Memorial Da Luta Pela Justica Historico
Memorial Da Luta Pela Justica Historico
Memorial Da Luta Pela Justica Historico
pela justiça
Histórico da retomada do
prédio e resultados preliminares
do projeto de implantação
Memorial da luta
pela justiça
Histórico da retomada do
prédio e resultados preliminares
do projeto de implantação
1ª edição
EXPRESSÃO POPULAR
Produção Editorial
NÚCLEO DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA POLÍTICA
Presidente
MARCOS DA COSTA
Vice-Presidente
FABIO ROMEU CANTON FILHO
Secretário-Geral
CAIO AUGUSTO SILVA DOS SANTOS
Secretária-Geral Adjunta
GISELE FLEURY CHARMILLOT GERMANO DE LEMOS
Tesoureiro
RICARDO LUIZ DE TOLEDO SANTOS FILHO
Conselho Fiscal
Carlos Lichtsztejn
Edmur Alves
Geraldo Sardinha
Estagiária Pós-produção
Helena Tacola Ramalho André Cebola de Oliveira
Lucas Peeu
Entrevistas Laise Pereira
Direção e Produção Regis Eleutério
Alessandra Haro Guilherme Bravo Alves
José Luiz Olmos de Araujo Gustavo Batistão
Agradecimentos ...............................................................................................................9
Prefácio ...............................................................................................................................11
Apresentação ....................................................................................................................15
ANEXOS
1. Ficha técnica − advogados ......................................................................................147
2. Ficha de decupagem − advogados ..........................................................................149
3. Ficha técnica – ex-presos políticos ......................................................................151
4. Ficha de decupagem – ex-presos políticos ..........................................................155
5. modelo de termo de licença para uso de entrevista .....................................157
6. Processos consultados no Projeto BNM Digital e no
Arquivo da Justiça Militar da União ......................................................................159
nossas campanhas pelos direitos das mulheres, pela inclusão das minorias,
pela diversidade sexual e pelo acesso dos mais carentes à Justiça.
O Memorial da Luta pela Justiça, aliado a tantas outras ações que le-
vamos a cabo, é mais uma parte importante da larga frente de trabalhos
da instituição, que sempre agiu com dinamismo e boas parcerias durante
esses 85 anos de trajetória completados no ano de 2017. Que ao trazer para
os dias atuais os exemplos do passado, os envolvidos com esse projeto con-
sigam cooperar para o enriquecimento do diálogo em torno da prática da
cidadania e da defesa de garantias constitucionais, sempre da forma mais
transparente e participativa possível.
Marcos da Costa
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil
Seção São Paulo
1
Silva, Angela Moreira Domingues da. Histórico da Justiça Militar brasileira: foro especial e
crime político. XXVII Simpósio Nacional de História. ANPUH, 2013.
Reginaldo Manente
2
Em 1920, foram criadas 12 Circunscrições Militares por meio do Decreto n. 14.450. A 8ª CJM
foi estabelecida na cidade de São Paulo e atendia os casos do Estado de São Paulo e do Estado
de Goiás. Após uma reestruturação das Cirscuncrições Militares, feita pelo Decreto n. 17.231-
A, de 1926, os Estados de São Paulo e de Goiás passaram a integrar a 2ª CJM. Somente em
1969, com o Decreto 1.003, a 2ª CJM passou a responder apenas pelo Estado de São Paulo.
3
Folha de São Paulo, 31 de maio de 1970. Primeiro caderno, p. 27. Acervo Folha. Disponível
em: <http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1970/05/31/2/>.
4
Pedido feito ao MPF pelo Núcleo de Preservação da Memória Política. São Paulo, 6 de julho
de 2013.
5
Ofício n. 499/13 apresentado à SPU, protocolado em 14/5/2013.
6
Teatro Popular União e Olho Vivo. Em busca de um Teatro Popular. São Paulo, 5ª ed., nov. 2015.
Cristovão Bernardo/OABSP
Folder da Ocupação Cultural em 30/11/2013
Fonte: Acervo do TUOV
7
A cobra vai fumar”, uma estória da Força Expedicionária Brasileira. Teatro Popular União
e Olho Vivo. São Paulo, 2014.
− Plano Museológico
Considerado como ferramenta básica de planejamento estratégico,
este documento é exigido pela Lei n. 11.904/2009, que instituiu o Estatu-
to de Museus no Brasil. Vale destacar que o Plano do MLPJ foi elaborado
pelas mesmas museólogas que elaboraram o Plano Museológico do Me-
morial da Resistência de São Paulo, primeiro memorial constituído pelo
Poder Público no Brasil a tratar sobre o período ditatorial. Sobre o Plano
do MLPJ:
Para a sua constituição foi organizado o Programa Museológico, elabo-
rado e desenvolvido por equipe interdisciplinar, que norteou as suas ati-
vidades em torno de discussões conceituais sobre o perfil do repertório
patrimonial a ser tratado pelo Memorial e divulgação sobre as intenções
da proposta, da elaboração de projetos técnicos de qualificação arquitetô-
nica e de museografia e, ainda, sobre o estabelecimento das premissas para
a atuação pública institucional no que se refere às responsabilidades mu-
seológicas de salvaguarda (conservação e documentação) e comunicação
(exposição e ação educativo-cultural).8
− Projeto de Expografia
Apresenta os projetos de setorização e layout dos ambientes do térreo,
primeiro e segundo pavimentos. Delimita os espaços expositivos (longa
duração e temporária), educativo, área técnica/institucional, circulação e
auditório. Para a exposição de longa duração, o projeto prevê: Linha do
tempo (história das lutas pelos direitos à justiça no Brasil), Sala do Juiz
(documentos de processos), Sala dos Testemunhos (acesso as gravações dos
relatos orais), Sala dos Julgamentos (reconstituição com recursos audio-
visuais), Sala da Cultura (vida cultural do país, música, teatro e cinema).
8
Plano Museológico do Memorial da Luta pela Justiça. São Paulo, 2014, p. 3.
Sala da Linha do Tempo. História das lutas pelos direitos à justiça no Brasil. Imagens do Projeto de
Expografia do futuro MLPJ.
Fonte: Acervo do MLPJ
Sala dos Testemunhos. Acesso às gravações dos relatos orais. Imagens do Projeto de
Expografia do futuro MLPJ.
