Radiologia Convencional
Radiologia Convencional
Radiologia Convencional
Eletricidade aplicada à produção dos raios X. Interação dos raios X com o objeto e formação da
imagem visível. Análise e interpretação de imagens radiográficas.
PROPÓSITO
Compreender como realizar a análise de radiografias e a interpretar os achados como descritos
no laudo médico. Para isso, é necessário conhecer os princípios envolvidos na formação dos
raios X, o processo de formação da imagem visível e como os fatores de exposição influenciam
na tonalidade e na qualidade da imagem.
PREPARAÇÃO
Procure nas bibliotecas virtuais de sua universidade, livros ou manuais sobre Eletricidade para
assimilar melhor os conceitos apresentados no primeiro módulo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Interpretar o processo de interação dos raios X com os vários tecidos na formação da imagem
radiográfica
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Raios X são ondas eletromagnéticas de alta frequência e baixo comprimento. Como a alta
frequência ultrapassa o espectro eletromagnético da luz, os raios X não são visíveis, têm alta
energia e capacidade de atravessar estruturas materiais. São produzidos sempre que elétrons
acelerados se descarregam sobre um material metálico pesado. Penetrando em sua estrutura
química, os raios X são produzidos quando esses elétrons acelerados sofrem frenagem
próxima aos núcleos ou colidem em elétrons orbitais.
Portanto, precisamos relembrar conceitos sobre eletricidade para compreender como os raios
X interagem no corpo e no detector para formar a imagem radiográfica, seja em películas
radiográficas, ou nas workstations.
WORKSTATIONS
Workstation pode ser traduzido como “estação de trabalho”. Em sistemas digitais, o termo se
refere ao computador no qual é realizada a manipulação das imagens.
MÓDULO 1
INTRODUÇÃO
Veja algumas dúvidas comuns entre os iniciantes das ciências radiológicas:
Por essas e outras dúvidas, vamos começar nosso estudo apresentando os conceitos
elétricos associados aos raios X. Isso mesmo: raios X são produtos de interações elétricas!
Por isso são reguláveis por um sistema de comando, com botões e seletores de tensão e de
intensidade de corrente elétrica.
ELETRICIDADE
Os primeiros estudos sobre fenômenos elétricos são atribuídos a Thales de Mileto. Usando
um pedaço de âmbar, Thales percebeu que o material atraía pedaços de palha seca quando
friccionado em couro animal. As descobertas do físico Joseph John Thomson, por sua vez,
ajudaram a explicar melhor esse fenômeno. Para ele, essa atração se dava em razão do
elétron: uma partícula leve e facilmente atraída ou repelida.
THALES DE MILETO
Fonte: Wikipedia.
Âmbar em formato de resina vegetal.
ÂMBAR
A palavra âmbar, em grego, se escreve ηλεκτρο (lê-se elektro). Por isso, foi convencionado o
nome eletricidade aos fenômenos de atração e repulsão entre determinadas partículas.
Joseph John Thomson, mais conhecido como J. J. Thomson, foi um físico britânico.
VOCÊ SABIA
Você pode fazer um experimento similar com pedaços de papel picotado e uma caneta de
plástico. Após friccionar a caneta em seus cabelos ou em um pano, aproxime-a de pedaços de
papel (que são eletricamente neutros). Eles serão atraídos pela caneta (que foi eletrizada) em
razão do fenômeno de eletricidade estática.
Hoje sabemos que carga elétrica é a capacidade que algumas partículas têm de atrair ou
repelir outras. Do polo negativo do circuito elétrico, o elétron é repelido e ganha movimento. O
movimento dos elétrons continua em razão da atração que o elétron sofre do polo positivo do
circuito elétrico.
CARGA ELÉTRICA É A PROPRIEDADE DE ATRAÇÃO E
REPULSÃO ENTRE PARTÍCULAS. CARGAS DE SINAIS
OPOSTOS SE ATRAEM, CARGAS DE SINAIS IGUAIS SE
REPELEM E PARTÍCULAS NEUTRAS NÃO
INTERAGEM.
BUSHONG, 2010.
Em um circuito elétrico para produção de raios X, o movimento da carga elétrica não pode ser
desordenado: precisa ter direção e sentido.
