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MÓDULO 1 - O Relevo, o Litoral e o Mar

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GEOGRAFIA

Módulo 1 – Quadro natural de Portugal: o relevo, o


litoral e o mar

2022/2023

Prof. Sara Calado


Prof. Sara Calado (2022/2023)

Índice

Organização do módulo..................................................................................................3
Objetivos e competências................................................................................................3
As características geomorfológicas do território nacional e o subsolo………………….......4
Relevo litoral ou costeiro…………………….........……………………………………………………………..26
O litoral: problemas, ameaças, potencialidades…………………………………………………………29
Definições de conceitos utilizados………………………………………………………………………………35
Referências bibliográficas e infográficas……………………………………………………………….……37

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Organização do módulo
1.1 - As características morfológicas de Portugal Continental
1.2 - O relevo de Portugal Continental no conjunto da Península Ibérica
1.3 - A morfologia dos arquipélagos dos Açores e da Madeira
1.4 - O relevo dos arquipélagos dos Açores e da Madeira e a Tectónica de Placas
1.5 - O litoral e o relevo submarino

Objetivos e competências
Compreender as grandes características do relevo de Portugal Continental e
Insular;
Compreender a origem das principais formas de relevo de Portugal Continental
e Insular;
Interpretar aspetos físicos das paisagens utilizando quer a observação direta,
quer a observação indireta;
Interpretar mapas hipsométricos de diferentes escalas;
Localizar espaços e fenómenos geográficos;
Manifestar atitudes de respeito pelo património natural de modo a legá-lo às
gerações vindouras em condições de ser utilizado;
Manifestar espírito de tolerância e capacidade de diálogo crítico;
Manifestar rigor e empenhamento na realização das atividades propostas.

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1 – As características geomorfológicas do território nacional

O relevo é o resultado da acção de :

a) agentes endógenos (internos) que edificam as elevações: forças orogénicas,


erupções vulcânicas e sismos violentos;
b) agentes exógenos (externos) que desgastam as elevações e aplanam: rios, ventos,
glaciares e águas marinhas.

Salvo casos excepcionais, as alterações do relevo são muito lentas e não perceptíveis
pelo homem. Na história da Terra podem distinguir-se fases de grandes convulsões
geológicas, intercaladas por períodos de grande acalmia. Às fases de grandes
convulsões, geradoras de relevo, dá-se o nome de fases orogénicas (orogenias).

Quadro 1 – Eras
geomorfológicas

Em Portugal continental individualizam-se 3 unidades geomorfológicas que


apresentam características distintas tanto a nível morfológico como a nível geológico:
a) Maciço Antigo ou Hespérico
b) Orlas Sedimentares (ocidental e meridional)
c) Bacias Sedimentares do Tejo e Sado

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Fig. 1 - Unidades geomorfológicas em Portugal


continental

1.1 – Maciço Antigo – corresponde à unidade geomorfológica mais extensa de


Portugal Continental (cerca de 70%) e a mais antiga (da Era Paleozoica). A região
norte desta unidade é caracterizada por relevos montanhosos, planaltos e vales
profundos e encaixados, com destaque para a cordilheira central composta pelas
serras da Estrela, da Lousã, do Açor e da Gardunha. A sul predominam as
peneplanícies alentejanas. Em termos geológicos, esta é a unidade com maior
diversidade de recursos minerais e onde predominam os minerais metálicos e as
rochas de elevada dureza, como o xisto e o granito.

A formação do Maciço Antigo está ligada ao ciclo geológico hercínico, ocorrido ao


longo da Era Paleozóica, e que compreendeu três fases distintas:

a) 1ª Fase – conhecida por fase “geossinclinal”, em que o território, hoje ocupado


por Portugal era composto por mares que cobriam grandes bacias
sedimentares (os geossinclinais) onde se foram depositando, ao longo de
centenas de milhões de anos, sedimentos provenientes da erosão de áreas
emersas circundantes. Os sedimentos mais grosseiros deram origem a rochas
arenosas e os mais finos a rochas argilosas e siltosas (os pelitos); Individualizou-
se no final da Era Paleozóica, há cerca de 250 milhões de anos e é a maior das
unidades morfoestruturais, ocupando aproximadamente 70% do território

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nacional, estendendo-se pelo Minho, Trás-os-Montes, Beira Interior, Alentejo e


Algarve setentrional. É formado pelas rochas mais antigas, com idades
compreendidas entre 2500 e 270 milhões de anos, das quais se destacam,
pelos seus extensos afloramentos, os xistos (rochas metamórficas) e os granitos
(rochas magmáticas plutónicas).

