AET Método de Moore e Garg

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Análise Ergonômica do Trabalho - AET 26 de abril de 2022

FERRAMENTAS ERGONÔMICAS
Strain Index (Índice de Esforço) - Método de Moore & Garg

Hoje iremos falar sobre uma das ferramentas mais utilizadas em análise ergonômica do
trabalho: o Strain Index ou Índice de Moore e Garg.

O que é o método de Moore e Garg?


É um método de análise de risco de desenvolvimento de disfunções músculo tendinosas em membros
superiores.

O nome “o cial” por assim dizer é Strain Index (ou índice de esforço) e foi desenvolvido em 1995 por
MOORE, J. S e GARG, A.; com principal objetivo de avaliar o risco de lesões em punhos e mãos.

Apresenta grande aceitação no meio acadêmico, empresarial e judicial, quando se trata de demandas
relacionadas à repetitividade, aplicação de forças e posturas forçadas para extremidades distais de
membro superior.

Para termos uma idéia do que estamos avaliando, vamos passar por algumas de nições que se fazem
necessárias neste ponto do artigo. Iremos falar um pouco sobre a repetitividade e a aplicação de forças.

O que é repetitividade?
Geralmente na indústria, as tarefas podem ser caracterizadas segundo Escorpizo & Moore (2007) como:

• Inteiramente automatizado, onde uma tarefa é feita por uma máquina, por um motor, ou pelo
equipamento;

• Semi-automatizado, onde uma tarefa é compartilhada por uma máquina e por um trabalhador; e

• Manual, em que a tarefa é realizada inteiramente pelo trabalhador

Ainda segundo estes autores, as atividades de trabalho totalmente automatizadas e manuais não tem
representado tantos problemas quanto àquelas em que o homem compartilha com a máquina sua tarefa.

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Nesta circunstância lhe é cerceado a possibilidade de controle


sobre sua tarefa. Porém, ainda falta de nir o que é ser repetitivo?

Para Hagberg e Silverstein, o conceito de repetitividade


compreende:

• Mais de 50% da jornada realizando a mesma tarefa;

• Ciclos repetidos com menos de 30 segundos de duração.

Apesar de ainda muito a acrescentar nestes conceitos, eles


servem de base para “tentarmos” de nir o que é uma atividade
repetitiva. Vejamos que essa não é uma tarefa fácil. Podemos até
delimitar o que é uma tarefa repetitiva, porém a di culdade está
justamente em determinar até que ponto esta tarefa é
potencialmente causadora de lesões.
Podemos até delimitar
o que é uma tarefa
E aqui entramos no segundo ponto a esclarecermos antes de chegarmos ao repetitiva, porém a
método em si – a aplicação de forças.
di culdade está
justamente em
determinar até que
Aplicação de forças ponto esta tarefa é
Quando tratamos de aplicação de forças, estamos diretamente ligados à potencialmente
capacidade de contração e relaxamento muscular. A maior (ou melhor) causadora de lesões
propriedade do músculo está justamente na
sua capacidade de contrair e distender-se, conseqüentemente
gerando força.

“Não somos A estrutura músculo esquelética de membros superiores desperta


grande interesse no ambiente industrial, visto que estas estruturas não
máquinas, foram “programadas” para gerar grande volume de força por longos
somos períodos de maneira cíclica.

Estudos cientí cos já de longa data permitem a rmar que em plenas


simplesmente condições físicas e mentais, homens e mulheres tem capacidades

humanos” diferentes de gerar força muscular; fator decorrente da estrutura


anatomo- siológica de ambos.

AUTOR DESCONHECIDO Em 1960, Hettinger examinou em homens e mulheres, a força máxima


muscular gerada por três grupos musculares, sendo que seus
resultados apontam que a força máxima de um destes grupos –
apertar as mãos – foi de 460 N (40,67 Kg) para homens, com desvio
padrão de 120, e 280 N (28,55) em mulheres, com desvio padrão de 70 (publicado no livro Manual de
Ergonomia de KROEMER & GRANDJEAN, 2005).

