Sismos

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Sismos

➔ Movimentos vibratórios da superfície terrestre, que ocorrem bruscamente devido a


uma libertação súbita de energia no interior da Terra.

Origem dos sismos


➔ Os sismos, são o resultado de uma libertação súbita de energia no interior da Terra.
Podem resultar de explosões produzidas pelo ser humano (sismos artificiais), do
abatimento de cavidades e grutas (sismos de colapso) bem como do movimento de
magma em profundidade (sismos vulcânicos). No entanto, a maioria dos sismos,
cerca de 95% é de origem tectónica, resultando da libertação súbita de energia
acumulada nos materiais, quando dois blocos rochosos se deslocam ao longo de
uma falha. A formação destes sismos pode ser explicada pela teoria do ressalto
elástico.

Teoria do ressalto elástico


● nos limites tectónicos, sujeitos à atuação de forças compressivas, distensivas ou de
cisalhamento, ocorre a acumulação de energia elástica que vai deformando
gradualmente as rochas;
● ultrapassado o limite de resistência das rochas, ocorre rutura e/ou movimento dos
blocos rochosos;
● A movimentação brusca dos blocos, ou ressalto, provoca a libertação, sob a forma
de ondas sísmicas, da energia elástica acumulada, que provoca a vibração dos
materiais envolventes, ocorrendo assim um sismo.
● Os sismos que antecedem o sismo principal são os abalos premonitórios e os que
ocorrem posteriormente são as réplicas (devem-se a reajustamentos da falha).

Parâmetros de caracterização dos sismos


● Hipocentro ou foco: local do interior da Terra onde se gera o sismo.
● Epicentro: local à superfície mais perto do hipocentro e situado na sua vertical.
● Ondas sísmicas: superfícies concêntricas segundo as quais se propaga a energia
sísmica em todas as direções a partir do hipocentro.
● Profundidade ou distância focal: A distância entre o foco e o epicentro.
● Frente de onda: superfície esférica das ondas sísmicas, que separa os materiais que
já sofreram deformação dos materiais não deformados.
● Raio sísmico: qualquer trajetória perpendicular à frente de onda com origem no
hipocentro

Propagação das ondas sísmicas


● Durante um sismo o terreno vibra na vertical e na horizontal.
● Comprimento de onda – distância entre pontos consecutivos que correspondem ao
mesmo estado de vibração (período).
● Amplitude – distância que uma partícula se afasta de uma posição de referência.
● Em meios de composição homogénea – que não é o caso da Terra (heterogénea) –
as ondas sísmicas expandem-se tridimensionalmente, sob a forma de esfera, com
centro no foco.

Classificação dos sismos atendendo à profundidade hipocentral


● Superficial: hipocentro até 70 km de profundidade;
● Intermédio: hipocentro entre 70 e 300 km de profundidade;
● Profundo: hipocentro com mais de 300 km de profundidade (até 700 km
aproximadamente).

Formação de tsunamis
● Quando os sismos se geram no fundo marinho, em resultado de movimentos de
abatimento (deslocamento vertical) do fundo oceânico, ocorrem perturbações da
coluna de água, podendo gerar-se tsunamis.
● Estas ondas gigantes apresentam elevado poder destruidor devido à sua elevada
velocidade e amplitude.
● À medida que se aproximam das zonas costeiras (menos profundas), as ondas
diminuem o seu comprimento, mas ao mesmo tempo, aumentam a sua amplitude
(altura).

Tipos de ondas sísmicas


● Ondas de volume, interiores ou de profundidade
- A velocidade de propagação das ondas internas (P e S) depende das
propriedades físicas das rochas que atravessam.
- A velocidade das ondas sísmicas é diretamente proporcional à rigidez dos
materiais e inversamente proporcional à sua densidade.
- Em meios líquidos a rigidez é igual a zero, por isso a velocidade das ondas S
será também zero, não se propagando estas ondas nesses meios.

● Ondas P (longitudinais ou primárias)


- Primeiras a serem registadas, uma vez que são as mais rápidas;
- Provocam a vibração (compressão e distensão) dos materiais,
paralelamente à direção de propagação;
- Provocam alterações de volume dos materiais;
- Propagam-se nos meios sólidos, líquidos e gasosos;
- A sua velocidade aumenta com a rigidez dos materiais que atravessam.

