E-Book Obrigações - Prof. Patrícia Strauss
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Direito
das Obrigações
Prof.ª Patrícia Strauss
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
Direito das Obrigações | Prof.ª Patrícia Strauss
SUMÁRIO
1. Considerações Iniciais ......................................................................3
2. Modalidades de Obrigações .............................................................3
3. Da Transmissão das Obrigações: Arts. 286 - 303..........................16
4. Adimplemento e Extinção das Obrigações .....................................18
5. Do Inadimplemento das Obrigações ..............................................28
QUESTÕES DA PROVA ....................................................................35
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso
preparatório para a 2ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as
respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas
acompanhado da legislação pertinente.
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
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1. Considerações Iniciais
Lei, contratos (tidos como principais fontes das obrigações), atos ilícitos e abuso de direito,
atos unilaterais etc.
2. Modalidades de Obrigações
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
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A - Modalidade entregar.
Um dos exemplos desta modalidade é o contrato de compra e venda, no qual, após efetuar
o pagamento do preço, o comprador se torna CREDOR e o vendedor se torna DEVEDOR.
Para o Código Civil o importante é quando o devedor NÃO cumpre com sua obrigação. Ao
não cumprir, a lei então disciplina a solução.
* Para todos verem: esquema
Resolver a obrigação significa voltar ao estado inicial, ao “status quo ante”. Assim o devedor
devolveria o dinheiro ao credor.
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
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Perecimento
Sem culpa: Se a coisa se perde e não é culpa do
devedor, então ARCARÁ O CREDOR com a perda.
Suporta o credor o prejuízo.
IMPORTANTE
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
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Exemplo:
compra e venda Com culpa
Art. 234, 2ª parte
do CC
Perecimento
(perda total)
Sem culpa
Art. 234, 1ª parte,
do CC
Entregar
Com culpa
Art. 236, CC
Deterioração
(perda parcial
Sem culpa
Art. 235, CC
Com culpa
Art. 239, CC
DAR COISA Perecimento
CERTA (perda total)
Art. 233 a 242 Sem culpa
do CC Art. 238, CC
Com culpa
Restituir
Art. 240, CC
Deterioração
(perda parcial)
Sem culpa
Art. 240, CC
O objeto da obrigação não é algo específico, mas precisa ser, ao menos, indicado por
gênero e quantidade. Assim, o objeto deve ser, ao MENOS, determinável, ou seja, que vai vir a
ser determinado.
Como exemplo, podemos pensar em um contrato em que credor e devedor estabelecem
que o devedor irá entregar um cavalo da sua fazenda. É, assim, possível que se contrate um
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
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objeto determinável, mas que, precisará ser escolhido e separado, para que então, possa ser
entregue.
Como regra, aqui e em outros momentos do Código Civil, se nada foi estipulado pelas
partes de outra maneira, a escolha cabe ao devedor.
Há um momento em que a obrigação de dar coisa incerta se torna obrigação de dar coisa
certa. Isso ocorre quando a escolha é feita E o credor é cientificado de tal escolha. Após a
ocorrências destes DOIS fatos, então iremos buscar respostas para o caso de inadimplemento
do devedor, na parte que trata de obrigação de dar coisa certa, já que após a escolha E
cientificação, o que era incerto passou a ser certo.
IMPORTANTE:
Artigo 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa,
ainda que por força maior ou caso fortuito.
Por este artigo, o “gênero nunca perece”. Assim, antes da escolha a obrigação
continuava sendo INCERTA e se houver o perecimento/deterioração, não poderá o
devedor alegar em defesa, ainda que tais fatos tenham ocorrido por caso fortuito ou força
maior.
Neste caso, não se tem a obrigação um objeto móvel ou imóvel e sim a PRESTAÇÃO
consiste no cumprimento de uma tarefa ou a realização de um serviço, por exemplo. A obrigação
de fazer pode ser fungível ou infungível.
A – Exigir o cumprimento da obrigação, por força do artigo 497 do CPC, com cominação de multa
ou
B – Resolver a obrigação e pedir perdas e danos.
