Iia 2009
Iia 2009
Iia 2009
INTERNA
Abril de 2009
Ficha técnica
Título:
Manual de Auditoria Interna
Autores:
Maria João Magalhães
Pedro Amaral
Issuf Ahmad
Edição:
Gabinete de Avaliação e Auditoria Interna
Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento
Ministério dos Negócios Estrangeiros
Contacto:
Av. da Liberdade, 192, 6º 1250-147 Lisboa
Tel. (351) 21 317 67 00
Website:
http://www.ipad.mne.gov.pt
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ACRÓNIMOS
AICPA - American Institute of Certified Public Accountants
CAF – Commom Assessment Framework
DRA – Directrizes de Revisão / Auditoria
DSGF – Direcção de Serviços de Gestão Financeira
ECI – Estrutura de Controlo Interno
FEE - Fédération des Experts Comptables Européens
GAAI – Gabinete de Avaliação e Auditoria Interna
IFAC - International Federation of Accountants
IGF – Inspecção-geral de Finanças
IIA – Institute of Internal Auditors
IPAD – Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento
MNE – Ministério dos Negócios Estrangeiros
NA – Normas de Atributo
NAGA – Normas de Auditoria Geralmente Aceites
ND – Normas de Desempenho
NI – Normas de Implementação
OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas
OTS – Outros Testes Substantivos
QUAR – Quadro de Avaliação e Responsabilização
RT – Recomendações Técnicas
SIADAP – Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração Pública
TC – Tribunal de Contas
TSRA – Testes Substantivos de Revisão Analítica
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................5
CAPÍTULO 1 – ENQUADRAMENTO DA AUDITORIA INTERNA...................................................6
1.1. Conceito.........................................................................................................................6
1.2. Função...........................................................................................................................6
1.3. Auditor Interno ...............................................................................................................9
1.4. Controlo Interno ...........................................................................................................10
1.5. Avaliação do Controlo Interno ......................................................................................12
1.6. A Auditoria Interna e o Controlo Interno .......................................................................13
1.7. Princípios e Normas aplicáveis à Auditoria Interna ......................................................14
CAPÍTULO 2 – AUDITORIA INTERNA.........................................................................................16
2.1. Missão e Objectivo.......................................................................................................16
2.2. Âmbito..........................................................................................................................17
2.3. Ética.............................................................................................................................17
CAPÍTULO 3 – FUNÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA AUDITORIA INTERNA....................................19
3.1. Estrutura e delimitação de funções ..............................................................................19
3.2. Funções do dirigente do GAAI .....................................................................................19
3.3. Funções do auditor interno coordenador......................................................................20
3.4. Funções do auditor interno...........................................................................................20
CAPÍTULO 4 – O PROCESSO DE AUDITORIA INTERNA ..........................................................21
4.1. Implementação ............................................................................................................21
4.1.1. Avaliação do Risco de Auditoria...................................................................................21
4.1.2. Plano Anual de Auditoria Interna..................................................................................24
4.1.3. Programa de trabalho ..................................................................................................26
4.1.4. Relatórios de Auditoria Interna.....................................................................................27
4.1.5. Acompanhamento da implementação dos resultados e recomendações da auditoria..30
CAPÍTULO 5 – DOCUMENTOS DE TRABALHO.........................................................................32
5.1. Dossiers.......................................................................................................................32
CAPÍTULO 6 – TESTES E TÉCNICAS DE AUDITORIA ..............................................................35
6.1. Testes de Auditoria ......................................................................................................35
6.2. Técnicas de Auditoria...................................................................................................41
6.3. Prova de Auditoria e Procedimentos para sua Obtenção .............................................45
6.4. Instrumentos de Gestão...............................................................................................47
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................48
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INTRODUÇÃO
No actual contexto de mudança, reflexo das reformas da Administração Pública, impõe-se como
desafio para as organizações a procura de maior economia, eficácia e eficiência. Daí que o
controlo interno tenha vindo a assumir maior relevo no IPAD com a criação da função auditoria
interna, integrada no Gabinete de Avaliação e Auditoria Interna (GAAI)1.
Um serviço de auditoria interna não pode perder de vista que deve funcionar como um
instrumento de gestão ao serviço da organização em que se insere, a qual desenvolve a sua
actividade num ambiente dinâmico e complexo, procurando, designadamente, identificar e
antecipar problemas, analisar as suas causas e os riscos que lhes estão associados. Deve ainda
identificar e analisar processos críticos e propor soluções para a sua melhoria, tendo em vista o
aperfeiçoamento da organização.
1
Portaria 510/2007 (1ª Série), de 30 de Abril.
5
CAPÍTULO 1 – ENQUADRAMENTO DA AUDITORIA INTERNA
1.1. Conceito
De acordo com a definição do Institute of Internal Auditors (IIA), “a auditoria interna é uma
actividade independente, de avaliação objectiva e de consultoria, que tem como objectivo
acrescentar valor e melhorar as operações de uma organização. Ela pretende ajudar a
organização na prossecução dos seus objectivos através de uma abordagem sistemática e
disciplinada, na avaliação da eficácia da gestão de risco, do controlo e dos processos de
governação”2.
Existem diversos tipos de auditoria, os quais de um modo geral têm a designação constante do
quadro abaixo consoante o seu objecto, a finalidade, o âmbito, a extensão, a periodicidade e o
agente executante.
Tipos de auditoria
Auditoria das demonstrações financeiras
Auditoria de conformidade
Quanto ao conteúdo e finalidade Auditoria operacional
Auditoria de gestão
Auditoria estratégica
Auditoria geral
Quanto à amplitude
Auditoria parcial
Auditoria permanente
Quanto à periodicidade
Auditoria ocasional
Auditoria de informação histórica
Quanto ao período temporal que analisa
Auditoria da informação previsional ou prospectiva
Auditoria de fonte legal
Quanto à obrigatoriedade
Auditoria de fonte contratual
Auditoria externa
Quanto ao sujeito que a realiza
Auditoria Interna
1.2. Função
A auditoria interna é uma função contínua, completa e independente, desenvolvida na
organização, por pessoal desta ou não, baseada na avaliação do risco, que verifica a existência, o
cumprimento, a eficácia e a optimização dos controlos internos e dos processos de governação,
ajudando-a a atingir os seus objectivos.
Resumindo, a auditoria interna assume a função primordial de supervisão da gestão de risco, dos
controlos e dos processos de governação. É uma actividade de grande importância estratégica
que contribui directamente para o fortalecimento da gestão organizacional.
