Sindrome Do Overtraining

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

MARCIO ALBERTO MACHADO

SÍNDROME DO OVERTRAINING

SÃO PAULO
2010
MARCIO ALBERTO MACHADO

SÍNDROME DO OVERTRAINING

Monografia de Conclusão de Curso apresentada


ao Centro Universitário Ítalo Brasileiro, como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Educação Física sob a orientação
do Prof. Ms. Vitor Tessutti.

SÃO PAULO
2010
Dedico esta monografia a duas pessoas;
Antonio Machado e Geni Machado, que
em nenhum momento mediram esforços
para realização dos meus sonhos, que me
guiaram pelos caminhos corretos, me
ensinaram a fazer as melhores escolhas,
me mostraram que a honestidade e o
respeito são essenciais a vida, e que
devemos sempre lutar pelo que
queremos. A eles devo a pessoa que me
tornei, sou extremamente feliz e tenho
muito orgulho por chamá-los de pai e
mãe.

AMO VOCÊS!
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Ms. Vitor Tessutti que foi meu guia nesta árdua
missão, fazendo desta monografia um motivante desafio. Ele, corrigindo-me e
apontando os caminhos, fez com que eu tivesse empenho em realizar essa
pesquisa.

Aos meus pais pelo apoio emocional e afetivo que sempre me deram nas
palavras de conforto nos momentos difíceis e principalmente por sempre terem
acreditado em mim.

A minha esposa Rosangela Dias pela paciência e incentivo mesmo nos


momentos mais difíceis. Aos meus filhos Marcio e Juliana fonte de minha inspiração
e propósitos na vida. Amo vocês!

A família de meu irmão Marco, juntamente com sua esposa Simone e filhas
Patrícia, Victória e Mariana.

Aos familiares de minha esposa, que me receberam de braços abertos em


seu leito familiar.

A todos os alunos da Academia Iron Master meus agradecimentos pela


enorme admiração e confiança, foi lá onde tudo começou. Muito obrigado!

Aos meus discípulos da Brazilian Martial Arts Team pelo respeito e dedicação
nas aulas de artes marciais, vocês são o máximo. Oss.

Aos parceiros do cotidiano, Valdir Americano (fiel amigo), Mestre Biriba


“Carlos”, Emerson “Carbup”, é muito bom estar com vocês, hoje e sempre.

As minhas alunas pelo afeto e carinho, vocês são demais, adoro


vocês...beijos.
Aos amigos de classe, pouco tempo talvez para escrever uma história, mas
muito para preencher mais um capítulo importante que compõe minha vida, a vocês
em especial (em ordem alfabética) Anderson Gomes, Ed Carlos, Gontran Agreda,
Ismael Evangelista, Sergio Lopes e a todos os outros pela amizade. Valeu!

Ao meu Mestre de karate Sr. Péricles Daminski pelos ensinamentos técnicos


desta arte que aprendi a cultuar e a amar.

Ao casal Lourdes e Gerson pela amizade sincera e pelos momentos de


descontração todas terças e quintas-feiras.

Aos proprietários das academias que ministro aulas pela oportunidade e


confiança em poder realizar meu trabalho com liberdade e satisfação.

Aos professores da Uniban, FMU e Ítalo, quanta sabedoria, quanta bagagem,


quanto conhecimento, farei o meu melhor, muito obrigado.

A todos os atletas do powerlifting nacional que ao meu lado fizeram a história


do levantamento de peso na década de 90. Quanta força!

Ao destino que me proporcionou conhecer pessoas maravilhosas no decorrer


da minha vida e me permitiu fazer aquilo que mais gosto. Educação Física!
“Escolhe um trabalho de que gostes, e
não terás que trabalhar nem um dia na
tua vida”.

Confúcio
RESUMO

A síndrome do overtraining é caracterizada por um excesso de treinamento


responsável pelo surgimento de diversos efeitos adversos, sendo o principal deles a
diminuição do desempenho. Sua incidência entre atletas de elite vem aumentando
significativamente nos últimos anos, embora tal sintomas também são verificados em
praticantes de atividades físicas de lazer. O objetivo desta revisão literária foi de
apontar os possíveis mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento e efeitos
colaterais associadas ao super treinamento. Diversas hipóteses têm sido propostas
no intuito de desvendar estes mecanismos. Explicações possíveis para a Síndrome
do Overtraining incluem alterações do funcionamento das divisões do sistema
nervoso autônomo, respostas alteradas do sistema endócrino e supressão da função
imunológica. Segundo a literatura consultada, a Síndrome do Overtraining é tratada
mediante a redução acentuada da intensidade do treinamento ou do repouso
completo; a prevenção será obtida por meio de métodos de treinamento cíclico com
variações de intensidade de treino e, para atletas de endurance, por meio da
ingestão adequada de carboidratos para suprir as necessidades energéticas.

Palavras Chave: Overtraining, Treinamento, Desempenho físico.


ABSTRACT

The overtraining syndrome is characterized by an excess of training that


results in several adverse effects, the main one being the decrease in performance.
Its incidence among elite athletes has been increasing significantly in recent years,
although such symptoms are also seen in practice physical activities and leisure. The
purpose of this review has been to point out the possible mechanisms responsible for
the development and side effects associated with over-training. Several hypotheses
have been proposed in order to unravel these mechanisms. Possible explanations for
Overtraining Syndrome include changes in the functioning of the divisions of the
autonomic nervous system, altered responses of the endocrine system and
suppression of immune function. The Overtraining Syndrome is treated by the
reduction in the intensity of training or complete rest, prevention will be achieved
through training methods with cyclical variations in training intensity and endurance
for athletes, through the adequate intake of carbohydrates to meet energy needs.

Keywords: Overtraining, Training, physical performance.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 01

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................. 04

1.2 OBJETIVO ......................................................................................... 05

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................. 06

2.1 Overtraining – definição, prevalência e formas de identificação ........ 06

2.2 Estágios do overtraining ..................................................................... 12

2.2.1 Overreaching ..................................................................................... 12

2.3 Incidência do overtraining ................................................................ 13

2.4 Variáveis do treinamento desportivo que podem causar o OVT ........ 15

2.4.1 Volume ............................................................................................... 16

2.4.2 Intensidade ......................................................................................... 17

2.4.3 Falta de recuperação .......................................................................... 18

2.4.4 Fatores psicológicos ........................................................................... 20

2.5 Sintomas e efeitos do overtraining ..................................................... 21

2.6 Relação da síndrome com alguns fatores: ......................................... 22

2.6.1 Respostas hormonais ao overtraining ................................................ 22

2.6.2 Sistema imunológico e overtraining .................................................... 25

2.6.3 Síndrome do overtraining e glutamina ................................................ 26

2.7 O sistema nervoso autônomo e o overtraining ................................... 27

2.7.1 Síndrome do overtraining e hipótese da fadiga central ...................... 28

2.8 Concentrações de enzimas séricas .................................................... 28


2.9 Síndrome do overtraining e depleção de glicogênio .......................... 29

2.10 Formas de identificação do OVT ........................................................ 30

2.10.1 Avaliação de estado de humor – POMS ............................................ 31

2.10.2 Escala de humor de Brunel – Brums .................................................. 32

2.11 Fatores preventivos para o surgimento da síndrome ......................... 33

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 36

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 37
1

1. INTRODUÇÃO

O incentivo dos órgãos de saúde no controle do sedentarismo através da


prática regular de atividades físicas e a mudança e exigência nos padrões estéticos
impostos pela atual sociedade, têm levado as pessoas a buscarem, através do
exercício físico, a redução da massa corpórea (tecido adiposo), o aumento da massa
muscular magra (músculo) e a melhora no condicionamento aeróbio e geral do
indivíduo (ROHLFS et al., 2005).

Por outro lado atletas de diversas modalidades esportivas se esforçam ao


máximo em seus treinamentos no intuito de alcançar o extremo de sua performance
atlética visando resultados positivos que possam determinar sua vitória na
competição.

Diante destes fatos, é comum nos depararmos com pessoas sedentárias


praticando alguma forma de atividade física sem a devida orientação profissional,
assim como atletas que treinam de uma forma desordenada e incontrolada. Esta
atitude inconseqüente inevitavelmente culmina em desequilíbrios fisiológicos
capazes de originar alguma lesão neste indivíduo em decorrência da inaptidão ao
esforço na qual foi submetida.

