Resumos de Filosofia
Resumos de Filosofia
Resumos de Filosofia
Os filósofos são os que sabem que não sabem, e amam a sabedoria. Estes devem adotar uma
postura de:
Características
gerais da filosofia
Historicidade Universalidade
Autonomia
Radicalidade Questionamento da
Métodos de análise Inquietações
Questiona as sua época comuns a todo o ser
e interpretação
próprias perguntas humano, a todas as
próprios
épocas e culturas
Atividade filosófica
Problematizar Argumentar
Conceptualizar
Identificar e formular Demonstrar
um problema
Elaboração de
racionalmente uma
filosófico conceitos
tese
Termo: Conceito passado para linguagem. O termo “banco” pode exprimir dois conceitos diferentes.
Conceito: Tem maior compreensão se for mais específico, tem maior extensão se incluir um maior
número de elementos. A definição de um conceito deve apresentar as condições necessárias e
suficientes para que algo seja esse conceito. Não deve ser demasiado lata ou demasiado restrita,
aquilo que se pretende definir não pode surgir na expressão definidora, e a definição não pode ser
mais obscura do que o que se pretende definir.
Proposição: Frase declarativa com valor de verdade
Proposição condicional (Se P, então Q): A antecedente é condição suficiente para a consequente,
enquanto que a consequente é uma condição necessária para a antecedente
Proposição bicondicional (P, se e apenas se Q): Relação de equivalência: cada uma das proposições
é condição necessária e suficiente para a outra.
Teses: Respostas possíveis aos problemas da filosofia. As teses mais importantes designam-se por
“ismos” (ex: teísmo, ateísmo,…)
Argumento: Conjunto de proposições em que uma delas (a conclusão) é a tese defendida a partir
das restantes (premissas)
Proposições contrárias: podem ser ambas falsas, mas não ambas verdadeiras
Proposições subcontrárias: podem ser ambas verdadeiras, mas não ambas falsas
Negação dupla
Falácias formais
Argumentos não-dedutivos
Indução
Generalização indutiva
Amostra numerosa
ou
diversificada
Previsão indutiva
Falácias informais
Agente
Consciência – perceção de si como autor da ação
Intenção – Finalidade da ação (para quê)
Motivo – justificação da ação (porquê)
Deliberação – processo racional para ponderar os meios mais convenientes e as ações
Decisão – manifestação da vontade do agente
Ação
Voluntária Involuntária
Ação cujo princípio reside no agente Ação cujo princípio é exterior à
(motivo intrínseco) que sabe as vontade do agente (motivo
ciscunstâncias concretas e particulares extrínseco), quer se gere por
nas quais se processa a ação. coação ou ignorância
Condicionantes
Histórico-culturais
Físico-biológicas Características provenientes da
Características do património socialização (integração numa
genético sociedade e assimilação da sua
cultura)
Terá o ser humano alguma liberdade genuína de decisão e de ação, ou serão estas
inteiramente determinadas por fatores que não controla?
Compatibilismo Incompatibilismo
Indeterminismo
Livre-arbítrio e Livre-arbítrio e
determinismo são Ações aleatórias e determinismo são
compatíveis imprevisíveis incompatíveis
Libertismo
Argumentos
Mundo material e ação humana são de naturezas diferentes, e regem-se por leis
diferentes (dualismo mente-corpo)
As nossas ações não são nem determinadas nem aleatórias
Podíamos agir de forma diferente de como agimos
Objeções
A ilusão de livre-arbítrio resulta do facto de termos consciência dos nossos desejos, mas
ignorarmos as causas que os determinam.
Não explica porque é que os seres humanos são especiais em relação ao resto da
natureza
Se existe dualismo, o físico só teria efeito sobre o físico, e o mental sobre o mental. A
parte mental não podia ter efeito sobre o físico
O dualismo defende que há duas naturezas, e não que uma é determinista e a outra não.
Os efeitos mentais poderiam ser causados por efeitos mentais anteriores.
Uma escolha não determinada por acontecimentos anteriores é aleatória, e não livre.
Determinismo radical
Argumentos Objeções
Segundo a física de Newton: causas iguais, Acreditamos que a liberdade é um facto da
em condições iguais, geram efeitos iguais experiência
Argumento por apelo à economia e à Parece que não somos capazes de viver, de
simplicidade: se já verificámos que um fazer escolhas, e de agir sem pressupor o
mesmo princípio explica a quase totalidade livre-arbítrio
da realidade, porquê supor que a parcela
restante escapa a esse princípio?
