Portugal Do Século XX

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PORTUGAL DO SÉCULO XX

DA REVOLUÇÃO REPUBLICANA DE 1910 À DITADURA MILITAR DE 1926


 
A AÇÃO MILITAR NO 5 DE OUTUBRO E A QUEDA DA MONARQUIA
Formação do Partido Republicano
Descontentamento da população no fim do século XIX
A população, no fim do século XIX encontrava-se bastante descontente:
 Os camponeses e os operários continuavam a viver com grandes dificuldades enquanto que a alta
burguesia recebia cada vez mais lucros.
 O rei e a família real eram acusados de gastar mal o dinheiro, o que contribuiu para o endividamento do
reino.
 
Partido Republicano (1876)
Formou-se nesta altura o Partido Republicano que pretendia acabar com a Monarquia para passar a haver uma
República, ou seja, deixaria de haver reis para haver presidentes eleitos por um determinado tempo.
Os republicanos acreditavam que desta forma conseguiria-se modernizar o país e melhorar as condições de vida dos
mais pobres.
 
Disputa pelos territórios africanos
Conferência de Berlim (1884-1885)
Vários países europeus, como a Grã-Bretanha, a Alemanha e a França, entraram em conflitos por causa dos territórios
africanos pois possuíam muitas riquezas.
Para resolver estes conflitos realizou-se a Conferência de Berlim onde ficou estabelecido que os territórios seriam
partilhados de acordo com a sua ocupação efetiva, ou seja, de acordo com quem tivesse meios para os ocupar, sem
interessar quem os descobriu.
 
Ultimato inglês
Portugal apresentou o Mapa Cor-de Rosa na tentativa de ocupar os territórios entre Angola a Moçambique.
Grã-Bretanha não aceitou porque queria os mesmos territórios para ligar Cabo a Cairo, e então fez um ultimato a
Portugal para abandonar aqueles territórios.
O governo português cedeu ao ultimato, o que agravou o descontentamento da população. Muitas pessoas passaram a
apoiar o Partido Republicano pois pretendiam um governo forte.
 
Revoltas republicanas
31 de Janeiro de 1891 – Revolta republicana
A cedência perante o Ultimato inglês foi considerado um ato de traição à pátria. Os republicanos aproveitaram ainda
para acusar o rei de gastar mal o dinheiro e deixar o país cheio de dívidas, e culpou-o também pela miséria dos mais
pobres.
Dia 31 de Janeiro de 1891 surgiu uma revolta na tentativa de acabar com a monarquia mas não foi bem sucedida. No
entanto, mostrou o crescimento do Partido Republicano.
 
1 de Fevereiro de 1908 – Regícidio
O rei D. Carlos I foi morto a tiro quando passava de carruagem pelo Terreiro do Paço em Lisboa. Com ele morreu o
herdeiro do trono D. Luis Filipe. Ficou a governar o seu irmão D. Manuel II. Foi mais um ato para tentar acabar com a
monarquia.
 
5 de Outubro de 1910 – Queda da Monarquia e implantação da República
Na madrugada de 4 de Outubro de 1910 iniciou-se a revolução republicana. Os militares republicanos (membros do
exército e da marinha) e os populares pegaram em armas e concentraram-se na Rotunda, atual praça Marquês de
Pombal.
As tropas fiéis ao rei eram em maior número, mas mesmo assim não conseguiram acabar com a revolta e na manhã de
5 de Outubro de 1910 foi proclamada a República, acabando assim com a Monarquia.
 
 
A 1ª REPÚBLICA
Primeiras medidas republicanas

Formação de um Governo Provisório


Após a proclamação da República foi criado um Governo Provisório, presidido por Teófilo Braga, que tomou as
seguintes medidas:
 adotou-se uma nova bandeira;
 o hino nacional passou a ser “A Portuguesa”;
 a moeda passou a ser o escudo em vez do real.
 

Simbologia da nova bandeira:


 Esfera armilar: representa o mundo que os navegadores portugueses decobriram;
 Escudetes azuis: representam a bravura dos que lutaram pela independência;
 Castelos: representam a independência garantida por D. Afonso Henriques;
 Verde: cor da esperança;
 Vermelho: cor da coragem e do sangue derramado pelos portugueses mortos em combate.
 
