0% acharam este documento útil (0 voto)
41 visualizações7 páginas

APELAÇÃO

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 7

DOUTO JUÍZO DA 5ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA

ESTADUAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE - MG

Processo Nº: 5028501-37.2018.8.13.0024

ESTADOS DE MINAS GERAIS, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe,


que lhe move ORGANIZAÇÕES NUTRIRAM REFEIÇÕES COLETIVAS LTDA,
também já qualificada nos autos, vem, por via de seu procurador que esta subscreve,
não se conformando com a sentença proferida de ID 2724721412 interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

Com base nos artigos 1.009 a 1.014 do CPC/15, requerendo, na oportunidade, que o
recorrido seja intimado para, querendo, ofereça as contrarrazões e, ato contínuo, sejam
os autos, com as razões anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais para os fins de mister.

Nestes termos,

Pede-se deferimento.

Belo Horizonte-MG, 16 de Junho de 2021.

Leonardo Cerqueira de Souza

Procurador do Estado

OAB/MG 201152-74
RAZÕES RECURSAIS

APELANTE: ESTADO DE MINAS GERAIS

APELADO: ORGANIZAÇÕES NUTRIRAM REFEIÇÕES COLETIVAS LTDA

PROCESSO Nº: 5028501-37.2018.8.13.0024

VARA DE ORIGEM: 5ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA


COMARCA DE BELO HORIZONTE

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

COLENDA CÂMARA

EMÉRITOS DESEMBARGADORES

I – DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

O Apelante é parte legítima, com interesse sucumbencial, devidamente representado,


conforme se verifica, portanto, preenchido os pressupostos objetivos e subjetivos de
admissibilidade.

II – DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO

Nos termos dos artigos 219 e 1.003, §5º do CPC, o prazo para interpor o presente
recurso é de 15 dias úteis, sendo excluído o dia do começo e incluindo o dia do
vencimento nos termos do artigo 224 do CPC/15.

Desta forma, considerando que a decisão fora publicada no Diário Oficial na data de
01/06/2021, tem-se por tempestivo o presente recurso, devendo ser acolhido.

Outrossim, em anexo às presentes razões segue o comprovante de recolhimento do


preparo recursal.

III – BREVE SÍNTESE DOS FATOS


A apelada ajuizou ação contra o Estado de Minas Gerais, com a finalidade de receber
atualização monetária, juros e multa que entende devidos, em decorrência de alegado
atraso dos pagamentos das parcelas firmadas em contrato pelo Estado de Minas Gerais.

Diz possuir contratos em andamento com o apelante para distribuição de alimentos,


sendo estes, refeições e lanches, que são distribuídos nas unidades prisionais do estado
acima citado e que este não vem cumprindo o pagamento dentro do prazo estipulado no
edital e validado no contrato administrativo, assim como tem deixado de pagar os juros
de mora em decorrência dos respectivos atrasos.

Diante de todo exposto acima a apelada requereu que fosse determinado a aplicação da
correção monetária, juros de mora e multa pelos atrasos nos pagamentos por parte do
apelante.

Em sede de contestação o apelante alegou a ausência de documentos essenciais à


propositura da ação, afirmando inexistir nos autos: comprovante de prestação dos
serviços, bem como notas fiscais emitidas, sua aceitação, empenho, liquidação, ordem
de pagamento e comprovante da data de pagamento. Alegou também que existem notas
prescritas incluídas nos autos e requereu que fossem excluídas.

Finalizou a contestação requerendo a extinção da ação sem o julgamento do mérito,


exclusão da cobrança das notas prescritas.

Em seqüência a apelada apresentou réplica rebatendo todos os pedidos da contestação,


reforçando os pedidos da inicial e solicitando perícia judicial que foi concedida.

Logo em seguida o perito junta o Laudo Pericial com quesitos do apelante e da apelada,
onde o mesmo concluiu que o apelante efetuou os pagamentos com atraso, porém que
os valores indicados na inicial estão equivocadamente bem acima, passando a informar
em uma tabela os indicando os valores corretos.

Sem êxito na tentativa de acordo e findo os debates e juntada de provas e laudos


periciais, o nobre magistrado prolatou a sentença de ID 2724721412, julgado
procedente em parte os pedidos formulados pela apelada. No entanto, como será
demonstrado a seguir, a sentença não merece prosperar, devendo ser reformada.

IV – RAZÕES DA REFORMA
Conforme se verifica nos autos, por meio da sentença atacada, o juiz de primeiro grau
reconhece que as notas apresentadas há mais de 5(cinco) anos estão prescritas,
conforme transcrição abaixo:
As hipóteses em que incide a prescrição são distintas. Em uma a pretensão
do fundo de direto prescreve em cinco anos, já na outra, a que diz respeito
ao direito de ação, esta renasce toda vez que a prestação é devida (dia a
dia, mês a mês) e, em virtude disso, se restringe às prestações vencidas há
mais de cinco anos, conforme se percebe da leitura dos artigos 1o e 3o do
Decreto n. 20.910/32:

“Art. 1o-As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem
assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual
ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos
contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

(...)

