho da O custo total surge com o fim do
encomenda período contabilístico (mês, ano)
- Comparação fácil dos custos com
o valor da venda - Fácil localização dos custos
- Identificação dos produtos que
têm uma maior ou menor margem
de lucro
- Simplifica o cálculo dos custos
VANTAGENS previsionais e orçamentais
- Facilita o controlo da eficiência da
empresa, sem necessidade de
inventários físicos
- As encomendas e pagamentos
parcelares antecipados são mais
facilmente controlados
- Os custos da Ordem de Produção - Pela sua coincidência com o
não dependem do período período contabilístico e
contabilístico e, por isso, os custos dependendo do tipo de produto,
são determinados apenas através da exige frequentemente inventário
DESVANTAGENS sua acumulação na Ordem de dos produtos em curso para a
Produção determinação dos custos
- Funcionamento burocrático que - Dificuldade no cálculo do valor
traz enormes despesas e um n.º dos produtos em vias de fabrico
elevado de registos e quantidade de - Recurso às unidades
pessoal equivalentes

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1.4 Produção Conjunta

1.4.1 Definição

Em muitas indústrias obtém-se conjuntamente com o produto principal da empresa também


produtos secundários. Estes produtos são obtidos de forma obrigatória, independentemente da
vontade dos gestores.
A produção é conjunta quando, ao se proceder à transformação de uma ou de diversas
matérias-primas se obtêm, simultaneamente, diversos produtos.

Nota: Tratando-se de produção conjunta, esta simultaneidade terá um caráter obrigatório.

Embora quer a produção conjunta quer a produção disjunta sejam regimes de produção
múltipla, são dois conceitos distintos. Na produção conjunta a obtenção de um produto implica
necessariamente a obtenção de outro. Na produção disjunta uma empresa pode produzir um
produto sem ter de fabricar um outro.

Exemplos:
 Da moenda de trigo obtêm-se a farinha, a sêmea, a farinha forrageira e outros
produtos.
 Produção do azeite e bagaço a partir da moagem da azeitona.
 Produção do leite, manteiga, requeijão e soro a partir do leite.
 No abate de gado obtêm-se diversos produtos conjuntos: carne, osso, sangue, etc.
 Na refinação do petróleo temos como produtos conjuntos a gasolina, o gasóleo,
fuel-óleo e outros derivados da refinação.

1.4.2 Designação dos Produtos Conjuntos: Co-Produtos, Produtos Principais,


Subprodutos e Resíduos
Do processo de produção conjunta surgem produtos diversos, que se distinguem pelo seu grau
de equivalência económica (importância relativa do valor de venda), pela importância física
relativa e/ou pelo caráter de permanência ou eventualidade. A classificação mais frequente na

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Contabilidade Analítica II

literatura contabilística, tendo sempre presente o fim social da empresa, considera que os
produtos têm as seguintes designações consoante a sua importância relativa:

 Co-produtos ou produtos principais - produtos conjuntos que têm idêntica importância


relativa. Fazem parte do objetivo principal da empresa.

 Subproduto - é todo o produto que não é principal, mas sim secundário. Não é objetivo
principal da produção obtê-lo, mas sim o produto principal a que lhe está associado. É
frequente considerar como subproduto aquele que tem um valor de venda, reportado ao
ponto de produção conjunta em que os produtos se separam, inferior a 10% do valor de
venda de todos eles.

 Resíduos - são todos os produtos de baixo valor relativo comparativamente com os


restantes tipos de produtos conjuntos. Podem ter um valor nulo ou negativo. Em
determinadas produções, é necessário submeter os resíduos a um processo de eliminação
para evitar que originem efeitos nocivos. Nestes casos, os custos derivados dos resíduos
serão imputados aos produtos principais (se se adota o método do custo nulo) ou serão
deduzidos ao valor de venda dos subprodutos (se se adota o critério do lucro nulo).

De acordo com o §14 da NCRF 18 do SNC, “a maior parte dos subprodutos, pela sua
natureza, são imateriais. Quando seja este o caso, eles são muitas vezes mensurados pelo valor
realizável líquido e este valor é deduzido do custo do produto principal. Como consequência,
a quantia escriturada do produto principal não é materialmente diferente do seu custo”. A
mesma norma define, no §6, o valor realizável líquido como sendo “o preço de venda
estimado no decurso ordinário da atividade empresarial menos os custos estimados de
acabamento e os custos estimados necessários para efetuar a venda”.

1.4.3 Custos Conjuntos versus Custos Específicos


Apuramento do custo industrial dos produtos conjuntos

Fases principais na fabricação dos produtos:


1. Fase da produção conjunta, verifica-se até ao ponto de separação dos produtos,
ocasionando gastos que designamos por custos conjuntos;

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Contabilidade Analítica II

2. Fases seguintes, em que os semi-produtos obtidos no ponto de separação são acabados,


em regime de produção disjunta, implicando os chamados custos específicos.

Esquema exemplificativo:

Produto Acabado A
Produtos
intermédios

Produção Conjunta
Ponto de separação

Produtos
intermédios

Produto Acabado B

Custos conjuntos Custos específicos

Os custos incorridos antes do ponto de separação designam-se por custos conjuntos, são
custos dum processo produtivo de que resultam simultânea e inevitavelmente dois ou mais
produtos que, até certo momento da produção, não se podem identificar como coisas distintas.
Se após o ponto de separação, os produtos sofrerem transformações adicionais, cujos custos se
identificam perfeitamente com esses produtos, está-se perante custos específicos. Convém
referir que um custo conjunto é necessariamente um custo comum. Todavia, um custo comum
pode não ser um custo conjunto.

Processo de produção conjunta: Exemplo

Dp D Px

Dp A Dp B Dp C Py

Pz

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Contabilidade Analítica II

O esquema acima poderá representar, por exemplo, uma indústria química, na qual no
departamento A se misturam dois tipos de matérias-primas. Finalizando este processo, passam
ao departamento B, sendo aqui destiladas, seguindo para o departamento C. O resultado pode
dar lugar a dois fertilizantes, P y e P z, que se vendem tal como se obtêm no departamento C.
Não obstante, existe um semi-produto que tem que ser acabado no departamento D para que
seja vendido no mercado.
O ponto de separação ocorre no final do departamento C - momento em que se podem
diferenciar os produtos. O custo total dos três departamentos A, B e C (matérias e custos de
transformação) é um Custo Conjunto.
Qualquer custo (industrial e não industrial) em que se incorra após o ponto de separação,
designa-se por Custo Específico ou Custo Separável e é identificado com os produtos que
são obtidos a partir do ponto de separação (neste caso o P x).

1.4.4 Métodos para a Repartição dos Custos Conjuntos pelos Co-Produtos ou


Produtos Principais
Em relação a esta matéria iremos seguir a corrente anglo-saxónica, apresentando unicamente
métodos convencionais de cálculo de custos conjuntos. No entanto, convém referir que dada a
complexidade inerente a esta matéria foram desenvolvidas recentemente alternativas de
cálculo, como por exemplo, os métodos de custos alternativos (modelos de Moriarity, de
Louderback e de Balachadran e Ramakrishnan), de coeficientes de convertibilidade de valores
e métodos baseados na teoria de jogos. Como métodos tradicionais de afetação de custos
conjuntos temos os seguintes:

1. Das quantidades produzidas:


Os custos conjuntos são repartidos proporcionalmente às quantidades obtidas pela
produção de cada produto ou através de uma média ponderada com pesos distintos para
cada produto.

2. Do valor de venda relativo da produção:


Os custos conjuntos são repartidos pelos produtos proporcionalmente ao respetivo valor de
venda da produção efetuada.

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Contabilidade Analítica II

3. Do valor de venda da produção reportado ao ponto de separação dos produtos:


Os custos conjuntos são repartidos pelos produtos proporcionalmente ao valor de venda no
ponto de separação de cada um deles, isto é, ao valor de venda da produção deduzido dos
custos específicos de cada produto.
Os custos específicos podem não ser apenas custos de produção, mas também, da
administração, da distribuição ou de financiamento.

Sobre este aspeto o §14 da NCRF 18 do SNC refere que “(...) quando os custos de conversão
de cada produto não sejam separadamente identificáveis, eles são imputados entre os produtos
por um critério racional e consistente. A imputação pode ser baseada, por exemplo, no valor
relativo das vendas de cada produto, seja na fase do processo de produção quando os
produtos se tornam separadamente identificáveis, seja no acabamento da produção.

1.4.5 Critérios de Valorimetria para a Valorização dos Subprodutos e Resíduos

 Nos subprodutos
Regra geral, a parte dos custos conjuntos que é atribuída aos subprodutos é igual ao seu
valor de venda. É conhecido pelo critério do lucro nulo, dado que, imputando-lhe um
custo igual ao seu valor de venda no ponto de separação, o resultado apresentado pela
contabilidade será nulo. Os restantes custos conjuntos seguirão o processo do critério
escolhido para a repartição.

 Nos resíduos
Quando estes têm valor de mercado e este é conhecido, deverá adotar-se o critério do
lucro nulo. Quando não se conhece o valor de venda ou quando estes não têm qualquer
valor, não lhes é imputado qualquer custo - custo nulo. Se por acaso forem vendidos,
consideraremos o seu proveito como sendo do produto, ou dos produtos que o
ocasionaram. Noutros casos, além de não terem valor, poderá acontecer que a remoção dos
resíduos ocasione encargos que devem ser considerados custos do produto ou produtos que
os ocasionam.

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Contabilidade Analítica II

Métodos para a repartição dos custos conjuntos pelos Co-produtos


Exemplo Prático 1

1) Método baseado nas quantidades físicas

Uma indústria química, ao transformar a matéria-prima A, obtém 400 unidades do produto 1


e 600 unidades do produto 2. O custo conjunto, antes do ponto de separação, é de 75 000 €.
Os produtos 1 e 2 podem vender-se no ponto de separação, sem necessidade de tratamento
adicional.
Venderam-se 200 unidades do produto 1 a 300 € cada e 480 unidades do produto 2 a 50 €
cada.

Custo conjunto = 75 000 €

400 un P1 (Pv1 = 300 €)

Departamento A

600 un P2 (Pv1 = 50 €)

Produtos Unidades Peso Custo conjunto Imputação do Custo


produzidas relativo CC unitário
1 400 40% 75 000 € 30 000 € 75 €
2 600 60% 45 000 € 75 €
Total 1 000 100% 75 000 €

Como se pode verificar, este método determina para cada produto o mesmo custo unitário,
independentemente do preço de venda de cada produto.
Produto 1 Produto 2 Total
Vendas 60 000 24 000 84 000
CIPV (15 000) (36 000) (51 000)
Margem Bruta 45 000 (12 000) 33 000

Este método gera resultados não ajustados à realidade. Não tem em consideração o valor de
mercado dos produtos. Não é pois aconselhável quando os preços de venda dos produtos
diferem bastante.
Como se pode constatar, este método pode imputar custos conjuntos superiores ao valor
realizável líquido.

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Contabilidade Analítica II

2) Método do "valor de vendas potencial"

Este método distribui o custo conjunto pelos produtos proporcionalmente aos valores de venda
potenciais.

