Psicologia Da Educação e Da Aprendizagem Tele Aula 1

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Psicologia da educação e da aprendizagem tele aula 1

Seção 1.1 Introdução à psicologia

A Psicologia “[...] vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa
razão. Portanto, etimologicamente, psicologia significa 'estudo da alma'"

O campo psicológico constitui uma ciência cujo objetivo é explicar como o ser humano
pode conhecer e interpretar a si mesmo e como pode interpretar e conhecer o mundo
em que vive (aí incluídas a interação dos indivíduos entre si, a interação com a
natureza, com os objetos e com os sistemas sociais, econômicos e políticos dos quais
façam parte)

O seu objeto de estudo é centralizado nos seres vivos que estabelecem trocas
simbólicas com o meio ambiente

Schultz e Schultz (2014) afirmam que “o interesse pela psicologia remonta aos
primeiros espíritos questionadores” e que muitas dessas obras filosóficas resultaram
do “[...] fascínio pelo nosso próprio comportamento, e especulações acerca da
natureza e conduta humanas”(SCHULTZ; SCHULTZ, 2014, p. 15).

A Filosofia empreende a busca pelo conhecimento racional das coisas e dos


seres humanos. O estudo da razão remonta aos filósofos gregos, especialmente
Platão (400 a.C), mas o debate sobre esse conceito transpôs esse período
histórico até chegar a René Descartes (século XVII), John Locke (século XVII),
David Hume (século XVIII) e Immanuel Kant (século XVIII).

Hipócrates, muitas vezes chamado de “pai da medicina”, viveu no mesmo período que
Sócrates. Ele tinha profundo interesse pela psicologia, o estudo das funções de um
organismo vivo e suas partes. Ele fez muitas observações importantes sobre como o
cérebro controla vários órgãos do corpo. Essas observações prepararam as bases
para o que se tornou a perspectiva biológica na Psicologia (HOEKSEMA, et. al., 2012,
p. 5)

Vamos observar a figura a seguir!


Platão entendia a inteligência racional como algo inato. Essa ideia foi adotada por
Descartes, para quem, segundo Chauí (1995, p. 71), a inteligência era “[...] a
assinatura do Criador na criatura

Descartes funda o racionalismo, postulando que a única forma para se conhecer a


verdade é por meio do uso da razão.

os filósofos Locke e Hume tinham uma postura contrária ao defender que nascemos
com a mente em branco ou uma tabula rasa, na qual as experiências imprimem um
conjunto de conhecimentos em nossa razão. Essa experiência é a responsável por
moldar a nossa mente.

A visão de Descartes (1596-1650) era inatista e com forte influência das ideias
mecanicistas. Ele sustentava uma posição dualista entre mente (mundo mental) e
corpo (mundo material ou físico). Isso quer dizer que ambos têm naturezas distintas,
mas com interação mútua

No contexto britânico, John Locke (1632-1704), seguindo o empirismo, afirmava que a


mente se desenvolvia pelo acúmulo progressivo de experiências sensoriais
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2014). Ele acreditava que, “[...] quando nascemos, a mente é
uma folha em branco que adquire conhecimento mediante a experiência sensorial”

Hume (1711-1776), também empirista, afirmou que a mente é um fluxo de ideias e


propôs as duas leis de associação: “[...] semelhança ou similaridade, e a contiguidade
no tempo e no espaço. Quanto mais semelhantes e contíguas duas ideias, tanto mais
prontamente elas se associam

os pressupostos filosóficos de Kant (1724-1804) revolucionaram essas concepções. A


abordagem epistemológica de Kant foi um divisor de águas. Kant entende o
conhecimento como algo advindo da razão, não sendo inato e nem adquirido por meio
da experiência. A razão, preexistente à experiência, é uma estrutura vazia igual e
universal para todos. As experiências fornecem os conteúdos e a razão confere a
esses conteúdos a sua forma

Hoeksema (2012) classifica esse debate natureza/criação, ou seja, as capacidades


humanas como inatas ou adquiridas. A visão da natureza sustenta o ser humano com
um estoque inato de conhecimento e compreensão da realidade. Já a visão de criação
sustenta que o conhecimento é adquirido pelas experiências e interações com o meio

A Psicologia passa a ser estudada enquanto ciência, desvinculando-se somente


dos conhecimentos filosóficos

O berço da Psicologia Moderna (Psicologia Científica) foi a Alemanha do final do


século XIX. Wundt, Weber e Fechner

Um marco importante foi a fundação, em 1879, do “Laboratório de psicologia


experimental”, em Leipzig, na Alemanha, por Wundt (1832-1920), considerado o
fundador e pai da psicologia experimental

De acordo com Schultz e Schultz (2014), a psicologia experimental, segundo Wundt,


tinha os seguintes objetivos: a) analisar os processos conscientes e determinar os
seus elementos básicos e estudá-los em relação; b) descobrir como esses elementos
eram sintetizados e organizados; c) descobrir as leis de conexão que governavam a
sua orientação.