● Ondas S (transversais ou secundárias)


- Segundas a serem registadas;
- Provocam a vibração das partículas perpendicularmente à direção de
propagação;
- Provocam alterações de forma dos materiais;
- Só se propagam em meios sólidos;
- A sua velocidade aumenta com a rigidez dos materiais que atravessam.

● Ondas L (superficiais)
- Propagam-se apenas na superfície da Terra;
- São as mais lentas e as últimas a serem registadas;
- Provocam deformação intensa dos materiais, devido à sua elevada
amplitude, sendo as mais destrutivas.
● Ondas de Rayleigh
- As partículas descrevem um movimento elítico num plano perpendicular à
direção de propagação das ondas;
- Propagam-se em meios sólidos e líquidos.
● Ondas de Love
- As partículas vibram num plano horizontal e perpendicular à direção de
propagação das ondas;
- Propagam-se apenas em meios sólidos.
Registo sísmico
● Sismógrafo: instrumento que regista os movimentos da superfície terrestre.
● Sismograma: registo efetuado pelo sismógrafo.
● O sismograma permite determinar o desfasamento de chegada das ondas P e S
(intervalo S-P).
● Quanto mais distante do epicentro se encontrar a estação, maior é o intervalo de
tempo entre as chegada das ondas P e S, porque as ondas P têm maior velocidade
do que as S, por isso quanto maior for a distância percorrida maior é o atraso das
ondas S em relação às P.
● Com base no desfasamento, é possível determinar a distância epicentral.
● Usando três estações sísmicas, consegue-se localizar graficamente o epicentro.

Escalas sísmicas / intensidade e magnitude


● Intensidade: avalia um sismo em função do grau de perceção que a população teve
dele e do seu grau de destruição. O mesmo sismo possui várias intensidades. Pode
ser medida na escala de Mercalli modificada.
● Magnitude: mede a energia libertada num sismo. Cada abalo só possui um valor de
magnitude. Pode ser medida na escala de Richter.

Escalas sísmicas / Magnitude


A magnitude avalia um sismo em função da quantidade de energia libertada no hipocentro,
sendo determinada pela máxima amplitude das ondas sísmicas registadas nos
sismogramas, para distâncias conhecidas entre o hipocentro e a estação sísmica. É uma
grandeza numérica que aumenta à medida que aumenta a quantidade de energia libertada
no foco.

Escalas sísmicas / Intensidade


Para definir a intensidade de um sismo numa determinada área utiliza-se a Escala
Internacional ou de Mercalli Modificada, com doze graus.
A intensidade de um sismo depende, entre outros fatores:

– da profundidade do foco e da distância ao epicentro, na medida em que a capacidade


vibratória das ondas sísmicas diminui à medida que elas se afastam do seu ponto de
origem, diminuindo, também, a intensidade sísmica;

– da natureza do subsolo, isto é, da resposta das rochas que o constituem, à passagem


das ondas sísmicas; os sedimentos finos não consolidados tendem a amplificar e a
prolongar a vibração sísmica;

– da quantidade de energia libertada no foco, sendo um sismo tanto mais intenso quanto
maior a quantidade de energia nele libertada.

O mesmo sismo possui assim várias intensidades e esta tende a ser maior na região
epicentral.

Influência das características dos materiais rochosos na velocidade e efeitos das ondas
sísmicas.

❖ Quando o substrato é formado por sedimentos soltos, em especial os saturados em


água, a destruição associada aos sismos é maior, sendo assim maior a intensidade;
❖ Em áreas constituídas por sedimentos saturados em água e com fraca capacidade
de drenagem, pode ocorrer a sua liquefação.Os sedimentos, devido à vibração
sísmica, perdem a sua coesão e resistência ao corte comportando-se, então, como
um fluido. A intensidade sísmica tende a ser maior nestes locais.

Determinada a intensidade do sismo em diferentes locais da região afetada, podem


construir-se cartas de isossistas.
Isossistas – linhas que separam zonas com diferente intensidade sísmica.