2
http://www.theiia.org/guidance/standards-and-guidance/ippf/definition-of-internal-auditing/
6
A organização possui um conjunto de necessidades às quais apenas a auditoria interna pode dar
a resposta adequada como, por exemplo:
− Informar periodicamente a Direcção do grau de execução dos objectivos e metas da
organização;
− Dar a conhecer à Direcção se os controlos internos estabelecidos são suficientes para
reduzir o risco de ocorrência de distorções materialmente relevantes, assim como
salvaguardar os bens patrimoniais da organização e a sua utilização adequada;
− Garantir à Direcção que as políticas, procedimentos, planos e controlos estabelecidos são
os adequados e estão efectivamente a ser implementados;
− Analisar de forma sistemática se todas as transacções ocorridas estão devidamente
relevadas contabilisticamente e se os registos efectuados correspondem efectivamente a
transacções realizadas;
− Saber se a informação, obtida através do sistema de informação da entidade, é útil,
oportuna, completa, precisa e fiável;
− Garantir que a gestão do risco é suficientemente eficaz para a concretização dos
objectivos fixados para a organização.
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pelos diferentes grupos de interesses envolvidos na governação da entidade. Embora seja tarefa
da gestão conceber uma metodologia da gestão de risco, cabe aos auditores internos auxiliar o
IPAD na sua identificação e avaliação. Assim, a actividade de auditoria interna tem uma visão
integrada, focalizada na:
• Concretização das práticas de boa gestão
• Sustentabilidade da entidade;
• Salvaguarda da sua imagem
• Aferição da eficácia dos procedimentos de gestão de risco e das metodologias aplicadas
para a sua valorização.
Para além dos serviços de auditoria, no âmbito da gestão de risco, a actividade de auditoria
interna poderá prestar serviços de consultoria, desde que seja assegurada a sua independência e
objectividade. Neste contexto, a auditoria interna assume uma importância fundamental no
processo de gestão da organização e exige uma equipa com uma visão multidisciplinar que
deve actuar de forma coordenada no apoio à Direcção.
A actividade de auditoria interna deve pautar a sua actuação pelas seguintes linhas orientadoras:
− Ser dinâmica – não adoptar uma atitude de passividade, gerindo o plano de auditoria em
função dos riscos identificados;
− Ser prospectiva – ter uma visão para o futuro e encarar a organização como um meio
onde existe um conjunto de relações, que visa atingir os objectivos organizacionais;
− Ser participativa – deve participar no sentido de partilhar as recomendações e as
propostas de melhoria dos procedimentos de controlo, para redução do risco inerente e
melhoria da gestão;
8
− Ser pedagógica – deverá encarar a sua actividade como parte integrante da organização
e respeitar a opinião dos funcionários, formulando recomendações úteis e implementáveis;
− Ser evolutiva – deverá evoluir na forma de execução das acções, tanto na forma de
abordagem como na utilização dos meios para atingir os objectivos preconizados para a
actividade.
A responsabilidade do auditor interno para com a Direcção vai muito para além da realização de
simples exames e verificações. Mais do que uma avaliação, a Direcção necessita de uma
orientação por parte da auditoria interna. Ou seja, para além de identificar e avaliar deficiências
do sistema, o auditor interno deverá ser um assessor da Direcção.
9
isso é fundamental que o auditor interno tenha um comportamento ético exemplar, praticado quotidianamente e no
relacionamento com os seus colegas,
− Conhecer os meios de comunicação dos resultados – os resultados de uma auditoria interna devem ser
comunicados a todos os interessados de forma clara e apropriada. Só assim as pessoas poderão partilhar a
informação e conseguirão elaborar conjuntamente as recomendações necessárias para a superação dos
problemas identificados. No final da acção, deverá ser preparado um relatório equilibrado, o qual deverá incluir os
comentários da gestão.
− Conhecer os processos e os riscos críticos – definir o plano de auditoria interna em função de uma matriz de
risco devidamente actualizada visando atingir os objectivos organizacionais.
− Acompanhamento – deve ser acompanhada e avaliada a implementação das recomendações críticas ou de
prioridade elevada, conducentes a melhoria dos processos de controlo interno, visando a mitigação do risco.
Mesmo estando bem concebido, o controlo interno não confere a garantia absoluta à gestão
acerca da concretização da missão e dos objectivos traçados, pois visa assegurar uma confiança
razoável, assumindo um risco tolerável pela organização.
É implementado para contribuir para a concretização de todos os objectivos, tanto gerais como
específicos, os quais devem ser coerentes e consistentes, nas diferentes categorias.
10
O sistema de controlo interno deve gerar um ambiente de controlo interno forte, o qual assenta em
três factores essenciais:
• Integridade;
• Valores éticos;
• Competência das pessoas.
Para a criação de um ambiente de controlo interno sólido é, também, fundamental que exista:
• Uma definição clara dos objectivos e planos da organização;
• Uma estrutura organizativa sólida que:
− Possua uma adequada segregação de funções;
− Facilite o fluxo de informação;
− Possua uma estrutura orgânica adequada para um controlo eficaz.
• Procedimentos efectivos e documentados;
• Um sistema de autorização e de registo que defina claramente o limite das autoridades e
responsabilidades associadas ao controlo interno e os níveis de reporte;
• Um compromisso de qualidade e competência, através da definição clara das tarefas, da
formação e da supervisão;
• Integridade e divulgação dos valores éticos;
• Definição e implementação de metas realistas e incentivadoras;
• Empenho em combater práticas incorrectas e comportamentos reprováveis ou nocivos
para a organização.
São vários os tipos de controlo que devem fazer parte de qualquer sistema de controlo interno,
os quais se adequam às necessidades de controlo das organizações. Neste sentido, pode dizer-
se que existem controlos de prevenção, que são controlos a priori, uma vez que têm como
objectivo prevenir a ocorrência de factos ou acontecimentos indesejáveis. Já os controlos de
detecção são controlos a posteriori, ou seja, a sua finalidade é detectar qualquer tipo de facto
indesejável que já tenha ocorrido e corrigir os seus efeitos negativos.
Além destes, existem também os chamados controlos directivos cuja missão é contribuir
activamente para a ocorrência de factos desejáveis, ou seja, encorajar, fazer com que esses
factos aconteçam, isto porque uma orientação positiva evita que ocorram factos indesejáveis.
Existem, também, os controlos correctivos que servem para proceder à rectificação de qualquer
tipo de problema identificado. Finalmente, existem os controlos compensatórios, os quais, como
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o próprio nome indica, funcionam como forma de compensação em relação a eventuais fraquezas
ao nível do sistema de controlo que possam existir em outras áreas de actividade.
