Santos - Santos - Vieira Junior - Cobramseg (Revisado) (2020)
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RESUMO: O solo é representado na construção civil como suporte para superestruturas ou como material para
obras de terra. Com o objetivo de conhecer o comportamento de um solo utilizado como material de aterro em
uma obra de um empreendimento comercial localizado na cidade de Caruaru-PE, este foi caracterizado através
de ensaios de laboratório, compreendendo ensaios de umidade natural, determinação da sua massa específica,
análise granulométrica, Limites de Atterberg, ensaio de dipersibilidade, compactação e resistência à
compressão simples, e posteriormente classificado de acordo com os sistemas mais usuais de classificação de
solos (Diagrama Textural, SUCS e TRB). Dentre os resultados obtidos, o solo apresentou umidade natural
baixa (3,43%), massa específica dos grãos de 2,55 g/cm³, umidade ótima de 12,5%, massa específica aparente
seca máxima de 1,89 g/cm³ e resistência à compressão simples de 171 kPa. Relacionando sua composição
granulométrica e os Limites de Atterberg, o solo classificou-se de acordo com o diagrama textural como uma
areia argilosa; de acordo com a carta de plasticidade (SUCS), este foi caracterizado como um argila inorgânica
de mediana plasticidade (CL) e, por fim, mediante a classificação TRB, o solo comportou-se como sendo da
classe A-2-7, apresentando características favoráveis à sua aplicação em campo.
ABSTRACT: The soil is represented in civil construction as support for superstructures or as material for land
works. In order to know the behavior of a soil used as landfill material in a work of a commercial enterprise
located in the city of Caruaru-PE, it was characterized through laboratory tests, comprising natural moisture
tests, determination of its specific mass, granulometric analysis, Atterberg Limits, dipersibility test,
compaction and unconfined compressive strength, and subsequently classified according to the most common
soil classification systems (Textural Diagram, SUCS and TRB). Among the results obtained, the soil had low
natural moisture (3.43%), grain specific gravity of 2.55 g / cm³, optimum moisture content of 12.5%, maximum
dry specific gravity of 1.89 g / cm³ and unconfined compressive strength of 171 kPa. Relating its granulometric
composition and the Atterberg Limits, the soil was classified according to the textural diagram as clayey sand;
according to the plasticity letter (SUCS), it was characterized as an inorganic clay with medium plasticity (CL)
and, finally, by means of the TRB classification, the soil behaved as class A-2-7, presenting characteristics
favorable to its application in the field.
1 Introdução
Os solos se formam por decomposição das rochas, as quais, por sua vez, apresentam-se próxima a
superfície da Terra, fraturadas e fragmentadas em razão da sua própria origem (esfriamento de lavas no caso
de rochas basálticas, por exemplo) ou em virtude de movimentos tectônicos (nos quartzitos, que são rochas
friáveis) ou ainda pela ação do meio ambiente (expansão e contração de térmica e outros) (MASSAD, 2016).
XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
15 a 18 de Setembro de 2020 – Campinas - SP
Segundo Chiossi (2013), uma massa de solo é considerada como um conjunto de partículas sólidas
encerrando vazios ou interstícios de tamanho variado. Os vazios poderão estar preenchidos com ar ou com
água, ou parcialmente com ar e parcialmente com água.
Classificar corretamente o solo é uma tarefa complexa, porém necessária, pois através desta
classificação que se obtém parâmetros capazes de indicar se o material analisado possui propriedades
compatíveis a sua aplicação. A análise do solo para a engenharia tem como conceito prever a reação dos solos
e das rochas, decorrentes da ação do homem. Segundo Pinto (2006), o objetivo de classificação dos solos, sob
o ponto de vista da engenharia, é poder estimar o provável comportamento do solo, ou, pelo menos, orientar o
programa de investigação necessário para permitir a adequada analise de um problema. De acordo com Pinto
(2006), os diferentes solos usados em aplicações distintas na engenharia são agrupados naturalmente de acordo
com suas propriedades e, com isso, surgiram os sistemas de classificação de solos, que tem como objetivo
estimar o provável comportamento do solo ou ao menos orientar o programa de caracterização para que a
análise de um determinado problema seja coerente.
Visando a importância do tema, a finalidade deste trabalho é realizar a caracterização de um solo
utilizado para aterro em um empreendimento comercial em Caruaru – PE, através da realização de ensaios de
laboratório, posteriormente classificando-o e verificando suas características frente à sua aplicação.
O local de estudo deste trabalho compreende uma obra de um empreendimento comercial localizado no
município de Caruaru-PE, que faz parte da mesorregião do agreste do estado de Pernambuco. A área de estudo
localiza-se mais precisamente na Avenida João de Barros, Bairro Petrópolis, CEP 55030-280, com
coordenadas 8°17’44.72”S e 35°58’17.01”O (Figura 1), nas proximidades da Feira de Caruaru. O
empreendimento trata-se de um novo supermercado, cujo sistema construtivo compreende elementos pré-
moldados de concreto, com vedação em blocos de concreto e cobertura metálica e sistema de fundação
composto por sapatas isoladas. O programa de investigação do subsolo compreendeu a execução de oito furos
de sondagens (Figura 2) do tipo SPT, Standard Penetration Test, (SP-01; SP-01A; SP-02; SP-03; SP-03A; SP-
04 e SP-05) e seis furos de sondagem mista (SM-01; SM-02; SM-03; SM-04; SM-05 e SM-06) compreendendo
SPT e rotativa, esta última necessária devido ao terreno ser formado por maciço rochoso em profundidades
próximas à superfície.
