Práticas de Letramento No Ensino Da Língua Inglesa
Práticas de Letramento No Ensino Da Língua Inglesa
Práticas de Letramento No Ensino Da Língua Inglesa
2018
SOUTH AMERICAN JOURNAL OF BASIC EDUCATION, TECHNICAL AND TECHNOLOGICAL – ISSN:2446-4821 | V.6 SUPLEMENTO N.4 ANO 2019 1
ANAIS DO III SILLIC
2018
REALIZAÇÃO:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO
ORGANIZAÇÃO DO EVENTO:
Grupo de Estudos em Leitura, Linguagens e Identidade Cultural
APOIO:
Reitoria do IFRO
Pró-Reitoria de Pesquisa - PROPESP
Pró-Reitoria de Ensino - PROEN
Pró-Reitoria de Extensão - PROEX
Direção Geral Campus Ji-Paraná
Departamento de Extensão Campus Ji-Paraná
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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Reitor
Uberlando Tiburtino Leite
Pró-Reitora de Ensino
Moisés José Rosa de Souza
Pró-Reitora de Extensão
Maria Goreth Araújo Reis
Pró-Reitor de Planejamento
Jéssica Cristina Pereira Santos
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COMITÊ CIENTÍFICO DO III SILLIC
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SUMÁRIO
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12- ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO - Jéssica Gomes dos
Santos; Wendell Fiori de Faria..............................................................................................171
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3- A EXTENSÃO COMO FERRAMENTA PARA PROCESSOS DE REVITALIZAÇÃO
CULTURAL - Jania Maria de Paula¹; Juliana Ap. da Silva; Marina B.Soltovski................362
12- DÊITICOS EM UMA NARRATIVA SURDA - Jacó da Silva Cruz; Rafaela Felix.....492
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APRESENTAÇÃO
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ARTIGOS
ÁREA: ENSINO
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III SILLIC
Simpósio em Leitura, Linguagens e Identidade Cultural
IFRO – Campus Ji-Paraná
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O estudo e oficinas aqui citados na sua fase inicial fez parte do estudo desenvolvido e apresentado
para o Curso de pós-graduação da Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena – AJES, como
exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Língua Inglesa e Novos Conceitos em Educação,
Teoria e Prática no ano de 2007. Mesmo após a apresentação prossegui o estudo e aplicação de outras oficinas
até 2009 quando lecionava Língua Inglesa na rede Estadual do Município de Colorado do Oeste - Rondônia.
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Palavras-chave: Ensino de Língua Inglesa. Música. Letramento Social.
Abstract: The presente article is a bibliographical review that starts from the understanding
of music as a textual genre that reflects the human being and all his inner world; it can be a
refuge from the emotional as well as a liberation, since it expresses the whole self. Before its
relevance to the constitution of the individual, this article initially presents music as one of
the first forms of man’s communication and his relation with literature as a means of
expression of the emphasize its importance in the classroom. The study also includes data of
some interdisciplinar reading practices in the teaching of the English Language carried out
from workshop with the textual genre of music, with students of Elementary School II and
High School of Public Schools of the city of Colorado do Oeste, Rondônia in the period from
2007 to 2009; thus revealing that work with music gives the condition of stimulating
sensitivity and forming creative subjects. For the analysis and discussion of the results are
remembered studies about teaching of Foreign Language as from Leffa (2003 and 2007);
Revuz (2002); Paiva (2001) and Rojo (2009 e 2012). It concludes by showing how much the
textual genre music in the classroom enriches the vocabular and gramatical acquisition of the
English Language, as well as provides gradual autonomy and communicative competence in
the target language. Such a genre also constitutes a collaborative pedagogical resource for
social literacy, since it allows the student to interact critically in a society in which a large part
of the activities are sustained by reading and writing.
1. INTRODUÇÃO
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desenvolvimento de diversas áreas do cérebro humano e da linguagem Muszkat, Correia, e
Campos (2000) [2].
Podendo ter surgido da necessidade humana em se comunicar, a música, por muitos
séculos, teve na transmissão oral sua base de difusão através das gerações. Essa ausência de
registros precisos resultou em enormes dificuldades na formulação histórica da origem da
música. As diferentes fontes de informação sobre o passado dessa arte apontam a existência
de “práticas musicais em diferentes civilizações no mundo”, Frenda (2013) [3], e de forma
simultânea tais civilizações apresentam práticas comuns relacionadas a seus rituais, suas
danças e festividades.