Prod Unidades Preço de Valor de Valor CC Imputação Custo


Produzidas Venda (€) vendas relativo do CC unitário
potencial (€) das vendas
1 400 300 120 000 80% 75 000 60 000 150
2 600 50 30 000 20% 15 000 25
Total 1 000 150 000 100% 75 000

Produto 1 Produto 2 Total


Vendas 60 000 24 000 84 000
CIPV (30 000) (12 000) (42 000)
Margem Bruta 30 000 12 000 42 000
MB % 50% 50%

Este método apresenta como vantagem, em relação ao anterior, o facto de ter em consideração
a capacidade dos produtos gerarem proveitos e, consequentemente, a sua "capacidade de
absorção". Por outro lado, garante uniformidade nas margens brutas (ambos os produtos têm
uma margem bruta de vendas de 50%).
No entanto, ignora a existência de custos específicos, pelo que não deverá ser utilizado
quando os custos específicos de cada produto diferirem substancialmente.
Por outro lado, convém não esquecer que uma modificação nos preços de venda dos produtos
conduzirá a uma modificação nos custos conjuntos imputados aos produtos, ainda que não se
produza uma modificação nas condições em que se realiza o processo de produção!

3) Método do "valor de vendas potencial" reportado ao ponto de separação

Este método reparte os custos conjuntos pelos produtos proporcionalmente ao seu valor de
venda reportado ao ponto de separação, isto é, ao valor de venda da produção deduzido dos
custos específicos. Note-se que os custos específicos a considerar não são apenas os de
produção, mas também os não industriais (frequentemente são apenas os custos de
distribuição).

Retomando os dados do exemplo 1, suponha-se agora que o produto 1 (semi-produto, neste


exemplo) sofre um processo de acabamento no departamento B, transformando-se no produto
acabado 3. Os custos de transformação no departamento B ascenderam a 34 000 €. Foram
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Contabilidade Analítica II

produzidas no período 400 unidades do produto 3, cujo preço de venda no mercado é de 340 €.
Foram vendidas 280 unidades do produto 3. Por sua vez, o produto 2 (semi-produto, neste
exemplo) segue, após o ponto de separação para o departamento C, no qual é transformado no
produto acabado 4. Foram produzidas 600 unidades do produto 4. O custo do departamento C
é de 20 000 €. O preço de venda do produto 4 é de 90 €. Venderam-se no período 240
unidades do produto 4.

SP 1 Departamento B P3
Departamento A

SP 2 Departamento C P4

Prod Valor de Custos Valor de vendas Valor Custo Imputação Custo


vendas específicos reportado ao ponto relativo conjunto CC total de
potencial (€) (€) de separação (€) das vendas produção
3 (SP1) 136 000 34 000 102 000 75% 75 000 56 250 90 250
4 (SP2) 54 000 20 000 34 000 25% 18 750 38 750
Total 190 000 136 000 100% 75 000

Custo unitário produto 3 = 90 250/400 un = 225,625 €


Custo unitário produto 4 = 38 750/600 un = 64,583 €

Produto 3 Produto 4 Total


Vendas 95 200 21 600 116 800
CIPV (63 175) (15 500 ) (78 675)
Margem Bruta 32 025 6 100 38 125

Este método parece ser o mais adequado dos três estudados, já que considera não só o valor de
mercado dos diferentes produtos, como também os diferentes processos produtivos a que cada
produto é submetido após o ponto de separação (dando origem a custos específicos variados).
Não obstante, este método, assim como os restantes, não consegue estabelecer uma relação de
causa/efeito entre os produtos e os custos conjuntos. Por outro lado, em situações de produção
em que ocorram diversos pontos de separação, poderá tornar-se num método bastante
complicado.

22
Contabilidade Analítica II

Critérios de valorimetria para a valorização de subprodutos e resíduos


Exemplo prático 2

Considere os seguintes dados de uma determinada empresa, relativos a um determinado


período.

Produto X Subproduto Y
Exist. Inicial 0 0
Quantidade Prod. 25 000 15 000
Custo Conjunto 1 250 000
Quantidade Vendida 20 000 10 000
Preço de Venda Unitário 80 6

Calcule os resultados operacionais brutos e o valor das existências finais, de acordo com
os seguintes critérios:
a) Ao Subproduto é atribuído um custo nulo;
b) Ao Subproduto é atribuído um lucro nulo.

Resolução:

a) Ao Subproduto é atribuído um custo nulo

Neste método, os produtos principais/co-produtos suportam todos os custos conjuntos,


representando o valor da venda dos subprodutos (após dedução de todos os custos com a sua
venda) um lucro para a empresa.
Custo conjunto: 1 250 000 €
Custo Total do Produto X: 1 250 000 €
Custo Unitário do Produto X: 1 250 000 €/25 000 = 50 €
Custo Total do Subproduto Y: 0 €

Demonstração dos Resultados:


Vendas X = 20 000 * 80 € = 1 600 000 €
CIPV X = 20 000 * 50 € = 1 000 000 €
Margem = 600 000 €
Vendas Y: 10 000 * 6 € = 60 000 €
CIPV Y = 10 000 * 0 € = 0 €
Margem = 60 000 €

Margem Total = 600 000 + 60 000 = 660 000 €

23
Contabilidade Analítica II

Ef X = 5 000 * 50 € = 250 000 €


Ef Y = 5 000 * 0 € = 0 €

b) Ao Subproduto é atribuído um lucro nulo:


Neste método, a venda dos subprodutos não gera quaisquer resultados para a empresa, pelo
que o valor de venda (deduzido de todos os custos com a venda) dos subprodutos é
subtraído aos custos conjuntos. Como tal, o valor dos custos conjuntos a atribuir aos co-
produtos é inferior.

Custo conjunto: 1 250 000 €


Custo Total do Subproduto Y: 15 000 * 6 € = 90 000 €
Custo Unitário do Subproduto Y: 90 000 €/15 000 = 6 €
Custo Total do Produto X: 1 250 000 € – 90 000 € = 1 160 000 €
Custo Unitário do Produto X: 1 160 000 €/25 000 = 46,4 €

Demonstração dos Resultados:


Vendas X = 20 000 * 80 € = 1 600 000 €
CIPV X = 20 000 * 46,4 € = 928 000 €
Margem = 672 000 €

Vendas Y: 10 000 * 6 € = 60 000 €


CIPV Y = 10 000 * 6 € = 60 000 €
Margem = 0 €

Margem Total = 672 000 + 0 = 672 000 €

Ef X = 5 000 * 46,4 € = 232 000 €


Ef Y = 5 000 * 6 € = 30 000 €

24
Contabilidade Analítica II

1.4.6. A Não Relevância dos Custos Conjuntos para Efeitos de Tomada de Decisão
Uma vez que os diferentes métodos de imputação de custos conjuntos são subjetivos, não
devem ser tomados em consideração os resultados gerados para tomar decisões do tipo
"vendê-los no ponto de separação" ou continuar o processo de transformação de modo a obter
produtos mais elaborados.
Este tipo de decisões deve ser tomado tendo em conta aquilo que se designa, para estes efeitos,
por "custos relevantes" e "proveitos relevantes".
Os custos relevantes são, neste caso, os custos específicos que se incorrem ao continuar o
processo de transformação após o ponto de separação.
Os proveitos relevantes são, neste caso, os proveitos não auferidos por não escolher a outra
alternativa, isto é, a diferença entre os proveitos potenciais se se optar por continuar a
processar após o ponto de separação e os proveitos potenciais se se decidir vender os produtos
no ponto de separação.
Repare-se que este tipo de decisões não necessita da repartição prévia dos custos conjuntos,
uma vez que estes não são relevantes em termos de custos incrementais.

Voltando ao nosso exemplo:


PRODUTO 3 PRODUTO 4
 Proveitos potenciais se se continuar 400 * 340 € = 136 000 € 600 * 90 € = 54 000 €
após o ponto de separação

 Proveitos potenciais se se vender no


ponto de separação 400 * 300 € = 120 000 € 600 * 50 € = 30 000 €
Proveitos Relevantes 16 000 € 24 000 €
Custos Relevantes (custos específicos) 34 000 € 20 000 €
Resultado (18 000 €) 4 000 €

Neste caso, a decisão seria vender o produto 1 no ponto de separação e continuar a transformar
o produto 2 após o ponto de separação, para obter o produto 4.
A título de conclusão, poderemos resumir que será sempre vantajoso para a empresa continuar
a transformar o produto após o ponto de separação sempre que o incremento esperado nos
proveitos, ao tomar tal decisão, seja superior ao custo específico que acarretará,
adicionado do custo de oportunidade correspondente à alternativa perdida, isto é, do
proveito que deixa de obter por não vender o produto no ponto de separação.

25
Contabilidade Analítica II

1.5 A Produção Defeituosa


1.5.1 Caracterização
Os produtos que não reúnem as condições de qualidade inicialmente exigidas podem
classificar-se em:
 Defeituosos: produtos cujos padrões de qualidade, dimensões ou, relativamente às
matérias-primas e aos custos de transformação dispendidos, não são considerados como
sendo normais;
 Refugos;
 Inservíveis.

A análise destes produtos deve ser realizada numa dupla perspetiva:


 Controlo de custos;
 Determinação do custo industrial dos produtos.

1.5.2 Custeio dos Produtos


Deve-se considerar o seguinte princípio: a produção acabada não deverá ser sobrecarregada
com os custos verificados com a produção defeituosa que seja considerada anormal.

1.5.2.1 Produção defeituosa por causas “normais”


 Se a produção defeituosa for considerada como normal:
O custo dos produtos acabados (sem defeito) vem acrescido do custo referente aos
defeituosos (alguns autores tratam estes custos como “encargos gerais de exploração”). Na
verdade, o critério que está aqui subjacente é o do Custo Nulo. No entanto, se a probabilidade
da empresa vender os produtos defeituosos for elevada, devemos aplicar o critério do Lucro
Nulo.

1.5.2.2 Produção defeituosa por causas “anormais”


 Se a produção defeituosa for considerada como anormal:
Os produtos defeituosos têm um custo igual ao dos restantes produtos fabricados. Desta
forma, a conta de Fabricação será creditada por contrapartida da conta de Resultados
Analíticos - Resultados Acidentais, no período em que ocorre.

26
Contabilidade Analítica II

Produção Defeituosa – Exemplo

Na Fundição A, no fabrico das peças A, é normal obter-se 50 peças com defeito.


Durante o mês de outubro passado, fabricaram-se 1 050 peças, o que originou os seguintes
custos:
Matérias-primas 2 355 132 €
Custos de Transformação (conversão) 1 478 600 €
TOTAL 3 833 732 €

À saída da Fundição foram contadas 1 026 peças boas e 24 com defeito. Estas 24 peças são
vendidas por um valor global de 4 700 €.
Tendo em conta que, neste caso, o número de peças defeituosas é considerado "normal", o
tratamento contabilístico é o seguinte:

Custo de Produção 3 833 732 €


Valor de venda dos defeituosos 4 700 €
Custo de Produção das peças boas 3 829 032 €
Custo unitário (1 026 peças) 3 732 €

Repare-se que neste caso está subjacente o critério do lucro nulo na valorização da produção
defeituosa.
Se a empresa não conseguisse vender a produção defeituosa, o custo unitário seria:
3 833 732 € / 1 026 unidades = 3 736,60 €

Suponhamos agora que em vez das 1 026 peças boas apenas se contaram 995 peças boas,
detectando-se 55 peças com defeito. O valor da venda total dessas 55 peças é de 10 780 €.
Imagine que, das 55 peças com defeito, apenas 50 são consideradas como sendo normais, pelo
que as restantes 5 são consideradas defeitos acidentais.

