505 - Ana Paula Rodrigues Carvalho
505 - Ana Paula Rodrigues Carvalho
505 - Ana Paula Rodrigues Carvalho
Direção Editorial
Comitê Científico
Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula [recurso eletrônico]
/ Ana Paula Rodrigues Carvalho -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2022.
262 p.
ISBN: 978-65-5917-505-5
DOI: 10.22350/9786559175055
CDD: 900
Índices para catálogo sistemático:
1. História 900
Sobre o Mestrado em História Social da
Universidade Estadual de Londrina
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do
vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono
pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Dei-
xaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são
pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o
vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo
não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”.
(Rubem Alves)
SUMÁRIO
PREFÁCIO 19
Márcia Elisa Teté Ramos
INTRODUÇÃO 27
1 36
TEORIAS DA APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO HISTÓRICA
TEORIAS DA APRENDIZAGEM ...............................................................................................................................................................................37
TEORIA BEHAVIORISTA ..............................................................................................................................................................................................37
TEORIA COGNITIVISTA................................................................................................................................................................................................42
CONSTRUTIVISMO SOCIAL ......................................................................................................................................................................................47
UMA BREVE PANORÂMICA SOBRE A EDUCAÇÃO HISTÓRICA E A APRENDIZAGEM HISTÓRICA ..............................52
CONTRIBUIÇÕES DO CONCEITO DE LITERACIA HISTÓRICA ..............................................................................................................60
2 69
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA: CONHECENDO OS SUJEITOS DA PESQUISA E SUAS IDEIAS PRÉVIAS
SOBRE O FASCISMO E A NATUREZA DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA
AS ESCOLAS ......................................................................................................................................................................................................................72
PERFIL DOS JOVENS PARTICIPANTES DA PESQUISA ..............................................................................................................................75
COMPARAÇÃO ENTRE OS ALUNOS DA ESCOLA A E DA ESCOLA B ............................................................................................89
MAPEAMENTO DAS IDEIAS PRÉVIAS DOS ALUNOS: INSTRUMENTO DE PESQUISA E CATEGORIZAÇÃO............94
QUESTÃO NÚMERO 1.................................................................................................................................................................................................96
QUESTÃO NÚMERO 2.................................................................................................................................................................................................97
QUESTÃO NÚMERO 3..............................................................................................................................................................................................100
NÍVEL 1- SEM CONDIÇÕES DE CATEGORIZAÇÃO ................................................................................................................................. 100
NÍVEL 2 – HISTÓRIA TRADICIONAL .................................................................................................................................................................101
NÍVEL 3 – HISTÓRIA TOTAL ..................................................................................................................................................................................104
NÍVEL 4 – HISTÓRIA PASSADO PRESENTE- FUTURO............................................................................................................................ 106
QUESTÕES 4,5,6 E 9...................................................................................................................................................................................................108
QUESTÃO 7 ....................................................................................................................................................................................................................115
QUESTÃO 8 ....................................................................................................................................................................................................................116
QUESTÃO 10..................................................................................................................................................................................................................118
NÍVEL 1 – SEM CONDIÇÕES DE CATEGORIZAÇÃO............................................................................................................................... 119
NÍVEL 2- ERUDIÇÃO ..................................................................................................................................................................................................119
NÍVEL 3 – FACTUAL/DOCUMENTAL ..............................................................................................................................................................121
NÍVEL 4 - OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA................................................................................................................................................... 123
COMPARAÇÃO ENTRE ALUNOS DA ESCOLA A E DA ESCOLA B ................................................................................................. 124
3 131
DAS REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS AO CONCEITO DE EMPATIA HISTÓRICA: UMA ANÁLISE DO
JORNAL LA PROVINCIA DI BOLZANO
A IMPRENSA FASCISTA ........................................................................................................................................................................................... 132
A ITALIANIZZAZIONE DO ALTO ADIGE: REPRESENTAÇÕES DE ITALIANIDADE A PARTIR DO JORNAL LA
PROVINCIA DI BOLZANO ......................................................................................................................................................................................... 137
PROBLEMAS E DEFINIÇÕES DO CONCEITO DE EMPATIA HISTÓRICA...................................................................................... 149
ESTUDO PILOTO ......................................................................................................................................................................................................... 168
4 172
ESTUDO PRINCIPAL: ANÁLISE E CATEGORIZAÇÃO DAS IDEIAS HISTÓRICAS DOS ALUNOS
ESTUDO PRINCIPAL .................................................................................................................................................................................................. 172
ANÁLISE E CATEGORIZAÇÃO ............................................................................................................................................................................. 174
QUESTÃO 1 .................................................................................................................................................................................................................... 175
NÍVEL 1 - CÓPIA E FRAGMENTOS .................................................................................................................................................................... 176
NÍVEL 2 – PESSOAL ................................................................................................................................................................................................... 177
NÍVEL 3 – DITADOR................................................................................................................................................................................................... 178
NÍVEL 4 - ANÁLISE DA SITUAÇÃO.................................................................................................................................................................... 179
QUESTÃO 2 .................................................................................................................................................................................................................... 180
NÍVEL 1 – CÓPIA E FRAGMENTOS ................................................................................................................................................................... 180
NÍVEL 2 – PRESENTISMO ....................................................................................................................................................................................... 181
NÍVEL 3 – EMPATIA HISTÓRICA RESTRITA .................................................................................................................................................. 182
NÍVEL 4 – EMPATIA HISTÓRICA CONTEXTUALIZADA......................................................................................................................... 183
QUESTÃO 3 .................................................................................................................................................................................................................... 184
NÍVEL 1 – TAUTOLÓGICO ..................................................................................................................................................................................... 186
NÍVEL 2 – TESTEMUNHAS ..................................................................................................................................................................................... 187
NÍVEL 3 – QUANTIDADE E SOMA DE FATORES ...................................................................................................................................... 190
NÍVEL 4 – CONTEXTUALIZAÇÃO E SUBJETIVIDADE ............................................................................................................................. 193
QUESTÃO 4 .................................................................................................................................................................................................................... 195
NÍVEL 1 – ACRÍTICO .................................................................................................................................................................................................. 196
NÍVEL 2 – CRÍTICA ...................................................................................................................................................................................................... 198
COMPARAÇÃO ENTRE ESCOLA A E ESCOLA B ....................................................................................................................................... 200
ANEXO 1 241
ANEXO 2 242
ANEXO 3 243
QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DOS DISCENTES ........................................................................................ 243
ANEXO 4 248
QUESTIONÁRIO DAS IDEIAS TÁCITAS ...........................................................................................................................................................248
ANEXO 5 252
TEXTO 1. O FASCISMO ............................................................................................................................................................................................252
TEXTO 2. A ITALIANIZAÇÃO DA REGIÃO DE TRENTINO ALTO ADIGE ...................................................................................... 253
ANEXO 6 254
ANEXO 7 260
ATIVIDADE ......................................................................................................................................................................................................................260
ANEXO 8 261
ATIVIDADE ......................................................................................................................................................................................................................261
PREFÁCIO
teoria”. É este último tipo de apropriação que se faz dos autores neste
estudo que o leitor tem em mãos, pois inclui as referências na constru-
ção do objeto, na realidade empírica, no pensar relacional e na análise
reflexiva.
Para finalizar com mais uma quebra de barreiras empreendida, en-
fatizamos a habilidade e o destemor de enfrentar um grande desafio,
qual seja, o uso de autores que recorrem à corrente pedagógica sob viés
psicológico denominada Construtivismo. É comum nos depararmos
com a crítica veemente quanto à concepção de Piaget como contributo
às pesquisas sobre ensino e aprendizagem histórica. De certo, as pes-
quisas no campo da Educação Histórica vêm apresentando resultados
refutadores da teoria de invariância dos estágios de desenvolvimento
cognitivo, porém, essa crítica quando excessiva, acaba recaindo em uma
desqualificação de reflexões advindas da educação, da pedagogia e da
psicologia. Esquece-se que Rüsen buscou argumentos de Karl Jaspers,
da área da psicologia, para definir consciência histórica e de que Peter
Lee chega à ideia de progressão por intermédio do conceito de equili-
bração de Piaget (BARCA, 2001). Finda-se então o entendimento destas
áreas como alternativas possíveis para adensar as investigações. O
Construtivismo, segundo a perspectiva de Ana Paula adotada por inter-
médio de autores como Mario Carretero (1997) e Marília Gago (2012) –
esta autora, vinculada à Educação Histórica –, remete à (re)elaboração
do conhecimento realizada pelo sujeito em um movimento complexo
envolvendo vivência, experiência, ideias prévias e contexto, sem des-
cartar aspectos biológicos, mas não os tornando determinantes. Marca-
se que as ideias prévias dos alunos não podem ser ignoradas como se
Márcia Elisa Teté Ramos • 25
14 de fevereiro de 2022
REFERÊNCIAS
BARCA, Isabel. O pensamento histórico dos jovens. Ideias dos adolescentes acerca da
provisoriedade da explicação histórica. Braga: Centro de Estudos em Educação e
Psicologia, Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2000.
26 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
1 Este foi um dos aspectos analisados no meu trabalho de conclusão de curso (TCC) na graduação de História
na Universidade do Centro Oeste do Paraná publicado em: CARVALHO, R. A. Paula. As histórias, os sujeitos, as
narrativas: análise do regime fascista nos livros didáticos. História & Ensino, Londrina, v. 21, n. 1, p. 289-306,
2015.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 29
2 Sobre literacia histórica ver: LEE, Peter. Em direção a um conceito de literacia histórica: Towards a concept
of historical literacy. Educar, Curitiba, Especial, Editora UFPR, p. 131-150, 2006; LEE. Peter. Educação Histórica,
consciência histórica e literacia histórica. In. BARCA, I. (Org.). Estudos de consciência histórica na Europa,
América, Ásia e África. Braga: Uminho, 2008.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 33
3 Sobre mudança conceitual ver: CARRETERO, Mario. Construtivismo e Educação. Porto Alegre: Artmed, 1997.
34 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
TEORIA BEHAVIORISTA
TEORIA COGNITIVISTA
4 Tradução livre da autora. No original “The active participation in the learning process by the child might
result in the following hypothesized benefits: an increase in intellectual potency so as to make the acquired
information more readily viable in problem solving, the enaction of the learning activities in terms of the
intrinsic reward of discovery itself” (BRUNER, 1961, p. 24).