Fonte: Acervo do MLPJ
1
Brito, Ana Paula. Escrachos aos torturadores da Ditadura. São Paulo: Editora Expressão
Popular, 2017.
lho, sobre os casos em que atuaram, com menção aos processos e os julga-
mentos de que participaram na Justiça Militar, mencionando as estratégias
utilizadas com o recrudescimento da ditadura, e explicando a dinâmica e o
funcionamento das Auditorias Militares, nos permitem conhecer aspectos
da luta pela justiça que não estão registrados em documentos.
Conhecer por dentro as práticas dos funcionários dessa instituição ju-
diciária-militar, seu funcionamento, conceitos e procedimentos jurídicos
é fundamental para entender como a ditadura utilizou aquele espaço para
dar “ares de legalidade” aos crimes praticados.
Outras peculiaridades, como a ostensiva militarização do entorno da
Auditoria Militar em São Paulo nos dias de audiência e julgamento, são
importantes para entender a diferença dessas Auditorias em relação às de
outros Estados. Os documentos oficiais produzidos nessa instância judicial
são patrimônio histórico nacional. No entanto, assim como a história oral,
são limitados e não revelam detalhes de outras relações e acontecimentos
históricos ocorridos naquele contexto.
Um exemplo trazido por muitos entrevistados, e citado pelo advogado
Idibal Pivetta, é que ele andava com uma máquina de escrever portátil em
seu automóvel, pois a qualquer momento poderia receber uma denúncia de
prisão ou desaparecimento. Com a máquina ao alcance, poderia fazer uma
petição e formalizar na Auditoria Militar pedidos de informações. Muitas
dessas petições ajudaram a salvar vidas de civis sequestrados em centros
clandestinos de detenção e tortura.
Muitos advogados ultrapassaram as fronteiras do trabalho jurídico de
defesa, e foram também solidários com os réus nos cárceres, levando-lhes
informações sobre seus familiares e amigos, e apoio de diversos tipos, en-
tre eles, o emocional. Alguns se reconhecem como advogados militantes,
outros afirmam que fizeram do direito sua militância, e há aqueles que
dizem que realizaram a advocacia possível. São múltiplas as perspectivas,
e todas elas válidas.
O que interessa demonstrar aqui é que a história oral tem sido uma
fonte indispensável para conhecer o período ditatorial. No entanto, traz
desafios inerentes a sua composição: o esquecimento, a seletividade da me-
mória, subjetividades da evocação, juízos de valor, entre outros. Por isso, o
processo de coleta de testemunhos precisa ser realizado com uma metodo-
logia adequada, elaborada para o objetivo que se deseja alcançar.
No caso das coletas de testemunhos feitas pela equipe do Núcleo Me-
mória para compor o acervo do Memorial da Luta pela Justiça, apesar dos
Os caminhos adotados
Uma vez selecionados os entrevistados, a equipe de pesquisa do Nú-
cleo Memória estabeleceu o primeiro contato com os possíveis entrevista-
dos, para explicar brevemente o projeto e fazer o convite para a coleta de
testemunho. Após o aceite, foi enviada uma Carta-convite a cada um dos
convidados explicando o objetivo da entrevista, a que ela se destinava, bem
como sugestões de data e local para a realização da coleta.
A partir da aceitação, o próximo passo foi realizar uma pesquisa pré-
via, buscando informações biográficas e o envolvimento do entrevistado
na Justiça Militar da União e nas Auditorias Militares de São Paulo du-
rante o período ditatorial. No caso dos advogados, o foco principal é sua
participação na defesa de presos e perseguidos políticos e o funcionamento
daquela instituição judiciária-militar. Já no caso dos ex-presos, suas expe-
riências como réus julgados por esses órgãos. A pesquisa prévia acrescen-
tou, também, informações sobre os perfis de cada entrevistado.
Ao concluir a pesquisa prévia, o passo seguinte foi confirmar, por con-
tato telefônico com o entrevistado, os dados obtidos. Na oportunidade se
estabeleceu a interlocução entre pesquisador/entrevistador e entrevistado.
Além de abrir esse diálogo com o objetivo de mostrar o nosso desejo de
escuta, procuramos anotar e coletar dados objetivos de sua atuação no pe-
ríodo militar e informações pessoais, como o estado civil e a data de nas-
cimento, que farão parte do cadastro no banco de dados do acervo. Foram
também apresentados os alcances do Termo de licença que o entrevistado
assinaria no dia da entrevista, autorizando o Núcleo Memória e o Memo-
rial da Luta pela Justiça a utilizar sua entrevista para os fins estabelecidos
no termo.1 Neste momento, eram feitas perguntas precisas e objetivas para
confirmar dados encontrados na pesquisa prévia. Após este procedimento,
foram elaborados dois documentos únicos para cada entrevista: a pauta e
o roteiro da entrevista.
O roteiro continha as perguntas estruturadas, seguindo um caminho
padrão de temas e perguntas para os advogados e outro para os ex-presos
e perseguidos políticos. Este documento era de uso exclusivo dos pes-
quisadores, não sendo enviado previamente aos entrevistados, a não ser
que fosse solicitado. O objetivo deste documento é ajudar o entrevistador
a mediar o processo de memória feito pelos entrevistados no dia da en-
trevista, procurando respeitar as escolhas e o percurso da memória entre
1
Um modelo do termo utilizado está disponível no Anexo 5 desta obra.
2
O modelo da estrutura do termo utilizado encontra-se disponível no Anexo 5 dessa obra.
No termo, uma das questões é se o entrevistado desejava restringir algo do seu relato.
Pós-entrevista
Após a entrevista, todo o material produzido durante a coleta (pauta,
roteiro, fichas técnica e de decupagem, termo de licença assinado) foi ar-
quivado em pastas físicas, junto com o material da pesquisa prévia e cada
entrevista e cada entrevistado recebeu um código individual. Logo após a
entrevista foi feito o arquivamento digital do material audiovisual gerado e
se produziu uma cópia de segurança do arquivo bruto.
Seguindo a metodologia, a ficha técnica foi revisada e a ficha de decu-
pagem complementada com as informações obtidas a partir da coleta de
testemunho, tendo sido necessário assistir à gravação da entrevista para
fazer esse trabalho. Preenchidos digitalmente, os documentos foram sal-
vaguardados nos suportes físico e digital.
