O Livro Dos Espíritos - A Obra Interminavel
O Livro Dos Espíritos - A Obra Interminavel
O Livro Dos Espíritos - A Obra Interminavel
O L I V R O D O S
ESPÍRITOS
A O B R A
I N T E R M I NÁV E L
MATÃO-SP | 2021
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional
ISBN 978-65-00-18385-6
133.9 O57
O livro dos espíritos : a obra interminável / recebidos e coordenados por Grupo de Estudo
“Velhos Amigos” – Matão, SP : [s.n.], 2021.
292 p.
ISBN: 978-65-00-18385-6
1. Espiritismo. I. Velhos Amigos, grupo de estudo, 2018-2021. II. O livro dos espíritos : a obra interminável.
CDD 133.9
SUMÁRIO
Introdução a “O Livro dos Espíritos – A obra interminável”............... 10
PREFÁCIO
I. Complementação.........................................................................................14
II. A curiosidade e a Doutrina......................................................................14
III. Elementos universais e elementos morais...........................................15
IV. A maior das leis.........................................................................................15
V. A importância da fé....................................................................................16
VI. O preparo....................................................................................................16
PROLEGÔMENOS
PARTE PRIMEIRA
DOUTRINA DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO I – Complementação................................................................21
Propósito da obra: 21; Atualização da Doutrina: 23;
Escolha dos encarnados: 26; Consolação: 27;
Religião não pode causar divisão: 29; Globalização: 30
PARTE SEGUNDA
MUNDO DOS ENCARNADOS
CAPÍTULO VI – A Cura................................................................................175
Introdução à cura: 175; Doença da matéria: 178;
Doença da alma: 179; A prece e a cura: 184;
Formas de cura: 186; Tratamento na casa espírita: 188;
Tecnologia na erraticidade: 194;
Medicina espiritual e medicina terrena: 195;
A busca pela cura: 196;
PARTE TERCEIRA
A MORAL
PARTE QUARTA
COLETÂNIA DE PRECES
I. Prece da Paz...................................................................................................270
II. Prece para o Planeta...................................................................................271
III. Prece do Livre-Arbítrio............................................................................272
IV. Prece da Consciência................................................................................273
V. Prece do Esforço..........................................................................................274
VI. Prece da Resignação.................................................................................275
VII. Prece da Reforma.....................................................................................276
VIII. Prece da Família.....................................................................................277
IX. Prece da Persistência................................................................................278
X. Prece da Proteção.......................................................................................279
XI. Prece do Respeito à Natureza.................................................................280
Considerações finais.......................................................................................281
Referências bibliográficas..............................................................................283
Introdução a “O Livro dos Espíritos –
A obra interminável”
Há 164 anos, ocorreu o primeiro contato da humanidade com O Livro dos Espí-
ritos. Kardec e sua equipe, com muito esforço, dedicação e o auxílio de espíritos supe-
riores, formularam uma obra que viria para concretizar a união dos planos espiritual
e material, demonstrando e provando essa ligação filosoficamente, utilizando-se da
ciência, da comunicabilidade e da interferência dos espíritos no mundo dos encarna-
dos.
Após tantos anos e os seus consequentes avanços, a ciência terrestre encontra-
-se na sua melhor versão; dessa forma, faz-se necessário um complemento da obra
inicial, a fim de desenvolver os conhecimentos previamente trazidos e de confortar
todos os humanos (encarnados e desencarnados) que necessitarem de ajuda.
Há muito tempo, o homem busca a verdade através da razão, porém, quando ela
já não lhe é suficiente para explicações, busca a verdade através da fé. Assim surgiram
os primeiros estudos doutrinários, cuja finalidade foi comprovar o contato entre os
mundos espiritual e material. A compreensão das leis naturais mudou um pouco para
os que aderiram à crença nos espíritos, e as compreensões, que, antes da Doutrina,
consistiam apenas na fé cega, passaram a embasar-se na fé raciocinada.
Conhecido por unir filosofia, ciência e religião, o Espiritismo é muito mais que
isso: apoia-se na fé aliada à razão, promovendo as descobertas espirituais em com-
patibilidade com as descobertas científicas. Ao transformar a fé cega em fé racional,
ampara a consciência daqueles que estudam as obras de amor com bases fortes no
intelecto e na moral do homem e da sociedade.
O objetivo desta obra complementar é somar-se à obra inicial, adaptando-se
aos dias atuais, em acordo com o natural amadurecimento da compreensão humana.
Como sabeis, só vos é dado aquilo que podeis compreender; por isso, após mais
de 160 anos de estudo, possuís hoje uma compreensão muito maior do que tínheis
quando da primeira obra de Kardec.1 Aqui, abordaremos alguns temas já citados e
diversos outros atuais, os quais foram questionados pelos estudiosos da Doutrina, e
nós, os espíritos, respondemos, assim como no primeiro livro.
As notas foram feitas em conjunto por encarnados e desencarnados, com a
única e exclusiva finalidade de esclarecer temas pertinentes ao crescimento espiritual
e à moral da humanidade, levando, assim, à prática do amor e da caridade.
1 O Livro dos Espíritos, questão 801: “Por que os Espíritos não ensinaram desde todos os tempos o que ensi-
nam hoje? — Não ensinais às crianças o que ensinais aos adultos e não dais ao recém-nascido um alimento
que ele não possa digerir. Cada coisa tem o seu tempo. Eles ensinaram muitas coisas que os homens não
compreenderam ou desfiguraram, mas que atualmente podem compreender. Pelo seu ensinamento, mesmo
incompleto, prepararam o terreno para receber a semente que vai agora frutificar.”
10
O presente livro é composto por 598 perguntas, com respostas, notas explicati-
vas e textos complementares (quando pertinentes) e, ainda, notas de rodapé, pesqui-
sadas por encarnados.
É importante salientar que jamais tivemos por objetivo desmerecer os conceitos
estudados por Kardec, e, sim, complementá-los, de forma construtiva e somatória.
Não temos pretensões de vaidade; tampouco o grupo de encarnados que auxiliaram
neste trabalho as possuem, sequer financeiramente. A única e verdadeira intenção é
libertar a humanidade através da verdade e do amor.
Esta obra tem como objetivo instruir mais do que o público espírita: tem o an-
seio de despertar a fé existente em todos os que sentirem a necessidade de segui-la,
sem fronteiras nem preconceitos. O amor de Deus é para todos, e Suas leis sempre
estarão à disposição dos resignados.
A moral
O aperfeiçoamento moral é uma das reformas mais importantes a serem rea-
lizadas. É através disso que promoveremos o amor, a liberdade, a fraternidade e a
caridade, em busca de uma sociedade mais justa.
Para que a reforma moral seja efetiva, é necessário esforço coletivo e diário, de-
vendo ela ser o objetivo de todos. Promover o interesse de cada um na busca do seu
aprimoramento moral é o que pretendemos com esta obra.
A consciência
A consciência é a comunicação direta de todos os seres pensantes com o seu
Criador. É através dela que podemos ter momentos felizes e de tranquilidade para
continuar progredindo.
Ainda que algo vos desvie moralmente, vossa consciência sempre vos indicará
o caminho correto.
Como dito anteriormente, abordaremos nesta obra diversos temas, e, por mais
que alguns sejam de difícil aceitação, tereis as respostas na busca em vossa consciên-
cia.
O intelecto
O desenvolvimento intelectual é resultado de diversas encarnações de esforço
e aprimoramento. Ao passar por diversas experiências erráticas e carnais, o espírito
eleva seu intelecto.
11
Nesta obra, pretendemos unir o desenvolvimento intelectual com o moral de
cada indivíduo, propiciando, assim, progressos sociais por consequência.
É com esforço, dedicação e vigília que se garante o avanço moral e intelectual
de todos.
O amor
O despertar do verdadeiro amor é difícil, todavia, é indispensável para nosso
crescimento como espíritos. Sem amor, nada seríamos; é através dele que nos é per-
mitido renunciar ao nosso orgulho e egoísmo e desenvolver nossas faculdades mais
sublimes.
Embora possamos evoluir intelectual e moralmente, se não tivermos amor, qual
seria a real utilidade de todo esse desenvolvimento?
Desejamos que, por meio desta obra, todos possam começar a se enxergarem
como irmãos, dando alento, auxílio e conforto para que o crescimento de um seja
consequência do exemplo de outro.
O amor, dentre todas as qualidades humanas conhecidas, é a que mais trans-
cende barreiras e independe de religião. Ele deve prevalecer, sendo a principal lei de
Deus exemplificada por Jesus em sua passagem pela Terra.
Dos tantos objetivos de nossa obra, o principal é a propagação do amor, eluci-
dado através da caridade.
A fé
A nossa fé em Deus deve ser proporcional à fé que Ele tem em nós.
Criar espíritos simples e ignorantes, deixando o livre-arbítrio para as tomadas de
decisão, e ter plena convicção do nosso desenvolvimento final exige muita fé.
Sendo uma das maiores características do progresso, a fé faz com que continue-
mos quando pensamos em desistir, promove a crença sem a visão e possibilita crer
no que não vemos.
Através dela, mudamos nossas atitudes, reformamos nossas vidas e prossegui-
mos velejando em meio à tempestade, pois temos a convicção de haver mares mais
calmos em um futuro próximo.
Tão importante quanto a fé em Deus é o despertar da fé humana. Acreditar em
si mesmo é acreditar n’Ele por consequência, considerando que somos Suas criatu-
ras.2
2 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIX, item 5: “O poder da fé recebe uma aplicação direta e especial
na ação magnética. Graças a ela, o homem age sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades
e lhe dá impulso por assim dizer irresistível. Eis porque aquele que alia, a um grande poder fluídico normal,
uma fé ardente, pode operar, unicamente pela sua vontade dirigida ao bem, esses estranhos fenômenos de
cura e de outra natureza, que antigamente eram considerados prodígios, e que entretanto não passam de
consequências de uma lei natural. Essa a razão por que Jesus disse aos seus apóstolos: se não conseguistes
curar, foi por causa de vossa pouca fé.”
12
A fusão da fé humana com a fé divina é mais um dos objetivos desta obra e, tal-
vez, o que garantirá a propagação da boa-nova para todos os que têm fé, sem deixar
que ela não seja embasada de raciocínio.
Irmãos: podeis até não ver com os olhos do corpo, mas, ao vos permitirdes
enxergar com os da consciência, prosseguireis sem cessar!
A união
Se somos fruto do mesmo Criador, conseguis imaginar a importância de ser-
mos unidos?
A união promove o desenvolvimento coletivo de todas as nossas qualidades
e, por consequência, as do planeta. Ela faz despirmo-nos do orgulho e do egoísmo,
aproximando-nos como irmãos, para que saibamos o quanto, juntos, somos mais
fortes.
Conforme Jesus ensinou, onde houver duas ou mais pessoas reunidas em seu
nome, ele estará presente.3
Vamos nos unir para evoluir!
3 Mt 18:20 – “Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.”
13
Prefácio
I – Complementação
Em 18 de abril de 1857, foi lançada a primeira obra O Livro dos Espíritos, por
Allan Kardec. Uma obra de perguntas e respostas que viria para redirecionar a fé
humana e fazê-la caminhar lado a lado com a razão.
Com o passar dos anos, a necessidade de atualização tornou-se evidente e irre-
vogável. Conforme todos sabem, a depuração dos encarnados neste plano de provas
e expiações levou a novas dificuldades; as guerras que antes eram materiais se torna-
ram morais, e hoje novos temas são de extrema importância para ajudar a conduzir
todos os encarnados a um caminho de caridade, amor e reformas íntimas mais cons-
tantes.
Sem contradizer o primeiro livro, e sim, complementando-o, um conjun-
to de espíritos superiores vem dar continuidade às obras básicas, em um texto
simples e objetivo, com poder de síntese para facilitar o entendimento de to-
das as crenças, religiões e idades, trazendo, assim, novos adeptos à Doutrina,
além de reavivar a fé daqueles que já fazem parte dela.
A obra foi realizada sob o crivo de diversos estudiosos, que elaboraram pergun-
tas, as quais foram respondidas pelos espíritos, averiguando e confrontando as infor-
mações antes de sua inclusão neste material. O único objetivo é o bem promovido
pelo conteúdo, que irradiará pela humanidade.
A fé raciocinada, ligada à consciência divina, faz com que todos tenham a opor-
tunidade de progredir e amadurecer espiritualmente. Nós acreditamos que esta obra
poderá auxiliar e direcionar a todos nesse objetivo.
Que o amor possa destruir as barreiras físicas e imaginárias entre os irmãos,
levando-os, por consequência, à união e ao amor pleno.
II – A curiosidade e a Doutrina
Sabemos que a grande maioria dos espíritas nasce através da curiosidade pela
“paranormalidade” envolvida no desconhecido. Ela é o motor que impulsiona o es-
pírito às descobertas e à busca de respostas; é benéfica e, na dose e propósitos ade-
quados, desperta ainda o interesse e vos faz caminhar. Porém, apenas saná-la e sus-
tentá-la sem utilidade não resolve absolutamente nada.
Uma vez que buscais a verdade, encontrando-a, é importante enfrentá-la e utili-
zá-la para vosso desenvolvimento. A ignorância vos resguarda, entretanto, a curiosi-
dade que habita em cada um não vos permite, ao decorrer do vosso desenvolvimento,
14
a aceitação de perguntas sem respostas, e isso vos move em aproximação à verdade.
Mas sempre deveis ter humildade suficiente para admitir que algumas questões ainda
estão distantes de vossa compreensão.
4 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XV, item 5: “Caridade e humildade, esta é a única via de salvação;
egoísmo e orgulho, esta é a via da perdição. [...] não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar ao pró-
ximo, nem amar ao próximo sem amar a Deus, porque tudo quanto se faz contra o próximo, é contra Deus
que se faz. Não se podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do
homem se encontram resumidos nesta máxima: Fora da caridade não há salvação.”
15
A cada descoberta, sempre surgirão novas dúvidas; a cada dúvida, uma nova
busca por respostas, e cada resposta conduzirá ao progresso e à evolução universal.
Por mais sabedoria que possamos adquirir, é necessário ter em mente o quão
pequenos somos perante tudo o que existe, tendo a humildade de entender e a per-
sistência para modificar o mundo através do nosso exemplo.
Acredito em um mundo diferente na forma de ver, agir e amar. Peço a todos
que compartilhem dessa crença e a exemplifiquem todos os dias por meio do esforço
e da dedicação.
Onde houver uma mente empenhada no bem, haverá a esperança; dias melho-
res serão consequências do bom uso do nosso livre-arbítrio e do de todos os nossos
irmãos.
Isaac Newton
Matão, 11 de julho de 2019.
V – A importância da fé
VI – O preparo
Do mesmo modo que, para enfrentar uma maratona, é necessário treinar com
disciplina, para evoluir, é imprescindível ter disciplina e preparo.
16
Quando reencarnais, estais vivenciando provas e expiações, com o objetivo de
desenvolver vosso espírito por meio do esforço em cada etapa. Portanto, preparar-
-vos, através das reformas íntimas, da busca pelo conhecimento e do exercício dos
bons hábitos, facilitará que consigais reverter as possíveis situações adversas, aceitan-
do as impossíveis de reversão com resiliência e resignação.
O preparo é o fundamento de qualquer espírito e não depende de nada mais
que esforço e organização. A fé não vos dá o direito de ser passivos e preguiçosos,
pois a verdadeira fé vem acompanhada da ação de tentar.
Esperar que Deus vos contemple com o sopro da verdade sem o vosso mereci-
mento e luta é interpretar equivocadamente as Suas leis; “Ele não escolhe os capaci-
tados, mas capacita os escolhidos.”5
5 2 Cor 3:5-6 – “Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos.
Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos a ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e
sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica.”
17
Prolegômenos:
“Os três pilares imutáveis”
Antes de analisarmos qualquer obra ou mensagem, é de essencial importância
observar a época e a data em que foram escritas. É natural que qualquer encarnado
ou desencarnado evidencie mensagens proporcionais às necessidades de sua era.
As mensagens reveladoras auxiliam-nos a caminhar, dando a oportunidade de
fazer o encarnado pensar, discutir e refletir, sem que jamais acelere seu progresso
natural, que deverá ser oriundo do esforço e da dedicação. Se assim não o fosse, em
vez de ajudar, a mensagem estaria encurtando um caminho natural de evolução e
“quebrando” o livre-arbítrio (característica que Deus nos concedeu para dar a opor-
tunidade de evoluirmos).
Algumas questões são atemporais e vagam por séculos ou milênios com os
mesmos objetivos; dentre tais questões, encontram-se o amor, a caridade e a fé.
Desenvolver o amor não é simples, mas nem por isso deixa de ser necessário.
Ele é uma das faculdades mais importantes e complexas a serem desenvolvidas pelo
espírito; é através dele que o ser humano se torna capaz de seguir os passos propos-
tos por Cristo há mais de dois mil anos, pelo tempo da Terra. Seu aprimoramento
garante diversas outras características essenciais para a evolução humana e faz com
que a coletividade seja prioridade aos olhos do espírito.
O primeiro amor a ser despertado é o amor-próprio; com ele, devemos avivar
o amor pelos nossos familiares de convívio e, simultaneamente, pelos nossos irmãos,
que, ainda que sejam desconhecidos aos nossos olhos, são nossos semelhantes aos
olhos de Deus.
A caridade despretensiosa, por sua vez, é o amor posto em prática; é através
dela que percebemos a importância que o amor tem em nossas vidas e aprendemos
a realizá-la por meio de exemplos. “Fora da caridade, não há salvação” – e jamais
haverá.
Compreender as diversas formas de caridade e entendê-las na essência é o pri-
meiro passo, “dar o que nos falta”6 é o segundo, e exemplificá- las, ensinando-as aos
nossos irmãos, é o terceiro. No instante em que houver caridade suficiente, a evolu-
ção humana estará em outro patamar: não existirá escassez, nem fome, nem miséria.
6 Mc 12:41-44 – “Jesus sentou-se defronte do cofre de esmola e observava como o povo deitava dinheiro
nele; muitos ricos depositavam grandes quantias. Chegando uma pobre viúva, lançou duas pequenas moe-
das, no valor de apenas um quadrante. E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: ‘Em verdade vos digo:
esta pobre viúva deitou mais do que todos os que lançaram no cofre, porque todos deitaram do que tinham
em abundância; esta, porém, pôs, da sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento.’”
O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XVIII, item 6: “[...] o óbolo do pobre, que o tira da sua própria
privação, pesa mais na balança de Deus que o ouro do rico, que dá sem privar-se de nada. [...] Na falta de
dinheiro, não dispõe cada qual do seu esforço, de seu tempo, do seu repouso, para oferecer um pouco aos
outros? Isso também é a esmola do pobre, o óbolo da viúva.”
18
Todos aqueles que precisarem de recursos essenciais obtê-los-ão, pois Deus nunca
deixou de dá-los em abundância para nossa sobrevivência; no entanto, somos nós
quem deixamos, muitas vezes, de compartilhá-los com os que menos possuem. Vale
lembrar que a responsabilidade daqueles que detêm os recursos materiais ou intelec-
tuais é proporcional: “quanto mais lhe for dado, mais lhe será cobrado”7.
Para concluir a terceira (porém, não menos importante) questão imutável da
evolução, temos a fé.
Pequena palavra de grande significado e valor, a fé é uma das faculdades mais
difíceis de serem adquiridas enquanto encarnados, pois nascemos com o viés do “ver
para crer”8.
A fé garante-nos a humildade de entender que existe muito além do que pode-
mos enxergar ou sequer imaginar; ela nos permite acreditar e nos utilizarmos de fa-
culdades que ainda nem sabíamos que possuíamos, pois, quando temos a verdadeira
fé, entregamos nosso espírito nas mãos de Deus (e não há “mãos” mais capazes de
solucionar nossos problemas, sejam eles físicos, sejam psíquicos, sejam espirituais).
“A fé move montanhas”9 – ou permite que vós mesmos possais movê-las, de acordo
com vosso esforço e dedicação.
Felizes daqueles que possuírem esses três pilares como guias em suas encarna-
ções, pois jamais estarão desamparados ou abandonados.
Que o amor desperte a caridade e que jamais lhes falte fé para prosseguir.
Que assim seja!
7 Lc 12:47-48 – “O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobe-
deceu será açoitado a numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas
repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais
se confiar a alguém, dele mais se há de exigir.”
8 Jo 20:24-25 – “Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros
discípulos disseram-lhe: ‘Vimos o Senhor’. Mas ele replicou-lhes: ‘Se não vir nas suas mãos o sinal dos
pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acre-
ditarei!’”
9 Mt 17:20 – “Jesus respondeu-lhes: — [...] Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda,
direis a esta montanha: ‘Transporta-te daqui para lá’, e ela irá; e nada vos será impossível’. [...]”
19
Parte primeira
CAPÍTULO II
Elementos Gerais do Universo
CAPÍTULO III
Criação
CAPÍTULO IV
Fluidos no Universo
CAPÍTULO V
Transmissão Energética e Fluídica
CAPÍTULO VI
Amor aos Animais
CAPÍTULO I
Complementação
Propósito da obra • Atualização da Doutrina • Escolha dos encarnados
• Consolação • Religião não pode causar divisão • Globalização
I – Propósito da obra
1. Com qual propósito foi lançado O Livro dos Espíritos, em 1857, por
Allan Kardec?
— Libertar os encarnados através da verdade, instruí-los e, consequente-
mente, levá-los à prática do bem.
A. Esse propósito foi alcançado?
— Sim; obviamente que depende do livre-arbítrio de cada indivíduo, mas
tudo está nos planos de Deus.
B. Diante disso, é necessário complementá-lo?
— Sim, as comunicações e formas de entendimento modificam-se com
o passar do tempo, e é importante que os ensinamentos acompanhem essas
mudanças.
Nota: A intenção jamais será contestar o que já foi escrito, e sim afir-
má-lo com mais clareza e objetividade, para que não haja dubiedade de
entendimento, trazendo a verdade de modo mais explícito, com o intui-
to de promovermos a prática outrora exemplificada pelo mestre Jesus.10
10 A Gênese, capítulo I, item 28: “Se o Cristo não pode desenvolver o seu ensino de maneira completa,
é porque faltava aos homens o conhecimento que não poderiam adquirir senão com o tempo e sem
o qual não o poderiam compreender; há coisas que teriam parecido sem sentido, de acordo com os
conhecimentos de então. Completar o seu ensinamento deve ser interpretado no sentido de explicar e
de desenvolver e não o de adicionar verdades novas, porque ali tudo se encontra em germe: somente
faltava a chave para abrir o sentido de suas palavras.”
21
religião criada com o intuito de agregar ao invés de segregar os encarnados é
positivamente encarada (ver item V – Religião não pode causar divisão).
22
II – Atualização da Doutrina
23
Ao filtrar, através da consciência, percebereis que a intenção da obra não
é a de demonstrar a elevação de quem vos instrui, assim como não é a de vos
convencer que apenas há uma nova comunicação, mas, sim, de fazer-vos prati-
car o amor e o bem.
11 A Gênese, capítulo II, item 11: “Deus é imutável. Caso fosse sujeito a mudanças, as leis que regem
o Universo não teriam estabilidade alguma.”
12 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 3: “[...] Estuda as suas próprias imperfeições,
e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã,
que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera. [...]”
24
orgulho e do egoísmo para que o trabalho fosse realizado em benefício
da humanidade, e jamais em proveito próprio. Abriu mão de si por amor
e caridade, e esse foi seu maior legado. A razão da existência humana é
encontrar a verdade; que cada coisa venha ao seu tempo.13
13O Livro dos Espíritos, questão 628: “Por que a verdade não esteve sempre ao alcance de todos? — É
necessário que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: é preciso que nos habituemos
a ela pouco a pouco, pois de outra maneira nos ofuscaria.”
25
não está na religião, mas na ação praticada todos os dias, realizada através do
esforço e da resignação.
Precisais abdicar do engessamento que vos transforma lentamente em
grupos intocáveis e parciais e estar abertos ao acolhimento a todos aqueles que
estiverem dispostos a aprender, compreender e enxergar a voz da consciência
que há em cada um.
Toda e qualquer prática que leve ao bem, à caridade e ao amor será bem-
-vinda e aceita por Deus.
Irmãos com um conhecimento atualizado, fruto de seus esforços incan-
sáveis, vieram para contribuir nesta obra, com a certeza de que conhecimento
adquirido não se guarda, mas retransmite-se.
Não vos apegueis a nada mais que aquilo que vos leva ao aprimoramento
moral, à caridade, e que vos faça abrir mão do orgulho e do egoísmo.
141 Jo 4:1 – “Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus,
porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo.”
O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXI, item 10: “Os falsos profetas não existem apenas entre
os encarnados, mas também, e muito mais numerosos, entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo
amor e caridade, semeiam a desunião e retardam trabalho de emancipação da Humanidade, impingin-
do-lhe os seus sistemas absurdos, através dos médiuns que os servem. [...]” – Erasto.
26
— Quem disse que esses trabalhadores também não fazem parte desta
equipe?
A vida não acaba no desencarne, muito menos o auxílio ao próximo.
Distância da perfeição
IV – Consolação
Há mais de dois mil anos, o mestre Jesus anunciou que seria enviado o
“Consolador Prometido”, através do Espírito da Verdade.15
Foi uma forma parabólica de dizer-nos que, assim, estaríamos amparados
e, apesar de muitas verdades não terem sido ainda reveladas, elas o seriam, de
acordo com nossa evolução.
Refleti: ficaríeis vós desamparados por 1.857 anos, até a chegada da Dou-
trina dos Espíritos? Sois perfeitos, ao ponto da desnecessidade de atualizações?
Ao refletir sobre essas questões, podereis concluir que Deus esteve cui-
dando de nós o tempo todo, através de muitos tipos de manifestações na histó-
15Jo 14:15-17, 26 – “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos
dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. E o Espírito da Verdade, que o mundo
não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá con-
vosco e estará em vós. [...] Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o meu pai enviará em meu nome,
ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo que vos tenho dito.”
27
ria, utilizando-se de pessoas e ferramentas para propagar amor, paz e evolução.
O Espiritismo é mais uma dessas ferramentas. Então, além de não ter sido a
primeira, não será a última, e muitas outras virão.
É importante, como espíritas, a realização da unificação, jamais a segrega-
ção, dos meios de alcançar a Cristo e a Deus.
Alguns valores transcendem épocas, ultrapassam fronteiras e independem
de religião. Estes são a forma mais adequada para alcançarmos o caminho do
progresso.
Que o amor possa ser suficiente para abrirdes mão do vosso orgulho e
egoísmo e que possais enxergar um pouco além do que a doutrina vos propõe.
Fora da caridade, amor, paz e resignação, jamais haverá salvação, e fora da
humildade, não haverá evolução.
metido por Jesus. Não é uma doutrina individual, uma concepção humana; ninguém pode dizer que
foi seu criador. É o produto do ensinamento coletivo dos Espíritos, ensino ao qual preside o Espírito
da Verdade. Nada suprime do Evangelho: ele o completa e elucida. [...]”
28
15. Se o conhecimento nos edifica e a prática nos liberta, o que mais
é preciso para sermos homens de bem?19
— A persistência em vossas próprias reformas, a consistência em vossos
atos, a coerência em vossos julgamentos (tanto para convosco quanto para o
próximo) e o amor sincero por aqueles que não vos favorecem.
19O Livro dos Espíritos, questão 918, nota explicativa de Kardec: “O verdadeiro homem de
bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade na sua mais completa pureza.
Se interrogar sua consciência sobre os atos praticados, perguntará se não violou essa lei, se
não cometeu nenhum mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém teve de se queixar dele,
enfim, se fez para os outros tudo o que os outros lhe fizessem. [...]”
29
deixados pelo Cristo. Não aceiteis nada que vos divida, pois, para a evolução, é
necessário que vos unais em fé e caridade.
Agostinho de Hipona
Matão, 24 de outubro de 2019.
VI – Globalização
30
18. Com o lançamento desta obra, poderá ocorrer uma cisão no mo-
vimento espírita?
— O propósito é o oposto: consiste em unificar todas as religiões pela
prática do amor. Algo que siga os exemplos de Cristo e as leis de Deus jamais
virá para dividir os povos, e sim para unificá-los através da razão e da caridade.
20O Livro dos Espíritos – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, item II: “[...] e por isso chama-
mos alma ao ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive ao corpo [...]”; questão 134: “O
que é a alma? — Um Espírito encarnado.”
31
CAPÍTULO II
32
primitivismo começaram a perder importância, pois elas reduziam e dividiam o
grupo e, consequentemente, sua eficiência. Apesar de primitiva e pretensiosa,
essa foi a forma inicial de convívio coletivo.
Após alguns anos, esses povos começaram a unir forças com povos rivais
e vizinhos e a perceber que mesmo os inimigos poderiam somar algo dentro
da sua evolução. Ainda que não fosse uma evolução espiritual na época, a pre-
ocupação com seu progresso material movia as uniões, que começavam a ma-
nifestar-se.
As inteligências individuais começaram a perder relevância, pois havia di-
versos membros inteligentes, logo, para comandar, era necessário algo maior.
Nesse instante, surgiu a fé; através dela, os líderes diziam representar seus deu-
ses e, assim, estar acima da força e da inteligência.
A fé, comum a todos, fazia-os seguir o caminho, pois não poderiam con-
testar algo que não conseguiam explicar: as forças da natureza, o sol, o mar,
entre outras.
Ainda assim, os estudos e descobertas científicas avançavam, e essa fé, que
ora era dada à natureza e a diversos deuses, começou a unificar-se em apenas
um Deus. Nesse momento aconteceria a segunda grande mudança energética
do planeta.
Esse “Deus” (único e mal interpretado) era punitivo; desse modo, as pes-
soas, coagidas, realizavam Sua vontade, oferecendo até mesmo a própria vida
para honrá-Lo, sendo que, na verdade, era a vontade de alguns que se utilizavam
da interpretação conveniente para promover desejos pessoais.
Com a chegada do mestre Jesus, que, através do amor, exemplificou as
leis de Deus, colocando-as em prática por meio de sua própria carne, houve a
terceira grande mudança energética do planeta: a todos os humanos, foi dada a
chance de perceber que através do amor e da caridade é que se alcança a evolu-
ção moral e espiritual.
Em meados de 1850, Allan Kardec, mediante a codificação, viria a trazer
o conhecimento da Doutrina Espírita, da eternidade do espírito e da comuni-
cabilidade dos encarnados com o plano espiritual. Essa seria a quarta grande
mudança energética do planeta.
Os povos que já eram, então, civilizados, organizados e predominante-
mente cristãos viriam a conhecer uma força que aparentava superar a gravidade
e a razão, modificando a forma de pensar de todos os que com ela simpatiza-
ram. Ainda assim, tratava-se de uma lei muito simples: a lei do amor e da carida-
de, traduzida na reafirmação do mundo espiritual dentro do que a consciência
das almas já sabia.
A quinta grande mudança energética do planeta será a colocação em prá-
33
tica de tudo o que tendes de bagagem teórica referente ao exercício do bem, do
amor ao próximo e da caridade.
Após diversos milênios de guerra, dor, sofrimento, egoísmo, ambição e
individualismo, será que não sois capazes de analisar o passado o bastante para
alterar o presente e, por consequência, o futuro?
Sócrates
Matão, 12 de agosto de 2019.
II – Evolução
34
processo evolutivo, cuja perfeita sincronia une adaptação com posteriores com-
binações.
Uma evidência de vossa origem mineral é que deste dependeis em vosso
organismo para a sobrevivência do corpo físico. 23
Nota: Conforme a ciência da Terra já explorou, as olivinas minerais
(Mg,Fe)2 SiO4 permitiram a geração das primeiras formas de vida, ainda
subaquáticas.
O oxigênio, em sua forma livre, começou a se acumular na superfície
terrestre entre 3 e 2,4 bilhões de anos atrás, e há hipóteses que relacio-
nam o evento de oxigenação com as mudanças na composição da crosta
continental, mas que são difíceis de serem demonstradas.
Em suma, por meio de uma média de composição da crosta continen-
tal, com uma variedade de parâmetros calculados e compilados, pôde-se
constatar que ela era, no início dos tempos (período Arqueano), predo-
minantemente máfica (rica em elementos pesados de ferro e magnésio e
pobres em sílica), passando por outras composições, o que possibilitou
a acumulação de oxigênio nos oceanos e, subsequentemente, na atmos-
fera.
Alguns minerais ricos em magnésio, como as olivinas, formaram, atra-
vés de reações de hidratação, serpentinas minerais, liberando continu-
adamente oxigênio livre e outros compostos ao meio ambiente. Atual-
mente, atribui-se o desenvolvimento do ciclo de oxigênio ao surgimento
das cianobactérias (ocorrido na Era Mesoarqueana), e a incerteza está
no porquê de isso ter acontecido lentamente, e não de maneira contí-
nua, fato atribuído, nesses estudos, à mudança de composição da crosta
continental.
23De acordo com Erastova et al. (2017) e Kitadai e Maruyama (2018), desde as hipóteses de Bernal
(1949), que postulou que as argilas podem concentrar por adsorção os compostos orgânicos na
“sopa primordial”, proposta, por sua vez, por Oparin (1924) e Haldane (1929), a origem abiótica da
vida vem sendo estudada em várias linhas de pesquisa. Ainda assim, até os dias de hoje, não existe
uma prova concreta do real processo que originou a vida, porém, há muitas hipóteses e pesquisas
que se fundamentam em superfícies minerais como sendo parte do ambiente ideal que geraria a vida
(DOHM; MARUYAMA, 2015). Além disso, já foram encontrados aminoácidos (considerados os
blocos essenciais da composição da vida) em meteoritos e outros corpos cósmicos (KVENVOL-
DEN et al., 1970; ENGEL; MACKO, 1997), o que indica um processo de síntese química simples no
meio interestelar. Evidências experimentais também estão disponíveis para a síntese abiótica de ami-
noácidos, sob uma variedade de condições ambientais potenciais da Terra primitiva (PLANKENS-
TEINER; REINER; RODE, 2006; CLEAVES et al., 2008; FITZ; REINER; RODE, 2007; MILLER;
UREY, 1959). A carga de aminoácidos é dependente do pH e, portanto, permite sua associação com
diferentes minerais em diferentes ambientes.
35
As olivinas também foram utilizadas nesses estudos como marcadores,
para diferenciar a composição da crosta continental superior mediante
bases de dados e outras razões, pois foi observado que elas estavam ali
presentes em quantidades significativas.
