Cod Mar CV
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Cod Mar CV
I Série
Número 44
BOLETIM OFICIAL
SUMÁRIO
CONSELHO DE MINISTROS:
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1750 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
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Fica revogada toda a legislação que contrarie o disposto O Presidente da República, PEDRO VERONA RO-
no presente Código e, em especial: DRIGUES PIRES
i) Decreto-Lei nº 36/98, de 31 de Agosto, que regula o 1. Sem prejuízo do disposto em cada um dos seus
contrato de transporte de passageiros por mar; Livros, as disposições do presente Código se aplicam a
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todos os navios, seja qual for a nacionalidade do navio 2. Consideram-se navios de Estado, os navios de guer-
ou a nacionalidade e residência dos seus proprietários ra, iates, navios de fiscalização, navios hospitais, navios
ou armadores. auxiliares, navios de reabastecimento e outros perten-
centes ao Estado ou por ele explorados e afectos exclu-
2. Os navios nacionais ficam sujeitos às disposições do sivamente a um serviço governamental e não comercial.
presente Código onde quer que se encontrem, sem prejuí-
zo das competências conferidas a outros Estados e portos 3. São navios de guerra, os de Estado adstritos às forças
por convenções internacionais vigentes em Cabo Verde. armadas, que trazem os símbolos exteriores distintivos
dos navios de guerra de sua nacionalidade e que se
3. As disposições do presente Código se aplicam igual- encontrem sob o comando de um oficial militar devida-
mente a navios estrangeiros, em particular as que regu- mente designado pelo Governo, cujo nome esteja inscrito
lam a navegação pelos espaços marítimos da República no escalão de oficiais ou num documento equivalente e
de Cabo Verde e estadia nos portos nacionais. cuja dotação esteja submetida à disciplina das forças
4. O disposto no número anterior, não prejudica as armadas regulares.
competências que possam corresponder ao Estado de CAPÍTULO II
pavilhão ou a outro Estado do porto, conforme as conven-
ções internacionais vigentes em Cabo Verde, assim como Da precedência de fontes
o estabelecido no Título VII do Livro II deste Código para Artigo 6.º
os navios estrangeiros de Estado.
Hierarquia de fontes
Artigo 3.º
1. O disposto no presente Código é de aplicação subsi-
Aplicação a embarcações, artefactos navais e aeronaves
diária em relação às matérias reguladas nas convenções
1. Salvo disposição em contrário, as normas do presente internacionais vigentes em Cabo Verde.
Código referidas a navios são aplicáveis às embarcações
2. Na falta de norma escrita aplicável às matérias
e aos artefactos navais, com as necessárias adaptações.
reguladas no presente Código, deve-se recorrer sucessiva-
2. As normas dos livros II e III, são igualmente apli- mente, aos usos da navegação marítima, aos princípios do
cáveis às aeronaves que se encontrem na água, salvo direito marítimo, aos princípios da legislação comercial,
disposição expressa em contrário. civil, laboral, administrativa ou processual, conforme a
natureza da matéria a regular.
3. O Governo pode, através de Regulamentos, isentar a
aplicação de algumas normas do presente Código a deter- Artigo 7.º
minadas classes de embarcações ou de artefactos navais. Interpretação uniforme
4. O regime dos engenhos flutuantes de cumprimento Na interpretação das normas das convenções maríti-
inferior a 2,5 (dois vírgula cinco) metros utilizados para mas internacionais vigentes em Cabo Verde e na inter-
o transporte por água é regulamentado pelo membro do pretação das disposições do presente Código referentes
Governo responsável pela administração marítima. a matérias reguladas por convenções marítimas inter-
Artigo 4.º
nacionais não vigentes em Cabo Verde, deve-se procurar
alcançar a uniformidade internacional.
Navegação de recreio
TÍTULO II
1. As embarcações de recreio e seu regime de navegação
estão sujeitos a legislação especial, sem prejuízo da apli- DA ADMINISTRAÇÃO MARÍTIMA
cação subsidiária das disposições do presente Código, na
CAPÍTULO I
medida em que estas estejam em conformidade com a
natureza das suas actividades. Das administrações marítimas e sua organização
territorial
2. Considera-se embarcação de recreio todo engenho ou
aparelho de qualquer natureza, com comprimento entre Artigo 8.º
2,5 (dois vírgula cinco ) metros e 24( vinte e quatro) me- Administrações marítimas
tros, utilizado ou susceptível de ser utilizado como meio
de deslocação na água, aplicado nos desportos náuticos, 1. Salvo disposição em contrário, cabe à administração
ou em simples lazer, sem fins lucrativos. marítima a competência administrativa sobre matérias
objecto do presente Código.
3. As motos de água, independentemente do seu com-
primento integram o conceito de embarcações de recreio 2. Para efeitos do disposto no presente Código, entende-
para efeitos de aplicação do presente Código. se por administração marítima, o Instituto Marítimo
Portuário abreviadamente, designado por IMP, ou outra
Artigo 5.º
autoridade, entidade ou serviço sob dependência ou tutela
Exclusão de navios de Estado do Governo que venha a dispor de atribuições e exerça
competências sobre matérias objecto do Código.
1. O disposto no presente Código, não se aplica aos
navios de Estado, salvo os casos expressamente nele 3. Sem prejuízo do disposto no presente Código, as com-
previstos. petências dos órgãos e serviços das entidades previstas
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Princípios fundamentais
A República de Cabo Verde pode, no interior das suas
O regime jurídico dos bens do domínio público marí- águas arquipelágicas, traçar linhas de fecho para a de-
timo tem como base os princípios da inalienabilidade, limitação de águas interiores.
da imprescritibilidade, da impenhorabilidade e da de- Artigo 17.º
safectação.
Acordos internacionais
Artigo 12.º
Remissão Sem prejuízo do disposto no artigo 15.º, a República
de Cabo Verde respeita quaisquer acordos existentes
1. O regime jurídico da definição, delimitação de zonas
que se relacionem com actividades nas suas águas ar-
do domínio público marítimo, sua utilização, fiscalização
quipelágicas.
e registo está sujeito a legislação especial.
2. A extracção de areia, hidrocarbonetos, minerais ou CAPÍTULO III
quaisquer outros recursos não vivos nas zonas do domínio
Do mar territorial
público marítimo está igualmente sujeita a legislação
especial. Artigo 18.º
DOS ESPAÇOS MARÍTIMOS NACIONAIS O mar territorial de Cabo Verde tem a largura de 12
CAPÍTULO I (doze) milhas marítimas, medidas a partir das linhas de
base definidas no artigo 28º.
Das áreas marítimas
Artigo 19.º
Artigo 13.º
Águas marítimas Soberania sobre o mar territorial
De acordo com o direito internacional, as áreas maríti- No mar territorial, a República de Cabo Verde exerce
mas sujeitas à jurisdição da República de Cabo Verde são: soberania sobre:
a) As águas interiores; a) A coluna de água;
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d) Os recursos vivos e não -vivos. 1. Sem prejuízo do disposto no artigo 30º, na zona eco-
nómica exclusiva todos os Estados gozam:
CAPÍTULO IV
a) Da liberdade de navegação; e
Da zona contígua
b) Da liberdade de sobrevoo.
Artigo 20.º
2. O exercício das liberdades e dos direitos afins a que
Extensão da zona contígua
se refere o número anterior deve respeitar os direitos
A República de Cabo Verde estabelece uma zona contí- soberanos, bem como as leis e regulamentos da República
gua ao mar territorial, cujo limite exterior é de 24 (vinte de Cabo Verde.
e quatro) milhas marítimas contadas a partir das linhas
3. No exercício das liberdades a que se refere o número
de base a que se refere o artigo 28º.
um, é proibida qualquer actividade não autorizada de
Artigo 21.º pesca, ou de pesquisa, bem como qualquer actividade que
Jurisdição na zona contígua provoque poluição ou atente contra o meio marinho ou
seja prejudicial aos recursos naturais da zona económica
A República de Cabo Verde na sua zona contígua exerce exclusiva ou aos interesses económicos da República de
o controlo necessário para prevenir e punir infracções Cabo Verde.
cometidas no seu território terrestre, águas interiores,
águas arquipelágicas e mar territorial, às leis e regula- CAPÍTULO VI
mentos aduaneiros, fiscais, sanitários e de emigração. Da plataforma continental
CAPÍTULO V Artigo 25.º
Na zona definida no artigo anterior a República de 2. Os direitos a que se refere o número anterior são ex-
Cabo Verde possui: clusivos, no sentido de que se a República de Cabo Verde
não explora a plataforma continental ou não aproveita
a) Direitos de soberania para fins de exploração os recursos naturais da mesma, nenhum outro Estado
e aproveitamento, conservação e gestão ou entidade pode empreender estas actividades sem
dos recursos naturais vivos ou não-vivos consentimento expresso das autoridades cabo-verdianas
das aguas sobrejacentes ao leito do mar e competentes.
seu subsolo e direitos soberanos no que se
Artigo 27.º
refere a outras actividades de exploração e
aproveitamento da zona para fins económicos, Perfurações na plataforma continental
como a produção de energia a partir da água,
A República de Cabo Verde tem o direito exclusivo de
das correntes e dos ventos; e
autorizar e regulamentar as perfurações na sua plata-
b) Jurisdição exclusiva, no que se refere a: forma continental, quaisquer que sejam os fins.
ii) Investigação científica marinha; A linha de base a partir da qual se mede a largura
das águas arquipelágicas, do mar territorial, da zona
iii) Protecção e preservação do meio ambiente
contígua, da zona económica exclusiva e da plataforma
marinho; e
continental, é constituída pelas linhas rectas que unem os
iv) Quaisquer outros direitos não reconhecidos a pontos mais exteriores das ilhas e ilhéus mais exteriores,
terceiros Estados. determinadas pelas seguintes principais coordenadas:
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navais das forças armadas ou sempre que a passagem dos Artigo 36.º
navios estrangeiros pelo mar territorial ou pelas águas Navegação de navios pesqueiros
arquipelágicas não seja inofensiva.
1. A navegação dos navios pesqueiros nacionais está
2. As medidas previstas no número anterior podem ser sujeita, para além das regras gerais do presente Código,
adoptadas também por razões de conservação da biodi- às prescrições especiais estabelecidas na legislação
versidade marinha, quando as autoridades competentes pesqueira.
assim o requeiram em aplicação da legislação pesqueira
ou ambiental vigente. 2. Salvo autorização expressa da administração ma-
rítima, é proibida a pesca por navios estrangeiros nas
3. As medidas previstas no número um podem ser águas interiores, nas águas arquipelágicas e no mar
adoptadas pelas administrações competentes, sem dis- territorial, não se considerando passagem inofensiva,
criminação de bandeira e em relação a determinadas qualquer actividade de pesca realizada por tais navios
categorias de navios, quando isso seja necessário para nos referidos espaços territoriais.
prevenir a realização de actividades ilícitas ou o exercício
3. Cabe à administração marítima ou entidade desig-
de qualquer tráfego proibido.
nada pelo Governo velar para que, no uso dos direitos e
Artigo 33.º cumprimento dos deveres, na zona económica exclusiva,
os navios estrangeiros respeitem os direitos do Estado e
Detenção e fundeio cumpram as disposições do presente Código e da legis-
lação pesqueira, com respeito pelo direito internacional.
1. O direito a navegar não inclui o de deter ou fundear
fora das zonas portuárias, salvo caso de força maior, 4. Salvo autorização da administração marítima, os
sem autorização expressa da administração marítima, navios estrangeiros de passagem pelos espaços marítimos
ou quando se trate de embarcações dedicadas exclusi- de Cabo Verde não podem ter seus apetrechos de pesca em
vamente ao recreio que se detenham com tal finalidade estado de funcionamento ou de operatividade imediata.
em angras ou lugares de banho e não ponham em perigo Artigo 37.º
a segurança da vida humana no mar ou da navegação.
Navegação de navios de investigação
2. Os navios obrigados a deter-se ou fundear-se em caso
1. A realização de actividades de investigação científica
de perigo ou de força maior devem avisar tais circuns-
a partir de navios estrangeiros nos espaços marítimos
tâncias, imediatamente e por todos os meios possíveis,
nacionais, assim como, as efectuadas por entidades es-
à administração marítima mais próxima.
trangeiras a bordo de navios cabo-verdianos nos referi-
Artigo 34.º dos espaços, fica sujeita a autorização da administração
marítima, a ser regulamentada por Portaria do membro
Exibição de marcas e bandeira
do Governo responsável pela administração marítima.
1.Os navios que naveguem pelos espaços marítimos 2. A autorização prevista no número anterior é condi-
nacionais devem estar embandeirados num só Estado e cionada a fins exclusivamente pacíficos da investigação
levar marcado seu nome e porto de matrícula. e informação dos resultados da mesma, bem como, a sua
contribuição para o progresso dos conhecimentos sobre
2. Os navios estrangeiros devem içar, obrigatoriamen- o meio marinho e não constitua perigo para a segurança
te, a bandeira da sua nacionalidade em lugar bem visível da navegação ou do meio ambiente nem obstáculo para o
quando naveguem pelas águas interiores ou se encontrem exercício dos direitos soberanos e da jurisdição do Estado.
em porto nacional e arvorar, igualmente, a bandeira de
Cabo Verde, conforme os usos marítimos internacionais. 3.A investigação não autorizada não pode ser conside-
rada incluída no direito de passagem inofensiva pelo mar
3. Mediante regulamento aprovado por Portaria mem- territorial ou pelas águas arquipelágicas.
bro do Governo responsável pela administração marítima
Artigo 38.º
podem estabelecer excepções às obrigações previstas nos
números anteriores. Término das actividades de investigação
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2. O seguro previsto no número anterior, deve ser regu- documentos e observar as medidas especiais de precaução
lamentado por Portaria conjunta dos membros do Gover- previstas nas convenções internacionais vigentes em
no responsáveis pelas áreas da administração marítima Cabo Verde.
e de investigação científica, tendo em consideração as
2. Os navios referidos no número anterior devem efec-
recomendações da Organização Marítima Internacional.
tuar sua passagem pelas vias, dispositivos e sistemas
3. Os membros do Governo, responsáveis pelas áreas estabelecidos conforme previsto no artigo 58º e seguir as
da administração marítima e de investigação científica, instruções especiais de navegação que, neste caso, possam
devem igualmente, por Portaria conjunta, regulamentar ser expedidas pela administração marítima.
o seguro de responsabilidade civil que os navios estran-
Artigo 44.º
geiros que naveguem pelos espaços marítimos nacionais
devem possuir, para cobrir eventuais danos causados a Isenção de impostos
terceiros em consequência de navegação, obedecendo o
disposto na parte final do número anterior. O direito de passagem inofensiva não está sujeito ao
pagamento de taxa ou imposto sendo, contudo, os navios
CAPÍTULO II estrangeiros obrigados ao pagamento dos serviços que
efectivamente possam ter-lhes sido prestados durante
Do direito de passagem inofensiva
sua passagem pelo mar territorial ou pelas águas ar-
Artigo 40.º quipelágicas.
Sujeição à passagem inofensiva
Artigo 45.º
1. A navegação pelo mar territorial e pelas águas arqui- Suspensão da passagem inofensiva
pelágicas de todos os navios estrangeiros, incluídos os de
Estado, está sujeita ao regime de passagem inofensiva. 1. Para a defesa dos interesses gerais e, em particu-
lar, para a segurança da navegação, o Governo pode
2. A passagem deve ser rápida e sem interrupção, sem
suspender, temporariamente e sem discriminação entre
atentar contra a paz, a ordem pública ou a segurança da
pavilhões, a passagem inofensiva em determinadas zonas
República de Cabo Verde.
do mar territorial.
3. A detenção e fundeio durante a passagem estão
sujeitos ao disposto no artigo 33º. 2. A suspensão prevista no número anterior deve me-
recer do Governo ampla publicidade internacional.
Artigo 41.º
Artigo 46.º
Cumprimento de leis e regulamentos
Exercício da jurisdição civil
Os navios que exerçam o direito de passagem inofen-
siva são obrigados a respeitar as disposições do presente 1. Os navios estrangeiros que passem pelo mar territo-
Código, das leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, sa- rial ou pelas águas arquipelágicas não podem ser detidos
nitários, emigração e navegação, bem como, os relativos ou desviados para se exercer a jurisdição civil em relação
à protecção do meio ambiente marinho. às pessoas que se encontrem a bordo dos mesmos.
Artigo 42.º
2. Podem adoptar-se medidas cautelares ou executivas
Proibições em relação aos navios estrangeiros, quando estes forem
1. Sem prejuízo do disposto em Convenções Interna- detidos ou tenham fundeado voluntariamente durante
cionais vigentes em Cabo Verde e salvo autorização da sua passagem, bem como em relação aos que naveguem
administração marítima, não se considera inofensiva e pelo mar territorial ou pelas águas arquipelágicas depois
são proibidas aos navios estrangeiros, na passagem pelo de terem abandonado as águas interiores do Estado.
mar territorial ou pelas águas arquipelágicas, a realiza- 3. Tais medidas podem ainda, ser adoptadas em relação
ção de actividades subaquáticas, bem como, aquelas que aos navios em passagem lateral, mas somente pelas
possam avariar os cabos, encanamentos submarinos ou obrigações adquiridas e pelas responsabilidades em que
instalações e equipamentos ao serviço da navegação ou tiverem incorrido durante sua passagem.
da exploração dos recursos marinhos.
Artigo 47.º
2. Durante a passagem fica ainda proibida a utilização
de botes salva-vidas ou outras embarcações auxiliares, Exercício da jurisdição penal
salvo em caso de sinistro ou para operações de busca e 1. A jurisdição penal de Cabo Verde não pode ser exer-
salvamento, a emissão de sinais sonoros ou luminosos, cida a bordo de um navio estrangeiro que passe pelo mar
que não sejam as previstas nas normas e regulamentos territorial ou pelas águas arquipelágicas, sem proceder
sobre segurança marítima e prevenção de abordagens e das águas interiores, para deter pessoas ou realizar in-
quaisquer outras actividades que não estejam directa- vestigações relacionadas com um delito cometido a bordo
mente relacionadas com a passagem. do navio durante sua passagem, salvo nos casos previstos
Artigo 43.º nas convenções internacionais vigentes em Cabo Verde.
Passagem de navios que comportam riscos especiais
2. Nos casos previstos no número anterior ou por
1. Os navios que transportem substâncias radioactivas solicitação do capitão do navio ou de um representante
ou outras perigosas, ou nocivas, devem ter a bordo os diplomático ou consular do Estado da bandeira, as auto-
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2. Os referidos sistemas e serviços podem ser de utiliza- águas marítimas, no solo e subsolo marinhos ou na atmos-
ção obrigatória para todos os navios ou para determinada fera sobrejacente, de substâncias ou formas de energia
classe deles, sem discriminação de pavilhão e uma vez que constituam ou possam constituir um perigo para a
que tenham obtido a aprovação e publicação internacional saúde humana, que prejudiquem ou possam prejudicar os
que, se mostrar necessária. ecossistemas marinhos, recursos turísticos ou paisagís-
ticos, deteriorem a qualidade da água do mar e reduzam
3. Em qualquer caso, os serviços de tráfego marítimo na
ou possam reduzir as possibilidades de espairecimento
zona económica exclusiva apenas podem ser de emprego
ou causar obstáculo a outros usos legítimos dos mares
obrigatório quando tenham sido devidamente aprovados
ou das águas costeiras.
e publicados pela Organização Marítima Internacional.
Artigo 61.º
Artigo 57.º
Navegação em zonas de banho Poluição operacional
1. É proibida toda classe de navegação nas zonas de Entende-se por poluição operacional qualquer descarga
banho devidamente balizadas, devendo o lançamento proveniente da limpeza de tanques e sentinas, de águas
ou encalhe de embarcações, ser feita através de canais sujas ou de lastro, assim como de lixos ou de emanações
delimitados e assinalados para o efeito. de gases dos motores e, em geral, toda aquela produzida
2. Nos trechos da costa não balizados como zonas de pelas operações normais da vida ou actividade a bordo
banho, entende-se que esta ocupa uma franja de água dos navios.
contígua à costa de largura de 200 (duzentos) metros nas Artigo 62.º
praias e de 50 (cinquenta) metros no resto da costa ou
ribeiras, nas quais, não se pode navegar a uma velocidade Poluição por vertimento
superior a 3 (três) nós, devendo ser adoptadas as devidas 1. Entende-se por poluição por vertimento a procedente
precauções para evitar riscos à segurança humana. da evacuação deliberada de substâncias ou materiais a
Artigo 58.º partir de navios, quando recebidas a bordo com a finali-
Zonas de segurança dade de proceder à sua evacuação mediante prévia rea-
lização de um processo de tratamento ou transformação
Compete à administração marítima determinar as
a bordo.
zonas de segurança para os fundeadouros, canais de
navegação, zonas adjacentes aos portos, instalações e 2. Considera-se, ainda, poluição por vertimento, o
lugares de exploração de recursos naturais nos espaços naufrágio deliberado de navios, aeronaves, instalações
marítimos nacionais, com a finalidade de preservar a ou estruturas no mar.
segurança da navegação, assim como a entrada e saída
dos navios que nelas operem. Artigo 63.º
Para efeitos do presente Código entende-se por polui- 2. Consideram-se também lícitas as descargas ou ver-
ção, a introdução directa ou indirecta por navios, nas timentos realizados por força maior nas quais o acto de
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poluição seja necessário para salvaguardar a segurança marinha para fazer frente com prontidão e eficácia aos
da vida humana ou dos navios, sempre que não pareça incidentes de poluição por hidrocarbonetos ou outras
existir outro meio para evitar a ameaça e que os possíveis substâncias nocivas ou potencialmente perigosas.
danos causados se mostrem, com toda a probabilidade,
inferiores aos que se produziriam como consequência de 2. Sem prejuízo do disposto nas convenções interna-
qualquer outra actuação. cionais vigentes em Cabo Verde, o plano previsto no
número anterior, deve estabelecer regras de coordenação
3. Em qualquer caso, as descargas ou vertimentos e interligação entre as distintas entidades e organismos
previstos neste artigo devem ser levados a cabo de forma públicos, chamadas a intervir.
a reduzir ao mínimo, a probabilidade de causar danos a
seres humanos ou aos ecossistemas das águas marítimas, 3. O plano nacional de preparação e luta contra a
sem prejuízo das responsabilidades civis que possam poluição e o plano nacional de salvamento previsto no
ocorrer conforme o previsto no Título V do Livro VIII. artigo 74.º do presente Código, devem ser elaborados em
estreita colaboração dos departamentos responsáveis
Artigo 66.º
pela elaboração dos mesmos.
Perda do direito de passagem inofensiva
Artigo 70.º
1. Não se considera inofensiva a passagem dos navios Planos de emergência a bordo
estrangeiros pelo mar territorial ou pelas águas arqui-
pelágicas quando realizem qualquer acto de poluição 1. Compete à administração marítima fiscalizar os
ilícita de forma intencional e com resultado grave para navios nacionais que transportem hidrocarbonetos ou
o meio ambiente. outras substâncias nocivas ou potencialmente perigosas
e exigir que tenham a bordo a relação completa da carga,
2. Não se considera igualmente inofensiva a passagem
assim como um plano de emergência para o caso de po-
de navios estrangeiros cujo estado de avaria ou cujas
luição ajustado às prescrições contidas na lei aplicável.
condições de navegabilidade constituam séria ameaça
para o meio ambiente. 2. O disposto no número anterior aplica-se igualmente
CAPÍTULO III aos navios estrangeiros atracados nas zonas portuárias,
podendo a administração marítima exigir a exibição do
Dos deveres gerais da administração marítima plano de emergência no quadro de suas competências
Artigo 67.º
inspectoras como Estado do porto.
Colaboração internacional
Da planificação de contingências
Artigo 69.º 1. Sempre que for solicitada assistência à administração
marítima por outro Estado ribeirinho em cujas águas se
Planos de preparação e luta contra a poluição
tenha produzido actos de poluição, deve colaborar com
1. Compete à administração marítima estabelecer um as autoridades do Estado solicitante se isso se mostrar
plano nacional de preparação e luta contra a poluição possível e razoável.
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2. A assistência referida no número anterior pode igual- cionais vigentes em Cabo Verde, bem como os acordos de
mente ser prestada a solicitação do Estado de pavilhão. colaboração e coordenação existentes com os serviços de
salvamento dos Estados vizinhos.