44 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
CONSTRUTIVISMO SOCIAL
[...] a idéia que sustenta que o indivíduo – tanto nos aspectos cognitivos e
sociais do comportamento como nos afetivos – não é um mero produto do
ambiente nem um simples resultado de suas disposições internas, mas, sim,
uma construção própria que vai se produzindo, dia a dia, como resultado da
interação entre esses dois fatores (CARRETERO, 1997, p. 10).
5 O conflito cognitivo ocorre quando as ideias que o aluno já possui são colocadas em confronto com uma
nova informação ou situação. O confronto tem por objetivo fazer com que o aluno perceba as insuficiências
da primeira. (Carretero, 1997, p.71).
52 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
conhecimento e entender este processo deve ser o foco para uma apren-
dizagem significativa. A consciência da persistência das ideias prévias
dos alunos requer do professor uma prática que leve em consideração a
importância do exercício constante de confrontação entre ideias novas
e prévias, de repetição, de exercício e de auxílio. É preciso repensar
constantemente quais os métodos e estratégias adotar para se obter
uma progressão do pensamento histórico mais elaborado por parte dos
alunos.
Ainda sobre as características do construtivismo, além das ideias
prévias dos alunos e das estratégias cognitivas adotados por estes, o
professor “deve conhecer a estrutura da disciplina na sua dimensão
epistemológica” (GAGO, 2012, p. 23). Ou seja, é necessário repensar os
princípios psicopedagógicos à luz dos princípios específicos da disci-
plina de História. Segundo Barca (2001, p. 20), “a aprendizagem deve
processar-se no contexto da resposta à natureza da disciplina”. Desta
forma, a partir de contribuições advindas do construtivismo é possível
articular elementos específicos da disciplina de História para pensar si-
tuações concretas de ensino e de aprendizagem visando uma progressão
do pensamento histórico dos alunos.
com o Projecto as crianças passaram a olhar para a História como uma dis-
ciplina interessante e difícil como a matemática (...). Com efeito, um dos
objetivos do Projecto era fazer da História uma disciplina séria. Era neces-
sário haver algo que as crianças apreendessem progressivamente, que se
operassem mudanças nas ideias e que elas conseguissem perceber essas
mudanças (LEE, 2001, p. 14).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 55
que já sabem que as histórias não são cópias do passado, elas são cons-
truídas. Se dermos apenas factos a estas crianças, estaremos a desiludi-
las” (LEE, 2001, p. 20). Portanto, a pesquisa rompeu com a ideia de que
os alunos quando avançam em idade, naturalmente também avançam
em sua explicação histórica, e, se há “avanços”, são outros os fatores que
contribuem para tal.
Estas atividades permitiram investigar o grau de sofisticação das
ideias históricas apresentadas pelos alunos. A progressão do pensa-
mento histórico é mensurada com base na própria episteme da história
e não em estágios de desenvolvimento como proposto por Piaget. No
projeto 13-16 a tarefa desenvolvida pelos alunos “funcionou como um
desafio positivo e aliciante, o que pode confirmar a hipótese de que a
compreensão dos métodos, lógica e perspectivas da História pelos alu-
nos pode ser progressivamente desenvolvida” (GAGO, 2012, p. 79).
Para Lee (2008) uma vez reconhecido que a aprendizagem histórica
perpassa pela compreensão da natureza da história, é possível pensar
em viabilizar o desenvolvimento de uma progressão conceitual. Não em
um sentido restrito que prevê apenas uma acumulação de informação e
sim no que tange ao desenvolvimento progressivo de ideias históricas
mais elaboradas. De acordo o autor, o conceito de progressão consente
uma “mudança de ideias deficitárias de senso-comum, que não permi-
tem ou reduzem a possibilidade de compreensão ou explicação
histórica, para ideias que a tornem possível” (LEE, 2008, p. 15).
Ao ressaltar a importância dos conceitos de segunda ordem o autor
não subestima a relevância de conceitos substantivos, ligados aos con-
teúdos da disciplina, para a consecução de uma aprendizagem histórica
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 57
6 Tradução livre da autora. No original “historical consciousness is wider than the kind of history literacy
that should be offered by a history education, and not all forms of historical consciousness meet the standards
of history” (LEE, 2011, p.61).
62 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
7 Tradução livre da autora. No original “historical thinking requires an orientation to the past informed by
disciplinary canons of evidence and rules of argument” (WINEBURG, 2007, p. 6).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 63
(...) Isso sugere que os alunos devem entender, por exemplo: como o co-
nhecimento histórico é possível, o que requer um conceito de evidência”
(LEE, 2006, p. 116). A partir dessas ideias, as fontes históricas utilizadas
na produção do conhecimento histórico passam a ser vistas não como
meros veiculadores de informação, mas como suportes para questiona-
mentos e análise histórica visando interpretações plausíveis sobre o
passado.
É importante que os alunos entendam que a narrativa histórica não
é uma cópia exata do passado, que o conhecimento histórico se dá de
forma indireta a partir de vestígios e das inferências elaboradas a partir
de sua análise. Para Lee (2006, p. 140), “a compreensão de como as afir-
mações históricas podem ser feitas, e das diferentes formas nas quais
elas possam ser mantidas ou desafiadas, é uma condição necessária para
a literacia histórica”.
Outro componente importante para o entendimento da natureza
do saber histórico perpassa a compreensão contextualizada das ações
dos sujeitos do passado. O que pressupõe o conceito de empatia, en-
quanto o entendimento:
[...] das crenças e valores das pessoas do passado são entendidos como não
necessariamente os mesmos que os nossos, e até mesmo considerados es-
tranhos, todavia eles ainda são reconhecidos como inteligíveis e defensável
em seus próprios termos e ajudam a dar sentido às crenças e valores do
presente 8 (LEE, 2011, p. 145).
8 Tradução livre da autora. No original “the beliefs and values of people in the past are understood as not
necessarily the same as ours, and even as passing strange, but they are still recognized as intelligible and
defensible in their own terms, and as helping make sense of present beliefs and values” (LEE, 2011, p. 145).
64 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
9 Tradução livre da autora. No original “[…] the key ideas that make knowledge of the past possible, and of
the different kinds of claims made by history, including knowledge of how we infer and test statements,
explain events and processes, and give accounts of the past” (LEE, 2011, p. 140).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 65
10 Tradução livre da autora. No original “It is as if the most powerful tools available to children are to be
concealed or withheld from them, and the very basis of ‘autonomy’ obscured” (LEE, 2011, p. 134).
66 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
11 Tradução da autora. No original “[…] through and in the presence of substantive historical knowledge in
which past and present are not cut off from one another” (LEE, 2011, p.146).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 67
12 Tradução da autora. No original “[…] the aim is to use the framework continuously, modifying it and giving
students the space to develop big pictures of the past” (LEE, 2011, p. 145).
13 Tradução da autora. No original “In a world dominated by emotional appeals, quotations ripped out of
context, incendiary language, and journalistic analyses that aim at extinguishing sobriety rather than
cultivating it, the role of such unnatural historical thinking has never seemed more imperative” (WINEBURG,
2007, p. 11).
2
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA: CONHECENDO OS
SUJEITOS DA PESQUISA E SUAS IDEIAS PRÉVIAS
SOBRE O FASCISMO E A NATUREZA DA DISCIPLINA
DE HISTÓRIA
14 O estudo de campo realizado foi autorizado pela direção das escolas conforme Anexo 1 e 2.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 71
15 Segundo Alves e Soares, obter respostas fidedignas sobre a renda familiar nem sempre é possível. O fato
que os alunos não são os responsáveis principais pela renda familiar aumenta a probabilidade de respostas
inválidas. Mas como apontam os autores, “mesmo entre os responsáveis, há muitos que não respondem a esta
questão, por exemplo, aqueles que têm uma inserção precária no mercado de trabalho, os que têm um
rendimento muito variado, ou mesmo os que preferem não revelar a renda. Além disso, os economistas
alertam para a distinção entre a renda do trabalho e a renda do capital, sendo que os detentores de mais
capital tendem muito mais a omitir a própria renda” (ALVES, 2009, p. 7).
72 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
AS ESCOLAS
Tabela 1
Distribuição de alunos conforme o local de residência
Escola A Escola B
Boqueirão 10 Cascavel 6
Santana 1 Conradinho 2
Palmeirinha* 1
Plante 1
total 44 total 37
16 O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é calculado com base nos resultados do Prova Brasil
(português e matemática) e na taxa de aprovação. Para mais informações consultar:
http://www.qedu.org.br/cidade/2575-guarapuava/ideb.
74 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Tabela 2
Escolas e matrículas no Ensino Fundamental, Médio e EJA
Escola A Escola B
EJA 6 206
Ser joven, por lo tanto, no depende sólo de la edad como característica bio-
lógica, como condición del cuerpo. Tampoco depende solamente del sector
social a que se pertenece, con la consiguiente posibilidad de acceder de ma-
nera diferencial a una moratoria, a una condición de privilegio. Hay que
considerar también el hecho generacional: la circunstancia cultural que
emana de ser socializado con códigos diferentes, de incorporar nuevos mo-
dos de percibir y de apreciar, de ser competente en nuevos hábitos y
destrezas, elementos que distancian a los recién llegados del mundo de las
generaciones más antiguas.
17 O cálculo da Taxa de Distorção Idade-Série é calculada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira – INEP. Este indicador permite calcular o percentual de alunos, em cada série,
com idade superior à idade recomendada (2 anos a mais da idade ideal). Fonte:
<http://dados.gov.br/dataset/taxas-de-distorcao-idade-serie-escolar-na-educacao-basica> Acesso em 12 de
maio de 2016. Cf. BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira. Taxa de Distorção Idade-Série, por Escola – 2014. Disponível em
http://portal.inep.gov.br/indicadoreseducacionais>. Acesso em 12 de maio de 2016.)