Os estudos observaram ainda que não havia quantidade significativa
de oxigênio enquanto essas rochas máficas (contendo olivinas) eram
abundantes na crosta, e o declínio delas foi sincronizado com a acumu-
lação de matéria orgânica e oxigênio nos oceanos; logo na sequência,
a remoção dessas rochas foi sucedida pelo grande evento de oxidação.
Ademais, concluiu-se que o desenvolvimento do ciclo de oxigênio na
Terra não foi limitado pela produção deste nos hábitats das cianobacté-
rias, mas, sim, pela dominante composição máfica das rochas dos con-
tinentes no período Arqueano.
Por meio das olivinas, foi possível a serpentinização, envolvendo uma
série de reações que as transformaram em outras rochas, aliadas a bai-
xas temperaturas, águas hiper alcalinas (incluindo os hábitats das ciano-
bactérias) e extremamente enriquecidas com compostos captadores de
oxigênio livre. Com a posterior remoção desses captores, no decorrer
de milhões de anos, foi possível a elevação do fluxo de oxigênio livre.
Do tempo semelhante ao grande evento de oxidação ao desapareci-
mento das olivinas na crosta continental superior, a indicação é de que
a superfície dos oceanos alcançou a saturação de oxigênio quando a
serpentinização foi cessada, alterando as composições da crosta.
Em suma, esses estudos elucidam o sincronismo entre a mudança de
composição da crosta com a acumulação de oxigênio nos oceanos e na
atmosfera durante o Pré-Cambriano.24
menos rapidamente, mediante o uso do livre-arbítrio, pelo trabalho e pela boa vontade.”
36
23. Tudo evolui na natureza. A progressão é uma faculdade apenas
dos espíritos?
— A evolução ocasiona o progresso, pois, para progredir, é necessário,
antes, evoluir. O progresso é fruto do desenvolvimento intelectual em conjunto
com o moral, portanto, não poderiam alcançá-lo sem antes ter a evolução ne-
cessária para tal.27
Nota: A evolução é inerente a todos os seres da natureza, no entanto,
progredir é uma faculdade dos espíritos. Somos seres em processo con-
tínuo de construção moral e intelectual.28
25. Haverá algum momento em que não será mais necessário o cor-
po físico?
— Sim, haverá, mas, para isso, um alto grau evolutivo precisará ser atingido.
Nota: Chegará um momento, mediante a evolução, em que não haverá
mais a necessidade de reencarnar. Viveremos de maneira espiritual, que
é a nossa essência, mas, para isso, ainda serão necessários muitos apren-
dizados e reformas.30
27 O Livro dos Espíritos, questão 780: “O progresso moral segue sempre o progresso intelectual? — É
a sua consequência, mas não o segue sempre imediatamente.”
28 O Livro dos Espíritos, questão 114: “Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mes-
quia? – São de diferentes ordens, segundo o grau de perfeição a que tenham chegado.”
O Livro dos Espíritos, questão 115: “Uns Espíritos foram criados bons e outros maus? — Deus criou
todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. [...] Os Espíritos adquirem o
conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe. [...]”
30 O Livro dos Espíritos, questão 168: “O número das existências corpóreas é limitado ou o Espírito se
37
fruto do seu processo evolutivo natural. A similaridade ocorre em outros orbes:
a composição dos habitantes será fruto do processo evolutivo equivalente.31
31 O Livro dos Espíritos, questão 181: “Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos seme-
lhantes aos nossos? — Sem dúvida que têm corpos, porque é necessário que o Espírito se revista de
matéria para agir sobre ela; mas esse envoltório é mais ou menos material, segundo o grau de pureza
a que chegaram os Espíritos, e é isso que determina as diferenças entre os mundos que temos de
percorrer. [...]”
38
Um passo por vez. Solidificando a moral, a ciência dará saltos e desvenda-
rá muitos mistérios.
32 A Gênese, capítulo IV, item 9: “[...] A missão da ciência é a de descobrir as leis da Natureza; ora,
como essas leis são obras de Deus, não podem ser contrárias às religiões fundadas sobre a verdade.
[...] Se a religião se recusar a caminhar com a ciência, a ciência prosseguirá sozinha.”
33 O Livro dos Espíritos, questão 969: “O que se deve entender quando se diz que os Espíritos puros
estão reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe cantar louvores? — É uma alegoria para dar ideia
da compreensão que eles têm das perfeições de Deus, pois o vêem e compreendem [...]”; Introdução
ao Estudo da Doutrina Espírita, item VI: “[...] Os Espíritos pertencem a diferentes classes, não sendo
iguais em poder nem em inteligência, saber ou moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos
Superiores que se distinguem pela perfeição, pelos conhecimentos e pela proximidade de Deus, pela
pureza dos sentimentos e o amor do bem: são os anjos ou Espíritos puros [...].”
39
31. Diante do pragmatismo científico, será possível, no futuro, para
a ciência da Terra, provar a existência de Deus?
— Ela já provou. Uma vez que vós não conseguis explicar a origem de
tudo, tem-se a prova fiel da existência divina.
Nota: Enquanto Deus nos convida a tentarmos provar a razão da exis-
tência de tudo, precisamos ter humildade o suficiente para percebermos
que Ele nos prova todos os dias Sua existência, escancarando nossa
limitação. Não concordais? Provai!
40
que tenhamos o discernimento necessário para utilizar nosso bom fruto
em favor de bons propósitos. Oremos e vigiemos.
34A tecnologia CRISPR/Cas9 trata-se de uma técnica de edição genômica pela qual se pode alterar o
DNA de praticamente todos os seres vivos com muita precisão. A técnica consiste no uso do sistema
de imunidade adaptativa (CRISPR/Cas) em vírus que as bactérias Streptococcus pyogenes possuem, as
quais agregam parte do DNA do vírus no próprio genoma, como mecanismo de defesa. As autoras
da descoberta científica são Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna (THE NOBEL PRIZE,
2020a).
41
IV – Antimatéria
42
lugares ao mesmo tempo.
Que possais aplicar a tecnologia para o amor, e não para a conquista de
poder ou dinheiro, e compartilhar o bem em vez de suprir vossas necessidades
instintivas por poder e satisfação individual.
35 A Gênese, capítulo VI, item 2: “O tempo, tal como o espaço, é uma palavra definida por si só; fa-
remos uma ideia mais justa dele estabelecendo sua relação com o todo infinito. [...] O tempo não é
senão uma medida relativa de sucessão das coisas transitórias [...].”
36 Também conhecidos como “pontes de Einstein-Rosen” (1935).
43
C. Teremos contato com elas algum dia?
— Um dia terão, mas não é possível prever quando, porque esse fato ocor-
rerá de acordo com o avanço de ambas as partes, a depender do livre-arbítrio.
44
45. A partir da equação de De Broglie37 (λ = h/mv), conseguimos
calcular a dualidade onda-partícula da matéria, chegando em compri-
mentos de ondas. Esse valor seria o responsável pela capacidade dos
humanos de magnetizar?
— Sim, o fato de possuir essa dualidade vos permite, organicamente, mag-
netizar. Entretanto, é necessário o controle e a expansão correta dessas energias,
que, conforme já comprovado, são quase insignificantes em sua forma original.
Nota: Tomando como exemplo para o cálculo da equação de De Broglie
um corpo de massa (m) de 50kg a uma velocidade (v) de 2m/s (7,2km/h)
e constante de Planck (h) de 6,62.10-34 J.s, obteremos um valor de com-
primento de onda (λ) na ordem de 6,63.10-36 metros (m). Em outras pala-
vras, para corpos macroscópicos – massa (m) com valores muito grandes
–, os valores de comprimentos de ondas associados (λ) são tão pequenos
a ponto de ser impossível perceber suas características ondulatórias. 38
A. Como magnetizar é possível se, na ordem de grandeza de 10-36
metros, os valores são indetectáveis?
— É possível através do controle mental e intencional. Com o devido
estudo e prática, o ser humano é capaz de amplificar e posteriormente projetar
suas ondas, expandindo os níveis energéticos de sua matéria com finalidade de
tratamento.
B. Como ocorre o processo de intensificação dessa energia, permi-
tindo-nos manipulá-la?
— Conforme a ciência da Terra já comprovou, a mente humana, por meio
do cérebro, é capaz de comandar tudo o que há no corpo material; órgãos fun-
cionam de forma involuntária, e as células regeneram-se da mesma forma.
O autoconhecimento, somado à prática de controle mental e emocional
profundo, permite ao ser humano controlar aquilo que outrora era involuntário,
manipulando, assim, as energias oriundas das partículas mais elementares (fér-
mions) e as expandindo conforme sua intenção. Não é um processo simples e
37 Maurice de Broglie foi um físico experimental francês que, desde o início, apoiou a visão de Comp-
ton sobre a natureza das partículas da radiação. Seus experimentos e discussões impressionaram tanto
seu irmão, Louis, com os problemas filosóficos da Física da época, que este mudou sua carreira da
História para a Física. Em sua tese de doutorado, apresentada em 1924 à Faculdade de Ciências da
Universidade de Paris, Louis de Broglie propôs a existência de ondas de matéria. O rigor e a origi-
nalidade de sua tese foram reconhecidos imediatamente, mas, devido à aparente falta de evidências
experimentais, as ideias de De Broglie não foram consideradas como tendo qualquer realidade física.
Foi Albert Einstein quem reconheceu sua importância e validade e, por sua vez, chamou a atenção
de outros físicos. Cinco anos depois, De Broglie ganhou o Prêmio Nobel de Física, tendo sido suas
ideias dramaticamente confirmadas por experimentos (EINSBERG; RESNICK, 1985, p. 56).
38Einsberg e Resnick (1985, p. 56-65); The Nobel Prize (2020b).
45
exige um autocontrole que raros encarnados têm. Entretanto, no futuro, será
completamente normal.
Aquilo que hoje é matematicamente irrelevante ou indetectável para vós
será a matéria-prima de tratamentos futuros. Não são imperceptíveis por acaso:
assim os são justamente para a aquisição desse autocontrole e domínio sobre a
própria matéria.
48. Existem leis científicas do mundo material que podem ser apli-
cadas no mundo espiritual?
— Todas as leis científicas de vosso mundo atual são oriundas de Deus,
que, por sua vez, permitiu que as descobrísseis através de vosso intelecto e
esforço. Portanto, com a permissão d’Ele, podeis aplicar algumas no plano er-
rático, apenas se houver utilidade. A comunicabilidade com os espíritos é um
exemplo de utilização da lei que contempla os dois planos.
V – Perispírito
Alimento do perispírito
46
com instruções e reformas, tudo aquilo que é necessário para o progresso de
seu intelecto e de sua moral.
São importantes o “adubo” de vossa caridade e a “rega” de amor de vos-
sas práticas para a “colheita” da vossa evolução espiritual.
Tudo aquilo que ficar armazenado em vosso perispírito é fruto de vossas
ações enquanto encarnados; portanto, a melhor forma de desenvolvê-lo é apro-
veitando a oportunidade que a vida material vos proporciona diariamente.
O perispírito é o elo entre a matéria e o espírito e, conforme se aprimora,
torna-se cada vez mais sutil. Quanto maior o progresso do espírito, menor a
densidade do perispírito; é um processo natural, longo e gradativo.
VI – Energia e vibração
47
53. A Teoria das Cordas39 procede?
— Em partes. O caminho está correto, porém ainda faltam algumas des-
cobertas, que virão naturalmente com o tempo.
A maior delas será aprender como controlar essas vibrações que formam
essas partículas elementares.
A. De que forma essas vibrações e frequências são conduzidas?
— Deus, em Sua inteligência suprema, foi o condutor dessa “orquestra”
perfeita, permitindo que tudo o que conheceis hoje fosse formado a partir de
partículas elementares nas devidas proporções.
Conforme evoluímos, tornamo-nos capazes de modificar tais vibrações,
permitindo, assim, a geração de novos tipos de energia e a recuperação material
daquilo que hoje ainda é impossível para a ciência atual. O maior poder do ser
humano está no pensamento; controlá-lo é a chave para a evolução.
B. Como podemos provar cientificamente a existência das ondas
originárias das cordas?
— Cientificamente ainda não podem, entretanto, é um caminho lógico a
ser seguido. Com os avanços da ciência, em breve, terão as respostas.
48
Ao aprendermos que devemos controlar os pensamentos, é importante
compreender que, mais do que afetar nossa mente, o pensamento é
capaz de afetar nossa matéria orgânica enquanto estamos encarnados
e também nosso espírito após o desencarne. Por esse motivo, depen-
dendo de como o conduzimos, ele se torna o nosso maior remédio ou
o nosso pior veneno.
55. Como podemos ampliar a energia emitida por nosso corpo ma-
terial ou matéria orgânica?
— Controlando os pensamentos e aprendendo a conduzi-los. Esse é um
processo lento, que exige autoconhecimento e depuração.
56. Segundo a física, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar
no espaço, tampouco um corpo ocupar dois lugares ao mesmo tempo.
Essas leis serão derrubadas no futuro?
— Não, a matéria realmente não ocupa o mesmo espaço ao mesmo tem-
po; contudo, as leis são diferentes para tudo o que não é material, o que quebra-
ria as leis da física que hoje conheceis por verdade. Um exemplo disso são os
pensamentos: ocupam diversos espaços ao mesmo tempo.
Nota: Jamais devemos nos esquecer de que as leis da física são oriundas
das leis de Deus. Portanto, compreender o que a física nos traz significa
comprovar aquilo que já vivemos; acreditar nas leis de Deus é esperan-
çar aquilo que viveremos.
49
CAPÍTULO III
Criação
Infância do espírito • Princípio material • Células inteligentes?
• Vida orgânica e vida espiritual
I – Infância do espírito
Um dos maiores mistérios universais é saber como, quando e de que for-
ma se originou o espírito. Deus, Inteligência Suprema do Universo, é o único
que tem completo domínio e conhecimento do início de nossas existências
como espíritos (tanto encarnados quanto desencarnados). Porém, já é de nosso
conhecimento que uma junção de fatores auxiliou a origem de nossa formação
espiritual. Através dessa formação, outrora iniciada pelo princípio inteligente,
somada à consciência e à moral, passaremos, por conseguinte, milhares de anos
na Terra, lapidando nossos espíritos. Quanto maior for a lapidação, menos den-
sos estaremos e mais desmaterializados permaneceremos, para cumprirmos
nosso “papel” no universo.
Como espíritos, percorreremos um longo caminho até a perfeição, ne-
cessitando, diversas vezes, repetir nossas vivências, a fim de buscarmos o apri-
moramento intelectual e moral. Entretanto, por sermos criaturas do Criador
Supremo Universal, teremos todas e quaisquer condições necessárias para en-
frentarmos, com êxito e resignação, esse processo.
Mais uma vez, o esforço e o amor a todas as formas de vida serão precio-
sos para nosso sucesso.
O princípio inteligente é consequência de um desenvolvimento e adapta-
ção natural. É inerente ao ser vivo que, com o passar de suas experiências, ad-
quire um “conhecimento acumulado” e desenvolvimento intelectual, que serão
imprescindíveis para a etapa atual de sua existência, sendo possível rebuscar, no
inconsciente, toda a bagagem vivida através de suas “facilidades” e “dons”. Ao
observarmos uma criança de três anos tocar piano com perfeição, lá, existe uma
mistura de esforço com reminiscências de existências anteriores, que conver-
gem perfeita e harmonicamente. Imaginemos: quantas experiências todos nós
passamos desde nossa infância espiritual? Sendo assim, quantas aptidões e dons
nós possuímos que apenas aguardam o esforço para serem desencadeados?
Por mais singelas que possam ter sido nossas passagens no mundo mate-
rial e no mundo errático, desde o início de nosso espírito, agregamos sempre
novos aprendizados, que serão úteis para a atual encarnação.
50
Contudo, se a evolução espiritual é natural, não significa que ela seja au-
tomática. É necessário que todos nós colaboremos com o aprimoramento de
nossos espíritos, acelerando o processo de desenvolvimento intelectual e moral.
Existem inúmeras formas de fazer isso: buscando conhecimento, autoco-
nhecimento, desenvolvendo nosso amor ao próximo e exercitando a caridade
despretensiosa.
Não somos passageiros à espera de que outrem nos guie para a próxima
estação, e sim motoristas, que conduzem a própria existência, procurando as
melhores rotas e destinos, carregando, na bagagem, amor e fé.
Por fim, não podemos definir com precisão aquilo que ocorre na infância
espiritual, mas dependerá sempre e exclusivamente de nós o aprimoramento,
desenvolvimento e progresso intelectual e moral de nossos espíritos.
51
II – Princípio Material
61. O que é o princípio material?
— Uma junção de elementos criados e adaptados para a formação da
matéria.40
40 O Livro dos Espíritos, questão 22: “Define-se geralmente a matéria como aquilo que tem extensão,
que pode impressionar os sentidos e é impenetrável. Essa definição é exata? — Do vosso ponto de
vista, sim, porque só falais daquilo que conheceis. Mas a matéria existe em estados que não percebeis.
Ela pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que não produza nenhuma impressão nos vossos senti-
dos: entretanto, será sempre matéria, embora não o seja para vós.”
41 “[...] A maioria dos organismos vivos é composta por células únicas. Outros, como nós, são vastos
complexos multicelulares, nos quais grupos de células realizam funções especializadas e estão conec-
tados por intrincados sistemas de comunicação. Mas, mesmo para o agregado de mais de 1013 células
que formam um corpo humano, o organismo todo foi gerado a partir da divisão celular de uma única
célula. [...] As células gordurosas, as células epidérmicas, as células ósseas e as células nervosas pare-
cem tão diferentes quanto possível. Ainda assim, todos esses tipos celulares são descendentes de uma
única célula-ovo fertilizada, e todos (com poucas exceções) contêm cópias idênticas do genoma da
espécie. As diferenças resultam da maneira pela qual essas células fazem uso seletivo de suas instru-
ções genéticas, de acordo com os estímulos que recebem de seu ambiente durante o desenvolvimento
do embrião [...]” (ALBERTS et al., 2017, p. 2; 29).
52
Será fácil compreender essas questões mais adiante, quando falarmos sobre
desenvolvimento instintivo (ver item VIII do Capítulo VI – Instinto, inteligência e
consciência).
As células “capacitam” tudo o que é vivo no planeta a desenvolver-se; elas,
todavia, não possuem espíritos.
Apesar de elas não os possuírem, são essenciais na matéria, pois são instru-
mentos que possibilitam a vida, permitindo-vos evoluir enquanto encarnados.
No futuro, entendereis que o poder do pensamento é capaz de contro-
lá-las, o que explicará algumas realizações: a autocura e a mudança de forma,
que, hoje, são impossíveis, por exemplo, se tornarão plausíveis cientificamente.
No entanto, existe ainda um longo trajeto a ser percorrido antes de aprender a
controlar os vossos pensamentos a ponto desse feito.
No instante em que o encarnado conquistar autoconhecimento e auto-
controle em níveis mais avançados, perceberá que o poder do pensamento é
ilimitado e que nada é impossível para si.
53
Não permitais que vosso egoísmo prevaleça e que vosso egocentrismo
governe os pensamentos. Permiti que o amor seja o real sentido de vossa exis-
tência.
Agradecei a perfeição que Deus proporciona ao universo, colaborando
para que ela se acelere com menos impedimentos causados por vós próprios.
Um dia, colheremos tudo aquilo que plantarmos. Conscientes da obriga-
toriedade da colheita, cultivai o solo de vosso coração, transplantai mudas de
amor, regai com persistência e fertilizai com esforço e comprometimento.
O mundo será um lugar melhor se vós ajudardes que ele seja.
Sereis mais felizes fazendo alguém feliz. A mudança do universo é cons-
tante, e toda recompensa ou cobrança virá em seu tempo certo.
Prossegui no caminho da fé, com fé e pela fé, não deixando que nada,
ninguém nem qualquer situação abalem os vossos objetivos.
Um Espírito Protetor,
Matão, 2019.
54
ças no futuro. O caminho é através do pensamento: exercitai-o.
Nota: O desejo, neste mundo de provas e expiações, de conhecer o
princípio da vida seria o mesmo que querer a equiparação a Deus. Ain-
da estais muito distantes dessa compreensão; porém, com o passar dos
anos e da vossa evolução humana, ireis elucidar em vossas mentes, atra-
vés de diversas descobertas, muitas outras questões que outrora pare-
ciam impossíveis de esclarecer.
Esta é a beleza da evolução eterna: no amanhã, sempre haverá algo que
não conhecíamos no hoje e no ontem. O aprendizado é a vossa herança.
55
CAPÍTULO IV
Fluidos no Universo
Fluidos • Fluido universal • Fluido vital e princípio vital
I – Fluidos
Fluidos compõem o Universo e tudo o que há nele desde o início dos tem-
pos. Com o desenvolvimento tecnológico e avanço da ciência, as descobertas
chegam cada vez mais próximas à compreensão daquilo que hoje é invisível aos
olhos.
Se eles compõem o universo e, por consequência, através de sua transfor-
mação, os vossos corpos, vós sois responsáveis por eles, ainda que não os vejais.
Quando possuís hábitos que promovem a saúde orgânica, abasteceis o
corpo com fluido vital; em contrapartida, quando possuís vícios e vicissitudes,
promoveis sua perda: é uma consequência natural.42
Nada no universo é dado a um ser sem uma real utilidade e responsabili-
dade.
A manipulação fluídica está diretamente ligada à intenção e ao pensamen-
to e poderá auxiliar muito no desenvolvimento humano, especialmente na cura
das enfermidades.
Fluidos estão em tudo, portanto, aprender a manipulá-los é ampliar o al-
cance orgânico para o extramatéria, buscando o que hoje ainda é desconhecido
pela vossa ciência.
Fluidos universais são transformados em vitais, gerando o princípio da vida
(animando a vida), que, posteriormente, será abastecida por mais fluidos vitais,
provenientes das escolhas certas, ou desfazendo-se deles, por consequência das
erradas. Esses fluidos vitais, por sua vez, podem se transformar em magnéticos
em alguns casos, conforme a necessidade.43
42 O Livro dos Espíritos, questão 70 – nota explicativa de Kardec: “[...] A quantidade de fluido vital não
é a mesma em todos os seres orgânicos: varia segundo as espécies, e não é constante no mesmo indi-
víduo, nem nos vários indivíduos de uma mesma espécie. Há os que estão, por assim dizer, saturados
de fluido vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente. É por isso que uns são
ativos, mais enérgicos, e de certa maneira, de vida superabundante.
A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se incapaz de entreter a vida, se não for renovada
pela absorção e assimilação de substâncias que o contêm.
O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que em maior quantidade pode dá-lo ao
que tem menos e, em certos casos, fazer voltar uma vida prestes a extinguir-se.”
43 O Livro dos Espíritos, questão 427: “Qual é a natureza do agente chamado fluido magnético? — Flui-
do vital, eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.”
56
Os fluidos universais abrangem tanto a vida orgânica quanto o que é inor-
gânico e estão presentes em tudo aquilo que existe no universo, animando a
matéria ou não.
Existe um universo de fluidos que envolvem nossos planos e estão à nossa
espera e disposição, com a finalidade de melhorar a qualidade de nossas vidas,
material e espiritualmente.
57
II – Fluido universal
67. O que é fluido universal?
— É o fluido emanado pelo universo, a matéria elementar primitiva que
gerará, através de suas transformações, diversos outros fluidos, fazendo parte
da formação universal e de tudo o que nele habita, seja de forma direta, seja
indireta (metamórfica).44
68. O fluido universal pode ser considerado parte da matéria?
— Sim. Se ele a compõe, por consequência, é parte; conforme já dissemos,
ele está em tudo o que existe no universo.
A. Existe uma dependência direta para coexistirem?
— A matéria depende do fluido universal, já o fluido universal independe
da matéria para sua formação, mas ambos coexistem de forma harmônica. Toda
matéria orgânica possui fluido vital (derivação do fluido universal), entretanto,
nem todo fluido universal coexiste com a matéria.
Nota: Existem alguns princípios na existência que ainda estão fora da
vossa compreensão.
Com o avanço científico, será possível, em um futuro breve, compre-
ender melhor “qual princípio provém de qual”, dentre outras questões.
O importante, neste instante, é assimilar que a matéria faz parte do uni-
verso, está nele inserida, e vice-versa.
O fluido universal é uma matéria extremamente sutil, cujas modifica-
ções e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos
da natureza, sendo a fonte geradora das demais energias, plasmas, on-
das e matérias que “povoam” o universo.
Deste modo seria exemplificada a relação da matéria com o fluido uni-
versal: vós sois frutos de vossa mãe, portanto, fazeis parte dela, mas
não sois iguais a ela. Ela não dependeu de vós para existir; ainda assim,
dependestes dela para nascer, e ela estará interligada a vós para o resto
dos dias, pelos vossos laços.
44 A Gênese, capítulo XIV, item 31: “Como vimos, o fluido universal é o elemento primitivo do corpo
carnal do e do perispírito, do qual são transformações. Pela identidade de sua natureza, este fluido,
condensado no perispírito, pode fornecer ao corpo os princípios reparadores. [...]”
58
70. Conforme a primeira obra, quando estamos na erraticidade, so-
mos capazes de adquirir a forma fluídica de cada orbe. Como isso é pos-
sível?
— Sempre que houver o intuito de auxílio, Deus permitir-nos-á “trocar de
vestes” para nos deslocarmos a outros planetas e praticarmos o bem.45
É um processo natural no plano espiritual, e essa readequação fluídica é
muito frequente.
45 O Livro dos Espíritos, questão 94: “De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial? — Do
fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos; passando de
um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”; questão 94-a: “Dessa
maneira, quando os Espíritos de mundos superiores vêm até nós, tomam um perispírito mais grossei-
ro? — É necessário que eles se revistam da nossa matéria, como já dissemos.”
59
72. Fluido magnético e fluido vital são a mesma coisa?
— Não, o fluido magnético é derivado do fluido vital, que, por sua vez,
provém do fluido universal (ver nota de rodapé n.º 43).
60
76. Os alimentos transgênicos possuem fluido vital na mesma pro-
porção que um alimento orgânico?
— Sim. A vida orgânica não prospera sem o fluido vital, no entanto, se
eles irão proporcionar os mesmos nutrientes aos que os consumirem, depen-
derá da qualidade dos estudos envolvidos antes de seu lançamento. Por isso a
importância de ser equiparada ao tempo de pesquisa e progresso.
79. Em O Livro dos Espíritos, é dito que quem possui maior quanti-
dade de fluido vital pode doá-lo a quem tem menos e, em certos casos,
fazer voltar a vida prestes a extinguir- se (conforme visto na nota de rodapé
n.º 42). Como isso ocorre?
— Só podeis doar aquilo que possuís, portanto, quando cuidais bem da
vossa saúde, tanto corporal quanto mental, sois agraciados com abundância,
podendo praticar a caridade através das doações fluídicas.
61
82. Como ocorre a interação dos medicamentos da Terra com o
fluido vital do encarnado?
— Os medicamentos desenvolvidos pelo homem, quando aplicados de
forma correta e responsável, auxiliam o corpo a produzir fluidos vitais e au-
torregenerar-se; se aplicados de forma irresponsável, diminuem- nos ou ces-
sam-nos.
62
CAPÍTULO V
Transmissão Energética
e Fluídica
Intenção • Passe • Prática do passe • Magnetismo • Prática do magnetismo
I – Intenção
Não existe tema que não gere diferentes interpretações, visões e, até mes-
mo, que não divida opiniões. O que verdadeiramente importa, sempre, são o
objetivo e a intenção com que o abordamos.
É através da intenção que as formas fluídicas e magnéticas caminham para
a ajuda: o pensamento guia as oportunidades de evoluir e de dissolver tudo
aquilo que parecia indissolúvel.
Nunca percais essa oportunidade, utilizai o vosso livre-arbítrio para a dire-
ção das boas intenções e dos pensamentos para o amar.
Pensai em amar e amai sem pensar.
A vida encarnada é uma pequena jornada, porém com grandes oportuni-
dades de crescimento.
63
Conforme a ciência da Terra já comprovou, há diversos tipos de ener-
gia: o calor, a eletricidade, entre outras, as quais, por sua vez, dependem
dos fluidos que existem no universo.
Dessa forma, podemos criar uma analogia com a água. Água é sempre
água; ela flui quando está no rio, congela quando está ao frio e evapora,
transformando-se em gás, quando está ao calor. Mas para que todos es-
ses processos aconteçam, é necessário haver uma energia geradora, que,
por sua vez, para existir, precisa de fluido, assim como tudo (orgânico
ou inorgânico) o que habita o universo. Tudo o que existe é envolvido
por fluido universal, que irá se transformar em fluido vital quando hou-
ver a animação da matéria através do princípio vital. Caso não haja essa
animação, tudo permanecerá envolto por fluido universal.
A intenção possibilita diversas formas de transmissão, dentre elas, a
energética e a fluídica. A fluídica transforma-se em energética, ou mag-
nética, quando necessário ou útil para o receptor. Não é imprescindível
para o transmissor (passista) saber discriminar as duas, mas, sim, ser
capaz de purificar suas intenções.
Um Espírito Protetor,
Matão, 24 de junho de 2019.
II – Passe
46 A Gênese, capítulo XIV, item 18: “[...] O pensamento do Espírito encarnado age sobre os fluidos
espirituais como também o dos Espíritos desencarnados; transmite-se de Espírito a Espírito, pela
mesma via, e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos circundantes. [...]”
64
86. Que tipos de fluidos são doados ou utilizados durante o passe?
— Aqueles que forem necessários para o receptor e intencionados pelo
doador.
Lembrando que a fé e o merecimento são fundamentais, tanto para quem
os doa quanto para quem os recebe; o receptor não receberá aquilo que não
merece, e o doador não doará aquilo em que não acredita.
A. E durante a magnetização?
— Durante a magnetização, o fluido não necessariamente tem origem es-
piritual, podendo ser doado pelo próprio aplicador, que necessita de conheci-
mento, estudo e aptidão para tal prática. É o magnetismo propriamente dito, ou
magnetismo humano, cuja ação se acha subordinada à força mental e, conse-
quentemente, à qualidade do fluido doado.
65
O estudo sempre ajuda, mas crucial é o autocontrole das vibrações ener-
géticas e dos pensamentos, que, por consequência, darão origem às boas vi-
brações.
IV – Magnetismo
47 Revista Espírita – março de 1858, p. 114-115: “Quando apareceram os primeiros fenômenos espí-
ritas, algumas pessoas pensaram que essa descoberta, se assim a podemos chamar, iria desferir um
golpe de morte no magnetismo e que aconteceria como ocorre nas invenções: a mais aperfeiçoada
faz esquecer sua predecessora. Tal erro não tardou a se dissipar e prontamente se reconheceu o pa-
rentesco próximo das duas Ciências. Com efeito, baseando-se ambas na existência e na manifestação
da alma, longe de se combaterem, podem e devem se prestar mútuo apoio: elas se completam e se
explicam mutuamente. [...]”
66
fé da pessoa que a bebe.
V – Prática do magnetismo
67
o gatilho é orgânico. Através da intenção, o corpo é capaz de alterar as energias
entre o aplicador e o aplicado e transformar as moléculas, produzindo o bene-
fício.
Em ambos, são necessárias a reforma íntima e a boa intenção, mas, no
magnetismo, isso é um pré-requisito de extrema importância, afinal, o aplicador
está se utilizando das próprias energias e intenções.
68
CAPÍTULO VI
I – O homem e os animais
A evolução gera o progresso, e as leis de Deus sempre sustentarão todos
os nossos passos, desde a fase mineral até a perfeição.
Passamos por processos de adaptação, provas, expiações, despertar de
consciência e busca pelo amor fraterno e despretensioso. Fomos, somos e sem-
pre seremos todos irmãos, filhos de um mesmo Deus.
É importante que possamos, a cada degrau que alcançarmos, olhar para os
degraus inferiores com amor e cuidado, auxiliando nossos irmãos independen-
temente do seu nível de consciência.
Amar a vida é amar, respeitar, preservar as criaturas de Deus e construir
um mundo melhor por meio do bom uso do livre-arbítrio. Defender os mais
“fracos” é garantir a continuidade do ciclo da vida, tanto material quanto espi-
ritual.
Para demonstrar gratidão pelo que nos tornamos, é preciso cuidar daque-
les que fomos um dia. O amor cabe em qualquer estágio de nossa evolução.
Caminhar sem amor é caminhar sem destino; caminhar com amor é caminhar
com objetivo.
48 Teoria baseada no darwinismo que nega a hereditariedade dos caracteres adquiridos, privilegiando
como fator principal da evolução a seleção natural e incorporando conhecimentos da genética e da
biologia molecular (HOUAISS; VILLAR, 2009).
69
— Eles se complementam. A adaptação também é uma forma de evolu-
ção quando não possuímos ainda a consciência para tal.
Nota: A natureza leva-nos à adaptação constantemente. Adaptação é
algo inerente ao espírito, que é transmitida ao corpo físico através da
inteligência e, antes de a inteligência ser desenvolvida, faz-se através do
instinto de sobrevivência.
Uma planta, submetida por milhares de anos a condições desfavoráveis,
adapta-se lentamente, para que, no futuro, essas mesmas condições se
tornem favoráveis. Isso é uma enorme prova da perfeição de Deus, que
possibilita a tudo o que existe na natureza, independentemente do seu
grau na escala evolutiva, a oportunidade de sobreviver e permanecer
evoluindo.
Porém, Deus também nos ensina uma lição com esse episódio, ao res-
saltar que a adaptação ocorre “lentamente”: é necessário tempo e esfor-
ço para que possamos transformar o desfavorável em favorável, a dor
em amor, e assim sucessivamente.
Adaptar-se é uma das qualidades que garantem a sobrevivência de qual-
quer espécie e é uma bela ferramenta desenvolvida por Deus.
70
A. Eles reencarnam?
— Sim, assim como os humanos, são espíritos em evolução, portanto,
reencarnam.
B. Podem passar por diversas experiências, inclusive em espécies
novas?
— Sim, não só podem como passam.
C. Chegarão à fase hominal?
— Sim; afinal, evoluir é uma característica de todos os espíritos.
D. Em quanto tempo, em média?
— Qual seria a utilidade em saber isso?
71
A. Eles teriam, então, alguma noção de senso moral?
— Sim; em alguns casos, conforme a ciência da Terra vem comprovando.