3. A assistência pode consistir na participação nas
operações de luta contra a poluição ou na intervenção Artigo 75.º
nas diligências de averiguação do sinistro e a inspecção
Facilitação do emprego de meios estrangeiros
de documentos ou do navio presumidamente responsável
pela poluição, quando este se encontre num porto ou nas 1. O Governo pode, através de regulamento, criar um
águas interiores nacionais. regime de facilitação da chegada, utilização e saída dos
4. Quando exista um perigo real de poluição nos espaços portos e aeroportos nacionais de navios e aeronaves
marítimos nacionais, que possa estender-se às águas de estrangeiros destinados a participar nas operações de
outro Estado, este último é imediatamente informado. luta contra a poluição ou de salvamento de pessoas nos
espaços marítimos nacionais.
5. A colaboração prevista nos números anteriores pode,
em todo caso, subordinar-se ao princípio de reciprocidade. 2. O regime previsto no número anterior pode igual-
mente abranger as facilidades necessárias para agilizar
TÍTULO V a entrada, saída e passagem rápida pelo território na-
cional do pessoal, mercadorias, materiais e equipamento
DA BUSCA, SALVAMENTO E INVESTIGAÇÃO destinados às referidas operações.
DE ACIDENTES
CAPÍTULO III
CAPÍTULO I
Da documentação de salvamento e emprego
Dos serviços públicos de busca e salvamento de sinais
marítimo
Artigo 76.º
Artigo 73.º
Documentação de salvamento a bordo
Conteúdo e alcance do serviço
1. Os navios nacionais devem ter a bordo um quadro
1. Compete à administração marítima dotar os serviços
orgânico de exercícios, missões e procedimentos em ma-
públicos de busca e salvamento de meios necessários
téria de emergência a bordo e evacuação do navio.
para garantir a prestação de auxílio a qualquer pessoa
em perigo no mar. 2. Os navios nacionais de passageiros que operem em
percursos fixos têm ainda a bordo, um plano de colabo-
2. Os serviços previstos no número anterior devem
ração com os serviços pertinentes de busca e salvamento
abranger todos os espaços marítimos nacionais e, se ne-
em caso de emergência.
cessário, à região de busca e salvamento que possa ser
atribuída a Cabo Verde nas convenções Internacionais 3. As embarcações são isentas das obrigações estabe-
vigentes, a qual deve ser devidamente delimitada nos lecidas nos números anteriores.
planos de salvamento e nas publicações e cartas náuticas
oficiais correspondentes. Artigo 77.º
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Da natureza de autoridade e dos poderes gerais 1. O policiamento das áreas sob a jurisdição da admi-
nistração marítima compete à Polícia Nacional.
Artigo 79.º
2. O serviço de policiamento nas áreas referidas no
Poderes de autoridade
número anterior, tem por fim colaborar na prevenção e
1. O pessoal da administração marítima, quando em combate de actividades ilícitas, assegurar o cumprimento
exercício de funções de fiscalização, é equiparado aos das leis e regulamentos marítimos.
agentes da autoridade e tem as seguintes prerrogativas: Artigo 82.º
a) Aceder e inspeccionar, a qualquer hora e sem Colaboração com outros corpos policiais
necessidade de aviso prévio, as instalações,
equipamentos e serviços das empresas de No exercício das suas funções nas áreas definidas no
transporte marítimo, portos e navios; artigo anterior, o serviço da polícia nacional deve cola-
borar com as autoridades alfandegárias e com a polícia
b) Notificar todos os indivíduos que se encontrem judiciária na prevenção e combate da criminalidade,
em violação flagrante das normas cuja dando sempre conhecimento de suas actuações ao capitão
observância devem fazer respeitar, no caso do respectivo porto.
de não ser possível o recurso à autoridade
policial em tempo útil; CAPITULO II
c) Requisitar para análise equipamentos e Das medidas gerais de intervenção sobre navios
documentos; Artigo 83.º
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1764 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 92.º Artigo 96.º
Em conformidade com as disposições deste Título, o 1. Salvo autorização expressa do Ministério da Defesa,
navio detido pode ser conduzido ao porto nacional mais não se considera inofensiva e é proibida a passagem de
próximo, para fins de realização da pertinente instrução navios de Estado estrangeiros pelo mar territorial ou
para a averiguação dos factos, imposição da sanção e pelas águas arquipelágicas, quando comporte a realização
exigência das responsabilidades que, neste caso, corres- de manobras ou outros exercícios com armas de qual-
pondam. quer classe ou o lançamento, recepção ou embarque de
qualquer tipo de aeronaves ou de dispositivos militares.
TÍTULO VII
2. Na zona económica exclusiva é ainda proibida a
DOS NAVIOS DE ESTADO ESTRANGEIROS realização, sem autorização, das actividades a que se
refere o número anterior quando possam produzir con-
CAPÍTULO I taminação do meio marinho ou prejudicar os recursos
Das disposições gerais naturais da zona.
Artigo 97.º
Artigo 93.º
Submarinos de Estado
Imunidade
Nas águas interiores, no mar territorial e nas águas
Com as excepções previstas nas convenções interna- arquipelágicas, os submarinos de Estado estrangeiros
cionais vigentes em Cabo Verde e no presente Código, devem cumprir o previsto no artigo 35º.
os navios de Estado estrangeiros gozam de imunidade,
Artigo 98.º
estando sujeitos unicamente à jurisdição do Estado de
seu pavilhão. Medidas em caso de incumprimento
4. Navios ou submarinos de Estado que comportem 1. Entende-se por administração portuária a entidade
riscos nucleares estão sujeitos às autorizações previstas responsável pela gestão e exploração de um, vários ou
neste artigo, sem prejuízo da aplicação do disposto no todos os portos nacionais, em conformidade com o esta-
artigo 128º. belecido na legislação portuária.
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1765
Regulação especial
1. Consideram-se operações portuárias todas as activi-
dades de carga e descarga, estiva e desestiva, transbordo, O Governo regula a organização, meios e alcance da
formação e decomposição de unidades de carga, recepção, protecção do transporte marítimo, dando cumprimento
transporte, armazenagem e entrega de mercadorias que às obrigações assumidas pela República de Cabo Verde
tenham lugar na zona portuária. nesta matéria em virtude das convenções internacionais
vigentes.
2. As operações portuárias apenas podem ser realiza-
das por sociedades ou outras pessoas jurídicas, de direito Artigo 106.º
público ou de direito privado, devidamente licenciadas Planificação
para o efeito.
A regulação referida no artigo anterior deve habilitar
Artigo 102.º
a administração marítima a adoptar um plano nacional
Serviços portuários náuticos de protecção do transporte marítimo, bem como emitir
circulares ou directivas com vista ao efectivo cumpri-
1. São serviços portuários náuticos os de pilotagem, mento dos instrumentos internacionais sobre a matéria.
reboque, amarração e desamarração de navios e outros
prestados na zona portuária para facilitação de manobras TÍTULO III
de atracação, desatracação, acostagem ou fundeio. DO REGIME DOS NAVIOS NOS PORTOS
2. O serviço de pilotagem pode ser obrigatório, nos CAPÍTULO I
termos previstos no artigo 51º do presente Código.
Da chegada e entrada no porto
3. O serviço de reboque e o de amarração e desamarra-
Artigo 107.º
ção é obrigatório em todos os portos para todos os navios
de arqueação bruta superior a 2.000 (dois mil) tons. Entrada no porto
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1766 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
1. O Governo regulamenta os documentos que devem Controlo por parte da administração marítima
ser apresentados para despacho de entrada de navios
1. Os navios fundeados no mar interior ou atraca-
nos portos nacionais.
dos nas zonas portuárias nacionais ficam sujeitos aos
2. Sem prejuízo do previsto na legislação pesqueira, no controles e outras medidas da administração marítima
Título anterior, e neste para os navios que comportem consideradas úteis e necessárias ao exercício das suas
riscos especiais, não se exige aos navios estrangeiros mais competências em matéria de segurança marítima, pro-
documentos que os seguintes: tecção do transporte marítimo e prevenção da poluição.
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1767
Artigo 116.º 2. As autoridades judiciais podem ordenar a prática a
Uso de meios radioeléctricos a bordo
bordo de diligências, entrada e revista no navio, incluídos
os camarotes, devendo estas ser comunicadas ao cônsul
1. O uso de meios radioeléctricos a bordo dos navios do pavilhão, com a maior brevidade possível.
nos portos e nos espaços marítimos nacionais está sujeito
3. A jurisdição dos tribunais cabo-verdianos mantém-se
ao disposto neste artigo e nos regulamentos do serviço
depois dos navios estrangeiros abandonarem o mar inte-
radioeléctrico das embarcações.
rior e se encontrem a navegar pelas águas arquipelágicas
2. Salvo a imunidade prevista no presente Código para ou pelo mar territorial, bem como, quando detidos fora
os navios de Estado é proibido aos navios estrangeiros o deste último, no exercício do direito de perseguição.
uso de rádio navegação ou de radiocomunicação durante CAPÍTULO III
a estadia no mar interior e nos portos nacionais, salvo
se o mesmo for estritamente necessário para a seguran- Da entrada e estadia de navios em caso
ça da navegação ou para a realização de operações de de riscos especiais
salvamento marítimo, bem como, para comunicar com Artigo 120.º
os pilotos, a administração marítima ou com a adminis-
Proibição ou condicionamento da entrada
tração portuária.
Artigo 117.º
1. A administração marítima pode proibir ou condi-
cionar a entrada de navios nos portos nacionais e mar
Passageiros clandestinos a bordo interior por razões de emergência, ou riscos específicos
para a saúde pública, bem como, em relação aos navios
1. Entende-se por passageiro clandestino, qualquer que, por apresentarem graves deficiências de navegabili-
pessoa que se oculte no navio sem consentimento de seu dade, possam constituir um perigo para a segurança das
proprietário, armador ou capitão. pessoas, dos bens ou do meio ambiente marinho.
2. O capitão do navio que se dirige a porto nacional 2. A administração marítima pode ainda, proibir ou
deve informar à administração marítima nacional, com a condicionar a entrada nos portos e mar interior, dos na-
maior antecedência possível, da presença de passageiros vios cujo estado de avaria ou cujas instalações ou carga
clandestinos a bordo. não garantam o respeito das normas vigentes em matéria
de prevenção de poluição, de acordo com a convenções
3. O capitão do navio deve, igualmente, adoptar medi-
internacionais aplicáveis.
das para garantir aos passageiros clandestinos a bordo,
alimentação e alojamento em condições dignas até a che- Artigo 121.º
gada do navio a porto e entregá-los às autoridades com- Natureza dos requisitos de entrada
petentes, conforme a legislação de emigração em vigor.
1. As condições ou requisitos referidos nos artigos
4. O armador do navio que transportou o passageiro anteriores podem consistir, entre outros, no dever de
clandestino é solidariamente obrigado a assumir o custo entrar previamente num determinado lugar de refú-
de alimentação, alojamento, assistência jurídica e de in- gio, na realização de inspecções, reparações, lastrar e
térprete e de repatriamento, no caso de desembarque do deslastrar, transbordos, trocas de tanques ou re-estivas
passageiro clandestino, devido a situação desumana ou ou na prestação duma garantia suficiente por parte do
degradante no navio, por precisar de assistência médica proprietário, armador, agente, carregador ou fretador
ou humanitária ou para ser repatriado pelas autoridades do navio para responder aos possíveis danos que o navio
competentes. possa ocasionar.
5. Para garantir o cumprimento desta obrigação, a admi- 2. O Governo deve regulamentar os critérios, proce-
nistração marítima nacional pode ordenar a prestação de dimentos, garantias e outros elementos necessários ao
garantia suficiente sob pena de retenção do navio no porto. incremento do previsto neste artigo.
Artigo 118.º Artigo 122.º
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1768 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
2. Antes da entrada do navio na zona portuária, os mudança do navio ou sua carga, ou ao encalhe, envio à
órgãos competentes da administração marítima devem sucata ou ao afundamento daquele num lugar autorizado
fazer o controlo dos documentos de segurança do navio, pelas convenções internacionais vigentes e onde não pre-
o controle dosimétrico e outros que se mostrarem ne- judique a navegação, a pesca ou o meio ambiente, sendo
cessários para a protecção do meio ambiente, podendo os gastos por conta do armador.
efectuar controlos complementares durante a estadia
do navio em porto. 3. O disposto nos números anteriores aplica-se igual-
mente nas situações em que o navio em perigo de naufrá-
3. Se na sequência do controle previsto no número an- gio se encontra fora da zona portuária, no mar interior
terior ou por qualquer outra razão, for considerada que ou noutros espaços marítimos nacionais.
a estadia do navio pode ter efeitos perigosos, os serviços
Artigo 127.º
da administração marítima podem ordenar ao navio o
abandono da zona portuária e mar interior num prazo Navios detidos por procedimentos judiciais
determinado, sem que deste facto derive alguma respon- ou administrativos
sabilidade patrimonial para a administração. 1. Quando por decisão judicial ou procedimento admi-
Artigo 124.º nistrativo tenha sido ordenada a detenção, conservação
ou depósito de um navio na zona portuária, a adminis-
Outras mercadorias perigosas
tração marítima pode requerer à autoridade correspon-
1. A movimentação e transporte de mercadorias peri- dente o afundamento do navio ou sua alienação em hasta
gosas devem obedecer ao prescrito no Código Marítimo pública, quando a estadia do navio no porto constitua um
Internacional de Mercadorias Perigosas. perigo real ou potencial às pessoas ou aos bens ou cause
grave prejuízo à exploração do porto.
2. O Governo regulamenta as condições especiais para
a entrada e estadia no porto dos navios que transportem 2. A autoridade judicial ou administrativa pode orde-
essas mercadorias, assim como para sua carga, descarga, nar o afundamento ou a venda conforme o procedimento
estiva e manipulação a bordo e em terra. legalmente previsto, salvo se considere imprescindível a
sua conservação para os fins da instrução do processo e
CAPÍTULO IV por tempo estritamente necessário.
Dos navios inactivos ou abandonados 3. A venda em hasta pública pode ser ainda requerida
e ordenada, nos casos em que pela previsível duração do
Artigo 125.º
processo judicial ou administrativo exista risco de consi-
Amarração de navios inactivos derável depreciação do navio, depositando-se o produto
da venda para efeitos do processo.
1. A administração portuária, em coordenação com
a administração marítima, autoriza a amarração ou 4. Nos casos de detenção judicial ou administrativa de
fundeio temporário de navios inactivos na zona portuá- navios, a administração portuária pode mudar a localiza-
ria, designando o lugar, período e demais condições de ção do navio na zona portuária, informando de seguida
permanência, sempre que não prejudique as operações a nova localização à autoridade competente.
ou serviços portuários ou constitua um perigo para as
Artigo 128.º
pessoas ou para os bens.
Propriedade dos navios abandonados em porto
2. Compete à administração marítima fixar a tripu-
lação de segurança referida no artigo 115º e pode exigir 1. Os navios abandonados na zona portuária passam
garantia suficiente para cobrir os danos ou prejuízos que a pertencer ao Estado.
possam surgir durante o tempo de amarração e despesas
2. Para feitos do disposto no presente Código, con-
necessárias para a manutenção e alojamento digno das
sideram-se abandonados, os navios que permaneçam
pessoas a bordo.
durante mais de 6 (seis) meses atracados, amarrados
3. Se o navio chegar a constituir em qualquer momen- ou fundeados no mesmo lugar na zona portuária sem
to, perigo para a zona portuária, aplica-se o disposto no actividade apreciável exteriormente, sem ter abonado as
artigo seguinte. correspondentes taxas e assim o declare a administração
marítima.
Artigo 126.º
3. A declaração de abandono referida no número ante-
Intervenção perante naufrágios potenciais
rior, é precedida de um processo administrativo simples,
1. Nos casos em que um navio apresente perigo de no qual se deve precisar a situação e o estado do navio, o
naufrágio na zona portuária ou constitua um risco grave montante das taxas em dívida, o perigo que representa o
para as pessoas ou bens, a administração marítima soli- navio para a actividade e exploração portuária, a notifi-
cita ao capitão, armador ou agente marítimo o abandono cação feita ao proprietário, armador ou agente marítimo
do porto ou adopção de medidas de reparação ou outras se conhecidos e decisão final de abandono.
no prazo fixado para o efeito.
4. Declarado abandonado o navio, a administração
2. O incumprimento do disposto no número anterior, marítima pode proceder a sua venda em hasta pública,
confere à administração marítima o poder de proceder à devendo reverter o produto da alienação ao Tesouro
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1770 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 136.º Artigo 139.º
1. O Governo regulamenta os documentos que devem Para efeitos do presente Código, embarcação é todo o
ser apresentados para o despacho de saída dos navios. engenho flutuante destinado à navegação por água, sem
coberta corrida, bem como, o que, tendo coberta corrida,
2. Em todo caso e sem prejuízo dos certificados de segu- o seu cumprimento é superior a 2,5 (dois virgula cinco)
rança e de competência dos marinheiros a que se referem metros e inferior a 24 (vinte e quatro) metros.
respectivamente o Título III do Livro IV e o Título VI do
Artigo 140.º
Livro V deste Código, não se exige aos navios estrangeiros
mais documentos que os seguintes: Artefacto naval
a) Cinco exemplares da declaração geral; 1. Para efeitos do presente Código, artefacto naval é
toda a construção flutuante não destinada à navegação,
b) Quatro exemplares da declaração de carga; com capacidade e estrutura para albergar pessoas ou
coisas e situada num ponto fixo das águas.
c) Três exemplares da declaração de provisões a
bordo; 2. Considera-se ainda artefacto naval, o navio que tendo
perdido essa condição por ter ficado amarrado, encalhado
d) Dois exemplares da lista da tripulação; e ou fundeado, num lugar fixo, é destinado com carácter
e) Dois exemplares da lista de passageiros. permanente, a actividades distintas da navegação.
Navio Classes
Para efeitos do presente Código, navio é todo engenho 1. Os navios nacionais, em conformidade com as acti-
flutuante destinado à navegação por água, com coberta vidades a que se destinam, classificam-se em:
corrida e comprimento superior a 24 (vinte e quatro) metros. a) De comércio;
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1771
Navios de investigação
c) De recreio;
Navios de investigação são os que, dotadas de meios de
d) Rebocadores; propulsão mecânica, se destinam, consoante a sua apti-
e) De investigação; dão técnica, à investigação científica, oceânica ou costeira.
Artigo 149.º
f) Auxiliares; e
Navios auxiliares
e) Outros do Estado.
Navios auxiliares são os que se empregam em serviços
2. Os navios referidos nas alíneas a), b), d) a f) do não abrangidos nos artigos anteriores, mesmo os despro-
número anterior, constituem a marinha mercante e vidos de meios próprios de propulsão, e cuja designação
designam-se por navios mercantes. lhes é dada conforme o serviço especial a que se destinam.
Secção II
3. Os navios referidos nas alíneas a), b) e c) do número
1 constituem, respectivamente, as marinhas de comércio, Classificação dos navios de comércio em função da área
de navegação
de pesca e de recreio.
Artigo 150.º
4. Os navios podem ser classificados de acordo com ou-
Classificação
tros critérios, bem como ser objecto de classificações adi-
cionais, de acordo com o disposto em legislação especial. Os navios de comércio, quanto à área em que podem
Artigo 144.º
operar, classificam-se em:
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2. Os navios de carga dividem-se, ainda em: b) Costeiros, os que operam ao longo das costas
nacionais, mantendo-se de um modo geral, à
a) De carga geral, os destinados ao transporte de vista da terra; e
mercadorias de diversa natureza; e
c) De largo, os que operam sem limitação de área.
b) Especializados, os que oferecem a totalidade da
sua capacidade de carga para transporte de 2. A classificação a que se refere o presente artigo
mercadorias com características uniformes pode ser alterada por Portaria do membro do Governo
em relação às necessidades do transporte responsável pela administração marítima.
marítimo.
TÍTULO II
3. A classificação a que se refere o presente artigo
DO REGISTO, NACIONALIDADE, MARCAS,
pode ser alterada por Portaria do membro do Governo
DOCUMENTAÇÃO E ARQUEAÇÃO
responsável pela administração marítima.
Secção IV CAPÍTULO I
Classificação dos navios de pesca em função da área de operação Do registo de navios
Artigo 155.º Secção I
Classes Disposições gerais
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Artigo 168.º Secção II
b) Administração pesqueira, no caso dos navios de 3. As condições para o registo provisório e definitivo
pesca; e dos navios referidos nos números anteriores devem ser
reguladas por Portaria do membro do Governo respon-
c) Associação de armadores. sável pela administração marítima.
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1775
Secção III 2. A atribuição da nacionalidade cabo-verdiana confere
Modificação e cancelamento dos dados do registo ao navio o direito de uso da bandeira nacional, com os
inerentes direitos e obrigações.
Artigo 176.º
3. A prova da nacionalidade do navio é feita através
Regime regulamentar e modificação dos documentos
do certificado de registo e o passaporte do navio, quando
1. O regime de modificação e cancelamento do registo este realize viagens internacionais.
deve ser objecto de regulamentação por Portaria do Artigo 179.º
membro do Governo responsável pela administração
Uso da bandeira nacional e outros distintivos
marítima.
2. A modificação dos dados do registo pode levar à 1. A bandeira nacional é o símbolo de exibição externa
substituição ou alteração, dos documentos do navio. da nacionalidade cabo-verdiana.
1. Os navios registados em Cabo Verde consideram-se 1. O registo temporário previsto no artigo anterior,
de nacionalidade cabo-verdiana. não é lavrado pelos serviços de Registo Convencional de
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1776 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Navios, enquanto não se certificar da suspensão da na- 2. A Lei aplicável às hipotecas e demais direitos reais
cionalidade e do direito de arvorar o pavilhão no registo inscritos continua a ser a da nacionalidade do navio
de procedência. antes da troca.
2. A administração marítima deve notificar o anterior Artigo 186.º
Estado de pavilhão da baixa do embandeiramento tem-
Garantias reais em caso de nacionalidade temporária cabo-verdiana
porário em Cabo Verde.
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, a A concessão temporária da nacionalidade cabo-verdia-
administração marítima deve notificar o novo Estado de na a navios estrangeiros fica condicionada à apresentação
pavilhão, a autorização concedida para o navio nacional por parte dos interessados perante a administração ma-
arvorar temporariamente pavilhão estrangeiro, com indi- rítima de certificação emitida pelo registo de procedência
cação da data do início e término da operação autorizada. da relação de hipotecas, ónus ou encargos existentes sobre
o navio, bem como do consentimento da troca temporária
Artigo 182.º
prestada pelos credores.
Prazos máximos do embandeiramento temporário
Artigo 187.º
1. A autorização concedida pela administração maríti-
ma estabelece o prazo de duração do embandeiramento Garantias reais no caso de nacionalidade temporária estrangeira
temporário, que não pode ser superior a 3 ( três) anos no
caso de navios de pesca e de 5 (cinco) anos nos demais. 1. A troca temporária de pavilhão de navios registados
em Cabo Verde, não é autorizada enquanto não forem
2. Os prazos máximos previstos no número anterior canceladas as hipotecas e encargos que pesem sobre o
podem ser prorrogados por prévia solicitação dos interes- navio ou apresentada declaração por escrito do consen-
sados e relatório vinculativo da administração pesqueira timento prestado pelos beneficiários das hipotecas ou
para navios de pesca. encargos.
Artigo 183.º
2. O nome do Estado cujo pavilhão o navio nacional
Término do embandeiramento temporário
foi autorizado a arvorar temporariamente, deve constar
1. Decorrido o prazo concedido para possuir tempora- obrigatoriamente do registo convencional de navios.
riamente a nacionalidade cabo-verdiana, bem como as
prorrogações, é cancelada automaticamente a inscrição 3. A administração marítima deve ainda, requerer à
no registo convencional de navios e o navio perde a autoridade encarregada do registo do Estado cujo pavi-
nacionalidade cabo-verdiana, devendo a administração lhão o navio foi autorizado a arvorar temporariamente,
marítima notificar a autoridade competente do Estado para se fazer constar no novo registo temporário, o registo
do registo de origem. anterior do navio no registo convencional de navios da
República de Cabo Verde.