Apesar de ter surgido na Alemanha, os estudos da Psicologia Científica crescem nos


Estados Unidos, onde surgiram as primeiras abordagens, existentes até os dias atuais.
São elas: o Funcionalismo (William James), o Estruturalismo (Edward Titchener) e o
Associacionismo (Edward Thorndike).
O termo "Estruturalismo" formulado por Titchener (psicólogo treinado por Wundt),
possui como ramo de pesquisa a análise das estruturas mentais. O problema da
Psicologia era a análise dos fenômenos mentais que Titchener dividiu em três
classes: sensações (unidades irredutíveis do mundo mental), imagens (como
persistência da lembrança, após a retirada do estímulo sensorial) e sentimentos,
sendo que essas três classes tinham qualidade, intensidade, duração e vivacidade (

A outra corrente psicológica, denominada como funcionalismo, tem como principal


pesquisador William James, por compreender a mente sob a ótica de seu potencial
dinâmico e demonstrar preocupação em conhecer seu funcionamento.

Em 1890, James definiu a Psicologia como “a ciência da vida mental, abrangendo


tanto seus fenômenos como as suas condições”. Ele descreve o sujeito formado por
três “eus”: o primeiro, denominado eu material, composto por todas as coisas que
pertencem à pessoa, desde seu próprio corpo até suas roupas, propriedades, etc. [...]
A segunda instância é denominada eu social e se refere às diferentes relações
possíveis entre as pessoas, envolvendo os grupos sociais a que pertença, quer
familiar, de lazer, religioso ou político, quer de vizinhança, trabalho, etc. Também aqui
as alterações provocam sentimentos. E, por fim, o eu espiritual que envolve as
capacidades intelectuais, sentimentos, vontades e faculdades psíquicas. [...] Os três
“eus” formam o eu empírico, no interior do qual esses diferentes componentes
transitam, nem sempre em harmonia

O Funcionalismo teve como propósito compreender o comportamento e suas


inter-relações, como também compreender a consciência.

E, por fim, surgiu a corrente psicológica denominada Associacionismo, que traz


como principal representante Edward Thorndike. Essa corrente psicológica traz
como concepção a aprendizagem que acontece por meio de um processo de
associação de ideias, em que o indivíduo deve partir das mais simples de um
determinado tema, indo até as mais complexas.
Seção 1.2 Psicologia da educação

Desde a Grécia no período clássico (séculos IV e V a. C.), é possível identificar as


preocupações, questionamentos e formulação de concepções sobre o conhecimento e
o processo de aprendizagem. Segundo Rodrigo (2014), três concepções
disputavam a hegemonia na formação do homem grego nesse período histórico:
a poética, a sofística e a filosófica

A Psicologia Educacional e do Estudo da Inteligência volta seus estudos para as


características próprias da aprendizagem humana e seus desdobramentos,
transformando-se ela mesma em um terreno fértil de trabalho. É da pesquisa
sobre aprendizagem que derivam as reformulações sobre os objetivos do ensino, as
capacidades de aprendizagem, as relações entre educadores, educandos e conteúdo.
A psicologia Educacional é uma fonte de informações que funciona como um pano de
fundo auxiliar para o educador adquirir e repensar suas ações e para formular e
verificar hipóteses viáveis no contexto acadêmico, gerando pesquisa e ensinos férteis
e úteis à sociedade. Na Psicologia Educacional, são adotadas teorias de
construção da inteligência que fornecem matéria para as didáticas e
metodologias desenvolvidas pelo educador

A Psicologia, enquanto ciência, veio se desenvolvendo por meio de distintas maneiras


decorrentes das concepções da relação homem-mundo e das categorias de sujeito e
objeto. De acordo com Scalon são três grandes concepções no âmbito da
Psicologia, as quais repercutem de maneiras específicas na educação.