Escala de Mercalli modificada Escala de Richter


Avalia a intensidade de um sismo, através: Avalia a magnitude de um sismo , através
da perceção do sismo pela população; do cálculo da energia libertada no foco
do grau de destruição.

Instrumentos de trabalho: Instrumentos de trabalho:


- inquéritos realizados às populações; - sismogramas
- registos do grau de destruição.

Fechada, com XII graus Aberta

Qualitativa Quantitativa

Subjetiva Objetiva

Exprime-se em numeração romana Exprime-se em numeração árabe

Sismos e tectónica de placas


❖ Sismos intraplaca: ocorrem no interior das placas e não estão associados aos
limites tectónicos.
❖ Sismos interplaca: ocorrem associados aos limites tectónicos. São os mais comuns
(cerca de 95% dos sismos).

Profundidade do foco sísmico em diferentes contextos tectónicos


❖ Sismos superficiais: menos de 70 km de profundidade;
❖ Sismos intermédios: 70 km a 300 km de profundidade;
❖ Sismos profundos: maior do que 300 km de profundidade.
❖ Limites divergentes e transformantes: sismos superficiais.
❖ Limites convergentes: sismos superficiais, intermédios e profundos.

Como explicar a ocorrência de sismos nos limites divergentes?


Nos limites divergentes as placas encontram-se sob tensão, uma vez que nestas zonas as placas se
separam. A tensão vai-se acumulando até que ultrapassa o limite de resistência das rochas, havendo
movimento e libertação de energia que provoca vibrações das rochas (sismos).

Por que terão os sismos nestas regiões hipocentros superficiais?


Porque devido ao elevado gradiente geotérmico (e fluxo térmico) nestas regiões os materiais
fundem a profundidades mais reduzidas.

Como explicar a ocorrência de sismos nos limites convergentes?


O movimento descendente da placa em subducção provoca atrito o que determina a acumulação de
energia, que, quando ultrapassa a capacidade de resistência das rochas provoca movimento ao
longo da fratura existente, libertando-se energia, originando assim atividade sísmica.

Onde se localizam os hipocentros dos sismos que ocorrem nestas regiões?


Os hipocentros dos sismos localizam-se na zona da placa em subducção que contacta com a outra
placa.

Sismicidade em Portugal
Sismo interplaca
❖ Os sismos que ocorrem nos Açores estão associados a limites divergentes.
Na região sul de Portugal Continental, os sismos podem estar associados ao
limite entre a placa Africana e a Eurasiática.
❖ O sismo de 1755, pode ter sido originado num limite tectónico e causou
intensa destruição em Lisboa, Alentejo e Algarve.
❖ A ocorrência de diversos tsunamis em Portugal demonstra que a nossa costa
é muito vulnerável, existindo planos de evacuação em alguns concelhos.
Sismo intraplaca
❖ Os sismos que ocorrem em Portugal Continental e na região do arquipélago da
Madeira estão associados a falhas ativas que não se localizam nos limites de
placas, como, por exemplo, a falha do vale do Tejo associada ao sismo de
Benavente de 1909.

Previsão do risco sísmico


• Não é possível fazer uma previsão determinística dos sismos (dizer em que dia, a que
hora, em que local vai ocorrer um sismo), mas fazem-se previsões probabilísticas
(semelhantes às previsões meteorológicas).

• Depende da monitorização em tempo real da atividade sísmica, em especial a atividade


associada às falhas mais ativas, perto de regiões densamente habitadas e capazes
de gerar os sismos mais destrutivos.

• Depende do estudo dos sismos históricos, de forma a elaborar cartas de isossistas de

intensidade máxima.

• Determinação do risco sísmico;

• Elaboração de planos para atuação em situações de emergência;

• Ordenamento do território tendo em conta o risco sísmico e a construção recorrendo a

técnicas antissísmicas;

• Educação das populações para atuarem de forma adequada perante um sismo ou um

tsunami.