Além destes tipos de controlos internos, existe também um conjunto de métodos de controlo
interno que podem ser implementados pela Direcção aquando da criação e/ou reformulação do
sistema de controlo interno e que são basicamente os seguintes:
• Controlos administrativos: exercício de autoridade, estrutura orgânica, poder de decisão
e descrição de tarefas;
• Controlos operacionais: planeamento, orçamento, contabilização e sistemas de
informação, documentação, autorização, políticas, procedimentos e métodos;
• Controlos para a gestão dos recursos humanos: recrutamento e selecção, orientação,
formação e desenvolvimento e supervisão;
• Controlos de revisão e análise: avaliação do desempenho, análise interna das
operações e programas, revisões externas e outros;
• Controlos das instalações e equipamentos: inspecção das instalações e equipamentos.
É fundamental proceder a uma avaliação do controlo interno para se poder elaborar um plano ou
programa de auditoria e para que se possa aferir o grau de confiança dos registos e respectiva
documentação de suporte, a fim de determinar:
• A natureza ou selecção dos procedimentos de auditoria a utilizar;
• O período em que estes deverão ser aplicados;
• O alcance ou extensão dos procedimentos.
A avaliação do controlo interno por parte do auditor é constituída pelas seguintes fases:
• Descrição do sistema, para verificar a sua eficácia e se os procedimentos de controlo
instituídos são os mais adequados;
• Verificação da descrição do sistema, ou seja, obter prova de que o sistema descrito pelo
auditado corresponde à realidade, especialmente porque:
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− Pode ter sido feita, pelo auditor, uma interpretação indevida das informações recebidas
acerca da descrição dos subsistemas;
− O auditor pode ter sido induzido em erro pelos funcionários da organização;
− O auditor pode ter recebido apenas uma informação parcial sobre o sistema.
• Execução dos testes de conformidade, que são a avaliação preliminar da existência
efectiva do controlo interno estabelecido em cada um dos subsistemas. É a partir desta
análise que o auditor irá determinar a probabilidade do sistema auditado produzir dados
fiáveis;
• Execução dos testes substantivos, com o objectivo de obter um grau de confiança razoável
de que os procedimentos de controlo estão a ser aplicados de acordo com o que foi
estabelecido e que produzem os efeitos esperados.
O auditor interno procede à avaliação do controlo interno, com a intenção de expressar uma
opinião acerca da eficácia e eficiência da gestão da organização, uma vez que visa ajudar a
Direcção nas suas funções de gestão.
No que diz respeito ao controlo interno, a auditoria interna apenas intervém na respectiva
avaliação, assumindo neste âmbito o papel de identificar potenciais falhas e desvios ao nível do
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sistema de controlo interno e ajudar a Direcção através das recomendações de melhoria que
venha a conceber.
3
http://www.aicpa.org/
4
http://www.ifac.org/
5
http://www.fee.be/
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− Normas Técnicas de Revisão/Auditoria;
− Recomendações Técnicas (RT): destinadas a orientar a execução das diversas
tarefas envolvidas, visando fundamentalmente contribuir para a progressiva e generalizada
harmonização da interpretação dos conceitos e da aplicação dos procedimentos genéricos
e específicos relacionados com a revisão legal, que embora de observância facultativa a
sua não adopção pode colocar em causa o cumprimento das Normas Técnicas;
− Directrizes de Revisão / Auditoria (DRA): têm como objectivo estabelecer
procedimentos e proporcionar orientação ao revisor / auditor sobre as acções a
desenvolver no âmbito da revisão / auditoria, tendo em conta as Normas Técnicas;
O Código de Ética tem como objectivo promover uma cultura ética na prática profissional de
auditoria interna. Está subdividido em duas partes. A primeira parte diz respeito aos Princípios
Básicos que definem os princípios éticos que estruturam a profissão de auditoria interna e que
são:
• Integridade;
• Objectividade;
• Confidencialidade;
• Competência.
A segunda parte contém as Regras de Conduta, que não são mais que um conjunto de deveres
deontológicos que se aplicam ao exercício da auditoria. Cada uma das regras de conduta aplica-
se a um dos princípios éticos referidos anteriormente.
As Normas Internacionais para a Prática Profissional da Auditoria Interna6, revistas em 2002,
delimitam os princípios básicos que devem orientar a prática da auditoria interna, proceder ao
devido enquadramento das actividades que possuam valor acrescentado, estabelecer a base para
a avaliação do desempenho e promover a melhoria dos processos e operações das organizações.
6
http://www.audibra.org.br/arquivos/Normas%20Internacionais%20Auditoria%20-
%20Codigo%20de%20Etica.pdf
15
A - Normas de Atributo (NA) Série 1000, as quais se relacionam com as características das
organizações e dos indivíduos que desenvolvam actividade de auditoria interna;
B - Normas de Desempenho (ND) Série 2000, que descrevem a natureza das actividades
de auditoria interna e proporcionam critérios de avaliação do seu desempenho;
C - Normas de Implementação (NI), nnnn.Xn, que se aplicam às normas de atributo e de
desempenho na execução de trabalhos específicos.
Deve apoiar a organização na prossecução dos seus objectivos, através de uma abordagem
sistemática, contribuindo para o aperfeiçoamento e modernização do seu funcionamento e,
consequentemente, para a melhoria da eficácia dos processos de gestão de risco e controlo. A
sua acção incide essencialmente sobre a eficácia e eficiência das operações e processos,
conformidade legal, regulamentar e contratual, salvaguardando os interesses do IPAD.
A auditoria interna procede à avaliação de riscos, identificando áreas que requeiram atenção
especial, identificando problemas que careçam de solução e, a partir daí, propõe medidas com
vista a ultrapassar as deficiências detectadas.
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2.2. Âmbito
Quanto à assessoria, executada por solicitação dos serviços, tem carácter consultivo e destina-se
a apoiar a gestão na concretização dos objectivos definidos, nomeadamente:
• Formação;
• Trabalhos de “due diligence” (avaliação);
• Participação em comités de implementação de software aplicacional;
• Revisão de políticas e procedimentos;
• Contributo para os processos de certificação em curso ou a implementar pelo IPAD.
No que diz respeito à actividade de investigação, esta só se realiza por solicitação da Direcção
do IPAD para situações específicas.
2.3. Ética
O auditor interno deverá pautar a sua conduta pessoal e profissional pelos princípios de ética
usualmente aceites, nomeadamente, integridade, objectividade, confidencialidade e proficiência.