b) 2ª Fase (fase de tectogénese) – as rochas sedimentares foram sujeitas a


movimentos tectónicos compressivos que as enrugaram, fazendo-as emergir
das águas e formando assim novas terras emersas. Este processo desenvolveu-
se de NE para SW, sendo os terrenos correspondentes à maior parte do Baixo
Alentejo e ao setor norte do Algarve, datados do Carbónico, os últimos a
emergir. Esta fase de tectogénese acentuou-se, no final da Era Paleozóica,
levando à fraturação das rochas sedimentares e à intrusão, nestas, de grandes
massas de magma granítico, originando a sua metamorfização. Assim, as rochas
arenosas deram origem a grauvaques e quartzitos, enquanto os pelitos se
transformaram em xistos. A fase de tectogénese com o enrugamento,
fraturação e levantamento deste substrato geológico provocou a
transformação das bacias sedimentares em cordilheiras montanhosas, as
cordilheiras hercínicas. O final da orogenia hercínica (ou fase de tectogénese)
coincidiu com uma mudança climática no sentido da aridez que levou à
diminuição da duração da estação das chuvas, à irregularidade das
precipitações e a uma diminuição do coberto vegetal.

c) 3ª Fase – Os últimos acontecimentos descritos originaram a entrada nesta


última fase do ciclo hercínico – fase de erosão – há cerca de 280 a 205 milhões
de anos (final da Era Paleozóica e início da Mesozóica). Durante esta fase
erosiva, as cordilheiras hercínicas foram arrasadas, transformando-se numa
plataforma, talhada nos xistos e granitos hercínicos: o Maciço Antigo – estava,
assim, formada a primeira unidade estrutural de Portugal continental.

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Fig. 2 – Douro vinhateiro

Fig. 3 – Aldeia de xisto e serra da Estrela

1.2 – Orlas Sedimentares – Durante a Era Mosozóica ocorreram deposições de


sedimentos ao longo de uma fossa alongada no contacto com o Maciço Antigo, que
mais tarde vieram a emergir devido à orogenia Alpina, durante a Era Cenozóica, e
formaram as Orlas Sedimentares Ocidental e Meridional. Esta orogenia provocou
enrugamentos e fraturas no Maciço Antigo e o levantamento de algumas serras,
como a de Aire e Candeeiros e as serras algarvias. Nesta unidade geomorfológica
predominam as rochas sedimentares como as areias, arenitos e calcários. As Orlas
Sedimentares foram, assim, formadas por movimentos tectónicos distensivos entre
as placas euro-asiática, americana e africana.

Fig. 4 – Calcário (Peniche)

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1.3 – Bacias Sedimentares do Tejo e do Sado – Ainda durante a Era Cenozóica deu-se a
deposição de sedimentos continentais e marinhos nas bacias do Tejo e do Sado
que correspondiam a extensas áreas deprimidas e de fundo oceânico, dando
origem à unidade geomorfológica mais recente, as Bacias Sedimentares do Tejo e
do Sado, que são actualmente áreas aplanadas em redor dos rios. Nesta unidade
predominam rochas como as areia e as argilas.

Fig. 5 – Areias – Estuário do Tejo

Fig. 6 – Carta hipsométrica de Portugal


Continental

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1.4 – Já os arquipélagos dos Açores e da Madeira são territórios de origem vulcânica,


onde as rochas predominantes são o basalto e a pedra-pomes. É a unidade mais
recente do território nacional.

Fig. 7 – Pico, Açores

1.4.1 – Arquipélago dos Açores

O património ambiental e
paisagístico dos Açores, de rara
beleza, encontra-se intrinsecamente
ligado à sua origem vulcânica e às
suas características atlânticas. O
substrato geológico é constituído
por:
- Basaltos, andesitos e traquitos, derivados da consolidação das lavas;
- Materiais de projeção soltos, desde as bombas às cinzas vulcânicas;
- Materiais de projeção consolidados, como as brechas e os tufos vulcânicos.