Ondas sísmicas e o estudo do interior da Terra

● Se a Terra fosse homogénea, as ondas sísmicas propagam-se-iam com um trajeto


retilíneo por todo o planeta.
● O registo das ondas e a sua interpretação permitem deduzir que ocorrem variações
nas características físicas e químicas do interior da geosfera.
● Ao propagarem-se em profundidade, as ondas sísmicas podem ser refletidas ou
refratadas, quando atingem meios com características físico-químicas distintas.
Estas características resultam de variações da rigidez e da densidade dos materiais,
decorrentes da sua composição mineralógica e do seu estado físico. Este
comportamento das ondas sísmicas pode ser comparado ao de um raio laser
quando atravessa meios com diferentes características. As superfícies nas quais as
ondas sísmicas mudam de velocidade, de direção ou deixam de se propagar
designam-se por descontinuidades sísmicas.
● Superfícies de descontinuidade: superfícies que separam materiais com
características físico-químicas diferentes. Nessas superfícies de descontinuidade, as
ondas sísmicas sofrem reflexões e refrações sucessivas e variações bruscas de
velocidade.

➔ Densidade aumenta com a profundidade


➔ A velocidade das ondas sísmicas diminui com o aumento da densidade.
- A velocidade das ondas sísmicas tenderia a diminuir com o aumento da
profundidade, se a velocidade dependesse apenas da densidade. Mas,não
diminui, porque a velocidade das ondas também depende da rigidez.
- A rigidez também aumenta com a profundidade e aumenta mais do que a
densidade, compensando o efeito desta.

Descontinuidade de Mohorovicic (Moho) (40 km de profundidade- limite entre a crusta


e o manto)

● Foi descoberta por Mohorovicic, quando constatou que as estações sísmicas mais
afastadas do epicentro recebiam dois conjuntos de ondas P e S.
● O primeiro conjunto mais rápido atravessava o manto e aumentava a sua
velocidade; o segundo conjunto propagava-se apenas na crusta, a velocidades
menores.
● As rochas do manto possuem maior rigidez do que as da crusta, em resultado das
elevadas pressões a que estão sujeitas e à sua composição peridotítica.
● Verifica-se que sismógrafos de estações situadas a algumas centenas de
quilómetros registaram primeiro as ondas sísmicas P e S que tinham sofrido
refração, resultando numa trajetória mais profunda, seguindo-se as ondas diretas P
e S, que não sofreram refração, com uma trajetória menos profunda.
● Mohorovicic deduziu que as ondas, ao atravessarem camadas mais profundas,
aumentavam de velocidade, o que indicava um incremento da rigidez resultante de
alterações no tipo de rochas.

Descontinuidade de Gutenberg ( 2900 km de profundidade- limite entre o manto e o


núcleo externo)

● Foi descoberta por Gutenberg, ao identificar as zonas de sombra sísmica originadas


pelo facto de o núcleo externo se encontrar liquido.
- As ondas S deixam de se propagar abaixo dos 2900 km, com uma zona de

sombra sísmica dos 102 ° aos 180 ° de distância epicentral).

- As ondas P sofrem reflexões e refrações, originando uma zona de sombra

sísmica entre os 102 ° e os 142 ° de distância epicentral.

● Estes processos são responsáveis pela zona de sombra sísmica à superfície. A

zona de sombra sísmica depende do epicentro, ou seja, todas as partes do planeta

quando sofrem um sismo, depende do local do epicentro, pois outras partes estarão

sob a zona sísmica.

Descontinuidade de Lehmann (5100 km de profundidade- limite entre o núcleo

externo e o núcleo interno)

• Descoberta pela cientista Lehmann, ao verificar que ondas P eram refletidas ao

passarem para o núcleo interno e que a sua velocidade aumentava.


- a energia das ondas P quando elas atingem o núcleo interno podem originar ondas
S.