Nota: Senciência é a capacidade dos seres de terem sensações e senti-
mentos de forma consciente, isto é, perceber o que lhes acontece e lhes
rodeia. As sensações, como a dor ou o frio, ou as emoções, como o
medo, são estados subjetivos assemelhados ao pensamento e estão pre-
sentes na maior parte das espécies animais. A comprovação foi docu-
mentada, divulgada mundialmente por Philip Low e publicada em um
manifesto conhecido como Declaração de Cambridge, em 7 de julho
de 2012.
50 A Gênese, capítulo XIV, item 7: “O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos produ-
tos mais importantes do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de
inteligência ou alma. Já vimos que o corpo carnal tem igualmente seu princípio nesse mesmo fluido
transformado e condensado em matéria tangível; no perispírito, a transformação molecular se opera
diferentemente; pois o fluido conserva sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo
perispiritual e o corpo carnal, pois, têm sua fonte no mesmo elemento primitivo; um e outro são
matéria, embora sob dois estados diversos.”
51 O Livro dos Espíritos, questão 62: “Qual a causa da animalização da matéria? — Sua união com o
princípio vital.”
72
A. Há princípio inteligente? Como é sua ação?
— Todos nós fomos criados simples e ignorantes, mas adquirimos a in-
teligência com o passar das encarnações. É na fase animal que se instaura o
princípio de inteligência.52
52 A Gênese, capítulo XI, item 7: “[...] O que Deus lhe transmite por seus mensageiros, e o que por
outro lado o próprio homem tem podido deduzir, partindo do princípio da soberana justiça que é um
dos atributos essenciais da Divindade, é que todos temos um mesmo ponto de partida; que todos são
criados simples e ignorantes, com aptidão igual para progredir mediante sua atividade individual; que
todos atingirão o grau de perfeição compatível com a criatura, através de seus esforços pessoais; que
todos, sendo os filhos de um mesmo Pai, são o objeto de uma igual solicitude; que não há nenhum
favorecido ou melhor dotado que os demais, e dispensado do trabalho que seria imposto a outros
para atingir seu alvo.”
53 O Livro dos Espíritos, questão 600: “A alma do animal, sobrevivendo ao corpo, fica num estado
errante, como a do homem após a morte? — Fica numa espécie de erraticidade, pois não está unida
ao corpo. Mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre
vontade; o dos animais não têm a mesma faculdade. [...]”
54 O Livro dos Espíritos, questão 595: “Os animais têm livre-arbítrio? — Não são simples máquinas
como supondes, mas sua liberdade de ação é limitada pelas suas necessidades, e não pode ser compa-
rada à do homem. [...] Sua liberdade é restrita aos atos da vida material.”
73
tuição, mostrando-lhes o caminho correto.
74
que a alma seja individualizada (ou seja, torne-se um espírito), é ne-
cessária uma transformação do princípio inteligente; em determinada
fase, os animais ainda não o possuem isoladamente, entretanto, a soma
dos esforços instintivos do grupo possibilitará que almas individuais se
constituam.
Com o tempo, alguns animais começarão a se destacar no grupo e pas-
sarão a individualizar-se gradativamente. Esse processo não ocorre de
uma hora para outra. Aqueles que ainda não se destacaram permane-
cem com o grupo até o instante em que se destacarem, a ponto de “me-
recerem” uma alma individual.
75
ção em biologia, em que são observadas similaridades anatômicas entre
animais pertencentes ao grupo dos vertebrados.
Durante o desenvolvimento embrionário, esses animais apresentam ca-
racterísticas exclusivas, como: tubo nervoso dorsal (medula espinhal),
notocorda (molde cartilaginoso da coluna vertebral), fendas branquiais
(que, nos caso dos anfíbios, répteis, aves e mamíferos, serão substituí-
dos pelos pulmões) e cauda pós anal (regride na espécie humana)55.
B. O reencarne nos animais segue o mesmo processo que nos hu-
manos?
— A ligação do espírito com o corpo material ocorre de múltiplas formas
e em diversas épocas, dependendo da necessidade e tempo de amadurecimento
de cada indivíduo. Nem para os humanos existe um padrão.
55 A Gênese, capítulo X, item 25: “Se se considerarem apenas os dois pontos extremos da cadeia, não
há nenhuma analogia entre tais seres. Porém se passarmos de um anel para o outro, sem solução de
continuidade, chegaremos da planta aos animais vertebrados sem transição brusca. Compreende-se
então que os animais de organização complexa possam não ser mais que uma transformação, ou se
assim o preferirmos, um desenvolvimento gradual, a princípio insensível, da espécie imediatamente
inferior, e assim, de aproximação em aproximação, até o ser primitivo elementar. [...]”
56 O estudo de Mossa et al. (2013) demonstrou que a desnutrição materna bovina, no primeiro tri-
mestre da gestação, resultou em uma prole feminina com reserva folicular ovariana menor, aorta
aumentada e aumento da pressão arterial, comparada à prole de mães adequadamente alimentadas. O
ambiente encontrado durante o período fetal e vida neonatal exerce uma profunda influência nas fun-
ções fisiológicas e no risco de doenças durante a vida adulta (BARKER, 2007; LANGLEY-EVANS,
2006). Estudos em animais demonstraram uma associação direta entre o desequilíbrio de nutrientes
durante a vida fetal e quadros clínicos futuros, incluindo hipertensão, diabetes, obesidade e doença
renal (MCMILLEN; ROBINSON, 2005).
76
Nota: Conforme dissemos anteriormente, não faltarão ferramentas. As
características são determinadas geneticamente, por meio de informa-
ções contidas no DNA, e sofrem influências do meio ambiente, através
da seleção natural (conforme visto na questão 100). A depender das condi-
ções impostas, uma característica pode ser “favorecida” em detrimento
de outra, permitindo ou não a adaptação do indivíduo.
77
V – Animais e os espíritos elementais
VI – Emoções e sentimentos
57 O Livro dos Espíritos, questão 538-a: “Esses Espíritos pertencem às ordens superiores ou inferiores
da hierarquia espírita? — Segundo o seu papel for mais ou menos material ou inteligente: uns man-
dam, outros executam; os que executam as coisas materiais são sempre de uma ordem inferior, entre
os Espíritos como entre os homens.”
58 O Livro dos Espíritos, questão 538: “Os Espíritos que presidem aos fenômenos da natureza formam
uma categoria especial no mundo espírita, são seres à parte ou Espíritos que foram encarnados, como
nós? — Que o serão, ou que o foram.”
59 O Livro dos Espíritos, questão 606: “De onde tiram os animais o princípio inteligente que constitui
a espécie particular de alma de que são dotados? — Do elemento inteligente universal.”; questão
606-a: “A inteligência do homem e a dos animais emanam, portanto, de um princípio único? — Sem
nenhuma dúvida; mas no homem ela passou por uma elaboração que a eleva sobre a dos brutos.”
78
Nota: Nenhum ser vivo adquire características emocionais sem necessi-
dade evolutiva. O desenvolvimento dessas características psicológicas é
consequência do aprimoramento intelectual e da necessidade real.
Alguns animais, entretanto, possuem a aceleração do afloramento emo-
cional pela convivência com seus tutores, mas isso não é necessaria-
mente bom; depende do emprego ou utilização.
O ser humano, com seu livre-arbítrio depurado, muitas vezes, busca
aproximar-se de animais e domesticá-los com interesses e conveniên-
cias, e isso lhe será cobrado na erraticidade.
60 Nobre Alcorão – 6a surata, versículo 59: “E Ele tem as chaves do Invisível; ninguém sabe delas
senão Ele. E Ele sabe o que há na terra e no mar. E nenhuma folha tomba sem que Ele saiba disso, e
não há grão algum nas trevas nem algo, úmido nem seco, que não esteja no evidente livro.”
61 Anatomia: disposição, forma e situação dos órgãos de um ser vivo (MICHAELIS, 2008); disseca-
ção do corpo humano ou de qualquer animal ou vegetal para estudo e conhecimento de sua organi-
zação interna (HOUAISS; VILLAR, 2009).
62 Fisiologia: ciência que estuda o funcionamento do organismo vivo (MICHAELIS, 2008); estudo
das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-quími-
cos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios; biofisiologia (HOU-
AISS; VILLAR, 2009).
79
— De certa forma. Fisiologia e anatomia mais desenvolvidas são “casa”
de espíritos mais aprimorados.
Conforme já sabeis, o corpo material é uma ferramenta de evolução; por
essa razão, vós não a possuiríeis complexa, mas com capacidades limitadas ou
desproporcionais.
Existe certa proporcionalidade entre o corpo material e o espiritual, para
que o possuidor daquela fisiologia e anatomia possa usufruir delas em seu po-
tencial máximo.
Sabendo que a espécie humana é a mais desenvolvida deste orbe, especial-
mente em seu intelecto, ela possuirá, consequentemente, as maiores responsa-
bilidades com a oportunidade que lhe foi dada.
63 O Livro dos Espíritos, questão 607-b: “Esse período de humanidade começa sobre a nossa Terra? —
A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período de humanidade começa,
em geral, nos mundos ainda mais inferiores. Essa, entretanto, não é uma regra absoluta e poderia
acontecer que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. [...]”
64 O Livro dos Espíritos, questão 585 – nota explicativa de Kardec: “[...] A matéria inerte, que constitui
o reino mineral, não possui mais do que uma força mecânica; as plantas, compostas de matéria inerte,
são dotadas de vitalidade; os animais, constituídos de matéria inerte e dotados de vitalidade, têm ainda
uma espécie de inteligência instintiva, limitada, com a consciência de sua existência e de sua individu-
alidade; o homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes
por uma inteligência especial [...], que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas ex-
tramateriais e o conhecimento de Deus.”; A Gênese, capítulo X, item 28: “Por pouco que se observe a
escala dos seres vivos, do ponto de vista do organismo, reconhece-se que, desde o líquen até a árvore,
e do zoófito ao homem, há uma cadeia que se eleva por graus, sem solução de continuidade, e da qual
todos os elos têm um ponto de contato com o elo precedente; seguindo passo a passo a série dos
seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente
inferior. Verificado que o corpo do homem está em condições idênticas aos outros corpos, que ele
nasce, vive e morre da mesma maneira, deve ter sido formado nas mesmas condições.”
80
127. Quais são os animais mais evoluídos?
— Os que demonstram um princípio de raciocínio e consciência, poden-
do pertencer a variadas espécies.
Nota: Não importa a qual espécie eles pertençam; desde que haja um
passado de esforços e controles instintivos, o animal poderá chegar a
níveis de consciência mais depurados.
É claro que algumas espécies, por possuírem um maior número de in-
divíduos favorecidos intelectualmente (como os símios65), facilitam o
processo evolutivo dos demais da mesma espécie, porém não é uma
regra. Assim, como vocês sabem, foi comprovado diversas vezes que
existem indivíduos de outras espécies que demonstram alto nível de
inteligência, ainda que sejam exceções.66
65 Símio: adj Relativo ou semelhante ao macaco. sm Bugio, macaco, mono (MICHAELIS, 2008).
66 A Gênese, capítulo XI, item 11: “Para ser mais exato, será preciso dizer que é o próprio Espírito que
fabrica seu envoltório e o torna adequado às suas novas necessidades; ele o aperfeiçoa, o desenvolve
e completa o organismo à medida que sente a necessidade de manifestar novas faculdades; numa
palavra, ele o talha conforme sua inteligência; Deus lhe fornece os materiais; fica por sua conta colo-
cá-los em função; é assim que as raças adiantadas têm um organismo, ou se assim o preferirmos, um
instrumento cerebral mais aperfeiçoado que as raças primitivas. Assim se explica igualmente o cunho
especial que o caráter do Espírito imprime aos traços da fisionomia, e às linhas do corpo.”
67 Análises fósseis de Australopithecus sediba, um hominídeo que habitou a África há cerca de dois
milhões de anos, demonstraram uma mistura estrutural óssea, reunindo características dos humanos
modernos e dos grandes símios, como o chimpanzé (Pan troglodytes) (BERGER, 2013). O Australopithe-
cus sediba caminhava com a perna totalmente estendida e com o pé invertido durante a fase de balanço
da locomoção bípede (DESILVA et al., 2013). As costelas revelaram um tórax superior estreito e mé-
dio lateralmente, como o dos macacos de grande porte, ao contrário do amplo tórax cilíndrico, visto
em humanos (SCHMID et al., 2013). A análise dos elementos das regiões cervical, torácica, lombar e
sacral da coluna vertebral demonstrou que a espécie tinha o mesmo número de vértebras lombares
que os humanos modernos, mas possuía uma parte inferior das costas funcionalmente mais longa e
flexível (WILLIAMS et al., 2013).
68 A Gênese, capítulo XI, item 15: “[...] Corpos de macacos teriam sido muito adequados a servir de
vestimentas aos primeiros Espíritos humanos necessariamente pouco avançados, que vieram encar-
nar-se na Terra; tais corpos terão sido os mais apropriados às suas necessidades, e mais próprios ao
exercício de suas faculdades, que o corpo de qualquer outro animal. [...]”
81
129. Tendo o homem primitivo a faculdade dominante do instinto
para sobreviver, poderíamos situá-lo, evolutivamente, como pertencente
à fase animal?
— Não. Apesar dos instintos aflorados, o homem primitivo já possuía
capacidades mais desenvolvidas que as dos animais.
69 Hierarquia de dominância: classificação social dentro de um grupo em que alguns indivíduos dão
lugar a outros, muitas vezes concedendo recursos úteis sem luta. Os membros desse grupo podem
competir pelo acesso a recursos limitados ou por companheiros; no entanto, em vez de brigar a todo
momento, relações de parentesco são formadas, estabelecendo-se uma hierarquia entre os machos.
Essas interações levam ao surgimento de uma ordem social, que poderá ser alterada caso o animal
dominante seja desafiado pelo dominado (ALCOCK, 2001).
70 O Livro dos Espíritos, questão 778: “O homem pode retrogradar para o estado natural? — Não, o
homem deve progredir sem cessar e não pode voltar ao estado de infância. Se ele progride, é que
Deus assim o quer; pensar que ele pode retrogradar para a sua condição primitiva seria negar a lei do
progresso.”
82
133. O planeta Terra é para provas e expiações. Os animais passam
por elas?
— O planeta Terra é para muito mais do que isso. Por provas, sim, expia-
ções, não. Provas fazem com que eles evoluam, para expiações, seria necessária
a consciência.
Nota: Não haveria razão para os animais expiarem, tendo em vista que
não possuem a depuração do livre-arbítrio.
Para expiar, é necessário ter consciência dos atos praticados, e as falhas
dos animais são oriundas das decisões ainda não lapidadas do instinto.
Podemos concluir que apenas expiamos os equívocos, os quais temos
condições de evitar.
71 A Gênese, capítulo III, item 11: “[...] O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos à rea-
lização de atos espontâneos e involuntários, em vista à sua conservação. [...]”; item 12: “A inteligência
se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, segundo a oportunidade das cir-
cunstâncias. Incontestavelmente, isto é um atributo exclusivo da alma. Todo ato maquinal é instintivo;
o que denota reflexão, combinação, uma deliberação, é intelectivo; um é livre, o outro não o é. [...]”
83
134. Os animais possuem livre-arbítrio?
— Não da forma humana. Fazem escolhas mais simples, ainda instinti-
vamente. O instinto requer algumas escolhas, as quais os animais realizam de
acordo com suas necessidades materiais e respectiva evolução. Quanto maior a
evolução, mais apurada será a escolha, o que, futuramente, irá gerar o livre-arbí-
trio de fato (conforme visto na nota de rodapé n.º 54).
Nota: Diferentemente dos homens, os animais possuem um livre- arbí-
trio primitivo, essencial para escolhas instintivas básicas à sobrevivência
e perpetuação da espécie. Com o passar das encarnações e a consequente
evolução, eles começam a depurá-lo, realizando escolhas que requerem
certo grau de consciência e discernimento. Uma vez que a consciência é
despertada, o livre-arbítrio é depurado, assim como a responsabilização
sobre o uso dele, e eles passam a ter graus primitivos de discernimento.
Já na fase humana, o livre-arbítrio é pleno; consequentemente, o instin-
to é ofuscado pela moral e pela inteligência, jamais deixando de existir,
porém sendo controlado com maior frequência.
Seres mais evoluídos possuem o instinto quase que imperceptível em
seus perispíritos, desde que tenham uma moral evoluída, a ponto de não
precisar mais lutar contra seus desejos instintivos primitivos.
84
Nota: Instinto e inteligência não são feitos para ser superados, mas con-
ciliados. O instinto é uma inteligência primitiva, portanto, não poderí-
amos desenvolver a inteligência sem antes termos ampliado o instinto.
Uma vez que dilatamos o instinto, o papel inverte-se, e a busca passa a
ser conseguir controlá-lo, através da utilização da inteligência e da mo-
ral.72
72 O Livro dos Espíritos, questão 73: “O instinto é independente da inteligência? — Precisamente, não,
porque é uma espécie de inteligência. O instinto é uma inteligência não racional; é por ele que todos
os seres provêm às suas necessidades.”; questão 74: “Pode-se assinalar um limite entre o instinto e a
inteligência, ou seja, precisar onde acaba um e onde começa o outro? — Não, porque eles frequente-
mente se confundem; mas podemos muito bem distinguir os atos que pertencem ao instinto dos que
pertencem à inteligência.”
73 O Livro dos Espíritos, questão 178: “Os Espíritos podem renascer corporalmente num mundo rela-
tivamente inferior àquele em que já viveram? — Sim, quando têm uma missão a cumprir, para ajudar
o progresso; e então aceitam com alegria as tribulações dessa existência, porque lhes fornecem um
meio de se adiantarem.”
85
A. Por que certos animais se automutilam, semelhantemente aos
humanos com ansiedade?
— A automutilação animal é diferente da humana. A dos humanos é por
transtornos, e a dos animais é por ausência daquilo que outrora lhes fora con-
dicionado.
Nota: Os transtornos comportamentais estão totalmente vinculados às
crises de consciência, portanto, animais não poderiam possuí-los nessa
fase. Não podemos confundir inteligência com consciência; o animal
pode ter uma inteligência primitiva muito aflorada, contudo, não terá o
mesmo afloramento de sua consciência.
86
143. Os animais têm as mesmas sensações, desejos e vontades dos
homens?
— Não. Possuem sensações, desejos e vontades proporcionais ao seu es-
tado evolutivo.
Acontece o inverso: homens possuem desejos e sensações animais, toda-
via, cabe a eles resistirem e controlarem os que forem moralmente inadequados.
Controle instintivo
Na fase animal, o desenvolvimento do controle instintivo é natural. Entre-
tanto, os encarnados, por possuírem uma inteligência superior, têm como dever
auxiliar os animais nesse controle, quando esse auxílio for útil para a evolução
deles, e não apenas para a comodidade do humano.
87
O controle instintivo é um processo lento, o qual é depurado com o passar
das encarnações, inclusive na fase humana. E este (o instinto) é necessário para
garantir a sobrevivência das espécies em determinados graus evolutivos e pla-
netas. Cabe a vós buscardes o discernimento de quando, como e de que forma
contribuir através de vossa interferência. Nosso conselho é que, ao “domar” o
instinto, vos perguntais: é bom para o animal ou é bom para o homem?
88
vidas, ao desencarnarem, retornam à sua forma original.
74 Eutanásia: ato de proporcionar morte sem sofrimento a um doente atingido por afecção incurá-
vel que produz dores intoleráveis (HOUAISS; VILLAR, 2009); 1. Morte serena, sem sofrimento. 2.
Prática ilegal pela qual se procura, sem dor ou sofrimento, pôr fim à vida de um doente incurável
(MICHAELIS, 2008).
75O Livro dos Espíritos, questão 165 – nota explicativa de Kardec: “No momento da morte, tudo, a
princípio, é confuso; a alma necessita de algum tempo para se reconhecer; sente-se como atordoada,
no mesmo estado de um homem que saísse de um sono profundo e procurasse compreender a sua
situação. A lucidez das ideias e a memória do passado voltam, à medida que se extingue a influência da
matéria de que se desprendeu, e que se dissipa essa espécie de nevoeiro que lhe turva os pensamentos.
A duração da perturbação após a morte é muito variável: pode ser de algumas horas, como de muitos
meses e mesmo de muitos anos. [...]”
89
desencarnamos para evoluir, nada é desperdiçado na perfeição do planejamento
Divino.
Nota: São planos de Deus e possuem diversas variáveis, portanto, não
poderíamos citar apenas um motivo.
157. O tutor pode ter escolhido, como expiação ou prova, passar por
instantes de dor e saudade advindos de seu companheiro animal?
— Apenas se forem provas de ambos (homem e animal).
Não é possível que a vossa prova gere o sofrimento do próximo sem que
seja a prova dele também. Na Justiça Divina, é necessário que seja prova para
ambos, equilibrando, assim, os acertos.
76 Mt 22:37-38 – “Respondeu Jesus: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma
e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento.”
90
grande prejuízo à saúde. Entretanto, é necessário que o receptor e o doador es-
tejam no mesmo estado vibracional (conforme visto na questão 93). Com os animais,
isso não ocorre, pois eles não possuem a depuração do livre-arbítrio a ponto de
serem capazes de rejeitar a má vibração. Sendo assim, são protegidos por Deus
com a preservação de suas vidas.
91
processo natural evolutivo.
Não deveis definir a evolução do espírito do animal por sua permanên-
cia em colônias, mas pelo seu esforço em direção ao controle instintivo.
92
enfrentar na próxima encarnação em favor de sua evolução?
— Não. Apenas quando tiverem o desenvolvimento da consciência. En-
quanto isso, somente reencarnam de forma compulsória.
93
Isso assim acontece porque Deus jamais deixaria um ser em evolução in-
comunicável com seu plano originário.
172. De que modo e por quem são acolhidos os espíritos dos ani-
mais que retornam ao plano espiritual?
— Por equipes especializadas, que os acolhem de maneira amorosa e ins-
trutiva.
77 Revista Espírita – março 1862, p. 74: “[...] Certamente objetareis que com a reencarnação um Espí-
rito estranho pode infiltrar-se na vossa linhagem e que, em vez de nela contar apenas gentis-homens,
podem- se encontrar sapateiros. É perfeitamente certo; mas isso não quer dizer nada. [...]”
78 O Livro dos Espíritos, questão 393 – nota explicativa de Kardec: “Se não temos, durante a vida
corpórea, uma lembrança precisa daquilo que fomos, e do que fizemos de bem ou de mal em nossas
existências anteriores, temos, entretanto, a sua intuição. E as nossas tendências instintivas são uma
reminiscência do nosso passado, às quais a nossa consciência – que representa o desejo por nós con-
cebido de não mais cometer as mesmas faltas, adverte que devemos resistir.”
79 Reminiscência: lembrança quase apagada; vaga recordação (MICHAELIS, 2008); lembrança de
uma verdade que, contemplada pela alma no período de desencarnação (o entremeio que separa suas
existências materiais), ao tornar à consciência, se evidencia como o fundamento de todo o conheci-
mento humano (HOUAISS; VILLAR, 2009).
94
Nota: Não é por serem menos evoluídos que os animais não possuem
um amparo e acolhimento espiritual. Ao chegar no plano espiritual,
toda criatura de Deus é acolhida com amor, sendo, assim, encaminhada
ao curso da evolução natural. No curto período em que lá permanece, é
preparada espiritual e instintivamente e então conduzida para o retorno
ao plano material, no qual terá maiores condições de dar novos passos
em direção à evolução espiritual.
95
A humanidade começou a analisar o comportamento deles, a desvendar
seus níveis de compreensão e inteligência primitiva, e surpreendeu-se, sentindo
mais empatia e afeto por essas lindas criaturas.
Depois de milênios de dor, sofrimento e desprezo, os animais finalmente
ocupam seu espaço na sociedade, fazendo cada vez mais parte da vida dos en-
carnados. Nada há de mais justo e coerente que compreender os mistérios que
os cercam.
Haverá um dia em que os homens os enxergarão como irmãos, deixarão
de consumi-los e passarão a respeitá-los ainda mais. Até que esse instante che-
gue, é hora de conhecê-los.
96
— Devido à perfeição de Deus, todo sofrimento concede evolução por
consequência.83 Entretanto, a subjugação é um enorme equívoco. O correto é a
instrução ou direcionamento.
Estar em um estágio diferente do processo evolutivo não vos faz superio-
res: faz-vos responsáveis.
84 O Livro dos Espíritos, questão 693: “As leis e os costumes humanos que objetivam ou têm por efeito
criar obstáculos à reprodução são contrários à lei natural? — Tudo o que entrava a marcha da Natu-
reza é contrário à lei geral.”
97
rários superlotados... é evidente que há trabalho de sobra! Trabalho em
excesso para alguns justamente pela responsabilidade e conscientização
ainda não desenvolvidas em outros.
Sabemos que a evolução não dá saltos e que o progresso não acontece
de repente, mas é necessário que façamos, todos nós, a parte que nos
cabe como criaturas mais evoluídas e “irmãos mais velhos” que somos.
Que tenhamos foco para tratar a causa do problema, e não os sintomas.
O respeito a toda criação divina é premissa para um mundo mais evo-
luído e feliz.
85 O Livro dos Espíritos, questão 692: “O aperfeiçoamento das raças animais e vegetais pela Ciência é
contrário à lei natural? Seria mais conforme a essa lei deixar as coisas seguirem o seu curso normal?
— Tudo se deve fazer para chegar à perfeição. O próprio homem é um instrumento de que Deus se
serve para atingir os seus fins. Sendo a perfeição o alvo para que tende a Natureza, favorecer a sua
conquista é corresponder àqueles fins.”
86 O Livro dos Espíritos, resposta à questão 669: “[...] Entre os povos primitivos, a matéria sobrepõe-
-se ao Espírito; eles se entregam aos instintos animais e por isso são geralmente cruéis, pois o senso
moral ainda não se encontra desenvolvido. Depois, os homens primitivos deviam crer naturalmente
que uma criatura animada teria muito mais valor aos olhos de Deus do que um corpo material. Foi
isso que os levou a imolar primeiramente animais e mais tarde criaturas humanas, pois, segundo sua
falsa crença, pensavam que o valor do sacrifício estava em relação com a importância da vítima. Na
vida material, como geralmente a levais, se ofereceis um presente a alguém, escolheis sempre o de
um valor tanto maior, quanto mais amizade e consideração quereis testemunhar à pessoa. O mesmo
deviam fazer os homens ignorantes, com relação a Deus.”
98
— De diversas formas: energéticas, vibracionais, físicas e emocionais. O
voluntariado é a forma mais pura de amor. Desde que os voluntários tenham
o conhecimento e a cautela necessários, estarão praticando um lindo ato de
caridade.
188. O trabalho faz parte das leis da natureza.87 Os animais que tra-
balham estão respondendo a essas leis ou sendo explorados?
— Depende da finalidade com que trabalham. Se trabalharem por uma
causa nobre, estarão respondendo a essa lei.88
Nota: Com o passar do tempo, o homem vai perdendo a dependência
dos animais para os trabalhos cotidianos. No passado, era necessária a
utilização de cavalos para arar o campo e produzir alimentos, mas hoje
existem máquinas. No passado, era imprescindível a vaca para fornecer
o leite, mas hoje se sabe extraí-lo a partir dos vegetais. Portanto, a uti-
lização dos animais deve acontecer quando não existem outros meios
para tal tarefa e da forma mais moral possível.
99
190. Tratamos nossos animais domésticos como as “crianças” da
família. Isso os auxilia na evolução?
— Não, animais precisam ser tratados como tais. Tratá-los como humanos
os priva de suas necessidades instintivas, prejudicando-os. Devemos tratá-los
com muito amor, mas sem descaracterizar seus instintos e propósitos.
XI – Animais e a mediunidade
193. Qual seria a melhor conduta do ser humano para auxiliar os
animais em sua evolução?
— Os animais surgiram neste planeta anteriormente aos homens e segui-
ram seu processo evolutivo natural. Deus concedeu ao ser humano a oportuni-
dade de auxiliá-los por meio da tutoria, e é indispensável que esta seja respon-
sável e digna.
90 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XVIII, item 5: “A porta da perdição é larga, porque as más
paixões são numerosas e o caminho do mal é o mais frequentado. A da salvação é estreita porque o
homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as suas más tendências, e pou-
cos se resignam a isso. Completa-se a máxima: são muitos os chamados e poucos os escolhidos. [...]”
100
Há muito ainda o que reformar: a primeira contribuição é não atrapalhar
o curso natural, orquestrado pela Inteligência Suprema Universal, e a outra é
tutorear com amor e respeito, tratando os animais de forma despretensiosa e
responsável.
A. Deve haver algum limite da nossa influência sobre eles?
— Sim, devem limitá-la às questões construtivas, sem a pretensão de hu-
manizá-los ou subjugá-los. É necessário compreender que tutoria não é posse.
B. Como explicar certos comportamentos humanizados dos ani-
mais?
— Através do condicionamento humano.
101
para caminhar em sentido ao progresso espiritual.
102
pactos positivos e negativos, reagindo a eles. Não espereis que a Terra vos
demonstre o quão sois insignificantes perante tudo o que há na natureza.
Demonstrai vossa superioridade intelectual através da conservação e melho-
ria do ambiente que vos sustentou no pretérito e deverá sustentar no futuro.
Buscais alcançar planetas superiores, contudo, vos questiono: aprendestes a
cuidar bem do vosso?
Da mesma forma que, na primeira obra, vos ensinamos a cuidar do corpo,
que é a casa do espírito, nesta, ensinar-vos-emos a cuidar do planeta, que é a
casa do corpo.
Sede a mudança que almejais através das pequenas atitudes e recebereis a
recompensa proporcional.
202. Por que Deus permite que uma espécie mais evoluída extinga
uma espécie não evoluída o suficiente para se proteger?
— Todos os seres passarão por diferentes estágios e situações evolutivas,
portanto, quem extinguiu ontem, hoje poderá ser extinto. Deus permite que
possamos decidir o que fazer com nossas encarnações. O mau uso do livre-arbí-
trio é o que causa a extinção; não esqueçais que respondereis pelos vossos atos.
A. A extinção de algumas espécies pode ajudar na evolução de ou-
tras?
— Sim. Deus equaliza tudo o que acontece no universo, transformando
nossos erros e falhas em novas oportunidades. Na natureza, nada se perde, tudo
91 O Livro dos Espíritos, questão 728: “A destruição é uma lei da Natureza? — É necessário que tudo
se destrua para renascer e se regenerar, porque isso a que chamais destruição não é mais que a trans-
formação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos.”
103
se adapta.91
104
— Tudo depende da necessidade de cada indivíduo. Alguns já podem so-
breviver sem isso, outros ainda necessitam. As mudanças precisam ser gradati-
vas e sem afetar a saúde física.
Nota: Com o avanço tecnológico, produtos de origem animal serão
substituídos, auxiliando, dessa forma, no desprendimento físico e psi-
cológico em relação ao consumo desses produtos. Tudo dependerá do
esclarecimento e da expansão do círculo de empatia das pessoas.
92 O Livro dos Espíritos, questão 292: “Há aversões entre os Espíritos? — Não há aversões senão entre
os Espíritos impuros, e são estes que excitam entre vós as inimizades e as dissensões.”
93 A domesticação é um processo evolutivo em que o perfil biocomportamental é substancialmente
remodelado. Os autores analisaram como os animais selvagens e domésticos da mesma espécie di-
feriram em comportamento, emoções, cognição e respostas de estresse hormonal (KAISER; HEN-
NESSY; SACHSER, 2015). As condutas defensivas são ações comportamentais que visam minimizar
as chances de ser lesado, isto é, quando confrontados com ameaças predatórias, os animais podem se
envolver em diferentes comportamentos defensivos, como fuga, congelamento, ataque, vocalizações
de alarme ou tanatose (“fingir de morto”). Os comportamentos que executam e em qual sequência
dependem de propriedades específicas da espécie predada e de seu predador, bem como de seu am-
biente atual, estado interno e experiência anterior (EVANS et al., 2019).
105
— Não, poderia reagir pelas atitudes do tutor, mas não pela obsessão em
questão.
94 O Livro dos Espíritos, questão 185: “O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mes-
mo, em cada globo? — Não; os mundos também estão submetidos à lei do progresso. Todos come-
çaram como o vosso em um estado inferior, e a Terra mesma sofrerá uma transformação semelhante,
tornando-se um paraíso terrestre, quando os homens se fizerem bons.”
95 A Gênese, capítulo XIV, item 31: “[...] A potência curadora estará, pois, em razão da pureza da subs-
tância inoculada; ela depende ainda da energia da vontade, a qual provoca uma emissão fluídica mais
abundante e dá ao fluido uma força maior de penetração; depende, enfim, das intenções que animam
aquele que quer curar, quer seja ele homem ou Espírito. [...]”
106
esse processo, e essa é a importância de os tutores exercerem corretamente suas
funções.
214. Pode-se usar das próprias mãos para abençoar ou clamar a Deus
por um animal?
— Sim, não só se pode como se deve. Onde houver boa intenção, Deus
estará presente.
107
humanos por haver miséria animal. Ambos precisam ser auxiliados. Que a cari-
dade se estenda a todos.
96 Mais de 70% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas (JONES et al., 2008). Segundo os
pesquisadores Paim e Alonso (2020), quanto mais próximos, em termos evolutivos, de outro organis-
mo, maior a probabilidade de esse organismo nos infectar. Assim, as infecções de origem alimentar
são frequentemente associadas a produtos de origem animal pelo fato de os seres humanos serem
mais próximos evolutivamente de animais do que de plantas. A maioria das novas doenças que sur-
giram em humanos nas últimas décadas estão relacionadas com a busca humana por mais alimentos
de origem animal. O surgimento de alguns vírus, como o da imunodeficiência humana 1 (HIV-1),
encefalopatia espongiforme bovina, síndrome respiratória aguda grave (SARS) e os novos vírus in-
fluenza, pode ser rastreado até o consumo de alimentos de origem animal, envolvendo carne selvagem
e produtos da pecuária (FAO, 2013; JONES et al., 2008; WOLFE; DUNAVAN; DIAMOND, 2007).
97 O Livro dos Espíritos, questão 740: “Os flagelos não seriam igualmente provas morais para o ho-
mem, pondo-o às voltas com necessidades mais duras? — Os flagelos são provas que proporcionam
ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a sua paciência e a sua resignação ante a
vontade de Deus, ao mesmo tempo em que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação,
de desinteresse próprio e de amor ao próximo, se ele não for dominado pelo egoísmo.”