 
A Constituição republicana
Assembleia Constituinte
Depois de criado o Governo Provisório fizeram-se eleições para formar a Assembleia Constituinte que tinha como
função elaborar a nova constituição – a Constituição de 1911.
Nesta constituição ficou estabelecido que:
 o chefe de estado de Portugal passa a ser um Presidente da República em vez de um rei;
 é eleito por um período de 4 anos;
 tem o poder de escolher o governo;
 o congresso tem o poder de eleger e demitir o Presidente da República.
 
Divisão de poderes
 Poder legislativo: pertence ao Congresso ou Parlamento – deputados.
 Poder executivo: pertence ao Presidente da República e o seu governo – presidente e ministros.
 Poder judicial: pertence aos Tribunais – juízes
 
 
Principais medidas da I República
Na Educação
 criação dos primeiros jardins-escola para crianças dos 4 aos 7 anos;
 ensino obrigatório e gratuito dos 7 aos 10 anos;
 criação de escolas primárias, de um liceu em Lisboa (liceu Passos de Manuel) e de universidades (de
Lisboa e do Porto);
 criação de escolas para formação de professores;
 criação de bibliotecas.
O principal objetivo destas medidas era acabar com o analfabetismo.
 
No Trabalho
 direito à greve;
 direito a oito horas de trabalho e a um dia semanal de descanso;
 criação de um seguro obrigatório para doença, velhice e acidentes de trabalho.
 
Sindicato: associação de trabalhadores de uma mesma profissão que defendia os direitos dos trabalhadores.
Greve: forma de luta mais utilizada pelos trabalhadores em que se recussavam a trabalhar para que o Governo e os
patrões cedessem às suas reinvidicações.
CGT: Confederação Geral do Trabalho – união de vários sindicatos.
UON: União Operária Nacional
 
 
Dificuldades da I República
No entanto, a 1ª República atravessou vários problemas que fez crescer o descontentamento da população.
 
Participação de Portugal na I Guerra Mundial
A Inglaterra e a França entrou em guerra com a Alemanha por causa dos territórios africanos. Depois, vários outros
países europeus entraram na guerra, bem como países de outros continentes, por isso diz-se que foi uma Guerra
Mundial.
A Inglaterra pediu a Portugal que apreendesse os navios alemães refugiados nos portos portugueses. A Alemanha, em
resposta, declarou guerra a Portugal e tentou ocupar os territórios portugueses em Angola e Moçambique.
A guerra terminou com a vitória dos ingleses, franceses e os seus aliados, e assim Portugal conseguiu manter as suas
colónias. No entanto, as despesas militares durante a guerra contribuíram para um maior endividamento do reino.
 
Subida de preços e aumento de impostos
Os preços dos produtos aumentaram enquanto os salários não acompanharam essa subida.
As despesas do reino eram superiores às receitas. Os governos republicanos recorreram a empréstimos ao estrangeiro
e para os pagar aumentaram-se os impostos.
Tudo isto fez com que se tornassem frequentes as greves, revoltas e assaltos a armazéns de comida.
 

Instabilidade política
Os governos mudavam frequentemente e os presidentes ou se demitiam ou eram demitidos. Só entre 1910 e 1926
houve 8 presidentes e 45 governos.
 
 
O GOLPE MILITAR EM 28 DE MAIO
Crise em Portugal durante a I República
 Crise social:
 subida dos preços
 redução do poder de compra
 greves e manifestações
 atentados à bomba
 Crise financeira:
 despesas superiores às receitas
 crescimento da dívida externa
 Crise política:
 mudanças sucessivas de governo – instabilidade política
 
Golpe militar de 28 de Maio de 1926
A 28 de Maio de 1926, o general Gomes da Costa chefiou uma revolta militar que teve início em Braga e estendeu-
se até Lisboa. Por todo o país os militares foram aderindo a este movimento. O Presidente da República, Bernardino
Machado, demitiu-se e entregou o poder aos revoltosos.
 
Principais medidas durante a Ditadura militar
Foram tomadas várias medidas que colocaram fim à democracia da I República:
 o Parlamento foi encerrado;
 o governo passou a ser escolhido pelos militares, sem eleições;
 os militares possuíam o poder legislativo e executivo;
 a imprensa passou a ser censurada;
 as greves e as manifestações foram proibidas.
 
