Apostila Projeto Uma Imagem de Repente Editada
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Gêneros do Cordel
Contando com os gêneros mais usados e os menos usados, e com os que já não
se usam mais, o Cordel possui 36 (trinta e seis) modalidades, quantidade
realmente espantosa, que demonstra através dos tempos o grande poder
criativo dos poetas populares.
QUADRA
MARTELO
Cego Aderaldo - Cantador famoso, voz excelente, veia política apreciável. Era um
dos mais inspirados de quantos que existiram nos sertões do Ceará. "Aderaldo
Ferreira Araújo" era seu verdadeiro nome. Nasceu no Crato, viveu em Quixadá e
morreu em Fortaleza, beirando os 90 anos, em 1967. Tomou parte em cantorias que
marcaram épocas. Os versos que escreveu são lidos e conhecido em todo o Brasil.
(Da Peleja de Zé Pretinho com o Cego P – Fale de outro jeito,
Aderaldo, escrita pelo poeta piauiense Com melhor agrado –
Firmino Teixeira do Amaral) Seja delicado,
A – Negro é raiz Cante mais perfeito!
Que apodreceu! Olhe, eu não aceito
Casco de judeu, Tanto desespero!
Moleque infeliz! Cantemos maneiro,
Vai pra teu país: Com verso capaz –
Senão eu te surro, Façamos a paz
Dou-te até de murro! E parto o dinheiro!
Tiro-te o regalo,
Cara de cavalo,
Cabeça de burro!
Cuíca de Santo Amaro - Misto de poeta e repórter, Cuíca de Santo Amaro foi um dos
personagens mais importantes da história da cultura baiana e do cordel. Seus versos
assustavam poderosos e gente comum e não havia segredo guardado a sete chaves
que não se tornava escândalo público na cidade através de seus cordéis. Amado por
uns e por outros odiado, ele vestia um fraque bem passado, flor na lapela e chapéu
coco. Dessa forma declamava seus versos no mercado Modelo e pelas ruas de
Salvador. Apesar de não estar entre os melhores cordelistas, Cuíca de Santo Amaro
forneceu um relato picante e interessante do seu tempo através de centenas de
folhetos impressos semanalmente durante 25 anos. Muitos desses cordéis fazem
denúncias contra os abusos praticados contra o povo. Sobreviveu da venda de seus
cordéis. Faleceu em 1964.
(Trechos de Políticos Demagogos e Na unha de muita gente
Homens sem palavra) O pobre come fogo
Porque antigamente
Disse um grande profeta Dizia-nos São Diogo
Com o seu grande saber É raro hoje o político
Que o pobre veio ao mundo Que não seja demagogo
Somente para sofrer (...)
E este seu sofrimento
Só acaba quando morrer (...)
(estrofe em que fala da sua vida) (glosa para o mote: “Não tive amores,
sonhei-os, Mas possuí-los, não pude”)
É muito triste ser pobre;
Pra mim, é um mal perene... Na vida provei abalos
Trocando o “p” pelo “n”, E desesperos medonhos...
É muito alegre ser nobre; Sonhos, sonhos e mais sonhos,
Sendo pelo “c”, é cobre, Sem nunca realizá-los.
Cobre, figurado, é ouro; Na fronte, inda trago os halos
Botando o “t”, fica touro; Das auras da juventude;
Como a carne e vendo a pele; Porém não tive a virtude
O “t”, sem o traço, é “l”; De dormir entre dois seios;
Termino só sendo “Louro”. Não tive amores, sonhei-os,
Mas, possuí-los, não pude!
Manoel Camilo dos Santos - Nasceu em Guarabora, Paraíba, em 1905. Foi cantador
na década de 30. Tendo de cantar em 1940, dedicou-se a escrever e editar folhetos.
Iniciou as atividades editoriais em sua cidade natal, continuando em Campina
Grande. A Folhateria Santos, por ele fundada, cede, anos depois, seu lugar a A
"ESTRELA" DA POESIA. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Cordel, onde
ocupa a cadeira nº 25, que tem como patrono Inácio Catingueira. Repentista e
violeiro, é autor de mais de 80 folhetos.
Rodolfo Coelho Cavalcanti - Nasceu em Rio Largo (AL) em 1919. Entretanto, consta
do registro de nascimento a data de 1917. Adolescente, percorre parte do Norte e
Nordeste, atuando como camelô, palhaço de circo, dentre outras atividades. Desde
essa fase, já se faz notar como bom versejador, participando de pastoris, cheganças
e reisados. Realizou na Bahia, em 1955, o I Congresso Nacional de Trovadores e
Violeiros. Como jornalista, fundou alguns periódicos, como A Voz do Trovador, O
Trovador e Brasil Poético. Percorreu vários temas da literatura de cordel, os mais
recorrentes foram os abecês, biografias, cantorias e fatos do cotidiano. Foi também
tema de vários poetas e pesquisadores da literatura de cordel.
A B
Açúcar três e duzentos Bacalhau não tem tabela
O quilo, sem se falar Vende lá como quiser
No peso que eles nos De dezoito a vinte e cinco
vendem Como ele quem poder
Quem quiser vá reclamar O pobre vive chorando
Arroz é quatro cruzeiros Coitados dos O rico sempre zombando
brasileiros Isto mesmo é que ele
Do câmbio negro sem quer!
par! ____________________
ABC da carestia.