Lendas Dos Orixas - Pai Zé Pequeno Do Cruzeiro

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Lendas dos

Por pai Zé Pequeno


Lendas dos Orixás
Por pai Zé Pequeno

Senhora do Rosário foi quem


me trouxe aqui. A água do
mar é santa. Eu vi, eu vi,
eu vi.”

Esthéfanie Adans, 06 de janeiro de 2017.


CASA DE FÉ TRIÂNGULO DO AMOR DE PAI ZÉ PEQUENO DO CRUZEIRO.

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Lendas dos Orixás
Por pai Zé Pequeno

“Preto velho senta no toco, faz o sinal da cruz, pede proteção a Zambi, para os
filhos de Jesus. Cada conta do seu rosário é um filho que ai está, se não fosse o Preto Velho eu
não sabia caminhar”.

Essa história foi contada para os médiuns em desenvolvimento da Casa de Fé


Triângulo do Amor de Pai Zé Pequeno do Cruzeiro, com o objetivo de que cada um pudesse
conhecer as características de cada Orixá e assim compreender, explicou que os Orixás são
desdobramentos de Deus e que um orixá quando reina na cabeça e na vida de um médium
influencia com sua energia a vida daquele filho, e que esta influência dependerá de sua
vibração energética naquele momento de sua vida, da necessidade da atuação energética
daquele determinado Orixá para que o filho encontre o seu equilíbrio.

E diz “que todos consigam identificar em sua forma de agir e nas coisas que
acontecem em suas vidas, certos padrões de comportamentos que irão lhe alertar sobre o
melhor caminho a se seguir, assim como também utilizar esse conhecimento dos Orixás para
nortear suas ações e sua conduta em prol de sua melhoria, em prol da sua evolução espiritual
e moral”. (Pai Zé Pequeno)

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E começa a nossa prosa... Ele, o preto velho, sentado em seu banquinho de
madeira e nós médiuns sentados a sua volta, éramos uns dez médiuns em círculo ouvindo
atentamente as palavras de Pai Zé Pequeno, sem piscar nenhum olho! Ele havia baixado na
terra havia pouco tempo e estava ali em nossa companhia, era a nossa tão esperada gira de
desenvolvimento, uma das primeiras que nunca sairá da nossa memória...

Nosso terreiro estava passando uma grande transformação física, entre sacos de
cimento, pisos, ferramentas e materiais de construção nos apertávamos num cômodo da casa.
Pai Zé Pequeno foi o Preto Velho, que trabalha nas correntes de Nossa Senhora do Rosário,
designado para nos auxiliar e instruir nessa nova caminhada, ele é o nosso mestre que pouco a
pouco de acordo com o nosso caminhar vem nos ensinando e orientando nossos passos. Era
isso que ele estava explicando para nós naquele momento, o quanto a oportunidade era única
e o quanto todos nós devíamos nos esforçar para aproveitar cada experiência, o quanto
devíamos nos somar como uma família para que a nossa Casa de Fé pudesse estar preparada
para receber os irmãos que ali chegariam em busca de ajuda logo em breve.

Foi quando ele disse que iria começar nos instruindo sobre os “Itans dos Orixás”
ou “Lendas dos Orixás” como também são chamados, esclarece que é uma das estórias
contadas e que irá contar para nós do jeito como aprendeu, alertou que nós deveríamos saber
sempre diferenciar nós mesmos dos Orixás, porque não devemos ser iguais a eles nem fazer as
coisas que eles fizeram, mas aprender para com suas estórias para também conhecermos a
nós mesmos, contou que os Itãns são maneiras de nos explicar de forma alegórica um pouco
da vida dos Orixás e a importância dessas energias pra nós na terra.

Tirando os trejeitos do seu


arquétipo, a história será contada exatamente
como foi passada por ele, então vamos lá que
você já deve estar querendo chegar nos
finalmentes.

A vez de Iansã...

A Senhora dos ventos, Iansã, e


falou ele: Iansã é o ar, é o vento, ela é a
senhora do vento, a mais nova dos Orixás,
aquela que se renova como o vento, que

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nunca é o mesmo por onde passa, por isso sempre se renova, é uma mulher sabida e
articulosa, que sempre quis conhecer e aprender mais do mundo, sempre quis aprender com
cada um, um pouco mais das coisas. Iansã conseguia enrolar os outros Orixás com o intuito de
crescer, aprender e evoluir, acontece que sempre Iansã acabava se apaixonando. Conviveu a
cada momento com vários e vários e vários e cada momento Iansã teve experiências
diferentes e evoluiu um pouco mais e aprendeu a conduzir o ar e a conduzir o fogo, por isso é
senhora do fogo.