108
ao desencarne?
— Não eram provas a serem suportadas por eles, mas, sim, por vós.97
109
Parte segunda
CAPÍTULO II
Retorno à Vida Espiritual
CAPÍTULO III
Retorno à Vida Corpórea
CAPÍTULO IV
Intervenção dos Espíritos no
Mundo Corpóreo
CAPÍTULO V
Misticismo, Animismo e
Charlatanismo
CAPÍTULO VI
A Cura
CAPÍTULO VII
Enfermidades Psicológicas
110
CAPÍTULO I
I – Infância
A infância é a fase em que o encarnado está mais apto a aprender e a
mudar; é nela que recebe as informações sem tantos paradigmas e travas emo-
cionais.98 Sendo assim, não poderia dar-se de forma diferente a ajuda espiritual:
buscamos o acesso e a suscetibilidade do espírito para podermos passar as ins-
truções e preparar as energias para as provas que estarão por vir, contando, e
muito, com a ajuda dos tutores, que, através de seus ensinamentos e exemplos,
ajudarão a conduzir, para um caminho mais seguro, os próximos passos na vida
desse recém-encarnado.
Cada etapa é importante no processo de reencarnação; todas têm seu valor
e seu peso. “Deixai vir a mim as criancinhas”99 – que vós possais resgatar na
vida adulta a pureza adquirida na infância.
98 O Livro dos Espíritos, questão 383: “Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pela infân-
cia? — Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível, durante esse
tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem
contribuir os que estão encarregados da sua educação.”
99 Mt 19:14 – “Disse-lhes Jesus: ‘Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque
o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.’”
111
forme o planeta evolui, nós também evoluímos, por consequência. Des-
sa forma, a antecipação da maturidade é natural e inevitável. À medida
que os conceitos morais e intelectuais atingem patamares maiores, exis-
te um amadurecimento precoce, que permite o encurtamento da infân-
cia e o desenvolvimento do espírito de modo mais veloz. Logo, quanto
mais evoluído for o planeta, mais precoce será o amadurecimento.
112
Nota: Passam as crianças por uma fragilidade momentânea, e, possuindo
ainda delicadeza nos traços e dependência dos tutores para sua sobrevi-
vência física, o amor irá despertar-se de forma espontânea e natural.100
231. Podemos afirmar que, nos dias atuais e mais adiante, haverá
reencarnações em massa de espíritos mais evoluídos, mais comprome-
tidos com causas ambientais, menos agressivos, mais verdadeiros e au-
tênticos?
— A quantidade de espíritos a reencarnarem com essas características dar-
-se-á na proporção do esforço individual e coletivo. É natural que, no futuro, os
que reencarnarem sejam mais evoluídos, afinal, a evolução é irreversível, e, com
ela, virão valores mais depurados.
II – Educação na infância
232. Podem os espíritos ajudarem na formação do caráter de uma
criança, que, sabemos, é moldado de acordo com a criação dos pais?
— Sim. Se houver o livre-arbítrio dos pais para buscarem a instrução e a
colocarem em prática, o auxílio será mais eficaz.
A. Como os espíritos auxiliam?
— De diversas formas; ainda assim, para que a ajuda seja merecida, é ne-
cessário que o lar e as pessoas que cercam a criança estejam em boas vibrações.
São quase infinitas as formas de exemplificar a sublime faculdade de amar,
todavia, uma das mais notórias é o auxílio às crianças.
Quando auxiliamos alguém, estamos abrindo mão do nosso egoísmo e
contribuindo na constituição e evolução de outrem; portanto, Deus está presen-
te. Quando se trata de crianças, então, o amor é mais acentuado: “Vinde a mim
as criancinhas” (conforme visto na nota de rodapé n.º 99).
Instruir uma criança é uma responsabilidade enorme, porém, sempre am-
parada por espíritos superiores. Dentre os variados meios de instruí-la, o que
importa não é o nível intelectual ou monetário, mas, sim, a depuração da inten-
ção.
100 O Livro dos Espíritos, resposta à questão 385: “[...] As crianças são os seres que Deus envia
a novas existências, e para que não possam acusá-lo de demasiada severidade, dá-lhes todas
as aparências de inocência. [...] Mas não é somente por elas que Deus lhes dá esse aspecto, é
também e sobretudo por seus pais, cujo amor é necessário à fragilidade infantil. E esse amor
seria extraordinariamente enfraquecido pela presença de um caráter impertinente e acerbo,
enquanto, supondo os filhos bons e ternos, dão-lhes toda a afeição e os envolvem nos mais
delicados cuidados. [...]”
113
É através da criança que o amor se molda em diversas formas e direciona
o crescimento do próximo. O amor não é apenas uma forma de ajudar, é a prin-
cipal, e, por meio dele, são produzidas muitas outras. Nós, da espiritualidade,
podemos auxiliar diretamente quando os pais ou tutores não contribuem. Isso
ajuda a criança, mas não tira a responsabilidade desses pais, que responderão
por sua ausência na formação de seus tutorados.
Podemos contribuir com intuições, através da mediunidade que todos
possuímos. É um trabalho constante e puro, pois não há interferência do encar-
nado na intuição. Porém, no que fazer com ela, há.
Podemos também contribuir no lar, para que a vibração esteja propícia
ao desenvolvimento daquela criança, dentre outras formas. Contudo, todas são
viabilizadas apenas pela capacidade de amar.
101 O Livro dos Espíritos, questão 582: “Pode-se considerar a paternidade como uma missão?
— É, sem contradita, uma missão. E ao mesmo tempo um dever muito grande, que implica,
mais do que o homem pensa, sua responsabilidade para o futuro. Deus põe a criança sob a
tutela dos pais para que estes a dirijam no caminho do bem. [...]”
102 O Livro dos Espíritos, resposta à questão 208: “[...] o Espírito dos pais tem a missão de de-
senvolver o dos filhos pela educação: isso é para ele uma tarefa? Se nela falhar, será culpado”.
114
235. Qual é a obrigação das escolas em relação à educação moral de
nossas crianças?
— A moral escolar é um reflexo da humana, portanto, a obrigação de me-
lhorá-la é de todos vós; conforme fordes evoluindo moralmente, tereis escolas
mais evoluídas.
Nota: A escola tem o papel de instruir, em reflexo às condições de
evolução moral da sociedade em que ela está inserida. Cabe aos tutores
promoverem a educação e uma base sólida para seus filhos, que, assim,
sempre saberão o caminho correto, tendo condições para discernir en-
tre o certo e o errado. Cabe às escolas promoverem o desenvolvimento
intelectual e também moral, levando os alunos a novas percepções; con-
tudo, o trabalho é mais eficaz quando em conjunto com os familiares,
pois essa união fortalece o poder de assimilação da criança.
115
é nessa fase que sua maleabilidade é maior (conforme visto na nota de rodapé n.º 98).
Não há nada mais belo que introduzir uma criança a alguma crença que
leve a Deus.
A religião, sendo uma criação dos homens, é utilizada tanto para o bem
quanto para o mal. Tendo consciência disso, precisamos explorar o lado bom
que ela promove; toda criança conduzida a Deus terá melhores oportunidades
de tornar-se um adulto íntegro e, consequentemente, de evolução do seu espí-
rito.
É na infância que estamos, então, mais suscetíveis ao aprendizado e, como
“esponjas”, absorvemos os valores repassados pelos nossos tutores e exempli-
ficadores.
Se somos espíritos a caminho da perfeição, o que há de melhor para exem-
plificar o bom caminho do que nosso Criador?
Ao apresentar a verdade para uma criança, ela começará a compreender
quais escolhas deve tomar, sendo menos abordada por espíritos pouco instruí-
dos e desenvolvendo maior controle sobre seu livre-arbítrio.
É válido saber dosar, para não pular etapas importantes. Evangelizar uma
criança é belo e essencial, desde que o conteúdo esteja compatível ao seu enten-
dimento e idade.
Embora toda religião séria leve a Deus, o Espiritismo veio para aproximar
os homens de um novo nível de conhecimento, facilitando interpretar as facul-
116
dades naturais humanas e compreender tanto os bônus quanto os ônus de suas
escolhas presentes, pretéritas e futuras. O foco principal deve ser desenvolver a
caridade e o amor em nossas crianças, pois quem está ao lado do amor sempre
estará no caminho para Deus.
117
CAPÍTULO II
I – Desencarne
103 O Livro dos Espíritos, questão 492: “O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu
nascimento? — Desde o nascimento até à morte, e frequentemente o segue depois da morte,
na vida espírita, e mesmo através de numerosas existências corpóreas, porque essas existên-
cias não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.”.
118
245. É frequente que, ao desencarnar, sejamos “recepcionados” por
espíritos familiares ou que foram de nosso convívio?
— Sim, é frequente, mas não acontece em todos os casos, afinal, sois to-
dos irmãos e tendes por obrigação de conviver com a diversidade espiritual que
vos é dada, uma vez que estes tornar-se-ão vossa futura família de convívio.104
104 O Livro dos Espíritos, questão 160: “O Espírito encontra imediatamente aqueles que co-
nheceu na Terra e que morreram antes dele? — Sim, segundo a afeição que tenham mantido
reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo dos Espíritos e o
ajudam a se libertar das faixas da matéria. Vê também a muitos que havia perdido de vista
durante a passagem pela Terra; vê os que estão na erraticidade, bem como os que se encon-
tram encarnados, que vai visitar.”
105 O Livro dos Espíritos, questão 257: “O corpo é o instrumento da dor; se não é a sua causa
primeira, é pelo menos a imediata. A alma tem a percepção dessa dor: essa percepção é o
efeito. A lembrança que dela conserva pode ser muito penosa, mas não pode implicar ação
física. [...] Podemos, portanto, supor que há qualquer coisa de semelhante nos sofrimentos
dos Espíritos depois da morte. [...]”
119
Nem sempre acompanham vosso tempo, ainda assim, sempre seguirão o cami-
nho correto e adequado para vosso crescimento.
Nota: Não somos vítimas do destino, ou seja, nada acontece aleatoria-
mente, nem mesmo um desencarne prematuro. A criança pode estar
em um corpo infantil diante de vossa visão humana, contudo, o espírito
já passou por muitos corpos e existências. A morte natural não é uma
condenação, e sim, uma libertação. Vossa visão ainda é limitada e ape-
gada à matéria, esquecendo-se de que somos espíritos livres, unidos por
laços de afinidade. Somente Deus conhece a forma e o instante em que
cada um fará seu retorno.
120
sidiar, utilizam-se do modo que lhes for mais eficaz (no caso, infantil).
Da mesma maneira que algumas pessoas são sensibilizadas para o bem
pela imagem de uma criança, outras o são para o mal; porém, o que
determina se o sentimento que as toca as guiará para o bem ou para o
mal é a sua vibração.
Somos donos do nosso campo vibratório e atraímos exatamente aquilo
que convidamos através de nossos pensamentos, independentemente
da idade.
106 O Livro dos Espíritos, questão 237: “A alma, uma vez no mundo dos Espíritos, tem ainda as
percepções que tinha nesta vida? — Sim, e outras que não possuía, porque o seu corpo era
como um véu que a obscurecia. A inteligência é um atributo do Espírito, mas se manifesta
mais livremente quando não tem entraves.”
121
II – Doação de órgãos
254. Em que instante poderá ser feita a retirada post mortem dos órgãos
para doação, na visão dos espíritos?
— Quando se esgotarem todos os recursos conhecidos para a reversão do qua-
dro.
A. Mesmo com o consentimento, o espírito sentirá a retirada desses ór-
gãos?
— Não, a caridade é tão grande que o amor supera a dor.
B. Como é visto pela espiritualidade aquele que manifesta a intenção de
doação post mortem dos seus órgãos?
— É um dos gestos mais puros, belos e sublimes de amor. É a utilização plena
dos exemplos de Cristo.
Nota: É um dos gestos mais belos que, enquanto encarnados, podeis prati-
car: a doação de parte de vossa matéria, perecível e inútil após o desencarne,
dando a oportunidade para outros irmãos prolongarem suas vidas ou melho-
rarem a qualidade delas.
É um exemplo e prova de fé fazer com que um pedaço do corpo que vos
foi concedido possa servir para sustentar o corpo de irmãos, muitas vezes,
desconhecidos, por mais tempo.
Isso provoca alegria em todos os bons espíritos e garante saltos evolutivos
consideráveis, auxiliando no próprio desprendimento material e aumentando
o foco naquilo que realmente importa – a evolução espiritual.
Esse gesto de amor não passará despercebido em vossa trajetória; dai a um
irmão aquilo que não utilizais mais, pois o que é do corpo material jamais vos
fará falta por terdes realizado esse lindo gesto de amor.
III – Eutanásia
122
desenvolver a humildade que nos habita a consciência para entender que o po-
der de escolha entre a vida encarnada ou seu desencarne não nos é dado. O que
nos cabe é cuidar para que nossa saúde, enquanto encarnados, esteja a melhor
possível, podendo, assim, prolongar nossa existência de aprendizado e evolução
pela carne.
A dor faz parte de nosso aprendizado e crescimento; encerrá-la por vonta-
de própria ou por “piedade” não é o correto se, para tal, a vida tem de se esvair.
Aceitar e entender que as escolhas divinas são as mais apropriadas para nosso
crescimento, tendo fé o suficiente para sustentar a vida, sim, é o certo.
Que possamos ser humildes o bastante para seguir a Deus sem querer ter
o poder d’Ele em nosso infinito despreparo.
107 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, item 16: “A incredulidade, a simples dúvida
quanto ao futuro, as ideias materialistas, em uma palavra, são os maiores incentivadores do
suicídio: elas produzem a frouxidão moral. [...] De onde é forçoso concluir que, se o nada é o
único remédio heróico, a única perspectiva possível, mais vale atirar-se logo a ele, do que dei-
xar para mais tarde, aumentando assim o sofrimento. A propagação das ideias materialistas é,
portanto, o veneno que inocula em muitos a ideia do suicídio, e os que se fazem seus após-
tolos assumem uma terrível responsabilidade. Com o Espiritismo, a dúvida não sendo mais
permitida, modifica-se a visão da vida. O crente sabe que a vida se prolonga indefinidamente
para além do túmulo, mas em condições inteiramente novas. Daí a paciência e a resignação,
que muito naturalmente afastam a ideia do suicídio. Daí, numa palavra, a coragem moral.”
123
IV – Umbral
108 O Céu e o Inferno – Segunda Parte, capítulo IV, O Castigo: “[...] Passam no entanto os sé-
culos e, de repente, o mau Espírito pressente que as trevas acabarão por envolvê-lo; o círculo
de ação se lhe restringe e a consciência, muda até então, faz-lhe sentir os acerados espinhos
do remorso. Inerte, arrastado no turbilhão, ele vagueia, como dizem as Escrituras, sentindo
a pele arrepiar-se-lhe de terror. Não tarda, então, que um grande vácuo se faça nele e em
torno dele: chega o momento em que deve expiar; a reencarnação aí está ameaçadora... e ele
vê como num espelho as provações terríveis que o aguardam; quereria recuar, mas avança
e, precipitado no abismo da vida, rola em sobressalto, até que o véu da ignorância lhe recaia
nos olhos. [...]”
124
259. De acordo com nossos vícios, atrairemos cenários similares na
erraticidade?
— Sim, é natural que atraiais vossas principais inclinações. De acordo com
vossos vícios e “prisões mentais”, vivenciareis experiências compatíveis com
aquilo que vibrastes.109
109 O Céu e o Inferno – Segunda Parte, capítulo IV, O Castigo: “Exposição geral do estado
dos culpados por ocasião da entrada no mundo dos Espíritos, ditada à Sociedade Espírita
de Paris, em outubro de 1860: ‘Depois da morte, os Espíritos endurecidos, egoístas e maus
são logo tomados de uma dúvida cruel a respeito do seu destino, no presente e no futuro.
Olham em torno de si e nada veem que possa aproveitar ao exercício da sua maldade – o que
os desespera, visto como o insulamento e a inércia são intoleráveis aos maus Espíritos. Não
levantam o olhar às moradas dos Espíritos elevados, consideram aquilo que os cerca e, então,
compreendendo o abatimento dos Espíritos fracos e punidos, se agarrarão a eles como a
uma presa, utilizando-se da lembrança de suas faltas passadas, que eles põem continuamente
em ação pelos seus gestos ridículos. [...]’”
110 O Livro dos Espíritos, questão 300: “Dois Espíritos perfeitamente simpáticos quando reu-
nidos, ficarão assim pela eternidade ou podem separar-se e unir-se a outros Espíritos? —
Todos os Espíritos são unidos entre si. Falo dos que já atingiram a perfeição. Nas esferas
inferiores, quando um Espírito se eleva já não tem a mesma simpatia pelos que deixou.”
125
— Não, toda elevação é positiva e, quanto mais elevado o espírito estiver,
mais tentará elevar os demais, inclusive àqueles que não tiveram o mesmo es-
forço. Ainda que não lhes tenha mais a simpatia, sempre haverá espíritos que a
terão e podê-los-ão auxiliar em seu nome.111
V – Colônias espirituais
111 O Livro dos Espíritos, questão 280: “Qual é a natureza das relações entre os bons e os maus
espíritos? — Os bons procuram combater as más tendências dos outros, a fim de os ajudar
a subir; é uma missão.”
112 Instruções práticas sobre as manifestações espíritas – Vocabulário Espírita: “Perispírito – [...] O
Espírito o tira do mundo em que se acha e o troca ao passar de um a outro; ele é mais ou
menos sutil ou grosseiro, segundo a natureza de cada globo. O perispírito pode tomar todas
as formas, à vontade do Espírito; ordinariamente, ele assume a imagem que este tinha em sua
última existência corporal. [...]”
126
265. A composição atmosférica na qual estamos inseridos é a mes-
ma no mundo espiritual?
— Não, são de formas diferentes, de acordo com a necessidade de cada
planeta.
A. Nas colônias espirituais, como ocorrem os fenômenos climáti-
cos?
— Semelhantes aos da Terra, para que, dessa forma, haja readaptação às
novas necessidades de cada ser.
Nota: É importante saber discernir ambiente atmosférico material de
espiritual; os espirituais são plasmados conforme as necessidades de
cada ser, independentemente do planeta em que este habitar, facilitando
a readaptação do espírito em sua chegada ao mundo espiritual.
127
O meio de transporte espiritual é o pensamento: bilhões de vezes
mais rápido que a luz, é a maior ferramenta desenvolvida por Deus para
nos auxiliar e nos conectar com nosso progresso.
Portanto, não vos apegueis aos vossos irmãos que já partiram, pois já estão
encaminhados de acordo com a vontade divina; apegai-vos a vós mesmos e aos
que permanecem no mundo físico, pois estes dependem diretamente de vós
para se desenvolverem e evoluírem.
128
CAPÍTULO III
I – Reencarnação
113 Instruções práticas sobre as manifestações espíritas – Vocabulário Espírita: “Reencarnação – volta
do Espírito à vida corporal. [...]”
129
vo. Somos seres espirituais vivenciando experiências humanas. A reen-
carnação faz parte das leis de Deus e permite sanar, corrigir e amenizar
erros diante das nossas múltiplas existências, através do esforço. Tudo
faz parte do processo evolutivo.114
114 O Livro dos Espíritos, questão 171, nota explicativa de Kardec: “Todos os Espíritos tendem
à perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de consegui-la, com as provas da vida corpó-
rea. Mas, na sua justiça, permite-lhes realizar, em novas existências, aquilo que não puderam
fazer ou acabar numa primeira prova. Não estaria de acordo com a equidade, nem segundo
a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram obstáculos ao seu melho-
ramento, independentemente de sua vontade, no próprio meio em que foram colocados. Se
a sorte do homem fosse irrevogavelmente fixada após a sua morte, Deus não teria pesado as
ações de todos na mesma balança e não os teria tratado com imparcialidade. A doutrina da
reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única
que corresponde à ideia da justiça de Deus com respeito aos homens de condição moral
inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois
oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim
nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam. [...]”
115 O Livro dos Espíritos, questão 169: “O número das encarnações é o mesmo para todos os
Espíritos? — Não. Aquele que avança rapidamente se poupa das provas. Não obstante, as
encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porque o progresso é quase infinito.”
116 O Livro dos Espíritos, questão 332: “O Espírito pode abreviar ou retardar o momento da
reencarnação? — Pode abreviá-lo, solicitando-o por suas preces e pode também retardá-lo se
recuar ante a prova. Porque entre os Espíritos há também indiferentes e poltrões; mas não o
faz impunemente, pois sofre com isso, como aquele que recusa o remédio que o pode curar.”
130
275. Nos planejamentos reencarnatórios,temos“agendado” o dia, a
hora e a forma ou natureza dos desencarnes?
— Agendados, não, porém programados, embora variem de acordo com
a utilização do livre-arbítrio. Deus concede a opção da escolha entre o bom e o
mau caminho, e as vossas escolhas definirão se vossos desencarnes cumprirão a
programação natural ou serão antecipados.117
A. Não seria estranho alguém planejar o próprio desencarne, por
exemplo, de forma violenta?
— Estranho seria praticar o mal e acreditar que não precisais expiar para
quitá-lo. Quando habitais a erraticidade, possuís uma visão de vossas más esco-
lhas pretéritas com nitidez tamanha que vos fazem querer passar pelos maiores
sofrimentos da Terra para a obtenção da redenção.118
B. Podemos afirmar que as mortes nas quais impera o determinis-
mo têm sempre motivações ligadas às vidas passadas, como também
que as mortes nas quais predomina o livre-arbítrio pessoal têm sempre
causas ligadas à reencarnação atual?
— “Sempre” é um termo inadequado para definir aquilo que é fruto do livre-
arbítrio. Há mortes ligadas a escolhas passadas, assim como há desencarnes
oriundos de escolhas presentes; contudo, não há uma determinação imutável: o
único determinismo de Deus é o livre- arbítrio, e, utilizando-vos dele, podereis
arquitetar vosso presente e futuro, apesar de jamais haver o apagar das escolhas
pretéritas.119
Nota: Apesar de a questão 851 em O Livro dos Espíritos trazer o trecho
“[...] traça para si mesmo uma espécie de destino [...]”, o entendimento
deve ser de que o “traço” nos serve de guia, mas não “escreve” nossa
história, pois esta dependerá de nossa própria “escrita”.
117 O Livro dos Espíritos, questão 258: “No estado errante, antes de nova existência corpórea,
o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida? — Ele mesmo
escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre-arbítrio.”
118 O Livro dos Espíritos, questão 269: “O Espírito pode enganar-se, quanto à eficácia da prova
que escolher? — Pode escolher uma que esteja acima de suas forças, e então sucumbe. Pode
também escolher uma que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ocioso e
inútil. Mas, nesse caso, voltando ao mundo dos Espíritos, percebe que nada ganhou, e pede
para recuperar o tempo perdido.”
119 O Livro dos Espíritos, questão 851: “Há uma fatalidade nos acontecimentos da vida, segun-
do o sentido ligado a essa palavra; quer dizer, todos os acontecimentos são predeterminados,
e nesse caso em que se torna o livre-arbítrio? — A fatalidade só existe no tocante à escolha
feita pelo Espírito, ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la ele traça para
si mesmo uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição em que se encon-
tra. Falo das provas de natureza física, porque, no tocante às provas morais e às tentações, o
Espírito, conservando o seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, é sempre senhor de ceder ou
resistir. [...]”
131
C. Quanto à circunstância dos desencarnes, o determinismo poderá
ser modificado ao ocorrer mudanças morais profundas e suficientes pela
prática da caridade ou haverá situações preestabelecidas, em que ele está
aliado à fatalidade e, de forma alguma, as circunstâncias poderão ser al-
teradas, ocorrendo, então, uma espécie de “destino”?120
— Da mesma forma que podeis antecipar vossos desencarnes através das
más escolhas, podereis retardá-los com as boas, se assim houver utilidade para
vossa evolução e, obviamente, sempre com a permissão divina.
A programação é feita por vós, entretanto, Deus definirá a hora de
vossa partida quando o livre-arbítrio não puder operar para assim deter-
miná-la.
Um exemplo disso é o de alguém com uma enfermidade incurável aos
olhos da Terra, porém cumprindo anos extras de existência, além dos possíveis
pela medicina terrestre: esse encarnado possuía uma missão oriunda de seu
esforço nesta encarnação e Deus lhe concedeu esse tempo a mais para que a
cumprisse.
276. Alguém pode tirar a vida de outrem sem que tal fato estivesse
em seu planejamento reencarnatório?
— O fato de Deus poder controlar nossos destinos como Ele bem enten-
de não significa que assim Ele sempre faça. Uma vez concedido o livre-arbítrio
ao espírito, este é o responsável por suas escolhas, podendo até mesmo prejudi-
car outrem – responderá por isso.121
Ainda assim, como alguém poderia ser prejudicado por uma escolha que
não lhe pertenceu? A morte nem sempre é o prejuízo, mas, sim, a libertação.
Sois espíritos eternos, e estar encarnados não é um bônus, mas uma oportuni-
dade de evolução. Apenas seria uma punição se Deus extinguisse o espírito.
120 O Livro dos Espíritos, questão 872: “A questão do livre-arbítrio pode resumir-se assim: o
homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não ‘estavam escritos’; os
crimes que comete não são o resultado de um decreto do destino. [...] Cabe à educação com-
bater as más tendências, e ela o fará de maneira eficiente quando se basear no estudo apro-
fundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza
moral chegar-se-á a modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução e a desídia
pela higiene. [...]”
121 O Livro dos Espíritos, questão 861: “O homem que comete um assassinato sabe, ao esco-
lher a sua existência, que se tornará assassino? — Não. Sabe apenas que ao escolher uma vida
de lutas terá a probabilidade de matar um de seus semelhantes, mas ignora se o fará ou não,
porque estará quase sempre nele tomar a deliberação de cometer o crime. [...] Se há fatalida-
de, às vezes, é apenas no tocante aos acontecimentos materiais, cuja causa está fora de vós e
que são independentes da vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, emanam sempre do
próprio homem, que tem sempre, por conseguinte, a liberdade de escolha: para os seus atos
não existe jamais a fatalidade.”
132
Quanto à carne? Extinguir-se-ia naturalmente de qualquer forma, uma
hora ou outra; contudo, ai daquele que fizer o mal. A obrigação do respeito à
carne é vosso exercício, para que, um dia, ocorra o aprendizado de respeitar o
espírito de vossos irmãos.
A. Poderemos ter situações ao acaso ou sempre haverá determinis-
mo em mortes por chamadas “balas perdidas”, nas quais o atirador não
teve intenção de atingir determinada pessoa?
— Quando a coincidência for algo inevitável, poderá ter ação divina122
para “equilibrar as contas”, entretanto, não exime a culpa de quem fez o dis-
paro. Aquele que sofreu o mal poderia ter seus débitos, mas que não seriam
quitados necessariamente dessa forma: a escolha humana altera a programação
e interrompe o equilíbrio universal inúmeras vezes.
B. Nas guerras em que ocorrem milhares ou até mesmo milhões de
mortes, como ficam os planejamentos reencarnatórios: sujeitos ao acaso
ou ao determinismo?
— Nem um nem outro; aí temos o espelho do mau uso do vosso livre-ar-
bítrio. Contudo, por não cair uma folha sem a permissão de Deus (conforme visto
na nota de rodapé n.º 60), Ele reequilibra tudo novamente, dando oportunidades
para aqueles que não escolheram desencarnar assim continuarem seu processo
evolutivo sem prejuízos.
II – Esquecimento do passado
Providência divina
122O Livro dos Espíritos, questão 113: “[...] São os mensageiros e os ministros de Deus, cujas
ordens executam, para a manutenção da harmonia universal. Dirigem a todos os Espíritos
que lhes são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e determinam as suas missões. Assistir
os homens nas suas angústias, incitá-los ao bem ou à expiação de faltas que os distanciam
da felicidade suprema, é para eles uma ocupação agradável. São às vezes designados pelos
nomes de anjos, arcanjos ou serafins. [...]”
133
mos por muitas situações difíceis, as quais nos tornarão pessoas melhores.
Os obstáculos que são inevitáveis, devemos ter resiliência para enfren-
tá-los, e não multiplicar as dificuldades que já teríamos naturalmente. Provas
fazem parte de nossas vidas; expiações, somos nós quem as atraímos.
Reflitais sobre quantos problemas Deus proporcionou para vosso cresci-
mento e quantos foram criados por vossas próprias escolhas. Certamente, con-
cluireis que colocar a vida nas mãos d’Ele é sempre a melhor opção.
123 A Gênese, capítulo XI, item 18: “Quando o Espírito deve se encarnar num corpo hu-
mano em vias de formação, um laço fluídico, que nada mais é senão uma expansão do seu
perispírito, o liga ao germe em cuja direção ele se sente atraído por uma força irresistível
desde o momento da concepção. À medida que o germe se desenvolve, firma-se o laço; sob
influência do princípio vital material do germe, o perispírito, que possui certas propriedades
da matéria, se une, molécula por molécula, ao corpo que o forma; daí se pode dizer que o
Espírito, por intermédio do seu perispírito, de alguma forma toma raiz no germe como uma
planta na terra. Quando o germe está inteiramente desenvolvido, a união é completa, e então
ele nasce para a vida exterior. [...]”
124 O Livro dos Espíritos, questão 394, nota explicativa de Kardec: “[...] A lembrança de nossas
individualidades anteriores teria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humi-
lhar-nos extraordinariamente; em outros, exaltar o nosso orgulho, e por isso mesmo entravar
o nosso livre-arbítrio. [...]”
134
Nota: Sempre seremos a melhor versão de nós mesmos, não seria lógico
de outra forma; em nossas encarnações anteriores, fomos menos evo-
luídos que na atual, logo, não há utilidade em descobrir as atrocidades
que possamos ter cometido no passado, afinal, muitas vezes, isso po-
deria ser prejudicial para nosso desenvolvimento, mantendo-nos presos
a ressentimentos criados em outras encarnações. Deus sabe o que faz,
nada acontece em vão.
125 O Livro dos Espíritos, resposta à questão 393: “[...] Procura provas semelhantes àquelas por
que passou, ou as lutas que acredita apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que
são superiores para o ajudarem na nova tarefa a empreender [...]”.
126 O Livro dos Espíritos, questão 399, nota explicativa de Kardec: “[...] O Espírito goza sem-
pre do seu livre- arbítrio. É em virtude dessa liberdade que, no estado de Espírito, escolhe as
provas da vida corpórea, e no estado encarnado delibera o que fará ou não fará, escolhendo
entre o bem e o mal. Negar ao homem o livre-arbítrio seria reduzi-lo à condição de máquina.
[...]”
135
A. É correto que casas espíritas a realizem?
— Não, pois, além de incorreto, é imoral e falta com a verdade; qual seria
a utilidade?
Nota: Será que estaríamos preparados para saber quem fomos e o que
realmente fizemos? Buscar no passado respostas para nossos dilemas
presentes poderia agravar ainda mais nossa existência atual.
Estamos sempre à procura de respostas que nos agradem e nos fortale-
çam. O esquecimento é a misericórdia de Deus para conosco, promo-
vendo igualdade para todos, sem privilégios. Tudo depende somente do
esforço de cada um.
Todos carregamos marcas das outras vidas. Aceitar com abnegação a
vida que nos foi confiada é prova de fé e confiança em Deus, que sabe
o que é melhor para cada um. Hoje somos nossa melhor versão.127
127O Livro dos Espíritos, questão 392: “Por que o Espírito encarnado perde a lembrança do
seu passado? — O homem nem pode nem deve saber tudo; Deus assim o quer, na sua sabe-
doria. Sem o véu que lhe encobre certas coisas o homem ficaria ofuscado, como aquele que
passa sem transição da obscuridade para a luz. Pelo esquecimento do passado ele é mais ele
mesmo.”
136
CAPÍTULO IV
I – Mediunidade
137
284. O que é mediunidade?
— A mediunidade é um instrumento que todos os encarnados possuem,
em intensidades e formas diferentes, e que lhes permite mediar: serem interme-
diadores entre os planos carnal e espiritual.128
Nota: Mediunidade é uma ferramenta que Deus nos concedeu para ser
exercida de modo despretensioso, em benefício dos necessitados. É
inerente ao ser humano, apresentando-se em alguns com maior osten-
sividade. Independentemente da religião ou doutrina professada, sua
prática deverá ser exercida dentro dos princípios da moral cristã.
Bendita luz que veio para confortar os que sofrem – sobretudo os pró-
prios médiuns, que, utilizando-se desse recurso, terão grandes oportuni-
dades no exercício da caridade. É necessário estudá-la e entendê-la para
não se cair em armadilhas, criadas, muitas vezes, pelo egocentrismo ou
pelo fanatismo.
Ela não é mística nem sobrenatural, muito menos uma enfermidade;
não deverá trazer retornos financeiros, e sim, ser fundamentada no
amor, na caridade e na fé baseada na razão.
A mediunidade, que deverá ser estudada e compreendida para a sua prá-
tica, é um dos alicerces dos estudos da Doutrina Espírita e está contida
com mais clareza em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.
128 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVI, item 10: “A mediunidade é coisa sagrada,
que deve ser praticada santamente, religiosamente. [...]”
129 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVI, item 10: “[...] Que aquele, pois, que não
tem do que viver, procure outros recursos que não os da mediunidade; e que não lhe consa-
gre, se necessário, senão o tempo de que materialmente possa dispor. Os Espíritos levarão
em conta o seu devotamento e os seus sacrifícios, enquanto se afastarão dos que pretendem
fazer da mediunidade um meio de subir na vida.”
138
286. A mediunidade é prova, expiação ou missão?
— Pode ser todas as opções ou apenas uma, dependendo de cada caso.
A. Como podemos enfrentá-la?
— Não precisais enfrentá-la, basta o aprendizado de conviver com ela, por
meio das vossas reformas íntimas, da vossa vibração e da busca pela instrução.
B. Em sendo uma missão, por que ocorre?
— Alguns espíritos evoluídos escolhem reencarnar com a mediunidade,
com a finalidade de auxiliar outros irmãos.
130 O Livro dos Médiuns, capítulo XIV, item 159: “Toda pessoa que sente a influência dos Espí-
ritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por
isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em
estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente,
porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem
caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma
organização mais ou menos sensitiva. Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela
em todos da mesma maneira. [...]”