Neste livro, os autores ainda permitem discutir alguns fatores que podem interferir na geração de forças:

• Idade: trabalhadores entre 50 e 60 anos exercem 70 a 85% da força máxima original;

• Gênero: mulheres tem 2/3 da força dos homens;

• Condicionamento Físico;

• Motivação: estímulos adequados


promovem bem-estar.

Portanto, conclui-se neste ponto


que os parâmetros repetitividade e
força são complexos e envolvem
uma gama de fatores que podem
contribuir para avaliações precisas
ou não de uma situação de trabalho.

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Parâmetros de análise do método


FIE – Fator Intensidade do Esforço
A intensidade do esforço é uma estimação do esforço requerido para realizar a tarefa uma vez. Trata-se
de um parâmetro subjetivo de avaliação da quantidade de esforço realizado pelo trabalhador na
realização de uma tarefa. Um dos pontos a se analisar é a expressão facial.

FDE – Fator Duração do Esforço


O percentual de duração do esforço se calcula medindo a duração do esforço durante um período de
observação dado, e dividindo-se esse tempo pelo tempo total e multiplicando por 100. Basicamente por
quanto tempo um esforço é mantido.

As tabelas abaixo exempli cam o cálculo.

FFE – Fator Freqüência do Esforço


O fator freqüência do esforço nada mais é do que o número de esforços que ocorre durante um período
de observação. Deve-se observar que cada ação técnica é um esforço distinto; Quando o esforço for

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estático considere a freqüência máxima. Veja na tabela abaixo a classi cação e o multiplicador da fórmula
de cálculo.

FPMP – Fator Postura da Mão e Punho


A postura de mão e punho é uma estimativa da posição destas regiões corporais em relação à posição
neutra. Também se faz necessário o uso de lmagens para uma maior dedignidade. A tabela abaixo à
esquerda exempli ca como caracterizarmos a posição da mão e punho e a tabela à direita os fatores para
multiplicação na fórmula.

FRT – Fator Ritmo de Trabalho


O fator ritmo do trabalho é uma estimação do quão rápido a pessoa está trabalhando. Segundo a
classi cação do método o ritmo pode variar desde muito lento à muito rápido. A maneira mais precisa
para isso é realizando a veri cação da taxa de ocupação da tarefa, por meio do estudos de tempos e
métodos. Na prática se observa se o trabalhador está com “tranquilidade” na linha, se ele realiza
deslocamentos, se tem que “correr” atrás do produto, dentre outras características. A Tabela a seguir
orienta na identi cação dos fatores.

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FDT – Fator Duração do Trabalho


O fator duração do trabalho expressa, em horas, o tempo em que a pessoa ca exposta a atividade de
trabalho. Quanti ca-se a jornada de trabalho.

O cálculo
Inseridos todos os “fatores de multiplicação” procede-se ao cálculo, que nada mais é do que o produto
(multiplicação) de todos os fatores.

Os critérios de interpretação seguem a seguinte ordem:

• < ou igual a 3,0 –> trabalho seguro;

• 3,0 a 5,0 –> duvidoso, questionável;

• 5,0 – 7,0 –> risco de lesão da extremidade distal do membro superior;

• > 7,0 –> Alto risco de lesão; tão mais alto quanto maior o número observado.

Considerações Finais
Assim como todas as ferramentas ergonômicas o Strain Index (Moore e Garg) não deve ser utilizado
como ferramenta de diagnóstico e sim de auxílio no diagnóstico.

Um relatório bem detalhado de uma atividade de trabalho analisada deve conter explanações sobre os
dados observados, características de trabalho que levam a ocorrência de tal achado e particularidades de
cada posto de trabalho.

Se bem utilizada, o critério de Moore e Garg


permite uma quanti cação do risco em
m e m b ro s s u p e r i o re s p o r s o b re c a rg a
funcional, permite simulações de melhoria no
posto de trabalho e adequação do posto de
trabalho perante órgãos scalizadores.

Devemos tomar cuidado com a nalidade da


ferramenta, pois se ocorrem deslocamentos
no posto (por ex. andar por curtas distâncias)
não devemos aplicar o método.

No mais, cautela na coleta, conhecimento do


que se está avaliando e precisão nas
medições garantem um bom trabalho de
campo e uma análise concisa e de qualidade.

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