O arquipélago localiza-se na junção tripla das placas litosféricas americana, euro-


asiática e africana que, nesta região, mantêm, entre si, movimentos de divergência
(afastamento).
O grupo ocidental (Flores e Corvo) situa-se na placa americana, enquanto as restantes
ilhas se situam na área de contacto das placas euro-asiática e africana, ao longo do
grande acidente Açores-Gibraltar. As ilhas açorianas encontram-se, ainda sob um
ponto quente (hot spot), ponto de chegada do magma, injetado na litosfera desde
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zonas mais profundas do Planeta. Este enquadramento geotectónico faz dos Açores a
parte do território português mais instável, sendo a única com risco vulcânico. Os
Açores são assolados por frequentes sismos, tendo-se registado cerca de 34 erupções
vulcânicas históricas, entre 1439 e 1998, sendo que destas, 21 ocorreram nas ilhas e 13
no mar. O relevo é acidentado e apenas, as ilhas de Santa Maria e Graciosa
apresentam altitudes modestas. As ilhas açorianas são atravessadas por alinhamentos
de relevos de orientação oeste-este (O-E) a noroeste-sueste (NO-SE) que formam uma
vertente setentrional e outra meridional, onde se 9 encaixam vales profundos e
barrancos. A costa é alta e escarpada e apenas em alguns setores das ilhas maiores
aparecem áreas relativamente planas de materiais acumulados (fajãs), onde se
construíram casas e preparam terras de cultivo.

Fig.8 - Fajã

As erupções vulcânicas são relativamente recentes, na


maioria das ilhas, o que faz com que as formas de relevo
pertencentes ao modelado vulcânico se encontrem bem conservadas, destacando-se:
cones vulcânicos, por vezes de grandes dimensões, como é o caso do da ilha do Pico,
cujo topo atinge 2351m (altitude máxima de Portugal); Crateras; Caldeiras, que
resultam do abatimento do cimo dos cones, alargando as crateras aí existentes.

Os Açores apresentam numerosas lagoas naturais, que preenchem o fundo de algumas


crateras e caldeiras. Essas lagoas são originadas devido à alimentação dos cursos de
água, que drenam as vertentes internas dos cones vulcânicos, convergindo na parte
central (drenagem endorreica). As potencialidades da geodinâmica interna estão
patentes no aproveitamento da energia geotérmica, em S. Miguel. Este tipo de energia
representa 20% da energia produzida na ilha e 11% da produção energética total do
arquipélago.

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1.4.2 – Arquipélago da Madeira

Apesar da sua pequena extensão (737


Km2), a ilha da Madeira é muito
acidentada e montanhosa. Cerca de um
terço da sua superfície situa-se a mais
de 1000 metros de altitude.
Destacando-se: Pico Ruivo (1861 m),
Pico do Areeiro (1818 m) e pico Casado
(1728 m). 11 Muitas ravinas e vales profundos e estreitos, com grandiosos precipícios
como o Curral das Freiras.

A vertente Norte é muito mais acidentada que a do Sul. A costa é rochosa, alta e
escarpada, de difícil acesso. Não tem praias de areia fina, mas apenas, de onde em
onde, uma estreita faixa litoral coberta de cascalho, calhaus e blocos de basalto negro.
Dado a sua origem vulcânica dominam na Madeira os basaltos e rochas afins.

A ilha de Porto Santo é baixa e pouco acidentada, com altitudes que raramente vão
além dos 400 metros. O ponto mais alto é o pico do Castelo (ou pico do Facho), com
517 metros. Além das rochas vulcânicas, como o basalto, a ilha de Porto Santo
apresenta também depósitos de calcário. O arquipélago é de origem vulcânica:
durante o apogeu da Orogenia Alpina, houve acumulação de lavas e outro material
vulcânico vindo do fundo do oceano, edificando-se um vasto planalto submarino,
encimado por numerosas e altas montanhas cujos cimos acabaram por emergir e
formar ilhas. Assim, as ilhas madeirenses, como muitas outras ilhas atlânticas, não são
mais do que os cumes desses enormes relevos submarinos. Neste arquipélago não se
regista, desde há muito, qualquer manifestação vulcânica, pelo que o vulcanismo é
aqui considerado extinto.

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1.5 – O subsolo português

Figs. 9A e 9B - Principias áreas de exploração de minerais em Portugal continental

A abundância e a diversidade de recursos do subsolo estão sobretudo relacionadas


com as características geomorfológicas do território, condicionadas pela evolução
geológica ocorrida há milhões de anos. No entanto, a sua exploração está dependente
da existência de jazidas, da capacidade tecnológica da indústria extrativa de um país
para as explorar e das condicionantes do mercado num dado momento.

