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Aula 6

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Aula 6

A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA
A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA

De acordo com Jean Piaget, a epistemologia genética constitui-se das


tentativas de explicar o conhecimento, e do conhecimento científico em
particular, com base na sua história, na sua sociogênese e, especialmente, nas
origens psicológicas das noções e operações sobre as quais elas se baseiam. Piaget
acreditava que ele poderia testar as questões epistemológicas, estudando o
desenvolvimento do pensamento e da ação com as crianças. Como resultado, ele
criou um campo novo de estudo conhecido como epistemologia genética. Ele
definiu este campo como o estudo do desenvolvimento da criança
como um meio de responder a questões epistemológicas (da
construção do conhecimento).
OS ESQUEMAS
Segundo Piaget, um esquema é um conjunto estruturado de conceitos. Segundo suas
ideias, é a construção de esquemas que leva a formação da gestalt. Um esquema pode ser usado
para representar objetos, cenários e sequências de eventos ou relações. Esta ideia foi proposta
originalmente pelo filósofo Emanuel Kant como estruturas inatas que usamos para nos ajudar a
perceber o mundo. À medida que ele pretendeu unificar a biologia e o conhecimento, Piaget
propôs uma eventual microestrutura física dos esquemas. Ele sugeriu que talvez existam
possíveis incorporações físicas do aprendizado no DNA das pessoas. Hoje, sabemos que é
justamente o contrário: o DNA das pessoas determinam seus limites e suas
habilidades. Suas infinitas combinações determinam aquilo que a pessoa consegue aprender
com mais facilidade, porque tem mais disposição genética para uma determinada coisa. Por
outro lado, sabemos que todos os seres humanos são 99,9% geneticamente iguais e toda nossa
diferença está em poucos genes. Portanto, podemos afirmar que a capacidade de aprender está
presente em toda criança, independente de qualquer contexto racial ou cultural.
Piaget foi, sem dúvida, um dos mais influentes psicólogos do desenvolvimento e do
comportamento, influenciando não apenas o trabalho de Lev Vygotsky e de Lawrence
Kohlberg, mas gerações inteiras de acadêmicos. Embora suas ideias tenham sido investigadas
por centenas de cientistas em todo mundo, gerando novos conhecimentos, a qualidade do seu
modelo original é indiscutível. Durante os anos 1970 e 1980, seus trabalhos também
inspiraram a transformação da educação nos países europeus e americanos, inclusive no
Brasil. Com uma abordagem mais “centrada na criança”, Piaget afirmava:

Educação, para a maioria das pessoas, significa tentar levar


a criança a se parecer com um adulto típico de sua
sociedade, mas para mim e mais ninguém, a educação
significa fazer criadores. Você tem que fazer os inventores, os
inovadores, os não conformistas (Piaget apud BRINGUIER,
1980, p. 132).
A influência de Piaget é mais forte na educação infantil e na educação
moral. Sua teoria do desenvolvimento cognitivo pode ser usada como uma
ferramenta na sala de aula da primeira infância. De acordo com Piaget, as crianças
se desenvolvem melhor em sala de aula a partir da interação. Ele acreditava em
dois princípios básicos relativos à educação moral: que as crianças
desenvolvem ideias morais em etapas e que as crianças criam suas
concepções do mundo.

De acordo com Piaget, “a criança é alguém que constrói sua própria visão
de mundo moral, que forma ideias sobre o certo e errado, justo e injusto, que não são o
produto direto do ensinamento dos adultos e que muitas vezes são mantidos para
responder aos desejos adultos” (GALLAGHER, 1978, p. 26). Piaget acreditava que as
crianças fazem julgamentos morais com base em suas próprias observações do
mundo.
A teoria de Piaget sobre a moral foi tão radical quando o seu livro, O juízo
moral da criança, publicado em 1932. Ele utilizou critérios filosóficos para definir a
moralidade (como critérios universais, generalizáveis e aplicáveis) e rejeitou a
equivalência das normas culturais com as normas morais. Piaget, com base na teoria
kantiana, propôs que a moralidade se desenvolveu a partir da interação entre pares e
que era autônoma de mandatos de autoridade. Em outras palavras, são pessoas que se
acreditam como iguais (pares), que criam as regras de convivência, que servem de
forma igual para eles e incluem todos aqueles que se entendem como pares uns dos
outros. Os pares, e não os pais, são a principal fonte de onde derivam os conceitos
morais como a igualdade, a reciprocidade e a justiça.
Piaget atribuiu diferentes tipos de processos psicossociais a diferentes
formas de relações sociais. Ele introduziu uma distinção fundamental entre os
diferentes tipos de relacionamentos: quando um dos participantes tem mais poder
do que o outro, ele cria restrições e a relação se torna assimétrica (desigual). ]

