Direito Eleitoral

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DIREITO ELEITORAL

JUSTIÇA ELEITORAL: CONCEITOS E FONTES

São fontes do direito eleitoral, também chamadas de arcabouço normativo:

 Constituição federal, artigos 14 a 17 e os artigos 118 a 121;


 Lei 9504/65 – lei das eleições
 Código eleitoral – lei 4737/65
 Lei complementar 64/90 – lei das inelegibilidades
 Lei 9096/95 – lei dos partidos políticos
 Resoluções do TSE
Importante frisar, antes de qualquer coisa, que a legislação eleitoral sobre
constantes modificações, sobretudo a cada 2 anos, que são anos em que ocorrem as eleições,
porém, é preciso sempre respeitar o artigo 16 da CF, posto que é cláusula pétrea, que prevê o
princípio da anualidade, a lei que altera o processo eleitoral – inclusive a jurisprudência –
deve respeitar esse princípio da anualidade, não promovendo alterações no processo
eleitoral em não de eleição. Ela entra em vigor de imediato, mas só passa a ser aplicada após
um ano.
Acerca desse princípio da anualidade, é pertinente destacar o entendimento dos
tribunais superiores sobre o assunto, que foram objeto de ação de constitucionalidade, a
seguir:

Não modifica o processo eleitoral e constitui alteração meramente procedimental


a modificação legislativa que estabelece a responsabilidade solidária do candidato com o
administrador da campanha pela veracidade das informações financeiras e contábeis, exigindo
que ambos assinem a respectiva prestação de contas (ADI n. 3.741). Logo, essa modificação
não se sujeita ao princípio da anterioridade eleitoral.

As normas que estabelecem horário para a realização de comícios e a utilização de


aparelhagem de som não alteram o processo eleitoral e, por consequência, não se sujeita ao
princípio da anterioridade eleitoral (ADI n. 3.741).
 As normas proibitivas de doação de dinheiro, de troféus, prêmios, ajudas de
qualquer espécie feitas por candidato, entre o registro e as eleições, a pessoas físicas e
jurídicas constitui modificação procedimental e não se sujeita ao princípio da anterioridade
eleitoral (ADI n. 3.741).

O direito eleitoral é o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos, as


normas e os procedimentos que regulam o exercício do direito fundamental de sufrágio com
vistas à concretização da soberania popular, à validação da ocupação de cargos políticos e à
legitimação do exercício do poder estatal. Ele se ocupa em preservar o estado democrático de
direito.
Existem quatro diretrizes básicas para a regulação do processo político-eleitoral,
quais sejam:
1) Igualdade política entre os cidadãos;
2) Igualdade de oportunidade ou paridade de armas aos candidatos e partidos;
3) Legitimidade do processo eleitoral
4) Liberdade de expressão político eleitoral

Entre os princípios norteadores do direito eleitoral brasileiro incluem-se o


princípio da igualdade, o princípio do devido processo legal, o princípio da publicidade e
o princípio da preclusão ou da eventualidade.

São princípios do processo eleitoral:

1) Soberania popular
2) Princípio republicano
3) Sufrágio universal
4) Legitimidade das eleições
5) Moralidade para o exercício do mandato
6) Probidade administrativa
7) Igualdade ou isonomia
8) Pluralismo político
9) Liberdades de expressão e informação
SUFRÁGIO VOTO ESCRUTÍNIO
É o direito de votar e ser meio pelo do qual é exercido Apuração dos votos
votado o sufrágio, ele concretiza um
direto abstrato, o direito ao
sufrágio

JUSTIÇA ELEITORAL: ÓRGÃOS E COMPOSIÇÃO

A Justiça eleitoral é uma justiça federal especializada, sendo a única que não
possui um quadro próprio de magistrados, já que os integrantes dessa justiça pertencem a
outros órgãos do poder judiciário, compondo-se também de juristas que vêm da classe de
advogados.

Sua competência também é especializada, de modo que ela se ocupa do processo


eleitoral, do cadastro de eleitores e candidatos e partidos, prestação de contas dos partidos.

 Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:

I - o Tribunal Superior Eleitoral;

II - os Tribunais Regionais Eleitorais; (27 no total)

III - os Juízes Eleitorais;

IV - as Juntas Eleitorais.