O tratamento contabilístico será, neste caso:

Custo de Produção 3 833 732 €


Valor de venda dos defeitos normais 50 * 196 € = 9 800 €
Custo de Produção das peças boas +
defeitos acidentais 3 823 932 €
Custo unitário (1 000 peças) 3 823,932 €

27
Contabilidade Analítica II

Valor de venda unitário da produção defeituosa = 10 780 € / 55 = 196 €


O custo unitário das 5 peças defeituosas "acidentais" é de 3 823,932 €. Os defeituosos
acidentais são tratados como se fossem produtos sem defeito, simplesmente, são considerados
Resultados acidentais no período em que ocorrem.

FABRICAÇÃO
EIPVF 0€ CIPA: 995 * 3 823,932 = 3 804 812 €
Custos do período: Resultados Acidentais. =
5 * 3 823,932 = 19 120 €
3 833 732 € Def. Normais = 50 * 196 € = 9 800 €
EFPVF 0 €
3 833 732 € 3 833 732 €

Nota: Como as 5 peças defeituosos acidentais foram vendidas, teremos que considerar a sua
venda na mesma conta de resultados acidentais.

28
Contabilidade Analítica II

II – Custos Padrão

2.1 Sistema de Custeio Real versus Sistema de Custeio Teórico


Sistema de Custeio Real
 A produção é avaliada à medida que vai ocorrendo, ou seja, à posteriori, uma vez
conhecidos os custos reais.
 São consideradas as quantidades de bens e serviços efetivamente consumidas, valorizadas
aos preços de aquisição efetivos.
Contudo, verificam-se algumas exceções, nomeadamente, as referentes ao apuramento do
custo da mão-de-obra, uma vez que os encargos sociais são calculados através de uma taxa
teórica. O mesmo sucede com os gastos gerais de fabrico quando estes são imputados
através de taxas teóricas (exemplo: depreciações).

Sistema de Custeio Teórico


 Os custos teóricos são fixados à priori para a valorização das prestações de bens e serviços
(matérias, atividade das secções) e, consequentemente, para a valorização da produção e
existências de produtos acabados e em vias de fabrico.

2.1.1 Caracterização, Utilização, Âmbito e Objetivos


Caracterização:
São usualmente utilizados por empresas que têm uma produção muito diversificada, onde é
pouco provável a determinação do valor da produção a custos reais, até porque esta seria
extremamente onerosa para a empresa.
Os custos teóricos podem constituir, na prática, a única possibilidade de conhecimento do
custo industrial por produtos, como por exemplo, nas empresas de metalomecânica (fabrico
em simultâneo de limas, grosas, torneiras, ferragens para a construção civil, artigos de
escritório, etc.), nas empresas de cerâmica decorativa e nas empresas de artigos de plástico,
onde a produção é muito diversificada.

A sua utilização deve-se:


 À necessidade de dispor de informação em tempo útil e oportuno;
 À necessidade de complementar os custos históricos que só tardiamente são revelados;

29
Contabilidade Analítica II

 À necessidade de avaliação da produção;


 À necessidade de comparação entre o que estava previsto e o que efetivamente ocorreu.

Âmbito e Objetivos:
 Servir como ferramenta do controlo de gestão;
 Identificar e isolar responsabilidades (a melhor ou pior performance dos custos teóricos,
consiste na possibilidade de isolar responsabilidades);
 Simplificar, antecipar e, consequentemente, aumentar a rapidez do trabalho contabilístico.
Assim sendo, não será necessário aguardar pelo apuramento dos custos unitários reais para
se poder valorizar os consumos de matérias ocorridas no período e as unidades de obra ou
de imputação das secções auxiliares, dado que os reembolsos são determinados a custos
teóricos;
 Permitir o cálculo e posterior análise dos desvios verificados entre os custos reais e
teóricos.

Desvios:
Resultam da diferença entre os custos reais e os respetivos custos teóricos.

2.1.2 Tipos de Custos Teóricos

 Custos Padrão: são custos definidos a partir de normas técnicas de matérias, de mão-de-
obra e gastos gerais de fabrico e não necessariamente através da gestão orçamental ou de
previsões.
Por outras palavras, são os custos que a empresa obteria se trabalhasse em condições
normais ou ideais de exploração.

(Os desvios serão devidos a variações de produtividade e/ou a alterações nos preços)

 Custos Orçamentados: são custos obtidos pelos serviços técnicos da empresa (no âmbito
da gestão orçamental) com base em quantidades e preços de bens e serviços exigidos para
a produção de cada produto ou serviço e para uma dada atividade.
(Os desvios serão devidos a variações de produtividade e a erros de previsão)

30
Contabilidade Analítica II

 Preços de Mercado: são custos equivalentes aos preços que os bens e serviços têm no
mercado.

 Custos Históricos verificados em anos anteriores

 Custos verificados em empresas similares

 etc.

2.2 Os Custos Padrão

2.2.1 Condições para o seu Cálculo

Condições Ideais ou Óptimas

Considera-se que os recursos humanos funcionam a pleno rendimento. O processo produtivo


realiza as suas operações sem nenhuma margem para tempos mortos ou interrupções, entre os
quais: avarias de máquinas, operações de manutenção, absentismo laboral, perdas por demora
de materiais, operando, portanto, em condições ideais.
O Custo Padrão calculado com base nestas condições é um custo mínimo que só será possível
atingir nas condições produtivas mais eficientes e ideais. Ao serem praticamente inatingíveis
deixam de ser um objetivo realista.

Condições Normais ou Alcançáveis

Condições relativas ao máximo nível em relação ao qual se pode operar eficientemente:


incorporam no seu cálculo as demoras que costumam produzir-se de forma inevitável. Ou seja,
representam o nível de atividade segundo o qual uma empresa pode operar eficientemente de
forma realista.
Os Custos Padrão calculados com base nestas condições são alcançáveis, pelo que devem ser
estes os utilizados num Sistema de Custos Padrão.
O objetivo máximo da empresa será aproximar ao máximo o custo real ao custo padrão já que
este representa o custo que se obtém quando a empresa opera eficientemente.

31
Contabilidade Analítica II

2.2.2 Caracterização e utilização dos custos padrão como ferramenta de gestão


para efeitos de planificação e controlo

Caracterização:

O Custo Padrão para cada produto especificará a quantidade de materiais, mão-de-obra direta
e outros custos industriais que a empresa tem de incorrer para levar a cabo a fabricação do
produto.
São custos pré-determinados a partir de condições ideais/normais da atividade organizacional,
portanto, eficientes.
São uma das técnicas para a mensuração do custo de inventários prevista no SNC (NCRF 18 –
Inventários).

Utilidade do Sistema de Custos Padrão:

 Valorização dos stocks de produtos acabados e em curso de fabrico;


 Determinação dos preços de venda e controlo da rendibilidade dos produtos;
 Controlo dos custos industriais e não industriais promovendo a eficiência de todas as
operações levadas a cabo na empresa para melhorar os resultados;
 Determinação do cálculo e análise dos desvios (apurando as responsabilidades dos
mesmos);
 Possibilidade de obtenção de produtos de melhor qualidade ao custo mais baixo;
 Determinação dos resultados;
 Podem ser atualizados;
 Empresas de produção muito diversificada.

Atualização dos Custos Padrão:

Poderão ser atualizados sempre que se justifique a sua alteração. Normalmente, são revistos
trimestralmente se houver alterações significativas nos seus componentes. Deste modo, o
Sistema de Custos Padrão está sujeito a contínuas revisões para que sirva como instrumento
válido de comparação com os dados históricos ou reais.
É necessário uma grande quantidade de ferramentas de gestão e um esforço conjunto da
Contabilidade, Engenharia, Gestão de Pessoal e de outras áreas para o estabelecimento dos
Custos Padrão.
32
Contabilidade Analítica II

Contabilização:

Fabricação - Produto X
Matérias Primas Produto X
Qr * Cr Qr * CIPA padrão
Mão-de-Obra Direta
Hr * Tr
Gastos Gerais de Fabrico ....
Atividade real * Custo real U.O.
Desvios

Ou:
Fabricação - Família X
Matérias Primas Produto 1
Qr * Cr Qr * CIPA p
Mão-de-Obra Direta Produto 2
Hr * Tr Qr * CIPA p
Gastos Gerais de Fabrico ....
Atividade r * Custo U. de Obra r
Desvios

Ficha de Custo Padrão:

CUSTO PADRÃO INDUSTRIAL


Produto
Designação........................................................................................................
Código................................................... Unidade.........................................
Discriminação Unidade Custo Consumo Custo
Física Unitário Unitário Total
1. Matérias Primas
2. Mão-de-Obra Direta
3. Gastos Gerais de Fabrico
4. Custo Padrão Industrial

Em síntese, os Custos Padrão são custos teóricos especiais, sucessivamente aperfeiçoados à


luz da experiência, elaborados em condições de perfeita normalidade, baseados em cálculos
rigorosos, depois de um estudo completo do processo produtivo. Assim, um Sistema de Custos
Padrão pressupõe que seja acompanhado.

33
Contabilidade Analítica II

2.2.3 Vantagens e Limitações dos Custos Padrão


Vantagens dos Custos Padrão:

1. Os Custos Padrão permitem à gestão conhecer, mesmo antes de iniciar o processo


produtivo, os custos em que deve incorrer, de modo a que as ineficiências sejam
descobertas na sua fonte de origem;

2. A adoção dos Custos Padrão permite apurar se o montante de custos incorridos no período
é ou não o que devia ter ocorrido;

3. Facilita o controlo pela comparação entre os custos reais e os custos padrão:


Desvio = Custo Real - Custo padrão
4. O Sistema de Custos Padrão permite a avaliação rápida e fácil dos stocks de produtos
acabados e em curso, pois estes são avaliados a Custos Padrão;

5. Facilitam a tomada de decisões;

6. Motivação;

7. Maior estabilidade que os custos efetivos;

8. Permitem o controlo por exceção, ou seja, a análise de desvios significativos;

9. Facilitam o planeamento no processo orçamental;

10. Simplificam os custos administrativos;

11. Consciencialização da importância dos custos.

Limitações dos Custos Padrão:

1. Baseiam-se em estimativas;

2. Exigem revisões periódicas;

3. Os padrões podem ser demasiado exigentes ou demasiado fáceis;

4. Só é útil em ambientes onde a tecnologia é estável.

34
Contabilidade Analítica II

2.3 Análise e Cálculo dos Desvios nos Custos de Fabricação

2.3.1 Análise e Cálculo dos Desvios de Materiais Diretos

 Desvios nos Materiais Diretos

Desvio total de MD = Qr Pr - Qp Pp

 Desvio de preço = Qr Pr - Qr Pp
 Desvio de quantidade = Qr Pp - Qp Pp

2.3.2 Análise e Cálculo dos Desvios de Mão de Obra Direta


 Desvios na Mão de Obra Direta

Desvio total de MOD = Hr Tr - Hp Tp

 Desvio de taxa = Hr Tr - Hr Tp
 Desvio de tempo = Hr Tp - Hp Tp

2.3.3 Análise e Cálculo dos Desvios de Gastos Gerais de Fabrico


Desvios nos Gastos Gerais de Fabrico

Desvio total de GGF = Hr TGGFr - Hp TGGFp

 Desvio de custo/gasto = Gr - OHr


Onde: OHr = CFp + CV1p * Hr
 Desvio de capacidade = OHr - Hr TGGFp
 Desvio de eficiência = Hr TGGFp - Gp