A individualidade biológica, um dos mais importantes princípios do


treinamento, é a teoria que explica as possíveis diferentes adaptações
neurofisiológicas no praticante de atividades ou exercícios físicos e esportes
independentemente do treinamento ter as mesmas características e aplicabilidades
esportivas.

Segundo Kuipers (1998 apud VIEIRA, 2007), pesquisas demonstram que a


tolerância à sobrecarga é individual, ou seja, o que é bom para um, pode ser
prejudicial para outro, o que pode ocasionar incapacidade de adaptação ao
treinamento.
2

Desta forma o controle dos exercícios praticados é de extrema necessidade,


pois de acordo com Cunha (2006), o excesso de treino pode incluir lesão e fraqueza
muscular, ativação das citosinas, variações hormonais e hematológicas, alterações
temperamentais, depressão psicológica e problemas nutricionais que podem causar
diminuição do apetite e diarréia.

No desporto principalmente de alto nível o desenvolvimento de um programa


de treinamento físico tem como principal objetivo gerar adaptações fisiológicas e
neurológicas positivas para aumento e melhora do desempenho físico (SILVA et al,
2006). Estas adaptações são obtidas através do treinamento físico paralelo ao
treinamento técnico e tático da própria modalidade.

O treinamento físico pode ser definido como a repetição sistemática de


exercícios, que provocam alterações morfológicas e fisiológicas no organismo
(VANCINI, 2000) visando sua adaptação a níveis mais elevados de estresse.

Esta alteração que o organismo sofre decorrente do estresse ocasionado pelo


exercício físico tem por objetivo buscar o equilíbrio corporal a fim de manter a
homeostase (DANTAS, 2003 apud VIEIRA, 2007).

Este fenômeno refere-se ao controle de um estado considerado


supostamente normal, que deve ser defendido pelo organismo através das
mudanças desencadeadas em suas variáveis pelo estímulo (SOUZA JUNIOR e
PEREIRA, 2008).

Para que ocorram adaptações fisiológicas e neurológicas positivas nos


músculos e outros tecidos é necessário que o treinamento apresente uma
periodização que permita um equilíbrio entre a distribuição das cargas de treino e a
recuperação do atleta (SILVA et al., 2006).

Se forem aplicados estímulos fortes com períodos de recuperação


insuficientes, o atleta entrará em exaustão, evidenciando sintomas de excesso de
treinamento (VIEIRA, 2007).
3

Para Garcia (2004), a má adaptação ao treinamento poderá resultar em


overreaching e com sua permanência, em síndrome do overtraining. Segundo Alves
(2006), o overtraining ou supertreinamento é caracterizado pelo desequilíbrio entre
estresse e recuperação.

É possível que atletas profissionais e recreacionais possam desenvolver a


síndrome do overtraining (OVT), que tem como principal causa uma incorreta
condução do treinamento em termos de volume, intensidade ou pausa de
recuperação.

Os atletas de alto nível estão mais propensos a desenvolver a síndrome, em


decorrência das pressões provocadas pela atual prática desportiva competitiva,
onde os resultados positivos são fundamentais para sua permanência e sucesso no
esporte.

Tem sido observado que esta síndrome em geral decorre da soma


de múltiplos eventos estressores da vida, como treinamento físico,
perda de sono, exposição a ambientes estressantes (umidade, frio,
altitude e calor), mudança de residência, pressões ocupacionais e
dificuldades interpessoais (ROHLFS et al., 2005).

Detectar o overtraining não é tão fácil, pois os sintomas associados a esta


síndrome normalmente estão associados ao processo normal de adaptação frente
aos agentes estressores externos que acometem o organismo humano (CUNHA,
2006).

Diante deste fato, fica evidente a importância da orientação e a elaboração de


um programa de exercícios físicos que atendam as necessidades e capacidades do
esportista, pois, a superestimação da prescrição pode levar o praticante ou o atleta a
uma chance de desencadear um estado de overtraining.
4

1.1 JUSTIFICATIVA

Muitos praticantes de atividades físicas e principalmente atletas de alto nível


sofrem de vários sintomas adversos ao corpo humano, durante certos períodos de
treinamento intenso, sem saber o real problema de seu declínio físico e mental
(WILMORE e COSTILL, 2001).

Normalmente o entusiasmo dos iniciantes em obter resultados rápidos pode


levar a uma demanda excessiva de atividades físicas semanais, sem o devido
equilíbrio entre volume, intensidade e pausa de treinamento, podendo teoricamente
levar o indivíduo ao estresse físico e mental por ultrapassar sua capacidade de
adaptação ao exercício.

Competidores de alta performance também são vítimas da síndrome do


overtraining por estarem expostos a treinamentos árduos, excesso de competições e
por serem cobrados por resultados positivos.

A incidência do overtraining no esporte varia de acordo com a modalidade.


Esportes que envolvem grandes cargas de treinamento freqüentemente demonstram
maior probabilidade de instalação da síndrome (ALVES, 2006).

Segundo Ackel (2001), os indivíduos com overtraining podem apresentar


alterações fisiológicas, imunológicas, hormonais e bioquímicas.

Em virtude do exposto a execução de um trabalho de revisão de literatura se


faz necessário a fim de informar aos técnicos, preparadores físicos e professores de
educação física sobre as causas, sintomas e efeitos adversos da síndrome do
overtraining.
5

1.2 OBJETIVO

O objetivo desta revisão literária em base de dados nacionais (Scielo; Bireme;


Google Acadêmico); institutos de pesquisas como o Celafics, além de livros, teses e
dissertações é descrever as principais características da síndrome do overtraing,
suas alterações fisiológicas, hormonais e imunológicas e os possíveis marcadores
de detecção no intuito de auxiliar os profissionais da área da saúde a evitarem que
seus atletas ou alunos sofram as conseqüências do mesmo.
6

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Overtraining – Definição, prevalência e formas de identificação

De acordo com Vancini (2000), vários termos são propostos na literatura para
referir-se a acentuada queda de desempenho físico e mental ocasionado pelo
desequilíbrio homeostático exacerbado decorrente do excesso de treinamento
combinado com períodos de descanso inapropriado, são eles: supertreinamento,
sobretreinamento, burnout, overfadigue, overwork, staneless, overload training,
overstrain e síndrome da fadiga crônica.

Nesta revisão optou-se por usar o termo inglês overtraining (OVT) que
significa excesso de treinamento (VANCINI, 2000).

O overtraining pode ser definido como um distúrbio neuroendócrino, que


ocorre no eixo hipotálamo-hipófise, resultado do desequilíbrio entre a demanda do
exercício e a capacidade de resposta do organismo (BAPTISTA, 1999 apud
SILVA,2006).

Vancini (2000) define o overtraining como uma síndrome normalmente


caracterizada pela fadiga e baixa performance precipitada por fatores de estresses
advindos do treinamento excessivo na ausência de uma recuperação apropriada.

O OVT, é um estado provocado por volumes de treinos muito intenso


que causa queda temporária no rendimento. O overtraining
caracteriza-se por sintomas de irritação, tensão nervosa,
perturbações do sono, perda de apetite e capacidade de rendimento
reduzida (BARBANTI,1979 apud MATTOS, 2001).

O overtraining é decorrente de um aumento no volume ou na


intensidade do treinamento que resulta num longo período de
diminuição no desempenho (FRY, 1997 apud CUNHA, 2006), ou
ainda caracterizado pela diminuição do desempenho específico do
esporte associados com distúrbios de humor (URHAUSEN, 2002
apud CUNHA, 2006).
7

Existem basicamente dois tipos de overtraining o simpático, que é


determinado pela predominância das atividades simpáticas e o overtraining
parassimpático verificado pela predominância de atividade parassimpática
(VANCINI, 2000).

As reduções no desempenho com a forma simpática tendo menos prevalência


e geralmente encontrada em modalidades esportivas de predominância anaeróbias
como: corridas de velocidade, saltos e lançamentos. A forma parassimpática é
normalmente encontrada em modalidades esportivas de predominância aeróbia
como: corridas de longa distância, natação e ciclismo (LEHMANN et al., 1993 apud
MATTOS, 2001).

Os resultados das várias medidas feitas em testes fisiológicos realizados


durante o exercício diferem entre as duas formas, mas o desempenho total
diminuído e o aumento da fadiga percebida são similares (LEHMANN et al., 1993
apud MATTOS, 2001).