Nos explicou ainda que a depender do estágio de vida de cada Orixá eles
detinham um nome, no caso de Iansã que detinha o nome de Oyá é marcado por sua
juventude, antes de ela ter os seus nove filhos. No momento que ela virou mãe, virou Iansã,
com os seus 9 filhos, ela pegou os chifres de búfalo e entregou a cada um de seus filhos e
dizendo - quando vocês precisarem de mim e vocês nesse momento necessitarem de minha
ajuda, toquem nesse chifre de Búfalo e eu me farei sempre presente na vida de vocês! - E
assim Iansã conseguia ficar sempre presente na vida de seus filhos e é por isso que em
trabalhos espirituais feitos para Iansã as pessoas colocam chifres de Búfalo.

Um filho de Iansã que vibra positivamente, que está em paz com ela e que
realmente está bem espiritualmente e tem a consciência do que se é, está pronto para tudo,
pronto para pegar fogo como está pronto para apagar fogo, pronto para fazer ventar como
está pronto para fazer chover.

Filho contrário das vontades Iansã são filhos teimosos e cabeças duras, e que
acham que sabem demais, e acabam buscando problemas por tudo, qualquer coisa é motivo
de gerar um conflito e criar problemas, faz tempestades num copo d’água, fica todo
atrapalhado, atrapalhando também a tudo e a todos e a si mesmo, e não consegue saber o é
que falta fazer para sair desse buraco e só sai desse buraco aquele filho que “entende,
aprende e reconhece que precisa mudar” porque quando esse filho não se acha fica perdido
no mundo, dando cabeçada.

É preciso entender que as correntes do filho de Iansã só irão se desenvolver e se


manifestar quando ele entender que ela é a força e o ar que renova a tudo e a todos, não gera
problemas para os outros. Que Iansã não é briguenta como as pessoas falam, ela é
batalhadora, e não mede esforços para fazer o que for.

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A festa dos Orixás...

Em certa festa de todos os orixás chegou um homem que todos tinham repúdio
por ele, as pessoas tinham nojo, sempre muito descriminado e colocado de lado, ele tinha o
nome de Obaluaê, que era um jovem muito diferente dos demais filhos de Nanã com Oxalá.
Nanã tinha uma paixão muito grande por Oxalá, só que Oxalá era apaixonado por Iemanjá e
por isso não queria aproximação com Nanã. Com esse amor não correspondido, Nanã muito
esperta e muito vivida, senhora de todas as terras enfeitiçou Oxalá com suas mandigas e gerou
um filho de Oxalá, mas não sabia que se ela não fizesse as coisas da forma correta ela pecaria
os seus pecados geraria algo que ela não esperava e assim nasceu e o seu filho cheio de
manchas com a pele toda cheia de defeitos, e isso aconteceu. Como Nanã era vaidosa e
detalhista repudiou o filho e o largou no mar e deu as costas aquela criança nova.

Iemanjá foi a te a beira do mar e pegou aquela criança e disse, não há doença no
mundo que não possa se curar. E pegou Obaluaê e o criou.

Ele por volta da sua adolescência por volta de 12 a 13 anos, tendo as suas feridas
curadas por Iemanjá foi para as matas, pois cansou de ser sempre escondido pela rainha do
mar. Poucos sabiam que por trás daquelas feridas era tão belo.

Obaluaê foi viver nas matas e conheceu Ossaim, o senhor das matas, senhor das
arvores das folhas, este conhecedor de muitos feitiços, muitas curas e todas as ervas e muitos
remédios. Ossaim começou a ensinar a Obaluaê a cura, como ele poderia curar as pessoas e
como ele poderia se curar daquelas feridas, porque quando ele se distanciou de Iemanjá
deixou de ser cuidado por ela, todas as suas feridas na mata começaram a voltar e ele voltou a
ficar cheio de problemas e feio novamente. Ossaim cuidou dele e o ajudou a se cuidar.

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Depois de muito tempo passado, e
sem saber que tanto tempo já havia se passado,
todos a procura dele, é dito na aldeia que havia
um homem chamado Obaluaê que iria curar a
todos que naquele momento tinha uma doença
que tinha o nome de varíola, e todos estavam
afoitos sem saber como se cuidar e curar, e
aquele menino que um dia foi repudiado por
todos e que todos não quiseram lhe dar um
prato de comida e todos não quiseram dar um
copo d’água e que todos não queriam nem
estar perto, seria o salvador de todos. E todos
quando souberam que ele estava assim estava de volta, todos o acolheram com muito amor e
naquele momento ele se firmou e começou a curar a todos a sua volta e ficou conhecido como
o senhor da cura e o senhor de todas as doenças. Obaluaê era agora conhecido como senhor
da cura das doenças.

