Enfermagem - Módulo 5
Enfermagem - Módulo 5
Enfermagem - Módulo 5
É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
Série F. Comunicação e Educação em Saúde
Tiragem: 2.ª edição - 1.a reimpressão - 2003 - 100.000 exemplares
Colaboradores: Emilia Emi Kawamoto, Leila Bernarda Donato Göttems, Maria Alice Fortes Gatto, Maria Antonieta Benko, Maria Cecilia
Ribeiro, Maria Regina Araújo Reicherte Pimentel, Marta de Fátima Lima Barbosa, Ruth Natalia Tereza Turrini, Sandra Ferreira Gesto Bittar,
Solange Baraldi
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da
Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem.
Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde do adulto, assistência cirúrgica, atendimento
de emergência / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de
Gestão da Educação na Saúde, Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. - 2. ed., 1.a
reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
ISBN 85-334-0548-0
1 Apresentação pág. 7
of
Fisiologia
iss
Saúde
i
o na
Coletiva
lizantes
Parasitologia
e
Microbiologia
Fundamentos
de
Enfermagem
D i s c ip
Psicologia
Aplicada
lina
Saúde
Mental
ns
sI
t ru
m e n ta i s
Ética
Profissional
Higiene
e
Estudos Profilaxia
Regionais
Nutrição
e
Dietética
APRESENT AÇÃO
APRESENTAÇÃO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE
ÍNDICE
1 Apresentação 13
5 O Cuidado de Enfermagem no
Trans-operatório 38
5.1 Montagem da sala cirúrgica 38
5.2 Fluxo do cliente no centro cirúrgico 39
5.3 Tempo cirúrgico 42
5.4 Instrumentais e fios cirúrgicos 43
5.5 Tipos de anestesia 44
11
PROFAE
A ss istência
ssistência
Cirúrgica
1- APRESENTAÇÃO
O
presente trabalho, direcionado ao processo de quali-
ficação de auxiliares de enfermagem, abrange os con-
teúdos de enfermagem em centro de material e cirúrgi-
co, bem como clínica cirúrgica e emergências.
Em sua concepção, tentou-se contemplar as diferentes realida-
des brasileiras – nas quais existem desde hospitais de grande comple-
xidade, dispondo de recursos tecnológicos os mais modernos, até
instituições de atendimento básico que, em seu dia-a-dia, realizam
apenas pequenos procedimentos. Tendo em vista tal diversidade, o
docente deve, na aplicabilidade do texto, enfatizar as técnicas regio-
nalmente mais utilizadas.
Considerando-se que no desenvolver da atuação profissional, quer
seja por excesso de trabalho, quer seja pelas inúmeras adversidades en-
contradas para o bom desenvolvimento do mesmo, não raramente ob-
servamos a ocorrência de atitudes antiéticas, falta de respeito aos direi-
tos e valores dos usuários e/ou seus familiares, bem como ausência da
perspicácia necessária para a lide diária com o sofrimento do ser huma-
no, achamos conveniente repassar algumas noções sobre os aspectos
ético-legais implícitos à sua profissão - as quais, para melhor
aprofundamento, exigem a atenta leitura do Código de Ética específico.
13
6 Assistência Cirúrgica
2- CENTRAL DE MATERIAL
ESTERILIZADO (CME)
14
PROFAE
Idealmente, a CME deve ter sua estrutura física projetada de
forma a permitir o fluxo de materiais da área de recepção à de distri-
buição, evitando o cruzamento de material limpo com o contamina-
do. A recepção do material sujo e para limpeza é separada da área de
preparo do material e esterilização, bem como da área de
armazenamento e distribuição. Esses cuidados na estrutura e fluxo
proporcionam condições adequadas de trabalho à equipe de saúde,
diminuindo o risco de preparo inadequado do material, com presen-
ça de sujidade ou campos com cabelo, linhas, agulhas de sutura e
outras falhas.
Planta física
Planta de um
física de centro de material
um CEMAT
com oo fluxo
com fluxo do
do material
material
Fonte: SENAC
16
PROFAE
Nesta área, é indispensável o uso de equipamento de proteção
individual (EPI) constituído por luvas grossas de cano longo, óculos de
proteção, máscara e avental impermeável longo; além disso, deve-se
proteger o calçado com algum tipo de capa, ou utilizar botas de borra-
cha, o que favorece a proteção dos pés. Esses cuidados são absoluta-
mente necessária pelo fato de que o material a ser lavado é considerado
contaminado; assim, deve-se tomar todas as precauções para evitar a
contaminação do funcionário.
Os funcionários da área de preparo de material são responsá-
veis pela inspeção da limpeza, condições de conservação dos materi-
ais e funcionalidade dos instrumentais, bem como o acondiciona-
mento e identificação dos pacotes, caixas e bandejas. Entre suas ati-
vidades, cabe separar os materiais danificados, para posterior substi-
tuição. Durante o desempenho de suas funções é recomendável que
os mesmos utilizem gorro ou touca descartável, para evitar a queda
de fios de cabelo nos materiais; além disso, devem sempre manipu-
lar o material com as mãos limpas.
Na área de preparo os materiais são preferencialmente agru-
pados por tipo de material: vidros, tecido (roupas e campos), instru-
mental e borrachas.
Os aventais ou capotes, bem como os campos cirúrgicos e
fenestrados, são recebidos da lavanderia e encaminhados diretamen-
te ao setor de preparo para serem inspecionados, dobrados e acon-
dicionados. Na inspeção, devem ser observadas sujidades, rasgos e
ausência de cadarços ou amarrilhos.
Os campos cirúgicos e fenestrados são dobrados ao meio, no
comprimento; depois, transversalmente (de cima para baixo). O
processo deve ser finalizado dobrando-se a ponta superior externa
duas vezes na diagonal - as aberturas devem estar voltadas para o
lado oposto ao do executante, e as dobras para cima.
Técnica de dobradura
de campo cirúrgico
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6 Assistência Cirúrgica
Técnica de dobradura
de campo fenestrado
18
PROFAE
1
2 2
3 4
3 4
5 6
5 6
7 8
7
21
6 Assistência Cirúrgica
saturado sob pressão o uso do calor seco (estufa) pode ser uma possibi-
lidade atentando para os cuidados específicos. A temperatura pode va-
riar de 120oC a 2000C, dependendo do material a ser esterilizado e tem-
po de exposição.
Para garantir a eficácia da esterilização e integridade dos materi-
ais, recomenda-se colocar pequena quantidade de instrumental nas
caixas e utilizar apenas 80% da capacidade da estufa, com materiais
que requeiram o mesmo tempo de exposição; as caixas maiores de-
vem ser colocadas sobre as menores, o que melhora a condução do
calor. Jamais deve-se encostar as caixas nas paredes da estufa ou
dispor os materiais no centro da mesma - por ser um local de con-
centração de pontos frios -, bem como abrir a estufa durante o pro-
cesso de esterilização.
Decorrido o tempo programado para a esterilização, o apare-
lho deve ser desligado e o material esfriado com a estufa fechada.
Após o que, deve ser retirado e as bordas das caixas e vidros vedadas
com fita adesiva.
Após a última esterilização do dia, limpar com pano úmido a
câmara interna da autoclave e estufa e enxugar, repetindo o mesmo
procedimento na superfície externa.
22
PROFAE
! Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio
Geralmente, o plasma de peróxido de hidrogênio é utiliza-
do em clínicas de pequeno porte, em vista de sua fácil instala-
ção, ter um tempo de esterilização de 1 hora e ocupar menor
área física.
O aparelho realiza a esterilização em 5 fases consecutivas: vá-
cuo, injeção, difusão, plasma e exaustão. O cassete de peróxido de
hidrogênio é introduzido no aparelho e, após o término do proces-
so, é automaticamente descartado em recipiente próprio.
Os materiais esterilizados por este processo são os metais, vi-
dros, acrílicos, borrachas e plásticos, que devem estar acondiciona-
dos em embalagem isenta de compostos de celulose.
23
6 Assistência Cirúrgica
25
6 Assistência Cirúrgica
26
PROFAE
Prefixos/raiz Nome Significado
28
PROFAE
contato das mãos já degermadas. Acima do lavabo localizam-se os
recipientes contendo a solução degermante e um outro, contendo
escova esterilizada.
Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado à sala de
RPA – a qual deve estar localizada de modo a facilitar o transporte
do cliente sob efeito anestésico da SO para a RPA, e desta para a
SO, na necessidade de uma reintervenção cirúrgica; deve possibi-
litar, ainda, o fácil acesso dos componentes da equipe que operou
o cliente.
Considerando-se a necessidade de se ter materiais em condi-
ções para pronto uso bem como evitar a circulação desnecessária de
pessoal e equipamentos dentro e fora da área do CC, recomenda-se a
existência de salas específicas para a guarda de medicamentos, mate-
riais descartáveis, esterilizados, de anestesia e de limpeza, aparelhos
e equipamentos e roupa privativa. Dependendo do tamanho do CC, é
também recomendável que haja uma sala administrativa, sala de es-
pera para familiares e/ou acompanhantes, sala de estar para funcio-
nários e copa.
29
6 Assistência Cirúrgica
4- O CUIDADO DE ENFERMAGEM
NO PRÉ-OPERATÓRIO
30
PROFAE
! no pré-operatório mediato o cliente é submetido a exames que
auxiliam na confirmação do diagnóstico e que auxiliarão o pla-
nejamento cirúrgico, o tratamento clínico para diminuir os sin-
tomas e as precauções necessárias para evitar complicações
pós-operatórias, ou seja, abrange o período desde a indicação
para a cirurgia até o dia anterior à mesma;
! o período imediato corresponde às 24 horas anteriores à cirur-
gia e tem por objetivo preparar o cliente para o ato cirúrgico
mediante os seguintes procedimentos: jejum, limpeza intesti-
nal, esvaziamento vesical, preparo da pele e aplicação de medi-
cação pré-anestésica.