Legenda:
Pr - Preço unitário real de aquisição de materiais
Pp - Preço unitário padrão de aquisição de materiais
Qr - Quantidade de materiais real consumida para a produção
Qp - Quantidade de materiais prevista para a produção
Tr - Taxa horária real de mão de obra direta
Tp - Taxa horária padrão de mão de obra direta
Hr - Quantidade de Horas reais gastas para a produção
Hp - Quantidade de Horas padrão previstas para a produção
Gr - Total dos Gastos Gerais de Fabrico reais
Gp - Total dos Gastos Gerais de Fabrico padrão
Br - Total de unidades reais da base de repartição dos Gastos Gerais de Fabrico
Bp - Total de unidades padrão da base de repartição dos Gastos Gerais de Fabrico
TGGFr - Taxa/coeficiente real de repartição dos Gastos Gerais de Fabrico
TGGFp - Taxa/coeficiente padrão de repartição dos Gastos Gerais de Fabrico

35
Contabilidade Analítica II

Exemplo 1

A empresa ABC fabrica o produto x. Por cada unidade de produto, a quantidade padrão de
materiais é de 20 kgs da matéria y, sendo o preço padrão de cada kg, 30 €.
No período passado, a empresa fabricou 1 000 unidades do produto, consumindo para isso
22000 kgs da matéria y ao preço de 31 € cada kg.

DTotal MP = (22 000 kg * 31 €) - (20 kg * 1000 * 30 €) = 82 000 € (D)

D Preço = 31 € * 22 000 kg – 30 € * 22 000 kg = 22 000 € (D)


Ou: (31 € - 30 €) * 22 000 kg

D Quantidade = 30 € * 22 000 kg – 30 € * (20 kg * 1000) = 60 000 € (D)


Ou: (22 000 kg – 20 kg * 1000) * 30 €

Verificação:

DTotal MP = 22 000 € + 60 000 € = 82 000 € (D)

Exemplo 2
A empresa ABC fabrica o produto x. Por cada unidade de produto, a quantidade de horas
padrão é de 30 minutos, sendo o preço padrão de cada hora, 50 €.

No período passado, a empresa fabricou 1 000 unidades do produto, trabalhando para isso 550
horas. O custo real de cada hora foi de 55 €.
DTotal MOD = (550 Hh * 55 €) - (0,5 Hh * 1 000 * 50 €) = 5 250 € (D)

D Taxa = 55 € * 550 Hh – 50 € * 550 Hh = 2 750 € (D)


Ou: (55 € - 50 €) * 550 Hh

D Tempo = 50 € * 550 Hh – 50 € * (0,5 Hh * 1 000) = 2 500 € (D)


Ou: (550 Hh – 0,5 Hh * 1 000) * 50 €

Verificação:

DTotal MOD = 2 750 € + 2 500 € = 5 250 € (D)

36
Contabilidade Analítica II

Exemplo 3
A empresa "Pumps, SA" produz bombas para o corpo de bombeiros e possui um departamento
de contabilidade de custos para controlar e analisar os custos de produção. No fim de um
determinado período, o departamento de contabilidade de custos apresentou os seguintes
dados:

1 - Dados Reais:

 Produção 18 800 unidades

 Mão-de-Obra
Horas reais trabalhadas 38 400 h
Custo médio real 22,5 €/h

 Gastos Gerais de Fabrico


Variáveis 164 500 €
Fixos 59 500 €

2 - A ficha de Custo Padrão para cada unidade demonstrava o seguinte:


Materiais Diretos 6 Kg a 2 €/kg
Mão-de-Obra Direta 2 Hh a 22 €/Hh
GGF’s 2 Hh a 6 €/Hh

3 - A taxa de Gastos Gerais de Fabrico (GGF’s) é baseada numa atividade normal de 36 000
horas. Os GGF’s orçamentados são:
GGF’s variáveis 153 000 €
GGF’s fixos 63 000 €

Cálculo e análise dos desvios para GIF:

DTotal GGF = GGFr – GGFp = (164 500 € + 59 500 €) – (2 h * 18 800 * 6 €) =


= 224 000 € – 225 600 € = - 1 600 € (F)

1- Desvio no Custo/Gasto = GGFr – OHR = 224 000 € - (63 000 € + 4,25 € * 38 400 h)
= 224 000 € - 226 200 € = - 2 200 € (F)

Cv1p= 153 000€ / 36 000 h = 4,25 €/h


TGGFp = 6 €
Cf1p = 63 000€ / 36 000 h = 1,75 €/h

37
Contabilidade Analítica II

2- Desvio de Capacidade/Atividade = (Hn – Hr) * CF1p = (36 000 h - 38 400 h) * 1,75 €


=- 4 200 € (F)
ou:

OHR – Hr * TGGFp = 226 200 € – 38 400 * 6 € = - 4 200 € (F)

ou:

(100% - Hr/Hn) * CFp = (100% - 38 400 / 36 000) * 63 000 € = - 4 200 € (F)

3- Desvio de Eficiência = (Hr – Hp) * TGGFp = (38 400 h - 2 h * 18 800) * 6 € =


= 4 800 € (D)

Verificação:

DTotal GIF = D Custo/Gasto + D Capacidade/Atividade + D Eficiência =


= - 2 200 € - 4 200 € + 4 800 € = - 1 600 € (F)

2.4 O tratamento contabilístico dos Desvios

A utilização dos gastos padrões na contabilidade analítica implica a obtenção de desvios


resultantes da imputação ao custo dos produtos fabricados das respetivas componentes do
custo: matérias, mão de obra e gastos gerais de fabrico.
Para efeitos de valorimetria das existências de produtos acabados e em curso de fabrico,
impõe-se o ajustamento dos respetivos gastos no final do período, em função dos desvios
apurados na contabilidade analítica.
De modo semelhante, a rubrica do CIPV também deve ser corrigida na parte correspondente.
O melhor critério para proceder a tal repartição dos desvios assenta na proporcionalidade dos
respetivos gastos incorporados em cada um dos tipos de existências (PA, PVF e CIPV),
pressupondo que é viável a individualização das correspondentes naturezas do custo industrial.

38
Contabilidade Analítica II

EXEMPLO:
Determinada empresa apresenta os seguintes valores em 31 de dezembro de determinado ano
(valores em euros):
Existências Finais
Produtos Acabados e Intermédios
Matérias primas 40.820
MOD 34.730
GGF 37.960 113.510
Produtos em Curso de Fabrico
Matérias primas 19.460
MOD 16.150
GGF 17.980 53.590
Custo dos Produtos Vendidos
Matérias primas 269.600
MOD 184.260
GGF 203.740 657.600
Não havia existências iniciais
Desvios:
Matérias primas
Desvio de quantidades (6.470)
Desvio de preço 10.220 3.750
MOD
Desvio de Taxa (8.420)
Desvio de Eficiência/Tempo 2.700 (5.720)
GGF
Desvio de orçamento/custo 12.400
Desvio de atividade (3.620) 8.780

A fim de procedermos à repartição dos desvios, deve-se determinar a percentagem do custo de


produção em curso de fabrico, acabada e o custo dos produtos vendidos:
MP MOD GGF
Valor % Valor % Valor %
PVF 19.460 5,9 16.150 6,9 17.980 6,9
PA 40.820 12,4 34.730 14,8 37.960 14,6
CIPV 269.600 81,7 184.260 78,3 203.740 78,5
TOTAL 329.880 100 235.140 100 259.680 100

39
Contabilidade Analítica II

Consequentemente, a repartição dos desvios é a seguinte:

TOTAL PVF PA CIPV


MP 3.750 221 465 3.064
MOD (5.720) (395) (846) (4.479)
GGF 8.780 606 1.282 6.892
Total 6.810 432 901 5.477

As contas de existências e a rubrica CIPV ficam, desta forma, valorizadas:


Custo total Imputação de Desvios Valor Global
PVF 53.590 432 54.022
PA 113.510 901 114.411
CIPV 657.600 5.477 663.077

Em termos contabilísticos:
i. Pelo apuramento dos desvios:
ii. Pela regularização dos desvios

Fabricação Desvios em MP
CIPA Real CIPA Padrão

2) DT MP 3.750 2) DT MP 3.750 5) Imputação DT


MP: 3.750
3) DT MOD 5.720 4) DT GGF 8.780
5) Imputação DT 6) Imputação DT
MP (EFPVF): 221 MOD (EFPVF)
395
7) Imputação DT EFPVF padrão:
GGF (EFPVF): 606
53.590

Armazém PA Desvios em MOD

CIPA padrão 1) CIPV padrão 6) Imputação 3) DT MOD 5.720


DT MOD 5.720
657.600
5) Imputação DT 6) Imputação DT
MP (EFPA): 465 MOD (EFPA) 846
7) Imputação DT
GGF (EFPA):
1.282
EFPA padrão:
113.510

40
Contabilidade Analítica II

DR Desvios em GGF
1) CIPV padrão
657.600
5) Imputação DT 6) Imputação DT 4) DT GGF 8.780 7) Imputação DT
MP (CIPV): 3.064 MOD (CIPV) GGF: 8.780
4.479
7) Imputação DT
GGF (CIPV):
6.892

41
Contabilidade Analítica II

III – A GESTÃO ORÇAMENTAL

3.1 Conceitos

Planos
Estabelecem o quadro em que se devem desenvolver as atividades futuras da empresa. Os
principais tipos de planos são: planos a longo prazo (planos estratégicos); planos a médio
prazo, planos anuais e mensais.

Plano Plano Plano


Plano a médio
prazo anual mensal
Estratégico

Programa
Orientação geral Formas de alcançar Programa das
pormenorizado e com
Definição da os objetivos atividades a
detalhe das atividades
estratégia preestabelecidos ( 4 desenvolver durante
a desenvolver durante
anos) um ano
um mês
Definição dos
recursos a serem
utilizados

Orçamento
É um plano integrado e coordenado expresso em termos financeiros, que diz respeito às
operações e recursos que formam parte de uma empresa, para um período determinado, com o
fim de atingir os objetivos fixados pela alta direção.
Na aceção que nos interessa consistem na previsão anual, em geral separada por meses, dos
rendimentos/proveitos e dos custos/gastos ou dos recebimentos e pagamentos.

Programa
É a expressão quantitativa dos orçamentos, ou seja, os próprios orçamentos quando elaborados
em termos de quantidades.
Podemos dizer que orçamentos são a tradução em valores (quantidades e preços) de todos os
outros tipos de planos e dos programas.

42
Contabilidade Analítica II

3.2 Objetivos do Orçamento


 Apoiar as tarefas de planificação das operações anuais;
 Quantificar os objetivos da gerência nas divisões operativas;
 Motivar os responsáveis em relação a planos definidos no orçamento;
 Controlar a consecução dos objetivos e planos.