Caso o entrevistado tenha doado algum documento, esse foi digitaliza-
do e preservado na pasta digital da entrevista, e o original do documento
entregue pelo entrevistado mantido na pasta física da entrevista corres-
pondente.
A última etapa foi a edição da entrevista, feita apenas para incorporar
a identidade visual da coleção de testemunhos do Memorial da Luta pela
Justiça. Em alguns casos, foram realizadas restrições de temas que foram
tratados, mas que o entrevistado não deseja manter no vídeo.
A preocupação com a segurança dos arquivos é algo muito importante
a considerar, por isso o Núcleo Memória mantém duas cópias de seguran-
ça de cada arquivo do material bruto e da versão editada das entrevistas em
suportes e lugares distintos.
A seguir, serão apresentados breves perfis dos entrevistados e o resumo
de cada uma das entrevistas feitas nesta etapa da pesquisa.3 Cabe registrar
3
Os resumos das entrevistas e as breves biografias foram feitas pelas historiadoras Andréa
Falcão e Caroline Grassi, e revisadas pelos entrevistados individualmente. Andréa Falcão
é formada em História da Arte (UERJ), mestre em Memória Social (Unirio), doutora em
Antropologia e Ciências Sociais (PPCIS/UERJ) com pesquisas na área de memória e patri-
mônio cultural. Trabalha como consultora e pesquisadora para diversas instituições, com
grande experiência no mercado editorial. Foi membro do Conselho Municipal de Patrimô-
nio e Gerente de Museus da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Recente-
mente, com apoio da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, desenvolveu o projeto
para transformação do prédio do antigo Dops no Rio de Janeiro em um espaço de memória
voltado para os Direitos Humanos, Além destas atividades, atua como professora e parece-
rista da Unesco. Caroline Grassi Franco de Menezes é graduada em História pela Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e mestranda na Fa-
culdade de Educação da mesma universidade. Atuou como coordenadora do Programa de
Ação Educativa do Memorial da Resistência de São Paulo (2008-2015) e possui experiência
na área de Direitos Humanos, Educação e Memória.
oportunidade junto ao renomado advogado Sobral Pinto e que ele não so-
mente a aceitou como estagiária, como também se tornou seu padrinho
profissional. Durante o estágio, acompanhou Sobral Pinto, Bento Rubião e
Oswaldo Mendonça na defesa de presos e perseguidos políticos pela dita-
dura civil-militar, estando presente diariamente nas Auditorias Militares
do Rio de Janeiro/RJ. A partir de 1969, já formada, seguiu no caminho da
advocacia militante, atendendo casos por todo o país. Eny foi enfática ao
assinalar a ostensiva militarização do entorno da Auditoria Militar em São
Paulo nos dias de audiência e julgamento, o que não ocorria em outros Es-
tados, lembrando também dos seus espaços físicos e funcionamento. Sobre
a atuação dos advogados, mencionou a criatividade, as estratégias jurídicas
para enfrentar as restrições impostas pela legislação vigente, e a repressão
sofrida pela maioria deles, tendo sido ela mesma presa duas vezes, em 1969
e 1970. Relembrou que, no final da década de 1970, assumiu a presidência
do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) e foi uma das protagonistas do
Projeto Brasil: Nunca Mais, cujo objetivo era denunciar as violações contra
os direitos humanos, levadas a cabo pela ditadura. No desfecho da entre-
vista, assinalou que o Brasil é um país com déficit de justiça e que a defesa
de presos políticos foi para ela uma forma de resistência contra a ditadura.
Finalizou dando sugestões para a composição do futuro Memorial da Luta
pela Justiça.
Data da entrevista: 14 de outubro de 2016.
tenção. Foi defendido pelos advogados Idibal Pivetta, Airton Soares e Luiz
Eduardo Greenhalgh. Durante sua prisão, presenciou a tortura e agonia do
companheiro de cela Luiz Hirata, pouco antes de sua morte no Hospital
das Clínicas em decorrência das torturas sofridas nas dependências do De-
ops/SP. Depois de formado, atuou como professor de Economia e Ciência
Política da Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é membro do
Núcleo Memória, coordenador do curso “Ditadura História e Memória” e
dedica-se a diversos projetos em defesa dos Direitos Humanos.
Resumo da entrevista: O entrevistado conta que até os 17 anos mo-
rou em Amparo e que a chegada em São Paulo foi impactante. Faz uma
análise da conjuntura anterior ao golpe de 1964 e observa que este foi um
momento de grande mobilização social e política. Relata que ao chegar
à capital ingressou no cursinho do grêmio da Faculdade de Filosofia e
ao participar das passeatas, se aproximou das lideranças do movimento
estudantil. Na sequência, discorre sobre a criação da AP, suas origens li-
gadas à Juventude Católica, sua estrutura, princípios e etapas do processo
de recrutamento e filiação. Menciona que entrou para a organização em
1967 e logo em seguida passou a ser dirigente de uma célula bancária.
Relata sua prisão em 1971 e as torturas que sofreu. Ao falar sobre a im-
portância de Idibal Pivetta em sua vida diz que a relação dos advogados
com os presos políticos ia além da relação advogado-cliente, observa que
eles tinham um triplo papel: eram seus representantes jurídicos; faziam a
mediação com a família e corriam riscos para fazer circular documentos
com denúncias e informações sobre os presos e desta forma salvaram
muitas vidas. Conta que sua defesa foi feita por Luiz Eduardo Greenhalgh
e lembra desta ter sido vigorosa. Sobre o lugar da Auditoria no conjunto
das instituições da repressão diz que ela funcionava como um espaço de
fachada do regime, ali se representava uma farsa, uma encenação burles-
ca, mas reveladora de como funcionava o sistema. Diz que não consegue
esquecer a expressão dos membros do conselho e os comentários intimi-
dadores do juiz. Em seu relato menciona ainda o convívio com outros
presos políticos no Presídio Tiradentes e as estratégias de sobrevivência.
Como militante dos direitos humanos acredita que as pessoas precisam
saber o que se passou e acha importante que o Memorial não fique apenas
no relato dos presos para que possa ampliar a reflexão e mostrar como
a repressão impactou a sociedade brasileira como um todo. Para ele, o
Memorial deve refletir a memória do povo brasileiro.