O TSE é composto de 7 ministros: 3 vêm do STF escolhidos em eleição pro


própria do órgão, 2 vêm do STJ, também por eleição própria do órgão e 2 juristas.

Dentre os ministros do STF, um será o presidente do TSE, outro será o vice-


presidente e o terceiro um simples representante da corte

Dentre os ministros oriundos do STJ, um será o corregedor geral eleitoral e o


outro mero representante da corte.

Os juristas são advogados nomeados pelo presidente da república a partir de duas


listas tríplices enviada pelo STF, de cada lista se escolhe um nome e não necessariamente são
escolhidos juntos.
O TSE não possui órgão fracionário como turmas, sessões etc. Ele delibera por
maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros, assim, o
quórum para a instauração de uma sessão no TSE são de 4 ministros, deliberando entre a
maioria entre eles. Porém, como toda regra possui exceção, será necessária a presença dos 7
ministros do TSE quando a pauta da reunião versar sobre:

 Matéria constitucional; ex: controle difuso de alguma coisa


 Cassação de registro de partido político;
 Anulação geral de eleição;
 Perda de diploma.

O TSE possui 2 tipos de competências, as jurisdicionais, também chamadas de


função típica, dispostas no Código Eleitora, artigo 22 e as administrativas, também chamada
de função atípica, previstas no artigo 23 do Código Eleitoral.

 Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:

        I - Processar e julgar originariamente:

        a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de
candidatos à Presidência e vice-presidência da República;

        b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de Estados diferentes;

        c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da sua
Secretaria;

        d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juízes
e pelos juízes dos Tribunais Regionais;

        e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente
da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando
houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a
impetração;    

        f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua
contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;

        g) as impugnações á apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de


diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;

        h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta
dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte
legitimamente interessada.          
        i) as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão,
não houverem julgado os feitos a eles distribuídos.       

        j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias
de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em
julgado.         

        II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do Art. 276
inclusive os que versarem matéria administrativa.

        Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorrível, salvo nos casos do Art. 281.

JUSTIÇA ELEITORAL: AÇÃO RESCISÓRIA

A ação rescisória tem previsão no artigo 22, inciso I, alínea j do CE. Ela será
julgada, por competência originária, pelo TSE quando for caso de inelegibilidade, desde que
ela tenha sido ajuizada no prazo de 120 dias a partir de decisão irrecorrível. Esse prazo é
decadencial. Assim, precisa haver os seguintes requisitos:

1) Versar sobre inelegibilidade;


2) Ajuizado no prazo decadencial de 120 dias, a contar do trânsito em julgado de
decisão rescindenda;
3) Precisa ser proposta em face de acórdão do TSE, independente de ter sido
proferido em ação de competência originária ou recursal, mas sempre advinda
do TSE;
4) Não cabe ação rescisória em face de sentença ou de acórdão de TRE, nem
ação rescisória no TRE.

Súmula 33 TSE: somente é cabível ação rescisória de decisões do TSE que versem sobre a
incidência de causa de inelegibilidade.

É entendimento consolidado na jurisprudência do TSE que “não se admite o


ajuizamento da ação rescisória, com base na alegação de erro de fato, quando este tiver sido
objeto de controvérsia e pronunciamento judicial no âmbito do processo rescindendo. A ação
rescisória não se presta a corrigir eventual injustiça do acórdão rescindendo ou para abrir nova
instância recursal visando reexame de provas. A mera pretensão de rediscutir o mérito de
ação de investigação judicial eleitoral já transitada em julgado é incapaz de autorizar o
ajuizamento dessa ação.” Agravo regimental, Itajubá/MG – 22/06/2020
FUNÇÃO NORMATIVA E CONSULTIVA DA JUSTIÇA ELEITORAL

A atividade administrativa aqui se difere da atividade administrativa prestada


pelos demais órgãos do judiciário no âmbito de sua função atípica, posto que se refere às
atividades de gestão da eleição, cadastro eleitoral, partidos políticos etc., tudo o que se refere
à organização da eleição. A atividade jurisdicional irá ocorrer quando houver algum ilícito
eleitoral que deva ser apurado.

Essas atividades administrativas estão previstas no artigo 23 do CE.

        Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior,

        I - elaborar o seu regimento interno;

        II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a criação
ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos, provendo-os na forma
da lei;

        III - conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento do exercício dos cargos
efetivos;

        IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juizes dos Tribunais Regionais
Eleitorais;

        V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios;

        VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juizes de qualquer Tribunal Eleitoral,
indicando a forma desse aumento;

        VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, senadores e
deputados federais, quando não o tiverem sido por lei:

        VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas;

        IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código; função normativa

        X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência
fora da sede; função consultiva

        XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos
termos do ar. 25;

        XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade
com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;
        XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa
providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo;

        XIV - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou
das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração;      

        XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência;

        XVI - requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional
do serviço de sua Secretaria;

        XVII - publicar um boletim eleitoral;

        XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação
eleitoral.

        Art. 23-A. A competência normativa regulamentar prevista no parágrafo único do art. 1º e no
inciso IX do caput do art. 23 deste Código restringe-se a matérias especificamente autorizadas em lei,
sendo vedado ao Tribunal Superior Eleitoral tratar de matéria relativa à organização dos partidos
políticos. 

Voto em trânsito: não é obrigatório, cabendo justificativa. Ele pode ocorrer, mediante prévio
aviso, quando a pessoa está fora de seu domicílio eleitoral no dia da eleição e deseja
manifestar seu voto. Só vale na eleição de presidente. Há uma transferência temporária de
seu domicílio para o local onde ele votará. Após, ele voltará, automaticamente, para o seu
domicílio de origem.

IMPORTANTE: o voto no exterior não é considerado como voto em trânsito, os eleitores


brasileiros residentes no exterior mantêm seus cadastros no TRE/DF, de forma que o Ministro
das Relações Exteriores faz o trâmite necessário para as eleições no exterior ocorrerem.

A função administrativa dessa justiça eleitoral, é claro, não se esgota com a


organização do processo eleitoral, mas abrange também a fiel execução da legislação
eleitoral, inclusive quando estas possuem fundamento constitucional.

– Resoluções do TSE –

No que tange à função normativa:

São também fontes do direito eleitoral, que buscam regulamentar normas


eleitorais. Há uma polêmica entre alguns doutrinadores que acreditam que com essas
resoluções o TSE estaria extrapolando seus limites e atingindo a competência legislativa do
poder legislativo, mas elas se fazem necessárias porque a legislação eleitoral não esgota os
temas de que se dispõe a tratar, deixando várias lacunas no ordenamento jurídico, lacunas
essas que são preenchidas por meio dessas resoluções.

Têm natureza jurídica de ato administrativo e como não tem lide nem ação para
julgar, elas são aprovadas pelo próprio Tribunal, em sessão administrativa. Devem, porém, se
ater aos limites impostos pela legislação eleitoral e ao princípio da legalidade, mas goza de
todos os atributos de um ato administrativo, podendo ser objeto de controle de
constitucionalidade porque tem caráter genérico e abstrato, cabendo interposição de
ADI/ADC perante o TSE.

No que tange à função consultiva:

Via de regra, elas são formuladas pela autoridade consulente e não têm força
vinculante quanto aos julgados futuros, não podendo se tratar de casos concretos, por isso se
fala que elas são formadas em tese. Assim é o entendimento dos tribunais eleitorais:

“as respostas em processos administrativos de consulta não ostentam caráter


vinculante e não servem como paradigma para a interposição de recurso, pois não derivam
da função judicante da Corte”

Nesse mesmo sentido:

“as respostas às consultas não têm caráter vinculante, mas tão somente sinalizam
orientação sobre determinado tema, sem qualquer força executiva, não sendo o meio
adequado para pleitear autorização para a prática de ato administrativo”

 XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com
jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;

Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais:

VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por
autoridade pública ou partido político;

Essa consulta é feita na forma de perguntas endereçadas ao Poder Judiciário,


servindo para que se obtenha uma maior segurança jurídica, onde a justiça eleitoral avalia se
conhece da consulta ou não, ou seja, se aquela atividade tem ou não legitimidade. Se a
pergunta é formulada em tese e as duas afirmações forem positivas, ela passa ao mérito da
consulta, respondendo afirmativamente ou negativamente, nos termos de uma fundamentação.
O juiz eleitoral não responde à consulta, somente o TRE e o TSE, conforme os arts. 35 e
40 do Código Eleitoral.