Nesse momento da festa dos orixás esse senhor agora foi convidado, e ele muito
quieto no seu canto sem saber para onde ir nem o que fazer, sem força para entrar na festa, ai
então... Vinha em sua direção um homem muito bonito e muito formoso e disse - o que é que
você está fazendo aqui fora? Vamos entrar! – Obaluaê sempre muito reprimido, não mostrou
nenhuma vontade de seguir esse homem de nome Ogum, que o puxou e disse - vamos, para
que todos possam confraternizar!

E como todos sabiam que ele era problemático, sempre muito reprimido
ninguém na festa se aproximou de Obaluaê, ele ficou então de canto. E a única Orixá que teve
a vontade e a liberdade de dizer eu vou até esse homem e vou ajudá-lo a fazer parte conosco.
Iansã chegou a Obaluaê e disse - vamos dançar assim como os outros estão dançando - e
Obaluaê disse – não, eu não posso, porque eu não sou benquisto pelos outros – e Iansã disse –
mas como todos irão lhe ver se você está coberto com tanta palha com tantas coisas a sua
frente? Ninguém poderá ver a sua beleza, já que ninguém conhece você.

Iansã foi tocar em Obaluaê e ele se distanciou sem querer deixar que ela o
tocasse, mas Iansã muito teimosa, senhora dos ventos não aceitou isso e soprou, soprou uma
ventania tão forte que as palhas de Obaluaê subiram e quando de repente as palhas de
Obaluaê caíram e suas feridas foram embora e o calor do sopro fez com que as feridas

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torrassem e virasse lindas e brancas pipocas. E caíram e encheram o chão com lindas e brancas
pipocas. E todos com tamanha luz não conseguiram enxergar e os poucos que conseguiram
ver, viram a tamanha beleza que Obaluaê tinha, e naquele momento todos viram que Obaluaê
se esconde debaixo da palha para não mostrar a beleza tamanha que ele tem.

E naquele momento Iansã se aproximou de Obaluaê virou a grande paixão de


Obaluaê. E... Depois daquele dia Obaluaê nunca mais teve quem se aproximasse dele e nem
deu a mão a ele, então ele diz que ela, por ter sido a única que estendeu a mão e que acolheu
ele tão bem ele iria trazê-la para cuidar junto com ele do reino dos cemitérios e das almas
penadas e se tornaram juntos os senhores das almas e os senhores dos sofrimentos e das
mazelas do mundo.

Todo filho de Obaluaê, e só é verdadeiro filho de Obaluaê aquele que dá mão ao


outro sem olhar a quem, aquele que pode ver um filho chorando e lamentando que sempre
tem algo a dizer, sempre tem algo a fazer e sempre quer falar horas e horas pra ver aquela
pessoa bem, pode até estar com raiva, pode até estar triste, pode estar como for, mas o filho
de Obaluaê tem o momento de falar muito e sempre estender a mão ao outro.

Xangô - ele nasceu em uma família


muito bonita e rica, a sua mãe enquanto
grávida achavam que a sua barriga era muito
grande, e que viria ao mundo o menino muito
forte, diferente. Todos diziam ao olhar que
aquela criança daria trabalho para nascer, pelo
tamanho que ela apresentava... Mas no
momento de parir, arrodeada de suas mucamas
a mão de Xangô chama sua mucama que tem
mais confiança, pede a sua mão e dá a luz
naquele momento a duas crianças, gêmeas.
Mas... uma nasceu branca e a outra negra e a
mãe sem saber o que dizer e como iria se
explicar, deu uma criança a mucama e a outra
ela criou.

Com o passar do tempo, sem saber


o que fazer e já próximo a falecer, chamou o pai e conta toda a verdade, que existia dois filhos

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com a única condição de que o menino seria criado por ele, o pai da moça queria educa-lo e
ensinar os costumes da família porque quando ele partisse essa criança iria reinar no lugar
dele.

Antes de morrer ela pediu que o seu pai explicasse tudo ao marido, pois não teve
coragem enquanto viveu... quando a filha morreu, o pai contou toda a história ao marido que
ficou muito feliz, muito contente por saber que não tinha apenas um filho e sim dois! Disse
que também queria criar o filho, mas depois de uma longa conversa o pai fez apenas uma
condição, que ele iria criar o seu neto até os 14 anos e disse - eu irei educa-lo, depois eu o
devolverei para que você termine de cria-lo – e assim se fez, os dois foram criados em reinados
diferentes.

E quando tempo chegou, o pai assim fez, foi buscar o seu filho para que pudesse
dar a sua criação. O tempo passou... cada um virou rei do seu vilarejo e sempre um ouvia falar
muito bem dos outros, pois eles tinham o mesmo jeito de reinar.

