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Inês de Castro

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Português — 9.

º ANO

Síntese do episódio “Inês de Castro”

Episódio lírico; Plano da história; ( Canto III, 118 a 135)

O episódio de Inês de Castro, relativamente à estrutura interna d'Os Lusíadas, insere-se no Plano da História
de Portugal e surge na narrativa efetuada por Vasco da Gama ao Rei de Melinde, ao ser narrada a História do
reinado de D. Afonso IV. 

Inês de Castro   era uma das damas castelhanas que vieram no séquito de D. Constança, aquando do seu
casamento com D. Pedro, (filho de D. Afonso IV) herdeiro da coroa portuguesa.  Entre Inês e D. Pedro surgiu
uma grande paixão, muito temida pela influência que podia exercer, porque Inês pertencia a uma poderosa
família da nobreza castelhana. Estava em jogo a ética de Portugal e o medo da perda de independência.

O idoso e orgulhoso D. Afonso IV não podia tolerar esta influência, que se dizia existir, por parte da família de
Inês de Castro, sobre D. Pedro, o futuro Rei de Portugal, acabando por ordenar a sua morte.

Este é um dos mais célebres episódios da nossa História e é um dos mais recordados por escritores nacionais e
estrangeiros.  A "Linda Inês" ultrapassou as nossas fronteiras, existindo muitas obras, em prosa e em verso, em
teatro e em cinema, na ópera, no bailado e na pintura, o que prova a paixão exercida, pelo tema, sobre poetas
historiadores, músicos e artistas plásticos .

 Justifica-se, pois, os interesses, que vamos colocar no estudo deste episódio, dos mais conhecidos d'
Os Lusíadas, quanto mais não seja para apreciarmos, nós também, os moldes em que foi cantado pelo nosso
grande épico-Camões.

Elevado a mito nacional, o episódio da morte de Inês de Castro é o drama amoroso e foi imortalizado pelo

Poeta em dezoito estâncias de intenso lirismo, ainda que a estrutura usada seja semelhante à dos textos

dramáticos.

Como a Tragédia grega tem presente a Fatalidade, o Destino, o Amor, o Terror, a Piedade e o Coro,

que o Poeta recria com os seus comentários, acompanhando o desenrolar da situação.

A própria personagem obedece perfeitamente ao cânone clássico: ama quem lhe é proibido, desafiando dessa

forma a linha do seu destino, sendo fatalmente castigada com a morte.

Com considerações sobre o Amor, que surge personificado e como grande culpado, o poeta faz a introdução do

episódio. O seu desenvolvimento tem nas palavras de D. Afonso IV, herói que regressara vitorioso da batalha do

Salado, a justificação do motivo da morte de Inês de Castro. Existe um contraste entre os actos do Rei militar,

coberto de glória, que combateu pela Fé, e que quer agora levantar a mesma espada contra uma donzela inocente.

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A descrição das lembranças felizes de D. Inês e de D. Pedro I, dos momentos de alegria que partilhavam,

servem para mais cruelmente marcar “o engano da alma, ledo e cego”, (120.3) e acentuar o contraste com o seu

fim trágico.

A donzela frágil e indefesa é levada por brutos algozes  à presença do Rei inflexível, que determina a sua

morte. Não é por fraqueza de carácter ou pura crueldade que o faz, mas porque as vozes do povo assim o

exigem.

As lágrimas correm dos “olhos piedosos “(125.2) de Inês, que pede clemência pelos filhos pequenos, não por

ela. Por eles, Inês propõe ao Rei partir para longe de quem ama, mas onde pudesse criar os frutos de tal amor.

Inês não tem defesas para além das suas súplicas, não tem outras armas a não ser as lágrimas para mover a

piedade de tão ferozes carrascos.

D. Afonso IV está à beira do perdão. Mas levantam-se uma vez mais as vozes do povo, a exigir o sacrifício. O

Destino cruel de Inês está decidido. É barbaramente executada, num acto cobarde, comparado pelo poeta a

outros assassínios terríveis que povoaram as tragédias gregas.

Em jeito de conclusão, Camões mostra a própria Natureza entristecida diante do crime, chorando “a morte

escura “(135.1) da donzela, perpetuando a fatalidade numa “ fonte pura” (135.3) de onde correm lágrimas em vez

de água, que recordará para sempre tais Amores.

Síntese do episódio de Inês de Castro


1- Tipo de episodio: Lírico
2- Canto: III 
3- Plano: História de Portugal
4- Narrador: Vasco da Gama (omnisciente e subjetivo) está a contar a história de Portugal ao rei de Melinde.
5- Argumentos de Inês:
a) Oposição entre a crueldade dos homens e piedade dos animais selvagens pelas crianças (126);
b) Não é humano matar uma donzela inocente (127);
c) Invocação da sua fraqueza da sua inocência e da orfandade dos seus filhos (127);
d) Pedido de clemência (128);
e) Sugestão de exílio na Cítia ou na Líbia ou entre os leões e tigres(129);
6- Evolução psicológica de D. Afonso IV:
1º Determina matar Inês, por causa do murmurar do povo e do filho que não se queria casar com outra (122-123);
2º Fica com piedade, porque viu Inês com as crianças (124);

2
3º O Rei é persuadido pelo povo com falsas e ferozes razões (124);
4º Queria perdoar-lhe por causa do seu discurso (130);
5º O povo convence o Rei a matá-la, porque assim estava destinado(130);
7- Características da tragédia clássica presentes no episodio de Inês:
a) Personagens de alta estirpe social – “Depois de ser morta foi rainha”
b) Presença de sentimentos de piedade e horror:
“Já movido a piedade”; “horríficos algozes”;“ brutos matadores”; ”férvidos e irosos”; "olhos piedosos”.
c) Presença do destino que castiga personagens inocentes: - “Que a fortuna não deixa durar muito…”;”E o seu
destino (que desta sorte o quis)”
d) Existência de um ponto culminante
Decisão de matar e morte de Inês (130-132)
e) Existência de um coro que vai comentando as partes mais trágicas.
Comentários do narrador (Camões): “contra uma dama, ó peitos carniceiros, Feros vos amostrais e cavaleiros?”

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