Os recursos do subsolo podem ser classificados segundo diferentes critérios. De


acordo com os elementos físicos que os compõem podem ser classificados em
recursos minerais metálicos, não-metálicos e energéticos. Em Portugal, e de acordo

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com as directrizes da União Europeia, os mesmos são agrupados de acordo com a sua
utilização:

Fig.10 – Principais recursos do subsolo explorados em


Portugal

Fig.11 - Relação entre a diversidade de recursos do subsolo e as


unidades geomorfológicas

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Rochas Ornamentais –
Utilizadas na
ornamentação de edifícios,
ruas e no fabrico, na
construção de objectos
decorativos.

Rochas Industriais – Fig. 12 – Principais substâncias produzidas na indústria extrativa em


Destinam-se a fins
Portugal (2005)
insustriais e à construção
civil.

Minerais Energéticos – Minerais que se destinam à

Minerais metálicos – produção de energia (petróleo; carvão; gás natural;


Minerais que são urânio). Portugal não possui explorações de petróleo
constituídos por
substâncias metálicas. nem de gás natural e as jazidas de carvão são de fraca
qualidade e restritas. No entanto, existem importantes
reservas de urânio cujas minas foram encerradas em
Minerais não-metálicos –
Minerais constituídos por 2001 devido ao baixo valor das produções no mercado e
substâncias não metálicas.
aos problemas ambientais associados à exploração. Face
ao aumento do preço do urânio a nível mundial, cresce o
Minerais energéticos –
interesse em investir novamente nesta prospeção,
Minerais explorados para a
obtenção de energia. nomeadamente nas jazidas de Nisa (Alto Alentejo).
Minerais Metálicos – Minerais formados por substâncias
metálicas (ferro; zinco; ouro; prata; estanho; cobre e
tungsténio/volfrâmio). Em Portugal o recurso mineral
com maior volume e maior valor de produção é o cobre,
que é explorado predominantemente nas regiões centro
e sul de Portugal. As maiores reservas de cofre da
europa situam-se na peneplanície alentejana, destacando-se as minas de Neves –

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Corvo e as de Aljustrel, como as responsáveis por fazerem do nosso país o maior


exportador de cofre comunitário.
Minerais não metálicos – Minerais cuja constituição é formada por substância não
metálicas (sal gema; quartzo; talco; caulino e feldspato). Têm pouca
representatividade quer em volume quer em valor da produção no global da indústria
extrativa. De todos os minerais não metálicos destaca-se o sal-gema como o mineral
que tem maior peso no valor da produção, explorado nas minas de Loulé (Algarve),
Matacães (Torres Vedras) e Campo (Leiria). Um outro mineral não metálico com
alguma relevância é o feldspato, explorado nas regiões norte e centro.
Água
Minerais – detêm propriedades terapêuticas. Águas que contêm uma concentração de
um ou mais elementos químicos específicos.
Nascente – águas subterrâneas com propriedade, consideradas, próprias para beber
Termal – Águas subterrâneas ricas em determinados sais minerais e utilizadas para fins
medicinais e que podem ter uma temperatura elevada.

Fig.13 – Águas minerais


naturais em Portugal

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2 – As principais formas de relevo

2.1 – Relevo continental

Fig.9 – Formas de relevo continental

Parece oportuno, verificar as principais formas de relevo emersas:

Planície
As planícies, são formas de relevo relativamente planas ou suavemente onduladas e
que se localizam em baixas altitudes, ou seja, pouca acima do nível do mar. Têm em
geral, origem sedimentar, recebem ou receberam grande quantidade de material
erodido das áreas próximas, com altitude mais elevadas. São essencialmente áreas de
deposição, onde os processos de erosão são menos significativos que os de
sedimentação.

Quando a planície é formada pela deposição de sedimentos trazidos pelas águas dos
rios, é chamada de planície fluvial. Já se as águas oceânicas são as responsáveis pelo
processo de sedimentação, temos então a planície marítima ou planície costeira.

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Planalto
Como o próprio nome indica, os planaltos são superfícies de relevo plano e
mais alto que as planícies, com altitude, em média, superior a 300 metros em relação
às áreas ao seu redor. Os limites dos planaltos são marcados por escarpas íngremes. O
planalto é uma forma de relevo, ao contrário da planície, em que os processos
de erosão superam os de deposição ou sedimentação. São áreas que fornecem
significativa quantidade de sedimentos para as áreas com altitude inferior ao seu
redor, como as planícies ou depressões.