Art. 3o – Quando o pagamento se dividir por dias, meses ou anos, a


prescrição atingirá progressivamente as prestações à medida que
completarem os prazos estabelecidos pelo presente decreto.”

Conforme disposto no Decreto-Lei 20.910/32 e Súmula n. 85 do STJ, a


prescrição nas relações jurídicas, de trato sucessivo, nas quais a Fazenda
Pública figure como devedora, abrange apenas as prestações vencidas
antes do quinquênio precedente à propositura da ação.

Assim sendo, é possível fazer-se uma distinção e concluir-se com segurança


que a prescrição do fundo de direito ocorre quando o ato administrativo
atinge a situação jurídica fundamental e o titular do direito não impugna o
referido ato no prazo legal, o que leva à perda do próprio direito de ação.

Ora, nobres julgadores, em uma breve conferência das notas incluídas para
os cálculos pelo perito judicial, constata-se a presença de notas com mais
de 5(cinco) anos à propositura da ação. Conforme prints colacionados
abaixo:
Então, se o Nobel Juiz reconhece que notas há mais de 5 (cinco) anos estão prescritas e
ao mesmo tempo acata e condena o apelante aos valores indicados pelo perito judicial
que incluiu todas as notas, inclusive as prescritas, o mesmo entra em contradição,
devendo a sentença ser reformada.

Verifica-se também, Douto Julgador, que também há erro quando o Nobel Juiz de
primeiro grau admite na r. Sentença que a data a ser contada para começar a incidir
juros, estando ausente no contrato, estará na Lei de Licitações e Contratos art. 40, da Lei
no 8.666/93, que diz:

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual,


o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de
execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o
local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como
para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o
seguinte:

[...]

XIV - condições de pagamento, prevendo:

a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado a partir da data


final do período de adimplemento de cada parcela;

b) cronograma de desembolso máximo por período, em conformidade com a


disponibilidade de recursos financeiros;

c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos, desde a


data final do período de adimplemento de cada parcela até a data do efetivo
pagamento;

d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais atrasos, e


descontos, por eventuais antecipações de pagamentos;

e) exigência de seguros, quando for o caso;

Deste modo os cálculos de mora foram feitos de forma equivocada, uma vez que em
nenhum momento ficou comprovado nos autos as respectivas datas de pagamento,
conforme o próprio perito afirma no laudo técnico, transcrito abaixo:

5)A autora comprovou nos autos a data da apresentação de todas as notas

fiscais ao Estado?

RESPOSTA: Não. Este profissional não identificou nos autos as


comprovações de apresentação das Notas Fiscais do Autor ao Estado.

6) Há comprovação de data de recebimento dos serviços (adimplemento


das parcelas contratuais)? Em caso positivo, essa data é anterior ou
posterior a apresentação das notas fiscais?

RESPOSTA: Não. Este profissional não identificou nos autos as


comprovações das datas de recebimento dos serviços realizados pelo Autor
ao Estado.
7) As datas informadas pela parte autora como datas de vencimento estão
de acordo com o Art. 40, XIV, “a” da Lei 8.666/93, ou seja, são de trinta
dias após a apresentação da nota fiscal de serviços?

RESPOSTA: Este profissional informa que a planilha apresentada pelo


Autor nos Autos apresentavam algumas datas de vencimento incorretas.

Ora, se a apelada não comprova nem as datas de recebimento de serviços realizados ao


apelante, com que datas foram calculadas os juros das parcelas em atraso? Uma simples
planilha juntada na inicial que inclusive contém datas de vencimento incorretas segundo
o próprio perito não pode servir base para nenhum tipo de calculo de mora.

Como resta provado, existem valores não devidos incluídos nos cálculos feitos pelo
perito e acatados pelo juiz de primeiro grau. Sendo assim, impugno os valores
apontados como devidos na sentença devendo a mesma ser reformada.

V – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requerer-se que o presente recurso seja CONHECIDO e


PROVIDO, e que, conseqüentemente, seja INTEGRALMENTE REFORMADA A
SENTEÇA ATACADA, para que seja declarada de prescrição da cobrança de parcelas
relativas a notas fiscais emitidas antes de 09/03/2013, como também que as datas para o
calculo de juros de mora seja a data da propositura da ação uma vez eu inexiste nos
autos comprovação das datas dos pagamentos atrasados.

Termos em que,

Pede deferimento.

Belo Horizonte – MG, 16 de Junho de 2021

Leonardo Cerqueira de Souza

Procurador do Estado

OAB/MG 201152-74

Você também pode gostar