Condominio em Multipropriedade
Condominio em Multipropriedade
Condominio em Multipropriedade
Condomínio em multipropriedade
Salvador, 2022
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma resenha acerca do tema
condomínio em multipropriedade. Para a realização deste trabalho, levar-se-á
em consideração toda a natureza jurídica do objeto do trabalho, as discussões
em que o assunto foi tema principal, bem como todas as suas características e
particularidades, com o intuito de chegar-se ao objetivo final do trabalho de
deixar claro as utilizações do condomínio em multipropriedade na sociedade
brasileira, como também todas as vantagens e desvan tagens presentes na sua
incorporação na atividade jurídica do Brasil.
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semanas específicas. Após a penhora, uma das coproprietárias,
titular de 2/52 do imóvel, interpôs embargos de terceiro para que
fosse afastada a constrição judicial de sua fração. O TJSP negou o
pedido sob o fundamento de que a cessão de direitos referente aos
2/52 da casa não corresponderia a direito real de propriedade, mas
a direito obrigacional, “uma vez que o imóvel foi registrado em
nome da devedora, que figurou como centralizadora do contrato e
organizadora da utilização periódica do bem”. Para o tribunal
paulista, no caso de multipropriedade, nada impede a penhora da
totalidade do imóvel que consta no registro imobiliário em nome da
devedora, a qual seria sua efetiva proprietária.
O julgado em questão teve ponderação do ministro Villas Bôas Cueva,
que reconheceu a dificuldade de colocar o condomínio em multipropriedade na
categoria de direito real ou de obrigacional, considerando que possui
características para as duas. O ministro chegou a conclusão de que deveria ser
considerado como direito pessoal, embasando seu voto em que os direitos reais
eram aqueles que estavam previstos em lei. No entanto, o voto vencedor para
esse julgador foi dado pelo ministro João Otávio de Noronha, que apresentou o
entendimento de que essa modalidade de condomínio é, de fato, mais
compatível com um direito real.
Portanto, o condomínio em multipropriedade gera um direito real de poder
usar e gozar da propriedade, tendo como limitação o período de tempo definido
em contrato pelos condôminos proprietários daquele imóvel, sendo esse tempo,
além de pré-fixado, sucessivo e proporcional à fração que cada proprietário
possui. É importante destacar que a multipropriedade não se extinguirá
automaticamente se todas as frações de tempo forem do mesmo
multiproprietário.
Existem ainda outros pontos importantes no que tange a definição do
condomínio em multipropriedade, bem como as regras que regem essa
modalidade de condomínio. O imóvel é indivisível, ou seja, não se pode dividir o
imóvel ou promover a extinção do condomínio. Esse imóvel inclui todas as
instalações, equipamentos e mobiliário, isso significa que todos os
multiproprietários irão usufruir das coisas que estão dentro do imóvel, são coisas
pertencentes ao imóvel e estão inclusas na relação jurídica do condomínio em
multipropriedade, dessa forma impossibilitando que um multiproprietário retire os
móveis quando chegar o período do outro utilizar, por exemplo, e elimina a
possibilidade de ter que fazer uma mudança a cada vez que chegar o período
de usufruir do imóvel. É permitida a adoção do regime em multipropriedade aos
condomínios edilícios, desde que haja uma previsão no instrumento da
instituição e uma deliberação da maioria absoluta dos condôminos. Em caso de
inadimplência, é possível realizar uma adjudicação ao condomínio edilício
apenas na fração de tempo correspondente ao multiproprietário inadimplente.
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CARACTERÍSTICAS E REGRAMENTO
Um condomínio em multipropriedade possui particularidades que
permitem sua realização, ou seja, são características que funcionam como
regras, mesmo não sendo e é permitido a mudança de algumas delas de contrato
para contrato, tais características também são grandes pontos de diferenciação
para os contratos de condomínios edilícios. Uma característica é a da ausência
de direito de preferência, de forma que em caso de um dos multiproprietários
desejar alienar a sua fração do imóvel, não é obrigatório que ele dê preferência
aos outros multiproprietários para adquirir essa fração. As despesas de uma
multipropriedade são reteadas entre os proprietários, levando em consideração
a proporção que cada um deles tem sobre o imóvel. Como há uma multiplicidade
de proprietários, surgem algumas questões a respeito da administração desse
imóvel ou quem vai responder por ele em questões de reuniões em assembleias.
Portanto, um condomínio em multipropriedade conta com um administrador, que
será a pessoa responsável por gerir as questões comuns dos condôminos, como
administrar pagamentos, gerenciar manutenções, participar de reuniões de
condomínio, entre outros.