3.3 Características do Orçamento


 Capacidade de proporcionar estimativas razoáveis do futuro;
 Economicidade;
 Suscetibilidade de revisão;
 Flexibilidade;
 Participação;
 Oportunidade.

3.4 Vantagens e Limitações na Utilização de Orçamentos

Vantagens
 Motivam a alta direção da empresa para que defina adequadamente os objetivos básicos da
atividade empresarial;
 As técnicas utilizadas na elaboração dos orçamentos obrigam a aplicar o mais
eficientemente possível os recursos disponíveis;
 Proporcionam uma base contínua de avaliação dos resultados reais;
 Servem para coordenar a planificação a todos os níveis.

Limitações
 Utilização de estimativas;
 Devem ser adaptados constantemente;
 Um orçamento não deve substituir a gerência;
 Se se colocar um ênfase excessivo no controlo orçamental, os diferentes níveis de
responsabilidade poderão provocar resistência ao sistema, podendo até oferecer
estimativas falsas de custos e proveitos.

43
Contabilidade Analítica II

3.5 Tipos de Orçamentos


Vendas
Programa Orçamento

Produção
Programa

Stocks de Materiais
Programa

Consumos Materiais
Programa

Consumo Materiais Compras


Programa Orçamento Programa Orçamento

Custos Transformação
Programa Orçamento

Produção
Programa Orçamento

Custo das Vendas Stocks de Produtos


Programa Orçamento Programa Orçamento

Custos Não Industriais


Programa Orçamento
Orçamento
Outros Proveitos de
Tesouraria
Programa Orçamento

Investimentos Orçamento
Financeiro
Demonstração Programa Orçamento
de Resultados
Previsional
(Funções) Balanço Final Previsional Balanço Inicial
44
Contabilidade Analítica II

Orçamentos (Óptica industrial)

Quantidade prevista Necessidades de produção


Vendas Preço de venda unitário
Valor Total Orçamento de Tesouraria (Recebimentos)
Demonstração de Resultados (Vendas)
Balanço (Clientes)
Vendas previstas
Produção EI
EF Balanço (Existências)
Produção Total Necessidade de Compras
Demonstração de Resultados (Custos)
Custos de Produção
Produção Total
Compras EI
EF Balanço (Existências)
Compras necessárias Orçamento de Tesouraria (Pagamentos)
Balanço (Fornecedores)

Matérias
Custos de Mão de Obra Directa Demonstração de Resultados
Produção Gastos Gerais de Fabrico
Custo Total de produção Armazém de Produtos

Comerciais
Cutos não Administrativos Demonstração de Resultados
Industriais Financeiros
Total

Orçamento Saldo Inicial


de Tesouraria Recebimentos
e Financeiro Pagamentos
Saldo Final Balanço

Proveitos
Demonstração Custos
de Resultados Res. Antes de Impostos
Resultados Líquidos Balanço

Activo
Balanço Passivo
Capital Próprio

45
Contabilidade Analítica II

1- Orçamento de Vendas

Para além das quantidades previstas para venda e respetivo(s) preços de venda, é conveniente
a indicação das condições de recebimento (pronto pagamento, a 30 dias, a 60 dias, etc.), com
vista à elaboração do orçamento de tesouraria.

O orçamento de Vendas poderá ser elaborado da seguinte forma:

Preço de Prazo de JAN. FEV. MAR. … Total


Venda Recebimento
Produto A
Produto B
Produto C

TOTAL

2- Orçamento de Stocks (existências) de Produtos Acabados

O Programa, e posterior orçamento, de Existências de Produtos Acabados poderá ser


elaborado da seguinte forma:

QUANTIDADES CUSTO UNITÁRIO VALOR GLOBAL


Produto A
Produto B
Produto C

TOTAL

3- Orçamento de Custos de Produção


Após a elaboração do programa de fabricação previsto ou volume de produção previsto,
realiza-se o orçamento de produção (unidades a produzir * custo unitário de produção).

QUANTIDADES CUSTO VALOR


A PRODUZIR UNITÁRIO GLOBAL
Produto A
Produto B
Produto C

TOTAL
46
Contabilidade Analítica II

Para a sua realização teremos que atender ao custo dos fatores de produção, logo aos seguintes
orçamentos:

 Orçamento de Stocks (existências) de Materiais/Matérias

 Orçamento de Compras

 Orçamento de Consumo de Materiais

 Orçamento dos Custos de Transformação

Orçamento de Stocks (existências) de Materiais/Matérias

O Programa, e posterior orçamento de Existências de Matérias poderá ser elaborado da


seguinte forma:

QUANTIDADES CUSTO UNITÁRIO VALOR GLOBAL

Matéria A
Matéria B
Matéria C

TOTAL

Orçamento de Compras
O orçamento de Compras de Materiais poderá ser elaborado da seguinte forma:

Preço de Prazo de JAN. FEV. MAR. … Total


Compra Pagamento
MP X
MP Y
MP Z

TOTAL

Orçamento de Consumo de Materiais


As previsões de compras a efetuar no período devem incluir, além das necessidades do
exercício, a variação prevista no volume de existências de materiais.

47
Contabilidade Analítica II

O orçamento de Consumo de Materiais poderá ser elaborado da seguinte forma:

Matérias-primas QUANTIDADES CUSTO UNITÁRIO VALOR GLOBAL

EXISTÊNCIAS INICIAIS:
MP X
MP Y
EXISTÊNCIAS FINAIS:
MP X
MP Y
CONSUMOS:
Para a Produção P A
MP X
MP Y
Para a Produção P B
MP X
MP Y

Orçamento dos Gastos de Transformação

Orçamento de Mão-de-obra Direta


As horas de trabalho e o número de pessoas que a empresa irá necessitar deverão ser
convertidos em valores monetários para se poder apresentar o orçamento de Mão-de-obra.

Orçamento de Gastos Indiretos de Fabrico


Para a elaboração do orçamento de gastos indiretos de fabrico, é fundamental que se distinga,
dentro dos gastos de cada secção, aqueles que são variáveis com a atividade (gastos variáveis),
daqueles que são independentes do volume de atividade (gastos fixos).

48
Contabilidade Analítica II

4- Orçamento dos Gastos Não Industriais

Os gastos não industriais variáveis podem ser apresentados da seguinte forma:

Prazo de JAN. FEV. MAR. … Total


Pagamento
PRODUTO A:
Comissões
Transportes
Outros
PRODUTO B
Comissões
Transportes
Outros
PRODUTO C
Comissões
Transportes
Outros

TOTAL

Relativamente ao orçamento de gastos comerciais fixos e aos outros gastos fixos não
industriais, dada a sua natureza e a necessidade de controlo mensal, este orçamento é
elaborado de acordo com o valor anual das contas de gastos enumeradas no SNC.

Prazo de JAN. FEV. MAR. … Total


Pagamento
Custos não ind.:

…….
…….
Total

ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS

O orçamento onde se incluem os valores a investir ou a desinvestir, relativos a equipamentos,


instalações, imobilizado, etc., é o Orçamento de Imobilizações ou Orçamento de Investimento.
O Orçamento de Imobilizações engloba ainda os investimentos necessários à substituição dos
equipamentos com vista a manter o nível de produção (Investimentos de Substituição).

49
Contabilidade Analítica II

ORÇAMENTO DE TESOURARIA

O orçamento de tesouraria destina-se a apurar as diferenças mensais entre os Recebimentos e


os Pagamentos previstos em consequência dos orçamentos anteriormente analisados.
Os objetivos principais do orçamento de tesouraria são:

 Indicar a situação provável de tesouraria, como consequência das operações programadas;


 Determinar possíveis excedentes ou défices de meios líquidos e, consequentemente,
salientar a oportunidade de realizar aplicações financeiras ou a necessidade de recorrer a
financiamentos, respetivamente;

 Constituir uma base de avaliação relativamente à política de crédito a clientes.

A previsão de tesouraria é um elemento vital do orçamento na medida em que é essencial


dispor oportunamente das quantidades necessárias de meios líquidos para fazer face aos
compromissos assumidos.

É conveniente dividir este orçamento em Orçamento de Tesouraria de Exploração e


Orçamento de Tesouraria Global (ou Orçamento Financeiro).

A estrutura do Orçamento de Tesouraria de Exploração pode apresentar-se da seguinte forma:


Ano Ano V.
Anterior Corrente JAN. FEV. MAR. … TOTAL Balanço

1 - RECEBIMENTOS
De Clientes
De Outros
TOTAL RECEBIMENTOS
2 - PAGAMENTOS
Compras
Vencimentos
Impostos
Serviços
Outros
TOTAL PAGAMENTOS
3 - SALDO MENSAL
4 SALDO MENSAL ACUMULADO

50
Contabilidade Analítica II

ORÇAMENTO FINANCEIRO
O Orçamento Financeiro ou Orçamento de Tesouraria Global inclui os movimentos
decorrentes do ciclo de investimento e do ciclo de operações financeiras de médio/longo
prazo.
Ao saldo inicial de Tesouraria (o disponível em 1 de janeiro coincide com o constante no
Balanço em 31 de dezembro do ano anterior), há que adicionar os recebimentos de operações
financeiras vindas de anos anteriores e subtrair os pagamentos relacionados com essas mesmas
operações.
Obtém-se um novo saldo que, no caso de ser negativo, será necessário procurar meios de
financiamento para o suprir.
Em conclusão, o orçamento financeiro visa definir a forma pela qual a empresa irá suprir as
suas necessidades ou aplicar os excedentes de tesouraria eventualmente existentes.

A estrutura do Orçamento Financeiro pode apresentar-se da seguinte forma:


Jan. Fev. Mar. …. Total
A) ORIGENS DE FUNDOS
1 - Saldo Inicial de Tesouraria
2 - Saldo de Tesouraria positivo
3 - Recebimentos de Operações Financeiras
Empréstimos
Juros de Aplicações Financeiras
Alienação de investimentos
TOTAL (A)
B) APLICAÇÕES DE FUNDOS
4 - Saldo Final de Disponibilidades
5 - Saldo de Tesouraria negativo

6 – Pagamentos de Operações Financeiras


Reembolsos de Empréstimos
Juros
Aquisição de investimentos
TOTAL (B)
C) SITUAÇÃO DOS EMPRÉSTIMOS

DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS PREVISIONAL


Uma vez elaborados todos os orçamentos de exploração, poderá realizar-se a Demonstração
dos Resultados por Funções Previsional do final do exercício.

BALANÇO PREVISIONAL
Posteriormente, os gestores da empresa podem reunir toda a informação num documento
síntese: o Balanço Previsional do final do exercício.

51
Contabilidade Analítica II

3.6 Técnicas para a Elaboração de Orçamentos

3.6.1 Orçamento Rígido

O Orçamento rígido é um orçamento elaborado exclusivamente para um determinado volume


de atividade estimado. Como tal, não é geralmente, o mais adequado para a empresa.
Os orçamentos rígidos são adequados para aquelas empresas nas quais, ainda que não se
cumpra com exactidão o nível de atividade definido à priori, os desvios resultantes não são
significativos.
Os orçamentos de alguns departamentos são integrados fundamentalmente por gastos fixos e,
nesse caso, o orçamento fixo aprovado serve perfeitamente para planear e avaliar o
desempenho desses departamentos. Quando a atividade real difere da atividade estimada não
se torna necessário proceder a quaisquer ajustes, já que os gastos são fixos.

