Atividade 01 Ética Utilitarismo
Atividade 01 Ética Utilitarismo
Atividade 01 Ética Utilitarismo
Departamento de Filosofia
Campus Realengo II
Equipe de Filosofia do Campus Realengo II
ATENÇÃO!
Recomendamos aos alunos e alunas que criem uma pasta em seu computador ou
dispositivo intitulada filosofia. Armazenem as atividades e os exercícios propostos
nesta pasta. Guardar essas informações permitirá que, caso seja desejado ou
necessário, contabilizar o total de horas realizadas na disciplina.
Imagine-se no contexto acima como Aline. Se Aline decidir prezar pelo seu
emprego em primeiro lugar, com receio de perdê-lo, é possível que ela não conte ao
dono o que seu filho faz. No entanto, se os clientes descobrirem, é possível que a loja
caia em descrédito e possivelmente feche, e ela perca o emprego mesmo assim; nesse
caso, seria melhor denunciar Júnior. Em ambos casos, apesar de atitudes diferentes (na
primeira ela não contaria ao dono e na segunda, sim) são justificadas por um único
motivo: as consequências. Em um dilema moral, sempre avaliamos a situação para
decidirmos o que é o mais correto a ser feito ou o que traz mais vantagens para as
pessoas envolvidas, ou até mesmo somente para si. Quando justificamos nossa atitude
com a segunda opção, pelo que traz mais consequências melhores para a situação,
estamos tomando uma atitude pela consequência e não pelo dever, por exemplo. Aline
poderia dizer que vai dizer ao dono o que ocorre na loja porque "é o certo a ser feito".
Se ela o fizesse por esse motivo, então sua justificativa não seria pela consequência, mas
sim pelo dever. O importante aqui é pensarmos que, em situações de dilemas morais,
dependendo do motivo da sua ação, isto é, da sua justificativa, ela pode estar de acordo
com determinada visão ética-filosófica.
Uma das visões éticas que privilegia as consequências de uma atitude a qualquer
outro motivo, é a utilitarista. No seu caso, não somente privilegia as consequências,
mas também denomina o tipo de consequência que precisamos privilegiar: a maior
felicidade possível dos envolvidos na situação. Vejamos outro exemplo:
No verão de 1884, quatro marinheiros ingleses estavam à deriva em um pequeno bote salva-
vidas no Atlântico Sul, a mais de 1.600 km da costa. Eles tinham apenas duas latas de conserva
e estavam sem água potável. No bote, os quatro marinheiros olhavam para o horizonte,
esperando que um navio passasse para resgatá-los. Nos primeiros dias, comemoram as porções.
Depois ficaram oito dias sem ter o que comer. Um dos marinheiros, o órfão, bebera água
salgada, contrariando a orientação dos outros, e adoecera. Parecia estar morrendo. O capitão
disse ao rapaz que a hora dele havia chegado e o matou com um canivete. Durante quatro dias,
os três homens se alimentaram do corpo e beberam do sangue. Por fim o socorro chegou. Os
três foram resgatados. Quando voltaram para Inglaterra, confessaram espontaneamente que
haviam matado o quarto marinheiro por necessidade. Foram presos e levados a julgamento.
As circunstâncias, por óbvio, eram extremas. Fora necessário matar uma pessoa para salvar três.
Se não tivessem feito, teriam morrido. Se você fosse o juiz, como os julgaria?
O mais forte argumento de defesa é que foi necessário matar uma pessoa para
salvar três. Já que, inclusive, a outra já estaria morrendo e não tinha dependentes. Esse
argumento está sujeito a duas objeções:
1ª OBJEÇÃO: Pode-se perguntar se os benefícios de matar o taifeiro, analisados como
um todo, realmente pesaram mais do que os custos. Mesmo se considerarmos o número
de vidas salvas e a felicidade dos sobreviventes e de suas famílias, a aceitação desse
crime poderia ter consequências ruins para a sociedade em geral – enfraquecendo a
regra contra o assassinato, por exemplo, aumentando a tendência das pessoas de fazer
justiça com as próprias mãos.
2ª OBJEÇÃO: Se mesmo depois de todas as considerações os benefícios pesassem
mais do que os custos, não teríamos a incômoda impressão de que matar e comer um
taifeiro indefeso é errado, por motivos que vão além de cálculos de custos e benefícios
sociais? Não é um erro usar um ser humano dessa maneira – explorando sua
vulnerabilidade, tirando sua vida sem seu consentimento – mesmo que isso seja feito em
benefício de outros?