Data da entrevista: 10 de fevereiro de 2017.
preso e ofereceu ajuda a Airton Soares; relata que começou a fazer visitas
aos presos na Casa de Detenção e saiu de lá revoltado, muito mobilizado
com o que viu e foi pegando gosto por atuar na área. Conta que quando
Idibal foi solto após de 67 dias na prisão, disse ao pai ter encontrado sua
vocação. Observa que recebeu ajuda da Madre Cristina Sodré Doria, do
Instituto Sedes Sapientiae, e deve muito do que é a ela. Menciona que, com
o tempo, tornou-se sócio de Idibal e Airton. Lembra que 1975 foi um ano
de muito trabalho e que começou a se destacar com o processo dos poli-
ciais militares acusados de pertencer ao Partido Comunista. Explica como
se aproximou de Dom Paulo e da luta pela Anistia, e descreve o episódio da
Chacina da Lapa; como foi procurado para defender Aldo Silva Arantes e
Haroldo Lima; como conseguiu quebrar a incomunicabilidade dos presos
e o encontro com o delegado Fleury. Diz que o caso da Lapa lhe deu muito
respeito. Sobre a Auditoria descreve em detalhes os espaços e as unidades
que funcionavam no prédio e ressalta a atitude corajosa dos presos nos
julgamentos. Aponta as particularidades do processo dos metalúrgicos do
ABC e do julgamento de Lula na Auditoria, lembra que foi o primeiro pro-
cesso anulado no STM por pré-julgamento. Sobre o período de luta pela
Anistia menciona o júri simulado e o enterro simbólico da Lei de Seguran-
ça no Teatro Municipal de São Paulo. Relata como surgiu a ideia do projeto
Brasil: Nunca Mais e explica como obtiveram apoio para sua realização,
menciona os principais colaboradores e as estratégias utilizadas para co-
piar e processar o material obtido. Após a Anistia, dedicou-se à política
e participou da criação do PT. Sobre o futuro Memorial diz que deseja
que dê certo e que contribua para que esses tempos terríveis não voltem
jamais. Expressa sua preocupação com a conjuntura atual e os problemas
que a área jurídica enfrenta. Lembra que os advogados têm função social e
seus casos têm que ser antes de tudo uma causa. Termina fazendo menção
às atuações emblemáticas de Sobral Pinto e Heleno Fragoso na defesa da
democracia.
Data da entrevista: 2 de dezembro de 2016.
Pivetta em 1974, onde ficou até 1976. Sobre o dia a dia do trabalho lembra
que no início acompanhava Luís Eduardo Greenhalgh em suas atividades,
ia todos os dias na Auditoria acompanhar os processos e era responsável
pela elaboração de pedidos de informação. Depois de quebrada a incomu-
nicabilidade dos presos era responsável também pelos pedidos de visita e
o acompanhamento dos processos. Menciona que o trabalho era exaustivo
e que se precisava ter muita paciência, pois os policias costumavam deixar
os advogados esperando muito tempo para serem atendidos. Fala das dife-
renças e do perfil dos juízes de cada uma das três auditorias e descreve os
espaços que ocupavam no prédio da Av. Brigadeiro Luis Antônio. Relata
que viveu situações difíceis no período e que a mais trágica talvez tenha
sido comunicar a morte de José Ferreira de Almeida para sua esposa. Con-
ta-nos, também, como foi impactante acompanhar a saída do presídio de
um militante que ficou preso por sete anos. Diz que independente de ideo-
logia era difícil não ter afinidade com os clientes, pois eram todos em sua
maioria jovens, idealistas e bem intencionados. Observa que as visitas aos
presídios deixaram marcas, até hoje ouve barulhos de trancas e diz que o
cheiro era insuportável. Na sequência, faz uma descrição bem estruturada
de como funcionavam os julgamentos nas auditorias e menciona as etapas
do rito. Ao final, fala da importância de registrar a memória do período
e ressalta a relevância da iniciativa de criação do Memorial da Luta pela
Justiça.
Data da entrevista: 9 de dezembro de 2016.
minal e deve ser valorizada. Na sequência, faz uma digressão e observa que
a imagem de Cristo nos tribunais não deve ser vista como uma imagem
religiosa, mas como imagem do mais grave erro judiciário que a história
nos legou, e lembra os perigos de um julgamento sem direito de defesa.
Data da entrevista: 3 de fevereiro de 2017.
SANTOS Jr., Belisário dos. Entrevista sobre a luta pela justiça duran-
te a ditadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção Exposição de
Longa Duração. Entrevista concedida a Ana Paula Brito e Paula Ribeiro
Salles. Núcleo de Preservação da Memória Política/Memorial da Luta pela
Justiça, São Paulo, 08/11/2016.
SCAVONE, Artur Machado. Entrevista sobre a luta pela justiça du-
rante a ditadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção Exposição
de Longa Duração. Entrevista concedida a Ana Paula Brito e Paula Ribei-
ro Salles. Núcleo de Preservação da Memória Política/Memorial da Luta
pela Justiça, São Bernardo do Campo, 07/02/2017.
SILVA, Técio Lins e. Entrevista sobre a luta pela justiça durante a di-
tadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção Exposição de Longa
Duração. Entrevista concedida a Ana Paula Brito e Paula Ribeiro Salles.
Núcleo de Preservação da Memória Política/Memorial da Luta pela Justi-
ça, Rio de Janeiro, 03/02/2017.
SIMAS, Mário de Passos. Entrevista sobre a luta pela justiça duran-
te a ditadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção Exposição de
Longa Duração. Entrevista concedida a Ana Paula Brito e Paula Ribeiro
Salles. Núcleo de Preservação da Memória Política/Memorial da Luta pela
Justiça, São Paulo, 14/10/2016.
SOARES, Airton Estevens. Entrevista sobre a luta pela justiça duran-
te a ditadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção de Implanta-
ção do Memorial. Entrevista concedida a Ana Paula Brito e Paula Ribeiro
Salles. Núcleo de Preservação da Memória Política/Memorial da Luta pela
Justiça, São Paulo, 12/12/2016.