Lembre-se de que elétrons podem ser atraídos ou repelidos e que a atração ocorre sempre
entre partículas de cargas opostas. O movimento ordenado ocorre quando existem dois polos
elétricos: negativo (catódico), que repele a carga elétrica, e positivo (anódico), que
produz o efeito de atração sobre o elétron. A isto foi dado o nome de corrente elétrica.
ANDRÉ-MARIE AMPÈRE
Elétrons em conjunto repelem-se entre si, fazendo com que haja movimento. Por isso, a
voltagem também é conhecida como tensão elétrica ou voltagem.
Quanto maior o aglomerado de cargas elétricas maior será a tensão entre elas, pois a força de
repulsão aumenta. É simples: quanto mais próximo uma carga é colocada de outra igual, mais
diferença de potencial elétrico se produz, em razão da maior repulsão entre elas. Este conceito
foi desenvolvido pelo físico italiano Alessandro Volta.
ALESSANDRO VOLTA
Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta (1745 – 1827) foi um químico, físico e pioneiro
da eletricidade e da potência.
TIPOS DE CORRENTE
Embora não percebamos, existem dois tipos de corrente elétrica. A energia elétrica de uma
pilha e a de uma tomada de parede são diferentes.
A corrente elétrica que vem das estações de fornecimento trafega em um único fio, invertendo
sua polaridade 60 vezes por segundo (60 Hz). Por isso é chamada de corrente alternada
(AC).
EXEMPLO
Veja no gráfico a seguir como os tipos de corrente elétrica se comportam em um fio condutor.
i,v pulsante
continua
variavel
t
alternada
A maioria dos eletroeletrônicos precisa de energia limpa, constante e contínua para funcionar.
Ou seja, precisam de corrente contínua (DC). Celulares, computadores, videogames e outros
eletrônicos, embora sejam plugados na tomada, precisam de uma fonte de alimentação para
funcionar. Este dispositivo é o responsável por transformar a corrente alternada em contínua,
para que o circuito funcione. Nesses circuitos, temos dois condutores com cargas distintas: um
fio catódico (-) e um fio anódico (+). Inverter a polaridade entre eles pode causar um curto-
circuito e queimar o dispositivo.
FONTE DE ALIMENTAÇÃO
Para produzir raios X diagnósticos, o equipamento precisa receber corrente contínua, com
quilovolts de energia e miliamperes de intensidade. Deve ter também um sistema de comando
que permita a regulagem do tempo de exposição.
Painel de controle
Tubo de raios X
Nessa seção a tensão da tomada chega primeiro ao painel de comando do aparelho. Aqui, são
efetuados alguns controles básicos:
Os botões de aquecimento (preparo) do tubo e disparo dos raios X também ficam dispostos no
painel de comando do aparelho, como na figura a seguir.
Seletores do painel de comando: compensador da tensão de entrada, quilovoltagem,
miliamperagem, tempo de exposição e os botões de preparo (ready) e disparo (x-ray).
c) seleção do ponto focal, realizada por um circuito transformador do filamento para o tubo de
raios X.
Aqui, é importante entender que já estamos trabalhando com alta tensão e qualquer acidente
pode causar sérios danos à estrutura e colocar em risco a vida do operador.
Equipamento de raios X recebendo manutenção em seu gerador de alta tensão.
Na última seção, temos o circuito do tubo de raios X. Aqui, vemos os cabos vindos do gerador
de alta tensão, que produz a diferença de potencial no polo catódico (negativo), para que
ocorra a colisão dos elétrons produzidos com o disco anódico (polo positivo) do tubo. Vamos
entender agora essa interação elétrica.
Máquina de raio X.
O TUBO DE RAIOS X
Raios X são produzidos sempre que elétrons acelerados colidem com um alvo metálico. Em
outras palavras, precisamos de alta tensão para acelerar os elétrons, que precisam ser
descarregados contra um anteparo metálico.
O tubo de raios X é um sistema com dois eletrodos emparelhados, no qual o polo negativo
produz a tensão e a carga a ser disparada contra o eletrodo positivo. Desta colisão são
produzidos raios X e calor.