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O auditor interno não deve manter qualquer actividade que possa afectar a sua isenção e
independência nem aceitar nada que possa prejudicar o seu desempenho profissional. Além
disso, deve divulgar todos os factos com relevância material.
Os auditores internos, no desempenho das suas funções, têm acesso a toda a informação
necessária, nomeadamente, de:
• Actividades desenvolvidas pelo IPAD;
• Registos;
• Programas e planos plurianuais e anuais;
• Actas das reuniões dos órgãos do IPAD.
Os auditores internos não devem executar actividades operacionais que possam ser
posteriormente auditadas por si, registar ou aprovar operações contabilísticas não relacionadas
directamente com a auditoria interna nem coordenar ou supervisionar as actividades de pessoal
não pertencente ao GAAI, excepto se esse pessoal estiver especificamente afecto à realização de
trabalhos de auditoria.
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CAPÍTULO 3 – FUNÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA AUDITORIA INTERNA
19
3.3. Funções do auditor interno coordenador
Existindo um auditor interno coordenador, este terá por funções:
• Promover e coordenar a execução das acções previstas no Plano Anual de Auditoria Interna;
• Preparar o programa de trabalhos e a definição do formato de reporte;
• Planear a utilização dos recursos técnicos e humanos das acções a realizar;
• Assegurar que o trabalho de auditoria cobre os principais riscos da área auditada, sugerindo
alterações sempre que necessário;
• Manter o dirigente do GAAI devidamente informado sobre o andamento dos trabalhos de
auditoria e situações de excepção que forem sendo detectadas;
• Submeter os relatórios à apreciação e aprovação do dirigente do GAAI;
• Apoiar o dirigente do GAAI na apresentação superior dos relatórios.
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CAPÍTULO 4 – O PROCESSO DE AUDITORIA INTERNA
4.1. Implementação
O processo de implementação da auditoria interna é constituído pelo conjunto das seguintes
actividades:
• Avaliação do risco de auditoria;
• Plano anual de auditoria;
• Programas de trabalho;
• Relatórios de auditoria;
• Aplicação dos resultados da auditoria;
• Acompanhamento da execução.
Podemos assim, definir o risco de auditoria como a susceptibilidade do auditor emitir uma
opinião inapropriada ou baseada em asserções objecto de auditoria que estejam distorcidas de
forma materialmente relevante.
Existem três tipos de risco de auditoria: risco inerente, risco de controlo e risco de detecção:
• Risco Inerente
O risco inerente é a susceptibilidade de uma asserção ou classe de transacções conter uma
distorção que possa ser materialmente relevante, considerada individualmente ou quando
agregada com distorções em outras asserções, assumindo que não existem os respectivos
controlos internos.
21
− A natureza da actividade das entidades beneficiárias dos apoios, a sua dispersão geográfica
e a idoneidade da respectiva gestão;
− As alterações que possam afectar a área de actividade do Instituto;
− A complexidade das transacções e de outros acontecimentos que requeiram o trabalho de
um perito;
− As transacções complexas, efectuadas particularmente no final do ano económico;
− As transacções não sujeitas a processamento normal;
− Os activos sujeitos a perdas ou apropriações indevidas.
• Risco de Controlo
O risco de controlo é a susceptibilidade do sistema de controlo interno da organização não
prevenir, detectar ou corrigir atempadamente qualquer distorção materialmente relevante que
possa vir a ocorrer em qualquer tipo de asserção ou classe de transacções.
O objectivo dos procedimentos executados para obter uma compreensão do controlo interno é
proporcionar ao auditor o conhecimento necessário para a elaboração do plano anual de auditoria.
O auditor pode concluir que os procedimentos levados a efeito para obter a compreensão do
sistema de controlo interno constituem prova de auditoria. Essa prova de auditoria, desde que
suficiente, pode ser usada para suportar uma avaliação do risco de controlo.
A gestão reage muitas vezes a situações de risco inerente, concebendo um sistema de controlo
interno para prevenir, detectar e corrigir distorções. Assim, em muitos casos, o risco inerente e o
risco de controlo estão profundamente inter-relacionados. Nestas situações, o auditor não deve
avaliar separadamente o risco inerente e o risco de controlo, sendo mais apropriado fazer uma
avaliação combinada.
• Risco de Detecção
O risco de detecção é a susceptibilidade dos procedimentos substantivos executados pelo
auditor não virem a detectar uma distorção que exista numa asserção ou classe de transacções
que possa ser materialmente relevante. Neste sentido, o nível do risco de detecção relaciona-se
directamente com os procedimentos substantivos executados pelo auditor.
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O risco de detecção pode aumentar na sequência do auditor seleccionar procedimentos
inapropriados, executá-los de forma errada ou interpretar incorrectamente as conclusões de
auditoria. Este risco pode ser reduzido a um nível negligenciável através de um planeamento e
supervisão adequados e de uma conduta que respeite as normas de controlo de qualidade.
O risco inerente e o risco de controlo diferem do risco de detecção pelo facto de aqueles existirem
independentemente da auditoria das demonstrações financeiras ou de outras asserções,
enquanto o risco de detecção está relacionado com os procedimentos do auditor e pode ser
alterado ao seu arbítrio, conforme o seu juízo profissional. Por exemplo, quando o risco inerente e
o risco de controlo forem altos, o risco de detecção aceitável tem de ser baixo para reduzir o risco
de auditoria a um nível aceitavelmente baixo. Por outro lado, quando o risco inerente e o risco de
controlo forem baixos, o auditor pode aceitar um risco de detecção mais alto e ainda reduzir o
risco de auditoria a um nível aceitavelmente baixo. Estes componentes do risco de auditoria
podem ser avaliados em termos quantitativos, tais como, em percentagens ou em intervalos de
termos não quantitativos, por exemplo, de um mínimo a um máximo. O quadro seguinte mostra
como pode variar o nível aceitável de risco de detecção com base em avaliações do risco inerente
e do risco de controlo.
Não é apropriado, contudo, que o auditor confie completamente na sua avaliação do risco
inerente e do risco de controlo para a exclusão de executar procedimentos substantivos, por
exemplo de saldos de contas e classes de transacções, onde podem existir distorções que
podem ser materiais quando agregadas com distorções em outros saldos de conta ou classes
de transacções. Os níveis avaliados do risco inerente e do risco de controlo podem não ser
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suficientemente baixos para eliminar a necessidade de o auditor levar a efeito quaisquer
procedimentos substantivos. Não obstante os níveis avaliados do risco inerente e do risco de
controlo, o auditor deve executar alguns procedimentos substantivos relativos a saldos de
contas e classes de transacções materialmente relevantes.