Disse então ao seu braço direito - vá outro reinado buscar informações, saber o
que acontecia lá - porque aquele rei tão distante e com formas tão semelhantes de reinar o
deixou intrigado. Na volta o homem chega com uma notícia, o nome da mãe do outro rei tinha
o mesmo nome da sua mãe e naquele momento ele soube que Xangô era seu irmão e que eles
então eram irmãos gêmeos.

E por isso que quem é de Xangô tem essa bipolaridade, pode estar muito alegre e
daqui há pouco muito triste, muito feliz e muito pra baixo. Existem estes dois opostos porque
todos dois são Xangô, todos dois tem o mesmo nome.

O filho que não tem a vibração positiva de Xangô e não está realmente do lado
do Santo, ele faz tudo ao contrário do que é a justiça, se pune e se menospreza, para de ter
certezas e começa a ter muitas dúvidas, começa a duvidar muito do seu potencial e começa a
duvidar muito do que realmente é verdadeiro, do que realmente é certo.

Quando o filho de Xangô não se encontra da forma correta, sempre tem muitas
dúvidas, sempre tem muito sofrimento nas costas, sempre tem muitas mazelas, porque Xangô
foi rei, mas não rei porque assim foi dado, ele foi rei porque sempre buscou ajudar os outros,
sempre buscou batalhar outros, ele nunca quis coroa, ele nunca se importou com as coisas
materiais. Xangô sempre quis ajudar os outros sem olhar a quem.

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O filho de Xangô precisa sempre ter muita certeza e nunca restar dúvidas, fazer as
coisas com muita seriedade e só assim o filho de Xangô há de brilhar, há de conseguir a sua
paz, há de conseguir a sua prosperidade e crescer na sua vida, enquanto ele não acha essas
coisas, ele sofre pena, sendo humilhado por tudo e por todos, por isso meu filho, que existe
um ditado que diz - os humilhados serão um dia exaltados - então é assim que se explica os
filhos de Xangô, são humilhados hoje até
encontrar a plenitude certa, o seu destino certo,
mas não com soberba, não com a convicção de
passar por cima dos outros. E sim a atitude no
coração de dar amor.

Com o passar do tempo surge


Oxum...

Oxum filha de Iemanjá com Oxalá, a


mais bonita das Orixás, muito sabida, a senhora
da destreza, queria sempre sair debaixo das asas
de seu pai para viver a sua vida, querendo ser
livre para conhecer o mundo, sai em busca de sua missão e conhece Exu, o senhor das
estradas, dos caminhos o feiticeiro que detém a energia do mundo, que por sua vez muito
conhecedor, criado no mesmo tempo de Oxalá e Iemanjá, onde juntos formavam o tridente do
mundo, acolhe Oxum e a cria...passando a ensinar a viver a vida, a ser uma pessoa melhor.

Quem é de Oxum tem a característica de influenciar os outros as fazer as coisas


sem precisar mandar ou obrigar, sempre com o jeitinho de como se não quisesse e tonos no
fim fazendo aquilo que ela quer. A filha de Oxum que não vibra positivamente se torna uma
pessoa amargurada, descuidada da sua beleza, triste... sem vida.

Sempre tendo suas artimanhas e sabendo tapear Exu, chaga até ele e diz – eu
quero também aprender a jogar – e Exu lhe disse que mulher não joga, e que apenas homem
joga. Mas em seu interior ela afirmou que um dia ela iria aprender a jogar, o tempo foi
passando e sempre criava uma artimanha para que Exu lhe ensinasse a jogar... sempre
perguntando – por quê esse búzio tem de estar assim? O que quer dizer três búzios – Exu dizia
– mas Exu sem saber de nada acabava dizendo...

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Depois de um tempo, Oxum aprendeu a jogar... nesse tempo em que viveu com
Exu, aprendeu a cozinhar, a fazer feitiços e muitas outras coisas....Um dia fez um feitiço para
que Exu ficasse cego, e com a cegueira ela começou a aprender a fazer remédios, pois lhe
perguntava e ele dizia – Oxum pegue ali tal coisa que é para eu fazer um remédio, Oxum pegue
ali tal erva para eu fazer uma mandinga disso aqui. E assim foi aprendendo...aprendendo até
que um dia, vendo que não tinha mais o que sugar, cansada de viver essa vida com Exu,
resolve ir embora para aprender mais coisas no mundo.

Ela gostava de se banhar no rio, da forma como veio ao mundo, mostrando a sua
tamanha beleza... quando passou um moço muito formoso, que viu aquela mossa de beleza
exuberante e disse – vou carregar essa moça pra mim! Ele era Xangô, que raptou Oxum e a
levou para o seu castelo e a aprisiona e a diz que ela há de ser a sua esposa... Mas ele nunca
teve o amor de Oxum, que viveu muitos anos presa a Xangô.