CÁTODO
O cátodo é formado por um conjunto de dois filamentos metálicos montados dentro de uma
capa focalizadora. Os filamentos são fabricados de tungstênio e produzem uma carga elétrica
livre por efeito termiônico. Esses elétrons livres são usados para produzir a descarga sobre o
ânodo. A capa focalizadora mantém o feixe convergente, uma vez que os elétrons se
dispersam no trajeto. O filamento menor produz um ponto focal pequeno, útil nos exames de
extremidades e estruturas que precisam de mais nitidez. O filamento maior é usado para
radiografar estruturas grandes, mais densas ou espessas.
ÂNODO
O ânodo é um disco giratório usado como alvo para a descarga da carga elétrica produzida no
cátodo. Antes, o tubo era montado com um ânodo de alvo fixo. Entretanto, a descarga
constante no ponto focal fixo desgastava mais rapidamente o alvo, reduzindo a vida útil da
ampola. Com o disco giratório, produzimos uma pista focal circular, aumentando o campo de
impacto e reduzindo o desgaste da ampola. Para girar o alvo, é utilizado um motor de indução
magnética composto por um rotor e estatores, como no motor de ventiladores.
TUNGSTÊNIO
Tungstênio é um metal, com número atômico 74 e alta dureza. Seu ponto de fusão é de 3.422
°C, o que lhe confere maior resistência ao calor. Como os filamentos aquecem para produzir os
elétrons livres, um ponto de fusão alto garante maior rendimento e durabilidade aos filamentos.
É o mesmo material usado nas lâmpadas incandescentes.
EFEITO TERMIÔNICO
Quando aquecidos, os átomos de um metal sofrem excitação e seus elétrons saltam das
camadas internas e ficam dispersos nas camadas mais externas. Esse fenômeno é
denominado efeito termiônico e foi descoberto pelo físico Thomas Edison.
VOCÊ SABIA
TIPOS DE RAIOS X
Quando acionamos o botão de preparo, o filamento aquece e o disco gira, aguardando o
disparo. Quando pressionamos o botão de exposição, a tensão é aplicada ao tubo e os
elétrons livres do cátodo são violentamente disparados contra o disco anódico.
ATENÇÃO
Todos os processos descritos aqui acontecem na estrutura atômica da pista focal do ânodo e
são modelos teóricos usados para explicar fenômenos físicos.
Quando os elétrons do filamento passam próximo aos núcleos do alvo, eles sofrem
desaceleração (frenagem), e a energia cinética liberada é convertida em raios X e calor. A
frenagem acontece porque o alvo é composto por tungstênio, que possui 74 prótons em cada
núcleo. Dessa forma, o poder de atração é muito alto.
BREMMSTRAHLUNG
Fonte: Wikipedia
Na imagem, raios X de frenagem produzem mais borramento, muitos tons de cinza — aspecto
típico em radiografias de abdome e tórax para avaliação pulmonar, por exemplo.
Raios X por frenagem.
ATENÇÃO
Raios X característicos são produzidos quando elétrons do filamento colidem com átomos do
alvo. Quando isso acontece, elétrons são arrancados e uma vacância é produzida em uma das
camadas orbitais. O espaço é ocupado por um elétron de camada mais externa e, nesse
“salto”, o excesso de energia é liberado. Ou seja, em todos os átomos, a emissão
característica é a mesma.
Raios X por colisão orbital.
Exposições com baixo KV e alto mAs tendem a produzir mais raios X característicos pela
menor quantidade de frenagem e pela maior intensidade de corrente.
O tubo de raios X não é radioativo, é um dispositivo que produz raios X por interações elétricas,
por isso produzir raios X gera calor residual. Para evitar danos às peças, a sala de exames
precisa ser muito refrigerada.
Por serem ondas eletromagnéticas de alta frequência, raios X não podem ser vistos e não
causam contaminação física. Uma vez que o equipamento usa eletricidade na produção, basta
desligar a entrada de corrente elétrica para evitar exposições acidentais.
Por fim, a imagem é formada pela sobreposição de estruturas com espessuras e densidades
diferentes. Dependendo do objeto examinado e dos fatores de exposição selecionados,
teremos uma imagem com muitos tons de cinza diferentes, o que causa o aspecto
“embaralhado”. No próximo módulo, falaremos da formação da imagem.