A avaliação pelo auditor dos componentes do risco de auditoria pode modificar-se no decurso
de uma revisão, por exemplo, pode a informação chegar ao conhecimento do auditor ao
executar procedimentos substantivos que difiram significativamente da informação sobre o
qual o auditor originalmente avaliou o risco inerente e o risco de controlo. Em tais casos, o
auditor deve alterar os procedimentos substantivos planeados com base numa revisão dos
níveis avaliados do risco inerente e do risco de controlo.
Quanto maior for a avaliação do risco inerente e do risco de controlo mais prova da auditoria
deve o auditor obter a partir da execução de procedimentos substantivos. Quando o risco
inerente e o risco de controlo forem ambos avaliados como altos, o auditor necessita de
considerar se os procedimentos substantivos podem ou não proporcionar prova de auditoria
para reduzir o risco de detecção e, por conseguinte, o risco de auditoria a um nível
aceitavelmente baixo. Quando o auditor determina que o risco de detecção respeitante a uma
asserção contida nas asserções ou classe de asserções ou demonstrações financeiras, em
relação a um determinado agregado ou saldo de conta ou classe de transacções
materialmente relevante, não pode ser reduzido a um nível aceitavelmente baixo, o auditor
deve expressar uma opinião com reservas ou uma escusa de opinião.
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Este planeamento contribui para que:
• Seja prestada a devida atenção a áreas importantes da auditoria;
• Sejam identificados potenciais problemas;
• A coordenação do trabalho possa ser feita por outros auditores e peritos.
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• A globalidade do universo auditável nas acções de auditoria;
• Solicitações da Direcção Superior do IPAD.
O recurso à contratação de serviços externos poderá ocorrer se não houver recursos internos
especializados disponíveis para realizar auditorias ou determinados trabalhos, ou não se justificar
a existência de recursos internos especializados em determinadas competências específicas.
Pode ainda proceder-se à contratação externa se os custos internos para efectuar auditorias a
determinadas actividades forem comparativamente superiores ou o trabalho a efectuar necessite
de reforço temporário de recursos.
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O programa de trabalho deverá ser estruturado de forma a servir como guia e meio de controlo e,
se necessário, deverá ser actualizado ou revisto, descrevendo os procedimentos e metodologias
de auditoria interna a aplicar.
O Programa de Trabalho, assim como o Plano de Auditoria, devem ser revistos sempre que
necessário no decurso dos trabalhos. O planeamento deve ser actualizado quando se verifiquem
alterações nas condições ou resultados inesperados dos procedimentos de auditoria. As razões
subjacentes às alterações significativas devem ser documentadas.
É através de relatórios que a auditoria interna comunica o trabalho realizado, as conclusões a que
chegou, as recomendações a serem implementadas e as ferramentas necessárias a essa
implementação.
O formato do relatório de auditoria standard deverá conter um Sumário Executivo, que inclui o
objectivo, âmbito e principais observações/recomendações, descritas de forma sintética, e um
Relatório Detalhado que descreva a metodologia seguida, a equipa de trabalho envolvida e todas
as observações e respectivas recomendações.
Se o auditor interno e o auditado discordarem acerca dos resultados da auditoria, o relatório deve
expressar ambas as posições e as razões de discordância, as quais podem ser incluídas em
anexo ao relatório de auditoria.
Determinada informação pode não ser apropriada para comunicar a todos os destinatários do
relatório, por ser confidencial, particular ou relacionada com actos impróprios ou ilegais. Tal
informação deve, contudo, ser revelada em relatórios separados, a discutir no grau de hierarquia
apropriado. No relatório deverão estar definidos os planos de acção para implementação das
medidas correctivas sugeridas. Os planos de acções devem ser objecto de concordância do
auditado e devem identificar o prazo de regularização e o responsável pela sua execução.
27
Os relatórios não devem conter erros ou distorções e ser fiéis aos factos apresentados. A forma
como os dados e a evidência são coligidos, avaliados e resumidos para uma apresentação,
deverá ser efectuada com cautela e precisão. Os relatórios devem ser:
• Claros – de entendimento fácil e lógico. A clareza pode ser melhorada evitando linguagem
técnica desnecessária e proporcionando informação de suporte suficiente.
• Concisos – indo directos ao assunto e evitando uma elaboração desnecessária, detalhes
supérfluos, redundância e verbosidade. São elaborados através de uma prática persistente
de revisão e reedição da apresentação. O objectivo é de que cada pensamento seja
compreendido mas expresso sucintamente.
• Construtivos – ajudando o auditado e a Organização e conduzindo a melhorias, quando
necessário. O conteúdo e o tom da apresentação deverão ser úteis, positivos, com
significado, e devem contribuir para o objectivo do IPAD.
• Completos – não carecendo de nada que seja essencial para o auditado e incluindo toda a
informação relevante e observações que sirvam de suporte às recomendações e
conclusões.
• Oportunos – sendo emitidos em tempo adequado, e entregues para uma avaliação
cuidadosa daqueles que podem actuar sobre as recomendações. Assim, o prazo para
apresentação dos resultados de um trabalho tem de ser breve e de forma a permitir uma
acção imediata e eficaz.
• Imparciais – não sendo tendenciais, sendo antes o resultado de uma visão clara e
equilibrada de todos os factos e circunstâncias relevantes. As observações, conclusões e
recomendações deverão ser expressas sem preconceito, partidarismos, interesses pessoais
e influência de terceiros.
Poderão ser produzidos vários tipos de relatórios, que podem ser classificados da seguinte forma:
• Relatórios ordinários: relacionados com a implementação do Plano Anual de Auditoria.
Deverão incluir uma primeira parte com a explicação, de forma sucinta, do trabalho
realizado e as conclusões obtidas, assim como a referência ao calendário previsto para a
implementação das recomendações. Na segunda parte devem constar a informação
propriamente dita, a qual deverá mencionar, de forma resumida, concisa e precisa a
apresentação dos erros ou desvios detectados e as medidas correctivas propostas.
• Relatórios especiais: podem resultar de um pedido da Direcção e incidirem sobre um
tema ou área específica. O seu conteúdo adaptar-se-á, em cada caso, ao objectivo da
auditoria.