O preparo pré-operatório, mediante utilização dos instrumen-
tos de observação e avaliação das necessidades individuais, objetiva
identificar tanto as alterações físicas (hipertensão arterial, presença de
feridas infectadas, etc.) como as emocionais (ansiedade, expectativa da
cirurgia, condições afetadas com a internação, etc.) do cliente, pois
interferem nas condições para o ato cirúrgico, podendo comprome-
ter o bom êxito da cirurgia ou até mesmo provocar sua suspensão.
Os fatores físicos que aumentam o risco operatório são taba-
gismo, desnutrição, obesidade, faixa etária elevada, hipertensão arte-
rial e outras doenças concomitantes. Assim, durante a cirurgia, o
cirurgião terá maior dificuldade em conter o sangramento, após a Diérese – é o corte dos tecidos.
diérese, de um cliente hipertenso; assim como o cliente tabagista
terá maior acúmulo de secreção pulmonar, com provável desenvol-
vimento de broncopneumonia no pós-operatório.
Portanto, sob o ponto de vista ético e técnico, todas as condutas
de enfermagem devem proporcionar conforto, segurança e o menor
risco de infecção ao cliente; devendo o mesmo ser esclarecido sobre o Outro aspecto que pode inter-
ferir no êxito cirúrgico é a políti-
que está sendo realizado, porque o simples fato de não saber o que vai ca de organização da institui-
ser feito pode torná-lo inseguro, inquieto e não-cooperativo. ção, muitas vezes refletida na
falta de pessoal e materiais.
Quando o cliente tiver experiência cirúrgica anterior negativa,
a enfermagem deve respeitar este fato estimulando-o a identificar
aspectos que favoreçam a nova intervenção.
Mesmo após todas as orientações e apoio oferecido pela en-
fermagem, o cliente pode apresentar-se receoso, recusar-se a fazer a
cirurgia, indispor-se contra a equipe de saúde, familiares e outros
clientes. É importante que a equipe entenda este comportamento
como provavelmente ocasionado pela ansiedade pré-cirúrgica, e não
como afronta à equipe.
Tanto o cliente quanto a família têm direitos à orientação cla-
ra e precisa sobre o diagnóstico clínico, cirurgia proposta e possível
prognóstico. Somente após o esclarecimento e o entendimento des-
ses dados o cliente ou responsável terá reais condições para assinar o
termo de consentimento para a cirurgia (termo de responsabilidade).
31
6 Assistência Cirúrgica
33
6 Assistência Cirúrgica
Posição de SIMS
Caso haja dificuldade para a introdução da sonda, deve-se verifi-
car as prováveis causas: contração retal involuntária perante a introdu-
ção de um corpo estranho, medo da dor, dobra da sonda e outras
intercorrências. Para que a lavagem intestinal tenha melhor efeito, re-
comenda-se que o cliente tente reter o líquido da lavagem por cerca de
15 minutos.
34
PROFAE
b) Esvaziamento da bexiga
Recomenda-se seu esvaziamento espontâneo antes do pré-anes-
tésico. Em cirurgias em que a mesma necessite ser mantida vazia, ou
naquelas de longa duração, faz-se necessário passar a sonda vesical de Nas cirurgias ginecológicas, a
demora, o que é feito, geralmente, no centro cirúrgico. bexiga, se distendida, pode
ser lesada.
c) Preparo da pele
O banho e a rigorosa limpeza da região onde será feita a incisão
cirúrgica devem ser realizados para diminuir a possibilidade de conta-
minação. De acordo com o tipo de cirurgia, o cliente pode necessitar
ser encaminhado para a cirurgia sem pêlos na região operatória, sendo Tricotomia - consiste na retira-
então necessária uma tricotomia da região. da dos pêlos através da ras-
pagem da pele ou do couro
Existem controvérsias se a tricotomia aumenta ou diminui o cabeludo, com o objetivo de
potencial de infecção da ferida operatória. Por esse motivo, reco- diminuir os riscos de infecção
menda-se que sua realização ocorra o mais próximo possível do e facilitar o manuseio e
visualização da área a ser
momento da cirurgia (no máximo 2 horas antes) ou no próprio cen- trabalhada.
tro cirúrgico, em menor área possível e com método o menos agres-
sivo. Também há controvérsia em relação às áreas da tricotomia,
que variam conforme as técnicas e tecnologias usadas no processo
cirurgico. Entretanto, existem cirurgias nas quais a tricotomia é ab-
solutamente necessária, como as cranianas. Para exemplificar,
listamos as áreas de tricotomia segundo a região da cirurgia:
! Cirurgia craniana – raspa-se o couro cabeludo total ou par-
cialmente, e o pescoço. Nas cirurgias de pescoço, deve-se
incluir o colo e as axilas;
! Cirurgia torácica - raspa-se os pêlos do tórax anterior e pos-
terior até a cicatriz umbilical, podendo-se estender tal pro-
cesso até a axila e região ingüinal;
! Cirurgia cardíaca - as áreas a serem raspadas são o tórax, me-
tade do dorso, punhos, dobras dos cotovelos e região
ingüinal, acrescentando-se a face interna das coxas quando
das cirurgias de revascularização do miocárdio;
! Cirurgia abdominal - recomenda-se a tricotomia da região
mamária até a região pubiana anterior (posterior no caso das
cirurgias renais); nas cesáreas e cirurgia abdominal via baixa,
raspa-se a região pubiana;
! Cirurgia dos membros – raspa-se o membro a ser operado,
acrescentando-se ou não as regiões axilar e pubiana.
! Realizando a tricotomia (rever marcador das cirurgias anteri-
ores para não ficar igual)
Antes de iniciar a tricotomia em áreas de grande pilosidade,
recomenda-se cortar o excesso de pêlo com uma tesoura.
35
6 Assistência Cirúrgica
cirúrgico (CC)
No momento de encaminhar o cliente ao CC, deve-se obser-
var e comunicar quaisquer anormalidades em relação aos preparos
prescritos no dia anterior, tais como manutenção do jejum, realiza-
ção da higiene oral e corporal e administração de medicação pré-
anestésica. E ainda verificar e anotar os sinais vitais, vestir-lhe a rou-
pa hospitalar (avental, touca e propés), certificar-se da remoção de
próteses dentárias (visando evitar seu deslizamento para as vias aére-
as inferiores durante a anestesia) e oculares (visando evitar lesões na
córnea), jóias e adornos. Após essa seqüência de preparos, o cliente
deve ser deitado na maca e encaminhado ao CC com a documenta-
ção completa: exames e prontuário.
O transporte do cliente é executado pelo pessoal da unidade
de internação ou do CC, a critério de cada instituição. O transporte
pode ser realizado em maca ou cadeira de rodas, mas para prevenir
acidentes, como quedas, recomenda-se que para o cliente sonolento
devido à ação de MPA e/ou após a cirurgia. não seja feito em cadeira
de rodas.
O centro cirúrgico deve dispor de elevador privativo, o
que diminui os riscos de contaminação e infecção cirúrgica,
agiliza o transporte e propicia conforto, segurança e privacida-
de ao cliente.
! Transportando o cliente
A maca ou cadeira de rodas deve estar forrada com
lençol e situada próxima à cama, para facilitar a transfe-
rência do cliente e evitar acidentes. Após deixá-lo con-
fortável, deve ser coberto com lençol e cobertor (nos
dias frios).
Os responsáveis pelo transporte do cliente para o
CC devem empurrar a maca ou cadeira de rodas com
cuidado, e estar atentos para observar alguma anorma-
37
6 Assistência Cirúrgica
5- O CUIDADO DE ENFERMAGEM
NO TRANS-OPERATÓRIO
40
PROFAE
riais esterilizados (gaze, compressas, fios, cúpulas, etc.) e oferecer ao
cirurgião a bandeja de material para antissepsia. Auxiliar o anestesista a
ajustar o arco de narcose e o suporte de soro de cada lado da mesa
cirúrgica, fixar as pontas dos campos esterilizados - recebidos do assis-
tente - no arco e suportes, formando uma tenda de separação entre o Arco de narcose - suporte me-
tálico curvo, utilizado para
campo operatório e o anestesista. separar o campo operatório
das atividades do anestesista.
Posteriormente, aproximar da equipe cirúrgica o hamper co-
berto com campo esterilizado e o balde de lixo; conectar a extremi-
dade de borracha recebida do assistente ou instrumentador ao aspi-
rador, e ligá-lo.
Se for utilizado o bisturi elétrico, faz-se necessário aplicar gel
condutor na placa neutra, para neutralizar a carga elétrica quando do
contato da mesma com o corpo do cliente, conforme orientação do fabri-
cante. A seguir, colocar a placa neutra sob a panturrilha ou outra região de
grande massa muscular, evitando áreas que dificultem o seu contato com o
É importante notificar o cirur-
corpo do cliente, como saliências ósseas, pele escarificada, áreas de grande gião se o cliente faz uso de
pilosidade, pele úmida. Ao movimentar o cliente, observar se ocorre deslo- marca-passo, em vista do
risco de interferências no
camento da placa, reposicionando-a se necessário. Qualquer que seja a
funcionamento.
posição escolhida para colocar a placa, ela deve permitir o funcionamen-
to correto dos eletrodos dos aparelhos, equipos de solução e de sangue,
drenos, sondas e cateteres.
Jamais se deve deixar nenhuma parte do corpo do cliente em
contato com a superfície metálica da mesa cirúrgica, pois isto, além
de desconfortável, pode ocasionar queimaduras devido ao uso do
bisturi elétrico.