Portugal foi governado neste período segundo uma ditadura, ou seja, segundo um governo autoritário, não
democrático, que não respeitava as liberdades e direitos dos cidadãos.
Apesar destas medidas a ditadura não veio resolver os problemas existentes em Portugal:
 os militares não se entendiam e as mudanças sucessivas de governo continuaram;
 as despesas continuavam superiores às despesas;
 continuou o recurso aos empréstimos ao estrangeiro, aumentando a dívida externa.

O ESTADO NOVO (1933-1974)


SALAZAR E O ESTADO NOVO
Ascensão política de Salazar
Em 1928, António de Oliveira Salazar foi nomeado ministro das Finanças e conseguiu equilibrar as contas
públicas. Para isso, Salazar:
 aumentou as receitas, através do aumento dos impostos
 diminuiu as despesas do Estado, através da redução de gastos com a Educação, Saúde e com os salários
dos funcionários públicos.
Em 1932, Salazar foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros, ou seja, passou a ser o chefe do Governo.
 
Constituição de 1933
Em 1933, foi aprovada uma nova constituição em que os direitos e liberdades dos cidadãos eram reconhecidos e
ficou estabelecido que o Presidente da República e os deputados seriam eleitos pelos cidadãos.
No entanto, as eleições não eram verdadeiramente livres e os direitos e liberdades dos cidadãos nem sempre foram
respeitados por Salazar. Foi constituído novamente o Parlamento que apenas servia para aprovar as leis impostas pelo
governo.
 
Política de obras públicas
Durante o Estado Novo construíram-se estradas, barragens, hospitais e edifícios públicos. Esta política permitiu a
modernização do país e combateu o desemprego junto das áreas urbanas. Salazar aproveitou também esta política de
obras públicas para engrandecer o seu trabalho à frente do país e assim fazer propaganda.
 
Receitas do turismo e da emigração
Desenvolveu-se o turismo, o que permitiu a entrada de mais receitas para o Estado.
Apesar do desenvolvimento do país, muitas pessoas continuavam a viver em grandes dificuldades e
decidiram emigrar. O dinheiro enviado para Portugal pelos emigrantes foi outra fonte de receitas para o Estado.
 
 
Suportes do Estado Novo
Para Salazar conseguir tanto tempo no poder teve vários suportes:
 Censura: da imprensa, teatro, cinema, rádio e televisão, que impedia a divulgação de opiniões contra o
regime salazarista.
 Polícia política: PVDE, que passou mais tarde a chamar-se PIDE, que vigiava, perseguia, prendia e
torturava os opositores ao regime de Salazar.
 Mocidade Portuguesa: organização com fim de desenvolver o culto do chefe, dever militar e devoção à
pátria nos jovens dos 7 aos 18 anos.
 Legião Portuguesa: organização armada que defendia o Estado Novo e combatia o Comunismo.
 Propaganda Nacional: tinha como objetivo obter apoio da população.
 União Nacional: única organização política legal que apoiava Salazar.
 
 
Oposição política
Eleições legislativas de 1945
Os opositores ao salazarismo organizaram-se clandestinamente para não serem perseguidos e presos. Outros tiveram
de sair do país (exilados políticos).
A oposição cresceu em 1945 quando terminou a II Guerra Mundial, com a vitória dos países democráticos (EUA,
França, Inglaterra e seus aliados), onde os direitos e liberdades dos cidadãos eram respeitados. Estes países
pressionaram Salazar e este marcou eleições legislativas.
A oposição uniu-se e criou o MUD (Movimento de Unidade Democrática). No entanto, o governo não permitiu que a
oposição fizesse campanha eleitoral nem que a contagem dos votos fosse fiscalizada. Quem fosse suspeito de
pertencer à oposição era tirado das listas eleitorais para não puderem votar. Os dirigentes do MUD decidiram então
apelar à abstenção e assim a União Nacional conseguiu eleger todos os seus candidatos.
 
Eleições presidenciais de 1958
O general Humberto Delgado, com o apoio de toda a oposição, candidatou-se às eleições presidenciais de 1958.
Apesar do grande apoio que teve da população, foi Américo Tomás, pertencente à União Nacional, quem venceu as
eleições, que foram consideradas fraudulentas pela oposição.
Depois destas eleições, Salazar mudou a lei e criou um colégio eleitoral que passa a eleger o Presidente da República.
 