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
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*No entanto, se não for culpa do devedor (pintor perde o movimento dos braços e não consegue
mais realizar a pintura que tinha se obrigado) então teremos a obrigação será resolvida (artigo
248).
Fixação:
Personalíssima
Somente a pessoa que pode cumprir com o seu contrato.
Exemplo: João foi contratado para fazer um show na cidade de Santa Cruz do Sul, logo, somente
João poderá cumprir o contrato.
- Com culpa: resolve + indenização por perdas e danos.
- Sem culpa: o contrato somente se resolve (se desfaz).
É aquela que pode ser cumprida por outra pessoa. Em caso de não cumprimento pelo
devedor, poderá o credor optar:
A – exigir o cumprimento forçado da obrigação, no termos do 497 do CPC;
B – pedir o cumprimento da obrigação por terceiro, à custa do devedor originário;
C – Poderá requerer a conversão em perdas e danos.
Fixação:
Não personalíssima
Ocorre quando a obrigação pode ser cumprida por terceiro.
Exemplo: Paulo é contratado para pintar a casa de Ana. Caso Paulo não faça a pintura da casa,
há a possibilidade de outra pessoa fazer o serviço. Sendo assim, um terceiro executa o serviço,
e Paulo realiza o pagamento ao mesmo.
Vejamos o que dispõe o art. 249 do Código Civil e seu parágrafo único:
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
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A – Quando o devedor praticou o ato que deveria ser abster, mas é possível desfazer o
que foi feito, é possível voltar ao “status quo ante” – Artigo 251.
- Regra: necessária autorização do juiz: Art. 251 do Código Civil.
- Exceção: Se for urgente, conforme disposto no art. 251, parágrafo único do Código Civil, não
será necessária autorização do juiz.
B – Quando o devedor praticou o ato que deveria se abster, mas não é possível desfazê-
lo, não é possível voltar ao “status quo ante” – Artigo 250.
- Com culpa: ocorrerá a extinção do contrato, e a pessoa será condenada a pagar indenização
por perdas e danos.
- Sem culpa: só será feita a extinção do contrato.
Artigo 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em
que executou o ato de que se devia abster.
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
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pode João solicitar tal feito à Maria, também não pode Maria solicitar tal feito para João (entrega
em partes de cada objeto).
Além disso, se a obrigação se estipulou de forma que ocorram através de prestações
periódicas (todo mês Maria precisa entregar, por exemplo) esta escolha poderá ser exercida em
cada período.
O artigo 253 nos informa que se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. Assim, se uma das
obrigações não puder ser executada (se tornou proibida por lei, por exemplo) então o que era
antes obrigação alternativa, passa a ser obrigação simples, já que o débito subsistirá com relação
à outra prestação.
Artigo 254: Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não
competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar
*Maria (devedora) se comprometeu a entregar para João 1 cavalo OU 1 vaca. Por culpa de Maria,
os dois animais morreram, impossibilitando o cumprimento da prestação. Se a escolha couber a
Maria ou terceiro, por exemplo, temos que ficará Maria obrigada a pagar o valor da que por último
se impossibilitou (o último animal que morreu, por exemplo) mais perdas e danos.
Artigo 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível
por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem
inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização
por perdas e danos.
Maria (devedora) se comprometeu a entregar para João 1 cavalo OU 1 vaca. Aqui, um dos
objetos se tornou impossível (um animal morreu, por exemplo) por culpa do devedor poderá o
credor João exigir o outro animal OU o valor do animal que morreu com perdas e danos. Se os
dois morreram por culpa de Maria, então o credor poderá reclamar o valor de um OU de outro,
além de indenização por perdas e danos. Vale lembrar que neste artigo, a escolha cabia para
João.
Já se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação, conforme artigo 256 do CC.