Quando não for mais utilizado material estéril dos pacotes, os É freqüente a ocorrência de
mesmos devem estar sempre cobertos para possibilitar o seu even- queimaduras por
tual uso durante a cirurgia, com segurança. posicionamento inadequado
da placa de bisturi no ato ci-
No transcorrer da cirurgia, alguns cuidados se fazem necessá- rúrgico. Este fato pode ser con-
rios, dentre eles: siderado negligência, o que
você acha disto? Discuta esse
! ajustar o foco de luz sempre que solicitado, de forma a pro- assunto com o seu instrutor.
porcionar iluminação adequada no campo cirúrgico, sem pro-
jeção de sombras e reflexos;
! observar o gotejamento dos soros e sangue, líquidos drena-
dos e sinais de intercorrências;
! controlar a quantidade e peso das compressas cirúrgicas e
gazes, para evitar esquecimento acidental desses materiais no
campo operatório;
! avaliar a perda sangüínea e de líquidos pelas sondas e do san-
gue aspirado no frasco do aspirador. No caso de retirada de uma
peça anatômica, a mesma
Quando for necessário mudar a posição do cliente durante a deve ser identificada e enca-
cirurgia, deve-se evitar movimentos rápidos e bruscos, porque a minhada de acordo com a
rotina da instituição.
mudança repentina de posição pode ocasionar hipotensão arterial.
41
6 Assistência Cirúrgica
dissecção do tecido;
! especiais - aqueles específicos para cada tipo de cirurgia, como,
por exemplo, a pinça gêmea de Abadie, utilizada nas cirurgi-
as do trato digestivo.
Os fios cirúrgicos apresentam-se com ou sem agulhas, e sua
numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-0 (doze-zero). São classifica-
dos em absorvíveis e não-absorvíveis.
Os fios absorvíveis, como o próprio nome indica, são absor-
vidos pelo organismo após determinado período. O catgut é de ori-
gem animal (do intestino delgado dos bovinos), podendo ser sim-
ples ou cromado. O catgut simples é indicado para os tecidos de Quanto maior o número, menor
rápida cicatrização, com absorção total em 2 a 3 semanas; o catgut a espessura do fio cirúrgico.
43
6 Assistência Cirúrgica
L3
L4 Raquianestesia
L5
Região sacral
6- O CUIDADO DE ENFERMAGEM
NO PÓS-OPERATÓRIO (PO)
47
6 Assistência Cirúrgica
devem ser feitos comentários indevidos, pois sua audição pode estar
presente.
Deve-se ler atentamente o seu prontuário, o qual deverá conter
informações sobre o tipo de anestesia, anestésico recebido, cirurgia
realizada, intercorrências e recomendações especiais.
Os frascos de solução, sangue e derivados devem ser postos
no suporte e realizados o controle de gotejamento e dos líquidos
infundidos e eliminados pelas sondas, drenos e cateteres - os quais
deverão estar conectados às extensões e fixados no leito ou outro
local adequado.
Para os clientes submetidos à anestesia geral, recomenda-se o
decúbito dorsal horizontal sem travesseiro, com a cabeça lateralizada
para evitar aspiração de vômito (caso ocorra). Para os clientes com
sonda nasogástrica (SNG), indica-se a posição semifowler, para preve-
nir a ocorrência de esofagite de refluxo. Visando evitar a queda dos
clientes sonolentos, confusos e/ou agitados devido à ação dos anesté-
sicos, as grades da cama devem ser mantidas elevadas.
Normalmente, o cliente apresenta-se hipotérmico ao retornar da
SO, em vista da ação depressora do sistema nervoso - provocada pelo
anestésico. A primeira conduta é aquecê-lo com cobertores, fechar as
janelas, ligar o aquecedor de ambiente e controlar sua temperatura com
maior freqüência. É absolutamente contra-indicada a aplicação de bol-
sa de água quente, pelo risco de surgirem queimaduras causadas pela
diminuição da sensibilidade dolorosa.
Na RPA, na primeira hora o controle dos sinais vitais é reali-
zado de 15 em 15 minutos; se estiver regular, de 30 em 30 minutos.
Mantida a regularidade do quadro, o tempo de verificação do con-
trole deve ser espaçado para 1/1h, 2/2h, e assim por diante.
Nos cuidados com o curativo, observar se o mesmo está aper-
tado demais ou provocando edema no local; se está frouxo demais
ou se desprendendo da pele; ou se apresenta-se sujo de sangue, o
que indica sangramento ou hemorragia. Nestas situações, a equipe
de enfermagem solicita avaliação médica ou refaz o curativo, man-
tendo uma maior vigilância sobre o cliente que apresenta
sangramento.
Quando o cliente está com os reflexos presentes, sinais vitais
estabilizados, drenos e sondas funcionantes, recebe alta médica da
RPA e é encaminhado para a unidade de internação.
No tocante à ansiedade e agitação apresentada por alguns cli-
entes, a equipe de enfermagem pode diminuir seus receios dizendo-
lhes onde se encontram, perguntando-lhes o que os está incomo-
dando ou tranqüilizando-os mediante aplicação de analgésicos ou
tranqüilizantes.
48
PROFAE
Com relação aos clientes agitados, a contenção dos mesmos ao leito
só deve ocorrer após terem sido realizadas várias tentativas para acalmá-
los (orientação, mudança de posicionamento, oferecer óculos e/ou apare-
lho de audição, dentre outras estratégias). Quando da contenção, alguns
Em alguns casos, o cliente
cuidados de enfermagem devem ser realizados visando evitar a ocorrência deseja seus objetos pessoais,
de complicações circulatória e respiratória: evitar o garroteamento e prote- tais como óculos, aparelho de
audição, etc., cuja oferta pode
ger a área com algodão em rama (ortopédico), camadas de algodão ou com-
sanar necessidades básicas
pressa; manter vigilância da área restrita; massagear o local e refazer a res- pessoais e, assim, acalmá-los.
trição duas vezes ao dia e sempre que houver cianose e edema; além disso,
verificar queixas de dor ou formigamento.
Nos casos em que se faz ne-
A decisão pela restrição deve basear-se na real necessidade do cessária a restrição do cliente,
os familiares devem ser infor-
cliente, e não por ser a medida que diminuirá o trabalho da equipe mados - de preferência - an-
de enfermagem. Após a sua adoção, não se deve esquecer que o tes de entrarem em contato
cliente sob restrição permanece sendo um ser humano que necessita com o mesmo, o que lhes
minimizará o sofrimento haja
ser confortado, tranqüilizado e receber os adequados cuidados de vista que, em geral, não acei-
enfermagem, incluindo avaliação constante da necessidade de ma- tam muito bem esta condição,
nutenção da restrição. mas a equipe deve fazer-lhes
entender que tal circunstância
Após os cuidados recebidos, devem ser registrados, pela enfer- deve-se a questões de segu-
magem, dados como o tipo de anestesia, a cirurgia realizada, o horá- rança e proteção para o pró-
prio cliente.
rio de chegada, as condições gerais do cliente, a presença de drenos,
soluções venosas, sondas, cateteres e a assistência prestada.
49
6 Assistência Cirúrgica
! Alterações neurológicas
a) Dor
O estado neurológico do cliente pode ser afetado pela ação do
anestésico, do ato cirúrgico ou de um posicionamento inadequado
na mesa cirúrgica. Por isso, a equipe de enfermagem deve observar
o nível de consciência e as funções motora e sensitiva. Quando o
cliente apresentar quadro de confusão mental ou agitação, pesquisar
se isto não está sendo provocado pela dor que surge na medida em
que a ação do anestésico vai sendo eliminada pelo organismo. Con-
firmando-se a dor, medicá-lo conforme prescrição médica.
Analgesia – redução da sen- A dor mais comum é a que ocorre na região alvo da cirurgia, a
sibilidade dolorosa através de
medicamento. qual diminui gradativamente com o passar do tempo. Por ser a dor
uma experiência subjetiva e pessoal, ou seja, só o cliente sabe
identificá-la e avaliar sua intensidade, não devemos menosprezá-la
mas, sim, providenciar o medicamento prescrito para a analgesia de
forma a não permitir que se torne mais intensa. Muitas vezes, na
prescrição médica há analgésicos que devem ser administrados a in-
tervalos regulares e sempre que necessário. Mesmo que o cliente
não relate dor intensa, a administração da medicação é importante
Atualmente, todo cliente cirúr- para prevenir a sensação dolorosa mais intensa e contínua.
gico deve ter prescrição de
analgesia, o que integra o A dor pode variar quanto à localização, intensidade, duração e
sucesso da operação e possi-
tipo (em pontadas, compressiva, constante, intermitente) - caracterís-
bilita sua melhor reabilitação.
ticas que podem ser obtidas pelas informações dadas pelo cliente.
50
PROFAE
Outras manobras/estratégias podem auxiliar no alívio da dor, tais
como, respeitadas as devidas contra-indicações: afrouxar e/ou trocar
os curativos, aliviar a retenção de urina e fezes, fazer a mudança de
decúbito, apoiar segmentos do corpo em coxins e aplicar compressas
frias ou quentes, escurecer o ambiente e diminuir os barulhos, estimu-
lando o cliente a repousar e/ou proporcionar-lhe algo que o distraia,
por exemplo, televisão, música, revistas, etc. As ações a serem
implementadas devem considerar a necessidade e o tipo de cliente, bem
como os recursos disponíveis na unidade.
Realizadas estas medidas, se a dor ainda persistir, deve-se verifi-
car junto ao enfermeiro e/ou médico a possibilidade de administrar
outros medicamentos2 .
A equipe de enfermagem deve acompanhar a evolução da dor,
pois só assim saberá se o medicamento está fazendo efeito, comunican-
do à enfermeira ou médico a sua persistência, para reavaliação da causa
e/ou seu tratamento.
É importante lembrar que a analgesia precoce ajuda o cliente a se
movimentar sem grandes restrições, o que auxilia e agiliza sua efetiva
recuperação.