Indeterminismo
Argumentos Objeções
Baseado na física quântica: não podemos As leis podem existir, e estar apenas fora do
prever o comportamento de um grupo de nosso campo de conhecimento
partículas
As nossas ações são mais ou menos
prováveis, mas estão sujeitas ao acaso
Determinismo moderado
Argumentos
A vontade humana, sendo determinada, é livre quando não é constrangida
O novo compatibilismo
Princípio das possibilidades alternativas: o agente não podia ter agido de outra forma se
teve de agir como agiu. Ou seja, o facto de termos livre-arbítrio não implica que possamos
agir de outra forma.
Exemplo: X tem um dispositivo que controla o cérebro de Y. X quer que Y roube o quadro, mas
Y rouba-o sem que X ative o dispositivo. Y foi moralmente responsável pelo roubo, mas não
poderia ter agido de outra forma.
*Objeção: Mesmo assim, o agente pode optar por tomar a decisão, ou ser forçado por X a tomá-
la (possibilidades alternativas)
Valores: referências para o agir; ideias construídas pelo ser humano em sociedade ao longo
dos tempos.
Hierarquia dos valores: O conjunto de valores que orienta a ação está organizado
hierarquicamente em tábuas de valores ou escalas valorativas, segundo o grau de
importância que o sujeito, singular ou universalmente, lhes atribui.
Diversidade cultural
Etnocentrismo Relativismo cultural
Ações
Age de modo a que possas desejar que a máxima da tua ação se torne lei universal
Nós próprios, agentes racionais, somos os legisladores da lei moral. Esta resulta da nossa
autonomia e da vontade própria. O fundamento da razão é a racionalidade.
Fórmula da Humanidade
Trata sempre as pessoas como fins, e nunca como meros meios (por interesse)
Poderíamos responder que um dos deveres em conflito deveria ser relativizado em função do
grau de gravidade. No entanto, iríamos obter um Imperativo Hipotético, e não Categórico. Por
exemplo: “Diz sempre a verdade, a menos que…”
As consequências deveriam ter um papel nos nossos juízos éticos, visto que estas ações são
consideradas como crimes por negligência
A Fórmula da Humanidade ignora os indivíduos que não têm a capacidade de fazer escolhas
racionais e autónomas (por exemplo: bebés, pessoas com deficiência mental,…)
A teoria utilitarista de Stuart Mill
Utilitarismo
Age sempre de modo a produzir a maior felicidade para o maior número de pessoas
O utilitarismo não visa a felicidade própria (não se centra no prazer ou bem-estar do agente)
A felicidade é intrinsecamente valiosa
Dá igual importância aos interesses próprios e aos de todos os outros que serão afetados
pela sua ação
Como tendemos a dar mais importância à nossa própria felicidade, e como não conseguimos
prever muitas das consequências dos nossos atos, devemos guiar-nos também por
princípios secundários, tais como: “Não devemos maltratar inocentes” ou “não devemos
roubar”.
O conceito de felicidade
Hedonismo quantitativo (Jeremy Bentham): A vida mais feliz é aquela que tiver uma maior
quantidade (em duração e intensidade) de prazer
Hedonismo qualitativo: Uma vida feliz é preenchida por prazeres de qualidade superior
(exercício das capacidades intelectuais e emocionais). Os prazeres de qualidade inferior são
característicos dos animais, e quem experimentou os dois prefere os primeiros. Um prazer
fecundo é aquele que tem a capacidade de, no futuro, gerar ainda mais prazer. (exemplo:
ouvir música)
Críticas à teoria utilitarista
O utilitarista responderia que mesmo que a ação seja boa, o agente pode não ser bom.
Fazer algo que seja contra o dever mas que não prejudique ninguém não devia ser permitido
mas, segundo o utilitarismo, o que conta são as consequências da ação.
3 – Os benefícios de sacrificar
O utilitarismo poderia levar a provocar sofrimento a alguém para a felicidade de outros, uma
vez que se alcançaria uma maior felicidade desta forma.
Seria uma vida feliz aquela de alguém ligado a uma máquina do prazer? O prazer tem valor por
advir do nosso esforço e das nossas qualidades.
Não é fácil realizar o cálculo das consequências das nossas ações para saber qual delas gera a
maior felicidade para o maior número de pessoas.