o objetivismo, inaugurando a cientificidade no estudo da consciência (psicologia


fisiológica de Fechner e Wundt). Posteriormente, inicia-se o estudo do comportamento
(Titchener, Thorndike, Pavlov). “No rol das concepções objetivistas encontram-se,
entre outras, as teorias de Galton e Binet, Dewey, Watson, Skinner (SCALCON, 2002),
que exerceram forte influência na educação e, consequentemente, contribuíram para
corroborar a visão de homem imposta na época (início do século XX)”(TONUS, 2013,
p. 272).

subjetivismo. “O subjetivismo tem como importante referencial a filosofia de


Immanuel Kant, que propõe ser a consciência o resultado de sensações subjetivas.
Esta concepção está presente nas psicologias existencial-humanista e Gestalt”.
(TONUS, 2013, p. 273).

interacionismo, o qual, de acordo com a autora, procura explicar a constituição


humana e a relação entre sujeito e objeto. Um representante dessa concepção é Jean
Piaget. O interacionismo repercute na educação como práticas voltadas para a
descoberta, a ação, a autonomia

Não podemos deixar de citar a Psicologia Sócio-histórica, que utiliza, na maioria dos
estudos, as bases do materialismo histórico-dialético. Essa concepção “concebe o
homem como ser em constante movimento que transforma sua realidade ao longo do
tempo e é também por ela transformado”(TONUS, 2013, p. 274).

A definição de aprendizagem tem como base os estudos realizados pela Psicologia,


contribuição essencial para a educação. Vamos analisar a definição de
aprendizagem apresentada por Woolfolk (2000)

No sentido mais amplo, a aprendizagem ocorre quando a experiência causa uma


mudança relativamente permanente no conhecimento e comportamento de um
indivíduo. A mudança pode ser deliberada ou involuntária, para melhor ou para pior.
Para se qualificar como aprendizagem, essa mudança deve ser realizada pela
experiência – pela interação de uma pessoa com seu ambiente. Mudanças
simplesmente causadas por amadurecimento, tais como ficar mais alto ou ficar
grisalho, não se qualifiquem como aprendizagem. Mudanças temporárias resultantes
de doenças, fadiga ou fome também são excluídas de uma definição geral de
aprendizagem. Uma pessoa que ficou sem comida por dois dias não aprende a ser
faminto e uma pessoa que está doente não aprende a correr mais lentamente.
Naturalmente, a aprendizagem desempenha um papel em como respondemos à fome
ou à doença. Nossa definição especifica que as mudanças resultantes de
aprendizagem estão no conhecimento ou comportamento do indivíduo (WOOLFOLK,
2000, p. 184).

Coll et al. afirmam que

A psicologia da educação configurou-se, progressivamente, como resultado de um


esforço ininterrupto de aplicação e de utilização dos princípios, das explicações e dos
métodos da psicologia científica nas renovadas tentativas de melhorar as práticas
educativas em geral, concretamente a educação escolar, e também nas intenções
adequadas e úteis para o planejamento e desenvolvimento dessas práticas educativas
em geral, concretamente a educação escolar, e também nas intenções de elaborar
explicações adequadas e úteis para o planejamento e o desenvolvimento dessas
práticas. Ela tem a sua origem na crença racional e na argumentação de que a
educação e o ensino podem melhorar sensivelmente como consequência da utilização
correta dos conhecimentos psicológicos (COLL et al.,1999, p. 17).

Nas primeiras décadas da Psicologia da Educação, o núcleo de estudos desse


campo da Psicologia possuiu três áreas que se destacam: o estudo e a medida
das diferenças individuais e a elaboração de testes; a análise dos processos de
aprendizagem; e a psicologia da criança.