Outra dor bastante comum é a cefaléia pós-raquianestesia, causada
pela saída de líqüor durante a punção lombar realizada para a introdução
do anestésico. O cliente, ao elevar a cabeça, pode apresentar cefaléia inten-
sa – o que também pode ocorrer mais tardiamente, entre o 2° e 7° dias após
a punção. Nessas circunstâncias, recomenda-se coloca-lo em decúbito bai-
xo, em posição supina, e dar-lhe hidratação adequada por VO e/ou EV,
bem como os analgésicos prescritos.
b) Sonolência
A sonolência é uma característica muito freqüente no cliente ci-
rúrgico. Assim, a certificação do seu nível de consciência deve ser sem-
pre verificada mediante alguns estímulos (perguntas, estímulo tátil) e as
alterações comunicadas o mais rapidamente possível, pois podem indi-
car complicações graves – como, por exemplo, hemorragia interna.
c) Soluço
Os soluços são espasmos intermitentes do diafragma, provo-
cados pela irritação do nervo frênico. No pós-operatório, suas causas
mais comuns são a distensão abdominal e a hipotermia.
Nervo frênico – inerva o dia-
No mais das vezes, os soluços terminam espontaneamente ou fragma juntamente com o 3o,
por condutas simples. Uma delas é eliminar as causas pela aspiração 4o e 5o segmentos cervicais,
sendo responsável pelo refle-
ou lavagem gástrica (na distensão abdominal), deambulação, aqueci- xo do soluço.
mento do cliente hipotérmico e mudança de decúbito. Outras, ori-
entar o cliente para inspirar e expirar em um saco de papel, porque
o dióxido de carbono diminui a irritação nervosa; ou administrar-
lhe metoclopramida (Plasil®) de acordo com a prescrição médica. 2 PIMENTA; KOIZUMI, p.34-5, 1993.
51
6 Assistência Cirúrgica
! Complicações pulmonares
São as complicações mais sérias e freqüentes no pós-operatório,
principalmente nos clientes obesos, fumantes, idosos e naqueles com
outros agravos clínicos.
As ações da equipe de enfermagem priorizam a prevenção das
complicações pulmonares pelo reconhecimento precoce dos sinais e
sintomas (cianose, dispnéia, tiragem intercostal, batimentos de asa de
nariz, agitação), movimentação e deambulação precoces, lateralização
da cabeça do cliente com vômito e não infusão de soluções endovenosas
pelos membros inferiores - para evitar a formação de trombos e embolia
pulmonar.
Normalmente, a causa dessas complicações é o acúmulo de se-
creções brônquicas, cuja remoção pode ser favorecida pela fluidificação.
A expectoração é o meio natural de expeli-las, o que ocorre pela tosse.
Assim, o cliente deve ser estimulado a hidratar-se, realizar os exercíci-
os respiratórios e não inibir a tosse.
Ao tossir, o cliente pode referir medo e dor. Para minimizar esta
sensação, deve ser orientado a colocar as mãos, com os dedos entrela-
Quando o cliente sente dor, çados, sobre a incisão cirúrgica; ou utilizar-se de um travesseiro, abra-
mesmo que não a relate, na-
turalmente se negará a fazer
çando-o e expectorando no lenço de papel.
os exercícios respiratórios, ou,
se os fizer, não serão eficazes,
uma vez que a tensão inibirá
a adequada expansão pul-
monar.
52
PROFAE
A broncopneumonia (BCP) é a principal complicação e acontece
devido à aspiração de vômitos ou alimentos, estase pulmonar, infecção
e irritação por produtos químicos. Além dessa, podem ocorrer a
atelectasia, que é o colabamento dos alvéolos pulmonares pela obstru-
ção dos brônquios por tampão mucoso, e a embolia pulmonar, que con-
siste na obstrução da artéria pulmonar ou de seus ramos por êmbolos.
O cliente pode apresentar, ainda, hipertermia, alterações na fre-
qüência e profundidade da respiração, dispnéia e dor torácica.
Como algumas complicações instalam-se bruscamente, faz-
se necessário que a equipe de enfermagem mantenha material de
oxigenação pronto para o uso emergencial: material de aspiração
de secreção, nebulizadores, cateter de oxigênio, balão auto-inflável
tipo ambú com intermediários, máscaras de diversos tamanhos e
material de intubação (laringoscópio, sondas endotraqueais de di-
versos calibres, mandril).
! Complicações urinárias
As mais freqüentes são a infecção urinária e a retenção urinária
(bexigoma). A infecção urinária é geralmente causada por falhas na Disúria – micção difícil e dolo-
rosa.
técnica de sondagem vesical e refluxo da urina. Como sintomatologia
o cliente apresenta hipertermia, disúria e alterações nas característi-
cas da urina.
Visando minimizar a ocorrência de infecção urinária, deve-se
manter a higiene íntima adequada do cliente, bem como obedecer à
técnica asséptica quando da passagem da sonda e sempre utilizar
extensões, conectores e coletores esterilizados com sistema fechado
de drenagem.
No caso de retenção urinária, a equipe de enfermagem deve
eliminar suas prováveis causas: medicando o cliente contra a dor, É bastante comum a ocorrên-
promovendo sua privacidade, mudando-lhe de posição (se não cia de retenção urinária
(bexigoma) causada por son-
houver contra-indicação) e avaliando a presença de dobraduras e das fechadas ou torcidas.
grumos nas extensões das sondas e drenos nas proximidades da
bexiga.
Se essas medidas não surtirem efeito, realizar higiene ínti-
ma com água morna, aquecer e relaxar o abdome pela aplicação
de calor local e realizar estimulação pelo ruído de uma torneira
aberta próxima ao leito. Caso o cliente não consiga urinar após
tentados estes métodos, deve-se comunicar tal fato à enfermeira
e/ou médico, e discutir a possibilidade da passagem de uma son-
da de alívio.
53
6 Assistência Cirúrgica
! Complicações gastrintestinais
a) Náuseas e vômito
Os efeitos colaterais dos anestésicos e a diminuição do
peristaltismo ocasionam distensão abdominal, acúmulo de líquidos e
restos alimentares no trato digestório; em conseqüência, o cliente pode
apresentar náuseas e vômito.
Na presença de náuseas, os clientes sem sonda nasogástrica de-
vem ser colocados em decúbito lateral ou com a cabeça lateralizada
para facilitar a drenagem do vômito pela boca. Nos clientes com sonda
nasogástrica, abrir a sonda e, mantendo-a aberta, proceder à aspiração
para esvaziar a cavidade gástrica.
Para proporcionar conforto ao cliente, o vômito deve ser apara-
do em uma cuba-rim ou lençol/toalha; a seguir, trocar as roupas de
cama e proceder à higiene oral o mais rápido possível. Geralmente, faz-se
necessário medicá-lo com antieméticos, passar a sonda nasogástrica (man-
tendo-a aberta) e aspirar mais freqüentemente o conteúdo gástrico, de acor-
do com as orientações da enfermeira e/ou médico. Posteriormente, anotar
a intercorrência e as providências adotadas.
A dieta é introduzida de forma gradativa nos clientes, desde que
não apresentem náuseas, vômitos ou distensão abdominal, ou de acor-
do com as condições de aceitação. A equipe de enfermagem deve estar
atenta quanto à ingestão de líquidos, por ser esta uma das formas de
reposição das perdas líquidas ocorridas na cirurgia, devidas principal-
mente ao sangramento.
b) Constipação intestinal
A constipação intestinal ocorre quando há diminuição do
peristaltismo provocada pelo efeito colateral do anestésico, imobili-
dade prolongada no leito, quadro inflamatório, exposição e mani-
pulação do intestino durante as cirurgias abdominais e o medo da
dor. Como resultado, ocorre retenção de fezes acompanhada ou
não de dor, desconforto abdominal e flatulência.
O objetivo principal do cuidado é facilitar a saída dos gases e
fezes retidos, o que pode ser obtido mediante movimentação no
leito, deambulação precoce, ingestão de líquidos e aceitação de ali-
mentos ricos em celulose. A nutricionista deve ser notificada para
que possa rever a dieta. A aplicação de calor na região abdominal e
a orientação, ao cliente, para que degluta menos ar ao beber ou
ingerir alimentos pode ajudar no retorno do movimento peristáltico
e diminuir o acúmulo de gases. Deve-se preferencialmente promo-
ver sua privacidade para que possa eliminar os gases.
Nos casos em que o cliente não consegue evacuar de forma
satisfatória, o médico pode prescrever laxante no período noturno
e/ou lavagem intestinal.
54
PROFAE
c) Sede
Provocada pela ação inibidora da atropina, perdas sangüíneas e
de líquidos pela cavidade exposta durante o ato operatório, sudorese e
hipertermia. A equipe de enfermagem deve observar a presença de si-
nais de desidratação (alteração no turgor da pele e da PA e diminuição
da diurese), manter a hidratação por via oral e, nos clientes impossibili-
tados de hidratar-se por via oral, umidificar os lábios e a boca, realizar
higiene oral e manter hidratação endovenosa.
! Complicações vasculares
A permanência prolongada no leito, associada à imobilidade após Estase venosa – estagnação
a cirurgia, provoca estase venosa, predispondo o aparecimento de trom- do sangue em qualquer parte
do corpo.
bose, tromboflebite e embolia.