2. Decorrido o prazo concedido para possuir tempora-
riamente a nacionalidade estrangeira, bem como as pror- Artigo 188.º
rogações, a administração marítima dá baixa definitiva Procedimentos e requisitos
ao registo do navio no registo convencional de navios e
notifica a autoridade competente do Estado de pavilhão. 1. O processo de solicitação, tramitação e autorização
Artigo 184.º das operações reguladas neste Capítulo, bem como a
documentação exigida, devem ser objecto de regulamen-
Efeitos da troca de nacionalidade
tação por Portaria do membro do Governo responsável
1. Os navios estrangeiros que adquiram temporaria- pela administração marítima.
mente a nacionalidade cabo-verdiana são registados no
registo convencional de navios, e têm direito a arvorar 2. A aquisição temporária da nacionalidade cabo-ver-
o pavilhão nacional, ficando sujeitos às disposições do diana para os navios de pesca, sem prejuízo das garantias
presente Código aplicáveis aos navios nacionais. previstas nos artigos anteriores, fica subordinada aos
seguintes requisitos:
2. Os navios nacionais autorizados a adquirir tem-
porariamente a nacionalidade de outro Estado perdem a) O fretador a casco nu deve ser um armador
temporariamente a nacionalidade cabo-verdiana e ficam nacional ou uma sociedade comercial em
sujeitos à legislação do pavilhão correspondente, devendo que, pelo menos, 51% (cinquenta e um por
averbar-se esse facto, no registo convencional de navios. cento) do capital social pertença a nacionais e
demonstrem possuir capacidade empresarial,
3. O disposto nos números anteriores não prejudica o
financeira e técnica em matéria de operações
previsto no artigo seguinte, sobre a matéria de lei apli-
pesqueiras;
cável aos direitos reais.
Artigo 185.º b) Não pode ser autorizada a troca temporária de
Lei aplicável aos direitos reais pavilhão de navios de arrastão de fundo; e
1. A troca temporária de pavilhão não afecta o direito c) A totalidade das capturas dos navios com
de propriedade nem outros direitos reais constituídos pavilhão temporário cabo-verdiano deve ser
sobre o navio. desembarcada em portos nacionais.
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1. Os navios de arqueação bruta superior a 20 (vinte) 2. As escalas de calados, além das normas referidas no
toneladas são identificados por um número, exclusivo e número anterior, devem obedecer ao prescrito nos regula-
permanente para cada navio, atribuído pela administração mentos aprovados pelo membro do Governo responsável
marítima. pela administração marítima.
Artigo 195.º
2. Os navios de passageiros de arqueação bruta igual
ou superior a 100 (cem) toneladas e os navios de carga Embarcações isentas de usar marcas
de arqueação bruta igual ou superior a 300 (trezentas)
toneladas têm como número de identificação «Número As embarcações de pilotos e as de propriedade do Estado,
OMI», atribuído conforme o estabelecido nas convenções que não se destinam ao transporte de carga ou de passagei-
internacionais vigentes em Cabo Verde. ros e ainda todas as embarcações isentas de registo, estão
dispensadas das prescrições dos artigos anteriores.
3. Em todos os casos de cancelamento de um registo,
Artigo 196.º
o respectivo número não volta a ser usado em qualquer
navio do mesmo tipo, salvo quando o cancelamento seja Regime geral das marcas
devido a reforma e o navio mantenha a mesma classi-
ficação. 1. Salvo o disposto nos artigos seguintes, os navios
devem usar as seguintes inscrições:
Artigo 192.º
a) Número de registo, para os de navegação costeira,
Nome dos navios cabotagem, e de longo curso, ou o conjunto de
A administração marítima atribui um nome aos navios, identificação para os restantes;
preferencialmente o proposto pelo seu proprietário e deve b) Nome;
atender-se ao seguinte:
c) Porto de registo;
a) Evitar não só a sua repetição, como também
designações irreverentes, ridículas ou d) Escalas de calado; e
ridicularizantes;
e) Marca de bordo livre e linhas de carga, conforme
b) Não permitir os que apenas se distingam de o estabelecido nas convenções internacionais
outros por acrescentamento de um número vigentes em Cabo Verde e nos regulamentos
ordinal ou cardinal, escrito ou não por extenso; a que se refere o artigo 216.º.
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2. O número de registo ou o conjunto de identificação 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior e das
são inscritos num lugar apropriado do interior do navio, disposições contidas no Título III deste Livro, os navios
excepto nos navios de pesca de largo, nos quais se ins- devem ter a bordo:
crevem nas amuras, de ambos os bordos, junto à borda.
a) Os certificados de segurança, protecção do
3. O número OMI é inscrito em conformidade com transporte marítimo e prevenção da poluição,
o previsto nas convenções internacionais vigentes em bem como o certificado de arqueação e os livros
Cabo Verde. exigidos pelas convenções internacionais
vigentes em Cabo Verde;
4. O nome é inscrito à proa, em ambos os bordos junto
à borda e à popa do navio. b) Os certificados e outros documentos previstos na
regulamentação internacional e nacional das
5. O porto de registo é inscrito à popa e por baixo do
radiocomunicações dos navios, nos casos em
nome.
que o navio possua estação radioeléctrica;
Artigo 197.º
c) Os certificados de identificação, de aptidão e de
Marcas nos navios de arqueação não superior a 20 toneladas
formação dos marinheiros, conforme o previsto
1. Os navios de navegação costeira que não sejam de no Título III do Livro V do presente Código,
passageiros, os rebocadores e os navios auxiliares, cuja bem como os certificados internacionais de
arqueação bruta seja igual ou inferior a 20 (vinte) tone- vacinação e outros exigidos pela legislação
ladas usam as seguintes inscrições: sanitária;
a) Número de registo, para os navios de navegação d) O certificado de registo, e o passaporte do navio
costeira, o conjunto de identificação para os quando este realize viagens internacionais;
rebocadores e navios auxiliares; e) Os documentos requeridos para o despacho de
b) Nome; e entrada ou de saída, segundo o previsto nos
artigos 109º e 136º do presente Código;
c) Porto de registo.
f) O diário de navegação e o diário de máquinas,
2. O número de registo ou o conjunto de identificação salvo nos casos de isenção previstos neste
são inscritos nas amuras, de ambos os bordos junto à Código; e
borda.
g) A licença de pesca e demais documentos exigidos
3. O nome é inscrito à popa do navio junto do número pela legislação pesqueira, a bordo dos navios
de registo ou conjunto de identificação por baixo destes. de pesca.
4. O porto de registo é inscrito à popa do navio por Artigo 200.º
baixo do nome. Passaporte do navio
Artigo 198.º
1. O passaporte do navio é o documento emitido pela
Marcas nos navios de pesca local ou costeira administração marítima que certifica a nacionalidade ca-
1. Os navios de pesca local ou costeira usam as seguintes bo-verdiana do navio destinado a viagens internacionais.
marcas: 2. Carece de passaporte provisório válido apenas para
a) Conjunto de identificação; a viagem do porto de aquisição, ou construção para o de
registo a embarcação que, não tendo passaporte nacional,
b) Nome; for adquirida no estrangeiro.
c) Porto de registo; e 3. O passaporte provisório é passado pela autoridade
d) Escalas de calado. consular cabo-verdiana.
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c) Em caso de troca de proprietário, nome, conjunto 1. Os navios mercantes nacionais devem ser objecto
de identificação, arqueação, classe ou de arqueação.
características principais do navio; e
2. As embarcações que careçam de coberta corrida não
d) Quando os livros ou documentos que sejam são objecto de arqueação.
objecto de anotações periódicas, não possam 3. Compete à administração marítima a determinação
conter mais alterações. da arqueação dos navios e a emissão dos correspondentes
Artigo 205.º certificados de arqueação.
Artigo 211.º
Legalização dos livros de bordo
Regras de arqueação
Os livros de bordo dos navios são numerados e legali-
zados por meio de termos de abertura e de encerramento 1. A arqueação dos navios que efectuem viagens inter-
e rubrica de todas as suas folhas pela administração nacionais é feita de acordo com as regras das Convenções
marítima. internacionais vigentes em Cabo Verde.
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1780 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
2. Os navios não incluídos no número anterior e as e de habitabilidade estabelecidos nas convenções inter-
embarcações são arqueados segundo as regras prescritas nacionais vigentes em Cabo Verde, no presente Código
nos regulamentos aprovados pelo membro do Governo e nos regulamentos aprovados pelo Governo.
responsável pela administração marítima nacional.
2. Na regulamentação dos requisitos referidos no nú-
Artigo 212.º mero anterior, deve ter-se em atenção a classe do navio
Certificados de arqueação e viagens ou actividade a que se dedica.
1. O certificado de arqueação é o meio de prova que o Artigo 217.º
navio foi arqueado nos termos previstos na legislação Segurança dos equipamentos radioeléctricos
aplicável.
A segurança, vistoria e certificação dos equipamentos
2. Aos navios arqueados de acordo com o previsto no nú-
radioeléctricos a bordo dos navios, incluindo os processos
mero um do artigo anterior, é emitido um certificado inter-
para sua instalação, modificação, utilização e funciona-
nacional de arqueação, e aos arqueados conforme o número
mento e a licença de equipamento radioeléctrico regem-se
2 do mesmo artigo, um certificado nacional de arqueação.
pelos regulamentos especiais do serviço radioeléctrico
Artigo 213.º dos navios.
Certificados especiais de arqueação Artigo 218.º
1. A administração marítima nacional pode emitir Competências
certificados especiais de arqueação, em conformidade
com as regras estabelecidas pelas autoridades de outros Compete à administração marítima efectuar vistorias
Estados, quando assim se exija para a navegação em e proceder à certificação de navios, de acordo com planos
determinadas zonas. ou programas estabelecidos por Portaria do membro do
Governo responsável pela área marítima.
2. Os certificados de arqueação emitidos por adminis-
trações estrangeiras são considerados válidos para os Artigo 219.º
efeitos do registo provisório dos navios nacionais. Responsabilidade do armador, capitão e tripulação
Artigo 214.º
Os poderes da administração marítima quanto à vis-
Certificados emitidos com base em cálculos de terceiros
toria de navios não eximem o armador das suas respon-
Os certificados de arqueação dos navios nacionais po- sabilidades em assegurar a navegabilidade do seu navio
dem ser emitidos pela administração marítima tomando nem do capitão como primeiro responsável a bordo pela
como base os cálculos apresentados pelos interessados, segurança do navio sob seu comando, bem como da tri-
sempre que estes sejam homologados por se encontrarem pulação no cumprimento dos seus deveres em matéria de
devidamente elaborados. segurança, protecção e prevenção da poluição marinha.
Artigo 215.º CAPÍTULO II
Certificados de arqueação de navios estrangeiros
Da vistoria dos navios nacionais
1. A administração marítima reconhece os certificados
Artigo 220.º
de arqueação dos navios estrangeiros quando emitido, por
autoridades competentes dos Estados parte nas conven- Espécies de vistorias
ções internacionais vigentes em Cabo Verde.
1. A fiscalização das condições de segurança dos navios
2. O reconhecimento referido no número anterior pode se efectua normalmente por meio de vistorias.
ser igualmente em relação aos certificados de arqueação
dos navios excluídos do âmbito de aplicação das con- 2. As vistorias são das seguintes espécies:
venções internacionais, quando emitidos em virtude da a) Vistorias de construção;
legislação do Estado de pavilhão.
b) Vistorias de manutenção; e
3. A administração marítima pode reconhecer os cer-
tificados de arqueação dos navios estrangeiros quando c) Vistorias suplementares.
emitidos por uma sociedade de classificação em virtude
Artigo 221.º
de delegação efectuada pelo Estado de pavilhão.
Vistorias de construção
TÍTULO III
DA SEGURANÇA DOS NAVIOS E DAS 1. As vistorias de construção têm lugar durante os tra-
SOCIEDADES DE CLASSIFICAÇÃO balhos de construção ou modificação das embarcações ou
seguidamente à conclusão desses trabalhos, ou quando
CAPÍTULO I da aquisição de uma embarcação.
Das disposições gerais 2. As vistorias a que se refere o número anterior são
Artigo 216.º definidas por Portaria do membro do Governo responsá-
Requisitos de segurança dos navios vel pela área marítima.
1. Os navios nacionais devem cumprir os requisitos 3. No caso de construção ou modificações realizadas
técnicos, de segurança, de prevenção da poluição do mar no estrangeiro, pode o IMP delegar a fiscalização numa
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1. As vistorias de manutenção são realizadas para 1. Efectuadas as vistorias exigidas e o navio julgado
comprovar que os navios cumprem os requisitos técnicos em boas condições, é emitido ao navio nacional os certi-
exigidos ao longo da sua vida útil. ficados, internacional ou nacional conforme o caso.
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1782 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 231.º Artigo 235.º
1. As autoridades consulares cabo-verdianas podem, 1. Se efectuada a vistoria, o navio for julgado em más
depois de verificar, mediante vistoria, que satisfazem as condições de navegabilidade ou seu serviço não puder
condições indispensáveis para a viagem, emitir certifica- ser feito nas devidas condições de segurança para as
dos de navegabilidade provisória aos seguintes navios: pessoas a bordo e para o meio ambiente, a administração
a) Adquiridos ou construídos no estrangeiro, para marítima pode suspender as suas operações e adoptar
sua viagem com passaporte provisório até ao as medidas necessárias até serem corrigidos os defeitos
porto nacional onde façam o seu registo; e encontrados.
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O direito de propriedade dos navios é regulado pelas 2. Durante a construção, o construtor concede ao dono
disposições no presente Código e, subsidiariamente, pelas da construção e aos seus representantes as facilidades
disposições do direito civil que regulam a propriedade necessárias à vistoria, dá e presta a assistência de que
dos bens móveis. razoavelmente careçam para o cabal desempenho da
mesma.
Artigo 240.º
Usucapião de navios
3. O previsto nos números anteriores é aplicável aos
subempreiteiros contratados que realizem trabalhos
1. Havendo título de aquisição e registo deste, a pro- destinados à construção.
priedade do navio pode ser adquirida, pelo exercício Artigo 246.º
contínuo da posse por 3 (três) anos, estando o possuidor
de boa-fé. Propriedade do navio em construção
2. Não havendo registo, quando a posse tiver durado 1. Salvo acordo em contrário, o navio é propriedade do
10 (dez) anos, independentemente da boa fé do possuidor construtor durante o processo de construção, exceptuados
e da existência de título os materiais fornecidos pelo dono da construção.
Artigo 241.º 2. A transferência da propriedade dá-se com a entrega
Compropriedade dos navios do navio pelo construtor e sua aceitação pelo dono da
construção.
A compropriedade do navio rege-se pelas disposições
Artigo 247.º
gerais de direito civil, salvo nos casos de compropriedade
destinada à exploração de navios mercantes, sujeitos às Alterações
disposições do Capítulo III do Título I do Livro V deste
Código. 1. Se, durante a construção, entrar em vigor normas
técnicas, regulamentos, convenções internacionais ou
CAPÍTULO II quaisquer outras normas legais que imponham modifica-
ções na construção, o construtor, no prazo de 30 (trinta)
Do contrato de construção de navio dias contados desde o início da respectiva vigência, avisa
Artigo 242.º ao dono da construção e apresentar-lhe-á uma proposta
do preço das modificações e, sendo caso disso, da nova
Forma
data de entrega do navio.
O contrato de construção de navio e suas modificações
2. Se as partes não chegarem a um acordo, o construtor
estão sujeitos à forma escrita.
procede às alterações impostas, competindo ao tribunal
Artigo 243.º fixar as correspondentes modificações do contrato quanto
Legislação subsidiária
ao preço e prazo de execução.
Artigo 248.º
O contrato de construção de navio é disciplinado, sub-
sidiariamente, pelas normas aplicáveis ao contrato de Preço das modificações
empreitada que não contrariem o disposto no presente
Salvo acordo das partes em contrário, o custo de
Código.
quaisquer alterações ao projecto de construção, legais
Artigo 244.º ou convencionais, deve ser pago nas mesmas condições
Projecto do preço inicial.
Artigo 249.º
1. O construtor deve executar a construção do navio em
conformidade com o projecto aprovado pelo dono e sem Experiências
vícios que excluam ou reduzam seu valor ou aptidão para
o uso previsto no contrato ou, na falta desta indicação, 1. Durante a construção, o navio e seus equipamentos
para o uso comum do tipo de navio em causa. devem ser submetidos às experiências previstas no con-
trato e na legislação aplicável, assim como às impostas
2. O construtor não responde pelo projecto elaborado pelos serviços da administração marítima encarregados
pelo dono da construção ou por terceiros. da inspecção das condições técnicas dos navios.
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3. O dono da construção que não aceite o navio no Os resultados das provas e sua aprovação pelo dono
prazo devido incorre em mora creditória, nos termos do da construção e a aceitação sem reservas do navio não
direito civil. exoneram ao construtor da responsabilidade de corrigir
os defeitos.
Artigo 252.º
Artigo 258.º
Instruções e informação
Não eliminação dos defeitos
O construtor deve proporcionar ao dono da construção, Não sendo eliminados os defeitos, o dono da construção
na data de entrega do navio: pode exigir a redução do preço, segundo juízos de equi-
dade, ou a resolução do contrato, se aqueles tornarem o
a) Certificados do navio e dos equipamentos;
navio inadequado para o fim a que se destinava.
b) Livros de instruções e informação técnica; Artigo 259.º
c) Planos; Indemnização
d) Instruções e informações relativas à condução; O exercício dos direitos conferidos nos artigos antece-
dentes não exclui o direito a indemnização nos termos
e) Inventários e listas das partes integrantes do gerais.
navio; e
Artigo 260.º
f) Outros documentos eventualmente previstos no Caducidade
contrato de construção.
1. Os direitos concedidos nos artigos anteriores ca-
Artigo 253.º ducam se não forem exercidos dentro de 2 (dois) anos a
Retirada do navio do estaleiro contar da entrega do navio.
2. Em caso de vício oculto, o prazo fixado no número
O dono da construção deve retirar o navio do estaleiro
anterior conta-se a partir de seu conhecimento pelo dono
do construtor no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
da construção.
aceitação, ou noutro prazo acordado, sendo aplicável,
em caso de incumprimento, o disposto no número 3 do Artigo 261.º
artigo 251º. Pluralidade de construtores
Artigo 254.º
As disposições deste Capítulo relativas ao contrato de
Direito de retenção construção se aplicam, com as necessárias adaptações,
no caso de, através de contratos autónomos, a obra ser
O construtor goza do direito de retenção sobre o navio adjudicada a diferentes construtores, assumindo cada
como garantia dos créditos nascidos de sua construção. um deles, o encargo de parte da construção.
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Regime CAPÍTULO I
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Artigo 278.º Artigo 284.º
Forma Prescrição
1. As hipotecas sobre navios constituem-se por docu- 1. A acção hipotecária marítima prescreve decorridos
mento escrito, com reconhecimento notarial das assina- 3 (três) anos, a partir da data em que possa ser exercida.
turas dos outorgantes.
2. O proprietário do navio pode solicitar o cancelamento
2. A lei reguladora dos instrumentos referidos no nú- por caducidade da inscrição de hipoteca, decorridos 6
mero anterior é a lei do país onde os instrumentos forem (seis) anos desde o vencimento, se não consta que tenha
outorgados. sido renovada, interrompida a prescrição ou exercida a
Artigo 279.º acção hipotecária.
Hipoteca de navios em construção LIVRO V
Para a constituição de hipoteca sobre navios em DOS SUJEITOS DA NAVEGAÇÃO
construção ou a construir deve-se registar o contrato de
construção no registo convencional de navios mediante TÍTULO I
a apresentação do correspondente título constitutivo.
DOS PROPRIETÁRIOS E ARMADORES DE
Artigo 280.º
NAVIOS
Extensão da hipoteca a créditos acessórios
CAPÍTULO I
1. A hipoteca é extensiva aos seguintes créditos aces-
sórios: Das disposições gerais
Com excepção do previsto no artigo 275.º, os créditos 1. O armador não proprietário pode inscrever essa
por hipoteca marítima preferem a quaisquer outros cré- condição no registo convencional de navios.
ditos com privilégio geral ou especial previsto noutras leis.
2. No requerimento e respectiva inscrição devem
Artigo 283.º constar:
Extinção da hipoteca a) O nome ou designação social do armador;
A hipoteca marítima extingue-se:
b) O título jurídico que legitima a posse do navio;
a) Pela extinção do crédito garantido;
c) A duração da situação jurídica; e
b) Pela perda total do navio e consequente
cancelamento do registo; e d) Outros requisitos determinados por Portaria
do membro do Governo responsável pela
c) Por prescrição. administração marítima.
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Artigo 288.º Artigo 293.º
Presunção Deliberações
1. Sem prejuízo para terceiros de boa-fé, na falta de 1. As deliberações relativas à exploração do navio são
registo, presume-se armador, do navio, o proprietário tomadas pela maioria dos comproprietários que repre-
inscrito no registo convencional de navios, salvo prova sentam a maior parte do valor do navio.
em contrário.
2. O navio não pode ser desarmado nem hipotecado
2. Tratando-se de navio de recreio, na falta de registo, senão por deliberação tomada por maioria de 2/3 (dois
armador é o proprietário do navio. terços) dos comproprietários que representem 2/3 (dois
terços) do valor do navio.
3. Se o navio não for inscrito no registo, é armador seu
proprietário, sem possibilidade de prova em contrário. 3. As deliberações tomadas por maioria podem ser
impugnadas pelos comproprietários que tenham ficado
Artigo 289.º
vencidos, em acção de anulação proposta no tribunal do
Responsabilidade civil do armador porto de registo do navio, com fundamento em vício de
forma ou em que a deliberação impugnada é contrária a
1. O armador responde civilmente perante terceiros uma boa exploração do navio.
por actos ilícitos, seus ou dos auxiliares para a operação,
navegação e serviço do navio, realizados no exercício de Artigo 294.º
suas funções. Impossibilidade de acordos
2. Entende-se por auxiliares, os dependentes do ar- No caso de não ser possível formar maioria ou de anu-
mador empregados a bordo ou em terra, bem como seus lações sucessivas de deliberações maioritárias, o tribunal
mandatários. pode, a pedido de um dos comproprietários, nomear um
3. O disposto no número anterior, não prejudica o direi- gestor provisório ou ordenar a licitação do navio, ou tomar
to de se estabelecer limites à responsabilidade nos termos ambas providências.
do Livro IX e demais casos previstos no presente Código. Artigo 295.º
2. Os armadores de navios de comércio podem ser 2. O mandato dos gestores só é revogável com funda-
sociedades de armamento regularmente constituídas mento em faltas por estes cometidos que afectem a boa
conforme a legislação comercial. exploração do navio.
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Artigo 298.º comproprietários ou em condições diferentes das no-
Participação nos lucros e nas perdas tificadas, no prazo estabelecido no número anterior, a
contar da data que o comproprietário interessado teve
Os comproprietários participam nos lucros e nas perdas conhecimento da venda ou da sua inscrição no registo
derivadas da exploração do navio na proporção do valor convencional de navios.
das suas quotas-partes.
5. Para poder exercer o direito de averiguação e de
Artigo 299.º
anulação, deve o adquirente ou adquirentes consignar
Responsabilidade solidária judicialmente o preço da venda.
1. Os comproprietários são solidariamente responsá- Artigo 303.º
veis pelos actos ilícitos dos gestores, capitão e demais
Despedimento de comproprietários que sejam parte da tripulação
auxiliares ao serviço do navio, praticados no exercício
de suas funções. 1. Os comproprietários que formam parte da tripula-
2. Respondem ainda solidariamente para com terceiros ção do navio podem, em caso de despedimento, exigir a
pelas obrigações contraídas pelos gestores em nome da compra de suas quotas pelos demais comproprietários.
compropriedade. 2. O preço é fixado por acordo e, na sua falta, pela
Artigo 300.º autoridade judicial.