Assista ao vídeo a seguir para entender a diferença entre a produção de raios X
característicos e de frenamento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
A primeira coisa que precisamos entender é que a imagem radiográfica é uma projeção, da
mesma forma que uma sombra na parede. Veja a figura a seguir:
Sombra na parede.
FATORES GEOMÉTRICOS
OBJETO
Estrutura material que será projetada; neste caso, é a mão onde a luz incide para formar a
sombra. Na realização do exame, é a parte do corpo a ser radiografada.
RECEPTOR
Anteparo da fonte de energia; neste caso, é a parede ou qualquer superfície em que a luz
incide e a sombra é projetada. Na realização do exame, é o detector digital ou película
radiográfica onde a imagem será formada.
A luz tem um comprimento de onda alto, entre 400 e 750 nanômetros, o que faz com que seja
refletida ou absorvida pelo objeto. A sombra é formada na parte posterior do objeto, onde não
incide luz. No entorno, pelas frestas onde a luz atravessa, é formada a silhueta do objeto.
Projeção da imagem do Raio X
O comprimento dos raios X é muito baixo, entre 10 e 0,01 nanômetros, o que lhe permite
atravessar alguns objetos. Esse é o diferencial dos raios X: produzir imagens de estruturas
internas do corpo, o que não é possível por meio de fotografias ou sombras, que mostram
apenas a silhueta externa.
A formação de animais com a sombra na parede, na verdade, é uma ilusão de óptica produzida
pela combinação dos posicionamentos das mãos. Na figura a seguir, a posição do coelho
forma a sombra projetada de uma mão: o pé esquerdo do coelho forma o dedo polegar, as
duas orelhas formam os dedos médio e anelar, e os dois braços do coelho formam os dedos
indicador e mínimo da mão.
Ilusão de óptica produzida pela combinação de silhuetas.
Ao tirar uma fotografia, você já precisou se afastar um pouco para caberem todos na imagem?
Esse movimento de tomar distância tem a ver com as relações geométricas entre foco, objeto e
receptor. Esses conceitos também são utilizados na radiologia, e problemas dessa ordem
causam efeitos indesejados: imagens borradas, cortadas ou muito ampliadas.
Para dominar essa técnica, precisamos entender que o tamanho da imagem depende da
combinação das distâncias entre os três elementos de formação da imagem: fonte, objeto e
receptor.
Existem três distâncias que precisam ser consideradas na formação da imagem. Vamos
acompanhar observando a figura a seguir:
Distâncias importantes na formação da imagem.
Observe, ainda na figura a seguir, que a sombra do rapaz parece muito maior que ele. Isso
acontece em razão do fenômeno de magnificação, que ocorre quando afastamos o objeto do
anteparo ou quando aproximamos a fonte de energia do objeto.
Sombra rapaz na parede.
Na realização dos exames radiográficos, o maior cuidado é para que as estruturas sejam
projetadas no tamanho mais próximo do real. Por isso, essas distâncias são ajustáveis. Para
facilitar o trabalho dos profissionais de imagem, os manuais técnicos e livros especializados
indicam distâncias-padrão para cada tipo de exame.
EXEMPLO
PROCESSAMENTO QUÍMICO
ATENÇÃO
Quanto mais mole o objeto (gases, líquido, vísceras, cartilagem ou gordura) mais escura fica
a sua projeção.
Quanto mais duro o objeto (músculo, osso ou metal) mais clara fica a sua projeção.
Radiografia da mão.
Como se vê na imagem, os ossos aparecem mais claros e são classificados como objeto
radiopaco, por serem bons absorvedores de raios X. O espaço entre os ossos é escuro em
razão da presença de cartilagem, classificada como objeto radiotransparente. O gradiente de
cinza mais para o tom escuro indica objetos com menos densidade. Por sua vez, o gradiente
de cinza mais claro revela objetos mais densos, como é o caso do tecido muscular entre os
metacarpos (ossos da região palmar). Entre os dedos fica preto em razão do ar (oxigênio),
totalmente radiotransparente.
DENSIDADE ÓPTICA
NORMAL
Imagem normal
SUPEREXPOSTA
CONTRASTE
Contraste é a diferença de densidades ópticas entre estruturas adjacentes. Essa diferença cria
uma linha imaginária que divide os dois tons de imagens, formando o contorno ou a silhueta
do objeto. Quanto maior essa diferença, melhor esses contornos são visualizados.