Iansã, sempre foi o amor de Xangô, mas a esposa que Xangô mais achava formosa
e que sentia maior paixão foi ela, Oxum, que fugiu no seu primeiro vacilo, pedindo para que
fossem a Exu pegar uma pólvora que pudesse fazê-la escapulir dali.

Exu foi até um jogador que disse, Oxum está presa em uma masmorra, um
castelo, ele logo então se lembrou – já sei onde ela está – disse, e saiu levando o pó consigo
como, chegando lá soprou o pó em Xangô e Oxum virou um lindo pavão e saiu voando e
voando até se encontrar caída em um local onde havia muita terra, naquele momento, por ter
ficado tanto tempo presa, chorou, chorou, chorou que fez um rio... esse rio é chamado de rio
Oxum, senhor do amor, não o
amor de perna de calça e rabo de
saia, o amor verdadeiro, o amor
no real contexto da palavra, o
amor puro, toda filha verdadeira
de Oxum não quer saber se você
é preto ou se você é branco, se é
rico ou se você é pobre, ela só
quer saber de lhe ajudar e lhe dar
tudo que você precisa para você
se reerguer, a alegria de Oxum é
ver o outro prosperar, é ver o
outro bem e assim Oxum sempre

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em seus momentos transmite o amor e a prosperidade ao seus filhos presentes.

Ogum – É o caminho da vida. Desde


criança sempre gostou muito desse negócio de
guerra, sempre gostou de luta, e confronto, e Ogum
sempre foi o senhor das guerras e das batalhas e
por mais que ele fosse acobertado por sua mãe
Iemanjá, Ogum sempre foi liberto, audacioso, e quis
lutar cada vez mais e resolveu ir pra frente
guerrilhar nas lutas e seguiu seus passos para lutar
e batalhar pela sua vida.

Todo filho de Ogum que vibra


positivamente são filhos guerreiros, são filhos que
não tem nada fácil, nada vem de mão beijada, nada
vem assim alguém lhe dando alguma coisa, sempre
tem de ir batalhar e lutar desafios guerreiros, e a coisa só é boa pra Ogum quando Ogum luta,
porque sem luta você não é filho de Ogum.

Mas todo filho de Ogum que é verdadeiro, ele nuca vê o seu semelhante sem
leva-lo pra frente, nunca acha que faz tudo só, ele busca as pessoas certas pra crescer e
prosperar na vida, porque Ogum, meu filho, é O senhor das lutas, é o senhor das batalhas.

O filho de Ogum age sempre com muita cumplicidade, é uma pessoa formosa e
uma pessoa que não espera dos outros nada de troca, sempre dá aos outros, tudo aquilo que
ele pode, tudo aquilo que ele precisa, e dar de si mesmo, dá de tirar da sua boca pra dar na
boca do seu semelhante.

Ogum, meu filho, tem esse lado irmão, esse lado união e foi nas guerras aprendeu
o lado de companheirismo, todo filho de Ogum que não tem companheirismo não está
conivente com o pai que tem, todo filho de Ogum é teimoso quando não está do jeito certo,
quando não está bem consigo mesmo, porque o filho só é teimoso quando ele não está
reinando, ai ele fica nervoso, enraivado, bruto e grosso, mas Ogum não é grosso, Ogum é
dado, é amigo, é pai.

È tanto que nas aflições vocês pedem permissão a Ogum pra livrar vocês dos
problemas – Ogum senhor dos caminhos, me livra e me conduz ao caminho da felicidade – e
muitos dos filhos por não aceitarem e não aprenderem e não entenderem quem é Ogum, pois

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Ogum não é bruto, Ogum é preciso, é correto, gosta das coisas corretas, muito séria, sem duas
conversas nem safadezas, e quando não existe isso, Ogum se revolta abre mão e os filhos
quebram a cabeça, sendo aquilo que não deveriam ser e muitas vezes tem problemas
familiares, não ficam bem no canjuá, esses filhos que estão assim é porque não estão louvando
a Ogum direito, então meu filho, filhos de Ogum
precisam entender que Ogum é irmandade é
amizade, é compreender, é ver o outro sofrer e
estender a mão e ajudar o seu próximo e assim se
define Ogum – é ajudando aos outros que se é
ajudado. Então entendam isso e tenham esse
conceito nas mentes de vocês.

Oxóssi – Senhor das matas, senhor


dos caboclos, senhor dos guerreiros, Oxóssi se
define como uma só flecha, filho de Iemanjá com
Oxalá, o menino de ouro e Iemanjá.