78 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Tabela 3
Distribuição dos alunos conforme sexo e idade
14 0 0 3 9 12
15 1 2 3 7 4 11
16 7 8 15 4 5 9
17 6 4 10 4 7 11
18 1 2 3 1 0 1
19 3 0 3 0 0 0
20 2 0 2 0 0 0
21 1 1 0 0 0
total 20 17 37 19 25 44
18 O Programa de Iniciação Científica Junior tem por objetivo desenvolver projetos de educação cientifica com
alunos do Ensino Médio. Para mais informações ver: < http://cnpq.br/ic-jr/faps>.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 79
Tabela 4
Distribuição dos alunos que exercem atividade remunerada
Escola A Escola B
Tabela 5
Distribuição dos alunos conforme núcleo doméstico
Pai 0 0 1 2,28%
Marido/convivente 2 5,56% 0 0
Sozinho 0 0 1 2,27%
Tabela 6
Distribuição dos alunos conforme níveis de escolaridade do pai e da mãe
Escola A Escola B
nível de escolaridade
pai mãe pai mãe
Superior incompleto 3 6
Superior completo 4
Mestrado incompleto
Mestrado completo 1
Doutorado incompleto
Doutorado completo 1
Não respondeu 1 1 3
total 37 37 44 44
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 81
19 Em 2015 o salário mínimo era R$ 788,00 reais. O critério utilizado para a classificação econômica das
famílias obedeceu aos critérios do IBGE 2015, baseado no número de salários mínimos.
82 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Tabela 7
Distribuição dos alunos conforme renda familiar
renda familiar Escola A Escola B
De 8 a 12 salários 1 2,27%
De 12 a 15 salários
Tabela 8
Distribuição dos alunos conforme intenção de prosseguir os estudos
Escola A Escola B
No que diz respeito a relação que os alunos têm com os livros, além
daqueles didáticos, pode-se afirmar que 75% dos participantes declara-
ram ler livros por lazer e não por motivos ligados a escola. Entretanto
quando analisamos as escolas separadamente notamos algumas dife-
renças, por exemplo, a quantidade de alunos que não leem nem mesmo
um livro durante o ano é maior na Escola A (29,73% - Escola B 20,45%).
O número de leitores continua maior na Escola B no que diz respeito ao
quesito quantidade de livros lido em um ano. Segundo a tabela abaixo
43,18% dos alunos da escola B declararam ler mais de três livros em um
ano, enquanto na Escola A a percentual desce para 24,32%.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 83
Tabela 9
Distribuição dos alunos conforme quantidade de livros lidos em um ano
Escola A Escola B
Tabela 10
Distribuição dos alunos conforme atividades recreativas
Internet 27 36
Música 24 31
Esportes 8 16
TV 18 14
Igreja 17 10
Centro Comercial 4 9
Parque 1 1
Livro 1 9
Balada 4 1
Cinema 1 1
Museu 0 0
televisão é menos de três horas por dia. E três alunos declararam não
ver televisão.
Tabela 11
Distribuição dos alunos conforme tempo passado com TV e internet
Escola A
TV internet
Tabela 12
Distribuição dos alunos conforme tempo passado com TV e internet
Escola B
TV internet
assinaladas como as mais vistas 21, o aluno podia escolher mais de uma
opção. Em alguns pontos, nota-se uma certa similitude de hábitos entre
os alunos das escolas participantes, como quando declararam que o pro-
grama mais visto são filmes e seriados (Escola A 43,24% - Escola B
45,45%). Programas musicais também obtiveram percentual parecida
entre as duas escolas com 21,62% de preferência na Escola A e 22,73% na
Escola B. Contabilizou-se um percentual bastante parecida também no
que diz respeito a frequência em assistir os Reality Show cerca de 6,82%
dos alunos da Escola B e 5,41% da Escola A. A maior diferença foi obser-
vada com relação a preferência em assistir novelas (Escola A 32,43 % -
Escola B 4,55%) e jornais (Escola A 8,11% - Escola B 0) pelos alunos da
escola A.
Tabela 13
Distribuição dos alunos conforme programas de TV preferidos
21Esta escolha é devida ao fato que muitos alunos deixaram em branco algumas opções quando se pedia para
responder em uma escala de l a 5, sendo 5 para os programas mais visto e 1 para os programas que eles não
assistiam. É provável que eles tenham deixado em branco os programas que não assistiam, portanto se
escolheu trabalhar apenas com os programas que obtiveram nota 5.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 87
Tabela 14
Distribuição dos alunos conforme sites preferidos
Tabela 15
Distribuição dos alunos conforme ritmos musicais preferidos
poder” (BOURDIEU, 2007, p.296). Desta forma, mais que uma determi-
nante a herança familiar é considerada uma condicionante importante
na vida dos estudantes.
Segundo Bernard Lahire (1997), são vários os fatores responsáveis
pelo sucesso escolar dos jovens. Em sua obra Sucesso escolar nos meios
populares: as razões do improvável, o autor busca analisar de que forma a
configuração familiar tem consequências para o bom êxito ou fracasso
escolar dos filhos. Entre os elementos apontados como condicionantes
o autor cita as condições socioeconômicas das famílias, sua relação com
a cultura escrita e os investimentos pedagógicos realizados. Lahire de-
mostra que não se trata de isolar fatores, mas pensar a dinâmica de cada
configuração familiar específica. O autor assevera:
QUESTÃO NÚMERO 1
QUESTÃO NÚMERO 2
Figura 3 Gráfico sobre distribuição dos alunos da Escola A conforme gosto pela disciplina de história
Figura 4 Gráfico sobre distribuição dos alunos da Escola B conforme gosto pela disciplina de história
100 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
QUESTÃO NÚMERO 3
- É a descoberta dos historiadores que tiveram que obter para entende-la. (Adriana, 3º ano, Escola A)
22 Para preservar a identidade dos alunos participantes os nomes utilizados são fictícios.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 101
- É um meio de saber como tudo começou, a história do país, as crises que ocorreu durante os tempos e etc.
(Matilde, 3º ano, Escola A)
- Para mim é um descobrir praticamente um novo mundo, por mais que esses fato ja tenham ocorrido, eles me
fascinam muito. (Francisco, 2º ano, Escola A)
- É a ciência que estuda os tempos passados, praticamente tudo que já aconteceu, desde a origem das coisas
até os seus desenvolvimentos, história é algo que sempre vai existir, conforme for passando o tempo, mais
história existirá. (Íris, 3º ano, Escola B)
- É uma disciplina que estuda fatos acontecimentos que marcaram determinada época, em algum lugar.
Estuda também a formação das cidades e a política. (Hugo, 3ºano, Escola B)
- Aquilo que se passou e esta sendo desenvolvido novamente. (Jorge, 2º ano, Escola A)
- É passado aproveitar nos ensinar. 23 (Lorena, 2ºano, Escola A)
23 Em um primeiro momento, a narrativa desta aluna foi inserida no nível 1, mas após conversar com a
intérprete de libras da sala ficou claro que a forma como os alunos com deficiência auditiva se expressam de
forma escrita é diferente dos alunos sem déficit auditivo. Segundo Sueli Fernandes, a flexão de tempo e pessoa
dos verbos, a ordem das palavras na oração, a concordância nominal ou verbal, entretanto, não correspondem
às regras da língua portuguesa. (FERNANDES, 2006, p.2). Portanto, esta frase foi inserida no segundo nível de
categorização. Ver também: SILVA, Marília da Piedade Marinho. A construção de sentidos na escrita do aluno
surdo. São Paulo: Plexus Editora, 2001.
104 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
- É o estudo da antiguidade que contém certas histórias com provas reais e algumas que podem ou não ser mito.
(Aline, 1º ano, Escola B)
- É a compreensão dos fatos que marcaram épocas e acontecimentos relevantes que comprovam veridicamente
a existência concreta de como se desenvolveu as formas de vida humana. (Edgar, 3º ano, Escola B)
- História é um conhecimento que estuda as datas mais importantes, períodos, fontes históricas, pré História,
as guerras mais importantes. (Yasmin, 1º ano, Escola B)
- É o estudo de ações passadas, independentemente de ser de grande ou pouca importancia, ou até mesmo de
invenções. (Simão, 3º ano, Escola B)
- É a ciência que estuda os acontecimentos passados; desde como as pessoas viviam, como era a sociedade, a
política, a economia, os direitos, as guerras, cada povo e cada cultura diferente, etc. (Inês, 3º ano, Escola B)
- São fatos que ocorreram ou ocorre na humanidade, ou seja, é tudo onde um ser está incluído. (Clara, 1º ano,
Escola B)
- É a cultura de povos, tanto atuais como antigos. É onde se discute formas de governo, características de vida e
socializações. Pra mim isso é história. (Rute, 1º ano, Escola B)
- É a matéria que estuda os acontecimentos da vida, estuda o que aconteceu no passado e como foi o desenvolvimento
até os dias de hoje. (Alice, 3º ano, Escola A)
- É a ciência que estuda a história da vida da sociedade, do mundo. Coisa que aconteceu há milhares de anos atrás
até os dias de hoje. (Noa, 3º ano, Escola A)
- Entender as transformações do homem de hoje com base nas fontes e referências passadas. (Marta, 1º ano,
Escola B)
- O estudo de fatos acontecidos no passado para descobrir a influencia deles no presente e no futuro. (Ernesto, 1º
ano, Escola B)
QUESTÕES 4,5,6 E 9
24 Ver PAXTON, O. Robert. A anatomia do fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007. PAXTON, O. Robert. The Five
Stages of Fascism. The Journal of Modern History, V. 70, N. 1, 1998. MANN, Michael. Fascistas. Rio de Janeiro:
Record, 2008.
110 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Tabela 16
Distribuição dos alunos conforme resposta à questão 4
Escola A Escola B
25 Sobre a discussão historiográfica acerca do conceito ver: COSTA PINTO, A. The Nature of Fascism Revisited.
Nova Iorque: SSM-Columbia University Press, 2012. GENTILE, Emilio. Il fascismo in tre capitoli. Roma-Bari:
Laterza, 2004. PAXTON, O. Robert. A anatomia do fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007. PAXTON, O. Robert.