Métodos para o estudo da estrutura interna da Terra

Métodos diretos
➔ Permitem estudar a constituição e a estrutura das camadas mais externas do
planeta. Não fornecem dados sobre as camadas mais profundas. (crusta e manto
superior)
➔ Vulcanismo- o estudo dos materiais libertados na atividade vulcânica permite
determinar a composição química e as características físicas das camadas menos
profundas. Por vezes, é possível o estudo de fragmentos de rochas encaixantes que
foram removidos e arrastados pelo magma durante a ascensão, designados
xenólitos.
➔ Afloramentos- muitas rochas que estão expostas na superfície terrestre foram
formadas em profundidade, tendo ascendido em resultado da remoção das camadas
superiores, por erosão, ou em consequência da atividade tectónica.
Estes afloramentos permitem o estudo de rochas formadas na crusta e no manto
superior, que são, geralmente, inacessíveis por ocorrerem em profundidade. A
principal limitação é a raridade deste tipo de afloramentos e o facto de não permitir
o estudo das camadas mais profundas da Terra.
➔ Minas- possibilitam a recolha de amostras de material em explorações a céu aberto
ou em escavações que podem atingir cerca de 4km de profundidade. Para além dos
materiais recolhidos,, é possível também estudar as variações da temperatura nos
níveis superiores da crusta.
➔ Sondagens- as perfurações realizadas na crusta permitem obter amostras
cilíndricas de materiais (tarolos), a partir dos quais é possível avaliar a natureza das
rochas e dos fluidos que elas contêm. Para além de possibilitarem o estudo das
camadas mais superficiais, até cerca de 12 km de profundidade, também são
usadas na prospeção e exploração de água, de hidrocarbonetos e de minérios.
Vantagem – permitem estudar materiais da Terra que não se encontram à
superfície. Desvantagem – não é possível estudar camadas mais profundas,
nomeadamente o manto e o núcleo.
Tecnologia:Estes furos são muito dispendiosos e tecnicamente complexos.Os
equipamentos utilizados na perfuração têm de ser capazes de suportar temperaturas
e pressões elevadas e suficientemente leves para poderem ser manuseados.
➔ Os métodos diretos oferecem a possibilidade de estudar com detalhe a natureza
física e química das rochas, bem como as condições de pressão e de temperatura a
que se encontram os materiais mais superficiais da geosfera. O facto de não
fornecerem dados das camadas mais profundas da Terra constitui a grande
limitação destes métodos.

Métodos indiretos
➔ Para estudar os materiais que constituem a crusta inferior, o manto e o núcleo, os
investigadores recorrem a métodos indiretos, que não dependem do estudo ou da
observação desses materiais, mas de dados obtidos de forma indireta.
➔ Sismologia: A propagação das ondas sísmicas varia em função dos materiais que
atravessam, podendo deixar de ser propagadas, variar a sua velocidade e alterar a
sua direção em resultado de fenómenos de reflexão e refração. O comportamento
das ondas sísmicas, juntamente com o facto de se propagarem nas camadas
internas mais profundas da Terra e de serem registadas a milhares de quilómetros
do hipocentro, possibilita o uso das ondas na dedução da existÊncia de
descontinuidades internas na Terra, Estas separam camadas com propriedades
físicas e/ou químicas distintas.
➔ Os principais contributos da sismologia para a compreensão da estrutura interna da
Terra são:
- a descoberta de uma descontinuidade entre a crusta e o manto, designada
por descontinuidade de Moho, onde se regista um importante aumento da
velocidade das ondas P e S;
- a deteção de uma zona baixa velocidade sísmica no manto superior, a
astenosfera, que permite inferir uma diminuição da rigidez e o aumento da
plasticidade nessa zona, essenciais para a mobilidade das placas tectónicas;
- a verificação da ocorrência de um aumento contínuo da velocidade sísmica
desde a base da astenosfera até à base do manto (uma camada designada
mesosfera), o que pressupõe um aumento da rigidez dos materiais com a
profundidade;
- a dedução da existência de um núcleo externo líquido, separado do manto
pela descontinuidade de Gutenberg, a partir da qual não ocorre propagação
das ondas S e se verifica a diminuição acentuada da velocidade das ondas
P;
- a constatação de que o núcleo interno se encontra no estado sólido, e
separado do núcleo externo pela descontinuidade de Lehmann, ocorrendo a
propagação das ondas S e o aumento da velocidade das ondas P.