3.6.2 Orçamento Flexível

Os efeitos de alterações no volume de atividade podem ser introduzidos no sistema orçamental


por aquilo que se designa orçamentos flexíveis.
Este tipo de orçamentos supõe a elaboração de um conjunto de orçamentos correspondentes a
diversos níveis de atividade previstos, partindo do pressuposto de que o comportamento, tanto
dos gastos fixos como dos gastos variáveis depende, fundamentalmente, do nível de atividade.
O orçamento flexível é definido de modo a poder ser ajustado a vários níveis de atividade,
para que seja possível avaliar o desempenho, quando a atividade real difere da atividade
prevista.
O princípio subjacente à elaboração de um orçamento flexível é que a cada volume de
produção e vendas está associado um dado volume de custos e que essa relação pode ser
conhecida com relativa aproximação através de uma equação linear do tipo:

Y = ax + b
Em que:
Y - Volume de custos
a - Custo variável unitário
b - Custos fixos

52
Contabilidade Analítica II

Vantagens do Orçamento Flexível em Relação ao Rígido:

Os orçamentos flexíveis ou variáveis podem ajustar-se ao volume de atividade real, enquanto


os orçamentos rígidos estabelecem-se para um único nível de atividade. Assim, a possibilidade
de poder introduzir alterações no volume de atividade permitirá estabelecer uma base válida
de comparação entre os custos reais e os custos previstos.

Os orçamentos flexíveis tornam possível um controlo mais eficaz do rendimento do que os


orçamentos rígidos, na medida em que os primeiros possibilitam a comparação de proveitos e
custos reais com proveitos e custos orçamentados baseando-se no volume real obtido.

53
Contabilidade Analítica II

IV – CONCEÇÃO DE SISTEMAS DE CONTABILIDADE ANALÍTICA

4.1 Organização de Sistemas de Contabilidade Analítica

4.1.1 Definição do subsistema de Contabilidade Analítica

O SNC apresenta o código de contas constituído por oito classes de contas:


 Classe 1: Meios Financeiros Líquidos
 Classe 2: Contas a Receber e a Pagar
 Classe 3: Inventários e Ativos Biológicos
 Classe 4: Investimentos
 Classe 5: Capital, Reservas e Resultados Transitados
 Classe 6: Gastos
 Classe 7: Rendimentos
 Classe 8: Resultados

O SNC não prevê uma classe 9 para a Contabilidade de Custos, facto que dá liberdade às
entidades que o aplicam para organizarem e estruturarem um sistema de contabilidade de
gestão conforme os seus objetivos e necessidades de informação.
Os utentes da informação contabilística distribuem-se pela estrutura organizacional da
empresa. A contabilidade interna deve, assim, adequar as informações a distribuir pelos
utentes às necessidades por estas manifestadas.

4.1.2 Definição das principais contas a utilizar num plano de contas


Há um conjunto de passos que devem ser seguidos até ao estabelecimento de um plano de
contas para a Contabilidade Analítica, nomeadamente:

1. Objetivos da Contabilidade Analítica:


 Custo, proveito e resultado de cada produto?
 Custo, proveito e resultado de cada encomenda?
 Custo, proveito e resultado de cada secção ou departamento?
 Custo, proveito e resultado de cada atividade?

54
Contabilidade Analítica II

2. Definição dos centros de custo:


 Centros de custo auxiliares e principais;
 Unidades de Custeio e de Imputação (Kgs; horas; etc.)
 Critérios de repartição dos custos indiretos;
 Custos não incorporados;
 Prestações recíprocas.

3. Escolha do sistema de custeio:


 Total; racional; variável ou direto?
 Se racional, qual a capacidade normal?
 Histórico ou padrão?
 Se padrão, como calcular o custo padrão? Que análise de desvios?

4. Apuramento dos custos de produção:


 Método direto ou indireto?
 Há produção conjunta? Como é repartida?
 Há produção defeituosa? Como é tratada?

5. Sistema de articulação entre a Contabilidade Geral e a Contabilidade Analítica:


 Monista ou dualista?
 Digrafia, unigrafia ou folhas de cálculo?
 Classe 9

4.2 Articulação da Contabilidade Geral com a Contabilidade Analítica


A organização contabilística das empresas pode envolver várias formas de ligação em relação
à articulação entre a contabilidade geral e a contabilidade analítica.
Essas formas de ligação constituem os sistemas de contas, os quais se podem subdividir em:
Sistemas Monistas
Monista Radical ou Único Indiviso
Monista Diviso ou Moderado
Sistemas Dualistas
Duplo Contabilístico
Duplo Misto

55
Contabilidade Analítica II

A enumeração dos sistemas de contas acima mencionada foi entretanto ultrapassada pelos
avanços no tratamento informático dos dados da contabilidade, proporcionando informações
orientadas para as diversas óticas.
Contudo, julga-se que continua a ter importância o desenvolvimento teórico dos sistemas
monistas e dualistas, quer na conceção do subsistema contabilístico, quer no enquadramento
deste no Sistema de Informação para a gestão.

4.2.1 Sistemas Monistas


As duas contabilidades encontram-se integradas no mesmo conjunto de contas. Como tal,
existe uma movimentação das contas da contabilidade analítica por contrapartida das contas da
contabilidade geral ou financeira. Podemos definir o estabelecimento de dois tipos de sistemas
monistas:

 MONISTA RADICAL ou ÚNICO INDIVISO  aqui não existe separação entre as


duas contabilidades. A contabilidade interna encontra-se integrada na contabilidade
geral, ou seja, a par da contabilidade geral existem também as contas da contabilidade
analítica.
Exemplo:
A) Compra de Matéria-prima
Contabilidade Geral: Contabilidade Analítica:
31 Compras 9X Existências/Armazém de MP
a 22/11/12 Fornecedores/Caixa/DO 1 000 € a 33 Matérias-primas 1 000 €
33 Matérias-primas
A 31 Compras 1 000 €

B) Registo do consumo e pagamento da energia consumida


Contabilidade Geral: Contabilidade Analítica:
62 Fornecimentos e serviços externos 9Y 1 Centro de Custo 1 - 100 €
A 11/12 Caixa/DO 200 € 9Y 2 Centro de Custo 2 - 100 €
a 62 Fornecimentos e Serviços Externos 200 €

C) Pagamento dos salários e respetiva distribuição pelos centros beneficiados


Contabilidade Geral: Contabilidade Analítica:
63 Gastos com Pessoal 2 000 € 9Y 1 Centro Fabril 1 - 750 €
a 24 Estado 500 € 9Y 2 Centro Fabril 2 - 250 €
a 11/12 Caixa/DO 1 500 € 9Y 3 Serviço de Vendas - 500 €
9Y 4 Serviços Administrativos - 500 €
63 Gastos com Pessoal 2 000 €

56
Contabilidade Analítica II

D) Venda de produtos acabados a prazo


Contabilidade Geral: Contabilidade Analítica:
21 Clientes 71 Vendas
a 71 Vendas 2 000 € a 9Z Resultados Analíticos 2 000 €

Utilizando o sistema de contas Monista Radical ou Único Indiviso, as contas da classe 6 –


Gastos e as contas da classe 7 - Rendimentos encontram-se saldadas por contrapartida das
contas da classe 9 (contabilidade interna).
 MONISTA DIVISO ou MONISTA MODERADO  caracteriza-se por a separação
entre as duas contabilidades não ser integral. As contas da contabilidade interna
aparecem sintetizadas no razão geral através de uma conta cumulativa que faz a
ligação entre as duas contabilidades. É um sistema muito pouco utilizado.

4.2.2 Sistemas Dualistas


Tal como o nome indica, neste caso, as duas contabilidades funcionam separada e
autonomamente. Estão divididas em dois subsistemas, cada um deles com um fim específico.
Não se movimentam contas da contabilidade financeira por contrapartida de contas da
contabilidade analítica e vice-versa. Existem dois tipos de sistemas dualistas:
 DUPLO CONTABILÍSTICO  A ligação entre os dois subsistemas, que funcionam
pelo método digráfico ou das partidas dobradas, faz-se através das chamadas “Contas
Refletidas”, que funcionam como contas de ligação entre os dois ramos da
contabilidade. Estas asseguram a digrafia e a concordância dos valores nos dois ramos
da contabilidade.
A contabilidade geral escritura as operações relativas aos gastos e perdas, na classe 6, e
rendimentos e ganhos, na classe 7, cujos saldos são posteriormente transferidos para as
a conta 81 – Resultado Líquido do Período.
No que diz respeito à contabilidade analítica, utilizamos as contas refletidas, as quais
se destinam a servir de contrapartida ao movimento da classe 3 - Inventários, 6 -
Gastos, 7 – Rendimentos e 8 - Resultados. Estas contas designam-se por refletidas
porque, embora os seus saldos coincidam em valor com as suas congéneres na
contabilidade geral, na contabilidade analítica apresentam sinal contrário. Os dois
subsistemas são auto-balanceantes.
O exemplo mais significativo da aplicação deste sistema é o Plano Contabilístico
Francês, bastante divulgado em Portugal.

57
Contabilidade Analítica II

Exemplo (continuação):

A) Compra de Matéria-prima
Contabilidade Geral: Contabilidade Analítica:
31 Compras 9X Existências/Armazém de MP
a 22/11/12 Fornecedores/Caixa/DO 1 000 € a 90 03 Compras Refletidas 1 000 €

33 Matérias-primas
a 31 Compras 1 000 €

B) Registo do consumo e pagamento da energia consumida


Contabilidade Geral: Contabilidade Analítica:
62 Fornecimentos e Serviços Externos 9Y 1 Centro de Custo 1 - 100 €
a 11/12 Caixa/DO 200 € 9Y 2 Centro de Custo 2 - 100 €
a 90 06 Custos Refletidos 200 €

C) Pagamento dos salários e respetiva distribuição pelos centros beneficiados


Contabilidade Geral: Contabilidade Analítica:
63 Gastos com Pessoal 2 000 € 9Y 1 Centro Fabril 1 - 750 €
a 24 Estado 500 € 9Y 2 Centro Fabril 2 - 250 €
a 11/12 Caixa/DO 1 500 € 9Y 3 Serviço de Vendas - 500 €
9Y 4 Serviços Administrativos - 500 €
a 90 06 Custos Refletidos 2000 €

D) Venda de produtos acabados a prazo


Contabilidade Geral: Contabilidade Analítica:
21 Clientes 90 07 Vendas Refletidas
a 71 Vendas 2 000 € a 9Z Resultados Analíticos 2 000 €

 DUPLO MISTO  caracteriza-se por a contabilidade interna ou analítica se


processar através de mapas e registos (extra digráfico) e não pelo sistema das partidas
dobradas.
 O apuramento dos custos dos produtos, atividades, encomendas, dos resultados, etc., é
realizado através de mapas e registos. Como tal, só a contabilidade geral utiliza a
partida dobrada.
 A ligação entre os dois subsistemas não é feita com o rigor do esquema das partidas
dobradas, mas sim de uma forma mais informal. Note-se que o facto da contabilidade
analítica ser apoiada por mapas (e não pela digrafia) não retira importância à
informação contabilística, atendendo a que a origem dos números provem da mesma
fonte de informação.