• Relatórios intercalares: quando, no decurso de um trabalho bastante prolongado no
tempo, se detectam incidentes que, pela sua relevância, justificam o respectivo reporte
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antecipado ou pelo simples facto de serem prolongados sejam exigíveis reportes
intercalares. Servem também para comunicar modificações no âmbito da auditoria. Este
tipo de relatórios também se dirigem/destinam ao responsável pela área que se está a
auditar.
• Relatórios amplos: caso se destinem a um nível hierarquicamente mais elevado, a
informação solicitada deve ser clara, concisa e referida unicamente a questões de carácter
geral. Pelo contrário, se se destinarem a um nível hierarquicamente mais baixo, há
necessidade de informação mais ampla que permita conhecer melhor os aspectos
específicos das operações. Assim, o relatório deve conter:
− A descrição do objectivo e do âmbito do trabalho e respectivas limitações se
existentes;
− A metodologia de trabalho utilizada e os testes realizados;
− Comentários sobre os tipos de prova;
− O tamanho e forma de obtenção das amostras;
− Uma relação das anomalias e excepções encontradas, incluindo a sua
quantificação, quando possível;
− As observações e as excepções detectadas;
− Todo o tipo de comentários adicionais que possa facilitar ao leitor a compreensão
do circuito operacional;
− Conclusão sobre os resultados do trabalho e recomendações daí decorrentes, se
possível e caso se justifique classificadas pelo seu grau de importância (alta, média
e baixa).
• Relatórios curtos: devem conter uma descrição curta do âmbito do trabalho, identificação
das principais deficiências, no caso em que estas tenham um efeito significativo nas
operações e nos processos da entidade, e uma conclusão sobre os resultados do trabalho
e respectivas recomendações.
• Relatório de sugestões: são memorandos, em que constam todas as recomendações
tendentes a corrigir as deficiências observadas durante a execução da auditoria. Além
disso, devem conter outro tipo de sugestões que, ao serem implementadas, possam
conduzir a uma melhoria do controlo interno das operações e dos processos, à
simplificação dos processos administrativos, à rentabilização do tempo, etc.
• Relatório de controlo interno: devem ser públicos e formais, permitem aos auditores
internos fornecer uma base para a Direcção concluir ou emitir uma opinião acerca do
controlo interno. Este tipo de relatórios deve identificar a eficácia de cada controlo e os
critérios que foram utilizados para avaliar o sistema.
29
De forma geral, existe uma estrutura comum a todos os relatórios de controlo interno que
contempla 5 requisitos base:
1. Controlos Relevantes: menção dos controlos associados à obtenção de
operações eficazes e eficientes, demonstrações financeiras, cumprimento de leis e
regulamentos bem como a salvaguarda dos activos;
2. Prazo: indicação do período avaliado;
3. Pontos fracos importantes: divulgação dos pontos fracos materialmente
relevantes, o seu impacto e as acções correctivas tomadas e/ou planeadas, assim como
as recomendações apresentadas;
4. Processo de auditoria interna: descrição da estrutura utilizada para planear o
processo de auditoria interna e avaliar se o controlo interno é adequado, incluindo o
processo de agregação de auditorias individuais, para permitir formar uma opinião global;
5. Alcance e conclusões: especificação clara do alcance e das conclusões, assim
como identificação das limitações inerentes.
O relatório deve conter, sempre que for detectado um problema de controlo interno, a
avaliação das suas implicações, da forma como foi detectado, a exposição ao risco ou à
não detecção. Além disso, deve também conter uma descrição das necessárias acções
correctivas e as actividades de acompanhamento.
Sempre que ocorram, durante o período de análise, acontecimentos que possam
comprometer o relatório de controlo interno, o auditor deve alertar de imediato a Direcção.
Um sistema de alerta rápido pode ajudar os envolvidos a decidir se é melhor aumentar os
recursos ou modificar os planos. Esses acontecimentos devem ser devidamente registados
no relatório.
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ou entidades externas de controlo, como, por exemplo, a Inspecção do MNE, a IGF e o Tribunal
de Contas.
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CAPÍTULO 5 – DOCUMENTOS DE TRABALHO
Os documentos de trabalho devem explicitar as acções desenvolvidas e comprovar os factos
relatados. Devem ainda fundamentar as observações e as recomendações servindo para:
Fornecer o suporte principal para o relatório de auditoria;
Auxiliar no planeamento, realização e revisão das acções de auditorias;
Facilitar consultas ou revisões por terceiros;
Fornecer uma base para a avaliação do programa de controlo de qualidade da
auditoria;
Fornecer suporte em circunstâncias como as de fraude e acções judiciais.
5.1. Dossiers
Os documentos de trabalho serão conservados em dois tipos de dossiers:
Dossier permanente – engloba todas as informações que o auditor interno considera
importante para consultar na auditoria que está a decorrer e em auditorias futuras.
Dossier corrente – contém as informações específicas para a auditoria que está a
decorrer.
Por outro lado, os documentos de trabalho devem ser ordenados e indexados de uma forma
lógica e funcional para permitir o seu fácil acesso. O sistema de indexação deve apoiar-se em
letras e números. A ordenação é feita por áreas, devendo cada documento de trabalho conter no
canto superior direito a letra identificativa da área a que respeita.
Para além da letra da área a que respeita o documento de trabalho, este deverá conter também,
no canto superior direito, um número que irá permitir a ordenação dos documentos de trabalho
dentro de cada área específica.
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Os documentos de trabalho de auditoria são mantidos sob controlo da auditoria interna, acessíveis
somente a pessoal autorizado e sujeitos aos mais exigentes critérios de confidencialidade.
Existem circunstâncias em que os pedidos de acesso aos documentos de trabalho e relatórios são
feitos por terceiros, externos ao IPAD. A decisão de disponibilizar tal documentação está sujeita à
aprovação do Presidente do IPAD, sob proposta do dirigente do GAAI.
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No caso de auditorias recorrentes, alguns dos documentos de trabalho classificados acima como
de arquivo corrente podem passar a arquivo permanente, devendo neste caso ser mantidos
actualizados.
O dossier corrente deve ser conservado pelo período de 10 anos, devendo a sua destruição ser
precedida de autorização pelo Presidente do IPAD sob proposta do dirigente do GAAI.
O dossier permanente, como o próprio nome indica, é mantido por tempo indeterminado devendo
ser continuamente actualizado.
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CAPÍTULO 6 – TESTES E TÉCNICAS DE AUDITORIA
Os testes de controlo são executados para obter prova de auditoria acerca da eficácia:
a) Da concepção do sistema de controlo interno;
b) Do funcionamento dos controlos internos durante o período em análise.