De 1 para 2: Ainda que alguém deseje alguma coisa, isso não significa que isso seja bom ou que
seja ser desejado
De 2 para 3: Mesmo que a felicidade da pessoa seja desejável para ela mesma, daí não se segue
que a felicidade geral seja desejável para todas as pessoas
7 – Exigências excessivas
Teríamos de dedicar todo o nosso tempo e recursos para atingir o bem-estar geral, vivendo em
função dos interesses dos outros
o A organização de uma sociedade justa
Normas
Morais Jurídicas
Não estão necessariamente escritas Apresentam-se sob a forma de código e
O seu cumprimento resulta da vontade leis
própria O cumprimento é obrigatório e imposto
A transgressão é punida com o remorso, pelo estado
a culpa e a reprovação social A transgressão é punida com multa ou
prisão.
Rawls rejeita o utilitarismo porque só considera o resultado global das nossas ações, podendo
legitimar situações em que existem grandes diferenças entre as pessoas, nomeadamente a nível
de riqueza. Para Rawls, é a equidade que tem valor intrínseco, e não a felicidade.
Estado de natureza: Thomas Hobbs e John Locke descrevem-no como uma situação onde
não existiriam leis impostas pelo governo, mas apenas a “lei natural”.
Porque os homens são egoístas, e não haveria ninguém para fazer a cumprir a “lei natural”
Assim, obedecemos a um poder político em troca de certos benefícios (segurança, justiça,
apoio, direitos e liberdades).Seria criado, desta forma, um contrato social.
Posição original: Situação hipotética de igualdade, em que estamos sob o véu da ignorância
1 – Princípio da Liberdade
Cada pessoa tem direito ao mais vasto sistema total de liberdades básicas iguais, que seja
compatível com um sistema semelhante de liberdades para todos.
Rawls aceita alguma desigualdade em termos de riqueza, desde que todos partam de uma base
igual
O igualitarismo puro levaria à estagnação social, sem que as pessoas quisessem assumir cargos
de poder
3 – Princípio da Diferença
A única razão para aceitar que alguns tenham mais é se isso funcionar como compensação para
os mais pobres.
Há fatores que produzem desigualdades económicas, mas que não são controlados pelo
indivíduo (talento artístico, força, beleza).
A regra maximin
Na posição original, os indivíduos tentariam escolher a opção que favorecesse mais os mais
pobres, pois não sabiam qual seria a sua situação
Os contratuantes são seres humanos abstratos, isolados, sem família, comunidade ou história
pessoal. Mas as pessoas reais são um produto de todas estas circunstâncias, sem as quais seriam
completamente diferentes.
Esta teoria defende um papel muito limitado do Estado. Este deve essencialmente garantir a
segurança das pessoas e a justiça pois, ao cobrar impostos, está a interferir indevidamente na
liberdade das pessoas.
Retirar às pessoas aquilo que ganharam legitimamente é, segundo Nozick, trata-las como meros
meios, o que é inaceitável na teoria de Kant
3 – Crítica do acordo
Na posição original não pode haver negociação pois não sabemos o que temos para oferecer,
nem o que vamos receber em troca
Rawls afirma que escolheríamos segundo a regra maximin, sem ter em conta a ponderação
riscos-benefícios, o que não corresponderia à realidade.
o Análise comparativa de duas teorias do conhecimento
Tipos de
conhecimento
Conhecimento por
Saber-que contacto
Saber-fazer
Conhecimento Conhecimento
Competência para
proposicional ou direto de alguma
fazer alguma tarefa
factual realidade
Linguagem e pensamento
São elementos indissociáveis, pois a linguagem, sendo a possibilidade de emitir sons articulados
e de os exprimir por escrito, permite organizar o pensamento. Além disso, a linguagem está
implicada no conhecimento do mundo, na reflexão para o conhecimento e na comunicação dos
seus resultados.