139
289. Por que algumas pessoas querem ser médiuns ostensivos?
— Por pensarem ter importância ou utilidade apenas ao possuírem essa
faculdade, porém, enganam-se profundamente. A mediunidade é uma prova e
traz consigo imensas responsabilidades e renúncias. Existem infinitas formas de
as pessoas serem úteis e ajudarem o próximo com o mesmo valor.
Nota: Caros irmãos, a mediunidade é um tipo de prova, expiação ou
missão que permite que vos comuniqueis com o plano espiritual de
diversas maneiras, com a finalidade de auxiliar vossos irmãos e a vós
mesmos, por consequência.
O médium vem com grande responsabilidade, em especial, para con-
sigo mesmo. A prática mediúnica torna-se limpa e verdadeira na pro-
porcionalidade das reformas íntimas, portanto, seu compromisso em
tornar-se uma pessoa melhor é inevitável e imprescindível, para não ser
levado à loucura ou à insanidade.
Conforme mencionado no primeiro livro, simpatizareis com espíritos
de mesma vibração que a vossa131, por isso, permanecer em boas sinto-
nias é o primeiro passo para vos conectardes com o bem.
A mediunidade ostensiva acontece por diversos meios, e, quando ela
ocorre, não há dúvida: o médium consegue discernir e entender que
aquela mensagem não lhe pertence, sabendo, assim, que ela provém de
outro amado irmão. A ostensividade jamais vem de forma pretensiosa,
tendenciosa ou apenas para suprir desejos familiares ou dar as respostas
que tanto se espera; surge de modo imparcial, não possui fronteiras,
classes sociais, nem mesmo religião.
É importante o despertar da verdade dentro de vós e a consequente
paz de espírito. A vossa consciência fala convosco: sempre sabereis se
o que praticais é embasado na verdade ou apenas em vossas fantasias e
tentativas de suprir vosso ego e orgulho.
Não brinqueis com algo tão sério, permiti que outros irmãos tenham a
mesma oportunidade pela qual um dia vós suplicastes enquanto perma-
necíeis na erraticidade e que sejam ajudados por aqueles que possuem
essa prova. Buscai outras formas de tratar vosso psicológico sem a ne-
cessidade de vos utilizar de uma ferramenta que não possuís de verdade.
Quanto maior for o conhecimento, mais profundo o estudo. Quanto
mais aprimoramento, mais próximos estareis do discernimento entre o
que é vosso e o que nunca foi.
Se chegardes à conclusão de que não possuís a “tão esperada” mediu-
nidade, senti-vos merecedores de não possuí-la e, ao mesmo tempo,
buscais tantos outros jeitos que existem de ajudar e amar o próximo.
131O Livro dos Espíritos, questão 514, nota explicativa de Kardec: “[...] Os Espíritos simpáti-
cos são os que atraímos a nós por afeições particulares e uma certa semelhança de gostos e
de sentimentos, tanto no bem como no mal. [...]”
140
290. Quais as responsabilidades de um médium?
— Ser o mais fiel e transparente instrumento para o benefício de seus ir-
mãos, buscando a instrução, as reformas íntimas e a melhoria constante, tanto
moral quanto intelectual.
Nota: O médium precisa compreender que não possui responsabilidade
apenas para consigo mesmo, mas também para com seus irmãos, encar-
nados e desencarnados, que confiam em sua veracidade e transparência.
Iludir seus irmãos para beneficiar-se materialmente ou sustentar o pró-
prio ego é uma falta grave. Que jamais falte verdade em seus atos. O
bom médium não é aquele que é bom comunicador, e sim, aquele que é
fiel à assistência recebida do plano espiritual, ao mesmo tempo em que
converte os ensinamentos recebidos para sua própria vida.
II – Período da mediunidade
141
294. A mediunidade não utilizada pode se extinguir?
— Não se extingue; ainda assim, o médium pode compensá-la praticando
outras boas ações.
Nota: Nada se aniquila, tudo toma outra forma de existir. Como o hoje
é parte do ontem, nós somos resquícios melhorados do nosso passado;
nesse caso, ainda quando não tiverdes mais a prova da mediunidade, ela
terá sido essencial em vosso processo evolutivo.
Quanto à prática de boas ações, não há contraindicação alguma.
142
nada impede os tutores de iniciarem a condução à mediunidade através
da instrução, apresentando-lhe os ensinamentos de Jesus, exemplifican-
do a prática familiar do Evangelho, da caridade, do perdão, ouvindo os
relatos da criança com atenção e respeito, sem incentivá-la, sem cons-
trangê-la, com naturalidade.
132 O Livro dos Médiuns, capítulo XVIII, item 221, questão 6: “Será inconveniente desenvolver
a mediunidade das crianças? — Certamente. E sustento que é muito perigoso. Porque esses
organismos frágeis e delicados seriam muito abalados e sua imaginação infantil muito supe-
rexcitada. Assim, os pais prudentes as afastarão dessas ideias, ou pelo menos só lhes falarão
a respeito no tocante às consequências morais.”
143
IV – Espíritos protetores
133 O Livro dos Médiuns, capítulo XXXI, item X: “Todos os homens são médiuns. Todos têm
um Espírito que os dirige para o bem, quando eles sabem escutá-lo. Quer alguns se comu-
niquem diretamente com ele, graças a uma mediunidade especial, quer outros só o escutem
pela voz interna do coração e da mente. Isso pouco importa, pois é sempre o mesmo Espí-
rito familiar que os acompanha. [...] Ouvi pois essa voz interior, esse bom gênio que vos fala
sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo da guarda que vos estende a
mão do alto do céu. [...]” – Channing.
134 O Livro dos Espíritos, questão 491: “Qual a missão do Espírito protetor? — A de um pai
para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus con-
selhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.”
144
V – Tipos e mecanismos
135 O Livro dos Médiuns, capítulo XIV, item 159: “[...] Os médiuns têm, geralmente, aptidão
especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quan-
tas são as espécies de manifestações. As principais são: médiuns de efeitos físicos, médiuns
sensitivos ou impressionáveis, auditivos, falantes, videntes, sonâmbulos, curadores, pneuma-
tógrafos, escreventes ou psicógrafos.”
136 O Livro dos Médiuns, capítulo XXV, item 285, questão 65: “Duas pessoas, evocando-se re-
ciprocamente, poderiam transmitir-se os seus pensamentos e corresponder-se? — Sim, e essa
telegrafia humana será um dia um meio universal de correspondência.”; questão 66: “Por que
não seria praticada desde agora? — Já é por algumas pessoas, mas não por todos. É necessá-
rio que os homens se depurem para que o seu Espírito se liberte da matéria, eis ainda uma razão
para que se faça a evocação em nome de Deus. Até lá, ela estará circunscrita às almas de eleição
e desmaterializadas, que raramente se encontram no estado atual dos habitantes da Terra.”
145
303. O que é uma mediunidade consciente?
— É uma mediunidade na qual o médium está totalmente consciente do
conteúdo transmitido, podendo inclusive interferir nele, tanto de forma cons-
trutiva como destrutiva.
A. E mediunidade semiconsciente?
— É uma mediunidade em que, apesar de permanecer alguns instantes
fora de consciência, o médium consegue lembrar-se de parte dos acontecimen-
tos.
B. E mediunidade inconsciente?
— Mediunidade em que o médium não se lembra do acontecido e não
interfere.
C. O médium inconsciente possui algum recurso para ajudá-lo ou
guiá-lo?
— Sim, geralmente a clarividência e a intuição estarão presentes; ainda
assim, é importante que realize suas reformas, para que permaneça sempre bem
acompanhado (conforme visto na nota de rodapé n.º 135).
146
306. Para onde são levados os médiuns inconscientes durante o ato
da comunicação?
— Depende de diversos fatores. Serão levados para os lugares que forem
precisos, de acordo com a necessidade de cada um.
No plano espiritual, há organização e instrução; nenhum espírito encarna-
do, ao “deixar” seu corpo com propósitos de caridade, permanece desampara-
do ou sozinho.
Tudo está no planejamento; cada ser é destinado ao aprendizado ou às ex-
periências de que necessita para seu crescimento como espírito, possibilitando
também que, em seu retorno à consciência, possa promover mudanças em seus
semelhantes, propagando esse conhecimento oriundo do mundo errático.
Ainda que não se recorde do que fez ou por quanto tempo esteve “au-
sente”, cada experiência é um passo largo em seu aprendizado e consequente
evolução.
137 Lc 6:43-45 – “Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto.
Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, nem
se apanham uvas dos abrolhos. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu cora-
ção, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que
o coração está cheio.”
147
dadeiro propósito dessa missão. Temos convicção de que qualquer médium
possui o preparo necessário para lutar contra essas más inclinações e permane-
cer no caminho correto.
148
Nossa intenção não é conhecê-los pela curiosidade, mas para modificá-
los, tornando-os mais depurados e úteis ao vosso progresso.138
138 O Livro dos Espíritos, questão 457: “Os Espíritos podem conhecer os nossos pensamentos
mais secretos? — Conhecem, muitas vezes, aquilo que desejaríeis ocultar a vós mesmos; nem
atos, nem pensamentos podem ser dissimulados para eles.”
139 O Livro dos Médiuns, capítulo XIX, item 225: “[...] quando encontramos num médium
o cérebro cheio de conhecimentos adquiridos na sua vida atual, e o seu Espírito rico de
conhecimentos anteriores, latentes, próprios a facilitar as nossas comunicações, preferimos
servir-nos dele, porque então o fenômeno da comunicação nos será muito mais fácil [...].” –
Erasto e Timóteo.
140 O Livro dos Médiuns, capítulo XX, item 226, questão 8: “É absolutamente impossível rece-
ber boas comunicações por médium imperfeito? — Um médium imperfeito pode às vezes
obter boas coisas, porque, se tem uma boa faculdade, os bons Espíritos podem servir-se
dele na falta de outro, em determinada circunstância. Mas não o fazem sempre, pois quando
encontram outro que melhor lhes convém, lhe dão preferência. OBSERVAÇÃO: Deve-se
notar que os Espíritos, ao considerarem que um médium deixa de ser bem assistido, tornan-
do-se, por suas imperfeições, presa de Espíritos enganadores, quase sempre provocam cir-
cunstâncias que revelam os seus defeitos e o afastam das pessoas sérias, bem intencionadas,
de cuja boa fé poderiam abusar. Nesse caso, sejam quais forem as suas faculdades, nada se
tem a lamentar.”
149
absoluto de quem realmente somos. Devemos confiar, ter fé e usar da
razão para o entendimento dos propósitos de Deus, que sempre saberá
o que é melhor para todos.
141 O Livro dos Espíritos, questão 118: “Os Espíritos podem degenerar? — Não. À medida
que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito concluiu uma
prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionário, mas não
retrogradar.”
142 O Livro dos Espíritos, questão 227. “De que maneira se instruem os Espíritos errantes, pois
certamente não o fazem da mesma maneira que nós? — Estudam o seu passado e procuram
o meio de se elevarem. Veem, observam o que se passa nos lugares que percorrem; escutam
os discursos dos homens esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais elevados que eles, e
isso lhes proporciona ideias que não possuíam.”
150
321. Os espíritos podem interferir em aparelhos eletrônicos e, inclu-
sive, através deles, se comunicarem com os encarnados?
— Até poderíamos, mas por que o faríamos? A tecnologia de aparelhos
eletrônicos é ultrapassada no mundo espiritual. Utilizamos formas mais ade-
quadas.
Nossa missão não é vos impressionar ou vos levar a acreditar no extraor-
dinário, pois ele não existe. O Espiritismo veio com a missão de reformar-vos,
possibilitar-vos evoluir através do próprio esforço e fazer-vos utilizar do conhe-
cimento para a prática do bem e da caridade despretensiosa.
A maior prova que podereis conseguir é enxergar em vós mesmos as gran-
des mudanças que promovestes com vossas encarnações, e esses frutos serão
colhidos no presente e no futuro.
VII – Pressentimentos
151
324. Qual é a finalidade das premonições?
— Anteceder para poder contribuir com a ajuda ou com o silêncio, depen-
dendo da situação.143
A. Elas são mediúnicas ou telepáticas?
— Ambas. A intuição influencia o poder telepático. Como em uma reação
em cadeia, quando sois intuídos pelo mundo espiritual, essa intuição é alinhada
aos vossos pensamentos originais.
O propósito de intuir não é discriminar o que é espiritual do que é vosso,
mas apenas iluminar o caminho, indicando com maior clareza o que deveis se-
guir.
Aqueles que possuem premonições de forma intuitiva ou telepática devem
desenvolver o discernimento necessário para saber em quais instantes devem se
expressar ou silenciar.
143 O Livro dos Espíritos, questão 522: “O pressentimento é sempre uma advertência do Es-
pírito protetor? — O pressentimento é o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos
deseja o bem. É também a intuição da escolha anterior: é a voz do instinto. [...]”
144 O Livro dos Médiuns, capítulo XX, item 226, questão 3: “Os médiuns que empregam mal as
suas faculdades, que não as utilizam para o bem ou que não as aproveitam para a sua própria
instrução, sofrerão as consequências disso? — Se as usarem mal, serão duplamente punidos,
pois perdem a oportunidade de aproveitar um meio a mais de se esclarecerem. Aquele que vê
claramente e tropeça é mais censurável que o cego que cai na valeta.”
152
B. Qual a maneira correta de exercer a mediunidade?
— Cumprindo as etapas necessárias, com responsabilidade e instrução. As
etapas necessárias percorrem um longo caminho de aprendizagem, que se inicia
pela aceitação, passa pela instrução e finaliza-se na prática, porém, é necessária
a vigilância constante do médium perante seus atos, pois as tentações ocorrerão
o tempo todo. Ser médium não é apenas comunicar-se com o lado bom, mas
também com o lado mau.
O bem ou o mal se referem ao estado evolutivo desses contatos – espíritos
inferiores ou espíritos superiores.145
145 O Livro dos Médiuns, capítulo XVII, item 211: “A dificuldade encontrada pela maioria dos
médiuns iniciantes é a de ter que tratar com os Espíritos inferiores, e eles devem considerar-
-se felizes quando se trata de Espíritos apenas levianos. [...] A primeira precaução é armar-se
o médium de uma fé sincera, sob a proteção de Deus, pedindo a assistência do seu anjo guar-
dião. [...] A segunda precaução é dedicar-se com escrupuloso cuidado a reconhecer, por todos
os indícios que a experiência oferece, a natureza dos primeiros Espíritos comunicantes, dos
quais é sempre prudente desconfiar. Se esses indícios forem suspeitos, deve-se apelar com
fervor ao anjo guardião e repelir com todas as forças o mau Espírito, provando-lhe que não
conseguiu enganar, para o desencorajar. Eis porque o estudo prévio da teoria é indispensável,
se o médium pretende evitar os inconvenientes inseparáveis da falta de experiência. [...]”
146 O Livro dos Médiuns, capítulo XIX, item 223, questão 3: “Como distinguir se o Espírito que
responde é o médium ou se é outro Espírito? — Pela natureza das comunicações. Estuda as
circunstâncias e a linguagem e distinguirás. [...]”
153
Não é importante distinguir, o animismo pode ser produtivo, desde que
haja filtro e coerência do médium (ver adiante questão 367).
Vós também sois espíritos, não sois menos que nós; em vez de nos dar
mais importância pelas nossas obras, aprimorai as vossas, para que possamos
trabalhar em conjunto.
147 O Livro dos Espíritos, questão 401: “Durante o sono, a alma repousa como o corpo? —
Não, o Espírito jamais fica inativo. Durante o sono, os liames que o unem ao corpo se afrou-
xam e o corpo não necessita do Espírito. Então ele percorre o espaço e entra em relação mais
direta com os outros Espíritos.”
148 O Livro dos Espíritos, questão 573: “Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados?
— Instruir os homens, ajudá-los a avançar, melhorar as suas instituições por meios diretos e
materiais. Mas as missões são mais ou menos gerais e importantes. Aquele que cultiva a terra
cumpre uma missão, como aquele que governa ou aquele que instrui. Tudo se encadeia na
Natureza; ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, também concorre por
essa forma para o cumprimento dos desígnios da Providência. Cada um tem a sua missão
neste mundo, porque cada um pode ser útil em algum sentido.”
154
cias. Porém, se decidir não praticá-la e tiver uma vida regrada e útil, não neces-
sariamente terá consequências negativas. Deus sempre permite que tenhamos
opções de escolha.
Nota: São incansáveis as vezes, no período errático, em que suplicamos
pela oportunidade de provas e expiações. Nesses instantes, com a visão
mais ampla, queremos aproveitar a próxima encarnação para dar saltos
evolutivos, e a mediunidade é uma dessas formas.
Quando chegais ao mundo encarnado e sentis a complexidade dessa
prova, que é ter contato e comunicabilidade com o mundo espiritual
sendo imperfeitos e não tendo as melhores faixas vibracionais, simpati-
zais com os espíritos da mesma frequência que a vossa, e, portanto, isso
se torna uma prova dolorosa, levando muitos médiuns a tentar “abrir
mão” dessa prática, e alguns dentre estes até à loucura e ao suicídio.
Cabe ao livre-arbítrio de cada ser cumprir ou não suas provas, porém,
no caso da mediunidade, abdicar do exercício, e não da faculdade em si,
gera ainda mais dor.
O aprimoramento moral e reformas íntimas levam ao médium novos
hábitos e consequentes novas faixas vibracionais, tornando a vida mais
leve e agradável.
Concluímos, então, que a mediunidade é uma prova que possui grau
de dificuldade equivalente às reformas pessoais: quanto maiores forem,
mais leve será.
Não fujais de vossas provas, aperfeiçoai-vos para cumpri-las.
155
pode acarretar consequências físicas e mentais.
Em breve, entendereis que o adoecimento do corpo é uma consequência
da enfermidade da alma e da mente, instrumentos que regem o corpo físico.
Portanto, a falta de responsabilidade faz com que vossa consciência gere a
culpa, e esta vos fará adoecer. A melhor forma de permanecer saudável é jamais
faltando com a verdade para convosco; quem encontra a paz interior encontrará
a fonte da saúde física.
156
Nota: “Ajuda-te que te ajudarei.”151
X – Mediunidade equilibrada
151 Js 1:9 – “Isto é uma ordem: sê firme e corajoso. Não te atemorizes, não tenhas medo,
porque o Senhor está contigo em qualquer parte para onde fores.”; O Evangelho segundo o Espi-
ritismo, capítulo XXV, item 2: “Segundo o modo de ver terreno, a máxima ‘Buscai e achareis’
é semelhante a esta outra: ‘Ajuda-te, e o céu te ajudará’. É o princípio da lei do trabalho e, por
conseguinte, da lei do progresso. Porque o progresso é fruto do trabalho, desde que é este
que põe em ação as forças da inteligência. [...]”
157
339. Como o médium pode encontrar o equilíbrio entre a sanidade
e a loucura?
— Cabe a ele buscar seu próprio equilíbrio para facilitar esse processo; o
autoconhecimento é essencial.
Nota: “Conhece-te a ti mesmo.”152
XI – Reuniões mediúnicas
342. Existe uma quantidade ideal de médiuns para uma reunião me-
diúnica?
— Não, desde que haja estrutura necessária para isso e uma quantidade
que não interfira na qualidade do trabalho, lembrando que o trabalho deve ser
sincronizado e organizado.
152 O Livro dos Espíritos, questão 919: “Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta
vida e resistir ao arrastamento do mal? — Um sábio da Antiguidade vos disse: ‘Conhece-te a
ti mesmo’”; questão 919-a: “Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima, mas a dificul-
dade está precisamente em se conhecer a si próprio. Qual o meio de chegar a isso? — Fazei o
que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia interrogava a minha consciência, passa-
va em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cum-
primento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que
cheguei a me conhecer e ver o que em mim, necessitava de reforma. [...]” – Santo Agostinho.
158
343. Em reuniões mediúnicas, pode haver pessoas assistindo?
— Pode, desde que haja uma preparação energética e vibracional, além de
conhecimento prévio.
Nota: Tudo dependerá da intenção com que as assistem. Cabem aos
visitantes, que podem ir com o preparo necessário, e não apenas para
suprir sua curiosidade, ficar em prece, para contribuir nos trabalhos.
159
que tenha o conhecimento da Doutrina.
Nota: Um músico pode ser um pintor, mas não enquanto toca seu ins-
trumento.
A. Os orientadores de uma sessão espírita precisam ter conheci-
mento da Doutrina?
— É essencial, afinal, é através do exercício desse conhecimento que con-
duzirão os irmãos para o caminho do bem.
Não há a possibilidade de darmos aquilo que não possuímos. No caso
da orientação, o conhecimento é muito importante, pois será através daquelas
orientações ministradas que os irmãos seguirão ou não o caminho do bem, a
depender de seu livre-arbítrio. Uma boa instrução faz toda a diferença.
160
É necessário crivá-lo, entendendo se é ou se pode ser nocivo a outrem.
Não leia caso não tenha certeza, caso seja uma ofensa, caso haja algo que desa-
bone a moral ou contenha linguagem de baixo calão.
Esse filtro é essencial para que as reuniões mediúnicas sejam sempre cons-
trutivas, e não destrutivas.
161
357. Até que ponto é permitido que um espírito possa prejudicar o
encarnado?
— Até o ponto em que o encarnado permitir. Na verdade, espírito ne-
nhum pode prejudicar aquele que não lhe dá permissão.153
153O Livro dos Espíritos, questão 467: “Pode o homem se afastar da influência dos Espíritos
que o incitam ao mal? — Sim, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos
ou os atraem por seus pensamentos.”
162
CAPÍTULO V
Misticismo, Animismo
e Charlatanismo
• Misticismo • Animismo • Charlatanismo • Misticismo no caráter religioso • Misticismo na
divulgação • Orgulho que cega, egoísmo que estagna
I – Misticismo
154O Livro dos Médiuns, capítulo XX, item 226, questão 11: “Quais as condições necessárias
para que a palavra dos Espíritos superiores nos chegue sem qualquer alteração? — Desejar o
bem e repelir o egoísmo e o orgulho: ambos são necessários.”
163
pliando o dom do raciocínio para poder crivar e acompanhar os ensinamentos
do Cristo e da ciência.
Todo aquele que adquire tal inteligência, ainda que pelo esforço, utilizan-
do-a para mistificar, será responsabilizado por sua escolha e responderá na de-
vida proporção.
Utilizar-se da superioridade persuasiva ou intelectual para dominar outrem
é muito grave e acarreta consequências severas no “ajuste de contas” da Justiça
Divina.
Irmãos, aplicai vossa superioridade para auxiliar, acalmar e espalhar a ver-
dade por todo o universo. De forma alguma a utilizai para mistificar, pois o
próprio Cristo nos ensinou que é através da verdade que alcançaremos a liber-
dade.155
A responsabilidade da propagação
164
raizados no subconsciente para ocorrer sua prática: ela também acontece quan-
do a pessoa, que não necessariamente precisa ser médium, compartilha de for-
ma consciente informações recebidas sem previamente crivá-las. Nos tempos
atuais, essa prática se torna mais comum com a globalização e suas ferramentas
de propagação da informação.
Irmãos, convidamo-los a filtrarem o conteúdo que recebem, checando sua
autenticidade e veracidade, para que não repassem informações inverídicas. A
mentira não propagada deixa de existir; contudo, disseminada, torna-se uma
pseudoverdade.
156 O Livro dos Médiuns, capítulo XXVII, item 303, questão 1: “As mistificações são um dos
escolhos mais desagradáveis da prática espírita. Haverá um meio de evitá-las? — [...] há para
isso um meio muito simples, que é o de não pedir ao Espiritismo nada mais do que ele pode
e deve dar-vos; seu objetivo é o aperfeiçoamento moral da Humanidade. Desde que não
vos afasteis disso, jamais sereis mistificados, pois não há duas maneiras de se compreender
a verdadeira moral, mas somente aquela que todo homem de bom senso pode admitir. [...]”
165
consequentemente aumentando sua proteção espiritual.
O filtro sempre será a moral, que, uma vez estabelecida, permite que o
médium esteja protegido de impulsos ofensivos e mistificadores.
166
subconsciente, ocasionando transtorno de conduta. Esse transtorno de
comportamento gera um processo de autoafirmação tendo como causa
desarmonias psíquicas que podem gerar doenças físicas, ocasionando
a baixa de vibração e podendo, consequentemente, ocorrer processos
obsessivos. Sair dessa condição depende exclusivamente do encarnado,
ao executar mudanças de comportamento e reformas íntimas.
II – Animismo
157 O Livro dos Espíritos, questão 461: “Como distinguir os nossos próprios pensamentos dos
que nos são sugeridos? — Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos
fala. Os pensamentos próprios são, em geral, os que vos ocorrem no primeiro impulso. De
resto, não há grande interesse para vós nessa distinção e é frequentemente útil não o saber-
des: o homem age mais livremente; se decidir pelo bem, o fará de melhor vontade; se tomar
o mau caminho, sua responsabilidade será maior.”
167
370. Como saber quando a prática do fenômeno é anímica ou mís-
tica?
— Através do conteúdo e da consistência. Desde que não haja benefício
próprio e não cause mal a alguém, o animismo é aceitável. Já o misticismo, não,
pois, ainda que aparente fazer o bem, as intenções nunca são boas.
Não sois capazes de distinguir claramente um ante outro, porém, através
da análise cuidadosa do conteúdo, podereis compreender a verdadeira intenção
do autor de tal fenômeno.
III – Charlatanismo
371. Qual a diferença entre misticismo e charlatanismo?
— O misticismo é faltar com a verdade em algo que envolve assuntos
sobrenaturais, já o charlatanismo pode abranger outras questões naturais. Por-
tanto, quem é mistificador necessariamente é charlatão, entretanto, nem todo
charlatão é mistificador. Ambos estão equivocados.
168
374. O misticismo pode levar à descrença religiosa?
— Não, o misticismo é uma escolha de alguns indivíduos, que não anula a
fé dos demais. Acreditar é impessoal e independe daquilo que os olhos podem
ver ou das mágoas causadas pela manipulação.158
Mais importante do que causar a descrença religiosa é não se perder a
crença em Deus.
158 O Livro dos Médiuns, capítulo XXVII, item 303, questão 2: “Por que Deus permite que
pessoas sinceras, que aceitam de boa-fé o Espiritismo, sejam mistificadas? Isso não poderia
acarretar o inconveniente de lhes abalar a crença? — Se isso lhes abalasse a crença, seria por
não terem a fé bastante sólida. As pessoas que abandonassem o Espiritismo por um simples
desapontamento provariam não o haver compreendido, não se terem apegado ao seu aspecto
sério. Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e
punir os que fazem do Espiritismo um simples meio de divertimento.” – O Espírito da Verdade.
159 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXI, item 5: “[...] Desde todos os tempos, cer-
tos homens exploram, em proveito de sua ambição, de seus interesses e de seu desejo de
dominação, certos conhecimentos que possuíam, para conseguirem o prestígio de um poder
supostamente sobre-humano ou de uma pretensa missão divina. São esses os falsos cristos e
os falsos profetas. A difusão dos conhecimentos vem desacreditá-los, de maneira que o seu
número diminui, à medida que os homens se esclarecem. [...]”
169
377. Qual a parcela de responsabilidade do dirigente de casa espírita
por permitir que pessoas pratiquem o charlatanismo e/ou misticismo?
— O grau de responsabilidade é proporcional ao nível de consciência,
esteja ou não na direção.
Todos vos tornais responsáveis quando tendes a consciência e o discer-
nimento do certo e do errado. A consciência é a presença de Deus em vós, e é
necessário ser o exemplo para que, assim, de forma amorosa, possais conduzir
vossos irmãos ao caminho do amor.
V – Misticismo na divulgação
379. Por que alguns divulgadores mistificam a Doutrina?
— Para obter benefício próprio e por não confiar que a Doutrina é séria
e verdadeira, pois, se admitissem que é, jamais o fariam. As expiações geradas
àqueles que praticam o mal com consciência são muito mais graves do que
àqueles que o praticam por ignorância.
A mistificação, através da Doutrina, ocasiona malefícios significativos para
os que a recebem e, principalmente, para os que a praticam. Sabendo que a
170
consciência é a comunicação direta com Deus, quem mistifica conscientemente
não obterá a paz, mantendo baixas suas vibrações e simpatizando com irmãos
da mesma faixa vibracional, por consequência.
As consequências de praticar o misticismo utilizando-se da fé alheia são
enormes, e o espírito mistificador expiará essa escolha em vidas futuras (conforme
visto na questão 373). A verdade sempre será o caminho apropriado no sentido da
evolução. Deveis sempre optar por segui-la e buscá-la incansavelmente.
160 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo X, item 21: “Há casos em que seja útil descobrir o mal
alheio? — Esta questão é muito delicada, e precisamos recorrer à caridade bem compreendida. Se as
imperfeições de uma pessoa só prejudicam a ela mesma, não há jamais utilidade em divulgá-las. Mas
se elas podem prejudicar a outros, é necessário preferir o interesse do maior número ao de um só.
Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois é melhor
que um homem caia, do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas. Em semelhante
caso, é necessário balancear as vantagens e os inconvenientes.” – São Luís
161 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo X, item 19: “[...] a censura que se faz do outro deve ser
endereçada também a nós mesmos, para vermos se não a merecemos” – São Luís
171
rumo que me aproxima das leis de Deus: a direção do não consenti-
mento.
- 6º exame, o do conhecimento: É-me possível apontar ao mistificador
o percurso dos estudos? Se sim, tenhamos em mente que a instrução
desperta a consciência dos atos.
162 I Cor 10:23 – “Tudo é permitido, mas nem tudo é oportuno. Tudo é permitido, mas nem tudo
edifica.”
172
383. Como proteger do misticismo e do charlatanismo a prática
doutrinária?
— Não os sustentando e não os incentivando. O melhor combate à menti-
ra é a busca da verdade, que, consequentemente, vem através do conhecimento.
Nota: Antes de olhar para o outro, é imprescindível analisar a si próprio.
Não podemos combater aquilo que ainda possuímos; é necessário que
sejamos o exemplo daquilo que pretendemos mudar. “O exemplo não é
a melhor forma de ensinar, é a única” – Albert Schweitzer.
163 O Livro dos Espíritos, questão 785: “Qual o maior obstáculo ao progresso? — São o orgulho e o
egoísmo. Quero referir-me ao progresso moral, porque o intelectual avança sempre. [...] esse estado
de coisas durará apenas algum tempo; modificar-se-á à medida que o homem compreender melhor
que além do gozo dos bens terrenos existe uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais
durável.”
173
dindo, iremos, mais cedo ou mais tarde, nos despir dele.
Jesus ensinou-nos, através do exemplo, a importância de abandonar nossa
forma de enxergarmos apenas a nós mesmos e não buscar somente benefícios
próprios. Exemplificou-nos que o amor ao próximo nos faz evoluir e que, ape-
sar de sermos seres individuais, somos todos irmãos aos olhos de Deus.
174
CAPÍTULO VI
A Cura
Introdução à cura • Doença da matéria • Doença da alma • A prece e a cura • Formas de
cura • Tratamento na casa espírita • Tecnologia na erraticidade • Medicina espiritual e medi-
cina terrena • A busca pela cura
I – Introdução à cura
175
386. O que define o merecimento da cura?
— Deus.
Nota: Existem diversas formas de conquistar o merecimento, dentre
elas, a conquista trazida de uma encarnação a outra ou pelo esforço na
mesma encarnação. É Deus que define o merecimento, porém, pode-
mos conquistá-lo através de nossas reformas, de nossa fé, tanto humana
quanto divina164, e da busca incessante em evoluir, progredir e depurar
nossos pensamentos e, consequentemente, nossas atitudes. O esforço
é uma das principais características a serem desenvolvidas tanto na vida
material quanto na espiritual, pois ele garantirá nosso merecimento tan-
to presente quanto futuro.
389. Por que os espíritos tratam encarnados que não têm o mereci-
mento de cura?
— Quem somos nós para julgarmos o merecimento? Nosso trabalho é
tratar a todos, com amor e dignidade.
Nem toda cura é inerente à matéria. Existem curas muito mais profundas,
164 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIX, item 12: “[...] A fé é humana ou divina, segundo a
aplicação que o homem der às suas faculdades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspira-
ções celestes e futuras. [...]” – Um Espírito Protetor, 1863.
165 Mc 5:25-34 – “Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue. [...]
Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto. Dizia ela con-
sigo: Se tocar, ainda que na orla do seu manto, estarei curada. [...] Jesus percebeu imediatamente que
saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: Quem tocou minhas vestes? [...] Ora, a
mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e con-
tou-lhe toda a verdade. Mas ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal.”
176
que se principiam no espírito. Portanto, ao tratar um encarnado com fé e amor,
visamos prioritariamente à cura do espírito; se houver o merecimento, a cura
ecoará pela matéria. O corpo é perecível, o espírito, não.
177
II – Doença da matéria
166 O Livro dos Espíritos, questão 964, nota explicativa de Kardec: “Todas as nossas ações são subme-
tidas às leis de Deus; não há nenhuma delas, por mais insignificante que nos pareçam, que não possa
ser uma violação dessas leis. Se sofremos as consequências dessa violação, não nos devemos queixar
senão de nós mesmos, que nos fazemos assim os artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade
futura. [...]”
167 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo, item 12: “[...] Torna-se pois evidente que o homem é o
autor da maioria das suas aflições, e que poderia poupar-se, se agisse sempre com sabedoria e pru-
dência. É certo, também, que essas misérias resultam das nossas infrações às leis de Deus, e que, se as
observássemos rigorosamente, seríamos perfeitamente felizes. Se não ultrapassássemos os limites do
necessário, na satisfação das nossas exigências vitais, não sofreríamos as doenças que são provocadas
pelos excessos, e as vicissitudes decorrentes dessas doenças. [...]”
178
397. Nossas enfermidades são originadas pela genética ou provoca-
das por escolhas atuais?
— Das duas formas; as enfermidades genéticas são frutos de nossas es-
colhas passadas, já as futuras serão consequências de nossas escolhas atuais.168
Nota: Colheis o que plantais.169
168 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, item 4: “As vicissitudes da vida são de duas espécies,
ou, se quisermos, têm duas origens bem diversas, que importa distinguir: umas têm sua causa na vida
presente; outras, fora desta vida. Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos
são a consequência natural do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. [...]”
169 II Cor 9:6 – “Convém lembrar: aquele que semeia pouco, pouco ceifará. Aquele que semeia em
profusão, em profusão ceifará.”