Todos os filhos que Iemanjá gerou seguiram o seu caminho e abandonaram


Iemanjá, mas Oxóssi foi o único filho que não abandonou a sua mãe, ficou junto com ela
porque Iemanjá nunca deixou Oxóssi seguir sua vida, pois ela sabia como era lenda a missão
do seu filho, que ele era o senhor da liberdade. O senhor do conhecimento, o senhor que iria
buscar sua vida como bem quisesse, e que assim meu filho, eu vou dizer para que vocês
observem que não se prende filho de Oxóssi porque se acha muito liberto, Oxóssi é solto, e
Iemanjá sabendo disso, muito esperta, criou ele debaixo de sua saia, porque sabia que quando
ele visse ele iria embora... Mas um dia quando ela chega no meio do mato e Oxóssi enxerga
aquele verde e todo sai debaixo da saia da sua mãe, sai mata a
dentro e desaparece.

Sabendo de sua missão sua mãe deixa Oxóssi e vai


embora.

Depois de muito tempo... Iemanjá volta as matas


em busca de Oxóssi, com saudade, dizendo - será possível que o
meu filho não esta sentindo falta de mim? - e quando chega na
mata encontra Oxóssi junto com Ossaim.

Ossaim que nesse momento já era o senhor das


matas, foi criado junto com Exu, no mesmo tempo de Oxalá. Muito vivido muito conhecedor

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da medicina começa a ensinar a Oxóssi e tem um amor com Oxóssi. Iemanjá quando vem... Ela
que é uma senhora de muita seriedade... Por não gostar das coisas erradas vê aquele
relacionamento e acha que tudo aquilo é inaceitável, inadmissível, então com muita raiva e
enciumada vai embora e diz que nunca mais quer que Oxóssi volte. Oxóssi com aquele pesar e
vai atrás de sua mãe, mas ela dá as costas e diz pra ele seguir a vida dele.

Oxóssi nesse meio do caminho encontra uma mulher muito bonita depois de ter
chorado tamanho rio encontra-se com ela, essa mulher é chamada de oxum, os filhos mais
bonitos do universo se encontram, o primeiro nascido de dois filhos nascidos de dois Orixás
supremos Iemanjá e Oxalá.

Oxóssi se apaixona por oxum, vive uma vida com oxum quando esta no alto de
sua gravidez ele muito liberto seguiu a sua vida deixou Oxum e voltou para Ossaim que era
com quem ele se sentia bem. Todo filho de Oxóssi quando não está com sua vibração
equilibrada não cria seus filhos direito porque há de dar as
costas pra seus filhos da mesma forma que Oxóssi fez com
o seu primeiro filho com Oxum.

Oxóssi junto com Ossaim aprendeu muito


sobre as ervas, juntos eles formam a beleza das matas,
Ossaim com o conhecimento da medicina e das curas e
Oxóssi o senhor dos combates e das guerras guerreiro,
Oxóssi é o guerreiro e Ossaim o curandeiro.

Juntos eles conseguem manter a paz e a


harmonia nas matas. Oxóssi por ser muito belo e formoso
acaba sendo conhecido por todos e se tornando popular,
acaba sendo concebido como rei das matas, de todos os caboclos, rei de todos os índios e
povo das matas, por ser muito belo e formoso sempre chamou atenção das moças mais belas
de todas as aldeias.

O filho desse Orixá quando não anda muito bem consigo é muito mulherengo e se
perde nos seus caminhos e confunde o real e verdadeiro sentido do amor e nesses momentos
os filhos de Oxóssi se destroem com as próprias mãos por achar que ter um harém vai fazer de
si uma pessoa mais bem vista pelos outros.

Os filhos de Oxóssi quando vibram para o bem encontram sempre o amor


verdadeiro onde lhe da o balanço e lhe deixa pleno e lhe dá a estabilidade. Oxóssi só consegue

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estar assim quando encontra a plenitude do conhecimento. Pois busca sempre mais
conhecimento e por isso a liberdade, mas todo filho de Oxóssi tem o hábito de confundir a
liberdade que lhe é dada com a libertinagem do mundo, a liberdade de aprender não é a
liberdade das brincadeiras que não convém, que vai ao mesmo momento de brincar com os
sentimentos dos outros e deixar o próximo triste e sofredor, não se brinca com o sentimento
dos outros.

Os filhos de Oxóssi penam e destroem tudo que tem sem conseguir enxergar que
eles mesmos é que estão se destruindo e não o mundo que o está destruindo.