DESINCOMPATIBILIZAÇÃO = INCOMPATIBILIDADE RELATIVA, despindo-se


daquilo que deu causa à essa incompatibilidade, a pessoa está apta a concorrer ao cargo
eleitoral que almeja. Essa desincompatibilização pode ocorrer de dois modos:

Definitiva: há perda da função que se ocupa, não retornando ao cargo após a eleição. O prazo
para exoneração é de 6 meses antes do início do período eleitoral.

Temporária: não há perda do vínculo com o cargo público, de forma que após a eleição ele
retorna a ocupá-lo. Lembrando que essa exoneração precisa ocorrer 6 meses antes do início do
período eleitoral.

No caso da eleição de senadores, a justiça eleitoral entendeu, por meio dessas


consultas, que o candidato suplente precisa atender aos mesmos requisitos que o senador
eleito, por isso, precisa também passar pelo processo de desincompatibilização. Assim é o
entendimento do TSE acerca do tema:

“o suplente, por não ostentar as prerrogativas do titular do mandato eletivo, carece


de legitimidade ativa para formular consultas perante a Justiça Eleitoral, ante o não
preenchimento dos requisitos previstos no art. 23 XII, do CE. O protocolo, após o início do
processo eleitoral, também inviabiliza, por si só, o conhecimento da Consulta.”

RECURSOS NO TSE E TRE

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos


tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.

§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; recurso


especial pra o TSE no prazo de 3 dias, só o direito pode ser discuto, aqui não se discute
fatos.

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou


estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou


estaduais;
V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data  ou mandado de
injunção.

Todos os recursos vistos acima devem ser interpostos no prazo de 3 dias. Apenas não
terá esse prazo de 3 dias quando a lei disser expressamente, conforme preconiza o Código
Eleitoral:

Art. 258 Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser
interposto em três dias da publicação do ato, resolução ou despacho.

IMPORTANTE: não existe recurso extraordinário que vai direto do TRE para o STF,
ainda que haja afronta à CF. Cabe, porém, recurso extraordinário no prazo de 3 dias para o
STF vindo do TSE.

DIREITOS POLÍTICOS

O doutrinador José Jairo Gomes conceitua direitos políticos como “as


prerrogativas e deveres inerentes à cidadania”. Assim, o exercício dos direitos políticos
pressupõe a cidadania, que é alcançada com o alistamento eleitoral. Ou seja, com o
alistamento eleitoral a pessoa consegue sua cidadania para que possa exercer seus direitos
políticos.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do


serviço militar obrigatório, os conscritos.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,


Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os


Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão
ser reeleitos para um único período subseqüente

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores


de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito.

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes


consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito
ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e,
se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de


sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para
exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.         

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de


quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições municipais as consultas


populares sobre questões locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e
encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da data das eleições,
observados os limites operacionais relativos ao número de quesitos.    

§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões submetidas às consultas


populares nos termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem a
utilização de propaganda gratuita no rádio e na televisão

Sufrágio: direito público subjetivo

Voto: materialização, exercício do sufrágio

Dizer que o sufrágio é universal não é dizer que ele é concedido a todos
indiscriminadamente, mas que a universalidade é aplicada a todos os cidadãos, que
preenchem os requisitos constitucionais e infraconstitucionais.

A CF, no artigo supracitado, admite 3 formas de atuação direta do povo. São elas:

Plebiscito: a vontade do povo, a votação ocorre antes do ato que se planeja executar, assim, o
povo vota para saber se o governo vai fazer ou não alguma coisa.

Referendo: aqui a consulta ao povo serve para ratificar o que já foi feito, assim, o governo faz
e depois o povo vota para saber se continua ou se encerra.

Iniciativa popular: forma de iniciação de um projeto de lei cujo “pontapé inicial” saiu do
próprio povo.

Art. 1o A soberania popular é exercida por sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, nos termos desta Lei e das normas constitucionais pertinentes, mediante:

I – plebiscito;

II – referendo;

III – iniciativa popular.

Art. 2o Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria
de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.

§ 1o O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao


povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
§ 2o O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo
ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.

Art. 3o Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder


Executivo, e no caso do § 3o do art. 18 da Constituição Federal, o plebiscito e o referendo são
convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos membros que
compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional, de conformidade com esta Lei.