Alto contraste
Quando a diferença de densidade óptica é alta, temos nitidamente tons muito claros e muito
escuros na imagem.
Baixo contraste
Quando a diferença entre as densidades ópticas é muito pequena, os limites entre os dois
objetos são pouco visualizados e os contornos perdidos. Esse conjunto dá um aspecto
“embaçado” ou “borrado” à imagem, predominantemente formada por gradiente de um mesmo
tom.
Quanto mais os raios X penetram, mais raios X chegam ao detector. Assim, o fator primário de
controle do contraste é a quilovoltagem (KV). Se aplicamos alto KV, temos mais raios X de
frenagem e, consequentemente, mais tons de cinza. Quando ajustamos um KV reduzido,
somente os tecidos moles são atravessados e os tecidos duros absorvem todos os feixes de
raios X. Essa combinação cria uma imagem com alta diferença de tons claros e escuros.
ATENÇÃO
Nitidez é a boa definição das linhas estruturais, contornos e bordas dos tecidos na imagem.
Como já vimos, o contraste auxilia a produzir essas bordas, mas existem dois fatores que
também podem contribuir para isso:
MOVIMENTO DO OBJETO
Pode ser voluntário ou involuntário. O batimento cardíaco, por exemplo, é um tipo de
movimento que não podemos controlar. Mas manter a mão imóvel sobre um detector é algo
controlável, salvo em casos associados a distúrbios motores. Qualquer tipo de movimento do
objeto durante o disparo produz o oposto de nitidez, o borramento, que é a perda da definição
dos contornos de um objeto.
ATENÇÃO
Para uma imagem nítida, é necessário manter o objeto imóvel durante a realização do exame e
usar o menor tempo de exposição possível.
TEMPO DE EXPOSIÇÃO
Quando longo demais, pode favorecer o movimento durante o processo de aquisição da
imagem. Imagine um exame do tórax para análise pulmonar que requer apneia inspiratória.
Neste caso, um tempo longo pode incomodar e até mesmo causar uma hipóxia (baixa
oxigenação no sangue). Portanto, o ideal é utilizar um tempo de exposição curto, sempre que
possível.
DISTORÇÃO
É importante que você esteja preparado ao interpretar uma radiografia. Por vezes, a
inobservância de alguns dos itens estudados neste módulo pode sugerir pseudopatologias.
Tenha em mente que a radiografia é uma reprodução do real, mas os fatores ópticos e
geométricos podem enganar seus olhos.
MÓDULO 3
Em seguida, reunimos os achados em cada critério para termos uma síntese do que foi
observado na radiografia. A análise radiográfica não pode se basear em opinião pessoal, mas
em critérios concretos, presentes no processo de aquisição da imagem, para entendermos o
produto final.
Veja que a melhor estratégia para identificar notas falsas é conhecer a nota verdadeira. O
mesmo se aplica à análise radiológica: quando conhecemos o aspecto normal de uma
estrutura anatômica, reconheceremos possíveis lesões.
Vamos começar apresentando cinco critérios que devem ser observados durante a análise de
qualquer radiografia:
Identificação
Toda radiografia deve estar devidamente identificada, seja em sistema químico (numeradores
de chumbo) ou em sistema digital. É importante verificar se a data do exame e o número de
registro do prontuário conferem com os dados do sistema. Além disso, indicações do lado
direito/esquerdo costumam ser acrescentadas.
Centralização
A imagem radiográfica deve estar bem centralizada no detector. Para se certificar disso, é
importante conferir se as bordas da imagem estão equidistantes e checar se toda a
distribuição da anatomia está associada ao centro do detector de imagem, sem cortes.
Na imagem, observamos que a coluna torácica não está corretamente alinhada ao maior eixo
do receptor, o que indica falha na centralização. Esta falha levou ao corte do pulmão
esquerdo na imagem.
Colimação
É a delimitação da área do objeto que deve ser exposta aos raios X. Diretamente
associada à centralização, é preciso checar se a colimação está “cortando” alguma estrutura.
Se sim, o exame não tem validade clínica e será necessário repeti-lo.