Segundo Corrêa (1975) [4] a vida musical na antiguidade nos foi transmitida a partir
de pinturas e esculturas feitas em vasos e em túmulos, além de inscrições e documentos com
desenhos de dançarinos e instrumentos musicais. Porém essas informações são insuficientes
para dar uma ideia objetiva de como eram usados os instrumentos musicais.
A Literatura, como a arte de se expressar por meio das palavras, sempre esteve
extremamente relacionada às artes em geral e aos costumes de uma sociedade em determinada
época; e de tal maneira a música sempre fez e faz companhia a Literatura no intuito de
auxiliar na expressão do interior humano. Conforme Furtado (2010) [5] “Desde a Antiguidade
o texto literário adapta-se à música, bem como a música adapta-se ao texto literário, mais
precisamente, à poesia”.
Na Grécia antiga poesia e música apresentavam uma ligação com aspectos de divino,
mítico, superior e possuíam poder essencial na formação do caráter e do espírito do indivíduo,
por isso eram consideradas partes integrantes da cultura e da educação do povo grego, além
de relacionar-se ao entretenimento e à religião. Na Idade Média surge o poeta trovadoresco
que - com o auxílio de seus instrumentos como alaúde, lira, cítara, viola e harpa - tinha em
suas composições o ideal maior de serem acompanhadas de música e serem cantadas. No
Renascimento destaca-se o surgimento da Ópera que segundo o dicionário Michaelis (2018)
[6] é “obra dramática musicada, geralmente sem diálogos falados, constituídas por recitativos,
árias, coro e acompanhamento orquestral e, algumas vezes, por dança”.
Nas palavras de Furtado (2010) [5], a partir do Romantismo e consequentemente com
o Simbolismo e o Modernismo “a relação da poesia com a música voltou a ser muito
profunda, tendo mesmo a música alcançado o estatuto de arte por excelência”. O mesmo autor
ainda traz uma inquietante reflexão com relação à marginalização da música principalmente
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em ambiente acadêmico, visto que mesmo depois das grandes conquistas alcançadas na área
musical, esse gênero ainda continua a ocupar “um espaço reduzido nas preocupações
teóricas”.
A autora Swanwick (2003) [7] no terceiro capítulo de sua obra Ensinando Música
Musicalmente, também apresenta a importância dos sistemas educacionais em reconhecer a
diversidade para que não continue a ocorrer “a subcultura da música escolar” e suas ideias são
reforçadas com a seguinte assertiva: “a educação musical das escolas e faculdades pode
tornar-se um sistema fechado quando deixa para trás ou pega os restos de ideias e eventos do
mundo mais amplo”. É diante dessa reflexão que o Letramento Social surge como uma
perspectiva para sustentar o Ensino de Língua Inglesa a partir de eventos com o gênero letra
de música como se verá adiante.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Esse estudo foi realizado no período de 2007 a 2009, em Escolas Públicas Estaduais
no município de Colorado do Oeste, Rondônia, onde lecionei a disciplina de Língua Inglesa.
Foi realizado nesse percurso de três anos um total de 11 oficinas utilizando o gênero música
para abordar os conteúdos exigidos conforme a série do estudante. Participaram dessas
oficinas um total de 7 turmas: uma turma de 8º e outra do 9º ano do Ensino Fundamental II,
duas turmas do 1º, duas turmas do 2º e uma do 3º ano do Ensino Médio. Aproximadamente
houve a participação de 250 alunos.
As oficinas foram realizadas nas aulas de língua inglesa, mas com intervalos de tempo
entre uma e outra oficina, visto que havia grande preocupação por parte da comunidade
escolar com a utilização do livro didático de língua inglesa e sua consequente finalização até o
término do ano letivo. Contudo a respeito disso fazemos uma ressalva com as ideias de Leffa
(2003) [8]: “O conflito entre aprender e ensinar tem que ser resolvido a favor do aluno. O
professor precisa aprender a ensinar menos para que o aluno possa aprender mais”.
Entre os materiais utilizados nas oficinas estão: caixa de som, aparelho de som - CD
player portátil , televisão e data show. Para a possível utilização, todos os materiais deveriam
ser agendados com antecedência. Os computadores e o espaço do laboratório de informática
também foram utilizados nas oficinas. O pátio da escola igualmente fora bastante explorado
com as exposições de cartazes e outros trabalhos produzidos pelos estudantes, além de
apresentações de outras artes como dança, teatro e pintura proposta de modo integrado pelas
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atividades que envolviam as músicas inglesas. Uma mesma oficina foi utilizada em turmas
distintas. Em alguns momentos, professores de outras disciplinas e outras pessoas convidadas
participaram da aula dando contribuições aos temas abordados.