Quando o cliente muda de decúbito isto estimula sua circulação
e a respiração mais profunda, aliviando-lhe também as áreas de pres-
são. Portanto, para melhorar a circulação dos membros inferiores (MMII)
o cliente deve, só ou com ajuda, deitar-se em decúbito dorsal, dobrar o
joelho e levantar o pé; um outro bom exercício é fazer com que movi-
mente as articulações.
c) Deiscência
Os clientes que apresentam
A deiscência é a abertura total ou parcial da incisão cirúrgica predisposição a desenvolver
deiscência (obesos, desnutri-
provocada por infecção, rompimento da sutura, distensão abdominal, dos ou que realizaram cirurgi-
ascite e estado nutricional precário do cliente. as abdominais extensas, etc.)
devem ser orientados quanto
O tratamento da deiscência realiza-se mediante lavagem ou irri- à importância da alimenta-
gação do local com solução fisiológica, podendo haver a necessidade ção hiperprotéica e rica em
de o cliente revisar os pontos cirúrgicos. vitamina C, pois esses ele-
mentos nutricionais aceleram
A troca do curativo pode ou não ser atribuição da equipe de o processo de cicatrização e
enfermagem e o tempo de permanência dos curativos fechados de- estimulam os mecanismos de
defesa do organismo.
pende da rotina da instituição ou da equipe médica. Todos os curati-
vos com saída de secreções (purulenta, sangüinolenta) devem ser do
tipo fechado; nos casos de sangramento, indica-se o curativo
compressivo.
! Choque
No quadro de choque ocorre suprimento inadequado de san-
gue para os tecidos, provocando alterações nos órgãos essenciais.
Por ser uma ocorrência grave, o prognóstico dependerá da rapidez
no atendimento.
No PO imediato o choque hipovolêmico é o mais comum,
provocado pela perda sangüínea excessiva ou reposição hídrica ou
sangüínea inadequada durante ou após a cirurgia.
Outro tipo freqüente é o choque séptico decorrente de cirur-
gias infectadas, infecções crônicas ou adquiridas durante ou após o
ato cirúrgico.
Os sinais e sintomas mais freqüentes são pulso taquicárdico e
filiforme, hipotensão arterial, dispnéia, palidez, sudorese fria, hipotermia,
cianose de extremidades, agitação, oligúria ou anúria, valores de PVC
abaixo do normal.
Como o choque se instala rapidamente, é fundamental detec-
tar e notificar precocemente seus sinais indicativos e a variação no
nível de consciência, bem como controlar freqüentemente a pres-
são venosa central, temperatura, pressão arterial e freqüência respi-
ratória, principalmente o pulso e a pressão arterial, e observar focos
hemorrágicos fazendo, se necessário, curativo compressivo.
Considerando os sinais e sintomas e a possibilidade de o clien-
te entrar em choque, recomenda-se a punção de uma veia o mais
57
6 Assistência Cirúrgica
58
PROFAE
do com esse tipo de dreno é a correta manutenção do vácuo, obtido
com a compressão do reservatório. Caso contrário, a drenagem não será
eficaz, podendo ocorrer acúmulo de secreção - o que provocaria no
cliente dor, desconforto e alterações dos seus sinais vitais, entre outras
intercorrências.
Hematoma subdural
Orifícios
Tubo de drenagem
100-CC
Seção da porção intracraniana Reservatório 75
do tubo de drenagem 50
Dreno de aspiração de
Válvula anti-refluxo 25
Jackson-Pratt (JP)
! Dreno de tórax
Sabemos que os pulmões estão envolvidos por um saco seroso,
completamente fechado, chamado pleura - que possui um espaço
(cavidade pleural) com pequena quantidade de líquido. Nesta cavi-
dade a pressão é menor que a do ar atmosférico, o que possibilita a
59
6 Assistência Cirúrgica
entrada de ar. Sempre que o pulmão perde essa pressão negativa, seja
por abertura do tórax devido à cirurgia, trauma ou por presença de ar,
pus, ou sangue no tórax ocorrerá o colapso pulmonar.
Na presença desse colapso faz-se necessária a realização de dre-
nagem torácica para a reexpansão pulmonar pela restauração da pres-
são negativa. Para tal procedimento faz-se necessária a utilização de
máscara, aventais e luvas estéreis, solução para a assepsia do local de
punção, sistema de drenagem montado, anestésico local e material
para curativo Durante o procedimento, a equipe de enfermagem deve
auxiliar a circulação dos materiais e promover conforto e segurança
ao cliente.
Em relação à manutenção do sistema fechado, a equipe de enfer-
magem deve observar e realizar algumas ações específicas para impe-
dir a entrada de ar no sistema pois, caso isto ocorra, o ar pode entrar
nas pleuras (colabamento pulmonar) e comprimir os pulmões, provo-
cando dispnéia e desconforto respiratório para o cliente. Como precau-
ção a esta eventualidade o dreno deve estar corretamente fixado ao
tórax do paciente com fita adesiva – o que impede seu deslocamento.
Visando evitar o colabamento pulmonar a equipe deve adotar os
seguintes cuidados: certificar-se de que as tampas e os intermediários
do dreno estejam corretamente ajustados e sem presença de escape de
ar, o que prejudicaria a drenagem; manter o frasco coletor sempre abai-
xo do nível do tórax do cliente – o qual, durante a deambulação, poderá
utilizar uma sacola como suporte para o frasco coletor. O cliente deve
Sistema de drenagem torácica
ser orientado para manter o fras-
co coletor sempre abaixo do ní-
Pleura parietal
vel de seu tórax, e atentar para
Pleura visceral que não quebre - caso isto ocor-
ra, deve imediatamente pinçar
com os dedos a extensão entre o
Lobo pulmonar dreno e o frasco, o que evitará a
penetração de ar na cavidade
Origem do dreno pleural.
O dreno originário do tó-
rax deve ser mantido mergulha-
do em solução estéril contida no
frasco coletor (selo de água) – no
Respiro qual deve ser colocada uma fita
adesiva em seu exterior, para
marcar o volume de solução de-
Frasco de drenagem positada, possibilitando, assim, o
efetivo controle da drenagem. A
Extensão de drenagem Solução estéril
intervalos regulares, o auxiliar de
enfermagem deve checar o nível
do líquido drenado, comunican-
60
PROFAE
do à enfermeira e/ou médico as alterações (volume drenado, viscosida-
de e coloração).
Observar a oscilação da coluna de líquido no interior do frasco
coletor – que deve estar de acordo com os movimentos respiratórios do
cliente. Caso haja a necessidade de seu transporte, o profissional deve-
rá pinçar a extensão apenas no momento da transferência da cama para
a maca. Nessa circunstância, o cliente deve ser orientado para não dei-
tar ou sentar sobre a extensão e a equipe deve observar se não existem
dobras, formação de alças e/ou obstrução da extensão, visando evitar
o aumento da pressão intrapleural, que pode provocar parada
cardiorrespiratória.
A cada 24 horas, realizar a troca do frasco de drenagem, de manei-
ra asséptica, cujo pinçamento de sua extensão deve durar apenas alguns
segundos (o momento da troca), observando-se e anotando-se, nesse pro-
cesso, a quantidade e aspecto da secreção desprezada.
Com relação aos clientes em posição pleural e com drenos o con-
trole da dor é de extrema importância, pois lhes diminui a ansiedade e
desconforto, além de evitar a infecção pulmonar - como sabemos, a
pessoa com dor não realiza corretamente a fisioterapia respiratória, o
que aumenta o acúmulo de secreção e, conseqüentemente, a possibili-
dade de infecção pulmonar.
61
6 Assistência Cirúrgica
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
62
A tendimento
de Emergência
PROFAE
ÍNDICE
1 Atendimento de Emergência 67
1.1 Conhecendo o pronto-socorro (PS) 67
1.2 Aspectos ético-legais 68
1.3 Atendimento inicial 70
1.4 Parada cardiorrespiratória (PCR) 71
1.5 Obstrução das vias aéreas
superiores 77
1.6 Hemorragias 78
1.7 Choques 80
1.8 Traumatismos 81
1.9 Queimaduras 88
1.10 Intoxicação exógena 90
1.11 Picada por animais peçonhentos 91
1.12 Desmaio 92
1.13 Convulsões 94
1.14 Insolação 94
2 Referências Bibliográficas 96
65
PROFAE
1- ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA
1.1 Conhecendo o
pronto-socorro (PS)
Acredita-se que as mudanças sociais e no estilo
de vida têm aumentado o número de pessoas que ne-
cessitam de atendimento de emergência provoca-
do por acidentes de trânsito, homicídio, ingestão
acidental de substância nociva, problemas cardía-
cos e outros agravos.
Considerando a responsabilidade implíci-
ta em seu desempenho, o atendimento de emer-
gência, quando realizado de forma errada, demo-
rada ou após decorrido um intervalo de tempo
significativo para o atendimento, pode represen-
tar para a vítima danos irreversíveis e até mes-
mo a morte.
Tal circunstância implica desafios para a reformulação da assis-
tência à saúde: incentivo à disseminação do conhecimento de primei-
ros socorros e formação de socorristas junto à população; ampliação
do atendimento pré-hospitalar (serviços de resgate) nos centros urba-
nos e rodovias; melhoria dos recursos diagnósticos terapêuticos dos
estabelecimentos assistenciais de saúde; e capacitação técnica dos pro-
fissionais.
Por atenderem clientes com alterações súbitas em sua condi-
ção de saúde, as unidades de emergência estão estruturadas para
realizar de imediato as atividades diagnósticas e terapêuticas neces-
sárias para a preservação da vida, alívio do sofrimento e prevenção
de complicações.
É importante lembrar que as unidades de atendimento de emer-
gência também representam uma porta de entrada ao sistema de saú-
de, muito procurada pela população que não consegue ter acesso a
serviços de menor complexidade da rede assistencial, tais como as
unidades básicas de saúde.
Dentre as chamadas unidades de emergência, destacam-se:
! o pronto-atendimento (PA) - presta atendimento imediato
aos usuários, com ou sem risco de vida, dentro do horário
de funcionamento do estabelecimento assistencial de saúde;
! o pronto-socorro (PS) - dispõe de leitos de observação e presta
atendimento imediato aos usuários, com ou sem risco de vida,
durante as 24 horas do dia.