O filho de Oxóssi se define unicamente a essa liberdade do conhecimento,


sempre só consegue ficar bem quando ele entende que é uma pessoa que sempre irá aprender
porque todo filho de Oxóssi tem o prazer de dizer o quanto é bom e o quanto sabe das coisas,
por ter esse conhecimento muito amplo e ter essa vontade de aprender, mas não queiram
nunca passar esse conhecimento por cima da sua humildade que existe acima de tudo, pra ser
uma pessoa completa tem de ser humilde e reconhecer o próximo, sempre se alguém lhe
disser algo, cabe a ele a ouvir se alguém lhe diz alguma coisa é porque essa pessoa tem algo a
agregar e a ensinar, ninguém busca orientar ninguém se não for para ajudar e por mais fútil
que seja o orientador cabe a vocês ouvirem assimilar aquilo que vos é importante e aquilo
que não for vocês descartam porque a gente só pode colher os bons frutos pra comer, os
frutos podres a gente descarta.

Tem de ter a humildade e a liberdade de cada dia mais aprender um pouco mais,
pois são filhos formosos e grandes guerreiros. Dentre eles podem observar que não existe
preconceito, porque o preconceito só existe na cabeça de quem cria o preconceito, os filhos de
Oxóssi aceitam a tudo e a todos, assim mostrou que Oxóssi quando se envolveu a Ossaim e
agiu contra sua mãe ele escolheu um caminho diferente, o caminho que ele quis e que ele
acreditou ser verdadeiro.

Todo filho de Oxóssi tem de saber o caminho a ser seguido, ele mesmo tem de
ter a consciência e não os outros dizerem ele tem de entender o que é o certo e o errado, mas
ele só consegue saber o caminho certo quando ele aprende a ouvir, quando ele aprende a
entender o que é dito e ensinado, quando ele aprende o seu caminho fica maravilhoso, e fica
muito inteligente.

Naquele momento quando foi mostrando por Oxóssi o seu envolvimento com
Ossaim foi para mostrar a vocês que homossexualidade nem sempre são safadezas do mundo,
às vezes são penas e carmas de outras vidas, são pessoas quem e momentos atrás foram

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maridos e esposas, e que nesse momento vieram em matérias semelhantes e que agora vão
viver a vida deles diferente do normal às vezes vão complementar a suas vidas passadas,
porém muitos utilizam isso apenas para a satisfação da carne e zombando do mundo fazendo
com que isso gere o preconceito porque quando vocês zombam das coisas sérias vocês
acabam gerando nos outros as dúvidas e a falta de crença.

Então cabe a vocês que tem o conhecimento passar para os outros de forma a
esclarecer o preconceito e não afastar o próximo de vocês, respeitar o jeito de cada um do
jeito que tem de ser.

Oxalá - A fé que move montanhas, a fé


verdadeira, a fé que move montanhas, a fé pura fé
sem dúvidas.

Quando um filho de oxalá não está


muito bem, quando ele não está trabalhando certo,
ele está negativo o filho de oxalá é briguento, é
bruto e não mede as palavras, se torna uma pessoa
razinza, uma pessoa que parece uma bomba acesa
que a qualquer momento explode. E se torna uma
pessoa sem fé, descrente e começa a achar que
tudo aquilo que estava para acontecer não vai mais
e começa a ter dúvidas e começa a ser teimoso.
Todo filho de Oxalá quando não está bem, começa
a ficar atrapalhado, acha que tudo vai dar errado, e
não consegue se equilibrar nem equilibrar ninguém, tudo fica de cabeça pra baixo, tudo se
desmorona.

Mas quando o filho de Oxalá está em paz, louvando bem, emana fé, emana paz e
a fé de Oxalá não é a fé que você tem que muitas vezes surge a dúvida é a fé e plena
verdadeira na palavra, é a fé que move qualquer coisa e qualquer pessoa e conspira para que
todos aqueles que estão naquele momento parado venham fazer a mesma coisa que ele esta
querendo fazer.

O filho de Oxalá tem a força e o poder que muitas vezes não reconhece o poder
que tem. Um filho de Oxalá bem cuidado é capaz de tocar outra pessoa e curar, mas não
porque ele tem o poder, e sim porque ele tem a fé no senhor, em nosso pai maior que há de
curar, porque sem Deus nada nem ninguém estava aqui presente.

Não há nada, nem empecilho nenhum que impeça o filho de oxalá de fazer aquilo
que ele quer, é teimoso. Ele vai lá e ele diz eu vou tirar isso aqui daqui e por mais que você

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diga que não é o certo, mas o filho de Oxalá faz, porque ele acredita que ser o mais certo. Ele
precisa ter dentro dele o saber ouvir. Um bom filho de Oxalá aprende a ouvir o próximo a
prende a reconhecer que erra, porque sem erra ele não vai evoluir, pois é errando que se
aprende e dando um passo de cada vez é que você chega ao lugar desejado.