The Five Stages of Fascism. The Journal of Modern History, V. 70, N. 1, 1998. MANN, Michael. Fascistas. Rio de
112 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Tabela 17
Distribuição dos alunos conforme resposta à questão 5
Escola A Escola B
Associação 2 4,08%
Janeiro: Record, 2008. PAYNE, Stanley G. Fascismo, Modernismo e Modernização. Penélope: revista de história
e ciências sociais, n.11, p. 85-102, 1993.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 113
Tabela 18
Distribuição dos alunos conforme resposta à questão 6
Escola A Escola B
Tabela 19
Distribuição dos alunos conforme resposta à questão 9
Escola A Escola B
QUESTÃO 7
QUESTÃO 8
Tabela 20
Distribuição dos alunos conforme postura em relação aos meios de comunicação
Escola A
Total %
2º ano 3º ano
crítica 6 6 12 32,43%
acrítica 4 13 17 45,95%
SCC 2 3 5 13,51%
26 Alguns alunos não entenderam a pergunta e acabaram escrevendo sobre qual mídia acreditavam ser mais
ou menos confiável. Foram também consideradas inconclusivas as respostas em que não foi possível entender
o núcleo central da mensagem devido a incoerência da escrita.
118 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
exemplo, vai sempre tender a uma determinada visão política afim de mani-
pular os telespectadores”. Dez alunos (22,73%), no entanto, professaram
acreditar cegamente nas notícias transmitidas pelos meios de comuni-
cação. Para Beatriz, 1ºano, os meios de comunicação são imparciais,
“porque eles são uma forma de nos informar o que está acontecendo ao nosso
redor, nos atualizar nos assuntos atuais de nosso cotidiano”. A resposta de
Sabrina sintetiza a posição tomada por esta parcela de alunos que vêm
nas mídias apenas um aparelho que tem por objetivo informar a popu-
lação sobre os eventos ocorridos de forma simples e neutra. Três alunos
(6,82%) não responderam esta questão e sete respostas (15,91%) foram
consideradas “Sem condições de categorização”.
Tabela 21
Distribuição dos alunos conforme postura em relação aos meios de comunicação
Escola B
Total %
1º ano 3º ano
crítica 9 15 24 54,55%
acrítica 8 2 10 22,73%
SCC 7 0 7 15,91%
QUESTÃO 10
NÍVEL 2- ERUDIÇÃO
- Ele primeiro descobria sobre a História e depois que ele descobria tudo ele acha intereçante e escrevia para o povo
saber mais sobre o que tinha antigamente. (Mariana, 2º ano, Escola A)
- Atraves do conhecimento que foi passado à ele. (Malena, 3º ano, Escola A)
- Atravéz de muitos anos de estudo, para dai ele poder colocar em prática. (Juan, 3º ano, Escola A)
- O historiador escreve a partir do conhecimento, que ele já tem dentro de sua cabeça, aí ele escreve e passa seu
conhecimento para o seu público. (Rúbem 1° Ano, Escola B)
- Pesquisando nos livros, perguntando para outros historiadores. (Catarina, 3º ano, Escola B)
NÍVEL 3 – FACTUAL/DOCUMENTAL
- Pesquisando em fontes seguras, por meios de muitos estudos até chegar a “verdade”. (Frederica, 2º ano,
Escola A)
- Ele escreve os acontecimentos baseados em “provas” encontradas por ele, que comprovam um devido
acontecimento histórico. (Alice, 3ºano, Escola A)
- Por meio de fotos, roupas, objetos, desenhos que é encontrado, e vai dando origem a nossa historia,
pessoas que viveram ou que tem parentes que viveram o corrido também são importantes. (Beatriz, 1º ano,
Escola B)
- Relata os acontecimentos de uma forma imparcial; escreve como acontecia, como eram as pessoas, os
objetivos, os lugares, a cultura etc. (Luna, 3º ano, Escola B)
- A partir do momento em que ele analisa e fala a verdade, transcreve a história com transparência,
espontaneidade e conhecimento podemos dizer que ele realmente está deixando um legado dentro do ramo
histórico, essencial para a vida futura. Fora disso, são meros diplomas sem função diferencial. (Edgar, 3º
ano, Escola B)
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 123
- Através dos fatos que ocorrem e por métodos de pesquisa. (Matilde, 3º ano, Escola A)
- Ele busca ir a fundo sobre um assunto em particular, entender primeiro os acontecimentos que marcaram algum
acontecimento histórico, para então depois, começar alguma tese ou algo do gênero. (Giacomo, 1º ano, Escola B)
- Atraves das fontes históricas, tem a analise de cada historiador, exemplo são as diversas teses para um único
tema. Mais a historia so pode ser escrita com fontes, com documentos, com objetos que provem ela. (Tomás, 1º ano,
Escola B)
Tabela 22
Distribuição dos alunos conforme concepção de história (em %)
Passado/presente/futuro 0 20,45%
Tabela 23
Distribuição dos alunos conforme concepção de escrita da história
níveis de progressão Escola A Escola B
27 Os excertos do jornal utilizados para as atividades em sala de aula foram traduzidos pela autora.
132 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
A IMPRENSA FASCISTA
28 Por fascitizzazione se entende o processo de controle e censura pelo qual os jornais italianos foram
submetidos durante o vinteno fascista. Segundo Forgacs, “se tratava de uma reorganização do staff editorial
e de controle político de todos os artigos; em alguns casos significou também alteração do proprietário do
jornal” (FORGACS, David. L’industrializzazione della Cultura Italiana (1880 - 2000). Bologna: Il Mulino, 2000.
p.108).
30 Tradução da autora. No original “per rendere accettabili all'opinione pubblica le sue battaglie, i suoi disegni
egemonici e le sue guerre, per imprimere al paese uno spirito “nazionale” e “fascista”, in cui ogni cittadino si
sarebbe potuto identificare” (FORNO, 2005, p.7).
31 Tradução da autora. No original “Il regime è vigilante – disse il duce – e nulla gli sfugge. Nessuno creda
che l’ultimo fogliucolo che esce nell’ultima parrocchia non sai, ad um certo punto, conosciuto da Mussolini.
Nonpermetteremo ressurrezioni di partiti e di organizzazioni che abbiamo per sempre distrutti” (MUSSOLINI
apud MURIALDI, 2008, p.69).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 135
32 Tradução da autora. No original “l’ufficio sttampa avrebbe svolto um ruolo primário sai negli interventi di
soppressione di giornali e di fondazione di nuovi, sai nell’elargizione di finanziamenti a singole testate
‘amiche’ (FORNO, 2005, p.31).
136 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
34 Os números disponíveis são os que seguem: 1927 n.001 - n.218; 1928 n.001 - n.310; 1929 n.001 - n.311; 1931
n.001 - n.310; 1932 n.001 - n.312; 1933 n.001 - n.309; 1934 n.155 - n.309; 1935 n.001 - n.311; 1936 n.001 - n.310;
1937 n.001 - n.311; 1938 n.001 - n.311; 1939 n.001 - n.310; 1940 n.001 - n.311; 1941 n.001 - n.61.
138 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
35 Tradução da autora. No original “istruire, educare, orientare, rassicurare, inorgoglire” (FORNO, 2005, p.123).
36 Tradução da autora. No original “la voce dell’Italia rigenerata dal fascismo” (ESPOSITO, 2008, p.5).
37 Tradução da autora. No original “la stampa rappresentarono la specchio fedele del modello ideale di nazione
che i governanti intendevano divulgare” (FORNO, 2005, p.9).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 139
38 Tradução da autora. No original “[...] i tedeschi sono abusivamente nell’Alto Adige italiano. Aggiungo che
se ci fosse stato un governo meno imbelle e meno deficiente, i 180 mila tedeschi dell’Alto Adige sarebbero
ridotti ad una cifra più modesta; e dico anche che noi fascisti faremo il possibile per italianizzare quella
regione. Penso anche che il nuovo Governo e la nuova casta politica di domani, [...] riuscirà a rendere italiano
l’Alto Adige” (MUSSOLINI apud SCARANO, 2012, p.291).
140 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Todos estão de acordo que os primeiros habitantes dos vales do Alto Adige
eram de origem etrusca. [...] por mais que seja um mistério a origem do povo
39 Tradução da autora. No original “Il Duce ha scelto il giorno natale di Roma, questa data di primavera e di
immensa gioia, per l’uscita del nostro giornale. Noi obbedimmo, come tutti, al suo cenno. Consci della
delicatezza nel nostro compito ci allineamo con fede salda nei ranghi della stampa devota al Regime che ha
ridato alla razza italiana la sua quasi dimenticata anima antica. (...) Ma la nostra provincia ha delle
caratteristiche particolari che ci impongono una ben meditata linea di condotta. Entro i confini naturali
storici d’Italia restaurati dalle nostre armi vittoriose vivono, frammischiati ai latini autoctoni, genti d’altra
lingua e di altro costume. Secoli di abbandono nazionale e di sottili perversità politiche e amministrative del
regime austriaco hanno traviato coscienze e, per lungo volgere di generazioni, hanno spento d’intorno ai
focolari la nostra parlata affettuosamente gentile. Ridestarla, rivolgere al sole del mezzogiorno menti ancora
imbambolate verso il settentrione é compito della nostra generazione di ricostruttori” (La Provincia di
Bolzano, Bolzano, p.1A, 21 abr. 1927).
142 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
40 Tradução da autora. No original “E’ pacifico che gli originali abitatori delle valli alto-atesine erano un
popolo di ceppo ‘etrusco’ [...] Per quanto possa essere ancora oscuro il mistero delle origini del popolo etrusco,
è incontrovertibile che il suo focolaio di irradiazione fu il Mediterraneo, e la sua culla, almeno nel periodo
storico, la Toscana. Al periodo etrusco successe immediatamente il ‘periodo romano’, che consacrò per la
seconda volta la italianità di quelle popolazioni. Solo col 476 dopo Cristo, alla caduta dell’Impero, si iniziò la
invasione barbarica, alla quale non soltanto l’Alto Adige, ma bensì tutta l’Italia soggiacque” (L’italianità
dell’Alto Adige. La província di Bolzano, Bolzano, p.1F, 22 mai. 1927).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 143
Para os alemães e italianos, a sua língua nacional não era meramente uma
conveniência administrativa ou um meio para unificar a comunicação am-
pliada do Estado. (...) Era, na verdade, a única coisa que os fazia alemães e
italianos e consequentemente tinha um peso maior para a identidade naci-
onal do que, digamos, o inglês tinha para quem o lia ou escrevia.
41Tradução da autora. No orginal “più schietta e più pratica l’amore grande della Patria verso i figli dopo
tanto tempo ritornati, (...) al seno della Madre” (La ‘Voce del Sella’ si fonde con ‘La Provincia di Bolzano’. La
Provincia di Bolzano, Bolzano, p.3A, 21 abr. 1927).