170 O Livro dos Espíritos, questão 730: “Desde que a morte deve conduzir-nos a uma vida melhor, e
que nos livra dos males deste mundo, sendo mais de se desejar do que de se temer, porque o homem
tem por ela um horror instintivo que a torna motivo de apreensão? — Já o dissemos. O homem deve
procurar prolongar a sua vida para cumprir a sua tarefa. Foi por isso que Deus lhe deu o instinto de
conservação e esse instinto o sustenta nas suas provas; sem isso, muito frequentemente ele se entre-
garia ao desânimo. [...]”
171 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIX, item 11: “A fé, para ser proveitosa, deve ser ativa;
não pode adormecer. [...] Pregai pelo exemplo da vossa fé, para transmiti-la aos homens; pregai pelo
exemplo das vossas obras, para que vejam o mérito da fé; pregai pela vossa inabalável esperança, para
que vejam a confiança que fortifica e estimula a enfrentar todas as vicissitudes da vida. [...]” – José
179
resignação. Ter fé é acreditar sem ver, esforçar-nos para alcançar o inal-
cançável, atingir o inatingível.
O pior cego não é aquele que não quer ver, mas, sim, aquele que não
acredita naqueles que veem e não segue seus exemplos. Nosso mestre
Jesus e tantos outros espíritos superiores demonstraram através de suas
atitudes o poder da fé. Sejamos humildes o suficiente para seguir os
passos destes que tanto nos ensinaram e tenhamos o esforço necessário
para despertar a fé.
Santo Agostinho
Matão, 4 de março de 2019.
172 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 8: “[...] Tomai, pois, por divisa, essas duas pala-
vras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque eles resumem todos os deveres que a caridade
e a humildade vos impõem. O sentimento do dever cumprido vos dará a tranquilidade de espírito e a
resignação. O coração bate melhor, a alma se acalma, e o corpo já não sente desfalecimentos, porque
o corpo sofre tanto mais, quanto mais profundamente abalado estiver o espírito” – Espírito da Verdade
180
A capacidade mental é infinita: quando chegardes ao ponto de controlar
os pensamentos perniciosos, tereis a saúde física integral; mesmo que a saúde
física vos falte por motivo de crescimento espiritual, sereis mais resistentes às
enfermidades que surgirem.
O corpo vos é dado, por tempo determinado, para auxiliar a evolução do
espírito; pertencente ao corpo físico, o cérebro ajuda-vos a processar os pensa-
mentos e a controlar vossas enfermidades biológicas ou espirituais.
O espírito, por sua vez, não é temporário, mas eterno, e habitará diversos
corpos, com distintos sexos e características durante o processo de evolução,
até o instante em que, através do merecimento conquistado, o espírito não ne-
cessitará mais dessa matéria densa e buscará seu progresso na erraticidade, onde
terá novas tarefas e obrigações.
Eis a importância do controle mental; se possuis um corpo, é necessário
que saibais controlá-lo, e a mente não é só a melhor forma para fazer isso, é a
única.
Quando vós controlais os vossos pensamentos e racionalizais os sentidos,
conseguis prolongar a vida material e minimizar as dores e sofrimentos.
A ciência atual já demonstrou que, com o controle mental adequado, o
ser humano é capaz de suportar questões que seriam “impossíveis” aos olhos
comuns.173
Sendo assim, meus amados irmãos, o controle é um dos principais apren-
dizados que a vida material vos propõe, bagagem que levareis para o plano es-
piritual, onde pensamento é tudo o que tendes como matéria-prima.
O uso do controle não é uma faculdade egoísta ou individualista, mas uma
importante ferramenta de uso coletivo. Ao controlardes a vós mesmos, podeis
ajudar os outros a se controlarem, auxiliando seus pensamentos e reforçando a
caminhada longa e contínua em busca do aprimoramento moral, intelectual e
de resignação.
Sois capazes de controlar a vós mesmos! Condicionai-vos a isso, estai
equilibrados, multiplicai o amor e repassai o conhecimento.
A. É possível nos curarmos através do pensamento?
— Sim, através do vosso potencial existente e ainda inexplorado.
O pensamento é o principal condutor para a cura; é o maior dom conce-
dido por Deus. Através dele, podemos alterar a matéria, modificar as energias e
transformar as vibrações. Há ainda diversas outras funções do pensamento que
desconheceis, mas que, um dia, serão conhecidas e possíveis de realizar. O pen-
173Felicidade, saúde e altruísmo (Happiness, health and altruism): embora a saúde pública se preocupe
mais obviamente com a melhoria de doenças e disfunções, a prevenção primária frequentemente
envolverá esforços para melhorar o bem-estar humano (ou seja, felicidade), muitas vezes por meio de
comportamentos pró-sociais e altruístas (em relação aos outros) (POST, 2017, tradução nossa).
181
samento, ligado à fé e merecimento, pode curar qualquer enfermidade, tanto do
corpo quanto da alma.
O pensamento tanto pode curar como agravar a enfermidade. Cabe a vós,
enquanto encarnados, saberdes administrar vossas vibrações e tornardes vossas
práticas mais dignas de promover bons pensamentos, por consequência.
A cura é uma consequência; o pensamento é um condutor e facilitador
dessa cura. Em contrapartida, a enfermidade também é uma consequência, e o
pensamento, da mesma forma, pode ser um facilitador dela.
No dia em que conhecerdes melhor a vós mesmos, podereis auxiliar mais
vossos irmãos, através do autocontrole, amor e promoção do bom pensamento.
Iniciai a etapa pelo controle da ação, para, posteriormente, controlardes o
pensar.
Pensai para agir, e, no futuro, o ato será uma consequência da prática esta-
belecida em vosso subconsciente moral.
174O Livro dos Espíritos, questão 257: “[...] Já vimos que esses sofrimentos são o resultado dos laços
que ainda existem entre o Espírito e a matéria. Que quanto mais ele estiver desligado da influência da
matéria, ou seja, quanto mais desmaterializado, menos sensações penosas sofrerá. [...]”
182
A. De que forma pode haver a cura das doenças gravadas em nosso
perispírito?
— Através de vossas mudanças, reformas, melhorias e do despertar da fé.
Gravais em vosso perispírito aquilo a que dais a devida importância; a par-
tir do momento em que modificais vossos pensamentos e alterais vossas rotinas
para o bem, sois capazes de regenerá-lo, assim como a vosso próprio corpo.
Ao modificardes vossos hábitos alimentares, por exemplo, o vosso corpo
não se reconstitui? Da mesma forma, o vosso perispírito: ele é um reflexo de
vossos atos e pensamentos.175
175 O Livro dos Espíritos, questão 257: “[...] Que dome as suas paixões animais, que não tenha ódio,
nem inveja, nem ciúme, nem orgulho; que não se deixe dominar pelo egoísmo; que purifique sua
alma, pelos bons sentimentos; que pratique o bem; que não dê às coisas deste mundo senão a impor-
tância que elas merecem; e, então, mesmo sob o seu envoltório corpóreo, já se terá purificado, des-
prendido da matéria, e quando o deixar, não sofrerá mais a sua influência. Os sofrimentos físicos por
que tiver passado não lhe deixarão nenhuma lembrança penosa; não lhe restará nenhuma impressão
desagradável, porque estas não afetaram o Espírito, mas apenas o corpo; sentir-se-á feliz por se ter
libertado, e a tranquilidade de sua consciência o afastará de todo sofrimento moral. [...]”
176 O Céu e o Inferno – Primeira Parte, capítulo VII, Código penal da vida futura, item 29º: “A miseri-
córdia de Deus é sem dúvida infinita, mas não é cega. O culpado que ela perdoou não está dispensado
de satisfazer a justiça, passando pelas consequências de suas faltas. Por misericórdia infinita é neces-
sário entender que Deus não é inexorável, deixando sempre aberta ao culpado a porta de retorno ao
bem.”
183
IV – A prece e a cura
405. Qual tipo de energia é exalada em uma prece?
— Quando a prece é sincera, ondas de energias benéficas são emitidas, as
quais serão conduzidas ao seu destino intencional. Entretanto, no caso da prece,
não se trata apenas de ondas emitidas por quem orou: estas entram em “con-
tato” com o auxílio dos espíritos benfeitores, sendo, então, amplificadas.177 Da
mesma forma ocorre nas preces coletivas entre os encarnados.
A. Quando a prece tem o poder da cura?
— Quando ela é feita com fé, desde que haja o merecimento.
Toda prece bem-intencionada sempre será ouvida; ainda que não promova
a cura física, trará o alento e as forças para seguir, despertando, assim, a verda-
deira fé.178
177 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 14: “Se a prece exerce uma espécie de ação
magnética, podemos supor que o seu efeito estivesse subordinado à potência fluídica. Entretanto, não
é assim. Desde que os Espíritos exercem esta ação sobre os homens, eles suprem, quando necessário,
a insuficiência daquele que ora, seja através de uma ação direta em seu nome, seja ao lhe conferirem
momentaneamente uma força excepcional, quando ele for julgado digno desse benefício, ou quando
isso possa ser útil. [...]”
178 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 7: “[...] O que Deus lhe concederá, se pedir
com confiança, é a coragem, a paciência e a resignação. E o que ainda lhe concederá, são os meios
de se livrar das dificuldades, com a ajuda das ideias que lhe serão sugeridas pelos Bons Espíritos, de
maneira que lhe restará o mérito da ação. Deus assiste aos que se ajudam a si mesmos [...]”
179 O Livro dos Espíritos, questão 479: “A prece é um meio eficaz para curar a obsessão? — A prece é
um poderoso socorro para todos os casos, mas sabei que não é suficiente murmurar algumas palavras
para obter o que se deseja. Deus assiste aos que agem, e não aos que se limitam a pedir. Cumpre,
portanto, que o obsedado faça, de seu lado o que for necessário para destruir em si mesmo a causa
que atrai os maus Espíritos.”
184
enxergar através da vidraça fosca que é a vossa encarnação. Deus vos deu a
prece para que pudésseis olhar para o vosso interior, trabalhar vosso amor e
evoluir, seguindo o caminho do bem.
Mais bela ainda é aquela prece direcionada para outrem, pois esta é despre-
tensiosa, sincera, silenciosa e efetiva.
Uma prece benfeita é uma injeção de boas vibrações e, sem dúvidas, o
primeiro passo para conquistardes vossos objetivos. É uma pena que, muitas
vezes, deixais para orar apenas em instantes de dor, quando há a impossibilida-
de da solução pelos meios da Terra. Deveríeis transformar a prece com fé em
hábito, pois ela vos recorda do quanto sois pequenos e dependentes de Deus.
A prece aproxima-vos do Pai e faz-vos seguir pelo caminho do amor e da
justiça.180
180 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 23: “[...] A prece. Ah! Como são tocantes
as palavras que se desprendem dos lábios na hora da prece! Porque a prece é o orvalho divino que
suaviza o calor excessivo das paixões. Filha predileta da fé, leva-nos ao caminho que conduz a Deus.
[...]” – Santo Agostinho
181 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 15: “O poder da prece está no pensamento,
e não depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que é feita. Pode-se, pois, orar
em qualquer lugar e a qualquer hora, a sós ou em conjunto. [...] A prece em comum tem ação mais
poderosa, quando todos os que a fazem se associam de coração num mesmo pensamento e têm a
mesma finalidade, porque então é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. [...]”
182 O Livro dos Espíritos, questão 662: “Pode-se orar utilmente pelos outros? — O Espírito daquele
que ora está agindo pela vontade de fazer o bem. Pela prece, atrai a ele os bons Espíritos que se as-
sociam ao bem que deseja fazer.”
185
Em uma prece ante a outra, não há maior alcance; o que o define é a in-
tensidade dessa fé. Portanto, não deixeis de orar por comodismo ou in-
segurança e fazei vossa oração com fé, pois, certamente, sereis ouvidos.
V – Formas de cura
186
acioná-la é através da crença e do autocontrole.
187
O encarnado é totalmente responsável por suas provas e expiações e
não deve responsabilizar o plano espiritual por suas más escolhas ou
tendências.183
Simpatizamos com o que vós produzis, portanto, se quereis boas com-
panhias, sede produtivos e não cedais às tentações mundanas que per-
correm o caminho inverso do sentido evolutivo.
“Diga-me com quem tu andas que te direi se vou contigo.”184
417. Por que, nas obras básicas, não foi incentivado o trabalho de
cura nas casas espíritas?
— Não era o instante adequado. Precisávamos despertar outras questões,
anteriores aos procedimentos que envolvem a cura.
É comum, na visão espírita moderna, o paradigma dos tratamentos de
cura realizados pelas casas espíritas.
São tratamentos que exigem muita coragem, seriedade e controle. São de
extrema importância, pois possibilitam o acesso do mundo espiritual para o
mundo material, despertando, de uma forma mais acentuada, a fé dos frequen-
tadores.
Não é necessário temer tanto o exercício da “cura” nas casas espíritas, o
importante é ser responsável moralmente e trabalhar com comprometimento,
pois aqueles que não agirem desse modo responderão por seus atos na devida
proporção.
A cura não está em uma casa constituída por tijolos ou alvenaria, ela está
em todo lugar onde há fé e merecimento. Jesus demonstrou-nos isso curando
nas ruas e nos vilarejos por onde passava.
O que não é plausível é nos utilizarmos do nosso orgulho e egoísmo
para enriquecer a vaidade através da fé alheia.185 Fé é algo muito sério, é
um sentimento puro e intenso, e não se deve de jeito nenhum brincar com ela.
183 A Gênese, capítulo XIV, item 46: “Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas
que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre a decorrência
de uma imperfeição moral, que dá entrada a um mau Espírito. A uma causa física, opõe-se uma causa
física; a uma causa moral será preciso contrapor uma causa moral. Para se preservar das moléstias,
fortifica-se o corpo; para garantir-se contra a obsessão, será preciso fortificar a alma; daí resulta, para
o obsedado, a necessidade de trabalhar para sua própria melhoria, o que geralmente basta, na maior
parte dos casos, para o desembaraçar do obsessor, sem o auxílio de pessoas estranhas. [...]”
184 I Cor 15:33 – “Não vos deixeis enganar: ‘Más companhias corrompem bons costumes.’”
185 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVI, item 10: “[...] E se há uma espécie de mediunidade
que requer esta condição de maneira ainda mais absoluta, é a mediunidade curadora. [...] O médium
curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos, e não tem o direito de vendê-lo. Jesus e os
Apóstolos, embora pobres, não cobravam as curas que operavam. [...]”
188
Deus nos deu o livre-arbítrio para optarmos entre ter ou não fé, mas não
aprovou em suas leis, em instante nenhum, que teríamos o direito de cessar a fé
dos demais através da nossa postura tendenciosa.
Eis, então, a importância da seriedade e da responsabilidade naquilo que
se faz.
Toda cura é silenciosa e não vem de um encarnado ou espírito, mas da
capacidade que o próprio receptor possui e não a teve ainda despertada. Cabe
a nós, desencarnados e encarnados, auxiliarmos nesse despertar e deixar que
Deus julgue o merecimento de cada um. A verdadeira cura é a do espírito. A
cura do corpo é perecível e temporária. Façamos nosso melhor, embasados na
seriedade de quem ama o próximo como a si mesmo (conforme visto na nota de
rodapé n.º 2).
189
Tudo tem um propósito; não deveis pular uma ou outra etapa, e sim, acre-
ditar que os desígnios de Deus são perfeitos e contundentes.
190
esperada cura.
Não basta tratarmos o efeito de uma enfermidade, precisamos cuidar da
causa, que, muitas vezes, está nas frustrações, na falta de resiliência e resignação.
Portanto, quando auxiliamos nossos irmãos a enxergarem isso, estamos auxi-
liando-os a se curarem, por consequência.
A. Nesses trabalhos, há necessidade de instrumentos específicos?
— Não. Instrumentos são necessários apenas para os trabalhos materiais,
não para os espirituais, porém, tudo aquilo que possa propiciar conforto, sem
caracterizar um hospital da Terra, será bem-vindo.
B. Está no planejamento reencarnatório do médium a prática desse
trabalho?
— Sim, sem dúvidas, nada acontece sem ter um porquê. Ainda assim, não
será uma tarefa fácil, pois exigirá mudanças no comportamento, principalmente
fora da casa espírita.
Todo médium de cura nasce com um propósito específico. O esforço e a
dedicação sempre o levarão às melhores práticas. Devemos confiar que Deus
permite o que é melhor para cada um, buscando sempre, nos estudos e nas re-
formas, a melhoria constante dos exercícios mediúnicos.
Nota: Houve o tempo em que Jesus caminhava pela Terra, realizando
suas curas por onde passava, deixando uma trilha de amor e de fé.
Ao alcançar uma cura que parecia impossível ao homem da época, Jesus
jamais se esquecia de mencionar: “Tua fé te curou.” (conforme visto na nota
de rodapé n.º 165).
Se Jesus, sendo o espírito mais resignado a habitar este plano, possuía
essa humildade, quem somos nós para, em algum momento, pensar que
seríamos capazes de curar alguém, a não ser nós mesmos?
Tenhamos a humildade necessária para entender que somos parte de
algo muito maior, desconhecido e inquestionável.
191
425. Como o médium deve se preparar no dia de atendimento?
— A preparação do médium deve ser constante, não restrita apenas a dias
de tratamento. Deve realizar o maior número de reformas íntimas possíveis,
assim como reformas de pensamentos e controle alimentar.
A. Qual é a alimentação ideal nos dias de tratamento, tanto para os
médiuns quanto para os pacientes?
— Uma alimentação saudável, balanceada, evitando alimentos de origem
animal e abstendo-se de bebidas alcoólicas.
Pensar que a preparação é de importância apenas para dias de atendimento
ou trabalho mediúnico é uma visão equivocada.
A mediunidade é a consequência de uma prova ou expiação, que tem
como objetivo auxiliar o crescimento daqueles que a possuem, demandando,
assim, as reformas íntimas e mudanças necessárias para o crescimento daqueles
indivíduos.
A vida do médium não é representada somente em uma mesa mediúnica
ou em um tratamento fraterno, mas, sim, no seu comportamento diário e me-
lhoria constante e crescente.
Precisai atentar-vos aos sinais de Deus, geralmente enviados através da
consciência, e segui-los.
A paz interior só pode ser conquistada com uma consciência tranquila, e
isso não ocorre por um acaso.
Utilizai-vos do amor que existe no âmago de cada um e modificai vossa
forma de pensar e agir. Que a vida terrestre vos permita despertar o verdadeiro
amor pelo vosso progresso e dos vossos semelhantes.
Foi por amor que tudo se iniciou, é por amor que tudo deve caminhar.
192
427. O que faz com que algumas pessoas sintam o tratamento espi-
ritual e outras não?
— A sensibilidade está ligada à fé e merecimento de cada um.
Independentemente das sensações físicas ou visuais durante o tratamento,
o que determina a cura são a fé e a convicção do “paciente”.
428. Os espíritos são capazes de fazer as cirurgias por cima das ves-
tes humanas?
— Sim, não só são como as fazem.
As cirurgias e curas ocorrem no perispírito; desse modo, não se fazem
necessárias intervenções no corpo físico (conforme visto na nota de rodapé n.º 44).
193
VII – Tecnologia na erraticidade
194
praticar e aprender, e apenas voará quando as asas lhe forem úteis para que trace
seu próprio voo.186
186 O Livro dos Médiuns, capítulo XXVI, item 294, questão 28: “Os Espíritos podem dar orientação,
em pesquisas científicas e descobertas? — A Ciência é obra do gênio; só deve ser adquirida pelo tra-
balho, porque é somente pelo trabalho que o homem avança no seu caminho. [...] cada coisa deve vir
no seu tempo e quando as ideias gerais estão maduras para a receber. [...]”; questão 29: “O sábio e o
inventor nunca são assistidos pelos Espíritos nas suas pesquisas? — [...] Quando chega o tempo de
uma descoberta os Espíritos incumbidos de lhe dirigir a marcha procuram o homem capaz de a levar
a bom termo. Inspiram- lhe as ideias necessárias, com o cuidado de lhe deixar todo o mérito, porque
essas ideias ele terá de elaborar e pôr em execução. Assim acontece com todos os grandes trabalhos
da inteligência humana. [...]”
187 Na literatura, há diversos relatos de interferências de fontes eletromagnéticas, tais como car-
dioversão, ressonância magnética e eletrocirurgia, em dispositivos cardíacos implantados (MISIRI,
KUSUMOTO, GOLDSCHLAGER, 2012). O estudo de Martinsen et al. (2019) mostrou que a cor-
rente, na eletrocirurgia, pode ser conduzida através de um implante de metal, existindo um risco
significativo de danos ao tecido quando utilizada por longos períodos de ativação ou em níveis de alta
potência, dependendo do comprimento e da forma dos implantes. Os riscos à saúde para os pacien-
tes associados à exposição a campos magnéticos estáticos estão relacionados à presença de materiais
ferromagnéticos ou marcapassos cardíacos. São relatados diversos mecanismos de interação entre
tecidos e campos magnéticos estáticos, que podem levar a potenciais efeitos patológicos (FORMICA;
SILVESTRI, 2004).
195
embasada no amor e na competência que exerce.
196
CAPÍTULO VII
Enfermidades Psicológicas
Depressão • Suicídio
I – Depressão
197
Seu antídoto depende do esforço e do bom uso do livre-arbítrio e, apesar
de ativar reações biológicas, seu início é psíquico.188
Nota: O “contágio psíquico” é fruto da somatização causada pelo con-
vívio coletivo; quanto maior o número de pessoas depressivas, maior a
faixa vibracional afetada, e, consequentemente, essa reação cresce em
progressão geométrica. Um exemplo claro desse fato é que, se voltar-
mos 150 anos, não havia tantas pessoas depressivas em comparação às
que encontramos nos dias atuais.189 Sendo assim, é muito importante
combatermos a negatividade com a positividade e contagiarmos o orbe
terrestre com boas vibrações e bons pensamentos.
188 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, item 25: “Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera
por vezes de vossos corações, e vos faz sentir a vida tão amarga? É o vosso Espírito que aspira à
felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, se cansa em vãos esforços para
escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influ-
ência, com a languidez, o abatimento e uma espécie de apatia, que de vós se apoderam, tornando-vos
infelizes. [...]” – François de Genève
189 Segundo Klerman (1988), existem algumas tendências que foram documentadas, dentre elas, o
aumento e a prevalência da depressão, particularmente após a Segunda Guerra Mundial. De acordo
com Twenge (2020), entre 2011 e 2017-18, os índices de depressão durante a adolescência nos Esta-
dos Unidos aumentaram em ao menos 60%, com um acréscimo maior entre as garotas.
190 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, item 25: “[...] Acreditai no que vos digo e resisti com
energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações de uma vida melhor são
inatas no Espírito de todos os homens, mas não a busqueis neste mundo. Agora, que Deus vos envia
os seus Espíritos, para vos instruírem sobre a felicidade que vos está reservada, esperai pacientemente
o anjo da libertação, que vos ajudará a romper os laços que mantêm cativo o vosso Espírito. Pensai
que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que já não podeis duvidar, seja
pelo devotamento à família, seja no cumprimento dos diversos deveres que Deus vos confiou.
E se, no curso dessa prova, no cumprimento de vossa tarefa, virdes tombarem sobre vós os cuidados,
as inquietações e os pesares, sede fortes e corajosos para os suportar. [...]” – François de Genève
198
440. Que tipos de pensamentos podem dar início a uma depressão?
— Pensamentos ruins, melancólicos e sem utilidade, mas eles podem ser
corrigidos e remodelados de acordo com o esforço do enfermo e auxílio de
todos os que estão à sua volta.
Nota: Já é de vosso conhecimento o poder do pensamento: a neces-
sidade de vigiá-lo e conduzi-lo a um cenário positivo é crucial para o
desenvolvimento do espírito e seu bem-estar (conforme visto na nota de
rodapé n.º 173).
199
seu discernimento alterado com muito mais dinâmica. Pode projetar um quadro
depressivo pela falha de comportamento dos seus familiares, ou por disfunções
genéticas ou mentais, ou, ainda, por rebuscar vivências de encarnações passadas
de modo inconsciente.
Tão importante quanto identificar as causas é saber lidar com elas. De-
pressão é um buraco no caminho, porém, pode ser superada com a conduta
correta, amor, carinho e paciência. Para quem sofre, não está tudo bem, para
quem cuida, deve acreditar que vai ficar.
II – Suicídio
191 O Livro dos Espíritos, questão 642: “Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e
assegurar uma situação futura? — Não; é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada
um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.”
192 O que é o Espiritismo, capítulo I, Segundo diálogo – Loucura, suicídio e obsessão: “[...] o Espiritismo
[...] bem compreendido constitui um preservativo contra a loucura e o suicídio. Entre as causas mais
numerosas de excitação cerebral, devem-se contar as decepções, as desgraças, os afetos contrariados,
causas essas que são, também, as mais frequentes do suicídio. [...]”
200
A vida espiritual é concebida para a eternidade, diferentemente da vida
material, que, por ser perecível, depende dos vossos comportamentos para a
durabilidade a que vos foi confiada.
193 O Livro dos Espíritos, questão 662, nota explicativa de Kardec: “Possuímos em nós mesmos, pelo
pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera
corpórea. A prece por outros é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar os bons
Espíritos em auxílio daqueles por quem pedimos, a fim de lhe sugerirem bons pensamentos e lhe
darem a força necessária para o corpo e a alma. [...]”
194 De acordo com a Organização Mundial de Saúde (apud WHO, 2019), o suicídio é um sério pro-
blema de saúde pública global. Aproximadamente 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano,
sendo essa a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, de ambos os sexos. Carballo et al.
(2019) reuniram literatura científica relevante abordando fatores de risco psicossociais para suicídio
de crianças e adolescentes. A revisão identificou três fatores principais que parecem aumentar o ris-
co: fatores psicológicos (depressão, ansiedade, tentativa anterior de suicídio, uso de drogas e álcool
e outros transtornos psiquiátricos comórbidos), eventos de vida estressantes (problemas familiares e
conflitos) e traços de personalidade (como neuroticismo e impulsividade).
201
em suas mentes vieses negativos, que as levarão, em seguida, às más
escolhas. Para combater o sugestionamento negativo, basta praticar o
positivo.195
195 Através de vários estudos, Twenge (2020) defende que adolescentes e jovens adultos que pas-
sam mais tempo utilizando mídias digitais reportam um bem-estar psicológico inferior, incluindo
menor bem-estar psicológico geral (TWENGE; CAMPBELL, 2019), menor satisfação com a vida
(BOOKER et al., 2015), menos felicidade (TWENGE; MARTIN; CAMPBELL, 2018a), mais senti-
mentos de solidão e isolamento social (PRIMACK et al., 2017) e mais depressão (KELLY et al., 2019;
LIN et al., 2016; TWENGE; CAMPBELL, 2018b). Essas associações são frequentemente considera-
das; por exemplo, adolescentes que passam cinco ou mais horas ao dia (versus uma hora) em disposi-
tivos eletrônicos são 66% mais propensos a ter ao menos um fator de risco para suicídio, e usuários
intensos de internet têm duas vezes mais chances de ficar infelizes em relação aos que fazem menor
uso (TWENGE et al., 2017; TWENGE; MARTIN; CAMPBELL, 2018a). Similarmente, Kelly et al.
(2019) encontraram uma duplicação na depressão de não usuários comparados aos mais frequentes
utilizadores de mídia social.
196 O Livro dos Espíritos, questão 376: “Qual a razão por que a loucura leva algumas vezes ao suicídio?
— O Espírito sofre pelo constrangimento a que está submetido e pela impotência de manifestar-se
livremente. Por isso, busca libertar-se por intermédio da morte.”
197 O Livro dos Espíritos, questão 469: “Por que meio se pode neutralizar a influência dos maus Espí-
ritos? — Fazendo o bem e colocando toda a vossa confiança em Deus, repelis a influência dos Espí-
ritos inferiores e destruís o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de escutar as sugestões
dos Espíritos que suscitam em vós os maus pensamentos, que insuflam a discórdia e excitam em vós
todas as más paixões. Desconfiai sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho, porque eles vos atacam
na vossa fraqueza. Eis porque Jesus vos faz dizer na oração dominical: ‘Senhor, não nos deixeis cair
em tentação, mas livrai-nos do mal!’”
202
451. Os trabalhos de desobsessão podem evitar o suicídio, afastando
os espíritos obsessores?
— Não, a desobsessão é temporária. A realização das reformas íntimas e
verdadeiras mudanças é que permitirão aos encarnados modificarem suas atitu-
des, pensamentos e vibração.
Nota: É um exagero pensar que um trabalho de desobsessão evitará um
suicídio; apesar de auxiliar a aliviar a carga temporária, as reformas ín-
timas são imprescindíveis para esse processo. Assim como Hipócrates,
pai da medicina, ensinou, antes de curar alguém, pergunta-lhe se está
disposto a desistir das coisas que o fizeram adoecer.198
198 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVIII, item 81: “[...] A uma causa física, opõe-se uma
força física; a uma causa moral, é necessário opor uma força moral. Para preservar das doenças, for-
tifica-se o corpo; para garantir contra a obsessão, é necessário fortificar a alma. Disso resulta que o
obsedado precisa trabalhar pela sua própria melhoria, o que na maioria das vezes é suficiente para o
livrar do obsessor [...]”
199 O Livro dos Espíritos, questão 946-a: “Os que levaram o desgraçado a esse ato de desespero sofre-
rão as conseqüências disso? — Oh! Infelizes deles! Porque responderão como por um assassínio.”
203
o encarnado for, mais as más ações ficarão gravadas nele; quanto menos mate-
rializado, menos ficarão.200
200 O Livro dos Espíritos, questão 155-a, nota explicativa de Kardec: “[...] É lógico admitir que quanto
mais o Espírito estiver identificado com a matéria, mais sofrerá para separar-se dela. Por outro lado,
a atividade intelectual e moral e a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento,
mesmo durante a vida corpórea, e quando a morte chega é quase instantânea. Este é o resultado dos
estudos efetuados sobre todos os indivíduos observados no momento da morte. Essas observações
provam ainda que a afinidade que persiste, em alguns indivíduos, entre a alma e o corpo, é às vezes
muito penosa, porque o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso é excep-
cional e peculiar a certos gêneros de morte, verificando-se em alguns suicídios.”
201 O Céu e o Inferno – Segunda Parte, capítulo V, O pai e o conscrito, Observações: “[...] Esta lhe foi
dada visando deveres a cumprir na Terra, razão bastante para que não a abrevie voluntariamente, sob
pretexto algum. Mas ao homem – uma vez que tem o seu livre-arbítrio – ninguém impede a infração
dessa lei. Sujeita-se porém às suas consequências. [...]”
204
to, Deus, em Sua misericórdia infinita, não deixa desamparado nenhum de seus
filhos. Ao suicidar- se, os fluidos vitais que antes animavam o corpo do suicida
se dirigem, agora, para demais seres da cadeia natural de subsistência e fazem
com que esses encarregados dos processos de decomposição devolvam ao pla-
neta tais fluidos, já processados, em forma de energia e matéria orgânica, para
que, dessa forma, possam alimentar e fazer a manutenção da vida de outros se-
res. Não é de forma matemática; os planos de Deus são muito mais complexos
do que imaginais. “Tudo na natureza se encadeia [...]”202 de forma harmônica,
e mesmo o exercício e o mau uso do livre-arbítrio são utilizados por Deus para
ajudar toda a Sua criação.
205
portante que o modo como seremos vistos perante a lei divina é como
agiremos para alcançar uma evolução maior através dela.
Irmãos, conforme já vos foi dito, ajudai-nos a ajudar-vos; da mesma
forma que a natureza depende da transformação para progredir, o ho-
mem dependerá de suas mudanças para aprimorar-se. Não temais o tro-
peço ou a falta, aprendei a caminhar, a fim de tropeçar cada vez menos
e seguir no caminho do bem.
459. Como lidar com o luto pelo suicídio de uma pessoa querida?
— Todo processo de luto exige paz e compreensão;205 o amor intenciona-
do através das palavras corretas pode e deve auxiliar os que sofrem a perda de
um ente querido.206 Onde houver amor, haverá esperança e o entendimento de
205 Estudos demonstram que quatro prognósticos cognitivos (características de memória, avaliações
negativas, estratégias de enfrentamento, resiliência do luto) foram significativamente associados à in-
tensidade do luto no decorrer do período analisado (SMITH; EJLERS, 2020). Embora a maioria dos
indivíduos sob luto termine por se adaptar à perda de um ente querido com mais ou menos sucesso,
uma minoria significativamente identificável experimentará luto crônico e incapacitante. O diagnós-
tico de transtorno por luto prolongado tem o potencial de melhorar a detecção e tratamento eficaz
de causa substancial de morbidade entre pessoas que sofreram a perda de uma pessoa importante
(PRIGERSON et al., 2009).
206 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVIII, item 72: “Sabemos qual a sorte que espera os
que violam a vossa lei, Senhor, para abreviar voluntariamente os seus dias! Mas sabemos também
que a vossa misericórdia é infinita. [...] E possam as nossas preces e a vossa comiseração abrandar as
amarguras dos sofrimentos que suporta, por não ter tido a coragem de esperar o fim das suas provas!
Bons Espíritos, cuja missão é assistir os infelizes, tomai-o sob a vossa proteção; inspirai-lhe o remorso
pela falta cometida, e que a vossa assistência lhe dê a força de enfrentar com mais resignação as novas
provas que terá de sofrer, para repará-la. [...]”
206
que, apesar de a carne ser perecível, o espírito é eterno e está em constante aprendi-
zagem, transformação e crescimento, que o levarão ao progresso. Portanto, indepen-
dentemente do tempo que leve, todos nós temos de prosseguir e confiar no tempo
de Deus, para que tudo se resolva da forma mais amena e natural.
207
Parte terceira
A Moral
CAPÍTULO I
Moral dos Homens
CAPÍTULO II
Sexualidade, Sexo e Moral
CAPÍTULO III
A Consciência
CAPÍTULO IV
Flagelos Destruidores
CAPÍTULO V
As Penas Futuras
208
CAPÍTULO I
I – Moral e evolução
209
Aquele que levar vantagem na Terra já terá tido sua recompensa e, ao
adentrar o plano espiritual, não terá nada mais a receber.207
A moral é um dos alicerces da evolução, garantindo que toda uma socie-
dade evolua, e não apenas um indivíduo. Quando é bem formada, bem consti-
tuída, pode transformar positivamente uma nação, entretanto, quando é falha,
pode levá-la ao caos e à destruição.