67
Atendimento de Emergência
69
Atendimento de Emergência
70
PROFAE
Somente após essa avaliação inicial é feito o exame físico geral do
cliente, incluindo o controle dos seus sinais vitais. Para tanto, ele deve ser
mantido coberto e deitado em decúbito dorsal. Na ausência de suspeita de
fratura da coluna cervical, a cabeça é mantida lateralizada - para prevenir a
aspiração de vômito, sangue e/ou outras secreções.
Faz-se necessário puncionar uma veia o mais rapidamente
possível, já que com a diminuição da pressão arterial e conseqüente
piora do estado geral do cliente ocorre vasoconstrição e o acesso
Durante o atendimento de
venoso torna-se mais difícil – ressalte-se que este acesso permite a emergência devem ser sem-
coleta de sangue para tipagem sangüínea e exames laboratoriais, bem pre seguidas as precauções-
como possibilita a reposição volêmica imediata e início da terapêuti- padrão, o que evita risco de
infecção para o cliente e a
ca medicamentosa. contaminação acidental do
Por medida de segurança, a maioria dos clientes são mantidos socorrista. É ainda importante
fazer uso dos equipamentos
em macas ou camas com grades, identificados por uma pulseira com de proteção individual (EPI):
nome e número de registro. O prontuário é sempre mantido junto luvas, máscara facial, óculos
ao leito, e nele serão anotados os cuidados de enfermagem, as con- protetores e avental.
dutas médicas e demais dados.
Como o estado do cliente pode alterar-se de minuto a minuto,
a observação é contínua; o que, resultantemente, pode trazer modi-
ficações no diagnóstico e tratamento.
É fundamental que a equipe da unidade de emergência trabalhe
de forma integrada tanto entre si como com as equipes externas de aten-
dimento pré-hospitalar – o que favorecerá tanto a troca de informações
sobre o cliente e a situação que gerou a emergência como a organização
do trabalho no caso de atendimento de múltiplas vítimas.
71
Atendimento de Emergência
Lâmpada
Entalhe
Cabo
Lâmina
Ventilação boca-máscara
com valva unidirecional
73
Atendimento de Emergência
Esterno
Apêndice xifóide
Vértebra
Braços esticados
mbu
do a
Mãos entrelaçadas
Criança pequena
Prematuro
77
Atendimento de Emergência
1.6 Hemorragias
Hemorragia é a perda maciça de sangue conseqüente ao rom-
pimento de vasos sangüíneos, provocado por cortes, amputações,
fraturas, ferimento por arma de fogo (FAF), por arma branca (FAB)
e outras causas.
Pode ser externa, quando o sangue exterioriza-se pela ferida,
e interna, quando o sangramento decorre do rompimento de um
ou vários vasos sangüíneos dentro do corpo.
A hemorragia externa é facilmente identificada pela mancha
ou poça de sangue e pode ser classificada como:
! hemorragia arterial – o sangue jorra de uma artéria. A cor
é vermelho vivo, sai em jato, sincronizado com os batimentos
cardíacos. Esta situação é muito grave, pois há perda de gran-
de volume de sangue, e muito rapidamente;
! hemorragia venosa – o sangue sai por uma veia. A cor é
vermelho escuro; o fluxo é constante e também pode ser
Capilar – é o vaso sangüíneo grande a perda sangüínea;
microscópico que une artérias
e veias e onde acontece a
! hemorragia capilar – o sangue escoa de uma rede capilar, a
troca de oxigênio entre a circu- cor é vermelho menos vivo que o sangue arterial, o fluxo é
lação sangüínea e os tecidos. lento como os que se apresentam nos arranhões e cortes
superficiais.
O método mais eficaz de controlar os vários tipos de hemor-
ragia é a compressão direta do ponto onde está ocorrendo, manten-
do-se a compressão por cerca de 6 a 8 minutos, para que haja a
coagulação.
Nos casos de hemorragia externa de membros, a primeira con-
duta é deitar a vítima (se necessário), elevar o membro afetado aci-
ma do nível do coração, remover corpos estranhos da ferida (caso
existam), resfriar e fazer compressão direta no local com os dedos
ou por curativo compressivo. Lembrar que objetos transfixados não
devem ser removidos e precisam ser imobilizados para evitar he-
morragia na sua retirada acidental. Nas fraturas de extremidades e
pessoas com suspeita de fratura de coluna cervical, não se deve fa-
zer a elevação do membro afetado.
No caso destas manobras falharem na contenção da hemorra-
gia, pode-se fazer uma compressão indireta, ou seja, a compressão
realizada acima do ferimento, em locais onde a artéria é superficial e
está posicionada sobre um osso que serve de apoio para a pressão
(na perna, pressione a artéria femoral; no braço, a artéria braquial).
Algumas lesões podem necessitar de sutura para controlar o
sangramento. Não se deve esquecer a importância do controle do
quadro de choque hipovolêmico por intermédio da reposição
78
PROFAE
volêmica com solução fisiológica e/ou hemoderivados. Outros aspec-
tos importantes são o uso de técnica asséptica para a limpeza da ferida,
a antibioticoterapia para evitar infecções e a aplicação de vacina
antitetânica para os clientes com esquema vacinal incompleto.
Todos os casos de amputação traumática, esmagamento ou
dilaceração de membros devem ser encaminhados para uma unida-
de cirúrgica em vista da necessidade de reconstituição dos tecidos
lesados e controle do choque hipovolêmico.
O cliente pode apresentar-se ansioso ao visualizar um
sangramento e ver que ele não cede com as medidas de emergência.
Essa intranqüilidade pode manifestar-se na forma de “crise histéri-
ca”, vertigem, desmaio e agitação causando taquicardia, o que au-
menta ainda mais o sangramento. Assim, é fundamental tranqüilizá-
lo para que o sangramento possa ser melhor controlado.
Epistaxe é um sangramento nasal, com origem diversa: pico
hipertensivo, traumatismo, tumores, influência hormonal e outras.
As medidas de primeiros socorros são: colocar o cliente senta-
do e orientá-lo para respirar pausadamente pela boca e cuspir o san-
gue; pressionar a face lateral da narina sangrante contra o septo na-
sal e colocar bolsa de gelo ou compressas frias sobre o nariz. Sua
cabeça não deve estar inclinada para trás, pois isto provoca a
deglutição do sangue, ocasionando náuseas, vômitos e piora da
epistaxe.
No ambiente hospitalar podem ser administrados medicamen-
tos coagulantes e realizado o tamponamento nasal. Neste caso, o
cliente é orientado para realizar a higiene oral mais freqüentemente
e lubrificar com vaselina líquida ou similar os lábios ressecados em
virtude da respiração bucal. Durante a alimentação, higiene oral e
outras atividades o cliente deve tomar cuidado para não remover o
tampão nasal.
Hemoptise é uma hemorragia pulmonar e pode ser sinal de
trauma torácico ou edema agudo pulmonar (EAP), dentre outras
patologias.
Quando de sua ocorrência, faz-se necessário agir com rapidez,
devido à piora rápida. Nessa circunstância, o cliente deve ser manti-
do calmo e orientado para respirar pausadamente, não falar e/ou se
agitar. Deve ser mantido em repouso no leito, em posição de Fowler
ou sentado, com as pernas pendentes para fora do leito, e receber
administração de oxigênio por cateter nasal. A adoção dessas medi-
das melhora sua respiração e oxigenação, diminuindo o retorno ve-
noso ao coração.
É importante manter o acesso venoso de grande calibre, bem
como administrar os medicamentos prescritos e verificar os sinais
vitais, principalmente o pulso e a respiração.
79
Atendimento de Emergência
1.7 Choques
Caracterizam-se pelo suprimento inadequado de sangue para
os tecidos e pelas mudanças estruturais e funcionais nos órgãos es-
senciais. É uma intercorrência grave e seus tipos mais freqüentes são:
! choque hipovolêmico – causado por sangramento ou
hemorrágico, decorrente da perda de sangue (como nas he-
morragias), ou por perda de líquido extracelular e plasma
(como nos casos de queimaduras e desidratação);
80
PROFAE
! choque cardiogênico - causado pelo baixo rendimento cardí-
aco provocado pelo infarto do miocárdio, arritmias, insuficiên-
cia cardíaca, tamponamento cardíaco;
! choque toxêmico (séptico) - decorrente das infecções
bacterianas agudas e graves;
! choque anafilático - resultante da hipersensibilidade do orga-
nismo a determinadas substâncias;
! choque neurogênico - causado por trauma ou doença no sis-
tema nervoso, impossibilitando o controle do diâmetro dos
vasos sangüíneos e seu preenchimento sangüíneo adequado.
De maneira geral, observa-se: fraqueza, náusea com possível
vômito, sede, hipotensão arterial, pulso taquicárdico, fino e de difí-
cil percepção, aumento dos movimentos respiratórios, mucosas des-
coradas ou secas, palidez, cianose, extremidades frias, oligúria ou
anúria, hipotermia (hipertermia no choque toxêmico), dispnéia e
alteração do nível de consciência.
Como medidas de primeiros socorros, recomenda-se: retirar
próteses ou qualquer outro objeto da boca do cliente, para evitar a
obstrução das vias aéreas; mantê-lo deitado com as pernas elevadas
de 25 a 35 cm, exceto na presença ou suspeita de traumatismo na
coluna vertebral e nos MMII - nestes casos, realizar a elevação na
prancha de transporte e providenciar sua remoção para o PS ou
unidade especializada.
Há necessidade de sondagem vesical para um controle mais
rigoroso da diurese. Também é importante aquecer o cliente, pois a
hipotermia piora o quadro de vasoconstrição, dificultando ainda mais
a circulação sangüínea.