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2ª Fase 35º Exame de Ordem
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O artigo 257 trata sobre a obrigação divisível e nos informa que sendo a obrigação assim,
ela será dividida entre tantos credores e devedores houver. Assim, se Maria e Carla são
devedoras de R$100.000,00 (cem mil reais) de João, que é o credor, de acordo com o artigo
257, João somente poderá exigir R$50.000,00 (cinquenta mil reais) de cada uma: “Havendo mais
de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”.
A – PLURAL DE DEVEDORES:
Maria e Carla são devedoras de 1 animal (indivisível) para João (credor). João poderá
cobrar a dívida toda (animal) somente de uma. Aquela que entregar para João o animal, poderá
cobrar da outra a quota parte do valor do animal.
Artigo 259: Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um
será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação
aos outros coobrigados.
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B – PLURAL DE CREDORES:
Maria é devedora de 1 animal para João e Carlos, que são os credores de Maria. Tanto
João quanto Carlos poderão exigir de Maria o animal, mas Maria só se desobriga da dívida
entregando para João e Carlos em conjunto ou então entregando para João, que dará caução
(garantia) que o outro credor irá ratificar.
Artigo 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira;
mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Lembrando que aquele credor que receber o animal, deverá pagar em dinheiro a quota
parte dos outros credores (artigo 261).
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C – MANUTENÇÃO DA SOLIDARIEDADE
Ao contrário da indivisibilidade, se a prestação se converter em perdas e danos, a
solidariedade se mantém (artigo 271).
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E – EXCEÇÕES PESSOAIS:
Exceções pessoais são defesas de mérito que podem ser arguidas como, por exemplo,
vícios do consentimento (erro, dolo...) e também incapacidades, por exemplo. Na obrigação
solidária ativa o devedor não poderá opor essas defesas contra os demais credores, somente
contra aquele credor que fez negócio viciado.
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D – IMPOSSIBILIDADE DE PRESTAÇÃO:
Se a prestação por culpa de um dos devedores solidários ficar impossibilitada, a obrigação
irá subsistir para TODOS de pagar o valor desta obrigação. Pelas perdas e danos somente
responderá o culpado.
E – EXCEÇÕES PESSOAIS:
Segundo o artigo 281 o devedor demandado por opor ao credor as exceções que lhes forem
pessoais e as comuns a todos. Como exemplo, podemos pensar que qualquer devedor poderá
alegar a prescrição da dívida, já que são defesas comuns. Já vícios do consentimento, por
exemplo (exceções pessoais) somente poderão ser usados pelo devedor que sofreu.
F – RENÚNCIA:
É possível que o credor renuncie de forma parcial a solidariedade (somente para um
devedor, por exemplo) ou total (em favor de todos os devedores).
Exemplo: João credor e possui 3 devedoras: Maria, Carla e Joana, que devem
R$30.000,00. João renunciou a solidariedade com relação à Maria. Assim, Maria somente
poderá ser cobrada de R$10.000,00, enquanto Carla e Joana poderão ser demandadas por
R$20.000,00.
G – DEVEDOR INSOLVENTE:
O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores
a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se
iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
Assim, no caso de João credor ter três devedoras solidárias: Maria, Carla e Joana. Se uma
delas efetuar o pagamento da obrigação, poderá solicitar que as demais paguem as quotas
partes de cada. Se uma delas for insolvente, a sua quota parte será dividida entre os outros co-
devedores.
IMPORTANTE:
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OBSERVAÇÕES:
Não é possível ceder o crédito em alguns casos (alimentos, por exemplo);
A impossibilidade de cessão pode estar no documento (instrumento obrigacional) que
então impede qualquer tipo de cessão.
A regra proibitiva de cessão não pode ser oposta ao cessionário de boa-fé se não constar
no próprio instrumento.
Como as demais regras do CC, a cessão entre partes possui total eficácia, não
necessitando inclusive forma escrita. Porém, para que tenha eficácia perante terceiros, é
necessária a celebração de um acordo escrito, por meio de instrumento público ou particular.