Hoje não há o uso de armas nucleares, todavia, a humanidade vive uma
guerra moral sem precedentes. É necessário entender o prejuízo coletivo causa-
do ao beneficiar-se com o que é de direito do próximo. A mudança do planeta
começa através de cada indivíduo, e aqueles que têm poder na Terra neste ins-
tante são um reflexo de sua própria moral momentânea.
II – A moral
210
462. Os princípios morais são universais?
— Os princípios morais são, já a prática desses princípios, não. Apesar de
a sociedade definir a moralidade em sua respectiva época, as práticas variam de
acordo com a evolução individual.209
209 O Livro dos Espíritos, questão 636: “O bem e o mal são absolutos para todos os homens? — A lei
de Deus é a mesma para todos: mas o mal depende, sobretudo, da vontade que se tenha de fazê-lo.
O bem é sempre bem e o mal sempre mal, qualquer que seja a posição do homem; a diferença está
no grau de responsabilidade.”
210 O Livro dos Espíritos, questão 621: “Onde está escrita a lei de Deus? — Na consciência.”; questão
621-a: “Desde que o homem traz na consciência a lei de Deus, que necessidade tem de que lha reve-
lem? — Ele a havia esquecido e desprezado: Deus quis que ela lhe fosse lembrada.”
211 O Livro dos Espíritos, questão 791: “A civilização se depurará um dia, fazendo desaparecer os males
que tenha produzido? — Sim, quando a moral estiver tão desenvolvida quanto a inteligência. O fruto
não pode vir antes da flor.”
212 O Livro dos Espíritos, questão 647: “Toda a lei de Deus está encerrada na máxima do amor ao pró-
ximo ensinada por Jesus? — Certamente essa máxima encerra todos os deveres dos homens entre si;
mas é necessário mostrar-lhes a aplicação, pois do contrário podem negligenciá-la, como já o fazem
hoje. Aliás, a lei natural compreende todas as circunstâncias da vida e essa máxima se refere apenas a
um dos seus aspectos. Os homens necessitam de regras precisas. Os preceitos gerais e muito vagos
deixam muitas portas abertas à interpretação.”
211
466. Jesus, quando disse que “Tudo o que quereis que os homens
vos façam, fazei-o vós a eles [...]” (Mt 7:12), resumiu todo o princípio
moral?
— Todo, não, mas grande parte dele; o princípio moral não está apenas
em realizar aos outros aquilo que desejais, mas também em desejar com maior
pureza; esse processo leva tempo, porém, faz parte da evolução.213
213 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XI, item 4: “[...] Não se pode ter, neste caso, guia mais
seguro do que tomando como medida do que se deve fazer aos outros o que se deseja para si mesmo.
Com que direito exigiríamos de nossos semelhantes melhor tratamento, mais indulgência, benevolên-
cia e devotamento, do que lhes damos? A prática dessas máximas leva à destruição do egoísmo. [...]”
212
toda a sociedade, concluímos que uma atitude isolada acabará influenciando
todas as outras.
O desenvolvimento moral é uma busca incessante de todos os espíritos,
entretanto, não ceder às tentações e facilidades que a vida encarnada traz é uma
prova difícil, exigindo desprendimento material e convicção nos valores pro-
postos por Cristo.
Podemos absorver aquilo que está correto no planeta e tentar modificar o
que não está exercitando os valores intrínsecos em nossa consciência.
Não devemos nos embasar nos maus exemplos para definir nossos pró-
prios valores. Não é porque alguém é imoral que temos o direito de sê-lo. Em
verdade, temos o dever de fazer nossa parte, transformando a moral daqueles
com quem convivemos através do exemplo.
214 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 8: “A virtude, no seu grau mais elevado,
abrange o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, ca-
ridoso, trabalhador, sóbrio, modesto, são as qualidades do homem virtuoso. [...] A virtude realmente
digna desse nome não gosta de exibir-se. Temos de adivinhá-la, mas ela se esconde na sombra, foge
à admiração das multidões. [...]” – François-Nicolas-Madeleine
215 O Livro dos Espíritos, questão 893: “Qual a mais meritória de todas as virtudes? — Todas as virtu-
des têm o seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtude sem-
pre que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências; mas a sublimidade da virtude
consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais
meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.”
213
469. A vivência moral tem o poder de conduzir a pessoa à plena re-
alização?
— Plena, não. A plenitude é uma busca que depende de diversos fatores,
a moral, entre eles; no entanto, não se sujeita apenas a ela. Existem outras vir-
tudes imprescindíveis para a realização plena, como, por exemplo, o intelecto
e o amor.
216 O Livro dos Espíritos, questão 121: “Por que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem, e ou-
tros o do mal? — Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e
ignorantes, ou seja, tão aptos para o bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por
sua vontade.”
217 O Livro dos Espíritos, questão 784: “A perversidade do homem é bastante intensa, e não parece que
ele está recuando, em lugar de avançar, pelo menos do ponto de vista moral? — Enganas-te. Observa
bem o conjunto e verás que ele avança, pois vai compreendendo melhor o que é o mal, e dia a dia
corrige os seus abusos. É preciso que haja excesso do mal, para fazer-lhe compreender a necessidade
do bem e das reformas.”
218 O Livro dos Espíritos, questão 779: “O homem tira de si mesmo a energia progressiva ou o progres-
so não é mais do que o resultado de um ensinamento? — O homem se desenvolve por si mesmo,
naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; é então que os mais
adiantados ajudam os outros a progredir, pelo contato social.”
214
Dai aos outros aquilo que um dia vos foi dado, pois “é dando que se re-
cebe.”219
O verdadeiro tesouro
O verdadeiro valor do homem não está em sua toga ou em seus bens, mas
em sua moral, comportamento e bondade. Envolvido por séculos de ganância,
avareza e luxúria, o homem vem conduzindo-se por caminhos não louváveis
em busca do material, perdendo o foco do que realmente importa na constru-
ção da ética social.
As disparidades entre as posses de bens materiais ecoaram por séculos em
divergências e distinções na forma de amar os irmãos. Abandonastes os ensina-
mentos exemplificados por Cristo e até mesmo as leis de Deus e, inundados de
orgulho e egoísmo, buscais incansavelmente o perecível.
Prosperar materialmente é apenas uma ferramenta de evolução do espírito
219 At 20:35 – “Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir os fracos e
lembrar-se das palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: ‘É maior felicidade dar do que
receber!’”. Conhecida popularmente como “Prece da Paz”, ou “Prece de São Francisco” – autoria
anônima.
220 O Céu e o Inferno – Primeira Parte, capítulo XI, item 14: “[...] O culto religioso que estiver de posse
da verdade absoluta nada terá a temer da luz, porque a luz fará ressaltar a verdade [...].”; O Evangelho
segundo o Espiritismo, capítulo VIII, item 10: “[...] A finalidade da religião é conduzir o homem a Deus.
Mas o homem não chega a Deus enquanto não se fizer perfeito. Toda religião, portanto, que não
melhorar o homem, não atinge a sua finalidade. [...]”
215
disponibilizada por Deus, no entanto, infelizmente, tornou-se o principal obje-
tivo atual de alguns encarnados, fazendo-os se esquecerem de que o verdadeiro
reino não é o material.
Felizes daqueles que enxergam os verdadeiros valores e interpretam corre-
tamente o sentido do progresso. Estes receberão o reflexo de suas boas ações,
na alegria e prosperidade de seus irmãos. Possuir riquezas na Terra é uma enor-
me responsabilidade, pois, para progredir e sustentar o progresso alheio através
da caridade, é necessário despretensão e discrição.
Ai daqueles que têm como principal objetivo de existência as recompensas
materiais e se esquecem da responsabilidade de compartilhar com aqueles que
menos possuem. Estes vivenciarão a verdadeira “pobreza” na erraticidade e,
então, perceberão que o outrora “valioso” agora não possui valor algum. “Fora
da caridade, não há salvação.”
A compreensão dos desígnios de Deus, interpretando que, de acordo com
a Justiça Divina, vivenciareis múltiplas experiências carnais e espirituais,
vos fará enxergar que, se hoje sois os provedores, amanhã sereis os ne-
cessitados. Amar ao próximo incondicionalmente, compartilhar e abrir mão
do egoísmo, é amar a Deus.
Conquistai com esforço, compartilhai sem pretensão, e recebereis por me-
recimento.
Paulo de Tarso
Matão, 5 de junho de 2020.
IV – A mulher no mundo
216
questionaria o valor da mulher, pois ela é a única capaz de gerar a vida e, em al-
guns casos, sem sequer precisar da ajuda masculina. Contudo, há uma diferença
entre racionalizar e praticar essa igualdade; esta, nós, espíritos, acreditamos que
deva ser o centro de vossa atenção, doravante. Um dia, entendereis que vossas
existências ocorrem em ambos os sexos; portanto, é imprescindível respeitardes
as diferenças físicas em prol da igualdade espiritual.
217
com inferioridade?
— As desigualdades que habitam o mundo não são oriundas de Deus, mas
das más escolhas dos homens. Por conseguinte, quaisquer desigualdades são
temporárias; posteriormente, a evolução certamente as liquidará.
221Ex 20:12 – “Honra teu pai e tua mãe, para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o
Senhor, teu Deus.”
218
lidade é mera construção social?
— Conforme já dissemos, é natural, porém não essencial; o respeito, por
sua vez, é indispensável a qualquer espírito, independentemente do sexo que
ocupe no corpo físico.
485. Há prejuízo espiritual para as mulheres que optam por não se-
rem mães?
— Não, é apenas uma escolha, desde que tenham feito essa opção por
razões justas e que não remetam ao egoísmo.
A. E para as que entregam seus filhos para adoção?
— Sim. Não podeis destinar a outrem uma responsabilidade que vos per-
tence, e, independentemente do quanto ela pareça ser, sob algumas circuns-
tâncias, mais árdua aos vossos olhos, assumir tal responsabilidade sempre será
possível aos olhos de Deus.
486. Por que nos deparamos com tantos casos de feminicídio, prin-
cipalmente no ambiente familiar?
— Pelos mesmos motivos que vos deparais com tantas outras atrocidades
humanas. A relação familiar potencializa os males e os crimes passionais, pois
o mesmo convívio que permite o afloramento do amor assoma, quando mal-
-intencionado, o ódio oriundo do egoísmo. Para vos aproximardes de Deus a
ponto de enxergar todos como irmãos, será necessário despirdes dessas vestes
que vos corrompem.
219
487. A alta taxa de feminicídio atual é mera consequência da desi-
gualdade de gênero, que sempre existiu, ou é reforçada pelos meios de
comunicação e pelo sistema ineficaz de leis?
— Uma e outra coisa. As leis e os meios de comunicação da Terra tendem
a se aprimorar com o caminhar do processo evolutivo, até o momento em que
não serão mais necessários. Em um mundo evoluído, as leis que imperam são
as de Deus, e a consciência já cumpre as funções de ponderação e de equilíbrio
na ordem universal.
489. Por que a omissão da sociedade é tão comum nos casos de vio-
lência contra a mulher?
— O egoísmo ainda prevalece na maioria dos encarnados neste mundo de
provas e expiações, levando-os a não se compadecer da dor do próximo nem se
movimentar para amenizá-la. Portanto, omitir-se é fazer um juízo equivocado:
aquele que se cala diante da injustiça também a está cometendo.
220
do suas dores, a ponto de não praticardes ao próximo aquilo que vos ofende.
B. Devemos denunciar a violência cometida mesmo sem elas con-
sentirem?
— Não praticais o mal sem consentimento? Fazei da mesma forma com
o bem.
V – Moral coletiva
Panteísmo
221
491. Podemos considerar as leis morais como instruções direciona-
das a toda a humanidade?
— Não. As leis de Deus são as principais instruções para a humanidade.
Quanto às leis morais, por serem mutáveis, são direcionamentos momentâneos,
sujeitos a constantes alterações222 (conforme visto nas questões 460 e 461).
222 O Livro dos Espíritos, questão 615: “A lei de Deus é eterna? — É eterna e imutável, como o próprio
Deus.”; questão 616: “Deus teria prescrito aos homens, numa época, aquilo que lhes proibiria em
outra? — Deus não se engana; os homens é que são obrigados a modificar as suas leis, que são im-
perfeitas, mas as leis de Deus são perfeitas. A harmonia que regula o Universo material e o Universo
moral se funda nas leis que Deus estabeleceu por toda a eternidade.”
223 O Livro dos Espíritos, questão 793: “Por que sinais se pode reconhecer uma civilização completa?
— Vós a reconhecereis pelo desenvolvimento moral. Acreditais estar muito adiantados por terdes
feito grandes descobertas e invenções maravilhosas; porque estais melhor instalados e melhor vesti-
dos que os vossos selvagens; mas só tereis verdadeiramente o direito de vos dizer civilizados quando
houverdes banido de vossa sociedade os vícios que a desonram e quando passardes a viver como
irmãos, praticando a caridade cristã. Até esse momento, não sereis mais do que povos esclarecidos, só
tendo percorrido a primeira fase da civilização.”
224 O Livro dos Espíritos, questão 685-a, nota explicativa de Kardec: “[...] Há um elemento que não se
ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação
intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de for-
mar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos. [...]”
225 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XV, item 3: “Toda a moral de Jesus se resume na caridade
e na humildade, ou seja, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. [...] Bem-aventurados,
diz Ele, os pobres de espírito – quer dizer: os humildes – porque deles é o Reino dos Céus; bem-a-
venturados os que têm coração puro; bem aventurados os mansos e pacíficos; bem-aventurados os
misericordiosos. [...] Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar, e o de que ele mesmo
dá o exemplo. [...]”
222
VI – Moral e a sociedade
226 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XI, item 12: “[...] O Cristo nunca se esquivava: aqueles
que o procuravam, fosse quem fossem, não eram repelidos. [...] Quando, pois, o tomareis por modelo
de todas as vossas ações? [...] Começai por dar o exemplo vós mesmos. Sede caridosos para com to-
dos, indistintamente. Esforçai-vos para não atentar nos que vos olham com desdém. Deixai a Deus
cuidar de toda a justiça, pois a cada dia, no seu Reino, Ele separa o joio do trigo. O egoísmo é a nega-
ção da caridade. Ora, sem a caridade não há tranquilidade na vida social [...].” – Pascal
227 O Livro dos Espíritos, questão 806: “A desigualdade das condições sociais é uma lei natural? — Não;
é obra do homem e não de Deus; questão 806-a: “Essa desigualdade desaparecerá um dia? — Só as
leis de Deus são eternas. Não a vês desaparecer pouco a pouco, todos os dias? Essa desigualdade
desaparecerá juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo, restando tão somente a
desigualdade do mérito. [...]”
223
A. Quais as consequências dessa guerra moral?
— Perdas e destruição. Sendo a moral um dos principais valores da evolu-
ção, as perdas são inestimáveis.
224
apenas para convosco, mas também para com vossos semelhantes e tutelados;
as crianças e jovens refletirão aquilo que exemplificardes.
O futuro do planeta depende de vossas ações mais singelas. Não é apenas
questão religiosa, mas também necessidade de evolução.
Sabendo que hoje vos encontrais em vossa melhor versão, conseguiríeis
imaginar o que fostes no passado? Tal compreensão não explicaria vosso sofri-
mento?
É fundamental que possamos adquirir a resiliência necessária para conti-
nuar firmes durante tempestades da vida, pois, como já foi dito pelo homem:
“Toda tempestade tem como propósitos gerar a calmaria e formar bons mari-
nheiros.”
Um Espírito Protetor
Matão, 10 de julho de 2019.
225
CAPÍTULO II
I – Sexualidade
O tema “sexualidade” não deve ser um tabu ou um paradigma, entretanto,
deve ser tratado com a devida cautela, especialmente na vida infantil, quando o
espírito está mais suscetível à influência e à condução moral.
Ao mencionarmos, neste momento, um tema tão evitado por todas as
doutrinas e religiões existentes, em nenhum instante, tivemos a intenção de ferir
ou ofender os irmãos, mas apenas de instruí-los para o caminho correto.
Amparados pelas leis de Deus e repletos de amor e boas intenções, de-
sejamos que todos possam ter a oportunidade de seguir o caminho do bem,
diminuindo o julgamento e aperfeiçoando-se moral e intelectualmente.
500. Há uma razão para que cada indivíduo encarne com determi-
nado sexo?
— Certamente, há uma razão para tudo o que acontece dentro e fora do uni-
verso. Muitas vezes, vós mesmos escolhestes com qual sexo gostaríeis de vir.228
228 O Livro dos Espíritos, questão 202: “Quando somos Espíritos, preferimos encarnar num corpo
de homem ou de mulher? — Isso pouco importa ao Espírito; depende das provas que ele tiver de
sofrer.”; nota explicativa de Kardec: “Os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres, porque não
têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, oferece-lhes provas
e deveres especiais e novas ocasiões de adquirir experiências. [...]”
226
501. Caso a banalização do sexo continue a atingir o público jovem,
quais serão as consequências?
— Quantas crianças não serão influenciadas? Quais serão os reflexos para
o futuro? Não se tratar do assunto com o devido respeito e discrição poderá
afetar o futuro do planeta. Não deveríeis ser tão egoístas a ponto de não pensar
em vossos irmãos.
Além disso, seria insanidade acreditar que os jovens são os únicos respon-
sáveis pela banalização. O jovem de hoje é o espelho de sua criação, das regras
ou da falta delas; portanto, quando na análise das falhas em vossos filhos, olhais
internamente, pois tendes responsabilidades equivalentes.
II – Educação sexual
227
502. Como os espíritos acreditam que deveríamos introduzir o
aprendizado sobre a sexualidade na infância?
— De forma a acompanhar a evolução moral coletiva. Elaborando e aper-
feiçoando, através da moral, o livre-arbítrio de cada pequeno ser. Lembrando
que a sexualidade é despertada naturalmente. É instintiva e necessária para a
perpetuação da espécie humana, hoje já intelectualizada, contudo, intrinseca-
mente animal.229
III – Aborto
229 A Gênese, capítulo X, item 26: “Do ponto de vista corporal e puramente anatômico, o homem per-
tence à classe dos mamíferos, da qual não difere senão por alguns detalhes da forma exterior; quanto
ao mais, tem a mesma composição química que os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e
os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução [...].”
230 O Livro dos Espíritos, questão 358: “O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época
da concepção? — Há sempre crime, quando se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer pessoa,
cometerá sempre um crime ao tirar a vida da criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir
a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.”
228
Ninguém é mãe ou filho por casualidade. A lei divina é sábia e tem como
principal meta corrigir ou atenuar sofrimentos. A lei de causa e efeito gera res-
ponsabilidades por todos os vossos atos, desta e de outras encarnações. Inter-
romper a reencarnação de um espírito, mesmo decorrente de um estupro, não
é correto: somente trará mais dor e ampliará o sofrimento dos envolvidos. A
preservação da vida diante da dor da violência é um ato de amor. Que possais
sempre combater o mal com o amor, por mais difícil que seja.
IV – Adoção
229
Uma hora, sois o adotado, outra, o tutor, e esse ciclo de ensinar e aprender
é que constrói vosso espírito com a bagagem necessária para evoluir.
No futuro, tereis a capacidade de amar ao próximo de forma mais pura e
enxergar todos como família; percebereis que o maior auxílio que existe é fruto
da ajuda outrora ofertada aos vossos semelhantes.
510. Como explicar para a criança que ela é adotada? Existe uma
idade ideal?
— Essa conduta dependerá de cada tutor, não podemos definir uma ma-
231 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 8: “[...] Os verdadeiros laços de família não
são, portanto, os da consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem
os Espíritos, antes, durante e após a encarnação. De onde se segue que dois seres nascidos de pais
diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. [...]”
Mc 3:20-21, 31-35 – “Dirigiram-se em seguida a uma casa. Aí afluiu de novo tanta gente, que nem
podiam tomar alimento. Quando os seus o souberam, saíram para o reter; pois diziam: — Ele está
fora de si. Chegaram sua mãe e seus irmãos e, estando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Ora,
a multidão estava sentada ao redor dele; e disseram-lhe: — Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te
procuram. Ele respondeu- lhes: — Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, correndo o
olhar sobre a multidão, que estava sentada ao redor dele, disse: — Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”
232 O que é o Espiritismo, capítulo II, questão 122: “Se as almas são independentes, de onde procede
o amor dos pais para com os filhos e vice-versa? — Os Espíritos reúnem-se por simpatia, e o nasci-
mento em tal ou qual família não é um efeito de mero acaso. Depende, isto sim, e as mais das vezes,
da escolha do Espírito, que se reúne àqueles a quem amou no mundo espiritual ou em existências
anteriores. [...]”
233 O Livro dos Espíritos, questão 886: “Qual é o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a en-
tende Jesus? — Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão
das ofensas”; nota explicativa de Kardec: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça,
porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito. [...]”
230
neira correta ou época específica para noticiar. Porém, a verdade é sempre o
melhor caminho, e tão importante quanto o momento adequado é o aprimora-
mento da forma. Com o passar do tempo e evolução da humanidade, as ado-
ções tornar-se-ão algo natural, não haverá mais paradigmas, e esse gesto será
visto unicamente com bons olhos, tanto pela sociedade quanto pelo adotado.
234 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XV, item 10: “[...] Submetei todas as vossas ações ao
controle da caridade, e a vossa consciência vos responderá: não somente ela evitará que façais o mal,
mas ainda vos levará a fazer o bem. Porque não basta uma virtude negativa, é necessário uma virtude
ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre existe a ação da vontade; para se praticar o mal, basta as mais
das vezes a inércia e a negligência. [...]” – Paulo de Tarso
235 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 8: “[...] Há, portanto, duas espécies de famílias:
as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. As primeiras, duradouras, fortifi-
cam-se pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das diversas migrações da
alma. As segundas, frágeis como a própria matéria, extinguem-se com o tempo, e quase sempre se
dissolvem moralmente desde a vida atual. [...]”
231
CAPÍTULO III
A Consciência
O consciente • Consciência ou conveniência? • Moral e consciência • Mente e cérebro
• Obsessão pela beleza física • Os mecanismos da psicologia e do psiquismo
I – O consciente
232
“A consciência”, na Introdução desta obra).
A. Em que instante há o despertar da consciência?
— Na transição da fase animal. Cada indivíduo ao seu tempo (conforme visto
na questão 21).
A consciência é o maior regulador do planeta, é a única ferramenta
capaz de controlar o livre-arbítrio e alterar o plano evolutivo de cada ser.
Nota: O ser humano, ao renascer, vem dotado de instintos, amparados
por processos orgânicos e biológicos, afiançados pela natureza, desen-
volvidos em muitas e muitas encarnações. Inserido o homem em um
mundo de relações complexas, esses instintos já não são mais suficientes
para expressar seus pensamentos, sentimentos, sensações, criatividade,
imaginação. Além disso, as ações humanas, antes impulsivas, agora são
intencionais e conscientes, por terem passado por processos de apren-
dizagem tanto individual quanto coletiva; sua relação com a natureza e
com seus semelhantes se dá através do trabalho, como atividade cons-
ciente e articulada às suas necessidades. Assim se processa a humani-
zação: o uso de instrumentos mediadores entre os seres humanos, que
determinam a passagem dos processos puramente naturais e instintivos
para os do desenvolvimento da consciência.
Nada ocorre aleatoriamente, e sim, por meio de condições históricas
e culturais, que serão aperfeiçoadas e requalificadas de acordo com a
amplitude da compreensão. Ora, pode-se chegar a tal situação de apri-
moramento da consciência que esta seja capaz de direcionar as ações
do encarnado a ponto de levá-lo a dar saltos qualitativos em sua jorna-
da evolutiva, inclusive dotando-o de um controle muito mais assertivo
sobre seu livre-arbítrio. Vale ressaltar que a ampliação da consciência
não é um processo linear e igualitário no escopo humano. O estudo e
o entendimento, a prática da caridade e do amor, tornam-se primor-
diais fontes de recursos que abastecem a consciência de pertencimento
a um novo estágio de maturidade psíquica e emocional. Há, por que
não dizer, um encontro do ser com a necessidade de sua alma, com o
verdadeiro sentido da vida; o homem passa a sentir o desejo de fazer
a diferença, demonstrar a que foi chamado. Isso aprofunda o senso de
conectividade com o absoluto, ao mesmo tempo em que o liga com
seus iguais e com o todo.
Os seus valores pétreos, os quais trouxe consigo ao reencarnar, e a in-
tuição mais sintonizada com Deus são a base para suas decisões e para
o amar e o doar desapegados. Dar e receber tornam-se à humanidade,
enfim, sinônimos do grande amor de Deus.
233
514. Como podemos aprimorar nossa consciência?
— Abrindo mão do orgulho e do egoísmo, criando a humildade dentro de
vós, aceitando aquilo que vossa voz interior vos indica e realizando as reformas
necessárias para vosso aprendizado com os erros, para que não volteis a come-
tê-los.
236 O Livro dos Espíritos, questão 992: “Qual é a consequência do arrependimento no estado corpó-
reo? — Adiantar-se ainda na vida presente, se houver tempo para a reparação das faltas. Quando a
consciência reprova e mostra uma imperfeição, sempre se pode melhorar.”
237 O Livro dos Espíritos, questão 991: “Qual é a consequência do arrependimento no seu estado espiri-
tual? — O desejo de uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições
que o impedem de ser feliz e aspira a uma nova existência, onde possa expiar as suas faltas.”
234
A consciência reparadora
A consciência não veio apenas para nos cobrar; ela veio, também, para
reparar as feridas e arestas em nossos sentimentos mais profundos.
A boa prática e as reformas íntimas constantes permitir-nos-ão ter a paz
de consciência necessária para seguir caminhando, mesmo após os erros e equí-
vocos das mais diversas jornadas encarnatórias.
Sabendo da eternidade do espírito e da superioridade que a consciência
exerce em nossos pensamentos e ações, precisamos despertar o verdadeiro
exercício de melhoria.
Vós conseguis dormir tranquilos com tudo aquilo que vossa consciência
vos diz?
Se ainda não, reformai-vos; caso sim, revede e repensai: nenhum de vós é
tão grande que não tenha nada a melhorar. “Ninguém é tão sábio que não tenha
algo a aprender.” – Blaise Pascal
235
financeiras, viuvez ou lamentos. No entanto, para aqueles que creem na
imortalidade do espírito, na continuidade da vida, chegar à velhice é um
mérito, pois podem, ainda, aproveitar do “cadinho” das atribulações
finais para extrair lições que lhes serão úteis no futuro, além do que o
desencarne não é o fim; ao contrário, é apenas o começo de uma nova
jornada, cuja bagagem estará mais equipada.
238 A Gênese, capítulo III, item 6: “[...] Deus estabeleceu leis cheias de sabedoria, as quais não têm
outra finalidade senão o bem; o homem encontra em si mesmo tudo o que é necessário para segui-las;
seu caminho é traçado por sua consciência, a lei divina está gravada em seu coração. Além disso, Deus
faz lembrar estas leis sem cessar, por seus messias e seus profetas, por todos os Espíritos encarnados
que receberam a missão de esclarecê-lo, moralizá-lo, aperfeiçoá-lo, e nestes últimos tempos, pela mul-
tidão de Espíritos desencarnados que se manifestam em todos os lugares. [...]”
236
II – Consciência ou conveniência?
237
Nota: A moral manifesta-se segundo os valores que são vigentes em
uma sociedade, os quais diferenciam o certo do errado. Geralmente, são
valores atrelados às leis, normas de conduta, tradição e cultura, regendo
uma espécie de acordo de convivência social. A consciência está relacio-
nada à intimidade de cada indivíduo com seu próprio ser, demandando
autoconhecimento. Todas as escolhas e atitudes individuais resultarão
em consequências, e o que nos dá essa visão de sensatez é a consciência,
geradora de ponderação e equilíbrio em relação aos comportamentos
individuais e coletivos.
IV – Mente e cérebro
Espiritismo e Psiquismo
Há inúmeras confusões que pairam no limite entre o Espiritismo e o Psi-
quismo, então, é importante esclarecermos as diferenças.
Nem tudo o que acontece conosco é de caráter espiritual, do mesmo jeito
que nem tudo é psíquico. Saber determinar o limite e as diferenças é importante
para nosso autoconhecimento e consequente evolução.
A maior parte da vida psíquica do indivíduo acontece em um lugar da
mente sem acesso direto: o inconsciente. Nele, habitam diversos pensamentos
e estímulos reprimidos, que se disfarçam através dos sonhos e comportamentos
neuróticos.
Os sonhos são o caminho direto para nosso inconsciente: se não fosse
239 A Gênese, capítulo XVIII, item 2: “[...] o nosso globo, como tudo o que existe, está submeti-
do à lei do progresso. Progride fisicamente pela transformação dos elementos que o compõem, e
moralmente pela purificação dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses dois
progressos se seguem e caminham paralelamente, pois a perfeição da morada está relacionada com a
do habitante. [...]”
238
através deles, tais percepções não sairiam de lá. É claro que eles podem também
ser um acesso e contato com o mundo espiritual (não em todos os casos, apenas
quando houver a necessidade ou a utilidade).
O id corresponde às nossas pulsões e desejos inconscientes, que atuam
em conjunto com nossas outras funções de forma geralmente conflituosa, por-
que o ego (consciente/realidade), sob os imperativos do superego (moral) e as
exigências da realidade, avalia e controla os impulsos do id (fonte de energia
psíquica), satisfazendo-os, adiando-os ou inibindo-os totalmente.
Neste momento, podeis atentar-vos ao poder do id; por ser nossa fonte de
energia psíquica, também é uma das áreas mais importantes a serem domadas
e controladas e que, por consequência, possui o maior potencial de exploração
humana. A percepção de que existe uma fonte de energia psíquica transcende o
mundo orgânico e se perpetua no espiritual, pois, mesmo quando não possuir-
mos mais o cérebro, ainda assim, manteremos nossa mente.
O nosso superego é formado a partir de nossa interação com nossos pais
encarnados, dos quais assimilamos as ordens e proibições (criação). Ele assume
os papéis de juiz e vigia; uma autoconsciência moral; controlando a excelência
dos impulsos do id e colaborando nas funções do ego. Existem, ainda, influ-
ências de espíritos superiores ou protetores em nosso superego, auxiliando em
nossa formação e discernimento para a vida futura.
O superego doma o id, ou seja, reprime os instintos primitivos, com base
em valores morais e culturais. Existe uma grande diferença entre “reprimir” e
“anular”. Ainda assim, todos possuímos um sistema mediador de impulsos ins-
tintivos do id e das nossas exigências do superego, além de outras interferências
espirituais que colaboram nessa mediação – claro que sempre dependente e
ligada à vossa vibração energética.
A pulsão situa-se na fronteira entre o psíquico e o somático; ela represen-
ta, de forma psíquica, os estímulos que se originam no organismo e alcançam a
mente. É diferente do instinto: não é biologicamente predeterminada e é insaci-
ável, pois se relaciona com o desejo, e não com a necessidade.
Portanto, podemos concluir que, apesar de humana e natural, a pulsão
possui alguns aspectos negativos para nosso desenvolvimento moral quando
mal utilizada, pois ofuscamos a necessidade e focamos nos desejos. Apesar de
ter características insaciáveis, com o tempo, desenvolvimento e evolução, a pul-
são torna-se menos evidente.
Sigmund Freud
Matão, 18 de novembro de 2019.
239
A. Existe alguma relação entre os dois?
— Sim, pois o materialismo do cérebro permite o desenvolvimento da
mente enquanto estais encarnados.
Nota: O cérebro é orgânico; é através dele que existe o desenvolvimen-
to mental, portanto, é um instrumento muito importante.
O psiquismo pertence ao espírito, mas utiliza-se do cérebro para seu
desenvolvimento durante a vida material, assim como um encarnado se
utiliza de seu corpo para cumprir suas provas e evoluir.
240 O Livro dos Espíritos – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, item VI: “[...] No seu regresso
ao mundo dos Espíritos a alma reencontra todos os que conheceu na Terra e todas as suas existências
anteriores se delineiam na sua memória, com a recordação de todo o bem e todo o mal que tenha
feito. [...]”
241 Karl Pribam, da Universidade de Stanford, na Califórnia, afirma que a memória não se localiza em
algum ponto específico da estrutura cerebral, mas se distribui de forma igualitária por todo o cérebro,
como um holograma no espaço.
240
— Através dos seus feitos. Tudo o que fazeis ou criais é consequência da
utilização da mente e do pensamento; apesar disso, a ciência ainda não prova
sua potencialidade, apenas a supõe.
242 O Livro dos Espíritos, questão 833: “Há no homem qualquer coisa que escape a todo constrangi-
mento, e pela qual ele goze de uma liberdade absoluta? — É pelo pensamento que o homem goza
de uma liberdade sem limites, porque o pensamento não conhece entraves. Pode-se impedir a sua
manifestação, mas não aniquilá-lo.”
243 O Livro dos Espíritos, questão 834: “O homem é responsável pelo seu pensamento? — Ele é
responsável perante Deus. Só Deus, podendo conhecê-lo, condena-o ou absolve-o, segundo a Sua
justiça.”
241
independentemente de sua essência, são complementares e trabalham em con-
junto.
Portanto, o corpo depende da mente, mas a mente não depende do corpo.
242
A. Como se dá esse processo?
— A interferência ocorre na sinapse, prejudicando os impulsos nervosos
intracelulares.244
244 “No sistema nervoso central, um único neurônio pode receber informação de milhares de outros
neurônios e pode, por sua vez, formar sinapses com milhares de outras células. Vários milhares de
terminais nervosos, por exemplo, fazem sinapses em um neurônio motor médio na medula espinal,
cobrindo quase completamente seu corpo celular e dendritos. Algumas dessas sinapses transmitem
sinais do cérebro ou da medula espinal; outras trazem informações sensoriais dos músculos ou da
pele. O neurônio motor deve combinar a informação recebida de todas essas fontes e reagir dispa-
rando potenciais de ação ao longo do seu axônio ou permanecendo em repouso.” (ALBERTS et al.,
2017, p. 633)
243
VI – Os mecanismos da Psicologia e do Psiquismo
245 Projeção: em teorias psicanalíticas e psicodinâmicas, processo pelo qual a pessoa atribui suas pró-
prias características, afetos e impulsos individuais, positivos ou negativos, a outra pessoa ou grupo.