Anatomia e posição do objeto
Fatores de exposição
ANÁLISE RADIOGRÁFICA
OSTEOARTICULAR
O estudo radiográfico do esqueleto apendicular é um dos mais importantes na rotina clínica do
diagnóstico por imagem. Esses exames representam boa parte das demandas em
emergências, principalmente em ortopedia e traumatologia. Outra demanda crescente ocorre
na avaliação radiográfica de doenças reumatológicas. Uma radiografia simples, de baixo custo,
atende à maioria dos critérios na identificação dessas lesões.
Como sabemos, a matriz óssea é formada por cálcio, um elemento químico de alto peso
atômico e os ossos são bons absorvedores e produzem sombra radiopaca na imagem.
Ossos longos têm um revestimento externo compacto denominado córtex. A porção interna é
formada por tecido adiposo (medula amarela) e tecido esponjoso nas extremidades (medula
vermelha). Por ser menos densa, a região interna é mais radiotransparente. Devido ao
contraste produzido na radiografia, as bordas externas e internas do córtex ósseo aparecem
nítidas quando utilizados os fatores de exposição corretos. Veja a imagem a seguir:
Fissuras
Fraturas
Fraturas completas mostram uma ruptura total das extremidades da cortical óssea;
fraturas incompletas, apenas uma parte da cortical óssea se rompe. Quando o trauma divide
o osso em mais de dois fragmentos, temos a fratura cominutiva, muito comum em
perfurações por arma de fogo, por exemplo.
As fraturas são regeneradas por um processo biológico denominado consolidação óssea. Por
meio de imobilização ortopédica, a matriz cortical passa por uma remodelação óssea. Na
imagem radiográfica, uma consolidação é identificada pela maior opacidade nos “rejuntes” das
margens fraturadas, formando uma calosidade óssea.
FRATURA COMINUTIVA
É uma lesão caracterizada pela perda da continuidade óssea gerando dois ou mais
fragmentos.
Criança em processo de formação de calo ósseo após fratura em “galho verde” no corpo
ósseo de rádio e ulna distal.
Luxações
Paciente feminino, 45 anos, com dor e rigidez matinal nas duas mãos, típico de artrite
reumatoide.
Para a análise radiográfica de imagens osteoarticulares, sugerimos o seguinte roteiro:
Observe se as bordas ósseas têm boa densidade óptica e alto contraste para diferenciar tecido
ósseo e tecidos moles adjacentes. A silhueta deve ser nítida, evidenciando o córtex ósseo
(opaco) e a região medular (transparente), no caso de ossos longos.
5
Na avaliação de punho, cotovelo, tornozelo e joelho, observe se a imagem inclui as porções
terminais dos ossos que se articulam. Algumas lesões articulares irradiam para os ossos, como
as fraturas-luxações de Galeazzi (punho) e Monteggia (cotovelo), por exemplo.
GALEAZZI
Uma fratura de Galeazzi é uma fratura da região distal do rádio associada a uma ruptura da
membrana interóssea e da articulação com a ulna, com uma subluxação da ulna. A fratura
recebe o nome em homenagem ao cirurgião italiano Riccardo Galeazzi.
MONTEGGIA
A fratura de Monteggia é uma fratura da ulna em sua região proximal que desloca a cabeça do
rádio. Recebe o nome em homenagem a Giovanni Battista Monteggia.
Nos exames periódicos, radiografias de tórax dizem muito quanto à saúde respiratória após um
ano de atividades laborais e sobre as condições de se manter o colaborador no cargo. Nos
exames demissionais, por sua vez, também revelam informações importantes quanto às
sequelas que determinadas atividades laborais podem deixar no organismo.
EXEMPLO
Um bom exemplo disso são os profissionais da construção civil que podem desenvolver
silicose ou asbestose.
SILICOSE
É uma patologia pulmonar caracterizada pelo acúmulo de sílica ou fibras plásticas ou de vidro.
ASBESTOSE
A análise de uma radiografia de tórax deve seguir uma sequência bem delineada, visto que
evidencia vários órgãos de sistemas diferentes. Por isso, com base em material técnico sobre o
assunto, elaboramos um roteiro para análise e interpretação dos achados na radiografia
pulmonar. Acompanhe o roteiro a seguir.