Os planaltos apresentam formas variadas, como morros, serras, tabuleiros, chapadas e


são formados por processos erosivos. Ou seja, foram um dia um relevo mais íngreme e
pelos processos de intemperismo, como a chuva e o vento, tornaram-se relevos mais
rebaixados que as montanhas e com topos mais aplanados.

Depressão
São porções do relevo que possuem altitude mais baixa do que as áreas no seu
entorno. Desgastadas por processos erosivos, apresentam superfícies planas ou
côncavas. Podemos classificar as depressões em dois tipos:

 Depressão Relativa – região rebaixada em relação as áreas vizinhas que têm


altitudes mais elevadas. No Brasil, como exemplo temos a depressão na região
do Pantanal mato-grossense.
 Depressão Absoluta – além de possuir as áreas mais rebaixadas em relação ao
seu entorno, a depressão absoluta possui altitude inferior à do nível do mar.
Uma depressão absoluta muito conhecida é a do Mar Morto.

Montanha
As cadeias montanhosas (sequência de montanhas) são as formas de relevo que
apresentam as mais elevadas altitudes. Têm relevo acidentado, encostas íngremes e
vales profundos.

Como surgem as montanhas?


Como vimos anteriormente, aplicado ao nosso país, as montanhas podem ter duas
origens:
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 Tectónica – quando são fruto da colisão entre placas tectônicas, como no caso
de dobramentos e falhas de origem tectônica (dobras ou rupturas que ocorrem
em rochas de estrutura mais maleável provocadas pelos movimentos no
interior da Terra)
 Vulcânica – vulcões recentes ou extintos, pela sua própria dinâmica, constroem
uma forma cônica que vai ganhando altitude a cada erupção solidificada. As
paredes das montanhas vulcânicas são resultado da deposição do magma
(rocha líquida) expelido pelo vulcão e posteriormente resfriado.

Fig.10 –

Principais formas de relevo na Península Ibérica

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Fig.11 – Relevo em Portugal (abreviado)

Quadro 2 – Altitudes máximas em Portugal, por


distrito

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2.2 – Relevo submarino

Fig.12 – Formas de relevo submarino

No fundo dos oceanos encontramos também formas de relevo semelhantes aos


dos continentes, contudo, têm algumas características próprias.

Iremos, neste módulo, focar-nos nas principais formas de relevo português:

 Plataforma continental
 Talude continental
 Planície abissal ou bacia
 Cordilheira oceânica
 Fossas oceânicas

Fig.13 – Perfil de relevo oceânico (simplificado)

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Plataforma continental
É um prolongamento da área continental emersa com uma profundidade até
200m. Apresenta-se na forma de planície submersa que margeia todos os
continentes. É nesta plataforma que também se depositam os sedimentos
vindos dos continentes através das águas dos rios que desaguam no mar. É
nessa porção da crosta oceânica que
ocorrem as pesquisas e a exploração
de petróleo.

Fig.14 – Plataforma continental

Talude continental
Unidade que se forma imediatamente após a plataforma continental. Tem origem
sedimentar e inclina-se até ao fundo oceânico, atingindo entre 3.000 e 5.000 metros
de profundidade. Nesta área encontramos restos de seres marinhos e argila muito
fina. Podemos ainda encontrar vulcões isolados e dispostos em linha que dão origem
às ilhas vulcânicas. Fora de Portugal, as ilhas vulcânicas do Havai são um excelente
exemplo do movimento linear de placas que formou essas ilhas.

Fig. 15 – Talude continental (perfil)


Fig.16 – Ilhas vulcânicas do Havai

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Planície abissal
São áreas extensas com mais de 5.000 metros de profundidade. Estende-se desde a
talude continental até às encostas das cordilheiras oceânicas. Por vezes é planície é
interrompida por montes submarinos ou até por montanhas submarinas de origem
vulcânica, dando, por vezes, origem a ilhas vulcânicas. Nesta zona do oceano não há
luz, pelo que as temperaturas são baixas e a vida marinha não é tão vasta
(predominam polvos gigantes e peixes cegos).

Fig.16 – Planície abissal

Cordilheira oceânica
São elevações que ocorrem de forma regular ao longo dos oceanos. Nesta área existe
intensa actividade sísmica e vulcânica. A cordilheira oceânica divide a crosta submarina
em duas partes, representando uma cicatriz produzida durante a separação dos
continentes. No oceano Atlântico, a cordilheira oceânica é chamada de meso-atlântica
porque ocupa a parte central deste oceano.

Fig.14 – Exemplo de uma


cordilheira oceânica.