A Figura 3 apresenta um boletim de sondagem representativo do terreno da área de estudo, que mostra,
até uma profundidade investigada de 4,37 m, a ocorrência de aterro arenoso de média compacidade e com
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matéria orgânica na superfície, seguido de camadas de solos arenosos finos e médios e provável rocha de
coloração creme escura, típica da região. Além disso, foi verificado a presença de nível d’água próximo à
superfície (0,25 m). Devido às condições superficiais do terreno, e para concepção da obra, foi necessária a
regularização do terreno por meio da retirada de material original do local na porção superficial, além da
detonação de fragmentos rochosos que impossibilitaram a execução da fundação da edificação. Em seguida,
através dos serviços de terraplanagem, foi lançado uma camada de aterro composto por um solo (o qual será
caracterizado) com grau de empolamento de 1,5, cuja jazida (Figura 4a) está localizada no Bairro Auto do
Moura, também em Caruaru-PE, com coordenadas 8°18'18.57"S e 36° 1'54.14"O. o solo (Figura 4b) foi
disposto na área em questão em camadas de diferentes espessuras, posteriormente compactada em campo em
sua umidade ótima.
(a) (b)
Figura 4. (a) Jazida onde foi retirado o solo para aterro e (b) solo de aterro.
3 Material e Métodos
auxílio de ferramentas manuais e posteriormente armazenada em sacolas plásticas e vedada para preservação
da umidade natural do solo, em quantidade necessária para realização dos ensaios previstos. Posteriormente, o
solo foi transportado para o laboratório onde foram realizados os ensaios.
4 Resultados e Análises
4.1 Umidade Natural
Ao analisar a amostra ensaiada de acordo com o previsto, obteve-se como resultado o valor de 3,43%,
configurando como uma amostra seca.
AREIA
ARGILA SILTE PEDREGULHO
FINA MÉDIA GROSSA
PORCENTAGEM QUE PASSA (%)
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0 Solo
10,0
0,0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm) log
Figura 5. Curva de composição granulométrica do solo.
sua massa específica aparente seca máxima, o que de fato, é favorável para a sua aplicação em obras de aterro,
pois necessita-se de consumo de água menor se comparado com solos de características mais finas.
2,00
Massa Específica aparente Seca
1,90
Solo
1,80
(g/cm³)
1,70
1,60
1,50
1,40
W
0 2 4 6 8 10 12opt 14 16 18 20 22 24 26
Teor de Umidade (%)
5 Conclusão
De acordo com as investigações feitas, algumas conclusões foram desenvolvidas sobre o material.
Considerando as condições de campo, este atinge a sua massa especifica aparente seca máxima com pequenas
quantidades de água (12,5%); sua resistência à compressão simples apresentou valor de 171 kPa, resistência
considerável e dentro do esperado, visto que o mesmo não passou por nenhum processo de melhoramento
químico (apenas mecânico, com a compactação), para apresentar resistências superiores a esta. De acordo com
a carta de plasticidade de Casagrande, o solo classificou-se como uma argila inorgânica de média plasticidade
(CL). O solo também foi classificado como uma areia argilosa, segundo o Diagrama Trilinear Textural. Através
da classificação TRB/AASHTO, o solo é configurado na classe A-2-7. Neste cenário, o referido trabalho possui
dados que possibilitam a ampliação do conhecimento a respeito dos solos, possibilitando, posteriormente, que
estas informações sejam utilizadas para fins práticos na região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2016). NBR 6457: Amostra de Solo – Preparação para Ensaios
de Compactação e Ensaio de Caracterização. Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2016) NBR 6459: Solo – Determinação do Limite de Liquidez.
Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2016) NBR 7180: Solo – Determinação do Limite de Plasticidade.
Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2016). NBR 7181: Solo – Análise granulométrica. Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2016). NBR 7182: Solo – Ensaio de Compactação. Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (1992). NBR12770: Solo coesivo – Determinação da resistência à
compressão não confinada. Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (1996). NBR 13601: Solo – Avaliação Da Dispersibilidade De
Solos Argilosos Pelo Ensaio De Torrão (Crumb Test) –Método De Ensaio. Rio de Janeiro.
Casagrande, A. (1948). Classification and identification of soils. Transactions, ASCE, vol. 113, 30p.
Massad, F. (2016). Mecânica dos Solos Experimental/Faiçal Massad. – São Paulo : Oficina de Textos.
Pinto, C. S. (2006). Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 Aulas/3º edição Carlos Sousa Pinto. – São
Paulo: Oficina de Textos.