Vias aéreas
Brônquios e pulmões
Perceber que o ramo esquerdo é mais horizontal e o direito, mais inclinado. A trama
broncopulmonar é mais radiopaca ao centro da imagem, esmaecendo em direção à região
periférica. A porção terminal mais radiopaca sugere processos inflamatórios, como bronquite ou
pneumonia. Perceber que o tecido pulmonar é uniformemente transparente, em tons cinzas
mais escuros. A imagem inclui os pulmões repletos de ar, dos ápices aos seios costofrênicos.
Pulmões enegrecidos em formato de “barril” sugerem hiperinsuflação, comum em doenças
pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC). Ao contrário, pulmões leitosos (radiopacos), parcial
ou totalmente, podem indicar processos infecciosos, atelectasia ou derrame pleural.
"BARRIL"
Avaliar a posição do coração pelo índice cardiotorácico (ICT), que não pode exceder 0,5
(50% do volume total da caixa torácica). O coração deve estar ao centro, ligeiramente à
esquerda, e os vasos basais ficam laterais às margens cardíacas. À esquerda, formam as
curvaturas do botão aórtico, artéria pulmonar, átrio e ventrículo esquerdos. À direita, formam as
curvaturas da veia cava superior e átrio direito. O ventrículo direito fica repousado ao centro,
sobre o diafragma. ICT maior que 0,5 sugere cardiomegalia ou processos infecciosos que
causem dilatação dos vasos basais.
CARDIOMEGALIA
Diafragma
Deve aparecer plano, ao centro da imagem e inclinado nas laterais (seios costofrênicos). O
lado direito é mais alto devido ao volume hepático, e o lado esquerdo é mais baixo devido ao
volume cardíaco. Perda de nitidez no centro do diafragma pode sugerir lesão infecciosa na
base pulmonar. Se a perda da nitidez ocorrer nas laterais, é preciso avaliar a possibilidade de
derrame pleural. Já um diafragma plano de aspecto arriado sugere hiperinsuflação, típica em
pacientes DPOC.
Esqueleto
Escápulas devem estar fora do campo pulmonar e clavículas na altura do 3º par costal. Coluna
torácica e externo aparecem sobrepostos e opacos. Arcos costais anteriores se cruzam sobre
os posteriores e a contagem deve ser feita pela porção proximal dos arcos posteriores.
Inspiração profunda mostra entre 9 e 10 pares costais na área pulmonar. Quadro de
insuficiência respiratória é sugerido quando são vistos 6 pares costais, no máximo. Quadro de
hiperinsuflação é cogitado quando 10 ou mais pares costais são vistos na área pulmonar.
Tecidos adjacentes
Gordura tem aspecto mais enegrecido e músculos são mais opacos por serem mais densos.
Avaliar coleções de líquido ou edemas, em casos de trauma. Nas mulheres, a silhueta mamária
produz aspecto radiopaco e pode desfocar o diafragma e os seios costofrênicos, dependendo
do tamanho e da densidade das mamas.
Marcapassos, stents, clipes cirúrgicos, placas e pinos ortopédicos aparecem radiopacos por
serem metálicos. Quanto aos pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI),
eletrodos, cateteres, tubos traqueais e sondas podem produzir sombras na imagem e, sempre
que possível, devem ser afastados do campo pulmonar, com o auxílio da equipe de
Enfermagem.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interpretação radiográfica é um processo complexo na anamnese e propedêutica clínica.
Muitos profissionais da saúde sentem dificuldade nessa especialidade por não conhecerem os
fundamentos físicos das ciências radiológicas aplicados à imagem. Compreender como os
raios X são formados e de que maneira interagem com o corpo humano é fundamental para
analisar adequadamente a imagem, descobrir as lesões e encaminhar o paciente para o devido
tratamento, buscando promover seu bem-estar.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BONTRAGER, K. L; Tratado de posicionamento radiográfico e anatomia associada. 8. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
EXPLORE+
BIODIGITAL é um site com modelos anatômicos em 3D. Alguns recursos podem ser
acessados gratuitamente fazendo login.
CONTEUDISTA
Raphael de Oliveira Santos
CURRÍCULO LATTES