É possível dentro dessa modalidade de condomínio, que os prazos para
usufruir do imóvel sejam de diferentes tipos. É possível que sejam colocados
prazos fixos, ou seja, prazos já determinados como um certo mês do ano para
cada proprietário, bem como é possível a existência de um prazo flutuante, em
que não existe uma data específica para o uso do imóvel para cada proprietário,
mas sim a existência da fração e a determinação de quando essa fração será
cumprida, é realizada posteriormente. Por fim, também é permitido que haja uma
definição de prazos híbrida, em que se mistura o prazo fixo e flutuante, colocando
parte da fração a ser cumprida de forma fixa e a outra parte de forma flutuante
durante o ano. Essa questão dos prazos é um claro exemplo de como o
condomínio em multipropriedade pode apresentar uma flexibilidade e
diferenciação de contrato para contrato, abrindo possibilidades para que o
negócio saia melhor para cada situação.
Para se formar uma multipropriedade é fundamental uma convenção para
que seja realizado um ato constitutivo, em que será definido tudo referente ao
condomínio em multipropriedade, seus proprietários, seus prazos, as frações
que cada um terá e obviamente os direitos e deveres das partes. Essa instituição
é feita entre vivos, mas também há a possibilidade de multipropriedade através
de testamento. Uma vez realizado o ato constitutivo, ao ser registrado, há uma
outra diferença entre a multipropriedade e um condomínio comum: na
multipropriedade é registrada uma matricula original, mas também é registrada
diversas matrículas correspondentes a cada fração e que estão vinculadas à
matrícula original, dessa forma é respeitada a continuidade registral e cada
número de matrícula constará as informações dos respectivos donos.
Todas as definições e características do condomínio em multipropriedade
pode causar uma confusão em como isso seria aplicado à realidade das
pessoas. É fato que a tendência de utilização dos condomínios em
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multipropriedade é voltada para imóveis de alto padrão e que principalmente não
são utilizados como moradia, ou seja, são destinados mais para fins de lazer e
tratados como um segundo imóvel para os proprietários passarem férias ou algo
do tipo. No entanto, obviamente, não é vedada a utilização dessa modalidade de
condomínio para moradia, embora seja pouco provável que isso ocorra.
CONCLUSÃO
O principal fator que coloca o condomínio em multipropriedade como uma
melhor opção para adquirir um imóvel é a enorme redução nos valores. Com a
divisão do imóvel pela quantidade de tempo, o proprietário poderá adquirir o
imóvel completo pagando o preço reduzido por conta da divisão. Durante o
período em que ele puder usufruir do imóvel, ele irá exercer isso em sua
totalidade, mas contando com o valor muito inferior.
Outro ponto fundamental para que a multipropriedade seja atrativa é o da
divisão de custos, já tratado anteriormente. Com a divisão do imóvel cabe
também a divisão de custos em casos de reformas ou algo do tipo, bem como
despesas necessárias para manter o imóvel.
O condomínio em multipropriedade é, sobretudo, uma alternativa na
aquisição de imóveis, que apresenta segurança jurídica, graças a sua
implementação no Código Civil, para adquirentes que desejam a compra de um
imóvel com um valor mais em conta. Dessa forma, tornou-se possível a aquisição
de imóveis cujo objetivo é voltado ao lazer e que não se configura como moradia
ou imóvel principal das pessoas.
Ademais, a inclusão do condomínio em multipropriedade ao Código Civil
brasileiro, traz consigo garantias e direitos em caso de não cumprimento dos
deveres de alguma das partes. Portanto, é um tema que, a priori, representa
vantagens do ponto de vista jurídico, mas que ainda possui muita área para a
discussão, como por exemplo a questão dos registros, em que ainda se discute
se a existência de matrículas “filhas” vinculadas à matrícula original ofende ao
princípio da unicidade material, que diz que um mesmo imóvel não pode ser
matriculado mais de uma vez. Trata-se de uma visão mais técnica de que o
correto seria de fato possuir apenas uma matrícula.
De todo modo, o regimento da condomínio em multipropriedade é uma
demonstração de como o direito pode ser moldado afim de atender as
necessidades da população e como isso não se trata apenas de regras e dogma,
mas também da natureza de ciência social aplicada que o direito é. Tal como
outras modificações na legislação, como o direito a superfície e o direito de laje,
essa incrementação traz consigo uma mulher utilização da propriedade, de
forma a garantir que esta exerça uma função social mais participativa e
importante, ao invés de tornar essa propriedade subutilizada e que não
contribuiria com sua função social. Vale também destacar que o condomínio em
multipropriedade possui um certo grau de variabilidade de contratos por permitir
modificação de alguns regimentos para melhor atender aos proprietários e
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apresenta um bom grau de adaptabilidade, outro ponto positivo para essa nova
modalidade de condomínio.
REFERÊNCIAS
Salvador, 2022