 
A GUERRA COLONIAL
Depois da II Guerra Mundial, os países como a Bélgica, a Inglaterra e a Holanda reconheceram a independência da
maioria das suas colónias. No entanto, Salazar não fez o mesmo e a União Indiana e a população africana das colónias
portuguesas começaram a revoltar-se contra Portugal.
 1961: União Indiana ocupou Damão, Diu e Goa
 1961: revolta da Angola
 1963: revolta da Guiné
 1964: revolta de Moçambique
 
Salazar respondeu com o envio de muitos militares para as colónias. Esta Guerra Colonial, que durou 13 anos (1961-
1974), teve como principais consequências:
 o ferimento e morte de muitos soldados portugueses
 e uma grande despesa com os gastos militares.

O 25 DE ABRIL DE 1974 E O REGIME DEMOCRÁTICO


A AÇÃO MILITAR E POPULAR EM 25 DE ABRIL
Saída de Salazar do poder
Salazar saiu do poder quando adoeceu gravemente em 1968. No entanto, Marcelo Caetano substituiu-o mantendo os
seus ideais: manteve a DGS (Direção Geral de Segurança – antiga PIDE) e a Guerra Colonial.
 
Fim da ditadura
A falta de liberdade, o aumento do custo de vida e as despesas militares e muitas mortes durante a Guerra Colonial
contribuíram para o aumento do descontentamento da população, o que levou ao fim da ditadura.
 
25 de Abril de 1974
Golpe militar organizado pelo MFA – Movimento das Forças Armadas – apoiado pelos populares. Várias cidades
foram dominadas sem grande resistência.
Marcelo Caetano refugiou-se no quartel do Carmo que foi cercado pelas tropas do capitão Salgueiro Maia e aceitou
render-se perante um oficial superior: general António de Spínola. Acabou por ser preso, tal como Américo Tomás
(presidente da República).
 
 
Primeiras medidas do MFA
 poder entregue a uma Junta de Salvação Nacional, presidida pelo António de Spínola
 dissolução da Assembleia Nacional
 extinção da DGS
 abolição da censura
 libertação dos presos políticos
 negociações para pôr fim à Guerra Colonial
 
 
A INDEPENDÊNCIA DAS COLÓNIAS
Colónias africanas
António de Spínola reconheceu o direito à independência dos povos africanos e assim se formaram cinco novos
países:
 Em 1974 – Guiné-Bissau
 Em 1975 – Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde
 
Colónias do Oriente
As colónias do continente asiático tiveram outros destinos:
 Em 1999 – Macau passou a ser território chinês
 Em 2002 – Timor-Leste tornou-se independente depois de ter sido invadido pela Indonésia e passou a
chamar-se Timor-Lorosae
 
 
RESTABELECIMENTO DA DEMOCRACIA
Constituição de 1976
 Em 25 de Abril de 1975 – realizaram-se eleições para eleger os deputados para a Assembleia
Constituinte que tinha como função elaborar uma nova constituição
 Em 25 de Abril de 1976 – foi aprovada a Constituição de 1976 que garantiu a separação dos poderes e
os direitos e liberdades dos cidadãos
 
Democracia
 o governo voltou a governar segundo um regime democrático, ou seja, respeitando os direitos e
liberdades dos cidadãos
 assim os cidadãos voltaram a ter o direito de escolher os seus governantes – direito de voto
Poder Central
 conjunto de órgãos que exercem o seu poder sobre todo o território nacional e que abrange toda a
população:
 Presidente da República
 Governo (1º ministro e restantes ministros)
 Assembleia da república (deputados)
 Tribunais (juízes)
 
Separação dos poderes do poder central
 Presidente da República
 promulga e manda publicar as leis
 é escolhido pelos cidadãos eleitores
 Governo
 executa as leis
 o 1º ministro é escolhido pelo presidente da República e os restantes ministros são
escolhidos pelo 1º ministro
 Assembleia da República
 faz as leis
 os deputados são escolhidos pelos cidadãos eleitores
 Tribunais
 julgam quem não cumpre as leis
 os juízes não são escolhidos por eleições
 
Autonomia dos Açores e da Madeira
A Madeira e os Açores têm os seus próprios órgãos de governo:
 Assembleia Regional
 faz as leis respeitando a Constituição e as leis gerais da República
 os deputados são escolhidos pelos cidadãos eleitores da região
 Governo Regional
 executa as leis
 o primeiro ministro é escolhido pelo partido mais votado para a Assembleia Regional que
depois escolhe os restantes ministros
 
Apesar de terem órgãos de governo próprios, continuam a estar dependentes do Poder Central, como qualquer outra
região de Portugal.
 

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