Os preparativos para as oficinas realizadas obedeceram ao seguinte procedimento:
a) Verificação do perfil dos estudantes quanto ao seu conhecimento e contato com a
língua inglesa. Grande parte dos jovens dizia não saber inglês, entretanto afirmava
gostar de ouvir músicas internacionais e alguns estudantes ousavam a cantar alguns
trechos10;
b) Utilização de uma caixinha de sugestões das músicas inglesas que os alunos gostavam
de ouvir. Aqui se verifica a abertura para o protagonismo do aluno em sugerir gêneros
musicais marginalizados e estereotipados. Percebe-se igualmente parte das sugestões
relacionadas ao mercado da música, pois muitos estudantes sugerem músicas que
estão no “topo do sucesso” no momento da solicitação das indicações (temática de
novelas e filmes, por exemplo).
c) Averiguação do conteúdo das letras das canções sugeridas, de modo a relacioná-la
com conteúdos que faziam parte do Plano de Ensino e que trariam conhecimentos
culturais diversos e riqueza vocabular em língua Inglesa;
d) Estudo dos conceitos sobre a aprendizagem de Línguas Estrangeiras e dos aspectos do
gênero música;
e) Envolvimento de outros professores para contribuições no trabalho, visto que muitas
músicas abordam temas culturais e históricos diversos, e a interdisciplinaridade
legitimaria uma prática educativa sem fragmentação;
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Foi justamente essa contradição (não gostar de inglês na escola, entretanto utilizá-lo constantemente
fora dos muros escolares) que nos fez pensar em estratégias que proporcionassem uma aproximação dos
estudantes em relação à aprendizagem da língua inglesa. E de tal forma o gênero textual música foi o que mais
se apresentou propício para torná-los agentes protagonistas em práticas letradas específicas, partindo
consequentemente da cultura de referência dos próprios alunos.
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A música estará separada por partes que serão entregues aos grupos, na qual em baixo
de cada trecho da canção haverá dois espaços em branco que serão preenchidos no decorrer da
atividade, conforme será representada a primeira estrofe da música através do quadro 1:
3) Em seguida, pedir que os alunos escrevam a ideia principal dos trechos tornando
compreensível a história narrada na música.
4) Os alunos deverão representar os trechos através de ilustrações ou figuras recortadas como
mostra a simulação da primeira estrofe da música no quadro 2 abaixo:
5) Cada grupo pesquisará textos retirados de revistas, jornais e internet sobre acidentes e
violência no trânsito para complementar a apresentação de sua ilustração da canção.
6) Convidar equipe do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito) da cidade para falar a
respeito de multas e acidentes envolvendo pessoas embriagadas (nível local e global);
7) Após leituras e reflexões sobre as principais causas dos acidentes de trânsito, pedir que os
alunos façam cartazes com desenhos e frases escritas em inglês incentivando as pessoas a
dirigirem com maior prudência e responsabilidade para expor na escola.
8) Para complementar essa atividade com a conscientização de que bebida e direção não podem
estar juntas, sugerem-se os vídeos abaixo referentes à Jaqueline Saburino Garcia (1978),
uma jovem venezuelana que participou de uma campanha publicitária contra bebidas
alcoólicas nos Estados Unidos. Entretanto são cenas fortes e o professor deve ter cautela
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quando for utilizá-la como ferramenta de conscientização, sempre fazendo a averiguação do
perfil da turma.
https://www.youtube.com/watch?v=jRAsCxxrBYg
https://www.youtube.com/watch?v=CykmJkPpP0M
Oficina 2: Music: Man! I Feel Like a Woman! (Singer: Shania Twain) – Em anexo
1. Num primeiro momento os alunos deverão ouvir a música com bastante atenção;
2. Entregar a letra da música e pedir que ouçam atenciosamente acompanhando a escrita, no
intuito de destacar as palavras intrusas, ou seja, que estão escritas, mas não fazem parte da
letra da canção.
3. Fazer os exercícios de compreensão oral da música.
4. Oportunizar a intertextualidade com textos que abordem a mesma temática: luta feminina
pela igualdade de direitos.
5. Elaborar conjuntamente com o professor de história uma retrospectiva sobre a
independência feminina conquistada nos últimos tempos, em seguida organizar um
debate.