144 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
42 Tradução da autora. No original “restaurare gli ideali di purismo linguistico e rinnovare la purezza
nazionale della lingua, (...)fu uno degli obiettivi principali della politica linguistica del fascismo” (JANEČKOVÁ
, 2015, p.16). Marika. Lingua e potere ..., op. cit., p.16.
43 Tradução da autora. No original “gli italiani si devono dimostrare tali veramente, boicotando tutte le Ditte
commerciali e industriali che mantengono le loro carte intestate in tedesco” (La Provincia di Bolzano, p.2CD,
7 set. 1927).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 145
44 Tradução da autora. No original “gli italiani si devono dimostrare tali veramente, boicottando tutte le Ditte
che fanno la loro pubblicità sui giornali Dolomiten e Volksbote” (La Provincia di Bolzano, Bolzano, p.2CD, 4
set. 1927).
146 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
imprudência. Temos aqui uma circular da Liga para Tutela da Pesca (em
alemão) que foi enviada para todos os prefeitos. Evidentemente esses se-
nhores acreditam ser mais prático mandar as circulares em alemão,
enquanto nós podemos demonstrar que são uns tolos, visto que os prefeitos
receberam ordens para que todas as circulares em alemão fossem jogadas
no lixo, sem serem lidas. Se a Liga pela Tutela da Pesca quer tutelar alguma
coisa, deve mandar as circulares em italiano. Não acreditamos ser possível
ter que dar este conselho no dia 12 de agosto 1927, depois de dez anos de
vida italiana desta província, e no ano quinto do regime fascista 45 (La Pro-
vincia di Bolzano, Bolzano, p.2A, 12 ago. 1927).
45 Tradução da autora. No original “Che esista della gente poco intelligente, tutti lo possono constatare; ma a
Bolzano, oltre ad esservi la solita gente poco intelligente, esiste una categoria di sfacciati, la quale
evidentemente non sa rendersi conto che l’essere sfacciati, in un regime fascista, potrebbe costituire una
imprudenza. Abbiamo tra le mani una circolare della Lega per la tutela della pesca, che è stata mandata a
tutti i Podestà. (...) Evidentemente questi signori credono di essere pratici mandando le loro circolari in
tedesco, mentre noi potremmo dimostrare che sono semplicemente sciocchi, in quanto i Podestà hanno già
istruzioni che tutte le circolari in tedesco devono essere gettate nel cestino, senza esser lette. Se la Lega per
la tutela della pesca vuol tutelar qualche cosa, deve mandare le sue circolri in italiano. Non credevamo di
dover dare questo consiglio il giorno 12 agosto 1927, dopo dieci anni di vita italiana di questa provincia, e
nell’anno quinto del regime fascista” (La Provincia di Bolzano, Bolzano, p.2A, 12 ago. 1927).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 147
46 Tradução da autora. No original “il desiderio di appartenere a un luogo, a una politica, a una memoria, a
una storia e, di conseguenza, a una rappresentazione” (IBRAHIM apud CHIARINI, 2006, p.33).
148 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
47 Tradução da autora. No original “teaching practices, textbooks and assessment tasks misusing empathy
and transforming it from a way to understand people in the past to a game of imagination, a tool for merely
summarizing information which describes a period or event, promoting social goals through the
manipulation of students’ feelings” (PERIKLEOUS, 2011, p.221).
152 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
48 Tradução da autora. No original “for affective engagement with predecessors, for sympathy and
identification with striving and suffering” (LEE, SHEMILT, 2011, p.40).
49 Tradução da autora. No original “no historian or student of history has the ability to embrace the persona
of another from a different place in time” (FOSTER, 1999, p. 19).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 153
(FOSTER, 1999, p.19). Para Foster, o estudo da história deve estar pau-
tado em bases objetivas e não afetivas.
50 Tradução da autora. No original “such an ability cannot be taught even if we accept its existence.
Furthermore identifying with people in the past is in many cases undesirable, since many teachers do not
want their students to identify with certain people” (PERIKLEOUS, 2011, p.223).
51 Tradução da autora. No original “It would be unreasonable to try to share the feelings of people in the past,
since we do not share their beliefs. We also cannot share their hopes or fears, since we already know if they
came true or not” (LEE; ASHBY, 2001, p.23).
52 Tradução da autora. No original “a process of disciplined reasoning based upon available historical
evidence. Unexamined emotional involvement with historical characters potentially endangers these
important considerations” (FOSTER, 1999, p.19).
154 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Foster também assevera que empatia não deve ser confundida com
imaginação. O autor declara que:
53 Tradução da autora. No original “Textbook assignments commonly require students to imagine they were
present in a bygone age (e.g., imagine you were on the Mayflower; imagine you are an Apache Indian). That
view of historical empathy, however, leads to an irresponsible and erroneous understanding of our past. True
history depends on cautious inquiry and close examination of available evidence” (FOSTER, 1999, p.19).
54 Tradução da autora. No original “while inference and speculation are parts of historical empathy as a way
to bridge the gaps in what is known, they are both based on our knowledge of historical context, evidence
and the outcomes of the situation we study” (PERIKLEOUS, 2011, p.223).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 155
supone una manera específica de relación con el pasado en donde los suje-
tos del presente, sin verse comprometidos con metas y creencias que les son
ajenas, son perfectamente capaces de desprenderse de las suyas para su-
mergirse en un universo que en principio se les aparece como extraño (LEE,
2004, p.87).
55 Tradução da autora. No original “understanding individual action and wider social practices in history are
linked by need to follow reasons, which involves understanding relationships among sets of beliefs, values,
and goals” (LEE; DICKINSON; ASHYB, 1997, p.233-244).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 159
56 Tradução da autora. No original “protects us, and our students, from viewing the different world of the
past as culturally homogenous with our present world and from explaining the 'strange' behaviour of its
people as the result of their inferiority or irrationality” (PERIKLEOUS, 2014, p.26).
57 Tradução da autora. No original “must not be judged by the values, mores, beliefs, and knowledge of today”
(FOSTER, 1999, p.19).
58 Tradução da autoa. No original “an appreciation of historical context and chronology in the evaluation of
past events. To empathize, students must be aware of the key events, personalities, and culture of the period
under scrutiny” (FOSTER, 1999, p.19).
160 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
59 Tradução da autora. No original “based on the available historical evidence and the methods and the logic
of the discipline of history” (PERIKLEOUS, 2014, p.27).
60 Tradução da autora. No original “students must be involved in the examination and interpretation of
historical evidence to establish a more considered understanding of past actions” (FOSTER, 1999, p.19).
61 Tradução da autora. No original “students must be aware of the consequences of actions and be able to
reflect thoughtfully on how the actions taken by any historical character affected future events” (FOSTER,
1999, p.19).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 161
A empatia não é uma maneira misteriosa de entrar nas cabeças das pessoas
do passado.
É onde chegamos quando, com base em evidências, reconstruímos as cren-
ças e os valores das pessoas de forma a tornar inteligíveis as ações e práticas
sociais. (É uma 'realização' não um 'processo').
A empatia não é compartilhar os sentimentos das pessoas.
Mas podemos saber que sentimentos as pessoas tinham e o que eles signi-
ficavam.
A empatia não é uma "habilidade" que possa ser praticada.
É uma maneira de explicar as formas de vida passadas que eram diferentes
das nossas, é uma disposição para reconhecer a possibilidade e a importân-
cia de torná-las inteligíveis 62 (LEE; SHEMILT, 2011, p.48).
62 Tradução da autora. No original “Empathy is not a mysterious way of getting into past people's heads. It is
where we get when, on the basis of evidence, we reconstruct people's beliefs and values in ways that make
actions and social practices intelligible. (It is na 'achievement' not a 'process'.) Empathy is not sharing people's
feelings. But we can know what feelings people had and what they meant. Empathy is not a 'skill' that can be
practised. It is a way of explaining past forms of life that were different from ours, and a disposition to
recognise the possibility and importance of making them intelligible” (LEE; SHEMILT, 2011, p.48).
162 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
63 Tradução da autora. No original “lacked the contextual knowledge, historical evidence and life experience
needed to make sense of people in the past” (PERIKLEOUS, 2011, p.222).
64 Tradução da autora. No original “develop more powerful ideas, and in this sense the aspiration of
developing their understanding, even in the case of difficult concepts such as historical empathy, is a
legitimate aim” (PERIKLEOUS, 2011, p.222).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 163
[...] de usar a maneira mais fácil de pensar e no caso da história, o mais fácil
é ver o passado como uma outra versão do presente. Esse fenômeno não é
65 Tradução da autora. No original “culturally homogenous with the present, but inhabited by people who
were less smart/ rational or less moral than people today” (PERIKLEOUS, 2011, p.225).
66 Tradução da autora. No original “this act is not simply a bad habit that some fall into, but a “psychological
condition at rest, a way of thinking that comes quite naturally” (BROOKS, 2008, p.130-131).
164 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
67 Tradução da autora. No original “[…] to use the easiest way of thinking and in the case of history, the easiest
one is to see the past as another version of the present. This phenomenon is not restricted in the case of
history, since it is likely that students’ difficulties in taking into consideration the different ideas and beliefs
of other people also apply when they have to deal with the actions, practices and institutions in contemporary
cultures with which they are not familiar” (PERIKLEOUS, 2011, p.226).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 165
observaram uma progressão nas ideias dos alunos que iam desde a ex-
plicação pautada por questões meramente pessoais à necessidade de
explicar a ação com base nos objetivos esperados e de acordo com o con-
texto em questão.
Lukas Perikleous (2011) analisou as ideias de empatia histórica de
alunos cipriotas entre 9 -12 anos de idade. O foco principal do estudo
era analisar como estes alunos entendiam algumas práticas sociais e
institucionais do passado. Os alunos responderam a duas questões que
versavam sobre o tratamento que as crianças cipriotas recebiam na Es-
parta Antiga e no início do século XX. Como já relatado em outros
estudos, Perikleous observou que o presentismo dominava as ideias his-
tóricas destes alunos. Assim como a tendência dos alunos interpretarem
o passado em termos deficitários, como se as pessoas do passado fossem
menos inteligentes e não agissem com base em escopos racionais. Como
já mencionado no estudo conduzido por Lee, Dickinson e Ashby, Peri-
kleous também ressaltou o potencial dos alunos mais jovens capazes em
desenvolver conceitos de segunda ordem como o de empatia histórica.