Direito de reembolso dos comproprietários Artigo 304.º
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Artigo 306.º 2. No caso dos navios de comércio o agente marítimo se
Exercício das obrigações do gestor ocupa ainda de promover a contratação dos transportes
marítimos e de receber as mercadorias dos carregadores
1. As relações entre o armador e seu gestor regem-se e de entregá-las aos destinatários no porto de estadia do
pelo estabelecido no contrato de gestão e, na sua falta, navio.
pelas normas reguladoras do contrato de mandato co-
mercial. 3. A actividade de agência marítima apenas pode ser
exercida nos portos onde aquela tenha sua sede ou uma
2. O gestor deve cumprir suas obrigações e cuidar dos
sucursal permanente.
interesses do armador com a diligência exigível a um
representante leal. Artigo 311.º
Artigo 307.º Obrigatoriedade
Representação perante terceiros
1. Todo o navio estrangeiro deve ter um agente ma-
1. Nas suas relações com terceiros, o gestor deve mani- rítimo nos portos nacionais, excepto as embarcações de
festar sua condição de mandatário do armador, fazendo recreio, que podem ser directamente representadas por
constar a identidade e domicílio deste último em quantos seu proprietário ou capitão.
contratos celebrar.
2. Nos regulamentos aprovados pelo membro do Go-
2. Se o gestor não celebrar os contratos nos termos
verno responsável pela administração marítima nacional
do número anterior, é solidariamente responsável com
pode-se estabelecer a mesma obrigação para determina-
o armador pelas obrigações assumidas por conta deste,
das classes de navios nacionais.
mas, salvo o previsto no artigo seguinte, os terceiros não
ficam obrigados perante o armador. 3. Todas as notificações ou citações, judiciais ou extra-
3. Para os actos de alienação ou hipoteca do navio deve judiciais, destinadas ao armador podem ser validamente
possuir e exibir poderes especiais. feitas na pessoa e domicílio do seu agente marítimo, inclu-
sive depois da partida do navio do porto de consignação.
Artigo 308.º
Regime especial de representação dos gestores notórios 4. Não obstante o previsto nos números anteriores,
as funções próprias das agências marítimas podem ser
1. Quem seja pública e notoriamente conhecido como directamente realizadas, em relação a seus navios, pe-
gestor permanente de um armador, nos portos ou nou- los armadores que tenham sua sede social ou sucursal
tros lugares onde tenha seu domicílio, obriga o armador permanente no porto de escala dos navios.
em todos seus actos relativos à navegação ou exploração
ordinária do navio. Secção II
2. Nenhuma limitação contratual de seus poderes é opo- Acesso à actividade e controlo administrativo
nível a terceiros que não a conheçam ou não a pudessem Artigo 312.º
conhecer, exercendo a diligência exigível.
Requisitos de acesso à actividade
3. Não obstante, os gestores notórios devem possuir e
exibir procuração com poderes especiais para os actos de 1. O acesso à actividade de agência marítima depende
alienação ou hipoteca do navio. da inscrição no registo de agências marítimas, a reque-
Artigo 309.º rimento do interessado e obtenção da correspondente
Responsabilidade extracontratual
licença de agente marítimo.
O gestor responde solidariamente com o armador pe- 2. O registo das agências marítimas, é um serviço da
los danos e prejuízos que causar extracontratualmente administração marítima nacional, a quem compete lavrar
a terceiros em consequência dos actos ilícitos seus ou a inscrição e emitir a licença de agente marítimo.
dos seus dependentes praticados no exercício de suas
3.A inscrição prevista no número anterior depende da
funções, sem prejuízo do direito de um e outro limitar a
verificação cumulativa dos seguintes requisitos:
responsabilidade nos termos estabelecidos no Livro IX
do presente Código. a) Estar constituída como sociedade comercial e ter
CAPÍTULO II como objecto social exclusivo o exercício das
actividades próprias de agente marítimo;
Dos agentes marítimos
Secção I b) Ter como capital social mínimo o que for
estabelecido nos regulamentos aprovados
Disposições gerais
pelo membro do Governo responsável pela
Artigo 310.º administração marítima;
Conceito e funções
c) Dispor de pessoal, instalações e equipamentos
1. Agente marítimo, ou agente do navio, é aquele que apropriados; e
em representação do armador, se ocupa das gestões ma-
teriais e jurídicas necessárias para o despacho e demais d) Dispor de um responsável técnico com a adequada
obrigações dos navios em porto. experiência ou formação profissional.
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2. A emissão e a revalidação anual da licença ficam Além dos deveres assumidos perante o armador em
sujeitas ao pagamento de uma taxa fixada por Portaria virtude do contrato de agência, o agente marítimo tem
conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas os seguintes deveres:
áreas das finanças e administração marítima.
Artigo 314.º a) Facilitar à administração marítima nacional e à
administração portuária os dados estatísticos
Coordenação e supervisão administrativa
e demais informações que lhe são solicitados
1. Compete à administração marítima nacional a co- de acordo com Portarias adoptadas pelo
ordenação e fiscalização administrativa das actividades membro do Governo responsável pela
próprias das agências marítimas, bem como, velar pelo administração marítima;
cumprimento das disposições legais aplicáveis.
b) Manter, dentro dos limites legais, o segredo
2. Os agentes marítimos devem comunicar à admi- profissional em relação aos factos que assim
nistração marítima nacional todas as alterações que se o justifiquem e dos quais tenha conhecimento
verifiquem em relação com os requisitos exigidos para a em virtude da sua actividade;
inscrição no registo e obtenção da licença.
c) Colaborar com a administração marítima local,
Artigo 315.º
com a administração portuária e com os
Tarifas máximas serviços públicos no cumprimento ou execução
do despacho de entrada e de saída e demais
O membro do Governo responsável pela administração formalidades relacionadas com a estadia no
marítima nacional pode fixar, por meio de Portaria e porto de navios de sua consignação;
prévia consulta dos agentes marítimos ou de suas associa-
ções, a tabela de tarifas máximas a aplicar na prestação d) Cumprir as normas de funcionamento do porto e
de seus serviços. informar aos armadores e capitães acerca das
Artigo 316.º mesmas; e
Cancelamento da inscrição e) Assumir, por todos os meios lícitos a defesa dos
1. A inscrição no registo de agências marítimas é interesses que lhe estejam confiados.
cancelada: Artigo 319.º
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Artigo 320.º Artigo 326.º
O agente marítimo responde solidariamente com o 1. Nos contratos com terceiros para a prestação dos
armador pelos danos e prejuízos causados extracontra- seus serviços, o transitário pode contratar em seu nome
tualmente a terceiros em consequência de actos ilícitos próprio ou em nome e por conta de outrem, expressando-o
seus ou dos de seus dependentes no exercício de suas no contrato.
funções, sem prejuízo do direito de um e outro a limitar
a responsabilidade nos termos estabelecidos no Livro X 2. Quando o transitário faz constar no contrato a in-
do presente Código. dicação da pessoa em nome de quem contrata, é esta o
titular dos direitos e obrigações correspondentes.
Artigo 321.º
3. Nos casos em que o transitário declare que actua
Responsabilidade pelos danos às mercadorias em seu nome próprio ou omita declaração acerca de por
quem contrata, é o transitário, para todos os efeitos, o
O agente marítimo não é responsável, perante os
único titular perante a terceiros dos direitos e obrigações
destinatários da mercadoria desembarcada, das indem-
derivados do contrato.
nizações por danos, perdas ou atrasos sofridos durante o
transporte marítimo, salvo se estes forem causados por Artigo 327.º
culpa sua ou dos seus dependentes.
Âmbito do poder de representação do transitário
Artigo 322.º
1. O transitário pode praticar todos os actos necessários
Responsabilidade subsidiária pelas despesas portuárias ou convenientes para a normal prestação dos serviços a
que se refere o artigo 325.º, salvo aqueles expressamente
Na falta de pagamento por parte do armador ou ca- excluídos no contrato ou documento de delegação.
pitão, o agente marítimo responde pessoalmente pelo
pagamento dos serviços portuários náuticos e dos demais 2. Os terceiros têm direito a solicitar ao transitário a
direitos ou tarifas portuárias. exibição do contrato ou documento de delegação.
Artigo 323.º Artigo 328.º
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c) Guardar segredo profissional em relação aos c) Comprovem a idoneidade comercial e civil dos
factos de que tenha conhecimento como administradores, directores ou gerentes, não
consequência do exercício da sua actividade; sendo considerados comercial e civilmente
idóneos, os indivíduos que tenham sido
d) Abster-se de realizar actos de concorrência proibidos do exercido do comércio ou
desleal; judicialmente declarados insolventes; e
e) Assumir, por todos os meios lícitos, a defesa dos d) Possuam escritório devidamente identificado e
interesses que lhe sejam confiados; apropriado para o desenvolvimento de sua
d) Colaborar com os serviços públicos no actividade;
cumprimento e execução das formalidades Artigo 334.º
que incidem sobre os bens ou mercadorias
que lhe sejam confiados; e Pedido de licenciamento
e) Exercer, com zelo e diligência, todas as funções 1. Os pedidos para a concessão das licenças para a acti-
inerentes à prestação de serviços de vidade de transitário devem ser dirigidos à administração
transitário. marítima e deles deve constar:
Requisitos de licenciamento
4. A administração marítima nacional deve decidir
no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da apresentação
1. As licenças para o exercício da actividade de tran- do pedido.
sitário só podem ser concedidas a sociedades comerciais
regularmente constituídas, que reúnam cumulativamen- 5. As licenças são objecto de inscrição em livro próprio,
te os seguintes requisitos: cujos modelos devem ser estabelecidos por Portaria do
membro do Governo responsável pela administração
a) Possuam um capital social não inferior a marítima.
5,000,000 $00 (cinco milhões de escudos),
Artigo 335.º
integralmente realizado;
Taxa para emissão de licença
b) Disponham de um director técnico, que pode ou
não ser um dos administradores ou gerentes A emissão da licença de transitário fica sujeita ao
da sociedade, e que deve trabalhar em regime pagamento de uma taxa a ser fixada conjuntamente
de tempo completo e possuir a adequada pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas das
experiência profissional na actividade; finanças e administração marítima.
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Artigo 336.º 2. Em atenção à natureza de suas funções, os membros
Dever de comunicar modificações da tripulação integram os seguintes departamentos:
Cancelamento da licença
e) Sanidade.
Artigo 341.º
1. As sociedades transitárias que deixem de reunir os
requisitos previstos no presente Código devem regulari- Regime laboral dos marítimos
zar sua situação no prazo de 180 (cento e oitenta) dias,
sob pena de serem canceladas as respectivas licenças. 1. Sem prejuízo do estabelecido no presente Código, as
relações laborais dos marítimos, que prestem seus ser-
2. O cancelamento previsto no número anterior é da viços em navios nacionais, regem-se pelas disposições a
competência da administração marítima nacional, o qual eles aplicáveis contidas no Código Laboral Cabo-verdiano.
deve ouvir, para o efeito, a sociedade transitária visada.
2. As condições de segurança e higiene no trabalho
TÍTULO III a bordo dos navios nacionais regem-se pela legislação
DOS MARINHEIROS nacional especial sobre a matéria.
Artigo 342.º
CAPÍTULO I
Condutas delituosas
Das disposições gerais
Secção I
Os actos delituosos cometidos pelos marítimos no de-
sempenho de suas funções a bordo dos navios, e as san-
Âmbito, conceitos, classificação e regime ções penais respectivas que por isso corresponda impor
Artigo 338.º regem-se pelo disposto no Código Penal de Cabo Verde.
Âmbito de aplicação Artigo 343.º
1. As disposições deste Título são aplicáveis aos navios Proibição de negócios próprios
mercantes.
Os membros da tripulação dos navios de comércio não
2. Através de Portaria conjunta dos membros do Gover- podem carregar mercadorias por sua conta própria, sem
no responsáveis pelas áreas da administração marítima consentimento dos armadores e sem pagar frete, salvo
e das pescas, pode-se estabelecer excepções às previsões se outra coisa for estipulada no seu contrato de trabalho.
deste Título, ou regular especialidades relativas à tripu-
Secção II
lação dos navios pesqueiros.
Requisitos gerais dos tripulantes
Artigo 339.º
Artigo 344.º
Conceito de marítimos e de tripulação
Idade mínima
1. Consideram-se marítimos, os trabalhadores que
prestam a sua actividade laboral a bordo dos navios de- 1. A idade mínima para fazer parte da tripulação dos
dicados à navegação marítima e sejam titulares de uma navios nacionais, incluindo o posto de patrão, é 16 (de-
cédula marítima. zasseis) anos.
2. O conjunto de marítimos, quando no exercício da sua 2. Para ser capitão de um navio nacional deve-se ter,
actividade a bordo, constitui sua tripulação. pelo menos, 21 (vinte e um) anos completos.
3. Os membros da tripulação consideram-se auxiliares Artigo 345.º
dependentes do armador e estão organizados hierarqui-
Aptidão física
camente a bordo sob a superior autoridade do capitão.
Artigo 340.º 1. Para poder fazer parte da tripulação de um navio
nacional o tripulante deve ter aptidão física necessária
Classificação dos membros da tripulação
para isso, em função da classe e características do navio,
1. Em atenção à sua categoria os membros da tripulação navegação que efectua e a categoria e departamento em
se classificam em: que vai prestar seus serviços.
a) Capitão; 2. A aptidão física é comprovada por certificado de ap-
tidão física, emitido pelas autoridades sanitárias e deve
b) Oficiais;
ser renovado periodicamente.
c) Mestrança; e
3. Os requisitos a cumprir para a emissão ou renovação
d) Marinhagem. do certificado de aptidão física, o correspondente quadro
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2. Os postos de marinhagem cujo desempenho não Os armadores podem formar suas tripulações com o
requer certificado de competência profissional, podem número e classe de tripulantes conforme seus interesses,
ser exercidos pelos marítimos em qualquer classe de sempre que respeitem a tripulação mínima de segurança
navios e departamentos e assim se faz constar nas suas estabelecida.
cédulas marítimas. Secção IV
Artigo 349.º
Recrutamento, embarque e desembarque
Documentos dos tripulantes disponíveis a bordo
Artigo 353.º
Os documentos relativos aos tripulantes, especialmente
Recrutamento
a cédula marítima, o certificado de aptidão física e os cer-
tificados de competência profissional devem estar dispo- 1. O recrutamento é o processo pelo qual um armador
níveis a bordo para efeitos de eventual controlo por parte selecciona e ou contrata um marítimo para exercer as
das autoridades nacionais ou estrangeiras competentes. funções a bordo integrado na tripulação de um navio.
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2. Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes, o 3. O tripulante desembarcado tem o direito de solicitar
recrutamento é livre, podendo ser exercido directamente ao capitão que lhe entregue uma declaração escrita sobre
no mercado de trabalho ou através de agências de re- a qualidade de seu trabalho ou que indique, pelo menos,
crutamento e colocação ou dos agentes ou gestores dos que o mesmo satisfez as obrigações do contrato.
armadores. Artigo 358.º
3. Apenas podem ser recrutados marítimos titulares Pessoas alheias à tripulação
de cédula marítima válida e habilitados com as qualifi-
cações e respectivos certificados exigidos pela legislação 1. Podem também embarcar familiares acompanhan-
nacional e internacional para o exercício da actividade tes, técnicos ocasionais ou outras pessoas que não sejam
correspondente à categoria ou à função que vão exercer. marítimos nem formem parte da tripulação, sempre
e quando assim o permitam os meios de salvamento
Artigo 354.º
existentes a bordo e se comunique à autoridade local o
Gratuidade para os marítimos respectivo embarque e desembarque.
Nenhuma operação de recrutamento pode dar lugar a 2. As pessoas a que se refere o número anterior ficam
que os marítimos paguem uma remuneração, directa ou sob a autoridade do capitão quanto à ordem e disciplina
indirectamente, a uma agência, gestor ou qualquer outra a bordo e em tudo o que se refere ao exercício de suas
pessoa física ou colectiva por seus serviços de colocação funções públicas.
ou intermediação nos contratos de embarque.
CAPÍTULO II
Artigo 355.º
Deveres e responsabilidade dos recrutadores Do Capitão
1. Os agentes, gestores e demais recrutadores que Secção I
contratem em Cabo Verde marítimos nacionais para Disposições gerais
prestar serviços em navios estrangeiros são solidaria-
Artigo 359.º
mente responsáveis com o armador pelo cumprimento
do contrato celebrado. Capitão e patrão
2. As pessoas a que se refere o número anterior devem 1. O capitão é o marítimo que tem o comando da tri-
constituir seguro em quantia equivalente às estabe- pulação e se encarrega do governo e expedição no navio.
lecidas na legislação nacional para os casos de morte,
2. Patrão é o marítimo que tem, o comando de uma
incapacidade por acidente e repatriamento, sob pena de
embarcação e que rege pelas disposições do presente
terem de responder directamente pelo pagamento das
Capítulo com as necessárias adaptações, enquanto não
indemnizações que advenham.
for objecto de regulamentação própria pelo membro do
Artigo 356.º Governo responsável pela administração marítima.
Embarque e desembarque de marítimos Artigo 360.º
1. Por embarque de marítimos entende-se o processo Nomeação e despedimento
ou conjunto de formalidades destinadas a regularizar a
sua inscrição na lista da tripulação de um navio e por 1. O armador de um navio nacional pode nomear
desembarque a desvinculação temporária ou definitiva de livremente o capitão desde que a pessoa nomeada seja
um tripulante da lista de tripulação e do serviço a bordo. habilitada e possua os requisitos de idade, certificação,
aptidão física, experiência e nacionalidade exigidos no
2. Na lista de tripulação deve constar, como mínimo, presente Código e nos regulamentos aplicáveis.
o número e qualificação, dos tripulantes exigidos no
certificado de tripulação mínima de segurança, salvo em 2. A nomeação do capitão, para produzir efeitos, carece
situações excepcionais devidamente autorizadas. de homologação da administração marítima nos termos
previstos na Portaria aprovada pelo membro do Governo
3. A matéria relativa ao embarque e desembarque de responsável pela administração marítima.
marítimos, bem como, a lista de tripulantes, fica sujeita
a regulamentação especial, aprovada pelo membro do 3. A nomeação dos patrões não carece da homologação
Governo responsável pela administração marítima. prevista no número anterior.
Artigo 357.º 4. O armador pode despedir o Comandante a todo tem-
Bilhete de desembarque po, sem prejuízo dos direitos e obrigações decorrentes do
contrato de trabalho.
1. O bilhete de desembarque é documento oficial de
desvinculação de um ou mais tripulantes da lista de Artigo 361.º
tripulação, nele devendo ser mencionado, de forma ine- Substituição durante a navegação
quívoca, o motivo justificativo do desembarque, atentas
as incidências técnicas e jurídicas decorrentes. 1. O Capitão é, nas suas faltas e impedimentos, subs-
tituído pelo oficial náutico mais graduado da tripulação,
2. No bilhete de desembarque não se pode incluir ou na sua falta, pelo Chefe de máquinas.
menções relativas às qualidades e aptidão profissional
do tripulante ou sobre as sanções disciplinares eventu- 2. A pessoa que substituir o capitão tem os mesmos
almente aplicadas ao mesmo. direitos e deveres durante o tempo de exercício do cargo
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Artigo 362.º Artigo 364.º
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Artigo 368.º ou avaria causada ao navio, a sua carga ou passageiros,
Falecimentos a bordo o capitão deve, dentro do prazo de 48 (quarenta e oito)
horas desde sua chegada ao primeiro porto, apresentar o
1. Perante o falecimento de uma pessoa a bordo durante diário de navegação e sua declaração ou protesto de mar
a navegação e na ausência de pessoal do departamento perante a administração marítima local ou o represen-
de saúde, compete ao capitão a emissão do certificado tante diplomático ou consular mais próximo.
de óbito, mas não antes de decorridos 24 (vinte e qua-
tro) horas depois do momento em que, no seu entender, 2. O protesto ou declaração deve mencionar o porto
ocorreram os sinais inequívocos de morte. e o dia de saída, o navio, a rota percorrida, os perigos
suportados, os danos acontecidos ao navio ou à carga e,
2. O capitão faz o levantamento dos papéis e pertences
em geral, todas as circunstâncias importantes da viagem.
do falecido, devendo ser assistido por 2 (dois) oficiais do
navio e (duas) testemunhas, de preferência, passageiros. 3. A autoridade competente pode completar a decla-
Artigo 369.º ração ou protesto do capitão com informação sumária
prestada por alguns membros da tripulação e, se neces-
Destino dos cadáveres
sário, por alguns passageiros, carregadores ou outros
1. Emitido o certificado de óbito, o capitão toma as me- interessados, sempre que os considere útil para o escla-
didas adequadas à conservação do cadáver a bordo, até à recimento dos factos.
chegada do navio ao primeiro porto após o falecimento,
entregando-o às autoridades de saúde competentes, que 4. Os protestos ou declarações de mar confirmados
com a colaboração da administração marítima, adopta pela informação sumária constituem presunção ilidível
as medidas pertinentes. da veracidade dos factos neles relatados.
2. No caso de atracar em porto estrangeiro o capitão 5. A mesma presunção tem a declaração do capitão, se
comunica o óbito ao cônsul ou representante diplomático for ele o único salvo de naufrágio.
cabo-verdiano, que toma as medidas que as circunstân- Artigo 373.º
cias exigirem para o desembarque ou conservação a bordo
do cadáver. Ausência de autoridades competentes no estrangeiro
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, 1. Em todos os casos em que, conforme o disposto no pre-
tornando-se impossível a adequada conservação a bordo, sente Código, o capitão deva realizar uma actuação perante
o capitão pode decidir pelo lançamento do cadáver ao mar. um cônsul ou representante diplomático de Cabo Verde e
não o faça no lugar, deve efectuá-la perante a autoridade
4. O lançamento do cadáver ao mar deve constar no
local e, não sendo possível, perante um notário público.
diário de navegação, indicando a data, hora, situação
geográfica e a presença de, pelo menos 2 (duas) testemu- 2. O capitão ratifica as actuações previstas no número
nhas, devidamente identificadas que assinam o diário. anterior, no primeiro porto de escala em que se encontrar
Artigo 370.º cônsul ou representante diplomático cabo-verdiano.
Entrega de bens e de documentação Artigo 374.º
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e saída de porto e, em geral, em todas as situações que 3. O capitão deve ser sempre o último a abandonar o
representem risco para a navegação, sem prejuízo dos navio e empregar os meios ao seu dispor para conduzir
períodos de descanso necessários para a manutenção das os passageiros e tripulantes salvos ao lugar mais con-
suas aptidões físicas. veniente.
Artigo 379.º
3. O capitão deve tomar piloto sempre que este seja
imposto pela legislação ou pelos usos locais e sempre que Primazia do critério profissional
as circunstâncias o aconselhe.
1. O armador, gestor, fretador ou outra pessoa com
4. No exercício de suas funções técnicas, o capitão deve interesse no navio ou na sua carga, não devem impedir
actuar com a diligência exigível a um marítimo prudente. nem limitar o capitão do navio a tomar ou executar qual-
quer decisão que, segundo seu critério profissional, seja
Artigo 376.º
necessária para a segurança da vida humana no mar e
Medidas a adoptar em caso de perigo a bordo a protecção do meio marinho.
1. Em caso de mau tempo, risco de naufrágio ou outros 2. O capitão não deve seguir instruções contrárias ao
perigos, o capitão adopta as medidas que considerar seu critério profissional, referidas no número anterior.
necessárias para assegurar a segurança do navio e a 3. Os armadores não podem despedir o capitão nem
salvação das pessoas e bens, procurando resguardo, efec- adoptar contra ele, outras medidas de natureza san-
tuando arribada ou recorrendo sem demora à solicitação cionatória por não acatar as suas instruções perante a
de salvamento, podendo contratá-lo se for necessário. necessidade de agir de modo mais adequado para a sal-
vaguarda da segurança, segundo o critério profissional
2. Caso considerar necessário uma arribada forçada, o
exigível a um marítimo prudente.
capitão deve ouvir os oficiais da tripulação e os interessa-
dos na carga que estiverem a bordo e registar no diário Secção IV
de navegação, a decisão tomada, as opiniões e protestos Deveres relativos às funções comerciais
recebidos.