É papel da psicologia da educação sempre refletir criticamente sobre o que deve


proporcionar aos agentes educativos, sobre como utilizar os conhecimentos da
Psicologia para melhoria contínua do processo de ensino-aprendizagem das crianças,
jovens e adultos, promovendo a emancipação dos indivíduos
Seção 1.3 Práticas educativas como contextos de desenvolvimento

Vídeo 4

O desenvolvimento da pessoa se dá pela interação entre a bagagem biológica e a


bagagem cultural mediada por sujeitos do contexto social no qual está inserida. A
bagagem biológica apresenta-se ao sujeito como um código genético “[...]
notavelmente aberto e fixa pouco, ou bem pouco, o que constituirá o seu
comportamento” (SALVADOR et al., 1999, p. 142). A bagagem cultural refere-se ao
conjunto de experiências apresentadas pelo grupo social

Portanto, o desenvolvimento humano precisa ser compreendido como um


sistema global, uno, considerando as inter-relações entre o biológico, o social, o
fisiológico e o cultual. Por meio do estudo dessas inter-relações, a educação
possui melhores condições de compreender o processo educacional dos
indivíduos

O conceito de “desenvolvimento” está, portanto, ligado aos aspectos culturais e


sociais. Por essa razão, é fundamental considerar os vínculos entre aprendizagem,
cultura e desenvolvimento. A educação é a “[...] chave que explica essas relações”
(SALVADOR et al., 1999, p. 143)

O primeiro âmbito educativo do processo de formação humana é o contexto


familiar. Além desse contexto, o âmbito escolar no qual os ambientes são
cuidadosamente planejados para interferir intencionalmente na formação do sujeito.
No âmbito familiar, o processo educativo ocorre por meio de situações cotidianas e
habituais. Já no âmbito escolar, a formação humana ocorre por meio de situações
educativas formais e intencionais mediadas por um currículo escolar. O que queremos
indicar aqui é que a educação, em sentido amplo, não se reduz ao processo de
escolarização. Ela vai além à medida em que suas finalidades (socialização e
individualização progressiva) são alcançadas. No campo educacional, reconhecemos
que a educação é um fenômeno social complexo que ocorre em três universos
tripartidos
Segundo Neves (2008, p. 102), a educação surge à medida que se institui a cultura
(conhecimentos, crenças, arte, leis, moral, costumes e quaisquer outras capacidades e
hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade). Dessa forma, podemos
afirmar que se encontra em todos os ambientes. A pedagogia vem realizando, desde
sua constituição como ciência, a tarefa de discriminar os campos da educação
vigentes na cultura. A educação pode ser vivenciada em três instâncias, com
distinções e delimitações preservadas por linhas tênues que as distinguem e as
entrelaçam: são as instâncias informal, formal e não formal.
A primeira educação do indivíduo encontra-se no âmbito familiar, seja qual for a sua
constituição e, é de grande importância na formação do indivíduo, é o seu alicerce. É a
partir desse que novas experiências virão à medida em que a criança interage com
outros âmbitos educativos.

Um grande desafio às práticas educativas familiares é o conceito de família, ou seja,


como entendemos os seus membros e papéis, como se estabelecem os seus vínculos
e funções, bem como ela se estrutura.

O modelo ecológico do desenvolvimento humano proposto por Bronfenbrenner


(1979) nos indica os contextos (ambientes) nos quais a criança se desenvolve:
microssistema O microssistema refere-se ao conjunto de atividades, papéis e
relações interpessoais experimentados pelo sujeito no seu contexto ou espaço. Inclui
relações entre a criança e a família e no contexto institucional entre educador-criança,
criança e seus pares etc.
mesossistema O mesossistema representa as interações entre dois ou mais
contextos nos quais o sujeito participa ativamente. Inclui interações entre a família e
programas sociais de apoio, tais como as relações entre pais-educadores, família-
comunidade.

Exossistema O exossistema representa os contextos nos quais o sujeito não se


encontra diretamente envolvido.

O macrossistema envolve o conjunto de valores culturais de um grupo social.

Bronfenbrenner (1979) nos ensina que os contextos de desenvolvimento família e


escola para serem considerados como contextos de desenvolvimento é preciso: a)
proporcionar à criança a incorporação de padrões de atividade gradualmente
complexos; b) envolvê-la em atividades nas quais se envolveu com o auxílio de outros,
mas de maneira independente.