➔ Geomagnetismo
- Alguns minerais (ex. magnetite), quando se formam a partir do arrefecimento
do magma ou da lava, sofrem magnetização de acordo com o campo
magnético terrestre no momento.
- Os minerais mantêm a sua magnetização ao longo do tempo –
paleomagnetismo.
- A existência de rochas com paleomagnetismo com mais de 3500 Ma indica
que o campo magnético da Terra se iniciou logo após a sua formação.
- Estudos paleomagnéticos permitem reconstituir a evolução dos fundos
oceânicos e a posição dos continentes ao longo do tempo geológico.
- As anomalias magnéticas permitem determinar a polaridade dos basaltos do
fundo oceânico. Nas regiões com anomalia positiva, onde o basalto
apresenta a mesma polaridade que a do campo magnético terrestre,
considera-se a existência de polaridade normal. Nas regiões com
anomalias negativas, onde o basalto apresenta uma polaridade diferente da
do campo magnético, considera-se a existência de polaridade inversa.
➔ Relativamente à importância do geomagnetismo, como método indireto de estudo
da geosfera, podemos concluir que:
- a existência do campo magnético terrestre apoia o modelo sobre a
composição e as características físicas do núcleo terrestre (núcleo externo
constituído por metais, possivelmente ferro e níquel, no estado líquido);
- o paleomagnetismo fornece inúmeras informações sobre o passado da
Terra:
- regista as inversões da polaridade do campo magnético terrestre;
- apoia a teoria da expansão dos fundos oceânicos e da tectónica de placas;
- permite tirar ilações sobre a posição dos continentes relativamente aos polos
magnéticos;
- permite determinar a latitude geográfica que as rochas em estudo ocupavam
no momento da sua formação.

Geotermia
● A Geotermia é o estudo da variação da temperatura no interior da Terra.

● Ocorre um aumento da temperatura com a profundidade, explicando:

- a emissão de magma a elevadas temperaturas;


- a existência de nascentes termais de água quente;
- as elevadas temperaturas registadas em minas e furos ultraprofundos.

● A determinação da variação da temperatura na geosfera é essencial, pois,


juntamente com a pressão e a composição, são determinantes do estado físico
dos materiais.

● Gradiente geotérmico: variação da temperatura (aumento) por cada km


percorrido em profundidade ( ºC/km).

● Como varia a temperatura com a profundidade? O gradiente geotérmico


diminui com a profundidade (o aumento da temperatura é maior na litosfera e
diminui nas camadas mais profundas), ou seja, a temperatura aumenta mais
lentamente, em profundidade. É maior na crusta oceânica do que na crusta
continental, resultado do maior fluxo térmico (quantidade de calor perdido por

unidade de área) nas regiões oceânicas.

Geotermismo
● Grau geotérmico: número de metros que se tem de percorrer em profundidade para
a temperatura aumentar 1ºC.
É de 33-34 m/ºC nas zonas mais superficiais.
O grau geotérmico aumenta com a profundidade.

Fluxo térmico ou geotérmico


● Quantidade de energia calorífica libertada à superfície da Terra por unidade de
superfície e de tempo.
● A que se deve a sua existência?
- A libertação de calor à superfície da Terra, deve-se à existência de um
gradiente geotérmico, como a temperatura aumenta com a profundidade há
tendência para o calor das zonas mais profundas se difundir à superfície.
- Essa libertação de calor é, no entanto, muito lenta devido à baixa
condutividade das rochas constituintes da crusta terrestre, e varia em função
das mesmas.

● Variação do fluxo térmico


- Nas dorsais oceânicas, o fluxo térmico é elevado, uma vez que nelas ocorre
ascensão de magma do interior da Terra e consequente renovação da crusta
oceânica.
O grau geotérmico é baixo.
- Nas fossas oceânicas, o fluxo térmico é baixo, uma vez que nestas zonas de
convergência de placas, ocorre descida de material frio, quando a placa
oceânica mergulha sobre a continental.
O grau geotérmico é elevado.

➔ O estudo do geotermismo permite concluir que no interior da Terra a temperatura não é uniforme.
➔ A geotermia é essencial para compreender o fluxo de calor no interior da Terra e os
movimentos de materiais na geosfera.