Dentre a possível etiologia do overtraining Lehmann et al (1998) apud Costa,


(2005) afirma que esta síndrome ocorre devido a um desequilíbrio entre estresse e
recuperação, ou seja, uma carga excessiva de estresse combinada com insuficiente
recuperação.

Há um consenso entre alguns autores de que OVT é causado por sobrecarga


de treinamento que excede a capacidade de adaptação do atleta ou pelo
desequilíbrio entre o treinamento e o período de recuperação que é insuficiente para
permitir recuperação e adaptação (FRY et al., 1992 apud MATTOS, 2001; KUIPERS
e KEIZER, 1988 apud MATTOS, 2001; URSHAUSEN et al., 1995 apud MATTOS,
2001).

A sobrecarga de uma sessão de treinamento provoca um distúrbio agudo da


homeostase celular, que é o principal estímulo para o desencadeamento de
respostas adaptativas na tentativa de restaurá-la.
8

Toda vez que o organismo encontra-se sob efeitos de estímulos (estresse),


processos internos são alterados para restabelecer os valores de seus parâmetros
ou funções (SEYLE,1950 apud SOUZA JUNIOR e PEREIRA, 2008).

Com o estresse, cresce a velocidade do consumo de energia, e aumentam as


necessidades do organismo em ATP. O que explica esta situação é a teoria da
Sindrome da adaptação Geral (SAG), onde na primeira fase deste processo há uma
intensificação do metabolismo para o aumento da produção de energia. Esse
procedimento tem inicio com o sinal do sistema nervoso central sobre o começo do
estresse e com o desenvolvimento da velocidade de síntese de hormônios, que por
sua vez, incitam uma série de reações químicas (GOMES, 2002).

O termo estresse denota o estado gerado pela percepção de


estímulos que provocam excitação emocional e, ao perturbarem a
homeostase disparam um processo de adaptação caracterizado
entre outras alterações, pelo aumento de secreção de adrenalina
produzindo diversas manifestações sistêmicas, com distúrbios
fisiológicos e psicológicos (LEHMANN, 1998 apud ROHLFS et al.,
2005).

Para Gomes (2002) se a ação do fator de estresse não diminuir, verifica-se o


esgotamento paulatino dos recursos de adaptação imediata, e surge a reação
defensiva do organismo, percebida subjetivamente pelo indivíduo como fadiga.

De acordo com Seyle (1950 apud SOUZA JUNIOR e PEREIRA, 2008) o


estresse é como um estado caracterizado por um padrão de resposta uniforme,
independente das particularidades do estimulo (síndrome da adaptação geral), que
pode promover em longo prazo mudanças patológicas.

A síndrome de adaptação geral (SAG) de Seyle compreende três


estágios: alarme, resistência e exaustão. Todos estes estágios
envolvem respostas hormonais que tentam restabelecer o equilíbrio.
No primeiro estágio, o organismo reconhece e reage ao (s) estressor
(es). Na fase de resistência, o mesmo está apto a fazer adaptações
psicológicas apropriadas sem danos. Quando o organismo fica sob
9

estresse por um longo período, o estágio de exaustão pode ser


alcançado, sobrecarregando o sistema de defesa, não permitindo
mais adaptações (ROHLFS et al., 2005).

Portanto, como conseqüência da SAG, pode-se entender as respostas


crônicas do organismo ao exercício praticado regularmente como adaptações
(SOUZA JUNIOR e PEREIRA, 2008).

O overtraining esta relacionado com uma tentativa que o corpo tem de


enfrentar fatores estressores, semelhante à síndrome da adaptação geral (PAIVA,
2005).

De acordo com Varlet-Marie et al (2004) apud Freitas (2009), a síndrome do


overtraing pode ser entendida como o terceiro estágio da SAG de Seyle que é o
esgotamento.

Segundo Wilmore e Costill (2001), quando a carga de treinamento é muita


intensa ou o volume de treino ultrapassa a capacidade do corpo de recuperação e
de adaptação, o organismo apresenta mais catabolismo (degradação) do que
anabolismo (acúmulo), e, em virtude disso não consegue se recompor a ponto de
causar adaptações positivas.

Para Barbanti (1996), a ocorrência deste fato pode levar o indivíduo a um


processo de cansaço crônico, desenvolvido pelo desajuste da demanda de trabalho
com a supercompensação. Mas para haver a supercompensação é necessário que
exista um período ideal de repouso entre as sessões de treinamento.

Este processo regenerativo (recuperação) vai além da simples restauração,


aumentando as reservas homeostáticas e a tolerância a novas sobrecargas,
fenômeno conhecido como super-compensação. (VIRU, 1994 apud ACKEL, 2001).
10

A freqüência ideal dos exercícios em um treinamento é determinada de


acordo com o tempo de recuperação requerido por cada atividade, considerando-se
o volume, intensidade e seqüência das atividades (WEINECK, 2003).

Segundo Guerra (2001) a recuperação envolve processos nutricionais, como


a restauração dos estoques nutricionais, como a restauração dos estoques
hepáticos e musculares de glicogênio, reposição de fluidos e eletrólitos, regeneração
e reparo de lesões causadas pelo exercício e adaptação após o estresse catabólico.

Dessa forma, para se produzir um aumento significativo do rendimento, deve


ser produzido uma maior quantidade de supercompensações durante os diversos
períodos de treino. (BARBANTI, 1996).

Como o objetivo do treinamento é a melhora do rendimento desportivo, ao


término de cada período é necessário avaliar os efeitos do treinamento sobre o
estado do atleta, com vista a uma eventual correção “tanto” na carga do treinamento
como na intensidade. (BORIN et al.,2007).

Há uma dificuldade em se estabelecer a taxa de aumento da carga de treino


(intensidade e volume) para cada atleta nas diferentes fases do treinamento. A
inadequação do volume e intensidade das sessões e/ou dos períodos de pausas
pode exceder a tolerância individual ao exercício e a capacidade de recuperação do
atleta (BUDGETT,1990 apud ACKEL, 2001) acarretando no estado de overtraining.

Para Lehmann (1993) apud COSTA (2005) as diferenças individuais no


potencial de recuperação, capacidade física, estressores em períodos de não
treinamentos e tolerância ao estresse podem explicar diferentes graus de
vulnerabilidades dos atletas sob condições de treinamento idênticas.

Um fator crítico, principalmente nos esportes coletivos, é a sensibilidade


individual ao treinamento, pois atletas com níveis de aptidão similares podem
apresentar respostas distintas ao mesmo programa de treinamento. Enquanto
alguns atletas podem prosperar, outros desenvolvem a síndrome do overtraining em
11

resposta ao mesmo programa de treinamento (LEHMANN et al.,1993, apud ACKEL,


2001).

Contudo outros fatores; estressores sociais (problemas de relacionamento


pessoal), educacionais, ocupacionais (obrigações profissionais), ambientais (altitude,
temperatura e umidade), econômicos, nutricionais (alimentação inadequada frente a
carga de treinamento) e excessivas viagens e campeonatos podem contribuir para
esta síndrome (ROHLFS, 2005).

Os fatores de estresse, que não são determinados pelo treino, são muitas
vezes provenientes do ambiente social e econômico do atleta. Mas muito importante
são também outros fatores como: uma planificação de época excessivamente
ambiciosa com demasiadas competições, erros alimentares, etc. (FERREIRA et al.,
2005).

As causas subjacentes da síndrome do OVT freqüentemente são uma


combinação de fatores emocionais e fisiológicos (WILMORE e COSTILL, 2001).

Atletas em todos os níveis de performance podem desenvolver essa síndrome


e um relevante número de sinais e sintomas tem sido associado à mesma. (FRY et
al., 1991 apud ROHLFS, 2005).

De acordo com alguns estudos, foi demonstrado que os sintomas de


overtraining chegam a atingir 65% dos corredores de longa distância
em algum momento da sua carreira profissional, 50% dos jogadores
de futebol semi-profissional após uma temporada competitiva de
cinco meses e 21% dos nadadores da equipe nacional australiana
durante uma temporada de seis meses (SMITH, 2000 apud
ROGERO, 2005).

Os sintomas da síndrome do OVT são altamente particularizados e


subjetivos, de modo que não podem ser compreendidos de maneira
universal. A presença de um ou mais desses sintomas é suficiente
para alertar o técnico ou treinador de que um atleta poderia estar
12

apresentando sinais de treinamento excessivo (WILMORE;


COSTILL, 2001).