Artigo 380.º
3. Em caso de perigo iminente o capitão pode omitir Sujeição às instruções do armador
as audiências previstas no número anterior e tomar a
decisão de arribar. O capitão deve obedecer às instruções do armador e
solicitá-las sempre que necessário, em tudo o que respeite
4. Em qualquer caso, os interessados na carga, se os ao exercício de suas funções comerciais.
houver, podem fazer protesto contra a arribada perante
Artigo 381.º
a administração marítima, cônsul ou representante
diplomático. Poder de representação do armador
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2. As despesas realizadas e encargos assumidos devem 3. Os pilotos assinam o diário de navegação nos ca-
ser lançados no diário de navegação fazendo-se circuns- sos de substituição no serviço de guarda, constituindo
tanciada menção deles e, antes de sair do porto onde teve a assinatura, prova de conformidade do serviço, sem
que fazer despesas extraordinárias e contrair obrigações prejuízo do capitão poder fazer anotações e registar no
sem a intervenção directa do armador, gestor ou afreta- diário de navegação, as ordens e instruções dadas para
dor, enviará a estes uma conta corrente de tais despesas, a navegação.
com indicação dos documentos justificativos delas e dos
Artigo 386.º
encargos contraídos, compreendendo, quanto a estes, a
identificação e domicílio dos credores. Responsabilidade dos pilotos
3. A responsabilidade para com os carregadores pelas 1. Os pilotos respondem perante o armador pelos danos
mercadorias vendidas compreende os valores que elas e prejuízos que cometerem no exercício das suas funções,
teriam no lugar e na data de descarga do navio. seja por negligência, imperícia ou outros actos ilícitos,
Artigo 383.º sem prejuízo da responsabilidade criminal a que tiver
lugar, salvo caso fortuito ou força maior.
Cuidado da carga
No caso dos navios de comércio, o capitão deve cuidar 2. O piloto deve obedecer as instruções do capitão do
diligentemente da estiva, arrumação, conservação e en- navio, designadamente, as relativas ao rumo e velocidade
trega das mercadorias transportadas. a seguir.
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algum tempo ou de algum acidente no seu 3. Os membros do Governo responsáveis pela admi-
departamento, bem como, do consumo de nistração marítima e pela saúde pública, por Portaria
combustível e lubrificantes; conjunta, fixam os equipamentos e materiais que obri-
gatoriamente devem existir num departamento de saúde
d) Não proceder a nenhuma modificação no aparelho a bordo, bem como os oficiais e demais pessoal que o
motor, nem alterar o regime normal da marcha, integram.
sem a prévia autorização do capitão; e
Artigo 392.º
e) Anotar no diário de máquinas o regime de
Oficiais alunos
funcionamento dos motores, máquinas e
caldeiras, bem como, as avarias ocorridas, as 1. Os armadores dos navios nacionais estão obrigados
causas e os meios empregues para as reparar. a aceitar e manter a bordo os alunos dos centros de for-
3. Os oficiais de máquinas assinam o diário de máqui- mação ou capacitação marítima que cursem estudos para
nas nos casos de substituição no serviço de guarda, cons- a obtenção dos certificados de competência profissional
tituindo a assinatura, prova de conformidade do serviço, que os habilitam a exercer a categoria de oficial.
sem prejuízo do chefe de máquinas poder fazer anotações 2. Durante a estadia a bordo, os alunos são conside-
e registar no diário, as ordens e instruções dadas para o rados oficiais praticantes e estão sujeitos às ordens e
bom funcionamento do departamento. instruções dos oficiais correspondentes, devendo realizar
Artigo 389.º as tarefas que lhes sejam distribuídas e adequadas à
formação.
Responsabilidade dos oficiais de máquinas
3. O número de alunos que cada navio pode levar, de
1. Os oficiais de máquinas respondem perante o armador
acordo com a classe, tamanho e características, a duração,
pelos danos e prejuízos que cometerem no exercício das
condições das práticas e o regime a bordo, são fixados por
suas funções, seja por negligência, imperícia ou outros actos
Portaria aprovada pelo membro do Governo responsável
ilícitos, sem prejuízo da responsabilidade criminal a que
pela administração marítima.
tiver lugar, salvo caso fortuito ou força maior.
Artigo 393.º
2. Sempre que o chefe de máquinas não concordar com
ordem dada pelo capitão, e considerar necessário realizar Conselho de Oficiais
reparações, parar ou alterar o regime das máquinas ou
motores, dá a conhecer a sua discordância ao capitão Sempre que as circunstâncias o aconselhar, o capitão
na presença dos demais oficiais de máquinas e se, não pode pedir opinião aos oficiais a bordo constituídos em
obstante, o capitão mantiver aquela, o chefe de máquinas conselho de oficiais, sobre matérias que considere rele-
lavra o correspondente protesto, registando-o no diário vantes para a segurança do navio, da tripulação, da carga,
de máquinas e, obedece ao capitão, que passa a ser único do meio marinho ou outros, devendo decidir sempre da
responsável pelas consequências da sua decisão. forma que considerar mais adequada à situação, sendo
a decisão, da sua exclusiva responsabilidade pessoal.
Artigo 390.º
Secção II
Oficiais de radiocomunicações
Da mestrança e da marinhagem
1. São oficiais de radiocomunicações os que, às ordens
Artigo 394.º
do capitão, estão encarregados de organizar e cumprir os
deveres relacionados com o serviço radioeléctrico a bordo. Contramestre
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1802 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
lhe ainda, zelar pela estiva, fecho de escotilhas, e demais Artigo 399.º
elementos concernentes à segurança do navio ou da Regime a bordo
carga e informar o oficial de guarda, qualquer anomalia
verificada durante a execução das tarefas. 1. O sobrecarga tem categoria de oficial do departa-
Artigo 395.º mento de administração e serviços e está submetido
à autoridade do capitão, salvo no atinente às funções
Contramestre de máquinas
comerciais que lhe sejam atribuídas.
1. O contramestre de máquinas é o membro da tri-
pulação pertencente à categoria de mestrança, que, às 2. Sendo o sobrecarga designado pelo afretador, deve
ordens do chefe e demais oficiais de máquinas, dirige a o armador fornecer o seu alojamento a bordo mas as
marinhagem empregada no departamento, vela pela exe- despesas de alimentação são suportadas pelo afretador.
cução das tarefas de limpeza e de conservação e, distribui 3. O contrato de trabalho do sobrecarga está sujeito às
o trabalho pelos demais marinheiros do departamento, condições aplicáveis ao contrato de trabalho marítimo.
de acordo com as ordens recebidas dos oficiais.
Artigo 400.º
2. O contramestre de máquinas responde perante o
chefe e perante o primeiro-oficial de máquinas pela exe- Nomeação e despedimento
cução das tarefas sob sua direcção.
1. O sobrecarga é designado livremente pelo armador
Artigo 396.º
ou pelo afretador e pode ser despedido por quem o nomeou
Outros cargos de mestrança nas mesmas condições do capitão.
1. Além dos contramestres de convés e de máquinas
2. O capitão, quando não concordar com a gestão do
podem existir a bordo, outros cargos de mestrança, con-
sobrecarga não o pode despedir e deve informar ao ar-
forme a classe e características do navio.
mador ou afretador o seu desagrado.
2. O regime, denominações e requisitos dos cargos de
Artigo 401.º
mestrança previstos no número anterior, são estabele-
cidos por Portaria aprovada pelo membro do Governo Funções excluídas e funções delegáveis
responsável pela administração marítima
1. O sobrecarga não pode interferir directamente na
Artigo 397.º
execução do contrato, mas tem a faculdade de fazer re-
Marinhagem comendações ao comandante do navio em tudo quanto
1. O pessoal da tripulação distinto do capitão, oficiais se relacione com a administração da carga.
ou mestrança constitui a marinhagem.
2. O armador ou afretador não podem atribuir ao sobre-
2. As denominações, funções, requisitos e deveres dos carga nenhuma participação ou intervenção nas funções
membros da marinhagem são estabelecidos por Portaria administrativas, disciplinares e náuticas do capitão.
aprovada pelo membro do Governo responsável pela ad-
ministração marítima, em função do departamento, da 3. O contrato de trabalho do sobrecarga e o rol da tripu-
classe e características do navio. lação devem enumerar as funções comerciais atribuídas
ao sobrecarga e retiradas ao capitão, presumindo-se que
3. Os membros da marinhagem devem cumprir pon- este conserva todas as atribuições não expressamente
tualmente as ordens e instruções legítimas que recebam delegadas no sobrecarga.
do capitão, dos oficiais e dos cargos de mestrança corres-
pondentes ao seu departamento e respondem pelos seus Artigo 402.º
actos, perante o armador. Funções do sobrecarga
CAPÍTULO IV
No contrato de trabalho podem ser atribuídos ao so-
Do sobrecarga brecarga, entre outras, as seguintes funções:
Artigo 398.º
a) Determinar as viagens comerciais do navio,
Conceito incluídas as escalas;
O sobrecarga é um empregado do armador ou do afre-
b) De receber e entregar as mercadorias
tador, que desempenha suas funções a bordo:
transportadas;
a) De um navio de pesca, para dirigir as operações
de pesca e de conservação ou comercialização c) De verificar as mercadorias no embarque e
do produto desta; desembarque;
b) De um navio de passageiros para proporcionar d) Assinar os conhecimentos de embarque;
aos passageiros prestações e serviços para
além do transporte marítimo; e e) Zelar e fazer recomendações ao capitão quanto
à conservação das mercadorias durante o
c) De um navio de carga dedicado ao transporte transporte;
de mercadorias, para dirigir o embarque e o
desembarque e zelar pela boa conservação f) Efectuar determinadas despesas relativas aos
das mercadorias. passageiros ou à carga;
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1804 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 410.º 2. As administrações marítimas tomam as medidas
Expedição e registo de certificados de competência
convenientes para o desembarque daqueles que não cum-
prem com o previsto no número anterior, sem prejuízo
1. Compete à administração marítima a emissão, da manutenção dos contratos de trabalho.
renovação, ratificação, reconhecimento e controlo dos
certificados de competência profissional, nos termos esta- 3. No caso de se tratar de um posto a bordo dos consig-
belecidos em Portaria aprovada pelo membro do Governo nados no certificado de tripulação mínima de segurança,
responsável pela administração marítima. sem prejuízo do previsto no número 3 do artigo 353º, a
administração marítima não autoriza a saída do navio
2. A administração marítima mantém um registo até que o visado, seja substituído por outro que cumpra
público de todos os certificados emitidos, ratificados ou os requisitos exigíveis.
reconhecidos. Artigo 413.º
Artigo 411.º Controlo de navios estrangeiros nos portos nacionais
Responsabilidades do armador, do comandante e dos tripulantes Enquanto autoridades do Estado do porto, as admi-
nistrações marítimas podem verificar o cumprimento
O armador, o capitão e os marítimos que integram a dos requisitos de certificação e aptidão dos marítimos
tripulação, cada um nas respectivas áreas de intervenção embarcados a bordo de navios estrangeiros, em confor-
e de obrigações, são responsáveis pelo efectivo cumpri- midade com o previsto nas convenções internacionais
mento das disposições constantes do presente Código vigentes em Cabo Verde.
e dos regulamentos nele previstos, nomeadamente de
modo a garantir: Artigo 414.º
Detenção de navios estrangeiros
a) Que estão satisfeitos os requisitos da inscrição
marítima, aptidão física, qualificação, posse 1. Detectadas anomalias em certificados de competência
dos certificados exigíveis e satisfação dos ou deficiências na condição física ou fadiga da tripulação
demais requisitos de embarque e de funções que, possam representar perigo para as pessoas, bens
atribuídas; ou o meio ambiente, a administração marítima informa
imediatamente por escrito ao capitão do navio, ao re-
b) Que os documentos exigíveis a cada tripulante presentante diplomático ou consular mais próximo ou
estão válidos e disponíveis a bordo; à administração marítima do Estado de pavilhão, para
adopção de medidas apropriadas.
c) Que os marítimos afectos à tripulação estão
familiarizados com as suas tarefas específicas, 2. A administração marítima deve adoptar as medidas
com a organização do trabalho a bordo, necessárias para impedir a saída do navio até que tenham
instalações, equipamentos e características do sido corrigidos os defeitos de certificação ou de competên-
navio, e são capazes de exercer eficientemente cia na medida suficiente para eliminar os perigos a que
as funções, nomeadamente, em situações se refere o número anterior.
de emergência e vitais para a segurança do
LIVRO VI
navio;
DA ORDENAÇÃO ECONÓMICA
d) Que os navios estão tripulados em conformidade DO TRANSPORTE MARÍTIMO
com as lotações mínimas de segurança
estabelecidas; TÍTULO I
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1805
b) Transporte marítimo nacional, que não sendo 3. Exclui-se também da reserva prevista neste artigo a
transporte interior, se efectua entre portos exploração de navios estrangeiros de comércio no trans-
ou lugares situados dentro dos espaços porte marítimo exterior ou estrangeiro extra nacional,
marítimos nacionais; que se efectua conforme ao estabelecido no Título III do
presente Livro.
c) Transporte marítimo exterior (de longo curso),
que se efectua entre portos ou lugares Artigo 421.º
situados nos espaços marítimos nacionais e Requisitos para o exercício da indústria
portos ou lugares situados fora deles; e
1. A inscrição para o exercício da indústria de trans-
d) Transporte marítimo estrangeiro extra nacional, porte marítimo depende da verificação dos seguintes re-
que se efectua entre portos ou lugares situados quisitos exigidos para a sociedade armadora requerente:
fora dos espaços marítimos nacionais.
a) Que o exercício da indústria do transporte
Artigo 417.º
marítimo constitui seu objecto social
Classificação do transporte marítimo, condições de prestação exclusivo;
De acordo com as condições de prestação, o transporte b) Que o seu capital social é igual ou superior a
marítimo realizado por navios de comércio classifica-se em: 30.000.000$00 (trinta milhões de escudos), se
a requerente pretende operar no transporte
a) Transporte marítimo regular, que se efectua com marítimo exterior ou estrangeiro extra
itinerários, frequências de escalas, tarifas e nacional ou de 4.000.000$00 (quatro milhões
outras condições de transporte previamente de escudos) se pretende operar no transporte
estabelecidas; e marítimo nacional;
b) Transporte marítimo não regular, que se efectua c) Que possui frota própria que integre, pelo menos,
sem sujeição às condições previstas no um navio operacional de nacionalidade cabo-
número anterior. verdiana.
CAPÍTULO II 2. Para efeitos do número anterior considera-se frota
própria a constituída, pelo menos, por um navio de comér-
Do exercício da indústria de transporte
cio propriedade da solicitante, ou que se encontre na sua
marítimo
posse em virtude de contrato de fretamento a casco nu ou
Artigo 418.º de outro negócio translativo da posse e, navio operacional,
Indústria de transporte marítimo
aquele que possui os certificados em vigor requeridos
conforme o estabelecido no Título III do Livro IV.
1. Entende-se por indústria de transporte marítimo a Artigo 422.º
que se dedica à exploração de navios próprios de comércio
no transporte por mar de mercadorias ou de passageiros. Procedimento de inscrição
2. A indústria de transporte marítimo abrange, neces- 1. O requerimento a solicitar a inscrição como socie-
sariamente, o armamento e a consequente exploração dade armadora nacional, deve identificar a sociedade
directa de navios de comércio próprios, fretamento e requerente e ser instruído com os seguintes documentos:
afretamento, bem assim, compra e venda de navios.
a) Certidão actualizada da matrícula da sociedade
Artigo 419.º na conservatória do registo comercial;
Sociedade armadora nacional b) Documento comprovativo da existência do
capital social realizado à data da inscrição;
Para efeitos do presente Título, considera-se sociedade
armadora nacional, aquela que tenha a sua sede e c) Copias autenticadas dos documentos necessários
administração principal em Cabo Verde e preencha os à prova de que a sociedade possui frota
requisitos do art.421º. própria que integre, pelo menos, um navio
Artigo 420.º
operacional.
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1806 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 423.º 2. Excepcionalmente, quando não existam navios
Regime de exploração e cancelamento
nacionais adequados e disponíveis para prestar uma
determinada actividade, e pelo tempo que perdure tal
1. Uma vez inscritas, as sociedades armadoras ficam circunstância, a administração marítima pode autorizar
obrigadas a exercer a indústria marítima nas condições o emprego de navios estrangeiros para efectuar trans-
da inscrição, devendo manter, em todo o momento e em portes interiores.
condições de efectiva prestação do serviço, ao menos um Artigo 428.º
navio dos referidos no nº 2 do artigo 421.º, sem prejuízo
das imobilizações técnicas que possam proceder. Reserva do transporte marítimo nacional
2. Os armadores que deixem de cumprir os requisitos 1. Sem prejuízo do disposto no Capítulo seguinte sobre
exigidos para a inscrição devem regularizar sua situação o serviço público de transporte marítimo, o transporte
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de serem marítimo nacional fica reservado às sociedades arma-
canceladas as respectivas inscrições. doras nacionais.
2. Excepcionalmente, em caso de não existirem socieda-
3. O cancelamento previsto no número anterior é da
des armadoras nacionais interessadas, a administração
competência da administração marítima, a qual deve
marítima pode autorizar a outros armadores a realização
ouvir, para o efeito, o armador visado.
dos transportes marítimos nacionais.
Artigo 424.º
Artigo 429.º
Supervisão pela administração marítima Obrigações de serviço público
À administração marítima nacional compete supervi- 1. A administração marítima pode estabelecer obriga-
sionar a actividade das sociedades armadores, as quais ções do serviço público nos transportes regulares inte-
devem fornecer os elementos por aquela, solicitados com riores ou nacionais se assim considerar necessário, em
vista à execução do disposto no presente Código. vista das suas especiais características, para garantir sua
Artigo 425.º
prestação sob condições de continuidade e regularidade.
Preferência para o fretamento de navios de comércio 2. As obrigações referidas no número anterior podem
dar direito a compensações económicas por parte da
Mediante regulamentação do Governo pode-se estabe- administração.
lecer um regime de preferência das sociedades armadoras
nacionais para o fretamento, em qualquer modalidade, CAPÍTULO II
dos navios de comércio que pretendam efectuar trans- Do serviço público de transporte marítimo
porte marítimo nacional ou exterior. nacional
Artigo 426.º Artigo 430.º
2. Os afretadores a que se refere o número anterior 2. O serviço público tem por finalidade a satisfação
devem prestar as informações que lhes sejam solicitadas das necessidades de transporte dos habitantes das ilhas,
pela administração marítima nacional e por outros orga- assim como a dinamização e integração dos territórios e
nismos competentes da Administração Pública. população do arquipélago.
Artigo 431.º
TÍTULO II
Princípios do serviço público
DO TRANSPORTE MARÍTIMO INTERIOR
E NACIONAL O serviço público de transporte marítimo nacional
obedece aos princípios de universalidade, igualdade,
CAPÍTULO I continuidade, regularidade e acessibilidade de preços.
Artigo 432.º
Das disposições comuns
Âmbito do serviço público
Artigo 427.º
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1807
Artigo 433.º TÍTULO III
Prestadores do serviço público de transporte marítimo DO TRANSPORTE MARÍTIMO EXTERIOR
1. O serviço público de transporte marítimo nacional E EXTRA NACIONAL
pode ser explorado: CAPÍTULO I
a) Pelo próprio Estado; Do regime de prestação
b) Por pessoa colectiva de direito público; Artigo 438.º
Regime de concorrência
c) Por sociedades armadoras nacionais ou, na falta
destas, por pessoa singular ou colectiva de 1. O transporte marítimo exterior, regular ou não,
direito privado, mediante contrato de concessão. efectua-se em regime de concorrência entre as sociedades
armadoras nacionais e os armadores estrangeiros que
2. O serviço público de transporte marítimo nacional desejam participar no respeito do direito internacional
pode ser apresentado por mais de uma entidade, em e do princípio da reciprocidade.
função das zonas geográficas que compreenda.
2. O transporte marítimo estrangeiro extra nacional
Artigo 434.º por navios de pavilhão de Cabo Verde, só pode ser efec-
Designação do prestador do serviço tuado por sociedades armadoras nacionais.
1. Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do nº 1 do 3. Sempre que se encontrem nos portos cabo-verdianos
artigo anterior compete ao Governo a designação do e nos demais espaços marítimos nacionais, os navios
prestador ou dos prestadores do serviço. estrangeiros que efectuam transporte exterior ou extra
nacional ficam sujeitos ao controlo da administração
2. Nos casos previstos na alínea c) do nº 1 do artigo ante- marítima e outros previstos no presente Código.
rior compete ao Governo fixar as condições de concessão. Artigo 439.º
Artigo 435.º Adopção de contra medidas
Regime de preços Se navios de comércio nacionais destinados à navega-
1. O regime de preços do serviço público de transporte ção exterior ou extra nacional forem objecto de medidas
marítimo nacional deve ser estabelecido pela adminis- discriminatórias em portos estrangeiros ou de restrições
tração marítima, tendo em consideração, os custos de que afectem a livre concorrência, o Governo pode, por
exploração e os princípios de transparência, não discri- solicitação da administração marítima, adoptar medi-
minação e acessibilidade dos usuários. das recíprocas e sancionatórias necessárias à defesa dos
interesses cabo-verdianos em conflito.
2. Com vista a garantir a acessibilidade dos preços do Artigo 440.º
serviço público, podem ser previstos sistemas de preços
especiais ou diferenciados com base em critérios geográ- Casos excepcionais de reserva de pavilhão
ficos e categoria dos serviços ou dos usuários. Em casos excepcionais e quando isso for necessário
para a economia ou para a defesa nacional, o Governo
3. Os preços não devem exceder os parâmetros máximos
pode reservar certos transportes marítimos exteriores a
estabelecidos na legislação geral de preços que, ao caso,
navios de pavilhão cabo-verdiano.
resulte aplicável.
Artigo 436.º
CAPÍTULO II
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1808 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
2. As conferências estão submetidas à concorrência dos seu arrendamento ou utilização regem-se pelas normas
armadores que efectuam transportes exteriores regulares do direito civil em tudo que não for previsto pelas con-
não integrados nas mesmas, bem como dos transportes venções das partes.
exteriores não regulares que operem nas mesmas rotas. Artigo 446.º
3. A actuação das conferências não pode dar lugar à Conceito
eliminação da concorrência sobre partes substanciais Contrato de fretamento de navio é aquele em que uma
do mercado no qual prestam seus serviços até o ponto das partes, fretador, se obriga em relação a outra, afreta-
de cerar situações de abuso dominante por parte dos dor, a pôr à sua disposição um navio, ou parte dele, para
armadores integrados nas mesmas. fins de navegação marítima, mediante uma retribuição
Artigo 443.º pecuniária denominada frete.
Conselhos de usuários Artigo 447.º
Forma
Os usuários dos transportes marítimos exteriores po-
dem constituir organizações denominadas conselhos de Designa-se carta-partida o documento particular exi-
usuários, com objectivo de defender os seus interesses, gido para a válida celebração do contrato de fretamento.
especialmente os referentes às condições tarifárias, da Artigo 448.º
qualidade e regularidade da prestação dos serviços, e Regime
oferecer aos seus membros um serviço de assessoria e
consulta de fretes e serviços marítimos. O contrato de fretamento rege-se pelas cláusulas da
carta-partida e subsidiariamente pelas disposições deste
Artigo 444.º Título.
Obrigações de informação e consulta Artigo 449.º
Modalidades
1. As conferências marítimas cujos navios façam escala
em portos cabo-verdianos para carregar ou descarregar 1. O contrato de fretamento pode revestir as seguintes
mercadorias devem informar à administração marítima, modalidades:
por solicitação desta, os acordos de distribuição de cargas,
a) Por viagem;
escalas ou saídas e facultar os documentos directamente
relacionados com os acordos, as tarifas e demais condições b) Por tempo;
de transporte. c) Casco nu ou fretamento/locação.
2. Estando constituídas conferências marítimas e Artigo 450.º
conselhos de usuários, ambas devem efectuar consultas Factos imputáveis
mútuas, cada vez que forem solicitadas por alguma das
partes, com vista a resolver os problemas relativos ao Para efeitos de responsabilidade previstas neste Título,
funcionamento dos transportes marítimos exteriores. entende-se por factos ou causas imputáveis, as acções
ou omissões intencionais ou com culpa do fretador, do
LIVRO VII afretador, ou seus auxiliares, sejam estes dependentes,
mandatários ou contratados independentes, conforme
DOS CONTRATOS DE EXPLORAÇÃO o caso.
DE NAVIOS E DOS CONTRATOS AUXILIARES
Artigo 451.º
TÍTULO I Direitos de retenção e privilégio sobre a carga
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1809
Artigo 453.º f) A indemnização convencionada em caso de sub-
Competência judicial internacional
estadia;
Conceito, caracterização, obrigações e direitos das partes b) Provisões, água, combustível, lubrificantes e
demais acessórios;
Artigo 455.º
2. No contrato de fretamento por viagem a gestão náu- O fretador responde perante o afretador ou perante
tica e a gestão comercial do navio pertencem ao fretador. o destinatário da carga pelas perdas ou danos sofridos
na mercadoria ou por atrasos na sua entrega, salvo se
Artigo 456.º
provar que aqueles tenham sido causados por factos a
Elementos da carta-partida ele não imputáveis.