Martyn Davison (2012) em sua tese de doutorado buscou desenvol-
ver e analisar a progressão da concepção de empatia histórica de alunos
neozelandeses entre 14 e 16 anos de idade. O autor abordou com os alu-
nos a participação dos australianos e dos neozelandeses na Primeira
Guerra Mundial focando-se principalmente na campanha de Gallipoli de
1915. As questões se concentraram principalmente em torno de duas
questões: o que motivou estes jovens a viajarem tão longe para combater
na Guerra e o que eles provaram lutando na península de Gallipoli em
1915.
166 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
68 Tradução da autora. No original “provides the key to moving students beyond emotive empathy to a rich
understanding of historical agents and the contexts in which they lived, while also recognizing the vast
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 167
distance between them as historical investigators and the historical agents and events they are investigating”
(BRYANT; CLARK, 2006, p.1060).
69 Tradução da autora. No original “ability to listen actively, recognise different points of view, negotiate,
and share ideas” (DAVISON, 2012, p.12).
70 Tradução da autora. No original “democratic deliberation depends on the ability to recognize that other
people's values, attitudes, beliefs, and intentions may be different from one's own and that these perspectives
have potential merit” (BROOKS, 2008, p.130).
168 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
respeitosa e não como uma anomalia que precisa ser suprimida. A em-
patia histórica além de permitir o reconhecimento de perspectivas
diferentes possibilita a contextualização histórica das próprias pers-
pectivas, o que favorece o entendimento do diverso e a comunicação
com o outro.
Por mais complexo que seja o conceito de empatia histórica seu de-
senvolvimento deve ser buscado em sala de aula. Porque “capacita os
alunos a compreenderem a vida dos outros, do passado e do presente,
afetivamente ajustando-se a traços humanos compartilhados e compre-
endendo cognitivamente por que outra pessoa possui um conjunto
diferente de crenças” 71 (DAVISON, 2012, p.14). Pois, como visto, a capa-
cidade de compreender as ações humanas no passado é fundamental
tanto para a consecução da aprendizagem histórica quanto para a for-
mação de sujeitos aptos para o convívio democrático.
ESTUDO PILOTO
71 Tradução da autora. No original “enables students to understand the lives of others, past and present, by
affectively tuning in to shared human traits and by cognitively comprehending why another person holds a
different set of beliefs” (DAVISON, 2012, p.14).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 169
1) Por que para Mussolini era tão importante italianizar a cidade de Bolzano e toda e a região do Alto Adige?
2) Por que os dirigentes da Liga para tutela da pesca (Fonte 7) escreviam os documentos em alemão mesmo
sabendo que era proibido pelo governo?
3) Assinale semelhanças ou diferenças nas atitudes dos comerciantes e dos alunos apresentadas pelas fontes
3, 8 e 9 e explique o porquê desses comportamentos.
4) Na fonte 13 o jornalista italiano, da Provincia di Bolzano, acusa o jornalista austríaco, o senhor Mumelter, de
ter inventado algumas notícias. Quando um historiador encontra fontes que contam histórias diferentes sobre
o mesmo assunto o que ele pode fazer para se aproximar da verdade?
170 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Na primeira questão, Por que para Mussolini era tão importante ita-
lianizar a cidade de Bolzano e toda e a região do Alto Adige?, os alunos
deveriam justificar de forma plausível a ação individual de Mussolini
tendo como base o contexto em questão e as motivações ideológicas do
regime e do próprio ditador. Como dito, a empatia histórica não requer
identificação com o personagem histórico em questão. Como explicita
Davison, a empatia “às vezes exige temporariamente levar a sério pon-
tos de vista que podem parecer estranhamente diferentes dos nossos.
Isso não significa ter que concordar ou se identificar com essas opini-
ões” 72 (DAVISON, 2012, p.12).
Nas questões número dois e três os alunos deveriam fornecer ex-
plicações para o comportamento da população de Bolzano durante o
regime fascista. Para responder de forma válida estas questões os alu-
nos deveriam conseguir justificar comportamentos distintos da
população frente ao regime. Por um lado, existiam os membros da liga
para tutela da pesca e comerciantes que ainda adotam a língua alemã
em suas comunicações e publicidade, por outro lado, tem-se alunos que
recebem encômios do jornal por se sobressaírem no aprendizado da lín-
gua italiana.
A questão número quatro, Quando um historiador encontra fontes
que contam histórias diferentes sobre o mesmo assunto o que ele pode
fazer para se aproximar da verdade?, pode ser analisada a partir de
72 Tradução da autora. No original “sometimes requires temporarily taking seriously views that might seem
strangely different to our own. This doesn’t mean having to agree or identify with these views” (DAVISON,
2012, p.12).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 171
A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo
da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza
e da alegria.
Paulo Freire
ESTUDO PRINCIPAL
com uma explicação sobre os objetivos das tarefas propostas. Neste mo-
mento foi explicado, por exemplo, que os textos informativos e as fontes
deveriam auxiliá-los na tarefa, no entanto não continham as respostas
das questões. Sendo assim, foi esclarecido aos alunos que não deveriam
copiar frases destes documentos. A partir da temática fascismo e por
meio do jornal La Provincia di Bolzano os alunos foram desafiados a pro-
porem explicações acerca de algumas ações humanas do passado, com o
intuito de analisar em seguida suas concepções de empatia histórica.
O questionário utilizado nesta fase se manteve semelhante ao
questionário proposto no estudo piloto. Entretanto, uma questão que
causou incompreensões foi substituída por uma que averiguava o posi-
cionamento dos alunos frente as mídias. Esta questão já havia sido feita
no questionário das ideias prévias. Todavia, após uma reformulação, foi
reproposta nesta fase. O intuito aqui foi estabelecer se o contato com o
jornal La Provincia di Bolzano causaria alguma alteração em comparação
às respostas obtidas na fase anterior.
As questões que os alunos responderam no Estudo Principal foram:
1) Por que para Mussolini era tão importante italianizar a cidade de Bolzano e toda a região do Alto Adige?
2) Por que os dirigentes da Liga para tutela da pesca (Fonte 7) escreviam os documentos em alemão sabendo
que isso era proibido pelo governo?
3) Quando um historiador encontra fontes que contam histórias diferentes (Fonte 13) sobre o mesmo
assunto o que ele pode fazer para se aproximar da verdade?
4) Os meios de comunicação (televisão e jornais) atuais são confiáveis, pois contam as notícias da forma
como elas ocorreram. Você concorda com esta afirmação?
ANÁLISE E CATEGORIZAÇÃO
73 A elaboração das categorias desta pesquisa foi influenciada por outros estudos da área, como: LEE, Peter;
DICKINSON, Alaric; ASHBY, Rosalyn. “Just another emperor”: Understanding action in the past. International
Journal of Educational Research, v.3, n.27, pp. 233-244, 1997. LEE, Peter. Nós fabricamos carros e eles tinham
que andar a pé”: compreensão das pessoas do passado. In. BARCA, Isabel. Educação histórica e museus. Actas
das Segundas Jornadas Internacionais de Educação Histórica. Braga: Lusografe, 2003. BARCA, Isabel; GAGO,
Marília. Aprender a pensar em História: um estudo com alunos do 6º ano de escolaridade. Revista Portuguesa
de Educação, v.1, n. 14, pp. 239-261, 2001. DAVISON, Martyn. “It is Really Hard Being in Their Shoes”:
Developing Historical Empathy in Secondary School Students. 2012. 246 f. Tese (Doutorado em Educação) –
Faculdade de Educação, The University of Auckland, Auckland, 2012. PERIKLEOUS, Lukas. Why Did They Treat
Their Children Like This?: A Case Study of 9-12 year-old Greek Cypriot Students’ Ideas of Historical Empathy,
in: PERIKLEOUS, L and SHEMILT, D (Org.). The future of the past: Why does history education matters,
Nicosia: AHDR, 2011.
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 175
QUESTÃO 1
- Porque ele achava que poderia ter a fronteira de um país dentro do outro e [mando?] abaixar sua bandeira
(Isadora, 1º Ano, Escola B)
- Por poder, as pessoas tiveram que trocar suas identidades, crianças teriam que ir pro colégio (Yara, 3º Ano, Escola
B).
- O fascismo foi uma ditadura sob liderança de Mussolini com o fim da I guerra a italia estava em crise como
solução ele italianizou Bolzano e a regiao do Alto Adige (Frederica, 2º Ano, Escola A).
- Os nomes das pessoas tiveram que mudar, ser italianizados, bem como o nome dos estabelecimentos comerciais,
jornais, ruas e praças da cidades (Joyce, 3º Ano, Escola A).
NÍVEL 2 – PESSOAL
- Porque era uma região estratégica para Mussolini (Fábio, 3° Ano, Escola B).
- Porque ele acreditava que seria melhor para a região (Nicole, 1° Ano, Escola B).
- Porque ele queria que as pessoas assumissem a identidade italiana, e com isso houve várias mudanças e o italiano
passou a ser usado como a língua oficial (Matilde, 3° Ano, Escola A).
- Porque ele era italiano e queria que todos fossem igual a ele que os italiano eram melhor que os outros (Marlon,
2º Ano, Escola A).
178 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
NÍVEL 3 – DITADOR
- Para que o seu regime mostrasse como a Itália era uma potência, a grandeza nacional. Assim aumentando a
Itália (Roberto, 1° Ano, Escola B).
- Eles tiveram que mudar porque o fascismo é como o nazismo na Itália e o Mussolini é um Hitler italiano, ele quer
levantar e expandir o território italiano (Filipe, 1° Ano, Escola B).
- Para mostrar poder, já que o território foi conquistado pela Italia quando a Austria perdeu na Primeira Guerra
Mundial (Luna, 3° Ano, Escola B).
- Para poder ter um poder maior sobre os países mais próximos (Juan, 3° Ano, Escola A).
74 Tradução da autora. No original “in terms of conventional stereotypes of roles, institutions etc” (LEE,
DICKINSON; ASHYB, 1997, p.242).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 179
- Já que essa região foi anexada à Itália, ela teria que ter a mesma cultura, economia e política do restante do país.
O ‘orgulho fascista’ não deixaria que outros povos (agora anexados a Itália) não seguissem a ideologia (Heitor, 3°
Ano, Escola B).