Segundo Smith (2003) apud Freitas (2009), os sintomas associados ao OVT


podem ser divididos em quatro categorias de avaliação: psicológicos, fisiológicos,
bioquímicos e imunológicos, e de acordo com a utilização de marcadores dessas
categorias juntos, e a melhor forma de monitorar o treinamento.

Até pouco tempo atrás Cunha et al., (2006) acreditavam na inexistência de


um simples marcador que possa prever o OVT dessa forma, a diminuição no
desempenho físico ainda é considerado o padrão-ouro para indiciar o acometimento
da síndrome do overtraining.

2.2 Estágios do overtraining

2.2.1 Overreaching

Durante uma fase de treino pesado, sintomas transitórios, sinais e mudanças


podem ser diagnosticadas no atleta, porém, por si só podem não caracterizar o
overtraining.

O curto período no qual a falta de adaptação é vista através de uma


diminuição do desempenho é chamada de “overreaching” (OVR), (normalmente
reversível em poucos dias) (FRY et al., 1992; URHAUSEN et al., 1995 apud
MATTOS, 2001).

O OVR apresenta basicamente os mesmos sinais e sintomas do OVT, porém


a diferença entre eles refere-se ao tempo de recuperação (ROHLFS, 2005).

Usualmente o OVR é provocado como uma parte vital do treinamento


desportivo, visando a melhora da performance, ou seja, extrai-se o potencial máximo
do atleta sem comprometer sua saúde e condicionamento físico.
13

Assim o OVR, refere-se à queda do desempenho á curto prazo em


resposta a um programa de treinamento pesado realizado em poucos
dias. Este processo reversível em alguns dias ou, no máximo duas
semanas de repouso, e é caracterizado por fadiga periférica,
incluindo fadiga muscular, redução ou ausência de resposta de
treinamento, queda da capacidade de desempenho submáximo e
máximo (LEHMANN et al.,1993; KUIPERS, 1998 apud ACKEL,
2001).

Para Bompa e Cornacchia (2000, p. 225), “A fadiga pode ser vista como uma
maneira do corpo proteger-se de danos que possam ser causados ao mecanismo
contrátil muscular”.

A fadiga é diferente da exaustão, portanto a fadiga faz parte do processo de


aquisição de performance desde que respeitado o processo de sua recuperação
posterior.

Falsetti (1983) apud Ackel (2001) salienta que o OVR é o termo usado para
descrever os efeitos de uma sobrecarga intensa. Para Fleck (1988) apud Ackel
(2001) isto resulta em desempenho reduzido por um curto período de tempo que,
após um longo período de recuperação, resulta em super-compensação e
capacidade de desempenho aumentada.

2.3 Incidência do overtraining

Atletas profissionais e atletas recreacionais podem causar prejuízos à sua


saúde devido ao excesso de exercícios (ACKEL, 2001).
14

Segundo O´Brien (1988), são considerados indivíduos altamente suscetíveis


ao desenvolvimento da síndrome do overtraining : atletas muito motivados; atletas
de alto rendimento; atletas que retornam precocemente aos treinos, antes de
estarem completamente recuperados; indivíduos com orientação técnica não
qualificada.

É importante ressaltar que o overtraining pode acometer tanto atletas


engajados em exercícios de endurance quanto aqueles envolvidos em programas de
treinamento de força e velocidade (ROGERO et al., 2005).

Intensificando o treinamento o atleta começa a sentir os outros sintomas do


overtaining.

Ackel (2001), identificou em São Paulo que a média de tempo


passado nas academias de São Paulo é de 11 horas por semana. O
colégio Americano de Medicina Esportiva, autoridade na definição de
parâmetros para a prática de atividades físicas, estabelece o máximo
de cinco horas de exercícios por semana.

Gould et al. (1998) apud Costa (2005) apresentou estudo realizado com
atletas americanos na olimpíada de Atlanta com objetivo de verificar os níveis de
overtraining nos atletas e coletou os seguintes resultados em relação ao percentual
total de atletas acometidos pelos sintomas do OVT nas seguintes modalidades
esportivas; nado sincronizado – 80%; hockey – 74%; remo – 55%; ciclismo – 50%;
canoagem e caiaque – 45%; voleibol – 38%; ginástica olímpica – 33%; handebol –
32%; atletismo – 24%; saltos ornamentais – 20%; natação – 17%; basebol – 13%;
iatismo - 11%; esgrima – 11%; luta livre – 10%; futebol – 7%; tiro – 6%.

Os resultados obtidos dos 296 atletas de 30 diferentes esportes foram


revelados que 84 (28%) de todos os atletas americanos estiveram num estado de
overtraining e que este estado explicava o decréscimo de seus rendimentos
(GOULD, 1998 apud COSTA, 2005).
15

2.4 Variáveis do Treinamento desportivo que podem causar o OVT

O termo treinamento é utilizado comumente no cotidiano referindo-se ao


exercício, cujo propósito é o aperfeiçoamento e desenvolvimento gradual em uma
determinada área. (WEINECK, 2003)

Sob o ponto de vista esportivo, Carl (1989) sugere a definição de treinamento


esportivo como sendo o processo ativo complexo regular planificado e orientado
para a melhoria do aproveitamento e desempenho esportivos.

O treinamento desportivo evoluiu no decorrer das últimas décadas


modificando sua metodologia e estruturação de treino produzindo alterações
significativas no desempenho e nos resultados dos atletas de competição
(OLIVEIRA, 2008).

Segundo Oliveira (2008), as ciências têm assumido gradativamente seu papel


na solução dos problemas metodológicos do treinamento, em especial no desporto
de alto rendimento.

O conhecimento da teoria e da metodologia do treinamento desportivo tem-se


tornado o maior artifício para o treinador da atualidade, e o sucesso está relacionado
com as investigações científicas no domínio do desporto e outras áreas de atuação.
(GOMES, 2002).

As causas subjacentes da síndrome do overtraining não são totalmente


conhecidas, embora seja provável que as sobrecargas físicas e emocionais, ou uma
combinação de ambas, possam desencadear a situação (WILMORE e COSTILL,
2001).. Tentar não ultrapassar a tolerância ao estresse do atleta através da
regulação da quantidade do estresse fisiológico e psicológico sofrido durante o
treinamento é difícil. A maioria dos técnicos utiliza a sua intuição para determinar o
volume e a intensidade do treinamento, mas poucos podem avaliar precisamente o
verdadeiro impacto deste esforço sobre o atleta (WILMORE e COSTILL, 2001)..
16

Segundo Vieira (2007), deve-se realizar um treinamento onde se deve


adequar a intensidade e o volume de esforço, respeitando o adequado período de
recuperação, a fim de evitar o estado de OVT.

2.4.1 Volume

De acordo com Bompa (2002), o volume significa a quantidade total de


atividade realizada no treinamento. O volume também diz respeito à soma do
trabalho realizado em determinada sessão ou fase de treinamento.

A freqüência que corresponde ao número de sessões de treinamento por


semana, mês ou ano, e, a duração (extensão de cada sessão de treinamento) tem
um reflexo direto sobre o volume de treinamento (FLECK e KRAEMER, 1999).

Um atleta cuja aspiração é estar entre os 20 melhores do mundo em sua


categoria precisa treinar mais do que 1000 horas anuais. Atletas que participam de
competições internacionais devem considerar 800 horas de treinamento; os de nível
nacional em torno de 600 horas e por volta de 400 horas de treino para àqueles de
caráter estadual ou regional (BOMPA, 2002).

Durante as primeiras etapas da vida desportiva, o acréscimo do


volume vai colaborar na melhora do rendimento, entretanto, no alto
nível este incremento de volume pode não refletir no resultado
positivo, e muitas vezes o aumento exagerado do volume pode
diminuir a capacidade de rendimento do atleta (GOMES, 2002)

Harre (1982) apud Bompa (2002) sugere que esse crescimento induz a
fadiga, à baixa eficiência no treinamento, à falta de economia no trabalho muscular,
a propensão do risco de lesão e ao estado de overtraining.

Dois modos de volume podem ser calculados no treinamento.


17

O volume relativo refere-se à quantidade total de tempo a qual um


grupo de atletas ou uma equipe se dedica ao treinamento em
determinada sessão ou fase de treinamento. O volume relativo de
treinamento raramente tem valor para um só atleta. Isto significa que,
embora o treinador saiba a duração total do treinamento, ele não tem
nenhuma informação sobre o volume de trabalho de um atleta por
unidade de tempo, (BOMPA, 2002).