Todos os filhos dele precisam entender e ter o discernimento e a consciência de


que a fé tem de sempre existir em sua vida e na vida dos seus próximos porque é a fé que vai
tratar todas as doenças do seu próximo, é a fé que vai cuidar das desavenças do seu canjuá, é
com muita oração e com muito desejo que as coisas fiquem bem.

Cristo quando estava no horto de sua morte, ele olhou pra todos e disse - quero
ver todos vocês em um plano superior maior e que todos ficarão bem com a graça do senhor -
em nenhum momento de sofrimento e nenhuma provação Cristo baixou a cabeça ou deixou
de ter fé, nem nos momentos de fome, de sede e de tentação. Cristo nunca perdeu a fé e a
coisa que Oxalá mais quer é que todos vocês filhos de Oxalá é que todos vocês filhos dele
nunca percam a sua fé nem a esperança, não esqueçam uma força superior que reina e que
guia, uma força muito rara e superior que lhe ampara.

Oxalá quando Deus disse a ele - vai a terra e junto com Nanã cria toda terra -
Oxalá indo embora Deus diz – volta, porque eu ainda não terminei! Quando você for, leve Exu
com você Exu é que irá abrir os seus caminhos, vai levar tudo de ruim e você junto com Exu há
de criar a terra e tudo mais que há na terra, Oxalá teimoso como sempre, muito grosso não
deu as costas a seu pai, mas não fez o que seu pai mandou.

Ai... Oxalá foi a terra para criar o mundo e nisso as atrapalhações do mundo fez
com que Oxalá não criasse nada, ele não conseguiu fazer o que o pai mandou.

E nesse meio termo Oxalá leva tempos e tempos e tempos ate chegar a seu pai...
No momento que seu pai iria lhe receber quase tudo na terra já havia sido construído, porque
outros Orixás que Deus mandou fazer a construção. Oxalá muito triste consigo mesmo, disse -
meu pai me perdoe! Eu não fiz o que o senhor me mandou fazer como vós me mandou - e
todos os filhos de Oxalá precisam entender que nesse momento o seu pai lhe mostra que
quando for lhe dito que esse negócio tem de ser colocado aqui, desse jeito, faça desse jeito
sem dúvidas! Mas todo filho de Oxalá você diz, faça assim, o filho de Oxalá faz assado, só faz o
contrário, ai é onde os filhos de Oxalá só vão ser plenos quando entenderem que tem de fazer
as coisas com fé na plenitude, fazendo do jeito que lhe é mandado.

E Oxalá nesse momento reconhece e pede desculpas a seu pai e diz meu pai me
desculpe, me perdoe eu preciso fazer o que vós me mandou, e nesse momento Deus perdoa
Oxalá e lhe diz - agora Ide e fale com Exu agora não falta mais nada, agora só falta criar os
homens para que eles mesmos criem o restante da terra - e Oxalá assim fez dessa vez, foi até
Exú e pediu desculpas porque achou que poderia fazer tudo só, e é nesse momento que vocês
todos precisam entender que ninguém sozinho faz nada, todos precisam de todos, e Oxalá
com toda força e todo poder precisou de Exu para poder chegar a terra bem em paz e
tranquilidade para conseguir fazer o que seu pai mandou.

Assim Oxalá junto com Exu que abria todos os seus caminhos, Oxalá chegou a
terra e emanou o seu poder e cria o homem e cria a mulher, e assim Oxalá agora, após ter
cumprido o que o seu pai mandou, tem também o peso dos homens o peso da criação nas
suas costas e é por isso que vocês todos quando estão aflitos e tristes vocês rogam a Oxalá e
sempre uma casa de Umbanda ou um terreiro tem Oxalá acima de tudo e de todos porque

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sem Oxalá não existe criação, não existe a vida porque ele é o senhor da vida, Oxalá após ter
entendido o conselho do seu pai e intendido que sozinho não havia de conseguir tudo ele
aceita a ajuda de Exu e faz tudo que tem de fazer e assim se torna o pai de todos vocês.

Então essa é a estória de oxalá para que vocês entendam que os filhos de oxalá
têm de ter muita fé.

E, finalmente nossa prosa acabou naquele dia... Aqui ficaram os registros e a lição
de cada um buscar mais conhecimento sobre a nossa religião, conhecer os Itãns dos outros
Orixás e repassar para aquele que sabe menos o conhecimento adquirido.

Até a próxima...

Esthéfanie Adans, relatos do dia 25 de maio de 2016. Saravá Umbanda!

A sineta do céu bateu, Oxalá já diz é hora

A sineta do céu bateu, Oxalá já diz é hora

Eu vou, eu vou, eu vou fica com Deus e Nossa Senhora

Eu vou, eu vou, eu vou fica com Deus e Nossa Senhora

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