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Fossas oceânicas
São depressões alongadas e estreitas com
grande declividade que ocorrem ao longo
das áreas das placas tectónicas, ou seja, são
fendas que atingem grandes profundidades
onde a placa oceânica mergulha de volta
para o manto.
Fig.15 – Formação de uma fossa oceânica

Fig.16 – Canhões submarinos na área de


influência de Portugal Continental

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3 – Relevo litoral ou costeiro

Fig.17 – Algumas formas de


relevo litoral

A costa portuguesa tem uma extensão,


aproximada, de 1845km – distribuída por uma área
continental cuja linha de costa possui uma
dimensão aproximada de 942km de comprimento,
acrescida de 691km do arquipélago dos Açores e
de 212km do arquipélago da Madeira, sendo uma
das mais extensas dos países da União Europeia. O
litoral continental português, embora possuindo
um contorno praticamente retilíneo, apresenta
algumas formas de relevo particulares, que
resultam, principalmente, da constituição
geológica das áreas em causa e da ação erosiva do
Fig.18 – A costa portuguesa: principais acidentes topográficos

mar. Assim, a costa apresenta-se em algumas áreas, alta e rochosa e noutras baixa e
arenosa.
A orla costeira, para além de estar sujeita a variadas formas de intervenção humana
(extração de areias, urbanização crescente,..), é também alvo de constantes alterações
naturais. De entre essas alterações naturais destacam-se os processos de desgaste,
transporte e acumulação de materiais rochosos provocados pelo mar, designando-se
de erosão marinha.

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A ação do mar sobre o litoral faz-se sentir essencialmente através da erosão mecânica
(abrasão marinha), não sendo, no entanto, de descurar os processos de erosão
química.
Em toda a linha de costa o mar tem também uma intensa atividade de transporte e
deposição de sedimentos. Estes sedimentos depositados vão dar origem a várias
formas de acumulação, de que são exemplo as praias, as restingas, os cordões litorais
e os tômbolos.

Embora o litoral português seja dominado essencialmente por praias, existem áreas
de costa predominantemente rochosa, como a costa a norte de Espinho,
Estremadura Meridional, Sudoeste Alentejano e Barlavento Algarvio.
Constata-se assim que, em Portugal, o tipo de costa não é uniforme. Algumas formas
resultam da predominância da erosão marinha e outras da acumulação de sedimentos.
A erosão marinha manifesta-se, geralmente, com grande intensidade onde predomina
a costa alta, rochosa e escarpada (arribas). Nas áreas de costa baixa, o trabalho
erosivo do mar é menos intenso, procedendo à trituração e arredondamento dos
sedimentos litorais, formando as praias, resultante da acumulação dos sedimentos
litorais.

3.1 – A erosão marinha


A erosão provocada pelas águas do mar designa-se por erosão marinha ou abrasão
marinha. As águas do mar atuam sobre os materiais do litoral (linha de costa)
desgastando-os através da sua ação química e da sua ação mecânica. O aspeto da linha
de costa é variável de acordo com a natureza dos materiais rochosos que a
constituem. De um modo em geral podemos detetar dois tipos de costa; a costa de
arriba - de natureza alta e escarpada - e a costa de praia - baixa e arenosa.
A água do mar reage quimicamente com alguns materiais rochosos desgastando-os. A ação
mecânica das águas faz-se sentir quando o mar atira contra a costa rochas de dimensões
variáveis originando fraturas nas rochas. do litoral. A ação que o mar exerce sobre os
continentes faz-se sentir aos seguintes níveis desgaste, transporte e deposição. A ação de
desgaste está condicionada pelos seguintes fatores:
a) Reações químicas entre a água e os materiais;

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b) Ação mecânica da água;
c) Força e direção das ondas;
d) Natureza das rochas - dureza, constituição química e coesão.

O desgaste origina materiais soltos, de dimensões muito variáveis que as correntes marítimas
transportam, por vezes, a grandes distâncias. Quando a velocidade e força das correntes
diminuem, os materiais transportados são depositados. As correntes marítimas transportam
materiais resultantes do desgaste da costa ou trazidos pelos cursos de água (rios que
desaguam no litoral) que depositam quando a velocidade das águas diminui devido à baixa
profundidade formando cordões litorais, também, designados por Lido - fig. 20.
Noutros casos, como aconteceu em Peniche, essa acumulação de areia dá-se entre o litoral e
uma ilha próxima. No caso dos manterias acumulados emergirem a ilha fica ligada ao
continente por uma faixa arenosa a que damos o nome de Tômbolo.