Ainda que para que ocorra a cessão de crédito não seja necessária a participação do
devedor (já que o credor-cedente está cedendo o crédito para outra pessoa – cessionário), é,
porém, imprescindível que o devedor seja notificado. Esta notificação pode ocorrer de forma
judicial ou extrajudicial (artigo 290). Também pode ocorrer a notificação presumida, na qual no
próprio documento de cessão de cedente para cessionário, o devedor informa que está ciente
da cessão.
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Em decorrência do princípio da boa-fé, o devedor que não sabia que tinha havido a cessão
de crédito (não foi notificado, por exemplo) e que paga ao devedor primitivo, não terá que pagar
novamente.
De acordo com o artigo 294 as exceções (defesas) que o devedor poderia opor ao seu
antigo credor (cedente) poderão ser opostas também contra o novo (cessionário).
MUITO IMPORTANTE:
Na cessão onerosa (cessionário cobra algo do cedente pela cessão de crédito, por
exemplo) o cedente fica responsável pela EXISTÊNCIA da dívida para com o cessionário, mas
não pelo pagamento a ser feito pelo devedor.
Exemplo de cessão onerosa: “Factoring” (cheques são vendidos por valores menores).
Além disso, o cedente não responde pela solvência do devedor. Se o devedor não pagar ao
cessionário, não poderá o cessionário cobrar a dívida do cedente. Salvo disposição em contrário
(conforme artigo 296).
Se ficar estipulado que o cedente responde pela solvência do devedor (artigo 297) o cessionário
responderá apenas com relação ao que recebeu do cessionário, com respectivos juros.
Negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor com a anuência do credor transfere a um terceiro
a posição de devedor em uma obrigação. Consoante artigo 299: É facultado a terceiro assumir
a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor
primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da
dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Por exemplo: João é credor e Maria devedora. Carla, amiga de Maria, se oferece para
ASSUMIR a dívida que Maria tem para com João. Com a concordância de João, Maria se libera
da obrigação, nada mais devendo para João (a não ser que Carla era insolvente, caso em que
Maria voltaria para o polo passivo da obrigação). O novo devedor é chamado de terceiro assuntor
(Carla).
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Diz o artigo 300 que a partir da assunção deverão ser consideradas extintas as garantias
especiais dadas pelo devedor primitivo (Maria). Salvo se Maria concordar que tais garantias irão
permanecer.
Já o artigo 301 trata que se a substituição do devedor vier a ser anulada, o débito será
restaurado, com todas as garantias, salvo as prestadas por terceiro (a não ser que este terceiro
estava mancomunado com o devedor primitivo, que sabia do vício).
4.1 – DO PAGAMENTO:
Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da obrigação (e,
como consequência a extinção de credor e devedor) é necessário que se cumpra o pagamento
com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se paga, o que se paga, onde se paga e quando
se paga. Uma vez cumpridas tais exigências, teremos a extinção da obrigação através do
pagamento. Se uma delas não for cumprida, poderá ser aplicado o ditado de que: “quem paga
mal, paga duas vezes.”
* Para todos verem: esquema
Quem paga;
Lugar do pagamento;
Tempo do pagamento.
REQUISITOS
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Um ponto muito importante aqui é que usa as palavras solvens (que paga) e accipiens
(quem recebe) e não exatamente credor e devedor. Isso porque outras pessoas além do devedor
podem pagar e outras pessoas além do credor podem receber.
MUITO IMPORTANTE:
Quem paga:
▪ Devedor
▪ Terceiro interessado. (por exemplo: fiador): Ao pagar, se sub-roga nos direitos do credor
primitivo.
▪ Terceiro não interessado: (amigo, por exemplo). Ao pagar, não se sub-roga, mas tem
direito de regresso contra o devedor. Isso se fizer o pagamento em seu nome. Se fizer em
nome do devedor, será como uma doação e então não terá direito à reembolso.
Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor se opuser
poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento.
Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba ou em oposição
ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para o devedor, se este último tinha
meios para ilidir a ação.
MUITO IMPORTANTE:
Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda provado que
depois não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309).
Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade, mas se provar
que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será válido.