O volume absoluto mede a quantidade de trabalho que um atleta realiza por


unidade de tempo, normalmente explanado em minutos. Trata-se do melhor método
de avaliação do volume de treinamento efetuado por um atleta (BOMPA, 2002).

2.4.2 Intensidade

Para Bompa (2002), a intensidade é o componente qualitativo do trabalho que


um atleta realiza em dado momento, quanto mais trabalho o atleta faz por unidade
de tempo, maior é a intensidade.

Intimamente relacionadas às ações musculares voluntárias máximas estão a


intensidade e a produção de potência do treinamento (FLECK e KRAEMER, 1999).

A intensidade é função da força dos impulsos nervosos que o atleta emprega


em uma sessão de treinamento. A força do estímulo depende da carga, da
velocidade de execução e da variação do intervalo de recuperação (BOMPA, 2002).

As alterações fisiológicas induzidas pelo treinamento dependem


essencialmente da intensidade, refletindo no gasto calórico e nos sistemas
energéticos ativados (MONTEIRO, 2000).

Devem-se levar em consideração as particularidades de cada modalidade


esportiva para se determinar os critérios de intensidade da carga (GOMES, 2002).
18

A intensidade das atividades realizadas contra uma resistência pode ser


medida em quilogramas (BOMPA, 2002). A intensidade de um exercício pode ser
avaliada como um percentual de 1 Repetição Máxima (RM) ou qualquer número de
RM para o exercício relacionado ao treinamento de força através da utilização de
pesos (FLECK e KRAEMER, 1999).

O teor de lactato no sangue pode servir de parâmetro fisiológico quanto à


intensidade empregada em determinado treino (GOMES, 2002).

Hettinger (1966) apud Bompa (2002), afirma que para o treinamento de força
intensidades menores do que 30% não estimulam um efeito de treinamento, para
desportos de resistência (corrida rústica com esqui, corrida, remo e canoagem) o
limiar da freqüência cardíaca (FC), acima do qual o sistema cardiorespiratório irá
experimentar um efeito de treinamento, é de 130 batimentos por minuto.

Para desenvolver certas capacidades biomotoras, a intensidade do estímulo


precisa atingir ou exceder os limiares aeróbios e anaeróbios, de acordo com a
exigência esportiva da modalidade, para que ocorram resultados significativos de
treinamento (BOMPA, 2002).

2.4.3 Falta de recuperação

Segundo Monteiro (2000), a recuperação compreende o período de descanso


somado a uma alimentação que favoreça a restauração das reservas de energia.

A recuperação ou a regeneração é um processo multidirecional, que


depende de fatores intrínsecos e extrínsecos. Devem-se considerar
os seguintes fatores: a idade, o sexo, fatores ambientais, tipos de
fibras musculares, tipos de exercícios, fatores psicológicos, traumas
localizados ou agudos, abastecimento energético e supertreinamento
(BOMPA, 2002).

As informações sobre o estado de recuperação de um atleta são


fornecidas por parâmetros subjetivos; comentários sobre o estado
19

atual, sobre o desempenho e sobre a disposição psíquica do atleta,


ou objetivos; avaliação cardiopulmonar e endócrina através de
exames médicos (WEINECK, 2003).

Quanto mais forte for o estímulo aplicado, maior deverá ser o período de
recuperação (MONTEIRO, 2000).

De acordo com Weineck (2003), a adoção de uma carga esportiva sem


considerar a necessária recuperação pode levar a um desgaste excessivo das
reservas energéticas e conseqüentemente redução do desempenho.

A falta de recuperação adequada pode desencadear o estado de OVT,


classificado na teoria da SAG de Seyle como fase da exaustão.

Segundo Seyle (1956) apud Peniche e Chaves (2000) na fase de exaustão o


organismo perde o poder adaptativo; há diminuição ou esgotamento dos
mecanismos que o envolve podendo surgir patologias localizadas em órgãos
específicos, resultante da falência de órgãos ou de seu comprometimento.

O organismo encontra-se extenuado pelo excesso de atividades e pelo alto


consumo de energia. Ocorre, então, a falência do órgão mobilizado na Síndrome de
adaptação local (SAL) o que se manifesta sob a forma de doenças orgânicas
(SEYLE, 1956 apud CAMELO, 2004).

Durante o treinamento, deve-se respeitar o período recuperativo, para que


se possibilite uma supercompensação e conseqüentemente uma melhora da
performance (VIEIRA,2007).

Para Volkov (1989) apud Gomes (2000), após a recuperação completa, as


reservas energéticas podem superar o nível verificado antes do trabalho. Tal
fenômeno é chamado de supercompensação.

A negligência da recuperação pode causar síndromes crônicas de sobrecarga


de diferentes naturezas físicas ou psíquicas, denominadas excesso de treinamento
ou overtraining (WEINECK, 2003).
20

2.4.4 Fatores psicológicos

As relações entre as dimensões do humor, o rendimento esportivo e o


monitoramento do treinamento tem sido motivo de preocupações e
conseqüentemente, de investigações na área da psicologia do esporte (FREITAS
et al., 2009).

Alterações psicológicas têm sido notadas em indivíduos acometidos pela


síndrome do OVT, algumas vezes antecedendo o próprio estado de
sobretreinamento (VANCINI, 2000).

De acordo com Samulski et al., (1991, apud MIRANDA, 2009) existe no


esporte uma variedade de estressores internos e externos, que podem
desestabilizar psiquicamente o atleta antes, durante e após uma competição.

Apesar do estresse popularmente ser considerado um fenômeno basicamente


de origem psicológica, fatores físicos podem desencadear o estresse no
organismo humano (BARA FILHO, 1999 apud MIRANDA, 2009).

O estresse pode ser definido numa perspectiva psicológica como a


percepção do indivíduo em relação ao desequilíbrio entre demandas
físicas ou psicológicas e seus recursos para enfrentamento do
mesmo, em uma atividade considerada importante, como por
exemplo, a ação esportiva para o atleta (ROHLFS, et al., 2005).

Tem se utilizado o teste de humor do POMS – Profile of Mood States para se


avaliar o nível de estresse psicológico do indivíduo, sendo este método uma das
medidas mais completas para avaliar os efeitos do estresse da carga de
treinamento em variáveis psicológicas (FREITAS et al., 2009).

William Morgan, psicólogo americano, tem estudado a utilização do teste


POMS como forma de relacionar determinadas particularidades da personalidade
com o sucesso esportivo. Ele sugere que uma saúde mental positiva está
21

diretamente relacionada com o sucesso no esporte, enquanto psicopatologias e


sucesso estão inversamente relacionados (MORGAN, 1980 apud BRANDÃO,
2002).

2.5 Sintomas e efeitos do overtraining

Os fatores fisiológicos responsáveis pelos efeitos prejudiciais do OVT


não são completamente compreendidos. No entanto, muitas
respostas anormais sugerem que o OVT está associado a alterações
nos sistemas neurológico, hormonal e imunológico (WILMORE;
COSTILL, 2001).

A maioria dos sintomas resultantes do OVT, é subjetiva e


identificável apenas após ter havido comprometimento do
desempenho do indivíduo. Esses sintomas podem ser altamente
particularizados, o que pode tornar muito difícil para os atletas,
treinadores e técnicos reconhecerem que as diminuições no
desempenho são produzidas pelo super-treinamento. (WILMORE;
COSTILL, 2001, p.389).

A primeira indicação da síndrome do OVT é um declínio do condicionamento


físico. O atleta pode sentir perda da força, da coordenação e da capacidade máxima
de trabalho muscular. Além disso, o indivíduo fica mais suscetível às lesões
musculares e aumento da imunossupressão (CALLISTER et al., 1990 apud
MATTOS, 2001) que aumenta a suscetibilidade às infecções virais.

Anorexia nervosa, bulimia, distúrbios do sono, disfunções hormonais


associadas oligomenorréia ou redução do número de espermatozóides são alguns
dos problemas causados pelo excesso de exercícios. Do mesmo modo, pode
ocorrer a perda do estímulo competitivo, da vitalidade, da determinação e da libido
(BUDJETT et al., 1998 apud ACKEL, 2001).