Fontes de conhecimento
Conhecimento a posteriori
Conhecimento a priori Não são estritamente universais
Universal Contingentes (são verdadeiros mas
Necessário (não pode ser falso) podiam ser falsos)
Tipos de juízos
(segundo Kant)
Conhecimento a priori
Sim Não
Empirismo Racionalismo
Conhecimento a priori não nos diz Conhecimento a priori permite-nos
nada sobre a realidade conhecer a realidade, pois assenta em
O conhecimento tem o seu justificações certas e infalíveis
fundamento e os seus limites na As ideias fundamentais do conhecimento
ciência são inatas
Não há ideias inatas As ideias descobrem-se por intuição
O objeto impõe-se ao sujeito intelectual
O conhecimento constrói-se
dedutivamente
Há uma correspondência entre o
pensamento e a realidade (otimismo)
O sujeito impõe-se ao objeto
Fundacionalismo
Sim Não
Dogmatismo Ceticismo
Moderado Radical
Dogmatismo
Não há
É impossível
justificações
ao sujeito Suspensão
suficientes para Dúvida
do juízo
Ataraxia
apreender o
as nossas
objeto
crenças
Contradição: O ceticismo radical afirma que não é possível conhecer, expressando assim um
conhecimento.
Ceticismo mitigado (Arcesilau)
o Racionalismo de Descartes
Método de Descartes
O método de Descartes consiste em recusar todas as crenças nas quais notemos a mínima
suspeita de incerteza, recorrendo à dúvida.
Características do cogito
1 – Argumento ontológico
Temos em nós a ideia de ser perfeito, que é uma ideia que representa uma substância
infinita
A causa dessa ideia não pode ser o ser pensante, porque é finito, e a ideia também não
pode vir do nada
Logo, a causa dessa ideia é Deus.
O sujeito pensante não é a sua própria causa, pois ter-se-ia criado com as perfeições de
que tem ideia. Além disso, não possui o poder de se conservar no seu próprio ser.
Logo, Deus é o criador de tudo, sendo também causa sui (causa de si mesmo)
Impressões
São as nossas sensações Ideias
externas (visuais, auditivas,...) e São as perceções que
os nossos sentimentos. São constituem o nosso
mais vívidas do que as ideias pensamento. São as
representações das impressões
Simples Complexas
Complexas
Simples
Podem derivar ou
Derivam de não de impressões
impressões simples complexas
Tipos de conhecimento
Relação de ideias Questões de facto
Conhecimento a priori Conhecimento a posteriori
Raciocínio dedutivo Raciocínio indutivo, baseado na relação
Não nos diz nada sobre a realidade de causalidade
São juízos analíticos São juízos sintéticos
Princípios de associação de ideias
Causalidade
Semelhança Contiguidade no tempo e no
espaço (causa e efeito)
Logo, o conhecimento
A relação de causa-efeito não é acerca dos factos futuros é
Há apenas uma
uma conexão necessária, pois
conjunção apenas uma suposição ou
não temos qualquer impressão
constante entre probabilidade. Tem como
relativa à ideia de conexão entre
dois fenómenos fundamento psicológico o
fenómenos
hábito ou costume.
O eu
Não podemos justificar o “eu” a partir de intuição imediata, como fez Descartes
As ideias e impressões têm um caráter mutável
Sendo assim, a crença na identidade, unidade e permanência do “eu” é um produto da
imaginação. Não é possível afirmar que o “eu” é uma substância distinta das impressões e
ideias.
O mundo
Só podemos considerar real o mundo exterior se as coisas forem independentes das nossas
impressões (ex: uma flor existir independentemente do facto de estarmos a olhar para ela)
A coerência e a constância de algumas perceções levam-nos a acreditar que há coisas
externas, dotadas de uma existência contínua e independente
Deus
Em relação ao argumento ontológico: não existe um ser cuja existência esteja à partida
demonstrada
Em relação ao princípio da causalidade: parte das impressões para chegar a Deus, mas Deus
não é objeto de qualquer impressão
Fenomenismo: A realidade reduz-se aos fenómenos, àquilo que se aparece ou se mostra. Não
encontramos qualquer princípio ou fundamento suscetível de conferir unidade e conexão às
perceções (não temos provas de que há uma realidade exterior ou uma substância pensante)
Ceticismo cartesiano: Como coloca em questão a nossa faculdade de racionar, não pode ir
para além do cogito.
Ceticismo pirrónico: É impraticável pois, devido à nossa natureza, acreditamos que o mundo
exterior é real e uniforme.
o Natureza do conhecimento
Realismo Idealismo
O sujeito, no ato de conhecer, capta um objeto que O objeto não existe
lhe é exterior e independente independentemente do sujeito.