Fig.19 – Evolução de uma


arriba

Fig.20 - Lido

Fig.21 - Tômbolo

Quando o mar contacta o litoral em zona de costas de arriba dão-se fenómenos de recuo da
arriba, como depreendemos da figura 19. As ondas escavam a base da arriba e esta torna-se
instável devido à perda da sua base de sustentação. Essa instabilidade origina a fragmentação
e queda de blocos. Os fragmentos originam a plataforma de abrasão (faixa entre o mar e a

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arriba). Quando as ondas batem na face da arriba, exercem, também, uma força compressiva
que atua perpendicularmente à arriba. Se a arriba tem fissuras, o ar situado nessas fissuras é
comprimido. Quando a onda recua, dá-se um processo de descompressão. Desta forma os
interstícios da rocha são alargados e a rocha vai-se fragmentando. O aspeto do litoral pode
revelar, também, a ação dos movimentos da crosta terrestre e de significativas alterações
climáticas através de movimentos.

Fig.21 – Arriba fóssil.

4 - O litoral: potencialidades

Desde sempre, os países banhados pelo mar têm no litoral um recurso muito
importante na medida em que, associadas a ele, surgiram importantes atividades
como a pesca, a extração de sal, a indústria, o comércio, o turismo, entre outras. Desta
forma, as várias atividades atraíram a população para o litoral, o que levou à
intensificação da ação humana, que se manifesta por diversas intervenções mais ou
menos próximas da linha de costa, e que contribuem para alterar o aspeto do litoral.
Portugal é um país com uma larga costa, propicia para desenvolver atividades
relacionadas com o mar.

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4.1 – O litoral: problemas e ameaças

Desde sempre, os países banhados pelo mar têm no litoral um recurso muito importante na
medida em que, associadas a ele, surgiram importantes atividades como a pesca, a extração
de sal, a indústria, o comércio, o turismo, entre outras. Desta forma, as várias atividades
atraíram a população para o litoral, o que levou à intensificação da ação humana, que se
manifesta por diversas intervenções mais ou menos próximas da linha de costa, e que
contribuem para alterar o aspeto do litoral.

Quando não há a preocupação de preservar as condições naturais do litoral, estas


intervenções humanas geram impactos que, na maior parte das vezes originam conflitos entre
o desenvolvimento económico e o ambiente.

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* A erosão da costa rochosa, provocada principalmente pela ação abrasiva do mar, o
que contribui para o recuo da linha de costa e consequente diminuição das praias, podendo
mesmo ocorrerem acidentes que lesem a vida humana.
* A pressão urbanística, resultante do turismo que invade os espaços litorais, pode
ocasionar problemas relacionados com a destruição do cordão dunar; dificuldades na
movimentação de areias, interrompendo assim o ciclo natural da deposição e do transporte
destas pelo mar; A poluição das águas do mar e das praias, através dos efluentes domésticos.
* A instalação de fábricas junto ao litoral pode, se não for acautelado o tratamento dos
seus efluentes, provocar a degradação ambiental dessas áreas pela libertação de fumos, águas
contaminadas e resíduos de vária ordem.
* A extração de inertes, que diminui a sedimentação no litoral; recuo da linha de costa
e consequente diminuição das praias.
* A extração petrolífera, que pode provocar graves problemas de poluição na área
costeira.

4.2 – Como proteger o litoral?

Para proteger o litoral português é fundamental a elaboração de planos de ordenamento da


faixa costeira, cujas ações incluam a recuperação das dunas, a estabilização das arribas, a
construção de esporões e de paredões de proteção das praias, a alimentação artificial das
praias, assim como a proibição de construção nas áreas de risco.

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4.2.1 – Os POOC – Planos de Ordenamento da Orla Costeira

Os POOC são planos setoriais que definem os condicionamentos, vocações e usos


dominantes e a localização de infraestruturas de apoio a esses usos e orientam o
desenvolvimento de diversas atividades.

Os POOC têm por objetivo:


a) O ordenamento dos diferentes usos e atividades específicas da orla costeira;
b) A classificação das praias e a regulamentação do uso balnear;
c) A valorização e qualificação das praias consideradas estratégicas por motivos
ambientais ou turísticos;
d) Orientação do desenvolvimento de atividades específicas da orla costeira;
e) A defesa e conservação da natureza.