Os testes de controlo dirigidos à eficácia da concepção dos controlos têm em vista avaliar se
estes estão ou não adequadamente concebidos, para detectar distorções materialmente
relevantes nas asserções. Estes testes incluem procedimentos tais como, indagações ao pessoal,
verificação de documentos que apoiam as transacções, relatórios e, ainda, observação da
aplicação dos controlos específicos.
Os testes de controlo dirigidos à eficácia do funcionamento dos controlos têm em vista avaliar a
forma, a consistência e quem aplicou os controlos durante o período de auditoria. Estes testes
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incluem procedimentos idênticos aos que são utilizados para testar a eficácia da concepção do
sistema de controlo interno.
Baseado na estimativa do nível de risco de controlo que o auditor espera suportar e nas
considerações de eficiência da auditoria, o auditor planeia frequentemente executar alguns testes
de controlo simultaneamente com a obtenção da compreensão do controlo interno. Mesmo que
alguns dos procedimentos levados a efeito para obter a compreensão do controlo interno possam
não ter sido especificamente planeados como testes de controlo, eles podem proporcionar prova
de auditoria sobre a eficácia da concepção e funcionamento dos controlos internos relevantes
para determinadas asserções e, consequentemente, servir como testes de controlo.
O auditor pode decidir executar alguns testes de controlo durante uma visita intercalar antes do
final do período. Porém, o auditor não pode confiar nos resultados de tais testes sem considerar a
necessidade de obter prova de auditoria adicional relativa ao restante período. Os factores a
serem considerados compreendem:
• Os resultados dos testes intercalares;
• A duração do período remanescente;
• As alterações verificadas no sistema de controlo interno durante esse período;
• A natureza e volume das transacções e os montantes envolvidos;
• O ambiente de controlo;
• Os procedimentos substantivos a serem realizados.
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É através da correcta aplicação deste tipo de testes que o auditor obtém evidências sobre os
saldos e/ou transacções ou asserções apresentadas pela organização. São de importância
fundamental para complementar os testes de observância, considerando que é através deles que
é possível confirmar a fidedignidade das transacções e dos registos contabilísticos.
O equilíbrio a ser atingido na combinação dos testes de observância com os testes substantivos
depende de diversos factores e circunstâncias. Contudo, os mais comuns são:
• Se os controlos internos são fortes, a combinação dos procedimentos normalmente deve
favorecer os testes de observância e os testes substantivos analíticos;
• Se os controlos internos são fracos, a combinação dos procedimentos deve normalmente
favorecer os testes substantivos mais extensos, tanto os de revisão analítica como os
OTS;
• A dimensão da amostra de todos os testes deve ser alargada quando os controlos internos
se revelarem fracos.
Quando o risco de distorção material ao nível de uma asserção é significativo, o auditor deve
realizar testes substantivos que dêem especificamente resposta adequada a esse risco.
Para a implementação destes procedimentos, o auditor deve ter em consideração vários factores
entre os quais:
• Avaliar a conveniência do uso de procedimentos face às asserções a comprovar;
• Ponderação da fiabilidade dos dados a utilizar;
• Avaliação da adequabilidade dos procedimentos escolhidos para os fins em vista;
• Ponderar a importância das diferenças encontradas relativamente ao expectável.
Este tipo de testes substantivos aplica-se a grandes volumes de transacções que tendam a ser
previsíveis ao longo do tempo. Subjacente ao seu uso está a premissa básica de que apenas se
justifica relacionar determinadas variáveis se se mantiverem:
• As condições do negócio;
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• Os métodos e critérios contabilísticos;
• A ausência de operações significativas não usais;
• Flutuações aleatórias ou erros.
A formação das expectativas sobre a asserção a investigar é talvez a fase mais importante do
processo de revisão analítica. É nesta fase que se criam, escolhem e aplicam procedimentos que
permitem ao auditor fixar expectativas razoáveis sobre a asserção. Sem esta fixação de
expectativa razoável não se sabe exactamente o que se está a testar e corre-se o risco de
conceber procedimentos e efectuar trabalhos inúteis.
A fase 4 do processo exige o juízo do auditor na avaliação dos resultados dos procedimentos
analíticos. Nesta avaliação, a ponderação da relevância das diferenças, a justificação destas e a
opinião do auditor são a parte mais delicada e decisiva do processo da revisão analítica nesta
fase da auditoria.
Os testes de pormenor são mais apropriados para obter prova de auditoria relativamente a
certas asserções sobre os montantes ou saldos de contas, incluindo existência e valorização.
O auditor pode:
• Determinar que, para reduzir o risco de distorção material a um nível aceitavelmente baixo,
é suficiente executar procedimentos analíticos substantivos;
• Determinar que é suficiente realizar apenas testes de pormenor que dêem resposta ao
risco avaliado, com o objectivo de obter prova de auditoria apropriada suficiente para
atingir o nível planeado de segurança ao nível de asserção;
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• Determinar que a resposta mais adequada aos riscos avaliados é proceder a uma
combinação dos procedimentos analíticos e testes de pormenor.
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Nas situações em que o auditor considere necessário obter prova de auditoria sobre a eficácia
operacional dos controlos, podem ser realizados testes de eficácia operacional dos controlos,
relevantes ou, então, realizar os testes substantivos no final da auditoria.
Da utilização das técnicas pode resultar a identificação de situações de fraude ou falhas nos
procedimentos de controlo interno. Não existe nenhuma técnica de auditoria especificamente
concebida para detectar fraudes ou erros intencionais. A sua detecção apenas acontece como
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consequência da utilização de testes e da extensão das técnicas de auditoria aplicadas de forma
correcta.
6.2.1. Exames Físicos: consistem na verificação in loco e permitem ao auditor formar opinião
acerca da existência física do objecto ou item a ser examinado. O seu objectivo é confirmar a
efectividade dos controlos, especialmente dos relacionados com a segurança das quantidades
físicas ou qualitativas dos bens tangíveis (asserções).
Quando têm por objecto a verificação da existência dos stocks da organização, o seu objectivo é a
constatação visual de que eles existem e existem nas quantidades apuradas. Nestes casos, o
auditor deve ter sempre presente que o seu objectivo é a identificação correcta, a qual deve
abranger as características anteriormente referidas.
Os exames físicos não existem por si só, são utilizados como procedimento complementar que
permite verificar se existe ou não correspondência entre os registos da organização e aquilo que
existe realmente. Permite confirmar se os registos que existem estão correctos e se os valores
são os adequados em função da qualidade do item examinado.