Art. 4o A incorporação de Estados entre si, subdivisão ou desmembramento para se anexarem a
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, dependem da aprovação da população
diretamente interessada, por meio de plebiscito realizado na mesma data e horário em cada um dos
Estados, e do Congresso Nacional, por lei complementar, ouvidas as respectivas Assembléias
Legislativas.

§ 1o Proclamado o resultado da consulta plebiscitária, sendo favorável à alteração territorial


prevista no caput, o projeto de lei complementar respectivo será proposto perante qualquer das Casas
do Congresso Nacional.

§ 2o À Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de lei complementar referido no
parágrafo anterior compete proceder à audiência das respectivas Assembléias Legislativas.

§ 3o Na oportunidade prevista no parágrafo anterior, as respectivas Assembléias Legislativas


opinarão, sem caráter vinculativo, sobre a matéria, e fornecerão ao Congresso Nacional os
detalhamentos técnicos concernentes aos aspectos administrativos, financeiros, sociais e econômicos
da área geopolítica afetada.

§ 4o O Congresso Nacional, ao aprovar a lei complementar, tomará em conta as informações


técnicas a que se refere o parágrafo anterior.

Art. 5o O plebiscito destinado à criação, à incorporação, à fusão e ao desmembramento de


Municípios, será convocado pela Assembléia Legislativa, de conformidade com a legislação federal e
estadual.

Art. 6o Nas demais questões, de competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o
plebiscito e o referendo serão convocados de conformidade, respectivamente, com a Constituição
Estadual e com a Lei Orgânica.

Art. 7o Nas consultas plebiscitárias previstas nos arts. 4 o e 5o entende-se por população
diretamente interessada tanto a do território que se pretende desmembrar, quanto a do que sofrerá
desmembramento; em caso de fusão ou anexação, tanto a população da área que se quer anexar quanto
a da que receberá o acréscimo; e a vontade popular se aferirá pelo percentual que se manifestar em
relação ao total da população consultada.

Art. 8o Aprovado o ato convocatório, o Presidente do Congresso Nacional dará ciência à Justiça
Eleitoral, a quem incumbirá, nos limites de sua circunscrição:

I – fixar a data da consulta popular;

II – tornar pública a cédula respectiva;

III – expedir instruções para a realização do plebiscito ou referendo;


IV – assegurar a gratuidade nos meio de comunicação de massa concessionários de serviço
público, aos partidos políticos e às frentes suprapartidárias organizadas pela sociedade civil em torno
da matéria em questão, para a divulgação de seus postulados referentes ao tema sob consulta.

Art. 9o Convocado o plebiscito, o projeto legislativo ou medida administrativa não efetivada,


cujas matérias constituam objeto da consulta popular, terá sustada sua tramitação, até que o resultado
das urnas seja proclamado.

Art. 10. O plebiscito ou referendo, convocado nos termos da presente Lei, será considerado
aprovado ou rejeitado por maioria simples, de acordo com o resultado homologado pelo Tribunal
Superior Eleitoral.

Art. 11. O referendo pode ser convocado no prazo de trinta dias, a contar da promulgação de lei
ou adoção de medida administrativa, que se relacione de maneira direta com a consulta popular.

Art. 12. A tramitação dos projetos de plebiscito e referendo obedecerá às normas do Regimento
Comum do Congresso Nacional.

Art. 13. A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados,
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

§ 1o O projeto de lei de iniciativa popular deverá circunscrever-se a um só assunto.

§ 2o O projeto de lei de iniciativa popular não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à
Câmara dos Deputados, por seu órgão competente, providenciar a correção de eventuais
impropriedades de técnica legislativa ou de redação.

Art. 14. A Câmara dos Deputados, verificando o cumprimento das exigências estabelecidas no
art. 13 e respectivos parágrafos, dará seguimento à iniciativa popular, consoante as normas do
Regimento Interno.

Assim, são alguns requisitos para que se consagre a iniciativa popular:

1) A lei deve tratar sobre um único tema;


2) O projeto deve ser apresentado necessariamente à Câmara dos Deputados;
3) Não pode ser rejeitado por vício de forma, que serão corrigidos na própria casa
legislativa

Quórum: 1% do eleitorado nacional, dividido em 5 unidades federativas ou 3/10 de


eleitores de cada unidade federativa.

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