Na elaboração dos POOC deve atender-se:


a) À protecção de integridade biofísica do espaço;
b) À valorização dos recursos existentes na orla costeira;
c) À conservação dos valores ambientais e paisagísticos;

Intervenções na Orla Costeira

 Defesa e reabilitação de sistemas dunares;


 Requalificação de frentes urbanas;
 Intervenção em sistemas lagunares;
 Ordenamento e requalificação ambiental de áreas degradadas;
 Intervenções em zonas de risco;
 Programa de prevenção da poluição marinha;
 Recarga de praias (fig.22).

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Fig.22 – Praia Nova, Lagoa Algarve. Antes (A) e depois (B) da recarga artificial de areia.

Fig.23 – POOC em
Portugal:
abrangência

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4.3 – De quem é o mar? Noção de ZEE

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5– Definições de conceitos utilizados

Baía é uma porção de mar ou oceano rodeada por terra, em oposição a um cabo. São
reentrâncias da costa por onde o mar avança para o interior do continente.
Cabo é um acidente geográfico formado por uma massa de terra que se estende por
um oceano ou mar que lhe está adjacente
Cachoeira é uma massa de água contínua que se despenha de certa altura por
disposição do terreno.
Colina é uma pequena elevação de um terreno, menor que uma montanha, com um
declive suave; cerro.
Cordilheira é uma área geográfica definida por um conjunto
de montanhas relacionadas geologicamente. As cordilheiras formam um grande
sistema de montanhas reunidas, geralmente resultado do encontro de duas placas
tectônicas que muitas vezes lançam ramos ou cadeias de montanhas secundárias.
Delta é a denominação de planície aluvional, localizada no final ou término de um rio,
que surge por amontoamento de sedimentos e apresenta, regra geral, uma
constituição triangular.
Duna é uma montanha de areia criada a partir de processos eólicos (relacionados
ao vento).
Estuário é um ambiente aquático de transição entre um rio e o mar.
Falésia, arriba ou costa alta é um acidente geográfico constituído por uma encosta
íngreme ou vertical. Podem ser consideradas aquelas encontradas
em montanhas, falhas e margens de rios. Quando uma falésia tem grandes dimensões
é chamada de penhasco.
Lago é uma área cheia de água, localizada em uma bacia, cercada por terra e separada
de qualquer rio ou outra saída que sirva para alimentar ou drenar o lago. Os lagos
ficam em terra e não fazem parte do oceano

Praia é uma formação geológica composta por partículas soltas de mineral ou rocha na
forma de areia, cascalho, seixo ou calhaus ao longo da margem de um corpo
de água (rio ou oceano), seja uma costa ou praia fluvial.
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Rio é um curso de água, usualmente de água doce, que flui por gravidade em direção a
um oceano, um lago, um mar, ou um outro rio. Em alguns casos, um rio simplesmente
flui para o solo ou seca completamente antes de chegar a um outro corpo d'água.
Roca é uma formação geológica e consiste de várias falésias íngremes e verticais em
coluna ou como conjuntos de colunas de rocha no litoral, isolado pela erosão.
Upwelling é um fenómeno oceanográfico, também conhecido por afloramento
costeiro, que consiste na subida de águas provenientes das camadas inferiores do
oceano para a camada de água à superfície. Na sua origem estão os ventos que
sopram à superfície do oceano e empurram a água superficial para longe (em Portugal
predominam de N ou NW), forçando a que a água inferior suba para substituir a água
que foi empurrada para longe.

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Referências Bibliográficas e Infográficas

NUNES, Isabel; DELGADO, Maria (2020) – Preparar o Exame Nacional Geografia A.


Areal

QUEIRÓS, Adelaide (2018) – Preparação para o Exame Final Nacional Geografia A.


Porto Editora

https://pt.slideshare.net/trinete50/recursos-do-subsolo-6092930

https://www.geografia-ensino.com/2017/11/o-subsolo-portugues-nas-aulas-de.html

https://aulasdegeografiaodivelas.wordpress.com/tag/recursos-energeticos-do-
subsolo/

https://www.apambiente.pt/sites/default/files/_SNIAMB_A_APA/Publicacoes/Tagides
/tagidespooc.pdf

https://pt.slideshare.net/ildageo/potencialidades-do-litoral-62551099

https://4.bp.blogspot.com/-
l7I2Pb6J4V0/W9l7OF8HL5I/AAAAAAAAX7w/2iaiVZgWIwUys4w_8tGaJJtC0Kr6B0sjACLc
BGAs/s1600/RESUMO-7%2BMAR-1.png

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