SOUZA, Márcia Ramos de. Entrevista sobre a luta pela justiça du-
rante a ditadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção Exposição
de Longa Duração. Entrevista concedida a Ana Paula Brito e Paula Ribei-
ro Salles. Núcleo de Preservação da Memória Política/Memorial da Luta
pela Justiça, São Paulo, 09/12/2016.
VANNUCHI, Paulo de Tarso. Entrevista sobre a luta pela justiça du-
rante a ditadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção Exposição
de Longa Duração. Entrevista concedida a Oswaldo dos Santos Júnior e
Ana Paula Brito. Núcleo de Preservação da Memória Política/Memorial da
Luta pela Justiça, São Bernardo do Campo, 29/03/2017.
1
O provimento n. 12/79, de 29 de novembro de 1979, complementado pelo provimento n. 18/80,
ambos assinados pelo presidente do Superior Tribunal Militar, oficializam a descentralização
do arquivamento dos processos da JMU e a competência da primeira instância a sua guarda.
2
Informação disponibilizada por e-mail em 22/6/2017, por Alexandre Guimarães, supervi-
sor II da Seção de Arquivos do STM.
3
A partir do ano de 1993, na 2ª CJM existem somente a 1ª e 2ª Auditoria Militar em São
Paulo. Seu acervo está localizado na Rua Cásper Libero, centro da capital de São Paulo, para
onde mudaram em 2011 deixando o prédio que abrigará o MLPJ. Neste prédio há uma sala
climatizada onde estão guardados os documentos das três auditorias do período militar. O
arquivo da 3ª Auditoria está sob a responsabilidade e guarda da 3ª Auditoria.
4
O trabalho com estas fontes será apresentado em outro texto deste mesmo livro-relatório.
1
Procurador Federal dos Direitos do Cidadão Adjunto. Procurador Regional da República.
Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP. Coordenador do projeto Brasil: Nunca Mais
Digital, pelo Ministério Público Federal. Coordenador do Grupo de Trabalho Memória e
Verdade da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Membro da Comissão de Anis-
tia do Ministério da Justiça. Integra o Conselho de Orientação Cultural do Memorial da
Resistência de São Paulo.
2
Depoimento disponível em: <http://bnmdigital.mpf.mp.br/pt-br/videos.html>. Acesso em:
15 jun. 2017.
3
Idem.
4
Depoimento disponível em: <http://bnmdigital.mpf.mp.br/pt-br/videos.html>. Acesso em:
15 jun. 2017.
5
Vide <http://www.armazemmemoria.com.br>.
6
Instituto de Políticas Relacionais; Conselho Mundial de Igreja; Ordem dos Advogados do
Brasil – Seccional Rio de Janeiro; Arquivo Nacional; Center for Research Libraries/Latin
American Microform Project; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Arquivo
Edgard Leuenroth da Universidade de Campinas; Rubens Naves, Santos Júnior, Hesketh
– Escritórios Associados de Advocacia; Comissão Nacional da Verdade; Universidade Me-
todista de São Paulo; Brown University e Rede Latino-Americana para a Prevenção do Ge-
nocídio e Atrocidades Massivas.
7
Arquidiocese de São Paulo. Brasil: Nunca Mais, 37ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2009, p. 27.
1
Arquidiocese de São Paulo. Projeto Brasil: Nunca Mais, t. II, v. 1. A pesquisa BNM – os ins-
trumentos de pesquisa e a fonte, 1985. 422p. Disponível em: <http://bnmdigital.mpf.mp.br/
DocReader/DocReader.aspx?bib=REL_BRASIL>, Acesso em: 30 jun. 2017.
2
Brasil: Nunca Mais Digital. Disponível em: <http://bnmdigital.mpf.mp.br/sumario> Aces-
so em: 28 nov. 2016.
3
A seleção de processos no Projeto Brasil: Nunca Mais foi, em sua maioria, baseada nos
acórdãos da Justiça Militar transcritos em seus diários oficiais (Diário Oficial do Estado da
Guanabara até 1973 e, depois, Diário da Justiça, quando da mudança do STM para Brasília).
Importante observar que o recorte temporal do BNM não alcança todo o período militar.
Vai de 1964 a 1980. Para saber mais, consultar: Arquidiocese de São Paulo. Projeto Brasil:
Nunca Mais, t. II, v. 1. A pesquisa BNM – os instrumentos de pesquisa e a fonte, 1985. 422p.
Disponível em: <http://bnmdigital.mpf.mp.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=REL_
BRASIL> Acesso em: 30 jun. 2017.
4
Este quadro traz o levantamento por Estado e cidade dos anos dos inquéritos e dependên-
cias de origem dos processos pesquisados no projeto, in: Arquidiocese de São Paulo. Projeto
“Brasil: Nunca Mais” t. II, v. 1, 1985, p. 304-313.
5
Brasil: Nunca Mais Digital. Disponível em: <http://bnmdigital.mpf.mp.br/sumario> Aces-
so em: 28 nov. 2016.
6
Nesta contraposição de fontes chegamos às seguintes conclusões: a) dos 158 proces-
sos listados no relatório BNM, apenas quatro tiveram IPMs que se originaram em São
Paulo e não tramitaram nas Auditorias deste Estado, sendo dois remetidos para o Rio
de Janeiro, um a Porto Alegre e outro ao Distrito Federal (n. BNM: 470, 491, 529, 537);
b) por sua vez, nos sumários BNMdigital existem dois processos que não estão citados
no relatório BNM, provavelmente por erro de datilografia ou tabulação (n. BNM: 528 e
553).
Resultados preliminares
Depois das bases de dados (159 e 57) preenchidas, foram unificadas
as informações dos 216 processos, para recolher os nomes de réus e seus
advogados que serão projetados no percurso de entrada ao futuro MLPJ.
Visando compartilhar outros resultados, fruto desta pesquisa nos Ar-
quivos da Justiça Militar, foram elaborados alguns gráficos que permitem
ampliar o conhecimento sobre a atuação das Auditorias Militares de São
Paulo, no contexto da repressão ditatorial.
Foram identificados 216 processos de crimes políticos nas Auditorias
Militares de São Paulo no período de 1963 e 1977, nos quais foram iden-
tificados: 2.740 réus, sendo 468 mulheres e 2.272 homens. Nesses mesmos
processos se envolveram, nas defesas dos réus, 38 advogadas e 287 advoga-
dos. Os gráficos que seguem ilustram a caracterização dos processos pes-
quisados.