Isso é frequentemente um MECANISMO DE DEFESA, em que impulsos, estressores, ideias, afetos
ou responsabilidades desagradáveis ou inaceitáveis são atribuídos a outros. Por exemplo, o mecanis-
mo de defesa de projeção permite que uma pessoa com conflitos em relação a expressar raiva mude
do “Eu o odeio” para o “Ele me odeia”. Esses padrões defensivos são frequentemente utilizados para
justificar preconceito ou para fugir de responsabilidades; em casos mais graves, eles podem se desen-
volver para delírios paranoides, nos quais, por exemplo, um indivíduo que culpa os outros por seus
problemas pode vir a acreditar que aqueles outros estão tramando contra ele. Em teoria psicanalítica
clássica, a projeção permite que o indivíduo evite ver seus próprios defeitos, mas o uso moderno,
em grande medida, abandonou o requisito de que o traço projetado permaneça desconhecido ao self
(APA, 2010, p. 745).
244
profundas da mente, sendo utilizado pelo subconsciente humano em momen-
tos de traumas.
Por exemplo, ao ter uma experiência ruim na infância, o ser humano pode
adquirir traumas daquela experiência, temendo sua repetição e evitando, de for-
ma subconsciente, vivenciá-la.
Quanto maior for a evolução humana, mais interiorizado estará o instin-
to, que habita camadas menos ou pouco acessadas, o que diminui, assim, essas
projeções naturais e involuntárias.
A ligação do mundo psíquico com o espiritual é profunda e relevante, e
essas projeções da mente (atributo do espírito, ao contrário do cérebro, que é
atributo do corpo físico) ultrapassam as encarnações, reincidindo em vidas fu-
turas do mesmo ser, porém incubadas pelo grande dom do esquecimento.
O esquecimento desacelera ou até mesmo anula algumas projeções, que
são liberadas, pela Inteligência Suprema, apenas quando houver a necessidade.
Portanto, o ser projeta apenas aquilo que o auxilia de alguma forma a evoluir,
não projetando ocasiões que não teriam nenhuma validade para seu desenvol-
vimento.
Percebe-se, assim, que nossa evolução é prioridade para a Inteligência Su-
prema do Universo, porém, é claro que o esforço é que irá dosar esse processo
natural e inevitável.
Tão importante quanto o autoconhecimento e compreensão da base men-
tal humana é saber como aplicar as melhorias através do uso correto da Psico-
logia e da mente. O uso delas é fundamental para o convívio social e interior
de cada ser, bem como ferramenta indispensável para o desenvolvimento do
espírito. Através delas, somos munidos de diversas ferramentas construtivas,
que permitem que possamos aprimorar nosso modo de pensar, de agir e, espe-
cialmente, de influenciar com boas pretensões outros seres, ajudando-os a se
livrarem de momentos depressivos ou autodepreciativos.
Portanto, é imprescindível ter o autoconhecimento e a boa prática, utili-
zando-se das ferramentas que são oriundas dos pensamentos.
O pensamento e o intelecto permitem-nos desenvolver mecanismos e mé-
todos de auxiliar o próximo através de palavras consoladoras e atitudes carido-
sas.
A caridade é proveniente do pensamento em conjunto com o desenvol-
vimento moral. Este permite que o ser humano possa enxergar questões que
outrora não enxergava, pois, quanto maior a moral, maior será o sentimento de
amor ao próximo.
A moral coletiva é importante para o desenvolvimento de todos de uma
forma acelerada.
A utilização do pensamento como ferramenta de desenvolvimento é com-
plexa e exige diversos aprimoramentos, que ocorrem de maneira natural du-
rante as encarnações. Seres mais esforçados chegam primeiro ao maior desen-
245
volvimento, enquanto seres menos esforçados chegam depois, auxiliados por
aqueles que chegaram anteriormente.
Não podemos confundir mente e cérebro. “Cérebro” é orgânico, ao passo
que “mente” é um atributo do espírito. O cérebro é utilizado pela mente en-
quanto estamos encarnados, ainda assim, quando o cérebro se desliga, a mente
não sofre solução de continuidade; irá ocupar a erraticidade e, posteriormente,
outro corpo orgânico, através de futura encarnação. O cérebro é uma ferramen-
ta da mente, e não vice-versa, portanto, ele depende da mente, mas a mente não
depende dele para a sua continuidade após o desencarne.
Todos nós, estejamos encarnados ou desencarnados, teremos a oportuni-
dade de desenvolver nossa mente, porém, dependerá do nosso livre-arbítrio a
velocidade desse processo. Outro atributo da mente – aliás, o mais importante
– é a consciência.
Ela é o ponto mais desenvolvido da mente humana e permite que o pro-
gresso moral e intelectual possa ser cada vez mais bem aplicado para o bem
comum.
Possuímos atributos na nossa mente que são facilitadores de nosso de-
senvolvimento. A cognição é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento
mental, dentre outras.
Todos esses complexos, porém já conhecidos, mecanismos mentais pos-
suem utilidades evolutivas, e compreendê-los é um processo natural. Isso não
significa que aqueles que ainda não os compreendem não são evoluídos ou
dignos de praticar o bem; todos nós, independentemente do estágio evolutivo,
precisamos apenas de fé, amor e caridade para evoluir.
Sigmund Freud
Matão, 8 de agosto de 2019.
246
CAPÍTULO IV
Flagelos Destruidores
• Pandemias e catástrofes
I – Pandemias e catástrofes
248
— Todo descuido com prévio conhecimento é displicente, entretanto, há
diversos fatores a serem analisados antes de considerarmos um suicídio invo-
luntário. Há diferentes níveis de suicidas; os mais comuns são aqueles que, ape-
sar de não tomarem a devida cautela, não possuíam a intenção de prejudicar a
própria saúde, e, nesses casos, as expiações serão abrandadas.
246 Os vírus são parasitas intracelulares que desenvolveram vários mecanismos para manipular a
biologia da célula hospedeira e as respostas de defesa imunológica, utilizando a maquinaria e o me-
tabolismo da célula hospedeira para seu estabelecimento e propagação (NASCIMENTO; COSTA;
PARKHOUSE, 2011). O conhecimento dos processos relacionados à taxa de mutação viral, que va-
ria amplamente entre os vírus, tem implicações para a compreensão e gestão na resistência a drogas,
escape imunológico, vacinação, patogênese e o surgimento de novas doenças (SANJUÁN; DOMIN-
GO-CALAP, 2016).
247 O Livro dos Espíritos, questão 741: “É dado ao homem conjurar os flagelos que o afligem? — [...] À
medida que ele adquire conhecimento e experiência pode conjurá-los, quer dizer, preveni-los, se sou-
ber pesquisar-lhes as causas. Mas entre os males que afligem a Humanidade, há os que são de natureza
geral e pertencem aos desígnios da Providência. Desses, cada indivíduo recebe, em menor ou maior
proporção, a parte que lhe cabe, não lhe sendo possível opor nada mais que a resignação à vontade de
Deus. Mas ainda esses males são geralmente agravados pela indolência do homem.”
249
— Tudo que é controlado pela espiritualidade pode ser também condu-
zido pelo homem encarnado, que, por sua vez, também é um espírito. A ins-
piração espiritual apenas serve para vos relembrar daquilo que já habita em
vossa consciência. Nós, da erraticidade, não podemos instruir-vos sobre algo
que ainda não tenhais capacidade de compreender. Portanto, instruir-vos-emos
quando já puderdes tanto compreender como praticar.
250
— Tudo é previsto por Deus, mas isso não significa que tudo seja desejado
por Ele. Tendes, como homens, a obrigação de proteger a natureza e o meio
que vos foi concedido para viver, respondendo proporcionalmente pelas catás-
trofes que, de forma direta ou indireta, gerardes, da mesma maneira colhendo
todo o bem que plantardes. Portanto, apenas se torna flagelo aquele que fez a
má escolha.
O verdadeiro toque
251
CAPÍTULO V
As Penas Futuras
Equívocos substanciais • Justiça Divina • Perdão • Amor • Fé
I – Equívocos substanciais
252
amor ao próximo é o único caminho para evolução.
II – Justiça Divina
248 O Livro dos Espíritos, questão 393: “Como pode o homem ser responsável por atos e resgatar faltas
dos quais não se recorda? [...] — A cada nova existência o homem tem mais inteligência e pode me-
lhor distinguir o bem e o mal. Onde estaria o seu mérito se ele se recordasse de todo o passado? [...]
Nessa nova existência, se o Espírito sofrer as suas provas com coragem e souber resistir, eleva-se a si
próprio e ascenderá na hierarquia dos Espíritos, quando voltar para o meio deles.”
253
557. Se a ignorância “protege” espíritos que praticaram o mal sem
conhecimento, estes poderão passar por momentos umbralinos?
— Na maioria dos casos, sim. O discernimento é uma das primeiras facul-
dades desenvolvidas pelo espírito, permitindo-lhe que aprimore seu livre-arbí-
trio, fazendo com que dome seus instintos e evolua como homem. A ignorância
“protege”, porém não abona, pois a maioria dos males cometidos podem não
parecer errados, com clareza, na mente dos espíritos, entretanto, estão intrínse-
cos em sua consciência, que os cobra.
Nesse caso, ir contra a consciência, que é a comunicação direta com o
Criador, prevalece sobre o fato de não se conhecer o erro.249
249 O Céu e o Inferno – Primeira Parte, capítulo VII – A carne é fraca: “[...] A responsabilidade moral
dos nossos atos na vida permanece, portanto, inteiramente nossa. Mas a razão nos diz que as conse-
quências dessa responsabilidade devem estar em relação com o desenvolvimento intelectual do Es-
pírito. Quanto mais ele for esclarecido, menos desculpável será, porque com a inteligência e o senso
moral nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto. [...]”
250 O Céu e o Inferno – Primeira Parte, capítulo VII – Código penal da vida futura, item 12º: “[...] A úni-
ca lei geral é a de que toda falta recebe uma punição e toda boa ação tem a sua recompensa segundo
o seu valor.”; item 16º: “O arrependimento é o primeiro passo para o melhoramento. Mas ele apenas
não basta, sendo necessárias ainda a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação
são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e as suas consequências. O ar-
rependimento suaviza as dores da expiação, porque desperta esperança e prepara a reabilitação, mas
somente a reparação pode anular o efeito ao destruir a causa. O perdão seria uma graça e não uma
anulação da falta.”
254
redenção. Essa não é uma questão de Justiça Divina, mas da má utilização do
livre-arbítrio.251
563. O que são “as misérias deste mundo”, citadas na Revista Espí-
rita de setembro de 1863?
— As injustiças mundanas, causadas pela falta de caridade ou egoísmo da
humanidade.
A miséria não é uma escolha divina, e sim, a falta do exercício do amor ao
próximo. Em geral, tendes mais do que precisais, porém não sabeis comparti-
lhar aquilo que possuís, causando as misérias que hoje conheceis.
251 O Céu e o Inferno – Primeira Parte, capítulo VII – Código penal da vida futura, item 13º: “A du-
ração do castigo está subordinada ao melhoramento do Espírito culpado; nenhuma condenação é
pronunciada contra ele por tempo determinado. [...] O Espírito é assim e sempre será o árbitro do
seu próprio destino. [...]”
252 O Livro dos Espíritos, questão 295: “Que sentimento experimentam, após a morte, aqueles a quem
fizemos mal neste mundo? — Se são bons, perdoam, de acordo com o vosso arrependimento. Se são
maus, podem conservar o ressentimento, e por vezes vos perseguir até numa outra existência. Deus
pode permiti- lo, como um castigo.”
255
Entretanto, a sabedoria divina faz que passeis por diversas experiências, e
aqueles que hoje têm mais do que necessitam e não compartilham vivenciarão,
por conseguinte, a necessidade sem a ajuda.253
253 Revista Espírita, setembro de 1863, p. 312-313, Perguntas e problemas sobre a expiação e a prova:
“[...] Agora, se considerarmos o homem na Terra, veremos que ele aí suporta males de toda sorte, e
por vezes cruéis. Esses males têm uma causa. Ora, a menos que os atribuamos ao capricho do Cria-
dor, somos forçados a admitir que a causa está em nós mesmos, e que as misérias que experimenta-
mos não podem ser resultado de nossas virtudes. Então elas têm sua fonte nas nossas imperfeições.
[...] Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa. Se
essa causa não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de
Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais
eles são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de
que são consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito delas tirado. [...]”
256
encarnado, decidindo retornar para quitar esses débitos.254
254 Instruções práticas sobre as manifestações espíritas – Vocabulário Espírita: “Expiação – pena que sofrem
os Espíritos como punição das faltas cometidas durante a vida corporal. A expiação, sofrimento
moral, ocorre no estado de erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal. As
vicissitudes e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação
do passado.”; “Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam, segundo
a maneira pela qual as suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, re-
conhecendo sua imperfeição, escolhe ele próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas
que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá em sua nova existência. Se ele escolhe uma
prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda.”
255 O Livro dos Espíritos, questão 851: “Há uma fatalidade nos acontecimentos da vida, segundo o
sentimento ligado a essa palavra; quer dizer, todos os acontecimentos são predeterminados, e nesse
caso em que se torna o livre-arbítrio? — A fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito,
ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la ele traça para si mesmo uma espécie de
destino, que é a própria consequência da posição em que se encontra. Falo das provas de natureza
física, porque, no tocante às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre-arbítrio
sobre o bem e o mal, é sempre senhor de ceder ou resistir. [...]”
256 Mc 14:38 – “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a
carne é fraca.”
257 O Livro dos Espíritos, questão 111: “[...] Espíritos Superiores [...] Quando, por exceção, se encarnam
na Terra, é para cumprir uma missão de progresso, e então nos oferecem o tipo de perfeição a que a
humanidade pode aspirar neste mundo.”; questão 233: “Os Espíritos já purificados vêm aos mundos
inferiores? — Vêm frequentemente, a fim de os ajudar a progredir. Sem isso, esses mundos estariam
entregues a si mesmos, sem guias para os orientar.”
257
o qual possibilitará sua elevação a um estado de maior conforto, é o do
arrependimento?
— O arrependimento possibilita a prática, e ela é imprescindível para o
conforto. Não basta vos arrepender e nada fazer para reparar vossos males. A
reparação, como o próprio nome diz, é a ação de reparar (conforme visto na nota
de rodapé n.º 250).
258 Rm 2:5-8 – “Mas, pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o
dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras: a
vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam a glória, a honra e a imortalidade; mas ira
e indignação aos contumazes, rebeldes à verdade e seguidores do mal.”
O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, item 7: “Os sofrimentos produzidos por causas anteriores
são sempre, como os decorrentes de causas atuais, uma consequência natural da própria falta come-
tida. Quer dizer que, em virtude de uma rigorosa justiça distributiva, o homem sofre aquilo que fez
os outros sofrerem. Se ele foi duro e desumano, poderá ser, por sua vez, tratado com dureza e desu-
manidade; se foi orgulhoso, poderá nascer numa condição humilhante; se foi avarento, egoísta, ou se
empregou mal a sua fortuna, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer com
os próprios filhos; e assim por diante. [...]”
O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 21: “[...] A severidade do castigo é proporcional
à gravidade da falta. A duração do castigo, para qualquer falta, é indeterminada, pois fica subordinada
ao arrependimento do culpado e ao seu retorno ao bem; assim, a pena dura tanto quanto a obstinação
do mal; seria perpétua, se a obstinação o fosse: é de curta duração, se o arrependimento vier logo. [...]”
258
mos nossa habilidade de convívio junto ao irmão necessitado.
III – Perdão
Cegueiras temporárias
259 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo IV, item 19: “[...] Deus permite essas encarnações de
Espíritos antipáticos ou estranhos nas famílias, com a dupla finalidade de servirem de provas para
uns e de meio de progresso para outros. Os maus se melhoram pouco a pouco, ao contato dos bons
e pelas atenções que deles recebem, seu caráter se abranda, seus costumes se depuram, as antipatias
desaparecem. [...]”
259
Ajudar um irmão necessitado, dar uma palavra amiga, estender a mão para
aqueles que precisam, respeitar pai e mãe, educar de forma adequada os filhos,
tratar bem os animais, amar ao próximo como a si mesmo, respeitar a natureza,
cuidar do corpo; tantas questões que parecem ser óbvias para todos nós, con-
tudo, uma vez que estamos encarnados, esquecemo-nos de praticá-las, seja por
orgulho ou egoísmo, seja por falta de foco momentâneo.
A encarnação é uma oportunidade constante de cumprir provas e expia-
ções, evoluindo com tudo aquilo que trouxemos de bagagem ou conhecimento.
Quando não utilizada adequadamente, transforma-se em um agravo, prejudi-
cando nossas futuras encarnações, assim como a atual.
Jamais deveis subestimar o fardo do conhecimento; ainda que a ignorância
vos proteja, ela cobrará na mesma proporção. Sois responsáveis por praticar
aquilo que conheceis.
A responsabilidade não está apenas na prática, mas também em ensinar
aqueles que ainda não possuem conhecimento similar, estimulando, por conse-
quência, as boas ações.
É instintivo que alguns de nós precisemos passar pela dor para promover
o amor. Experiências ruins são necessárias e naturais para nosso crescimento,
mas, racionalmente, não seria dessa forma. Com estudo e conhecimento ne-
cessários, não seria preciso colocar a mão no fogo para saber que ele queima.
Conhecimento, experiências alheias e confiança na fonte de quem vos ensinou
bastariam para tomardes as precauções suficientes para nem haver aproximação
da mão à fogueira.
“Cegos temporários”, geralmente, são individualistas, enxergam apenas
com seus olhos, em vez de buscar aprender com os conselhos dos mais expe-
rientes, os quais passaram outrora por isso.
Um exemplo é o de um pai que diz para um filho tomar cuidado com
certas companhias, pois, tendo em sua vida experiências que o prejudicaram,
tenta alertá-lo e resguardá-lo para que não vivencie algo similar. Ainda assim,
na grande maioria das vezes, o filho necessitará da dor da decepção para então
entender que os conselhos de seu pai eram sábios e pertinentes.
O maior problema na “cegueira” é ela começar a se tornar coletiva. Um
grupo de pessoas passa a sustentar crenças ou valores que apenas contribuem
para seus próprios egos ou necessidades, ou seja, uma pessoa apoia na outra sua
“cegueira”; desse modo, torna-se muito difícil voltar a enxergar a realidade. No
entanto, sempre haverá um caminho de luz, pois Deus, em Sua infinita sabedo-
ria, nos concedeu a consciência, crivo final para podermos discernir o certo do
errado.
Portanto, ainda que o mundo todo caminhe por estradas tortuosas, nossa
consciência, mais cedo ou mais tarde, levar-nos-á para pastagens verdes e relu-
260
zentes, junto ao amor de Deus.
Confiai em Deus, em vossa consciência, e permiti-vos voltar a enxergar a
essência da vida como ela realmente é.
Fora do amor, da fé e da caridade, não há salvação.
Santo Agostinho
Matão, 28 de julho de 2019.
260 Lc 23:34 – “E Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes; pois não sabem o que fazem. [...]”
O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVIII, item 3, V: “[...] Dai-nos, Senhor, a força de sufocar
em nosso íntimo todo ressentimento, todo ódio e todo rancor. Fazei que a morte não nos surpreenda
com nenhum desejo de vingança no coração. Se Vos aprouver retirar-nos hoje mesmo deste mundo,
fazei que possamos nos apresentar a Vós inteiramente limpos de animosidade, a exemplo do Cristo,
cujas últimas palavras foram em favor dos seus algozes. [...]”
261 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo X, item 8: “Quando Jesus disse: ‘Vai te reconciliar primei-
ro com teu irmão, e depois virás fazer a tua oferta’, ensinou que o sacrifício mais agradável ao Senhor
é o dos próprios ressentimentos; que antes de pedir perdão ao Senhor, é preciso que se perdoe aos
outros, e que, se algum mal se tiver feito contra um irmão, é necessário tê-lo reparado. Somente assim
a oferenda será agradável, porque é proveniente de um coração puro de qualquer mau pensamento.
[...]
261
577. Perdoar é simplesmente esquecer a ofensa?
— Não. Perdoar é aceitar a ofensa, conviver e aprender com ela, a ponto
de não buscar praticar ao próximo aquilo que vos tem ofendido.
262 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo X, item 17: “[...] Que solicitais ao Senhor quando lhe
pedis perdão? Somente o esquecimento de vossas faltas? Esquecimento de que nada vos deixa, pois
se Deus se contentasse de esquecer as vossas faltas, não vos puniria, mas também não vos recompen-
saria. A recompensa não pode ser pelo bem que não fez, e menos ainda pelo mal que se tenha feito,
mesmo que esse mal fosse esquecido. Pedindo perdão para as vossas transgressões, pedis o favor de
sua graça, para não cairdes de novo, e a força necessária para entrardes numa nova senda, numa senda
de submissão e de amor, na qual podereis juntar a reparação ao arrependimento. [...]” – João, Bispo de
Bordeaux, 1862
263 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo X, item 15: “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para
si mesmo; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora.
Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe. Porque, se fordes duros, exigentes, inflexíveis,
se guardardes até mesmo uma ligeira ofensa, como quereis que Deus esqueça que todos os dias ten-
des grande necessidade de indulgência? [...]” – Apóstolo Paulo
262
cometeram equívocos podem ser reflexos de nosso procedimento e fo-
ram trazidas a nós para que possamos nos autoanalisar e corrigir nosso
percurso evolutivo.
264 Mt 18:21-22 – “Então, Pedro se aproximou dele e disse: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar a
meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?’ Respondeu Jesus: ‘Não te digo até sete
vezes, mas até setenta vezes sete.’”
O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo X, item 14: “[...] Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada
ofensa, tantas vezes quantas ela vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mes-
mo, que nos torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias, serás doce e humilde de
coração, não medindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas o que o Pai
celeste faça por ti. [...]” – Simeon
265 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XII, item 3: “Se o amor do próximo é o princípio da
caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa virtude constitui uma das maiores
vitórias conquistadas sobre o egoísmo e o orgulho. [...]”
263
584. Chegará um tempo em que não teremos a necessidade do per-
dão?
— Haverá um momento em que vosso espírito atingirá um alto nível evo-
lutivo, a ponto de nada mais vos ofender; contudo, ainda tereis de perdoar a vós
mesmos, nem sempre pelas vossas falhas, mas, sim, por aquilo que deixastes de
fazer para evitar as dos vossos irmãos.
264
necessário termos consciência de que o ato de perdoar é libertador, é
bálsamo que fecha a ferida inflamada, ajuda-nos a extinguir a vaidade e
o egoísmo, conectando-nos com nossos semelhantes e com Deus.
IV – Amor
589. Como definir o amor, na visão dos espíritos?
— O amor é a principal matéria-prima da evolução, permitindo que pos-
samos seguir promovendo o bem a nós mesmos e ao próximo. Sem amor, nada
seríamos. O amor não se define, vivencia-se.266
A. Que “forma” de amor Deus espera de nós?
— Deus nada espera, pois tudo sabe. A questão é: que amor esperamos
de nós mesmos?
266 I Cor 13:1-3 – “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou
como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Mesmo que tivesse o dom de profecia e
conhecesse todos os mistérios e todo o conhecimento, e mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de
transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos dos meus
bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver
caridade, de nada valeria!”
267 I Cor 13:4-7 – “A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é
orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita,
não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta.”
268 O Livro dos Espíritos, questão 890: “O amor maternal é uma virtude ou um sentimento instintivo,
comum aos homens e aos animais? — É uma coisa e outra. A Natureza deu à mãe o amor pelos fi-
lhos, no interesse de sua conservação; mas no animal esse amor é limitado às necessidades materiais:
cessa quando os cuidados se tornam inúteis. No homem ele persiste por toda vida e comporta um
devotamento e uma abnegação que constituem virtudes [...].”
265
592. Por que alguns demonstram não possuir a capacidade de amar?
— O fato de não expressarem amor através de suas palavras ou atitudes
não significa que não possuam a capacidade de amar.
Uma hora ou outra, todos desenvolverão a aptidão para o amor269, nem
que seja necessário, para isso, vivenciar a dor.
594. Chegará um tempo em que o amor não precisará ser uma lei?
— Chegará um dia em que os homens não precisarão “cobrá-lo” pelas leis
da Terra, por ser uma lei natural. Vós o trazeis gravado em vosso ser, e assim,
naturalmente, ele brotará, expandir-se-á e será motivo de intercâmbio e felicida-
de entre os povos; o amor está gravado nas leis de Deus.270
V – Fé
595. Qual a relação entre fé e razão?
— Quando a razão é incapaz de preencher as lacunas deixadas pela encar-
nação, a fé entra em ação e prova que o essencial é invisível aos vossos olhos;
contudo, a racionalidade vos leva a terdes fé, pois, quando percebeis que sois
incapazes de explicar múltiplas questões universais, ter fé torna-se racional.271
269 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XI, item 8: “O amor resume toda a doutrina de Jesus,
porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progres-
so realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só
tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento. [...]
compreendendo a lei do amor, que une a todos os seres, nela buscareis os suaves prazeres da alma,
que são o prelúdio das alegrias celestes.” – Lázaro
270 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XI, item 9: “[...] Pois bem: para praticar a lei do amor,
como Deus a quer, é necessário que chegueis a amar, pouco a pouco, e indistintamente, a todos os
vossos irmãos. A tarefa é longa e difícil, mas será realizada. Deus o quer, e a lei do amor é o primeiro
e o mais importante preceito da vossa nova doutrina, porque é ela que deve um dia matar o egoísmo,
sob qualquer aspecto em que se apresente, pois além do egoísmo pessoal, há ainda o egoísmo de
família, de casta, de nacionalidade. [...]” – Fénelon
271 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIX, item 7: “[...] A fé raciocinada, que se apoia nos fatos
e na lógica, não deixa nenhuma obscuridade: crê-se, porque se tem a certeza, e só se está certo quando
se compreendeu. Eis porque ela não se dobra: porque só é inabalável a fé que pode enfrentar a razão
face a face, em todas as épocas da Humanidade. [...]”
266
596. Qual é o motivo do oscilar de nossa fé diante das intempéries
do mundo em que vivemos?
— As intempéries são inevitáveis, já a oscilação, não. Sois capazes de con-
trolar aquilo que os males vos proporcionam; ter a resignação necessária para
não perder a fé é uma característica de evolução. “Tudo é possível àquele que
tem fé.”272
272 Mc 9:23 – “Disse-lhe Jesus: ‘Se podes alguma coisa!... Tudo é possível ao que crê.’”
273 Lc 17:5-6 – “Os apóstolos disseram ao Senhor: ‘Aumenta-nos a fé!’ Disse o Senhor: ‘Se tiverdes
fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos
obedecerá.’”
274 O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 5: “[...] Homens fracos, que vos limitais às trevas
de vossa inteligência, não afasteis a tocha que a clemência divina vos coloca nas mãos, para iluminar
vossa rota e vos reconduzir, crianças perdidas, ao regaço de vosso Pai. [...] Irmãos: amai-vos, eis o
primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. [...]” – Espírito da Verdade
Nota: Ao substituirmos, na nota, a palavra “espíritas” por “irmãos”, pretendemos corrigir uma falha
de tradução, afinal, o Espírito da Verdade comunica-se para todos, independentemente da crença ou
religião. Entendemos que o termo “irmãos” inclui os espíritas, contudo, o termo “espíritas” exclui os
irmãos – Paulo de Tarso
267
Fé e amor
Não se trata de defeito, não se trata de religião, não se trata de crença;
trata-se de fé, amor e resiliência. Olhar para o próximo é um exercício diário e
eterno. Projetar o amor e a fé que sentimos é o caminho mais certeiro para a
caridade verdadeira e pura.
Irmãos, se vos faltar força, compensai em fé, se vos faltar coragem,
compensai em amor e, se um dia, vos faltar respostas, buscai em vossa
consciência, que Deus vos responderá.
Não há nada no mundo mais importante do que exemplificar aquilo que
aprendemos e sentimos.
Que assim seja.
Santo Agostinho
Matão, 16 de janeiro de 2020.
268
Parte quarta
Coletânia de Preces
CAPÍTULO I
Preces
269
CAPÍTULO I
Preces
Prece da Paz • Prece para o Planeta • Prece do Livre-Arbítrio • Prece da Consciência
• Prece do Esforço • Prece da Resignação • Prece da Reforma • Prece da Família
• Prece da Persistência • Prece da Proteção • Prece do Respeito à Natureza
I – Prece da Paz
270
II – Prece para o Planeta
Pai,
Fazei-me bondoso o suficiente para enxergar além da minha espécie.
Permiti-me compreender que, se Deus gerou a vida, devo conservá-la.
Quando sucumbir aos desejos do consumo de carne, fazei-me forte o su-
ficiente para resistir e persistir no caminho do respeito.
Solidificai esse propósito, para que ele permaneça em meu espírito mesmo
com o véu do esquecimento.
Sei que os animais do planeta necessitam de minha compaixão, assim
como um dia eu precisei dos que me tutoraram.
Protegei as florestas, rios e mares, para que o planeta possa prosperar.
Aflorai em meu instinto o amor, aprisionai o orgulho que me consome e
o egoísmo que me cega.
Onde houver destruição, que eu leve reconstrução,
Pois sei que sou responsável pelo mundo que me cerca.
Que assim seja.
Francisco de Assis
Matão, 1º de janeiro de 2021.
271
III – Prece do Livre-Arbítrio
272
IV – Prece da Consciência
273
V – Prece do Esforço
274
VI – Prece da Resignação
275
VII – Prece da Reforma
Tiago
Matão, 17 de junho de 2020.
276
VIII – Prece da Família
277
IX – Prece da Persistência
Pai, ainda que haja inúmeras provas que me levem a pensar em sucumbir,
dá-me persistência para permanecer no caminho.
Sei que sou capaz de persistir, quando busco estar na direção moral de
Teus exemplos.
Permite que a minha vida seja envolta pelo Teu manto de luz; constrói a
pureza que um dia habitará o meu espírito com Tuas ferramentas de amor.
Sei o quanto sofreste para seguir os Teus valores; mesmo que minhas pro-
vas, perto das Tuas, sejam incomparáveis, as fiz por merecer e permanecerei
seguindo em minha programação, pois confio em Ti.
Quando o mal me cercar de intuições negativas, sê o sopro de paz em mi-
nha consciência, que apazigua a minha alma e fortalece o meu propósito.
Quando eu fraquejar e pensar em desistir, instrui-me, fazendo-me conti-
nuar a seguir os Teus passos.
Confio em Tua proteção, e sei que ao Teu lado jamais estarei sozinho.
Mesmo que chegue a hora de fazer a minha passagem para o mundo espiritual,
não me abalarei e continuarei crendo em Ti, pois Tu me ensinaste que o Teu
Reino não é da Terra.
Tu és o governador do céu e da Terra, faze-me persistir em Teu amor.
Que assim seja.
Bartolomeu
Matão, 18 de junho de 2020.
278
X – Prece da Proteção
279
XI – Prece do Respeito à Natureza
Pai, sei que sou fruto da Vossa criação. Gostaria de agradecer por permitir-
des que eu tenha chegado até aqui, trazendo comigo toda a bagagem de Vossa
obra.
Se meu corpo possui minerais, é porque Vós permitistes que, um dia, eu
pudesse pertencer à rocha; portanto, fazei-me forte como ela.
Livrai-me da ingratidão, que me faz destruir aquilo que fui um dia.
Transbordai amor de meu coração, para que eu aprenda a amar todas as
formas de vida e a respeitá-las como a mim mesmo.
Prometo ser laborador da Vossa obra, fazendo do mundo um lugar de paz
e conservação.
Quando chegar a hora da minha morte, quero orgulhar-me dos meus fei-
tos em Vosso nome, pois sei que a única bagagem que levarei comigo é a que
Vós me ajudastes a carregar.
Que assim seja.
Francisco de Assis
Matão, 1º de janeiro de 2021.
280
Considerações finais
Esta obra tem como intuito a construção moral dos encarnados de todas
as religiões, sendo dedicada como guia evolutivo aos espíritos que com ela se
identificarem. Foi elaborada para sincronizar-se com a consciência de todos os
espíritos que buscam praticar os ensinamentos de Cristo e progredir através do
amor-próprio e ao próximo.
Sentindo uma necessidade de respostas para as novas questões que a evo-
lução natural humana propôs, nós, da primeira obra, O Livro dos Espíritos, vie-
mos através de uma linguagem objetiva, utilizando-nos das ferramentas dispo-
níveis à época, relembrar-vos dos verdadeiros propósitos da existência corpórea
e espiritual.
Esperamos, com esta obra, despertar valores intrínsecos em vós, que per-
manecestes adormecidos ou camuflados pelo instinto incontrolado e pelo ma-
terialismo, auxiliando-vos a atingir a verdadeira meta de qualquer espírito: a
evolução.
Dependerá do vosso livre-arbítrio encarar esses ensinamentos com a su-
perficialidade momentânea ou trazê-los para a prática cotidiana, refletindo, as-
sim, sobre quais serão os próximos passos importantes a serem seguidos em
direção ao progresso.
Não importa quais serão as vossas escolhas; nós, espíritos protetores, es-
taremos ao vosso lado, instruindo-vos através da intuição e corrigindo-vos na
difícil, porém glorificante, jornada evolutiva.
O amor que sentimos por todos vós, independentemente do nível de acei-
tação a esta obra, é imensurável; contudo, sempre estará incompleta sem a prá-
tica daqueles que a lerem e sem a propagação por todos que com ela se identifi-
carem, a ponto de assim desejarem compartilhá-la com os semelhantes.
Com a ajuda divina e dos bons espíritos, esperamos ter sido claros o sufi-
ciente a fim de elucidar as principais dúvidas da humanidade para o momento
atual.
Almejamos reencontrar-vos em novas oportunidades. Construí no presen-
te “o lar” que pretendeis habitar no futuro.
Paulo de Tarso
Matão, 18 de agosto de 2020.
281
Dedicatória
Este livro não possui fins lucrativos.
Agradecemos mais uma vez ao grupo de encarnados que através do incan-
sável esforço e dedicação possibilitou o lançamento de nossa obra.
Dedicamos este livro a todos aqueles que buscam, através do conheci-
mento, aprimorar a boa prática, independente de crença ou religião e a toda a
humanidade em suas distintas fases evolutivas.
Chegará um momento em que a humanidade caminhará pela fé e não
apenas pela visão; esta obra não poderá atingir seus objetivos se estiver fadada
à estagnação.
Continua...
282
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O L I V R O D O S
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A O B R A
I N T E R M I NÁV E L