O que acontece é que o conhecimento que poderia ser adquirido por todos acaba
assumindo uma forma fixa e inflexível pelo participante dominado. Só permitem a
ele aprender determinadas coisas e alguns conceitos. Piaget refere-se a este processo
como o de transmissão social, ilustrando-o através da referência ao modo pelo qual
os mais velhos de uma tribo iniciam os membros mais jovens, com o intuito de fazê-
los respeitarem as crenças e as práticas do grupo.

Da mesma forma que os adultos exercem uma influência dominante sobre a


criança que cresce, é através da transmissão social que as crianças podem adquirir
conhecimento.
Por outro lado, nas relações de cooperação, o poder é mais uniformemente
distribuído entre os participantes, de forma que surge uma relação mais simétrica.

Com essas condições, as formas autênticas de intercâmbio intelectual tornam-se


possíveis, pois cada parceiro tem a liberdade de exibir seus próprios pensamentos e
levar em consideração as opiniões dos outros, além do poder defender o seu próprio
ponto de vista. Piaget acreditava que, nessas circunstâncias, quando o pensamento das
crianças não é limitado por uma influência dominante, existem condições favoráveis
para o surgimento de soluções construtivas para os problemas.

Então, o conhecimento que emerge é aberto, flexível e regulado pela lógica


do argumento, ao invés de ser determinado por uma autoridade externa. Em suma, as
relações de cooperação fornecem o campo para o surgimento de operações, o que
para Piaget exige a ausência de qualquer influência restritiva.
Síntese do pensamento piagetiano
A preocupação de Jean Piaget foi tentar explicar como a criança pensava e
interagia com o mundo e com as pessoas, para adquirir conhecimento. Ele definiu
que o conhecimento é construído a partir da interação do sujeito com o objeto de
aprendizagem. Ele ensinou a observar a maneira como a criança adquire o
conhecimento, para que seja possível entender o conhecimento humano. Seus
estudos da psicologia do desenvolvimento e a epistemologia genética tinham o
objetivo de entender como o conhecimento evolui.

Piaget formulou uma teoria: o conhecimento evolui progressivamente por


meio de estruturas de raciocínio que se superpõem, criando assim estágios do
conhecimento. Portanto, é preciso entender que a lógica e a forma de pensar da
criança são completamente diferentes da lógica de um adulto. À medida que cresce,
a criança constrói seu conhecimento. Daí o nome construtivismo.
Jean Piaget identifica quatro estágios da evolução mental da criança: cada
estágio marca um período em que o pensamento e o comportamento infantil são
caracterizados por uma forma de raciocínio.

As autoras Telma Weisz e Ana Sanches (1999) reafirmam a contribuição de


Piaget para a mudança de concepção e de olhar sobre a aprendizagem, existentes até a
sua época. Até o início do século XX, acreditava-se que as crianças eram miniadultos
e que somente depois de crescidas chegariam ao nível dos adultos, que eram
considerados superiores mentalmente. Acreditava-se também que seus processos
cognitivos eram iguais aos do adulto, mas em proporção menor por serem pequenas.

Piaget concluiu, por meio de suas pesquisas, que as crianças pensavam


muito diferente dos adultos, pois o que faltava para elas era certas habilidades. Sua
contribuição foi explicar a maneira como a criança interage com o mundo e com as
pessoas para chegar ao conhecimento. É, portanto, a interação do sujeito com o
objeto de aprendizagem que produz o conhecimento.
Antes de passarmos para o próximo autor, é importante
lembrar que assim nasce a concepção da teoria epistemológica: o
construtivismo, a qual estuda a gênese do conhecimento infantil.

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