Poema "Tanto de Meu Estado Me Acho Incerto"

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Poema de Português

Bom dia, hoje vamos apresentar o poema “Tanto de meu estado me


acho incerto”.
 Este soneto insere-se na corrente renascentista, o Classicismo. Este
é um exemplo da Moda Nova, visto que, este tipo de composição
poética foi importado de Itália (Petrarca) nesse período por Sá de
Miranda (que também é/era poeta)
 Neste soneto é abordado o tema: sofrimento amoroso.
- O soneto pode dividir-se em duas partes.
Na 1ª parte (que corresponde às três primeiras estrofes) é descrito
o estado de espírito do sujeito poético, que é caracterizado por
sentimentos contraditórios e pelo conflito de emoções (como por
exemplo, tristeza).
Na 2ª parte (a última estrofe) descobrimos uma possível causa
desses sentimentos: a observação da mulher amada.

- Os sentimentos do sujeito poético são tão intensos que acabam


por se tornar contraditórios (“que em vivo ardor tremendo estou de
frio” – v. 2). O “eu” lírico está em desacordo consigo mesmo
suspeita que a observação da sua amada, seja a causa desse conflito
interno.
Ao longo do soneto, para realçar a inquietação atual e contínua do
sujeito poético, são utilizadas antíteses (“ardor” / “frio” – v. 2;
“choro” / “rio” – v. 3; “todo abarco” / “nada aperto” – v. 4; “fogo” /
“rio” – v. 6).
Também com a finalidade de demonstrar o desenrolar e a
intensidade deles, o poeta utiliza anáforas (“agora espero, agora
desconfio/ agora desvario, agora acerto” – vv. 7-8), que mostram
igualmente o estado permanente de ansiedade e de sofrimento em
que o sujeito poético vive.
Como já foi visto noutros textos de Camões, o amor é aproximado a
realidades intensas, como os elementos da Natureza, para realçar o
fervor deste sentimento, como podemos observar no verso 6 (“da
alma um fogo me sai, da vista rio”). Nesse verso, assim como no 9,
observamos hipérboles, usadas para fortalecer o sofrimento do
sujeito lírico e para destacar o delírio amoroso do “eu” poético
(“estando em terra, chego ao Céu voando”). O desejo de ver e de
estar com a mulher que ama é tão forte e o estado de perturbação
dele é tão intenso que tem uma perceção contraditória do tempo,
criando assim um paradoxo (“nu’hora acho mil anos” – v. 10). A
utilização da apóstrofe (“minha senhora” – v. 14) remete para a
noção de mulher inatingível, a quem o sujeito poético presta
vassalagem. Todos estes sentimentos conflituantes são provocados
pelo amor, o que o transforma num sentimento contraditório.

 Constituição do poema:
- Neste poema é abordado o tema da experiência amorosa e o
assunto que compreende os efeitos contraditórios que a
observação da mulher que ama causa no sujeito poético e o
sofrimento amoroso provocado por esse momento.

-O poema é um soneto, logo é constituído por duas quadras e dois


tercetos, num total de 14 versos decassilábicos:
Tan/to/de/meu/es/ta/do/me a/cho/in/cer/to.

- A rima é interpolada e emparelhada, com o seguinte esquema


rimático: ABBA/ABBA/CDE/CDE. Em todo o texto, a rima é rica, pois
as palavras rimantes não pertencem à mesma classe gramatical
(“incerto” – adjetivo / “aperto” – forma verbal), com a exceção dos
grupos de versos 9 e 12 e 11 e 14, em que a rima é pobre (“voando”
/ “ando” – formas verbais).

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