Estão incluídos entre outros sintomas da síndrome do overtraining :


alterações de apetite e perda do peso corporal; sensibilidade muscular; lesões
22

musculares e fraturas por estresse; fadiga crônica; queda do sistema imunológico;


distúrbios do sono; freqüência cardíaca de repouso elevada; pressão arterial
elevada; irritabilidade, ansiedade, depressão, agressividade e nervosismo; aumento
dos níveis hormonais de cortisol e redução da testosterona; ausência de
menstruação (amenorréia); falta de concentração.

Por essas razões, o OVT de modo geral é acompanhado de cansaço físico e


por uma perda do desejo de competir e do entusiasmo pelo treinamento.

2.6 Relação da síndrome com alguns fatores:

2.6.1 Respostas hormonais ao overtraining

O excesso de treinamento físico, tanto como o estresse psicológico, pode


promover uma alteração do balanço hormonal, sendo que este fato tem sido
associado ao overtraining (ROGERO, 2005).

No OVT o mau funcionamento dos eixos hipotálamo-hipófise envolvendo o


hormônio do crescimento (GH), a glândula tireóide, a glândula adrenal e as gônadas,
provoca um desequilíbrio neuroendócrino com prejuízo das funções hipotalâmicas
de coordenação e regulação (KEIZER, 1998).

Segundo Rogero (2005), as citocinas também ativam o sistema nervoso


simpático, enquanto suprime a atividade do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas,
sendo, desse modo, responsáveis pelas alterações observadas nas concentrações
sangüíneas de catecolaminas e hormônios gonadais, as quais estão presentes em
atletas em estado de overtraining

As citocinas são glicoproteínas de baixo peso molecular que atuam na


intercomunicação celular. São importantes na estimulação e supressão dos eventos
da resposta imune, desencadeando e coordenando a resposta inflamatória, assim
como os processos de cicatrização e remodelação tecidual (ALVES e RIBEIRO,
2004).
23

As mensurações de níveis hormonais séricos durante períodos de


treinamento intensificado sugerem que distúrbios importantes da
função endócrina acompanham o estresse excessivo. Quando os
atletas aumentam o seu treinamento 1,5 a 2 vezes, o nível sérico de
tiroxina e de testosterona (T) geralmente diminui e o nível sérico de
cortisol (C) aumenta (WILMORE e COSTILLl, 1994).

Para Budgett (1998, apud CUNHA et al. 2006) o equilíbrio entre a


atividade anabólica e catabólica é representado pela razão entre a testosterona e o
cortisol, que é conhecida como testosterona/cortisol ou testosterona-livre/cortisol.
Fundamentado na premissa de que a testosterona tem efeitos anabólicos e o cortisol
catabólicos, a razão testosterona/cortisol tem sido proposta como um grande
marcador do OVT (BUDGETT, 1998 apud CUNHA et al., 2006).

Adlercreutz et al (1986) apud Ackel (2001) sugeriram que a diminuição da


razão testosterona livre (TL) / cortisol (C) dificultaria o processo anabólico após o
exercício, e, portanto, retardaria a recuperação.

Quando a razão testosterona/cortisol (T/C) é aumentada, ou seja, a


concentração de testosterona é maior que a concentração de cortisol no período de
descanso, isto sugere resultado positivo em relação ao treinamento, em
contrapartida o decréscimo indica que o método de treinamento empregado
representa um estímulo estressor para o organismo (LAPIN et al., 2007).

A diminuição da testosterona, junto com o aumento do cortisol,


poderia aumentar mais o catabolismo do que o anabolismo protéico
das células. Os indivíduos com OVT freqüentemente apresentam
nível sérico de uréia elevado e, pelo fato da mesma ser produzida
pela degradação protéica, isto indica um aumento do catabolismo
protéico. Acredita-se que esse mecanismo seja responsável pela
perda de massa corporal observada nos atletas que apresentam a
síndrome do overtraining (WILMORE e COSTILL, 1994).
24

Ainda na relação do OVT com questões hormonais existe a relação desta


síndrome com os níveis de endorfina circulante no organismo.

(...) observou-se a redução da liberação deste hormônio em atletas


em comprovado estado de OVT, sugerindo uma possível explicação
para o sentimento da fadiga severa e a falta de concentração,
mencionados pelos atletas (KEIZER, 1998 apud ACKEL, 2001).

Essa diminuição da secreção de b-endorfina pode reverter seus efeitos


benéficos, como analgesia, maior tolerância ao lactato (GOLDFARB e JAMURTAS,
1997 apud CUNHA, 2008), diminuição do desconforto muscular e da percepção do
esforço (SGHERZA et al., 2002 apud CUNHA, 2008) e, principalmente, euforia do
exercício (HEITKAMP, 1996 apud CUNHA, 2008), que é extremamente necessária
para a manutenção do treinamento intenso. Esses efeitos podem ser revertidos pelo
treinamento extenuante ou por ST, podendo ocasionar diminuição do desempenho
físico, redução da tolerância à carga e à dor muscular, alterações no humor
(FARREL, 1985 apud CUNHA, 2008) e depressão (DE CREE, 1990 apud CUNHA,
2008), sintomas evidentes durante o OVT.

De acordo com Keizer (1998), “um déficit energético combinado com um


exercício extenuante pode ocasionar aumento dos níveis plasmáticos de cortisol,
endorfinas e hormônios gonadais”.

Alterações de adrenalina, noradrenalina e dopamina foram observadas em


condições basais, durante e após o esforço (LEHMANN et al 1992 apud ACKEL,
2001).

Portanto, o treinamento intenso produz a maioria das mesmas alterações


endócrinas descritas pelos atletas que apresentam OVT. Os atletas cujas
concentrações hormonais parecem anormais podem simplesmente estar
apresentando os efeitos normais do treinamento intenso. Essas alterações
hormonais podem refletir apenas o estresse do treinamento e não a degradação do
processo de adaptação (WILMORE e COSTILL, 2001).
25

2.6.2 Sistema Imunológico e overtraining

O exercício físico induz alterações transitórias no sistema


imunológico. A intensidade, a duração e o tipo de exercício
determinam as alterações ocorridas durante e após esforço. Na
resposta aguda ao exercício, os sistemas imunológicos e
neuroendócrino interagem através de sinais moleculares na forma de
hormonas, citocinas e neurotransmissores (LEANDRO et al., 2002).

As citocinas também ativam o sistema nervoso simpático, enquanto


suprimem a atividade do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, sendo,
desse modo, responsáveis pelas alterações observadas nas
concentrações sangüíneas de catecolaminas e hormônios gonadais,
as quais estão presentes em atletas em estado de overtraining
(ROGERO et al., 2005).

Segundo Wilmore e Costill (2001), uma das conseqüências mais sérias da


síndrome do overtraining é o seu efeito negativo sobre o sistema imunológico.

O sistema imunológico fornece uma linha de defesa contra bactérias,


parasitas, vírus, e células tumorais. Esse sistema depende das ações de células
especializadas (como os Linfócitos, os granulócitos e os macrófagos) e dos
anticorpos (WILMORE e COSTILL, 2001).

A imunossupressão é caracterizada por níveis anormalmente baixos


de linfócitos e anticorpos. O exercício intenso durante a doença
poderia diminuir a capacidade do organismo de lutar contra a
infecção e aumentar ainda mais o risco de complicações severas
(WILMORE; COSTILL, 2001, p. 389-395).

Após sessões agudas de exercício de endurance prolongado, ocorre redução


da resposta imune por algumas horas. Neste período, as defesas do organismo
estão reduzidas e aumenta o risco de infecções no trato respiratório superior
(MACKINNON, 1998 apud ACKEL, 2001).
26

É possível, entretanto, que o risco aumentado dessas infecções possa não


estar necessariamente associado ao overtraining (OVT) ou ao overreaching (OVR),
ocorrendo indiscriminadamente em conseqüência do treinamento intenso em todos
os atletas (MACKINNON, 1998).

2.6.3 Síndrome do overtraining e glutamina

A glutamina é o principal substrato energético para células do


sistema imunológico principalmente para os linfócitos e macrófagos,
exercendo importantes funções na manutenção do sistema
imunológico, na regulação da síntese e degradação de proteínas, no
controle do volume celular, na desintoxicação corporal do nitrogênio
e da amônia, entre outras. A deficiência da glutamina deprime o
sistema imunológico, podendo levar o atleta a infecções e doenças
do trato respiratório (ARAUJO et al., 2008).