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4.1.3.1: OBJETO
Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a pagar ou
receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais valiosos. Da mesma forma,
sendo a obrigação divisível, não podem credor/devedor partilhar a prestação se assim não se
estipulou
Princípio do Nominalismo: Artigo 315. As dívidas em dinheiro devem ser pagas em moeda
corrente nacional e pelo valor nominal.
É permitida a cláusula de escala móvel ou cláusula de escolamento, de acordo com o artigo
316: É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato
superveniente. Para que ocorra é necessária uma imprevisibilidade somada a uma onerosidade
excessiva. Estaria aqui consagrada a teoria da imprevisão.
MUITO IMPORTANTE:
Contratação de pagamento em moeda estrangeira e em ouro, quando não há
autorização legislativa, é tida como NULA – Artigo 318.
Para o STJ não há nulidade caso o pagamento seja cotado em moeda estrangeira ou em ouro,
mas há o valor correspondente em reais, por conversão. REsp 1.323.219/RJ
4.1.3.2: PROVA:
O devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se não lhe
for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se encontram
no artigo 320:
Artigo 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará
o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o
tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
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Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se
de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do devedor.
Assim, se nada for estipulado, o credor deverá ir até o devedor para buscar o pagamento.
Domicílio do devedor – dívida quesível ou quérable.
Domicílio do credor ou outro domicílio escolhido dívida portável ou portable.
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será efetuado
o pagamento. Importante lembrar que se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em
prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Muito importante:
Artigo 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato.
Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a aplicação da
“SUPRESSIO” e da “SURRECTIO”.
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“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar do tempo.
Já a “SURRECTIO” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo, perde o
direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo domicílio
para efetuar o pagamento.
Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não houver
data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá ser exigido à vista (cuidar o contrato de
mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC).
Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso
ocorre:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais,
e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
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III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar
incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
*Para vários doutrinadores, este rol seria exemplificativo.
Como a consequência da consignação é a liberação do devedor, como se tivesse
realizado o pagamento, para que a consignação tenha então FORÇA DE PAGAMENTO, é
necessário que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos
sem os quais não é válido o pagamento.
MUITO IMPORTANTE:
A consignação deverá ser requerida no LUGAR do pagamento – artigo 337 do CC.
Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta,
senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer
dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.
Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir,
poderá qualquer deles requerer a consignação. Este é o único caso em que um credor pode
pedir a consignação.
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Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias dívidas com um
mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor poderá escolher qual delas
ele quer pagar.
Requisitos para a imputação:
▪ Mesmo credor e devedor
▪ Plural de dívidas
▪ Líquidas e vencidas
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Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). Se o
devedor nada fizer, então se transfere o direito de escolha ao credor (Artigo 353). Caso nem o
devedor, nem credor se manifestem, então teremos a imputação legal, ou seja, a lei, no seu
artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas: Se o devedor não fizer a indicação do
art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas
em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação
far-se-á na mais onerosa. Assim:
1. Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros/
2. A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar;
3. Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na mais
onerosa.
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Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo 367). Assim, a
obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação.
No artigo 360 temos as hipóteses de novação.
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
▪ Temos aqui a novação REAL.
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
▪ Chamada de novação subjetiva passiva, já que além da criação de nova dívida,
extinguindo a anterior, também temos a troca do polo passivo (devedor).
▪ Se o devedor original não foi chamado para consentir (artigo 363) teremos a novação
subjetiva passiva por expromissão.
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor
quite com este.
▪ Chamada de novação subjetiva ativa, já que além da criação de nova dívida, extinguindo
a anterior, também temos a troca do polo ativo (troca de credor).
Requisitos:
▪ Sujeitos são credores e devedores entre eles;
▪ Dívidas líquidas vencidas e fungíveis;
▪ Se houver determinação de qualidade, somente se compensam se for a mesma
qualidade.
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Prazos de favor não obstam a compensação (artigo 372). Prazos de favor são prazos que
os credores dão para seus devedores, de forma a aumentar o prazo para pagamento.