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1810 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 461.º Secção II
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1811
Artigo 470.º Secção II
Alteração por parte do afretador do porto de destino Obrigações e direitos das partes
Capitão
CAPÍTULO III
1. Em tudo quanto se relacione com a gestão comercial
Do contrato de fretamento por tempo do navio, o capitão deve obedecer às ordens e instruções
Secção I do afretador, dentro dos limites previstos na carta-
partida, sem prejuízo do cumprimento das suas funções
Conceito e caracterização náuticas, públicas e administrativas.
Artigo 472.º 2. Quando o afretador considerar que o capitão não se
Conceito e atribuição da gestão náutica e comercial
ajusta às suas instruções ou que a sua actuação é pre-
judicial aos seus interesses comerciais, pode solicitar ao
1. Contrato de fretamento por tempo é aquele em que fretador a sua substituição.
o fretador se obriga a pôr à disposição do afretador um
3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, deve
navio, para que este o utilize durante certo período de
prevalecer sempre a primazia do critério profissional nos
tempo.
termos previstos no artigo 379.º.
2. No contrato de fretamento por tempo a gestão náu- Artigo 477.º
tica do navio pertence ao fretador e sua gestão comercial
ao afretador. Início e vencimento do frete
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Artigo 478.º à disposição do afretador, na época, local e condições
Suspensão do frete convencionados, um navio não armado nem equipado,
para que este o utilize durante certo período de tempo.
Não é devido frete durante os períodos em que se torne
impossível a utilização comercial do navio por factos não 2. No contrato de fretamento em casco nu a gestão náu-
imputáveis ao afretador. tica e a gestão comercial do navio pertencem ao afretador.
Artigo 479.º Artigo 484.º
Prolongamento do fretamento Regime subsidiário
1. O fretador não é obrigado a iniciar uma nova viagem São aplicáveis subsidiariamente a este contrato com as
cuja duração previsível exceda a fixada na carta-partida, necessárias adaptações, as normas relativas ao contrato
porém se o fizer, apenas tem direito ao frete proporcional de fretamento por tempo e a disciplina da lei geral sobre
ao prolongamento do fretamento. o contrato de locação.
2. Se, por facto imputável ao afretador, o fretamento Artigo 485.º
exceder a duração prevista na carta-partida, o fretador
tem direito, pelo tempo excedente, ao dobro do frete Fretamento de navios armados e equipados
estipulado.
As normas deste Capítulo são igualmente aplicáveis,
Artigo 480.º com as necessárias adaptações, aos contratos de freta-
Responsabilidade do afretador por avarias ao navio mento de navios armados e equipados cuja gestão náutica
e comercial seja conferida ao afretador.
O afretador é responsável pelas avarias causadas ao
navio em consequência das operações comerciais. Artigo 486.º
Do contrato de fretamento em casco nu 2. Não é devido frete durante o período das reparações
e substituições previstas no número anterior.
Secção I
Conceito, caracterização e regime Artigo 490.º
Conceito e atribuição da gestão náutica e comercial 1. O afretador pode utilizar o navio em todos os tráfegos
1. O contrato de fretamento em casco nu ou fretamen- e actividades que sejam compatíveis com a finalidade
to/locação é aquele em que o fretador se obriga a pôr normal e com suas características técnicas.
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1813
2. Pode igualmente o afretador usar as partes inte- ou omissões intencionais ou com culpa do transportador
grantes do navio e materiais a bordo, devendo, no termo ou do carregador, ou seus auxiliares, sejam estes de-
do contrato, restitui-los com a mesma quantidade e pendentes, mandatários ou contratados independentes,
qualidade, salvo o desgaste próprio do seu uso normal. conforme o caso.
Artigo 491.º Artigo 497.º
O afretador deve, no termo do contrato, devolver o 1. Para efeitos do disposto neste Título a mercadoria
navio ao fretador no mesmo estado e condições em que considera-se carregada ou descarregada no momento em
o recebeu, salvo o desgaste próprio do seu uso normal. que transpõe a borda do navio.
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a) Mercadoria que, por imperativo legal, deva Entrega das mercadorias no destino
seguir no convés;
1. O transportador deve entregar a mercadoria no porto
b) Contentores transportados em navio de descarga ao destinatário ou à entidade que a deve
especialmente construído ou adaptado a esse receber de acordo com os regulamentos locais.
fim ou noutro tipo de navio segundo usos de
tráfego prudentes. 2. Sendo a entrega feita à entidade a que se refere o
número anterior, tem esta o dever de guardar a merca-
3. A Convenção de Bruxelas de 1924 em matéria de co- doria nos termos estabelecidos no contrato de depósito
nhecimentos é aplicável, quanto às causas de exoneração regulado na legislação civil.
legal da responsabilidade do transportador e quanto à
limitação global desta, quando o transporte no convés se 3. Aplica-se igualmente o regime do contrato de de-
processe nos termos dos nºs 1 e 2 deste artigo. pósito sempre que a mercadoria permaneça na posse do
transportador, dos seus trabalhadores ou agentes depois
Artigo 511.º da descarga.
Impedimento da viagem por facto não imputável Artigo 515.º
ao transportador
Recusa em receber a mercadoria
Se a viagem não puder ser empreendida na data ou época
previstas por causa não imputável ao transportador, 1. No caso de o destinatário se recusar a receber a
qualquer das partes pode resolver o contrato, sem que mercadoria ou não reclamar a sua entrega no prazo de
impenda sobre aquele, responsabilidade alguma quanto 20 (vinte) dias após a descarga do navio, o transportador
aos danos sofridos pelo carregador. notifica-o por carta registada com aviso de recepção, se for
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conhecido, fixando-lhe mais 10 (dez) dias, para proceder 2. Do mesmo privilégio e com o mesmo grau, gozam os
ao levantamento, dando disso conhecimento também, créditos do transportador pelas contribuições da carga à
pela mesma via, ao carregador. avaria grossa ou pelas recompensas por salvamento, bem
como, demais despesas efectuadas no interesse da carga.
2. Se o destinatário for desconhecido, a notificação
prevista no número anterior é substituída por anúncio 3. Os privilégios sobre a carga extinguem-se quando esta
publicado num dos jornais mais lidos da localidade, seja adquirida por terceiro de boa fé e a título oneroso após 20
contando-se os 10 (dez) dias a partir da publicação, (vinte) dias a contar da data da sua entrega ao destinatário.
cumprindo o disposto na parte final do número anterior.
CAPÍTULO IV
3. Findos os prazos indicados nos números anteriores,
o transportador tem a faculdade de requerer o depósito e Da responsabilidade
venda judiciais da mercadoria, nos termos previstos no Artigo 520.º
Título IV do Livro XI do presente Código.
Regime de responsabilidade
Artigo 516.º
1. O transportador é responsável perante o carregador
Pluralidade de interessados na carga
ou perante terceiro portador do conhecimento de carga
Se mais de uma pessoa, com título bastante, pretender pelas perdas ou danos sofridos na mercadoria ou por atra-
receber a mercadoria no porto de descarga, esta fica à sos na sua entrega, salvo se provar que aqueles tenham
guarda da entidade referida no artigo 514.º até que a sido causados por factos a ele não imputáveis.
autoridade judicial competente decida, a requerimento
2. São nulas as cláusulas de exoneração da responsa-
do transportador ou de qualquer outro interessado, quem
bilidade prevista no número anterior, bem como, as que
tem direito a recebê-la.
pretendam limitar a responsabilidade:
Artigo 517.º
a) Do carregador pelas omissões ou incorrecções na
Garantia de pagamento do frete declaração de carga;
1. O transportador goza de direito de retenção sobre b) Do transportador pelas omissões ou incorrecções
a mercadoria transportada para garantia dos créditos no conhecimento de carga;
emergentes do transporte.
c) Da pessoa que emitiu um conhecimento de carga
2. O transportador pode solicitar o depósito e venda ju- sem ter legitimidade para o fazer.
dicial das mercadorias conforme o procedimento previsto
no Título IV do Livro XI do presente Código. Artigo 521.º
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1817
Artigo 524.º TÍTULO III
Limitação legal de responsabilidade por perda ou dano
DO CONTRATO DE TRANSPORTE MARÍTIMO
A responsabilidade do transportador por perdas ou da- DE PASSAGEIROS
nos sofridos pela mercadoria transportada é determinada
pelo valor da mercadoria no porto ou local de destino, CAPÍTULO I
salvo se no conhecimento de carga estiver declarado o seu Das disposições gerais
valor real, acrescido das despesas e encargos inerentes.
Artigo 530.º
Artigo 525.º
Volumes ou unidades de carga Conceito
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1818 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
1. O transportador deve realizar o transporte num O passageiro obriga-se a cumprir as leis e os regu-
navio em estado de navegabilidade, convenientemente lamentos vigentes e as instruções dadas pelo capitão,
armado, equipado e aprovisionado para a viagem, pro- durante a viagem.
cedendo de modo adequado e diligente à observância das
Artigo 540.º
condições de segurança impostas pelas normas e usos
aplicáveis. Desembarque em porto distinto do porto de destino
2. A viagem deve ser efectuada no navio designado no 1. Se durante a viagem, o passageiro preferir de-
bilhete de passagem e o transportador não pode substituí- sembarcar em porto do itinerário que não seja o do seu
lo por outro sem o consentimento expresso do passageiro. destino, pode fazê-lo, pagando ao transportador o preço
da passagem por inteiro e os suplementos ou despesas
3. Não obstante o previsto no número anterior, em caso adicionais decorrentes do desembarque.
fortuito ou de força maior, o transportador pode substituir
o navio por outro que ofereça qualidades idênticas. 2. O passageiro que tiver de desembarcar num porto
que não seja o do seu destino por causa imputável ao
Artigo 536.º
transportador, tem direito a ser indemnizado pelos danos
Atraso na saída sofridos.
1. Se houver atraso na saída por facto imputável ao 3. Se o desembarque em porto que não seja o de seu
transportador, o passageiro tem direito a: destino for motivado por caso fortuito ou de força maior,
apenas deve pagar o preço da passagem proporcional à
a) Alojamento e alimentação a bordo durante todo distância percorrida.
o tempo da demora, quando a alimentação
estiver incluída no preço da passagem; Artigo 541.º
Bagagem
b) Alojamento e alimentação a expensas
suas, conforme as tabelas de preços do 1. O passageiro tem direito ao transporte gratuito de
transportador, quando a alimentação não sua bagagem de mão ou de cabine, dentro dos limites
estiver incluída no preço da passagem; de peso e volume estabelecidos no bilhete de passagem.
c) Indemnização por danos sofridos. 2. A bagagem que exceda os limites a que se refere o
número anterior deve ser entregue ao transportador para
2. Se o atraso exceder as 12 (doze) horas, o passageiro a guardar e está sujeito a um frete especial, devendo o
tem direito a resolver o contrato. transportador entregar ao passageiro um recibo compro-
Artigo 537.º vativo da bagagem que lhe for confiada.
Apresentação para o embarque e renúncia do transporte Artigo 542.º
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1819
3. Não há lugar à indemnização prevista nos números 2. O contrato de reboque pode ser de reboque manobra,
anteriores, se o desvio derivar de caso fortuito ou de força de reboque oceânico, de reboque transporte ou de reboque
maior ou da necessidade de salvar pessoas ou bens no mar. salvamento.
Regime aplicável
Da responsabilidade do transportador
1. Na falta de acordo entre as partes, o contrato de
Artigo 544.º
reboque rege-se pelas disposições deste Título.
Responsabilidade por danos pessoais
2. O contrato de reboque manobra rege-se, além do
1. O transportador responde pelos danos que o passa- mais, pelo previsto no Capítulo II do Título I do Livro III
geiro sofra a bordo do navio, durante a viagem, e ainda do presente Código e na regulamentação portuária dos
pelos que ocorram desde o inicio das operações de embar- serviços portuários náuticos.
que até ao fim das operações de desembarque, quer nos
3. O reboque salvamento rege-se pelas normas contidas
portos de origem quer nos portos de escala, sempre que
no Título III do Livro VIII do presente Código.
os danos se devam a factos imputáveis ao transportador.
Artigo 549.º
2. A prova da intenção ou culpa do transportador ou
Factos imputáveis
seus auxiliares e, sobretudo, do incumprimento da obri-
gação de navegabilidade a que se refere o artigo 538.º Para efeitos deste Título entende-se por factos impu-
incumbe ao passageiro. táveis ao armador do navio rebocador ou do rebocado,
conforme o caso, as acções ou omissões intencionais ou
3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, quando
negligentes assim como as dos seus auxiliares utilizados
os danos sofridos pelo passageiro ocorram por ocasião
na operação de reboque.
de naufrágio, abordagem, explosão, incêndio, ou outro
acidente, incumbe ao transportador provar que os danos Artigo 550.º
não resultaram da navegabilidade do navio e que os factos Prescrição
não lhe são imputáveis.
As acções emergentes do contrato de reboque prescre-
Artigo 545.º vem no prazo de 1 (um) ano a contar da conclusão das
Responsabilidade por danos materiais operações.
Reboque oceânico
Das disposições gerais
1. As operações do reboque oceânico são realizadas
Artigo 547.º
sob a direcção do capitão do navio rebocador, pelo que,
Conceito e classes presume-se da responsabilidade do seu armador, os danos
que lhe sejam imputáveis, causados ao navio rebocado
1. O contrato de reboque é aquele que o armador de ou a terceiros.
um rebocador ou de outro navio se obriga, mediante um
preço, a realizar a manobra necessária para a deslocação 2. Mediante acordo escrito, as partes podem inverter a
de outro navio ou bem ou a prestar sua colaboração para presunção de responsabilidade estabelecida no número
as manobras do navio rebocado. anterior.
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1820 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 553.º 3. O disposto nos números anteriores aplica-se igual-
Responsabilidade perante terceiros por culpa comum mente nos casos em que, com o consentimento expresso
ou tácito do capitão ou do oficial, o piloto ordene directa-
1. Os armadores do navio rebocador e do rebocado são mente a manobra ou a execute pessoalmente.
solidariamente responsáveis pelos danos causados a
terceiros pelo trem de reboque no caso de os danos lhes CAPÍTULO II
serem imputáveis.
Da responsabilidade por danos
2. Em todo caso reserva-se o direito de regresso aos Artigo 558.º
armadores em função do grau da respectiva culpa.
Responsabilidade por danos causados ao navio
Artigo 554.º
Reboque transporte
Os danos e acidentes causados ao navio por inexactidão
ou omissão da assessoria que o piloto deva prestar ao
1. O contrato de reboque transporte, é aquele em que capitão, são imputáveis àquele, sem prejuízo da concor-
o armador de um rebocador assume a obrigação de tras- rência de culpa com o capitão, se este cometer erros ou
ladar por via marítima um navio desprovido de meios de actuar com negligência no seguimento das instruções
propulsão ou outros necessários para cooperar no governo recebidas.
do trem de reboque.
Artigo 559.º
2. No reboque transporte presume-se, salvo prova em Responsabilidade por danos causados a terceiros
contrário, que o armador do navio rebocador recebeu à
sua guarda o navio rebocado e demais bens que se en- 1. O piloto responde perante terceiros pelos danos a es-
contram a bordo, sendo responsável pelos danos, que se tes causados em consequência de actos a ele imputáveis,
provar serem devidos a factos que lhe são imputáveis. ainda que, pelos danos causados por culpa partilhada res-
pondem solidariamente, o piloto, o capitão e o armador.
3. Nos mesmos termos responde o armador do navio
rebocador pelos danos que o trem de reboque possa cau- 2. Em todo o caso os terceiros podem exigir directa-
sar a terceiros. mente ao armador a indemnização pelos danos sofridos
em consequência da abordagem com piloto a bordo, sem
TÍTULO V
prejuízo do direito de regresso que possa corresponder
DO CONTRATO DE PILOTAGEM ao armador, ao piloto ou ao capitão.
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1821
b) Recepção, classificação, depósito e armazenamento lidariamente responsável com o carregador, pelos danos
da carga no cais ou armazéns portuários; causados a terceiros, pelas mercadorias indevidamente
recebidas.
c) Movimento da carga dentro da zona portuária;
2. As mercadorias perigosas entregues ao operador sem
d) Outras operações materiais similares ou conexas serem declaradas como tais, por constituírem um risco
às anteriores. para as pessoas ou para os bens, podem ser por aquele,
2. O contrato de manuseamento de mercadorias pode destruídas ou transformadas em inofensivas, sem direito
ser concluído de forma expressa ou tácita. a indemnização para os seus titulares.
3. Os carregadores, se conhecerem a perigosidade das
3. Entende-se tacitamente concluído o contrato:
mercadorias e a omitirem ao operador, respondem pelos
a) No porto de carga, com a entrega da mercadoria danos causados em consequência do manuseamento
pelo carregador ao operador portuário; dessas mercadorias perigosas ou que não cumpram as
prescrições a que se refere o nº 1.
b) No porto de descarga, pela entrega da mercadoria
Artigo 566.º
feita pelo transportador ao operador portuário
para a sua entrega ao destinatário ou para Documentação
seu transbordo. 1. O operador portuário pode emitir um recibo escrito
Artigo 563.º no qual deve constar a recepção das mercadorias para
manuseamento, o estado em que se encontram, as quan-
Parte contratante das operações
tidades e demais anotações que considere pertinentes.
1. As operações de manuseamento portuário das mer- 2. O recibo escrito pode ser substituído por um mero
cadorias podem ser contratadas pelo transportador, pelo aviso de recepção com a data e a assinatura do operador
carregador, pelo destinatário, ou por seus auxiliares que em qualquer documento que lhe apresente o carregador
tenham assumido a obrigação de as contratar. ou destinatário das mercadorias no qual estas ficam
devidamente identificadas.
2. Na falta de acordo expresso presume-se que a ope-
ração foi contratada: 3. A emissão e assinatura do documento que ateste a
recepção das mercadorias são obrigatórias se solicitadas
a) Pelo carregador, quando a prestação principal pelo carregador ou o destinatário das mesmas, cabendo
consista na colocação da mercadoria a bordo ao operador escolher entre a emissão do recibo escrito ou
do navio ou na sua entrega ao transportador; a prestação de um mero aviso de recepção.
b) Por conta do destinatário, quando a prestação 4. Na falta de recibo ou do aviso de recepção, presume-
principal consista na recepção da mercadoria se que o operador recebeu as mercadorias e em boas
a bordo do navio no porto de descarga; condições, salvo prova em contrário.
c) Por conta do transportador, quando se trate Artigo 567.º
de operações de carga, descarga, estiva, Direito de retenção
desestiva ou manuseamento a bordo.
O operador portuário tem direito a reter as mercadorias
CAPÍTULO II em seu poder, enquanto não lhe for pago o preço devido
pelo manuseamento das mesmas.
Das obrigações e direitos das partes
Artigo 568.º
Artigo 564.º
Recusa na recepção das mercadorias
Obrigações do operador
1. Se o destinatário for desconhecido, não se apresentar
1. O operador portuário deve realizar as operações de ou recusar a recepção das mercadorias, o operador portu-
manuseamento previstas no nº 1 do artigo 562.º que em ário deve armazená-las em regime de depósito.
cada caso couber. 2. Se a armazenagem ou depósito em condições ade-
2. Quando o operador portuário actua por conta dos quadas de conservação não for possível, o operador fica
destinatários das mercadorias deve efectuar em tempo desobrigado da obrigação de guardar as mercadorias,
e forma adequada os protestos ou denúncias sobre o decorridos 48 (quarenta e oito) horas após a notificação
estado e condições das mercadorias no momento em que do aviso da chegada ou da tentativa de notificação.
as receber do transportador, responsabilizando-se pelos CAPÍTULO II
prejuízos sofridos em consequência da sua omissão ou
realização extemporânea. Da responsabilidade do operador portuário
Artigo 569.º
Artigo 565.º
Fundamento da responsabilidade do operador portuário
Mercadorias perigosas
1. O operador portuário responde pelos danos, perdas
1. O operador deve recusar receber as mercadorias cuja ou atrasos na entrega das mercadorias a ele confiadas,
natureza perigosa lhe seja conhecida e não cumpra as salvo se provar que aquelas se deveram a causas ou factos
prescrições a que se refere o artigo 124.º tornando-se so- que lhe não são imputáveis.
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2. O período da responsabilidade do operador inicia- tem acção directa contra o operador para reclamar aque-
se no momento em que recebeu a mercadoria e termina la responsabilidade, sem prejuízo de poder reclamá-la
no momento em que procedeu à entrega ou a colocou à também contra o transportador.
disposição da pessoa com legitimidade para a receber.
Artigo 575.º
3. A menos que se tenha dado ao operador portuário Prescrição
aviso escrito da perda ou dano sofrido pelas mercadorias,
descrevendo em termos gerais sua natureza, dentro dos As reclamações por perdas, danos ou atrasos na entrega
3 (três) dias úteis seguintes à entrega, presume-se, salvo das mercadorias manuseadas prescrevem no prazo de
prova em contrário, que foram entregues na mesma con- 2 (dois) anos após a entrega pelo operador responsável
dição descrita no recibo de recepção ou, se não se emitiu ou a contar da data em que deveriam ser entregues, nos
dito recibo, em boa condição. casos de perda total.
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1824 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 582.º Artigo 586.º
Sempre que haja necessidade de proceder ao lança- Os objectos de uso pessoal, o vestuário e os salários dos
mento dos bens ao mar para a segurança comum, deve tripulantes, as bagagens de mão ou de cabine dos passa-
o capitão, se possível, lançar ao mar, as coisas menos geiros, bem como os mantimentos a bordo na quantidade
necessárias, mais pesadas e de menor valor, as que esti- necessária para a viagem ficam excluídos da massa da
verem no convés, e sucessivamente as demais. avaria grossa.
Artigo 587.º
Artigo 583.º
Valor do navio
Culpa dos intervenientes
1. O navio, com todas suas partes integrantes e aces-
1. As regras relativas à avaria comum devem aplicar-se sórios distintos dos víveres referidos no artigo anterior,
ainda quando o perigo, causa directa da avaria comum, foi contribui pelo seu valor no lugar da descarga das merca-
provocado, quer por culpa do Comandante, da tripulação dorias, ou pelo preço da sua venda, deduzida a importân-
ou dum co-interessado na carga, quer por vício próprio do cia das avarias particulares e dos consumos realizados
navio ou da mercadoria carregada; mas os contribuintes desde o acto da avaria grossa.
da avaria comum tem contra o responsável, acção de
regresso, independente da reparação da dita avaria. 2. Não obstante, os aparelhos, aprestos ou outras par-
tes integrantes a bordo lançados ao mar, bem assim, as
2. O direito de regresso previsto no número anterior âncoras, amarras ou outros objectos abandonados, ainda
caduca se não for exercido no prazo de 1 (um) ano, a que voluntariamente e para a salvação comum, só são
contar da data em que o interessado teve conhecimento considerados para a formação da massa da avaria grossa
da regulação. quando constem da documentação ou planos do navio ou
estejam devidamente descritos no inventário de bordo.
CAPÍTULO III
Artigo 588.º
Da massa devedora e massa credora
Valor das avarias do navio
da avaria grossa
Artigo 584.º
1. Se as avarias do navio admitidas na repartição fo-
rem reparadas antes da liquidação da avaria comum, o
Quem suporta as avarias valor a considerar deve ser o correspondente aos custos
razoáveis da reparação.
As avarias grossas são suportadas proporcionalmente
entre o navio, a carga e o frete, a vencer, na proporção 2. Se as avarias não forem reparadas antes da liqui-
do respectivo valor. dação da avaria grossa, o valor a considerar deve ser o
provavelmente correspondente aos custos razoáveis da
Artigo 585.º reparação.