Gravimetria
● O valor médio da aceleração da gravidade terrestre, calculado ao nível do mar, é de
9,81 m/segundo. Contudo, por convenção, considera-se que o valor normal da força
gravítica, ao nível médio das águas do mar, é zero.
● As anomalias gravimétricas, acima e abaixo de zero, são consideradas,
respetivamente, positivas ou negativas. Estas anomalias podem ser explicadas pela
presença, no interior da crusta, de corpos rochosos com diferentes densidades.
- Material da crusta menos denso: anomalia gravimétrica negativa.
- Material da crusta mais denso: anomalia gravimétrica positiva.

Continentes- natureza granítica-menor densidade-anomalia gravimétrica negativa


Fundos oceânicos-natureza basáltica-maior densidade-anomalia gravimétrica positiva

A isostasia refere-se ao estado de equilíbrio gravitacional. Este processo admite que os


continentes possuem raízes profundas e, estas, serão tanto mais profundas quanto mais
altas forem as cadeias montanhosas desses continentes, havendo, assim, um equilíbrio do
tipo hidrodinâmico.

Contributo dos dados geofísicos para a compreensão da estrutura da


Terra
- A pressão aumenta com a profundidade (gradiente geobárico). A pressão altera a
estrutura dos minerais (ficam mais densos e faz subir o seu ponto de fusão).
- A temperatura aumenta com a profundidade (gradiente geotérmico).
- A densidade aumenta com a profundidade.
- A Velocidade das ondas sísmicas varia consoante a profundidade, sendo
condicionada pela natureza e estado físico dos materiais.
- A velocidade das ondas sísmicas diminui na astenosfera (zona de baixa velocidade)
porque a temperatura nessa região ultrapassa o ponto de fusão dos materiais,
encontrando-se estes parcialmente fundidos, logo menos rígidos.

Formação da Terra e estrutura interna


Após a sua formação, a Terra terá sido um planeta homogéneo, sem camadas internas
distintas. Para que estas se formassem, a Terra sofreu um processo de diferenciação que
se iniciou pela fusão dos materiais em resultado do aumento da temperatura interna. Este
incremento da temperatura foi consequência:
- da intensa acreção resultante do choque de outros corpos celestes com a Terra
(aglutinação dos planetesimais);
- formação do Protoplaneta (com disposição homogénea dos elementos
constituintes);
- da compressão gravítica, em resultado do aumento da massa da Terra;
- da libertação de energia a partir da desintegração de isótopos radioativos muito mais
abundantes nos primórdios da Terra.

- À descontinuidade de Gutenberg associa-se a camada D’’ que se caracteriza por


intensa alteração na velocidade de propagação das ondas sísmicas, na densidade e
na temperatura dos materiais.
- É uma zona de ultrabaixa velocidade sísmica (ULVZ, do inglês, ultralow-velocity
zone).
- Presume-se que seja ao nível da camada D’’ que se inicie a formação das plumas
térmicas.

Movimentos verticais da litosfera


Os movimentos verticais da litosfera ocorrem quando se acrescenta ou se reduz o seu
peso.
Estes movimentos verticais da litosfera, de levantamento e de afundimento ou
subsidência, só são possíveis graças ao comportamento plástico (dúctil) da astenosfera.

● Nos limites convergentes, o choque de placas origina o espessamento e o


afundimento da litosfera.
● A erosão das rochas reduz o peso da litosfera e permite a sua ascensão,
possibilitando o afloramento de rochas que se formaram em profundidade.
● Formação de um glaciar - afundimento vertical da litosfera
● Degelo- levantamento da litosfera.

Movimentos horizontais da litosfera


● Os movimentos horizontais da litosfera resultam da formação das dorsais
oceânicas, cuja acumulação de material origina um deslizamento da litosfera
sobre a astenosfera (ridge push).
● Os movimentos horizontais da litosfera resultam do efeito de tração causado
pela placa que subducta por ação da gravidade, puxando a restante placa
(slab pull).
● Os movimentos horizontais da litosfera podem resultar do efeito das correntes
de convecção do manto,arrastando a placa litosférica que se encontra por
cima.
Estes movimentos litosféricos horizontais, de convergência, de divergência e de
cisalhamento, também designados movimentos tectónicos, também só são possíveis graças
ao comportamento plástico (dúctil) da astenosfera. .
Nota: No caso de convergência de placas com subducção, os movimentos tectónicos não
são apenas horizontais.

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