A diferença da causa, do motivo pela qual a compensação pode ocorrer, não impede
compensação. No entanto, há casos em que não é possível a compensação (artigo 373):
I - se provier de esbulho, furto ou roubo (presença de atos ilícitos);
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de
renúncia prévia de uma delas.
Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem
dedução das despesas necessárias à operação.
Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no
compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.
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O Código Civil dá grande importância para o inadimplemento das obrigações. Temos aqui
a responsabilidade civil contratual, que se encontra nos artigos 389 e seguintes.
A partir do inadimplemento, nasce o dever de indenizar perdas e danos (artigos 402, 403
e 404 do CC).
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Como regra, de acordo com o artigo 389 não cumprida a obrigação, responde o devedor
por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado. No entanto, (artigo 393) o devedor não responde pelos
prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado. Caso fortuito é evento totalmente imprevisível. Força maior é evento previsível,
porém inevitável. Na parte final do artigo 393 é dito que se a parte assumir o risco (Cláusula de
assunção convencional) então mesmo em caso fortuito/força maior irá responder.
Classificação da mora:
A – Mora “ex re” ou mora automática: Se houver data para adimplemento da obrigação e não for
cumprida, temos que o seu inadimplemento já constitui automaticamente em mora o devedor.
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B – Mora “ex persona” ou mora pendente: Se não houver data (termo), a mora precisa primeiro
ser constituída através de interpelação judicial ou extrajudicial.
C – Mora irregular ou presumida: Artigo 398: Nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.
Mora do credor: Artigo 400: A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à
responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas
empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor,
se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
A mora do credor é chamada de mora “accipiendi, creditoris ou credenti”.
Há ainda a colocação do artigo 399, que trata sobre a responsabilidade do devedor que, em
mora, responde pela impossibilidade da prestação, mesmo que essa impossibilidade resulta de
caso fortuito ou força maior. O devedor poderá se isentar de tal responsabilidade se comprovar
que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse cumprida pelo devedor.
Como com a mora (inadimplemento relativo) é possível o cumprimento da obrigação,
podemos ter então a chamada PURGA DA MORA: Artigo 401:
Inadimplemento absoluto da obrigação: Não cumprida a obrigação, temos o artigo 389, que
diz que o inadimplente responde pelo valor do objeto, mais perdas e danos, juros, cláusula penal
(se prevista) atualização monetária, custas e honorários do advogado (somente teremos
honorários se o advogado participou efetivamente).
Entende a doutrina que a menção aos honorários no artigo 389 e também no 404 é de honorários
contratuais e não sucumbenciais.
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▪ Súmula 380 STJ: A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a
caracterização da mora do autor.
▪ Súmula 369 STJ: No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula
resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora.
▪ Súmula 412 STF: No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento,
a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui
indenização maior a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do
processo.
▪ Súmula 562 STF: Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a
atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, os índices de
correção monetária.
▪ Súmula 426 STJ: Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da
citação.
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A doutrina entende que a multa moratória deve ter um teto de até 10% sobre o valor da
dívida. Já para contratos de consumo, o valor é de até 2%.
O artigo 411 trata especificadamente da clausula penal moratória, já que diz: Quando se
estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula
determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o
desempenho da obrigação principal. Assim, quando houver clausula penal moratória, poderá o
credor exigir o cumprimento da obrigação E o cumprimento da clausula penal moratória.
2 – Clausula penal compensatória: no caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função
de antecipar as perdas e danos
Aqui temos a aplicação da regra do artigo 412: O valor da cominação imposta na cláusula
penal não pode exceder o da obrigação principal.
Neste caso não poderá o credor exigir o cumprimento da obrigação E também a multa
compensatória: Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor (artigo 410).
*Se a clausula penal tiver um valor excessivo, deverá o juiz reduzir: A penalidade deve ser
reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o
montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a
finalidade do negócio. (artigo 413).