6. Após o debate solicitar que façam um pequeno texto escrito sobre o assunto.
7. Deverão recortar em jornais e revistas mulheres desempenhando atividades diversificadas
para que em grupo produzam cartazes que apresentarão duas partes: Woman of Today &
Woman of yesterday.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No início das aulas de língua Inglesa observou-se que apesar da afirmação de vários
alunos em gostar de ouvir músicas e/ou assistirem filmes/séries em língua inglesa, em
contrapartida havia um maior número de alunos que rejeitavam aprender o novo idioma. Leffa
(2007) [9] já afirmara sobre esse processo de autoexclusão em língua estrangeira: “O aluno
está na escola, mas não com a escola. Frequenta a sala de aula como um clandestino, sem
conseguir participar da comunidade de aprendizagem que se forma ao seu redor”.
Considerando essa ideia de Leffa (2007) [9], buscou-se apoio em músicas do cotidiano
dos estudantes, previamente analisadas, no intuito de interligar conhecimentos diversos com
conteúdos escolares, diminuindo o distanciamento do aprendiz com a língua estrangeira. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de Língua Estrangeira (BRASIL, 2002) [10]
também ressaltam a importância de discutir a dimensão afetiva, especialmente em se tratando
de avaliação da aprendizagem de uma Língua Estrangeira, pois:
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intuição para com o que é certo e o que é errado e a discrepância entre o estilo de
aprendizagem do aluno e o que o professor enfatiza.
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pessoal em atividades de apreciação e produção. A diversidade permite ao aluno a
construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da
humanidade, (...)
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Duas estudantes de turmas distintas relataram-me o seguinte: uma disse que durante as atividades que
utilizavam músicas inglesas, ela não podia participar cantando, pois sua religião não permitia cantar músicas
mundanas, só os hinos da igreja dela; a outra aluna recusou-se a confeccionar em grupo um jogo que faria parte
do processo avaliativo (na qual optei por realizar outra atividade como forma de efetivar sua avaliação
individual), justificara que sua religião proibia qualquer envolvimento com jogo. Assim pode-se perceber que a
dificuldade da aprendizagem em parte estava relacionada indiretamente aos dogmas de suas religiões que
deveriam ser respeitados.
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Ao refletir sobre o conceito Letramento a partir de estudos recentes, percebe-se a
abrangência do termo para Letramento no plural (ROJO, 2009) [14], indicando o seu
envolvimento com a complexidade e multiplicidade de práticas (letramentos múltiplos)
resultado das transformações contemporâneas referentes aos aspectos de ensino-
aprendizagem. Assim os novos estudos destacam, conforme Rojo (2009) [14] que:
Nessa ótica percebe-se que a música enquanto gênero discursivo que circula fora dos
muros escolares passa a ser instrumento para a democratização do saber e que
simultaneamente desperta a sensibilidade dos aprendizes para o aprendizado de conteúdos
diversos. Nesse sentido, a aprendizagem da língua estrangeira torna-se essencial aos alunos,
em especial ao das classes menos favorecidas, por poder contribuir, dentre outros fatores, no
desenvolvimento das quatro habilidades comunicativas: compreensão escrita ou leitura
(Reading), produção escrita (Writing), compreensão oral (Listening), produção oral
(Speaking).
Consequentemente, percebe-se que a escola substitui o ensino de uma língua que
anteriormente era visto como um fenômeno estático que contemplava basicamente normas e
adequações de um sistema gráfico (essa sendo sempre uma das grandes reclamações dos
estudantes), para considerar a linguagem como um fenômeno vinculado ao contexto social
dos sujeitos envolvidos numa abordagem de Letramento Social. Assim concordamos com
Moita Lopes (1996) [15] quando o autor afirma que os objetivos mais gerais do aprendizado
de uma língua estrangeira envolvem fatores como consciência linguística sobre língua
materna e língua estrangeira e “contato com aspectos de outras culturas que favorecem a
compreensão de sua própria etc.,”.
Dessa maneira, os alunos conseguiram através das letras das canções aumentar seu
vocabulário em língua inglesa, apreender conteúdos propostos por várias disciplinas e ainda
ampliar sua visão de mundo, refletir sobre seus valores e conhecimentos na medida em que
leram diferentes linguagens e obtiveram uma vivência significativa no novo idioma dentro e
fora dos muros escolares. Chegamos assim numa perspectiva conclusiva de que o ensino da
língua estrangeira através da música se tornou ímã para práticas educativas interdisciplinares
e resultou na aquisição de letramentos múltiplos, com ênfase para o letramento Social.