Ingénuo Crítico Não é uma realidade exterior e
Não distingue a A perceção é sempre uma transcendente, mas sim interior e
perceção do objeto interpretação/ imanente.
percebido (as coisas construção das coisas (o
são tal e qual como as conhecimento não é uma
captamos) reprodução exata da
realidade)
Critério da verificabilidade
Uma teoria é científica se for verificável, ou seja, se for possível verificar empiricamente
aquilo que ela propõe.
Problema da indução: As teorias científicas incluem proposições universais, que não podem
ser comprovadas pela experiência. (Ex: Todos os pássaros têm asas.)
Critério da confirmabilidade
Sim Não
Indutivismo Falsificacionismo
Método indutivista
1 – Observação neutra, objetiva e imparcial
2 – Formulação de hipóteses (descoberta da relação entre os fenómenos)
3 – Elaboração de teorias mediante um processo de generalização indutiva
4 – Tentativa de encontrar confirmações adicionais para a teoria e usá-la para descobrir
generalizações indutivas mais vastas
Críticas ao indutivismo
1 – A observação não é o ponto de partida do método científico
Ainda que o cientista recorra à observação, ela não é totalmente neutra e isenta. Além disso,
algumas teorias referem objetos que ainda não tinham sido observados.
O cientista tem expetativas teóricas, aceita certas teorias, recorre a instrumentos baseados
em determinadas teorias científicas, logo, a observação não é objetiva.
Critério de falsificabilidade
Uma teoria é científica somente se é falsificável, ou seja, se pode ser refutada pela
experiência.
Graus de falsificabilidade
Conteúdo empírico: A informação que uma proposição nos dá sobre o mundo que
observamos
Momento criativo que resulta numa explicação provisória. Uma boa teoria é uma conjetura
ousada, pois tem um elevado grau de falsificabilidade. A hipótese resulta de um raciocínio
abdutivo (criativo) e não da observação.
3 – Experimentação
Critérios objetivos de
escolha de teorias
Segundo Popper, a ciência progride em direção à verdade por tentativa e erro, ou seja, pela
proposta de teorias conjeturais e pela eliminação das teorias que são refutadas.
Como a ciência é conjetural, ela não atinge a verdade, apenas se aproxima dela. Por isso, apenas
podemos mostrar que uma teoria é verosímil.
Popper afirma que resolve o problema da indução no sentido em que dissolve este problema.
Ou seja, mostrou que a injustificabilidade da indução não é um embaraço para a ciência, pois o
raciocínio indutivo não desempenha qualquer papel na investigação científica.
Críticas ao falsificacionismo
Os cientistas não deixam de investigar num certo sentido devido a uma observação
falsificadora. Além disso, focam-se mais nas previsões bem-sucedidas do que naquelas que sõa
um fracasso.
2 – Considerando a história da ciência, não parece que ela possa evoluir por um processo
baseado nas refutações.
Se as teorias não estiverem confirmadas, é irracional confiar nelas. Assim, não seria razoável
presumir que as pontes, aviões, etc., vão comportar-se como esperamos.
Paradigma: É uma forma de fazer ciência, centrada numa teoria que proporciona problemas
e soluções exemplares a uma certa comunidade de investigadores. Um paradigma inclui
regras para aplicar a teoria à realidade, para usar instrumentos e para avaliar explicações.
1 – Não consegue explicar como é que as previsões são cada vez mais rigorosas
Teríamos de dizer que o paradigma geocêntrico não está mais longe da verdade do que o
paradigma heliocêntrico.
Levanta entraves à questão do valor da ciência, pois faz parecer a atividade científica como
algo quase irracional.
Popper Kuhn
O cientista é um sujeito ativo, criativo e O cientista é um sujeito condicionado e
crítico, mas comprometido com ideias, contextualizado.
valores e princípios.
As teorias científicas são uma leitura objetiva A verdade é relativa ao paradigma vigente.
da realidade.
A ciência é independente do contexto e de A escolha de teorias depende de fatores
quem a produz. objetivos e subjetivos.
Os princípios lógicos garantem o rigor e a O conhecimento científico não é objetivo
objetividade do conhecimento científico.
o A criação artística e a obra de arte
Experiência
estética
Empática
Atenta Desinteressada Diálogo com o Ativa
Desligada da objeto
utilidade do objeto
Necessidade
de expressar
os
sentimentos e
emoções
Existência de
O público O que é um artista
recria a arte e que
reinterpreta-a a arte? transfigura a
realidade
Linguagem
polissémica
(pluralidade
de
significados)
Arte
Valor
Natureza Critério
Porque a
Características O que a distingue
apreciamos
Definições essencialistas
Platão e Aristóteles defenderam que a arte consiste num certo modo de imitação da natureza.