Importa lembrar que o STJ entende que se houver clausula penal para uma parte do contrato e
quem infringiu foi a outra parte (que não tem previsão de cláusula penal) ela deve ser aplicada
para ambos os contratantes, indistintamente, ainda que redigida para a aplicação de apenas uma
das partes.
➔ Não é necessária a comprovação de culpa do devedor, para que se possa solicitar a
incidência da clausula penal: Para exigir a pena convencional, não é necessário que o
credor alegue prejuízo (artigo 416).
Ainda que o prejuízo exceda o previsto na clausula penal, não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi convencionado. e o tiver sido, a pena vale como
mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
Assim, não se pode cumular multa compensatória com indenização por perdas e danos
decorrentes do inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato estiver previsto tal
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QUESTÕES DA PROVA
(XXIV Exame– FGV) Após se aposentar, Álvaro, que mora com sua esposa em Brasília, adquiriu
de Valério um imóvel, hipotecado, localizado na cidade do Rio de Janeiro, por meio de escritura
pública de cessão de direitos e obrigações.
Com a intenção de extinguir a hipoteca, Álvaro pretende pagar a dívida de Valério, mas encontra
obstáculos para realizar o seu desejo, já que a instituição credora hipotecária não participou da
aquisição do imóvel e alega que o pagamento não pode ser realizado por pessoa estranha ao
vínculo obrigacional.
Diante dessa situação, responda aos itens a seguir.
A) Qual é a medida judicial mais adequada para assegurar o interesse de Álvaro? (Valor: 0,85)
Gabarito comentado FGV: Álvaro é terceiro interessado no pagamento desta dívida, sendo,
portanto, parte legítima para ingressar com uma ação de consignação em pagamento, meio mais
adequado conducente à exoneração do devedor, nos termos do Art. 304 do Código Civil.
B) Qual o foro competente para processar e julgar a referida medida? (Valor: 0,40)
Gabarito comentado FGV: O foro competente é o da cidade do Rio de Janeiro, o lugar do
pagamento, como prescreve o Artigo 540 do CPC/15.
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(XX Exame Reaplicação Porto Velho / RO - FGV) Avelino, Ferdinando e Tábata, engenheiros
recém-formados, resolveram iniciar em conjunto um negócio, sem constituir pessoa jurídica, cujo
objeto seria a reforma de imóveis usados. Para dar início à empreitada, os três se utilizaram de
financiamento bancário, assumido em caráter solidário, com prazo de pagamento de dois anos.
O negócio se desenvolveu bem, mostrando-se lucrativo, e os três engenheiros foram compondo
uma reserva financeira que se destinaria a pagar o empréstimo. A quantia necessária acaba por
ser amealhada com seis meses de antecedência.
Avelino, responsável pela gestão econômico-financeira do empreendimento, decidiu manter o
dinheiro aplicado até o vencimento da dívida, em vez de antecipar o pagamento. Ocorre que
Avelino esqueceu de pagar a dívida, razão pela qual, Ferdinando e Tábata, receberam
interpelação do banco credor, exigindo o pagamento imediato da dívida, acrescida da multa
contratual e dos juros de mora.
Com vistas a evitar maiores constrangimentos e na impossibilidade de se comunicar com
Avelino, um deles, Ferdinando, resolveu quitar, com recursos próprios, a dívida toda.
Com base no caso narrado, responda aos itens a seguir.
A) O que Ferdinando poderá exigir de cada um dos demais devedores solidários? (Valor: 0,70)
Gabarito comentado FGV: Tratando-se de solidariedade passiva, todos os três devedores são
obrigados, perante o credor, pela dívida toda (Art. 275 do Código Civil). Na hipótese de um deles
efetuar o pagamento, este se sub-roga nos direitos do credor em face dos demais, podendo
exigir, de cada um, a sua cota-parte, conforme Art. 283 do Código Civil. No entanto, apenas o
devedor culpado responde, perante os demais, pelos acréscimos derivados da mora, segundo o
Art. 280 do Código Civil. Sendo assim, se Ferdinando pagar a dívida toda, poderá exigir de
Tábata o equivalente a um terço da obrigação principal e de Avelino o equivalente a um terço da
obrigação principal, além do valor integral da multa e dos juros de mora.