6.2.2. Circularizações / Confirmações Externas: servem para obter uma declaração formal e
independente, feita por pessoas sem qualquer tipo de relação com a entidade, sobre factos
ligados com as operações desta.
A validade desta técnica para comprovação da autoria apenas se verifica quando o
gestor/dirigente da operação está envolvido no processo. Nestes casos, a função do auditor é
controlar o processo de formulação e obtenção das respostas aos pedidos circularizados.
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Existem dois tipos de pedidos de confirmação de dados utilizados pela auditoria:
• Positivos: utilizados quando se pretende obter uma confirmação formal e podem ser
realizados de duas maneiras:
− Branco: quando o pedido de confirmação é enviado em branco, sem ser
preenchido por qualquer valor;
− Preto: quando o pedido de confirmação é enviado preenchido com os valores ou
saldos constantes na base de dados, os quais devem ser confirmados.
• Negativos: utilizados quando não existe confirmação por parte de quem se pretende obtê-
la mas o auditor entende que essa pessoa concorda com os valores que foram colocados
no pedido de confirmação. Geralmente, são utilizados de forma complementar aos pedidos
de confirmação positivos e devem ser realizados para que se confirme que os pedidos
foram efectivamente recebidos.
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6.2.5. Exame dos lançamentos contabilísticos: o objectivo é verificar se as informações
contabilísticas, fiscais, etc., são verosímeis. Além disso, permite que o auditor realize
levantamentos específicos nas análises, composição de saldos, conciliações, etc.
6.2.7. Exame dos livros e registos auxiliares: esta técnica deve ser utilizada em conjugação
com outras uma vez que através da análise destes documentos de suporte é possível constatar e
confirmar a fiabilidade dos registos principais. A sua utilização implica que o auditor tenha
consciência de que estes registos também podem estar incorrectos ou que tenham sido
preparados apenas para suportar dados incorrectos.
6.2.8. Correlação entre informações obtidas: este procedimento decorre do próprio trabalho do
auditor uma vez que, no decorrer desse trabalho, o auditor irá realizar serviços cuja informação
estará relacionada com outras áreas de controlo diferente da organização. À medida que vai
observando este inter-relacionamento, o auditor está a efectuar o procedimento de correlação,
uma vez que confirma informações obtidas através de fontes independentes, autónomas e
distintas dentro da própria organização.
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A observação deve conter os seguintes elementos:
• Identificação da actividade específica a ser observada;
• Observação da sua execução;
• Comparação do comportamento com os padrões estabelecidos;
• Avaliação e conclusão.
6.2.10. Exame dos registos: consiste na verificação dos registos que constam nos controlos
regulamentares, relatórios sistematizados, mapas e demonstrações formalizadas e que foram
efectuados manualmente ou através de sistemas informatizados. Estes registos devem ser
verificados em todas as suas formas.
6.2.11. Corte das Operações ou “Cut-Off”: esta técnica tem como objectivo analisar a dinâmica
do procedimento operacional ou transaccional, através da realização de um corte nesse processo.
A análise é feita através da fotografia do momento chave de um processo.
Para a obtenção da prova de auditoria deverão ser executados testes de auditoria, adoptando os
seguintes procedimentos:
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Inspecção de Registos ou Documentos – consiste em examinar registos ou
documentos, internos ou externos, em forma de papel, electrónica ou outra. A inspecção
de registos e documentos proporciona prova de auditoria de variados graus de fiabilidade,
dependendo da sua natureza e fonte e, no caso de registos e documentos internos, sobre
a eficácia dos controlos sobre a sua produção.
Observação – consiste em olhar para um processo ou procedimento que está a ser
desempenhado por outros. A observação proporciona prova de auditoria acerca da
execução de um processo ou procedimento, mas é limitada ao momento no qual a
observação tem lugar, pelo facto de o acto de ser observado poder afectar a forma como o
processo ou procedimento é executado.
Inquérito – consiste em obter informação de pessoas conhecedoras, dentro ou fora da
entidade, e é um procedimento de auditoria que é extensivamente usado e, muitas vezes,
complementado pela execução de outros procedimentos. O inquérito pode ser formal ou
informal, sendo a avaliação das respostas uma parte integrante do processo. As respostas
a inquéritos podem proporcionar ao auditor interno informação já conhecida ou prova de
auditoria corroborativa. Alternativamente, as respostas podem proporcionar informação
que difira significativamente de outra informação que o auditor tenha obtido. Em alguns
casos, as respostas proporcionam um fundamento para o auditor modificar ou executar
procedimentos adicionais de auditoria.
Se bem que a corroboração de prova obtida por intermédio de inquérito seja muitas vezes de
particular importância, no caso de indagações acerca de intenções da gestão, a informação
disponível para suportar a sua intenção pode ser limitada. Nestes casos, compreender a
história passada da gestão pode proporcionar informação relevante sobre a sua intenção para
levar a efeito as intenções declaradas relativamente a activos ou passivos, as razões
declaradas para escolher uma determinada orientação de gestão e a capacidade para
perseguir uma orientação específica de acção.
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Confirmação – é um tipo específico de indagação, ou seja, é o processo de obter uma
declaração de informação ou de uma condição existente, directamente de uma terceira
parte. As confirmações são usadas frequentemente em relação a saldos de contas e aos
seus componentes, mas não necessitam de ser restritas a esses itens. As confirmações
são também usadas para obter prova de auditoria sobre a ausência de certas condições.
Reexecução – consiste na verificação do rigor de documentos ou de registos, isto é, a
reexecução é a execução independente de procedimentos ou controlos do auditor, que
foram originariamente executados como parte do controlo interno da entidade, quer
manualmente, quer por intermédio do uso de técnicas de auditoria, com recurso à
informática ou por testes de simulação.
Procedimentos analíticos na revisão das demonstrações financeiras – consistem na
avaliação da informação financeira, feita por relacionamentos plausíveis entre dados
financeiros e não financeiros. Os procedimentos analíticos também englobam a
investigação de flutuações e relacionamentos que sejam inconsistentes com outra
informação relevante ou se desviem significativamente de quantias previsíveis.
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BIBLIOGRAFIA
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Contabilidade, Fiscalidade, Auditoria e Direito das Sociedades, Braga, J. G., Malheiro, M. e
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Morais, G., Martins, I., 2007, Auditoria Interna Função e Processo, Áreas Editora;
Pinheiro, J. L., 2008, Auditoria Interna – Manual Prático para Auditores Internos, Lisboa, Editora
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asp.
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