Segundo a teoria proposta por Newsholme (1991, apud ROGERO, 2005), a


reduzida concentração plasmática de glutamina observada em atividades físicas
prolongadas seria responsável pela supressão da resposta imune associada ao
aumento da taxa de infecções observadas na síndrome do overtraining.

Esse aminoácido, em situações fisiológicas normais, é distribuído para


inúmeros tecidos; dentre os principais, as células do sistema imune, os enterócitos,
além dos tecidos renal e hepático (ROWBOTTOM, 1996 apud ROGERO, 2005).

Durante atividades físicas intensas e prolongadas, a rota metabólica da


glutamina parece sofrer alterações, com um maior fluxo deste aminoácido para o
fígado e para os rins; nestes tecidos, a glutamina desempenha funções relevantes
para a continuidade do exercício, tais como síntese de glicose através da
neoglicogênese - fígado e regulação da acidose instalada - rins (ROGERO, 2005).

Sendo assim, a disponibilidade de glutamina para as células do


sistema imunológico apresenta-se reduzida, o que pode contribuir
para o aumento da susceptibilidade a infecções do trato respiratório
27

superior em atletas após o exercício intenso e prolongado, ou


durante o período de treinamento exaustivo. Essa diminuição da
concentração plasmática de glutamina pode acompanhar ou
preceder a síndrome do overtarining (CASTELL, 1998 apud
ROGERO, 2005).

Keast et al., em 1995 publicaram estudo referente a diminuição da


glutaminemia durante treinos intensos, e esta, não constitui a causa primária da
síndrome do overtraining, mas que alterações na concentração plasmática de
glutamina podem representar um excelente indicador desta síndrome.

2.7 O sistema nervoso autônomo e o overtraining

Alguns estudos sugerem que o overtraining está associado às respostas


anormais do sistema nervoso autônomo. Os sintomas fisiológicos que acompanham
o declínio do desempenho refletem alterações do sistema nervoso formado pelo
sistema simpático e parassimpático.

Lehmann e colaboradores (1993) apud Mattos (2001), o overtraining pode


acarretar no sistema nervoso simpático:redução do desempenho; aceleração da
freqüência cardíaca de repouso; perda de peso; recuperação retardada; sono
perturbado; agitação, excitabilidade.

Outros estudos sugerem que o sistema nervoso parassimpático poderia ser


dominante em alguns casos de overtraining (KUIPERS; KEIZER, 1988 apud
WILMORE; COSTIL, 2001). Nesses casos, os atletas apresentam as mesmas
falhas no desempenho, mas apresentam respostas nitidamente diferentes
(WILMORE e COSTILL, 2001).

Lehmann e colaboradores (1993) apud Mattos (2001), os sinais de


overtraining parassimpático incluem: facilmente fatigado; depressão, inibição; sono
não perturbado; freqüência cardíaca bradicárdica; peso constante; boa capacidade
de recuperação.
28

Das duas condições, os sintomas do overtraining do sistema simpático são os


mais observados nas pessoas acometidas por esta síndrome.

2.7.1 Síndrome do overtraining e hipótese da fadiga central

Para Rogero et al. (2005), a hipótese da fadiga central baseia-se no fato de


que, durante atividades físicas intensas e prolongadas, haveria um aumento da
captação de triptófano pelo hipotálamo, o que resultaria em maior síntese de
serotonina, e esta elevação da concentração hipotalâmica de serotonina, somada ao
aumento da oxidação dos aminoácidos de cadeia ramificada, seria um fator capaz
de desencadear a fadiga.

De acordo com Rogero (2005), a fadiga desencadeada pelo acúmulo de


serotonina é caracterizada, principalmente, pela sensação de desmotivação, que é
denominada fadiga central.

O exercício prolongado repetido por vários dias poderia levar a uma


diminuição do glicogênio muscular, aumento de ácidos graxos livres e do
metabolismo de cadeias não lineares de aminoácidos e uma condição favorável para
o aumento da síntese do 5-HT cerebral (NEWSHOLME et al., 1991). Se
substanciado, tal mecanismo poderia ser uma importante ligação ao componente da
fadiga central no atleta super-treinado.

Os sintomas associados a síndrome do overtraining assemelham-se as


alterações causadas pela fadiga central, ocasionadas pela concentração de
seretonina no sistema nervoso central (SNC), uma vez que a modulação da
seretonina relaciona-se diretamente com a regulação da dor, comportamento
alimentar, humor, fadiga e sono (NEWSHOLME et al.,1991; ROSSI; TIRAPEGUI,
2003 - 2004).

2.8 Concentrações de enzimas séricas


29

Enzimas como a creatina quinase (CK), a lactato desidrogenase (LDH) e a


transaminase glutâmico oxalacética (TGO) são importantes na produção de energia
muscular.

Após um período de treinamento intenso, os níveis séricos dessas enzimas


foram descritos como sendo 2 a 10 vezes acima dos normais (WILMORE; COSTILL,
2001).

Por essas razões, e pelo fato da mensuração das concentrações séricas das
enzimas ser difícil e dispendiosa, esses exames não parecem ser indicadores
adequados para detectar a síndrome do OVT (WILMORE e COSTIL, 2001).

2.9 Síndrome do overtraining e depleção de glicogênio

É fato sobre a importância do carboidrato no metabolismo energético, atuando


diretamente no processo de geração de energia, tanto em condições anaeróbias
quanto aeróbias.

A diminuição dos estoques de carboidrato consiste em um significativo fator


desencadeante da fadiga periférica, o que reforça a relevância desse nutriente no
desempenho de um atleta (DAVIS, 1995 apud ROGERO et al, 2005).

A redução do conteúdo de glicogênio muscular, e, por conseguinte, a


depleção das reservas de energia, pode incitar a oxidação intramuscular de
aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), ou seja, leucina, isoleucina e valina.
Desta maneira, ocorreria uma diminuição da concentração plasmática desses
aminoácidos, o que facilitaria a captação hipotalâmica de triptófano livre e,
conseqüentemente, promoveria uma maior síntese de serotonina (ou 5 –
hidroxitriptamina) a partir do triptófano, desencadeando a fadiga central, e
possivelmente, a síndrome do overtraining (KREIDER, 1998 apud ROGERO, 2005).
30

Porém, sabe-se que a síndrome do overtraining pode ocorrer em indivíduos


que apresentam concentrações normais de glicogênio muscular (SMITH, 2000 apud
ROGERO, 2005).

2.10 Formas de identificação do OVT

Apesar dos avanços nas pesquisas com as cargas de treinamento, ainda


não foi identificado um marcador confiável, simples e específico para monitorar
regularmente a resposta do atleta a carga de treinamento para diagnosticar o OVT
nos estágios iniciais (GLEESON, 2002 apud FREITAS et al., 2009 MARGONIS et
al.,2007 apud FREITAS et al., 2009; VARLET-MARIE, 2003 apud FREITAS et al.,
2009) pois, nenhum parâmetro isolado é suficiente para auxiliá-los e predizê-los
(HARTMANN, 2000 apud FREITAS, 2009).

De acordo com Alves et al. (2006) os sintomas associados a síndrome do


overtraining podem representar a identificação da síndrome, um grande número de
sinais e sintomas está associado ao OVT, devendo ser cuidadosamente
acompanhado e monitorado o mais atentamente possível.

Fry et al. (1991 apud ALVES, 2006) agruparam essa variedade de sinais e
sintomas em quatro categorias: fisiológicos, psicológicos, neuroendócrinos ou
bioquímicos e imunológicos.

Os sinais e sintomas reportados por Fry et. (1991 apud CUNHA,


2006) estão divididos em fisiológicos: diminuição do desempenho
físico, da força muscular, da coordenação, aumento da percepção de
esforço e do período de recuperação, alterações na curva de lactato,
sono e anorexia; bioquímicos: diminuição do glicogênio muscular, da
testosterona livre e razão testosterona/cortisol maior que 30%, bem
como aumento do cortisol e uréia; psicológicos: depressão, estresse
emocional, medo de competição, apatia geral e imunológicos:
aumento de infecções e enfermidades.

Segundo Cunha (2008) no que diz respeito a desvantagens e vantagens dos


principais marcadores bioquímicos, hormonais e imunológicos do OVT, além da
31

desvantagem do elevado custo financeiro, muitos destes marcadores não


respondem especificamente ao OVT e podem ser influenciados por outros fatores
que não necessariamente tem relação com a síndrome do OVT.