A 1ª objeção diz que a moral de uma ação
depende unicamente das consequências que ela A moral é uma questão de
avaliar vidas quantitativamente
acarreta; a coisa certa a ser feita é aquela que
e pesar custos e benefícios? Ou
produzirá os melhores resultados, considerando-se certos deveres morais e direitos
humanos são tão fundamentais
todos os aspectos. A 2ª objeção diz que as
que estão acima de cálculos
consequências não são tudo com o que devemos nos dessa natureza?
preocupar, moralmente falando; devemos observar
deveres e direitos por razões que não dependem das consequências sociais de nossos
atos. A moral é uma questão de avaliar vidas quantitativamente e pesar custos e
benefícios? Ou certos deveres morais e direitos humanos são tão fundamentais que estão
acima de cálculos dessa natureza? Se você pensa que uma atitude é mais moral por
causa da primeira objeção, então, considere-se um utilitarista!
Citação 3. "O princípio que estabelece a maior felicidade de todos aqueles cujo
interesse está em jogo, como sendo a justa e adequada finalidade da ação humana, e até
a única finalidade justa, adequada e universalmente desejável; da ação humana, digo,
em qualquer situação ou estado de vida, sobretudo na condição de um funcionário ou
grupo de funcionários que exercem os poderes de governo." (BENTHAM, 1974, p.9)
Citação 6. "O Princípio da Maior Felicidade, [...] o fim último, com referência ao qual e
por causa do qual todas as outras coisas são desejáveis (quer estejamos considerando
nosso próprio bem ou o de outras pessoas), é uma existência isenta tanto quanto
possível da dor, e tão rica quanto possível em deleites, seja do ponto de vista da
quantidade como da qualidade. O teste de qualidade [...] é a preferência manifestada
pelos que, em razão das oportunidades proporcionadas por sua experiência, em razão
também de terem o hábito de tomar consciência de si e de praticar a introspecção, detêm
os melhores meios de comparação. Sendo esta, de acordo com a opinião utilitarista, a
finalidade da ação humana, é necessariamente também o padrão de moralidade. Assim,
é possível definir a moralidade como as regras e preceitos da conduta humana, cuja
observação permitiria que uma existência tal como a descrita fosse assegurada, na maior
medida possível, a todos os homens; e não apenas a eles, mas também, na medida em
que comporta a natureza das coisas, a todos os seres sencientes da criação." (MILL,
2000, p.144-145)
Citação 7. "O princípio da utilidade não significa que um certo prazer, tal como o da
música, ou determinada ausência de dor, como, por exemplo, a saúde, devam ser
considerados como meios para alcançar algo coletivo denominado felicidade, e ser
desejados por essa razão. São desejados e desejáveis neles e por si mesmos; além de
meios, são também uma parte do fim. De acordo com a doutrina utilitarista, a virtude
não é naturalmente e originalmente parte do fim, mas pode vir a sê-lo; entre os que
amam de modo desinteressado isso acontece, e é desejada e acalentada por eles, não
como um meio para a felicidade, mas como parte de sua felicidade." (MILL, 2000,
p.233)
Citação 9. "É oportuno declarar que renuncio a qualquer vantagem que se pudesse obter
da ideia de direito abstrato como independente da utilidade. Considero a utilidade como
a solução última de todas as questões éticas, devendo-se emprega-la, porém, em seu
sentido amplo, a saber, a utilidade fundamentada nos interesses permanentes do homem
como um ser de progresso."(MILL, 2000, p.19)
Citação 10. "Temos agora, então, uma resposta para o problema de saber que gênero de
prova admite o princípio da utilidade. Se a opinião que acabei de apresentar for
psicologicamente verdadeira, se a natureza humana estiver constituída de maneira a
desejar só aquilo que é uma parte da felicidade ou um meio para a felicidade, não
podemos ter e não exigimos qualquer outra prova de que estas são as únicas coisas
desejáveis. Se isto for verdade, a felicidade é o único fim da ação humana, e a sua
promoção o teste para julgar toda a conduta humana. Daqui segue-se necessariamente
que ela tem de ser o critério da moralidade, pois uma parte está incluída no todo.