- Pois um dos ideais do movimento (regime) era reerguer a nação e defender o direito de todos. Com a apropriação
do território austríaco (húngaro). Mussolini reafirmava a unidade do povo, garantia mais habitantes para a nação
e colocaria em prática a anulação dos direitos individuais de milhares de pessoas em prol do bem da Nação. Isto
também serviria de recado aos outros países, garantindo a conquista de territórios e patriotas (Edgar, 3° Ano,
Escola B).
- Porque na parte governamental toda a região pertencia a Itália e com a rigidez do governo fanático pelo
patriotismo que evitou qualquer coisa que tivesse parte germânica tirando da região e impondo o seu italianismo
(Afonso, 3° Ano, Escola A).
- Porque estas regiões foram anexadas ao território italiano após a assinatura do Tratado de Saint-Germain. E por
causa do seu alto nacionalismo (Clara, 1° Ano, Escola B).
180 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
QUESTÃO 2
- Para mudar a língua do país, mas assim ele nem liam a tutela (Isadora, 1° Ano, Escola B).
- Pois eles eram sem vergonhas, e que pelos ordens recebidas, teriam que jogar os documentos fora (Liam, 3° Ano,
Escola B).
- Os alemães eram poucos inteligente. Eles tinham uma categoria sem vergonha. (Mariana, 2° Ano, Escola A).
-Esse dirigentes escreviam em alemão porque acreditavam que ser mais prático mandar as cartas para as pessoas.
E proibido mandar as circulações em alemão, só é permitido mandar em italiano. (Elisa, 3° Ano, Escola A).
- Porque esses senhores acreditavam ser mais prático mandar as circulares em alemão enquanto nós podemos
demonstrar que são uns tolos. Os prefeitos recebiam ordens para que todas as circulares em alemão fossem jogadas
no lixo sem serem lidas (Samara, 3° Ano, Escola A).
NÍVEL 2 – PRESENTISMO
75 Tradução da autora. No original “project their own feelings into the historical actors and try to imagine
what it would be like to be in the situation” (BRYANT; CLARK, 2006, p.1041).
182 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
- Porque nem todos tinham a capacidade de aprender tão rápido outra língua (Filippa, 1° Ano, Escola B).
- Pela praticidade em escrever em alemão, por costume (Diego, 3° Ano, Escola B).
- Para que não fossem lidos e assim ele fazia o que bem queria (Jorge, 2° Ano, Escola A).
- Porque como os criadores [de peixes] eram alemães, eles acreditavam que teria uma certa facilidade em mandar as
cartas em alemão (Sílvio, 1° Ano, Escola B).
proibido, porque mudar sua língua sua cultura era revoltante ou para mos-
trar que o alemão não iria ser extinto no local.
Neste nível de progressão os alunos demonstraram entender a si-
tuação de proibição da língua alemã que não foi mencionado nas
narrativas do nível anterior. No entanto, a concepção de empatia histó-
rica foi considerada restrita, porque não foram capazes de tecer um
quadro maior do contexto da situação e também por fornecerem um
número restrito de razões para explicar o comportamento dos agentes
históricos.
- Pois eles defendiam a opinião contraria e ter que mudar sua língua sua cultura era revoltante, eles teriam que
aprender uma nova língua sozinhos p/ eles era mais fácil usar sua própria língua até como forma de revolta
(Eugênio, 1° Ano, Escola B).
- Para que o povo pudesse entender claramente, e em certo ponto mostrar que o alemão não iria ser extinto no local
(Eva, 3° Ano, Escola B).
- Porque acreditavam que seria mais fácil mandar em alemão. Mesmo sendo proibido pelo governo mandavam em
alemão como se fosse uma crítica ao governo. (Chiara, 3° Ano, Escola A).
- Porque eles queriam mostrar que o alemão ainda estar fluente e assim mandavam os documentos em alemão
mesmo sendo proibido. (Martim, 2° Ano, Escola A).
- Pois com isso demonstravam uma certa resistência com o regime fascista e demonstravam que ainda existem
germânicos dentro do território e estão aptos a iniciar um movimento contra este regime, isto que é estritamente
proibido dentro da nação (Edgar, 3° Ano, Escola B).
- Por vários motivos entre eles estão: para criticar o fascismo fazendo criticas em alemão para que as pessoas que
estivessem sendo ‘italianizadas’ acabassem notando o que estava acontecendo. Outro motivo era porque o idioma
falado por ele era alemão e ele não queria ser italianizado (Roberto, 1° Ano, Escola B).
QUESTÃO 3
NÍVEL 1 – TAUTOLÓGICO
NÍVEL 2 – TESTEMUNHAS
Disse até aqui o que vi e o que consegui saber por mim mesmo em minhas
pesquisas. Falarei agora do país, baseado no que me disseram os Egípcios,
188 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
[...] com o maior rigor possível, seja no caso de eventos dos quais participei,
seja naqueles a respeito dos quais obtive informações de terceiros. O empe-
nho em apurar os fatos se constituiu numa tarefa laboriosa, pois as
testemunhas oculares de vários eventos nem sempre faziam os mesmos re-
latos a respeito das mesmas coisas, mas variavam de acordo com suas
simpatias por um lado ou pelo outro, ou de acordo com sua memória
(TUCÍDIDES, 2001, p.14).
- Procurar se conectar com pessoas que foram próximas do assunto (Sílvio, 1° Ano, Escola B).
- Usar pessoas, ou seja, fala com pessoas ou familiares que viveram esse fato (Beatriz, 1° Ano, Escola B).
- Procurar pistas, pessoas, relatos que ajudem a saber a verdade (Gaia, 1° Ano, Escola B).
- É necessário confirmar o fato através de relatos humanos, e ter na sua mente a AMPLA CAPACIDADE de
relacionar os diferentes extremos do fato e ir em busca de opiniões e fontes que cooperem com o ocorrido, para
assim, analisar de forma neutra e imparcial aquilo que realmente e veridicamente deve ser divulgado (Edgar, 3°
Ano, Escola B).
- Ir atrás de pessoas mais velhas que possa ter visto o acontecido ou através de jornal (Filippa, 1° Ano, Escola B).
190 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
- Encontrar novas fontes e ir complementando essas. Uma terceira fonte de autoria neutra (Matias. 3° Ano,
Escola B).
- Deve analisar os fatos, buscar mais fontes para ver outras visões e analisar para ver se isso é verdade (Murilo, 3°
Ano, Escola A).
- Fazendo pesquisas mais afundo, procurando outras fontes do mesmo ocorrido (Davide, 1° Ano, Escola B).
- Pode buscar os fatos na raiz do problema, tentar entender e buscar varias fontes p/ poder defender a qual ele
julga certa (Eugênio, 1° Ano, Escola B).
consistia em juntar os fatos que coincidem. Para Jorge, a solução seria usar
apenas algo que as duas histórias retratem.
Collingwood, ao criticar o modo de fazer história que ele definiu de
“cola e tesoura”, mencionou a forma como as informações eram utiliza-
das:
- Juntar os fatos que coincidem, e colocar as diferenças (Erika, 1° Ano, Escola B).
- Usar apenas algo que as duas histórias retratem (Jorge, 2° Ano, Escola A).
- Ele pode tentar juntar os fatos parecidos para que a história possa se aproximar da verdade (Chiara, 3° Ano,
Escola A).
- Ler as duas, e chegar em uma conclusão, vendo as diferenças, e achando um ponto certo (Benjamin, 3° Ano,
Escola B).
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 193
Nenhum documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava
- o que ele pensava que havia acontecido, o que devia acontecer ou o que
aconteceria, ou talvez apenas o que ele queria que os outros pensassem que
ele pensava, ou mesmo apenas o que ele próprio pensava pensar. Nada disso
significa alguma coisa, até que o historiador trabalhe sobre esse material e
decifre-o. Os fatos, mesmo se encontrados em documentos, ou não, ainda
têm de ser processados pelo historiador antes que se possa fazer qualquer
uso deles (CARR, 1982, p.43-44).
- Ver o contexto histórico em que a fonte foi escrita (Marta, 1° Ano, Escola B).
- Buscar as características da sociedade na época. O histórico dos participantes, se possível e procurar vestígios
de verdade em cada ponto (Rute, 1° Ano, Escola B).
- Ver o contexto, quais povos estão contando a história basicamente se imaginar na época (Roberto, 1° Ano,
Escola B).
- Pesquisar pelo contexto histórico e os interesses dos dois lados (Diego, 3° Ano, Escola B).
QUESTÃO 4
NÍVEL 1 – ACRÍTICO
A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe
passa por perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe
ocultam e tramam, colhe o que sonegam ou roubam, percebe onde lhe alve-
jam ou nodoam, mede o que lhe cerceiam ou destroem, vela pelo que lhe
interessa, e se acautela do que a ameaça (BARBOSA, 1990, p.20).
- Sim. Pois não contam só a noticia, e sim apresentam fontes e relatos (Gaia, 1° Ano, Escola B).
- Sim. Pois eles trazem as noticias para nós de uma forma tão rápida. Tipo uma coisa que aconteceu do outro
198 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
lado do mundo nós já ficamos sabendo algumas horas depois. (Yan, 1° Ano, Escola B).
- Sim pois hoje todo mundo está por dentro dos assuntos, e se torna mais fácil ficar por dentro dos assuntos por
causa das tecnologias (Hugo, 3° Ano, Escola B).
- Sim. Tudo o que acontece em nossa cidade eles que trabalham na TV ou no jornal falam a verdade. Tipo se
acontece de alguém morrer ou assassinarem ela e claro que vão dizer a verdade; pode passar na TV ou na Rede
sul (Mariana, 2° Ano, Escola A).
NÍVEL 2 – CRÍTICA
- Não. Na mídia sempre há uma intenção por trás das notícias, muitas vezes é uma manipulação da forma
de pensar dos espectadores. Se grandes mídias geralmente são patrocinadas por partidos políticos, então
as notícias serão tendenciosas (Marta, 1°Ano, Escola B).
- Sim. Eles contam as informações em tempo real, mas varia bastante, pois cada diretor de emissões,
possuem pontos de vista diferente (Nicole, 1° Ano, Escola B).
- Outro. Apesar de varias vezes falarem a verdade certas noticias podem ser omitidas ou alteradas a mando
de governos ou empresas (Luiz, 1° Ano, Escola B).