58
Contabilidade Analítica II

SUGESTÃO PARA A UTILIZAÇÃO DE UMA CLASSE 9


(Proposta Baseada no Plano Francês)

90 - Contas Refletidas
90 01 Existências Iniciais
90 03 Compras
90 04 Existências Finais
90 06 Custos
90 07 Proveitos
90 08 Resultados
91 - Reclassificação de Custos
92 - Custos das Secções Auxiliares e de Estrutura
92 01 Secção Auxiliar A
92 02…..
92 03 Secção Administrativa
92 04 Secção de Distribuição
93 - Custo das Secções de Produção
93 01 Secção de Produção A
93 02 Secção de Produção B
94 - Inventário Permanente
94 01 Produtos Acabados
94 02 Produtos e Trabalhos em Curso
94 03 Matérias-primas e Subsidiárias
94 04 Subprodutos, Desperdícios e Resíduos
95 - Custo de Produção
95 01 Produto A ou 95 01 Encomenda A
95 02 Produto B ou 95 02 Encomenda B
96 - Desvios de Custos Pré-estabelecidos
96 01 Desvios em Matérias-primas
96 02 Desvios em MOD
96 03 Desvios em GGF
97 - Diferenças de Incorporação
98 - Resultados da Contabilidade Analítica
98 01 Resultados do Produto A ou Resultados da Encomenda A
98 02 Resultados do Produto B ou Resultados da Encomenda B
98… Resultado Corrente
98…..Resultado Líquido

59
Contabilidade Analítica II

SUGESTÃO PARA A UTILIZAÇÃO DE UMA CLASSE 9

91 Contas Refletidas
91.1 EI Refletidas
91.3 Compras Refletidas
91.4 EF Refletidas
91.6 Custos Refletidos
91.7 Proveitos Refletidos
91.8 Resultados Refletidos

92 Reclassificação de Custos

93 Armazéns
93.1 Matérias-primas e Subsidiárias
93.2 Produtos Acabados
93.3 Produtos e trabalhos em curso
94 Custo das Secções (produção, auxiliares e de estrutura)
94.1 Secção Auxiliar A
94.2 Secção Auxiliar B
94.3 Secção de Produção
94.4 Custos Administrativos
94.5 Custos de Distribuição
95 Custo de Produção
95.1 Produto A
95.2 Produto B

96 Desvios de Custos Pré-estabelecidos


96.1 Desvios em MP
96.2 Desvios em MOD
96.3 Desvios em GGF

97 Diferenças de Incorporação
97.1 Custos Industriais não Incorporados - Secção de produção
97.2 Custos Industrias não Incorporados - Secção Auxiliar A
97.3 Diferenças de inventário

98- Resultados da Contabilidade Analítica


98.1 Resultados do produto A
98.2 Resultados do produto B

Nas figuras que a seguir se apresentam, é possível visualizar as principais contas que podem,
eventualmente, ser criadas e os movimentos inerentes ao apuramento de custos, proveitos e
resultados.

60
Contabilidade Analítica II

QUE SISTEMA DE CONTAS ESCOLHER?

Para decidir qual o sistema de contas adequado para cada empresa é necessário ter em
consideração vários aspectos. A contabilidade geral é a que tem validade externa para
accionistas, credores, fisco, banca, etc. A elaboração da contabilidade externa, tem de
subordinar-se a regras emanadas não só da própria doutrina contabilística, como também de
aspectos legais. Nem sempre estas normas e princípios permitem que os elementos que a
contabilidade externa proporciona sejam os mais adequados para gerir a empresa.
A Contabilidade Analítica não tem em princípio qualquer validade externa. O seu objetivo
reside fundamentalmente no fornecimento de informações relevantes e oportunas para a
tomada de decisões e, como tal, na determinação dos custos e proveitos há apenas que ter
presente as necessidades informativas da gestão e não há que atender, como acontece com a
contabilidade externa, às regras que condicionam aquela determinação.
De uma forma geral, os sistemas dualistas, concebendo a separação dos dois subsistemas de
contabilidade, permitem uma melhor divisão do trabalho contabilístico. No entanto, esta
vantagem é superada atualmente pela informática. O sistema duplo misto, pela sua
flexibilidade, adotando-se facilmente às características da empresa, resolvendo o aspeto
concetual acima referido que desliga a contabilidade interna das “leis” a que a externa está
sujeita, encontra-se hoje bastante divulgado. Nas empresas complexas e de dimensão
apreciável, que obrigam a repartições intermédias numerosas de custos e proveitos, serão
preferíveis os sistemas dualistas - e entre os dualistas, o duplo contabilístico - na medida em
que a digrafia permite um controlo mais rigoroso dos dois subsistemas contabilísticos e dos
elementos que a contabilidade interna apura. Convém ainda referir que a separação dos dois
subsistemas de contabilidade, possibilitando tipos de organização de contabilidade e de
apresentação da informação que mais facilmente se podem generalizar a empresas de
atividades diferentes, permite que a Contabilidade Geral proporcione de forma mais fácil e
objectiva os elementos necessários à Administração Pública. De qualquer forma, o
processamento da contabilidade através da informática é hoje acessível a todas as empresas e é
possível conceber sistemas informatizados que aproveitem as vantagens referidas para os
sistemas dualistas sem que se verifique, relativamente ao processamento da Contabilidade
Geral, sensível acréscimo de trabalho e, consequentemente, de custos com a Contabilidade
Analítica.

61
Contabilidade Analítica II

62
Contabilidade Analítica

Histórico

1) Refletir EI
2) Transferência da EIPVF para a produção
3) Refletir compras
4) Transferência dos consumos de MP para a produção
5) Refletir custos e proceder à sua reclassificação
6) Transferência dos custos com a MOD para a produção
7) Transferências dos custos totais (GGF + CNI) para as secções (Repartição Primária)
8) Transferência dos custos das secções auxiliares para as que recebem serviços (Repartição
Secundária)
9) Transferência dos GGF para a produção (Repartição Terciária)
10) Transferência do CIPA para Armazém de PA
11) Transferência da EFPVF para o respetivo armazém
12) Transferência do CIPV para resultados
13) Transferência dos custos não industriais ou de estrutura para resultados
14) Refletir proveitos (vendas)
15) Refletir resultados
16) Refletir EF

63
Contabilidade Analítica II
ARMAZÉM DE
CLASSE 3 MAT.-PRIMAS,
SUBS., CONS.
EI SISTEMA PROD. ACAB.
MONISTA EI
COMPRAS
DIGRÁFICO
8
1

10

6 – GASTOS E CENTROS CUST. PRODUÇÃO


6 7 - RENDIMENTOS.
2
9

4 3
11

ENCARGOS A
REPARTIR RES. ANALÍTICOS

7
5

12
CUSTOS NÃO
INCORP. 64
13
Contabilidade Analítica II

GERAL Contabilidade Analítica GERAL


DUPLO
Exist. Iniciais Reflectivas Matérias-Primas
CONTABILISTICO
Vendas Reflectidas

Prod. Acabados-A Result. Acabados-A

Compras Reflectivas Centro fabril - X Fabricação - Prod. Outros Proveitos Reflectidos

Prod. Acabados-B Result Acabados-B

Forn. e Serv. Ext. Reflectidos Centro fabril - Y Fabricação - Prod.

Custos c/ Pessoal Reflectidas Centro Auxiliar - 2

... Centros não fabris

65
Contabilidade Analítica II

SISTEMADUALISTA(POR CENTROS DE RESPONSABILIDADE


ACUSTOS HISTÓRICOS)

1
ARMAZÉNS CONTAS REFL.
CONTA. REFL. ARMAZÉNS VENDAS REFL.
CONTABILIDADE PROD. ACAB.
EX. IN. REFL. MATÉRIAS.
ANALÍTICA S.
1

3
PROVEITOS
COMPRAS REF. 9
CUSTOS REFL. CENTROS CUSTOS DE
2 CUSTOS 10
PRODUÇÃO
6
13 OUT. PROV.
8
GASTOS REFL.

4
4 RES. ANALÍT.
DIF. INCORP.
5 .
14
7
11

12 15
17

16 RES. LÍQUIDOS

1 - Reflexão das E. I. (M.P + Prod. Acab.). Se existirem EIPVF também 9 – Transf. p/ Armazém de Produtos Acabados (CIPA)
devem ser registadas. 10 - CIPV
2 - Reflexão das Compras de Materiais 11 - Transf. de Dif. Incorporação p/ Resultados
3 - Consumos de Matérias 12 - Outros custos não incorporados nos Centros
4 - Outros custos (M.O.D. + G.G.F.) – Repartição Primária 13 - Proveitos de Vendas
5 - Outros custos (registados previamente na analítica) – Custos reais 14 - Outros Proveitos
6 - Custos de Produção – Repartição Terciária 15 - Outros Proveitos não incorporados
7 - Custos não incorporados nos produtos (CNI e CINI) 16 e 17 – Apuramento de Resultados (Contabilidade Geral)
8 - Custos não incorporados nos produtos

66
Contabilidade Analítica II

4.3 Âmbito e movimentação das principais contas num Sistema Duplo


Contabilístico

90 CONTAS REFLETIDAS

90 01 Existências Iniciais
São creditadas por contrapartida do débito das contas 94 - Existências (armazéns).

90 03 Compras
São creditadas por contrapartida do débito das contas 94 0X Existências (MP, Matérias
Subsidiárias, etc.) e debitadas pelas devoluções por contrapartida do crédito das contas
94 0X Existências (MP, Matérias Subsidiárias, etc.)

90 04 Existências Finais
São debitadas por contrapartida do crédito das contas 94 - Existências (armazéns).

90 06 Custos
São creditadas por todos os custos em contrapartida do débito das contas 91 -
Reclassificação de Custos (custos variáveis/custos fixos; custos industriais/custos não
industriais, etc.) ou por contrapartida do débito dos centros de custo 92 - Centros
Auxiliares e de Estrutura ou 93 - Centros de Produção.
90 07 Proveitos
São debitadas pelos proveitos por contrapartida do crédito das contas 98 - Resultados
Analíticos.

90 08 Resultados
São debitadas ou creditadas pelo resultado do período por contrapartida do crédito ou
débito das contas 98 - Resultados Analíticos, conforme se trate de resultados negativos
ou positivos, respetivamente.

91 - RECLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS
Estas contas destinam-se a registar os custos de acordo com o que se julgar conveniente para a
gestão da empresa. Podemos reclassificar os custos por naturezas, vindos da contabilidade
geral, em custos por funções na contabilidade analítica, da seguinte forma: custos
diretos/custos indiretos; custos industriais/custos não industriais; custos fixos/custos variáveis,
etc. Estas contas não são obrigatórias.
São debitadas pelos custos reais vindos da contabilidade geral, por contrapartida da conta 90
06 - Custos Refletidos; são creditadas aquando da repartição desses custos pelos centros de
custos que beneficiam desses custos (centros fabris e centros não fabris). Se por ventura, os
valores imputados aos centros de custos não coincidirem com os custos reais fornecidos pela
contabilidade geral (como sucede quando utilizamos quotas teóricas), o saldo desta conta deve
ser transportado, no final do exercício para a conta 97 - Diferenças de Incorporação.