(MILL, 2005, p.79)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=9jsRUafEV9A
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Fuq1j9SgSTo
3. Utilitarismo
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Qo-brX0FfNg
4) Conexões (Filosofia e Cultura) 30 min
Clique no link:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/pedido-final-funebre-a-
mumia-decapitada-de-jeremy-bentham.phtml
Clique no link:
http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2012/03/modelo-panoptico-prega-o-
poder-por-meio-da-vigilancia-total-do-homem.html
A lógica de Thanos e a filosofia do utilitarismo
Clique no link:
https://arteref.com/cinema/a-logica-de-thanus-e-a-filosofia-do-utilitarismo/
Clique no link:
https://www.campograndenews.com.br/colunistas/compartilhando-justica/o-poco-a-
moralidade-diante-da-distopia
5) Questões 30 min
1) (UNIOESTE 2017) Texto 1: “Por princípio C) Utilitaristas como Bentham defendem que o
da utilidade entende-se aquele princípio que papel do legislador é o de produzir leis que
aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a sejam do interesse dos indivíduos que
tendência que tem a aumentar ou a diminuir a constituem uma comunidade e que resultem na
felicidade da pessoa cujo interesse está em maior felicidade para o maior número deles.
jogo, ou, o que é a mesma coisa em outros
termos, segundo a tendência de promover ou D) O pensamento de Stuart Mill propõe
comprometer a referida felicidade. Digo mudanças importantes à agenda política, na
qualquer ação, com o que tenciono dizer que medida em que reconhece que a participação
isto vale não somente para qualquer ação de política não pode ser tomada como privilégio
um indivíduo particular, mas também de de poucos. O Estado deverá, portanto, adotar
qualquer ato ou medida de governo. [...] A mecanismos que garantam a
comunidade constitui um corpo fictício, institucionalização da participação mais
composto de pessoas individuais que se ampliada dos cidadãos.
consideram como constituindo os seus
membros. Qual é, nesse caso, o interesse da E) Enquanto Bentham defendia a democracia
comunidade? A soma dos interesses dos representativa como sendo uma forma de
diversos membros que integram a referida impedir que os governos imponham seus
comunidade”. (BENTHAM, Jeremy. Uma interesses aos do povo, Stuart Mill defende tal
introdução aos princípios da moral e da forma de governo como a melhor forma para
legislação. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. se controlar os governantes e ao mesmo tempo
10) aumentar a riqueza total da sociedade.
c) Não se pode ignorar que justiça e equidade D) a teoria utilitarista reconhece que os fatos
estão suficientemente asseguradas na teoria morais são relativos a sociedades particulares.
utilitarista. Daí a importância que essa teoria Assim sendo, o que é ético para alguns pode
adquire no cenário atual. O Utilitarismo não não o ser para outros.
admite que minorias sejam oprimidas e
direitos humanos violados.
10) (ENEM 2017) A moralidade, Bentham
d) Qualquer sistema ético deve promover o exortava, não é uma questão de agradar a
bem-estar e preocupar-se com a minimização Deus, muito menos de fidelidade a regras
do sofrimento. Daí a pertinência do abstratas. A moralidade é a tentativa de criar a
Utilitarismo, uma doutrina sensível às maior quantidade de felicidade possível neste
preocupações distributivas, que não opõe mundo. Ao decidir o que fazer, deveríamos
princípio de utilidade e princípio de equidade. portanto, perguntar qual curso de conduta
e) O Utilitarismo é um modelo ético desafiante promoveria a maior quantidade de felicidade
que nos leva a pensar sobre importantes para todos aqueles que serão afetados.
questões da ética normativa, da metaética e da RACHELS, J. Os elementos da filosofia moral
teoria da ação. A doutrina tem o mérito de Barueri-SP, Manole, 2005
considerar e ao mesmo tempo avaliar a
importância das consequências da ação Os parâmetros da ação indicados no texto
humana, como também de colocar em estão em conformidade com uma
primeiro plano a satisfação das necessidades e A) fundamentação científica de viés
dos interesses humanos da maioria. positivista.
B) convenção social de orientação normativa
9) (UECE) A teoria utilitarista, a teoria C) transgressão Comportamental religiosa
kantiana, a teoria contratualista e a teoria
relativista são teorias referentes à formação D) racionalidade de caráter pragmático.
dos preceitos éticos. Pode-se afirmar que:
E) inclinação de natureza passional
A) a teoria utilitarista propõe que o conceito
ético seja extraído do fato de que cada um