A pesquisa em Psicologia do Esporte tem tratado a relação entre o


OVT e os estados emocionais. Os estados de humor tais como
medidos pelo teste de POMS identificam com sucesso atletas com
sinais de estresse devido o treinamento intenso de alto volume,
fornecendo medições dos distúrbios do estado de humor em seis
níveis de humor (ALVES et al., 2006).

Mesmo havendo alguns marcadores que sugerem o diagnóstico da síndrome


do OVT é bastante difícil afirmar seu estado, pois os sintomas do OVT se
confundem com os processos adaptativos do treinamento normal, sendo muitas
vezes de difícil dissociação (CUNHA, 2006).

2.10.1 Avaliação de estado de humor - POMS

Um dos instrumentos psicológicos que tem ajudado nos estudos de várias


modalidades esportivas é o POMS.

Recentemente, Peluso (2003) apud Silva et al. (2006) traduziu e validou o


questionário POMS para o português.

O instrumento contém 65 itens e mede seis fatores de humor: tensão,


depressão, raiva, vigor, fadiga e confusão mental. Os fatores transitórios de humor
que o teste avalia são colocados em um gráfico individual (ROHLFS, 2004).

O fator tensão é definido por uma alta tensão somática que pode ser
observada através de manifestações psicomotoras (agitado, inquieto,
etc.). O fator depressão representa um estado de depressão
acompanhado por uma inadequação pessoal, indicando sentimentos
de auto-valorização negativa, dificuldades de ajustamento,
isolamento emocional, tristeza e culpa. O fator raiva se refere a
32

estados de humor relacionados aos outros e a si mesmo. Descreve


sentimentos intensos de hostilidade. O fator vigor sugere estados de
energia, animação e atividade. Já o fator fadiga representa baixo
nível de energia, esgotado, apático, etc (BRANDÃO et al., 2002).

O fator fadiga elevado e equiparado ao fator depressão elevado, apresentado


no gráfico individual do POMS, parece ser o produto do excesso de treinamento e
que o teste pode detectar as alterações psicológicas que antecedem a síndrome
(ROHLFS, 2004).

2.10.2 Escala de humor de Brunel (Brums)

A Escala de Humor de Brunel, BRUMS, foi desenvolvida para permitir uma


rápida mensuração do estado de humor de populações compostas por adolescentes
e adultos (ROHLFS et al., 2008).

O Brums possui 24 itens que representam os estados de humor dos


indivíduos, divididos em 6 fatores a serem mensurados, sendo eles: fadiga,
depressão, raiva, vigor, confusão mental, tensão, com 4 itens ou palavras para cada
fator descrito (ROTTA, 2006).

As pessoas analisadas respondem como estão em relação á estas sensações


perceptivas, baseados em uma escala de 5 pontos; 0 = nada, 1 = pouco, 2 =
moderado, 3 = bastante e 4 = extremo ou limite (SCHIMIDT, 2007 apud ROHLFS,
2008).

A pergunta é feita de maneira objetiva “Como você se sente agora”, “Como


você tem se sentido na última semana, inclusive hoje” ou “Como você se sente
normalmente”.

A somatória das respostas de cada subescala indica um escore que pode


variar de 0 até 16 pontos.
33

A leitura obtida da avaliação do indivíduo sobre o seu perfil de estado de


humor, tendo como resultado a confirmação de sua alteração emocional, é um meio
eficaz para avaliar o estresse associado ao excesso de treinamento (ROHLFS et
al.,2008).

2.11 Fatores preventivos para o surgimento da síndrome

O único tratamento efetivo é o repouso prolongado e a melhor maneira de se


evitar a manifestação da síndrome é a prevenção (ROHLFS et al., 2008).

Para Silva (2006), o monitoramento regular da combinação de variáveis de


performance, fisiológicas, psicológicas, bioquímicas e imunológicas parece ser a
melhor estratégia para avaliar a adaptação do atleta ao treinamento e evitar o OT.

A maneira mais correta, para minimizar o risco de overtraining é


seguir métodos de treinamento cíclico, alternando períodos de
treinamento leve, moderado e intenso. Embora a tolerância individual
ao treino, varie tremendamente, mesmos os atletas mais
condicionados apresentam períodos nos quais eles são suscetíveis a
síndrome do OVT (WILMORE; COSTIL, 2001).

Quando o excesso de treinamento supera as condições adaptativas dos atletas sem


o devido descanso ocorrem falhas nos mecanismos de adaptação dos atletas, gerando o
OVT, que só poderá ser remediado através do descanso (MAGLISHO, 1995, 1999).

A recuperação da síndrome do overtraining é possível mediante uma


redução acentuada da intensidade do treinamento ou do repouso
completo. Embora a grande maioria dos técnicos e treinadores
recomendem alguns dias de treino leve, os atletas com OVT
recuperam-se mais rapidamente se realizarem um repouso completo
de 3 a 5 dias ou se mudarem para exercícios de baixa intensidade
(WILMORE; COSTILL, 2001).

Após este, os treinamentos podem ser recomeçados em uma base de dias


alternados (MAGLISHO,1995, 1999; WILMORE; COSTILL, 1988).
34

Em casos mais severos, o programa de treinamento pode ter que ser


interrompido por semanas, e sugere-se fazer exames mensalmente para verificar a
recuperação (MAGLISHO, 1995, 1999 apud MATTOS, 2001).

Em algumas ocasiões, pode ser necessário o aconselhamento para auxiliar o


atleta a administrar outros fatores de estresse de sua vida que podem estar
contribuindo para essa condição (WILMORE e COSTILL, 2001).

Em indivíduos que mostram recuperação incompleta seguindo-se período de


treinamento intenso, podem ser necessários semanas para correção da fadiga
produzida pelo treino e o restabelecimento da função (LEHMANN et al., 1996 apud
MATTOS, 2001).

Por tanto, os dias de treinamento intenso devem ser alternados com dias de
treino leve, para permitir uma perfeita recuperação do atleta.

Para atletas de endurance (como nadadores, ciclistas e corredores) devem


fazer uma ingestão extra e equilibrada de carboidratos, afim de suprir suas
necessidades energéticas . Dias repetidos de treino intenso provocam uma redução
gradual do glicogênio muscular e esta reposição se faz necessária para diminuir ou
evitar a síndrome do OVT (WILMORE e COSTILL, 2001).

Segundo Mattos (2001), todos os estudos médicos e aconselhamento no OVT


dizem que substituir uma atividade por outra não ajudará na recuperação. O OVT
afeta tanto o sistema periférico quanto os sistemas centrais do corpo. Descansar do
ciclismo praticando natação ajudará na recuperação localizada do quadríceps, mas
não ajudará na recuperação cardíaca, das glândulas pituitárias e adrenal, porque
“stress” é “stress”. A chave é a mesma para os problemas relacionados a saúde :
prevenção. Uma progressão gradual e bem balanceada são recomendados.

De acordo com Vancini (2004), o profissional da área da atividade física e/ou


esporte deve ficar atento aos seus atletas e alunos, justificando assim seu trabalho,
planejando de forma correta o treinamento para que estes indivíduos não sejam
35

obrigados a parar o treinamento temporariamente. A importância de se estudar o


overtraining está em preservar a carreira, e principalmente a integridade fisiológica
dos atletas de alto nível ou não.
36

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A síndrome do overtraining tem grande relevância no âmbito esportivo,


principalmente aos atletas profissionais que sempre estão em busca de superar
seus limites e a quebrar recordes, e, aquelas pessoas que se submetem á prática
esportiva sem orientação especializada.

O desenvolvimento da síndrome do overtraining envolve diversos fatores


internos (biológicos) e externos (ambientais) que devem ser identificados e
controlados para não comprometer a performance do indivíduo.

Baseado nos estudos apresentados fica evidente a grande dificuldade de se


determinar um único fator capaz de desencadear a síndrome do overtraining.

Por tanto se deve avaliar periodicamente o atleta, respeitando sua capacidade


psicomotora, estabelecendo um programa de treino elaborado especificamente para
seu somatotipo e esporte.

Toda via, é importante investigar constantemente a presença de sintomas


ligados ao overreaching entre os atletas de elite e esportistas, para que possíveis
medidas preventivas sejam providenciadas, a fim de evitar o desenvolvimento da
síndrome do overtraining.
37

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