Esta teoria é também conhecida como teoria mimética.
A arte é pensada de acordo com o grau de fidelidade à realidade retratada, seja ela um objeto
físico ou os comportamentos humanos.
Baseia-se no prazer que o ser humano retira das imitações (pinturas, peças de teatro,…), às vezes
superior ao prazer da contemplação da própria realidade.
Redução ao absurdo - a melhor arte é a eu leva a tal nível essa imitação que consegue enganar
as pessoas. Mas na realidade, não é essa a arte mais valorizada.
Lev Tolstoi e R.G. Collingwood defenderam que a verdadeira obra é algo puramente mental, que
o artista pode concretizar fisicamente, projetando-a sobre a forma de um objeto estético.
O público deve exercitar a sua imaginação sobre o objeto, de modo a recriar na ssua mente a
emoção inicial do artista. A obra é um elo de ligação comunicativa e sentimental entre ambos
os sujeitos.
Alguns intérpretes descobrem, numa obra, propriedades ou sentidos não intencionados por
parte do autor, por isso não podem fazer parte da obra.
O que fazer quando essas propriedades são fundamentais para o valor da obra?
Os artistas não sentem sempre tudo o que as suas obras exprimem no momento em que as
concebem.
4 – Arte inexpressiva
Alguma arte é apreciada por outras qualidades estéticas valiosas que não são do tipo expressivo.
3 – A teoria formalista
Friedrich Schiller, Eduard Hanslick e Clive Bell afirmaram que o que faz de algo uma obra de arte
é o facto de possuir uma forma que pode ser apreciada esteticamente: a forma significante.
O que é artístico numa obra não é a sua capacidade para gerar emoções, mas sim as relações
entre as suas qualidades formais: na pintura, as cores e o equilíbrio; na poesia, os sons, as
repetições e cadências de palavras; na música, as harmonias e os ritmos; na dança, os
movimentos e as figuras.
O estatuto de arte passa a depender não de fatores demasiado subjetivos, mas de propriedades
objetivas e autónomas da própria obra.
O conceito de forma significante pode ser aplicado a quase tudo: qualquer objeto tem uma
forma e relaciona diferentes elementos entre si. Além disso, em certas artes, é difícil saber em
que consiste a forma significante.
2 – Forma e conteúdo são inseparáveis
Dizer que só os aspetos formais contam torna o conteúdo irrelevante, sendo este um defeito da
obra. No entanto, ignorar o conteúdo pode impedir-nos de compreender a obra (ex: na poesia,
o sentido das palavras é importante)
3 – Se o prazer estético depende da perceção correta das formas só as pessoas com elevada
sensibilidade, ou educação estética, como os críticos de arte, podem ter experiências estéticas.
Teorias não-essencialistas
1 – Anti-essencialismo
Morris Weitz e Ludwig Wittgenstein defenderam que a arte é um conceito aberto, que está em
constante mutação, até porque alguns artistas veem como um dos objetivos das suas obras
precisamente pôr em causa o conceito de arte vigente.
2 – A teoria institucional
Geoge Dickie e Arthur Danto afirmaram que a arte depende não da qualidade das obras, mas
sim do contexto convencional ou institucional que as rodeia, e na relação que os seus autores
pretendem estabelecer entre o que criam e o mundo da arte.
Uma obra de arte é um artefacto com um conjunto de aspetos ao qual foi conferido o estatuto
de candidato para apreciação pelo mundo da arte.
1 – Arte adventícia
Pessoas sem relação nenhuma com a arte também produzem objetos considerados como arte
Uma obra de arte é um objeto acerca do qual uma pessoa que seja a proprietária dele tenha a
intenção duradoura de que ele seja visto como uma obra de arte, ou seja, visto como foram as
obras de arte anteriores.
1 – O direito de propriedade
Se um artista usar materiais que acredita erradamente serem sua propriedade, as pinturas em
que os usou não são obras de arte?
2 – Intencionalidade
O artista podia não ter pensado que a sua obra ficaria para a posterioridade.
Os primeiros artistas não podiam contar com um modo de ver obras de arte no passado.