Integração das massas Artigo 589.º
1. Para efeitos da repartição da avaria grossa, forma-se Diferença entre o novo pelo velho
um capital contribuinte, denominado massa passiva ou
1. Na indemnização a pagar ao navio, por substituição
devedora, constituído com os elementos seguintes:
de suas partes integrantes, deduz-se a diferença entre
a) O valor líquido total, que os bens salvos teriam o velho e o novo, caso o navio tenha mais de 15 (quinze)
ao tempo e lugar da descarga, uma vez anos de idade.
deduzidas as avarias particulares sofridas 2. Se o navio avariado for vendido, ou se os objectos
durante a viagem; alijados forem salvos, ou os aparelhos e aprestos ou
outras partes integrantes substituídos tiverem algum
b) O frete líquido em risco para o armador, quer seja
valor, todos esses valores devem ser descontados antes
devido pelo carregador quer pelo destinatário
da dedução da diferença entre o velho e o novo.
ou já tenha sido recebido, mas deve ser
devolvido no caso de perda da mercadoria; Artigo 590.º
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2. A perda das mercadorias ou bens depois de trans- No caso de se verificarem durante a viagem avarias
bordados deve ser suportada pelo navio aligeirado e por grossas sucessivas, são liquidadas no final da viagem
todo o seu carregamento. como se fossem uma única avaria, salvo quanto às
Artigo 595.º mercadorias embarcadas e desembarcadas em porto
intermédio, as quais não contribuem para as avarias
Alijamento e posterior naufrágio do navio grossas anteriores ao seu embarque ou posteriores ao
seu desembarque.
No caso de alijamento, se o navio se tiver salvado do
perigo que o motivou, mas continuando a viagem vier a Artigo 601.º
perder-se depois, as mercadorias e os objectos salvos do
Perda do direito de acção por avaria grossa
segundo perigo são obrigados a contribuir para pagamen-
to da perda dos que foram alijados na primeira ocasião. 1. O armador não pode intentar acção por avaria grossa
Artigo 596.º
contra o afretador, carregador ou destinatário se o capi-
tão entregou as mercadorias sem protesto ou reserva do
Perda de frete direito de acção.
A perda de frete resultante de uma perda ou de um 2. O afretador, carregador ou destinatário não podem
dano sofrido pela carga é indemnizada em avaria grossa, igualmente exercer a mesma acção contra o armador se
mas da importância do frete bruto devem ser deduzidas receberem as mercadorias sem protesto de reclamar a
as despesas que o armador faria para o ganhar e que não contribuição pelas avarias grossas, verificadas no acto
fez, em virtude do sacrifício. da recepção.
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1826 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
1. Entende-se por abalroação o choque entre dois ou 1. Havendo concurso de culpas na abalroação, cada um
mais navios fundeados ou atracados ou em movimento, dos armadores responde na proporção da gravidade da
desde que não estejam ligados entre si por um contrato, sua própria culpa.
do qual resulte danos.
2. Não existe solidariedade relativamente a terceiros
2. A responsabilidade civil pelos danos causados aos pelos danos decorrentes da abalroação, salvo tratando-se
navios rege-se pelos tratados e convenções internacio- de morte ou de ofensas corporais.
nais vigentes em Cabo Verde e, subsidiariamente, pelas Artigo 608.º
disposições do presente Título, salvo nos casos em que Abalroação por culpa de terceiro navio
os navios afectados estejam vinculados por um contrato
de reboque ou por um contrato de outra natureza que Quando um navio abalroar outro, por culpa de um
contemple de forma diversa essa responsabilidade. terceiro navio, o armador deste responde por todos os
danos causados.
Artigo 603.º
Artigo 609.º
Extensão do regime da abalroação Direito de regresso contra os autores
As disposições do presente Título aplicam-se ainda à A responsabilidade dos armadores estabelecida nos
responsabilidade civil emergente dos danos que, quer artigos anteriores não isenta o capitão, membros da tri-
por execução ou omissão de uma manobra quer por ino- pulação ou outros auxiliares dependentes ou mandatários
bservância de regulamentos, um navio houver causado da responsabilidade para com os lesados, se a abalroação
a outro ou aos bens ou pessoas a bordo, mesmo que não se deveu a acto culposo destes e gozam do direito de re-
tenha havido abalroação. gresso contra os responsáveis pela abalroação.
Artigo 604.º Artigo 610.º
Abalroação com piloto a bordo
Normas de conflito sobre abalroação
Se se verificar a abalroação com piloto a bordo, aplicam-
1. As questões relativas à responsabilidade civil nas- se as normas contidas no Capítulo II do Título V do Livro
cida de abalroação são reguladas pela Lei do Estado VII do presente Código.
ribeirinho, se a abalroação ocorrer em seus portos ou
demais águas interiores, em suas águas arquipelágicas Artigo 611.º
ou no seu mar territorial. Prescrição
2. Se a abalroação ocorrer em águas distintas das as- 1. As acções de indemnização previstas neste Título
sinaladas no número anterior, a responsabilidade civil devem ser exercidas no prazo de 2 (dois) anos a contar
nascida de abalroação é determinada: da data da abalroação.
2. As acções de regresso entre os responsáveis devem
a) Pela Lei da nacionalidade comum dos navios, se
ser exercidas no prazo de 1 (um) ano a contar da data
estes tiverem a mesma nacionalidade.
do pagamento.
b) Pela Lei do Estado a que pertença a autoridade 3. O prazo contemplado no nº 1 é suspenso se o navio
judicial escolhida pelas partes ou na falta desta, responsável não for apreendido na jurisdição de Cabo Verde.
pela lei do tribunal competente, conforme as
convenções internacionais aplicáveis, se os TÍTULO III
navios tiverem nacionalidades diferentes. DO SALVAMENTO DE BENS NO MAR
CAPÍTULO II CAPÍTULO I
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1827
2. Não se considera operação de salvamento a assis- b) Se o contrato de salvação marítima tiver sido
tência prestada a bens fixados de maneira permanente celebrado em Cabo Verde;
e intencional à costa.
c) Se o salvador e o salvado forem de nacionalidade
3. O salvamento pode ser contratual, quando seja pre- cabo-verdiana;
cedido da celebração de um contrato de salvamento nos
termos previstos no Capítulo seguinte ou extracontratual, d) Se a sede, sucursal, filial ou delegação de
nos outros casos. qualquer das partes se localizar em território
cabo-verdiano;
Artigo 613.º
e) Se a operação de salvamento ocorreu em águas
Salvador e salvado sob jurisdição nacional.
1. Salvador é o que presta socorro aos bens em perigo, 2. Nas situações não previstas no número anterior, a
utilizando meios marítimos, aéreos ou terrestres. competência internacional dos tribunais de Cabo Verde
para julgamento das acções emergentes de salvação
2. Salvado é o proprietário ou armador dos bens objecto marítima é determinada de acordo com as regras gerais.
das operações de socorro.
CAPÍTULO II
Artigo 614.º
Dos contratos de salvação marítima
Salvação relativa a navios de Estado
Artigo 617.º
1. O disposto neste Título aplica-se igualmente às ope-
rações de salvamento realizadas por navios ou aeronaves Liberdade de pacto
do Estado ou por quaisquer outros meios públicos.
As partes interessadas podem celebrar, em qualquer
2. O destino a dar às recompensas ganhas como conse- momento, contratos de salvação marítima em que con-
quência das operações a que se refere o número anterior vencionem regime diverso do previsto no presente Código,
é determinado através de regulamento aprovado pelo excepto quanto ao preceituado nos artigos 622.º, 623.º e
membro do Governo responsável pela administração 641.º.
marítima. Artigo 618.º
c) Solicitar a intervenção de outros salvadores, 1. Os capitães dos navios, salvador e salvado, podem
sempre que as circunstâncias concretas da celebrar contratos de salvação marítima em representa-
situação assim o aconselhem; ção dos respectivos armadores.
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1828 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
2. Recebida a comunicação a que se refere o número 1. Na falta de acordo, o tribunal fixa o valor da recom-
anterior, a administração marítima deve localizar os legí- pensa da salvação marítima, tendo em consideração as
timos proprietários ou notificar o cônsul ou representante circunstâncias seguintes:
diplomático do Estado de pavilhão no caso de se tratar
a) O valor do navio e demais bens que se
de navios ou aeronaves estrangeiros.
conseguiram salvar;
3. O achador pode, entretanto, reter os bens que ti- b) Os esforços desenvolvidos pelo salvador e a
ver salvado, adoptando as medidas necessárias para eficácia destes a fim de prevenir ou minimizar
a adequada conservação, ou entregá-los à autoridade o dano ambiental;
aduaneira para sua guarda.
c) O resultado útil conseguido pelo salvador;
Artigo 623.º
d) A natureza e o grau de risco que o salvador
Identificação do proprietário correu;
e) Os esforços desenvolvidos pelo salvador e a
1 Localizado o proprietário, a administração marítima
eficácia destes para salvar o navio, outros
comunica a sua identidade ao salvador e este, pode reter
bens, ou as vidas humanas;
os bens salvos, até ser constituído a seu favor, garantia
suficiente para assegurar a importância que reclama a f) O tempo dispendido, os gastos realizados e os
título de recompensa. prejuízos sofridos pelo salvador;
2. Pagas as despesas do expediente, o salvador é remu- 1. Pelo pagamento do salário de salvação marítima,
nerado de acordo com o estabelecido no capítulo seguinte. fixado nos termos do nº1 do artigo anterior, respondem o
armador do navio e os titulares dos restantes bens salvos,
Artigo 625.º na proporção dos respectivos valores, calculados no final
das operações de salvamento.
Bens de comércio proibido ou restrito
2. Se o bem salvado for um navio, o armador fica obriga-
O procedimento e os direitos reconhecidos ao salva- do ao pagamento do valor total da recompensa, podendo
dor nos artigos anteriores não prejudicam o disposto no reclamar em avaria grossa a parte que corresponda aos
Capítulo IV do Título seguinte para os bens de comércio titulares dos bens a bordo, conforme o disposto no Título
proibido ou restrito. I deste Livro.
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1829
Artigo 629.º 2. Consideram-se despesas efectuadas pelo salvador,
Direito de retenção
todos os gastos realizados com pessoal e material, incluída
a amortização deste.
O salvador goza do direito de retenção sobre os bens
salvados, como garantia do pagamento dos créditos 3. Em situações de particular dificuldade para as ope-
emergentes da salvação marítima. rações de salvamento marítimo, pode o tribunal elevar
a compensação especial até ao montante igual ao dobro
Artigo 630.º das despesas efectuadas.
Repartição entre os salvadores 4. O armador do navio e o segurador da responsabili-
1. A repartição da recompensa de salvação marítima dade civil respondem solidariamente pelo pagamento da
entre os salvadores é efectuada, na falta de acordo das compensação especial ao salvador.
partes, pelo tribunal, tendo em conta os critérios estabe- Artigo 634.º
lecidos no artigo 633.º.
Salvadores de pessoas
2. Não há lugar a recompensa no caso de o salvador ter
sido obrigado a aceitar a intervenção de outros salvadores 1. Os salvadores de vidas humanas que intervenham
por solicitação do salvado e se demonstre a manifesta em operações que dêem lugar a recompensa de salvação
desnecessidade desta intervenção. marítima têm direito, por esse simples facto, a participar
na repartição da recompensa.
Artigo 631.º
2. Caso não haja direito a recompensa por não se ter
Repartição da recompensa entre o armador e a tripulação
verificado um resultado útil para o salvado, o salvador
1 A repartição da recompensa da salvação marítima de vidas humanas tem direito a ser indemnizado pelas
entre o salvador, o capitão, os demais membros da tri- despesas que suportou na operação de salvamento.
pulação do navio salvador e outras pessoas a bordo que
3. O disposto no artigo anterior é aplicável, com as
participaram nas operações, é efectuada por acordo das
necessárias adaptações, à salvação de pessoas.
partes e, na falta deste, pelo tribunal nos termos do
artigo 633.º. Artigo 635.º
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1830 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 637.º 3. Os direitos dos achadores que casualmente os encontre
Aplicação a outros bens e salvamento
e se aproprie deles regem-se pelas normas aplicáveis à
salvação espontânea previstas no Título anterior.
1. As disposições deste Título relativas aos naufrágios Artigo 642.º
e aos restos de naufrágio aplicam-se ainda aos bens
abandonados no mar. Prescrição a favor do Estado
2. As disposições deste Título prevalecem, em caso de 1. O Estado adquire a propriedade de qualquer naufrá-
conflito, sobre as do Título anterior sempre que se tratar gio ou restos de naufrágio que se encontrem nas águas
de salvamento de naufrágios ou de restos de naufrágio. interiores, águas arquipelágicas ou mar territorial de
Cabo Verde, decorridos 3 (três) meses após o naufrágio.
Artigo 638.º
2. Igualmente adquire a propriedade dos naufrágios ou
Obrigações de notificação restos de naufrágio que, findo o prazo referido no número
anterior, encontrem-se situados na zona económica exclu-
1. Os capitães e armadores dos navios naufragados nos
siva de Cabo Verde, na de outro Estado ou em alto mar,
espaços marítimos nacionais são obrigados a comunicar
quando os bens pertencem a nacionais cabo-verdianos.
os factos à administração marítima nos termos estabe-
lecidos em portaria aprovada pelo membro do Governo 3. O disposto no nº 1, não prejudica o estabelecido no
responsável pela administração marítima. artigo 128.º sobre a aquisição da propriedade dos navios
abandonados em porto.
2. A mesma obrigação compete aos proprietários das
aeronaves ou de outros bens caídos ao mar. 4. Os direitos de aquisição previstos nos números an-
teriores, não se aplicam aos navios de Estado e os restos
3. Os armadores e capitães devem comunicar à admi- de naufrágio pertencentes a um Estado.
nistração marítima as perdas das âncoras e correntes
sofridas pelos seus navios, conforme os procedimentos e Artigo 643.º
prazos estabelecidos na portaria a que se refere o nº 1. Interrupção da prescrição aquisitiva
Artigo 639.º 1. O prazo de prescrição interrompe-se no momento em
Protecção dos bens que se solicitar a extracção prevista no Capítulo seguinte
e esta se iniciar no prazo concedido.
1. A administração marítima toma as medidas que
se mostrarem necessárias e urgentes, para assegurar a 2. O prazo volta a correr se os trabalhos de extracção
defesa da propriedade dos bens naufragados e evitar a forem suspensos ou terminar o prazo concedido para a
deterioração ou subtracção dos mesmos. sua execução.
2. Os proprietários desses bens podem dispor deles e, 1 Podem solicitar a autorização de extracção, os pro-
especialmente, abandoná-los a favor do segurador. prietários dos navios ou restos de naufrágio.
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1831
2. Consideram-se igualmente bens de comércio proi- 1. Quando o material militar é restituído às auto-
bido ou restrito, os do património cultural subaquático, ridades estrangeiras a que pertenciam, destruído ou
constituído por todos os rastos de existência humana que inutilização, o achador tem direito a receber do Tesouro
tenham um carácter cultural, histórico ou arqueológico e Público as despesas em que incorreu na sua recuperação.
permanecido total ou parcialmente debaixo de água, de 2. Se o material militar for aproveitado pelas forças
forma periódica ou contínua, pelo período de 100 (cem) armadas, pela guarda costeira, ou entregue à autoridade
anos. aduaneira, o achador tem direito a uma recompensa,
Artigo 650.º a cargo do Tesouro Público, correspondente a 1/3 (um
terço) do valor de avaliação, deduzidas as despesas do
Extracção de bens de comércio proibido ou restrito expediente.
1. A extracção dos bens de comércio proibido ou restrito, 3. Os achadores dos bens do património cultural su-
fica sujeita a legislação especial e ao regime que se esta- baquático têm direito ao ressarcimento das despesas e
belecer na autorização ou contrato público de extracção. a uma recompensa fixada pelo Governo em cada caso e
que deve ser pago pelo Tesouro Público.
2. Sem prejuízo de outras sanções, a extracção dos bens
de comércio proibido ou restrito situados nas águas inte- CAPÍTULO V
riores, mar territorial ou águas arquipelágicas de Cabo
Das remoções por causa de interesse público
Verde, sem a devida autorização, considera-se infracção
de contrabando cometida em território cabo-verdiano. Artigo 654.º
Conceito de remoção
3. A extracção não autorizada dos bens do património
cultural subaquático que se encontram na zona contígua Entende-se por remoção ou extracção de interesse
constitui igualmente infracção de contrabando. geral, a retirada, transferência, desmantelamento ou
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1832 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
destruição deliberada de naufrágios ou de restos de nação directa dos bens a que se refere o número anterior
naufrágios para remover um perigo ou um inconveniente e cobrá-las do valor da venda com preferência absoluta
para a navegação, para a saúde pública, para os recursos sobre todos os demais créditos que possam pesar sobre
naturais, para o meio ambiente ou para os interesses o navio, esteja ou não garantido com privilégio marítimo
conexos dos espaços marítimos nacionais. ou com hipoteca naval.
Artigo 655.º 3. O excedente do preço obtido na venda, uma vez
Regime de remoções liquidadas as despesas, satisfeitos os créditos a que se
refere o artigo 273.º e os créditos hipotecários, é entregue
1. As disposições deste Capítulo aplicam-se às remoções ao Tesouro Público.
dos navios e demais bens situados nas águas interiores,
Artigo 660.º
nas águas arquipelágicas ou no mar territorial de Cabo
Verde. Subsistência da responsabilidade pessoal
2. Aplicam-se ainda aos que se encontrem na zona 1. Se o produto da venda não for suficiente para co-
económica exclusiva quando a remoção é efectuada para brir as despesas, os obrigados continuam pessoalmente
protecção dos recursos naturais ou do meio ambiente. responsáveis pela diferença, cujo pagamento pode ser
exigido por via administrativa ou por via judicial perante
Artigo 656.º
as autoridades nacionais ou estrangeiras.
Dever de remoção
2. A administração marítima pode solicitar o arresto
1. O proprietário, o armador e o segurador, nos limites preventivo de outros navios pertencentes ao mesmo
da respectiva apólice, estão sujeitos ao dever de remoção devedor, nos termos fixados no Título II do Livro XI do
do navio e plataformas fixas ou de aeronaves o dever de presente Código.
remoção incumbe ao titular do seu uso ou exploração.
Artigo 661.º
2. Quando a administração marítima entender que Remoção de navios ou bens de titularidade desconhecida
existem riscos para os interesses da navegação, para a
saúde pública, para os recursos naturais, para o meio 1. Quando se tratar da remoção de navios, ou outros
ambiente ou para os interesses conexos dos espaços ma- bens, de pavilhão, propriedade ou armador desconheci-
rítimos, aquela ordena a remoção aos seus responsáveis, dos, aplicam-se as disposições previstas neste Capítulo,
que devem efectua-la dentro do prazo que determinado publicando os requerimentos por meio de anúncios no
para o efeito, que pode ser prorrogado em atenção às quadro de editais da administração marítima competente
especiais circunstâncias que concorram. e gratuitamente no Boletim Oficial.
3. Tratando-se de navios de pavilhão estrangeiro é 2. A comparência dos interessados deve ser feita dentro
notificado o cônsul ou representante diplomático corres- do prazo fixado pela administração marítima de acordo
pondente. com a importância do obstáculo que deva ser removido.
Artigo 657.º 3. Se apenas for conhecida a nacionalidade do navio ou
Controlo da remoção aeronave, além da publicidade prevista no nº 1, deve-se
comunicar ao cônsul do Estado do pavilhão.
A administração marítima define as garantias ou me-
Artigo 662.º
didas de segurança que devem ser respeitadas para se
evitar novos naufrágios nos espaços marítimos nacionais Remoção em porto
e determina, em cada caso, as condições e procedimentos
para a realização das operações de remoção. Nas situações de naufrágio ou de restos de naufrágio
em águas interiores da zona portuária a administração
Artigo 658.º marítima exerce os seus poderes em coordenação com a
Remoção subsidiária administração portuária, e interferir o menos possível
na actividade normal de exploração do porto.
No caso da pessoa obrigada não iniciar ou concluir a
Artigo 663.º
remoção no prazo fixado para o efeito, a administração
marítima pode recorrer à execução subsidiária, por si ou Relatório da Administração Pesqueira
mediante contratos com terceiros, a expensas do obrigado.
1. Sempre que o motivo alegado para a remoção seja
Artigo 659.º
o interesse para os recursos biológicos, a administração
Afectação dos bens recuperados marítima, conforme o caso, deve solicitar um relatório à
administração pesqueira com carácter prévio ao início
1. Os navios ou bens recuperados ao abrigo do disposto das suas acções.
no artigo anterior são afectos ao pagamento das despesas
com a remoção. 2. O motivo alegado tem-se por justificado se não for
emitido no prazo de 30 (trinta) dias ou naquele que, por
2. Se as despesas não forem pagas nos prazos estabe- razões de urgência devidamente justificadas, seja fixado
lecidos, a administração marítima pode proceder à alie- pela autoridade solicitante.
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1. O disposto neste Livro não prejudica os direitos de 1. Estão sujeitas a limitação as reclamações seguintes:
limitação específicos estabelecidos no presente Código
para o transportador marítimo de mercadorias e para a) Reclamações por morte ou lesões corporais, por
o operador portuário no quadro das reclamações por perdas ou danos sofridos nos bens, incluindo
incumprimento dos contratos de transporte ou de ma- os danos a obras portuárias, vias navegáveis,
nuseamento portuário. ajudas à navegação e demais bens do
domínio público marítimo, verificados a
2. O transportador que seja ao mesmo tempo armador bordo ou directamente ligados à utilização
ou afretador do navio onde se realiza o transporte e o ou navegação do navio ou com operações de
operador portuário podem optar pela aplicação do regime salvamento, bem como, os prejuízos derivados
de limitação específico a que se refere o número anterior. dessas causas;
3. Salvaguarda-se ainda os regimes especiais de limita- b) Reclamações relacionadas com prejuízos
ção estabelecidos nas convenções internacionais vigentes derivados do atraso no transporte da carga,
em Cabo Verde para os danos de poluição por hidrocarbo- dos passageiros e suas bagagens;
netos ou outras substâncias nocivas ou perigosas.
Artigo 673.º c) Reclamações relacionadas com prejuízos
derivados da lesão dos direitos não
Direito de limitação da responsabilidade
contratuais, provocados directamente pela
1. Os armadores e os seus gestores gozam do direito de utilização ou navegação do navio ou com
limitação das suas responsabilidades perante as recla- operações de salvamento;
mações derivadas de acidentes, nos termos estabelecidos
neste Livro. d) Reclamações promovidas por pessoa que não é
o responsável e relacionadas com as medidas
2. Gozam igualmente desse direito as pessoas que pres- tomadas a fim de evitar ou minorar os prejuízos
tam serviços directamente relacionados com operações de em relação aos quais a pessoa responsável
salvamento, os proprietários e afretadores do navio nos possa limitar a sua responsabilidade, salvo
casos em que lhes são exigidas responsabilidades pela quando as mesmas tenham sido adoptadas
utilização ou navegação do navio. em virtude de um contrato celebrado entre
elas.
3. Podem ainda invocar o direito de limitação as pes-
soas de cujas acções ou omissões, sejam responsáveis 2. As reclamações estabelecidas no número anterior
os proprietários, armadores, gestores, afretadores ou estão sujeitas a limitação de responsabilidade indepen-
salvadores a que se refere o número anterior. dentemente da acção exercida possuir natureza contra-
4. Os seguradores da responsabilidade dos titulares tual ou extracontratual.
do direito de limitação gozam desse direito na mesma
Artigo 677.º
medida do segurado.
Artigo 674.º Reclamações excluídas de limitação
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I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010 1835
4. A conversão dos montantes em moeda nacional O responsável, o segurador ou terceiro que pagar uma
efectua-se, em processo judicial, de acordo com a va- reclamação imputável a um fundo de limitação antes da
loração dessa moeda aplicada pelo Fundo Monetário sua distribuição, fica subrogado nos direitos da pessoa
Internacional à data da sentença. indemnizada perante o fundo.
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1836 I SÉRIE — NO 44 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 15 DE NOVEMBRO DE 2010
Artigo 684.º b) A data de celebração do contrato;
Procedimento e caducidade do direito a limitar
c) Os nomes e os domicílios das partes contratantes
1. A constituição do fundo ou fundos de limitação, bem e, sendo caso disso, a indicação de que quem
como a sua distribuição pelos credores devem seguir o contrata o faz por conta de outro;
procedimento regulado no Título VI do Livro XI do pre-
d) O objecto do seguro, sua natureza e valor;
sente Código.