- Não. A mídia procura alienar as pessoas conforme sua opinião própria. De forma que apresente
informações incompletas com esse objetivo (Diego, 3° Ano, Escola B).
- Não. Muitas vezes são comprados para manipular uma população inteira, repassando falsas notícias,
enganando todas as pessoas que tem acesso a essa fontes de noticia. Nos dias de hoje muitas vezes o
dinheiro fala mais alto tudo e todos são movidos por ele (Ivan, 3° Ano, Escola A).
- Não. Nem tudo que vimos ou ouvimos é verdade nem sempre as fontes são confiáveis (Frederica, 2° Ano,
Escola A).
Tabela 24
Distribuição dos alunos conforme concepção de empatia histórica
Figura 10 Gráfico sobre distribuição dos alunos conforme a concepção de empatia histórica
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 203
76 Tradução da autora. No original “that predecessors with the same capacities for thought and feeling as
people today might have thought and felt in different way” (LEE; SHEMILT, 2011, p.45).
204 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
Tabela 25
Distribuição dos alunos conforme concepção de empatia histórica
Figura 11 Gráfico sobre distribuição dos alunos conforme concepção de Empatia Histórica
Tabela 26
Distribuição dos alunos conforme concepção de escrita da história
Tabela 27
Distribuição dos alunos conforme posicionamento diante dos meios de comunicação
ESCOLA A
Acritica Critica Não Respondeu - SC
80,00%
70,00% 69,23%
60,00%
50,00%
45,95%
40,00%
30,00% 32,43%
ESCOLA B
Acritica Critica Não Respondeu - SC
90,00% 81,40%
80,00%
70,00%
54,54%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00% 22,73%
18,60%
20,00%
10,00% 0,00%
0,00%
Escola B
Singly e Lahire, que a herança cultural familiar não segue uma trajetória
automática e que diversos fatores incidem nas formas de transmissão.
Como propôs Lahire, mais do que isolar fatores condicionantes com re-
lação ao êxito escolar é preciso pensar a dinâmica de cada configuração
familiar e as formas como elas mobilizam fatores como as condições so-
cioeconômicas, sua relação com a cultura escrita e os investimentos
pedagógicos realizados.
Sem desconsiderar a relevância dos aspectos socioeconômicos e
das dinâmicas familiares, Bernard Charlot (1996) ressaltou a importân-
cia da relação que os alunos tem com os saberes veiculados pela escola.
Desta forma, o foco da sua análise se concentrou na relação dos alunos
com os saberes transmitidos pela instituição escolar. Como declarou o
autor,
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JORNAL
La ‘Voce del Sella’ si fonde con ‘La Provincia di Bolzano’. La Provincia di Bolzano,
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Ana Paula Rodrigues Carvalho • 237
Escola:
Série: Turma:
1) Nome:
2) Idade:_____________ 3) Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
4) Naturalidade (cidade em que nasceu):
Guarapuava ( ) outro Estado ( ) outra cidade ( ) outro país ( )
Qual?
_____________________________________________________
5) Estado civil: Solteiro (a) ( ) Casado (a) ( ) Separado (a) ( ) Divorciado (a) ( )
Viúvo (a) ( ) Mora junto ( )
6) Ocupação: Nunca trabalhou ( ) Trabalha atualmente ( ) Desempregado ( )
Que trabalho exerce?
___________________________________________
7) Quantas horas você dedica ao trabalho?
( ) até 2 horas ( ) de 2 a 4 horas ( ) de 4 a 6 horas ( ) de 6 a 8 horas ( ) Não trabalho
8) Escolaridade: ( ) sempre estudou em escola pública ( ) estudou em escolas públicas
e privadas
9) Após concluir o Ensino Médio você pretender continuar os estudos?
( ) sim ( ) não
( ) curso técnico. Qual?
__________________________________________________
( ) curso universitário. Qual?
__________________________________________________
244 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
( ) Música ( ) Culinária
( ) Notícias sobre artistas ( ) Reality show
( ) Outros. Quais?
_____________________________________________________
__
23) Quanto tempo passa na internet?
( ) Não uso ( ) Menos de 1 hora ( ) De 1 a 3 horas
( ) de 3 a 5 horas ( ) mais de 5 horas
24) Utilização da Internet. Indique um número de 1 a 5 ( sendo 5 para os sites que você
mais frequenta).
( ) redes sociais ( facebook, twitter, instagram, google+, whatsapp entre outros)
( ) sites de notícias gerais
( ) jogos
( ) pesquisas para a escola ( Wikipédia, info escola, entre outros)
( ) pesquisas culturais ( museus, universidades, viagens, shows)
( ) outros. Quais?
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25) Quantos livros lê por ano? (desconsidere os livros didáticos)
( ) Nenhum ( ) 1 livro ( ) de 1 a 3 livros ( ) de 3 a 5 livros ( ) mais de 5 livros
26) Escreva os títulos dos livros favoritos por ordem de preferência:
1.
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2.
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_______________
3.
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27) A escola é:
( ) perto da tua casa ( ) perto do teu trabalho ( ) nenhuma das anteriores
Ana Paula Rodrigues Carvalho • 247
4) Qual a primeira palavra que vem à sua cabeça quando você ouve a palavra
Fascismo?
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TEXTO 1. O FASCISMO
Figura 14 Primeira Guerra fez impérios sumirem do mapa; veja os países divididos.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 1 nov. 2015.
Figura 15 Primeira Guerra fez impérios sumirem do mapa; veja os países divididos.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 1 nov. 2015.
é inquestionável que fosse uma civilização do Mediterrâneo e que seu berço foi
a Toscana (Itália).
O período etrusco foi sucedido pelo período romano, o que consagra pela se-
gunda vez a italianidade desta região. Somente com a queda do Império
Romano, em 476 d. C. iniciaram-se as invasões bárbaras que fizeram sucumbir
tanto o Alto Adige como toda a Itália” (Tradução do Jornal “A província de
Bolzano”, Bolzano, p.1F, 22 mai. 1927).
Fonte.5) Mussolini discurso 6, fevereiro 1926. “No Alto Trentino nós fazemos
política de italianidade! Nós os consideramos cidadãos italianos e aplicamos as
nossas leis: se assim não o fizéssemos teríamos na fronteira um país dentro de
outro país.... nós adotaremos a política romana de severa equidade.... a Itália
fascista pode, se for necessário, levar para além da fronteira italiana a sua ban-
deira, abaixá-la jamais” (Tradução adaptada do Jornal “A província de
Bolzano”, Bolzano, p.1 CD, 25 ago. 1927).
Fonte.6) “Que a estátua de Walter von Vogelweider poeta lírico de grande fama
e de origem incerta – certamente não italiana - construída em 1891 na praça
principal de Bolzano tivesse que mudar de lugar se sabia há muito tempo. A sua
presença na praça decorre de razões políticas que não combinam com uma ci-
dade cujo Fascismo mudou a face e quer mudar o espírito” (Jornal “A província
de Bolzano”, Bolzano, p.7B, 10 mar. 1935).
Temos aqui uma circular da Liga para Tutela da Pesca (em alemão) que foi en-
viada para todos os prefeitos.
Evidentemente esses senhores acreditam ser mais prático mandar as circula-
res em alemão, enquanto nós podemos demonstrar que são uns tolos, visto que
os prefeitos receberam ordens para que todas as circulares em alemão fossem
jogadas no lixo, sem serem lidas.
Se a Liga pela Tutela da Pesca quer tutelar alguma coisa, deve mandar as cir-
culares em italiano.
Não acreditamos ser possível ter que dar este conselho no dia 12 de agosto 1927,
depois de dez anos de vida italiana desta província, e no ano quinto do regime
fascista” (Jornal “A província de Bolzano”, Bolzano, p.2A, 12 ago. 1927).
Fonte.8) “Os italianos que querem demonstrar realmente que são italianos, boi-
cotam todas as lojas que usam os jornais austríacos Dolomiten e Volksbote para
fazer propaganda” (Tradução adaptada do jornal “A província de Bolzano”, Bol-
zano, p.2CD, 4 set. 1927).
Fonte.9)“Os italianos que querem demonstrar realmente que são italianos, boi-
cotam todas as indústrias e comércios que mantém nos seus documentos os
nomes em alemão” (Jornal “A província de Bolzano”, Bolzano, p.2CD, 7 set.
1927).
Fonte 10) "Aos fascistas do Alto Adige não falta coragem. Em abril um grupo de
oito fascistas de Bolzano foram uma noite na cidade de Salorno e em represália
incendiaram a casa de um famoso líder alemão que havia batido em dois fas-
cistas de Salorno” (Tradução adaptada do jornal “A província de Bolzano”,
Bolzano, 2 out. 1927).
258 • Fascismo e Ensino: uma investigação sobre a Empatia histórica em sala de aula
* cidades da região do Alto Adige – Itália, que faziam parte do Tirol meridional,
antigo território austríaco.
imundo “Correio dos italianos” que errou cidade contando que os fascistas de
Innsbruck [Áustria] tinham jogado no rio Inn um alemão!” (La Provincia di Bol-
zano, Bolzano, p.1EF, 14 mai. 1927).
Fonte 14) “O Diretório decidiu aplicar uma solene e exemplar lição aos mais
subversivos. Em uma noite todos os militantes fascistas (15 no total) se escon-
deram nas proximidades do Hotel Gasser, onde deveria se reunir um grupo de
cinquenta subversivos. Assim que eles apareceram os fascistas os atacaram
com cassetetes, porradas e chutes até que eles se dispersaram” (La Provincia di
Bolzano, Bolzano, p.3F, 2 out. 1927).
ANEXO 7
ATIVIDADE
- Com base na leitura das fontes e dos textos informativos responda as questões
que seguem:
1) Por que para Mussolini era tão importante italianizar a cidade de Bolzano e
toda e a região do Alto Adige?
2) Por que os dirigentes da Liga para tutela da pesca (Fonte 7) escreviam os do-
cumentos em alemão mesmo sabendo que era proibido pelo governo?
ATIVIDADE
1) Por que para Mussolini era tão importante italianizar a cidade de Bolzano e
toda e a região do Alto Adige?
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2) Por que os dirigentes da Liga para tutela da pesca (Fonte 7) escreviam os do-
cumentos em alemão mesmo sabendo que era proibido pelo governo
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