4 – Excesso de inclusividade
No retrato em pintura, o objetivo é ver a imagem da pessoa retratada, o que também acontece
com a fotografia tipo passe, ainda que esta não seja considerada arte.
Há, assim, práticas que continuam um aspeto de uma tradição de ver algo como arte, mas que
não são consideradas como arte.
o Religião, razão e fé
Religião
É constituída por uma dimensão pessoal (crença), uma dimensão pública e social (cultos e
ritos) e po uma noção de tempo sagrado (feriados religiosos).
O teísmo
Único
Supremamente
Omnisciente bom
Deus
Omnipotente Perfeito
Argumentos sobre a existência de Deus
Qualquer coisa finita é causada por algo diferente de si mesma: neste caso, Deus.
Deus teria de ser a causa de si mesmo. Mas teria de existir para se gerar. E, se já existia, não
precisava de se gerar.
Se tudo o que existe tem uma causa, Deus, que existe, também tem.
Ainda que todos os acontecimentos tenham uma causa, não significa que exista uma primeira
causa. A série de causas e efeitos poderia estender-se ao longo de um tempo sem fim, quer na
direção do passado, quer do futuro.
Por exemplo, as séries numéricas são infinitas em qualquer uma das direções.
3 – Mesmo que haja uma causa primeira, isso não prova que essa causa seja Deus.
Da mesma forma, ao olharmos para a natureza, vemos que tem uma grande complexidade,
sendo que todas aas partes e funções são necessárias. Logo, tem um criador, Deus.
O facto de os animais e as plantas estarem bem adaptados às suas funções poderia ser
explicado pela seleção natural, proposta por Darwin.
3 – Limitações da prova
Memso que a analogia prove que algo inteligente criou o Universo, não demonstra a existência
do Deus do teísmo: omnipotente, omnisciente, bondoso, infinito…, ou até que foi apenas um
ser a criar o Universo.
3. Dado que existir na mente é menos perfeito do que existir na mente e fora dela.
Ex. 2: A proposição “Um triângulo tem três lados.” Manifesta uma necessidade lógica, e não diz
que três ângulos são absolutamente necessários. Diz apenas que, se existir um triângulo, ele
tem que ter três ângulos.
Razão e fé
Razão e fé
Ateísmo
A razão tem a primazia. Teísmo Agosticismo
Nega a existência de
Deus.
Fideísmo
A fé tem a primazia.
O fideísmo de Pascal
Acreditar em Deus com base em provas racionais e argumentos é errado, no sentido em que
não é verdadeira fé religiosa. A verdadeira fé consiste em acreditar de uma maneira cega, algo
que parte do nosso sentimento.
Críticas ao fideísmo
1 – Quando temos algum conhecimento sobre algo contrário à existência de Deus, teríamos
que forçar a mente a acreditar em algo que é o oposto daquilo que pensamos.
2 – Será possível escolher qual a faculdade que usamos para acreditar que algo é verdade?
Se a razão é um meio para chegar à proposição “Deus existe.”, porque devemos ignorá-la? Até
porque a razão costuma ser mais fiável do que a fé. Por que não podemos acreditar com base
em ambos os meios?
3 – Se o sentimento interior é o único guia em matéria religiosa, todas as religiões têm razão
acerca das suas crenças, o que não é possível, visto terem crenças contraditórias.
A aposta de Pascal
Se não pudéssemos fazer o mal, não seríamos livres, nem moralmente bons ou maus.
B) Um mundo com mal moral mas com livre-arbítrio é melhor do que um mundo sem mal moral
e sem livre-arbítrio.
1 – Em relação a A)
Podíamos ter a capacidade de escolher diferentes ações, sem que nenhuma originasse o mal.
Deus podia-nos ter criado para pensarmos sempre bem do ponto de vista moral, e assim, nunca
quereríamos fazer o mal.
2 – Em relação a B)
Deus podia até criar os seres humanos com a ilusão de serem livres.
Isto não põe em causa a omnipotência de Deus, pois ele não pode fazer algo logicamente
impossível (Ex: Fazer com que 2+2 seja 5). Qualquer outro Universo teria tanto ou mais mal do
que este.
2 – Parte do princípio que Deus é bom e omnipotente para justificar que este tem de ser o
melhor Universo possível. Mas a hipótese de que Deus é bom e omnipotente é o que está a
ser discutido. O argumento entra, assim, em petição de princípio.