B) Se Ferdinando fosse citado pelo banco, em ação de cobrança ajuizada sob o procedimento
comum, poderia ele promover a inclusão dos demais devedores na relação processual, a fim de
exigir-lhes o que de direito nos mesmos autos? De que forma? (Valor: 0,55)
Gabarito comentado FGV: Sim. Para isso, Ferdinando deverá promover o chamamento ao
processo dos demais devedores solidários, com fundamento no Art. 130, inciso III, do CPC/15.
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS
ITEM PONTUAÇÃO
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A) Fernando poderá exigir de Tábata um terço da obrigação principal 0,00 / 0,20 / 0,30 / 0,40
(0,20) (art. 283 do CC)(0,10). Fernando poderá exigir de Avelino um / 0,50 / 0,60 / 0,70
terço da obrigação principal e, ainda, a integralidade dos acréscimos
moratórios – multa penal e juros de mora (0,30) (art. 280 do CC)
(0,10).
B) Sim. Meio adequado à pretensão: chamamento ao processo 0,00 / 0,45 / 0,55
(0,45), conforme o art. 130, inciso III, do CPC/15 (0,10).
(XVII Exame – FGV) Mario e Henrique celebraram contrato de compra e venda, tendo por objeto
uma máquina de cortar grama, ficando ajustado o preço de R$ 1.000,00 e definido o foro da
comarca da capital do Rio de Janeiro para dirimir quaisquer conflitos. Ficou acordado, ainda, que
o cheque nº 007, da Agência nº 507, do Banco X, emitido por Mário para o pagamento da dívida,
seria pós-datado para ser depositado em 30 dias. Ocorre, porém, que, nesse ínterim, Mário ficou
desempregado. Decorrido o prazo convencionado, Henrique efetuou a apresentação do cheque,
que foi devolvido por insuficiência de fundos. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi
compensado pelo mesmo motivo, acarretando a inclusão do nome de Mário nos cadastros de
inadimplentes.
Passados dez meses, Mário conseguiu um novo emprego e, diante da inércia de Henrique, que
permanece de posse do cheque, em cobrar a dívida, procurou-o a fim de quitar o débito.
Entretanto, Henrique havia se mudado e Mário não conseguiu informações sobre seu paradeiro,
o que inviabilizou o contato pela via postal.
Mário, querendo saldar a dívida e restabelecer seu crédito perante as instituições financeiras
procura um advogado para que sejam adotadas as providências cabíveis.
Com base no caso apresentado, elabore a peça processual adequada. (Valor: 5,00)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não
confere pontuação.
Gabarito comentado FGV (ATENÇÃO: NESTE EXAME FOI UTILIZADO O CPC/73): A peça
cabível consiste em uma Ação de Consignação em Pagamento, nos termos dos artigos 890 a
900 do CPC e dos artigos 334 a 345 do Código Civil. A demanda deverá ser proposta perante
uma das Varas Cíveis da Comarca do Rio de Janeiro. Deverá Mário figurar no polo ativo e
Henrique no polo passivo, atendendo-se aos requisitos previstos no Art. 282 do CPC.
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OBSERVAÇÃO
Correspondências entre o CPC/73 e o CPC/15:
CPC 1973 CPC 2015
Artigos 890 a 900 do CPC Artigos 539 a 549 do CPC
Artigo 282 do CPC Artigo 319 do CPC
Tutela antecipada Tutela provisória
Art. 294 e seguintes do
Artigo 273 do CPC
CPC
Artigo 269, I, do CPC Art. 487, I, do CPC
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Estruturação adequada da peça: Fato (0,10), fundamento (0,20) e 0,00 /0,10 / 0,20/
pedido (0,25) 0,25, /0,30/ 0,35/
0,45 /0,55
Valor da Causa (Art. 282, do CPC) (0,20) 0,00 / 0,20
Local, data, assinatura e OAB do advogado (0,10) 0,00 / 0,10
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