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Paiva (2001) [16] reconhece as potencialidades da Web para o ensino da língua
inglesa, mas assevera que o desafio encontra-se nas mudanças de atitude dos docentes e
discentes. De tal forma podemos reafirmar esse desafio em meio aos Multiletramentos
presentes na nossa sociedade hipermoderna:
O aluno bem sucedido não é mais o que armazena informações, mas aquele que se
torna um bom usuário da informação. O bom professor não é mais o que tudo sabe,
mas aquele que sabe promover ambientes que promovem a autonomia do aprendiz e
que os desafia a aprender com o (s) outro(s) através de interação e de colaboração.
Portanto trabalhar novos letramentos (ROJO, 2012) [17] envolveu não só o uso de
novas tecnologias, mas, sobretudo um trabalho que partiu das culturas de referência dos
estudantes (popular, local, de massa) e de gêneros, mídias e linguagens por eles conhecidos,
no intuito de moldar um aluno ético, crítico, democrático e protagonista.
4. CONCLUSÕES
Sabe-se que o cérebro capta o que é interessante para si. Assim o enfoque da língua
estrangeira a partir do gênero música proporciona um ensino significativo que oferece novas
informações, revela elementos das culturas diversas, colabora na ampliação vocabular e ainda
oportuniza o contato com diversos aspectos usuais da língua, como gírias, expressões
idiomáticas, entre outros.
Vale salientar que não se quer mostrar uma receita pronta e infalível para a aquisição
de uma língua estrangeira, visto que o ensino com o gênero música é apenas uma das várias
maneiras de estar oportunizando a democratização do saber sob a perspectiva dos letramentos
múltiplos. E cada professor poderá selecionar as músicas com os estudantes envolvidos, de
acordo com os objetivos pretendidos em sua proposta pedagógica.
De tal forma o trabalho com gênero música na aprendizagem de uma Língua
Estrangeira servira apenas para exemplificar o quanto há uma infinidade de estratégias para
tornar o ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira mais envolvente e significativa,
quando suas letras abordam temas de relevância sociocultural e de caráter interdisciplinar,
podendo estabelecer relações de intertextualidade, e contribuir para a formação ética do aluno
como cidadão através do envolvimento com práticas sociais diversas.
REFERÊNCIAS
[1] ANDRADE, Mário. Pequena história da música. São Paulo: Martins, 1972.
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[2] MUSZKAT, M; CORREIA, CMF; CAMPOS, SM. Música e Neurociências. In: Revista
de Neurociências. 8 (2): 70 – 75, 2000.
[3] FRENDA, Perla; GUSMÂO, Tatiane Cristina; BOZZANO, Hugo Luis Barbosa. Arte em
interação. 1 ed. São Paulo: IBEP, 2013. 512 p.: il.; 28 cm.
[4] CORRÊA, Sergio Ricardo da Silveira. Ouvinte Consciente: Arte Musical – Comunicação
e Expressão – 1º Grau. 7 ed. São Paulo: Brasil, 1975.
[9] LEFFA. Vilson J. Pra que estudar inglês, profe?: Auto-exclusão em língua-estrangeira.
Claritas, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 47-65, maio 2007.
[13] REVUZ. Christine. A Língua estrangeira entre o desejo de um outro lugar e o risco
do exílio. In: SIGNORINI, Inês (Org.). Língua(gem) e Identidade: elementos para uma
discussão no campo aplicado. Campinas, SP: Mercado das Letras. FAPESP. 2002.
[14] ROJO, Roxane. Letramentos Múltiplos, escola e inclusão Social. São Paulo: Parábola
Editorial, 2009
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[15] MOITA LOPES, Luis Paulo da. A função da aprendizagem de línguas estrangeiras
na Escola pública. In Oficina de Linguística Aplicada: a natureza social e educacional dos
processos de ensino/aprendizagem de línguas. Campinas: Mercardo de Letras, 1996.pp. 127-
136.
[16] PAIVA. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e. A WWW e o Ensino de Inglês. Ver.
Brasileira de Linguística Aplicada, v. I, n. I, 93-116, 2001.
[17] ROJO. Roxane; MOURA, Eduardo (Org.). Multiletramentos na Escola. São Paulo:
Parábola Editorial, 2012.
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ANEXO
OFICINA 1 OFICINA 2
Music: Last Kiss MUSIC: Man! I Feel Like a Woman!
(Pearl Jam) (Shania Twain)
chorus:
I’ll never forget the sound that night
Oh, oh, oh, go totally crazy – forget I’m a lady
The screaming tires, the busting glass Men’s shirts – short skirts
Oh, oh, oh, really go wild – yeah, doin’ it in style
The painful scream that I heard last
Oh, oh, oh, get in the action – fell the attraction
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