Seção 1.4 Psicologia da educação e educação escolar vídeo 5

Na história da educação brasileira, desde a colônia, o ensino consistiu em formar um


padrão de homem que pudesse ser moldado, civilizado. Infelizmente, nos dias atuais,
nos deparamos, muitas vezes, como o currículo, a organização dos espaços e dos
tempos que fazem parte do cotidiano escolar, considerados em uma perspectiva de
controle e não de aprendizagens. O encontro da Psicologia com a educação formal
acontece nessa ideologia do controle, a partir de uma tradição positivista. Ou seja, os
conhecimentos da Psicologia chegam até a instituição escolar por meio de
diagnósticos, instrumentos e laudos excludentes e de controle, psicologizando e
patologizando as queixas escolares

O campo da Psicologia Educacional se consolidou por meio de um olhar da criança


que não aprende. “As primeiras aproximações entre a Psicologia e a escola pautaram-
se numa visão associacionista e mecanicista, a partir de ideias deterministas e
dicotômicas acerca da aprendizagem e do desenvolvimento humano”

De acordo com Oliveira-Menegotto e Fontoura (2015), a História da Psicologia


Educacional e Escolar brasileira é dividida em períodos históricos que são:

1) Colonização, saberes psicológicos e Educação (1500- 1906);

2) A Psicologia em outros campos de conhecimento (1906-1930);

3) Desenvolvimentismo – a Escola Nova e os psicologistas na Educação (1930-1962);


4) A Psicologia Educacional e a Psicologia "do" Escolar (1962-1981);

5) O período da crítica (1981-1990);


6) A Psicologia Educacional e Escolar e a reconstrução (1990-2000)

7) A virada do século: novos rumos? (2000 – até os dias atuais),


(OLIVEIRAMENEGOTTO; FONTOURA, 2015, p. 380).

Portanto, as contribuições do campo da Psicologia da Educação no contexto


educacional iniciam um processo de inclusão, de totalidade do indivíduo e de
reconhecer o contexto educacional de forma social, cultural, econômica e política

Antunes (2007), sendo a Psicologia Educacional uma subárea de conhecimento da


Psicologia, que tem como vocação a produção de saberes relativos ao fenômeno
psicológico constituinte do processo educativo. E a Psicologia Escolar define-se pelo
âmbito profissional e refere-se a um campo de ação determinado, isto é, a escola e as
relações que aí se estabelecem; fundamenta sua atuação nos conhecimentos
produzidos pela Psicologia da Educação, por outras subáreas da psicologia e por
outras áreas de conhecimento
Nesta perspectiva, a Psicologia Educacional e Escolar contribui com o contexto
educacional com pesquisas, participação, observação, intervenção e o mais
importante, no sentido de colaborativo e interdisciplinar, ajudando, de acordo com
Antunes (2007) e Oliveira-Menegotto; Fontoura (2015):

• No acesso e condições de permanência de todos os educandos na escola;

• Na transformação da escola, com foco em condições efetivas de escolarização;

• Na tradução do princípio de educação inclusiva, que incorpora não só a educação de


alunos com deficiência, mas todos aqueles que, por diversos motivos, são alijados da
escola e de seus bens;

• A considerar a educação constituída por múltiplos determinantes, dentre os quais os


fatores de ordem psicológica;

• A compreender o processo de ensino e aprendizagem e sua articulação com o


desenvolvimento, fundamentada na concreticidade humana (determinações sócio- -
históricas), compreendida a partir das categorias totalidade, contradição, mediação e
superação;

• A compreender os fatores presentes no processo educativo a partir de mediações


teóricas “fortes”, com garantia de estabelecimento de relação indissolúvel entre teoria
e prática pedagógica cotidiana;

• A compreender o educando a partir da perspectiva de classe e em suas condições


concretas de vida, condição necessária para se construir uma prática pedagógica
realmente inclusiva e transformadora;

• No reconhecimento do educador/professor como sujeito do processo educativo,


traduzindo-se na necessidade de mudanças profundas das políticas de formação
inicial e continuada desse protagonista fundamental da educação;
• No domínio do referencial teórico da psicologia necessário à educação, mediatizado
necessariamente por conhecimentos que são próprios do campo educativo e das
áreas de conhecimento correlatas;

• Na criação de espaços de fala e escuta dos fenômenos escolares, através dos


atores que fazem parte desse cenário;

• Na relevância da intersubjetividade, do vivido, da experiência;

• Na escuta do não dito, a fim de compreender a instituição em sua complexidade,


porque a complexidade não é intrínseca ao fenômeno, mas ao olhar que é colocado
sobre ele;

• A criar um espaço para escutar as demandas da escola, criando formas de reflexão


dentro na/da escola, considerando todos os envolvidos.

Atualmente, o grande desafio da educação e da Psicologia é compreender o indivíduo,


seu desenvolvimento e suas aprendizagens em um contexto de transformações
rápidas, com grandes avanços tecnológicos e valores diferenciados.

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