2. O direito à constituição dos fundos de limitação e) Os riscos contra os quais se faz o seguro ou a
caduca no prazo de 2 (dois) anos a contar da data da menção de que cobre todos os riscos de mar;
apresentação da primeira reclamação judicial em conse- f) Os momentos em que começam e acabam os
quência do acidente que dá lugar a invocação do direito riscos;
de limitação.
g) A quantia segurada;
LIVRO X
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2. O segurador pode opor ao portador da apólice, tanto 3. A transmissão referida no número anterior é defi-
à ordem como ao portador, todas as excepções relativas nitiva e irrevogável e produz efeitos entre as partes a
à apólice que, poderia opor ao segurado originário, como partir do momento em que o abandono foi devidamente
se não tivesse havido a transmissão. comunicado.
Artigo 710.º 4. O segurado deve entregar ao segurador todos os
Modalidades de liquidação documentos concernentes aos bens segurados.
Artigo 715.º
1. Pode-se liquidar o sinistro em regime de avarias ou
em regime de abandono, conforme o previsto nos artigos Declaração de abandono
seguintes.
1. O abandono deve ser comunicado pelo segurado
2. Compete ao segurado escolher o regime de liqui- ao segurador no prazo de 30 (trinta) dias a contar do
dação. dia em que aquele teve conhecimento do sinistro, ou da
expiração do prazo que permite o abandono, no caso de
3. Não obstante, o disposto no número anterior, o segu-
falta de notícias.
rado não pode optar pelo regime de abandono nas situa-
ções distintas dos previstos no artigo 731.º para o seguro 2. A comunicação deve ser feita por carta registada ou
de cascos e no artigo 743.º para o seguro de mercadorias. por qualquer outro meio fidedigno.
Artigo 711.º
3. Decorridos os prazos previstos no nº 1, o segurador
Indemnização em regime de avarias não pode fazer a declaração de abandono, ficando a salvo,
o seu direito à liquidação em regime de avaria.
1. Na liquidação em regime de avarias o segurador
deve indemnizar ao segurado o valor das perdas ou danos Artigo 716.º
sofridos nos interesses segurados. Declaração dos seguros existentes em caso de abandono
2. O valor da indemnização determina-se por acordo dos 1. Ao comunicar o abandono ou posteriormente, o
interessados e, na sua falta, mediante avaliação judicial. segurado é obrigado a declarar todos os seguros que fez
3. Salvo declaração expressa na apólice, o segurador ou de que tenha conhecimento, só se contando o prazo
não pode ser obrigado a reparar ou substituir as coisas para o segurador efectuar o pagamento a partir da data
seguradas. dessa declaração.
1. Quando a recompensa de salvação não for distri- 1. Em caso de abandono, o segurador deve pagar a
buída em avaria grossa, o segurador deve reembolsar indemnização no prazo de 3 (três) meses a contar da
ao segurado, a quantia que tenha pago ao salvador, em comunicação da declaração.
proporção à relação existente entre o valor real da coisa
segurada e o montante máximo do seguro. 2. Nas liquidações em regime de avaria o pagamento
deve ser efectuado no prazo de 30 (trinta) dias a contar
2. O reembolso referido no número anterior não pode da data da fixação da indemnização.
exceder o montante da recompensa efectivamente paga.
Artigo 719.º
Artigo 714.º
Sub-rogação
Extensão e efeitos do abandono
1. O segurador que pagar a indemnização do seguro fica
1. O abandono compreende somente os bens que são subrogado em todos os direitos do segurado em relação
objecto de seguro e de risco, e não pode ser parcial, nem a terceiros causadores do sinistro.
condicional.
2. Se a indemnização apenas recair sobre parte das
2. O abandono transfere ao segurador os direitos do avarias, o segurador e o segurado concorrem a fazer
segurado sobre os bens segurados, ficando o segurador valer esses direitos na proporção da quantia que a cada
obrigado ao pagamento da totalidade da quantia segurada. um for devida.
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a) Para as acções de pagamento do prémio, a contar 2. Não obstante o previsto no número anterior, se o
da data da exigibilidade; navio receber mercadorias, os riscos correm por conta do
segurador desde o início da carga até o final da descarga.
b) Para as acções de pagamento da indemnização
em regime de avaria e no seguro de cascos, a 3. Se a descarga se atrasar por culpa do destinatário,
contar da data do sinistro; os riscos terminam para o segurado, 15 (quinze) dias
depois da chegada do navio ao seu destino.
c) Para as acções de pagamento da indemnização em
Artigo 724.º
regime de avaria e no seguro de mercadorias,
a contar da data da chegada do navio ou, não Seguro por tempo determinado
chegando o navio, da data que deveria ter
chegado, ou se o sinistro for posterior, da data 1. No seguro por tempo determinado os riscos são co-
do sinistro; bertos pelo segurador do primeiro ao último dia.
d) Para as acções de pagamento da indemnização 2. Os dias contam-se das 0 (zero) às 24h:00 (vinte e
em regime de abandono, da data do sinistro quatro horas), segundo a hora do lugar onde a apólice
que confira direito ao abandono ou, na falta tenha sido emitida.
de notícias, a contar da data em que começa o
3. O seguro por tempo determinado é tacitamente
prazo para fazer a declaração de abandono;
prorrogado, por igual período se não for denunciado por
e) Para as acções do segurado que tenham qualquer das partes antes do seu termo.
por fundamento sua contribuição à avaria
CAPÍTULO II
grossa ou o pagamento das recompensas por
salvação, a contar da data do pagamento feito Das regras especiais do seguro de cascos
pelo segurado; ou de navios
f) Para as acções do segurado que tenham por Artigo 725.º
fundamento a sua responsabilidade perante
Valor convencionado
terceiros, a contar da data em que este tenha
instaurado a acção ou que o segurado o tenha 1. Quando o valor pelo qual o navio tenha sido segurado
indemnizado. for prévia e expressamente convencionado pelas partes,
3. A acção para a restituição de qualquer quantia paga estas renunciam reciprocamente a qualquer outra ava-
em virtude do contrato de seguro, prescreve igualmente liação para efeitos de indemnização, salvo se o segurador
no prazo de 2 (dois ) anos, a contar da data do pagamento demonstrar que houve má fé do segurado.
indevido. 2. A quantia segurada compreende indivisivelmente,
TÍTULO II o casco e as máquinas ou outros meios de propulsão,
bem como as demais partes integrantes do navio de que
DO SEGURO DE CASCOS o segurado é proprietário, mas não compreende nem as
provisões nem o combustível nem os demais acessórios
CAPÍTULO I
do navio.
Do âmbito e modalidades do seguro de cascos
ou de navios 3. Qualquer seguro, seja qual for a sua data, feito
separadamente sobre as partes integrantes do navio per-
Artigo 721.º tencentes ao segurado, importa a redução na medida da
Âmbito quantia segurada, em caso de perda total ou abandono,
do valor convencionado.
As disposições deste Título aplicam-se com carácter es-
pecial ao seguro de cascos ou de navios, feitos unicamente 4. No caso das coberturas por contribuição à avaria
para a duração da sua permanência nos portos, enseadas grossa e das recompensas por salvação aplica-se a regra
ou outros locais, na água ou em doca seca. proporcional a que se referem os artigos 712.º e 713.º.
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Artigo 726.º b) Destruição correspondente a 3 (três) quartas
Prémio partes do valor;
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Artigo 736.º Artigo 740.º
Seguro por apólice flutuante Montante máximo da quantia segurada
1. No seguro feito mediante apólice flutuante, o segu- A quantia segurada não pode ser superior à mais ele-
rado obriga-se a declarar ao segurador e este a aceitar vada das seguintes:
para a cobertura da apólice:
a) O preço de compra ou, na sua falta, o preço
a) Todas as viagens feitas por conta do segurado corrente ao tempo e no lugar de carga,
ou em execução de contratos de compra e acrescido de todas as despesas até ao lugar do
venda nos termos dos quais fique a cargo do destino e do lucro esperado.
segurado a obrigação de segurar;
b) O valor no lugar do destino à data da chegada
b) Todas as viagens feitas por conta de terceiros
ou, se as mercadorias não chegarem, à data
relativamente às quais tenha ficado a cargo
em que deveriam ter chegado.
do segurado a obrigação de fazer o seguro,
desde que o segurado tenha interesse na c) O preço de venda, no caso de as mercadorias
viagem, como comissário, consignatário ou terem sido vendidas pelo segurado.
noutra qualquer qualidade, não dando direito
Artigo 741.º
à aplicação da apólice o interesse do segurado
que unicamente corresponda à execução de Montante das avarias
uma ordem de seguro dada por terceiro. O montante das avarias é o correspondente à diferença
2. As viagens ficam cobertas: entre o valor da mercadoria avariada e o valor que ela
teria, em bom estado, no mesmo tempo e lugar.
a) Nos casos da alínea a) do número anterior, a
partir do momento em que as mercadorias Artigo 742.º
fiquem expostas aos riscos cobertos, sempre Franquia
que a declaração respectiva seja feita dentro
dos prazos fixados no contrato; No caso de as partes terem convencionado uma fran-
quia, esta é sempre independente das quebras normais
b) Nos casos da alínea b) do número anterior, a do percurso.
partir do momento da declaração.
Artigo 743.º
Artigo 737.º
Casos em que o segurado pode fazer abandono
Falta de declaração do segurado
1. No caso de o segurado deixar de fazer, de má fé, O segurado pode fazer abandono das mercadorias nos
as declarações a que é obrigado nos termos do artigo seguintes casos:
anterior, o segurador tem direito à imediata rescisão do a) Desaparecimento ou perda total;
contrato e fica desobrigado de indemnizar os sinistros
ocorridos posteriormente à primeira omissão. b) Perda ou deterioração correspondente a mais de
3/4 (três quartos) do valor;
2. O segurador fica ainda com o direito ao reembolso
das indemnizações que tenha feito por sinistros ocorridos c) Venda judicial em consequência de avarias
em viagens posteriores à primeira omissão e a receber, resultantes de riscos cobertos pelo seguro;
a título de indemnização, os prémios correspondentes às
d) Captura, que se mantenha, decorridos 3 (três)
declarações omitidas.
meses a contar da notificação do facto feita
Artigo 738.º
pelo segurado ao segurador;
Prémio no seguro por apólice flutuante
e) Inavegabilidade do navio transportador, no caso
O prémio é calculado sobre o montante total das de- de as mercadorias não poderem reiniciar a
clarações para cobertura pela apólice. viagem, em qualquer meio de transporte, no
CAPÍTULO II prazo de 3 (três) meses;
Das regras especiais do seguro de mercadorias f) Falta de notícias do navio durante mais de 3
Artigo 739.º (três) meses.
Exclusão de responsabilidade TÍTULO IV
O segurador não responde por: DE OUTROS SEGUROS MARÍTIMOS
a) Derrames ou perdas ordinárias em peso e volume,
CAPÍTULO I
ou uso e desgaste natural das mercadorias;
Do seguro do frete e de gastos de salvamento
b) Deficiências de embalagem ou mau acondicio-
namento das mercadorias; Artigo 744.º
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Artigo 757.º CAPÍTULO III
Autor Dos navios que podem ser arrestados
Para efeitos deste Capítulo considera-se autor, a en- Artigo 760.º
tidade, que solicita o arresto preventivo alegando a seu
favor um crédito marítimo. Navios propriedade do devedor do crédito
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1. Aceite o requerimento, o tribunal notifica o destinatá- O requerimento deve conter, com clareza, as circuns-
rio para no prazo de 8 (oito) dias pagar o valor reclamado. tâncias dos factos ocorridos, as despesas e os danos
2. Se o título não for nominativo, o requerimento deve produzidos, a relação nominal dos interessados e os
indicar o destinatário, sem o qual, não há lugar à notifi- documentos que justificam a petição.
cação a que se refere o número anterior. Artigo 791.º
Artigo 784.º Notificação
Verificação do depósito
Recebida a petição, o tribunal ordena a notificação dos
1. Se o requerido não pagar nem apresentar garantia interessados na viagem marítima, concedendo-lhes um
suficiente para o pagamento no prazo referido no número prazo de 15 (quinze) dias para intervirem no processo e apre-
anterior, o tribunal lavra o auto autorizando o depósito sentarem propostas para nomeação de perito liquidatário.
da mercadoria ou bagagens conforme solicitado.
Artigo 792.º
2. Caso haja divergência quanto à quantidade, classe
ou valor da mercadoria necessária para cobrir o valor Nomeação do perito liquidatário
reclamado, o tribunal nomeia perito para os determinar. 1. Recebidas as propostas, o tribunal designa o perito
Artigo 785.º liquidatário proposto por todos os interessados.
Venda 2. Se os interessados não apresentarem a proposta no
Feito o depósito e nomeado o depositário, o tribunal prazo a que se refere o artigo anterior, ou apresentarem
procede à venda nos termos aplicáveis à venda judicial vários peritos, o tribunal nomeia um perito liquidatário
de bens móveis. da avaria e disso, dá a conhecer aos interessados.
Artigo 786.º 3. A nomeação efectuada pelo tribunal pode ser im-
Destino do produto da venda
pugnada pelos interessados nos termos previstos na
legislação processual civil.
1. Com o produto da venda procede-se ao pagamento
das custas, despesas e direitos a que se refere o artigo 4. O perito liquidatário tem direito, a receber honorá-
523.º, e o remanescente reverte-se para o solicitante em rios, não inferior a 1% (um por cento) da massa activa
pagamento do frete e outros créditos reclamados. distribuída entre os contribuintes e pode pedir uma pro-
visão de fundos para as despesas, que deve ser suportada
2. Efectuados os pagamentos previstos no número ante- pelo solicitante.
rior e caso haja excedente, este é consignado em depósito,
nos termos da legislação processual civil. Artigo 793.º
Artigo 787.º Prazo para a liquidação
Oposição ao pagamento Nomeado o perito liquidatário, o tribunal concede-lhe
1. Se o titular da mercadoria se opor ao pagamento, o tri- prazo razoável para preparar a liquidação, que não pode
bunal retém em depósito o remanescente até decisão final. exceder 6 (seis) meses, podendo ser renovado por igual
período, se razões ponderosas relacionadas com a liqui-
2. O titular deve, no prazo de 20 (vinte) dias a contar
dação ou com o liquidatário o justificarem.
da data da venda judicial, apresentar a sua oposição ao
pagamento em juízo, seguindo aquela, a forma de pro- CAPÍTULO II
cesso compatível com o seu valor.
Das actuações posteriores à proposta
3. Se o destinatário da mercadoria, prestar garantia e de liquidação
assim evitar ou levantar o depósito e a venda daquela, deve
apresentar a sua reclamação no prazo a que se refere o nú- Artigo 794.º
mero anterior que se conta desde a constituição da garantia. Proposta de liquidação
TÍTULO V
Apresentada a proposta de liquidação da avaria grossa
DO PROCEDIMENTO PARA LIQUIDAR pelo liquidatário, ou relatório concluindo pela improce-
A AVARIA GROSSA dência da liquidação, são notificados os interessados, que
CAPÍTULO I os podem impugnar no prazo de 30 (trinta) dias.
Do processo de liquidação Artigo 795.º
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Artigo 796.º d) Certificado de lotação máxima de passageiros
Aprovação da liquidação que o navio está autorizado a transportar,
nos casos em que a limitação se refere a
Apreciadas as impugnações e o parecer ou propostas de reclamações por morte ou lesão de passageiros;
modificação da proposta de liquidação, o tribunal, produz
auto de liquidação, de que cabe recurso nos termos da e) Cópia autenticada do certificado de
legislação processual civil. navegabilidade do navio;
Artigo 797.º f) Documento em que conste o cálculo do valor da
limitação;
Execução
O auto de liquidação homologado por sentença, consti- g) Lista de credores conhecidos e sujeitos a limitação,
tui título bastante para a execução contra os interessados com indicação dos respectivos domicílios,
que não pagarem a contribuição fixada na sentença, no títulos de reclamação e seu presumível valor;
prazo de 15 (quinze) dias. h) O nome do perito liquidatário proposto
TÍTULO VI conjuntamente pelo requerente e todos os
credores a que se refere a alínea anterior.
DO PROCEDIMENTO PARA LIMITAR A
RESPONSABILIDADE 2. O depósito a que se refere a alínea a) do nº 1 pode
ser substituído por uma outra garantia suficiente a fa-
CAPÍTULO I
vor do tribunal, emitida por uma instituição de crédito
Da alegação do direito e da constituição autorizada a operar em Cabo Verde.
do fundo
Artigo 801.º
Artigo 798.º
Admissão e aperfeiçoamento
Invocação do direito
1. Aquele que, no decurso de um processo cível, invocar 1. Apresentado o requerimento, o tribunal emite despacho
o direito de limitar a responsabilidade que lhe é exigida, de admissão ou de aperfeiçoamento no caso de faltar
deve iniciar os trâmites para a constituição do fundo ou algum requisito, devendo a omissão ser sanada no prazo
fundos de limitação no prazo de 10 (dez) dias a contar da de 5 (cinco) dias.
data da apresentação do requerimento. 2. O tribunal emite despacho de rejeição se considerar
2. O requerimento de constituição do fundo ou fundos que o montante do fundo ou fundos não obedece aos cál-
de limitação previsto no número anterior deve ser autu- culos previstos no presente Código, concedendo 5 (cinco)
ado por apenso aos autos de acção principal, e obedecer dias ao requerente para reparar o erro.
aos requisitos estabelecidos no presente Código. Artigo 802.º
Artigo 799.º
Despachos de admissão e de rejeição
Invocação em processos não cíveis
1. No despacho de admissão do requerimento a que se
1. Aquele que, no decurso de um processo não cível, referem os artigos anteriores, o tribunal declara consti-
invocar o direito de limitar a responsabilidade que lhe tuído o fundo ou fundos de limitação, podendo este ser
é exigida, deve apresentar o requerimento para a cons- impugnado.
tituição de fundo ou fundos de limitação no tribunal do
lugar onde corre o processo, no prazo de 10 (dez) dias a 2. A certidão do despacho a que se refere o número
contar da data da alegação do direito. anterior, constitui título bastante para, em qualquer
outro processo judicial ou administrativo em virtude do
2. O requerente do direito de limitação deve juntar ao
mesmo acidente, se obter o levantamento de arrestos,
pedido de constituição de fundo ou fundos de limitação,
garantias ou outras medidas cautelares sobre o navio ou
as alegações de direito que ao caso couber.
outros bens pertencentes ao titular do direito a limitar.
3. As sentenças ou resoluções que declarem a respon-
sabilidade civil em processos não cíveis apenas podem 3. Os processos a que se referem o número anterior,
ser executadas contra o fundo ou fundos regularmente continuam os seus trâmites normais, mas na sua execu-
constituídos perante o tribunal cível. ção contra as pessoas beneficiadas pela limitação deve
ter-se em conta a partilha do fundo ou fundos.
Artigo 800.º
4. Do despacho de rejeição da constituição do fundo ou
Conteúdo do requerimento de constituição do fundo
fundos, cabe recurso nos termos da legislação processual
1. O requerimento de constituição do fundo ou fundos civil.
de limitação deve ser reduzido a escrito e conter os factos
Artigo 803.º
relevantes da limitação que se invoca, acompanhado dos
seguintes documentos: Extinção do processo de limitação
a) Documento comprovativo do depósito a favor do 1. A sentença que julgar improcedente a limitação de
tribunal dos montantes das indemnizações responsabilidade declara extinto o processo de limitação.
calculadas nos termos previstos no Título III
do Livro IX do presente código; 2. A requerimento dos credores, o tribunal pode reter
b) Cópia autenticada do certificado de arqueação; o depósito ou a garantia a que se referem a alínea a) do
nº 1 e nº 2 do artigo 800.º, como garante das reclamações
c) Lista de tripulantes do navio no momento do apresentadas contra o devedor, até que se conclua o
acidente; processo correspondente.
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3. O perito nomeado deve declarar no prazo de 3 (três) 3. O tribunal decide por sentença sobre a constituição
dias perante o tribunal, se aceita o cargo. da massa activa e respectivo valor, cabendo dessa decisão,
recurso nos termos da legislação processual civil.
4. O perito tem direito a uma retribuição igual a 1%
Artigo 809.º
(um por cento) do fundo ou fundos distribuídos entre
os credores, a título de honorários, e pode pedir uma Complemento da massa activa
antecipação para as despesas imediatas, que deve ser 1. Se a sentença a que se refere o artigo anterior esta-
autorizada pelo requerente. belecer uma quantia do fundo ou fundos superior às já
Artigo 805.º depositadas ou constituídas, o requerente deve completar
estas últimas no prazo de 10 (dez) dias.
Constituição de massas e partilha provisória
2. Se o requerente não cumprir o previsto no número
1. O perito liquidatário regula as massas passivas e activa anterior, perde o direito de limitação da sua responsa-
do fundo ou fundos, assim como a proposta de partilha. bilidade, terminando o incidente com as consequências
2. O perito pode apresentar uma proposta de partilha previstas no artigo 803.º.
provisória ao tribunal e, se esta for aprovada, pode efec- Artigo 810.º
tuar pagamentos adiantados, que são considerados na
partilha definitiva. Auto de partilha
2. O perito apresenta ao tribunal um relatório com a lista 3. Aplica-se subsidiariamente ao regime das infracções
dos créditos e respectivos valores admitidos na massa pas- e das sanções administrativas, o previsto na legislação
siva provisória ou definitiva, bem assim, as impugnações administrativa geral.
recebidas e as razões que justificam a sua decisão. Artigo 812.º
3. O tribunal decide sobre a composição da massa pas- Competências de fiscalização, instrução e sanção
siva, tendo em consideração o relatório a que se refere o
1. Compete à administração marítima, aos serviços
número anterior.
da guarda costeira e da polícia nacional, a fiscalização
4. Da decisão referida no número anterior, cabe recurso necessária para a prevenção das condutas previstas neste
nos termos da legislação processual civil. Livro no quadro das respectivas competências.
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Coimas, medidas acessórias e medidas cautelares Sempre que sejam tomadas medidas cautelares pre-
vistas nos artigos anteriores em relação a um navio es-
1. As sanções administrativas são coimas ou medidas
trangeiro, as autoridades competentes devem informar
acessórias, sem prejuízo, da aplicação de medidas cau-
imediatamente, o cônsul ou representante diplomático do
telares para garantir a cobrança das coimas ou outros
Estado do pavilhão, das medidas tomadas, observando-se
encargos pecuniários ou ainda, para evitar danos poste-
o previsto no direito internacional nessa matéria.
riores aos interesses gerais.
Artigo 819.º
2. As medidas cautelares e as sanções acessórias pre-
vistas neste Capítulo não prejudicam as contempladas Impugnação judicial
do Título II.
1. Salvo o disposto no número seguinte, as decisões
Artigo 815.º que apliquem coimas ou sanções acessórias podem ser
impugnadas junto do tribunal de comarca em cuja área
Destino das coimas
de jurisdição tenha sido praticada a contra-ordenação.
O produto da coima reverterá em 50% a favor de um
2. Das decisões do membro do Governo responsável
fundo para o sector da administração marítima e destina-
pela administração marítima, cabe recurso contencioso
se a financiar as actividades de controlo e fiscalização
nos termos gerais.
exercidas pela entidade reguladora.
3. A impugnação judicial tem efeito meramente devo-
Artigo 816.º
lutivo, salvo se o arguido prestar caução no valor fixado
Medidas cautelares e sanções acessórias pela administração marítima.
1. Como medida cautelar ou sanção acessória das Artigo 820.º
contra-ordenações marítimas pode ser ordenada a apre-
Infracção constitutiva de delito
ensão dos navios ou outros corpos flutuantes ou objectos
e instrumentos que serviram para a sua prática ou dela 1 Se a autoridade competente considerar que a in-
resultarem. fracção constitui delito penal, lavra o auto de notícia e
remete à procuradoria para o exercício da acção penal e
2. A apreensão só pode ser ordenada quando o navio suspende o processo administrativo.
ou objectos referidos no número anterior:
2. A aplicação de sanção penal exclui aplicação de
a) Estando em poder do agente, representem um sanção administrativa.
perigo para a comunidade ou para a prática
de um crime ou de outra contra-ordenação; 3. Se não houver lugar à aplicação de sanção penal, o
tribunal devolve o processo à administração marítima,
b) Tendo sido alienadas ou estejam na posse para dar continuidade ao procedimento administrativo
de terceiro, este conhecesse, ou devesse
razoavelmente conhecer, que serviram para a 4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores,
prática da contra-ordenação; as medidas cautelares ou administrativas adoptadas
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