O tratamento medicamentoso varia de acordo com o tipo de
choque: administração de solução fisiológica, hemoderivados e ou-
tros para reposição de volume, correção da acidose metabólica com
bicarbonato de sódio e administração de drogas específicas para con-
trolar as causas do choque, tais como dopamina, digitálicos, antibió-
ticos e outros.
1.8 Traumatismos
! Traumas de partes moles e órgãos internos
Nas feridas fechadas há um ferimento interno mas a pele se
mantém íntegra. A maioria dessas feridas apresenta contusões, ou
seja, o sangue flui entre os tecidos causando uma coloração azulada
(hematoma) ou amarelada (equimose).
81
Atendimento de Emergência
Nas feridas abertas a pele não fica íntegra e pode atingir outras
estruturas anatômicas. São várias as formas: desde simples arranhões a
cortes com diferentes características (bordas regulares), laceração (cor-
tes irregulares), perfurações (causadas muitas vezes por armas), ampu-
tações (perda de parte do corpo), ferimentos por esmagamento e quei-
maduras.
Alguns ferimentos têm menor prioridade de atendimento por
não colocarem o cliente em risco de vida, mas devem ser limpos e
protegidos por curativos.
82
PROFAE
Os sinais e sintomas característicos da fratura são a dor – que
piora com a palpação ou movimentação -, edema, hematoma, perda
da função, deformidade do segmento afetado e sentir, na palpação,
o atrito das superfícies fraturadas. A compressão ou lesão de nervos
e artérias pode provocar paralisia, paresia e isquemia do membro
fraturado.
Para o cliente, as medidas de primeiros socorros e os trata-
mentos médicos podem representar a diferença entre sua recupera-
ção e/ou incapacidade. Como medidas de primeiros socorros, reco-
menda-se: movimentar o mínimo possível o membro afetado; verifi-
car a presença de outras lesões (exemplo: hemorragia, trauma
craniano e outros); não remover o cliente antes de imobilizar a área Paresia- é a perda da sensibi-
lidade.
afetada e não tentar recolocar a articulação ou o osso para seu local
correto, pois esse procedimento deve ser realizado por profissional Incruenta – é o procedimento
não-cirúrgico.
qualificado.
Para imobilizar o membro afetado faz-se necessário reunir o ma-
terial específico: talas próprias ou improvisadas (com jornais, re-
vistas, almofadas e tiras de pano). A técnica de imobilização varia de
acordo com o tipo de fratura.
Na fratura fechada, apoiar o
membro fraturado na tala e fixá-lo
com tiras de pano ou ataduras, sem
apertar muito. Na fratura exposta,
proteger o ferimento com gaze ou
pano limpo; em seguida, imobilizar
o membro, mantendo-o na posição
em que se encontra. Antes e após a Imobilização do membro inferior
imobilização, observar as extremida-
des quanto à cor, temperatura e pre-
sença de pulso.
No ambiente hospitalar, o
osso fraturado é alinhado pela re-
dução incruenta ou cruenta e imo-
bilizado por aparelho gessado, asso- Imobilização do membro
ciado ou não à tração cutânea ou superior
esquelética.
As ações de enfermagem na
aplicação do aparelho gessado
abrangem o preparo do cliente e do
material e as orientações sobre os cui-
dados com o gesso. Primeiramente,
deve ser realizada a limpeza e seca-
gem da pele onde o gesso será apli-
cado pelo profissional responsável.
83
Atendimento de Emergência
Proteção
do gesso
84
PROFAE
Para a realização da tração de pele ou cutânea, verifica-se a pre-
sença de lesões (o que contra-indica o procedimento), procede-se à
tricotomia do local onde será aderido o esparadrapo e, após remover a
gordura da pele, passar tintura de Benjoim e proteger as saliências ósse-
as com algodão ortopédico. Terminada a tração, passar a corda pelo
orifício da tábua e instalar o peso prescrito.
A tração esquelética é um procedimento cirúrgico, requeren-
do cuidados de cirurgia ortopédica. Para o adequado funcionamen-
to do sistema de tração, as cordas e polias devem ser colocadas em
linha reta, deixando-se os pesos e cordas penderem livremente. Os
pesos não podem ser removidos sem orientação médica e jamais deve-
se balançar ou bater na tração, pois isso provoca dor no cliente.
Para evitar complicações ao cliente com tração, a equipe de
enfermagem observa evidências de feridas por compressão, sinais de
infecção no local de aplicação do fio e condições circulatórias das
extremidades. Além disso, as superfícies pontiagudas do fio ou pino
devem ser protegidas com rolha ou fita adesiva e o cliente orientado
quanto à higiene pessoal, exercícios respiratórios e dos membros
não-lesados.
Roldana
Extensão
Peso
Posicionamento do membro inferior com tração esquelética
b) Contusão
É a lesão das partes moles, provocada por batida, sem solução
de continuidade da pele. O cliente queixa-se de dor local e observa-
se edema, hematoma ou equimose. As medidas de primeiros socor-
ros e de tratamento são elevação e não-movimentação da parte afe-
tada, aplicação de compressas frias ou bolsa de gelo por 48 horas e,
em seguida, aplicação de calor para auxiliar na reabsorção de líqui-
dos extravasados. Pode haver a necessidade de ser posta uma
bandagem compressiva.
85
Atendimento de Emergência
c) Entorse/distensão
Entorse é o estiramento dos ligamentos adjacentes a uma arti-
culação e a distensão refere-se ao estiramento dos músculos. A
sintomatologia é semelhante: dor local, dificuldade de movimenta-
ção e edema.
Como medida de primeiros socorros, a parte afetada é mantida
elevada e em repouso, aplica-se compressas frias ou bolsa de gelo
por 48 horas e, após, aplicação de calor. Dependendo da extensão e
gravidade, é necessário imobilizar o membro ou, ainda, encaminhar
o cliente para cirurgia - como nos casos de ruptura de ligamentos e
lacerações.
d) Luxação
É o deslocamento das superfícies articulares entre os ossos e
lesão das partes moles. O cliente apresenta dor intensa, perda das
funções, deformidade e edema progressivo. Como medidas de pri-
meiros socorros, faz-se a imobilização provisória da parte afetada e,
a seguir, o tratamento médico - que inclui redução da luxação e imo-
bilização com gesso.
! Trauma raquimedular
As lesões de coluna vertebral são provocadas com maior fre-
qüência pelos acidentes automobilísticos e/ou quedas e acidentes
em piscina. Entretanto, outra causa importante é a manipulação
inadequada do cliente com fratura vertebral durante o atendimento
de primeiros socorros, remoção e/ou transporte.
A sintomatologia pode ser provocada pela compressão ou
secção da medula. Desta forma, no cliente consciente ocorre dor no
local do trauma, perda de sensibilidade ou paralisia abaixo do nível
da lesão; no cliente inconsciente ocorre perda de reflexo com flacidez
(principalmente perda do controle vesical e intestinal), respiração
diafragmática, hipotensão com bradicardia.
No atendimento emergencial faz-se a imobilização e alinha-
mento da coluna vertebral e, em especial, do segmento cervical. O
cliente deve ser mantido deitado em decúbito dorsal e movimenta-
do como um bloco único quando de seu transporte do local do
acidente para a maca.
As pessoas com suspeita de trauma de coluna vertebral de-
vem ser encaminhadas para uma instituição que possua adequados
Minerva – é um aparelho recursos de saúde, a fim de receber tratamento definitivo: administra-
gessado que envolve a região ção de soluções e medicações, controle da respiração em vista do peri-
do tórax, abdome, pescoço e
cabeça. go de parada respiratória, tração intracraniana, imobilização com apa-
relho gessado do tipo Minerva e, caso necessário, cirurgia corretiva.
86
PROFAE
! Trauma crânio-encefálico (TCE)
Decorre de quedas, atropelamentos, colisão, ferimentos por
armas de fogo e outros. Os clientes podem apresentar fratura de
crânio, lesões do cérebro, edema cerebral ou hematoma, lacerações
cerebrais e lesões do couro cabeludo.
A gravidade da lesão intracraniana está diretamente relacionada
com a intensidade dos sintomas: alteração da consciência, rigidez ou
flacidez muscular, perturbações motoras, cefaléia, tonturas, vômitos,
amnésia, lesão facial, convulsão, perda de massa encefálica e/ou líquor.
A conduta de primeiros socorros consiste em imobilizar a co-
luna cervical com o colar cervical, não dobrar a coluna vertebral,
manter as vias aéreas permeáveis e pesquisar outras lesões. Todas as
pessoas com suspeita de TCE devem ser encaminhadas ao hospital,
para tratamento definitivo: manutenção da função respiratória com
respirador mecânico ou oxigênio úmido; tratamento do choque; di-
minuição do edema cerebral através de medicações e soluções
hipertônicas; sutura das lesões do couro cabeludo e realização de
craniotomia para descompressão, correção de afundamento ou dre-
nagem de hematomas.
O cliente deve ser constantemente avaliado quanto ao nível de
consciência, tônus muscular, perturbações motoras, alterações pupilares
e presença de convulsões. Esses dados auxiliam na localização, diagnós-
tico, prognóstico e avaliação da melhoria do dano cerebral.
! Trauma torácico
É sempre considerado como lesão grave, porque normalmen-
te está associado a outros ferimentos sérios da rede vascular, cora-
ção e pulmões.
O trauma torácico pode ocasionar obstrução das vias aéreas,
pneumotórax, hemotórax, tórax instável provocado por múltiplas
fraturas de costelas, tamponamento cardíaco, ruptura da aorta, rup-
tura do diafragma e lacerações traqueobrônquicas. Essas lesões pro-
vocam insuficiência respiratória e cardiocirculatória aguda, obser-
vadas mediante dor torácica, dispnéia, taquicardia, hipotensão arte-
rial, batimentos de asa de nariz, cianose, inquietação, perda da cons-
ciência e parada cardiorrespiratória.