7
Arquidiocese de São Paulo. Projeto Brasil: Nunca Mais, t. II, v. 1, 1985, p. 97-100.
8
Os dados trazidos pelo BNM destes 57 processos caracterizados como “incompletos” e “não
localizados” foram suficientes, na maioria dos casos, para localizar os processos de origem
nos arquivos da Auditoria Militar de São Paulo e do Superior Tribunal Militar.
9
Refere-se ao ano de oferecimento da denúncia do Ministério Público Militar ao juiz auditor
nas Auditorias de São Paulo.
10
Refere-se à distribuição de processos de crimes políticos entre as 3 auditorias da 2ª CJM,
que existiram em São Paulo durante a Ditadura civil-militar.
11
Partimos da categorização proposta no Projeto Brasil: Nunca Mais, expandindo sua aplica-
ção para os processos pesquisados (57 processos). A partir das cidades dos IPMS aplicamos
as divisões – capital e GSP, litoral e interior − utilizadas na atualidade.
12
Idem. Cf. metodologia utilizada pelo projeto BNM, in: Arquidiocese de São Paulo. Projeto
Brasil: Nunca Mais, t. II, v. 1. A pesquisa BNM, 1985, p. 9.
1
Cabe lembrar que essa pesquisa foi direcionada para a produção de fontes primárias
sobre a luta por justiça a partir das vivências individuais de advogados e ex-presos
políticos (coleta de 20 testemunhos em vídeo e estúdio), e para a pesquisa de conteúdo
da proposta de expografia do mural do corredor de entrada do Memorial, o qual deverá
ter o nome dos réus e advogados que vivenciaram a Justiça Militar aplicada aos crimes
políticos que tramitaram nas Auditorias Militares da 2ª CJM.
2
Há certidões feitas após os sorteios e esses documentos são parte do acervo do STM.
3
Caso do entrevistado Paulo Vannucchi, que relatou em entrevista para essa pesquisa
que estava preso no Dops quando o juiz auditor Nelson Machado Guimarães o intimou
na Auditoria Militar da 2ª CJM e, em sua sala, o questionou sobre a escolha de sua
advogada Eny Raimundo Moreira.
4
O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, em entrevista para esta pesquisa, citou o caso
dos sindicalistas do ABC em fevereiro de 1981, condenados na 2ª Auditoria Militar,
cujas sentenças foram datilografadas um dia antes do marcado para o julgamento.
5
Nos documentos: Plano Museológico e Projeto de Expografia – ora era apresentado
esse como o Mural dos presos políticos julgados na Auditoria Militar e dos seus
advogados, ora como o Mural dos réus e seus advogados.
mas que passaram pelo aparato repressivo do Estado ditatorial. Por isso,
foram considerados todos os denunciados na Justiça Militar.
Por ser um lugar de homenagem, com nomes em projeção por todo o
muro, indicamos que esteja disponível no Centro de Documentação do
Memorial uma lista em ordem alfabética de todos os nomes projetados. O
objetivo é facilitar a busca ou confirmação de algum homenageado, paren-
te ou interessado em saber mais informações sobre a pessoa ali homena-
geada. A pesquisa desenvolvida nessa segunda fase elaborou uma planilha
com os dados associados a cada réu ou advogado que deverá ser revisada,
complementada e disponibilizada para consulta.
1
Arquidiocese de São Paulo. Projeto Brasil: Nunca Mais, t. V, v. 4 − Os mortos, 1985, p.
54, 165 e 311 (respectivamente aos nomes citados).
Essa carta é da ex-presa política Fanny de Seixas, mãe de três filhos que
também foram presos políticos, entre eles, Ivan Seixas, que tinha 16 anos
quando foi torturado junto com seu pai em 1971. O marido de Fanny, o
operário Joaquim Alencar de Seixas, foi assassinado nas dependências do
DOI-Codi no mesmo ano.
O documento revela outras informações do período ditatorial, e que
era de conhecimento dessas Auditorias Militares, como por exemplo: que
os presos eram transferidos com destino ignorado inclusive pelos advo-
gados; que eram mantidos incomunicáveis muitas vezes, sendo necessá-
rio adotar estratégias jurídicas para ter acesso a informações mínimas de
seus clientes; que a Igreja atuou na luta pela Justiça; que menores de idade
também eram reprimidos pelo Estado e que os advogados se valeram de
diversas estratégias em suas atuações na advocacia, e muitas dessas estra-
tégias salvaram vidas. Como visto no documento, a carta era um apelo
de uma mãe a um juiz pela vida de seu filho, que até pouco tempo estava
desaparecido.
Considerando o exposto, entende-se que apenas uma sala para exibi-
ção dos processos possa não ser suficiente para garantir tamanha diversi-
dade documental que revela aspectos importantes dessa história. A res-
salva aqui é diversificar os documentos que podem ser exibidos, além de
sentenças.
Nesse sentido, outra demanda que nos foi apresentada pelos entrevis-
tados, e que as pesquisas nos acervos documentais respaldaram, é exibir
outras vozes que ecoaram na luta pela Justiça. Entre elas: os familiares
das vítimas, as comissões e comitês de defesa de presos políticos, igre-
jas, imprensa, dentre outros organismos que se envolveram diretamente
nessa luta.
Foram encontrados diversos documentos nos processos do STM que
apontam essa solidariedade em múltiplas facetas, como abaixo-assinados
pela soltura de réus, cartas de recomendação de boa índole, depoimentos
de próprio punho alegando boa conduta profissional, entre outros docu-
mentos nos quais pessoas e organizações da sociedade civil se arriscavam
para ajudar presos e perseguidos políticos. Esses documentos eram anexa-
dos ao processo pelos advogados e hoje fazem parte da história dessa luta
por justiça corajosamente conduzida por advogados.
Conhecer a atuação de outros grupos da sociedade civil potencializa a
ampliação do entendimento sobre o alcance dessa luta por justiça contra
as arbitrariedades de um regime ditatorial. Um exemplo indispensável e
1
Agradecemos a Inês Stampa e a Vicente Rodrigues, do Gabinete da Direção Geral do
Centro de Referências Memórias Reveladas, pela possibilidade oferecida, a qual deverá
ser oportunamente formalizada por meio de um Acordo de Cooperação Técnica, após
pedido oficial do Memorial da Luta pela Justiça quando este dispuser de personalidade
jurídica constituída.