92 - CUSTOS DAS SECÇÕES AUXILIARES E DE ESTRUTURA


Estas contas são utilizadas quando se recorre ao Modelo das Secções Homogéneas.
92 01 Secção Auxiliar A
92 02 Secção Auxiliar B
67
Contabilidade Analítica II

São debitadas pelos consumos de matérias, em contrapartida do crédito dos respetivos


armazéns; são debitadas pelos custos do período, em contrapartida dos custos refletidos
ou das contas de reclassificação de custos. Estes movimentos correspondem à repartição
primária dos custos do modelo das secções homogéneas.
Podem ainda ser debitadas pelas transferências recebidas de outras secções auxiliares, no
caso de existirem prestações recíprocas.
São creditadas pela transferência para os centros de custo de produção (repartição
secundária) ou por contrapartida da conta 97 - Diferenças de Incorporação (quando o
custo real debitado à secção auxiliar não coincidir com o valor imputado ao centro de
custos de produção).

92 03 Secção Administrativa
92 04 Secção de Distribuição
São debitadas pelos custos do exercício, por contrapartida de custos refletidos ou de
reclassificação de custos; são creditadas pela transferência para a conta 98 - Resultados
Analíticos.

93 - CUSTO DAS SECÇÕES DE PRODUÇÃO


93 01 Secção de Produção A
93 02 Secção de Produção B

Estas contas são debitadas:


 Pelos consumos de matérias por contrapartida do crédito das respetivas contas de
inventário;
 Pelos custos do período por contrapartida de custos refletidos ou reclassificação de
custos;
 Pelos consumos recebidos de outras secções (auxiliares ou principais).

Estas contas são creditadas:


 Pela transferência para a conta 95 - Custo de Produção;
 Pela transferência para armazém de produtos acabados ou armazém de produtos em
curso, conforme o caso;
 Pela transferência para outra secção principal.

Caso os custos debitados a esta conta não coincidam com os respetivos valores
creditados, o saldo final deverá ser transferido para a conta 97 - Diferenças de
Incorporação.

94 - INVENTÁRIO PERMANENTE/ARMAZÉNS
94 01 Produtos Acabados
94 02 Produtos e Trabalhos em Curso
94 03 Matérias Primas e Subsidiárias
94 04 Subprodutos, Desperdícios e Resíduos

Estas contas registam todo o movimento ocorrido nos inventários da empresa.


São debitadas:
 Pelas existências iniciais em contrapartida do crédito da conta 90 01 - Existências
Iniciais Refletidas;

68
Contabilidade Analítica II

 Pelas compras de matérias-primas, subsidiárias e de consumo em contrapartida da


conta 90 03 - Compras Refletidas;
 Pelas entradas de produtos acabados (CIPA) em contrapartida da conta 95 - Custo de
Fabricação ou 93 - Custo das Secções de Produção;
 Pelas entradas de produtos em curso no final do período em contrapartida da conta 95 -
Custo de Fabricação ou 93 - Custo das Secções de Produção.

São creditadas:
 Pelos consumos de matérias por contrapartida do débito das contas de Custo das
Secções Auxiliares e de Estrutura (92) ou Custo das Secções Principais (93);
 Pelo Custo Industrial dos Produtos Vendidos (CIPV) por contrapartida do débito da
conta 98 - Resultados Analíticos;
 Por diferenças de inventário (quebras, roubo) por contrapartida do débito da conta 97 -
Diferenças de Incorporação;
 Pelas existências finais por contrapartida do débito da conta 90 04 - Existências Finais
Refletidas.

Quando se movimentam estas contas, a classe 3 - Existências será apenas movimentada


no início e no final do período, uma vez que não fará sentido dois movimentos idênticos
em simultâneo. Não obstante, a conta 31 – Compras, continua a ser movimentada.

95 - CUSTO DE PRODUÇÃO
95 01 Produto A ou 95 01 Encomenda A
95 02 Produto B ou 95 02 Encomenda B
Estas contas são utilizadas sempre que se produz mais do que um produto ou encomenda
diferente.

São debitadas:
 Pelos consumos de matérias por contrapartida do crédito das contas 94 - Inventário
Permanente (armazéns);
 Pelas prestações consumidas dos Centros de Custo Principais (93) (Repartição
Terciária) ou pelas transferências diretas da conta 91 - Reclassificação de Custos.

São creditadas:
 Pela transferência do CIPA por contrapartida da conta 94 - Inventário Permanente;
 Pela transferência do Custo dos Produtos em Curso (EFPVF) por contrapartida da
conta 94 - Inventário Permanente.

96 - DESVIOS DE CUSTOS PRÉ-ESTABELECIDOS


96 01 Desvios em Matérias Primas
96 02 Desvios em MOD
96 03 Desvios em GGF

Sempre que a empresa utilize Custos Padrão, é natural que surjam diferenças/desvios no
final do período entre os custos realmente incorridos e os Custos Padrão que estiveram na base
da valorização dos produtos (acabados e em curso de fabrico). Sempre que tal aconteça, essas
diferenças são transferidas para as respetivas contas de desvios (a débito ou a crédito,

69
Contabilidade Analítica II

conforme o custo real tenha sido superior ou inferior ao padrão, respetivamente). No final do
período serão transferidas para a conta 98 - Resultados Analíticos.

97 - DIFERENÇAS DE INCORPORAÇÃO
Sempre que surjam diferenças entre os custos registados na contabilidade geral e os custos
imputados na contabilidade analítica, recorremos à conta 97 - Diferenças de Incorporação.
Estas podem surgir:
 Da imputação racional de custos fixos;
 Da utilização do sistema de custeio variável;
 De diferenças de periodicidade (seguros, subsídio de férias, subsídio de Natal,
depreciações, etc.);
 Da utilização de quotas teóricas (custos pré - estabelecidos).

Esta conta será creditada ou debitada pela transferência da diferença em contrapartida da


conta onde foi encontrada. Será posteriormente creditada ou debitada (movimento contrário)
pela transferência para a conta 98 - Resultados Analíticos.

98 - RESULTADOS DA CONTABILIDADE ANALÍTICA


98 01 Resultados do Produto A ou Resultados da Encomenda A
98 02 Resultados do Produto B ou Resultados da Encomenda B
98… Resultado Corrente
98…. Resultado Líquido
Esta conta é debitada:
 Pelo CIPV em contrapartida do crédito da conta 94 – Inventário Permanente;
 Pela transferência dos desvios desfavoráveis em contrapartida do crédito das respetivas
contas de Desvios (96);
 Pela transferência dos custos não industriais em contrapartida do crédito das contas 92 -
Custo das Secções Auxiliares e de Estrutura;
 Pela transferência das Diferenças de Incorporação em contrapartida do crédito da respetiva
conta;
 Pela transferência do resultado (positivo) para a conta 90 08 - Resultados Refletidos.

Esta conta é creditada:


 Pelos proveitos do período em contrapartida da conta 90 07 - Proveitos Refletidos;
 Pela transferência dos desvios favoráveis em contrapartida do débito das respetivas contas
de Desvios (96);
 Pela transferência das Diferenças de Incorporação em contrapartida do débito da respetiva
conta;
 Pela transferência do resultado (negativo) para a conta 90 08 - Resultados Refletidos

70
Contabilidade Analítica II

90 - CONTAS REFLETIDAS

94 01 Armazém de Produtos Acabados


9001ExIniciais Refletidas

90 03 Compras Refletidas
94 02 Armazém de PVF

9004ExFinais Refletidas
94 03 Armazém de Matérias-Primas

9006 Custos Refletidos

91 Reclassificação de Custos ou 92 ou 93

CF

CV
9007 Proveitos Refletidos

98 Resultados Analíticos
9008ResultadosRefletid.

71
Contabilidade Analítica II

91 RECLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS

91 Reclassificação de Custos

92 Secções Auxiliares ou de Estrutura

90 06 Custos Refletidos CUSTOS FIXOS


FSE
Pessoal
Amort.
FSE CUSTOS VARIÁVEIS Outros

Pessoal 93 Secções de Produção

Amort FSE
Pessoal
Amort
Outros

97 Diferenças de Incorporação

FSE
Pessoal
Amort
72 Outros
Contabilidade Analítica II

92 SECÇÕES AUXILIARES E DE ESTRUTURA

92 01 Secção Auxiliar A

Custo de outras
Secções
94 03 Armazém de MP Auxiliares 93 Secções de Produção

MP e MS
Consumos para Reembolsos
Secções Auxiliares

FSE
Pessoal
Amort
Outros 97 Diferenças de
Incorporação
91 Reclassificação de Custos
ou 92 03 Secções de Estrutura
90 06 Custos Refletidos

FSE 98 Resultados Analíticos


Pessoal
Amort
Transferência dos Custos Não
Outros
Industriais para Resultados
92 02 Secção Auxiliar B

73
Contabilidade Analítica II

93 CUSTO DAS SECÇÕES DE PRODUÇÃO

93 Secção de Produção A (Principal)


91 Reclassificação de Custos
ou 90 06 Custos Refletidos Custos Diretos
(Repartição 95 Custo de Produção
Primária)
Apuramento
do Custo de
94 03 Armazém de MP Produção
Custos Diretos
(Repartição
Primária) 94 01 Armazém de Produtos
Acabados

Transferência do
92 Secções Auxiliares CIPA

94 02 Armazém de PVF
Reembolsos

Transferência do
Custo dos PVF

93 Secção de Produção y
93 Secção de Produção B
Custo da
Secção Y
74 Transf. para outra secção principal
Contabilidade Analítica II

94 INVENTÁRIO PERMANENTE/ARMAZÉNS

94 Inventário Permanente/Armazéns

90 01 Ex Iniciais Refletidas
92 Secções Auxiliares e de Estrutura
Produção Acabada
1 Ex Inicial
2 Produção Saídas de MP e MS
para as secções
90 03 Compras Refletidas
93 Secções de Produção
Produção em Curso
1 Ex Inicial
2 Produção em curso
do período

93 Secções de Produção / 95
Custos de Produção
CIPV 97 Diferenças de Incorporação

MP+MS
1 Ex Inicial
2 Compras

90 04 Ex Finais Refletidas 98 Resultados Analíticos

75
Contabilidade Analítica II

95 CUSTO DE PRODUÇÃO

95 Custo de Produção

94 03 Armazém de MP

Consumos de MP 94 01 Armazém de Produtos


Acabados

Transferência para
Armazém de PA

93 01 Secção de Produção
A
Custos de
Transformação da
Secção A (Repartição
Terciária)

93 02 Secção de Produção 94 02 Armazém de Produtos em


Custos de Curso
B Transformação da
Secção B (Repartição
Transferência para
Terciária)
Armazém de PVF

76
Contabilidade Analítica II

97 DIFERENÇAS DE INCORPORAÇÃO

97 Diferenças de Incorporação

91 Reclassificação de custos
ou 90 06 Custos Refletidos

98 Resultados Analíticos
94 03 Armazém de MP

93 Secções de Produção

Transferência para
Resultados Analíticos

92 Secções Auxiliares

77
Contabilidade Analítica II

98 RESULTADOS ANALÍTICOS

98 Resultados Analíticos

94 01 CIPV 90 07 Proveitos Refletidos

96 Desvios (Favoráveis)
96 Desvios (Desfavoráveis)

92 Custos não Industriais 97 Diferenças de Incorporação

90 08 Resultados Refletidos
97 Diferenças de Incorporação

78
Contabilidade Analítica II

79

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