No atendimento emergencial, o auxiliar de enfermagem reali-
za a manutenção das vias aéreas desobstruídas, elevação do decúbito
(exceto na presença de choque hipovolêmico), aspiração de secre-
ção endotraqueal, administração de oxigênio úmido. Deve estar aten-
Pericardiocentese por agulha
to para auxiliar na drenagem torácica, na pericardiocentese por agu- – é a introdução de agulha de
lha, no tratamento do choque e hemorragia e na entubação e retira- punção no pericárdio para a
da de corpos estranhos e próteses. retirada de sangue.
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Atendimento de Emergência
! Trauma abdominal
Neste trauma pode haver ou não lesão das vísceras abdomi-
nais e sua gravidade varia de simples lesões até rupturas ou lacerações
de órgãos. Normalmente, quando há lesões de vísceras ocas (intesti-
no, estômago, bexiga) ocorre desidratação progressiva e peritonite;
nas lesões de vísceras parenquimatosas (fígado, baço, rins) desen-
volve-se quadro de choque hipovolêmico.
Deve-se sempre suspeitar de lesão de vísceras quando o clien-
te apresenta dor abdominal espontânea ou à palpação, rigidez da
musculatura abdominal, diminuição de peristaltismo e sinais de cho-
que hipovolêmico.
O trauma é classificado como fechado quando o revestimen-
to cutâneo abdominal apresenta-se íntegro - e normalmente é con-
seqüência de socos, pontapés, coices, quedas, acidentes de trânsito,
etc. O quadro clínico varia de acordo com a extensão, intensidade e
tipo de lesão, bem como comprometimento de outros órgãos e va-
sos sangüíneos.
As condutas de emergência priorizam: manter o cliente deita-
do e sem mobilização desnecessária; manter as vias aéreas permeá-
veis e realizar oxigenação, se necessária; avaliar o sangramento e
estancar a hemorragia externa pela compressão direta; repor, com
solução fisiológica endovenosa e hemoderivados, os líquidos perdi-
dos; prestar os cuidados de choque; fazer a sondagem vesical para
controle da hematúria e volume urinário; passar a sonda nasogástrica
para aspirar o conteúdo gástrico (na presença de fraturas de face,
introduzir a sonda por via oral); proteger os órgãos eviscerados e
encaminhar o cliente para o tratamento cirúrgico das lesões.
1.9 Queimaduras
São lesões nos tecidos provocadas pelo calor, eletricidade, ener-
gia radiante (raios solares, radioatividade) e substâncias químicas.
Esses agentes podem provocar pequena queimadura quando
a área queimada é menor ou igual a 10% da área corporal total; ou
grande queimadura quando a área queimada é maior que 10% da
área corporal total.
Quanto à profundidade, é considerada de 1ºgrau quando a quei-
madura superficial atinge a epiderme e ocorre edema, eritema e dor. A
de 2º grau atinge a derme e provoca eritema intenso, edema, bolhas
(vesícula) e dor intensa. A de 3º grau é a queimadura profunda, que
atinge o tecido subcutâneo, músculos e ossos, provocando necrose
dos tecidos e fazendo com que a pele apresente aspecto carbonizado
88
PROFAE
ou esbranquiçado - não ocorre dor, devido à destruição das terminações
nervosas. O cliente pode apresentar, simultaneamente, os três tipos de
queimaduras. Nesses casos, o atendimento de primeiros socorros é diferen-
te, variando de acordo com o agente causador.
Na queimadura térmica, a primeira medida é controlar o fogo
ou afastar o cliente da fonte de calor, e resfriar o local das queimaduras
com água (nunca passando qualquer substância no local). Na seqüên-
cia, a área deve ser protegida com compressa estéril ou pano limpo.
Na queimadura química, o procedimento inicial é remover a
substância. Para isso, o cliente deve despir-se e lavar-se sob água cor-
rente, tendo o cuidado de não espalhar o agente causador para áreas
não-afetadas. Nenhum produto deve ser passado no local.
A primeira conduta a ser feita com a pessoa que recebe um
choque elétrico é afastá-la da fonte de eletricidade com o auxílio de
uma madeira ou qualquer outro material isolante conforme figura abai-
xo; somente após devem ser iniciadas as manobras de reanimação
cardiorrespiratória nos casos de PCR, e a área protegida com compressa
estéril ou pano limpo. Todos os clientes que sofrem esse tipo de acidente
devem ser encaminhados para uma instituição que possua adequados re-
cursos de saúde, para avaliação, mesmo que aparentemente não apresen-
tem problemas.
91
Atendimento de Emergência
1.12 Desmaio
É uma manifestação clínica que ocasiona perda temporária da
consciência. Pode ser causada por hipoglicemia em virtude de jejum
prolongado, ambiente pouco ventilado, condições emocionais, al-
gumas patologias (arritmia cardíaca, por exemplo) ou efeitos colaterais
de medicamentos (hipotensão postural provocada por vasodilatadores
coronarianos).
92
PROFAE
Os sinais e sintomas que precedem o desmaio são o
escurecimento da vista, tontura, palidez, dificuldade para se manter
de pé ou sentado, desconforto epigástrico, dificuldade respiratória,
sudorese fria, pulso fino.
O quadro clínico caracteriza-se por perda da consciência, relaxa-
mento muscular, palidez, abolição do reflexo palpebral, pulso fino e
respiração superficial.
As condutas de primeiros socorros visam restabelecer a
oxigenação cerebral e, desta forma, evitar o desmaio ou amenizar
suas conseqüências. Para evitar o desmaio, o cliente deve ser deitado
em decúbito dorsal horizontal, com os MMII ligeiramente elevados;
ou sentado em uma cadeira com os braços estendidos entre as per-
nas separadas – neste caso o profissional deve segurar-lhe a região
occipital, direcionando-lhe a cabeça para baixo e para a frente, confor-
me a figura abaixo.
1.13 Convulsões
São alterações no funcionamento do cérebro que provocam
contrações musculares descontroladas. Podem ter várias causas: fe-
bre alta, intoxicação, trauma crânio-encefálico e epilepsia. Antes da
convulsão, o cliente pode apresentar alterações visuais e olfativas;
Sialorréia – é a produção ex- em seguida, há perda da consciência, enrijecimento do corpo, apnéia,
cessiva de saliva.
contrações musculares violentas e sialorréia. Esta fase pode durar até
um minuto. Terminada a mesma, ocorre o relaxamento da muscula-
tura, podendo ocasionar perda de urina, fezes e um sono reparador
necessário para o reequilíbrio da atividade elétrica cerebral. Ao acor-
dar, o cliente pode sentir-se cansado, confuso, com dor de cabeça e
dor em outras partes do corpo machucadas durante a convulsão.
Quando das convulsões, o cuidado fundamental é proteger o
cliente de danos adicionais provocados por quedas e batidas do cor-
po em objetos próximos. Durante a crise convulsiva, mantenha o
cliente na cama ou no chão, afrouxe suas roupas e afaste ou acol-
choe os objetos ao redor. Não o segure limitando os movimentos
das contrações musculares; administre as medicações
anticonvulsivantes prescritas e aguarde-o acordar naturalmente. Após
o despertar, tranqüilize-o e informe-o do ocorrido. Verifique possí-
veis lesões na língua ou mesmo quebra de dente.
Trismo – é a contração da
Devido ao trismo, não é indicada a introdução de qualquer
musculatura da região objeto entre a arcada dentária superior e inferior do cliente visando
temporo-mandibular. proteger-lhe a língua (tira de pano, por exemplo). Esta prática é pe-
rigosa, pois ele pode aspirar o(s) objeto(s) introduzido(s) na boca e
causar danos nos dentes e/ou língua.
1.14 Insolação
Quando a temperatura ambiente é igual ou maior que a corpo-
ral, o organismo aumenta a transpiração para provocar perda de ca-
lor, “refrescar a pele”. Quando não existe reposição de água e
eletrólitos, perde a capacidade de transpirar, o que provoca exaustão
térmica e insolação.
94
PROFAE
Geralmente as principais causas da insolação e exaustão pelo ca-
lor são a exposição prolongada aos raios solares e/ou o trabalho mus-
cular excessivo em um ambiente desfavorável.
As manifestações clínicas são vertigem, fadiga, cefaléia, cãibras
musculares, náuseas e vômitos, hipertermia, hipotensão arterial; deve-
se sempre estar atento, pois a insolação pode evoluir para o choque e
coma.
As ações de enfermagem na área preventiva consistem em ori-
entar a população para proteger-se do sol, manter-se em local fresco
e arejado, usar roupas leves e ingerir líquidos à vontade.
Ante um quadro de insolação, as condutas de primeiros socor-
ros recomendam remover o cliente para local fresco e arejado, dimi-
nuir sua temperatura corporal (borrifando-lhe água na pele, fazendo-
lhe compressas frias) e oferecer-lhe líquidos, se estiver consciente.
No hospital, o cliente deve ser deitado em decúbito dorsal,
com os MMII ligeiramente elevados. Sua maca ou cama deve ficar
posicionada em local arejado; somente após esses cuidados deve-se
realizar a reposição hidroeletrolítica por VO e/ou EV (contra-indi-
ca-se a VO nos clientes com queixas de náuseas e vômitos), dimi-
nuir a temperatura corporal e iniciar oxigenoterapia, se necessária.
Deve-se sempre estar atento para prestar cuidados específicos nos
casos de choque e coma.
Existem controvérsias em relação a imergir o cliente em água
fria, em vista do perigo de vasoconstrição periférica e conseqüente
redução da perda de calor pelo organismo. Para acelerar a perda de
calor, podem ser colocados ventiladores em sua proximidade.
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Atendimento de Emergência
2- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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