Gabriela Beraldo
Ciclo de Cinema “Milton Bellintani” Justiça e Direitos Humanos exibe o documentário Cidadão Boilesen,
de Chaim Litevsky, em 19 de novembro de 2016. Para o debate estavam presentes o ex-preso político Manoel
Cyrillo e Dr. Martim Sampaio (OAB/SP), mediado pelo diretor do Núcleo Memória Maurice Politi.
Fonte: Acervo Núcleo Memória
Gabriela Beraldo
Ciclo de Cinema “Milton Bellintani” Justiça e Direitos Humanos exibe o documentário Advogados contra
a ditadura – por uma questão de Justiça, de Silvio Tendler, em 15 de outubro de 2016. Para o debate
estavam três advogados de ex-presos políticos: Eny Moreira, Belisário dos Santos Júnior e Ayrton Soares,
que também é conselheiro do Núcleo Memória. A conversa foi mediada pela historiadora e diretora do
Núcleo Memória Ana Paula Brito.
Fonte: Acervo Núcleo Memória
Gabriela Beraldo
Colóquio de Direitos Humanos sobre Segurança Pública e Sistema Carcerário em 29 de abril de 2017, com
a professora Jacqueline Sinhoretto, o vice-presidente da Pastoral Carcerária Padre Gianfranco Graziola e
o Dr. Martim Sampaio, da OAB/SP.
Fonte: Acervo Núcleo Memória
Gabriela Beraldo
Gabriela Beraldo
Aula do Professor Heládio Leme no Curso “Ditadura: História e Memória” em 12 de novembro de 2016.
Fonte: Acervo Núcleo Memória
Gabriela Beraldo
Aula do Professor Oswaldo de Oliveira Santos Júnior no Curso “Ditadura: História e Memória”
em 26 de novembro de 2016.
Fonte: Acervo Núcleo Memória
Gabriela Beraldo
Fotografia
3x4, tirada
no dia da
entrevista
Gabriela Beraldo
Gabriela Beraldo
Visita do colégio Santa Maria à antiga Auditoria Militar em 24 de junho de 2017.
Fonte: Acervo Núcleo Memória
Gabriela Beraldo
Visita do colégio Lourenço Castanho ao Memorial da Luta pela Justiça em 09 de junho de 2017.
Fonte: Acervo Núcleo Memória
Gabriela Beraldo
1
Candau, Vera. Educação em direitos humanos e diferenças culturais: questões e buscas.
Revista Múltiplas Leituras, v. 2, n. 1, p. 65-82, jan./jun. 2009.
2
Brasil. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de
Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2009.
3
Guarnieri, Waldisa Rússio Camargo. Conceito de Cultura e sua inter-relação com o
patrimônio cultural e a preservação, in: Bruno, Maria Cristina Oliveira (org.). Waldisa
Rússio Camargo Guarnieri: textos e contextos de uma trajetória profissional, v. 1. São
Paulo: Pinacoteca do Estado, Secretaria de Estado da Cultura, Comitê Brasileiro do
Conselho Internacional de Museus, 2010, p. 203-210.
4
Ramos, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto: o museu no ensino de História.
Chapecó: Argos, 2004.
5
Benevides, Maria Victoria. Educação em Direitos Humanos: de que se trata? São Paulo,
18/2/2000. Palestra de abertura do Seminário de Educação em Direitos Humanos.
Disponível em: <http://www.hottopos.com/convenit6/victoria.htm#_ftn1>. Acesso
em: jun. 2009.
1
Plano Museológico do MLPJ. São Paulo, 2014, p. 9.
pola esses limites, posto que essa instituição precisa transmitir os valores
pelos quais diversos grupos da sociedade civil se mobilizaram para que
seu projeto existisse. Entre esses valores está o lema do Núcleo Memória,
de que é preciso conhecer o passado para entender o presente, e finalmente
construir um futuro que reconheça o valor da democracia, dos princípios
da tolerância e do respeito ao indivíduo humano e seus direitos.
Os recursos financeiros para o projeto ainda estão sendo captados. En-
quanto isso, todas as atividades e ações em prol de sua realização foram re-
sultado de esforços de diversos atores sociais para a recuperação do prédio,
como exposto no primeiro capítulo dessa obra e, sobretudo, da determina-
ção e recursos financeiros da OAB SP e do Núcleo Memória.
Certamente, um dos maiores desafios iniciais está sendo a captação do
valor integral necessário e pleiteado para a reforma e implantação museal
no espaço, cujo valor ainda deverá ser atualizado, uma vez que os orça-
mentos foram feitos em 2014 e os custos dos serviços necessários estão de-
satualizados. Até a conclusão deste texto (junho de 2017), foram captados
14% do valor total do projeto, sendo que, apenas a partir da captação de
20% é possível ter acesso aos recursos obtidos para início da obra. Essa de-
terminação é estabelecida pelo Governo Federal, ao dispor sobre as regras
que regem a Lei Rouanet.
Durante o período do restauro e reforma do prédio, que tem previsão
de duração de dois anos, não será possível realizar atividades educativas
e culturais no local. Isto posto, outro desafio será encontrar uma forma
de atuar na conscientização pública sobre o projeto do Memorial nesse
período. Como envolver novos atores sociais, garantindo uma maior inclu-
são dos vários grupos que atuaram na resistência à ditadura e na luta pela
justiça? São questões importantes e que não serão desconsideradas pela
OAB e pelo Núcleo Memória ao longo dos anos, até que aquele prédio “seja
invadido pela democracia”2 e o Memorial esteja em pleno funcionamento,
contando com a diversidade de memórias ali representadas e expostas.
O projeto do Memorial da Luta está relacionado à Justiça de Transição
no Brasil e, por meio da memorialização, certamente trará questões sub-
jacentes da história nacional ainda não resolvidas, todavia necessárias. A
2
Este termo foi utilizado pelo advogado e ex-preso político Idibal Pivetta que, em suas
diligências nas Auditorias Militares de São Paulo, dizia aos escrivães que a Ditadura
iria acabar e a Democracia iria invadir aquele prédio. Essa informação foi dita pelo
próprio advogado e foi recorrentemente comentada por outros advogados e advogadas
que foram entrevistados pela Pesquisa Histórica da Segunda Fase.
Memorial da Luta pela Justiça uma entidade jurídica autônoma, para que
possam ser combinados os esforços de fortalecimento institucional com
iniciativas políticas coletivas de interlocução e negociação. Isso somente
poderá ser realizado ao se ter um plano de desenvolvimento sustentável
da instituição que combinará, na melhor das hipóteses, não somente uma
capacidade de obter receitas “próprias”, como acessar, de forma regular,
fontes de financiamento públicas e privadas, nacionais e internacionais.
Mas a entidade tornar-se sustentável não significa somente contar com
fontes de sustentação financeira, significa também um conjunto de fato-
res que a fortaleça institucionalmente e que garanta a sua continuidade
no tempo. Para isso, é imprescindível pensar na qualidade da organização
que gestionará o Memorial da Luta pela Justiça. Da qualidade de sua ges-
tão tática e estratégica serão derivadas as bases de sua legitimidade e sua
habilidade para influenciar os processos de políticas públicas que digam
respeito aos conceitos da Justiça de Transição. De sua governança institu-
cional e de seus sólidos programas de comunicação e pesquisa, se gerará a
credibilidade e a confiança da instituição.
O desafio da sustentabilidade, portanto, nessa etapa pode ser defini-
da como a capacidade de sustentar de forma duradoura o valor social do
projeto do MLPJ na sociedade por meio de seus programas educativos,
exposições e acervos. Dessa maneira, a partir dessas interações criativas
se possibilitará o fortalecimento de capacidades estratégicas de articulação
local e internacional.
Finalmente, pode-se dizer que o maior desafio do Memorial da Luta
resulte, talvez, do fato de ter que se tornar um sítio de memória vivo e
dinâmico, permitindo ser constantemente atualizado e estar em sintonia
com as novas gerações que avançam e se reinventam, assim como com as
novas tecnologias. Essa é a visão de longo prazo que o Núcleo Memória
percebe como fundamental para que o Memorial da Luta possa desenvol-
ver um projeto sustentável que atenderá às necessidades em constante evo-
lução dos interessados e do público em geral. Comunicando e estabelecen-
do diálogos que relacionem passado, presente e princípios de respeito aos
direitos humanos para um futuro mais justo e democrático.
Sexo: feminino/masculino
Data de nascimento: dia/mês/ano
Local de nascimento: cidade/Estado
Estado civil: perguntar na prévia da entrevista
FONTES DE PESQUISA
Lista de fontes de pesquisa mais acessadas, privilegiadas no geral. Listagem
de fontes relacionadas.
FONTES RELACIONADAS
Pequena bibliografia de fontes diretamente relacionadas ao entrevistado,
em geral, outras entrevistas concedidas, livros próprios e sites ligados ao
tema desse projeto.
COMO CITAR:
ÚLTIMO NOME, Primeiro Nome. Entrevista sobre a luta pela justiça
durante a ditadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção Exposi-
ção de Longa Duração. Entrevista concedida a Fulana e Fulana. Núcleo de
Preservação da Memória Política/Memorial da Luta pela Justiça, Cidade,
dia/mês/ano.
DADOS DA ENTREVISTA
Instituição Responsável: nome da instituição responsável pela realização
da entrevista
Projetos e parcerias: nome do projeto/pesquisa e da instituição financia-
dora (se for o caso)
Tipo da entrevista: individual ou coletiva
Tema: tema amplo da entrevista
Data: dia/mês/ano
Local de gravação: nome do local da gravação (estúdio, residência etc.).
Cidade/Estado
Duração total da entrevista: XXhXXmin (duração total do vídeo editado
e finalizado)
Testemunho com restrições: preencher com Sim ou Não. A restrição é
quando o entrevistado pede para editar determinado trecho da entrevista,
cortando alguma fala especificada por ele.
Identificação do arquivo de vídeo: preencher com nome do vídeo finali-
zado, seguindo padrão pré-estabelecido.
Entrevistador(es): nome de todos os entrevistadores, mesmo aqueles que
não conduziram diretamente a entrevista.
Operador de câmera: nome do operador e/ou nome da empresa/entidade
em que trabalha.
1 − MILITÂNCIA
Organização(ões) / Movimento(s) (nome/período): nome da (s) organiza-
ção (ões)/movimento (s) que o entrevistado participou. Se possível, delimi-
tar o período de atuação.
2 − PRISÃO POLÍTICA
Prisão (ano/local): ano e local de prisão.
Locais de cárcere: nome dos locais onde ficou detido e cumpriu pena. Tra-
jetória carcerária.
Tempo total de prisão: desde a prisão até a saída em liberdade total ou
condicional.
Data de saída da prisão: data ou ano.
FONTES DE PESQUISA
Lista de fontes de pesquisa mais acessadas, privilegiadas no geral. Listagem
de fontes relacionadas.
FONTES RELACIONADAS
Pequena bibliografia de fontes diretamente relacionadas ao entrevistado,
em geral outras entrevistas concedidas, livros próprios e sites ligados ao
tema desse projeto. Além de consulta nos processos judiciais do Projeto
Brasil: Nunca Mais e fichas e prontuários do Deops-SP (Arquivo Público
do Estado de São Paulo).
COMO CITAR:
ÚLTIMO NOME, Primeiro Nome. Entrevista sobre a luta pela justiça
durante a ditadura civil militar no Brasil (1964-1985). Coleção Exposi-
ção de Longa Duração. Entrevista concedida a Fulana e Fulana. Núcleo de
Preservação da Memória Política/Memorial da Luta pela Justiça, Cidade,
dia/mês/ano.
LICENCIANTE:
LICENCIADO:
(Cidade, dia/mês/ano)
LICENCIANTE
________________________________________
NOME COMPLETO DO ENTREVISTADO
RG:
LICENCIADOS
________________________________________
NOME DO REPRESENTANTE DA INSTITUIÇÃO
RG:
Qualificação institucional
Nome da instituição
TESTEMUNHAS
1) ________________________________________
Nome completo
RG:
2) ________________________________________
Nome completo
RG: