Ivo Karmann Doutorado

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UNIVERSIDADE DE SÄO PAULO

rNSTtruTo DE GEoclÊruclRs
DED4LU"S -Äcervo - tGG

iltililtililillllilililllilllillllilllilllilllllilllilllil

3090001 7630

EVOLUçAO E DINÂMICA ATUAL DO SISTEMA


CÁnsTICO DO ALTO VALE DO RIO RI-BEIRA DE
IGUAPE, SUDESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

lvo Karmann

,t ,i

Orientador: Prof. Dr. Georg Roberl Sadowski

TESE DE DOUTORAMENTO

COMISSÃO JULGADORA

nome ass.

Presidente: Dr. G. R. Sadowski


Examinadores:
Dre M.Szikszay
Dr. R.Hypótito
Dr. I;J. L. Ponçano
Dr. C.L.Macief Fitho

SÃO PAULO
1994
::.

"Cayernous limestone ksrst ... is the terraín type whose geomorphological


understanding becomes an art, matured only through experience; and then appligd
sensitively and indívidually at each new site assessment."
(\ilaltham' 1981.)
Evolução e dinâmica atual do Sistema Cárstico do Alto Vale do Rio Ribeira de lguape,
sudeste do Estado de São Paulo

SUMÁRIO

paglna
Índice de figuras iv
Indice de tabelas xi
Índice de fotografias xiii
Lista de anexos xiv
Resumo )rV
Abstracl xviii
Agrad'ecimentos )o(
il
f.
I
CAPÍTULO I -
t,, Introdução
!::.

t,. 1.1 Apresentação do tema de trabafho I


t:

1.2 Seleção daârea estudada 1


t.
lr
I
i:: 1.3 Objetivos da pesquisa e organi zaçã.o da tese 5
i
Ë 1.4 Métodos e técnicas 5
'
l:.
t r r'
t:

i, CAPITULO 2.
! Fisiografia e geologia da região de.estudo
¡i
l\' ' 2.1 Contexto geológico regional e local da área estudada 7
2.2 Sítuação geomorfológica da área de estudo 13
2.3 Hidrografia e ambiente atual t4
2.4 As rochas carbonáticas do Alto Ribeira l5

CAPITULO 3 -
Drenagem superficial e formas de relevo do Carste do Alto Ribeira
3.1 Arcabouço geológico e aspectos gerais da morfologia cárstica l7
Á¡ea carbo nâticaFurnas S antana l7
Á¡ea carbonática Lageado Bombas 21
3.2 Zoneamento morfológico das áreas de amostragem 24
3.2.I Zonafluvial 25
3.2.2 Zona de contato 28
3 .2.3 Zona fluviocárstica 30
3.2.4 Zo¡a de depressões poligonais e a transição de fluviocarste' para carste
poligonal 33
3.2.4.1 Depressões poligonais e a paleodrenagem fluvial 45
tr. 3.3 Morfometria das áreas de amostragem 50
f. 53
ti:.
Densidade de depressões
t'. 53
Índice de dolinamento
F. Razão de dolinamento 54
i.
Densidade de sumidouros autogênicos 54
1..
:,
i.,' Í¡dice de zumidouros autogênicos 55
,,
'r 55
i: Profundidade das depressões
f, Área e perímetro de depressões 57
i, 3.4 Condicionamento estrutural e hidrológico do relevo 60
ltÌ,.
i' 3.4.1 Geologia estrutural das á'reas de estudo r6l)
,|:
61
*\
Definição'da zuperfi cie dobrada
Ir
.t'
¡i Sistema de fraturamento. Medidas de juntas e falhas 62
l
i;i
t_r,i
3 4 .2 Expressão fi sio gráfi ca de estruturas
.
planares 70
'L

i
ili.
F
l
F
3.4.3 Fatores condicionantes do relevo cárstico nas áreas estudadas 73
3.5 Conclusões 78

CAPITULO 4.
A drenagem subterrânea e a evolução de sistemas de cavernas
4.1 Introdução 80
4.2 Distribuição e caracteristicas fisicas gerais dos sistemas de cavernas nas AF€AS

investigadas 8l
4.2.1 Distribuição de sistemas de cavernas 81
4.2.2 Areas de captação dos sistemas de cavernas 85
4.2.3 Gradiente hidráulico dos sistemas de cavernas 86
4.2.4Exretsão de cavernas acessíveis ao longo dos sistemas 86
4.3 Modelo espeleogenético para o carste do Alto Ribeira 87
4.3. I Aspectos teóricos da espeleogênese 87
¿.¡.2 Morfologia e características lito-estruturais das cavernas estudadas 90
4.3.2.1 Geometria planimétrica 90
Cavernas curvilíneas e sinuosas 90
Cavernas retilíneas e angulosas 92
Galerias e salões de abatimento 92
Relação entre sinuosidade e largura de fluxo 93
4.3.2.2 Geometria em seções longitudinais e transversais 94
Entalhamentos vadosos 94
Alargamento freático 103
Formas geradas Pela incasão 103
Níveis de cavernas ,
104
4.3.2.j Condicionamento estrutural e hidráulico da morfologia subterrânea 107
4.3.3 Espeleogênese na área de estudo 119
4.3.3 I Fase ile pré-iniciação 119
4.3.3.2 Fase de iniciação 119
4.3.3.3 Fase de desenvolvimento r28
4.3.3.4 Rebaixamento do nível de base e desenvolvimento da espeleogênese 136
4.4 Cronologia da evolução de condutos 137
4.4.1 Introdução t37
4.4.2Taxas de entalhamento subterrâneo e a idade do sistema cárstico estudado 138
4.4.2.1 Localização e descrição dos pontos amostrados 139
4.4.2.2 Resultados obtidos 145
Taxas de entalhamento fluvial subterrâneo 148
Estimativa da idade de condutos e dos vales adjacentes ao sistema de
cavernas Pérolas- antana
S
150
4.5 Evolução do sistema cárstico num quadro geomorfológico regional t52
4.7 Conclusões r57

CAPÍTULO 5-
Dinâmica moderna do sistema cárstico do Alto Ribeira
160
5.1 Introdução
160
5.2 Hidrologia cáLrstica do sistema Pérolas-Santana
160
5.2.1Medição de vazão
160
Métodos utilÞados
163
Resultados obtidos
165
5.2.2 Aníirse do fluviograma da ressurgência do sistema Pérolas-Santana
171
5.2.3 Batanço hídrico e área de captaçio do sistema Pérolas-Santana
172
Volume de PreciPitação
172
Volume de ãgua-escoada pelo sistema e sua área de captação
l.,
t::
l.. ,
!.
t
i:'r
h.,
'
L

['ì
fl
i.:
i'
I
I

Evdiiotranspiração
ÉÞ
173
i .' Balanço hídrico da bacia do sistema Pérolas-Santana 1'73

Ribeira
i

5.3 Hidroquímica do carste do Alto 175


' medidos
5.3.l Amostragem e parâmetros hidroquímicos 176
5.3.2 Parâmetros hidroquímicos derivados l'77
Durezatotal 177

',,. 20oC
Condutrividade específica corrigida para 177
.,: aondutividade específica e dureza total 178
Razão molar cálcio/magnésio l'79
i Índices de saturação em calcita (Sf e dolomita(S1¿) 179
Pressão parcial de CO2 119
Erro de balanço iônico (ßE) 180
5.3.3 Fácies hidroquímicas do carste estudado 180
, Escoamento superficial alogênico 181
Escoamento superficial autogênico 182
Escoamento superficial fluviocárstico 182
Percolação autogênica vadosa em fissuras 183
Percolação autogênicavadosa em condutos 183
Circulação freáttica em condutos profundos 183
Ressurgências cársticas 185
5.3.4 Evolução geoquímica das águas do sistema cárstico estudado 186
5.4 Dinâmica corrosiva do sistema cárstico Pérolas-Santana 195
5.4.1 Taxa de saturação de águas alogênicas 195
, 5.4.2 Variação sazonal dos índices de saturação em calcita e dolomita de águas
c¿irsticas 196
5.4.3 Tæia de denudação química da bacia do sistema Pérolas-Santana 200
5'5 conclusões 208
CAPÍTULO 6.
Considerações finais 212

i:I :

REFERÊNCIAS 215
'¡,F
t
'L',
i
I
¡:'
t..
:l:
.l:
t:
'tj:.;

LI
t"
_:-.i
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t:
I
t,
t.
't. .

i
t:
t,

l,
I'
irynrcn DE FIGURAS
Fitg
Figura 1.1 Localização. acesso e demarcaçao da área estudada. Os terrenos cársticos
delimitam-se pelos sumìdouros.

Figura 2.1 Contexto geológico regional da átrea estudada, ressaltando a ocorrência de


rocha-c carbonáticas

Figura 2.2 Contexto geológico local rlac á¡eas carbonáticas esn¡dadas.

Figura 2.3 Seção geológica simpliñcada do Subgrupo Lageado na região estudada.


Adaptada de campanha (1991). Legenda das unidades litológicas e localização
da seção indicadas nañ9va2.2. l0

Figura 2.4 Classiñcação química das rochas ca¡bonáticas do sudeste paulista. com base no
diagrama de Martinet e Sougy (1961). Análises químicas de CaO e MgO
obúdas em: Souza (1990). faixa carbonática ltaiacoca. Barbieri (1993)' faixa
carbonática Lajeado e MlvLdl/[CA (1983). faixa cãrbonáúca André Lopes. 1'7

Delimitação e denominação das áreas carbonáticas esnrdadas.


+l- Bairro
Figura 3.1
Furnas. *2- Caverna Santana,
*3- Bairro Lajeado. *'1- Baino Bombas. l9

Figura 3.2 . Seções da área Furnas-Santana. l-1'. seção longitudinal. sem exagero vertical.
2-2' e 3,3'. seções transr-ersais, com exagero l'erlical de 2x. Localização
20
indicada na ñg 3.1

Figura 3.3 - Seções da área Lajeado-Bombas. 4-4'- seçâo longrtudinal. sem exagelo vertical.
5-5'- seção tranwersal com 2x de eragero vertical. Localização das seções
. indicada na fig 3.1
22

Figura 3.4 - O abismo Ponta de Flecha no contexlo da inversão de relevo causada pela
retração das encost¿s do vale do rio Betari, bairro da Serra, á¡ea Lajeado'
2',7
Bombas.

Figura 3.5 - Perfis compostos de vales cegos. Gradiente médio indicado à esquerda 29

Figura 3.6 - Seção da caverna Lage dos Macaquinhos, representândo um salão de


desmoronamento associado â um paleo-sumidouro' Borda NE da íneaLageado
29
Bombas.

Figura 3.7 - Evolução esquemática de polies de contato. A' Fase iniciai de exposição dos
calc¿írios. escoamento zuperficial fi.) predomina¡te' B- Desenvolvimento de
condutos subterrâneos e infiltração (I) crescente. C- Condutos integrados.
rebaixamento do N.A. e absorção total de R atrar'és de sumidouros, com
instalação de vales cegos. D- Incisão mais proñmda de vales cegos,
entalhamento vadoso sobre condutos subterrâne¡S e retração da encosta
calcá¡ia por colapso de cavernas. E- Desenvolrimento de planície aluvial'
colur.ial sobre os calcários. caracterizando o polje de contato
3l

Figura 3.8 - Eremnlo de potie de contato, junto ao sumidouro principal do sistema de


."rr.á", Água Suja. Topografia extraída da carta Ul2. l:10.000, DAEE.
32
1957.

- Exemplo do padrão planimétrico de depressões poligonais simples da


região
Figura 3.9
da depressão. contornos extraídos da folha
Furnas-sa¡rtana. P- irofundidade
Vl2. l:10.000, DAEE, 1957'
Figura 3.10 Depressão composta (uvala) das Areias, região do Lajeado. A ressurgência e
sumidouro marcados nò centro. correspondem ao firndo da dolina de
abatimento que d4 acesso ao sistema de cavernas A¡eias. Extraído da folha
wl2. 1.10.000, DÄEE, 1957. 1t

Figura 3.ll Representação esquemática dos tipos fundamenøis de formas de absorção do


escoamento superficial em ñrndos de depressões poligonais na região estudâda.
A- inñltração difusa ao longo de fratwas alargadas por dissolução e
colmatarlas com material residual. B- inñltração concentrada ao longo de
condutos verticais abertos (abismos). C- absorção direta do escoamento por
condutos de sistemas de cavernas. 38

Figura 3.12 Seção esquemática representando a ssociação de formas de absorção do


escoamento zuperficial em depressões poligonais. 1- Dolina de dissolução
associada a rota de drenagem subterrâ¡ea eficiente. 2- Atual câverna vertical
(abismo) representando antigo fundo de depressão com tÐú de ampliação
menor. 3- Fendas de dissolução na zona epiciírstica. 4- Rota de infiltração
vertical concentrada sobre descontinuidades. 5- Linhas de flu¡io geradas pelo
cone de rebaixamento do lençol frerítico. 6- Condutos associados à rede de
drenagem subterrânea. 7- Superñcie da rocha entalhada por sulcos de
dissolução (karren cobertos). 8- Inñltração vadosa difusa na zona epicárstica.
9- Solo

Figura 3.13 da evolução de um conjunto de depressões


Representação esquemática
poligonais, auavés do modelo de competição e coalescência, gerando
ãepressões compostas a as associações de dolinas de dissolução e abismos, com
inversão de relevo. A a E, seções e A' a E', vistâ em planta.
A- Sinração pré+arstifi
cação.
e aumento de permeabilidade secund:iria.
B- Início de carstificação
C- Instalação de um cone maior de rebaixamento do lençol freatico sobre a rota
preferencial de drenagem subterrânea. X
marca a depressão com taxa de
ampliação maior, devido a sua conexão com a drenagem subterrânea.
D- Englobamento de depressões menores pela depressâo com tara de
ampliação maior (formação de depressões compostas).
E- Èrosâo de solo e detritos acumulados ao longo das rotas de inñltração de
depressões menores inseridas no raio do cone de rebaixarnento do lençol
arioci^¿o à depressão maior. Iniciação de dolinas secunÛárias (S) devido ao
rebaixamento do lençol e conexão de rotâs de inñltração com condutos
subterrâneos. Inversâo de relevo (I)- com a localização de antigos firndos de
dolinas nas encostas de depressões maiores. 42

Figura 3.14 seções longiodinais dos abismos do Fóssil (A) e dos c¿ramujos (B),
localizados na area carbonática Lajeado-Bombas. Adaptados de Gusso, et. al'
(19?9) e Collet et- at. (1970). As entradas destas c¿vernas verticais
representam antigos ñrndos de depressões. 42

Figura 3.15 Fluxograma do processo de desenvolvimento e ampliação de depressões


poligonais atraves do fenômeno de realimentação. l. 2. 3 = linhas de
43
iealiment^çao positiva. Adapødo de Williams (1985)'

Depressões secunÛárias Qinha tracejada) contornando a de,pressão


principal.
Figura 3.16
44
Exãmplo extaído do mapa morfológico da iárea Lajeado Bombas
\at

Figura 3-17 Seqüência evolutiva de depressões poligonais a partir da drenagem fluvial.


A- Fase inicial de exposição dos metacalcários. Drenagem zuperficial ativa e
lençol freatico r¿tso.
B- Drenagem superficial parcíalmente ativa. Instalação de pontos de absorção
f

do escoamento superficial. Rebaixamento do lençol freático sobre estes pogtos.


C- Drenagem superñcial segmentada. Instalação de dolinas de dissolução.
Desenv-olvimento de divisores entre sumidouros.
D- Ampliação dos úivisores entre sumidouÍos e estahlecimenlo de bacias
poligonais fechadas. 46

Figura 3.18 Interpretação do traçado da paleodrenagem fluvial da fua Furnas-Santana. 1-


Ressurgência do córrego Grande. 2- Ressurgência do corrego do Grilo. 3-
Ressurgência do córrego Roncador (caverna Santana). 4- Ressurgência do
córrego Água Suja. 5- Ressurgência do córrego do Couto.

Figura 3.19 Interpretação do traçado cla paleodrenagem da fua ca¡bonática lajeado-


Bombas. 1- Ressurgência da corrego seco. 2- Ressurgência do córrego Ouro
G¡osso. 3- Ressurgência do córrego Alambari. 4- Ressurgência do lago do
Bairro da Serra. 5- Ressurgêncii do córrego das Águas Quentes (sistema
Areias). 49

Figura 3.20 Variação do gradiente médio (G) em funçâo do comprimenlo de vales cegos
(^L). 21 medidas. 5t

Figura 3.21 Distribuição das proñrndidades de depressões poligonais do carste do Alto


Ribeira. A- ¡írea Lajeado-Bombas, 83 medidas. B- áre¿ Furnas-Santan4 23
medi¡las. C- total das medidas de arnbas as áreas. Cun'as de distnbuição
56
exponencial e normal obtidas através do programa Statgraphics'

Figura 3.22 Histoglamas de freqtiência e cunas de distribuição da área (A) e perímetro @)


58
das depressões poligonais da ¡írea carbonática Lajeado-Bombas'

Figura 3.23 Átea versus perÍmetro das depressões poligonars da região Lajeado-Bombas,
60
351 pontos, obtidos na escala 1:25.000'

Figura 3.24 ¿.r msdirtas de descontinuidades da área carbonática


projeção estereográñcr
Furnas-Santana. Os círculos máximos em B a F mdicam as atitudes
63
predominantes.

Figura 3.25 Projeçâo estereográfica das medidas de desconûnuidades da iirea cartonática


u¡äaoo-nomt*. círculos máximos em B a F i¡dicam as atitudes
or
64
predominantes.

Representação esquemática da geometria em planta do silema


de fraturamento
Figura 3.26
¿ai areas carbonáúcas estudadas, com interpretação da posição do esforço de
66
compressão máxima (o1) em relação ao dobramento'

Histogtamas do comprimento de fotolineamentos acumulados em


ñrnso da
tr'igura 3.27 'Ìt
direção.

lnterpreøção do condicionamento estrutufal dos principais alinhamentos


de
Figura 3.28
sumi¿ouoi autogênicos nas áfeas Furnas Santana e Lajeado Bombas'
FR- junta
Alinhamentos extfaídos dos mapas morfológicos. AC- acamamento,
simpleslonga,FL.falha,DP-contornoaproximadodedepressãopoligonal.D- "t5
dique biisico.

Figura 3.29 Localização dz zona de conc€ntfação de condutos c'á¡sticos com relação à


topografia.Cortetransversala:ireaFurnas-Sant¿na'setorsul'A-7'onade '17
pafa cafste poligonal.
carsie potigonal B- Zona de ûansição de flrn"iocarste
I

i
vii

Figura 4.1 lnterpretação do condisionamento hidrológico da dimibuição preferencial de


silemas de cavernas ao longo do contato sE dos metacalcários.
84

Figura 4.2 Padrões em planta dâs rotas fluviais subterrâneas dnç cavernas da área
estudada. As setas indticam o sentido do fluxo principal de água e
(S) a
sinuosidade destas rotas. 9l

largura da faixa de flruro' 92


Figura 4.3 Definição dos parâmetros planimétncos extensão e

Figura 4.4 Sinuosidade em função da largura de fluno das cavernaç estudadas' Coeficiente
de correlação 0.91 e n2 Ae 95o/o. com modelo line¿r de correlação, sem 93
corsiderar a caverna Santana.

Figura 4.5 Classiñcação geométrica de seções transv'ersâis no plano vertical' L, largura:


95
H. altura e F. traço de frarura.

Figura 4.6 Sções transv'ersais da car-erna Santana. Traços Çontomando seções indicam o
,"árrr"*"to. Canyon çadoso.CV; conduto freático, CF. salão de abatimento.
97
SA: conduto retångular. CR e conduto triangular, CT'

Figura 4.7 . seções tranwersais da caYerna Laje Branca. can-r-on radoso, cv; conduto
freático, CF e salão de abatimento, SA; traço de falha' f 98

Figura 4.8 . Seções ûansversais da c¿r-erna Areias. Canyon vadoso. CV; conduto freático'
99
CF e salão de abatimenro. SA, traço de fratura, F'

Figura 4.9 - Perñl longitudinal simplificado da caverna Santana- rndicando a variaçâo do


100
topo do enblhamento r-adoso.

Figura 4.10 - Exemplos de condutos verticais. A- Ca'erna ÁgUa Suja. B- Caverna Ouro
Grosso. C- Caverna Santana'
t02

105
Figura 4.11 - Formas geradas pela incasâo na caverna Água Suja'

Figura 4.12 - Características de sistemas multifásicos sþ5s¡'¿rlaq no sistema Pérolas


106
Santana.

- (a) entre a
Figura 4.13 Conûole da sinuosidade de rotas de condutos pela relação ângulaÏ
planos de estratificação) e
direção do padrão de descontinuidades (fraturas e/ou
o gr"di*rË hidráulico. Para simpliñcação da análise- utilizou-se um
padrâo
adaptado de Worthinglon
oiogonat de descontinuidades venicais. Conceito 108
(1ee1).

- Geologia estnrfiral da car-erna Santana. A- Plantâ da car-erna'


B- Histogranma
Figura 4.14
de dirãções do desenvohimento da caverna. c D-
q Projeção estereográfica de
110
estruturas Planares'

do padrâo
, Figqra a.15 - Esquema interpretativo do condicionamento estfutura-l-hidfáulico
111
angrrloso de ramos tribwários da calerna Santana'

acamamento'
Figura 4.16 - lnflexões agudas na fota de fluxo condicionadas pela intersecção
A B em planta. t12
falhas, observadas na cå\'erna santana. Esquemas e

Figqra 4.1? .GeologiaestruturaldacavernaLageBrarrca.A.Plantadacaverna.BeC.


Diagramas de projeção estereográñca' D- Histograma
de direções do
desenvolvimento total da caverna'
rl4
)

11ll
l

Figura 4.18 GeologiaestruturaldacavernaAreias.A.Plantadacar'erna'BeD-Projeção


Histograma de direções do
estereogtáfica de estnrturas planares' C' 116
desenvolvimenlo total da caverna'
torno do gradiente hidráulico'
Figura 4.19 Caráter meandrante da caverna A¡eias em
medírtas. Segmento
- aå indicado na fgura
,.ño¿o falhas e nator"s longas 118
4.184. Vide comentário no texto'

e estrururais de proto<avernas observadas na


Figura 4.20 Características morfológicâs
caverna Santana.
observação' localizada a cerca de
A- seção transv'ersal indicando os poffos de
300m a montante da ressurgência' de
B- visø e* ptarrø d^ g.":*.t ia de condutos de iniciação e canalículos
frelåtico parci¡lmente preservado.
anastomose. observados ão t"to de conduto
esquema tridimensional da relaSo
entre proto-caYern4 canalículos de
C-
presewados no teto do ponto observado. As
anastomose e cone de dissolução,
ãe percolaÉo ao longo de descontinr:idades'
127
o n*o at
setas indicam
'igu"
.ProfunclidadedecondutosdacavernaSantanaemrelasoàsuperñcie.(Seções
Figura 4.21 inferior direito) 122
localizadas n" pf*t"ã taverna no lado

as águas do sistema Pérolas


ßigara 4.22 - Diagrama da corrosão de mistura aplicado
Santana.Acompanharexplicaçãonote\lo.AdaptadodeDrq-brodt(19slb).123
de acamamento
_ Linhas de fluiocondicionadas pelo mergulho da zuperñae
Figra 4.23
rWorthington'
(adaptado de 1991)'
de condulos condicionada somente pelo plano de acamamenlo'
À- miciaçao -
g- r"iaáção de condutos condicionada pelas intersecioes acamamento
de condutos'
fraturas, gerando rotas côncavas esc¿lonadas
Dx- profundidade máxima de condutos'
Lx'extensão da area de caPtação
i- pontos de injeção' R- ponto de ressurgência'
Lf- largura da rota de fluxo'
L- ünh; de fluxo tla água subterrâne¿
0- mergulho do Plano de acamamento 126

.Profundidademérliadefluxo@m)emñrnçãodaex:tensâodaâr.eadecaptação
Figura 4.24 (0)' * medidas da caverna
do aqüúfero (Lx) e mergulho da estratiñcação
santana. Demais pontos extraídos de worthington
(1991)' 12',7

Figura 4.25 .Representaçãoesquemáticadalorfo]ogiaemseçãotran-sr.ersa]resultanteda


do lençol freritico. gerando"tubos fre'áticos
fase de ¿er"rrooL,t.rrto. (l) abaixo
a ampliação do condulo'
e (2), com rebarxÀento do lençol' acompadrando fechadura". I29
gerando a seção,f;;||;Ñ^rrnåo." denominatl¿ de ''bu¡aco de
1X

Figura 4.26 Esquema simplificado da evolução de condutos associados ao sistema de


cavernas Pérolas Santana. em perfil longitudinal. Escala aproximada.
l- Fase de Iniciação. lmplantação de proto+ondutos ao longo de uma rota de
flu:io côncara escalonadã, a umâ profundidade media de 200m¿, na zona
frøitica (ZF).
B- Fase de desenvohimento. Conerão de uma rota preferencial de condutos
freáticos entre a insurgência (I) e ressurgência (R), com coseqüente ampliação
da zona vadosa (ZÐ.
C- Ampliação de condutos fre'áticos e progressivo rebaixamento do NA.
Entalhamento vadoso @V) nos segfnentos convexos (ascendentes) de condutos
freáticos expostos acima do N.4.. Desenvohimento de fuvasões vadosas (IÐ.
Iniciação de proto-condutos em níveis freáticos abaixo do conduto principal.
D- Fase avançada de desenvolvimenlo da espeleogênese. Conexão das invasões
vadosas com o sistema de ca-vernas desenvolvido. Ampliação das invasões
radosas, gerando condutos vrrticais (C9. Instabilizaçâo mecânica no maciço
carbonático, causando modificação dos condutos acima do N.4., através de
incasão (IN¡. Implantação de novas rotas de condr¡tos profundos. Paleo-
ressurgência (PR) localizada em cotas acima da ressurgência ativa. 130

Figura 4.27 Esquema da interpretação da variação vertical (sinuosidade vertical) de


condutos freáticos em fi:nção da variação de alnrra do canyon vadoso ao longo
do conduto principal da caverna Santa¡a. No ponto B ocorre a transição de
canyon ladoso para conduto freatico atlo. 13i

Figura 4.28 Tipos de ampliações freáticas obsen'adas n¿¡s cavernas eÍudadaç.


a- alargamento freático preferencial sobre plano de fratura ou falha
b- alargamento freiítico preferencial sobre plano de acamamento
c- alargamento homogêneo
d- alargamento frEático com dissolução preferencial de estratos mais solúveis,
produzindo seção irregular
e- seção freática inegular produzida pela corrosão de misura gerando cones de
dissolução. 132

Figura 4.29 Interpretação do rebarxamento do nivel de água assocíado ao desenvolvjmento


de redes afluentes ao conduto principal da caverna Santana. No sistema
tributário de condutos. a morfologia freática foi parialmente preservada,
enqrylnto que no conduto principal, oco¡¡eu o ent¿lhamento vadoSO do canyon. 135

Figura 4.30 Seções tranwersais da caverna Pescaria indicando os pontos amostrados pafa
geocronologia de caicita secunúária. i40

Figura 4.31 seção uanwersal à galeria do rio, junto ao ponlo de amostragem cl, na
caverna Santana, cerca de 200m da entrada. 742

Figura 4.32 Seção transl'ersal mostrando a situaçâo morfológica do ponto de amostragem


C2, cAverna Santana, enüoncamento dos caminhos pam o salão São Paulo e

galeria dos "Vulcões". 143

Seção transversal no ponto de coleta CA3, ca\¡erna Alamba¡i de Baixo. 744


Figura 4.33

Figura 4.34 Seção morfológica da caverna Morro Preto^ junto ao poffo de coleta Cl1' 145

Figura 4.35 Altura sobre o leito flurial atual versus a idade d¿5 amostfas datadas, com
indicaçâo dæ barras de erro. A inclinação das retas aþ<tadas fornece ¿rs tâxas
148
de entalhamento fluvial para as cavernas estudadac'
Figura 4.36 Quadro demonstrativo da cronologia de eventos geomórficos cenozóicos na
região do Alto Ribeira. SuMivisão do Cenozóico adaptada de Van Eysinga
(le7s).
l- Entalhamento radoso de sistema-c õe cavernas.
2- Fase de iniciação de condulos freáticos.
3- Dissecação da zuperficie de aplainamento Japi (entalhamento do vale do rio
Betarj).
4- Desenvolvimento da superñcie Japi, segundo proposta deste trabalho.
5- Desenvolvimento da superñcie Japi, segundo Almeicla (1976).
6- Desenvolvimento da superñcie Japi, segundo Almeida (1964).
154
- lndicação da idade máxima e mínima em relação à média.
Figura 4.37 Re.presentação esquemáûca da agradação do vale do rio Betari (no Bairro da
serra) e redissolução de estalagmites formadas sobre o leito flrn'ial de
afluentes subterrâneos do rio Betari, interpretados como sendo produto da
variação eustática do nível de base na área, duIante a ultima fase glacial. 156

Figura 5.1 Demarcação pelos dil"isores topogïáficos das áreas de captação referentes às
bacias hidrogfráficas dos sistemas cársticos Pérolas-Santana e Grilo. com
localizaçâo dos pontos de amolragem hidroquímica e de instalação dos
limnóg¡afos. 161

Figura 5.2 Relação entre altura do rio e vazão para a ressurgência do sistema Pérolas-
Santana e sumidou¡o principal do sistema, caverna Pé¡olas. 164

Figura 5.3 Hidrograma da ressurgência do sistemâ de cavernas Pérolas-santana para o


I dejunho de 1990 a 16 de março de 1992.
período de I 1ó6

Figura 5.4 Hidrogramas de deflúvio com indicação dos coeficientes de recessão (a) da
ressurgência da caverna Santana pafa os períodos de março a junho de l99l e
junho a agosto de 1991. 769

Figura 5.5 Totais mensais de chuva medidos no poslo pluviométrico Serra dos Motas
(baino da Serra, IPoranga). t'|2

Figura 5.6 Geometria da conexão subtenânea entre os sistemas Pérola-c-Sântana e Gnlo


interpretada em firnção do balanço hídrico da bacia Pérolas-Santana e o padrão
t'7 5
de condutos da ánea.

Condutividade eqpecífica em função da dweza total das ágUas coletadas. 178


Figura 5.7

Figura 5.8 Representação gráfica da variação dos principais parâmetros hidroquímicos


dr s fácies hidroquimicas identifi cartas. i84

Figura 5.9 Perfil esquemático de um sistema cárstico com a localização das fácies
185
hidroquímicas identificadas na área de estudo.

Figura 5.10 Variação do índice de saturação em calcita em relação à pressão parcial de


COz nas fácies hidroquímicas identificadas. l'
Fácies de escoamento
3- Fácies de escoamento
logenico, 2-Fácies de escoamento fluvioca¡stico,
autãgênico, 4- Fácies de percolação vadosa em fissuras, 5- Fácies de
p.r.õdção'u"dosa em condutos, 6- Fácies de circulação freádca profunda e 7-
188
Fácies de ressurgência ciírstica.

Figura 5.11 Variação da dureza total em relação à pressâo parcial de COz nas fácies
188
hidroquimicas identifi ca¡f a s.

Figura 5.12 Variação da alcalinidade em relação ao pH nas fácies hidroquímicas


189
identificadas na áre¿ de estudo.

Figura 5.13 Alcalinidade em função do pH das amostras do rio Roncador na caverna


pérolas (A). do escoamento flwiocárstico na planície do polje junto ao
190
da cav. Pérolas @) e da ressurgência na cåv' Santana'
rymaSuro
Figura 5.14 Seção esquemática da superfici. do. *"t".alciírios nas encostas de bacias
poiigonaii fechadas most¡ando a morfologia da zona epicárstica (se$ündo
ã"nñiçao de Williams, 1985). Rl-
escoamento superficial direto, R2-
lateral na porosidade do solo, R3- escoamento lateral nÀ zona
"r"or*aoto
.pi.*rti.". Velocidacte de Rl>Rl>R3. I- infiltraÉo vertical, I>i,
191
condicionando lençol fraitico temporiirio.

r92
Figura 5.15 Alcalinidade em função do pH das águas de percola$o vadosa em fissu¡as.
da drenagem
Figura 5.16 Variação dos índices de saturação em calcita e dolomita ao longo
Pérolas-santana- entre o contalo com metapelitos e a fessufgência do
do sitéma
sistema. Pl- sobre o contâto. P2 e P3 - sobre a planície do
plje de contato, P4-
do sisema, proximidades
no início da caverna Pérolas e P5- na ressurgência
196
da entrada da caverna Santana.

Figura 5.17 Variação sazonal do índice de saturação em calcita das águas da ressurgência
da caverna de santana e de percolação vadosa em fissura-s em
função davazÃo
198
do sistema de cavernas Pérolas-Santana'

Pérolas-Santana'
Figura 5.lE Relação entre dureza total e r-azão da ressurgência do sistema
95 % de probabilidade. r99
Coedciente de correlação 4.83. Envoltórias de 90 e

Figura 5.19 Distribuiso de freqüência das análises de dureza total (mg/l equivalentes a

õ;Co3te; ressurgêìcia da caverna Santana para o período de junho de 1990


a julho de 1991. Total de 23 amostras. média :9'7.31mgl, coeficiente de
= g.g7o. Os três gmpos de freqüência correspondem aos regimes de 201
"J¡ria"
vazeå ahø,média e baixa, respectivamente, da esquerda para direita'

Tæias de denudação cárstica precipitação efetiva ou


(D) em função da
Figura 5.20
White (1984). Os ponros plotados foram
.r.ou*.tr,o da bacía @ -Ev), seg'ndo
extraídos de l- Árriòo canadense, Smith (1962): 2 e 3- Polônia, Glazek e
Markoricz-Lohinovicz (t973): 4- West Virginia. EUa Ogden .(1982); 5-
irlanda, williams (1g63); 6- Butgaria. Markovicz, er. al. (19?2); 7- Montanhas
iat¡a, þolôma, Glazek e Markãricz-Lohinivicz (19?3): 8- Nova Z'elãndia,
(1981b); 10- Belize'
Williams e Dowling (1919)- 9- Nova Znlãndta, Gurm
(1979) e R- Allo Ribeira,
tlitt", (1982); 1i-Gunung Vul,r, ttt¿asia, Sweeting 203
Brasit. ponto calcìrlado no presente trabalho'

variação da dureza total em ñrnção da vaz.ão na ressurgência da


caverna
Figura 5.21 de -
úñ; pâra o periodo de 29t6/90 a tgl6l91. coeficiente de correlação
207
0,88 e R2 :76.80/o.

Flu:io de massa equivalente a g/s de CaCO3 em função da


vazão na
figura 5.22
ressurgência da caverna Santana. Coef,ciente de conelapo
tle 0.99 e R2 = 207
98,9o/o.

Írvurcn DE TABELAS
esmdadas' FS' área
Tabela 3.1 Distribuição quantiuuva rt¡s zonas morfológicas nas área-<
50
Furnas'santana; LB, iirea Lajeado-Bombas'
51
Tabela 3.2 . Parâmetros morfométricos dos vales cegos

Índices morfométricos de sumidouros alogênicos


e fessurgências das afeas
Tabela 3.3 52
estudadas.
)clt

Tabela 3.4 Parâmetros morfométricos do carste poligonal do Alto Ribeira num quadro
*
compafativo com outfas á¡eas cársticas. valôres calculados com os dados
pullicados pelos autores citados. 51

Tabela 3.5 Atitudes médias dos principais conjuntos de descontinuidades das áreas de
estudo. Medidas exlfaídås dos elereogramas colfespondentes das figUras 3.24
e 3.25. Número ds medi.tas em parênteses 62

Tabela 4.1 Características morfométricas dos principais sistemas de cavernas das areas
Furnas Santana (A) e l-ajeado Bombas @).
* pa¡te do desenvohimenlo de car-ernas extraídos de Martim, Chrysostomo e
Rodrigues, 1989.
Altitude em meüos sobre o nível do mar.
E>itensão éa distância horizontal em linha reta entle sumidouro e

ressurgência.
Desnível é a drstância vertical entre sumidouro e ressurgência'
Comprimento de condr¡ros é a somatória do desenvolvjmenlo de cavernas
mapðadas. Desenvolrimento é a somatória do comprimento de galerias e eixos
maiores de salões, medidos em planta.
c/N- é o grau de cavernamento do sistema, ou seja, a tazÃo entfe o
comprimento de condutos acessíveis e a exlensão.
83
a. b, c são índices referentes à diferentes tributlârios do sistema'

Tabela 4.2 Á¡e¿s de captâção de escoamento superficial na região investigada.


* Á¡eas aflorantes de metac¿lc¿irio menos as zonas fluviais' 86

Tabela 4.3 Fração de condutos acessíl'eis ao longo da extensão (ÂL) dos sistemas nas
87
áreas estudadas.

Tabela 4.4 Parâmetros morfométricos planimétricos das principais cavernas da ¿åre¿


92
estudada. Medidas obtidas sobre mapas 1:500 a 1:1000 dâq cavernas,
:.
Tabela 4.5 Variação do acamameilo nas cavernas de Santana e A¡eias (de cima e de
109
barxo). Entre parênteses sâo indicados os números de medidas'

Tabela 4.6 Profrrndidades de condutos de imciação e extensões de rotas complelås


sistemas de cavernas. N{edidas I a 16 foram extraídas de Worthington (1991)' t2'7

Tabela 4.7 Resultados das aniílises de dataso Th/u, realizadas no laboratório de


geocronologia dos Deparramentos de Geogafia e Geologia da McMaster
Úniversity.-Hamilton Canadii. ( )* Porcentagem de eno indicada entre
l4'7
parênteses.

Tæias de entalhamento radoso vertical para as carvern¿¡s amostradas no


Alto
Tabela 4.8
r49
Ribeira.

fluYial zubterrâneo de
Tabela 4.9 Quadro comparativo enÎIe taxas de entalhamento r50
diferentes regrões ciirsticas.

vazões medidas na ressurgência da caverna santana e na caverna


Pérolas
Tabela 5.1
(respectivamente, les$ugência e sumidou¡o principal do sistema de cavernas

È¿råm - santana). * çaz.o<,s metlldas|!(!nÐnt€ crlill o r¡réicido de dilu.içlio


de
a régua de referência instalada para cada
s;.il. Altura do rio medida sobre
165
limnógrafo.

Pa¡âmetros hidrológicos de vaz.ão do sistema Pérolas-santana.


As vazões e
Tabela 5.2
calculados:enyoh,em um efïo de até l2%o devido à incerteza
desta
;i"*a, 767
ordem de grandeza nas medições de vazão'
)(111

Tabele 5.3 Classiñcação de nascentes cárstica-c em função das caracrerísticas da vazão


(adaptado de Worthington, l99l). 16',7

Coeficientes de recessão calculados'parâ a ressurgência da czwerna Santana. 170


Tabela 5.4

Tabela 5.5 Parâmetros fisicoquímicos medidos e calculados pafa a-c fácies hidroqJmica
identificadas no sistema c'árstico estudado.
* - valores do coeficiente de
variação não calculados r8l

Tabela 5.6 Classificação química das rochas carbonáticas da fuea carbonática Furna
*
Santana. Anrílises químicas extfaídâ de Barbieri (1993). Composição média
de 3 aniilises. I= valor médio, c\¡ : coeficiente de variafo, a = variação. 186
o/o
( ) número de aniâlises. CaO e MgO em em peso na rocha'

Tabela 5.7 Relação do fluxo de sólidos dissolridos (g/s equivalente a CaCO3) em ñrnção
206
do regime devazÃo da ressurgência do sistema Pérolas-Santana'

Tabela 5.8 Relação dos períodos com vazão alta médía e barxa e os totais correspondentes
(Z'
em volume escoado (I4 e massa equir-alente a CaCO3 remorida em solução
206
Q pelo sistema Pérolas-Santana durante o período monitorado'

química calculadac segundo métodos


Tabela 5.9 Quadro resumido das taxas de denudação
208
diferentes para a bacia do sistema Pérolas-Santana

ÍNucr DE FoToGRAFIAS

Foto 3.1 Estratificação ritmica de


camadas carbonátcas. pelítico<arbonáticas e
peliticas, úpicas da érea Furnas-Sa¡rtana. Vista da parede lareral da galeria
principal da caverna Laje Branca. l9

Foro 3.2 Paredões calcá¡iOs associados a vales cegos' característicos do contato entre
metapelitos e metacalcários. VaIe cego da caverna Laje Bralca. contato SE
da
23
área Furnas-Santana.

Foto 3.3 Exemplo de cone cárstico. Á¡ea Furnas-Santana, l-ista da esEada Apiaí '
23
Iporanga, do mirante da serra da Boa Vista'

Foto 3.4 Dolinas de subsidência em frmdos de depressões poligonais. sudeste da área


31
Lajeado-Bombas.

Foto 3.5 Vista típica de cones cársticos que delimitam depressões poligonais. Area
34
Lajeado-Bombas, local denominado Sítio Novo'

Pescaria. 140
'Foto 4.1 Espeleotema tipo "pata de elefante". ponto P3 da caverna

Foto 4.2 - Ponto de amostragem cl. cal'efÏla santana, local con-hæido como Pat¿ de
142
Elefante

- Bloco abatido de escorrimento calcítico de onde se exlraiu a amostra c2' 143


Foto 4.3
pela
Vista do escorrimento calcítico suq}enso', ponto CA3. indicado
seta,
Foto 4.4 - 144
caverna Alambari de Baixo.

Foto 4.5 - Aspecto do nivelamento de cristas na ârea estudada,


correlacionado à superficie Japi'
153
esU-ada Apiaí - Iporanga'
Vista do vale do rio Bet¿n do mirante d¿ Serra da Boa Vista,
xtv

Foto 5.1 Vist"a do limnógfafo instalado na ressurgência do sistema Pérolas-Santana, a


cerca de l00m da enúada da caverna Santana. A esquerda do limnógrafo
t61
oberva-se a régua de referência.

LISTA DE ANEXOS

Anexo 3.1 Mapa estrutural da :área Furnas'Santa¡a.

Anexo 3.2 Mâpa estrutural da iírea Lajeado-Bombas'

A¡exo 3.3 Mapa morfológico da área carbonática Funas-Santåna'

Arexo 3.4 Mapa morfológico da área carbonática t ajeado-Bombas'

Anero 3.5 Znneamento morfológico das áreas cartonáticas Furnas-Santana e Lajeado-Bombas.

Anexo 3.6 Perfil longitudinal composto do rio Betari.

Anexo 4.1 Mapa geoespeleológico da caverna Laje Branca

Distribuição de sístemas de cavernas nas ¿íreas carbonáticas Furnas-Sanøna e Lajeado-


Anexo 4.2
Bombas.

Anexo 5.1 Registro de variaçâo do nível do rio na ressurgência da car-erna santana'

Exemplo de cálculo de vaz.ão pelo método de diluição de sal alravés do


programa
,Anexo 5.2
elaboiado por l(armann (1989) em Turbo Pascal 6.0 (profissional).
principais
Ane¡o 5.3 Lisøgem das aniålises químicas das amostras de água coletadas:e de seus
p"rãrã"Oo, calculados. SI. = íodi". de saturat'o em calcira, SI¿ inclice de san'ação
dolomita, SATC e SAT¿ : pofcentagem de saturaçâo em calcita e dolomita'
IBE =
em
erro de balanço iônico.
para
Anexo 5.4 Listagem da dureza total (mgll equivalentes a caco3), condutiridade corrigida
20oC e razão mola¡ Callr4g das amostras de água coletadas'
RESUMO
¿

Estudou-se do ponto de vista geomorfológico, geoespeleológico, hidrológico e


hidrogeológico, uma área com terrenos cársticos desenvolvidos sobre metacalcários,
metacalcários dolomíticos e magnesianos, de idade proterozóica média, pertencentes ao
Grupo Açungui. A área localiza-se no alto vale do rio É.ibeira de lguape, entre os ç-,

municípios de Apiaí e lporanga, zudeste do Estado de São Paulo.


O mapeamento geomorfológico permitiu identificar uma seqüência evolutiva da

paisagem cárstica, a qual inicia-se com um sistema fluvial, onde os vales da drenagem
superficial são gradativamente segmentados com o tempo, através da implantação de bacias
de drenagem fechada, cujo desenvolvimento levou à formação de carste poligonal. Esta
transição da paisagem fluvial para a cárstica levou à definição das zonas morfológicas
fluviocá.rstica, de transição (com bacias poligonais compostas) e a de carste poligonal (com
bacias poligonais simPles).
O relevo cárstico é estruturalmente condicionado, onde os sumidouros (fundos de
depressões poligonais) instalaram-se preferencialmente na intersecção entre planos de
estratificação, juntas e falhas. Estes pontos de absorção do escoamento autogênico alinham-
se preferencialmente sobre traços de acamamento, em situações de mergulho alto deste
e,

predominantemente sobre tfaços de fraturas longas e falhas, no caso de mergulho moderado


abaixo fls ¿ça¡namento.
propõe-se a evolução do conjunto de depressões poligonais através do processo de
competição e coalescência entre estas (taxas de ampliação diferenciadas), o qual
gera '
*t'
inversões de relevo, onde antigos fundos de depressões fechadas hoje localizam-sê em
cristas. Este processo é acompanhado pelo mecanismo de geraçãö múltipla, onde
depressões maiores com drenagem subterrânea mais eficiehte,
deflagram a instalação de

depressões menores, vizinhas e sobre a maior'


A morfometria do relevo levou à conclusão de que o caÍste estudado é semelhante
grau de carstificação,
ao carste poligonal da Nova Guiné e Jamaica, com zonas de alto
comparação com aquelas
apesaf das condições climáticas distintas do Alto Ribeira, em
áçças.
zona de
Na área caro-onática encaixante do sistema de cavernas Pérolas-Santana, a
carste poligonal mais desenvolvida é associada à concentração de
condutos em

profundidade nas proximidades da linha de contato SE da faixa carbonática'


O mapeamento geológico de cavernas evidenciou que entre o grande número
e

varieddde de descontinuidades presentes na rocha metacarbonâtica,


as estruturas *dt -,
/
fraturas simples
favoráveis para instalação de condutos são os planos de estratificação,
longas e falhas.
A morfologia planimétrica dos sistemas de cavernas reflete o estilo estrutural do
e anguloso (p ex, cav
encaixante. Cavernas com padrão planimétrico retilíneo
metacalcário
enquanto que o padrão sinuoso e
santana), ¿55sc,iam-se à mergulhos altos do acamamento,
a baixos da estratificação' O
curvilíneo (p. ex., cav. Areias) refletem mergulhos moderados
xvl

grau de sinuosidade de condutos subterrâneos é controlado pelo ângulo agudo entre a


direção do gradiente hidráulico e a deseontinuidade favorável para instalação do conduto.
Quanto maior for este ângulo, tanto mais sinuosa será a rota de condusos da água
subterrânea
A iniciação de proto-cavernas acompanha linhas de intersecção entre o acamamento
e fraturas simples longas e falhas. O sistema de cavernas Pérolas-Santana segue o modelo
de Worthington (1991), o qual prevê que a profundidade média (Dm) de iniciação de
condutos freáticos (abaixo do N.A.) segue uma função exponencial, onde a base desta
função é o produto entre o seno do ângulo de mergulho da estratificação(senO) e a distância
(Ix) entre o ponto de insurgência e ressurgência da rota de condutos em iniciação (obteve-
se a função Dm=(Zt sen 0)"')

fase de desenvolvimento da espeleogênese na í¡rea estudada produziu canyons


A
vadosòs com até 50m de entàlhamento vertical. Este entalhamento é interpretado como
produto de uma taxa moderada de rebaixamento do nível de base dos sistemas de cavernas,
o que por sua vez, seria reflexo de um soerguimento tectônico moderado da área. Com base
nas idades preliminares Th/U de calcita secundária sobre depósitos fluviais subterrâneos,
:estimou-se uma taxa máxima média de entalhamento vadoso subterrâneo de 0,0042cm/ano

(a2mmlka) Aplicando esta tæ<a de entalhamento vadoso aos canyons subterrâneos


,observados na área, concluiu-se que os sistemas de cavernas da região encontram-se na fase
'de derenrolvimento por aproximadamente 1,7 Ma. A idade mínima do sistema Pérolas-
,,Santana, incluindo a estimativa teórica de duração da fase de iniciação, é em torno de 2 Ma
. A correlação deste entalhamento fluvial subterrâneo com o rebaixamento do canal fluvial
',r*1"*o do rio Betari, sobre metacalcários, permitiu estimar uma idade mínima de 6,a-,i
'l,Ma. para o entalhamento do vale do rio Betari na área de estudo.

, A ressurgência do sistema de cavernas Pérolas-santana é do tipo fluxo total


permanente (classificação de Worthington, 1991), com razão entre vazdo máxima e mínima
'de 19,7 para o ano hidrológico de 1990-1991. Os coeficientes de recessão do deflúvio do
- escoamento básico desta ressurgência refletem um aqüífero cárstico com alto
grau de
,fi
szuramento interconectado, segundo classifi cação de Milanovic ( I 976).
l, Com base no cálculo do balanço hídrico do sistema Pérolas-Santanar comprovou-se

..queaareadecaptaçãodabaciaassociadaaosistema,definidainicialmentepelotraçadodos
ldiuiroræ topográficos (14,8 km2) é insuficiente para aliment¿ìr o volume de água escoado
... l l / r . t ? -l
pela ressurgência, por um ano hidrológico. Ajustando o balanço hídrico, defi-niu-se uma área
rde captação de Z5,4kmz para esta bacia. Comprovou-se assim, uma conexão subterrânea

sistemas vizinhos de drenagem subterrânea, os quais, através de uma anáilise


'enJre
l':convencional da rede de drenagem superficial, seriam independentes'
:
'.t, Definiu-se as seguintes fâcies hidroquímicas p¿ìra o sistema cárstico estudado:
.a: ._

escoamento superficial alogênico, esceamento superficial fluviocárstico, percolação


tuwogenira
vadosa em fissuras, percolação autogênica vadosa em condutos, circulação
.
' fr.áti"u em, condutos profundos e escoamento de ressurgências cárstlcas. A evolução
'

geoqùimica das águas no sistema cárstico é controlada principalmente Pelæ 1Ça9 d| ír9ua
n'ü

meteórica enriquecida eni ácido carbônico. Ao longo de rotas de circulação profunda e


localmente n& zona vadosa, a carstificação pelo ácido carbônico é provavelmente somada à
ação de ácido sulfi¡rico produzido pela oxidação de sulfetos
A dinâmica erosiva atual do terreno cárstico estudado é expressa pela taxa de
saturação em calcita e dolomita de âguas alogênicas que invadem o sistema cárstico, pela
sazonalidade dos índices de saturação em calcita e dolomita das principais fácies
hidroquímicas que circulam pelo sistema e pela taxa de rebaixamento da superficie
epicárstica por dissolução (denudação química). Para esta última, obteve-se uma média de
3l,l + 6 mm/ka.
ABSTRACT

' ., The geomorphologtand the conduil aquifer, and associaled cave systems, of a
Inrst area (74 kmz¡ in dolomitic and calcitic. metalimestones of the Middte Prolerozoic
AÇunflii Group have been studied in the Upper Ribeira river valley, between Apiaí and
þoranga, southeastern São Paulo, Brazil.
,i i The transition between flwial and karst landforms was recognized through
delailed aerial photointerpretation md field observations. The fluvial system has been
gradually disrupred by the growth of closed drainage basins with a polygonal pattern.
Based on a morphological zonation has been deJìned over the limesfones.
this transition,
Three main løndform categories are recognized in the limestone: the fluviokarst zone (with
dominant sarface runffi, the transitional zone (characterízed by large composile closed
depressions) ønd the polygonal karst zone (with simple closed depressions).
', The karst topography exhibìts strong structural control. Aulogenic swallels occur
mainly at the intersections of bedding planes, fractures and faults. These inlet points /or
autogenic recharge are preferentially aligned on bedding traces where díp is high. In
areas where the dip is low to moderate, swallets preferentially follow long /raclure and
fault traces of steep dip.
The observed population of closed depressions is interpreted as resalting -from
competition and coalescence processes betw'een depressions in response to dffirent rates
of depression enlargement, as well as by the multiple generation process described by
Kemmerly. In this model, lørger depressions, connected by effcient underground drainage
routes, trigger the initiation of other depressions over and in the vicinity of the lørger
depressions. The competition between depression enlargement rales leads to topographic
inversions, where ancient depression bottoms now occ-.tPy hill cresls.
Morphometric analysis of the karst topography of the Upper Ribeira polygonal
karst shows similarities to New Guineøn qnd Jamaicørt polygonal korst landscapes.
Within the limestone qrea above lhe Perolas-Sanløna cøve system, lhe best
develaped polygonal carst is related to conduits in depth, close to the southeastern contact
of limestone with metapelites.
Among the variety and large number of discontinuities presenl in the melamorphic
limestone, the most favorable structures for cøve development are bedding planes, Iong
.
simp le fr actur e s and fau lts.
planimetric patterns of cøve systems are controlled by lhe struclural sry^le of
The
the limestone. Rectilinear and angulãr ccwe map patterns are related to steeply dipping
strata, whereas sinuous and curvilineor patterns reflect low-dipping, folded limestone. The
sinuosity of conduits is mainly controlled by the angle between the direction of the general
hydraulic gradient and the strike of the føvorable subvertical discontinuities for conduit
development. The greater this angle is, the higher lhe sinuosity, confirming l'[rorthington's
(1991) model.
The initiation of proto-conduits mainly follows the inlerseclions between bedding
planes ond simple long fractures and faults. ll'orthington's mdel for prediction of mean
conduit depth is confirmed by the Përolas-Santdna cøve sysrem. The mean depth of 200 to
300 m beneafh the waÍertable for the initiation conduils of this gstem qgrees well with the
prediction of the exponential equation which is based on the stratal dip and the horizontal
length (catchment lenglh) between the main insurgence and the ressurgence of the cave
system.
Vadose canyons with up to 50m of vertical entrenchment vere produced during the
speleogenetic development phase, øs the resttll of moderale rales of base level lowering,
which itself was due to moderate rates of regional tectonic upltft. Based on preliminary
ThU ages of secondary calcile covering ancierú fluvial deposits in vadose ccue canyons,
an øverage mæimum rate of 0.0042 cm/yeør (42 mmþ) is proposed for the vadose
entrenchment within the studied cqves. This rale gives a minimum age of 1.7 My for the
development phøse in the Santsna cave. Inclading the theoretical time span of the
initialion phase, the lotal age of the Pérolas-Santana ccue Ðstem is around 2 My
The correlation between the cave river entrenchmenl rarc and the exlernal river
chsnnel lowering over the limestone, close lo the cøv,e syslem, allows an age estimation of
rc.4:ll Myfor the Betari valley in the studied area.
The calculated baseflow recession coeficients, tsaggesl that he karst aquifer of the
Përolas-Santana system has a high degree of inlerconnecledfissares.
The initial analysis of the surþce drainage systems, using concepts of lopographic
'diridrr, indicates the presence of two separate drainage basins over the Furnas-Santana
Iimestone area, each relqted to a cave syslem. The hydrological balance of the Perolas-
ii;:;Santøna cave system suggests, however, that the catchment area must be larger (25,4 km2)

lì'.,:thøn,indicated by this initial inferpretation. It is thereþre wggested that two adjacent cave
|.a:jÐstens (Perolas-Santana and Grilo sysfems) are cannecled at depth, in order to balance
';:lh,€ onttuol discharge meøsared at the Sanlana cãve ressargence.
i:' i;,',.' "'The following hydrochemical facies hu,^e been defined: allogenic sarface runoff,

flùvio:karstíc runffi vadose autogenic fissure seepage, vadose autogenic conduil flow,
:deep
phreatic conduit flow ønd karst ressurgence flow. The hyùochemistry indicates that
the carstification is basically controlled by meleoric water enriched in cørbonic acid.
Minòr.dissolution
.
of carbonate by salphuric acid produced by oxidation of pyrtte
in impure limestone is thought lo occur in deep flov' routes.
'disseminaited
' ' ' 'The modern erosive dynamicsof the studied karst has been quøntified according to
'1he'follòwing parameters: saturation rate in calcite and dolomite of allogenic rivers

.€fltering":¡þe limeslone surface, the seasonality of the salurarion index of the main
,';hydro,chem¡"o¡:,,1tacies and the rate of limestone surface lowenng through dissolution
,,¡cnei:mlial"denuclation). The,calculated mean chemical demtdation rate for the Pérolas-
';Santana,:,basin'is 3Ll-f6 mm/þ.'
AGRADECIMENTOS

A realização desta tese não teria sido possível sem a colaboração de um grande
número de pessoas e de várias instituições
Entre as instituições ressaltaram-se o Department of Geologv e o Deparment of
Geography, ambos da McMaster University ftIamilton, Canadá), o Instituto de Geociências
da Universidade de São Paulo, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CMq), o
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, e o Instituto Florestal da
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo'
O desenvolvimento desta pesquisa, assim como seu sucesso, são atribuídos
principalmente ao grande incentivo e aos valiosos ensinamentos recebidos do Prof. Dr.
Derek Ford. Agradeço especialmente ao Prof. Derek Ford, pela zua dedicação e atenção
dispensados a mim e ao projeto de pesquisa, durante a minha estadia como aluno de pós-
graduação junto ao Departamento de Geologia da McMaster University, onde me foi
proporcion ada a oportunidade de tomar conhecimento das diversas técnicas e pesquisas
atuais desenvolvidas em terrenos cársticos'
Ao Prof. Dr. Georg Robert Sadowski agradeço pelo apoio e encorajamento, desde a

concepção desta tese, até os preparativos finais desta e as muitas discussões sobre a

abordagem geológica do fenômeno cárstico.


À Stene Worthington, Marcus Buck, Joyce Lundberg, Jane Mulkevitch, Karen
Gooder, Nicþ Keizer, Sue Vajoczki, Wang Xng Lee e Fereydown Shazbhan, agradeço
pelas valiosas contribuições na minha formação teórica e prática em geoespeleologia e
hidrologia cárstica, obtidas através de discussões acadêmicas. trabalhos de laboratório e de
viagens a campo nas cavernas e áreas cársticas do sudeste do Canadá e nordeste dos
Estados Unidos.
Ao prof. Dr. Henry Schwarcz, na época chefe do Department of Geology da
McMaster Universþ, e à todo qorpo docente deste departamento, agradeço a agradável
acolhida, amizade e prestatividade durante minha estadia em Hamilton
Ao professor e amigo Dr. Aldo da Cunha Rebouças, expresso minha gratidão, pela
confiança em meu trabalho, o que possibilitou a obtenção de recursos'junto à FAPESP e
CNPq para execução dos trabalhos de campo.
Os quase 30km de mapeamento topográfico e geológico de cavernas, produto de
exaustivos trabalhos de campo e de gabinete, assim como as fases de coleta de água e
medições de vazão na região do Alto Vale do Ribeira, foram desenvolridos em grupo, onde
no período de 1987 a 1993, estiveram envolvidos os seguintes colegas s amigos: Alex
Barbieri, Nelson Luis Nogueira Batisttuci, Paulo César Boggam, Marcos Philadelphi,
lr{aurício de Alcântara Marinho, Rinaldo Ademar Campanha José Carlos Sicoli Sedane,
Richard Lepine, Martim Afonso de Souza, Arnaldo Alcover Neto, Anderson Moraes,
Andrea yida de Matos, Edilson Pissato, Alberto Carlos K¡minsky, Armando Torquato,
Adriano Gambarini, Ana Lúcia Dezensi Gesicþ, Maria Cândida Barbosa do Nascimento,
ys/
Eduardo Shinohara, Mauro Carrari Chamani, William Salum Filho, Oduvaldo Viana Jr.,
Ricardo Fragl Teixeira e Luís Guilherme Teixeira. , Agradeço à todos pela valiosa
colaboração.
Aos colegas do Departamento de Geologia Geral, Coriolano de lr{arins e Dias Neto
'discussões),
(que em muito contribuiu nesta tese através de longas e ferteis Rômulo
Machado (o qual pacientemente revisou a primeira versão deste trabalho), Maria Cristina
Motta de Toledo, Ian McReath, Marcos Egydio da Silva e Joel Barbugiani Sígolo, agradeço
pela colaboração durante a redação deste trabalho. Ao Professor Thomas Rich Fairchild sou
grato pela revisão de textos em inglês.
Especiais agradecimentos devo à Química Sandra Andrade e ao Prof. Dr. Raphael
Hypólito, pelo apoio na parte analítica desta pesquisa.
Grande parte das ilustrações deste trabalho devo à equipe de desenho do IGc-USP,
Sr. Francisco José Pinheiro de Almeida Filho, Srta. Itacy Krohne e Rodrigo Vascon, aos
quais agradeço muito. Agradeço também, ao setor gráfico deste Instituto, chefiado pelo Sr.
Dalton.
Sou profundamente grato à Boris Karmann e Monique Therese da Graça Carreiro,
cujo apoio e incansável prestatividade na área de informática, foram essenciais, no
tratamento estatístico de dados e na elaboração de figuras. Na área de informática,
agradeço, também, ao Sr. Geraldo Carlos Lino Freitas.
À Srta. Maria Aparecida Bezena agradeço pela detalhada revisão da listagem de
referências.
À população do Bairro da Serra e funcioná'rios do PETAR em geral e, em especial, à
Vandir de Andrade e Joaquim Justino, agradeço a hospitalidade e cooperação durante os
trabalhos de campo.
À trrtaria Cândida Barbosa do Nascimento, agradeço o incentivo moral e carinho,
que foram essenciais, para cumprir esta etapa de trabalho.
À Hei- Karmann e Valerie Karmann, meus pais, agradeço toda formação e

inesgotável apoio até hoje recebidos.


CAPITULO I
INTRODUÇAO

l.l Apresentação do tema de trabalho


Rochas carbonáticas, principais hospedeiras das paisagens cársticas e sistemas de
cavernas, ocupam cerca de l2Yo das ¿lreas continentais sem cobertu¡a glacial. A fração
deste total de terrenos carbonáticos, com significativa circulação de água subterrânea
através de aqüíferos ciirsticos, é estimada" entre 7 a l}Yo. Á¡eas cársticas, tornam-se ainda
mais relevantes, quando se considera a estimativ4 de que no mínimo, 25% da população
mundial é abastecida através ou depende, em grande parte, de recursos hídricos extraídos
V/illiams, 1989).
de aqtiíferos ciirsticos (Ford e
Entende-se por terrenos carsticos, as regiões sobre rochas, as quais sofreram
importantes processos de dissolução, tanto por águas superficiais, como também, pelas
águas subterrâneas. Estes processos de dissolução, são responsáveis, pela geração de
feições características, como solos típicos (àrs vezes escassos), depressões fechadas,
dolinas, sistemas de cavemas associados à drenagem subterrânea e, ausência quase total. de
sistemas fluviais de superficie. Terrenos carsticos podem ser apropriados para implantação
de projetos de mineração, geração de energia e de abastecimento de água, levando-se em
consideração, as devidas precauções técnicas, devido ao fato destes terrenos, representårem
ambientes extremamente frágeis e que, freqüentemente, respondem às pressões ambientais
de uma forma mais rápida e mais dramática do que outros tipos de terrenos @ack e Arenas,
1e8e).
Devido aos fatos acima apontados, o estudo da dinâmica atual e evolução de
paisagens carsticas, incluindo o entendimento da origem e desenvoivimento de sistemas de
cavemas, deixou de ser somente uma curiosidade científica de alguns naturalistas
abnegados, tornando-se um fator cada vez mais importante, no planejamento de uso e
ocupação de terrenos carbonáticos, e na exploração e conservação de recursos hídricos
'
destas ríreas (Wattham, 19Sl). .
Estima-se atualmente, que há no minímo 8.000 km de condutos subterrâneos
mapeados no mundo (Waltham, op cit.), definidos como cavidades naturais, com
dimensões suficientes para permitir a passagem do homem. O sistema Flint - Mammoth
(EUA), com até 530km de desenvolvimento em planta, representa o sistema de cavernas
mais longo da atualidade, enquanto o sistema Jean Bernard (França), com 1535m de
desnível, é o mais profundo explorado até o presente (Courbon, et. al., 1989).
Constantemente, o mundo recebe notícias de novas descobertas de grandes sistemas de
cavemas, em regiões sub-árticas até tropicais. A exploração e mapeamento sistemático de

cavernas, tem sido a fonte de um enofine conjunto de dados, os quais frrndamentaram a


f,ormulação de vários modelos espeleogenéticos durante as últimas cinco décadas (Watson
e White, 1985 e Lowe, 1992).
O Brasil, com seus 8.500.000 km2 de território, conta com extensas áreas ciirsticas,
as quais, numa estimativa preliminar, representam cerca de 5 aTYo do total de sua ëtrea.
A
regionalização preliminar de terrenos cársticos do Brasil (Karmann e Sánchez, 1986),
evidenciou o enonne potencial espeleológico. destas áreas. Entre as mais extensas e

contínuas, ressaltam-se os terrenos c¿lrsticos associados à cobertura carbonática plataformal


do Grupo Bambuí, na região central do País; aos metacalc¿írios e dolomitos do Grupo
Corumbá, na serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul e à seqüência carbonática do Grupo
Aratas, na bacia do alto rio Paraguai, Mato Grosso. Na região sudeste, apesar de possuirem
expressão em area muito inferior às regiões carbonáticas acima citadas, os terrenos
c¡irsticos concentram-se sobre os metacalciírios e metadolomitos do Grupo Açunguí e
correlatos.
A
atuação de grupos de exploração de cavernas, du¡ante as últimas três décadas,
vem reunindo, um grande conjunto de dados, sobre alocalização e características fisicas de
sistemas de drenagem subtenânea no Brasil, o qual, conta atualmente, com no mínimo 411
lcn de condutos subterrâneos topografados em seus traços gerais (Martim, Chrysostomo e
Rodrigues, 1989). Neste quadro, ressalta-se a Toca da Boa Vista (município de Campo
Formoso, BA), com 50,2 km de passagens topogmfadas até o momento, representando a
mais longa caverna conhecida na América do Sul (Auler e Rubbioli. 1993).
A descoberta e exploração de cavemas cársticas, em território brasileiro, alcançou

um adiantado estagio de desenvolvimento, enquanto a pesquisa científica, sob o ponto de


vista dos processos geológicos, hidrológicos e geomórficos, envolvidos na evolução e
dinâmica destas cavernas e seus terrenos carsticos associados, encontra-se ainda em fase
incipiente. Este fato é evidenciado pela restrita bibliografia técnico-científica nacional
disponível sobre este tema, conforme ressaltado em Sánchez (1986) e confirmado pela
pesquisa bibliográfrca realízada para o presente trabalho. Entre os estudos acadêmicos, que
enfocam o sistema cárstico, na área das geociências, ressaltam-se os trabalhos de Coutard,
Kohler e Journaux (1978) e Kohler (1989), sobre o reievo da região de Pedro Leopoldo e
Lagoa Santa OfG); as análises morfoestruturais e hidrogeológicas de regiões carsticas
sobre o Grupo Bambuí no norte de Minas Gerais (Silva, 1984) e Bahia (Silva, 1973 e
"Guerra, 19S6) e, mais recentemente, o estudo realizado por Barbieri (1993), sobre a
variedade de formas de calcita secundária, apresentando um esboço preliminar dos
' contrôles fisico-químicos e mecanismos de deposição de espeleotemas nas cavernas do alto

vale do rio Ribeira de Iguape (SP).


Neste quadro, de grande potencial científico e com pouca pesquisa específica
realizada, o presente trabalho pretende contribuir na abernrra e estabelecimento de uma
linha de pesquisa geocientífica sobre terrenos cársticos brasileiros, a partir do estudo
geomorfológico, geológico e hidrológico, de uma area de amostragem da região c¿írstica do
alto vale do rio Ribeira de Iguape ( sudeste do Estado de São Paulo).

. 1.2,Seleção' da área estudada


'. ' . , As cavernas da região carstica do alto vale do Ribeira de Iguape vem despertando a
atenção:de,naturalistas e exploradores, desde o início deste século, época em que foram
realizados osrprimeiros levantamentos geográficos da região- Como exemplos, citam-se o
relato antropológico de Krone (1914) e o primeiro levantamento de cavernas da area entre
Apiaí e Iporanga, realizado por Krone em 1909 e posteriormente publicado em 1950. Com
o objetivo de localizar sítios paleontológicos e arqueológicos, K¡one procurou as cavernas,
onde encontrou restos da megafauna pleistocênica e apresentou a primeira descrição das
cavernas e de seu relevo associado. Neste relato, ressalta a presença de importantes
cavemas com rios subterrâneos, como o rio Roncador, na época impenetrável para o
pesquisador, mas estimada por este, como sendo uma caverna com cerca de 15km de
extensão.
A partir de 1962, até o presente, a região iniciou a ser constantemente visitada por
grupos de exploração espeleológica. Um histórico desta atividade pode ser encontrada em
Marinho (19S9). Estas explorações confirmararn as espectativas de Krone, revelando a
existência de mais de uma centena de cavernas. A caverna do rio Roncador, atualmente
denominada de caverna Santana. mosfiou ser um dos treehos aCeSsíveis mais elite-nlos dos
sistemas de drenagem subterrânea da região. Os resultados iniciais desta exploração
sistemática de cavemas, foram publicados por Le Bret (1966), constituindo-se ainda hoje,
uma das mais detalhadas e completas descrições de cavernas desta região.
Uma grande quantidade de dados relativos à localização e topografia de cavernas
tem sido acumulada sobre a região. Este acervo esta parcialmente disponível nos arquivos
da Sociedade Brasileira de Espeleologia. Segundo o cadastro de cavernas desta sociedade
(Martim, Cþ,sotomo e Rodrigues, 1989), os terrenos cársticos delimitados pelos
municípios de Apiaí, Iporanga e Guapiara (fig 1.1), abrigam cerca de 80km de cavernas'
.
parcialmente exploradas e topografadas'
i Segundo a regionalização de areas carsticas apresentada por Karmann e Sánchez
,. (1986), o alto vale do Ribeira, apresenta um dos maiores graus de conhecimento
disponível, quanto à presença e distribuição de cavernas, em comparação com as demais
'' regiões carbonáticas do Brasil.
Como estratégia do presente estudo, selecionou-se portanto. o Alto Ribeira, dentre
prévio
as várias regiões carsticas do Brasil, pois desta se dispunha de um conhecimento
imaior, a respeito da distribuição e das características fisicas principais de sistemas de
:- drenagem subterrânea- associados a um relevo característico e variado de terenos
i - 1.
geológico.
\ cársticos, até o presente, não estudados, do ponto de vista
, Como um dos objetivos desta tese era o moniloramento hidrológico de um Sistema
18 meses, a
de cavemas, o que exigiu visitas a campo, no mínimo mensais. durante
foram
facilidade de acesso associada a uma situação apropriada para monitoramento,
, fatores fundamentais na demarcação da ëreade estudo, indicada na
ñgura 1.1'
hidrográfica
Outro fator importante na escolha da area de estudo foi o fato da bacia
(Parque Estadual Twístico do
monitorada se encontrar numa area de preservação ambiental
. :Rib"iru¡, pois desø maneira, teve-se a oportunidade, de analisar a dinâmica
Atto
:' hidroquímica original desta bacia, sem efeitos antrópicos sup€rpostos'

' hidroiOgico e, hidroquímico, pois a mesma, possui somente uma ressurgência (fator
8,

/Ítto¡o¡é
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' í Eorro
..

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Ponto Grosso i

Figura 1.1 - Localizaçáo, acesso e demarcação da área estudada. Os terrenos cársticos


delimitam-se pelos sumidouros.
esssencial para o estudo), sendo de fácil acesso (ftg l.l). Para a análise de relevo e de
sistemas de cavernas, optou-se pelo corpo calciirio associado à bpcia do rio Roncador e a
sinforma calcária encaixante do sistema de cavernas Areias. Esta duas *eu+ calcárias,
constifuem uma amostra representativa, da diversidade morfológica do carste superficial e

subterrâneo do Alto Ribeira.

1.3 Objetivos da pesquisa e organização da tese


Os objetivos deste trabalho, consistiram em pesquisar os aspectos abaixo, sobre
uma área tipo, de carste subtropical úmido:
- Identificar, descrever, estabelecer parâmetros morfométricos e determinar os
fatores condicionantes (estruturais e hidráulicos) das formas de relevo carstico. Com estas
informações, esboçar a gênese destas formas (tema do capítulo 3).
- Obter um quadro da distribuição, identificar o-spadrões morfiológicos e determinar
os fatores condicionantes desta distribuição e morfologia de sistemas de cavemas. Integrar
estes dados num modelo espeleogenético da área, obtendo uma história evolutiva do
desenvolvimento de sistemas de circulação carstica, da ¿írea estudada, propondo uma
cronologia deste processo. Através da elaboração do modelo espeleogenético, contribuir na
previsibilidade da ocorrência de sistemas de cavernas, tornando estes estudos aplicáveis em
planos de uso e ocupação de ¿íreas carsticas.
- Associar a evolução de sistemas de cavernas com o desenvolvimento da paisagem
superficial e, através da obtenção da taxa de entalhamento fluvial subterrâneo, estimar a
idade do relevo associado ao sistema c¿irstico.
-Determinar os parâmetros hidrológicos e hidroquímicos atuais de uma bacia
hidrográfica ciirstica, representativa da região do Alto Ribeira. Com estas informações,
esboçar o mecanismo de corrosão atuante no sistema e estimar a taxa de denudação
química desta bacia.
Como objetivo geral deste trabalho, pretendeu-se adaptar e desenvolver, os métodoi
atuais utilizados em estudos geológicos e hidrológicos de sistemas cársticos, prática ainda
pouco usual no campo geocientífico nacional.

1.4 Métodos e técnicas


Os métodos e técnicas utilizados neste trabalho são detalhados nos itens pertinentes-
Apresenta-se, em seguida, uma listagem resumida destes'

l. Fotointerpretação de detalhe, em escala 1:25.000, das areas demarcadas para este estudo,
'traçando os divisores de água e a rede de drenagem, identificando sumidowos e
ressurgências, o que resultou nos mapas morfológicos destas areas (anexos 3.3 e3.4), base
. paffi os estudos morfométricos.

(1972a
2.,Medição de parâmetros morfométricos seguindo as recomendações de Williams
e tglZï).
3. Identificação, em crÌmpo, das caracter[sticas de relevo reconhecidas na fotointerpretação.

4. Mapeamento topográfico e geológico das principais cavernas da ,ir"u å. estudo.


Mapeou-se cerca de 15km de condutos subterrâneos. Foram utilizados os métodos de
topografia subterrânea e mapeamento geoespeleológico desenvolvidos com este trabalho,
detalhados em Battistucci (1988), assim como, as recomendações de Thompson e Taylor
(1991), para medição do espaço subterrâneo.

5.A obtenção de parâmetros hidrológicos envolveu os seguintes procedimentos: instalação


de limnógrafos na ressurgência e no sumidouro principal do sistema de cavernas
monitorado; medição de vazÃo nestes pontos, em diferentes alturas do nível do rio
subterrâneo. Para medição da vazão, utilizou-se tanto um molinete fluviométrico, assim
como, adaptou-se a técnica de dituição de sal, conforme a recomendação de Church e
Kellerhals (1970). Executou-se o monitoramento do sistema de cavernas Santana-Pérolas
pelo período de um ano hidrológico.

6. A obtenção de dados hidroquímicos, exigiu a coleta sistemática de amostras de água nos


diferentes pontos do sistema de circulação carstica monitorado. A coleta seguiu as
recomendações expressas em Ford e Williams (1989). Os teores dos principais cátions,
presentes nestas amostras, foram obtidos através de análises por absorção atômica,
seguindo-se os cuidados necessários para consen'ação das amostras até sua análise. Os
principais ânions foram analisados através de um cromatógrafo de íons.

7. Para determinar taxas de entalhamento fluvial subterrâneo, foram coleødas amostras

apropriadas de calcita secund¿íria nas cavernas, em pontos favorár'eis, após o mapeamento


destas. Durante a amostragem, foram tomados cuidados especiais. para não afetar a estética
dos depósitos de calcita nestas cavernas. Estas amostras, foram datadas pelo método Th./U,
utilizando contagem alfa. Com o objetivo de familiarizar-se com esta técnica, as amostras
foram processadas pelo autor, sob orientação do Prof. Dr. Derek Ford, junto ao laboratório
de,geocronologia dos Departamentos de Geografia e Geologia da'McMaster University.
CAPÍTI.ILO 2
FISIOGRAFIA E GEOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO

2.1 Contexto geológico regÍonal e local da área estudada


'O sudeste paulista esta inserido na Faixa D-ob¡ada Apiaí (Flasui e Oliveira, 1984), a
qual, compõe o segmento sudoeste do Cinturão Ribeira (Cordani e Brito Neves, 1982).ìA
Faixa Apiaí caractenza-se por um conjunto de rochas supracrustais lrrlcano-sedimentares,
de grau metamórfico fraco a médio, denominadas genericamente de Grupo Açungui, cujo
embasamento, é formado por rochas gnassico-migmatíticas, localmente charnockíticas e
com intercalações metassedimentares com g¡au metamófico médio a alto. Este

embasamento, de posiçãq estratigráfica ainda controvertida; .domina o leste paranaense,


enquanto ¿rs supracmstais, ocupar'n predominanternente, o sudeste paulista (Campanha,
r991).
A é constituída por uma série {g intrusões granitóides, do
estrututa regional
Proterozóico Médio a Superi-or,'as quais, afetam tanto a seqüência sup¡acrustal, comq
também o embasamento^Sobre este quadro, ressalta-se um sistema anastoníosado de zonas
de cisalhamento ûanscorrentes, verticalizadas a subhorizontais, de caráter dúctil a dúctil-
ruptil, de movimentação na diíeção NE-SW. e rejeitos quilométricos. Este sistema de
cisalhamento imprime uma compartimentação da região em blocos tectônicos, cujas
formas são lenticularizadas, com alongamentos maiores na direção genérica NE-SW. Esta
fragmentação tectônica dificulø as correlações lito-estratigráficas entre blocos crustais
distintos (Campanha, Bistrichi e Almeida, 1987 e Campanha,l99l). ¡
Os terrenos carsticos estudados inserem-se no Bloco Lajeado, definido por
'e a norte pelo
Campanha (1991). Delimiø-se a sul pelo Lineamento da Figueir4
Lineamento Quarenta Oitavas, localmente defrnido pela falha do Espírito Sanlo (figuras
2.1 e2.2).
Seguindo Campanha (1991), a norte do Lineamento Quarenta Oitavas ocolre o
Bloco Apiaí, composto por xistos (granada micæiistos, quartzo micaxistos e micaxistos) e
mármores calcíticos, localmente sulfetados. O autor acima propõe que estas rochas são
uma extensão da Seqüência do Lajeado, em condições de metamorfismo e deformação
mais intensos. A sul do Lineamento da Figuei¡a encontra-se o Bloco Ribeira, composto
principalmente por filitos .e metassiltitoÈ laminados e rochas metabásicas, com
intercaþões de metaconglomerados, metarenitos e mármoies.
O Bloco Lajeado constituído pela seqüência metassedimentar de grau
é
metarnórfico baixo (zona da clorita) do Subgrupo Lajeado, incluindo no topo o Gabro de
Apiai (fig 2.2). Este subgrupo foi originalmente definido por Hasui, Cremonini e Born
(1985) e redefinido por Campanha et. al. (1985).
Sua estrutura geral é formada por sinclinais e anticlinais, localmente falhados, com
eixos de direção NE-SW e planos axiais sub;erticais a fortemente inclinados para NW (fig
2.3), indicando vergência para SE. De acordo com Campanha (1991), o grau de
deformação îa zonacentral do Bloco, sobre o Anticlinal do Sem Fim, Sinclinal do Bairro
..,.

l:i.:.l¡4 :l jlii
".,¡r'

I
FANEROZOICO

NG 2./ tntrusões otcotinos


m
î
Diques bcísicos
,x &,
llorord
Formoçõo Furnos e llorori
( Eocio do Poronci)

+
.+ +
+ + + PROTERCZOICO MÉDIO A SUPERIOR
+ + +Þ
+ + + + + lnlrusões oroníl icos
+ + +.+ I + sin - e posiectônicos
+ +
1
+ +
+ + + r-t !
+ + ^/--/.
+/,:e Grupo Açungui (foiro Dobrodo Apioí)
+ + +/', ,;€
+
+ + ?L 1 - Metossedimenlos pelilo -psom¡-
++ ror, licos com intercoloçóes Psefili-

wffi
+ + +
¡¡
ffi
+ + cos e melobcísicos
+ + ./, 2- Rochos melocor boncíticos
c-colcíticos d-dolomíticos

Zonos de cisolhomenlo

wt 4
'/u.. -l
Areo esludodo
Adoprodo de IPT , 1981

F'igura 2.1 - Contexto geológico regional da área estudada, ressaltando a ocorrêncìa de


roc,has carbonírl.icas.
ûuoaogs LTToESTRATIGRAFtcAS
(Depdsilos de coberluro no-o represenlodos)

PMSsM;.,'
I
I 2403c'
JURASSICT) - CRETACE0

".-l)'
't --, \t t JKÞ ] Diques bdsicos

'.. PROTERO;ZóICO SUPERIOR A EOPALEOZóICO


.-) fPSe-r] Gron¡td¡des pós-leclônicos ¡,ltoóco v,Vorgem Gronde

[-pnoreno.zcirco suPERroR
t'-_
I I PSoG I Gobro de Apioí
I pnorrno.zorco MÉDro A suPLRroR
I r-"-
I I PiVlSo I Xislos (X) e Mcírmores (M) Apioí
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Figura 2.2 -
Cont( xto geológico local das áreas carbonáticas estudadas.

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Figura 2.3 - Seção geológica simplifrcada do Subgrupo Lageado na região estudada.


Adaptada de Campanha (1991). Legenda das unidades litológicas e localização da seção
indicadas nafigtxa2.2.
ll

da Serra e Anticlinal da Biquinha, é baixo, onde estruturas primárias, gomo gradações


normais, estratificações cruzadas e onduladas, foram perfeitamente pr6ervadas. Na faixa
de influência daZona de Cisalhamento da Figueira, a deformação é intensa, afelando parte
do flanco invertido SE do Anticlinal do Sem Fim. Esta fatha exibe comportamento dúctil e
movimento inverso. O flanco sul do Sinclinal do Calabouço, ou flanco norte do Anticlinal
da Biquinha (fig 2.2 e 2.3), caracteriza-se por deformação moderad4 e uma série de
cisalhamentos com movimento inverso, responsáveis por repetições tectônicas da litologia.
O Sinclinal do Calabouço, no limite norte deste bloco tectônico. exibe deformação fraca,
semelhante à zona central. Por último, a zona de contorno do Granito ltaóca,,caracteriza-se
por deformação e metamorfismo mais intensos, relacionados àquela intrusão.
Fora das zonas de influência dos cisalhamentos, o estilo de dobramento é de dobras
,4bertas a fechadas, nos metapelitos, e .abertas nos metacarbonatos e metabásicas.
Predominam dobras simétricas nas zonas de charneira dos grandes anticlinais e dobras
fortemente assimétricas nos flancos. l

Associado ao metamorfismo fraco destas rochas, predomina'a foliação plano axial


do tipo clivagem ardosiana (com sericita e moscovita), freqüentemente com Clivagem de
crenulação superimposta, nos filitos e metassiltitos. e clivagem de fratura nos
metacalcários.
s A litoestratigrafia do Subgrupo Lajeado, apresentada abaixo, da base para o topo,
segue a proposição e descrição de Campanha (1991):
Formação Betari - Esta unidade basal do Subgrupo Lajeado é constituída por dois
membros. O membro basal é formado por metarenitos arcoseanos e micáceos, com níveis e
lentes de metaconglomerados oligomíticos micáceos, com espessuras decimétricas. Estes
metapsamitos passam gradativamente para o menbro superior, composto por metarritmitos
síltico-arenosos e metapelitos laminados, onde se ressalta o caráter gradacional da
estratificação. O contato desta formação com a unidade sobrejacente é brusco e
concordante no flanco norte do Anticlinal do Sem Fim e transicional no flanco norte do
Anticlinal da Biquinha. No flanco sul do Anticlinal do Sem Fim. o contato provavelmente
é discordante (fig2.2).
Formação Bairro da Serra - Esta é a unidade carbonática do Subgrupo Lajeado,
com maior expressão em área, sendo formada por dois corpos distintos: a faixa carbonática
homoclinal da caverna Santana, que representa o flanco norte do Anticlinal da Biquinha, e
outro, de forma irregular, estruturado pelo sinclinal do Bairro da Serra, Anticlinal do Sern
Fim e o flanco invertido do anticlinal do Bairrq Beøri (fig2.2).
,, É composta por metacalcarenitos metacalcilutitos impuros e margosos,
e
. predominantemente calcíticos e.localmente dolomíticos, de coloração cinza escuro. Sua

estratificação, caractenra-se pela. alternância de estratos mais ou menos impuros, com


freqüentes'intercalações de ,metassiltitos carbonáticos e filitos. São marcados por pirita
disseminad4,âssim como, concentrada em alguns dos leitos mais impuros, Estratificações
t.
c@daq ,onduladas.e gladac,ionais 'são. freqiientes,. qom,, textura,,clastica dos grãos
t2
::"
!:,:tii\

Formação Água Suja - Constitui uma faixa intercalada

formada por filitos citrzaescuros, com lâminas de metassiltito e filito carbonático.-r*r;.'1",i..ìi .

\Formação Mina de Fumas - É


formada por metacalcarenitos cinza eSffi;',
semelhantes à Formação Baino da Serra. Distingue-se da faixa carbonática da carrä'ñá,,'
Santana, pela ritmicidade menor da alternância de estratos puros e impuros e camadas
pelito-carbonáticas. Nas proximidades da vila residencial da Mina de Furnas, ocorre uma
intercalação de filitos e metassiltitos laminados, cuja continuidade ao longo de todo pacote
carbonático é controvertida.
Encontra-se sotoposta aos metarenitos da serra da Boa Vista, através de contato
tectônico (frg2.2).
lFormação Serra da Boa Vista - Esø formação marca o contorno estrutural do
sinclinório do Calabouço (frg 2.2). E formada por metarenitos mal selecionados. de
granulação desde muito ftna até grossa, loçalmente com níveis conglomeráticos, arenitos
micáceos e arcoseanos. metassiltitos e filitos. O grau de deformação desta unidade é
crescente no sentido NW, com metarenitos quase indeformados no flanco sudeste do
sinclinal, enquanto no flanco noroeste, ocorrem quartzo xistos e quartzo milonitos. Junto
ao Granito lta6ca, quartzo-mica hornfels, com biotita, moscovita e andaluzita, atestam o
metamorfismo de contato.
- Formação Passa Vinte - Representa outra unidade carbonática, form¿fl¿ :por
metacalcários de coloração cinza escruo, cinza claro e branco, bandados. As camadas ci¡za
escuro a claro, são predominantemente calcíticas e os estratos brancos, dolomíticos,
conforme reconhecido neste trabalho.
O contato com os metarenitos Boa Vista, sotopostos, admite duas interpretações,
pelo fato de apresentar intercalações decimétricas de metarenito boudinado dentro dos
metacalc¿irios. A primeira, é que este contato é concordante e gradativo, com interdigitação
sinsedimentar de arenito e calc¡írio. A segunda admite contato por cisalhamento, onde a
:interdigita
ção acima é de origem tectônlca. O contato superior, com a Formação Goruruba
'é através de uma zona de cisalhamento de baixo ângulo, denominado por Campanha
(1991), de Falha do Palmital.
l, Formação Gorutuba - Caracteriza-se por metarritnritos laminados, com
alternância de metassiltitos e metargilitos, além de rochas calcissilicáticas e mármores,
sempre exibindo ritmicidade da estratificação. As rochas calcissilicáticas (conhecidas
,informalmente como gorutubitos), segundo Campanha (op. cit.), conespondem a hornfels
"metassomático, geiado pela intnrsão do Gabro de Apiaí e do Granito ltaóca.
, ,, ,,Gabro de Apiaí - Trata-se de uma rocha escur4 isótropa de granulação média e
: textura ofitica a Subofitica. Sua mineralogia principal é composta de plagioclásio, augita e
hiperstênio, Campanh a (1991) obseruou um local, onde estas exibem relação de contato
discordante com a Formação Gorutuba, além do generalizado metamorfismo de contato
l
l3

causado pelo gabro sobre esta formação. Segundo este mesmo autor, os gabros distinguem-
se dos diques de Çiabasio mesozóicos, somente pela presença de hiperstênio, nos primeiros.
Finalmente, convém ressaltar a opinião de Campanha (op. cit.), de que*viírias das
unidades acima da Formação Bairro da Serra podem representar repetições tectônicas de
um número menor de formações, mas. que, devido à falta de critérios precisos de correlação
lateral entre estas, é preferível manter as denominações litoestratigráficas formalizadas
anteriormente.
Ambiente deposicional - Os metassedimentos do Subgrupo Lajeado, devido ao seu
caráter rítmico da recorrência litológica e presença de estruturas primárias, como
estratificação gradacional, foram interpretados por Pires (1988 e 1989), como
representantes de uma sucessão de sistemas g{laiticol, com leques submarinos,
cleposiødos na transição entre uma plataforma continental e talude, sob condições de
tectônica ativa, durante o Proterozóco lvfédio a Superior.
Eventos Mesozóicos e Cenozóicos - A região de estudo encontra-se sobre o flanco
nordeste do Arco de Ponta Grossa, o qual representa uma estrutura crustal positiva- em
ascenção tectônica desde o Triássico (Asmus, 1981), ou talvez, desde o Devoniano,
conforme a interpretação de Ferreira et. al. (1981). Neste processo de domeamento e sob
esforços trativos, sofreu a intrusão de um grande número de diques básicos, datados do
Jurássico-Cretiiceo, orientados segundo a direção NW-SE (frg2'l e 2.2).

Durante o Cenozóico, até a atualidade, a região continuou sendo dominada pelo


soerguimento e denudação, com exceção de algumas zonas, as quais sofreram subsidência
e acúmulo de sedimentos, através da instalação de prováveis bacias tectônicas. Estas foram
interpretadas por Melo et. al. (1990), no baixo vale do Ribeira, sobre o Alinhamento
Tectônico de Guapiara, como é o caso do Gráben de Sete Barras, com sedimentos fluviais,
cuja base foi atribuída preliminarmente ao Terciário Inferior.

2.2 Situação geomorfológica da área de estudo


\o A região estudada encontra-se sobre o flanco sudoeste da serra de Paranapiacaba; a
qual, representa um relevo montanhoso, com amplirudes topográficas de até 700m' entre
fundos de vales e topos de cristas. Esta area senana constitui a zona de transição entre o
Planalto Atlântico, a noroeste da area de estudo, e a Baixada Costeira, a leste-sudeste,
. caracterizada por vastas planícies aluviais entre agrupamentos de morros arredondados..
' Na classificação geomorfológica do relevo paulista de Atmeida (7964), adotada
'.com pequenas modificações e algumas complementações no mapa geomorfológico do
Estado de São Paulo (IPT, 1981a), esta faixa de transição entre o Planalto Atlântico e a
Baixada Litorânea constitui a Sub-Zona da Serrania do Ribeira,'da Zona da Serrania
'
Costeira da Província Geomorfológica Costeira.
t' quadro, a serra de Paranapiacaba,
[Nê!t.
constitui o r4mo sul da Lona da Serrania Costeira (genericamente conhecida como Serra do
M-ar), recgado para o interior, abrindo espaço para avasta planície costeira, a leste da serra.
, Er4butidos na Serrania do Riì,eira, :ocolrem planaltos parcialmente dissecados,
adjacentes.a,vales profundamente.entalhados, ,Estas superficies foryn claqsificadas como
t4

Planaltos Interiores (IPT,


l98la). As areas carbonáticas estudadas fazem parte de um
destes planaltos, denominado de Planalto do Lajeado (IPT, op. cit.). Este é cortado
transversalmente pelo rio Betari, o qual representa o nível de base local deste planalto.
A Serrania do Ribeira, nos arredores da rírea de estudo, apresenta cristas niveladas
entre 900 e 1.100 metros, alinhadas segundo a direção geral NE-SW, com encostås de
declividade alta a média. As cotas mais elevadas -correspondem a metarenitos e as
intermediárias a metapelifos. O Planalto do Lajeado, constituído essencialmente por
metacalc¿irios, exibe topos nivelados em torno de 700m, tendo seus limites demarcados por
sumidouios. A amplitude de relevo, entre as cristas das serras alongadas e os fundos de
vales, encaixados no planalto, varia entre 690 e 450m.
No quadro de serras alongadas da. Serrania Costeira e do Ribeira, ressalta-se o sub-
..nivelamento dos topos de cristas de rochas mais resistentes à degradação (foto 4.6), o qual
foi correlacionado por Almeida Q96$ à superficie Japi, definida pelo mesmo autor, como
sendo um testemunho de uma antiga superfície de aplainamento, pós-cretácea,
característica do sudeste paulista.

2.3Hidrografïa e ambiente atual


A região estudada é drenada pela bacia hidrográfica do rio Betari, afluente da
margem esquerda do rio Ribeira de lguape, o qual, neste trecho, apresenta-se na transição
entre seu alto e médio curso.
O rio Betari possui suas nascentes na borda do Planalto Atlântico (localmente
denominado de Planalto de Guapiara), nas cotas entre 900 e 1100m, atingindo o rio Ribeira
na cota de 80m, próximo à cidade de lporanga. Pelo fato desta bacia drenar a Serrania do
Ribeira, o rio Betari e seus principais afluentes, apresentam vales encaixados e perfis
longitudinais de alto a médio gradiente, localmente encachoeirados. Com exceção de
techos sobre o Planalto do Lageado, este rio possui característica fortemente erosiva, com
intenso entalhamento vertical. Nas ¿íreas carbonáticas deste planalto, o rio assume baixos
gradientes, com feições de agradação. evidenciadas pelos vales alargados, de fundo plano a
suavemente ondulado, preenchidos por alúvios e co,lúvios.
O segmento principal do rio Betari apresenta um padrão retilíneo, segundo a
direção NW-SE, com seus afluentes principais ortogonais a esta direção, formando um
padrão de drenagem geral do tipo treliça.
A baçia do rio fubeira de lguape, localiza-se inteiramente no domínio do sistema
.climático sub-tropical, mais precisamente, na zona de transição entre os domínios do ar
tropical e'das invasões dos fluxos polareé, com variações anuais de temperàturas médias
mínimas e máximas, controladas principalmente pela altitude e, secundariamente, pela
latitude (Monteiro, 1969 e Gutjahr, 1993).
ì:, De umafsr,rna genérica, o clima do vale do Ribeira é classificado como sub-tropical
, :úmido (Gutjalr,'' op, cit.).
l5

A região de Apiaí, borda do Planalto de Guapiara, apresenta pluviosidade média


anual de l4-8-0mm (média dos últimos 32 anos), com máxima anual de 2200mm e mínima
de 980mm, neste período. A temperatura média é de 18oC (DAEE, 1991)'
O Baino da Serra (area de esfudo), inserido na Serrania do Ribeira, transição
Planalto-Baixada Costeira, apresenta pluviosidade média dos últimos l9 anos de 1604mm,
com máxima anual de 1860 e mínima de l069mm, registradas neste período. O trimestre
menos chuvoso concentra-se nos meses de junho, julho e agosto e o mais úmido em
janeiro, fevereiro, março. A temperatura média anual é de 20oC. com média mínima de
14oC e m¿íxima de27oC (DAEE, 1992).
A região do baixo vale do Riberr4 em contraste com as áreas seffanas interioranas,
possui pluviosidade média entre 2000 e 3000 mm,/ano, conforme a altitude (zona da
Baixada Costeira ou altos da Serra do Mar), com temperaturas medias mínimas e m¿âximas
de 20 e27oC.
A pluviosidade e umidade elevadas são bem distribuídas durante o ano, mantendo
uma cobertura vegetal densa, popularmente conhecida como Mata Ätlântica, típica ao
longo de toda bacia do Ribeira, e ainda parcialmente preservada nas áreas serranas. A
região estudada encontra-se no domínio da Floresta Sub-Tropical Úmida, caracterÍstica da
Senania do Ribeira e Baixada Costeira. Esta mata perenifolia higrófila, é substituída em
direção ao planalto Atlântico, a partir da Serrania Costeir4 pelo domínio da Floresta
Subtropical Subcaducifolia, marcada pela presença do Pinhei¡o do Paranâ (Araucaria
angustifolia).
Os terrenos carsticos estudados, assim como grande parte das areas de captação dos
sistemas de cavernas investigados, encontram-se nos limites do Parque Estadual do Alto
Ribeira (PETAR), unidade de conservação criada por Decreto Estadual em 1958, com o
objetivo de preservar uma amostra significativa do meio biótico e fisico da Senania do
Ribeira (Karmann, 1983 e Siínchez, 1984).

2.4 As rochas carbonáticas do Alto Ribeira


A região sudeste do Estado de São Paulo, apresenta três faixas de, rochas
ca¡bonáticas, inseridas na seqüência metassedimentar supracrustal da Faixa de Dobramento
Apiaí, esboçada no item 2.1.
Cruzando a Faixa Apiaí (fig 2.1), partindo do noroeste em direção sudeste,
identifica-se as faixas carbonáticas associadas ao Grupo Itaiacoca (Souza, 1990), ao
Subgrupo Lajeado e à Seqtiência Serra das Andorinhas (Campanha- et. al', 1985)'
A faixa carbonática Itaiacoca limita-se a noroeste pela cobertwa sedimentar da
Bacia do Paraná e a sudeste pelo Lineamento Itapirapuã (fig 2.1). As rochas carbonáticas
,do Grupo ltaiacoca são predominantemente metadolomitos maciços e secundariamente
',metadolomitos
calcários laminados (ftg 2.4), Souza (1990), com intercalações locais de
'metacalcários magnesianos. Nas proximidades da zona de cisalhamento Itapirapuã, exibem

intensa,recristalização, com texturas de mármore. Nas porções internas, esta recnstalização,


l6

é fraca" o que possibilitou a preservação de um variado conjunto de estruturas sedimentares


primárias. Ì
A superficie carstica é predominantemente rebaixada em relação às rogþas menos
solúveis adjacentes, caracterizando um carste alogênico. Numa classificagão preliminar, a
paisagem desta ¿lrea carbonática enquadra-se na categoria de carste alogênico, em grande
parte coberto com "ilhas" de carste poligonal e cones cársticos desenvolvidos, e zonas de
fluviocarste. A cobertr¡ra é formada tanto por restos de a¡enitos devonianos, como por
sedimentos detríticos, colúvio-aluvionares, provavelmente terciários (Souza, 1990). A
presença da cobernua devoniana, sobre uma superficie préviamente carstificada, indica um
caráter paleociírstico desta paisagem. Apesar do escasso sistema de drenagem superficial, e
importantes sumidouros, o aqüífero carstico apresenta sistemas de cavernas acessíveis
pouco desenvolvidos (ou talvez desconhecidos), ponto interessante a ser esclarecido
através de pesquisas futuras.
A faixa carbonática Lajeado, da qual uma área de amostragem é tema do presente

trabalho, representa o alinhamento NE-SW de rochas carbonáticas situadas na parte cenffal


da Faixa Dobrada Apiaí (frg2.1). Limita-se, a noroeste. pelo Lineamento Quarenta Oitavas
e, à sudeste, pelo Lineamento da Figueira. Esta faixa carbonática é composta por
metacalcários dolomíticos, metacalcários magnesianos e metacalc¡írios (fig 2'4).
Caracterizam-se por fraca recristalizagão, estruturas primárias de fluxo turbidítico
preservadas e estratifi cação plano-paralela rítmica" marcada pela altemância de estraios
carbonato-pelítcos e puramente carbonáticos. além de freqüentes intercalações pelítico-
carbonáticas, de espessura decimétrica.
superficie carbonática é rebaixada em relação às rochas não carbonáticas,
A
icondicionando importante injeção alogênica no sistema carstico. A paisagem c¿irstica
,apresenta-se bem desenvolvida, com variadas formas de carste poligonal e trechos

fluviocársticos. O aqüífero carstico possui' importante entalhamento subterrâneo, com


sistemas integrados de cavernas acessíveis, conforme será detalhado ao longo deste
trabalho.
: I faixa carbonática André Lopes, localtzadana região sudeste da Faixa Apiaí (fig
Z.l), pertence à Seqüência metassedimentar Serra das Andorinhas, do Complexo Setuva
(Campanha et. al., 1985). Estas rochas carbonáticas foram denominadas de André Lopes
:
devido ao fato destas formarem a serra homônim4 importante acidente topográfico da area-
,predominam metadolomitos calcários e secundariamente metacalc¿irios dolomíticos (fig

2.4), com recristalizaçáo moderada a intensa, devido ao metamorfrsmo de grau médio


(Campanha, op. cit.). São principalmente maciços, sem estruturas reliquiares presen'adas.
Distingue-se das demais faixas carbonáticas descritas. justamente pelo fato de
,, constituir um relevo positivo em rclação às rochas metapelíticas encaixantes, o gue torna o
sistema cárstico, desta faixa, de natureza principalmente autogênica, o que é uma exceção
na.região descrita. Pouco se conhece da distribuição de sistemas de cavernas e das
apesar, desta ¿lrea abrigar
,,características morfotógicas e geológicas do aqtifero associado,
I'I

uma das cavernas turísticas mais conhecidas do Estado de São Paulo (cav. da Tapagem, ou
do Diabo, denominação turística da mesma).

Øravp, trAtAcocA
FAIXA LAJEAOO
O Cov. Sonlono
A Cov. Pdrolos
O Cov. Loie Bronco
lc Cov. Areios

x FArxA ¡ruonÉ LoPES

go\oo'a \ t o

Colccírios
mognesionos

Fígura 2.4 - Classificação química das rochas carbonáticas do sudeste paulista, com base
no diagrama de Martinet e Sougy (1961). Análises químicas de CaO e MgO obtidas em:
Souza (1990), faixa carbonática ltaiacoca; Barbieri (lgg3), faixa carbonâtica Lajeado e
MMAJ/JICA (1983), faixa carbonática André Lopes.
CAPITULO 3
qRENAGEM STTPERFICIAL E FORMAS DE RELEVO DO
CARSTE DO ALTO RIBEIRA

3.1 Arcabouço geológico e aspectos gerais da morfologia cárstica


Duas áreas carbonáticas foram selecionadas na região do Alto Ribeira, sobre as
quuir, procedeu-se um estudo morfológico da rede de drenagem e das formas de relevo.
Esta seleção baseou-se na área exposta de rochas carbonáticas, sua estrutura geológica
(estilo e grau de deforrnação e fraturamento), presença de sistemas de cavernas mapeados e
tanto em superficie como em subsuperficie. Com isto em
a variedade de feições cársticas,

mente, considera-se que as áreas carbonáticas, denominadas aqui de Furnas-Santana e


Lajeado-Bombas (fig 3.1), compreendem uma amostra representativa da morfologia do
carste do Alto Ribeira .

Área carbonática Furnas-santana


Esta ârea carbonática forma uma faixa metassedimentar de direção NE-SW,
representando uma estrutura geral homoclinal, com direção NE do acamamento e
mergulhos moderados a altos para NW. Dobras menores, métricas a decamétricas,
assimétricas, caracterizam esta estrutura com vergência para sudeste. Estes metacalcários
exibem uma alternância rítmica de estratos .carbonáticos e pelíticos, onde os primeiros
possuem espessura entre alguns centímetros até 2 a3 metros (foto 3.t).
Estruturas primárias, como estratificações cruzadas, gradacionais e onduladas, estão
preservadas em função da fraca recristalização dos grãos carbonáticos, associada a um
metamorfismo incipiente. Estas rochas são classificadas como calcilutitos impuros e
calcarenitos finos a médios. A fração insolúvel, formada por argilo-minerais e micas finas
(sericita e moscovita) atinge ate20Yo em alguns estratos carbonáticos. Os estratos pelíticos
rpossuem esþessura bastante variável, entre alguns milímetros a 30cm, contendo até 20o/o de

grãos calcíticos. Constituem metassiltitos e filitos carbonáticos, com níveis arenosos. A


,espessura total desta unidade, incluindo a intercalação metapelítica maior, atinge 600m.
Ao longo do contato noroeste, uma importante falha inversa proterozóica colocou
os metarenitos da Serra da Boa Vista sobre os metacalcários (Campanha, 1991). O limite
sudeste da faixa carbonática é um contato normal com rochas metapelíticas e psamíticas, as
quais mergulham sob os calcários. Na direção sudoeste, os carbonatos são limitados por
uma intrusão granítica de idade proterozóica superior (frgz Z)

..,....,t.
ì,mapeados'ao:,longo dos metacalcários, como também observados em fotografias aéreas
-lanexo
3.1¡'. As:'ftaturas NE e N são atribuídas ao evento compressivo proterozóico
,,t¡èsponsávsl
:pelo:,dobramento e falharrrento inverlo, a;ima citado. O conjunto NW é
'associadq,:aió' soerguime¡to g:arqueamento crustal jurássico-cretácico, responsável pela
:.
,'intrusão de dþes baialticos'(Cãmfanha,' 1991 e Melo, 1990)'
lt R faixl topograficamente
, ,. ,rochas, mætacartonáticu"lFrr*ur-S*t"oq
com area de exnosr,tão em planta:de 2t::
"TUq 1ma
tendo co1lada pelo ,!o:"t*:..o
,,depnmrda, P1'
a-,qual representa a única saída'do escoamento suþerfigial dèsta área,, Com uma vazão média
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Y Seções dos figs. 312 e 3.3

Figura 3.1^ Ðelimitação e denomrnaçâo das áreas carbonáticas estudadas.


*1- Bairo Futnas, *2- Caverna
Santan4 +3- Ilair¡o Lajeado, *4- Baino Bonrbas.

.. , ',.: .
. ... ;.l
n'otu:',3.1'-,ECtratificaçao,¡tgrica'¿e,óamadasì êarbonáticaç; pelÍtico-carbonáticas'e pelíticas, típicâs da áxea
Fufnas-Santana. Vista daparede lateral tla galeria principal da caverna Laje:Branca' '
20

de cerca de 2 m3/s, o vale do Betari foi entalhado principalmente sobre fraturas NW,
correndo ortogonalmente à estratificação, sem desenvolvimento de cavernas ou condutos.
Ao contrário, o intenso entalhamento fluvial interceptou os carbonatos e seus condutos
subterrâneos orientados a NE-SW, formando uma série de nascentes cársticas alinhadas,
que representam os principais tributários do rio Betari, ao longo dos calcários. O
entalhamento da direção NW produziu um vale com escarpas escalonadas e encostas de alto
ângulo, que chegam a somar desníveis totais de até 80 m.

t'
NE

Rio Eelot¡ m
Rio Furnos t000
+++ \
+++++
++++
Gronilo
M e to colcdrios O 5OO IOOOm
|-J--.J'-L.J

m Superfrtie de crislos nõo corboncíticos m


900 900
800 Superf ície de crislos colcórios 800
700 Rio Furnos 700

600
( )Y/tt/t //îi::ì,,*n 600
500
Metorenilos t't'/7 / .,, //;r7,íi, / )r1ïoeetitos
O 2OO 6O0m
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0 2OO 6OOm
F.-Ë-r

Figura 3.2 - Seções da área Furnas-S4n1ana, l-lf, seção longitudinal, semiexagero vertical.
Z-ù e3-3,, seções transversais, com exagero vertical de 2x. Localização indicada nafr,g3-1
2t

A partir de uma altitude de 600 a 630 m s.n.m. no contato sudoeste, junto aos
granitos, e de 650 m ao longo da borda nordeste, a superficie geral dos topos de cristas dos
calcários mergulha centripetamente para o vale do Betari, para a cota de 260 a 280 m. Esta
superficie geral de cristas possui inclinação paralela ao traço do acamamento, mergulhando
de 30 a 40 no setor sudoeste (seção l-1', fig 3.2) e 50 a 60 no trecho nordeste, em direção
ao Betari. As cristas e picos carbonâticos atingem entre 650 e 750 m de altitude,
contrastando com os altos de 900 e 1000 m das rochas insolúveis adjacentes (ñ93.2).
Devido à presença de vales fluviais ativos sobre o calcário e injegão significativa de
rios alogênicos, esta paisagem pode ser classificada como sendo um fluviocarste,
parcialmente segmentado, seguindo a definição de Jennings (1985) e White (1988). Esta
segmentação parcial da rede de drenagem superficial, rezultando num alinhamento de
depressões fechadas compostas (seguindo a definição de Day, 1976) ocoffe na faixa
noroeste da area Furnas-Santana, assim como, ao longo da faixa sudeste, mas com uma
segmentação mais avançada, vales fluviais pouco preservados, depressões fechadas menores
e um grande número de dolinas de colapso e sumidouros. Ao longo do contato litológico,
praticamente toda drenagem atogênica é absorvida por vales cegos, às vezes com grandes
pórticos de cavernas e paredões rochosos (foto 3.2), Planícies cársticas epoljes de contato
caracterizam tanto as extremidades nordeste e sudoeste desta área. Sistemas de drenagem
subterrânea, com cavernas verticais e horizontais estão bem desenvolvidos, comforme será
mostrado no capítulo 4.
morfologia geral dos morros e morrotes é de cones cársticos assimétricos,
A
estruturalmente condicionados, alinhados pela direção do acamamento e truncados por
juntas transversais (foto 3.3). Corredores cársticos são freqüentes entre estes cones, assim
como, às,vezes, sobre estes, refletindo um alargamento e entalhamento de fraturas por
dissolução.
, Finalmente, uma característica importante desta área, é a superficie extremamente
:
inegular dos calçários, os quais afloram pouco, devido à exuberante coberrura vegetal
, associada a um manto espesso de solo residual'
i.,' ÁreacarbonáticaLajeado-Bombas
: Com no mínimo 47 knp (em mapa) de rochas carbonáticas continuamente expostas,
r ,esta é uma das maiores áreas carbonáticas do carste do alto Ribeira (fig 21)' Esta região
granulação fina a grossa,
consiste predominantemente de metacalcarenitos cinza escuros. de
,,.'com estratos maciços, de espeszura entre algUns decímetros a 5 m' Intercalações de
:i.-:.: . I -,- -- ,.17..
',:mètacalcarenitos impuros, argilosos e micáceos, assim como de metassiltitos puros e
,,carbonâticos, além de filitos carbonáticos são freqüentes. A espessura destas intercalações é
i'=dâlord"m
de l0 a 40 cm. A litologia predominante desta área, com exceção da característica
', macìça e espessura maior dos estratos calcários, é muito semelhante à seqüência ca¡bonática
:', ¿a.iegiao Furnas-Santa¡a.

l-,,,,,.,', Dois domrnios estrutu:ai1 sa¡. identificado..tt:*u área (anexo 3.2). O Primeiro.é
.:1¡s ntu¿o:,por um sincliíali,ligèiøinente assimétrit9'..to- dnegeo
g.e,r4',ltIE-SW do
-io'è'50o
p*at SE flw,. s flancos'possuem dobtas
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Suoerfície de cristos nõo corboncílicos"
Vole ccao
'8OO
Polie de conlolo
Oepressõo dos Areios
Superfície de topos colccírios
-..-^- -\ ¿ !
!600
\ ^- '(--l '¿.'
,l
Rio Bclorl -::-

Dique bcísico l.)


F)

400
200

o 200 6@m

Figura 3.3 - Seções da área Lajeado-Bombas. 4-4'- seção longitudinal, sem exagero
vertical. 5-5'- seção transversal com 2x de exagero vertical. Localizaçáo das seções indicada
na fig 3.1
23

Foto 3.2 - Paredões calcarias associa.dos a vaies oegos, oaracterísticos do conüâto entre
metapelitos e netacalcínios. Vale cego da. caverna Laje Branca, contato SE da área F¡¡nnas-
Santana.

Féto S,f - Exemplo de cone cárstico. Á¡ea Furnas-Santana, vista da estrada Apiai -
Iporanga;.do ¡airante da serra da Boa Vista.
ta:i

.e
:,:ii
Ìril
r,c::iii
24

menores abertas, que ondulam a superficie do acamamento. O flanco sudeste deste sinclinal
passa para uma estrutura homoclinal, com direções paralelas, porém com rnergulhos altos,
de até 80o, dominantemente para NW. Este seior homoclinal perfaz o segundo domínio
estrutural, interpretado por Campanha (1991) como sendo um anticlinal com flanco SE
invertido junto a um importante falhamento reverso (falha da Figueira). Juntas e falhas
subverticais são freqüentes, com direções predominantes N20-30E, N50-70E e N60-70W
(anexo 3.2).
Esta area carbonática, quando comparada com a região Furnas-Santana, distingue-se
desta, por exibir um ¡elevo mais homogêneo e um padrão de depressões poligonais mais
desenvolvido, conforme será detalhado adiante. Circundada por metapelitos e metapsamitos
finos, a água de injeção alogênica nasce em cotas de 800 a 900 m, atingindo os calcários
entre 450 a 500 m.s.n.m. (fig 3.3). Com exceção do rio Betari, toda água coletada sobre
37,14 km2 de rochas insolúveis é injetada nos metacarbonatos, o que condiciona foniras de
absorção de água atogênica, como poljes de contato, grandes vales cegos e sumidouros, ao
longo do contato litológico. O rio Betari, ao contrá'rio, cruza os carbonatos formando um
vale tipicamente fluvial, representando o nível de base local relativo à drenagem
subterrânea. De modo similar ù ârea Furnas Santana, a drenagem superficial sobre os

calcários denota uma paleodrenagem fluviocárstica, mas com um grau de segmentação mais
alto. Vales .secos, hoje pouco ativos, mas com testemunhos de depósitos fluviais,
encontram-se interrompidos por sumidouros. A paleodrenagem pode ser parcialmente
traçada, seguindo o alinhamento de depressões fechadas. Muito pouco escoamento
superficial ocorïe presentemente. Pequenos córregos autogênicos seguem somente algumas
dezenas de metros em superficie, pois são rapidamente absorvidos por sumidouros. Alguns
destes dão acesso à cavernas verticais com desníveis de até 80m.
A morfologia geral da superficie carbonítica é de morros arredondados, com
encostas suavemente convexas e fortemente inclinadas. Apresentam freqüente alongamento
maior em direções preferenciais (NE e NW) paralelas à juntas ou traços de acamamento,
formando cristàs. Entre estes altos ocorrem vales, de contorno muito irregular,
representando o fundo de depressões fechadas poligonais. Estes vales, quando colmatados
por depósitos residuais (colúvios), possuem fundos planos ou ondulados com dolinas de
,subsidência (foto 3.4). Exposições da rocha limitam-se à encostas subverticais, onde
formam escarpas rochosas. Estas ocorrem principalmente ao longo das bordas de poljes de
contato, vales cegos e corredores cársticos. Quando exposta, a superficie calcaria é

.entalhada com caneluras de dissolução (rillenkarren), abertas ao longo de fraturas e planos

de acamamento.
, Ainda em contraste com a região anteäor, esta posst¡i menor incidência de
estruturas de colaPso.

'' !,2' Zon'ea¡mento'morfológico das'áreas de amostragem


, ;,¡'¡¡: .Cs6,s:sbjetivo de avaliar a distribuição espacial das formas de relevo, suas
,'drenagem, foi re alizudæ a
:
própriedades;: plaqimétricas" e relação com o , sistema - de
:,

:l
25

fotointerpretação detalhada em escala l:25.000 da região em estudo. Atenção especial foi


dada, sob magnificação, ao traçado dos divisores topográficos, sumidouros e canais de
drenagem ativos e inativos. O método de Williams (1972a e 1972b) foi parcialmente
seguido.
Com base nos mapas morfológicos obtidos (anexos 3.3 e 3.4), observações de
campo e cartas topográficas I : 10.000, as seguintes zonas morfológicas foram
individualizadas (anexo 3. 5):

3.2.1Zona fluvial
A paisagem sobre calcários, modelada principalmente pela água de escoamento
superficial e processos fluviais normais, é classificada aqui, como sendo uma zona fluvi¿il, o
que sobre rochas carbonáticas extensivas, constitui exceção. O vale do Betari, cruzando as
áreas carbonáticas Furnas-Santana e Lajeado-Bombas, como também, parte do vale do rio
Furnas, são os principais exemplos (anexos 3.3,3.4 e 3,5).
Nos carbonatos Furnas-Santana o rio Betari formou um vale fluvial entrincheirado,
com encostas fortemente inclinadas, do tipo through valley, segundo a classificação de Ford
e Williams (1989). Com uma vazão média de aproximadamente 1,2 a 2 m3/s junto à borda

do calcário, o Betari nunca foi absorvido por condutos subterrâneos. Isto é interpretado,
como sendo conseqüência de um favorecimento ao entalhamento superficial em competição
com a taxa de abertura de condutos subterrâneos. A causa deste favorecimento é a
combinação dos seguintes fatores: alta descarga fluvial (2 m3ls), situação estrutural
desfavorável para injeção de água, (sentido do gradiente hidráulico contrário ao do

mergulho da estratificação, anexo 3.6) e a presença de fraturas extensiyas subverticais, com


traço NW,.paralelas à direção regional de entrincheiramento do rio Betari. A combinação
dos controles hidrológico e estrutural acima e suas conseqüências morfológicas, é muito
semelhante à situação descrita por Mills (1981), para o carste do norte de Vancouver,
Canadá.
Deve-se lembrar também, a implicagão geomórfica do transporte de sedimento

fluviat. O Betari nasce no planalto, em tomo da cota de 1000m, atingindo o calcário a 285m
(anexo 3.6). Este rio, e seus principais tributários, apresentam um gradiente hidráulico
(variação de altitude, Âh, sobre a distância horizontal correspondente, Al) médio de 0.208
(Z},go/o), à montante do calcário. declividade relativamente alta, aliada à morfologia
A
entalhada, indicam alta capacidade erosiva e de transporte desta drenagem. Após a transição
,rentre o planalto e a borda da planície do rio Ribeira, o gradiente do rio Betari decresce para
:- 0:03-0.04 Q a a%). Esta brusca redução de inclìnação ocorre a cerca de i,5 km antes do
rio. atingir os carbonatos Furnas-Santana. Isto implica numa importante redução de
, velocidade e capacidade de transporte da carga detrítica pelo rio, o que causa a deposição
-.de:cascalho e areia grossa. Estes depósitos fluviais, isolam parcialmente o leito fluvial
corrosão. Durante eventos de alta vazio, a carga de
'.:sar6enátiço;,protegendo.o daabrasão e
ì. !,,
:.'fu"do,,préviamente depositada;,.é arrastada ao longo do canal, erodindo e rebaixando o
-'.talve
è,,t¡i16':pouco sedimento é observado no leito do setor de alto gradiente. Com
26

exceção de armadilhas locais preenchidas com cascalho e areia, predominam seixos, calhaus
e matacões. A quantidade de sedimento deposit4do aumenta à jusante, atingindo o mâximo,
qgando o rio Betari intercepta os calcários Lajeado-Bombas, junto ao-Baino;da'-Serra.
Neste trecho, o rio exibe a paisagem fluvial mais desenvolvida, sobre carbonatos, atingindo
ó gradiente mais baixo, com 0.0092 (0.9%) de declividade. Em contraste com os calcários
FurnaS-Santana, onde o vale possui encostas fortemente inclinadas e talvegue estreitcl, a
zona fluvial Lajeado-Bombas é caractenzada por um talvegue largo. aliado a uma cobertura
aluvial mais expressiva, onde o rio apresenta padrão meandrante (sinuosidade
: 1,49) com
uma planície de inundação bem desenvolvida'
._ D.evido à -aþertur4 do vale e a redução brusca de gradiente, instalou-se umq si!r,¡qção-

-deleque aluvi.al (segundo a definição de Rust; 1979), na chegada-do--rio-la-planície do


Bairro da Serra. Os depósitos fluviais, com espessura muito variável. atingem cerca de lzm
no máximo, sendo compostos por caScalheiras sustentadas por clastos, grossas a finas, com
calhaus e blocos; cascalheiras mal selecionadas sustentadas por matriz arenosa, assim ccmo
cordões de areia e depósitos síltico-argilosos. Ocorre uma importante contribuição de

partículas finas nestes aluviões. Esta fração fina, em grande parte, é proveniente da lavagem
das encostas íngremes e intensamente intempenzadas que circundam o vale.
Embora com situação estrutural favorável (mergulho da estratificação concordante
com a direção do gradiente hidráulico), o rio Betari não foi capaz de ser absorvido por
condutos nesta área carbonática. Isto é explicado, através da ação protetora da cobertura
sedimentar contra o processo de injeção de água nas desconti¡uidades do calcário.

Principalmente as partículas finas, que colmatam parte dos proto-condutos em iniciação,


reduzindo o fluxo de água e corrosão ao longo destes, o que, por sua vez, causa redução na
taxa de. abertura de condutos e, conseqüentemente, um aumento relativo da taxa de

entalhamento superfi cial.


Comparando a morfologia dos vales fluviais das rochas psamíticas e pelíticas, com a
de rochas carbonáticas, ao longo do rio Betari (anexo 3.6), nota-se que nestas últimas os
talvegues são da ordem de 5 a 30 vezes mais largos que nos primeiros. Este fato também
está relacionado à dinâmica fluvial. Sobre calcârios, o gradiente fluvial e
os
sistematicamente inferior do que nas seções não carbonáticas, o que condiciona acumulação
maior de sedimentos sobre os primeiros, conforme foi observado. Graças a esta cobertura, o
talvegue carbonático é mais protegido da incisão vertical, o que causa uma eficiência
r
relativa maior da erosão e corrosão lateral, alargando mais os sales carbonáticos. em
relação aos não carbonádcos.
,t O rio Betari representa, atualmente, o nível de base local dos sistemas de drenagem
:,das áreas carbonáticas em estudo. O entalhamento e alargamento do vale do Betari nestas
':'âreas, interceptou a drenagem subterrânea, formando ressurgências, as quais formam os
,ìrincipais tributários deste rio ao longo dos carbonatos. Estas nascentes cársticas dão
¿.g o à srstemas de cavernas ,e rios,,subterrâneog com exceção de ressurgências mais
,
pÑ¿¿¡,"ótlago do,Baino da,Sèrra e o córrego Seco. O desenvolvimento desta f'..
;.ir

'Cirúaó äai ¿iScuti¿¡no:capÍtulo 4,


ijÌi

, 1il
2',1

A retração das encostas do vale do Betari na ârea Lajeado-Bombas, em flrnção da


erosão remontante causada pelo escoamento superficial ao longo destas, invadiu a
superficie de depressões poligonais, iniciando a remoção de cristas adjacentes adrndos de
depressões. A evolução deste entalhamento remontante está causando uma inversão cle

relevo, onde es fundos de antigas depressões fechadas localizam-se atualmente em sristas.


Um exemplo deste processo é o abismo Ponta de Flecha (fig 3.4), cuja entrada hoje está
sobre uma crista, mas que no passado, representou o fundo de uma depressão poligonal,
conforme é evidenciado também, pelos depósitos clásticos, ricos em ossadas da fauna
pleistocênica, preservados em patâmares desta caverna vertical (furmana lg82 e Barros
Barreto, et. al., 1982). Esta inversão de relevo é, portanto, conseqüência da concon"ência
entre a evolução da superficie de depressões poligonais e o entalhamento e alargamento
'fluvial do vale do Betari, onde este último processo, tem ocorrido com taxas superiores.

-:é:
[-.J- .--

\ì---
-ì-
\3,.

O 4OOm
l¡r.{-14

---r'- Drenogem

Rovinomenlo
Poleosumidouro de depressõo
Zono fluviol ' poligonol

6 Sumidouro olivo
Rio Eetori

<-,+-l dreo mín¡mo de ontigo


L--¡ depressõo poligonol
ì- --- Ptonície oluviol
/- Abismo Ponlo de Flecho 2- Abismo Logos Suspensos

,itr'igu¡a 3.4 - O abismo Ponta.de Flecha no contexto da inversão de relwo causada


pela retração das encosfas
,-d-o,vale do rio Betari, bairro da Sena" iírea Lajeado-Bombas.
'

,'.,,*'-, ,O segundo domínio fluvial sobre calcários da área de estudo é parte da bacia do rio
.,Fuinas.,entre a vil1 homôrima e sua junção ao rio Betari (anexos 3.3 3.5 e 3.6). Três
;5 mèlto.l moffotógicos constituem a bacia do rio Furnas. O primeiro setor, com direção
,.¡,IB-SW-
.-. 1_-.,, ____r_:ï-, a bordà
âcomoanliando :- ::_-:-:. 'nordeste _:a forma
___l.... dos calcários, .. um. '.
alinhamento de
dep¡esSq-és,fechadas;,có¡¡posdas ,com:ignld'oùros,e,q,m...cùal segmentado, aq longo do qual
I '
. .,, : :
. .' , :.,
..' Iì
, .
28

0.l4 (14%) e desvio parlrão de


pouca água corre atualmente, com uma inclinação média de
0.21 (anexos 3.3 q 3 6) Esta paisagem é uma transição entre a morfiologia fluvial e a
morfologia cárstica superimposta. O segmento verdadeiramente fluvial, inicia-se o¡de o rio
inflete para a direção NW-SE. Neste trecho, o gradiente do talvegue aumenta para 0. [7
(desvio padrão de 0.23), sendo escalonado com cachoeiras. O vale torna-se fechado com
encostas abruptas. A vazão atual do rio Furnas é decorrente quase que exclusivamente
(-0,15 m3ls¡ da caverna do Grilo, que é uma nasc.ente cársticalcscalizada no início deste
trecho do rio Furnas. Seguindo com características puramente fluviais, o terceiro segffìelìto
inicia-se quando o rio atinge o contato SE do calcário. O canal assume declividade méclia
uniforme de 0.11 (desvio padrão de 0.03). O vale abre-se bruscamente e a quantidarle de
sedimentos aumenta em função da redução brusca de gradiente. O talvegue alargado está
coberto por depósitos aluviais e coluviais interdigitados.
Uma feição interessante, a ser discutida adiante, é a caverna Santana, a qual çIllza
por baixo do segundo setor do rio Furnas e ainda não foi interceptada pela. incisão deste
Resta ainda a questão do não desenvolvimento de condutos ao longo do segmento
NW-SE do rio Furnas. Similar ao rio Betari, a situação estrutural é desfavorávei à injeçao
de água nos planos de acamamento. Outro fator notado, é a natureza principalmente
autogênica da água do rio Furnas (índice médio de saturação em CaCO3
: 0,28), o que a
torna pouquíssimo agressiva, favorecendo portanto, a capacidade de abrasão mecânica
deste escoamento superficial em detrimento da aberntra de condutos

3.2.2Zona de contato
Esta é a unidade morfológica dominada por feições de injeção de água alogênica,
formando uma faixa ao longo do contato dos metacalcários (anexos 3.3,3.4 e 3-5).
por vales cego s, pof es de contato e sumidouros, os quais absorvem o
Caracteriza-se
escoamento superficial das rochas insolúveis que contornam os metaealcálios A
nomenclatura destes têrmos segue Gams (1978), Jennings (1985) e Ford e Williams (1989).
De modo geral, o contato entre metapelitos-psamitos e metacalcários é marcado por
um vale assimétrico, cujo flanco sobre os calcários é formado por uma superficie
suavemente ondulada, de largura variável, parcialmente coberta por depósitos aluvio-
icoluviais e marcada com sumidouros e afundamentos de terreno. Esta superficie termina
junto a encostas íngremes de calcário (fig 3.5).

,, Vales cegos são melhor representados ao longo do contato sudeste da ârea Furnas-
Santana (anexo 3.3) e contornando grande parte do contato dos calcários Lajeado-Ilombas
(anexo 3.4). Estes vales possuem morfiologia flurial normal, com gradientes entre 0.L2 e
,0,33 sobre os metapelitos (fig 3.5). Esta drenagem adentra-se sobre os carbonatos erltre 50

,'400ro, com uma inclinação média de 0,04. Os vales cegos com maior penetração nos
calcários, ocorrem na borda sudeste da área do Lajeado, associando-se às maiores bacias
de
,

.captação alogênica e aos. mais desenvolvidos sistemas de cavernas. Estas incisões no


, calcáriofofmaq anfteatros, que em mapaapresentam padrão semi-ci¡cular a tnangula¡ com
encostas fortemente inclinadas e paredões rochosos. O fundo destes
anfiteatros é cobelto ;:l
rii!

li:Ìi
29

o.29 -ù€._ Conloto litoldgico cnlrc MeloPêlitos(M)


e Melocolccírio(C )

Sumidour o

o.z4

o.r8

o.30

o.3 t

q.33

o.27

200 600 m

Figura 3.5 - Perfis compostos de vales cegos. Gradiente médio indicado à esquerda..

SH

-450
Anligo nível do
sumidouro
\
\
-4()0
)\-\ Tolus

\\\\\ Vole cego


Blocos
oboridos
\\' ¡:r'..i\
ì- :\:

-- '.\ ._.."q,ñ

\- - Þ--..
\-l- \-\

"#
Nível otuol
de condul(rs

ßigi$.3.6:,i'Sèção Macllui$os, representando um salão de


fa,.carrerna ¡Laje,d91 Lajeado-Bombas'
desmoronamento associado.a,um,'paleo.sup¡douro: Borda ì!-E,da' área
30

por depósitos residuais e de tá{us dos calcários, com blocos e matacões, aiérn de

cascalheiras e calhaus fluviais. A maioria destes vales cegos apresenta salões de ab¿timento,
cujas entradas localizam-se cerca de 40r¡ em desiúvel, acima dos sumidouros atuai$., r.r.onìo

por exemplo, a cavernaLage dos Macaquinhos (fig 3.6), que ocorre no contato NW da área
Lajeado-Bombas. Estas cavernas de abatimento, são interpretadas como sendo testemunhos
de um antigo nível superior de sumidouros.
Poljes de contato foram identificados no setor sudeste e nordeste da região Ïr'¡rnas-
Santana (anexo 3.5) e na extremidade nordeste e sul-sudoeste do corpo carbrxrático
Lajeado-Bombas (anexo 3.5). Similar aos vales cegos mais entalhados, estes ¡tolies
associam-se aos rios alogênicos que desenvolveram importantes sistemas de drenagem
subterrânea, com cavernas. De fato, os poljes de contato diferem dos vales cegos, sornente
Isto sugere uma
pela maior área da superficie plana coluvio-aluvial presente nos primeiros.
transição entre vales cegos e poljes, onde certos vales cegos, clada uma dieuagem
subterrânea eficiente, por um período de tempo maior, podem evoluir para poljes, conforrne
interpretação esquematizada na fr,g 3 .7 .

poljes de contato são caracterizados por córregos de baixo gradiente associados


Os
auma superficie suavemente ondulada e coberta por material aluvial e coluvial (fig 3.8).
Esta cobertura detrítica possui espessura irregular, atingindo vários metros. É composta por
terrígeno síltico-arenoso com cascalheiras e blocos, refletindo a composição rlos
ma,terial
metassedimentos vizinhos. O fundo calcário aparece somente em raros pontos, na forma de
.elevações arredondadas cobertas por solo residual. Grandes blocos basculados de c:aicário
.-sao requenres, as vezes, com restos de cavidades e espeleotemas, sugerindo remanesce.ntes

, é delimitada por encostas cal:ánas


de cavernas em escarpas colapsadas. Esta planície
: abruptas ou pelo próprio contato litológico, com quebra na declividade Salões de

'abatimento ou abrigos rochosos ocoffem ao longo destas escarpas e o sumidouro pdncipal


'énormalmente entre blocos na base ou próximo da escarpa calcária.
' Onde não ocorrem poljes, nem vales cegos, a zona de contato é caracterizada por
uma estreita planície ondulada por depressões rasas, desenvolvidas sobre materjal residual
insolúvel dos carbonatos, que grada lateralmente para depósitos de encosta e aluviöes dos
metapelitos adjacentes. Algumas destas depressões encontram-se conectadas por cÓrregos
,intermitentes, ativos somente durante épocas de alta pluviosidade. Afloramentos cáicarios
:::5f,s eScâssos, restringindo-se à matacões e blocos imersos em solo residual. As bacias cle
',captação destes setores são relativamente pequenas, quando comparadas às dos vales

,,rrgor. A descrição de.semi-vale cego de Jennings (1985) é similar a esta feição, a quaÏ é
,bém representada na borda centro-sul da região do Lajeado (anexos 3 '4 e 3 5) '

, 3 2.3' Zona
fluviocárstica
'
:: i :. .

estudadas, onde a drenagem superficial. ainda é


.

.,.,,' , Setores das áreas carbonáticas


,flpêsâf de iqrportante infiltração, juntamente com feições cársticas :i

",piedòminunt",:
sãg. classilcadas aqui como zonas fluviocá.rsticas (figuras 3.4 e 3.5). A
::il
seguinte
,.consþicua¡, r:l,i
,:ll
I ili
morfologia c racterrza esta paisagem :
ì,,,!
;t¡

iid
3l

Metopeliîos
\ locolc<írios
\"'

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J C}
F
(n
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z IJJ
ii:)
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( -Entolt o-ento vodoso tiJ
Õ
t Tronsiçõo de vole cego
\t
J\-
-Retroçôo do encosto
por colopso
r/J

poro golje de conlolo -colcdrio

\a-r-- ta'.

Figura 3.7 - Evolução esquemâtica de poljes de contato. A- Fase inicial de exposiçã* dos
calcários, escoamento superficial (R) predominante. B- Desenvolvimento de c.otldutos
,subterrâneos e infiltração (I) crescente. C- Condutos integrados, rebaixamento ejo ì'l 4' e
absorção total de R através de sumidouros, com instalação de vales cegos. D- Incisão mais
profunda de vales çegos, entalhamento vadoso sobre condutos subterrâneos e retraçãio da
àncostatalcåria por colapso de cavernas. E- Desenvolvimento de planície aluvial-coluvial
sob,r,e os calcârios, caracterizando o polie de contato ìr'

tìi
' : i"ii
I '.. : ." .
a :':,......:: :. I
:!9
'
:. ' ' .. .t..' I. .. , ,
F,'ì

rr;ll
32

-
Drenagem superficial parcialmente ativa com escoamento superficial re,duzido
Córregos alogênicos seguem seu curso sobre o calcário, mas, perdem gradativafiì'rnte sua
vazão. Às,reres exibem vales entalhados, hoje praticamente inativos, como por exernplo, na
área de captação do sistema Àguu Suja, noroeste da região Furnas-Santana.
Vales secos podem ser traçados facilmente sobre fotos aéreas 1:25.00Û. {.¡ua.rtclcr
observados em campo, apfesentam canais com sedimentos fluviais alóctones, interrorirpidos
por depressões rasas.
Divisores de água entre sumidouros, ao longo dos vales, são pouco desenvcl'"idos,
sendo dificilmente reconhecíveis em escala 1:25.000.
Zonas fluviocársticas foram delimitadas no sudoeste e nordeste da ítrea c¡Lbonática
Furnas-Santana e ao longo da faixa sudeste e extremidade nordeste da ixea I 'i,it:'ado-
Bombas (anexo 3.5)

:--ì-{-z _-,-::
--t:
\-......'..- ./'
--ì
-6OO--f-
t_

-
O IOO 3í)O ¡n

(--' Drenogem com surnialourc)


Encos'lo obruPlo c0rn f)ore-
fffc -< dões rochosos
,- -' Conlolo litoldgicr:

I Alilude do ocomorr'enl o
-t¿
,.Qoo . Ponlos colodos

rltto MC Metocolcdrios
:.,10o,
MP MeloPe lilos
,t:à50
.:60o,
/ii MA Melor e nilos
,.m '/ /
itl t
O 3OOm o ttívio-cnr uvio s
ì1.ë-l mDepdsitos i

sisle¡na de
JJ

, A presença de sedimentos fluviais alóctones por longas distâncias adentro dos


'calcários, indica que um importante sistema fluvial precedeu os vales atualmente quase
:.sêcos. Isto pode ser observado no setor sudoeste da área Furnas-Santana, onde-a bacia de
do rio Furnas exibe canais com cascalho e areias, incompatíveis com as
; drenagem reliquiar
desiargas máximas atuais. A diminuição gradativa da vazão à jusante, não somente
: concentrada em sumidouros pontuais, indica uma infiltração dispersa, que ;por suâ vê2,
sugere condutos cársticos (permeabilidade secundaria) pouco desenvolvidos, em grande
parte desta zona.
,t A topografia geral da zona'fluviocástica é de morrotes suaves e ,aredondados, com
..icones cársticos isolados entre vales fluviais parcialmente inativos.

''3.2.4 Zona de depressões poligonais e a transição de fluviocarste para carste poligonal


ì' Esta é a paisagem sobre rochas carbonáticas, onde o escoamento superficial, de
iï¡atureza essencialmente autogênica, éltotalmente absorvido por sumidouros (insurgências)
i.localizados nos fundos de depressões, as quais são delimitadas por divisores de água,

i:formando um padrão planimétrico celular de polígonos irregulares (anexos 3-3 e 3.4). O


:tiermo depressão poligonal, ou fechada, utilizado aqui, segue a definiçao, de Williams
,,.'(ÌgfZU) e Day (1976), como sendo uma depressão de dissolução, a qual é drenada para um
i,,ou vários sumidouros internos, através de uma rede de drenagem incipiente e centrípeta.
t,', Estas depressões foram demarcadas sobre fotografias aéreas l:25.000. Devido à
:'.þpsença de mata densa sobre grande parte dos calcários, a localização exata de alguns
,:ir,sumidouros e divisores foi dificultada, induzindo um certo effo e distorção neste traçado,
i''soÀente detectável após zua demarcação em campo. Mas, o padrão geral dos polígonos,
:,ì:.'':
tticompatível
com a escala 1:25.000, está bem expresso nos mapas morfológicos, conforme
::.jrl
,::yerificação realizada em campo.
i..'., Na área carbonática Furnas S4qtana, as dgpressões poligonais concentram-se em
ìfuur de direção NE-SW, principalqenle e4rqì ò pontato sudeste dos calcários e a
r,':,"ûe,rcalação pelítica central, ac-ompanhîdo o alinh**ot::o" da estratificação (anexo

,.'-1)' No,c.orpo carbonático Laie,ado;Bombas,.(anexo 3.5), a zona poligonal é mais


irregulares; principalmente ao sul do vale do Betari
liaexpressiø óm area, formando manõhas
!'l¡'i 66[ö.. aljt esta unidade morfológica é, caraclenzada por uma superficie,intensamente
:... .:
,:.ôndUlada, ogrl c¡istas nas cotas de,600 a 700m e fundos de vales fechados entre 420 e
' .550m, pioduzindo uma variação altimétrica (relevo relativo) de até l30m (fig 3.3)
.
:'. ' Deprqssõês:fechadas, com dimensões moderadas (entre algumas dezenas à centenas

¡i,Oe truS ;.d.iâmgtro), são consideiadas como sendo a unidade essencial do relevo

ii¡
34

Foto S.4 - Dolinas de subsidência em fundos de depressões poligonais. Sudeste da irea

I-ajeado-Bombas.

..: ',. d l'

Foto,3.5 - Vista típica de cones cársticos que delimitam depressões potgonais. A¡ea
Ujeâdo-nombas,,local dsasminado Sítio Novo.
35

investigações geomórficas e hidrológicas do relevo, Gunn (1981a) confere às depressões


fechadas a mesma posição na hidrologia de sistemas cársticos autogênicos, ou seja, para
, caractenzar o escoamento superficial de terrenos cáLrsticos e os mecanismos de reearga dos

, aqüíferos associados, é fundamental a demarcação e caracteruação morfológica destas


bacias poligonais.
,- Com o objetivo de integrar o processo de desenvolvimento das formas de relevo
::com a evolução do aqüífero cá,rstico (tema do cap.4), procedeu-se a identificação dos tipos
,'de depressões fechadas presentes nas áreas de estudo. Dois tipos fundamentais foram
,,,reconhecidos, em função de seu tamanho (áLrea em planta) e padrão de drenagem interna,
,..6þ5ervados em fotografias aéreas l:25.000, mapas topográficos 1:10.000 e, quando
,'possívêI, em campo. A área das depressões foi medida sobre os mapas morfológicos,
i¡utilizando
o programa Autocad I I (detalhes são apresentados no item 3.3). O padrão de
.drenagem, foto-restituído, foi classificado conforme as ordens de Strahler (19õ4) para redes
,' de drenagem superficial.

., , Depressões simples são aquelas com á'rea planimétrica menor (entre 0,003 e 0,05

',.km2) e somente um sumidouro principal. A drenagem interna é pouco desenvolvida, sendo


::, :
,',formada por ravinas e canais incipientes, predominantemente de segunda ordem. Suas
,'profundidades (desnível entre o sumidouro e a crista de divisor mais próximo, em cota, fig.
::r.. l
l.3.9) variam entre 5 e 30m. O contorno destas depressões é bastante irregular, tendendo a

,'{ormas planimétricas poligonais (triangulares a hexagonais) ou, às vezes, subcirculares a


r,ielípticas, conforme se nota nos mapas morfológicos e no exemplo da fig 3.9. O eixo maior

,ì,destas figuras varia de 50 a 600m. com alguns casos extremos, de até 900m. As encostas e
t,fundo
apresentam-se cobertas por solo residual argiloso escuro (rico em matéria orgânica).
,,E¡posições rochosas são raras, limitando-se à pequenas escarpas, ao longo das encostas, ou
,:l'lajedos próximos aos sumidouros. A
água coletada pela superficie destas bacias é.
l. lt ,

ì,'transmltidapara subsuperficie através de infiltração difusa ou concentrada ao longo de um


;:ionduto vertical (shøfù, conforme será discutido adiante.

,, Depressões compostas caracterizam-se pela área maior (aproúmadamente entre


ò;05 e 0,8 krn2), contorno mais irregular, quando comparadas com as depressões simples e
uma rede de drenagem interna mais complexa, com múltiplos sumidouros (fig.3 l0). A rede
iàe
drenagem interna é formada por canais desenvolvidos, freqüentemente de terceira ordem,
apresentando-se intenompidos por sumidouros. A superficie interna é ondulada, possuindo
vários pontos baixos, os quais podem, ou não, estar associados à sumidouros. Na escala
l:25.000 não é possível individualizar os divisores destes pontos baixos. Sua profundidade é
:*ito variável, oscilando entre l0 e 80m, com um valor excepcional de 130m. O eixo maior
'destas figuras atinge máximos de até 2,7 krn. Detalhes morfométricos são apresentados no
item 3.3. O padrão geral destas depressões é de uma superficie ondulada, com inclinação
geral çentrípeta, demarcada por divisores topográficos bem desenvolvidos.
:.,.,,,i Tilrto as depressões simples; como as compostas, são delimitadasr por morfos
t¡$aù:* ¿Stueiês triaogulares, e cristas com encostas suavemente concavas e fortemente
ìi.
11
i:
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36

"-y' \i/
t"ípAS:- Vole- Cegò oo
Govcrno Loje Bronco
\

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Coverno Tobiog
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frffi rur,l s
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?
Divisortopogrrifico
I
I

l- 4 Drenogem

(ì"')ì\ o Sumidouro incipienle


iercolocoo
brope I íiico
o Sumidouro outogênico
\¡ìIì.ìi Sumidouro ologênico
O 2OO --ã
./ ./
6OOm Contoto litolcí9ico
r--.-¡-------
-.,¡ P Profundidode

Figura 3.9 - Exemplo do padrão planimétrico de depressões poligonais simples da região


..
Furnas-Santana,
I -':----- .:i-.----i' P- profundidade da depressão..Contornos extraídos da folha V12;
'l:10.000, DAEE,
.-:. ... . ':. ..:.: .:,..1.'..
1957.
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Divisor topogrdltco
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Drenqg¿m
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a o Sumidouro olivo e incipie nIe
C ./ Contolo lilolóoico
.7 M C-^utocolccjriõs M-melopehlos
;þ"- curvos de nivel
Divisor topogrdf ico inçìpis nte

, -;) Ressurgêncio, sumidouro


o 200
-

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38

inclinadas, as quais convergem internamente para uma zona rebaixada (figuras 3.2 e3:3'e
foto l.S).
As depressões simples identificam-se com cocþíts, definidss por Sweeting (1958)
para o carste da Jamaica, enquanto que as compostas enquadram-se na categoria de uvalas,
pelo fato de possuírem múltiplos pontos de infiltração (Terzaghi, 1958, apud White, 1988),
apesar das uvalas originalmente.descritas, não apresentarem uma amplitude de relevo, tal
qual, as depressões compostas aqui descritas.

I
Dolino de dissoluçõo com Dolino de dissoluçõo com
infiltroçõo difuso inf iltroção concenlrodo

C Dolino de colopso

O lO 4Om
¡+¡-r.t:

Figura 3.ll - Representação esquemática dos tipos fundamentais de fo¡mas de absorção do esÇo44enlo
r,tf"maa em fun-dos de depressõès poligonais na região estudada. A- inñltração difusa ao lo¡rgo {e !,aturas
alargadas por dissolução e colmatadas com mæerial residual. B- infilrração concentrada ao longo.':de
òooãoto. verticais abértos (abismos). C- absorção direta do escoamento por condutos de sistemãs::de
caYelnas. :... r,:..- 1,
39

intensa, formam alagamentos, que na época seca transfonnam-se em zonas de solo argiloso
escuro e úmido. Esta morfologia é típica de dolinas de dissolução, associadas à infiltração
vertical difusa da água meteórica ao longo de fraturas e juntas alargadas, conforme os
modelos de Gunn (1983) e Williams (1985) O segundo tipo, menos freqüente que o acima
descrito, é constituido pelos sumidouros pontuais e abertos, muitas vezes associados à

cavernas verticais (fig 3.lla). A entrada destes condutos verticais localiza-se no vértice de
depressões cônicas, com encostas mais íngremes que no caso das dolinas de dissolução.
Estas feições são denominadas de poços ou chaminés de dissolução (White, 1988), sendo
associados à infiltração vadosa concentrada ao longo das paredes de condutos verticais.
Grande parte dos abismos, denominação espeleológica de cavernas verticais, comuns nas
áreas em estudo, são exemplos destas feições. O terceiro tipo, e menos comum, são as
depressões com paredes rochosas e fundo coberto por bloços, matacões e depósitos finos
de encosta, os quais formam um. talus que vai de encontro à salões subterrâneos ou
condutos associados a rios subterrâneos (fig 3.1lc). Estas feições ocotrem, tanto em fundos
de depressões compostas, como simples, resultando do colapso de cavernas, devido à
intersecção do rebaixamento da superficie com o nível de condutos e salões subterrâneos.
As formas acima descritas, representam os três tipos extremos (end members) de
absorção do escoamento superficial para subsuperficie, devendo-se ressaltar aqui, que

ocorrem diversas formas de transição entre elas e, também, associação destas numa mesma
depressão poligonal, principalmente nas compostas. O exemplo mais freqüente de
associação é a ocorrência de pontos de absorção na forma de condutos vadosos verticais
(feições do 20 tþo) ao longo das encostas de uma depressão poligonal maior, enquanto que,
, nos pontos mais baixos desta mesma depressão, incider¡ mais freqüentemente, dolinas de

i.:l dissolução (formas do 1o tipo), confonne esquema dañ9. 3.12.


¡, ,,
l,A origem desta associação é inte¡pretada como sendo conseqüência do mecanismo
.Ìr,.,'¿s evolução de um conjunto.de depressões de dissolução, onde, com o passar do tempo,
¡'t',,,ocorreumataxa de evolução diferenciada e competição entre as mesmas (fig.3 l3). Numa
: ,':;
i....,,:,primeira fase, considera-se que uma série de pontos de infiltração iniciam seu
ir.::

l,desenvolvimento, ao mesmo tempo, sobre uma superficie calcária, em função do aumento


,'gradativo de permeabilidade secundária no interior da rocha carbonática. Num certo
.
.momento,
':. algumas destas rotas subterrâneas de fluxo vadoso vertical tornam-se mais
t t l-
- - --^:^-
,,.eficientes, o que causa a remoção de um volume maior de material
-^¿^-l^l em
^- solução
^^l-,^l^ e zuspensão,
i:a I ,::;::
..' ,ìôoletados por estas, nos pontos correspondentes em superficie. A partir deste estágio, as
;i,,.,,:¿.U¡trtões associadas às rotas mais eficientes de escoamento subterrâneo,
terão uma taxa
a;

ai.,.deðertura e subsidência maior em comparação com as depressões vizinhas, com drenagem


!:ì
,t;

iiit$.oa"ea menos eficiente. Desta maneir4 inicia-se uma competição entre as diferentes .:s
:T

Í;"ffi¡-'6.,.desenvolvimento de depressões, o que pode culminar com o englobamento de .i!


::s
'ìi
ffrv.áriãsrdepressõès::mexores por uma maior, a qual possui velocidade de crescimento maior

Ëilñ#¡*cessoide:.coalescência de,várias depressões, a erosão remontante das encostas'da iã


,#
!S
itr
-,.ffi
40

absorção de ágUa superficial, típicas de fundos de dolinas' ocorrem,


ao contrátio,
encostas e até cristas de depressões maiores, resultando em
inversões de relevo'

( rua
I./

lr/
f,'4,

o5
L-t===-{

Figura 3.12 - Seção esquemática representanfo ssociagão de formas de absorção do


-a
esãoamento superficial em depressõeJpoügonais. l- Dolina de dissolução
associada a rota
(abismo) representando antigo
de drenagem subtenânea eficiente. 2- Atual caverna vertical
fundo dã depressão com taxa de ampliação menor. 3-- Fendas de dissolução na
zona
,epicârstica. 4- Rota de inñltração vertical concentrada sobre descontinuidades. 5- Linhas de
ó- Condutos.associados à rede
',flu*o geradas pelo cone de reúaixamento do lençol freático.
,li. ¿i"irg"m subtenan ea. 7: Superficie da rocha entalhada por zulcos de dissoluçio (karren
''cobertosl. 8- Infiltração vadosa difusa na zona epicárstica. 9- Solo

, Tanto na área Furnas-Santana como Lajeado-Bombas, observa-se a


predominância
''
de' condutos vadosos verticais (abismos) nesta situação
de encosta ou crista e não a de
i,,dolinæ
de dissolução, com infiltração difusa (impenetráveis ao homem)' Como
exemplos,

i (fig 3'14)' A interpretação deste


citam-se os Abismos do Fóssil, Juvenal e dos Caramujos
l:fato, que estas rotas de infiltração
num quadro geral de evolução do carste poligonal, é a de
lì,concentrada, teriam passado uma fase inicial, onde as fraturas alargadas estariam
j'colmatadas
por material residual, como ocoffe nos fundos atuais da maioria das depressões
:.olservadas.
Mas, em função do desenvolvimento lateral de uma zona profunda de

maior (abertura de condutos freáticos), responsável pela implantação


da
-',pËrmeabilidade
.,'d'epressão maior, ocoffe o rebaixamento do lençol freático, formando um
,l ',
cone de
irt,.,i¡6¡*.roento dö,,lenço!, o ,que,cau-sa o aumento do gradiente hidráulico € ,â instalação de
'i.,::

, ,tijor''de de fo-rma''centrípeta, com isopotenciais contomando a zona de maior


fluxo, t
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Ð #:H::ii:"ìLi'Jiffå':lilï:;'iïir;iä.*;';;,¿;;ä;il;;: Ë
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PLÀNTÀ

Pontos de infillroçõo

\/
Aberturo de
\i
condulos \
subrerróneos \ *'\1\ /,.-
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x
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V'-Ìl'
t\ q t,
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\ /' I
\ I
\\ ,l

Sislemo de covernos
42

" de depressões poligonais, através do modelo .de competigão e coalescência, gerando


i, :
depressões compostas a as associações de dolinas de dissolução e abismos, com inversão de
- relevo. A a E, seções e A a E', vista em planta.
j A- Situação pré-carstificação.
-,,' B- Início de carstificação e aumento de permeabilidade secundária.
':, C- Instalação de um cone maior de rebaixamento do lençol freático sobre a rota preferencial
1, de drenagem subterrânea. X marca a depressão com taxa de ampliação maior, devido a sua
:,
",' conexão com a drenagem subterrânea.
,:., :
i, - D- Englobamento de depressões menores pela depressão com taxa de ampliação maior
;"''1 (formação de depressões compostas).

E- Erosão de solo e detritos acumulados ao longo das rotas de infiltração de depressões


menores inseridas no raio do cone de rebaixamento do lençol associado à depressão maior.
Iniciação de dolinas secundárias (S) devido ao reùaixamento do lençol e conexão de rotas
de infiltração com condutos subterrâneos. Inversão de relevo (I), com a localização de
antigos fundos de dolinas nas encostas de depressões maiores.

hìJ.

-- ----.-ìì

_____
\ l2m\
O4
43

da energia de transporte da água de infiltração no fundo da depressão menor lateral. Com o


aumento da capacidade erosiva dt água de infi.ltração, aliada à ampliação da zona vadosa ao
longo da rota de infiltração, o material residual que colmatava as fraturas dargadas, acaba
sendo erodido e as paredes das fraturas corroidas pelo escoamento do filme de água
meteórica sobre a rocha exposta (fig 3 l3E). Deve ainda ser salientado, que o volume de
material residual coletado por esta depressão, diminui com o tempo, pois sua área de
captação é reduzida drasticamente com a remoção de suas encostas devido à ampliação da
depressão maior.
Um fenômeno importante, que realça as diferenças entre taxas de ampliação de
bacias poligonais, é o processo de realimentação (feedbaclr) hidrológica positiva, definido
por Williams (1985). Este processo resulta no aumento da taxa de expansão de dolinas de
dissolução, associadas a rotas eficientes de drenagem subterrânea, pois com uma ampliação
inicial da área de captdÇão de uma depressão, um volume maior de água meteórica será
coletado, o que, por o fluxo de água e corrosão ao longo da zona de
sua vez, reforça
infiltração, alargando-a, o que acaba voltando a ampliar a superficie de captação da
depressão (fig 3.15).

ii

I Dæenvolvimento do
---------->- ii
I

pêrcolação wertical '**i'"TiåL o.


por corrosão. tæçot f¡eático
i

A
''l'
I
Instalação de linhas de
fluxo centrfpeto na
zona epicársLica.
i V
I
.A.umento de vazão
ao longo da rota
preferencial de
percolação
t
a
Dcscnwolvimento da
dolina de dissolução.

t
Aumento do fh¡xo de Incemento na6ta
I
em planta da
água subpualelo às
encostas da <_' depressão
depressão.

Á¡ca de captação maior.


incremeÉto no voh¡src de ág'ua
colctada pc.la depræsão.
44

Nesta morfologia geral de depressões simples e compostas, há ainda, pequenas


depressões, somente notáveis em campo. Suas dimensões, variam desde suaves
concavidades, com alguns metros de diârnetro, até lm de profundidade, à depreSsões mais
pronunciadas, que atingem no máximo l5m de diâmetro, por 2 a 3m de profundidade. Estas
pequenas dolinas de dissolução ocorrem tanto ao longo de encostas, como também, sobre
' os divisores de depressões poligonais. Estas feições são interpretadas como dolinas em
início de desenvolvimento, cujo surgimento foi disparado pela evolução das depressões
maiores e mais profundas, conforme o modelo de geração múltipla e competitiva
: lMulttgenerational dffitsion ønd competition process mode[), proposto por Kemmerþ
' (19S2), baseado nos trabalhos de LaValle (1967), Ford (1964), Drake e Ford (1972),
, Williams (1972a) e Palmquist (1979), para explicar a origem e evolução de grandes
,' populações de dolinas. Este modelo prevê que o desenvolvimento e ampliação de uma
., depressão primária (depressão maior), aumenta, em muito, a probabilidade de surgimento
:, de outras dolinas secundárias nas vizinhanças da primeira, durante o episódio de
rebaixamento do lençol freático, criado pela ampliação da dolina primária. O passo
" fundamental para o sucesso desta iniciação secundária, segundo Kemmsrly (op. cit.), é a
.,
,' conexão de micro-canalículos abertos por dissolu ção, ao longo de planos de acamamento e

i Com o modelo acima descrito, muitas depressões simples, identificáveis na escala


'.' 1:25.000 e que contornam depressões maiores, podem ser interpretadas como sendo dolinas
'.' secundárias, ou seja, iniciadas em função da implantação das maiores. Como exemplo, cita-
..,., se aregião centro leste da área do Lajeado, conforme é representado na fig 3.16, extraída
,.,r do mapa morfológico (anexo 3.4).

0 roo 300
1..-..f=====j-¡
45

3.2.4.1Depressões poligonais e a paleodrenagem fluvial


A.ocorrência de uma fase fluvial, anterior ao desenvolvimento do relevo cárstico, é
considerada na literatura, desde os trabalhos de Penck (1900) e Lehmann (1936!e Roglic
(1960). Com esta idéia em mente, Monroe (1974), Gunn (1978 e 1981a) e Miller (1982),
apud Ford e Williams (1989), evidenciaram o processo de transformaçio da paisagem
fluvial para a de bacias poligonais fechadas, através da reconstrução da paleodrenagem
superficial sobre o carste de Porto Rico, Nova Zelãndia e Belize. Esta transformação é
conseqüência do aumento gradativo da capacidade de drenagem subterrânea em rochas
carbonáticas (desenvolvimento de permeabilidade secundária) e a evolução de dolinas de
dissolução, com respectivas bacias poligonais, sobre os canais e vales fluviais.
Nas áreas carbonáticas em estudo, o alinhamento de sumidouros e respectivas bacias
poligonais, assim como, dos talvegues remanescentes entre alguns sumidouros, no interior
destes polígonos, sugerem o traço de uma drenagem fluvial anterior, onde um grande
número das insurgências observadas, desenvolveram-se sobre estes canais, segmentando-os.
A
zona morfológica de transição (anexo 3.5), constituída principalmente por
depressões compostas, ilustra o estágio intermediário de desmembramento da rede de
drenagem superficial em bacias poligonais fechadas. Estas depressões compostas,
freqüentemente exibem vestígios de talvegues, inclusive com testemunhos de sedimentos
fluviais, como cascalheiras em pontos isolados. A forma alongada destas depressões,
notável principalmente na área Furnas Santana, com divisores em cristas bem realçadas,
paralelas ao alinhamento de insurgências sobre uma linha de fundo (antigo talvegue), a qual
é segmentada ortogonalmente por divisores menos marcantes, ainda assemelha-se, em
muito, à morfologia de vales fluviais encaixados.
.' Na figura 3.17 apresenta-se um modelo da seqüência de transformação de vales
fluviais em bacias poligonais fechadas. Numa fase inicial, em função do soerguimento
regional e erosão da cobern¡ra metapelítica dos calcários, cresce a interação entre água
meteórica e calcário, oo qual, neste período inicial, possui reduzida permeabilidade
é, portanto, absorvida pela superficie carbonâtica, condicionando
secundária. Pouca âgua é,
r:'qm lençol freático raso e desenvolvimento de canais de escoamento superficial. Assim,

:jnstala-se uma rede fluvial sobre os calcários, concomitantemente à erosão dos metapelitos
.,s,gbrejacentes. Com o aumento gradativo da permebilidade secundária no
pacote calcário e
,'gxposição total da sua superficie, surgem rotas de drenagem freâtica, e macigo o
':carbonático
aumenta sua capacidade de absorção e transmissão de água superficial.
,,',Desenvolvem-se, nesta fase, pontos de concentração de infiltração vertical, os quais,
:,jnstalam-se preferencialmente ao longo dos talvegues fluviais, pois estes, concentram o
::i
r:,,, escoâF€nto zuperficial. Desta maneira, diminui o volume de escoamento zuperficial e
:r.:

¡.,. ;feigQes cársticas, como dolinas de dissolução, iniciam a se implantar, imprimindo


:a:

,,,. caracle6sticas fl¡viocarsticas sobre a


paisagem. Através do contínuo aumento de drenagem :l!
i)

das rotas. preferenciais de percoloção vertical, ampliam-se as *


l¡,,qubtetrâne1 e.ampliação
,, nas dils.glU,.ç.,1,¡,,o qp_g.r,epqlta,.-nq,deq,,,,,,,,,,,,,,,--envolvim,ento de drenagens centrípetas e início de: çr

H
de: diüsores, ìät
. i:#
:i'..-_.-,: .. ¡ãt

46

PLANTA PERFIL

VALES FLUVIAIS

l= L

F LUVIOCARSTE
åffi
ll

t:

ls

lilo

E
l(D

ls
l:-
lo-
l<)
ZONA DE
rnarusrçÃo l3'

ti
l(D

l()-
lo
l=
t:

ZONA POLIGONAL r

Figura 3.17 - Seqüência evolutiva de depressões poligonais a partir da drenagem fluvial.


A- Fur" inicial daexposição dos metacalcários. Drenagem superficial ativa e lençol freático
raso.
'B- Drenagem superficial parcialmente ativa. Instalação de pontos de absorção do
escoamento superficial. Rebaixamento do lençol freático sobre estes pontos.
:C- Drenagem luperficial segmentada. Instalagão de dolinas de dissolução. Desenvolvimento
;-' de divisores entre sumidouros.
D- Ampliação dos divisores entre sumidouros e estabelecimento de bacias poligonais
fechadas.

,i.,itopográficos entre estas bacias. Neste estágio, o desmembramento da rede fluvial torna-se
$i1-,,.revrdente, e a paisagem fluvial gradativamente dá lugar a de depressões compostas.
Com a
ii.'.,sys1¡ç¿6 destas depressões, cresce o grau de segmentaçáo da rede fluvial, através da
dos
¡i;.,,instalaÇão de novos pontos de absorção vertical (dolinas secundárias), rebaixamento
ììj,''findos de dolinas e desenvolvimento de divisores topográficos entre estas, atingindo a
ji.,:morfologia atualmente observada, com depressões simples e compostas. A tendência
passada, pois com a
i-tËVot"tiua desta paisagem é atotal obliteração de sua história fluvial
ij¡¡,,.di s¿ção dos,rantigos interflúvios, pela implantação de dolinas sobre estes, além do
iu'"ffi.tro,,ile:rini/Érsão de relevo, através da competição entre depressões, as antigas rotas de
Lr,, escoamento,,supprfi'cj iac-aba:n".sç o::substituídas' pelo reticulado
de bacias ,poligonais
(Ig72b), sobre o carste da Nova Guiné
t,' ,jconforml élexemplificadoj,po¡'Williams '
47

Uma vez reconhecida a herança fluvial, parcialmente preservada, na zona poligonal,


é possível obter o traçado aproximado da antiga rede de drenagem superficial sobre os
calcários. Nas figuras 3.18 e 3.19 é apresentada a reconstrução dos antigos padrões de
drenagem sobre as áreas carbonáticas Lajeado-Bombas e Furnas-Santana. O critério
essencial utilizado para este traçado foi a disposição sub-paralela entre os alinhamentos de
cumes de cones cársticos e os fundos de depressões maiores, sobre os mapas morfológicos.
Os cones cársticos representam testemunhos dos interflúvios, hoje dissecados. Os fundos de
dolinas, correspondem, aproximadamente, à superficie rebaixada dos paleo-talvegues do
sistema fluvial.
A reconstrução da paleo-drenagem sobre a irea carbonática Furnas-Santana (fig.
3 18), exibe um padrão geral em treliça, fortemente guiado pela direção estrutural NE-SW
com o rio Betari sendo o nível de base local. Na margem direita do rio Betari, a paleo-bacia
hidrográfica do rio Furnas era responsável pelo escoamento superficial da irea carbonática.
rio Pérolas, rio do Grilo e a do
Esta bacia subdividia-se em três sub-bacias principais: a do
próprio rio Furnas. Com o desenvolvimento de bacias poligonais e drenagem subtenânea,
estas rotas fluviais acabaram sendo capturadas, respectivamente, pelos sistemas de
drenagem subterrânea Santana-Pérolas, do Grilo e do Córrego Grande, que hoje formam
nascentes cársticas ao longo da margem direita do rio Betari. Na margem esquerda deste
rio, a paleo-drenagem era constituída pelas bacias dos rios Águ" Suja e Morro Preto-Couto,
ambas associadas atualmente à sistemas de drenagem subterrânea, afluentes do Betari.
Neste setor nordeste, predomina a paisagem fluviocárstica, com vales secos. A zona
poligonal é pouco expressiva.
Sobre os carbonatos da ínea Lajeado-Bombas, a paleo-drenagem exibe um padrão
predominantemente dendrítico, no setor sudoeste, e dendrítico a retangular, no setor
nordeste (fig. 3.19). É possível individualizar quatro sistemas de drenagem maiores, que

, eram responsáveis pelo escoamento superficial dos carbonatos: as sub-bacias associadas ao


: rio Betari, a bacia do córrego Sem Fim, a drenagem do córrego Bombas e o sistema do

cónego Cotia de Cima. Na margem esquerda do rio Betari, as paleo-bacias do córrego


'Ouro Grosso e Alambarí drenavam os fluxos alogênicos, que cruzavam os carbonatos,
lldesagu*do no Betari. Hoje representam importantes sistemas de circulação subterrânea,
l^
, com ressurgenclas cársticas na borda da planície aluvial do rio Betari. Na sua margem

ldireita, ocorria a paleo-bacia do córrego Macaquinhos, atualmente com suas águas


i,,,ressurgindo,
em parte, no córrego Seco (ressurgência intermitente) e ao longo de nascentes
'',r.nor., junto à borda sul da planície do Betari. O traçado da paleo-drenagem na região
',.sudoeste
do Lajeado, sugere que o escoamento superficial, desta aÍea, era coletado pelo
,,:córrego Sem Fim, ou um antigo canal, que acompanhava a zona de contato com os
a::
.'rnetapelitos, até o rio Betari. Com a implantação da drenagem subterrânea associada aos
i,úSJemas de cavernas Areias e Córrego Fundo (fig 3 19), esta bacia hidrográfica superficial

i,.d'eixou de existir. I

ì.'t .ri;, ,O:desenvolvimento da drenagem subterrânea é tema do capítulo 4, onde sua relação iì
,i..,:'. :,, ' . . .... t:

ij:c,o.{4aior9-s3gem,¡up$cialserá$omada. T
.ií
) ::!.:

.,ji:

: i'- NG ' { .--t 'r-4


tl
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,il.
,r'iÕ-
::.::.::
/
l8

I :',
o 1 2km
l--¡--t-r-J

è
Ø

--J, >-/^ Orenogem oluol

-7/ -'- Poleodrenogem sobre colccírios

(73- \- -_
)
Delimitoçõo do círeo de
coptoçoo oluol
Sumidouro ologônico

a Ressurgêncio de sislemo de covernos

Contoto litolcígico
----'
\> ---¿

tr'igura 3.1E - Interpretação do traçado da paleodrenagem fluvial da área Furnas-Santana.


l- Ressurgência do córrego Grande. 2- Ressurgência do córrego do Grilo, 3- Ressurgência
do córrego Roncador (caverna Santana). 4- Ressurgência do córrego Água Suþ 5-
Ressurgência do córrego do Couto.
49

-- ¿' Troço oluol do conlolo litolo'gico


'
D re no g em r econslituído, ? ) rolo duv¡ doso
(
-- :,''- ;-'

;-Drenogem otuol
) Sumictouro ologênico
o . Ressurgêncio de sislemo de covernos

-_ Principois rolos oluois de drenogem


- suDlefroneo

r
Direçõo de circuloçõo subler¡ôneo inler -
prelodo e nõo confirmodo
-, -
.¡ Divisor de bocios de escoomenlo
superficiol
-/


'[i

7'

,{t Ét
NG

('.,."',
) ,i,/
rV
t{, /\
,\
Ji,
ol2tm
t-t----!-.€=J
50

3.i Morfometria das áreas de amostragem


Com o objetivo de produzir uma descrição quantitativa do relevo cárstico do Alto
Rih-j-a e abstrair o aspecto zubjetivo da classificação qualitativa e genética (Trudgill, 1985),
prcr:edeu-se à medição de algumas características morfométricas, que expressam valores
m:-mlricos de fatores de relevo, drenagem, temanho e forrna da paisagem cfu'stica. Foram
sesridas, em grande pafe, as recomendações expressas nos trabalhos clássicos de Williams
ii+'-1 . 1972b), White e'White (1979 e 1987) e Troester et. al. (1984), sobre morfometria de
re=:nos cársticos. Este conjunto de medidas, fornece também, uma base mais precisa pua
ieüizar estudos comparativos entre diferentes áteas, com distintos oondicionantes
,litc'=struturais e climáticos do relevo (Williams, l97l).
' Na tabela 3.1 é apresentada a proporção ocupada por cada unidade morfológica, em
rre.æção ao total da área carbonática investigada. As medidas foram obtidas sobre os mapas
r,nc:fológicos, o que implica em erro estimado de até 5o/o.

Areå totat de Porcentagem


Zona Morfológicr' cada zona {Xn2) de cada zona
FS LB FS LB
Flur"ial 3.64 ó.1 13.2 l3
Fluviocárstica 9.1 I 5.68 33. I t2.1
Contato 4.34 8.39 16 t'7.9
Trensição 4.97 8.81 18. r 1E.7
Polieonal s.39 18.02 19.6 3E.3
Area total de
rocha carbonática 2',t.5 4',7.l

.1.',' Tabela 3.1- Distribuição quantitativa das zonas morfológicas nas áreas esrudadas. FS. are¿ Furnas-

,,,, Santana; LB, área Lajeado-Bombas.

' ,,''
:,r'.r l

¡'., A zona fluvial ê caracteizada morfometricamente pelo gradiente (ÁIVÅL) de seus


t'c'iq;ais principais e a amplitude dos talvegues associados. Enquanto os rios Betari e Furnas,

,rsc,cr-e
metapelito's e metapsamitos, possuem inclinação entre 0,2 e 0,03, com desvio padrão
, de : l, sobre os metacalcários este valor é de 0,018 e 0,009, com desvio padrão de 0,0047,
mcs:rando canais mais uniformes e menos inclinados. Quanto aos talvegues, suas

i,, ¡"ri"ätudes variem de 60 a 1100 metros, sobre os carbonatos, e de 20 a40m nos pelitos.
Azonafluviocárstica, em contraste com a fluvial, possui gradientes médios de 0,012
f:'¿,.; :005 com desvio padrão de 0,0025, mostrando pequena variabilidade, característica
:. uçrca de sistemas fluviais senis, associados à planícies.
A zona de contato caractenza a passagem de rochas insolúveis para solúveis, a qual
fiié,marcaAa por um importante desnível topográfico, que condiciona uma série de drenagens
fl$siadas,aos vales.cegos. Com base em 2l medidas
de comprimento e desnível de vales
contornando tanto a área Furnas Santana
l¡.€i,s.çarte'dé'steS.representados:na fig 3.5),
jg

Íi
it
¡:iÍílil-:,..,.:ç'.'.l :jì.:i'ì:r'l=,+ì,i::' .^iai:i::iii: ;:tì:I.i:i:ìiru.,:,::ir= r
BI
lil
5l

Vslor V¡lor
Parâmetro lì,tfr' M¡l Varieclo Médi¡ Ðesvio P¡drlo
Comprimento (^L) t90 5090 4200 1557.6 1003.3
Desnfi'el lÁIf) 265 515 310 35',t.7 90.4
Gradiente (^Iv^L) 0.113 0.348 o 235 0.26 0.05E

Tabela 3.2-Parâmaros morfométricos dos wales cegos

Relacionando o gradiente médio com o comprimento destes canais, foi obtida uma
relação inversamente proporcional, ou seja, quanto maior o comprimento do canal, menor é
zua inclinação média. Esta observação coincide com a generalização de que a maioria dos
rios poszui perfis longitudinais, que seguem uma fi.rnção exponencial definida (Shulits, l94l
e Hack, 1973, apud White e White, 1983). Para os vales cegos em questão, a melhor curva

de regressão obtida do gradiente médio em relação ao comprimento dos canais é a função


logarítmica lnG: 2,574 - 0,5461n^L (frg3.22), com coeficiente de correlação {,92 e R2

de 84o/o.

4.35
t\\
0.31 \'
o x\ }aCç2.574-O.546ln'dL =

R
A g.n
D
I
E g.æ .t. . ..\.\.\. ..; ......)
.i...................1.......Ì..\.¡....i........Ì..i.'..'.'.."-.-..------..'-i'.""""-' "'i" """ """'i
N :\ \\t:. '\: :: i:
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8.19 .i...'.' """i"' 'r"' '\ \"\': ì-- i

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:

-:
a.15
.s\'---*i:
\:\:\r-::
::\
9.11
o z-3ll5 (x
6
1a8B)
Comprincnto do centl (AL) ¡rel¡os

Figura 1.20 - Variação do gradiente medio (G) em firnfo do comprimento de vales cegos ( L)- 2l
medidas.

dispersão dos pontos neste modelo e{ponencial, pode ser relacionada à


.A
í:iji,!,- ,.¡sticas:€struturais dos metapelitos adjacentes a calcários. Se o substrato rochoso
f.;,:. ,
inclinação dos canais fluviais seria unicamente
$*.,,øsse,nomogêneo;e:isótropo, a direção e
que produziria perfis longitudinais mais
:li

L¡A¡tæq,:pela;direção do gradienre hidráulico, o ¡ii


jft

ni6¡rimt.i.,ðöùu¡,'aiuste p-erfeito:sobre a c-urva de gradiente versus comPrimento. Mas, nt


ilt
:.',.:..r
:11,..,. :..'.,'.. :.. . ,. . ::
,, ,.,'..-:,1 :' . ..j:. . : i. iii'
i,roro
:--- * rochas-.- : à¿,at.u'reo intensamente estruturadas, com planos de acamamento, foliação
i -t :-.-
52

metamórfica e conjuntos de fraturas, o desenvolvimento dos canais fluviais acaba sendo


parcialmente desviado da direção principal do gradiente hidrâulico, através dp direções
secundárias, guiadas por estruturas mais favoráveis ao intemperismo e entalhamento fluvial.
Desta maneira, ger¿rm-se perfis, cujos comprimentos são maiores do que o esperado
teoricamente, em função de seu desnivel, o que reflete uma variação na assinatura
exponencial dos vales cegos observados

,,,1' Um aspecto importante, para relacionar a morfometria do sistema de circulação


,,',. fluvial com o cárstico, é o número de sumidouros de córregos alogênicos e o de

r. r€ssurgências cársticas, conforme Smith e Atkinson (1976) Com a medida destes índices,
.:
- calculou-se a densidade de sumidouros alogênicos e de reszurgências, para ambas as áreas
¡.,, (tab 3.3). A razão entre sumidouros alogênicos e reszurgências
(Rsr) expressa o grau de
ramificação subterrânea da circulação cárstica (Trudgill, 1985). Sistemas distributivos,
,l',,: como aqueles com baixo gradiente hid¡áulico ou grandes volumes de água subterrânea,
,. ,,, terão razões baixas, próximas ou menores que um. Sistemas integrados, com rotas de

drenagem subterrânea pouco ramificadas, assemelhando-se à rios zuperficiais, terão razões


''':

altas, como é o caso das áçeas estudadas (Rsr : 8,6 e 12,5), onde um grande número de
:'l

iumidouros é drenado para poucas ressurgências.

Inilícd'ño ométri¿é, Aree f\rrnas Senúana Área Leieedo Bombas


Ärea aflorante de calciirio (Ac) . Kmz 2'Ì.5 47.l
No.de sumidouros alosênicos (Sa) 43 111
No.de ressu¡sências (R) 5 9

Densidade de surnidouros @s = Sa/Ac) 1.56 no./kmr 2.3s


Densidade de ressu¡gências (Dr = fuAc) 0.18 no./kmr 0.19
:
Razão sumidouro ressurgência (Rsr 8.6 12.3
Sa/R)

Tabela 3.3- Índices morfométricos de sumidouros alogêmcos e ressurgências das áreas estudadas

,.,: .
Nota-se uma grande semelhança entre as densidades de reszurgências das duas áreas
estudadas, apesar destas apresentarem áreas aflorantes e demais índices bastante
iontrastantes. Este fato é interpretado como sendo reflexo de um padrão geral da drenagem
j subterrânea, o qual, também deve ser semelhante nas duas á¡eas carbonáticas, ou seja, os
sistemas integrados de ambas as áreas devem apresentar um grau de ramificação

[Ìf.t',, Sobre as zonas poligonal e de transição, ocupadas por depressões simples e


;iì.:,-,.
":
È,,compostas, forarn medidos os seguintes índices morfométricos: número de depressões

|-...-lþotig"oais (Nd), número


de zumidouros autogênicos associados à depressões Q'{s), area
ii¡.@adapor depressões (Ad), âreae perímetro de cada depressão e profundidade de uma
U":depressões, sobre mapas topográficos I :1 0' 000'
i$9,,'.'.
f+l¡0r.."îteom,:,est€s.irresultados, foram obtevidos os parâmetros resumidos na tabela 3 -4,

'iì
IT

ìEl
53

Densidade de depressões. Expressa a freqüência de ocorrência de depressões por


unidade de ínea. Segundo Day (1976), este par{metro, aliado à dimensões plani-
altimétricas, indica o grau de desenvolvimento e intensidade do relevo cárstico.
Propõem-se distinguir a densidade de depressões sobre o total de rocha carbonática
aflorante (Ddt), utilizada pela maioria dos trabalhos morfométricos consultados, da
densidade de depressões interna a zona poligonal (Ddp) Esta distinção, tem por objetivo,
possibilitar a comparação entre densidades de depressões em zonas poligonais diferentes, as

quais estão, cada uma, associadas à variadas proporções de unidades morfológicas não
poligonais, como é o caso do Alto Ribeira.
As com superficies de 27,5 e 47,7 krû,
áçeas Furnas-Santana e Lajeado-Bombas,
possuem densidades de depressões sobre o total da area calcárria (Ddt) de 2,91 e7,4slknÊ,
respectivamente. Por outro lado, as densidades de depressões internas às zonas poligonais
destas areas (Ddp) correspondem a 7,72 e 13,08/km2.
Deve-se ressaltar a forte dependência destes valores da escala de observação, neste
caso de l:25.000, pois, confonne a escala é ampliada, depressões menores tornam-se
demarcáveis, obviamente alterando o valor de sua densidade.
^ O resultado de Ddp obtido para o Alto Ribeira enquadra-se na faixa de valores
típicos para áreas tropicais, quando comparado às densidades obtidas para a Jamaica e
Porto Rico, nas escalas de 1:24.000, por Day (1,976) e Troester et. al. (1984) e naNova
Guiné, na escala l:28.000 (Williams, I972b), conforme a tabela 3 4. Os valores de Ddp do
carste da Nova Guiné, obtidos por Williams' (1972b), são praticamente iguais à densidade
de depressões obtida p¿ìra a irea LEeado-Bombas, apesar destas áreas apresentarem
condições climáticas contrastantes. Os dois locais da Nova Guiné, localizados em latitudes
de 5o30', experimentam médias pluviométricas anuais de 3698 e 5761mm, respectivamente,
onde o primeiro (Darai HillÐ apresenta um clima tropical sub-alpino, com temperaturas
,médias anuais de
:.
l0 a 13oC e o segundo (Mt. Kaijende), possui clima tropical úmido, com
média anual de 22 a 27oC. O carste do Alto Ribeir4 numa latitude de 24035', em contraste,
.i apresentamédia pluviométrica de 1690 mm e clima sub-tropical úmido, com média anual de
..lgoc Isto confirma que um certo padrão morfiológico pode ocorrer com o mesmo grau de
,,,-dese¡votvimento, em condições climáticas variadas,
reforçando a hipótese de Smith e
r" '
i,$tkio*n (1976). Portanto, o
1: .Y:

significado deste parâmetro morfométrico é puramente


'.ge.umétti.o, sendo útil para comparar o grau de desenvolvimento de áreas diferentes, mas
,,',.! ,toootações climáticas bem definidas (Troester et. al.,1984).
i.ii,,,,,,, Indice de dolinamento (ID). Englobando depressões simples e compostas (zona de
lûmsiçeo.g,p.ofigonal), a área total ocupada por depressões, nos calcários Furnas Santana e
iffièado é de 10,36 e 26,83 km2, respectivamente, resultando em índices de
Bombas,
\ffilliams (19'l2b), deste índice.
il¿iitinamento de 2,65 e l,'75, conforme a definição de
estes números possam apresentar uma certa flutuação, em função do refinamento
¡¡;t,,,.prUOra
elatu-*:"r",""r:1_11î expressam, numericqmente- um
iitr.{1
i:

"t,e?,,Jer.ryão:e,fa i
Ë
do,¡9levo..,ob-servaldo os ma-pas morfolQglcgsf o-u ês
¡=..,,!gp,3l1*tç.,?s,p991o_visual gualìtativo ß

lv
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| il.'.1..':
I r:::. ts,
!q!
54

Alto Rlbel¡a Novr G¡iné Jrm¿ic¡ EUA


PerÂmetro t Furnas kJeerlo ll'ltri¡¡rs, 1972 I)¡t Apalaches Po¡to Rlco
Smt¡m Bombrs Derd IIiIls M.K¡lienrle tn6 Trmt¿r. ctsl-. 19t4
Area de caleirio Ag Krn' 27.45 47.1 13.84 13. l8 13.0 4134 "799
No. de depressões poligonÂis, Nd 80 351 l8E 172 37 5 160 4308
No- de sumidouros autogêtúcos,Ns t73 699 188* l'72+ 37*
Area ocupada por dçressões, Ad
(dç.simples r. compãstas) Xm2
10.36 26.83 13.84 13. l8 541
Proñ¡ndidade média das depressões,
melÎos 18.4 7.8 19.0
20.t 15.2
Perímetro medio das depressões t.22
Dersidade de depressões sobre a á-
reatotal Ddt = Ñd/Ac, No.lKmz 13,6 I 2.85 t.25 5.4
2.9 7.45 13.
Densidade de depressões sobre a zo.
na poligonal Ddp = Nd/Ad '7.12 13.1 6.8
13.08 13.6
De¡sidade de sumidouros autogêni-
cos Da = NVAq No.lKm2
63 14.8 13.6+ 13. t* 2.85*
Indice de dolinamer¡to ID = Ac/Ad 2.65 t.75 1.0 1.0 2.40
Razâo de dolinamento Rd = Ad/Ac 0.3't6 0.57 1.0 t.0 0.416
indice de sumidowos autogênicos
IS = Ns/Nd t.0 1.0
2.2 2.0 1.0
Área média por deplessão
Adm = AdNd Km'ldep. 0.08 t5
0. t3 0.0'76 0.07 0.

Tabela 3.4 - Parâmetros morfométricos do carste poligonal do Alto Ribeira num quadro comparativo com
outtas ¿ireas c¡irsticas. * valôres calculados com os dados publicados pelos autores citados.

fotos aéreas correspondentes, de ambas as á[eas, nota-se que a âreaLaieado-Bombas exibe


um padrão mais desenvolvido de depressões uma drenagem superficial mais e
desorganizada em relação aos carbonatos Furnas-Santana, ou seja, qualitativamente, afirma-
:'se que o relevo carstico poligonal é mais desenvolvido sobre a pnmeira ârea. Esta conclusão
qualitativa, é confirmada de forma mais concisa, através dos índices de dolinamento, pois,
,segundo Williams, op. cit., quanto mais próximo a I é o valor do índice de dolinamento,
No caso em estudo,
será o relevo poligonal de uma região carstica.
.''.' o mais desenvolvido
a'ítrea Lajeado Bombas, com ID : 1,75, posst¡i relevo poligonal, cerca de 30% mais
,desenvolvido, em relação a^reaFurnas Santana, com ID =2,65'
':: i Razão de dolinamento (Rd). É o inverso do índice de dolinamento. Expressa a
:,'fração da área total do carste ocupada por depressões poligonais. No caso da área Furnas-

'ltSantana, este parâmetro é 0,376, o que equivale também a37,6yo da área total da área
''tarbonática. Nos calcários Lajeado-Bombas, 57o/o da área total é ocupada por depressões
*poligonais,
o que resulta na Íazão de dolinamento de 0,57. Sua interpretação é semelhante
',âo índice de dolinamento.
:..;'''
.:1i... .,
Densidade de sumidouros autogênicos (Da). Indica a freqüência de pontos de
:::: ., .. .

,,ffiorção do escoamento superficial coletado sobre a superficie carbonática. Este número é


-,iëiàcionado
ao grau de desmembramento da rede de drenagem superficial, isto é, quanto
.,maior a densidade de sumidouros, tanto menor é a continuidade dos canais fuviais e,
potmto; maioriserá'o gfau de segmentação destes. Este parâmetro confirma a segmentação
. .:j-i .I.. :r-. :. ,.i.

,'mais;¡av-ançadada:iËdffiüenágeø,.iiüal dâ area Lajeado-Bombas @a 7t4,8,k


r),'.th':,,, :
:' ';'i',"t'1 ::'"tt"
u't*i¡rourtsan,t*ffi;=r6;3'ffi2f
-' :":r '
,,.å-pgugio.'Ëót -,t,¡¡
55

Índice de sumidouros autogênicos (IS). Oservando os mapas morfológicos das


nota-se que muitas depressões poligonais possuem mais de um sumidouro.
¿áreas estudadas,
O índice de sumidouros expressa a proporção geral de sumidouros autogênicos ert relação
ao total de depressões. Obteve-se valores de 2,2 e 2,0, respectivamente, para as áreas
Furnas-Santana e Lajeado-Bombas. Assim como a densidade de sumidouros, relaciona-se
este índice ao grau de segmentação da drenagem superficial. A situação de mâxima
segmentação coÍresponde ao IS :
I (como é o caso do carste da Nova Guiné, tab.3), isto é,
um ponto de insurgência para cada depressão. O fato de haver mais de um ponto por
depressão, resultado, principalmente, da presença de depressões compostas com
é
remanescentes de talvegues fluviais, em processo de segmentação através da instalação
de

dolinas, como também, do processo de competição e coalescência de depressões.


profundidade das depressões. Segundo Day (1976), esta é definida pela distância
por um
vertical entre o ponto mais baixo do fundo da depressão, normalmente representado
dos sumidouros, e o ponto de menor cota de seu perímetro, delimitado por uma
curva de

nível, neste caso, sobre mapas topográficos 1:10'000 da ârea'


Foram medidas as profundidades de 105 depressões poligonais. Este número
rêduzido de medidas deve-se ao pouco detathe expresso nas cartas topográficas da área, o
que levou a seleção apenas das depressões bem definidas sobre as cart¿s'
Obtiveram-se 82 medidas sobre a ârea Lajeado-Bombas, as quais apresentam valor
mínimo de 3m' A
médio de 75,2m, desvio padrão de lO,lm e valor máximo de 66m s
depressão composta das A¡eias (fig 3 l0), com 130 m, é considerada uma
exceção' Para a

área Furnas-Santana, mediu-se 23 profundidades, com valor médio


de 20,2 m, desvio
(tab 3.a)'
padrão de l3,lm e valores máximo e mínimo de 53 e 3m, respectivamente
de freqüência
Segundo White e'White (1979) e Troester et. al. (1984), a distribuição
das profirndidades de depressões, segue preferencialmente uma distribuição exponencial'
de diversas
Este comportamento matemático da profundidade de depressões é característico
,áreas de carste poligonal, em diferentes situações lito-estruturais
e climáticas, sendo
lutilizada pelos autores acima para expressar numericâmente a intensidade de relevo de cada

área.
para a fueaLajeado-Bombas, obteve-se uma distribuição exponencial da freqtiência
'.
',,de profundidades (fr,g 3.21a), com valo¡es predorntnantes entre 3 e10m. Nota-se o cuâter
da medida de 130m.
,, l.
,exrepcional
A distribuição de freqüência para a área Furnas-Santana, ajusta-se melhor a uma
praticamente 3
curva norrral com tendência bimodal (fig 3.21b), bastante irregular, com
,: .,,
populações de medidas, entre 5 e l6m, 20 e 30m' predominante, e ouffa em torno
de

,,5'0m O ajuste não exponencial destas medidas, é interpretado como


sendo conseqüência de

fuma falha de amostragenl pois, nesta ârea, conforme obsen'ado qualitativamente em campo
aéreas, ocorre um número maior de profundidades rasas? as quais
não foram
$ils.r"tos
i tàøs sobre'os:mapas topográfi eos 1 : 1 0. 000'
*eAffi-dêt'ambaÉt'ai áreas, foi obtida uma típica distribuição'de
'.ffinüdò..:.'
.lì---¡': : :'' l- t , .t: . -, -
enôia,ryonen-clal(fig 3.-2Ig)c.onsrderada como iepresentativa do carste éitudado' .
.
s6

6A 9E
prcf u¡¡d ldaile (mctros)

t .t€
Pr¡f unit lil.aile (oeros)

Ég98
Profur¡d idade
51

para a população geral de depressões do Alto Ribeira, com profundidades variadas,


predominando entre 5 e lOm, e com casos esporádicos acima de 60m. Estas depressões
mais profundas encontram-se próximas aos alinhamentos de importantes rotas de drenagem
subterrânea, sendo que no caso da de 130m, esta interceptou o nível do rio subterrâneo.
Os resultados obtidos acima, concordam com a generalização proposta por Cramer
(1941) e Troester et. al. (1984) de que há uma diferença na intensidade de relevo entre
regiões cársticas temperadas e tropicais, expressa pela profirndidade de depressões
poligonais. A profundidade média em regiões temperadas varia entre 5,4 e 8,3 m, enquanto
que em zonas tropicais, estes valores são praticâmente triplicados, com médias entre 15 e
23m (Troester, op. cit.).
A definição exata deste parâmetro, depende da qualidade (resolu$o) dos mapas
topográficos da área cárstica, ou de um exaustivo levantamento de campo, para obtenção
de um número de medidas estatisticamente representativo. No caso estudado, a única base
disponível em escala maior, é o levantamento 1:10.000 (DAEE, 195'7). deficiente em
detalhes. Deverá ser executado, numa etapa futura de trabalho, levantamento de campo
para refinar o resultado aqui obtido.
' Área e perímetro de depressões. Williams (1972b), demonstrou sobre o carste da
Nova Guiné, que a ârea de depressões poligonais cresce geometricamente com o aumento
da ordem de Strahler da drenagem interna às depressões, através da regressão do logarítmo
da ârea em relação a ordem da drenagem interna. Esta relação é similar àquela que exPressa
a fuea de bacias de drenagem na morfometria fluvial, o que suporta a idéia de que
depressões poligonais cársticas são pequenas bacias de drenagem fluvial. O mesmo autor,
considera que esta similaridade, evidencia que as depressões poligonais são geradas
principalmente por corrosão superficial pela drenagem e não por colapso de vazios
subterrâneos.
White e White (1987) obtiveram para o carste do planalto dos -þalaches uma
relação exponencial crescente entre a ârea de bacias fechadas, drenadas internamente por

dolinas, e o número de dolinas no interior destas bacias'


Reams (lgg2) utilizou a plotagem log verzus log, entre âreae perímetro de grandes
populações de depressões do centro leste dos EU,t para testar o ca¡áter fractal do
,perímetro destas. Comprovou este comportamento matemático para depressões com áreas
superiores a 10.000m2 (0,01km2), medidas sobre mapas topográficos 1:24.000
: Com o objetivo de testar o comportamento matemático da rede poligonal
.,planimétrica das depressões do Alto Ribeira e obter uma expressão numérica deste, mediu-
,:se
a área e perímetro da população de depressões da zona poligonal da ârea Lajeado
tBombas. (anexo
Estas medidas foram digitalizadas sobre o mapa morfológico 1:25.000
',3 4)

', A média aritmética da área de 350 depressões é de 0,072km2, com desvio padrão de
,0,078, e valores míq¡+o e máximo de
0,00359 e 0,788 km2, respectivamenre. O perímetro
'tdèsie'"onlunto,,possui:média de t;22km,,desvio padrão de 0,672km e valores mínimo e
:..
',mmmo.¿e::þr2?.9.,ê-5,562km. Novamelte aparece a depressão das Areias
como exceção,
....:''''':.
pois sua área de 2,05km2 e perímetro de 8,29km são muito destoantes do resto da

população, além de estar, em parte sobre metapelitos. r

180 ..:
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88

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860
(J

ü
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g.z s.4 0.6 8.8


Area l(n2

6ø :

Bl

îg38
U

Ë
fr

3
Perlnetno (Xn)
t,F¡¿üin freqüência e curvas de distribuição da area (A) e perímetro
'3.22 - Histogramas de_
:.. (Éidas.
depressões, póligonais da área,carb onática Laj eado-B ombas.
59

A érea média por depressão (Adm) resultante do cârlculo de Ad/lt{d (tabela 3.4) para
a arealajeado-Bombas é de 0,076km2,çemelhante à média aritmética das 350 medidas. Já
paraaáreaFurnas-Santana, o valor de Adm é 0,13km2, quase o dobro da areamédiapor
depressão da região Lajeado Bombas, reflete a predominância de depressões compostas
maiores nesta área. Um fato interessante observado com estas medid¿is, éa grande
semelhança entre as dimensões planimétricas do AIto Ribeira e os valores de outras regiões
cársticas (tabela 3.4), o que confirma que há um padrão geral de relevo cárstico,
independente de pequenas variações locais.
Testando a distribuição de freqüência das áreas de depressões para a região Lajeado
Bombas, obteve-se um ajuste exponencial decrescente da freqüência em função do aumento
da área, com predominância de áreas entre 0,0036 e 0,05km? (frg3.22a). Nota-se uma
pequena subpopulação, com áreas em torno de 0,2 e 0,25krn2, a qual corresponde às
depressões compostas
O perímetro destas depressões obedece uma distribuição de freqüência lognormal
(frg 3.22b), onde o número de ocorrências cresce rápidamente com perímetros entre 0,25 e
0,6km, atingindo o máximo entre 0,6 e 0,9km, decrescendo regularmente até perímetros de
" 3km. Notam-se alguns valores de exceção, assim como das áreas correspondentes, que
'representam depressões compostas ou testemunhos de vales fluviais em início de
segmentação por dolinamento.
Conforme esperado, o gráfico das áreas versus seus perímetros, ajusta-se melhor a
uma função exponencial. A equação obtida para a área Lajeado-Bombas é Per. = 5,264x
Área0,519, com 351 medidas, incluindo a grande depressão das Areias (fig 3.23). O
:
coeficiente de correlação desta relação exponencial é,0,97, com R2 94,74o/o.
A inclinação desta reta logarítmica reflete a taxa de variação do perímetro com o
aumento da ínea das depressões. Ou seja, quanto mais rugoso, ou irregular é o perímetro,
! ---

:: ttrÍ¡or sera seu comprimento, com uma pequena variação na área correspondente. Desta
." - ------^.

.:manelra, poderia-se relacionar o coeficiente angular ou a inclinação desta reta com o grau
,' de rugosidade planimetnca das depressões, isto é, quanto mais inclinada a reta, tanto mais
'' rugoso será o padrão poligonal, o que por sua vez, refleteria o número de vértices positivos

,r,prrsent", nos divisores do relevo. Estes vértices correspondem


ao número de cones
tlcârsticos
ou segmentos de cristas, o que é uma característica do relevo condicionada pela
âensidade de descontinuidades favoráveis ao entalhamento da superficie carbonâtica.
,,'...,ì.' Gráficos logarítmicos da írea versus perímetro de populações poligonais,
i¡-,.,ìepresentam portanto, uma assinatura quantitativa das
características fisicas planimétricas

i.:lft'pa¿reo poligonal
i.:. e de uma determinada região cárstica, sendo úteis como uma referência
:: { '
araçáo entre diferentes regiões cársticas e seu condicionamento lito-estrutural,
ål¡¡
'g"-p
60

escalas, para se verificar como varia o número de polígonos em função da escala

E
Y
Êl
0)
c
Ë
0)
CL

lE-3 B.A1 8.1 1ø


Areo (Km4)

Figura 3.23- A¡ea versus perímetro das depressões poligonais da região Lajeado-Bombas,
351 pontos, obtidos na escala 1 .25.000.

,de observação, seguindo a definição de Mandelbrot (1983), da dimensão fractal de figuras


geométricas. Aliás, a natureza fractal ou euclidiana do carste poligonal ainda não está
,'definida, pois, confonne as referências consultadas (White e White, 1987 e Reams, 1992), a
'análise em variadas escalas não foi totalmente explorada.
Não é objetivo deste trabalho discutir e testar todas possibilidades morfométricas do
,
-,relevo e inte¡pretar seu significado geológico-geomórfico) mas sim, pretende-se somente

t,iniciar o estudo de parâmetros morfométricos, devendo aprofundar-se estas análises em

"trabalhos futuros.

3.4 Condicionamento hidrológico do relevo


estrutural e

i.t,. A evolução da paisagem carstica" sobre rochas carbonáticas sem porosidade


é conseqüência da disponibilidade de água em movimento e o desenvolvimento
,:;Bñmaria
i",þògressivo de permeabilidade secundária ao longo do maciço carbonático (Smith e
,:Atkinson, 1976 e Gunn, 1986). O desenvolvimento de permeabilidade secundária
,:iôncentra-se sobre descontinuidades presentes na rocha carbonática, através da dissolução e
6l

3.4.1 Geologia estrutural das áreas de estudo


A região carbonática do Alto Ribeira foi alvo de diversos levantamentos geológicos,
com ênfase na evolução tectônica, estratigrafia e análise estrutural de .$ua seqüência
metassedimentar, conforme é apresentado no capítulo 2. Pouco detalhamento tem sido feito
sobre as estruturas disruptivas, como juntas e falhas desta área.
Neste trabalho, utilizou-se como base geológica, a Folha Iporangq l:50.000, da
carta geológica do Estado de São Paulo (Campanha et. al., 1985) e o mapa geológico, na
mesma escala, apresentado por Campanha (1991). Deste último, extraíram-se medidas de
acamamento de setores das áreas Furnas-Santana e Lajeado-Bombas, não visitados durante
esta pesquisa, mas importantes para caracterização da estrutura geral dos metacalcários.
As principais estmturas levantadas no presente estudo, resumem-se às superficies
. primárias þlanos de acamamento) e, secundárias (untas e falhas) seguindo a nomenclatura
, de Ramsay e Huber (1987) para estruturas disruptivas em rochas deformadas
A ênfase dada às juntas, falhas e ao acamamento, deve-se ao fato de que estas
- estruturas constituem os principais guias da rede de condutos de dissolução do sistema
r cárstico (Deike, 1969; Ford, l97lb, Milanovic, 1981 e Lauritzen, 1989), rede esta,
ì responsável pela permeabilidade de regiões carbonáticas.
n O conjunto de medidas apresentado em seguida (figuras 3.24, 3.25 e tabela 3.5) foi
, obtido-durante o mapeâmento geoespeleológico de cavernas da área, o mapeamento
¡ morfológico externo e a prospecção de cavernas.
i Definição da super{Ície dobrada. Medidas de acamamento.
- Os planos de estratificação das rochas carbonáticas constituem as descontinuidades
. mais longas e contínuas em ambas as áreas investigadas. Devido à característica rítmica da
.. interestratificação de leitos carbonáticos, pelítico-carbonáticos e pelíticos, com espessuras
. centimétricas a decimétricas, pouco variáveis ao longo do estrato, o acâmamento é uma
t:,'--
muito notável, sendo possível de ser seguido por dezenas de metros.
':';t, ¡uperficie ,:,i.,).
. As medidas obtidas na âreaFurnas-Santana distribuem-se ao longo de uma guirlanda
,r,: de superficie cilíndrica (fig. 3.24a), com concentração máxima de
pólos no quadrante,SE;
i'.refletindo a estrutura geral homoclinal com dobras parasitas métricas a ¿ecam¿triiásu
:j,,jassimétricas,
de flanco NW longo e flanco SE curto, o que é expresso pelo númerormeno¡
Ìitde'medidas jcom
com mergulho para SE. A direção geral do acamamento é N45'70E;
rgulhos de 40 a 80o para NW. As dobras parasitas possuem plano axial eA @,aa'
:'WOSE 75NW e eixos S65Wl0-20o. Nota-se uma tendência incipiente de espalliaminto"däi
.ffididas ds ¿qamamento ao longo de um círculo máximo de direção geral NE-SW;: oque
XitÌ¡ëflete um dbbramento superposto incipiente, com início de formação' de' superñcies
,::
i:,- cônicas, fato mais evidente na área Lajeado Bombas
O acamamento medido na írea Lajeado Bombas reflete uma estrutura $éral
rdileções
|i-i$rmal,',cilíndrica (fig 3.25a), com eixo em torno de N50E/10-20oì
::é
i,..Ì$.,.r¡redôminantês
::., ¡ .
entre N30'65E e mergulhos de 60SE a 40NW: Esta'iestrutura.sin
londulada por um dobramento'superposto aberto, com eixo determinado no estereogramq
,.i:
62

Iuntas preençþides N8E 851.ñV a 85NE Nl4E 70NW-a 60SE


N50E 80SE a 80NW N50E 70SE a 80NW
Nl6W 75NE a 75NW Nl0W ?0NE a 701ÞW
N70W 70SW a 75NE N60W 76NE a 80SW
N50E 5 a 20SE (sl)

N55E ?slùW a 70SE N45E 84NW a 84SE


N55W 75NE a 80SW N70E 85NW a 85SE
N60E 0 a 20SE N60W 70SW a 80NE
NISW 80NE a SW N20-50E 0 a lsSE
(2',74) N20E 80NW a 80SE

N30E 40 - 60ìl-fw N20E 40 - 70NW


N54E 60 - 8058 N55E 75SE
N?58 60 - SOSE N20W 60NE
N75W 40 - 55SW a)

Falhamentos direcionais e com NS 65 - 85W N15-20E 45 - 80SE


movimenlo indeterminado. N40E 80SE a 80NW N50-60E 60 - 70N\t'
NT5E 65 - 85SE N40-50S/ 50 - 85 SW
N30W 70NE a verticais
N55W 80NE a 80SW (32)

Juntas de Cisalhamento Nl0-1sE 80NW Nl5 - 20E verticais a óONW


N50-658 60 - 80NW e SE N10 - 20W 70 - 80NE
EW 70 - 80s N50W 70-80 NE e SW
N40 -45W 60 -70SW (le)

Falhas Normais N35E 5OSE N65W soSW


N?5E 8Olfiv (6)
NssW s0sïv

Acamamento N45 - 70E 40 - 701.I\v N30 - 658 60SE a 40NW


(201) N50-70W 70NE e 60SW
':

iabela 3.s - Atitudes médias dos principais conjuntos de descontinuid¿ds5 ¡lrq ¿íreas de estudo. Medidas
parênteses
.èxtraídas dos estereogrâmas corespondentes das figuras 3.24 e3.25. Número 6s medirìas em

torno de S50E/20o, produzindo direções do acamamento entre N50-70W e N25-40W,


em
.:,
'.,com caimentos entre 30 a 600 para SW e NE (fig 3.25a). Este padrão de ondulações em
jdo-o, e bacias ocorre principalmente no setor sudoeste da grande sinforma do Lajeado,
.õnde é nitidamente expresso por camadas argilosas ressaltadas por dissolução diferencial'ao
; tongo da caverna das A¡eias. Nos setores central e nordeste esta supelposição de
. l: r -:---l^-
".dobramento é pouco notável, predominando a estrutura sinclinal simples'
A estrutura
i'hômoclinal, junto
ao flanco sudeste deste sinclinal, não foi detalhada neste trabalho.

i¡ìi Sistema de fraturamento. Medidas de juntas e falhas.


:.':.. As juntas foram descritas em campo quanto a sua dimensão (comprimento),
f$rpuo"-eníd preenchimento e movimento relativo dos blocos adjacentes, seguindo''as
63

\ .'\ t,¡ ./\ \

.e\-t';
ACAMAMENTO PREENCHIDAS
Ei¡o construído 20 I pólos t2 6 pcítos
Eixo meclido t-6-il-20-30 r-3-6-rO-¡7

.\ /
Y-i -/ I
//
Øoí
Àaì \
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\ r.^. i

FALHAS INVERSAS S JUNTAS SIMPLES


30 pótos ?e7 pótos
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JUNTAS DE
¡V- Folhos normois ". FALHAS CISALHAMENTO

o _ Fothos direcionois
e indelerm¡nodos
64

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ACAMAMENTO
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JUNTAS
PREENCHIDAS
E¡xo conslruído 232 pcílos 5t pólos
Eixo medido t-4- ro- t5-24 r-3-5-8

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S FALHAS s JUNTAS SIMPLES


¡V- Folhos normois 175 pólos
¡- Folhos inversos t-5-tO-r5-20
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/' o

JUNTAS DE
S FAI-HAS DIRECIONAIS CISALHAMENTO
E INDETERMINADAS
65

preliminar da origem destas fraturas, relacionálas ao sistema de esforços responsável pela


deformação dos metacalcários em estudo e posteriormente analisar sua função hidrolQgica
no condicionamento do carste.
As juntas preenchidas são aquelas que ao se formarem sofreram afastamento
milimétrico a centimétrico dos seus blocos adjacentes, sem que houvesse deslizamento
significativo entre estes, o que criou espaço disponível para a precipitação de minerais a
partir de soluções percolantes, durante o metamorfismo e deformação da seqüência
carbonática. Devido ao fato de que nem sempre foi possível observ-ar se houve deslizamento
relativo entre os blocos adjacentes àjunta preenchida, é provável que entre os conjuntos de
juntas preenchidas obtidos aqui (tabela 3.5 e figs. 3.248 e3.258), ocorram algumas juntas
de cisalhamento, pois estas, freqüentemente apresentam-se preenchidas' Tanto na área
Furnas-Santana como Lajeado-Bombas, as juntas preenchidas apresentam comprimento
predominante decimétrico a métrico, com espessura máxima de preenchimentó entre alguns
milímetros até 3centímetros, principalmente com calcita e menos freqüentemente com
quartzo. Os conjuntos com direção N8E. N16W e N70W, da ítrea Furnas-Santana e os
conjuntos Nl4E, N10w e N60w, da área Lajeado-Bombas (tab. 3.5), formam veios de
comprimento decimétrico a métrico, com espaçamento de 5 a 50cm, concentrando-se ao
longo de faixas com larguras métricas a decamétricas. Estas faixas representam zonas de
fratura destes conjuntos. As medidas predominantes de ambas as áreas de estudo são
semelhantes, levando em consideração a variação de direção de 10 a 20o destes veios,
conforme é visualizado nos estefeogramas das figuras 3 '248 e3.258'
Na área Furnas-Santana, os conjuntos ao redor do alinhamento NS e N60'W,
freqüentemente estão subparalelos à falhamentos, tanto direcionais como inversos,
assim

como, oblíquos, respectivamente às falhas N50W e NS, em relação as quais, constituem


juntas sigmoidais. As juntas preenchidas N50E, com alto mergulho, são desde decamétricas,
a decimétricas,
com espaçamentos métricos e preenchimento de até 5cm, até centimétricas
às vezes na forma
formando veios com espessura milimétrica e espaçamento centimétrico,
de juntas sigmoidais oblíquas às fathas NS. A geometria geral destes conjuntos é
da direção de
representada na figura 3.26, onde é sugerida uma orientação aproximada
r compressão máxima (o1), em função da zuperficie dobrada e orientação de juntas e falhas'
' N.*. esquema de esforços para a írea Furnas Santana, os veios mais compridos e
i;subvert'cais, em torno de Nl6W e N50E, excluindo as juntas sigmoidais, são interpretados
: :::.
l'.o.o juntas de tração, onde o primeiro conjunto é subparalelo à direção 61 o o segundo,
,',lperp"odicular, representando juntas de tração alinhadas segundo as charneiras
NE-sw das
i. dobru, parasitas. Os conjuntos em torno de NS e N60-70W, neste regime de tensão, podem
e falhamento, as1ôðiadas
.,, ,., utngrrtdos à juntas preenchidas, com tendência à cisalhamento
=.il ;;; i"
- ¡uotu,
de cisalhamento em relação à o1. confonne o m"d"iô, d'
'.. ----
"o*¡rrgudo -t. r^
..,,Riedel (1929 apud Badgley, 1965) para geração de juntas em função da direção t,de
:
66

brechadas, de atitude geral sub-horizontal a N50E 2058, comprimento decamétrico e

preenchimento de até 5cm de espessura. Quando estas ocorrern, seu espaçamento é


decimétrico a métrico. Estas são interpretadas, segundo o modelo de Blés e Feuga (1986),
como juntas de tração, com componentes de cisalhamento, paralelas ao plano o1-o2 e
associadas ao movimento reverso, com vergência SE, que gerou a falha inversa do contato
NW dos metacalcários.

NG

il TÖ

JUNTAS

F Preenchidos

* s¡rpt"s

FALHAS
.X lnversos

\ *\ Direcionois o indelerminodos e
Junlos de c¡solhomenlo
Ol2km
¡...J_JÆ
D - Dique b<ísico PAcomomenlo

,,:Figura 3.26 Representação esquemática da geometria em planta do sistema de


-
,,:fraturamento das areãs carbonáticas estudadas, com interpretação da posição do esforço de
tl:,'':, : .:
,',compressão máxima (ol) em relação ao dobramento.

Na ¡írea Lajeado-Bombas, a estrutura sinclinal principal indica um esforço de

i$òrpi.rsão máxima (ol) também orientado segundo bnv-SE. Os conjqntos em torno de


i¡i.i,Ñ''i r N60w sugerem um sistema coqjugado, com cerca de 70o entre sí, como se fosse
:..i; ., .'
..., '., ii
a de juntas'de cisalhamento com relação à o1 a N30rtr. Em função
.

desta
Èip,r¡ i.:
i5

iiir

iËi
idi
ffit
íil1
61

esforços, as juntas Nt0-20W são atribuídas ao conjunto de tração, subparalelo ÍI o1, ê o


conjunto N50E, ortogonal à compressão máxima, corr€sponde às juntas de dilatação
geradas nas charneiras das ondulações menores do sinclinal, de forma semelhante ao
descrito para o homoclinal Furnas-Santana. Estas últimas possuem dimensões maiores, até
decamétricas, quando comparadas aos demais conjuntos. Deve-se frizar ainda, que o regime
de esforços foi mais complexo, pois a região deve ter passado por um período de

compressão, menos intensa, orientada grosseiramente segundo NE-SW, evidenciada pelas


ondulações dômicas detectadas na região centro e sudoeste da íxea do Lajeado, esforço
este, que também deve ter gerado estruturas disruptivas supe{postas às produzidas com o
evento de dobramento principal. Este segundo evento de compressão, pode estar
relacionado, com a intrusão do batólito granitóide localizado a SW dos metacalcários, o que
também foi proposto por Campanha (1991). Por último, não se deve esquecer, o evento de
reativação tectônica do Mesozóico, responsável pela intrusão dos diques básicos e
arqueamento crustal, o que sem dúvida contribuiu para a geração de estruturas disruptivas
na area, conforme Melo (1990). Com relação a este último evento, é provável que parte dos
veios métricos orientados a NW-SE, preenchidos com quartzo e calcita, possâm ser
^
atribuídos a este, pois dispõem-se paralelamente ao dique básico Nlil-SE, que secciona os
metacalcáLrios,
Juntas simples ou diacláses, são aquelas, ao longo das quais não houve
deslizamento nem afastamento significativo dos blocos adjacentes durante sua formação,
produzindo rupturas planares limpas e de grande superficie. Estas juntas são identificadas
em campo através de traços com largura milimétrica a sub-milimétrica. Após o
soerguimento e exposição do maciço carbonático a níveis próximos à superficie, estas
juntas, inicialmente seladas, normalmente sofrem um pequeno afast¿mento dos seus blocos
adjacentes, através da expansão geral da rocha em resposta ao alivio de carga litostática
(Badgley, 1965) A abertura sub-milimétrica destas juntas acaba permitindo a infiltração e
circulação de água meteórica, em regime capilar, por níveis rasos no maciço rochoso. Isto
pode ser observado ao longo das cavernas, onde principalmente este tipo de junta,
representa importante rota de percolação de água meteórica, o que é evidenciado pela
precipitação de espeleotemas ao longo do traço de intersecção destas juntas com a
cavidade.
Devido ao fenômeno de alívio de carga litostática, nem todas descontinuidades sem
i ,preenchimento, são de origem tectônica, ou seja, produzidas durante o evento de
deformação das rochas. Por exemplo, é comum ocorrer a expansão do maciço rochoso,
ìt juntas sub-
formando juntas sub-paralelas ao entalhamento de vales profundos, assim como,
',]¡aralelas à superficie geral exposta do maciço rochoso @avis, 1984 e Ford e Williams,
No caso das áreas estudadas, parte das juntas subverticais orientadas a NW-SE,
".t989)
,,t-qsbiq.comoio,conjunto sub-horizontal (figuras 3.24D,3.25D e tabela 3.5) são atribuídas a
itìestè,fuômeno:.por outro lado,:inota-se uma tendência de concordância da orientação dos
em ambas ¿5: [¡s¿5'sstudadas
l.,.conjuntos,de,juntas:preenchidas,:com,,as; atitudes de.,diáclasesr
l,' u 3,,26). Isto sugere que pelo menos parte, destas diáclases é de origem tectônic4
68

sendo que sua gênese, é relacionada ao mesmo processo compressivo que gerou as juntas
preenchidas e falhamentos aqociados. Desta forma, interpreta-se as juntas simples
subverticais com direção N60-708, de ambas as áreas, como sendo juntas plano axiais,
geradas tantopor tração em charneiras parasitas, como por alívio de tensão, após a
cessação dos esforços tectônicos compressivos. É importante not¿r que estas juntas
possuem comprimentos maiores, decamétricos, quando comparadas com os veios paralelos.
O conjunto N50-60W, além da origem atectônica citada acim4 é relacionado também, ao
evento de tração responsável pela injeção dos diques mesozóicos na direção N50-60W.
Este é muito notável na área Furnas Santana, onde possui espaçamento decimétrico e
comprimento métrico, formando uma clivagem de fratura ao longo de certas faixas, com
atitude geral N50W subvertical. Com a mesma atitude, ocorrem também, juntas simples
decamétricas, com espaçamento muito variável, desde métrico a decamétrico, tanto na área
Furnas-Santana, como Laleado-Bombas. Por último, hâ a.nda. as diáclases com atitude
N20E subvertical, observadas na área do Lajeado, paralelas ao conjunto de falhas inversas
de mesma direção, e portanto, provavelmente associadas a estas.
O comprimento das juntas simples, de modo geral, é predominantemente métrico a
decamétrico, com espaçamentos métricos. A densidade destas juntas é bem inferior à das
juntas preenchidas, mas seus comprimentos são superiores, fato importante a ser lembrado
na discussão do condicionamento estrutural do relevo.
Falhas inversas representam importantes descontinuidades nas áreas estudadas, já
notáveis em mapas regionais, onde formam contatos tectônicos. Foram reconhecidas
principalmente durante o mapeâmento de cavernas, onde foi possível segui-las por até
centenas de metros, como nas cavernas Lage Branca (centro-rul da área Furnas-Santana,
anexo 4.2) e Ouro Grosso (noroeste da ârea Lajeado-Bombas, anexo 4.2). Caraclsri2am-se
por comprimentos longos (dezenas a centenas de metros) e zonas de cisalhamento com
espessuras entre l0 e 40cm. Este cisalhamento produziu tanto zonas transpostas, finamente
laminadas (mitonitos), como também, cataclasitos e microbrechas,o que comprova regime
de cisalhamento dominantemente dúctil nas primeiras e ruptil (friável) nas segundas. O
movimento reverso foi observado através de dobras de arrasto associadas às faixas de
cisalhamento assim como pelo rejeito, de até 2m, em falhas inversas menores.
Sua geometria é representada nas figuras 3.24C e 3.25C. As falhas com direção
N55-75E e vergência para NW, da área Furnas Santana, são interpretadas como sendo
rupturas de flancos e charneiras de dobras paralelas, tendo sido geradas durante e na fase
final do desenvolvimento da estrutura geral homoclinal com dobras parasitas e caimento
para NW (frg 3.2aC). As falhas N30-40E, com vergência para SE, são interpretadas como
! sendo um conjunto de falhas conjugado ao anterior, decorrente da compressão NW-SE.

,,,Estas,falhas possuem comprimentos observados de dezenas a centenas de metros. As falhas


com atitude geral N75W 50SW indicam esforços alinhados à NNE-SSW, o que
i:
i',
::.
:i
iiei:ãssociá-las:tanto ao arqueamento crustal, associado aos diques mesozóicos como ii:
ìj
¿mlio.steffios:rrgefados:,pela::in-trusãp rdos.granitóides a S\M dos 'metacalcários. Na
,i"!
ii!
;i!¡
i!Íi
!ir
iä,
69

geometria semelhante à discutida acima, onde as direções N20E e N55E devem


conçsponder à falhamentos de flancos de dobras menores associadas à sinforma.
Falhas direcionais são freqüentes em ambas as áreas, sendo carctenzadas por uma
zona de cisalhamento tabular, com brechamento da rocha carbonática em diferentes graus
de moagem, com espessuras entre alguns centímetros a 0,5m. Nem sempre foi possível
detectar o sentido de movimentação dos blocos adjacentes ù zona de cisalhamento, ou até,
às vezes, notou-se evidências de movimentos tanto reversos como direcionais ao longo da
mesma estrutura de cisalhamento. Como o objetivo principal deste mapeamento não foi o
de elucidar a evolução tectônica ruptil da ârea, mas sim, obter um quadro'geométrico e da
distribuição de juntas e falhas presentes nas rochas carbonáticas, incluiu-se estas estruturas
dúbias, na categoria de falhas com movimento indeterminado, sem perder sua localização
e orientação, importantes para testar sua função de condicionante morfológico ou

Na área Furnas Santana foram identificadas falhas direcionais de alto'mergulho com


várias direções, conforme listado na tabela 3.5 e representado na figura 3.248, tanto
destrais como sinistrais. Nas direções gerais NS e N30-60W, ocorrem falhas transcorrentes,
ilém de indeterminadas, com comprimento mínimo decamétrico (observação limitada à
galeriase salões subterrâneos) e zonas brechadas de até 30cm, as quais devem estar
associadas ao sistema conjugado de cisalhamento, em relação à compressão máxima
juntas
responsável pelo ¿gþ¡amento (fig 3.26). Conforme iâ citado, é comum ocorrerem
preenchidas paralelas a estas, assim como pequenas falhas ou juntas de cisalhamento e
juntas sigmoidais tra¡sversais. As falhas N40E a N75E, em grande parte são de movimento
indeterminado, de grande comprimento e zona de cisalhamento com brechas e milonitos de
afé 50cm de espessura. Classifica-se estas, como falhas secundárias associadas aos
falhamento s maiores, predominantemente reverso s.

De maneira semelhante, na área Lajeado-Bombas, atribui-se as falhas direcionais,


incluindo as indeterminadas, nas direções médias N20E e N40-50V/ ao sistema de
cisalhamento conjugado gerado durante o processo de formação da sinforma. A direção
N50W, além da relação acima, também pode estar associada à falhamentos gerados na
as áreas. Deve-se
ocasião do arqueamento e intrusão do dique básico a NW-SE, em ambas
lembrar aqui, que o contato SE dos carbonatos Lajeado-Bombas ocorre através de uma
1991), e
importante falha regionaf principalmente inversa (Falha da Figueira, Campanha,
que em função desta, é possível que parte das falhas a N20E e principalmente aquelas
segundo N50-60E, possam representar falhas menores e ramos âssociados
a Falha da

paralelo aos
Juntas de cisalhamento são aquelas com pequeno movimento relativo
: blocos adjacentes, de comprimento decimétrico a métrico, quase sempre preenchidas com
-¡,calôita,,microbrech6 milimétricas e, às vezes, quartzo. A espeszura deste preenchimento
r,,¡6ô,,,.ultrapassa:2cm. Em função''de sua pequena extensão e rejeito de no naáximo'aþns
10

como citado
rejeito ou exposição do plano da junta para exibir estriamento. Desta maneira,
anteriormente, é provâvel que entre as demais categorias de
juntas definidas, possam

ocorrer juntas de cisalhamento.


Apesar das poucas medidas obtidas (figs 3.24F e 3.25F) em ambas as áreas,
é

possível notar-se tendências de orientação preferencial. Na área Furnas-Santana,


os

cisalhamento com a
conjuntos NIQE e N40-45W, apro{mam-se ao sistema conjugado de
juntas preenchidas (fig
direção de o1 em torno de N20-30W, conforme já sugerido pelas
3.26. Estes conjuntos, ocofïem em zonas' onde chegam a ter espaçamento
decimétrico'
N50-60E, de
muito semelhante às juntas preenchidas descritas anteriormente' O conjunto
é associado aqui,
porte maior que as anteriores e paralelo às juntas plano axiais de tração,
de flancos e
tanto às falhas inversas com vergência SE, como também, às rupturas
Furnas-Santana'
charneiras de dobras paralelas e assimétricas parasitas ao homoclinal
Na área Lajeado-Bombas, ressaltam-se os conjuntos alinhados a Nl0-20E
e N50W'

com juntas métricas, freqüe-ntemente paralelas à falhas com zonas de cisalhamento


desenvolvidas.
As falhas normais são as estruturas disruptivas menos freqüentes nas
áreas

estudadas (tabela 3.5 e frgs 3.248 e 3.2C). Caracterizam-se


por zonas de falhas com
oblíquas' Est¿s zonas
preenchimento, brechamento e pequenas fïssuras preenchidas
em juntas simples e/ou
possuem comprimentos decimétricos a métricos, terminando
preenchidas ou dobras. Associa-se as falhas normais
N35E e N75E à fraturas de tração'
pode estar associada ao
g.r.du, em charneiras de dobras parasitas. A direção N50-60W
a estas falhas'
evento de tração e intrusão do dique básico, sub-paralelo

3.4.2 Expressão fisiográfica de estruturas planares.


Levantamento de fotolineamentos'
que as descontinuidades de
É senso comum, no estudo de fraturas a nível regional,
aéreas verticais, através de¡'alinhamentos
alto mergulho sejam expressas sobre fotografias
1984)' Com o
, topográficos, principalmente de vales e zonas deprimidas (wadge'e Dixqo,
: objetivo de verificar a correlação entre as estruturas disruptivas mapeadas em campo
e

, feições de relevo lineares sobre os calcârios (vales fluviais e alinhamentos de depressões


fotolineamentos das áreas estudadas
pohgonais e dotinas), confeccionou-se os mapas de
. (anexos 3.1 e 3.2), assim como, os histogramas dos comprimentos acumulados destes

.l lio.u*"ntos, em função de sua direção (frg3.27). Desta maneira, é possível comparar


as

',. dir"ções predominantes obtidas em campo, com aquelas observadas em fotografias aéreas, e
'
de feições cársticas.
¡ âsslûr, sugenr quais estruturas condicionam alinhamentos
,.,

i'- da área Furnas-Santana, indica predominância das direções N40-80E, com máximo neste

entre N50-608, e outro conjunto concentrado entre N30-70W com máxmo


em
.' ,1:quadrante,
de fraturas obtidos em c¿rmpo
i'ì :5,0.60w. comparando este resultado com os conjuntos
i.... (tab,, 3 5), nota-se que na direção N5O-60E híL concentrações de juntas simples, il

:i
i preenchidas, de, cisalhqrnento, falhas inve¡sas e direcionais, estas últimas, mais importanìes, l"l;

s,
,Éi

i'¡u, ¿ir.co.j ¡r4og r ÑzsÈ soure .rias estruturas disruptivas, soma-se ainda,' ,a oiréÇao 'dot lftl
til
iil
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7l

46
278 ocorrêncìos
23.7 hm Setor NE

E w 46784
E
246E lO ll.45o/o
958 ocorrêncios
?
299 eçsr¡[ncios Tolol do oreo
30.4 km Selor SW 85.2 km

Areo Furnos - Sontono

2 4 6 89.8% 288 ocor¡âncios


3OO ocorrêncios
33.7 rm Setor Cenlrol e NE 28.1 km

-E
g2J 6çe¡rincios
2468 6c/c
Totol de
95.4 km f ololineomentos

dreo Lojeodo Bombos !

ii
:rì
iil

Êì:
72

planos de acamamento com alto mergulho, também muito freqüentes e dispersos nas
direções N50-70E. No quadrante NW, correlaciona-se o máximo de lineamentos entre N50-
60W, com os conjuntos dominantes, nesta diregão, de juntas simples e falhas direcionais a
indeterminadas, e a N70W com falhas inversas e juntas preenchidas. A dispersão de
lineamentos, tanto nas direções NE como NW, é interpretada como sendo conseqüência da
alta freqüência e grande variedade de descontinuidades presentes nas rochas carbonáticas.
Construindo histogramas de lineamentos referentes à setores desta área, obteve-se
concentrações de lineamentos menos dispersas (figuras 3.27 L
B, C). No setor SrW (fig.
3.27C), os conjuntos de falhas direcionais aN40-50E e N50-60W, assim como, as falhas
inversas a N75E e N75W, além das juntas preenchidas a N50E e juntas de cisalhamento a
N45W, coincidem com os picos de freqriência máxima de lineamentos. Passando para a
região central da ánea Furnas-Santana (fig 3.2TB), além das correlagões já observadas, é
realçada uma ocorrência de lineamentos ao redor de NS e outra em torno de EW. A
primeira é atribuída aos falhamentos di¡ecionais, juntas preenchidas e de cisalhamento, com
direções NS e Nl0E e a segunda, coresponde aos lineamentos próximos a EW, produzidos
pela falha inversa N75-80E 60-70SE, de comprimento quilométrico, observada ao longo da
cäverna Lage Branca. Por último, deve-se considerar que a concentração de lineamentos na
direção NE é reforçada por traços do acamamento com alto mergulho e grande
comprimento.
Na área Lajeado-Bombas, ocoffe tambén1 nítida correlação entre as direções
predominantes de fotolineamentos e o sistema de juntas e falhas identificadas em campo. No
setor sudoeste da fuea (frg. 3.zTF), a concentração máxima de lineamentos entre N40-60E
sobrepõe-se às direções preferenciais de juntas simples, preenchidas, falhas inversas e
direcionais e em parte aos planos de acamamento. A concentração EW deste setor é

correlacionada, pela falta de importantes fraturas nesta direção, aos planos de acamamento,
que neste setor ocorrem próximos a EW. em função do fechamento do sinclinal e também,
devido à estrutura em domos e bacias nesta área. Os máximos no quadrante NW, menos
expressos no setor SW, ressaltam-se na região central e nordeste da fuea Lajeado Bombas
(frg 3.278). Neste setor, a predominância de lineamentos entre N40-60W e N20-30E,
coincide com dois conjuntos preferenciais de juntas simples, preenchidas, de cisalhamento e
falhas. Concentrações menos freqüentes de lineamentos, em torno de NS e N20-30W
sobrepõe-se aos demais conjuntos de falhas inversas, juntas de cisalhamento e preenchidas,
identificados na área.
Uma vez demonstrado que os fotolineamentos são a expressão morfológica de
t,:i
lrl¡Ì
.l:
, ¡í:
,lt
juntas (incluindo as juntas de estratificação) e falhas presentes nos metacalcários, pode-se ,:ii
Liì
1:il
.:íi

utilizar estes lineementos para calcular a densidade de fraturamento destas áreas, i:i
: r:"

parâmetro proposto em Davis (1984), como sendo a razáo entre o comprimento total de il.

.,fotolineamentos e a área em que estão contidos, neste caso, a fuea aflorante de i':!
ì1$
,,J

,irietacalcários. ,No: :caso de metassedimentos estratificados, propõe-se utilizar o tenno rri


,il
;OemiAa¿e,rteirf ntinuidades, ao invés de fraturamento, pois traços de planos de ,ii-È
rr$.
iii;
,iiHi
.¡aClm,
rimentO¡Si.e; os no lel'antamento de fotolineamentos. Este parâmgtro, constitui, .. .
ÍiiËt
t{!Ël
I . .:: :: '.1 - .: r llHi
iiiË
't3

um valor quantitativo, para exprimir de forma simplificada e preliminar, o grau de


segmentação por descontinuidades de uma área, a partir de fotogrlfias aéreas. Os
metacalcários Furnas-Santana, com 27,5Km2 de írea e 65,2km de lineamentos (subtraindo
os lineamentos contidos sobre a intercalação pelítica central), possui densidade de

descontinuidades de 2,4km-1. A área Lajeado Bombas, com 47,5km2 de calcários expostos


e 85,4km de lineamentos (subtraindo os trechos de lineamentos que cruzam o contato
litológico), apresenta densidade de descontinuidades de 1,8km-1. Estes valores indicam,
respectivamente para as áreas acima, que em lkm2 de rocha carbonática exposta, ocolTem
2,4 e 1,8 km de lineamentos topográficos estruturalmente guiados. o que leva à conclusão,
de que o relevo cárstico destas áreas é fortemente condicionado por estruturas planares,
entre as quais, ressaltam-se aquelas alinhadas segundo NE e NrW A densidade maior de
descontinuidades na área Furnas-Santana, pode ser interpretada como sendo reflexo da
estruturação mais intensa do relevo nesta, em relação a átrez Lajeado-Bombas. Esta

estruturação maior da paisagem sobre a fuea Furnas-Santana, é atribuída ao fato de que os


metacalcários desta área apresentam uma densidade maior de planos de estratificação, em
função do caráter fortemente rítmico da alternância de camadas puras e impuras, além dos
altos ângulos de mergulho destas.
A identificação de quais estruturas são mais favorár'eis ao entalhamento e

desenvolvimento de feições cársticas superficiais é apresentada a seguir.

3.4.3 Fatores condicionantes do relevo cárstico das áreas estudadas


As bacias poligonais fechadas, células ñ¡ndamentais do relevo cáLrstico atual, seguem
de modo geral, um padrão de orientação imposto pela paleodrenagem fluvial que antecedeu
o carste poligonal nas áreas investigadas. A implantação de uma rede fluvial sobre rochas
maciças, é condicionada pela associação entÍe zoîas mais favoráveis ao intemperismo e o
gradiente hidráulico (Thornbury, 1969). As zonas mais propícias à desagregação química
das rochas são as descontinuidades permeáveis do maciço rochoso solúvel e os estratos
carbonáticos mais solúveis em relação àqueles impuros, ricos em pelitos' :

Na área Furnas-Santana, as rotas gerais da paleodrenagem, assim como, grandg:

parte dos eixos maiores de depressões poligonais, seguem a direção N50-70E (anexo 3.1).
Esta direção corresponde ao alinhamento dos planos de estrati.ficação, de importantes'
conjuntos de juntas simples (ou longitudinais em relação ao eixo do dobrapento);
preenchidas e falhas, todos coincidentes com a direção do gradiente hidráulico sobre ios'
carbonatos. Conclui-se, portanto, que o entalhamento da paleodrenagem seguiu es-tas
falhas e
estruturas, sendo que, entre estas, mais intensamente os planos de estratificação,
juntas simples (em ordem decrescente), devido à permeabilid¿ds maior destas, em relação'às
'de
juntas preenchidas. Sugere-se também, que a instalação da-s linhas preferenciais
40-70NW e os planos de
,drenagenl seguiu a intersecção entre a estratificação N50-70E
. juntas simples, e falhas com direções semelhantes e altos mergulhos, pois esta inÍersecção,

,:sub-rh.erizogtpls de,cgncentração de fluxo


da {gul:subterrânea, aum. ç.lt'.,9J
,,fuduzinì9-ll$hês
't4

a remoção de material em solução ao longo destas rotas, favorecendo assim o entalhamento


de vales sobre estas. x
Na área Lajeado-Bombas o condicionamento estrutural da paleodrenagemtambém é
evidente, mas, seguindo predominantemente o conjunto de juntas e falhas NW-SE, N20-
30E, N50-60E e localmente planos de estratificação.
Inserido no contexto de que a permeabilidade secundária aumenta com o tempo,
causando gradativo incremento na condutividade hidráulica do corpo calcârio e
rebaixamento do lençol freático sobre as linhas de percolação subterrânea, deve-se discutir,
o condicionamento estrutural da instalação de pontos de absorção do ssc,oamento
superficial, associados à linhas sub-verticais de maior condutividade hidráulica ao longo da
intersecção de descontinuidades de alto mergulho, conforme é ressaltado por Lattman e
Parizek (1964), Kiraly et. al. (1971), Parizek (1976) e Williams (1985). Estas rotas verticais
de infiltração vão deflagrar o desenvolvimento de dolinas associadas à depressões

poligonais. Estes pontos iniciais de absorção, localizam-se, conforme observado nos mapas
morfiológicos e de reconstrução da paleodrenagem, preferencialmente sobre os canais
fluviais, em função da concentração do escoamento superficial sobre estes: Além disto,
ðonfi.rmou-se durante o traçado de fotolinea¡nentos, que a maioria dos fundos de depressões
ocofïem na intersecçãci de lineamentos. Como exemplo, na área Furnas-Santana, os
sumidouros autogênicos ocorrem preferencialmente na intersecção de lineamentos de
direção geral N50-70W, com o traço do acamâmento de mergulho moderado a alto, de
direção N40-608 e juntas e falhas paralelas a este, formando alinhamentos preferenciais
sobre o acamamento (fig 3.28). Os lineamentos NW-SE representam as juntas de tração
paralelas aos diques, assim como, aquelas transversais ao eixo geral do dobramento, todas
Na íreaLajeado-Bombas, nota-se também, o alinhamento
de alto mergulho a subverticais.
de sumidouros. Neste caso o alinhamento predomina sobre traços de fraturas longas e
falhas, onde os pontos de infiltração ora correspondem à intersecções destas fraturas
proeminentes com traços menores do acamamento ou com outras fraturas (fig 3.28).
Conforme observado em campo, as fraturas longas traçadas em fotos aéreas correspondem
principalmente aos conjuntos de juntas simples decamétricas e falhas com zonas brechadas
associadas.

':
O alinhamento preferencial ora sobre traços de acamamento, como na íjúea Furnas-
Santana e, ora sobre linhas de fraturas, como predomina na ínea Lajeado-Bombas, é
. atribuído ao ângulo maior de mergulho do plano mais permeável. Isto é, os pontos de

infiltração instalam-se nas intersecções, alinhando-se preferencialmente, sobre os planos


mais permeáveis e mais inclinados. Na área Furnas-Santana, esta associação corresponderia
aos planos de acamamento e, na ârea Lajeado Bombas, devido ao baixo mergulho
:-
predominante da estratificação, os planos 6¿i5 inclinados e permeáveis correspondem às
' iuntas simples longas e falhas.
ì-',:,.,,:,-,:,De:modo geral, a identificação no tereno do tþo de descontinuidade responsável
þ,:¡itri1s, dificil,,':¿svido'ao 'espessoiìsolo'que'cobre x,
pétcalinhamentor:{s,sumi6ouros
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..,.,,1,, ., a.. .. . 'lì::.-,ir:,'t;-:. ,
75

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Figura 3.Zg - Interpretação do condicionamento estrutural dos princþais alinhamentos de


*äidouro, autogênicos nas áreas Furnas Santana e Lajeado Bombas. Alinhamentos
èxtraídos dos mapas morfológicos. AC- acamamento, FR-
junta simples longa, FL- falha,
DF- contorno aproximado de depressão poligonal. D- dique básico-

:
.:. Associado ao alinhamento de sumidouros sobre planos de estratificação e fraturas,
., muitas depressões poligonais ta¡nbém exibem seu eixo maior, em planta, paralelo a estes
',.lineamentos estrufurais. Conforme citado anteriormente, esta é uma herança do
l' c-ondicïonamento, ,estruturâl da paleodrenagem zuperficial que posteriormente foi
1'to..gF"orada'.l a,¡.! al-ação,de,depressões rde drenagem centrípeta. Na ár¡a Fïnat-:*iÏu:
i, ôieüo,maiorildestas,,,é predominanlemente paralelo ao traço da estratificação e de falhas'.
Y:-:'-::r---:-:.,::--
lì+,r',,. :.. ,l: .. ^ , .
,., .. ..
76

inversas como, por exemplo, a falha inversa da Lage Branca (fig 3.28). Iâ na ârea Lajeado-
Bombas, o eixo maior de depressões e o alinhamento preferencial de sumidouros, segue
principalmente estruturas disruptivas.
Observando a incidência de poljes de contato na área Furnas-Santana, assim como,
o entalhamento maior de vales cegos (anexo 3.5), nota-se que ambos estão mais
desenvolvidos ao longo do contato SE dos metacalcários. No contato NW, ao contrário, os
córregos alogênicos formam trechos fluviais sobre o calcário, antes de atingirem
sumidouros. O número maior de cavernas penetrâveis, com pórticos de abatimento junto à
sumidouros, também caractenza a faixa de contato SE desta área. Estes fatos são
associados à estrutura geral do homoclinal com mergulho da estratificação para N'W, isto é,
na situação estrutural onde o mergulho dos planos ds ¿çememento está a favor da direção
de injeção de água alogênica, a capacidade de absorção de água pela rocha será maior do
que na situação inversa, onde o gradiente hidráulico local é contrário ao sentido de
mergulho das camadas (fig 3.29). Havendo capacidade maior de absorção de água, o
volume de rocha dissolvida será maior, condicionando assim, um entalhamento mais intenso
a favor do mergulho das camadas, produzindo as feições de relevo citadaS. Isto evidencia,
. o importante papel da estratificação como descontinuidade favorável para
mais uma vez,
percolação de água nos metacarbonatos, condição também observada no carste das
., montanhas Rochosas por Ford (l97la) e Mills (l9Sl) e no carste da região de Irecê @A)
tt po, Guerra (1986) . Este é um exemplo de condicionamento hidrológico e estrutural da
' paisagem cárstica.
,,' Esta condição de permeabilidade maior de certos planos de estratificação é atribuída
i:,,"ao processo de deslizamento flexural desenvolvido durante o dobramento da seqüência
r.carbonâtica.
Sobre diversas superficies expostas do acamamento foram observadas estrias
'.'ide atrito e uma fina película de material moído, às vezes cimentado por calcita e
quartzo.
, Estas feições, além de evidenciarem o deslizamento entre camadas, mostram que houve urna

.- os estratos, preenchida por material finamente granulado, o que é


peQuena abertura entre
', iotrrprrtado como sendo a causa da permeabilidade maior destas zuperficies, que também
t,'
porru.* grande extensão e continuidade, fator fundamental para condicionarem proto-
,'t condutos para percolação de água. :r.l

. A paisagem fluvial dos vales dos rios Furnas e Betari, descrita no item 3.2, também:':
, exibe controle estrutural. Com a identificação de lineamentos acima obtida, relaciona.se"a'
.direção NW-SE destes vales ao conjunto de juntas simples, de tração, paralelas ao'diqtle,'ì
" :' r':: '':"1:t:i::t:'::..':l'
,,--
basáltico que corta as áreas na mesma direção. Este é outro exemplo de condicionâm'ento:"
,',,, hidrólogico e estrutural de relevo, pois -a implantação da paisagem fluvial ''ê peisistênoiâ,,
.:r 'r.! .
r,.:].
'',,desta sobre metacarbonatos, é conseqüência da soma entre a estrutura favorável,..''i .'
:-i entalhamento superficial ea vazdo alta destes rios desde a época de exposiÇãót:dés:
metacalcários. ""'l "
it.,'..
":,1 , O zoneamento morfológico da área Furnas-Santana (anexo 3.5), mostiou quei'z@-
de coþsö '¿ :'fr¡n
'¿å'.
f*'d"..r.rrte,..poliggnal, incluindo ¿-,concêltração,'de'estruturas'
ii-:d'èÞre-ssões¡p,ffionair,é *uir'r*p¡grriua uottopgo de uma:fåixaNWlSp:¡OSiíÞi'sud;¿
;
' i
'' ì ; :'..'1'::-11:r¡'""i :1¡ 1¡.-''t: : ¡l:, ;,
71

área.Isto indica um grau de segmentação maior da paleodrenagem superficial nesta faixa,


em relação a zoîa morfológica de transição, predominante na faixa NW desta área.
Conforme Gunn (1986), apesar da aparência de que as formas de relevo do endocarste e
exocarste possuem desenvolvimento independente, este cita, que há fortefrazões de se
considerar, a priori, a evolução mútua e dependente destas formas. Nesta linha, Bull (1980)
mostrou que ilepressões poligonais e dolinas do ca¡ste ¿o zut de Gales (Ingtatena) estão
relacionadas com condutos subterrâneos localizados até l80m abaixo destas dolinas e que o
desenvolvimento destas, está envolvido desde as fases primordiais da implantação do
sistema de cavernas. Em relação ao carste do Ribeira, esta área maior de zona poligonal,
encontra-se exatamente sobre o
setor da área Furnas-Santana, onde ocofre, numa
profirndidade média de 200m abaixo da superficie, o maior e mais desenvolvido sistema de
cavernas desta area (fig 3.29), conforme detalhes apresentados no capítulo 4. Isto
comprova a evolução dependente entre sistemas de drenagem subterrânea e as feições de
relevo superficiais, onde estas últimas, acabam sendo condicionadas, pelo desenvolvimento
de sistemas de cavernas.

8A
r-__--=--ì r----1

/,
/,

Metocotccírios .r/o?@6oom

¡'---. Zono com concenlroçõo -- * Fluxo gerol cto dguo sublerrôneo


'----/ de COndulOS e Covernos

''Figura
Localir.aç¡¡o da zona de concentração de condutos cársticos com relação
à
S.2g -
setor 2l. A- Zona de carste poligonal
'iö;g..fi;. Conr fiansversal a âreaFurnas-Santana,poligonal'
Bl Z]oo de transição de fluviocarste para carste

r - -ô--^-- -¡¡ aicfam,


---^-C^:^:^

associada à caverna Areias (fie'3,f0¡'


,drenagem subterrânea é a grande depressão composta
.Citou-se que esta possui área e profundidade anômalas em relação à população; de
.'.,depr"ssões poligonais das áreas estudadas (item 3.3)' Relaciona-se, isto' ao fato desta
,,-¿.pr.rreo,ter sofrido uma tæra de ampliação maior que as demais, após a *"*i: *_t-i:l
,', de drenagem interna à rede de condutos zubterrâneos
do sistema de.'c4.Y.,.-e.,f, s
.solr sistema
::'
interseoçãg ,,da rypedcìe. do rg.fe,y
;l .

,i,l:.A¡eias,,,Co.mo ,conseq¡iênpiê,; .Çós ¡,ô, :'994,,..o;'.frvff


i*,conduto* trlnsmis¡3q,., -"...9tt .e.4'tPisúf.erfi'lt
o.âoegs,::a cgp.acidade,dg,,ab-sorção, 9
78

aumentou em muito, o que resultou na realimentação positiva do processo de ampliação


desta depressão, conforme modelo da figura 3.15.

3.5 Conclusões
O mapeamento morfológico, a medição e cálculo de índices morfométricos sobre as
áreas de emostragem, mostraram que, ao contrário da primeira impressão, de que a
superficie cárstica exibe um relevo caótico e desorganizado de dolinas, depressões fechadas
e sumidouros, o carste do Alto Ribei¡a possui um padrão de relevo organizado e

estruturalmente condicionado.
As unidades morfológicas definidas (zona fluvial, fluviocárstica" de transição e
poligonal), permitiram estabelecer diferentes estágios evolutivos do relevo cârstico,
partindo de uma paisagem fluvial, a qual é gradativamente segmentada pela implantação de
bacias de drenagem fechada, cujo desenvolvimento levou à formação de carste poligonal.
A iniciação de depressões poligonais ocorreu sobre uma paleodrenagem fluvial
estruturalmente condicionada, onde os pontos de absorção vertical do escoamento
superficial instalaram-se preferencialmente na intersecção entre planos de estratificação e
juhtas simples longas e falhas. Sobre o denso reticulado de descontinuidades observadas em
ambas as áreas investigadas, na fuea Furnas-Santana, as depressões alinham-se
principalmente sobre traços do acamamento, tendo seus sumidouros definidos pela
intersecção de juntas simples e falhas oblíquas aos mesmos. A área Lajeado-Bombas, ao
contrário, exibe alinhamento preferencial de sumidouros sobre juntas longas NW-SE, com
sumidouros definidos pelas intersecções destas, com traços de ¿çamamento, juntas e falhas.
Atribui-se esta diferença ao mergulho mais alto da estratificação na ârea Furnas-Santana,
aliado ao fato, desta apresentar também, densidade maior de planos de estratificação,
devido à ritmicidade maior na alternância de estratos carbonato-pelíticos e carbonáticos.
poljes de contato estão associados à condição estrutural favorável para injeção
Os
de água alogênica (sentido de mergulho da estratificação coincidente com o gradiente
hidráulico), assim como filiam-se as maiores bacias de captação de escoamento alogênico.
A evolução da população de depressões oçorreu, e ocorre, através do processo de
competição e coalescência entre estas (tÐ(as de abertura diferenciadas), gerando inversões
de relevo, assim como pelo mecanismo de geração múltipl4 onde a instalação de
depressões com drenagem mais eficiente, deflagra a instalação de depressões menores,
vizinhas à primeira. Gera-se, desta maneiia, uma superficie dinâmica de rebaixamento do
relevo, onde se observam feições mais antigas, de fundos de depressões, hoje em cristas,
associadas ao lado, ou acima em cota, à-pequenas dolinas em iniciaç.ão. Neste processo de
competição entre taxas de entalhamento do relevo, ressalta-se, na área Lajeado-Bombas, a
invasão da superficie de carste poligonal, pelo alargamento do vale do rio Betari adjacente,
contribuindo com a inversão de relevo.
As zonas poligonais mais desenvolvidas refletem a presença de condutos
,íi
'subterrâneos e sjsfemas de cavernas com drenagem eficiente do escoamento superficial, À'f
iìr*
L4

,.,como foi compi_ov na área Furnas Santana. Na área Lajeado-Bombas, esta,relação.é


:,,tr r...r:--.,ì. . ,. .:::,..r1;,'.,,,r.,.:,
. _, .t : :
iÍt
:t,:.,,,,,tt.' ::-:t..::,:t,',,..-t.'..,,,, ., i : ,il:i.1.:.,::,:l.'::,-',,.,t,'
19

menos evidente, apesar da presença de vários sistemas de cavernas, embora, a maior


depressão compostâ desta área, seja decorrente da conexão direta desta, coln um sistema
eficiente de drenagem subterrânea.
Pela densidade de depressões, concluiu-se que as zonas poligonais do carste do Alto
Ribeira encontram-se em avançado estágio de desenvolvimento, com densidades
semelhantes ao carste poligonal da Nova Guiné e Jamaica, considerados altamente
desenvolvidos (Williams,l972b e Troester et. al. 1984). Por outro lado, o carste de forma
geral, incluindo as demais zonas morfológicas, possui grau de desenvolvimento menor que
fato do índice de dolinamento das
as áreas típicas de carste poligonal acima citadas, pelo
áreas emostradas estar entre 2,6 e 1,7. Neste contexto, concluiu-se que a área Lajeado-
Bombas, poszui relevo poligonal mais desenvolvido que a area Furnas-Santana, sendo que
nesta última, predominam características fluviocársticas.
Devido à predominância de fluviocarste sobre a faixa carbonática junto ao contato
NE da área Furnas-Santana, interpreta-se baixa permeabilidade secundá¡ia nesta faixa, em
comparação com a faixa carbonática próxima do contato SE, com alta permeabilidade
secundária, evidenciada pelo importante sistema de cavernas neste setor.
^ A intensidade do relevo poligonal é expressa pelas medidas de profundidade das
depressões poligonais. O carste do Alto Ribeira apresenta profundidades típicas de carste
tropical.
Com as medidas de área de depressões poligonais, confirmou-se também a grande
semelhança entre o relevo poligonal do Alto Ribeira e aquele da Nova Guiné e Jamaica,
apesar das condições climáticas distintas reinantes na Nova Guiné. Isto confirma a

conclusão de Smith e Atkinson (1976), de que a ocorrência de carste poligonal é possível


numa grande amplitude climática.
Os valores morfométricos semelhantes entre diferentes regiões cársticas (com
litologia e história climática diferentes), sugerem que há um padrão geral de relevo
L "¡,. poligonal, o qual difere somente em pequenos detalhes, entre áreas distintas.
CAPÍTULO 4
A DRENAGEM SUBTERRÂNEA E A EVOLUÇÃO DE
SISTEMAS DE CAVERNAS

4.1 Introdução
Rochas carbonáticas caracterizam-se por abrigarem aqüíferos heterogêneos (Yuan,
t9B5), compostos por redes contínuas de condutos e aberturas menores, ambos alargados
por dissolução da rocha. Estes padrões de condutos interconectados constituem os sistemas
de cavernas e proto-cavernas, responsáveis pela drenagem subterrânea de áreas cársticas
(Ford e Williams, 1989).
Com o entalhamento da paisagem, níveis de condutos freâticos são

progressivamente drenados, tornando-se preenchidos com ar, além de água. Entre estes
condutos com ar, alguns são bloqueados por sedimentos, outros possuem dimensões
impossíveis de serem penetradas pelo ser humano e a maioria destes condutos, continua
inacessível, simplesmente por não terem uma conexão que possa ser percorrida pelo
homem. Na grande maioria das áreas cársticas, as cavernas acessíveis representam somente
uma pequena fração do total de condutos presentes (White, 1988 e Worthingtoir, 1991).
Estas cavernas são definidas, por uma convenção antropomórfica (White, op cit.)
reconhecida pela União Internacional de Espeleologia, como sendo cavidades subterrâneas
naturais, em rocha, e que possuem dimensões suficientes para permitir a passagem de um
ser humano. Desta definição surge uma questão polêmica entre exploradores e topógrafos
de cavernas naturais, quanto as dimensões mínimas de uma cavidade para ser registrada
como caverna num cadastro ou levantamento de cavernas de uma região cárstica. A maioria
das associações espeleológicas convencionam um comprimento mínimo entre 150 e 50m em
planta, ou 20m na vertical e diâmetro mínimo que permite a passagem do explorador. Esta
definição de caverna, vai depender, poftanto, de quem a convenciona. Mas,
independentemente destas convenções, deve-se ressaltar que as cavernas constituem as
únicas frações diretamente acessíveis para observação do aqüífero cárstico, o que as torna
especialmente importantes no estudo da circulação atual e pretérita de água em rochas
solúveis.
Neste sentido, necessita-se definir e classificar os condutos cársticos do ponto de
vista geomorfológico e hidrológico, independentemente de sua acessibilidade. Ford e Ewers
(1978) definiram cavernâs cársticas como sendo condutos de dissolução, ou qualquer
abertura na rocha solúvel, que tenham dimensões suficientes para permitir fluxo de água
em

regime turbulento, apesar de que, este fluxo não necessariamente sempre é turbulento
neste

estágio. A dimensão mínima para esta condição é de 5 a 15 milímetros de diâmetro


ou

largura deste conduto ou abertu¡a na rocha (Howard, 1964, apud Ford e Ewers, 1978),
sob

ação de variados gradientes hidráulicos; Para que ocolra este fluxo, a caverna cáLrstica
necessariamente deve estar conectada a uma rota de injeção e saída da água
subterrânea.
por outro lado, cavidades integradas numa rota de circulação subterrânea, mas que

possuem dimensões abaixo do limite de fluxo turbulento, são classificadas como cavernas
8l

em início de formação, ou seja, proto-cavernas. Quando ocorre a situação de um ou vários


condutos conectados, continuamente na condição de cavprna cárstica, ao longo de todo
trajeto entre injeção e ressurgência da árgua subterrânea, caracteriza-se um sistema
integrado de cavernas, ou simplesmente, sistema de cavernas cársticas. A maioria das
cavernas acessíveis ao homem, são fragmentos destes sistemas de circulação subterrânea"
onde estes últimos, além de constituírem o aqüífero cárstico, possuem também, equivalência
funcional às redes de drenagem superficial na geomorfologia fluvial.
Neste contexto de sistemas de cavernas cársticas, este capítulo tem como objetivo
essencial, esboçar uma seqüência evolutiva do aqüífero cárstico e suas feições subterrâneas
associadas, através da investigação morfiológica e geológica dos principais segmentos
acessíveis de alguns dos sistemas de cavernas presentes nas áreas carbonáticas Furnas-
Santana e Lajeado-Bombas (definidas no cap. 3).
4.2 Distribuição e características fisicas gerais dos sistemas de câvernas nas áreas
investigadas
Para delimitar os sistemas de cavernas e suas bacias de captaçio de água, foram
executadas as seguintes etapas de trabalho: mapeamento geoespeleológico das principais
cavernas da área; implantação destes mapas e perfis em cartas topográficas l:10.000 e no
traçado morfológico 1.25.000 da superficie e, verificação em campo elocalização em cartas
topográficas dos principais sumidouros e ressurgências associadas a cada sistema de
cavernas. Estas informações são fundamentais para esboçar a geometria do fluxo de água
subterrânea nos metacalcário s.

O mapeamento geoespeleológico consiste em obter a representação bidimensional,


tanto em planta, como em projeção no plano vertical, do conjunto tridimensional de
condutos e salões que compõem a caverna, assim como da estrutura da rocha encaixante. A
visualização do espaço subterrâneo é auxiliada através da confecção de seções transversais
e longitudinais, nas quais, são enfatizados detalhes morfológicos de trechos da caverna.
Sobre estas plantas e seções morfológicas são lançadas as atitudes de estruturas, como
planos de acamatrtento, juntas e falhas. Como exemplo do produto deste mapearnento
apresenta-se o mapa da caverna Lage Branca, anexo 4.1. A metodologia de mapeamento
geológico de cavernas foi desenvolvida em conjunto com gnrpos de exploração de
cavernas, onde ressaltaram-se o Grupo Pierre Martin de Espeleologia e o Grupo'de
Espeleologia do IG-USP, este último, com vários trabalhos de intciação cientifrca
(Battistucci, 1988; Marinho, 1989; Philadelphi, 1990; Lepine, 1992 e Afonso de Souza,
1993), Como base metodológica utilizou-se também os estudos geológicos de cavernas nos
Apalaches (Jameson, 1985) e as orient¿ções de mapeamento espeleológico de S¡hite
(1966), Chabert e Watson (1981) e Thomson e Taylor (1991).
4.2.1 Distribuição de sistemas de cavernas
Através,da inserção, na basè topográfica e geológica, dos mapas de cavernas obtidos
,neste trabalho e aqueles disponíveis no cadastro de cavernas da Sociedade Brasilêira,,de'
peteolqgia;,:foirobtida;a,distribr¡ição,de;cavernas nas áreas carboriática5lF,u,rnas-Santana e
:',Laieado-Bombas;,confofFe:o anexo 4.3. As'bacias de captação referentes a cada sistema
82

foram demarcadas em fotografias aéreas 1.25.000, durante a confecção dos mapas


morfológicos das áreas carbon{ticas em estudo'
Associando estas cavernas aos respectivos sumidouros e ressurgências, foram
(aiexo 4-2).
identificados os sistemas de drenagem subterrânea presentes nos metacalcários
Os principais estão listados na tabela 4. l. juntamente com suas características
associadas'
morfométricas. Sua denominação segue os nomes das principais cavernas
A demarcação das bacias de drenagem subterrânea, conforme apresentada no anexo jjj
da aplicação futura
4.2, possui caríúer preliminar e qualitativo. Sua definição exata depende
de traçadores þ.ex., corantes), através dos quais, poderá se confirmar,
ou readaptar, o
quais, até o momento'
quadro aqui proposto, para as linhas de fluxo da ágUa subterrânea' as
sumidouros e ressurgências'
são interpretadas em função da posição de condutos mapeados,
Foram identificados onze sistemas principais de drenagem zubterrânea,
cinco na arca

Furnas-Santana e seis na átrea Lajeado-Bombas (anexo 4.2). Num contexto geral, as


planos de estratificação'
cavernas associadas acompanham, em grande parte, a direção dos
com poucas exceções (caverna Laje Branca), concentrando-se ao longo de faixas,
com

largura variável, próximas aos traços dos contatos sudeste dos metacalcários'
A título de
foram mapeados
exemplo, na área Furnas-Santana, onde esta característica é mais marcante,
cerca de g700m de condutos subterrâneos do sistema de cavernas Pérolas-Santana
(cavernas Pérolas, Tobias e Santana), 2985m do sistema Águu Suja e
530m do sistema do

. Grilo, os quais (ïO,gyo do total de condutos mapeados) estão todos alinhados nas
' proximidades do contato SE. Em contrapartida' na faixa ao longo do contato NW, apesar
,, da intensa prospecção de cavernas, realizada neste trabalho e anteriormente, por moradores
, locais e grupos de exploração de cavernas, foram mapeados somente cerca de 1000m de
Furnas)'
., cavernas integradas à sistemas de drenagem subterrânea (caverna do Zezo, Abismo
onde ocorrem pequenas
,i o mesmo oco,,e ao longo da faixa central dos metacalcários.
cavidades isoladas e várias cavernas verticais, sem
conexão transponível com sistemas
:.
t. do total de 11860m de
integrados de drenagem subterrânea. Na tseaLaieado-Bombas-
':r condutos mapeados, cerca de 5660m (47,7%) desenvolvem-se na-( proximidades do contato
,i' SE (cavernas Areias de Baixo, 1600m; Atambarí de Cima e de Baixo' 1600 e 890m;
,,. Gurutuva, l00m e Jeremias, 1270m), enquanto que, junto ao cofiato NW ocorrem 1750m
. (14,7%)de cavernas mapeadas (caverna Passoc4 546m e Ouro Grosso' 1200m)' O restante
,' das cavernas nesta área desenvolve-se a partir da margem sudoeste em direção ao centro-
preferencial em discussão'
a.,,, leste da sinforma do Lajeado, não exibindo a distribuição
' Os sistemas são convergentes ou integrados (Trudgill, 1985),
isto é' apresentam i
:'
': 'ados à córregos alogênicos, os quais são coletado, pot )
assocr
'
'" :t,:
r:l
seus principais sumidouros
:Ïll,,"i;"".äi*
a tendência de I
j'i.condutosparaumaressufgênciaporsistema'EstasressurgênciaSsegue;.'
i,' dirrribuiçao de cavernas, localizando-se preferencialmente junto aos contatos sudeste dos i
metacalcários (anexo 4' 2).
conseqüência do desenvolvimento de
Considerando que as cavernas acessíveis são
de drenagem zubterrâ9e1 God e E-wers,
oermeabilidade secundária e sistemas eficientes
acima dtt9.1t11, a
1978),,lfsoçla-se a çoncen-tração p,,feferençiat de cavernas, .um
'. . t,. , ,',';.'1:1
83

desenvolvimento de condutos zubterrâneos, relativamente mais intenso, junto ao contato


Sp, quando comparado às zonas mais internas do metacalcário e ao longo do contato NW.

Sir€rna Allitude Ahitude Exlersåo Desûível Gradienlr A¡ea de Comprimøto


d€ do Su- da Res- Lft/ñ- Captzgâo mapeado de
Caver¡as midowo surgência ^t
metros ^II,
máros alogênica condutos, C (m)
Onça Parda-
Morro Preto
Km' C C/N-
460 240 3090 220 0.071 3.62 1612 0 52

A fuua Suja 562 265 2300 29',7 0.129 2.96 2985 1.30

Perolas -
Sar¡¿na
555 251 59',70 304 0.051 7.02 9s2s 1.60
a 700 7820 260 0.033 0.067
GriIo 7.41 530*
440
b
670 ?150 230 0 032 0.0'74
L 305 5540 145 0.026 0.86
A¡eia-<
160 8.08 4800*
b
3ls 6330 155 0.024 0:76
B Córrego
Fundo
449 160 8100 289 0.036 8.?5 2000* 0.25
a 400 950 210 0.221 1.26
Ouro Grosso
190 2.63 r200
b
440 20'70 250 0.12 1 0.58
a 40'l 3800 242 0.063 0.68
Alambari 953 2590*
165
b
c 383 4420 218 0.049 0.58
370 3920 205 0.052 0.66

Tabela 4.1 Características morfométricas dos principais sistemas de cavernas das áreas Furnas Santana (A)
e Lajeado Bombas (B).
* parte do desenvolvimento de ca\¡ernâs extraídos de Martim, Chr!'sostomo e Rodrigues, 1989
Altitude em inetros sobre o nível do mar.
Extensâo é a distância horizont¿l em linha reta enüe sum:idouro e ressurgência.
Desnível é a distância vertical entre surnidotuo e lesswgência.
Comprimento de condutos é a somatória do desenvol'rjmento de cavernas mapeadas. Desenvolvimenlo é a
somatória do comprimento de galerias e eixos maiores de salões, medidos em planta.
CIN- é o gÉu de cavernamento do sistemâ, ou seja. a razÀo entre o comprimento de condutos aæssíveis e a
exlensão.
a, b, c são indices referentes à diferentes tributários do sistema.

Propõe-se o seguinte modelo interpretativo para explicar esta geometria de


distribuição de cavernas (fig 4.1). O rio Betari representa o nível de base local para os
sistemas de drenagem subterrâneE condicionando um gradiente hidráulico local com
caimento de SW para NE e vice versa, em relação ao rio Betari. Por outo lado, o rio Ribeira
de Iguape constitui o nível de base regional para toda drenagem da serra de Paranapiacaba,
onde se inclui o rio Betari, o que causa um gradiente hidráulico regional, sobre os calcários,
dirigido genericamente para SE. Estas duas componentes geram um gradiente hidráulico
.resultante, com sentido E-SE, de forma oblíqua ao traço geral do acamamento. Em função

:deste gradiente resultante, a tryoa de infiltração, assim como, as linhas de fluxo da âgaa
,subterrânea, tendem a fluir para E-SE, seguindo as descontinuidades presentes nos
l:rn€tacalcários. Devido ao contraste de permeabilidade entre o calcário com condutos
:
(condutividadé hidtáulica.' ,altÐ 'e,i os. metapelitos subjacentes (condutivìdade hidráulica
,i':.''l.i::1.,l'']-ì-.';:j].r..:!','''|,:'.':'.:'''.'':''.,

ãIitiîð.;,aóimá'citàdä,'ocorre um efeitó' dé'r-éfiresanienþ;


E4

7'r'. ', t/
,,, ,
l,i NG

/t'¡, l_
\'(<ì.- r'----t :;;ò

*._-\ \ ftzz
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.--
\.
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Componenfes do
gtod'
orod. hidroulrco
hidróulico
\.-\\\
,l! /" /t'
Linhos de rturo t , "b=j--,-j
\ ; / /i'
- -. Concentroçõo de fluxo
.¡lt /
t7'¿/ -

t] Merocorcór¡os t,/
-
llo./ ^rolo/
ØMeropeliros

.\\\
\\\ 'r---
'r |
\\¿
ta \ ìì
: \--t t --tt./
--//
\-'t-
z/ az 'l
Seçõo esquemdf ico (scm ¿¡colo)

'::,¡,¡',.¡'r:;;¡,-, i:,ii:;i,:,1::ìì::, '::'r:i::ììffiËñtó,,tlia'|


gico.'dadistribuiçao,þ@rencial,de
.'
Figura l,i
-'^ --tnierp¡*1eão d,o conditllt--^ ,^ ¿{ns:n,pt¡narcários r. .'
'lsÏlo ¡ii.'¿^tå* äå *i**.lao longo dô ^^;+^r^ eE dosimetæalcários'
contato:SE
85

sobre o contato SE (convergência das linhas de fluxo da âgta subterrânea sobre ainterface
de permeabilidade menor), o que resulta num volume maior de água subterrânea neste setor.
Isto, por sua vez, implica no fluxo mais intenso (velocidade maior de fluxo) e,

conseqüentemente, na taxa maior de dissolução e abertura de condutos ao loñgo da faixa de


concentração das linhas de fluxo da íryua subterrânea, conforme o princípio teórico das
redes de fluxo e abertura de condutos elaborado por Rhoades e Sinacori (1941).
A partir deste padrão de distribuição de cavernas nas áreas estudadas, seria de se
esperar, um importante sistema de cavernas (semelhante ao Pérolas-Santana),
acompanhando o contato NW da intercalação pelítica central da âtea Furnas-Santana. A
ressurgência da caverna do Grilo (anexo 4.2) confirma a presença de um sistema de
condutos nesta localrzaçio. Sua vazão é de cerca da metade daquela do sistema Pérolas
Santana, mas, seu grau de cavernamento (C/AL
: 0.067, tabela 4.1) é muito inferior,
conforme foi observado pelas dimensões da caverna do Grilo e pela falta de continuidade
subaérea de condutos no fundo desta. Conclui-se, portanto, que o sistema do Grilo, apesar
de se encontrar, hipotéticamente, em situação geológica e hidrológica favorável para um
intenso desenvolvimento de condutos, não apresenta um volume de cavernas acessíveis,
compatível com os demais sistemas em condições semelhantes.
Levantou-se a seguinte hipótese para explicar esta ausência de cavernas volumosas.
Existe possibilidade da intercalação pelítica central não ser contínua conforme é
a
apresentada pelo mapa geológico de Campanha (1991), adotado neste trabalho. O
adelgaçamento e boudinagem, com rompimento de camadas, é observado em pequenos
estratos me[apelíticos dispersos nos metacalcários em questão. O mapa geológiiô
apresentado por Pires (1989), para a mesma atea, exibe megascopicamente esta

característica descontínua das intercalações pelíticas. Neste mapa, a camada pelítica central
está interrompida na altura do sumidouro associado à caverna Pérolas, reaparecendo
somente nas proximidades do rio Betari, a partir de onde é contínua e mais espessa. O
grau

de cavernamento incipiente do sistema do Grilo, acima questionado, seria conseqùência


desta interrupção da camada pelítica, pois desta forma, grande parte da água coletada
ao

longo da faixa a NW do alinhamento desta intercalação, teria condição livre de percolar


pelos metacarbonatos, seguindo o gradiente hidráulico dirigido para E-SE, concentrando-se
na linha do sistema Pérolas-Santana. No presente trabalho, não foi possível detalhar
a

testada com trabalhos


cartografia geológica da hreaem estudo. A hipótese acima deverá ser
futuros na ínea.
4.2.2Ár"as de captação dos sistemas de cavernas
A região estudada apresenta sistemas do tipo misto (conforme a classificaçãolde
Jakucs, 1977), ou seja, as respectivas bacias de captação do escoamento
superficial'

' estendem-se, tanto sobre rochas


não carbonáticas (captação alogênica), como 'rsobre
carbonáticas (captação autogênica), (tabela 4.2). As áreas Furnas-santana
e Lajeado-
t'Bombas, e 47,5o/o de alimentação alogênica, a 'qual é
apresentam respectivam ente, 46,80/o
86

subterrâneos, associados aos sistemas de cavernas, nas proximidades dos sumidouros. A


alimentação autogênica absorvida por fundos de depressões poligonais, através de
é
infiltração difusa ao longo de juntas alargadas por dissolução ou por infiltração concentrada
em condutos verticais (invasões vadosas), conforme será detalhado nos item4.3.

Orieem da captação Area Furnas Santana fuea Laieado Bombas


Alosência 21.01 Km2,46.8Yo 3'l.l4Kn:l .41.5%
+ 23.86Knf ,53.2Vo * 41.0 Km2 .52.5 %
Autosênica

Tabela 4.2 - l+¡eas de captação de escoamento zuperficial na região investigada.


* Á¡eas aflorantes de metacalcário menos as zonas fluliais.

4.2.3 Gradiente hidráulico dos sistemas de cavernas


ur åos requisitos fundamentais no processo de abertura de
O gradiente hidráulico-é
condutos em rochas carbonáticas, pois é responsável pela movimentação da 6g'¿a
subterrânea que carrega o produto de lixiviação da rocha, resultando na ampliação da
permeabilidade inicial desta, gerando sistemas de cavernas (Thrailkill, 1968 e Huntoon,
1985). Nas áreas estudadas, o gradiente hidráulico dos sistemas de cavernas é bastante
variável, com .um valor médio de 65,5m/km e coeficiente de variação de 86,40/o. Os
gradientes mais elevados ocorrem em sistemas cujos sumidouros localizam-se ao longo do
contato NW dos metacalcáu-ios (sistemas Água Suja, 129mlkm e Ouro Grosso, zzlm/km,
tabela 4.1 e anexo 4.2). Por outro lado, os sistemas com pontos de injeção alogênica
localizados ao longo do contato SE, exibem os gradientes mais baixos (p. e*., sistemas
Pérolas-Santana, slmlkm e Areias, 25ml1ffi). Este fato é interpretado como sendo
conseqüência do grau de cavernamento e entalhamento subterrâneo maior ao longo de uma
faixa nas proximidades do contato SE, conforme comentado anteriormente, o que teria
¡efletido em superficie um rebaixamento relativamente mais intenso dos vales cegos, poljes
de contato e sumidouros associados, através do colapso de condutos vadosos- A variação e
o papel do gradiente hidráulico no desenvolvimento de cavernas serão especificados
adiante, na discussão do modelo espeleogenético.
4.2.4 Extensão de cavernas acessíveis ao longo dos sistemas
Outra característica fisica importante dos sistemas de circulação cárstica é a

continuidade de condutos acessíveis, atualmente acima da zona saturada, ao longo.,da


extensão entre os pontos de insurgência e ressurgência. Esta continuidade não deve',ser
. confundida com o grau de cavernamento dos sistemas, pois este, inclui níveis zuperiores'de
salões e galerias, não integrados na rota atual de circulação de âgua na zona saturada
, Observando a distribuição de cavernas no anexo 4.2, nota-se que, com exceção do sisterha
:':Ouro
Gro-sso, nenhum outro apresenta conexão acessível ao explorador, entre, pelo men'os
;.,uiñodos pontos,de injeção e a saída da água. As medidas de e>rtensão de cavernas acessívéis
,i,. jdas
à"extensão total dos sistemas são apresentados na tabela 4.3. A maio
..

r¡.em.¡sl¿çio
' '. : :. I
I

r,.orrv€.frrâs,.,aslociadàt, a' estes,,:ii'iiè as,' terminam em sifonamentos,' ,tanti5l,,njò:: ¡ienlido,a,e



caminhamento montante. das'ressurgências, 'como 'à jusantetdosr sumidouros,' oü' seja, os
8'l

condutos principais iniciam, a partir destes sifonamentos, um percurso abaixo da zona


saturada. Tentativas de exploração por mergulhadores do nível freático¿ nos fundos das
cavernas Santana Ressurgência das Águas Quentes, mostraram a continuidade de
e
condutos penetráveis na zona freática. A perfuração de um poço para Sabesp, rñ bairro da
Serra (vale do Betari, área Furnas Santana, anexo 4.2), atinglu condutos em diversas
profundidades, até 150m. Este poço, com uma vazio de 4lm3¡h (dados do poço fornecidos
pela Politi, S.A ), evidencia a presença de uma importante rede de condutos f¡eáticos,
abaixo do nível geral dos rios subterrâneos presentes nas cavernas acessíveis.

Sistema Extensão de condutos Fração de condutos


aces-síveis, Ec, metros acessíveis, Ec I L L' o/o
Onca Parda-Morro Preto 320 10.4
Ásua Suia t09z 4',7.5

Pérolas-Santana 2516 42.1


Grilo 240 3.4 a3.1
Areias 3 140 49.6
Cérreso Fundo 1300 16. I
Ouro Grosso 950 100 - 45.9
Alambari 1020 26.8 -23.1

Tabela 4.3 - Fração de condutos acessíveis ao longo da extensão (ÂL) dos sistemas nas áieas s5tudades.

Este hiato de continuidade de condutos acima do nível de água nos fundos de


cavernas é associado à transição de cavernas vadosas para freáticas, desenvolvidas ao longo
das linhas côncavas do fluxo da água subterrânea. Esta concavidade e profundidade das
linhas de fluxo é função do gradiente hidráulico, estrutura da rocha carbonátìca e extensão
da linha de captação do sistema (Worthington, 1991), assunto que será explorado no ítem
4.3, sobre a espeleogênese

4,3 Modelo espeleogenético para o carste do Alto Ribeira


4.3.1 Aspectos teóricos da espeleogênese
' Espeleogênese é o conjunto de processos que afetam a origem e desenvolvimento de
i cavidades subterrâneas naturais (Bög-lL 1978). Os processos fundamentais envolvidos na
:

,, espeleogênese de sistemas de cavernas, em rochas carbonáticas, åAq-? corro¡þq-(¡gmoção


rocha), e-roSão (remogao mgcânic,Q_-e-dalime4to (alteração fisica e movimentos
.:, _qU$ica da
,, de massa da rocha devido à instabilida-det-m-ecânicas do macþo rochoso).
,ì..-'a'
;,'
A corrosão de rochas carbonáticas, pela ação de águas meteóricas, é função direta
.,, da cinética química do sistema HZO - COZ- CaCO3 @reybrodt,1987, 1988, 1990)' A
,r,. abgrtura, por dissolução, de condutos profundos no interior de seqüências carbonáticas, é
,,.'.u{¡6¡ida à três mecanismos químicos principais. O primeiro baseia-se em reações lentas de

,,l.,dissolução de calcita,
com cinética de terceira a quarta ordem do sistema acima. Desta
"¡,¡1i4.ira, soluções próximas do equilíbrio, são capazes de percolar a rocha por grandes
i."tOäffiias sem atingir a saturação total em carbonato (Dreybrodt, l98la e 1990). O Ì
I

,,
' ,..,,.:r:-:-.::'
t sezunáô " ...:.:

-..*ir*o é o fenômeno da corrosão de mistura, onde duas soluções saturadas .


I
::

i'J

' *;|i¡;ffi.óo. çõesld":otor.çao e pressões parciais de C)ot2muiti ccintrastaoles,


fs
:¡r
r*
H
88

(Bögli, 1964,1918 e Dreybrodt, l98lb). Por


ao se misturar, fonnam uma solução agressiva
último, modelos atuais de geração Çe condutos em profundidade, consideram que' a
agressividade da água de percolação, causada somente pelo CO2, não seria suficiente
para

gerar grandes vazios, no tempo disponível para tal. Atualmente é propostõ que a abertura
inicial de condutos seja principalmente devida à corrosão da rocha carbonática
pelo ácido

sulfürico, gerado pela oxidação de zulfetos, muito freqüentemente disseminados pela rocha
calcária (Forti, 1989, Ball e Jones, 1990;\ilorthington, 1991 e Lowe, 1992).
Alguns aspectos do quimismo atuante no carst do Alto Ribeira serão tratados no
capítulo 5, assim como, na discussão da iniciação de condutos.
A erosão mecânica é um importante processo de denudagão em fases avançadas da
espeleogênese, quando condições flur"iais são estabelecidas, principalmente em
cavernas

cruzadas por rios alogênicos. Newson (1971) determinou que no caso de rios
subterrâneos,
tanto
tabletes de calcá'rio expostos à ação dos rios perdem praticamente a mesma massa,
por abrasão mecânica, como por química. O efeito abrasivo do transporte de sedimento
clástico alóctone torna-se importante, principalmente durante vazões catastróficas
associadas a temPestades.
O abatimento de blocos, desmoronamento ou incasão (do termo incasion, de Bögli,
da
1969) é o rlescolalneflto, ao- longo de descontinuidades, e movime¡taç{o de ftagmentos
rocha encaixante fla gaye¡na, resultando, principalmente, na modificação e, às
vezes, na

a*pliacão de salões e condutos subterrâneos. Com o desenvolvimento de vazios


por
rochoso tende
dissolução, e rebaixamento do lençol freático, o campo de tensões no maciço
de massa no
a um novo estado de equilíbrio, o qual é atingido através da redistribuição
maciço, por meio de abatimentos e movimentação de blocos (Ford e
Williams,:19q9).
nãolfo¡¡na
Conforme ressaltado por Waltham (1981), o processo de colapso de cavidades
pilha de fragmentos
cavernas, mas sim, ao contrário, devido ao aumento de volume de uma
em relação à rocha não fragmentada, este processo tende a preencher o
esp4ço. vazio

previamente formado, e portanto, deve ser relacionado, somente a um fator


d9:mo.difiCæão

ou rearranjO do espaçO, durante o desenvolvimento de cavernas


ì ' .¡:; i''r,
'¡1:''¡:¡

Segundo Lowe (lgg¿), a espeleogênese ocorre em tres etapas principais. A orimeira


não po,ssue
corresponde ao período, durante o qual, uma certa rocha carbonática "ultÏut:
um conjunto de descontinuidades planares, potencialmente favorável à
mas apresenta
primaria)' É denominaOa nelo or,
Benetração e percolação de,solventes þermeabilidade
acima de inception phase, aqui traduzido como fase
de pré-iniciação,"Ne,sla$',,4
superficie da zonafreática, quando presente, é rasa
e a zona vadosa quQse lnex'stqnte"f
fluxo de irgua é muito lento, através do sistema de finos capilares
ao',,lqng'o,"'de

,descontinuidades com aberturas em torno de 0.1mm Esta


fase de. pré-inicìacão:'passa
pela instalação de uma rede de
gradativamente à fase de iniciação, a qual crÍactenza-se
condutos -.freáticos inferconecJaf-g,s-,. ao longo das
descontinuidades' A dimen;ã1 e
condicionada pelos padrões estruturais, caragtgigticas
.¡distribuigão. destes condutos será
,.,i:,litológlças,,,Ç composicignais, gradiente hidráulico
e disponibilidade de 6gtta (Kaòtmng'
marcada pelo início e incremento: com o t¡,,1 du
ìr,i:..i

,¡gg4,:apud Lowe, op cit.). Esta fase é


89

permeabilidade secundária. A terceira fase inicia-se com a instalacão'¿int¡xô turbulentô ao


longo de parte do siçema de condutss, queda rápida do lençol freátieofèjmpü@aàióna,
Relaciona-se esta fase à conexão de condutos frEálicos comt$rñciêjou'i.eja;à
lvadosa.
intersecção de condutos pelo entalhamento da topografia externa:,Ë.d.eri'ó'!$d e,$e,de
desenvolvimento ou avanço (breadhrough) do sistema de cavernas,.¡,,.¡;'.,i .,..,. , ,I ,

Nas fases d'p nré-inieiação e iniciação domina o processo de:coirqsão. Na fase de


desenvolvjmen.to, além da dissolução, inicia-se a abrasão mecânica, ã-tì,4 s,,da captura de
'
rios alogênicos pelo sistema zubterrâneo de drenagem ,e,, no .est4giò,lriiais,avançado, de
desenvolvimento, com a queda do lençol freático e abandono..de;:nívels zuperiores,de
condutos, . a incasão inicia um papel importante na moÇificac.ãs1d-o-padrão primário'.de.
condutos. :

Tendo em mente os processos envolvidos e a evolução seqüencial da espeleogênese,


devem ser ainda considerados, os pré-requisitos e controles f,undarnentais, para que uma
região carbonática sofra carstificação e espeleogênese. Ford (1980), McConnell e Horn
(1972), Thornbury (1969) e Dreybrodt (1988) apresentâm discussão detalhada a respeito. A
primeira condição é a presença de rocha carbonática, em superficie ou próxima desta, a
qual, após dissoluçào, deixe o mínimo de resíduos insolúveis, o que manterá os interstíciss'
de dissolução abertos, ponto importante pa:' a iniciação da espeleogênese. Ford (op: cit)
estabelece uma pureza mínima' de 70 a de CaCO3 + MgCO¡, em peso, para'esta
80o/o

condição. O segundo requisito refere-se à concentração da dissolução ao longo'de rotas


pré-estabelecidas por juntas, fraturas e falhas. Em rochas carbonáticas com alta porosidade
primária (intergranular), a dissolução será altamente difusa, condicionando um aqüífero. de
fluxo difuso, numa escala de centímetros, ou menos. Por outro lado. rochas com alta
porosidade secundária, terão o ataque corrosivo concentrado ao longo de descontinuidades,
gerando um aquífero de condutos. O terceiro controle da espeleogênese é a ener$ia
necessária para movimentar a infiltração através dos capilares na fase de iniciação. Para que
ocorra este fluxo, num ambiente freático inicial, a âguanecessita uma alta energia potencial,
o que implica, nesta fase, num lençol freático fortemente inclinado, considerando que ìneste
, estágio inicial há um lençol freático definido. Portanto, em áreas carbonáticas com'altos
,: gradientes hidráulicos, a iniciação de cavernas será favorecida. O último requisito para'o
, pleno desenvolvimento da espeleogênese é uma condição climática úmida, A cinética de
' dissolução de carbonato de cárlcio mostra que a taxa de dissolução é diretamente
,. proporcional à quantidade de água e gás carbônico no sistema. A pressão parcial de CO2,
:, na água de infiltração, também é influenciada pelo clima. Em climas quentes e úmidos, as
,ì condições ideais para conosão de rochas carbonáticas são atingidas, pois nestes, combinam-
,' ,. u disponibilidade de água com alta produção de Co2 biogênico no solo (Ford e \il'illiams,
l

1e8e).
'r ,: A íreade amostrôgem em estudo, representativa do carste do Alto Ribeira, satisfaz
um variado conjunto de cavernas,
i.þlenamente os requisitos acima esboçados, apresentando :

i¡ryt-e será descrito abaixo' .'


,,:,,
::ì:'Í;''
90

4.3.2 Morfologia e características lito-estruturais das cavernas estudadas


Com o objetivo de recuperar a história de abertura e evolução das caverneï, ,,
executou-se o levantamento da morfologia dos condutos e das características,,fito-..,::,,.
estruturais da rocha encaixante (a forma do vazio é um testemunho do proce det .'.'
entalhamento subterrâneo), para um conjunto de cavernas, as quais representam,.umà.,,-,,,
amostragem dos diferentes padrões de cavernas da área estudada. ),,, ."t;i.'. l'."
Os sistemas de circulação subterrânea, da ârea de estudo, apresgn!êm'{oli,'tipos:"', .
básicos de cavernas associadas. Um com desenvolvimento horizontal predominarite;,'e.',.1,.:,:
outro, principalmente vertical, denominado genericamnte de conduto .,yertjcal (vertïcail
shaÍf) ou abismo. Formas de transição entre cavernas horÞontais e velrcais,!.conern' assït
,,'
como, freqüentemente condutos verticais estão associados aos condutosl¡Ublhorizontais,,,
conforme será apresentado adiante.
Selecionou-se as principais cavernas dos sistemas Pérolas.sant¿nä;ilfigua;'S
:+-'
.-l:,,'."
Areias e Ouro Grosso, das quais, confeccionou-se os respectivos,mapþS:-g:ëog eleolOgicos, , , l

em escalas de l:400 ou 1.600. Os condutos verticais associados a€ffi:'Sßtäma¡,tunaU¿*,: '


1.,.r",::'ì " .if
. , , ,'
'

serão analisados. '., , ,,,


4.3.2.1 Geometria planimétrica
Na figura 4.2 apresenta-se a projeção horizontal reduzida das' cav@s'estudadas¡
Nota-se diferentes hábitos morfológicos (geometria) 9ot'coädutos ,e::'salões que as
compõem. Para quantificar estes hábitos e permitir a comparaçã.ó'hão"subj,etiva.gntre estes,
mediu-se os seguintes parâmetros morfométricos (seguindo reóomendações de
Worthington, l99l): sinuosidade do conduto principal, largura da faixa de fluxo e largura
relativa de fluxo.
Sinuosidade (S) de uma rota de fluxo ao longo de cavernas, é uma propriedade
planimétrica, definida como sendo a relação entre o desenvolvimento da caverna percorrido
por um rio subterrâneo ativo (Da) e a extensão (Ec), linha reta entre o início e fim, desta
rota de fluxo (fig 4.3).
Largura da faixa de fluxo (LÐ é a distância mínima entre as duas retas paralelas à
extensão e que envolvem, tangenciando o desenvolvimento do rio subterrâneo (DÐ A
largura relativa de fluxo (Lr) é a distância Lf sobre a extensão, Ec, (fig 4.3). As medidas
estão listadas na tabela 4.4.
Com estas medidas e a forma em planta do conduto principal do rio subterrâneo,
: distingue-se os seguintes estilos de cavernas:
. Cavernas cun'ilíneas e sinuosas
::.:, Este é o padrão morfológico dominante na caverna A¡eias e no segmento à jusante
:,: do gÍande salão de abatimento da caverna Agua Suja. Caraclenza-se pelos valores
-r.,observados mais altos de sinuosidade e largura de fluxo ( S entre 1,20 e 7,40,Lr entre 0119
,,+ O,Z5) e segmentos retilíneos curtos, entre inflexões de direção do conduto principal, ias

,.:,.ì. : .':
9l

5: t.4O
N
Areios de Cimo Areios de Boixo
O 2OO 4OOm
Þ-.-+=-----J
/,_

-/

S = l.OB

olo
t/' Ouro Grosso

olo
Bronco

/
92

quais são curvilíneas e arredondadas. Estas cavernas enquadram-se no segundo tipo de não-
linearidade, proposto por Deike e'White (1969), dominante nos longos sistemas de cavernas
Mammoth e Flint Ridge (EUA), onde o condicionamento de galerias por juntas e'fraturas é
pouco notável.

E xlensõo

--T Lorquro
do fluro
_l

Figura 4.3 - Definição dos parâmetros planimétricos extensão e lægura da faixa de fluxo.

,:¡,:
Desenvol- :iri

Nome da Extensão vimento de Sinuosidade Lergura da Largure . .:!iì


t'.iì

Ceverna Ec, m condutos S=De/Ec f¡iia de relativa de rlji'


ti,jl

ativos, fluro, Lf, m fluxo ri:


,fi;

Da. m Lr =LÎ I Ee
ririj
,.{;i
:iii:

Laie Branc¡ 606 612 t.0l 64 0,106 .ai;

t746 1880 1.08 232 0,133 i ail


Sant¡na .l,li
to92 t312 r.20 209 0,191
Ä,su¡ Suie ,:ìri
,ilrti
Areias de r';:jì

t764 2280 r.29 258 0,146


Cin¡ ii:

Areias de .:.,.

1221 1122 1.40 308 0,251


Baixo
952 1040 1.09 7t 0,074 ::,:

Ouro Grosso i!:,

'.:.

rírea estudada' Medidas


Tabela 4.4 - parâmetros morfométricos planimétricos das princþais cavemas cla
obtidås sobre mapas 1:500 a l:1000 das cavernas'

Cavernas retilíneas e angulosas


padrão predomina.
As cavernas Santana e Ouro Grosso são os exemplos onde este
ao padrão anterior
Apresentam sinuosidade e largura de fluxo æntrastantemente inferiores :..:,
,::i

retilíneos longos
(S entre 1,08 e 1,09, Lr entre 0,07 e 1,33). Caracterizam-se por segmentos
:ìl lì

r:r
t:
são raras' SegUndo
entre inflexões angulosas e agudas. Passagens sinuosas arredondadas
rilì

iì:
típico de areas
Deike e White (1969), esta morfologia reflete intenso controle estrutural,
::t;

;1:.

,dobradas com alto ângulo de mergulho, conforme será detalhado adiante' .i:ì,

tÌi;
rGelerjas e salões de abatimento (inqaqão) tiiiii

'l;. i:..,:, e o ramo direito da caverna A¡eias ÈÌj


'Grandeþ.arte das.cavernas Laje-Branca" Pérolas ii'iÌ
¡iiil
. f;ii
de abatimento são:freqüentes
de Baixorîáoiåðúp.a* porresta morfologia. Trechos isolados
.ì'iìi

- ii{r
. ,.: :, . ,, ' .,.'.-..:,:..':. , í o--:^ -^- ^,.^*^l^ :-
:.àorlönso.de,.todas¡cávèrnað,amgstiadas. Na caverRa
Ágou- Suja, por exem¡19',5erssal!1;se'um È¡t
:fifi
rilit
93

grande salão de abatimento, notado em planta pelo alargamento anômalo no setor central da
caverna. O salão corresponde ao espaço onde a largura é semelhante ao comprimento do
segmento da caverna e a galeria de abatimento, ao trecho onde o comprimento suplanta em'
muito a largura.
Quando a caverna é dominada por este padrão, sua sinuosidade tende a ser reduzida
ao máximo, como no caso das cavernas Laje Branca e Pérolas, com S entre l,0l e 1,03. A
largura de fluxo também tende a ser pequena neste caso, pois, o rio subterrâneo principal
concentra-se numa das laterais do conduto de abatimento, seguindo o gradiente local.
Planimetricamente caracterizam-se por áreas maiores, em função da largura maior
da passagem, quando comparadas às cavernas com condutos originais (sem abatimento).
Relação entre sinuosidade e largura de fluxo
Apesar das poucas medidas efetuadas, devido à escassez de mapas completos de
cavernas da ârea, obteve-se uma tendência, diretamente proporcional, da sinuosidade em,
função da largura de fluxo, com exceção da caverna Santana, a qual, nesta relação, exibê
uma sinuosidade inferior à esperada, em função de sua largura de fluxo total (fig 4.4). Esta,
anomalia é devida ao fato da caverna Santana ser constituída por dois segmentos, onde cada:
segmento possui largura de fluxo baixa (72 e S4m), compatível com a sinuosidade destes (.-.,
1,08), mas os dois segmentos em conjunto, aumentam muito a largura total de fluxo, sem
incrementar a sinuosidade final da caverna.

1.{

1.3
.. l)
.::, CÚ

(/)
I t.z
V)

,/
1-1 :/X
:-/ /: * Cav.Santaria

100 zOO 300 {00

l,argura de l''l ttxo, lnetros

. Fisura 4.4',; Sinuosidade emfünção da largura'de fluxo das cavernas'estudadás:Co9Íqiènte


.r¡.dågrrel qç.k-Ou,A,.97,;, e,rR?,:de,,9:59/s:t'.ç:gÍn modelo',linsa¡'',dg',rÇoffelaçãq:r'Sem COnsi,4ryia
94

4.3.2.2 Geometria em seções longitudinais e transversais


Associadas à geometria em planta, as seções transversais e o perfil longitudirtl,
fornecem a visualização da terceira dimensão das cavernas, elemento essenclal para analisar
o entalhamento subterrâneo.
O perfil longitudinal é obtido através da projeção do desenvolvimento da caverna e
suas respectivas medidas de altura (desnível entre o piso e teto da passagem), sobre o plano
vertical, paralelo à extensão desta. Fornece parâmetros morfométricos como o desnível do
rio subterrâneo, a altura média do entalhamento deste, e a altura relativa entre níveis de
passagens. Com o desnível e a extensão, obtém-se o gradiente médio do rio subterrâneo.
Seções transversais são produzidas a partir de uma série de medidas de altura e

largura sobre planos de corte perpendiculares ao desenvolvimento em planta da caverna.


O controle hidráulico (regime de fluxo) tende a gerar duas formas principais de
passagens: o
entalhamento vadoso (fluxo turbulento com abrasão mecâniCà, além da
dissolução), produzindo entrincheiramento s (canyons) e o alargamento freático (fluxo
predominantemente laminar e dissolução), gerando condutos com seções elípticas a
circulares (Bögli, 1969, White, 1988 e Palmer, 1991). Formas de transição ocoffem em
função da superposição de regimes de fluxo, assim como, formas onginais podem ser
totalmente obliteradas pelo controle mecânico de rearranjo do vazio subterrâneo através da
incasão.
Na írea estudada foram identificadas as seguintes geometrias de passagens
subterrâneas no plano vertical.

Entalhamento vadoso
Entende-se por entalhamento vadoso a abertura ou ampliação de condutos

subterrâneos na zona insaturada ou junto da interface zona saturada e insaturada, através da


ação de fluxo de água turbulento, onde a corrosão da rocha carbonática alia-se à erosão
mecânica devido ao transporte fluvial de detritos abrasivos. As seguintes formàs associadas
ao entalhamento vadoso foram reconhecid as'. canyonr, condutos triangUlares e retangulares
e condutos verticais.
os cønyons representam passagens subterrâneas, com seções transversais, onde a
altura é da ordem de 4 a l0 vezes maior que a largura 69 .5 e 4.6). Sua base é marcàda
pelo rio subterrâneo (ou testemunhos deste, em passagens acima do nível de base atual),'o
qual corre sobre leito rochoso ou depósitos fluviais (areias e cascalheiras). Blocos aUæiAos
ocorrem isoladamente. A terminação superior foi pouco observada, devido à dificuldaöe
de

topo deum canloÌJ suþterrâucq.po¡


acesso. !.Ia- oaverna Laje Branca é possível p-ercorr-er-o
r.rm trecho de 150 metros, Este é formado por um alargamento, onde a s.pç-ão transversal
assume um contorno lenticular a circular, com paredes lisas e eixo maio|de-T
a 6m (frg a'7
.
e anexo 4.1). Segundo Davis (1930), Bretz (1942) e Bögli (197s) estas tenninações
,elþticas no topo dç,.çanyons representam a seção de um conduto freático inicial, o cual,
rlu3o4.,p'"nrl"lyao ear'1urenæ vadlso, *":ul'o:."ï'o
,,no.rt"rio"4-,,1¡lit-"
:fl'vial,,o;igolq4o;um.can_yon vadoiso. Na eq,vgrna Sanlana, onde a morfólögia de cwon e
95

Ercolonodo

Relilineo //

J /LJ/
-
U'
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Golerios e Solões de oboli

FORMAS GERADAS
PELA INCASÃO

O4m O lOm
96

predominante ao longo do rio atual, o acesso ao topo deste requer escaladas. Num dos
pontos atingidos (fig 4.6), a terminaçã o do cønyon através {e um afunilamento brusco que
é,

dá lugar a uma fenda com abertura decimétrica. Interpreta-se esra fenda como sendo um
conduto freático inicial, semelhante ao caso da terminação de passagens vadoús menores,
descritas adiante. Quando presente, esta iniciação freática imprime um caráter misto a estas
seções, onde predomina largamente a feição vadosa, associada- neste caso, somente à
ampliação da passagem.
Quanto à forma das seções transversais de canyons, distinguem-se quatro padrões
principais, denominados de cdnyons retilíneos, escalonados, meandrantes e irregulares (fig
4s)
Os canyons retilíneos possuem paredes paralelas retas, com. inclinação geral
constante. O padrão escalonado é formado por vários segmentos superpostos menores de
paredes paralelas e retas, os quais migram lateralmente. Os patamares assim formados
correspondem à terraços fluviais subterrâneos. Ambos ocorrem associados à passagens
predominantemente retilíneas em planta. como por exemplo, nas cavernas Santana (fig a.6)
Ouro Grosso, onde o entalhamento fluvial é fortemente guiado pelo acamamento de alto
,:!,
:,mergulho. O primeiro corresponde ao entalh¿ìmento preferencial ao longo de um plano de
estratificação e o segundo reflete o entalhamento sucessivo lateral de vários planos de
acamamento-
Os canyons meandrantes possuem seção com paredes paralelas e fórtemente
sinuosas (fig a.5). Desenvolvem-se em cavernas curvilíneas e com alta sinuosidade, como na
caverna A¡eias (ñg 4 8), em função do caráter meandrante do entalhamento fluvial vertical.
As seções associadas a estas passagens tomam formas compleras, pois com o avanço à
juzante dos meandros, simultaneamente ao entalhamento vertical, o meandro rebaixado
estará deslocado em relação ao corte zuperior; na direção do fluro fluvial. Estes canyons
não evidenciam controle estrutural importante. Conforme Ewers (1972), apud Bögli (1978),
canyons meandrantes caracterizam entalhamentos vadosos com mais de 10m de
profundidade, associados à cavernas de baixo gradiente.
Canyons irregulares são aqueles cujas paredes apresenlam contorno em seção
transversal com padrão serrilhado e intensamente ondulado, com grande variação da largura
ao longo da seção transversal (fig a.5). O caráter serrilhado ou ondulado corïesponde à
camadas ressaltadas junto à outras mais entalhadas, devido à dissolução diferencial entre
estratos carbonáticos puros e impuros, ricos em partículas insolúr'eis de silte e argila. Esta
forma é freqüente nas cavernas estudadas (fig a.6 e 4.8), onde a estratificação dos
I metacalcários é marcada por,ritmicidade de camadas mais ou menos argilosas.
As alturas de canyons vadosos indicam a profundidade de entalhamento do rio
,;,,subterrâneo. Nas cavernas estudadas, as alturasvariam entre 10 e 50 metros. Estas medidas
,,'.': cluem uma margem de erro, estimada em até l0olo, principa.lmente nos valores altos,
..'
,.,devido à imprecisão nas medidas.
rj rrr:ri.L.:.--.

.1,1r;,1,i. Uma,,,cafact-erístiea notável dos canyons vadosos, principalnente observada nas


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Golerio dos
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Golerios do Rio prlnclpol


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Figura 4.6 - Seções transversais da caverna Santana. Traços contornando seções indicam o
acamameto. Canyon vadoso,CV; conduto freático, CF, salão de abatimento, SA; conduto
retangular, CR e conduto triangular, CT,

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Figura 4.7 - Seções transversais da caverna Laje Branca. Canyon vadoso, CV; conduto
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freático, CF e salão de abatimento, SA; traço de falha,
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Figure 4.8 - Seções transversais da caverna Areias. Canyön vadosor QV; conduto freático,
CÈe salão de abatimento, Sd traço de fratura, F. ,, ,i,.,,
, : ,,::. --''r',;..',.. .,....
' ' ' ' '' ' r r " l
, , :. t | : | . : 1.:. . '
caverna. Como exemplo, acompanhando o perfil longitudinal do rio principal da'' ca*rerna
'r::.,.:'
'.'

Santana(fig4.9), no sentido a jusante, partindo do sifão do fundo da cavem4 observou'se'


que o teto da galeria rapidanoente se eleva" de alturas entre 5 e 8m para 2l e 30, ati.nglfo'
um mâximo de 50m ao longo do canyon central da caverna. Nas proximidades da entrada, a
altura da galeria retorna para 4 a 8m A interpretação desta feição é discutida no item
referente a fase de desenvolvimento da espeleogênese þágina 129).

do enlolhomenlo vodoso

$r Sif õo Zaro*

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O IOO ZOOm Seções lronsversoìs

Figura ,1.9 - Perñl longitudinal simplificado da caverna Santar4 indica¡do a variação do toþ do
eotâlhamento vadoso.

As passagens trianguleres e retangulares representam entalhamentos vadosos


menos profirndos, em comparação com os canyons (fig a.5). A diminuição de altura em
canyons, acima comentad4 frequentemente representa a transição destes pafa passagens do
tþo triangular ou retangular (fig a.9).
As passagens com seção transversal aproximadamente triangular ca¡acterizam-se

pela largura rgual ou maior que a altura (fig a.5 e a.6). Suas paredes divergem apartrr de
uma linha de intersecção entre um plano de fratura ou falha com a estratificação,'' os
com mergulhos moderados. O ent¿lhamento fluvial segue gtosseiramente estes pl4qoq, o
que imprime a tendência triangular a estas seções. A iniciação deste tipo de conduto é
marcada na intersecção fratura camada, através de um pequeno alargamento.'(fig.4.5),'.o
qual é atribuído a uma iniciação em ambiente freático, segundo o modelo de Bögli (l'969),.
As passagens retaogulares exibem altura semelhante à largura. Denotarn:l!ítido
controle estnrtura! pois o entalhamento é sempre paralelo ao acamernetrto, ou à-frgas,
ambos de alto mergulho (ñg a.6 e 4.8). :'-,=';':-',,,¡','¡'

Os condutos verticais caracterizam-se pela geometria geral cilíndrica a eô 9a...9om


eixo vertical (fig a.5). No plano vertical apresentâm seções de paredes",diùergþqle-s;,
convergentes ou paralelas, em relação ao ponto zuperioi. Sua projeçãs s6"plaúta:é.ficular
a elíptica. Suas dimensões va¡iam de alguns centímetros a dezenas de metros,'emdiâqetro,,e
de'alguns metros a centenas de metros em altura. os exploradores de,cavernas den-0.Tþam
estas estruturas genericamente de abismos. Deve-se salientar, que muitas caverna-s..com
.desníveis importantes e.classificadas pelos exploradores como abismos;'não. são.'con{uto-s

vêrticdis;'maS Sinl treChbs de'CanyOnS vadOsos. I :I , 'ì'i'ì:,,-:,i.''r''


rì:'Í.rri:;¡iì,à!5ocffio deivâäos condutos verticais ,superpostos, e seP.arados,gor.þ,atàmqe,s

,,t,1:'i,:,
l0l

(localizado sobre a rota de fluxo do sistema Pérolas-Santana), com cerca de 250m de


desnível total e vários condutos vçrticais zuperpostos, com alturas entre 15 e 40m e
diâmetros entre 0.5 e l0m.
A
ocorrência de condutos verticais é vinculada à sistemas eficientes de drenagem
subterrânea. Segundo Brucker, Hess e White (1972), os condutos verticais exercem a
função de transmitir a água de escoamento superficial ou de aqüíferos sr,rspensos, através da
seqüência carbonática em direção ao nível de base do lençol freático. Sua ampliação se dá
por meio do fluxo liwe de água vadosa, insaturada em carbonato. concentrada sobre as
paredes dos condutos.
Ford e Williams (1989) classificam estas cavernas de invasões vadosas, pois. na
maioria dos casos, estas se formam pela absorção de rios superficiais pela rocha carbonática
previamente drenada por fases anteriores de espeleogênese.
Como exemplos malieados de condutos verticais citam-se os abismos das cavernas
Ouro Grosso, Santana e Água Suja (fig 4 l0). Todos represent¿lm córregos associados a um
nível superior de cavernas, o qual foi conectado à rota mais profunda de circulação cárstica,
através do desenvolvimento de condutos verticalÞados que interceptaram os condutos
profundos.
Na caverna de Santana, trata-se de um paleo-afluente que corria no nível do salão
São Paulo, aceÍca de 30m acima do rio atual, que interceptou o rio zubterrâneb principal,
através do popularmente chamado poço São Jorge (fig 4 l0c), o qual representa a
terminação deste antigo afluente superior, através de um conduto vertical.
No sistema Ágou Suja, os condutos venicais representam a conexão entre o nível
superior de condutos da caverna Vargem Grande e o ramo principal do rio subterrâneo da
caverna Águu Suja (fig a 10a). Neste caso, formou-se um conduto vertical com 90m de
altura.
No sistema Ouro Grosso identificaram-se três condutos verticais principais alinhados
sobre o conduto inferior do rio (frg 4l0b). Destes, o abismo localizado na extremidade
mais à montante da caverna, ainda apresenta um córrego ativo, o qual forma uma cachoeira
junto ao abismo. Este alinhamento de abismos coincide com um vale seco em superficie,
onde os dois poços mais à jusante representam antigos pontos de absorção deste paleo-rio,
hoje restrito a um trecho ativo curto, com o sumidouro principal conectado ao terceto
abismo com cachoeira.
Os condutos verticais acima descritos possuem seção típica de paredes divergentes
em direção à base, em forma de garrafões. Atribui-se esta forrna à característica de fluxo
livre em regime supercrítico da lâmina de água agressiva, a qual em queda livre, gera
orbilhonamento próximo à base, causando assim, alargamento maior n¿ basg.
Outra categoria de condutos verticais é aquela cuja seção no plano vertical exibe
I paredes convergentes em direção à base. O fundo é normalmente afunilado e intransponível

,,..Çgcterizam fundos, e às vezes, encostas de depressões poligonais , freQüentemente


Î.¿Þiésent4q+e parcialmente revestidos ou preenchidos pot matëfial síltico-argiloso,
102

Co'crrrc Vorgcm
Gronde

Perfil iongitudinol

Cov. Vorgem Gronde


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Poleo - of luenle superior

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Figura 4.10 - Exemplos de condutos verticais A- Caverna Água Suja. B- Caverna Ouro
:,Grosso. C- Caverna Santana. ')
_!i
103

interpretado como sendo o acúmulo do resíduo insolúvel da dissolução do metacalcário. A


presença. deste acúmulo de material residual evidencia uma eficiência menor destas rotas de
drenagem vadosa, quândo comparadas aos condutos verticais anteriormente descritos.
Associa-se, portanto, estes condutos verticais afunilados, a rotas de drenagem vadosa
conectadas indiretamente (tributários laterais) aos condutos principais de drenagem cárstica.

Alargamento freático
Entende-se por alargamento freático a geração de condutos por dissolução na zona
saturada. Segundo F.retz (1942), Bögli (1964) e White e Deike (1989), a geometria
característica produzida por fluxo de água em condutos de pressão @ipe flow) é de rubos
com seções transversais geralmente elípticas e paredes lisas, suavemente onduladas. As
dimensões destes condutos freáticos são muito variadas, com diâmetros desde alguns
'milímetros até 15 metros e comprimentos quilométricos, conforme é descrito por White e
Deike (1989).
Nas cavernas estudadas, as formas freáticas estão restritas ao topo de entalhamentos
vadosos e a trechos isolados onde condutos freáticos foram preservados do

entrincheiramento e da incasão.
Na caverna Santana, ao longo da galeria do Ronco (antigo afluente do flanco direito
da caverna) observa-se um trecho parcialmente preservado de conduto freático, por cerca
de 80m de comprimento (seções l3 e 14, frg 4.6). Possui seção transversal elíptica com eixo
maior paralelo ao acamamento. Ao longo do rio atual nota-se condutos elípticos somente
onde a altura do teto diminui para 2 a 3 metros, como nas seções lla e 12 (fr,g a.q.
Durante níveis altos do rio, estes trechos ainda hoje passam por períodos freáticos.
Na cavernaLaje Branca nota-se um testemunho de conduto freático ao longo do
teto de quase todo trecho de abatimento (seção 2, frg 4 7). Acompanhando o brusco
estreitamento, logo após o salão de abatimento, observa-se o testemunho mais didático de
conduto freático das cavernas estudadas (seções 4 a'7,fr'1 .7). Possui seção elíptica com
eixo maior predominantemente paralelo a um falhamento inverso.
De modo geral, a morfologia freí*ica é pouco observada nos sistemas de cavernas
do Alto Ribeira, devido à predominância de entalhamentos vadosos e abatimentos.

Formas geradas pela incasão


lncasão é o processo de modificação ou substituição de formas freáticas ou vadosas
pela paisagem de colapso subterrâneo (Ford e Williams, 1989). A causa do abatimenlo de
blocos é a rupturu 1¡sçânica da rocha, principalmente ao longo de descontinuidades- As
formas geradas são salões e galerias com paredes e tetos escalonados e pilhas de blocos
angulosos na base (fig 4.5) O caráter escalonado resulta das faces de descolamento do¡
blocos, ora predominando ao longo de fraturas com os planos de ac4ma¡pgnto oþlíqu.o-s, ou
.: vice versa. Os,maiores vãos livres. e volumes subterrâneos são decorrenJes, $a,incas.ão,.(Qi-lli,,
104

Nas cavernas estudadas, a paigagg[n de colapsg é-b-astant" rtàü"itç,,Observou-se


que a freqüência de trechos dominados pela incasão é crescentel.o.o:s,en,1i{ à'montante,¿õ
longo dos sistemas de cavernas, ou seja, nas proximidades dosisumid, s;'orv,olu1ne de
cavernamento é maior e preponderantemente com formas, d$¡$nio, como por
exemplo, na caverna Pérolas. O colapso junto aos sumidouros chegä a sér tão intenso, que
impede a travessia do explorador entre o final dos condutos preseñados'e o sumidouro do
rio externo '

Notou-se tzunbém" que salões de abatimento ocorrem preferencialmente na seguinte


geometria de condutos: junção entre tributários (tanto later4lfnênte como também na
invasão de afluentes superiores), presença de condutos superpostos, entalhamento vado.so
lateral ou condutos meandrantes.
Os maiores volumes criados por abatimento subterrâneo foram observados nas
cavernas Águ. Suja e Laje Branca, respectivamente com cerca de 280 x 103 e l7O x 103 m3
(medidas obtidas através da integração de seções transversais sobre a planta em escala 1:

400) No primeiro exemplo, o salão de abatimento está associado a um afluente superior


6g 4l 1). A geração do salão é interpretada corno sendo conseqüência do desmoronamento
das paredes de condutos verticais sobre o canyon vadoso entalhado pelo rio princþal. Na
caverna Laje Branca, a ampla galeria de abatimento (seções 1 a 3. fr,g a.T é interpretada
como sendo produto da instabilizaØp mecânica gerada no calcário enì função do intenso
entalhamento vadoso lateral.
Como èxemplo de incasão associada à superposição de condutos cita-se o salão

Takeopa, na caverna Santana (seção 15 , fig 4.6).

Níveis de cavernas
Em função de um rebaixamento rápido do nível de base, com o tempo, normalmente
oco¡¡¡e a relocação , para cotas inferiores, dos pontos de insurgência e (ou) ressurgência de
sistemas de cavernas. Os condutos prirnários associados a
estes sistemas, sofrem
entalhamento vadoso ou são abandonados pela circulação de água freática, quando são
substituídos por condutos gerados junto ou abaixo do nível de base rebaixado (Kastning,
1983 e 1984 e Palmer, 1987). Formam-se, portanto, níveis de cavernas superpostos, os
quais evidenciam fases diferentes de abertura de condutos. Sistemas de caver¡as com níveis
de condutos inativos (drenados) sobre condutos ativos, são classificados de multifásicos,
segundo Ford e Ewers (1978).
Na área estudada, identificaram-se as seguintes evidências de sistemas multifásicos:
- Paleo-sumidouros e paleo-ressurgências em cotas entre 20 e 40 metros acima dos
pontos atuais. Como exemplo, cita-se o sistemaPérolas Santana |fft1a.n).
- Condutos inativos a cerca de 20 a 40 metros acima dos condutos associados ao
nível de base atual das cavernas. Esta característica é observada em trechos isolados ao
longo dos sistemas investigados (fig 4.11, seção A), pois o entalhamento vadoso predomina
.':
sobre condutos superpostos preservados '
' ,,,.,'." . '
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Figura 4.ll - Formas geradas pela incasão na caverna Agua Suja.


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Figurn 4,lZ - Características de sistemas multifâsicos observadas no sistema Pérolas-


Santana.
t0'7

.,4.3.2.3 Condicionamento estrutural e hidráulico da morfologia subterrânea


'.,,' Estudos detalhados sobre as rotas de fluxo em calcários maciços, estratificados e
t:jt'..
carstificados, mostraram guê, praticamente todos condutos _observados
,,,,,:intensamente
,,lesenvolveram-se ao longo de estruturas como planos de estratifi cação, fraturas ou falhas
iil:$orthington, 1991). Os primeiros estudos geológicos de cavernas consideraram cada
conduto cárstico como sendo guiado somente por uma única descontinuidade (p.ex., Ford,
i':i!r I ì

!¡r,J965 e l97lb; Ewers, 1912 e Powell, 1976), mas, posteriormente, a análise estrutural
,.meticulosa sobre sistemas de cavernas, como os trabalhos de Jameson (1981 e 1985),
'ìLauritzen et. al. (1985) e Deike (1989), evidenciaram que os condutos freqüentemente
,,.furmam-se ao longo da intersecção de descontinuidades.
t':. Deike e White (1969) e Worthington (1991) relacionam a não linearidade e os graus
'-de sinuosidade de passagens fluviais subterrâneas ao padrão estrutural (fraturamento e
'mergulho da estratificação) da rocha encaixante da caverna. \rVorthington (1991),
'examinando o
padrão de 53 rotas de fluxo subterrâneo, de diferentes áreas cársticas,
,a

,mostrou que o grau de sinuosidade é resultante da combinação entre a direção do gradiente


'fidráulico e a orientação do sistema de fraturamento da rocha. A coincidência entre as

,:direções do padrão de fraturamento e o gradiente hidráulico produz cavernas retilíneas entre


ios pontos de insurgência e ressurgência da água subterrânea. Quanto maior o ângulo entre

ii:.
rota de fluxo, pois os condutos tenderão a seguir o gradiente hidráulico, meandrando ao
deste, aproveitando as descontinuidades disponíveis (fig 4 l3). Num modelo teórico
¡;i,po
,,.,::simplificado de fraturas verticais e ortogonais entre sí, sendo cortadas por um gradiente
hidráulico diagonal, Worthington (op cit.), mostrou que a sinuosidade (S) da rota de fluxo é
ì,;ìexpressa pela equação S : coscr * senct, onde ct, é o ângulo agudo entre a direção do
rlradiente a as fraturas (fig a.13).

:"
"_tamostragem
,,-,
'
da variedade de cavernas da área e das quais obteve-se um levantamento

'As cavernas Santana e Laje Branca, componentes do sistema Pérolas-Santana


;i.ì';li
ii'..(anexo 4.3), desenvolvem-se na ínea carbonática Furnas-Santana, caractenzada por um
$i:i:hôiiffitinal de mergulhos altos a moderados para N'W, enquanto o sistema A¡eias insere-se
i1;l.nþ:,nanco sudèste da sinforma do Lajeado, área carbonática Lajeado-Bombas (as áreas
Çgb-ônæicas são descritas no capítulo 3).
.'',,
r:ii.ì::iì'
O'metacarbonato encaixante da caverna Santana possui estratificação com intensa
ì:il--i:::ri

i¡i;'riïmicidade, inarcada pela alternância de estratos carbonáticos, carbonato-pelíticos e


l0t

5'-df$. co¡ o< + ¡en €ß


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Rolo dê lluro rclillneo

S- Sinuos¡dode G - Dircçõo do grodienle hidróulico


*- - Ânoulo cntrê os desconlinuidodes
D- Conprirnenlo do rolo de fluro c o- grodienlê hidrdulico
Ec_ Êrtcnsõo do roto dc fluro Lf- Lorquro dc llu¡o

pela relação angulff (c) entre a direção do


Figure 4.13 - controle da sinuosidade de rotas de condúos
padrão de descontinuidades (fraturas dou planos ae fr.atincagøo)
e o gradiente hidráulico' Para
de descontinuidades verticais. conceito adaptado
simpliñcação ¿a an¿lise, ùriziu-se r¡m p"d.ão ortogonat
deWorthin4on (1991).
109

acamamento, com segmentos menores sistematicamente oblíquos a este, orientados a Nl0-


208 e N50-70W. ì

Caverna Atitude média do Coeficiente de


acamamento variacão
Direção lUersulho Direcão Merzulho
Santana N58E (124) 60 N-fw 23Yo 26V"

N4rE (77) 38 NE ou SW 53Yo 49%


Areias 33 NE ou SW
N50W (34) 45o/o s3%

Tabela 4.5 - Variação do acamamento nas carern¿N de Santana e Areias (de cima e de baixo). Entre
parênteses são indicados os números de medidas.

Observando a cavema em maior detalhe, nota-se que os conãutos principais são


subdivididos em segmentos retilíneos, onde trechos mais longos são paralelos à direção do
acamamento e outros, mais curtos, são levemente oblíquos a este, interceptando as camadas
contra o sentido de mergulho destas. Esta característica é mais marcante nos condutos
tributários, onde os trechos longos, subparalelos ao acamamento, são alternados por
segmentos fortemente oblíquos às camadas. inclusive com direções de fluxo contrárias ao
gradiente hidráulico geral do sistema de drenagem subterrânea (fig 4.14A). O mapeamento
estrutural mostrou que estes segmentos menores, fortemente oblíquos ao acamamento,
coincidem com falhas direcionais, juntas de cisalhamento e preenchidas, com direções entre
N5-20E e N50-70W e altos mergulhos.
Conclui-se, portanto, que entre o -erande número e variedade de descontinuidades
presentes (conforme descrito no ítem 3.4.1 e visualizado na fig 4,14D), as estruturas mais
favoráveis ao desenvolvimento de permeabilidade secundária, ao longo da rocha encaixante
da caverna Santana, são os planos de estratificação com alto mergulho e os conjuntos de
juntas de cisalhamento transversais ao acamamento. Estas juntas, incluindo falhas,
correspondem ao sistema de juntas de cisalhamento em relação ao esforço máximo de
compressão, responsável pelo dobramento da seqüência carbonática-pelítica. A
permeabilidade maior do acamamento, é atribuída também, ao fenômeno de deslizamento
flexural entre bancos, associado ao dobramento. As evidências deste processo observadas
na area, são o estriamento dos planos de acamamento e a formação ¿. urn filme
submilimétrico de material moído entre certos estratos, o que acaba aumentando ,a
permeabilidade inicial sobre estas superficies.
Para explicar a baixa sinuosidade e o padrão retilíneo desta cavernfl, fecofrêu-sÊ',à
combinação entre as descontinuidades mais permeáveis e o gradiente hidráulico.
, Considerando que este foi praticamente constante durante a evolução dos condutos, co(n
, sentido geral entre N60-70E, em relação ao nível de base do rio Beta¡i, o ângulo agudo
..tmédio (a) entre este e a direção geral do acamaütento de alto mergulho é de 5 a 10o, co1
eclos isolados de até 20o.IJtlhzando o modelo de condicionamento hidráulico e estrutural
, ¿s,,r..dutos (seg liVorthington, 1991), a sinuosidade calculada por cosa +lsenc é de
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Figura 4.14 - Geologia estrutural da caverna Santana. A- Planta da caverna. B- Histograma


de direções do desenvolvimento da caverna. C e D- Projeção estereográfica de estruturas
planares.
ln

1,08 (5o), l,l5 (l0o) e 1,28 (2Oo¡. Com cr entre 5 e l0o, os valores calculados sÉo
semelhantes à sinuosidade medid4 mostrando que a tendência teorica em grande parte é
seguida pelo conduto principal da caverna" considerando someûte o acAglamento como
descontinuidade principal no condicionamento da caverna. Examinando testemunhos do
topo de ccmyons vadosos, confirmou-se que a abertura inicial de condutos freaticos é
condicionada pela intersecção entre o acamarnento e juntas simplas longas e falhamentos,
com direções entre N50-70E e mergulos moderados a altos para NW e SE. Define-se
portanto, que o padrão retilíneo do conduto principal é condicjonado pelo baixo ângulo
entre estas linhas de intersecção e o sentido do gradiente hidráulico.
O padrão anguloso, notável principalmente nos condutos tributários, também é uma
conseqüência da combinação entre gradiente e estrutur4 mes em aranjo diferente.
Considerando que os condutos tributários foram gerados após a instalação de um conduto
central principa! estes tributiirios são associados a um gradiente hidráulico local dirigido
diagonalmente e com sentido para o conduto principal, em função do vale de rebaixamento
do lençol freático, desenvolvido sobre o conduto principal devido à vazão maior do
aquífero sobre a linha de permeabilidade maior, gue é o próprio conduto principal (fig
4.15). Com este gradiente local orientado a NW-SE, a tendência da rota de fluxo será a de
sair do acamamento e seguir outras estruturas permeáveis sobre esa direção.M¿ts, o padrão
planimétrico destes afluentes (fig 4. l4a e 4.15), mostra que, grande parte dos condutos
tributários æntinua sendo guiada pelo acamamento, e que somente alguns segnentos destes
sofrem brusco desvio, entrando em juntas e falhas. Nestes dewios, freqüentemente são
esøbelecidos padrões de conduto s em Z e S, onde trechos desenvolvem-se à montante do
sistema" contrários ao gradiente hidráulico geral (fig 4- 15).

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Figura 4.16 - Inflexões agudas na rota de fluxo condicionattas pela intenecção acamamento-falhas,
ósewadas na cãvenuì Santana. Esquemas A e B em planta.

Propõe-se a seguinte interpretação para a geometria acima descrita. Apesar do


gradiente local quase ortogonal ao acâmâmento, parte dos condutos tributarios continuam
seguindo-o, devido à presença de estratos pelíticos, os quais rePresâm a 4gua de
percolação, forçando a abertura de condutos ao longo da interface cemada solúvel e
insotúvel. Assim que este segmento de represamento é seccionado por uma estrutura
permeável (falhamento), a rota de fluxo inicia ou volta à tendência de meandrar pelo
gradiente local NW-SE, acompanhando as estruturas disponíveis em estratos solúveis, até
atingk uma nova frente impermeável e insolúvel ao longo do acamamento' Desta maneira'
geram-se trechos altamente sinuosos e angulosos, onde os condutos alternad¡mente
acompaqhgT falhas e segmentos de acamamento.
,,:':1..:,::..,A,rin!:rlggção.das, ff,hu¡,,,,.9 þqtas de cisalhamento a Nl0-20E e N60-70W tì
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113

estes, como sendo condutos, levemente ascendentes,


gerados ao longo de linhas de maior

permeabilidade inicial (relativamente às descontinuipdades vizinhas) devido à intersecção


entre falhas e planos de estratificação'
A caverna Laje Branca representa um tributário do sistema Pérolas-Santana,
de cerca de
localizado a sudoeste da caverna Santana (anexo 4.3). Com desenvolvimento
900m, apresenta alinhamento preferencial na direção N70-80E (fig' 4J7A e D)'
No
a caverna
contexto das direções predominantes entre N40-60E do sistema Pérolas Santana,
Laje Branca representa um alinhamento de condutos extensos em direção anômala.
O

mapeamento geológico, mostrou que, ao contrário da maioria dos demais


condutos deste
mas sim, é
sistema, a caverna Laje Branca não acompanha a direção do acamamento,
paralela a uma falha inversa de atitude geral N75E 70-80SE (fig 4 174). Detectou-se
esta

falha em vários pontos do teto da ampla galeria de abatimento e ao longo de


quase todo
zona de
conduto freâtico sobre a fenda vadosa no final da caverna. Caracteriza-se por uma
composicional
cisalhamento) com até lm de espessura, onde observa-se um bandamento
milimétrico (foliação caraclástica). O movimento é expresso por dobras de arrasto do
acamamento nas paredes adjacentes a falha'
A intersecção desta zona de cisalhamento com a atitude geral da estratificação, ao

produz
longo do conduto freático, preservado sobre o can'on vadoso do final da caverna,
conforme
uma lineação, a qual é coincidente com o eixo longitudinal deste conduto elíptico,
geral da caverna.
é representado na figura 4.17C. Coincide, também, com o alinhamento
Interpreta-se, portanto, qUe o padrão retilíneo e a baixa sinuosidade
(1.01) desta

caverna, sejam um produto, do forte condicionamento estrutural da rota de


fluxo da água

subterrânea, pela intersecção da zonade cisalhamento com 6 ¿çamamento'


Com relação ao gradiente hidráulico, esta caverna é totalmente contrária ao

da linha
gradiente geral da área. Mas, por outro lado, há que se consideræ. que em função
lençol freático
de alta permeabilidade inicial, desenvolveu-se um vale de rebaixamento do
à direção da
sobre esta linha, criando um gradiente local, necessáriamente, sub-paralelo
intersecção.
A caverna Areias (englobando as cavernas A¡eias de Cima e de Baixo, separadas
mais sinuoso'(s
por uma dolina de colapso, anexo 4.3) representa o padrão planìmétrico
em metacalcári-ol com
entre I .29 e T.40) e curvilíneo da ârea estudada. Está encaixada
estratos carbonáticos de espessura decimétrica a métrica Localmente ocoffem
intercalações, onde a espessura diminui e a quantidade de e$fatos pelito-carbonáticos
Furnas-Santana pela:,menor
aumenta. De forma geral, contrasta com os metacarbonatos
e pela espessura mai-or dos
freqüência de alternância entre estratos pelíticos e carbonáticos
": estratos carbonáticos. A continuidade lateral das camadas também é marcante' podendo ser
-- observada Por dezenas de metros'
'.
predominantes no
,,,, Aæitude do acamamento, ao longo da caverna, possui diieções
, quadrante NE, com valor médio de N4lE e secundariamente:" *"ï3::Ï:"ï_::l::
,,i1,, -édio de N50W. Tanto as
direções como os mergulhos da e$ratificação são 'b,as111t9
.-;:r:;rvariáveis;,conforme os altos'coeficientes de variação destas medidas, .,e>¡p¡esso¡,,n¿'.1¿6t1u
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Figura 4,17 - Geologia estrutural da caverna Lage Branca, A- Planta da caverna. B e C-


Diagramas de projeção estereográfica. D- Histograma de direções do desenvolvimento total
da caverna.
115

4.5. Em contraste com a caverna Santana, o mergulho da rocha encaixante da caverna


Arpias é moderado (média de 33 a 38o, variando de quadrante). Identificou-se dois
domínios estruturais de dobramento do acamamento ao longo da caverna-No setor entre a
exlremidade a montante da caverna (ponto a,frg4.l8A) e a junção com o ramo direito da
caverna A¡eias de Cima (ponto b), o acamamento apresenta uma série de anticlinais e
sinclinais abertos, com eixos de direção aproximada N20W. Do ponto b até a exlremidade à
jusante, o padrão de dobramento é de um homoclinal com mergulhos moderados e variados
para NW e direções suavemente onduladas, indicando um dobramento superposto com eixo
genérico a NW.
O fraturamento é intenso e variado, semelhante aos calcários Furnas-Santana,
conforme descrição do padrão de fraturamento da áreaLajeado-Bombas no item 3.4.1 e o
estereograma de juntas e falhas medidas na caverna (fig 4 l8D).
A alta sinuosidade desta caverna, é refletida também, pela variedade de direções de
condutos ao longo dos seus 4.5km de desenvolvimento (fig 4 l8C). Confoffne o histograma
de direções da caverna, 13,5o/o dos condutos alinham-se entre N30-408, seguidos por
11,9o/o entre N70-808,9o/o em N10-20E e'1,5o/o a N60-70W. Concentrações meoores
distribuem-se tanto no quadrante NE como NW.
Percorrendo a caverna e observando seu mapa estrutural (fig 4.184), nota-se que
ela pouco acompanha a direção do acamamento. Quantitativamente, cerca de 29%¿ dos
condutos seguem a diregão do acamamento. O restante dos condutos é formado por
segmentos oblíquos. O mapeamento geológico evidenciou que os segmentos transversais ao
acamamento, na sua grande maioria, são zubparalelos à traços de falhamentos e juntas
simples longas, de alto mergulho. Em vários trechos isolados, onde se teve acesso à

condutos freáticos preservados, notou-se que estes acompanham linhas de intersecção entre
fraturas e planos de acamamento. O entalhamento vadoso posterior, segue tanto os planos
de fratura, como de acamamento, formando canyons escalonados, onde pouca informação é

obtida sobre o início de abertura da caverna ,,,


,,,

O alinhamento de condutos a N30-50E é controlado pelos conjuntos de juntas


simples N40-45E (subverticais), falhas direcionais a indeterminadas, com atitude N50E, de
alto mergulho e, subordinadamente, por planos de acamamento. Um dos segmentos mals
longos, em torno desta diregão, é obsen'ado no trecho mediano da caverna A¡eiaS dè,C.ima
(entre os pontos c e d, fig 4.1S4). É constituído por canyons levemente meandrantes:'Nôta-
se no mapa que possui tendência retilínea e oblíqua aos traços da estratificaç.ão'' O
mapeamento mostrou que é paralelo à juntas simples longas, falhamentos com zônái: de
cisalhamento centrimétricas e juntas preenchidas. Atribui-se este alinhamento à rotas de
maior permeabilidade inicial, com ângulos de 20 a 30o com a direção geral do g{adiente
hidráulico do sistema (orientado a N60-70E), condicionadas pela intersecção de.juntas
simples longas e falhas com o acamamento. Estas intersecções ger¿ìram condutos iniciais;
grosseiramente retilíneos e subparalelos ao sentido de mergulho das camadas. O segundo
. ,.,.:,.':.',., ::
m.áior trecìo com direção predominante entre N30-408, localiza-se no'início,da:cävérna l
: . ,-. ., ;: '. :i l',i: l:.i '
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.Areias'de-B-aixq'(¡.g fig 4I,8A.), Neste setor, os condutos assumem,.dirèiõeS,subrpryalelas


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Junlos e Folhos

Figurâ 4.lB -'Geòlogia e-Strutural d4 caverna Areias. A- Planta da caverna. B e D- Projeção


esieieográfica'derestruturas þlanarês; C- Histograma de direções do desenvolvimento total
da caverna. ,
u7

ao traço do acamamento. Inte¡pretâ-se que este setor é condicionado por linhas de maior
permeabilidade inicial acompanhando traços de intersecção entre o acamamento de baixo
mergulho a as juntas longas e falhas zubparalelas à direção do acamamento,*mas de alto
mergulho.
A segunda orientação preferencial de condutos a N70-80E é predominante no

segmento final da caverna, junto à extremidade mais a jusante desta (e-{, frg 4.184). O
mapeamento mostrou que este setor é principalmente controlado por juntas simples longas a
N70E e falhas indeterminadas entre N60-70E. O padrão morfológico dominante é de
ccmyons meandrantes, onde segmentos curtos acompanham grosseiiamentè a dirção da
estratificação e fraturas a N50-60W, alternados por trechos mais longos controlados pelas
jgntas e falhas a N60-70E. Este é um segmento da cavernq com cercaide 20o em relação ao
gradiente hidráulico geral (N60-708), onde os condutos tendem a acompanhar as juntas e
falhas acima citadas, de baixo ângulo com o gradiente, sendo localmente desviados por
rotas de acamffmento e juntas do conjunto N50-60W.
A concentração de condutos a N60-70W é associada aos conjuntos de þntas
simples N60W e falhas indeterminadas em torno de N50-70W, ambos com mergulhos de 70
a 85o, para NE e SW. Um exemplo de segmento da caverna nesta direção, é observado
junto à extremidade mais a montante da caverna Areias de Cima (trecho a-h, fig 4-l8a).
Neste segmento o desenvolvimento de condutos acompanhou estas juntas e falhas, em
posição quase ortogonal ao alinhamento geral do gradiente hidráulico, apesar da
disponibilidade de planos de acamamento em posição de baixo ângulo com este. Isto vem
evidenciar a alta permeabilidade inicial destas þntas e falhas, a ponto de causar desvios
importantes da rota de fluxo, cuja tendência teórica seria de seguir descontinuidades em
baixo ângulo com a direção do gradiente hidráulico, como por exemplo, neste caso, os
planos de estratifi cação.
direção de condutos a Nl0-20E acompanha falhas inversas e direcionais, assim
A
æmo, fraturas simples, condicionando rotas oblíquas ao gradiente hidráulico geral, em
situação semelhante à descrição e interpretação acima.
Conclui-se, portanto, que a caverna Areias é principalmente guiada pela intersecaão
entre estruturas disruptivas longas (untas simples e falhas) e zuperficie5 ds ¿samamento.
Localmente a rota de fluxo instalou-se em falhas ou planos de acamamento, não havendo
evidências claras do condicionâmento inicial destas rotas menores por linhas de intersecção
Devido ao baixo mergulho da estratificação e à alta variabilidade das atitudes dest4
em comparação com a caverna Santan4 as linhas de intersecção de juntas e falhas sobre os
planos ds ¿snmamento, estabeleceram rotas de fluxo, as quais predominantemente são
muito discordantes das direções do ¿samamento. Na caverna Santan4 ao contrário, devido
ao alto mergulho do acamamento, as linhas de intersecção de juntas e falhas subverticais
sobre o acâmamento, produziram rotas de fluxo não muito discordantes da direção do
,acamâmento, imprimindo um padrão planimétrico final dos condutos principais da caverna,
,subparalelbs a lev nte oblíqüos,:àos:traços do acamamento. .. , ; " , ',,,.,

.'
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Analisando a sinuosidade da rota de fluxo principal da æverna Areias, em função da


combinação entre a orientação do padrão estrutural dos metacalcários e a direção geral do
gradiente hidråulico, obteve-se seguinte rezultado. Considerando que orconjuntos de
o
juntas simples e falhas orientadas a N60-70W, N10-20E, N30-50E e N60-80E são as
descontinuidades mais favoráveis ao desenvolvimento de permeabilidade secundária,
conforme representado no esquema da frg. 4.19, obtém-se ângulos agudos entre estas linhas
e o gradiente hidráulico de 20o, 40o e 600. As sinuosidades teóricas calculadas com estes
ângulos (segundo modelo de \ilorthington, l99l) são de 1,28, 1,40 e 1,36, respectivamente.
Estes valores são muito semelhantes à sinuosidade medida entre 1.29 e L40. O padrão
planimétrico sinuoso da caverna A¡eias, é portanto, condicionado pelo cari¡ter meandrante
da rota de fluxo, acompanhando principalmente as juntas e falhas, acima citadas, e tendendo
a seguir o sentido N6O-70E, estabelecido pelo gradiente hidráulico ao longo deste sistema
de cavernas.
Tanto na cavema Santana como Areias, o baixo índice de condutos desenvolvidos a
¡{W-SE, apesar da alta freqüência de juntas neste alinhamento (conforme os estereoglam¿rs
das figs 3.24 e3.25 e os histogramas de fotolineamentos, fig 3.27) é atribuído à posição
ortogonal destas descontinuidades em relação ao gradiente hidráulico geral destas áreas.

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..'7--- Troço de junlo ou folho

----'-'t Troço do ocomomento


119

4.3.3 Espeleogênese na área de estudo


Conforme esboçado no item 4.3.1, a espeleogênese consiste das fases de pré-
. -/ e desenvolvimento.
iniciação, iniciação
4.3.3.1 Fase de pre'iniciação
Na região estudada, esta fase corresponde à implantação do sistema de fraturamento
e falhamento, associado à deformação e metamorfismo da seqüência pelítico-carbonática do

Subgrupo Lajeado, durante o ciclo termo-tectônico Brasiliano, do final do Proterozoico


Superior (Campanha, l99l). Um segundo evento importante de geração e reativação de
descoqt¡¡ruidades corresponde ao arqueamento crustal e injeção de diques de diabásio,
durante a reativação tectônica do Mesozóico, conforme detalhado no capítulo 2.
Com o soerguimento da seqüência metassedimentar e gradativa erosão da pilha de
rochas sobrejacente aos metacalcârios, estes passam por um processo de expansão em
resposta ao alívio de carga litostática. Neste processo, as descontinuidades anteriormente
seladas, sofrem uma pequena abertura. Esta abertura inicial é estimada entre 1Opm a 0.2mm
(Dreybrodt, t98la e Palmer, t99l). Motyka e Wilk (1984), apud Dreybrodt (l98la),
mediram aberturas iniciais de fraturas em calcários Triássicos da Polônia até profundidades
de i 50m. A aberfura mais freqüente encontrada foi de 0.2mm, com ocorrências raras de até
0.5mm.
A fase de pré-iniciação culmina com a instalação de um aqüífero fraturado na rocha
carbonática, com lençol freático (quando existente) ou nível piezométrico raso. Com a
exposição parcial ou total da rocha carbonática, é freqüente o desenvolvimento de sistefrIas
fluviais na superficie, em função da baixa permeabilidade inicial e conseqüente baixa
capacidade de absorção e transmissão de água meteórica. A paleodrenagem fluvial,
interpretada a partir do alinhamento de depressões poligonais e testemunhos de talvegues,
representa este estágio na área estudada.
4.3.3.2 Fase de iniciação
A fase de iniciação instala-se gradativamente com o início da carstificação, expressa
subterraneamente pela iniciação de proto-cavernas em ambiente freático (Lowe, 1992). O
motor deste processo é o estabelecimento de um potencial hidráulico entre pontos de
injeção e saída da água de percolação ao longo de rotas pré-estabelecidas pela trama de
descontinuidades (Ford e Ewers, 1978). O potencial hidráulico, por sua vez, é conseqüência
de desníveis formados pelo entalhamento da superficie pela drenagem fluvial. Na área
estudada, o potencial hidráulico foi estabelecido pelo entalhamento do rio Betari, o qual
pelos
representa, até o presente, o nível de base principal em relação à circulação de água
metacalcários, conforme ilustrado pela figura 4.1 e anexo 4.2.
A fase de iniciação é evidenciada através dos testemunhos de proto-condutos
pontos
preservados no topo de entalhamentos vadosos. Quando é possível acessar estes
como, por exemplo na caverna Santana, conforme é representado na figura
4.20, observou-
,se ,que os proto-condutos alinham-se segundo intersecções entre juntas simples ou falhas e
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Tî..,9,,,.
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120

transversais destes condutos, normalmente é sub-paralelo à superficie de acamamento. Na


caverna Santana, os proto-condutos ocorrem preferencialmente na inærsecção do
acamamento com juntas simples longas de atitude N50-60E, subverticais e falhas Nó0-80E
50-70SE (fig a.20). Freqüentemente estes proto-condutos são ramificados, onde os
segmentos principais ocorrem ao longo das intersecções acima citadas e os ramos
secundârios, acompanham em parte, a intersecção com juntas oblíquas a ortogonais à
direção do acamamento, interconectando os condutos principais. no caso obsen'ado, em
número de dois, subparalelos (fig a.20). Os ramos secundários, com diâmetro variável em
torno de alguns centímetros, orientam-se aproximadamente segundo a direção de mergulho
das camadas. Formam um padrão de canalículos sinuosos e entrelaçados, sobre o plano de

acamamento. São classificados como condutos de anastomose, os quais, segundo Ford


(1971b) e Ewers (1982), caracterizam condutos subsidiários aos principais,
contemporâneos a estes e formados em ambiente freático. Porções dos condutos iniciais
principais, também apresentam canalículos anastomosados, paralelos as suas laterais.
Outra feição característica, observada ao longo dos condutos iniciais, é representada
por condutos cônicos, com eixo vertical coincidente à intersecção das fraturas subverticais e
de alto ângulo, altura entre alguns decímetros até lm e base sobre o conduto inicial
principal (fig 4.20). Estas formas, denominadas aqui de cones de dissolução, correspondem
à aberturas freáticas do tipo blind pockels de Bretz (1942), Mischungskorrosionkolke, de
Bögli (1978) ou solution pockets de Ford e Williams (1989). Cones de dissolução

semelhantes a estes, ocorrem também, nas paredes e tetos de condutos freáticos maiores,
conforme será descrito na fase de desenvolvimento.
A profundidade das proto-cavernas, acima descritas, em relação à superficie atual
dos metacalcários, varia entre 350 e 50m. As distâncias horizontais. emrelaçáo aos pontos
de injeção de águas alogênicas, variam entre 500 e 2000m 69a.zl).
Os primeiros estudos quantitativos sobre o mecanismo de dissolução de calcários
maciços e fraturados, realizados por Weyl (1958), mostraram que, águas meteóricas, ao
percolarem juntas com abertura inicial de l00pm, atingem a saturação após alguns
centímetros de penetração na rocha. Como explicar então a presença de condutos de
dissolução com centenas de metros de profundidade no maciço carbonático?
White (Igii) e Dreybrodt (1981a), apud Dreybrodt (1981b), recalcularam a

distância de saturação de águas de percolação para tentar explicar os primeiros estágios de


carstificação subterrânea, com base em dados experimentais de Plummer e Wigley (1976) e
plummer et. al. (1978 e 1979) da cinética de dissolução de CaCO3 em sistemas com CO2 e
H2O. Obtiveram distâncias de somente alguns metros de percolação até a saturação da
solução, o que não satisfez a questão acima.
Esta questão clássica da carstificação foi.abordada engenhosamente por Bögli'(1964
e l97B), Wigley e Plummer (lg7 6) e Dreybrodt ( I 98 I b), através 'do conceito de corrosão
de mistura. Segundo Bögli (op. cit.), a geometria de proto-cavernas,l acima descrita (fig
4.ZO), seria,uma.evidência doifenômeno de corrosão de mistur4 pois, além.dãs-linhas
, câpilares;@ádâsneh:.ilrygoei rràtulas'aðam
:]::;]:::::.:11]:;-:iij.::ì:]]iÍ.:.-:,:.Ì.?:..:ji.:''..].::'.]:1]]::i;:il:.].|:.ìl
'9-1i; ¡ 1i;üæfft';ã'
l.'.
lrì
l2l

A ¡F

Locolizoçõo oe Ae C

Condulo I
fredrico {

Conyon vodoso

î
Seçõo lronsversol

,/' lF
\/ tflrProto-coetrto
f
Cone de clissoluçõo

'! '! -'


F -í-':..\,
\
\ .,'r'\.s
Acomomenlo

)¡' Á

Plonto
-lOcm Bloco diogromo

Figura A.Z0 - Características morfológicas e estruturais de proto-cavernas observadas na


caverna santana.
A- seção transversal i¡dicando os pontos de observação, localizada a cerca de 300m a
montante da reszurgência.
B- vista em ptanta da geometria de condutos de iniciação e canalículos de anastomose,
observados no teto de cónduto freático parcialmente preservado-
C- esquema tridimensional da relação entre proto-caverna, caalículos de anastomose e
cone de dissolução, preservados no teto do ponto observado. As setas indicam
o fluxo de
água de percolação ao longo de descontinuidades'
mistura de
eficiência hidráulica (pelmer, l99l), estas também, podem representar linhas de
soluções percolantes com diferentes estados de saturação em calcita.

.,, . No exemplo,em discussão, como o conduto principal de iniciação desenvolveu-se

sob¡ê:,e,,âca aqento, há que¡se,oonsiderar, QUe âs fraturas.subverticais:,çonduáràrn.ágo"t


. : ..
acamamenlo,
.,:'

'No. êhco¡t
,de pg,,c.o¡ção.de. natureza
dlfttffie,,dàlagUa'conduzida 'pelo
'.t
t22

7/ RrO Furnos
7?t/t¿
MeloPelitos
///,)
Af lue nle
Þ Rio principol
tt,//¿
¡\Rioo Solõo Jokeooo 7
principol

Rio Belori Rio Furnos

Figura 4.21 - Profundidade de condutos da caverna Santana em relação à


zuperficie.(Seções localizadas na planta da caverna no lado inferior direito)

dest¿s águas, a mistura teria proporcionada uma solução agressivq a qual alargou o capilar,
no sentido de escoamento da agua. Os çones de dissolu@o seriam condicionados pela
intersecção de duas fraturas zubverticais sobre o plano de acamamento, onde, devido ao
encontro de tres descontinuidades, haverá um volume maior de águas em mistura e portanto
maior chance de corrosão da rochE formando o cone sobre estaþnção tríplice de planos.
Para testar se as condições hidroquímicas atuais no carste do Alto Ribei¡a permitem
a atuação da corrosão de mistur4 utilizou-se o diagrama de equilíbrio de soluções
carbonáticas (ñg 4.22), elaborado por Dreybrodt (l98lb), onde plotou-se um exemplo de
águas contrastantes quanto à saturação em CaCO3, coletadas na caverna Santana.
Como exemplo de ágUa com alta concentração de saturafo em calcita, utilizstl-5s ¿

percolação lentq coletada em gotejamentos de juntas e estalactites (amostras 20, 81, 102,
149 e 166, anexo 5.3). Estas amostras apresentâm uma predominância de75mg/l (1.87 x
l0{ moVcm3¡ de Ca# em equilíbrio com uma média de 0.0065 atm. de CO2, representadas
pelo ponto Sz no diagrama (frga-22).
Como exemplo de água com baixa concentração de saturação em calcrt¡o

selecionou-se o fluxo de condutos do rio subterrâneo da caverna Santana (amostras 1,2,3


e 32, anexo 5.3). Esta água poszui em média 32 mgl (0.80x10{ moycm3) de Ca+ com
0.0009 atm. de CO2, ponto St no diagrama.
A ârea sobre o lado cônçavo da curva de equilíbrio de soluções carbonatadas (!g
lôt
4.ZZ) representa o campo de soluções insaturadas. Sob o lado convexo estão as soluções
rt*.iltil Jir,r" ,i ,"ru, que unern pontos sobre a curva, ,"pr.rrnt.t as misturas de
, rffi$ffiU.; r,o uolrm., å" aü¡i'sñfo'"s.oirti¡øt oè'ôa*,1ê:.coì iniclatmente
t21

CoCO3 +CO2 +HuO ¡¡-- Co+++ 2HCO;

;-E
-E I
ruì
o
ÀJ
o9
o-9
Soluções insolurodos
I
L.,
o.oz
tO

I
o
lo
(} r 10-6(mol¡ãm3)\,
0 CoCO3
c
o
C'
3

o,ol

Soluções solurodos

ì-( r,5
r.o t.34'o,o38 I r lO-6(mol¡cm3)
o,8 t.87
Conccnlroçõo Co++

Figura 4.22 - Diagrama da corrosão de mistura aplicado às águas do sistema Pérolas


Santana. Acompanhar explicação no texto. Adaptado de Dreybrodt (t98lb).

em equilíbrio. Confonne o diagrama" estas misturas necessu'i¡mente caem no campo

insaturado- Os segrnentos de retas transversais às retas de mistura indicam a trajetória das


concentrações de Ca+ e CO2, de soluções resultantes da mistura de duas soluções com
concentrações iniciais diferentes. O ângulo a de inclinação destas linhas é determinado pela
reação de decomposição do CaCO3 pelo H2CO3. Nesta reação, I mol de CaCO3 é
dissociado por I mol de CO2, o que determina um ângulo de 45o sobre o gtáfico com
escalas iguais nos eixos y (fig 4.22). O excesso de CO2 gerado pela mistura de soluções
x e
saturadas em equilíbrio pode ser determinado graficamente com a ajuda da curva de
equilíbrio (Böglr, 1978), conforme o exemplo a seguir.
A mistura hipotética das soluções Sl e 52, numa proporção volumétrica dé l:1,
produz uma solução rezultante com conc.entração de 1.34x10-6 moVcm3 de Ca+ e 0,0037
atm. de CO2 þonto d mediano entre St e Sz devido à proporção l:l de volumes
misturados). Est¿ solução rezultante, insaturada em calcit4 somente requû 0 0019ratm.'de
CO2 para manter l.34xl0-6 moVcm3 de Ca# em solução (determinado graficamentepela
reta AC no diagram4 seguindo método de Bögli, 1978). H4 portanto, um excesso de
0.0018 atm. de CO2 em solução. A solução no ponto A para atingir a saturação, irá .

percorïer"a trajetória AD, consumindo 0.0011 atm de CO2 do excedente de¡.001'8,


iirrótu"¡¿o unadicional'de Cerca de 0.03Ex10-6 moVcm3 de calcita. ,
"'. '

Com'o resultado obtido acima, comprova-se que atualmente'há condições químicas


oo ,i*rl*aiil;; oo.ttu, nu. oorituuitu- . ororrênciä da corrosão de mistura,i
. I i "t;
Þara lonSderar que'a'"orroreo Ae mi-stura op.rou nu f"r. ;At ini.itçaã ¿e condutos,
, a resião em':estudò,öè"É,,sáiirrrièr'dùaS,,piermssas,,fundamentais,.: A,primeira,é quantoras,
124

condições climáticas ieinantes durante a iniciação. Isto é, durante a iniciação, o clima deve
ter sido semelhante ao atual, ou suficientemente+imido, para sufentar densa vegetação e
permitir alta produção de CO2 no solo, fator essencial para gerar âgoa de infiltração
autogênica com alta concentração em carbonato. A segunda" refere-se-à presença'no
sistema cárstico de águas com concentrações contrastantes, ou seja, injeções alogênicas
com baixa concentração em carbonato e injeções autogênicas com alta concentração. Esta
premissa é plenamente satisfeita, pois, devido à origem fluviocárstica da região em estudo,
pode-se afirmar, que desde o início da exposição dos metacalcârios, houve uma importante
área de captaçio alogênica adjacente a estes. Quanto às condições climáticas, é razoâvel,
considerar que a região apresentou clima úmido e quente, no mínimo durante o último
milhão de anos, com períodos intercalados de alguns milhares de anos, com provável menor
umidade (clima semelhante ao cerrado atual), correspondentes às fases glaciais

pleistocênicas do hemisferio norte ( Ab'Sáber, 1977 e Brow'n e Ab'Sáber, 1979).


Conclui-se, portanto, gue a corrosão de mistura teve condições geológicas e

hidroquímicas para contribuir no processo de iniciação de proto-cavernas na área

investigada.
Mas, de acordo com os modelos atuais de espeleogênese, como os apresentados por
Dreybrodt (1990), Worthingthon (1991), Palmer (1991) e Lou'e (1992), a corrosão de
mistura é considerada um processo complementar na espeleogênese e não suficiente para
explicar a origem de longas redes contínuas de cavernas (da ordem de dezenas de
quilômetros), associadas às rotas de fluxo subterrâneo de águas meteóricas em terrenos
calcários. principalmente devido ao fato, de que a solução agressiva resultante da mistura,
também atingirá rapidamente (em alguns metros) a saturação em calcita, o que lirnita a
capacidade corrosiva renovada, à regiões próximas do encontro de descontinuidades

conduzindo soluções contrastantes. Desta maneira, a geração de cavidades por coffosão de


mistura é restrita a pontos isolados no corpo carbonático.
É necessário portanto, invocar outros mecanismos, para erplicar a presença de água
meteórica agressiva a grandes distâncias no interior do maciço carbonático.
Conforme citado no ítem 4.3.1, o princípio fi.sico-químico, além da corrosãq de
mistura, utilizado para explicar tal fato, é a variação da cinética da reação de dissolução do
CaCO3, conforme as soluções infiltrantes se aproximam da saturação. White (1977, 1,984),
palmer (lggl, 1gg4 e lggl) e Dreybrodr (1990), desenvolverem uma exaustiva análise
teórica sobre a cinética de dissolução de calcita, aplicada à espeleogênese. Uma abordagem
geral da
qualitativa e simplificada desta questão, pode ser obtida com a análise da equação
cinética de dissolução de calcita, seguindo Ford, Palmer e Wtrite (1988):
dC/dt: k (l - C/Cs )n
onde dC/dt é avariação de concenlraçio de soluto com o tempo, C é a concentração
de
dissolvjdo, k
soluto na água de percolação, Cs é a concentração de saturação de carbonato
n
é uma constante empírica'dependente do comprimento de percolação e,sua vazão:.e
,-,corresponde'à,ordem de reação. Dados experimentais obtidos por Palmer e Dreybrodt',(op.
(C)
cit.), demonstraram que com'o aumento da distância de percolilçãlo, a concentração'
t25

tende à saturação e a taxa de dissolução (dc/dt) decresce. Demonst¡aram também, que com
valores baixos de C/Çs (soluções fortemente insaturadas), a ordem de reação (n),
inicialmente varia entre I e 2.2. Com valores altos de C/Cs, ou seja, soluções muito
próximas da saturação, a ordem de reação aumenta abruptamente para q a i. Esta transição
ocoffe entre 60 a90o/o de saturação (Cs entre 0.6 e 0.9), dependendo da pressão parcial de
CO2 e temperatura. Este incremento na ordem de reação, representa uma importante
redução na taxa de dissolução de calcita, antes que a solução se torna saturada.
Com este Çomportamento cinético da dissolução de calcita as taxas de dissolução
na zona epicárstica ou nas proximidades dos pontos de injeção de fluxos alogênicos, são
altas, da ordem de O.lcm/ano (Ford, Palmer e White, 1988), mas. diminuem rapidamente
com a progressiva saturação e infiltração. Desta maneira, água zubterrànea é capaz de
penetrar por longas distâncias na rocha carbonática, antes de atingir a saturação e, portanto,
dissolve a rocha ao longo das linhas de fluxo da água zubterrâne4 com taxas muito lentas e
uniformes.
A próxima questão sobre a iniciação da espeleogênese, refere-se à profundidade dos
condutos de iniciação, em relação ao lençol freático. Isto é, as proto-cavernas desenvolvem-
se sobre, logo abaixo ou muito abaixo da superficie piezométrica- questão esta, ponto de
debate histórico no desenvolvimento das teorias e modelos espeleogenéticos, conforme é
sintetizado em Watson e White (1985) e Lowe (1992).
Amodelagem mais recente e uma das primeiras com abordagem quantitativa, da
evolução de aqüíferos cársticos, foi apresentada por Worthin*eton (1991). Com base no
estudo da geometria de 16 rotas completas do fluxo de água zubterrânea de sistemas
cársticos de cavernas, em variadas condições de mergulho da estratificação e fraturamento,
o autor acima concluiu, que a profundidade máxima de fluxo de condutos (Dx) é
principalmente controlada pelo mergulho da estratificação (0) e a extensão da área de
. captação (Lx), entre o ponto principal de insurgência e a ressurgência da água subter¡ânea,
conforme é esquematizado nafrg 4.23. Nesta geometria, considerando que a rede de fluxo
desenvolve-se sobre um ou vários planos de maior transmissividade de água, no *l.u o
acamamento, seguindo os traços das intersecções do sistema de fraruras com o acamamento
(o que imprime o caráter escaionado às rotas de fluxo), o fluxo mais profundo seria
encontrado nas situações de maior mergulho do acamamento, seguindo a expressão abaixo
(conforme Worthington, oP cit):
Dx: K Lx sen0,
onde K é uma constante de proporcionalidade.
Através da regressão das medidas de profundidade média [Dm) de condutos de
iniciação, abaixo do lengol freático, contra Lxsen0, Worthinglon obteve o melhor ajuSte
com a equação:
, Dm : 0.11(Lx sene)0'81, com R2 : 0'95o/o
(tabeia +.6),
Inserindo o sistema de cavernas Pérolas-Santana neste conjunto de medidas
i:¡obteve.se,a,relação'exponéncial
¡
i' ,.*. .- -. -i*,.', 03(r¡ ne)nrt;. - gt"/ie::r¡tgrat¡dffi',',.'--, --'
tt6

muito semelhante ao resultado de Worthingtoq conforme é ilustrado pela figura 4'24.

lr

plOnO dc O.OmomenlO

F Sistemo de lroluros

Figura 4.23 - Linhas de fluxo condicionadas pelo mergulho da zuperficie de acamamento


(adaptado de Worthington, l99l).
Iniciação dJcondutos condicionada somente pelo plano de acamamento'
, A-
B- Iniciação de condutos condicionada pelas intersecções ¿samamerto - fraturas,
gerando rotas côncavas escalonadas de condutos'
Dx- profundidade máxima de condutos'
Lx- extensão da área de caPtação
I- pontos de injeção. R- ponto de reszurgência'
LÊ largura da rota de fluxo.
L- finñ de fluxo da âgua zubterrânea
0- mergulho do Plano de acamamento

mínimo de 50 e máximo de
considerou-se uma profundidade média de 200m (com
no topo do
350m) abaixo do lençol freático para os condutos de iniciação observados
entalhamento vadoso da caverna Santana. Esta profundidade
foi medida em relação à
.zuperficie atual, o que a torna sub-estimad4 pois não considera o rebaixamento':do'relelo'
:r :':
::
'delido à ' denudação ocor rido desde a iniciação dos condutos Estairmð¿i¿a'
zuperficial, . :

próximo da superficie, em função


inctui também, a premissa de que o lençol freático estava
ffii;î.ffi;älåüi.in¡ï¡t.¡ùchànestafase,prova,veþènt",...þ@ídâdè,máx,
t21

de condutos pode ter chegado a cerca de 400m abaixo do N.\ conforme a estimativa de um
rebaixamento da superficie, de no mínimo 50m, em função da profundidade de depressões
poligonais.

Profi¡ndidade E\1ê¡são Mergulho do


Caverna Media I{áxima CLx) acamamento, 0
(Dm) (Dx) Km

l. Horseshoe Bay, EUA 6 20 J 2


2. West KJngsdale, Inglaterra 8 30 2.7 J
3. Jordtr¡lla, Noruega 9 23 0.52 25
4. Otter Hole, Inglaterra l0 23 3.5 6
5. Sistema Friars Hole, EUA 11 25 ll 2.2
6. Rio Encantado, Porto Rico l5 25 9.5 4
6.5 '7
7. Guanyan, China 25 100
8. Sr+ildons-Wookey, Inglaterra 40 90 6 l5
9. Demanova, Checoslovaquia 23 90 3.2 35
10. Doux de Coly, França 46 56 13.'l 6
I l. Hölloch, Suíça 100 190 10 l6
12. Lubang Benarat, Malásia 105 220 'l 45
13. Nettlebed, Nova ZnIândta 720 150 50
14. Peña Colorada, Mé>dco 120 200 t2 40
240 290 7.4 '70
15. Nelfastla de Nieva, México
16. El Abra, México 800 1500 150 20
17. Sistema Péro Brasil 200 400 6 60

Tabela 4.6 -
Proñrndidades de condutos de iniciação e exlerisões de rot¿s completas sistemas de cavernas.
Medidâs 1 a 16 foram exEaídas de Worthington (1991).

1æO

â
ô

: 1oo
O

.9tr
i)
:10

100 1000 100û0 100000

I-x sen 0

Figr¡ra 4.24- profundidade média de fluxo @m) em função da entensão da ârea de captação do aqÌiúfero
Oii "'mergulho da estratificacao (e) * medidas da caverna Santa¡a. Demais pontos extraídos de
Worthingion (199I).
128

O alinhamento da caverna Santana com os dados de Worthington (frg 4.24),


comprova a hipótese sobre a relação existente entre profundidade de condutos de iniciação
e o mergulho do acamamento, assim como, con-firma também, a forte influência do
acamamento sobre a iniciação do sistema Pérolas-Santana.
A fase de iniciação, culmina portanto, com a instalação de um sistema
interconectado de proto-cavernas, somente observadas diretamente, em testemunhos desta
fase, conforme descritos na caverna Santana. Estas proto-cavernas formam-se abaixo do
lençol freâtico, acompanhando as linhas côncavas escalonadas (fr.g a.B) da rede de fluxo da
água subterrânea, em profundidades conforme o modelo acima apresentado.
Entre os inúmeros canalículos iniciais, somente alguns poucos, evoluem para

condutos freáticos maiores. Ocorre um processo de competição entre as taxas de abertura


de proto-cavernas. As rotas com maior eficiência hidráulica inicial (maior transmissividade),
e portanto, com maior dissolução, terão taxas maiores de alargamento, relativamente aos
canalículos vizinhos. Estas proto-cavernas com vazio maior, acabam convergindo para sí, o
fluxo de canalículos vizinhos, paralizando o desenvolvimgnto destes. Este processo de
abertura diferencial entre proto-cavernas atinge o máximo quando uma das rotas com
ampliação favorecida conecta diretamente as regiões de injeção e saída de água subterrânea
(Ford e Williams, 1989). Este momento no processo espeleognético é denominado de
breahhrough @wers, 1972; Ford e Williams, 1989 e Dreybrodt, 1990), traduzido aqui,
como ponto de avanço da espeleogênese.

4.3.3.3 Fase de desenvolvimento


O ponto de avanço marca o início da fase de desenvolvimento do sistema cárstico
subterrâneo. Caracteriza-se por um incremento repentino na vazão do conduto vencedor,
transição de fluxo laminar para turbulento ao longo deste ("salto" hidráulico, segundo White
e Longyear, 1962, apud Worthington, 1991) e pelo aumento de várias ordens de grandeza
da taxa de dissolução (até 70 vezes, segundo White e Longyear, op cit). A partir desta
transição no regime hidráulico, a dissolução de calcita ao longo do conduto vencedor,
procede com cinética de la ordem, envolvendo taxas calculadas de retração das paredes, da
ordem de 0.003 a 0.1cm/ano (Dreybrodt, 1990).
O início da fase de desenvolvimennto, implica também, na aceleração do

rebaixamento do lençol freático, o que amplia a zoîa vadosa acima dos condutos principais.
A morfologia inicial, associada a este estágio de carstificação, vai depender da
posição do lençol freático em relação ao conduto vencedor. Se o ambiente freá'tico
perdurar, o conduto com dimensões de proto-caverna será ampliado, dando origem a
condutos freáticos maiores, com seções sub-circulares a elípticas (conforme descriçã,-o,no
item 4.3.2.2), de diâmetro decimétrico a métrico, raramente decamétricos. No ..*o,dl
proto-caverna sofrer exposição acima do nível piezométrico, sua base será marcad.a por
entalhamento vadoso (Palmer, 1984 e White e Deike, 1989), figura 4.25. ' I.

Com o rebaixamento do nível de base, os primeiros condutos a,,gereln exposlos


u.i.a,do,'t.oçot q"atico,'serão as terminaçõgs do ¡istema, junto a,o.s p.o' 1o's,de insurgência
129

NA
\- /-
-./

Prd - in¡cioçõo lnicioçõo


Amplioçõo
f recilico

/
Desenvolvimenlo

\
Enlothomenlo vodoso

\ ,t/'
\

seção transversal resultante da


Figura 4.25 -Representação esquemática da morfologia em
fase de desenvolvim"oto. it¡ abaixo do lençol
frútico, gerando tubos freæicos e (2), com
rebaixamento ¿" f.rioi uìó^p^nt',""do a ampliação
do conduto, gerando a seção típic4
poput--"nte denominada de "buraco de fechadura"'
momento, ocolre o desenvolvimento
dou ressurgência do aqüífero $ga.26). A partir deste
ambiente vadoso como em freático @almer'
contemporâneo da rede de condutos, tanto em
proximidades dos
l99l). Devido a este mecanismo, predominam formas vadosas nas
estudados.
sumidouros e ressufgências dos sistemas de cavernas
nos sistemas
A transição de cønyon vadoso para conduto freático, muito comum
vadosos' fig 4'g)' éinterpretada como
estudados e descrita no item 4.3.2.2(entalhamentos
da rota côncava de condutos freâticos. Du¡ante
sendo condicionada pero padrão escaronado
convexos desta rota" serão exposJos à
a fase de desenvolvimento, alguns dos segmentos
parte dos trechos côncavos, contlnql:Ir'llo
condições vadosas, em quanto que, grande
convexos expostos acima do lãnçol
domínio freático (frg a.26).Nas cristas dos segmentos
com ffuxo turbulento, t*tjl:-:
freático, a agua subterrânea inicia a fluir liwemente,
de Ford (1965), apud Ford e Ewtrs'(197!)r
entalhamento vadoso destas, segundo o modelo
São gerados, desta formq cafiyons ladosos
laterais e sincrônico5 i ampliagões,fr.eaficas

(Ford,1965) , .. ___ -
NacavernaSantana"oent¿lhamentovadosoaumentâgradativamenteemalturq.a
um máximo de 50m- ttt- O--21
parrif do sifio no final do ramo principal, atingindo
Interpreta-se, portanto, qlre a arnPlitude
vertical do escalonamento^de eondutos'1s.gd't"1çl

l-ã¡i;;*¿"¿¡,4. -io,ae, co¡lutos freáticos, previamente à fase',dê a"tt"n1l$d:q


,àtingla;inoníniriro 50m,(âg 2l):Estzestimativa é mínima; potq:ê.",1..] o
+1
.1çio.di"
protundidad¡
#r;ü;;ouu ouu-u.,*ffi ,iufici.e4e, Barl demonst¡ar, aré çal
.'.',.;¿îili;;*,ur;"o lbaixo.do
cheea ô cinduro principal do sistema:Pérolai-santana. Na caverna
"ia-
130

NE
SW

Rìo 8elori

--N.4. roso
\ -\
, Roto Preferenciol
f de Proto-conóulos
T 't-/t \
l-roo.
{--{ \ .- ----
Melopelilo . Mel ocotcór io
-5O0m
\ - -._\.-....-
--- t-
I
- Dieu. de dìobcísico
\\\ì
s 'ìì\'ì

.\ --\-\\-
-

ao sistema de cavernas Pérolas


Figura 4.26 -Esquema simpliñcado da evoluso de condutos associados
Sàitanâ, em perfiLlongitutlinal. Escala aproximada'
,4- Fese de Iniciação inplanta6o de proto-condutos ao
longo de uma rota ðe fluxo côncava escalonadâ' a
uma profundiclade média de 2O0m' ra Zþna freática
(F)'
uma fota pfÊferencial conùnoß freaticos entre a insurgência
B- Fese ile ilesenvoNimento. conexão de
'le
(I) e ressurgência (R), com coseqirente ampliaÉo da zo¡a vadoo W'
progréssivo rÔaixamento do NA Ernalhamento \¡adoso @V) nos
C- Ampliação de condutos freaticos e
e)ipostos aciûa ab N.a. Desenvoþimento de
segmenlos.convexos ("rcroJ*nt.Ð a"'coiaotos freáticos
níl'eis freliticos abaixo do conduto principal'
invasões vadosas (IÐ. IniciaÉo de proto+onúutos em '

das invasôes radosas com o silema de


D- Fase avAnçada de tlesenrohjmemo da espeleogênese' Conexão
gerando conúutos verticais (cÐ. Instabilizacão
cavernas desenùolviclol-Ãrpu"ø"'tr^r' ion'asoes iaaosas,
condutos acißa do N'A'''"através'de inça9ãg
mecâqica'.no:rnàciço carto*iti*, caüsando modiñcat'o
dos
io*.a. *¡du.19sp¡oþdós- Paleo*essurgência {PRllqçel1-¿¡'çq colaS
, Iqrptanraøp Oç q.-o.\at
(D={).
1
1,IÏ
da ressurggncia'ativa
l3l

Conduto f reótico iniciol

Conyon vodoso

Visto em PersPectivo
señ escolo

Segmenlo descendenle
Segmenlo oscendente

NA

Seçõo longiludinol

da inte¡pre!Éo da variação vertical (sinuosidade vertical)


de
Figura 4.27 - Esquema
j[ vadoso ao longo do conduto
condutos freáticos fu"çã" du rrriuçeo de altura do canyon
de cønyon vadoso para
principal da caverna Saniana. No ponto B ocorre a transição
conduto freático ativo'

principal,
pérolas, o entalhamento vadoso com çerca de 50m nas proximidades da entrada
decresce gradativamente em altura aÉ 5q ao
longo de aproximadameúte 400m de galeria

de abatimento.
vertical de segmentos
worthington (1991) reconheceu amplitudes de variação
descendentes entre 5m (sistema Friars Hole,
EUA) e l00m (tlolloch' Suiça)'
ascendentes e
ou seja" quanto maior o mergulho,
Relacionou esta variação ao mergulho da estratificação,
de condutos freáticos' nos casos de
tanto maior a variação vertical do escalonamento
condutos condicionados pelo acamamento'
Aampliaçãofreáticaduranteafasededesenvolvimento'nascavernasestudadas'
e irregUlares' conforme descrito no item
produziu seções regulares (circulares a elípticas)
4.3.2.2(alargamentofreatico).Asseçõeselípticasacircularesevidenciamalargamentopor
dissolução relativamente constante ao longo
do perímetro do conduto (fig 4'28)'
As seções irregulares
,acompanhando preferencialmente a estratificação, falhas ou ffaturas'
perímetro' em conseqüência da
,êvidenciam taxas,de dissolução diferenciadas ao longo do
.:rl

.,.anisotropia'da.'rochaca¡bonática(Susteric,|g7g),deposiçãodesedimentoeconseqüente ji
:ii
,.ärjrariënto..¡d,si:parig.do puimeuo...¿o'.,çonduto,:.da,cor¡osão.@almer, 1984)'iou'corrosão,.'de, ,iri
,,
de,seções ,til

'
.lälffi"*- 'o'¿l.*inrìì,'""Itli*"s, estudad1s,', atribui -se a' inegulandade' .;.q
iìl
Ììì
t32

freáticas principatmente à presença de estratos mais e menos solúveis (ñg 4.28), devido à
intercalação alternada de calcários puros e impuros e à corrosão de misturq responsável
pela formação e ampliação de cones de dissolução (fig 4.28) sobre condutosfreáticos.

ones de dissoluçõo

h;
Figura 4.Zt - Tipos ds ampliações freáticas observadas nas cavernas estudadas.
u--ol"rgu-"nto freático preferencial sobre plano de fratura ou falha
b- alargamento freático preferencial sobre plano de acamamento
c- alargamento homogêneo
d- alariamento freátiõo com dissolução preferencial de estratos mais solúveis, produzindo
seção irregular
e- seçao ñ"átiru inegular produzida pela corrosão de mistura gerando cones de
dissolução-

No estágio avançado da fase de desenvolvimento dos condutos principais, expresso

na área através do intenso entalhamento vadoso destes, o volume de


vazios expostos acima

do nível de água aumentå" causando a instabilização mecânica do maciço carbonático'


Inicia-se, portanto, processo de incasão, alterando gradativamente a morfologia de
o
entalhamento por dissolução, conforme foi descrito no item 4.3.2.2 (formas geradas
pela

incasão).
O volume maior de abatimento junto aos sumidouros é interpretado como
conseqüência destes trechos terem sido os primeiros a serem expostos acima do nível de
mais
árguq eque portanto, sofrer4m entalhamento vadoso maior, em relação aos trechos
internos da rota de condutos. :

Com a ampliação da zona vadosa sobre a rota principal de condutos, inicìa-se a


instalação de invasões vadosas, muito freqüentes na ârea estudada e representadas'pelos
condutos verticais (descritos no item 4.3.2.2). Estes constituem cavernas se!.|,,uma.fase
ûqâtica inirial (Ford e Willi¡nrf,, 1989). Formaram-se ao long.q de 1otê¡,.zuÞyertjcars:o-tr
peryg¿bilidade inicial, ,,coÆo lcru.z4P,eni-t9s.,de,nÊ..ftur3s',longas
, esÇalonadas,le.-maiori
fJhur, entre sí ri^rr".ento, Estas rotas de infil@ão;;ão, tt
.sou-*rr ,r'"or "
133

ampliarem, acabaram absorvendo o escoamento superficial, num primeiro estágio com


contribuição alogênica importante (fase flurial do exocarst) e posteriormente, escoamento
principalmente autogênico, devido à implantação de depressões poligonais. As invasões
vadosas conectadas diretamente às rotas principais de condutos da água subterrânea, por
possuírem drenagem mais eficiente, sofreram taxas de alargamento maiores que as

conectadas indiretamente. Desta forma, os condutos verticais acessíveis à exploração por


longas distâncias (até 250m na vertical, p. êx., abismo Juvenal), sempre estão associadas
diretamente a sistemas de cavernas, fato observado na ítrea estudada.
Outro fenômeno, associado ao rebakamento do lençol freático sobre o sistema de
cavernas, é a captura de cavernas desenvolridas nas proximidades da rota principal de
condutos, formando ramos tributários. Como exemplos, cita-se a rede Takeopa e a galeria
entre o salão dos Vulcões e o poço São Jorge, na caverna Santana (fig a.6). A rede
Takeopa, constitui um afluente ativo, Atualmente sua área de capiàção ë inteqpretada como
sendo autogênica (depressão poligonal), derido a alta dureza da água. lvlas, devido à

presença de cascalheiras alóctones aos calcários, parte de sua fase de desenvolvimento é

atribuída à injeção alogênica, a qual iniciou o desenvolvimento de um sistema independente


de cavernas. Já o ramo entre o salão dos \¡ulcões e o poço São Jor-se. hoje é um paleo-
afluente, também de origem alogênica, em função de importantes cascalheiras alóctones,
hoje cobertas em grande parte por crostas calcíticas. A junção deste ramo com o conduto
principal da caverna Santana se deu através de uma invasão vadosa.
Interpreta-se a captura destes afluentes, como sendo condicionada pelo vale de
rebaixamento do lençol freático, que se desenvolveu sobre o conduto principal, desde o
ponto de avanço da espeleogênese. Com este processo, formou-se um gradiente hidráulico
convergente ao conduto principal, responsável pela instalação de condutos neste sentido,'os
quais acabaram conectando rotas de fluxo e condutos, inicialmente independentes da rota
principal.
A partir do ponto de avanço na espeleogênese, inicia-se também- o transporte de um
volume significativo de sedimentos detríticos através do sistema de cavernas. Na fase de
iniciação, o material detrítico transportado limita-se a parlculas na fração silte e argila
(Ford e 'Worley, 1977), principalmente formados por resíduos in'olúveis da rocha
carbonática. Após a conexão direta de condutos entre a área de captação e a ressurgêncra, a
velocidade de fluxo aumenta em várias ordens de grandeza (Dreybrodt, 1990)'''6'ou"
aumenta a capacidade de transporte deste fluxo. Gale (1984) descreveu o transporte de
areia alóctone, com grãos entre 0.1 e lmm- através de condutos freáticos com'6,7cm'de
diâmetro. Ford e Williams (1989) descrevem evidências de calhaus de calcário denso
transportados por redes de condutos freáticos, sendo ejetados no topo de condutos verti0ais
de até 7m, o que mostra a alta capacidade de transporte de fluxos associados a grandes
enchentes. .' "'
No caso do Alto Ribeira, um grande volume de sedimento5 ¿ 1¡an-qmitido:pelôs
sistemasr.de,rcâverrìôs,,Estes,.sedimentos possuem uma importante contribuição alóctone

devido às grandes âreas de captaçio alogênicas associadas aos vales c9-qos:que alimentam
134

os sistemas de cavernas. Ao longo dos condutos hoje acessíveis, observam-se depósitos


fluviais, desde cascalheiras com calhaus e blocos (compostos princþalmente por clastos de
filito, metarenito e quartzo), bancos de areia e depósitos finos de silte e argila. A
-muito
característica de gradação normal (de cascalho na base a argila no topo), freqùente

em testemunhos de depósitos acima do nível de fluxo atual e nos depósitos atuais, indica
movimentos episósicos de alta vazão no transporte da carga de fundo. Deve-se considerar,
portanto, um duplo papel dos depósitos fluviais na espeleogênese, segundo Newson (1971)
e Smith e Newson (1974). Durante períodos devazio normal, esta carga de sedimento age
como inibidora da ampliação por corrosão do leito dos condutos. Por outro lado, em
eventos esporádicos de alta vazão, a movimentação desta massa detritica, contribui na
ampliação através da abrasão mecânica do leito dos condutos. Esta abrasão é evidenciada
através da geração de marmitas de diâmetro decimétrico no canal fluvial. Estes sedimentos
agem também como niveladores do leito fluvial, pois preenchem as irregularidades do leito
rochoso, tornando os fundos dos entalhamentos vadosos e condutos freáticos planos.
Um último fenômeno, importante na fase de desenvolvimento da espeleogênese, é a
geração de uma nova rota de condutos, abaixo do nível de condutos em fase avançada de
desenvolvimento, conforme o modelo espeleogenético de Worthington (1991). A
profundidade de iniciação desta nova linha de condutos segue os mesmos princípios que
condicionaram a rota superior, em função do campo de linhas de fluxo desenvolvido abaixo
dos condutos existentes. Isto é, seguem a profundidade Dx e Dm, abaixo do lençol freático,
anteriormente discutida.
Na fuea estudada, as zonas de vazios detectadas pela perfi.rração do poço no Baino
da Serra (Politi, relatório de perfi.rração, 1988), em profundidades entre 60 e i50m abaixo
do N.4., são interpretadas, como sendo condutos no início da fase de desenvolvimento,
contemporâneos ao estágio avançado de desenvolvimento da rota de cavernas superior.
Com o contínuo soerguimento da área e rebaixamento do nível de base, a'rota
superior de cavernas em desenvolvimento, poderá ser abandonada pelo lençol freático, e o
fluxo deste, começa a predominar pela rota inferior de condutos. O momento em que a iota
inferior captura o fluxo do nível superior, vai decidir se este é abandonado como um
conduto freático ou como entalhamento vadoso (Worthingto4 1991), conforme: será
discutido no item seguinte.
No sistema carstico estudado, a rota inferior de condutos, não atingiu dimensões
suficientes, em tempo hábil, para abson'er o volume de água injetado no sistema" fsto
associado ao rebaixamento do nível de base (soerguimento tectônico da ârea), condicionou
o intenso entalhamento vadoso do nível superior de condutos freáticos, produzindo o
quadro atual de morfiologia subterrânea. Linhas de condutos freáticos superpostos e

preservados do entalhamento vadoso, somente são observados em alguns ramos tribútários


aos condutos principais, como por exemplo, na rede Takeopa, caverna Santana (ñg .29)
Atribui-se esta preservação da forma freática em ramos tributários, ao volume
.menor de:.,.âgua injetado nestes condutos. Isto permitiu ao conduto inferior, ¿6pfi¡'
:
sm
.,

:tr. 'i_r-)_i_.-:l

. , ,1,,.,. :) :r,.:;..,: . :. ,t, .t. .''


135

tempo hábil e capturar o fluxo do conduto superior, antes que este seja entalhado em
ambiente vadoso.

s-sE N-NW

\ \ ãðiä"ro principot

-WÍ
Superposiçoo de condutos
do rede Tokeopo ./
- '/ \\.t./

o 5 5m
-lQ, r''"*'ìÑ$/:
^**
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Y,,.
-'ì_^\$k'r,

Figure 4.29 - Inte¡pretação rebakamento do nível de âryua associado ao


do
deienvolvimento de redes afluentes ao conduto principal da caverna Santa¡a. No sistema
tribut¿rio de condutos, a morfologia freática foi parcialmente preservada" enquanto que no
conduto principal, ocolTeu o entalhamento vadoso do cøryon-

Devido à evolução contemporânea do relevo e dos sistemas de cavernas epigênicas,


a tendência final será da denudação srperficial interceptar o nÍvel de cavernas superior,
enquanto o nível inferior entra em fase avançada de desenvolvimeûto, e um terceiro ní¡¡el de
condutos entre em iniciação. Desta maneira, rotas de cavernas mais antigas são conzumidas
pela denudação, enquanto novas rotas inferiores são geradas (palms¡, l99l), até a remoção
total das rochas carbonáticas, estágio final da evolução do sistema cárstico.
No Alto Ribei¡a, foi possível detectar dois níveis principais de cavernas. Um
zuperior, em adiantado estado de desenvolvimento e outro, em fase inicial de
desenvolvimento, atuâlmente em ambiente freático, a profundidades observadas entre 50 e
l50m e máximas estimadas de 400m.
O estagio atual da denudação superficial interceptou as zonas de insurgêngia: e
reszurgência dos principais sistemas, assim como, os fundos de algUmas 'depressões
poligonas (p. e*. a depressão composta das Areias), atingiram o topo de entalhamentos
vadosos. ,subterrâneos. Neste quadro de conexão entre a dinâmica de ent¿lhamento
:zuperfioial edesenvolvimento de condutos,.citam-se também" as invasões'vadosas, que em
,alepns iásos; interceptaram os'condutos,,inclusive gerando grandes volumes, de'abatimento
Sùbteffâbeg. ''' ,' ' : : : ' , , '
136

4.5.3.4 Rebaixamento do nível de base e desenvolvimento da espeleogênese


A gradativa ampliação do sistenla de cavernas na fase de desenvolvimento, implica
no aumento da permeabilidade secundári4 o que por sua vez, causa a drenagem do aqüífero
no maciço carbonático. Neste quadro de dinâmica hidráulica- é fundamentafinserir o papel
do rebaixamento do nível de base da ârea durante a espeleogênese
Conforme citado anteriormente, a iniciação da espeleogênese é conseqüência direta
do soerguimento tectônico e entalhamento do relevo, responsáveis pelo estabelecimento do
gradiente hidráulico entre a zona de insurgência e ressurgência do aqüífero.
morfologia subterrânea gerada na fase de desenvolrimento, ou seja, canyons
A
vadosos de pequena ou grande profundidade, ou diferentes graus de ampliação de condutos
freáticos, é essencialmente, uma resposta da rede de cavernas ao rebaixamento do nível de
base relativo ao aqüífero (Palmer, 1987). Este processo de queda do lençol freático no
maciço carbonático, por outro lado, é basicamente controlado pela combinação entre a taxa
de soerguimento tectônico da área, variação glacio-eustática do nír'el de base, velocidade de
ampliação dos condutos e volume de água meteórica injetada no aqüífero.
Considerando pequena variação com o tempo, da taxa de ampliação de proto-
cavernas e do volume de água meteórica coletada pela áLrea de captação do aqüífero, deve-
se analisar, como taxas variáveis de queda do nível de base i¡fluenciam o produto da
espeleogênese.

Rebaixamento muito rápido do nível de base


O rebaixamento rápido do nível de base será acompa¡hado por entalhamento
vertical intenso de vales, o que gera elevados gradientes no aqtiífero cárstico, entre pontos
de insurgência e ressurgência. Esta queda rápida do lençol freáticc implica em pouco tempo
disponível para ampliação de condutos freáticos, os quais acabam sendo expostos acima do
NA no início de sua fase de desenvolvimento. Com a sucessiva iniciação de rotas de

condutos em ambiente freático e exposição destes acima do lençol, o produto final, numa
análise simplificada e qualitativa, serão vários níveis de condutos freáticos pouco
desenvolvidos, preservados acima do NAr em rebaixamento.
Associa-se a queda acelerada do nível de base e entalhemento profundo do relevo a
um ambiente tectônico com altas taxas de soerguimento, ou, no caso de regiões próXimas
ao mar, à quedas eustáticas do nível dos oceanos.

Rebaixamento lento do nível de base :

Taras lentas de rebaixamento do nível de base refletem entalhamento vertical


reduzido da topografia, o que induz baixos gradientes entÍe zoîas de inzurgência e
(=
ressurgência do aqüífero cárstico. Havendo condições mínimas de gradiente hidráulico
.0,003, segundo Worthington, 1991) para iniciação da espeleogênese, haverá itqqpo
,suficiente para ampliação de condutos freáticos, antes que estes sofram exposigãg îa zoîa
vadosa.,Nestas condições,'geram-se sistemas,freáticos de cal'ernas; com¡spÇões.t|1gqÙersais
: ,rile: :cOndUtos i:,fteáticgS.,Coflt -eixgs: maiore-s. ,métricos. ,a decamétri9os, i,'Comjti:qt@,+1$
.' .::.-.,4.

.:.,..r::'.. .. . - ,,:.,:
,' ,.¡''tr,¡.,; :;,...1 ¡.;,.:,.::r,',¡.:,'
t31

exposição destes acima do NA e abertura contemporânea de rotas de condutos mais


profundos, o.pível superior de condutos acaba sendo abandonado pelo lençol freático antes
de sofrer importante entalhamento vadoso. O produto final serão amplos condutos freáticos
com reduzido entalhamento vadoso na base.
Um exemplo desta situação espeleogenética são os amplos condutos freáticos
preservados nos calcários proterozóicos de cobertura cratônica (Grupos Bambuí e Una) do
Brasil Central, os quais sofreram carstificação com taxas de sorguimento tectônico lento
durante o Cenozóico (Braun, l97l).

Taxas moderadas de rebaixamento do nível de base


A
E a situação intermediária entre o rebaixamento lento e o muito rápido do nível de
base relativo ao aqüífero cárstico. O entalhamento vertical da topografia é expressivo,
relativamente menos intenso que no rebaixamento rápido, gerando gradientes hidráulicos
moderados, entre a insurgência e ressurgência de sistemas cársticos, onde se desenvolvem
condutos freáticos. Mas, o rebaixamento do lençol freático não chega a abandonar
totalmente o nível de condutos sm ampliação, ou seja, a ampliação da rota inferior de

condutos não é suficiente, para absorv-er o fluxo de água dos condutos anteriores, e ao
mesmo tempo, o rebaixamento do NA não é rápido o suficiente, para abandonar o nível
superior de condutos. Ocorre, portanto, uma fase de equilíbrio entre o rebaixamento do NA
e o entalhamento vadoso de condutos freáticos. Neste caso, a morfologia resultante é de
condutos freáticos de médio a pequeno porte, os quais apresentam sua base entrinchei¡ada
por entalhamentos vadosos, característica típica dos sistemas de cavernas da área estudada,
conforme descrito anteriormente.
Baseado nestas três situações hipotéticas analisadas acima- inte¡preta-se,portanto,
em função da morfologia subterrânea observada, que a espeleogênese na região estudada,
ocorreu num regime de rebaixamento do nível de base com taxas moderadas. ,",'
r

.. : .:,',
4.4 Cronologia da evolução de condutos ' -

4.4.1 Introdução ' ,,, ,

Uma das questões críticas no estudo da espelogênese, refere-se 'às'idades de


condutosdedissoluçãoeaotempoenvolvidonaevoluçãodeaqüíferos.cáfstico,s
Por se tratar de um ambiente dominantemente erosivo.' a ridade.,de,condutos
subterrâneos e da paisagem cárstica zuperficial, como de qualquer outra feição; de, relevo,
somente é possível de ser estimada, através de métodos indiretos ou correlativos, obtendo-
se idades máximas ou mínimas ;'' '
"'
Estudos teóricos da cinética de dissolução do carbonato de câlcio, associados à

ensaios de laboratório, envolvendo a simulação de condições reais de dissolução.de,rochas


carbonáticas, como os trabalhos desenvolvidos por Palmer (1984 e'1991),,¡ryffi1s';(1977 e
1984), Dr.eybrodt (198tra; 1987; 1988.e 1990),, produziram equações;.as'quais''dèmonstram,
q¡re-sob.ci$ições favoráveis, a,fase-de,iniciação'da espeleogênese reqùer no mímmo cerca
::
r38

de 10.000 anos. Ford (1980 e 1988), em concordância com White (1984) estabeleceram
taxas de desenvolvimento longitudinal (propagação horizontal) de sistemas de proto-
cavernas entre 104 e 105 anoslkm, com base em estudos cinéticos de laboratório (White, op
cit) e de cavernas pós-glaciais, em regiões peri-glaciais (Ford, op. cit).
Mylroie e Carew (1986) obtiveram um período máximo de 36.000 anos para o
desenvolvimento de um sistema amplo de cavernas, encaixado em calcarenitos eólicos,
próximos ao nível do mar, nas ilhas Bahamas. Neste período, sugerem que a ampliação de
condutos freáticos com diâmentro de lm ocorreu em cerca de 10.000 anos.
Enquanto a duração da fase de iniciação é bastante especulativa e apoiada
fortemente em modelos teóricos de denudação química de rochas carbonáticas, idades
relacionadas à fase de desenvolvimento, especialmente ao entalhamento vadoso, são
possíveis de serem obtidas, através da geocronologia de calcita secundárria depositada no
ambiente subterrâneo (Harmon, et. al., 1975, Gascoyne, Schwarcze Ford" 1978 e Schwarcz
e Blackwell, 1985).
Gascoyne et. al. (1983), com base em idades obtidas através da série de

desequilíbrio do urânio e paleomagnetismo em espeleotemas, estabeleceram a evolução


cronológica da caverna Castleguard, nas Montanhas Rochosas canadenses. Em função da
presença de espeleotemas magneticamente reversos, concluírâm que parte da caverna estava
sofrendo entalhamento vadoso entre 106 e 700.000 anos, e que a maioria dos condutos
freáticos iniciaram a ser entalhados por fluxos vadosos há 350.000 anos.
O sistema de cavernas Flint Ridge - Mammoth (Kentucþ, EUA), um dos mais
longos atualmente conhecidos, foi datado através de correlações geomorfológicas (Miotke e

Palmei, 1972), determinações radiométricas de espeleotemas (Hess e Harmon, 1981) e


paleomagnetismo de sedimentos finos detríticos (Schmidt, 1982) Estes autores concluíram,
que desde a última fase magnética reversa (-730.000 anos), três níveis superpostos de
condutos foram gerados, com condutos freáticos de até 10m de diâmetro em cadanível O
nível superior possui entre 700.000 e 350.000 anos, e o intermediário entre 220 e 180 mil
anos.
Utilizando idades radiométricvs2307¡1o34U de calcita secundária, Gascoyne (1981)
determinou taxas de entalhamento fluvial subterrâneo em quatro cavernas do norte da
Inglaterra. Obteve valores entre 0,002 e 0,008 cm/ano, os quais cor¡elacionou ao
rebaixamento de vales fluviais externos. Goede e Harmon (1983), oom¡método semelhante
ao de Gascoyne, obtiveram taxas entre 0.0106 e 0.0212 cm/ano para o entalhamento
vertical de rios subterrâneos da Tasmânia.
t :' ,,,:

4.4.2Taxas de entalhamento subterrâneo e a idade do sistema cárstico estudâdo,', ,'


Com o objetivo de obter uma estimativa quantitativa da tæ<a de entalhamento fluvial
2307Y2349, da série de
subterrâneo do carste do Alto Ribeira, aplicou-se o método
desequilíbrio do urânio, prã datar depósitos de calcita secundária das cavernas estuda{As.
Para abordar esta questão, os pontos ideais para amostragem,. correspondem'às
'bases deldepósitos calcíticos (escorrimentos calcíticos ou base¡ de,,e¡l mrtes), os quars
139

cobrem depósitos fluviais. A datação destes pontos, fornece idades mínimas para a posição
do nível do rio na época de deposição do sedimento fluvial. Havendo situações deste tipo
em diferentes alturas ao longo de um canyon subterrâneo, estas permitem a obtenção de
idades mínimas do processo de entalhamento subterrâneo, numa interpretação análoga à de
terraços fluviais, em sistemas de drenagem superficiais (Ford, 1973).
Durante o mapeamento das cavernas investigadas, encontraram-se diversos pontos
com as características acima descritas. Realizou-se uma primeira etapa de amostragem, para
testar a aplicabilidade do método 23079üay em espeleotemas da área.
A amostragem seguiu a norma ética de coleta em cavernas, evitando a depredação
dos espeleotemas amostrados. Sempre que possível, selecionaram-se pontos pouco notáveis
ao visitante, não afetando o aspecto visual da formação. A maioria dos escorrimentos
calcíticos e estalagmites foram amostrados com uma sonda portátil, com a qual, extraiu-se
testemunhos de zonas mais internas. Os pontos de perfuração foram fotografados e

posteriormente selados, restaurando-se a superficie do espeléotema.

4,4,2.1Localização e descriçâo dos pontos amostrados


Na caverna Pescaria encontrou-se uma situação ideal de testemunhos fluviais
cobertos por depósitos calcíticos. Esta caverna localiza-se a cerca de 20km ao norte da á¡ea
detalhada neste trabalho, inserindo-se nas mesmas características fisiográficas gerais
esboçadas para a área de estudo. Representa a ressurgência de uma bacia de captação
alogênica, com cerca da metade da vazão do sistema Pérolas-Santana.
Os pontos amostrados nesta caverna são uma série de escorrimentos calcíticos, em
forma de cones, os quais possuem um nível de cascalho fluvial incrustado em sua base (fig
4.30 e foto 4.1). Localizam-se em torno de 300m da entrada da caverna. Este tipo de
estrutura, popularmente denominado de "pata de elefante", representa uma estalagmite com
base mais larga em relação à altura. Com o crescimento vertical, acabou sendo soldada ao
teto ou parede lateral do conduto, próximo às margens do leito ftuvial subterrâneo
Através do rebaixamento do canal fluvial, com o tempo, estes cones calcíúcos
acabaram sendo suspensos, sendo que suas bases, marc¿un a cotq em que se encontrava o
nível de deposição do cascalho pelo rio subterrâneo, o que colresponde ao nível
ig'base
local do rio, nesta época. A base destes cones deverá fornecer, portanto, a idade mínipa de
deposição do cascalho, pois,a precipitação de calcita sobre o depósito fluvial, pode ter sido
iniciada num intervalo de tempo incógnito após a deposigão do cascalho e abandono .: ..
deste :

: : -,ì :i.:.
i.

pelo fluxo do rio'


.

. . ,.': . i:-' .

Þccearia teve-se
Na caverna Pescaria âceqsô para
fe.wê-qe acesso amostrâraproximadamer
nara amostragem rte,central ,l'da
:,,,:,,:
base de três destes cones (amostras PI,PZ e P3). As alturas entre estes pontos:ero'leito
atual do rio subterranêo forar.n medidas com trena, obtendo-se, respectivamente 5,8, 4,6 e
2,6m. A espessura atual deicâscalho sobrel,a base rochosa dolentalhamento vadoso varia
entre alguns centímetros a 40cm.
':
I , '4.
::'.,:i
140

Nível do rio oluol

Figura 4.30 - Seções transversais da caverna Pescaria indicando os pontos amostrados para
geocronologia de ca\crta sectrndária'

Foto 4.1 - Espeleotema tipo "pata de elefante", ponto P3 da


caveÍnaPescaria'
l4l

Na caverna Santana, amostrou-se o conduto do rio atual e a galeria superior de


acesso ao salão São Paulo, interpretada neste trabalho, como sendo um paleo-aflpente do
rio principal (fig a.6).
A amostra Cl foi obtida na lateral da base de um espeleotema tipo pata de elefante
(foto 4.2, frg 4.31), localizado a cerca de 200m da entrada da caverna Santana, na margem
direita do rio. A base da deposição de calcita sobre cascalho soldado na parte inferior do
cone, encontra-se a 1,20m de altura em relação ao leito rochoso atual do rio subterrâneo.
Na galeria de acesso ao salão São Paulo, encontrou-se um bloco abatido de
escorrimento calcítico cobrindo seixos fluviais, cuja posição original foi relacionada a um
testemunho de cascalheira preservado numa reentrância da parede lateral do conduto (fig
4.32). Devido à dificuldade de acesso deste ponto na parede lateral, amostrou-se a calcita
no bloco abatido (amostra C2) imediatamente acima da linha de seixos soldados na base do
escorrimento calcítico (foto 4.3)" hoje em posição invertida. O desnível entre o topo do
testemunho de cascalheira e o antigo leito do canal fluvial, na base do conduto, é de 8m,
com um erro estimado em até lm, em função da cobertura parcial da rocha por
concrecionamentos calcítico s.

Para obter uma noção da idade de espeleotemas grandes, amostrou-se a parte mais
antiga de uma estalactite composta (várias estalactites soldadas entre sí), com cerca de 4m
de comprimento e l,5m de diâmetro maior (amostra C5), localizada no caminho para o
salão São Paulo.
Na caverna Alambarí de Baixo, cuja reszurgência se localiza na extremidade sudeste
do baino da Serra (anexo 4.3), ocorrem vários pontos favoráveis para amostragem de
testemunhos do entalhamento subterrâneo. Para este trabalho preliminar, coletou-se um
fragmento de crosta calcítica suspensa na parede lateral esquerda (sentido jusante), a cerca
de 90m da ressurgência (amostra CA3, figura 4.33, foto 4.4). Na parte inferior da crosta há
seixos alóctones arredondados incrustrados, evidenciando que a calcita cobria uma
cascalheira fluvial. O desnível entre a base da crosta e o leito rochoso do rio afir,ú, é de 8,5m
(fig a.33).
Na caverna Morro Preto, paleo-ressurgência do sistema de drgllagem.subtef,r,,Snea
Onça Parda - Morro Preto, afluente da margem esquerda do rio Beiari¡.na,,,borda SE da
faixa carbonática Furnas-Santana (anexo 4.3), também se constatou pontòtrytá*ls:.p7rÍt
a geocronologia do rebaixamento do nível de base local. Selecionou-$e um,,esdommento
' :... ..:: ,

calcítico que cobria um testemunho de cascalheira preservado,na parede lateral esquerda


(olhando para a entrada) do grande salão central de abatimento (fig,,4,34) Através de
sondagem extraiu-se uma amostra de calcita logo acima do cascalho,'(ámo'stra.Ctl). A
altura deste,ponto em relação ao nível arual do rio subterrâneo e de'42m, ' ,' ,
investigou-se a caverna Chapéu, localizada oo os,'11o1.
.Por,.último, luio9..Ca.b
da área estudada. Representa uma pequena bacia de drenagem subteúâ¡eâiCom arèa de
captaçãó sobre granitos. Com o objetivo de avaliar o potencial geocrongl@ö'de'.óalcìta
.i.iiú*a'nest; área, coletou-sea extremidade inferior de umá.äsiaa@nativâ, em
pãsiieo original de crescimento, corn 40cm de comprime4lo t J5. oâ, tò, Suâ
142

Figura 4.31 Seção transversal à galeria do rio, junto ao ponto de amostragem


- Cl, na
caverna Santana, cerca de 200m da esÌtnada.

Foto 4.2 - ,Ponto de amostragem Cl, caverna Santana, local conhecidô como Pata:de
Elefante
143

Gr ondes "Corlinos"

Teslemunho " in silu " de


escorrimenlo colcílico

-7
òù/r

.t-?í"-
o'/"f/t"-
-'o 'P
Bloco obolido de
colcìlo secunddrìo è-/
*
l-o^o"uo
'"l
\\
\\

Figura 4"32 - Seção transversal mostrando a situação morfológica do ponto de amostragem


C2, caverna Santana, entroncarnento dos caminhos para o salão São Paulo e galeria dos
"Vulcões".

Foto 4,3 -Bloco abatido de escorrimento calcítico de onde se extraiu a amostraC2.


L44

Rio oluol

Figura 4"SS - Seção transversal no ponto de coleta CA3, caverna Alambari de Barxo.

Foto 4.4 - vista do escorrimento calcítico suspenso, ponto cA3, indicado


pela seta,

caverna Alambari de ts aixo.


145

NW

,//
/) /r"rro f luviol otrrol

,
ao ponto de colet¿ Cl 1'
Figura 4.34 - Seção morfológica da caverna Morro Preto, þnto

é de uma eþse fortemente achatada- Possri tinhas de crescimento


seção transversal
Estas características
aflorantes marcas de entalhamento onduladas do tipo scallops.
e
desta estalactite por um fluxo dirigido de
morfológicas são típicas de re-dissolução (erosão)
água agressiva (GascoYne, et. al., 1983). o
córrego zubterrâneo está atualmente a 2'5m

abaixo desta estalactite (em vazÃo normar), e o


leito rochoso a ceÍca de 3m. A identificação

da amostra é, CCz.
altura desta est¿lactite
um fato interessante é que nas proximidades e na mesma
erodida, ocorrem várias outras, sem marcas
de erosão, ou seja' posteriores à erosão da
a um período de zubida do nível de
primeira. Atribui-se a re-dissolução desta estalactite
assoreamento da caverna com sedimentos
base, fase est¿" responsável também" pelo
6m em relação ao nÍvel atual do rio' conforme
areoosos fluviais a uma altura de no mínimo
preenchimento, distribuídos pela cavernÍi'
foi observado através de testemunhos deste
Adataçãodestaestalactiteerodida,poderiafornecerPorlânto'umaidademínima
destafasedeníveldebasealto,responsávelpelasuaerosão'

4.4.2.2 Resultados obtidos


osresultadosanalíticosreferentesaométodoTh/I.]dasamostrascoletadasestão
rezumidosnatabela4.T.OmétododesenvolvidoporThompson(1974)eGascoyne(19',77)
paraextraçãodeurânioetóriodeespeleotemasfoiutiliz¿do,se-zuindooprocedimentode
dos Departamentos de Geologia e
rotina utilizado no laboratório de geocronologia B\ga34g'
canadá' As razões isotópicas
Geografia da McMaster universþ, Hamilton'
partículas alfa' por
214gp38g s'23h7hl232Th foram obtidas através da contagem de
períodos'entre 3 e 7 dias'
146

Para avaliar a qualidade das idad,es Th¡U de espeleotemas. deve-se considerar os


requisitos necessários para obtenção"de resultados com pecisão aceitável.
O primeiro requisito é a quantidade de urânio presente na amostra. Harmon et. al.
(1975) estabeleceram que 0,03 ppm é a concentração mínima necessária para determinação
de idades com precisão aceitável, através de contagem alfa. A amostra C5 da caverna
Santana estâ próxima deste limite, o que é um dos fatores no incremento do erro de zua
idade calculada. As demais amostras apresentaram teores de U satisfatórios (tab 4.7).
O segundo requisito fundamental é a ausência de cont¡minação por tório detrítico.
Este é freqüentemente incluído na calcita em crescimento através de fragmentos detríticos
depositados por enchentes sobre espeleotemas em desenvolvimento na zona de oscilação do
nível do rio. Para detectar a presença 6" 2301¡ detrítico, utiliza-se o fato do tório detrítico
sempre possuir uma fração ¿. 2321¡, o que não acontece com o tório radiogênico
acumulado na calcita a partir do decaimento de 2349 238IJ. Devido a este comportamento
"
geoquímico do tório, a razio 2307¡1232'¡h é utilizada como um índice de contaminação
(Gascoyne, 1980 apud Gascoyne, et. al., 1983). Quando esta razão for menor que20, a
idade calculada deve sofrer uma correção, assumindo razão inicial (tempo zero) de 1,5, para
transformá-la na idade corrigida (Gascoyne, op cit).

Localização e U zru Th 234U 230 Th Idade Idade Descrição da


código de coleta ppm calcr¡lada corrigida amosta
234 y 238 g 232 7¡ X 103 anos X l0r anos
Caverna 0,935 1.1 3.0 + 69,6 +'7'7,4 Calcita de granu.
lação grorss4 mar-
Pescaria 0,304 + + + 262.1 200,8 laeø¡. rom claro, laminada
PI 0 47 0 046 0. t4 - 43,0 - 50,2
Caverna 0,582 1,4 16.3 + 6.2 + 6,9
Pescaria 0,306 + t + 90,2 E1-1 6u"¡
Idem a ante¡ior

P2 0.026 0.033 2 - 5,9 - 6,6


Caverna 0,651 1,3 t-32 + 25.',7 + 6,6 Calcita granulaSo
média a fin4 mar-
Santana 0,06 t t + t0'7,2 33.1
rom escuro, lâmina-s
@ata do elefànte) 0,087 0,18? 0.81 - 21.2 - 10,7 siltos¿s
cl
Caverna 0,913 l,l2 48.s + 121,3 Calctt¿ grânulâgão

Santana 0,085 + t + 238,2 çso"t"¡


médi4 branco ama-
relada, furamenlè la-
Gal. de acesso Salão São
0,085 0,11 31 - 51,9 minada
Paulo
C2
Caverna 0,116 1.586 23.3 + 44,2 + 47,6 Cranulaçãc grossá'a
fìn4maciça, marrom
Santana 0,04 + + + 122,6 I 18.3 1srz"¡ cla¡o a b¡anca .'
(Salão São Paulo)
0,128 0,286 15.6 - 32,7 - 36,3
cs
Caverna 0,808 2,436 21t.2 + 9,1 Granulação fìna
.brùca '
Chapéu 1,314 + + + 142,'l
cc2 0.27 0.031 2i6 - 8,2
Caverna 0,863 1,555 11.6 + 41,3 + 43,.Ì Granulação,média a
finA mar¡óm:rclaro,
Alambarí de Baixo 0,092 + + t l?5,8 165.5 çzev"¡ bandada .

cA3 0. 079 0.1 58 2.1 - 31,1 - 33,8


l,148 1,516 35 Granulação, grossa
Caverna
¿ > 350,0 mâlrom escuro ma-
Moro Preto 0,07 + + ciça .

cl.l' 0.144 0. 208 I6 6

taÞeta'¿.2'- ResuløOos das análises de data$o th{J, realizadas no laboratório 6t'g¿;ocronofogã'aot


pepartåmentos,¿..,C.o afra:èrGeôIo$a:daMcMastér'Uiriversrtyr,¡¡f¡¡16t øqad.á] 1.¡t Porcentagem de
:indi
eno cada cntre parêi:nte.tes.
I4',l

Nas amostras analisadas (tab a:iÞ índice de contaminação com tório detrítico, de
modo geral é alto, forçando.a obtêryào'dé"idades corrigidas, o que as torna imprecisas. A'
contaminação destas amostras jâ era piêvista, em função da coloração marrom da calcita,
presença freqüente.de pequenas palhetas de mica, dificilmente visíveis a olho nú, e argilo-
minerais, notados através do resíduo insolúvel formado após a dissolução das amostras
durante a extração do U e Th. Somente as amostras C2 e CC2 apresentaram ausência de
contaminação, refletida tambérq pela sua coloração branca.
Por se tratar de calcita depositada sobre depósitos fluviais, sob influência de
enchentes esporádicas no início de seu crescimento, o problema da contaminação sempre
será enfrentado nestas amostras. Pretende-se aprimorar no futuro, as datações preliminares
obtidas nesta fase, aplicando a técnica recentemente desenvolvida e testada, conforme
Przybylowicz, Schwarcz eLatham (1991), para a datação Th/U de calcita contaminada com
tório detrítico.
O terceiro pré-requisito é a conservação de um sistema fechado para migração ou
adição de nuclídeos após a precipitação da calcita. Deve-se selecionar amostras que não
apresentam evidências de lixiviação ou re-dissolução interna. Calcita friável ou com poros
internos e canalículos de dissolução devem ser descartadas, pois nestas, a lixiviação de U e
Th, ou até a adição destes, pode ter ocorrida. Pelo fato do U sofrer lixiviação preferencial
em relação ao Th, modificações pós-deposicionais da composição isotópica da calcita são
por razões 2307gBag anômalas, significativamente maiores que 1.0 (Gascoyne,
avaliadas
Schwarcz e Ford, 1978).
Durante a coleta de amostras, foram selecionados pontos sem características visíveis
de lixiviação. As razões 23079Øag obtidas (tab 4.7) confirmam que este pré-requisito foi
cumprido, com exceção da amostra Cll, que pode ter sofrido uma leve mobilização de
urânio (razio2307¡¡23ay maior que l), o que torna sua idade superestimada.
Considerando os aspectos acima apresentados, as datações mais confiáveis foram
obtidas com as amostras C2 e CCZ (tab 4.7), pois apresentam índices de contaminação
maiores que 20, por outro lado, a amostra C2 apresenta uma grande margem de erro (cerca
de 50%) induzida pela imprecisão da razáo 2307¡12327h, o que a torna pouco significativa.
Entre as demais análises, as amostras P2, C5, CA3 e Cll, apresentaram resultados
aceitáveis, com consideráveis margens de erro (entre 8 e 39o/o), em função das razões de
contaminação entre l0 e 20. A amostra C11, devido ao excesso de tório, ultrapassou o
limite de datação pelo método Th/U com contagem alfa.
As idades obtidas com as amostras Pl e Cl, são pouco confiáveis, e provavelmente
superestimadas, devido à alta contaminação com tório detrítico.
Os resultados geocronológicos de espeleotemas obtidos neste trabalho possuem um
caráter preliminar, confirmando um grande potencial deste tipo de anárlise para contribuir na
quantifi.cação das taxas de evolução do sistema carstico do Alto Ribeira.
Para tornar estes resultados mais representativos para a regiáo, existe a necessidade
dç,trabathpp¡,específicos de,geocronologia de calcita sec¡ndária,:de:cave.fn4s, inclusìve com- a
lcom' o objetivo de
utilização de espectrometria de massa (ao invés da contagem alfa),
l4t

aumentar e precisão nas determinações de razões isotópicas de Th e U, o que não foi


possível realizar neste trabalho. Pretende-se aplicar esta tecnica em etapas futuras de
pesquisa.

Taxas de entâlhamento fluvial subterrâneo


A
altura entre a base de escorrimentos calcíticos ou estalagmites (cobrindo
depósitos fluviais) e o leito rochoso do rio subterrâneo, dividida pela idade basal destes
espeleotemas, fornece a tæra de erosão ou de entalhamento vertical deste rio.
Na tabela 4.8 apresenta-se as taxas máximas de entalhamento vertical calculadas

para as cavemas amostradas. As tæras são mâximas, pois as idades basais obtidas para as

alturas dos depósitos fluviais são mínimas.


Plotando as idades contra zuas alturas relativas ao leito do rio, obteve-se o grâfico
da figura 4.35. A inclinação dos alinhamentos destes pontos representa as tæras de
entalh¡mento. Obteve-se dois alinhamentos extremos. O primeiro segue os pontos Cl,P2 e
CA3. Neste alinhamento, a amostra Cl, apesar da pequena margem de erro, é pouco
confiável, conforme çomentado acima. Iá as idades P2 e CA3 são bastante aceitáveis. A
inclinação do alinhamento destes 3 pontos fomeceu uma tÐø de entalhamento fluvial de
0,005 cm/ano, o que representa também, o valor médio zuperior (0,0052 crn/ano) das taxas
de entalhamento obtidas (tab 4.8). A inferior, considerando os pontos Pl, C2 e a
"ouóltóti"
idade máxima do ponto Cl, fornece uma tæra de O,Ql29cmlano, valor um pouco abaixo da
média das taxas de entalhamento mínimas obtidas (0,0032cm/ano). Neste caso, as emostras
Pl e C2, além de uma grande ma¡gem de erro, provavelnente são exageradas, o que torna a
taxa de entalhamento dest¿ ret¿ zubestimada'

E
-B
0
)
c'
C'
'=e

o
õ
o4
o
.o
o
tt,
o^
,¿
5
=

ldode bosol (mínimo)

.Fisura 4.35,- Altura sobre o leito fluvial atual versus a idade das amostras datadas,lcog
,ioiir.iao,:das,,b.elras,de erro.,,,,A inclinação das retas ajustadas
forneç ,as:',!ax1s
.de

''e'otan.mentonuviatþaraascavernas:esfudadas..
149

Amostra Altura sobre o leito Idade mínima Tax¿ de entalhamento


flurdal rochoso verÍical máxima
lmetros) fi 103 lnos ) lcm i ano)
P1 + ii,4 0,0017
Caverna Pesc¿ria 5,8 200,8 0,002j)
50. I 0.0039
P2 + 6,9 0,0051
Caverna Pesca¡ia 4,6 84,'l 0,0054
- 6.6 0.0059
cl + 6,6 0,0030
Caverna Santana 1,20 33, I 0,0036
- 10,7 0_0054
c2 + lzl,3 0,0022
Caverna Santana 8,0 238,2 0,0034
- 5',1.9 0.0044
CA3 + 43.,7 0,0041
Caverna Alarnbarí de 8,5 165,5 0,0051
Baixo - 33.8 0 .006 5

Tabela 4.8 - Taxas de entalhamento radoso vefical para as can'ernas amosüadas no Alto Ribeira.

Conclui-se, portanto, de uma forma preliminar, que a taxa de entalhamento vadoso


vertical nas cavernas estudadas, durante os últimos 240 rntl anos, foi entre 0,0029 e 0,0052
cm/ano. Neste intervalo, considera-se que uma taxa mais próxima à 0,005 cm/ano deve ser
mais real, devido ao alinhamento melhor e erro menor destes pontos. Como se trata de uma
estimativa preliminar, propõe-se adotar a média entre estes extremos, 0,0042cm/ano, com
um effo ds +0,001 e -0,0013cnr./ano, aguardando refinamento deste resultado, com
pesquisas futuras.
Comparando o result¿ds obtido neste trabalho com os de outros autores, nota-se
que a taxa de entalhamento proposta para o AJto Ribeira, enquadra-se na faixa de variação
das taxas obtidas para diversas regiões cársticas, em diferentes condigões geomórficas e
tectônicas, conforme é apresentado na tabela 4.9.
O entalhamento fluvial de canyons subterrâneos é conseqüência do rebaixamento do
nível de base, que por sua vez, em períodos de centenas de milhares de-'anos, é controlado
principalmente pelo soerguimento tectônico da ârea.
Com a estimativa quantitativa da taxa máxima de entalhamento na região estudada,
observa-se que o valor médio de 0,004 cmlano é semelhante ao entalhamento medido na
região centro norte da Inglaterra (tab 4.9), regláo tectonicamente estável durante o
pleistoceno, tendo sofüdo movimentos verticais neste período, principalmente devido à
compensações isostáticas, controladas pelas fases glaciais. Em contraste, a taxa de
entalhamento máximo medida para a ilha sul da Nova Zelândia e Montanhas Rochosas do
Canadá (Crowsnest Pass), chega a suplantar o dobro do entalhamento proposto para o Alto
Ribeira (tab a.9). Estas taxas superiores de entalhamento subterrâneo são correlacionadas a
um regime mais intenso de soerguimento da região, em função do ambiente tectônico ativo
(zonas próximas ou sobre cadeias de montanhas em desenvolvimento) destas 'áreas
(Williams, 1982 e Ford, et al., l98l)'
150

Taras má¡imas Tempo envolvido


LocaI de entalhamento (antes do presente) Fonte
subterrâneo
cm / ano X 103 anos
Yorkshire Dales, Gasco¡ne, 1981
cenúo-norte da Inslaterra 0.002 a 0.005 3s0 Gascorne.Ford e Schwarcz. 1983
Bearjaw Valley,
Rochosas. Canadá 0.005 a 0.013 350 a 700 Ford- et. al.. 1981
Crowsnest Pass,
Rochosas, Canad¡i 0.011 a 0.013 700 a 100 Ford- et. al.. l98l
Nova Zelândia,
noro€ste da Ilha Sul 0.014 a 0.027 400 Williams. 1982
Jamaica 0.013 a 0,020 200 Gascorne. 1981
Sul da Tasmânia 0,0106 a 0,0212 Goede e Harmon, 1983
e
0.0063 190
Alto Ribeira
Iporanga. São Par¡lo 0,0029 a 0.0052 240 Esre fabâlho

Tabela 4.9 - Quadro comparativo entre tâxas de entalhamento fluvial subterrâneo de diferentes regiões
ciirsticas.

Baseado neste quadro comparativo de taxas de entalhamento fluvial subterrâneo,


conclui-se que o Alto Ribeira enquadra-se num regime de taxas médias de entalhamento,
interpretado como sendo conseqüência de um regime de soerguimento tectônico moderado
durante o período datado (- 240.000 anos), o que coincide também, com a interpretação
morfológica do padrão vertical de condutos, apresentada anteriormente.
Finalmente deve-se frisâr ainda, que a taxa de entalhamento vertical determinada
acima, representa uma média das taxas correspondentes a um longo pÍazo, ou seja, é o
resultado final de um processo de soerguimento, que não necessariamente foi constante
durante o intervalo temporal considerado. Este período, provavelmente inclui fases de
maior e menor soerguimento, ou até, pulsos de subsidência (ou subidas glácio-eustáticas do
nível de base) acomp*nä¿¿s de agradação dos canais fluviais subterrâneos e externos.
A detecção de re-eistros desta.yariação do processo de rabaixamento do nível de
base, depende de um estudo específico, pgra obtenção de um número maior de idades
radiométricas de depósitos calcíticos, relacionados ao entalhamento fluvial subterrâneo.

Estimativa da idade de condutos e dos vales externos adjacentes ao sistema de


cavernas Pérolas-Santana
Considerando que o entalhamneto fluvial vertical ao longo do sistema de cavernas'
Pérolas-santana foi aproximadamente constante ao longo do tempo, ou seja, períodos de
entalhamento vadoso mais intenso, sendo compensados, por fases de rebaixamento mais
lento do leito fluvial, propõe-se utilizar a taxa de entalhamento obtida no item anterior, para
calcular uma estimativa da idade deste sistema de cavemas.
j': ,A.profundidade máxima de canyons vadosos observada nas cavernas Pérolab e'
rsantanb,v.aria entre 40 e 50m; Com a tæra de entalhamento vadoso entre:0;0029 e 0,0052
tcmlano,',aÞlicadât
sobre'rS0m de profundidade, obtém-se 96T,5 Ka.(I(a,,=r'.1000 anos) como
:,::... r, 1.: - . :

.üAa'iaaùa;,rl-¡¡qru, :I124rl,Ka-.como máxima e 1190,5 Ka comg,umaidade,m-édiâ.,Déve-sel


it.:. :ì
i,j':
l5l

lembrar aqui, que estas idades são mínimas, pois a velocidade de entalhamento determinada
acima corresponde à valores máximos.
Conclui-se, portanto, que no mínimo por aproximadamente 1,2 a 1,7 milhões de
anos, até o presente, o sistema cárstico subterrâneo, em questão, se enconträ em fase de
desenvolvimento, com entalhamento vadoso.
Esta idade mínima proposta para o sistema Pérolas-Santana, é compatível com
idades determinadas para outros sistemas cársticos. Rowe (1985), com base em taxas de
entalhamento subterrâneo, datadas pelo método
230¡¡p3ag e paleomagnetismo em
espeleotemas, reconheceu que desde l,5.Ma o entalhamento subtenâneo e a dissecação do
platô do sul das montanhas Pennines (centro sul da Inglatena) está em franco
desenvolvimento. Villinger (1987) e Vqgelsang e Villinger (1987), utilizando a tæta de
erosão química e o volume de caver¡amento, estimaram a idade do sistema cárstico Donau:
Aach (Alem"oha) entre 500 K4.e 1 N{a. Este mesmo sistema de cavernas, foi reavaliado poi,
Dreybrodt (1990), com base no calculo da idade através de seu modelo cinético de
dissolução de calcita, como tendo emtorno de 1,3 Ma. Conforme já citado na introdução
(4.4.1), Gascoyne, et. al. (1983), obtiveram uma idade mínima entre 700Ka e,.l Ma.para'a
fase de desenvolvimento do sistema de cavernas Castleguard, Canadá. , '
A tæra de entalhamento zubterrâneo obtida para a região estudada, tamb¿m pode ser
utilizada, para avaliar uma idade mínima dos vales fluviais externos, sobre,metacalcários e
adjacentes aos sistemas de cavernas, seguindo ametodologiadeFord et. al. (1981),,.^ j,:,:.-
O princípio desta avaliação de idade da paisagem externa- é a correlação entre o
entalhamento vertical subterrâneo e a velocidade de rebaixamento dos fundos de, vales
fluviais, bobre a rocha encaixante da caverna. No exemplo em análise, correlaciona-se o
entalhamento vadoso da caverna Santana com o rebaixamento do vale do rio Betari. O vale
do rio Betari é transversal ao alinhamento do sistema de cavernas Pérolas Santana,
interceptando este, representando o nível de base local, em relação ao entalhamento da
drenagem subterrânea
Esta correlação segue a premissa de que o entalhamento subterrâneo possui
praticamente a mesma velocidade do rebaixamento do canal fluvial externo. Considerando
esta premissa, aplica-se a taxa de entalhamento do canyon subterrâneo ao entalhamento do
desnível entre as cristas e fundos de vales do calcário
Para o vale do Betari, junto à ressurgência da caverna Santana, obteve-se um
rio (cota
desnível de 460m, entre a crista sobre os calcários (cota 700 m.s.n.m) e o leito do
240), medido sobre a crta topográfica 1:10.000 (folha U-72, DAEE, 1957) Este:é o
entalhamento fluvial mais profundo adjacente ao sistema Pérolas-Santana, sobre
metacalcários.
A taxa média de entalhamento subterrâneo (0,0042 cm/ano) aplicada neste desnível,
resulta numa idade aproximada de 10,9 Ma para este entalhâmento fluvial. Transferindo o
erro,dâ taXa de entalhamento para este cárlculo, obtêm-se a idade mím4ra de 8,9 Ma, e
, máxirqa,{p 1!{;8;M4, para o vale do rio Betari, transversal ao calcário encai4anle,da cavelna

'.:...:.r, -.: '..':,:i.,i,,'lr:;...i.r : . ':, i.¡:, ,1'r, ' , , ': '' '
ts2

Este cálculo da idade mínima do relevo, deve sofrer uma correção em decorrência
do fato das cristas calcárias não permanecerem estáticas em relaçdr ao rebaixamento
erosivo dos talvegues fluviais. Na realidade estas também são rebaixadas com o tempo, mas
com taxas muito inferiores que o talvegue. Este rebaix¿tmento das cristas calcárias é
evidenciado pelo desnível de 150 a 230m dos topos calcá¡ios em relação às cristas
quartzíticas e metapelíticas ad acentes.
No caso da medida de desnível utiliz¿da no cálculo da idade, a diferença de cota
entre a crista de calcário e o cume quartzítico (crista da Ser¡a da Boa Vista) mais próximo é
de 230m. Isto significa qulro desnível total entalhado pelo rio Betari" sobre os metacalcârios
Furnas Santana, foi de no mfilmo 690m.
Considerando este,desnível total entelhado pelo rio Betari, com uma taxa máxima
média de 0,0042 cm/ano, extrapola-se a idade mínima média deste vale para 76,4 Ma (ou
entre 23,8 e 13,3 Ma, utilizando-se a faixa de variação da taxa de entalhamento).
Finalmente, convém frisar mais uma vez, o caríúer preliminar desta idade,
ressaltando tratarem-se de idades mínimas. devido à utilização de taxas máximas de
entalhamento subterrâneo.

4.5 Evolução do sistema cárstico no quadro geomorfológico regional


Seguindo a compartimentação geomorfologica do Estado de São Paulo de Almeida
(1964), a região do Alto Ribeira, insere-se na zub-zona de Paranapiacaba, a qual "constitui
o setor recuado para o interior, dazona da Serrania Costeira" (Sena do Mar). Esta pertence
ao "rebordo do Planalto Atlântico, diretamente drenado para o mar", e denominado por
Almeida (op. cit.), de Província Geomorfologica Costeira, denominação esta, mantida
posteriormente no zoneamento geomorfológico de São Paulo, apresentado em IPT (1981a)'
conforme foi detalhado no capítulo 2.
A paisagem seffana do Alto Ribeira, é uma herança da movimentação tectônica da-
crosta, principalmente no sentido vertical. do Arco de Ponta Gross4 após a consolidação da
faixa de dobramentos Ribeira (Hasui e Olivei¡a 1984) no Proterozóico Superior.
:.i

Asmus (1981), com base nos trabalhos de Fúlfaro (1971), Gama Jr. (1979) e
-,

Barberena, Correia e Aumond (1980), concluiu que o Arco de Pont¿ Grossa não existia até
o final do Permiano, sendo que sua formação iniciou-se no Triássico - Jurássico; rcom o,
soerguimento da crosta e subdivisão da Bacia do Paraná em duas sub-bacias. Até então,
esta região era coberta pelos sedimentos permianos da Bacia do Paraná' .

Com o contínuo soerguimento do arco, em paralelo ao início da fragmentação do


paleo-continente Gondwana no sudeste do Brasil, a cobertura sedirnentar 'do arco'foi
totalmente erodida, e a partir do Turoniano, iniciou a constituir um importante alto
estrutural em relação à bacia. do Paranâ (zaIíL\ et. al., I 990).
. Conclui-se, portanto, que no contexto regional, a ârea de esrudo iniciou sua'história

,. de soe¡ggimento
tectônico no Cretáceo lv{edio. Este processo envolveu a remoeão !a
Grupo Açungui, atingindo
cobertura da Bacia do Pa¡aná e parte das rochas supracrustais do

;o,,quad¡o.;à1ual,da Serra
de ParanapiacabarNa área estudada,(anriblinal, dal,BiQùinha e'
153

sinclinal do Lageado), foram removidos, no mínimo, 3300m de metassedimentos


supracrustais, conforrne rnedida obtida sobre o perfil estrutural apresentado por Campanha
(1ee1).
Na paisagem serrana atual da região estudada, obserya-se o äivelamento

aprodmado dos topos de cristas quartzíticas e metapelíticas, formando uma superficie que
oscila nas cotas de 900 a 1100m (foto 4.6). Neste quadro, ressalta-se a crista de quartzito
da serra da Boa Vista, com cotas máximas entre 940 e 1000m.

F'oto 4.5 - Aspecto do nivelamento de cristas na arca estudada, correlacionado à superficie


Japi. Vista do vale do rio tsetari do mirante da Serra da Boa Vista, estrada Apíai - Iporanga.

Este nivelamento característico de cristas observado îa ârea, foi correlacionado por


Almeida à superficie de aplainam.ento Japi, por ele definida como sendo um sub-
{1964)
nivelamento de testemunhos de uma superficie erosiva, embutida no Planalto Atlântico, hoje
na cota em torno de 1000m. Almeida (1964) ressalta a dificuldade de datação desta
zuperficie de aplainamento, sugerindo idade minima pliocênica. Posteriormente, com
o

(Cretáceo
reconhecimento desta superficie erosiva cortando intrusões alcalinas senonianas
Superior) situando-se antes do início da zubsidência do gráben do Paraíba do Sul,
Almeida

(1976) redifiniu sua idade, atribuindo seu desenvolvimento princrpal ao Eoceno. Melo, et.
al. (19g5) propuseram idade mínima eocênica superior ao preenchimento serfimentar da
bacia do Paraíba do Sul.
A idade mínima do vale do Eetari, obtida neste trabalho, contribui no refinamento da
(1964). Fropõe-se, que
datação da superficie de aplainamento Japi, no conceito de Almeida
iniciou-se no
o entalhamento desta zuperficie, na ârea da sub-zona seffana Faranapiacab4
míniûro, durante o Mioceno nnferior QZa ly'ra-) a Médio (13,3 Ma'), com base no tempo
envolvido no esculpimento do vale do tsetari'
154

portanto, o aplainamento da zuperficie Japi, deve ter ocorrido no período máximo


entre o Eoceno (idade máxima atribuída por Almeid a 1976) e o Moceno Inferior
a Médio,

idade mínima obtida paîa a superficie Japi neste trabalho (fig a'36).

TEMPO t

oeoudclco EVENTOS GEOMCRFICOS


xto6 ANos

9
(r
z
ú.
l¡J
t-.
f
o

IÉ.
-s
() Oligoceno
É
l¡,
t-

geomórficos cenozóicos na
Figura 4.36 - Quadro demonstrativo da cronologia de eventos
de Van Eysinga (1975).
região do Alto Ribeira. Subdivisão do Cenozóicoãdapøda
l--Entalhamento vadoso de sistemas de cavernas'
2- Fase de iniciação de condutos freáticos' , i
-: - rBetari)'
(entalhamento do vale do rio
3- Dissecação da *p".nti. de aplainamento Japi
deste trabalho'
4- Desenvolvimento'da zuperñcie Japi' segundo propgsla
Almeida (1976).
5- Desenvolvimento da zuper6cie Jaþi, segundo
Atmeida (19tr).
6_ Desenvolvimento da suþerficie Jaþi, segundo
à média'
- Indicação da idade máxima e mínima em relação

envolveu no mínimo os últimos


A fase de desenvolvimento de sistemas de cavernas
l,2al,TMa.,conformeestimativadaidadedoentalhamentovadosoobtidaparaaçavema
155

Santana. Isto implica que, durante este período, os metacalcârios jâ possuíam


permeabilidade secundária avançada, capaø-. de absorver grande parte do escoamento
superficial. Isto, por sua vez, significa que neste interv'alo de tempo. o sistema de drenagem
superficial estava em fase adiantada de segmentação, com insurgências e ressurgências
estabelecidas, ou seja, a paisagem cáLrstica superficial (com bacias poligonais) estava em
desenvolvimento e, provavelmente, em grande parte já implantada.
Desta maneira interpreta-se que, no processo de dissecação do relevo na área de
estudo, a paisagem fluvial sobre os metacalcários, deu lugar à topografia de bacias
poligonaig no mínimo, em tôrno de 2 Ma. antes do presente. Inclui-se nestes ZMa., cerca
de 300 Ka para a fase de iniciação da espeleogênese, baseado na taxa média de abertura
longitudinal de condutos freáticos de 5x104 anos/km, de Ford (1980, 1988), conforme
comentado no início do item 4.4.1.
Por último, deve-se comentar ainda, que a história geomórfica mais recente da
região estudada provavelmente foi influenciada pelas variações do nível de base,
controlàdas pelas oscilagões do nível médio do mar durante as fases glaciais pleistocênicas,
como também, por variações nas taxas e sentido de movimentos tectônicos verticais. Estes
últimos, foram identificados na região do baixo vale do Ribeira, por Melo (1990) e Melo,
Fernandes e Coimbra (1990), através de falhamentos em sedimentos de terraços fluviais
suspensos, da Formação Sete Barras e Pariqüera Açu, atribuídas ao Terciário Superior a
Pleistoceno.
A hipótese de influência eustática na dinâmica de entalhamento e agradação de vales
fluviais e condutos subterrâneos, é levantada aqui, devido ao fato. de que durante o último
máximo glacial (em tôrno.de 15ka), o nível do mar recuou, atingindo a cotà batimétrica
atual de 130m, conforme Kowsmann e Ataide Costa (1979).
Desta observação, surge a questão, de qual teria sido o impacto geomórfico de um
incremento do potencial hidráulico na área cárstica, em função da oscilação de até 130m do
nível de base marinho, durante um período de cerca de lOka. duração mínima do nível
marinho recuado. segundo Kowsmann e Ataide Costa (op. cit.).
Um dos efeitos deste incremento do potencial hidráulico sobre a area cárstica,
poderia ter sido, um período de aumento na capacidade erosiva do sistema fluvial e
rebaixamento dos fundos de vales, aliado ao incremento do gradiente hidráulico de sistemas
de circulação cársticos e conseqüente aceleração no entalhamento subter¡âneo. Após o
término da fase glacial e volta às condições normais de nível de base, com redução do
potencial hidráuüco na área, a capacidade de erosão e transporte do sistema de drenagem
diminuiu, condicionando o assoreamento de fundos de vales e segmentos de condutos
subterrâneos, previamente entalhados.
Na planície aluvial do rio Betari, junto ao bairro da Serra (trecho do rio sobre a área
carbonática Lageado-Bombas), observou-se que abaixo do nível atual do rio, existe um
preenchimento de sedimentos grosseiros gradando para finos no topo, com uma espessura
mínima de 3 a 5m, observados em poços caseiros para abastecimento de água. Isto
156

evidencia que o rio Betari atualmente está entalhando seus próprios sedimentos,
d epo sitad os anteriormente.

Em várias cavernas como, por exemplo, Areias e Ouro Grosso (localiz¿das na área
carbonática Lageado-Bombas), notou-se a ocorrência de estalagmites e escorrimentos
calcíticos sobre depósitos fluviais ou sobre o fundo rochososo do canal subterrâneo, nas
proximidades do leito fluvial atual, cerca de 0,5m acima do nível normal do rio atual e com
evidências de intensa re-dissolução. Esta re-dissolução é causada pela exposição do
espeleotema ao fluxo de água corrosivo, o qual erode a calcita" entalhando-a ou afinando a
estalagmite, expondo su¿s linhas de crescimento. Estas estalagmites observadas tiverarn,
portanto, uma fase de crescimento acima do nível de variação do rio, seguida de uma fase
de erosão intensa, ou seja, abaixo do nível de variação do rio e, uma fase atual, cerca de
0,5m acima do nível do rio (ñg 4.37), sendo atingidas por este, somente com vazões altas
de enchentes. Deve-s e fnzar aqui, que estalagmites bem formadas, como é o caso das
observadas, somente se desenvolvem, sem a ação de fluxos freqüentes de enchentes.

Afluenie sublerrôneo

Enlo¡hoÍ¡enlo fluY¡ol
MAXTMO GL4CrÀL-
o ceþrodo
OJEDA DO NIVEL
DE BASE
SoergÐíln6nlo leclôr¡ico sotñodo o
b quedo eustcílico do À de bosG
,z
F-
z
o
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o
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(O Erosõo <lo colcilo
Agrodoçoo do lolvegue F- sobre o leilo tluvid
()
FASE DE RETRAçAO rd
F-
oa ouact¡çÃo Retorno tto nível de bose b o __---N.4.
situoçõo onlerior f-
z
UJ
2
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19
E
t¡J
o
g)
Teslemunho tlo
fose de erosõo

Enlolhornenlo óos sedi- Nível oluol do


struaçÃo ¡rual m€nlos de ogrocloçõo rio \
I

Figura 4.37 - Representação esquem í*ica da agradação do vale do rio Betari (no Bairro da
Sela) e re-dissõhção de estalagmites formadas sobre o leito fluvial de afluentes
subterrâneos do rio Éetari, interpretados como sendo produto da variação eustática do nível
de base na áre4 durante ¿ fftima fase glacial.

Estes canais fluviais subterrâneos e a planície aluvial do bairro da Sen4 estão


atualmente, respectivamente, a 200 e 170m acima do nível do mar, distando deste em linha
retå cerca de 90km.
Retomando discussão hipotética acima iniciada, duas hipóteses poderiâm ser
a
consideradas, para explicar, tanto o re-entalhamento de sedimentos do próprio rio Betari,
como também, a fase de re-dissolução de espeleotemas próximos ao leito dos rios
t5'l

subterrâneos. Ambas requerem uma fase de rebaixamento do nível de base local, seguida da
subida do mesmo.
A primeira hipótese baseia-se na variação eustática do nível de base. Nesta, associa-
se o entalhamento da planície do rio Betari, no bairro da Serr4 abaixo do iível atual, assim
somo, a deposição de calcita secundária,sobre o leito exposto acima do nível de água de
canais subterrâneos, ao período de nível de base local rebaixado em função da queda do
níve! do mar durante a última,fase glacial (-entre 20 e lOka atrás). Com a retração da
glaciação e subida do nível médio do mar, o nível de base local teria retornado aos níveis
anteriores, diminuindo o gradiente hidráulico do sistema de drenagem, causando a
agradação da planície aluvial do rio Betari, assim como, o afogamento e re-dissolução de
espeleotemas formados sobre os leitos fluviais subterrâneos.
A segunda hipótese, mais ousada, é baseada em movimentos isostáticos na região,
em função de tectônica vertical de blocos crustais, atrar'és da reativação de falhamentos
antigos, refletindo a atividade tectônica pleistocênica, definida por Melo (1990) no baixo
vale do Ribeira, ao longo do lineamento Guapiara. Nesta hipótese, o entalhamento do rio
Betari, assim como, a deposição de espeleotemas em trechos do leito fluvial, estariam
relacionados ao soerguimento tectônico da irea, seguido por um período de subsidência da
mesma, responsável pela agradação do vale fluvial e erosão dos espeleotemas, novamente
substituído por uma retomada do soerguimento, atuante até o presente, re-entalhando os
sedimentos de agradação e os canais subterrâneos, expondo os espeleotemas erodidos
acima do nível do rio.
De uma forma preliminar, favorece-se a primeira hipótese, devido à dificuldade de
demonstrar, qual o mecanismo geodinâmico atuante na área- responsável pela oscilação
vertical de blocos crustais, considerando o nível de base praticamente estável durante o
Pleistoceno, o que também, incorre numa simplificação, provaveltnente incorreta.
Para verificar qual dos mecanismos hipotéticos acima esboçados é mais provável,
para explicar a oscilação pleistocênica do nível de base na área cárstica estudada, existe a
necessidade de um estudo específico da distribuição e cronologia dos espeleotemas com re-
dissolução, assim como, dos depósitos fluviais ao longo do rio Betari e seus afluentes
subterrâneos. Em paralelo, necessita-se investigar qual foi a real variação de gradiente
hidráulico e incremento da capacidade de erosão fluvial na âÍea, em resposta ao recuo do
nível do mar sobre a plataforma continental, até a cota de -130m.
O estudo deste problema foge do escopo desta tese, tendo sido reconhecido durante
o desenvolvimeno dos trabalhos relativos a esta tese, e discutidos aqui preliminar,mente,
com o objetivo de evidenciar o potencial de contribuição do estudo geológico ,e paleo-
hidrológico de sistemas cársticos no entendimento da evolução geomórfica cenozíica do
alto vale do Ribeira.

4.7 Conclusões ,

Nas âreas cartonáticas Furnas-santana e Lageado-Bombas, os sistemas de cavernas


do tiOo,misto e ocorïem preferencialmente nas proximidades dos contatos SE, em
,.são
158

função da concentração das linhas de' fluxo da íry'Ja subterrânea


nesta zona de
permeabilidade contrastante, representada pelo contato entre metapelitos e metacalcários.
Esta concentração de linhas de fluxo, é condicionada pela resultante entre o gradiente
hidráulico dirigido p¿ya o nível de base local (rio Betari) e aquele com sentidö geral para o
rio Ribeira, nível de base regional relativo aos metacalcários.
A morfologia planimétnca dos sistemas de cavernas, reflete o estilo estrutural do
metacalcário encaixante O padrão planimétrico retilíneo e anguloso (S - l,0l a 1,09),
típico do sistema pérolas-Santana" está associado a mergulhos altos do acamamento,
enquanto que o padrão sinuoso e curvilíneo (S - 1,24 a 1,49) desenvolve-se sobre

mergulhos moderados a baixos da estratificação, como é o caso da caverna fueias.


O grau de sinuosidade dos condutos subterrrâneos depende do ângulo agudo entre o
gradiente hidráulico e a rede de descontinuidades presente na rocha encaixante. Quanto
maior for este ângulo, tanto mais sinuosa serâ a rota de condutos da água subterrânea.
Entre as descontinuidaddes presentes, os planos de estratificação, fraturas simples longas e

falhas constituem as estruturas mais favoráveis para instalação de condutos.


A iniciação de proto-cavernas, acompanha linhas de intersecção, entre o
acamamento e fraturas simples longas e falhas (incluindo fraturas de cisalhamento). A
profundidade de iniciação de condutos freáticos, abaixo do lençol freático, segue uma
função exponencial, onde a base da função é o produto entre o seno do ângulo de mergulho
da estratificaçáo e a distância entre o ponto de insurgência e ressurgência da rota de
condutos em iniciação, seguindo o modelo espeleogenético de Worthington (1991),
conforme testado para o sistema Pérolas-Santana. Com a confirmação deste modelo, é
possível prever estimativas da profundidade de condutos cársticos inacessíveis, com base no
conhecimento da estrutura da rocha carbonática e da localizaçáo de sumidouros e
ressurgências.
A fase de desenvolvjmento da espeleogênese, na área estudada, caracteriza-se
principalmente pelo entalhamento vadoso ao longo dos condutos principais dót sisiemás de
cavernas, produzind ccmyons subterrâneos com até 50m de entalh4mento vertreal,- sò-b'
o
coñdições de rebaixamento moderado do nível de base destes sistemas, inte¡pretado como
sendo produto de soergUimento .tectônico. m-O-dç-rado da área
Äs rdades 2307¡1Øa1¡ de calcita secundária depositada di¡etamente sobre
máxima de
testemunhos de sedimentos fluviais subterrâneos, permitiu estimar a taxa média
entalhamento vadoso subterrâneo, atuante na area, durante os últimos
240'000 anos'

Obteve-se um valor entre 0,0029 e 0,0052 cmlano, sendo que a taxa máxima de

cm/ano (a2mrlka)'
entalhamento subterrâneo, mais provável, é em torno de 0,0042
Aplicando o resultado acima, sobre o entalhamento vadoso observado
na área,
. na fase de desenvolvimento,
concluiu-se que o sistema cárstico do Alto Ribeira, encontra-se
de cavernas
por aproximadamente 1,7 milhões de anos e que a idade mínima do sistema
pérolas-Santana, é muito próxima de 2 milhões de anos.
159

Correlacionando o entalhamento fluvial subterrâneo ao rebaixamento do vale do rio


Betari sobre metacalcários, propõe-se idade mínima de 16,4+!'!
' mihões de anos pararo
-3,1
esculpimento deste vale.
Num contexto regional de evolução do relevo, concluiu-se que a superficie de
aplainamento Japi (Almeida, 1964), instalou-se na região do Alto Ribeira, entre o Eoceno
Superior e o Mioceno Inferior a Médio, e que a dissecação desta iniciou-se no mínimo'a
cerca de 23,8 Ma. (Mioceno Inf.). Neste quadro cronológico de evolução do relevo, os
sistemas fluviais sobre os metacarbonatos foram substituídos pela topografia de bacias
poligonais de drenagem centrípeta, em torno de 2 milhões de anos.
As idades obtidas neste trabalho são preliminares, devendo sofrer detalhamento com
pesquisas futuras.
CAPÍTULO 5
DI¡{ÂMICA T{ODERNA DO SISTEMA CÁRSTICO DO ALTO
RIBEIRA

5.1 Introdução
A água subterrânea constitui o agente geomórfico primário em terrenos cársticos.
Devido ao fato da interação água - rocha representar o processo fundamental da dinâmica
de sistemas cársticos, o impacto geomórfico da água subterrânea sobre áreas carbonáticas,
tem sido um dos temas centrais das pesquisas mais detalhadas e abrangentes desenvolvidas
sobre paisagens cársticas do nosso planeta (Drake, 1984), com o objetivo de quantificar
taxas de erosão sobre rochas carbonáticas.
Para estabelecer parâmetros quantitativos do processo de erosão química atuante
num sistema cárstico, necessita-se medir o volume de solvente (água) transmitido pelo
sistema durante um ano hidrológico ou mais (monitoramento hidrológico), assim como,
avaliar o impacto deste solvente sobre a rocha ca¡bonática encaixante do mesmo
(monitoramento hidroquímico), segundo Smith e Neu,son (1974).
Neste trabalho selecionou-se o sistema de drenagem cárstica Pérolas-Santana (anexo
4.2) para a análise do seu balanço hídrico e de sua dinâmica erosiva atual. O critério
norteador desta escolha foi o fato deste sistema apresentar, a princípio, somente uma
ressurgência da água coletada sobre sua área de captação (o que se mostrou mais complexo
após a realizaçáo do estudo), assim como, pelo maior grau de conhecimento disponível, em
relação à distribuição de cavernas cartografadas e das rotas de fluxo da água subtenânea
deste sistema.

5.2 Hidrologia do sistema de cavernas Pérolas-Santana


5.2.1 Medição de vazão
Métodos utilizados
Com o objetivo de medir o volume de água escoado pelo sistema Pérolas Santana
durante um ano hidrológico, monitorou-se a vazão do córrego Roncador na ressurgência da
caverna Santana (anexo 43). Para se obter uma estimativa do volume de água injetada na
área do sumidouro principal deste sistema, executou-se o monitoramento da.vazão nas

proximidades do sumidouro da caverna Pérolas (anexo 4.3).


Este monitoramento hidrológico envolveu a instalação de limnógrafos Na caverna
Santana o lirurógrafo foi instalado a cerca de 100m da entrada da caverna (foto 5 i) Outro
limnógrafo foi instalado na margem do rio subterrâneo na caverna Pérolas, cerca de 300m a
jusante do sumidouro principal do rio Roncador. Este ponto representa a âgaa coletada pela
planície cárstica do potje de contato junto ao sumidouro desta caverna, assim como, o
escoarnento superficial coletado sobre metapelitos e granitos na área de captação alogênica
deste rio (anexo 3.3 e fig 5.1), antes de atingir o sumidouro-
. .Utilizou-se limnógrafos da marca Stevens (modelo 68-F), de tambor registrador
horizonfal,:,e registro mensal na escala l:1. Este equipamento é de propriedade: do
161

Ponlo de omoslroqem de óguo_em superfície @


@. @ e em condulos
- subterrôneos @ D
---.- a^^t^t^ lii^l^'^:-^
Contolo liloldqico, - M,
À, melopel¡tosi
áôt^^ãlir^ -. rC,metocolcdr¡osi
^^ta¡al*Å¡ia<. lf

" MA, mutor"nilós; G, gronilo! Bocio do


Cdrr' Furnos
Á¡eo de coptoçõo do
,/ -? äi'j. pl"ìá. sd.rà.o ) "É-
oo
/-'-\,å1,.ro á;,o"oototuo -^îí5
I Ressursêncio ---\
3ii'Ë'j,'"iJJ'l:'f,:'^:' ,^r,i --y9 -- -\h
rlJ --Yf ó
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x Locolizoçõo de
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.,-,,.2 sublerrônec
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subrerrûnec -'n\oo,.-^-1"-" F*"î'-
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"1,

Figura 5"1 - Ðemarcação pelos divisores topográficos das áreas de captaçáo referentes às
bacias hidrográficas dos sistemas carsticos Férolas-Santana e Grilo, com localização dos
pontos de arnostragem hidroquimica e de instalação dos limnógrafos.

Foto 5.1 - Vista do limnógrafo instalado na ressurgência do sistema Pérolas-Santana, a


cerca de 100m da entrada da caverna Santana. A esquerda do limnógrafo oberva-se a régua
de referência.
162

Departamento de Geografia da McMaster University, obtido para este trabalho' por


empréstimo, através do Prof Derek Ford. l

Os limnógrafos foram colocados sobre tubos de PVC de 2m de altrura e 30cm,de


diâmetro. A base destes tubos estabilizadores foi perfurada e revestida com uma tela,de
malha fina (filtro) e enterrada nas margens dos rios monitorados, a uma profundidade de
40cm abaixo do nível de água da época de estiagem (foto 5.1), segriindo as recomendações
de Church e Kellerhals (1970). Como referência para o registro da variação de altura da
lâmina de água nos pontos monitorados instalou-se no leito do rio junto a cada limnógrafo
uma régua vertical graduada em milímetros.
O registro da variação do nível do rio na ressurgência do sistema para o período
entre junho de 1990 e fevereiro de 1992 foi obtido através da montagem e digitalização das
folhas de registro mensais, conforme o exemplo do anexo 5.1.
A transformação da curva de variação do nír'el do rio na curva de vazão instantânea
requer a construção de uma curva chave, a qual relaciona a altura do rio com a descarga
fluvial corre5pondente (Gupta, 1989). Para tal, mediu-se avazão nos pontos monitorados
em diferentes alturas do rio.
Dois métodos foram utilizados para medir vazões: o método área-velocidade e o de
diluição de sal (llaCl)
Para aplicação do método átrea - velocidade selecionou-se uma seção transversal ao
rio Roncador, o menos irregular possível, de baixa energia eo mais próxima da

ressurgência, no caso da caverna Santana. Este método baseia-se na medição da velocidade


do fluxo de água com molinete fluviométrico em vá¡ios pontos ao longo da seção

transversal do rio e nas profundidades de ll3 e 213 em cada um destes pontos. Estas
velocidades são posteriormente multiplicadas pelas áreas de influência dos pontos de
medição de fluxo (Gupta, 1989). A vazão total corresponde à somatória das vazões obtidas
nos vários setores ao longo da seção transversal, a qual foi medida minuciosamente com
trena. Na caverna Santana, a título de exemplo, subdividiu-se a seção com 3,5m de

comprimento em 15 setores, nos quais mediu-se a velociade do fluxo nas profundidades de

713 e213, quando a lâmina de água do setor era superior a 3Ocm (a profundidade máúma
em vaeões baixas era de 75cm, chegando a 1,4m em vazões elevadas).
Este método é indicado para fluxos fluviais de comportamento quase laminzu-þouco
turbulento). No caso da caverna Santana, o trecho escolhido para medição dgi'vøäo
I -i :..;r,
a:.. i::.ì

apresentava leve turbulência em níveis baixos de descarga. Durante vazões altas, notÓtt'se
alta turbulência e turbidez da água, o que praticamente impediu a aplicação desta i'é.oniia.
No segmento monitorado do córrego Roncador na caverna Pérolas, a pequena esp1szuia.,da

lâmina de água (entre l0 a 20cm) e a forma altamente irregular do leito fluvial, tornaÍam a
aplicação do método área-velocidade pouco viável. : : :.,,ì.::,1
Em função dos problemas acima apontados, aplicou-se o método de diluìção de sal
I ':: : i:::1":'

lga meoir,ê."-ão na caverna Pérolas e nas alturas altas. do rio na cav.::lry,!-1!$ui:,l.''9Jt


psta técdda, é fluxos alta¡nente turbulentos (.,Chuffi,,,e.
especialmenlg .aprgpriada para

,Kqitqrb4lj,,,1sr9,'Éa¡êi1-;9 nà injeçao'ìlstantânea no riô dê umÌvo@,pte.a-tnte


t : tI
' t t:
. ,
163

medido (S) de solução de sal QllaCl), sendo que num ponto a jusante da injeção, após sua
completa homogenização, mede-se a variação de concentração, c(t), do sal, conforme a
passagem da "onda" de solução de sal. Esta conçentração c(t) varia de zero até um máximo,
caindo novamente a zera> após a passagem da solução (S) A cada instante (t), durante a
passagem da onda de sal, a âgoa do rio irá conter uma fração (s) do volume (S) inicialmente
injetado. Portanto, a concentração média da solução no rio será dada pela expressão:
ç
c(t¡=å,ou 5=Qc(t)
O'
onde Q e avazão do rio a ser determinada.
Após a passagem da onda de solução de sal pelo ponto de medição, teremos:
t = Of{ c¡)dt

onde S equivale ao volume de solução de sal injetada no rio e ti e tf sáo os tempos de início
e fim da passagem da "onda de sal". Através de um rearranjo desta equação, obtém-se a
vazão Q do rio.
/t s
l)__-.---
-

::.1)
Ju cg)dt
,:ìi.,
:.iL Os valores de concentração de sal no rio durante o intervalo ti e tf são lidos através
::ilìi:

,,,,,iì de medidas de condutividade elétrica no rio Estas leituras de condutividade são


posteriormente transformadas em concentrações relativas ao volume (S) inicialmente
,:.,:J

conhecido, com concentração padrão l, através de uma curva de calibração, a qual deve ser
obtida no local. logo após a injeção.
Para efetuar o cálculo das concentrações de diluição (calibração entre condutividade
e concentração), assim como a integral da curva de concentração de sal no rio versus
tempo, o que fornece a vazão (Q), utilizou-se uma rotina de computador desenvolvida por
Karmann (1989), conforme exemplo do anexo 5.2.

Resultados obtidos
Os resultados das medidas de vazão são apresentados na tabela 5.1. A precisão
destas medidas foi testada através da medição da mesma vazão pelos dois..4qi1o{os
diferentes em várias alturas. Os resultados obtidos mostraram diferenças d".utdl,,l1o!#r,"
vazões obtidas com os dois métodos, sendo que a diferença maior fo!,obsèrvad,-1,,'.9om
vazões maiores. Repetindo a mesma medida por três vezes com o método- d.e,,.diluìçãó'de:
sal, obteve-se erïos entre 6 e 10o/o em relação ao valor médio das três
rnedidás:.'Consld. a

se, portanto, que as vazões medidas no sistema Pérolas-Santana envolvern um erroim{¡! o


iTgqllares
de l\o/o, o que é bastante aceitável em medidas de vazão. executadas em canais
(Gupta, 1989) No total realizou-se 58 medidas de vazão para este trabalho' : r,i':: r' .
As curvas-chave (fig 5.2) foram determinadas pafa os dois pontos:'mo¡þrados
considerando que a relação entre Àa altura do rio e a vazão correspoldente,
seg¡l.eruma

função exponencial do tipo Q = o*, onde Q é a vazio em m3ls


e'4 a,,3,1.tY{a'em'gêtr,,9
, dágua do rio em retl¡ão datum arbitrário marcado.ná tegu+'.ettd'udu.1'
,limlqo,
,1.,,rréferênCiô,..ffialaOa. junto ao.s-,1irnnógrafos.,
,,,'..,i:::',',,:...:i1i;,ffi'*;.'.¡.,,rt..t
t64

Altura (A ) rn

9 o.r
S
>

o.o1
o.01 o.1
.rlfura l j m

Figura 5."! - Relação entre altura do rio e vazão para a ressurgência do sistema Pérolas-
Santana e sumidouro principal do sistema, caverna Pérolas.
165

Alhrra do rio (metros) yazão (m.3 /s) Altura do rio (metros) yãzZo 1m3 ts¡

0.17 0-277 0.025 0.01


0.173 0,300 0.04 0.0275
0.18 0.296 0.05 0.052
0.19 0.384 0.055 0-054
0.215 0.375 0.06 0.065
0,240 0.452 0,07 0.076
0.245 0.520 0.09 0.t22
0.26 0.490 * 0 0 0.215 *
0.32 0,670 * 0 î))) *
0.38 0.840 * 0 t2 o??{*
0.40 0.920 * 0 4 0.410 *
0.56 1-390 * 0 5 0.435 *
0.595 1.500 * 0 8 0.695 *
069 1860r
070 1940*
0.74 2.202 *

Tabela 5.1 - Vazões medidas na ressurgência da caverna Santana e na caverna Pérolas


(respectivamente, ressurgência e sumidouro principal do sistema de cavernas Pérolas -
Santana). * vazões medidas somente com o método de diluição de sal. Altura do rio medida
sobre a régua de referência instalada para cada limnógrafo.

Para a ressurgência do sistema Pérolas-Santana (cav. Santana) obteve-se a equação:


Q=1.ß5Ar'34, ou ln Q=1n1,135+ 1,34\nA,
com coeficiente de correlação de 0,99 e R2 igual a99,439'o.
Para o sumidouro principal do sistema (cav. Pérolas) a equação chave equivale a.

Q = 3,177 A2'109, ou ln Q =1n3,177 +2,7091n A,


com coeficiente de correlação de 0,99 e R2 = gg,74o/o.

Com base na equação chave para a ressurgência do sistema de cavernas Pérolàs=


Santana, transformou-se a curva de variação do nível do rio versus tempo (anexo 5,1),,
curva de vazão instantânea em função do tempo (fluviograma), representada na figura 5,.'3.,'

-.t¡ lt:''1

5.2.2 Ãnálise do fluviograma da ressurgência do sistema Pérolas-santana '.1-t


O fluviograma de nascentes cársticas representa uma espécie de "assinatura'":r s

características fisicas do aqüífero associado ao sistema de cavernas e sua área de caþ'tptaO,


'l:rìiìì1;:l .

fornecendo uma série de parâmetros hidrológicos fundamentais para uma ':an'aliSe

quantitativa deste aqüífero (Milanovic, 1981 e Mangin, 1984). i .' .


Na tabela 5.2 apresenta-se alguns destes parâmetros obtidos para a ressurgêncìà da
caverna Santana. As vazões máxima (Qx), mínima (Qn) e média (Qm) conespondém ao
período total monitorado (22 meses, junho de 90 a fevereiro de 92), incluindo duas'çocas
chuvosas. Os volumes de escoamento total,(Vt), escoamento direto (Vd) e de esco'ùênto
básico (\fu) conespondem a um ano hidrológico (entre dois períodos de e¡tiagèm,
t
ção de Linsley e Franzini, 1978), compreendiaO',ae¡uil,o1d -ti¿tbi,ò.
"¡"fo*i
'¿661epoôretuopglÉ0ó6tepoquntep 1¡apôþó¡iecl:oe.reduuelue5-selorg¿sËuroÂEcopsruâlsrsop€rcugErnsserupuurer8orprH -fSu.rnE¡g
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(rtp ù{)
t8Þ ozÊ o9T
o
q)-
N
Þt
o
ln
À)
E tg'
z í,
a)
v,
E
þ
167

de 91. O volume de escoamento total foi :obtido através, do.'cálculo da área sob os

fluviogramas mensais deste período" Sobre o-s hidrpgranìas mensais ampliados separou-se
graficamente o escoamento direto do bâsico,,utilizando o método de G¡rpta (1989).',,O
escoamento básico representa a diferença entre Vt e Vd,

Yazio máxima anual (0,) 3,876 mt ls


Yazáo mínima anual (Q") 0,196 mt ls
Yazio média anual (Q-) 0,504 mt ls
Razão entrevazão máxima evazio mínima
(Q, | 8) 19,7
Volume total escoado (16 rneses), Iã 20.032.197,24 m3
Volume de escoamento direto,,Zd, 3 575.696.9 m3 (r1.9'Á\
Volume de escoamento básico, I/ó I6 456.500.34 m3 (52.t%\
Tabela 5.2 - Parâmetros hid¡ológicos de vazão do sistema Pérolas-Santana. As vazões e
volumes calculados envolvem um erro de até 12o/o devido à incerteza desta ordem de
grandeza nas medições de vazão.

Segundo Worthington (i99l), a razão Q/Qn aliada ao tempo em que Q>0 constitui
um dos critérios mais simples e úteis para diferenciar o regime de fluxo de nascentes
cársticas, conforme é sintetizado na tabela 5.3. Worthington (op. cit) diferencia os seguintes
tipos de nascentes:
- nascente do tipo fluxo total permanente (full flor) possui Qx/Qn alto, é perene e

representa o escoamento total de uma írea e seu aqüífero associado.


- nascente tipo fluxo básico (undelflow) ocorre em sistemas de drenagem subterrânea com
três ou mais nascentes em diferentes cotas representando ramos distributarios do sistema. A
nascente na cota mais baixa irá drenar principalmente o escoamento básico do sistema,
constituíndo a nascente do tipo fluxo basal. Caracfenza-se por Q/Qn muito inferior ao tipo

anterior.
- nascente tipo fluxo de transbordamento (overflow) representa a nascente em cota mais
alta em sistemas distributarios acima descritos. Irá drenar principalmente o escoamento
direto associado à enchentes do sistema, sendo portanto, intermitente.
- nascente tipo fluxo básico e transbordante (underflow-overflow) é aquela situada em
cotas intermediárias entre a nascente mais baixa e a mais alta em sistemas distributários.
Pode apresentar fluxo tanto perene como intermitente (Qn: 0).

Fluro total permanente


( fuII flow) alta todos
Fluxo Básico
(under'ÍIow\ baixa todos
Fluxo de transbordamento
(overflow) æ(Ø = 0) alguns a todos

Fluxo básico tra¡sbordante


e
"
funde|flow: -: overflow\ baixa a oo aleuns atodos
Tabela,5.3,- Classificação dF nascentes cársticas em função das caracterí sticas, d a,,:vaz ãolr
.; . :l;,' .,.-. , :. :::;-.:.::.'.:::,¡.'r1¡l-:.i:1-:
(adaptado de: Worthington, 1ee1). '" i, .....
.. :.:t,:-, .. Ì:.:,¡:
:-..i::r::ar.:.ì:':.:rr.
.

: ,: -: - :-:
" ., : :r :. t:,..:: i;,.-,j...ì., ;:i.t t' :t1,,..,:
t68

Conforme a classificação acima, a nascente do sistema Pérolas - Saff-ana é do tipo


fluxo to¿al permanente (full flow), pois apresenta valor alto de Q/Qn com fluxo formado
tanto por escoamento básico (52% da vazáo total anual) como por dirgto (17,9o/o), nã;o
apresentando nascentes em cotas superiores (sistema convergente em uma ressurgência).
i:::-:*
:.:j::ì.;

':.t:..:i
Ainda segundo Worthington (1991). a caracterizaçáo hidrológica de nascentes
cársticas pode ser refinada com base na análise da forma do hidrograma de deflúvio e seu
i': irtl!:l
.rrii:::r:

coeficiente de recessão (cr), o que permite inferir características sobre a geometria e


estrutura do aqüífero associado à nascente.
As curyas de recessão são subdivididas em dois ou tres segmentos, um ou dois
superiores relacionados ao escoamento direto. onde a vazão dinunui rapidamente com o
tempo, seguidos de uma recessão lenta da vazão. equivalente ao escoamento essencialmente
básico (Milanovic, 1981). Conforme definido por Barnes (1939, apud Anderson e Buft,
1980) as cuñ,as de recessão seguem uma função exponencial do tipo:

8l = Q()e-ú , ou
Qr = Qo"-d'(t-t"¡
onde et é avazáo total em m3ls durunte o inten'alo de tempo considerado (t - t0, em dias),
eg a vazão no início da recessão (tO), e cx o coeficiente de recessão. As recessões do
escoamento básico norma.lmente se ajustam a um único valor de
q, embora com variações
sazonais (Worthingon, oP cit).
Os hidrogramas de recessão dos principais eventos de subida do nível do rio na
ressurgência da caverna Santana foram obtidos através da ampliação dos trechos
pela figura
correspondentes do fluviograma geral da figura 5.3, conforme é exemplificado
5.4. plotando a vazão média diária destes hidrogramas em escala logarítmica contra o
tempo em dias, nota-se que a curva geral de cada hidrograma se ajusta a segmentos
aproximadamente retilíneos (fig 5.4). Cada segmento destes corresponde a um período
com

cx constante. Este é calculado pela expressão:

U=-
lnO-, -InO,
Ivîz
(segundoMangin, 1984) ondeQléavazão noiníciodarecessãoretilínea(em17) eQza
vazio no final desta, em t2. Os valores de a obtidos desta maneira
para a caverna Santana

são apresentados na tabela 5.4. O coeficiente a davazão reflete


a capacidade do aqüífero

em suprir íry,a. 'ii uma função da porosidade efetiva e da transmissividade do meio


permeável que contém água.
distingue-se valores de três
No conjunto de coeficientes de recessão calculados
de cx Os coeficientes entre 0'0026 e
ordens de grandeza distintas, refletindo sazonalidade
(período de estiagem)- A época
0,007 caractenzam o período de baixa recarga do aqüífero
a abril) é marcada por
do ano com alta recafga do aqüífero (entre os meses de outubro
recessões do escoamento básico com cr entre
0,014 e 0,010' o deflúvio rápido do

escoamentodiretoecaractenzadoporcoeficientesderecessãoemtornode0,24.
,t'
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Ht
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Þ F't
170

O, m3,ts
Período do ano Tempo (dias)
O,
a (dia-l¡
0 31786
22106 a03107190 12 0.30158 õ.oo¿¡s
0.348675
07/08 a 13108/90 I 0.328628 0.00702
0 3987
28109 a 10110190 l3 0 3486'l 0.0103
2.97167
06103 a 1ll03l9r 5 0.895404 0.239
0.675154
25103 a 18104191 25 0.4788296 0 0137
0.41744
2210s a20106/91 29 0 34668 0 00640
0.3 5830
06107 ao7l08l9l 32 0.3296 0.00258

Tabela 5.4 - Coeficientes de recessão calculados para a ressurgência da caverna Santana.

Os valores de cr determinados para o sistema Pérolas-Santana enquadram-se nas


ordens de grandeza típicas de curvas de recessão de aqüíferos cársticos bem desenvolvidos,
como é ocaso do sistema Ombla, na Yugoslávia, cuja hidrologia foi detalhadamente
estudada por Milanovic (1976), o qual interpreta as tres ordens de grandeza detectadas para
ø da seguinte maneira:
- O valor alto de a (0,24 para o sistema Pérolas-Santana) corresponde ao deflúvio rápido de
água de escoamento direto acumulada em cavernas freáticas amplas e condutos vadosos,
No caso do sistema Pérolas-Santana, este escoamento direto perdura entre 2 (período de
nível baixo do rio) a 5 dias (época de nível alto do rio subterrâneo). No sistema Ombla, com
vazãomáima e mínima respectivamente de 165 e 4,7 m3ls, o esvaziamento do escoamènto
direto em níveis altos do rio perdura no máximo por 7 dias, com q em torno de 0,13. ','', '
- O coeficiente de recessão em torno de 0,01 caracteÍiza o escoamento.básico alimg.11¿do

por água acumulada no sistema interconectado de juntas localmente carstificadas efis s


maiores. No sistema Ombla este escoamento ocorre por até 13 dias; enquanto rque .no
sistema Pérolas-Santana o fluviograma indicou períodos de até 25J. di¿5' p¿r¿, este'
escoamento, o que é interpretado como sendo causado por um alto grau derfissularnento
cárstico interconectado presente no aqüífero.
- O índice cr da ordem de 0,003 a 0,007 (em períodos de baixa'ou nenhuma:,ié.cargt9CI
aqüífero) çaràctenza o escoamento básico proveniente da drenagem''tenta:rldã''.., a

subterrânea acumulada na porosidade de fraturas pouco alargadasii'þôr":g¡siò.1úþ .e


distribúidas ao longo de todo maciço carbonático, assim como, da água retida na
porosidade do solo de cobertura do carst e nos depósitos arenosos e argilosos acurnulados
em segmentos de cavernas. O tempo medido deste escoamento 'básico ,sem recarga
significativa,,do aqüífero foi de 32: dias para o sistema Pérolas.santâñ![,'11'., -,'1¡';..;

'¡::,r.:...i¡':'-, ,.:

:t,l ìrtì
I',?l

sistema Pérolas-Santana possui extensiva rede de fissuramento, possibilitando uma grande


capacidade de armazenamento de água subterrâne4 a qual é drenada por períodos longos
(-30 dias) com vazão lentamente decrescente nas épocas de estiagem
Uma interpretação alternativa do comportamento de cr do sistema Pérolas-Santana
pode ser obtida com base nos padrões de fluviogramas definidos por Worthington (1991)
para nascentes cársticas. Segundo estes padrões, o fluviograma do sistema em questão,
reflete uma nascente do tipo fluxo total permanente com adição de fluxo basal (gainring
underflow). Esta caractenza-se pela subdivisão do fluviograma do escoamento básico
(plotado em escala log-normal) em segmentos retilineos de cr decresÇente, em contraste
com o fluviograma de nascentes estritamente do tipo fluxo tota-l permanente, onde q é
constante após o escoamento direto. O decréscimo gradativo de ü nas nascentes do tipo
'Worthington (op. cit,) a uma zuplementação de água ao
gaining underflow é atribuído por
escoamento do tipo fluxo total permanente. Esta suplementação pode se¡ de origem externa
ou interna. Como exemplo de contribuição exerna. o autor acima cita um rio superficial
que perde vazio para o sistema subterrâneo. A suplementação interna é exemplificada
através do vazamento de um sistema de drenagem subterrânea vizinho ao primeiro
No caso do sistema Pérolas-Santana, as duas hipóteses de suplemantação de água
podem estar ocorrendo. Conforme será demonstrado no item seguinte, o balanço hídrico
mostrou que há um excesso de âgua na ressurgência em relação ao volume coletado pela
área de captação do sistema delimitada pelos divisores topográficos. Este fato sugere que
há uma contribuição de água no sistema Pérolas-Santana proveniente do sistema cárstico
vizinho (sistema Grilo, anexo 4.3), ou por perda de água superficial do córrego Furnas, o
qual cruza o sistema Pérolas-Santana em superficie.
Com base na inte¡pretação acima conclui-se que a nascente do sistema Pérolas-
Santana é do tipo fluxo total permanente com adição de fluxo basal, com características
gerais de uma nascente tipo fluxo total permanente, refletindo um aqüífero altamente
carstificado.

5.2.3 Balanço hídrico e ârea de captação do sistema Pérolas-Santana


Com o objetivo de testar a validade da área de captação definida pelos divisores
topográficos da bacia do sistema Pérolas-Santana, obteve-se abaixo a estimativa do balanço
hídrico da bacia associada ao sistema cárstico. Segundo Atkinson e Drew (1974), o cálculo
do balanço hídrico de bacias cársticas constitui um dos métodos mais seguros em avaliar a
validade de suas areas de captação de água'
O balanço hídrico de bacias hidrográficas e aqùíferos é calculado pela expressão
P =Q+E+ÂS :

onde P é o volume de precipitação sobre a bacia (recarga do aqüifero), I é o volume


total

escoado pela bacia, E ê o volume retornado à atmosfera por evapotranspiração e ,Á^9 o


volume de âgua retirado ou renovado ao estoque de água armazenada pelo aqüífero
No
qu9 elimrna
cálculo do balanço hídrico para períodos longos AS tende a se autocompensar ?
aciml'(GUpta, 1989) No, presente,estudorc i,4
u;t" ut,*o
"itit1effi,ào.g*p¡ggrão
t'72

hidrológico (unho de 1990 a setembro de 1991) para o cálculo do balanço hídrico, ternpo
suficiente para tornar ÁS pouco expressivo. Ë

Volume de precipitação (P)


Os dados pluviométricos utilizados (fig 5.5) foram obtidos pelo posto pluviométrico
Serra dos Motas (DAEE, lgg}), localizado no Bairro da Serra, a cerca de 3km da

ressurgência da caverna Santana (fig 5.1).

-
: 160

9 tzo
-
U

=

4ao

LO./91

Figura 5.5 - Totais mensais de chuva medidos no posto pluviométrico Serra dos Motas
(bairro da Serra, Iporanga).

Considera-se estas medidas aceitáveis, mas não ideais, visto que erq função,-da
distância do posto pluviométrico em relação à bacia monitorada, parte da chuva mg.djda,nq
Bairro da Serra não necessariamente ocorreu sobre a bacia e vice-versa, princrpalmente
devido à topografia acidentada e chuvas de verão localizadas.
O total de precipitação para o período de l l de junho de 90 a 78
1991 (ano hidrológico considerado) foi de 1789,6 mm.

Volume de água escoada (p) pelo sistema e sua área de captação -, ,..,.,, '

O volume total de água escoada pelo sistema Pérolas-santana


- ,
dr¡rantg. ,o ano
i ' ' ...., ::. , t a,-

hidrológico de I 990-9 1 ( 1 6 meses) foi de 20 .032.187 ,24 m3 . Esta medida foi obtida através
da integração do fluviograma da ressurgência do sistema para o período considerado,, ESte
volume inclui um erro de cerca de 12o/o, conlofine comentado anteriormente. :.:
A arça ': de captação do sistema foi demarcada pelos divisores topográ6cos sobre
r-
...; :.., -i':,i':r'jìì:riiiiiì: :: ' 1 - li ' ! "
i:'
:fotog¡¿fiisiaéreas 1:25.000 (mapa
t:: "
morfológico da á¡ea Furnas-Santana, anexo 3.3),s þ¿5s
, topo-gráficall:50.996 6ôlha.Iporanga, IBGE? 1987) Excluiu-se destaìáiea o.trecho'da
173

bacia de escoamento superficial do rio Furnas o qual crùza o sistema Pérolas-Santana em


superfîcie nas proximida$es da ressurgência do sistema (fig 5 l). A area de captação total
(área alogênica e autogênica) perfaz 14,5805 km2 sobre a base 1.25.000 e 14,9907 km2 em
escala I :50.000. Adotou-se a média destas medidas, 14,7856 km2. A superficie de captação
autogênica deste sistema é de 7,349km2 Ø93% do total).
O volume total escoado sobre a área total de captação fornece o escoamento total
em milímetros de 1354,84mm (=1355mm).

Evapotranspiração (,8)
Devido à presença de Mata Atlântica preservada e temperatura média anual alta
(-20oC) a evapotranspiração é um importante fator no balanço hídrico da região, podendo
ser estimada entre 50 a 60Yo da precipitação total da ârea (Uehara, 1994), o que resulta em
895 a 1074mm para o período monitorado
Segundo levantamento hidrológico da bacia do rio Ribeira (DAEE, 1990), a
o
evapotranspiração anual média da bacia do Ribeira é de 844mnv'ano, o que para o período
de l6 meses corresponde a cerca de 1 l25mm.
Considerando as medidas de evapotranspiração obtidas pelo método de
Thornthwaite e apresentadas no relatório CBA/CNEC (1983), a bacia monitorada encontra-
se entre as curvas de 830 e 1000mm/ano de evapotranspiração potencial.
No presente estudo adotou-se 1000mm de evapotranspiração para o ano hidrológico
g1lgl, o que representa uma média aproximada dos valores acima apresentados.

Balanço hídrico da bacia do sistema Pérolas-Santana


Aplicando a expressão P : O + E para um ano hidrológico com os valores actma
expostos, obtém-se:
1?90mm < (1355 + 1000)mm ou 1790mm = (2355 - 565)mm
o que evidencia um forte desbalanceamento hídrico, ou seja, há um excesso de 565rqm
(315%) de água escoada pelo sistema de cavernas em relação à recarga pluviométrila' . l'j:t:::

coletada somente pela áLrea de captação da bacia demarcada pelos 5eus,'divisoresr


topográúcos (fig 5.1). I
l'!,-,,':

O desbalanceamento hídrico obtido acima leva a concluir que a área de reearga


admitada inicialmente (14,79km2¡ é insuficiente para coletar o volume escoado durante''o
período considerado. No sentido de compensar o excesso de 565 mm do escoamento,total
(i355), a íneade captação inicialmente admitida deve ser incrementada em 10,57km2,,para . ...,.:::.._.

resultar no escoatnento sobre a fuea (0) de 790mm, balanceando a expressão P : Q +'E,'


Em função deste balanÇeamento deve-se admitir uma área mínima de captação"de
recarga superficial do sistema Pérolas-Santana de 25,4 krnz, sendo que a área de,'captaç.io
definida somente pelos divisores topográficos não é valida para este sistema.,,'€onvém
ressaltar que este valor de área possui uma incert eza miruma de 12% propagada a¡arfir,-do
erro:.detectado nas:medidas de vazã;o. "
r:ii;:rìr,'i
j''.::
'
. :'. . 1ri:ì:a.iir.-._ì:::
'1.:.. -

,
;,,..,,;,i,,,:,,,j"r.r.*,,,. 1.i;tt.tti.¡
t74

Área de captação e recarga do aqüífero


, A conclusão obtida açima permite redifinir a ítrea de captação e discutir o
mecanismo de recarga do aqüífero associado ao sistema Pérolas-Santana.
Observando a distribuição de sistemas de cavernas (anexo 4.3), a drenagem
superficial (anexo 3.3) e as nascentes carsticas no setor a SW do rio Betari na área
carbonática Furnas-Santana, surgem duas possibilidades em aumentar a írea de captação do
referido sistema. A primeira baseia-se na contribuição da bacia do córrego Furnas na vazão
da caverna Santana. A segunda requer a bacia do sistema cárstico do Grilo fornecendo parte
do excesso de vazão detectada na ressurgência do sistema Pérolas-Santana.
A bacia do córrego Furnas, conforme descrito no capítulo 3, não é puramente
fluvial. Praticamente toda água deste córrego origina-se do sistema de drenagem
subterrânea do Grilo, cuja nascente é o principal tributário do córrego Furnas (fig 5.1 e
anexo 4 3) A partir da ressurgência da caverna do Grilo, a bacia do Furnas apresenta
características fluviais, com seu talvegr.re encaixado cruzando a caverna Santana, a qual está
aceÍÇa de l50m de profundidade abaixo do canal fluvial (ñ,ga.21). Na caverna Santana, nas
proximidades do córrego em superficie, nota-se gotejamentos rápidos no topo do canyort
subterrâneo, os quais provavelmente representam infiltrações do córrego em superficie.
Além disto, parte do trecho final do córrego Furnas desenvolve-se sobre o contato
litológico, onde há situação favorável para infiltração. É provável, portanto, que haja perda
de água do leito do córrego Furnas alimentando a nascente da caverna Santana, mas não em
volume suficiente para explicar o excesso de vazão nesta.
A segunda possibilidade fundamenta-se no fato de que a vazão da nascente da
caverna do Grilo representa somente cerca de 213 da vazã,o medida na caverna Santana.
apesar da área de captação do sistema do Grilo, demarcada pelos divisores topográficos ser
superior à do sistema Pérolas-Santana (fiS 5 l). Isto mostra que a vazã.o do sistema do
Grilo é insuficiente em relação a sua área de captação superficial. Esta fração de água que
deixa de ressurgir na caverna do Grilo, somente pode estar sendo desviada para o sistema
Pérolas-Santana, contribuindo no excesso de vazio deste. Confirma-se, portanto, a hipótese
de conexão entre as rotas de fluxo dos sistemas de drenagem subterrânea do Grilo e

Pérolas-Santana (fig 5.6).


Embora seja possível afirmar que a área total de captação superficial do sistema
Pérolas-Santana é de 25,4km2, a demarcação exata desta área somente poderá ser definida
com a futura aplicação de traçadores do fluxo de água subterrânea sobre a porção da ítrea
carbonática Furnas Santana a SW do rio Betari. Sem esta definição, a delimitação da área
de recarga é apenas aproximada i, l
A área de captação total do sistema Pérolas-Santana demarcada pelos divisores
topográficos foi de 14,8Km2, onde 7.4Km2 compõem a superficie de recarga autogênica
(fig 5 1) e os 7,41<m2 restantes coletam escoamento alogênico injetado nos metacalcários na
zona de conJato através de sumidouros em vales cegos. Além deste total inigiel,,filtam
,9,6Km? par-.4,çomplgtar os 25r4Km2 necessários para alimentar avazã,o deste sistemâ.,'¡,,:,,.;'¡,
r :1 ,ì,
l'15

4'Roto esquemdlico de condulqs 5u61s¡rfineos


'

Provcjveis conexões ctos sislemos Grilo e


Mà Pe'rolo-Sonlono otrove's de condulos 4
\.ó
conlolo lilolcígico

o Ressurgêncios

,.1,-,'

Figura 5.6 - Geometria da conexão subterrânea entre os sistemas Pérolas-Santana e Grilo


interpretada em função do balanço hídrico da bacia Pérolas-santana e o padrão de condutos
da ánea.

O sistema do Grilo possui área de Íecarga autogênica dema¡cada por divisores


topográficos de 10,7Km2 e 7,6Kiú de coleta de escoamento superficial alogênico,
ì

perfazendo um total de 18,3Km2.


Desconsiderando a bacia do córrego Furnas e em função da provável atimeniãft:,:
parcial do aqtirífero associado ao sistema Pérolas-santana pelo sistema do Grilo,'adEtile;s'ei"

j:#','ffi :,-'J,'i:."dosis'lemaoocnã-øo'.
::;:x,L:î:i,l,H?åii,
e çaminho exato do fluxo subterrâneo e a delimitação desta area, confotimt'õ.i@i't
acima, deverão ser definidos em trabalhos futuros com aplicagão de t¡açad.oies.-ò,9... ..'.
corantes fluorescentes.

5.3 Hidroquímica do carste do Alto Ribeira


Com o objetivo de caracterizar ainteração entre água meteóry$carþn4tica
em ambiente sub-tropical úmido e assim compafar esta interaçeo ø'ñ:taqù'.e .-ql.11't¡,."-,
de'
outras situações geográficas sob regimes climáticos distintos, executoürsäif#con¡unto
análises fisicas e químicas da íryw superficial e subterrânea do carste estudado"'Estes
resultadostambém permitem estabelecer a relação entre a vazio de uma bacia dè'dien@,t'
e, a;quantid,atlé:de,soluto no volume escoado, dado essencial
para o cálculo:da'denùdaÇãE.'
t16

5.3.1 Amostragem e parâmetros.:hidroquímicos medidos


A caracterização quírnica, do fluxo de água através do sistema Pérolas-Santana
eúgiu a amostragem das diferentes classes hidroquímicas deste sistema, seguindo o método
de Drake e Harmon (1973). .

O escoamento superfisial foi amostrado em vários pontos antes e após este atingir o
colpo carbonático encaixante,do sistema (água alogênica), como também, coletram-se
amostras do escoamento superficial captado diretamente sobre calcários (água autogênica).
A água subterrânea do aqüífero cárstico foi amostrada em nascentes cársticas
(ressurgências de sistemas de cavernas), nos pontos de gotejamento ao longo de cavernas e
no poço de abastecimento de âgua do baino da Serra (ver localização no anexo 4.2),
perfurado em metacalcários.
localização dos pontos amostrados na ârea carbonática Furnas-Santana e
A
apresentada na figura 5.1. No sentido de obter um conjunto de amostras representativo da
faixa carbonática do Lageado (descrita na introdução), amostrou-se também o sistema de
drenagem cárstica Temimina-Pescaria, localizado a nordeste da área Furnas-Santana.
Um dos objetivos destas coletas foi o de possibilitar o cálculo de variáveis
geoquímicas como o índice de saturação em calcita e dolomita e a pressão parcial de CO2
em equilíbrio na solução, O cáLlculo destas variáveis, segundo Langmuir (1971), exige a
determinação da concentração dos principais cátions e ânions dissolvidos, assim como, da
temperatura e do pH da água amostrada.
Para posterior determinação em laboratório dos principais cátions e ânions, coletou-
se três Amostras em cada ponto amostrado, utilizando frascos de polietileno com 100 rnl de
volume, respeitando as normas de coleta recomendadas por Ford e Williams (1989).
As amostras para análise de Ca++ e Mg+ foram acidificadas no ato da coleta (três
gotas de ácido nítrico concentrado) e acondicionadas sob refrigeração até a chegada ao
laboratório para análise através de absorção atômica. Os trabalhos de campo para
amostragem sempre foram organizados no sentido de não ultrapassar o máximo de quatro
dias entre a coleta e a análise por absorção atômica. Utilizou-se o equipamento de absorção
atômica da Divisão de Engenharia de Materiais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo (PT).
Os frascos para análise de alcalinidade (HCO3) também foram transportados sob
refrigeração até a base de carnpo, onde após algumas horas da coleta realizou-se sua análise
através de titulação acidimétrica (indicador misto de verde de bromocresol e vermelho.'de
metila titulados com ácido sulfi¡rico 0,05N). Como as águas analisadas apresentaram
pH

entre J,5 e 8,3 o ânion predominante do sistema H2CO3, HCO3-e CO3- é o segundo
(Freeze e Cherry, lglg),o que foi testado através da titulação do ânion CO¡-, o qual não
se

mostrou presente.
O .terceiro frasco de cada coleta destinou-se para_ a anárlise dos ânions su{4Jo,
.1or*16.e:,'nitrato, realizada atravês de cromatografra de íons (cromatógrafo Dionex;-do
,eentro'det,.:Ftsquisas, ds,,figri¿s Subterâneas,'CEPAS, - IGcUSP).'e dos',.iátionst.so,,{,i -e
r;:.-l
r7'7

potássio, efetuada através de espectrofotometria de chama, junto ao laboratório de química


do Departamento de Mineralogia e Petrologia do Instituto de Geociências da USP.
Especial atengão foi prestada nas medidas de pH, pois este é um dos parâmetros
mais sensíveis para medição e fundamental para o cáLlculo dos índices de saturação em
cálcio e magnésio (Ford e Williams, 1989). As medidas foram realizadas nos pontos de
coleta, utilizando-se um medidor de pH digital portátil (Digrsense modelo 5985-80) com
precisão de 0,05. Antes de cada etapa de campo e quando necessário, antes de cada coleta,
calibrou-se o medidor de pH com soluções padrão de pH 7 e 10. Estas medidas de pH são
automaticamente compensadas para a temperatura da amostra através de um sensor térmico
imerso juntamente com o eletrôdo para pH no frasco de medida em equlíbrio com a
temperatura da íryta amostrada. Desta maneira obteve-se a temperatura da amostra em
paralelo à leitura de pH.
Por último, em cada estação de coleta mediu-se também a condutividade elétrica da
água com um condutivímetro portátilYSI (Yellow' Springs Instruments) modelo 33M. Este
parâmetro mostrou-se útil devido à relação linear obtida entre a condutividade específica e a
dureza total da água, o que permite estimar o conteúdo em calcio e magnésio de águas da
área somente através de uma leitura de condutividade.
As coletas e medidas dos parâmetros acima especificados foram sistematicamente
distribuídas ao longo de um ano hidrológico no sentido de obter, além da diferenciação de
classes hidroquímicas, a sazonalidade composicional destas classes.
Os resultados analíticos e parâmetros medidos da amostragem hidroquímica
realizada são apresentados na listagem do anexo 5.3.

5.3.2 Parâmetros hidroquímicos derivados


Dureza total (DT)
dureza total de águas naturais é definida pela soma das suas concentrações de
A
Ca++ e Mg**. A maioria dos estudos geoquímicos de águas cársticas expressa a dtsreza
total em mgll equivalentes a CaCO3, ou seja, a quantos mgl de calcita corresponde a soma
das concentrações de cálcio e magnésio medidas na amostra (Shite, 1988). A dureza total é
.:!
obtida pela expressão

::Í
+
¡Mg++ 14,12 DT = ¡C a+ 12, 49 +

onde [Ca#] e [lrdg#] são as concentrações em mg/l medidas nas amostras e os coeficientes
2,49 e4,12 correspondem aos fatôres de conversão das concentrações em equivalentes de
CaCO3 em mg/I.
Os valores de dureza total das amostras coletadas estão listados no anexo 5.4.

Condutividade específica corrigida para 20oC


Devido ao fato da condutividade elétrica de águas naturais ser fortemente
dependente datemperatura (Albutt, 1917 e Calles e Calles, 1990), as medidas obtidas em
.:.i:,'.']::.:.'::''|:';','i,-.''...l.,'

campo, a, diferentes temperaturas, foram corrigidas para'uma refer@ciftomum;'S,9m:nte


178

após esta coffeção as medidas são passíveis de comparação entre sí, podendo ser utilizadas
,.
para testar sua dependência da dureza total da âgua. Í "
Utilizou-se a equação empírica desenvolvida por Albutt (1977) p¿ra correção da
condutividade de águas ricas em carbonatos para o datum de 20oC, conforme segue abaixo:

1,7728
Czo = Cr
[' + aT+ þT2

onde C2g corresponde à condutividade, em pmhos/crq corrigida para 20oC, C7 ê' a


condutividade medida na temperatura T e cr e p são constantes determinadas empiricamente
para a temperatura de 20oC, valendo 0,0361 e 0,000127, respectivamente.
Os valores de condutividade corrigida para 20oC estão listados no anexo 5.4.

Condutividade específica e dureza total


plotando a condutividade corrigida (C2g em lrmhos/cm) em função da dureza total
(DT em mg/l equivalente a CaCO3) do conjunto de águas analisadas (frg5.7) obteve-se a
função linear

Czo = 21,248+ l,50lDf

com coeficiente de correlação de 0,97 e R2 de 93,7o/o.


Esta relação mostrou-se muito útil em avaliar o teor de carbonato dissolvido e
conseqüentemente o grau de saturação de águas em pontos remotos, principalmente nos
trechos de dificil acesso em cavernas.

500
P
c.¡ : Cr;2I.248+ I i-i0l DT
,^
ã +oo .i.. ....... . _"

E
z
-F
(i
3OO
¡ir'

â zoo
F
)
1
(J 1oo
'J

50 1oO 15O zoo z'50

Durez¿ total, DT ( rng,4 equi val entes a CaCQ )


r'79

Razão molar Cálcio/lllagnésio


Seguindo a convenção adotada pa maioria das publicações sobre geoquímica de
águas cársticas (Langmuir, l97l), converteu-se as concentrações em mg/l de Ca+ e Mg*
Ca#/lvlg# molar.
no número de moles correspondentes, para calcular arazão
A razão Ca++À,Igr+ em peso das amostras analisadas é listada no anexo 5,3
enquanto arazáo correspondente em moles é apresentada no anexo 5.4.

Índice de saturação em calcita (.9/") e dolomita (,S/¿)


O índice de saturação expressa o quanto uma água natural desvia do estado de
equilíbrio flMhite, 1988). O índice de saturação em calcita (,S1.), segundo Langmuir (i971),
é definido pela relação

.s/- = lonlAP"
" "K"

onde IAP" é o produto de atividade iônica [Ca++][CO¡--] em solução.. De forma similar, o


índice de saturação em dolomita (SIù é obtido pela equação

sI ¿ '"'l 'nlo\'
='"*( xo )

onde IAP¿ é o produto de atividade iônica [Ca#][Mg**][CO¡--]2 em solução. Os índices


K, e K¿ correspondem aos produtos de solubilidade da calcita e dolomita (atividade iônica
padrão de calcita e dolomita em solução em equlíbrio), respectivamente.
Nestas expressões, quando IAP : K, SI: 0, significando que a água está em perfeito
equilíbrio com o mineral carbonático em solução, ou seja, a solução está saturada e não
ocorre dissolução nem precipitação deste carbonato. Valores positivos de .l/ indicam
soluções supersaturadas e valo¡es negativos representam águas insaturadas (agressivas) em
relação aos minerais carbonáticos.
Um aspecto importante no cálculo do índice de saturação é a influência do pH
medido em campo, pois este valor é usado no cálculo da atividade iônica [CO¡--] Este f¿to
torna a precisão do índice de saturação totalmente dependente da qualidade da
determinação do pH. Ótimas medidas de pH normalmente possuem uma incerteza de no
mínimo +0,05 o que induz um erro de 0,1 no índice de saturação (Langmuir, l97l).
.: :ì.,ì l
No presentg trabalho utilizou-se o programa WCFIEM3, desenvolvido pelo
Departamento de Geologia da N{cMaster University, para calcular os índices de saturação
em calcita e dolomita das ágUas amostradas, conforme expresso no anexo 5.3.

Pressão parcial de CO2 ì: ::..,, ,.:

A pressão parcial de CO2 é um imporatnte parâmetro hidroçiuuco pois reflete a

nro-ve{,ên9i1 e históna de áBuas, carslicas (Ford e Williams, 1989) Répres-9 itêry


180

uma fase gasosa de CO2 coexistente e em perfeito equilíbrio com a ítgua analisada (White,
1988). Este prâmetro é obtido pela expressão
t HCO: ïll+l
PCOy=:_*1:--1
" KtKco,
onde [HCO¡-] é a atividade iônica da concentração do ânion HCO3- obtida por titulação da
amostra de água, [H+] o valor negativo do pH, K1 a constante de dissociação do ácido
carbônico eKco,a constante de hidratação do COz (valores obtidos em tabelas de
constantes termo dinâmicas).
A pressão parcial de CO2 é expressa em atmosfetas ou porcentagem. É usual na
literatura específica apresentar os valôres de PCO2 na forma de seu logaritmo negativo. O
símbolo para tal é pPCO2, onde p representa o sinal negativo do logaritmo de PCO2. Por
exemplo, com PCO2 = 0,0025 atm, pPCO 2: 2,60 ou seja, 19-2'60 : 0,0025.
Os valores de pPCO2 obtidos neste estudo foram calculados através do programa
WCFIEM3 (acima citado), conforme listagem no anexo 5.3.

Erro de balanço iônico (IBE)


Erros nas determinações de concentração de cátions e ânions e a eventual falta de
alguma espécie iônica não analisada numa anáLlise química de água, a princípio completa,
podem ser estimados através do cálculo do balaço iônico (Ford e Williams, 1989), dado
pela expressão
\ tnz, .,2,
IBE = ? ""6'--\?. "ù"^ X 100
L*,tt,^"^+ /mizi**
onde ln¡ é a molaridade dos íons analisados e z¡ a vaiência destes O erro de balanço iônico é
expresso em porcentagem-
No caso de anáLlises de água envolvendo determinações de campo, como no presente
estudo, aceita-se um erro de até 5% (Ford e Williams. op cit).
No conjunto de análises apresentado no anexo 5.3, nota-se que o IBE varia em
torno de 2 a 5o/o, com algumas análises atingindo 14o/o de erro. Estas últimas foram
descartadas. Atribui-se este erro à determinação imprecisa de ânions, principalmente de
S0+--, devido a falhas no equipamento utilizado, as quais não puderam ser eliminadas até o
fechamento dos trabalhos.

5.3.3 Fácies hidroquímicas do carste estudado


O conjunto de parâmetros hidroquímicos medidos e derivados permitiram relacionar
as características fisico-químicas das águas do sistema cárstico estudado com a origem
destas águas (ágr:as alogênicas, autogênicas ou mistas) e seu ambiente de fluxo (fluvial ou
subterrâneo ao longo de fissuras ou condutos maiores). Desta união entre uma classificaçio
hidrológica e química de águas surge a definição da fácies hidroquímica como sendo um
tipo ou fluxo de água no sistema cárstico o qual possui um conjunto de
de . recarga
parâmelrqs ,quín¡cos característicos, confofme proposto pretiaqente ppr Back,,-!1960,
:,Harmon'et,,,a1,,(1972),DrakeeHafmon (1973)eGunn(1983),,,,,': :,
181

PARAMETROS
Fáci es Hidroquímicas
Escoamento Suþø ficial Percolação .{utogênica
máx. Percolação Percolagáo

x min.
Alogenjco Auøgênico Fluviocárstico
vadosa
ern
vadosa
em
Circulação
F¡eática
Ressurgência-s
C¿írsticas
fissuras condutos profunda
c\¡%
^
No de Amostras 8 t2 26 l8 I8 4 43
2o 19,9 20.2 r 9,6 )a 2t,2 20
Tønperatura 18.2 19.4 r 8.l 18,9 t'7.6 20.8 18.9
'c t5 t8,7 13.4 18.1 13,5 20,t 17,9
9 .Eoto 5 33% t.2 9,9o/o 6.8 2.60/o 1,5 t3.2% 8.s 0.3o/o I ,I 3-lYo 2-l
7 58,6' 29.4 90 41,2 43 48
Ca++ 3,1 43,',I 14,7 "'16,8 3',7.8 38,'.1 32.1
mg/l I 32 5.5 68 27,6 36 2l
680zô 6 32o/o 27 47o/o 23-9 i.5o/o 22 l5o/o 19.6 lo/o 1 l9o/o 21
2.1 8,2 \1 6^3 18,5 1 1.4 8.2
Ìr{g++ 1,3 7,3 3,4 -1.9 6,6 l0 5i
mg4 0-8 6.5 l-4 3.6 2,4 8,3 3.5
39otb l -3 12o/o l.'7 35o/o 4.3 t4% a1 63o/o 16.I l60/o 3.1 21o/o 4-7
3.8 4.3 5.1 13,5 9.9 3-2 5.3
Ca"ß{g l,i 3,6 2,6 9.6 4,4 2,4 3.8
(molar) 0.6 ?n 1,0 7,2 1,3 2,0 ", 1
82o/o 3-2 20ot'o l-3 35Vo 4-l i7V'o 6-3 49o/o 8.5 26% t.2 t'7% i.6
3C 195 I l0 261 200 155 t52
.Alcalinidade ))1 151 60 210 143 148 116
mgil . HCO3- I5 !18 28 201 114 135 88
23oto I 5 260/o '7'7 35% 82 69"0 60 t8% 86 0.8% z0 74o/o 64
Durez¡ Total 22.1 180 93.4 244,7 177 141,6 t 52,1
*tg[ l3 139 49 212 122 139 t02
equivalen1e 6.2 l0'7 20.8 t92 96,2 135 69
a CaCOs 40o/o 16-2 27o/o 73 4lo/o 12.6 ,'ø,¡ 52.7 t8% 80-8 2o/o 6.6 t8% 83. I
1'>< 8,13 8,05 7,80 8,28 8,04 8-29
pH 6,gi 8,09 '7,54 '7.49 8.02 'Ì
,87 1q)
6.53 8,06 ?.00 i.30 7,54 ''t.76 7,48
4o/o 0-72 0-4o/o 0-07 3Yo 1.0,{ 2o,o 1.50 3% 0;74 2o/o 0.28 3% 0.81
2.9 3,09 3,24 2,44 3,25 2,8',7 3,33
pPC02 2,65 2,96 2,82 2.15 2.92 11 2,89
atln.. 2.2 2,83 2,26 1,94 t ?< 2,6 2,49
99'o 0.i 4% 0.26 8% 0-98 60 o 0.5 g9'o O-9 0,60/o 0.27 7o/o 0.84
lndice de -2.11 0,55 -0,31 0.5 0.5 r 0,34 0.43
saturafo em -2_'t6 +0,33 -1,10 {.19 +0,18 +0,08 -0,06
calcita, -? K< 0.1 8 -1.94 -0,0 r -0,37 -0,14 -0,6 I
Slc l gozô I.5 I 610/o 0-37 45Yo 1.63 ' 0.51 f 0.88 r 0-49 * 1.04
lndice de 4.59 0,51 -1.05 0,2 -0,84 0,31 0.39
sâturação em -5,52 +0,23 -2,49 4.51 -0,18 -0,09 -0.57
dolomita, -i.0 0,01 -4.1 8 -0,92 -1,2 -0,49 -1.1't
sId * 0.56 * 3,13 . 1,t2 | 2-04 r 0-80 * 2.16
i0 ta{ 155 420 250 436 260
Condutividacie 43 252 90 312 189 320 170
U¡nhos/cm 15 2tl 29 308 142 231 r00
37o/o 55 l7o/o 84 39% t26 80ô Llz lTYo r08 33Yo 205 17o/o 160

Tabela 5.5 - Parâmetros fisico-químicos medidos e calculados para as fácies hidroquímica


identificadas no sistema carstico estudado. * - valores do coeficiente de variação não
calculados

Separando as análises químicas (anexo 5 3) de acordo com seu ambiente hidrátlico


(tabela 5.5), diferenciou-se as seguintes fácies hidroquímicas para o carste eStudado:

Escoamento superficial
j.....'.:.':.-...:
alogênico :,

,:"- ei!' ies hidroquímic1j representada pela água de escoamentojm regr fluvlal
-e.
, sobre metapelitos e rochas gianíticas que contornam os metacalcarjôs,"constituindo a
-I='';- t 'v .,,, ,
.-1,-:...t. .'. ;.. ...:, .. ,
182

recarga alogênica do aqüífero cárstico. Suas características fisico-químicas apresentadas na


tabela 5.5 correspondem ao estado de água antes'de atingir a faixa carbonática. Com índice
médio de saturação em calcita e dolomita respectivamente de -2,76 e -5,52 (0,lle 0,0006%
de saturação), pH médio de 6,97 e dureza total de 13 mgn equiv. a CaCO3, exprime-se a
alta agressividade desta fácies aquática em relação aos metacalcários da área. Na figura 5.8
nota-se visualmente o contraste dos parâmetros fisico-químicos desta fácies hidroquímica
em relação às demais.

Escoamento superficial auto gênico


Corresponde a itgoa captada diretamente pela superficie metacarbonática
alimentando a Íeçarga autogênica do aqüífero cáçstico (fig 5.9). Em quase sua totalidade
este escoamento superficial é injetado no maciço carbonático através de sumidouros em
fundos de bacias poligonais fechadas com drenagem centrípeta, formando pontos
concentrados de recarga. A fração de água restante nesta superficie é absorvida pelo maciço
carbonâtico através de percolação difusa ao longo de descontinuidades çomo ¡untas e

planos de acamamento.
Coletou-se amostras desta fácies hidroquímica ao longo de pequenos córregos
perenes (raros sobre a superficie calcâu'ia da area) e filetes de água nas proximidades de
fundos de depressões poligonais.
Caracteriza-se por uma alto teor de sólidos dissolvidos, com dureza total e

alcalinidade entre os valores mais altos do conjunto amostrado (DT : 139 mg/l de CaCO3 e
Alcalinidade : l5l ml), somente suplantados pelos teores da percolação vadosa em
fissuras. Este alto teor de sólidos dissolvidos é acompanhado pelo pH mais alcalino (8,09) e
maior índice de saturação em calcita (0,33 o que equivale a 2l0o/o de saturação em calcita)
entre as demais fácies hidroquímicas evidenciadas.

Escoamento superficial fluviocárstico


A água superficial de origem alogênica e que continua sobre os metacalcários em
(fig 5 9) Amostrou-se esta em vários
canais fluviais representa esta fácies hidroquímica
pontos no polje de contato adjacente ao sumidouro principal do sistema de cavernas
Pérolas-Santana (anexo 4.3) e na zoÍa morfológica fluviocárstica circundante a este polje.
Os pontos de coleta situam-se em canais fluviais sobre metacalcários entre 300 e 800m de
distância do contato com metapelitos.

Quimicamente esta água é marcada por uma gradativa atenuação da sua


agressividade em relação aos metacarbonatos, conforme aumenta sua distância de
escoamento sobre estes, até ser absorvida em sumidouros, o que é evidenciado pelos alt-os
valores do CV dos seus parâmetros medidos e derivados (tab 5.5 e fig 5.8).-A amostragem
:.mostrou uma transição do índice de saturação em calcita de -2 nos primeiros metros de
,percolação sobre carbonato até -0,3 após cerca de 800m sobre este, o que representa uma
:água,,praticamente 50olo saturada em calcita após este percurso superficial' Na figura 5I
183

risualiza-se como os parâmetros fisico-químicos desta fäcies representam uma transição


entre aqueþs das águas alogênicas e os da fácies de escoamento autogênico.

Percolação'autogênica vadosa em fissuras


O ambiente de fluxo desta fäcies hidroquímica é formado por capilares e proto-
condutos desenvolvidos sobre planos de acamâmento, fraturas e na intersecção destes.
Correspond", u Ír5u^ de origem autogênica e de percolação difusa no maciço carbonático
entre a superficie e o nível de condutos do rio subterrâneo (fig 5.9) onde foi coletada em
pontos de gotejamento. Estes apresentam vazão desde gotejamentos lentos até filetes de
vazão contínua, quase sempre associados à precipitação de carbonato de cálcio secundário
(espeleotemas).
Apresenta os valores médios de dureza tot^l (212 mg/l de CaCO3) e alcalinidade
(239 mgt) mais elevados entre as águas amostradas, com pequena variabilidade (CV 5,9 e

6,6 tab 5.5), associados a um índice de saturação médio em calcita e dolomita de *0,19 e -
0,51 com pH médio de 7,49. Um fato que se ressalta neste quadro químico é o alto teor em
sólidos dissolvidos ( 212mg\ com 1 55o/o de saturação em calcita e 31Yo de saturação em
dolomita) com um pH de somente 7,5, ponto a ser discutido na evolução das águas
cársticas. Caractenza-se também por uma baixa variabilidade dos parâmentros químicos
(CV baixo), somente superior àfácies de circulação freática profunda (tab S.S e fig 5.8).

Percolação autogênica vadosa em condutos


. Esta é a fäcies aquática que circula em condutos vadosos menores (ramos da
caverna principal, freqüentemente impenetráveis devido as suas seções decimétricas), ou
cavernas vadosas conectadas à fundos de depressões poligonais, representando pequenos
a,fluentes (fig 5.9), quase sempre associados à deposição de calcita secundária na forma de
escorrimentos calcíticos com represas de travertino.
Atribui-se origem autogênica a esta fácies hidroquímica devido ao seu alto conteúdo'
médio em sólidos dissolvidos (DT :
lZ2mgll de CaCO3 e alcalinidade = l43mgll de HCO3-
). além do pH (8,02) semelhante ao da água superficial autogênica (tab 5 5 e fig 5.8), apesar
de existir a possibilidade de parte desta água representar contribuições de origem alogênica,
as quais penetram no maciço calcário após um percurso considerável sobre a superficie
carbonática

Circulação freática em condutos profundos


Esta é a água de circulação mais profunda no sistema cáLrstico (fig 5.9). Seu fluxo,
ocorïe principalmente através da rede de proto-cavernas e condutos freáticos em fase inicial,
;:de desenvolvimento localizados abaixo da rota principal de condutos em fase avançada de
,Íèsenvolvimento. Na área estudada estes condutos profundos foram evidenciados atravéS'
.dä,perfuração,.{o, poço para abastecimento de água do Bairo da Serra. Este poço .
t:,,tl',|i ,,, ..,, .

,:o. Tt
mg/l cquiv. CoCOs c Alcollnldode (HCO3) mg/l roil Co++ mg /I
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lîOice Oe soluroçõo em colclto e dolomllo -
lE5

Esta fäcies hidroquímicl poszui como assinatura fisico-guímica uma temperahra


média anual mais elevada (2Q,8oC), associada a uma variabilidade sazonal (Cþ muito
inferior dos principais parâmetros fisico-químícos, em relação às îetr'tais fäcies
hidroquímicas da area (tab 5,5 fig 5.8). Oscila em torno da saturação em calcita e
"
dolornita (conSiderando um e¡o de 0,1 nos índices de saturação), com SIc = +0,08 e SId =
-0,09. Sua dureza total média de 139 mg/l de CaCO3 e alcalinidade de 148 ml de HCO3-
são muito semelhantes às do escoamento superficial autogênico (tab 5.5), distinguindo-se
deste pelo valor inferior do pH (7,87) e pressão parcial de CO2 srperior (l!-z'l atm), não
considerando o teor de magnésio.

iões e colúvios

\ìè

'\
Condutoç
fredlicos

./
Alogênico ò
Zono fredtico
Escoomento
superf iciol
Z- Autooênico
\ Ø
'Fluv¡o crírslico Ø
. fissr¡ros @ \\
Pef colocoo .a-Em
:;i:::'''" a F.T".3;i;J3:, @ \
Circuloçôo freo'lico profundo @ ---è-
\\\
Ressurgêncios cdrslicos Ø

Figura 5.9 - Perfil esquemático de um sistema cárstico com a localizaçio das fäcies
hidroquímicas identificadas na área de estudo.

Ressu rgên cias cárcticas


Esta fäcies hidroquímica corresponde à mistura das demais classes de ágrra
identificadas, pois representa o escoamento de praticamente todo volume de água col$o
e transmitido pelo sistema cárstico e sua bacia de captação, incluindo a água freftii!?'
circulação profunda abaixo do nível principal de condutos do rio s¡bterrâneo do sis :(fi8
5.9). i,'t'.

Amostrou-se as ressurgências dos sistemas Pérolas-Santan4 Grilo e Cónego Fundo


(lagoa do Baino da Serra" anexo 4.3).
Na, média dos diferentes regimes de vazÁo das ressurgências, estas águas
,,apresentan:se,:levemente saturadas em calcita (SIc = -0,06 ; 'Ello/o,; de satulaç ,e
l*i¡'SæraA¡ dolomitar(Sl6,=,-0;57. ,,,,ZTY3,deSaturaçãO). ¡ .', ,' ., ',:,";.¡ .,,. ,':,:.,t,,",,,',:':i,t,:
186

Sua dureza total média de 102 mg/l equivalentes a CaCO3 e alcalinidade de 116 mg/l
de HCO3- apresentam valores distintos das demais fácies hidroquímicas, aproximando-se
mais das águas de percolação vadosa em condutos (tab 5.5 e fig 5.8). Sflo semelhantes
também à media dos valores médios de DT (1l2mgà equiv, a CaCO3) e alcalinidade (126
mg/l de HCq) das demais facies hidroquímicas, refletindo a mistura destas. O pequeno
desvio é atribuído à mistura de diferentes volumes de cada fácies, conforme o regime de
vazão e recarga do sistema.

5.3.4 Evolução geoquímica das águas do sistema cárstico estudado


O fluxo de água através de terrenos cársticos e seu aqüífero possui dois tipos de
recarga: injeções alogênicas coletadas nas áreas de captação não carbonáticas que
circundam o terreno carbonático e recarga autogênica derivada somente da precipitação
captada diretamente pela superficie cárstica.
A anáfise da evolução química das águas no sistema cárstico, deve partir portanto,
da interação entre o tipo de recarga (precipitação ou recarga alogênica) e a rocha
carbonática.

mfui.
Tipo
de
x n¡rn.
CaO Mgo CaOÀ4gO Mineralogia

rocha CYo/o ô,

54,4 0,9 123,3 Calcitâ- quartzo.


Metacalcá¡io 49,6 0,6 90.4 moscorita, clorita
43,r 0,4 58,6
Calcítico (6) l0o/" ll-3 44o/o 0.5 360,'o 64.'7
Meøcalcil¡io 55,5 2,0 62.4 Calcitâ- quârtzo.
44,9 T,2 ,{ 1.4
Magnesiano dolomita,
3t.2 0,5 )a <
(6) 42% 33o/o 37,9
moscor"ita
23a/o 24.3 1.5

Metacalcário 32,6 E,0 17,5 Calcita. dolomiø,


Dolomítico 43,4 3,9 12.2 quartzo. moscovita
52,2 2,6 J.l (clorita)
(10) 4t% s-4 l2-4
l4o/o 19.6 29o/o
Calcita, dolomita,
34,',l l3 )1 quartzo. moscovita,
Metadolomito
Calcítico (l) clorita
Quartzo,
Filito 20,4 5t 3.9 moscorita, calcita,
-
Ca¡bonático * clorita. dolomita
Filito Quartzo,
19,2 6,',| 2.9 moscovita,
Carbonático
Dolomítico * dolomlta. clorita

Tabela 5.6 - Ctassíficação química das rochas carbonáticas da área carbonática Furna-Santana. Aniilises
químicas exrraída de Barbieri (1993). * Composi$o média de 3 an¿llises. = valor médio, .I
(
CV= coeficiente devariação, a=variação. ) número de aniílises. CaO eMgO em%em
peso na rocha.

Na área de estudo predominam metacalcários dolomíticos, seguidos 'ide


metacalcários magnesianos e calcíticos (tabela 5.6 e figur a 2.4), classificados em fr¡nç10'dé
i : r': ri r':'ij- "- €r''Mgoiþðrcenta[emn em peso), seguml
seu teor em'CaO Peso), seguindo a clasSificaçaotäétMarti ,e
.:... :- , r-r.:, j..rìr:: . ..., , ...:,1.,.;..,',,.fi',f.Ìì1:::ì;: ..::.:,;.:i:l.:i':,.:.
187

Sougy (1961). Localmente ocorrem níveis de metadolomito calcítico (com até 600/o em
dolomita e cerca de 25o/o em calcita, segundo,- Barbieri, 1993). Intercalações de filito
carbonático e dolomítico são muito freqüentes. Nestes, a dolomit¿ constitue- o principal
mineral carbonático @arbieri, op. cit.).
A chuva na região de estudo apresenta pH medido entre 6,2 e 6,64 com teor em
Ca+ e Mg* de 0,5 e 0,3 mg/I, respectivamente (DT :2,5 mgl equiv. a CaCO3) e PCO2
de 10-3'5 ou 0,000318 atm. (atmosfera global média, segundo Drake e Harmon, 1973).
Esta água pluvial, coletada pela superficie de rochas metapeliticas (metassiltitos e

ñlitos) e graníticas que circundam a fuea carbonática Furnas Santana, passa para um pII
médio de 6,97, com 3,1 e 1,3 mgll de Ca# e Mg* (DT : 13 mgl equiv. CaCO3) e PCO2
médio 6" 16-2,65 atm. Este aumento da ordem de 7 vezes a pressão parcial de CO2'da
atmosfera, evidencia que esta água alogênica percolou o horizonte superior do soìo,
tendendo a equlibrar-se com a atmosfera deste, rica em CO2 devido à grande quantidadeäe
matéria orgânica em decomposição e respiração de raízes. A pressão parcial de CO2 no solo
pode ser estimada através da equação de Brook et. al. (1983): :

logPCO2 = -3 ,47 + Z, OS( t - e4 '001'72 E)

onde E corresponde à evapotranspiração média anual da área. Considerando 1000mm como


sendo a evapotranspiração média anual da área (conforme concluído no item 5.2.3), obtém-
se uma pressão parcial de CO2 6. 1g-l'754 atm. para o solo da área estudada, o que
corresponde a cerca de 55 vezes a pressão parcial de CO2 da atmosfera global média.
O aumento do teor em cálcio e magnésio na água alogênica" em relação à pluvial, é
atribuído ao contato deste escoamento superficial com filitos e metassiltitos carbonáticos,
os quais formam intercalações de espessura métrica na seqúência metapelitica da Formação
Bairro da Serra.
A transição da fácies hidroquímica de escoamento alogênico para a de escoamento
fluviocárstico é marcada pelo aumento brusco dos índices de saturação em calcita e
dolomita (fig 5 10), os quais saltam de -2,76 e -5,72 para -1,70 e -2,49, com dureza total
média de 49 mg/l equiv. a CaCO3. Este incremento na saturação em minerais carbonáticos é
acompanhado pela diminuição da pressão parcial de CO2 e aumento do pH desta fácies em
relação as águas alogênicas (fig 5.10, 5.11 e 5.12). O incremento do pH é conseqüência da
drminuição da concentração de íons H+, os quais são consumidos pela formação de íons
bicarbonato (H* + CO¡-- -+ HCO3-). Os íons carbonato, por sua vez, são produzidos pela
solubilização de CaCO¡ e CaMg(CO3)2 presentes nos
metacalcários. Esta dissolução
consome CO2 na produção de H2CO3 tendendo a repor H+ (H2O + COz + H2CO3 I H+
+ HCO¡-), o que é refletido pela queda da pressão parcial de CO2 nesta fácies
hidroquímica.
A água de precipitação com pH médio de 6,42 dá origem a fácies de escoamemto
autogênico, com pH médio de 8,09 e alto índice de saturação em carbonatos, após sua
interação com a superficie carbonática de bacias poligonais fechadas, O aumento do pH
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log PCO2, otm.

Figure 5.10 - Variago do índice de satura$o em calcita em rela$o à pressão parcial de C1)z nas fácies
hidroquímicas ident'rficadas. l-Fácies de esooamento alogênico, 2-Fácies de escoamento fluvioclírstico' 3-
Fácies de escoamento autogênico, 4- Fácies de percolação vadosa em fissuras, 5' Fácies de percoalção
vadosa em condutos, 6- Fácies de circula$o fteática profirnda e 7'Fácies
de ressurgência cárstica.

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em fissuros

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E
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E
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o
o

F. de ressurgênch

F. de escoomenlo suPerficiol
ologênico

7,5
pH

Figura 5;12 - Variação da alcalinidade em rela$o ao pH nas fücies hitlroquímicas identificadas na á¡ea de

estudo.

desta fäcies, assim como do escoamento fluviocárstico e de ressurgências cársticas, mostra


uma tendência diretamente proporcional ao incremeoto do teor em HCO3- (fig 5.12), apesar
da grande dispersão dos pontos nesta relação (fig 5.13). Enquanto o índice de saturação em
carbonato da âgrade escoamento autogênico é alto, a pressão parcial de CO2 nest¿ fácies é
quase a metade de PCO2 da água alogênica e também inferior em relação a åcies
fluviocárstica (fig Esta evolução química da água é decorrente do ambiente de
5.ll).
dissolução da rocha carbonática e do tempo de residência da âgaa îa zona enriquecida em
gas carbônico.
A correlação positiva €ntre pH e HCO3- indica que conforme progride o consumo
de CO2 pela dissotução de calcit¿ e dolomita, este é continuamente suprido pela atmosfera
do solo, e a reação geral de dissolução de calcita:
CaCO3 + CO2+ H2O = Ca# + 2HCO3-
(similar à de dissolução de dolomita), tende a atingir o equilíbrio, tornando a áryaa saturada
a supersaturada em calcita, situação típica de sistemas abertos de dissolução (sistep¿s
coincidentEs),, conforme os modelos de dissolução de calcita ç dotomifa;de, Lang4 ir
e Di&er(l'983). : i: ', ' '" "'''',.'l.j,,,,,
.1(.r2rr¡,Hanäon çrszr)
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pH

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pH
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Fig 5.13 - Alcalimdade em função do pH das amostras do rio Roncador na careryg Pérolas -!4ìt,,
ò
(B)'é ressurgênua na
ãiã¡rimì"to fluriocárstrco na planíôie oo po¡e iunto ao sumidouro da cav. Pérolas da
ca\,.ìSanfana. ..".,.-. r .-r r.:: ;.-, :
l9l

A variação da pressão parcial de CO2 entre ñcies hidroquímicas ératribuída'


principalmente a tempos diferentes de residência da água na zona do solo enriquecidaiem
CO2 e à presença ou não:de calcita dou dolomita. A ñcies alogênica" além de perCölar em

ambiente quase que desprovido:de calcita e dolomita (o que anula o processo de consumo
de CO2, conforme comentado acima), representa água coletada em redes de drenagem
superficiais continuas e muito maiores em área do que as bacias poligonais de captação
autogênica. Esta area maior de coleta do escoamento superficial condiciona um contato
mais prolongado da água de percolação com o horizonte zuperior do solo e
conseqüentemente uma PCO2 mais elevada nesta água de esæarnento alogênico em relação
a água de escoamento superficial autogênico, a qual com PCO2 inferior, reflete tempo de
residência menor no solo, em função das bacias de captação menores.

Bocio poligonol fechodo

Desconl ¡nuidodes

oraes - )
.Leñçol
'freót¡co fI
remporóri9l

Zono
cpicdrslico

Figura 5.14 - Seção esquemática da zuperficie dos metacalcários nas encostas de.,bacias
poligonais fechadas mostrando a morfoiogia da zona epicarstica (segundo aennnþò {e
\ryilIi,-,, 1985). Rl- escoamento zuperficial direto, R2.escoamento lateral na po@ade
do solo, R3- escoamento lateral na zona epicárstica. Velocidade de RI>RT>R3. I-
infiltração vertical, I>i, condicionando lençol freatico temporário

parte do escoamento zuperficial autogênico alimenta a fäcies de percolação vadosa


em fiszuras, onde atinge os valores máximos de dureza total, alcatinidade e PCO2
em

rèlaçãôàs demaiS:fácies hidroquímicas (fig 5,11 e 5.12). A água de percolação vadosa


em

fiszuras.,corre¡Fonde à,fr,1gi9 d.a:recafga autogênica coletada Por baciasr,Otlîr,"t*'.¡.,::"


,,",iooç"oirà¿'ã #èpicarstidr.g, witli4n=rs,1985) ou,súbcutâ¡þa.,@¡:$11-11, 11983), a
192

qual corresponde ao nível superior da rocha carbonática parcialmente intempenzada,


predominantemente coberta por solo e entalhada po{ sulcos e fendas (karren ou lapiás
cobertos) de dissolução (figura 514). Devido aalta rugosidade da superficie epicárstica, o
fluxo lateral de íryua do escoamento subcutâneo (nas encostas de depressões poligonais e

abaixo do solo) será lento, o que condiciona um tempo maior de interação, tanto entre água
e rocha carbonática, como também, entre água e o ambiente do solo com alta PCO2, o que
resulta no mais elevado teor em sólidos dissolvidos e maior PCO2 desta fácies hidroquímica
(figs 5.10 e 5.tl).
Plotando a alcalinidade em função do pH da fácies hidroquímica de percolação
vadosa em fissuras, obtém-se uma relação onde o teor em HCO3- é inversamente
proporcional ao pH (fig 515). Esta relação corresponde à evolução do sistema CaCO3 +
H2O + CO2 em condições fechadas em relação ao CO2 (sistema seqüencial, Langmuir,
1971), onde a água com alta PCO2 inicial continua seu caminho de percolação pelo maciço
carbonático através de juntas alargadas, mas isolada da fonte de CO2. Desta forma, a
diminuição de CO2 na solução, será acompanhada, com o tempo, de um incremento de
HCO3-. A diminuição do pH com o aumento da concentraçdo do íon hidrogenocarbonato é

reflexo do aumento da concentração de H+ na solução, onde o CO2 é gradativamente


consumido (diminuindo a PCO2 da solução) para gerar H2CO3 e este, por sua vez,
consumido para formar H+ e HCO3-, segundo o equilíbrio:
H2O + CO2 s H2CO3 5 H+ + HCO; ,
tornando a solução saturada a supersaturada em calcita, com índices de saturação em calcita
de até 0,5 (tabela 5.5).

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?.6 8.2

PII

Figura 5.15 - Alcalinidade em função do pH das águas de percolação vadosa em fissuras.


193

Esta fácies hidroquímica de percolação vadosa em fissuras é a principal fonte de

calcita secundária precipit{a em cavidades no interior do maciço carbonático (Bull, 1983).


A precipitação de carbonatos (prineipalmente calcita e/ou aragonita) é condicionada pelo
caráter saturado destas águas, as quais, em equilíbrio com elevada PCO2, ao atingirem
cavernas, sofrem uma degaseificação, pois a solução tendendo a equilibrar-se com a pressão
de CO2 da cavidade (normalmente próxima da PCO2 da atmosfera), perde CO2 para a
atmosfera da cavidade, tornando-se supersaturada em relação aos ca¡bonatos citados, o que
causa a precipitação destes.
Um aspecto importante na evolução geoquímica das águas de percolação vadosa em
fissuras é o controle da precipitação de calcita ou aragonita pelo teor em Mg* nestas
águas. Notou-se que os pontos de gotejamento com razã,a molar Ca#Ævfg# entre 1,6 e 0,6
(amostras 170 a 172, anexo 5.4) em contraste com aqueles de relação alta entre 11 e 1.8,
precipitam aragonita no lugar de calcita, comprovando o controle da precþitação de
aragonita por soluções ricas em magnésio, conforme proposto por Lippman (1960),
evidenciado por Gonzales e Lohmann (1988) nas cavernas do Novo México (EUA) e por
Barbieri (I993) nas cavernas da região estudada. A produção de soluções percolantes com
razões baixas de calcio e magnésio está associada à lixiviação de estratos de filito
carbonático, onde dolomita perfaz quase que 100% dos minerais carbonáticos e dolomitos
calcíticos, os quais formam intercalações centimétricas a métricas nos metacalcários
calcítico s'dominantes (Barbieri, 1993).
A percolação vadosa em condutos pode ser sub-classificada em dois tipos de águas
com agressividades distintas em relação aos minerais carbonáticos. Aquela saturada em
calcita é alimentada principalmente pela somatória de infiltrações lentas ao longo de
fissuras, apresentando volumes reduzidos e dando origem à depositos calcíticos secundários
em cavernas, através da exsolução de CO2. O segundo tipo representa a água de captação
superficial autogênica, de escoamento rápido em superficie e que é absorvida por fundos de
depressões diretamente conectados a condutos vadosos (invasões vadosas). Sua insaturação
em calcita e dolomita é conseqüência do escoamento inicial em zuperficie sobre o solo
residual argiloso que cobre o metacalcário, absorção rápida por condutos e, portanto,
pouco tempo de interação com a rocha carbonática.
A fácies de percolação freática profunda representa a misrura de todas as fäcies
hidroquímicas acima caractenzadas, o que é evidenciado pela posição mediana de sua
dureza total (fig 5 1 l), índice de saturação em calcita (fig 5 10) e alcalinidade desta fácies
em relação às demais. O baixo coeficiente de variação dos seus principais parâmetros fisico-
químicos (tabela 5.5) reflete o tempo maior de residência desta fácies no maciço
carbonático, em relagão às demais, o que acaba reduzindo ao máximo a influência sazonal
sobre o quimismo desta fácies aquática. Apesar da alta dureza total e alacalinidade,
qemelhantes às da água de escoamento epicárstico zubcutâneo, seu pH é bem,1'nferig5t

¡sugerindo eriolução do sisteqa CaCO3, H2O e CO2 em ambiente seqüerrcial com relaÇõo',ao
COZ '..; r : :'

i..'-.
t94

A temperatura média superior ,da fäcies freática profunda (tab 5.5) é interpretada
como sendo influência do grau geotérmico sobre esta água (associado ao tempo maior de
residência desta no maciço carbonático),:em.função da elevada profundidade de girculação
desta, a qual deve atingir entrs.lQQ .x 350 m abaixo do N.4., segundo o modelo de

profundidades de condutos e proto---condutos esboçado no item 4.3.3.2-


Observando as análises químieas da fácies de circulação freática profirnda (amostras
90,98, 104, 105 e167, anexo 5,3), nota-se que estas, em comparação com as demais fácies
hidroquímicas, possuem teores mais .elevados (entre 4 e 8 mgll) de sulfato. Associa-se a
origem do ânion SO¿-- à oxidação do enxôfre reduzido de sulfetos, principalmente pirita,
no ambiente freático com oxigênio dissolvido, segundo areaçáo @ottrell et. al', 1991):
H2O+7 l2Oz = Fe++ +2SO;- +2H+
FeS2+

A pirita ocorïe na forma de cristais milimétricos disseminados em alguns estratos de


metacalcário e mais freqüentemente em camadas carbonático-pelíticas intercaladas na
seqüência metacarbonática.
A presença de sulfato também nas águas cársticas vadosas da fuea de estudo, apesar
grpsita
de quase não detectada pela arnostragem realizada, é evidenciada pela presença de
secundária depositada pelas águas de percolação vadosa em fissuras ao atingir certos
trechos de cavernas na zona vadosa.
O ânion SO¿-- detectado nas águas freáticas profundas possui uma importante
implicagão espeleogenética, conforme Ball e Jones (1990), pois além de constituir uma
fonte de íons H+ para aumentar a dissolução no sistema CaCO3, H2O e CO2, o ácido
da
sulfi¡rico gerado na oxidação de pirita pode representar uma reativação da agressividade
água em ambientes profundos do aqüífero carbonático, onde a âgua de
percolação ao longo

de descontinuidades após um tempo de residência maior e isolado de fontes


de CO2, a

princípio, já estaria saturada em calcita, considerando-se somente a corrosão


pelo ácido

carbônico.
A fácies hidroquímica de ressurgências cársticas, conforme citado anteriormente,
fepresenta o retorno para a superficie, de praticamente todo volume
de água absorv-ido e
do índice de
transmitido pelo maciço carbonático. A grande variabilidade com o tempo
e dolomita desta fácies (ÂSI, :1,04 e ÂSI¿ :2,16) expressa a
saturação em calcita
sistema cárstico. Períodos
influência do regime de recarga do aqüífero sobre o quimismo do
de alta recarga (recorrência de eventos de chuva) estão associados
a níveis maiores de
vazáo da ressurgência com água insaturada em calcita e dolomita
(SIt e SI¿ negativos) Ao
contrárrio, períodos de baixa recaÍEa, com níveis menores
de vazdo associam-se a âgoa
sarurada em calcita e dolomita (índices de saturação
positivos' fig 5 10 e tab t) O^t:itt
:
de saturação dos períodos de baixa vazã,o é semelhante ao
da água de circulação freátic.q
'profunda e ligeiramente inferior ao da fácies de percolação vadosa em fissuras' o
que rndica
por estas fácies
que o escoarnento basal da ressurgência é alimentado principalmente
i

água insaturada' provavelmeott, d9


hidroquímicas, com mistura de uma fração pequena de
injetadas ao longo do conlatq
origem fluviocárstica ou até de contribuições alogênicas
e transmitidas diretamente para a rede principal
de condutos Por outro ladé, 9,
riiológico
l9s

escoamento direto, responsável por eventos de vazões elevadas. apresenta índice de

saturação em calcita semelhante ao da fácies fluviocárstica com níveis de saturação mais


altos (fig 5.10). Isto é interpretado como sendo reflexo do curto tempo de çesidência no
maciço carbonático da âgua de escoamento direto, cuja fonte princrpal de sólidos
dissolvidos é a parte da água armazenada em condutos e fiszuras (149,1o, freáticos como
vadosos), a qual gradativamente é expulsa e substituída nos eventos de¡e¡arga do aqüífero,
somando-se ao escoamento direto ,... ,. ::i:. ::: :

A sazonalidade química de ressurgências cársticas será detalhada no próximo,4¡9.p: .


'''' "'.' ,

5.4DinâmicacorrosivadosistemacársticoPérolas-Santana,.-.
A dinâmica corrosiva de sistemas cársticos pode ser expressada W$ativamenle,
pelos seguintes parâmetros derivados: taxa de saturação em calcita e doloriitA,,de _ágqàs,
alogênicas ao invadirem o terreno cárstico, variação sazonal do índice de:s4turaçto .t.
calcita e dolomita das águas que circulam pelo sistema (principalmente da'sua ressr4gência;
e a relação entre a discarga desta e a dureza total da água) e a taxa de denudação química'
da bacia hidrográfica associada ao sistema. '¡':
t'.''
;:'

5.4.1 Taxa de saturação de águas atogênicas (TS)


A taxa de saturação em calcita e dolomita de córregos alogênicos, ao adentrarem
terïenos cârsticos, revela a distância necessâria para que o escoamento superficial sobre
rochas carbonáticas atinja a saturação nestes minerais. É defioi¿a aqui pela tazáo entre a
variação do índice de saturação (ASI, ou A,SI¿, expressos em unidades de saturação, US) e
a distância (d em km) percorrida pela água sobre o tereno cárstico, atê atingir o estado
saturado:
TS_
NI.
d
Para o córrego Pérolas localizado sobre o polje de contato da exremidade SW da
área carbonática Furnas-Santana obteve-se uma taxa de saturação em calcita entre 1,4 e 1,5
unidades de saturação/km. Isto significa que o córrego alogênico aumenta 1,4 a 1,5
unidades de saturação em calcita por quilômetro de fluxo sobre o telreno carbonático,
desde o contato litológico (Pl), até atingir a saturação em calcita (fig 5 16). Entre o contato
e o sumidouro, o córrego Pérolas meandra na planície associada ao polje, coberta'èm
grande parte por aluviões alóctones que contornam colinas de zubstrato calcário. A taxa'de.
1,4 US/km corresponde a uma vazáo aproximada de 0,01 m3/s do córrego, enquanto ataxa
de 1,5 US/km associa-se a 0,03 m3/s. Após cerca de 2,34 km de escoamento sobre o
terreno cárstico, o córrego Pérolas atinge o estado saturado em calcita, o qual é mantido
praticamente constante até a ressurgência do sistema (fig 5.16), no regime de vazio entre
eventos de chuva. A taxa acima calculada não é valida para períodos de chuvas.
Com relação à dolomita, apesar do rápido incremento da saturaÇão.da agqa'nestè
mineral desde'o contato'litológico (fig 5'16)' não se obteve Z^9d'pelo fatp: ila':drenãgqm'
não atingir,,o,:estado,saturado,.,em dolomita ao longo de todo ,.u p.ttutt9,' , to'C¡.t
, . :,. = l'-
carbonâticas, :.;i....''."a¡....
196

Troester e White (1986Ì òb,tiveram tæcas de saturaçã.o em calcita entre 0,2 e 0,5
US/km para rios alogênicos que'circulam'sobre terrenos cársticos (com vazões médias entre
0,4 e 3,3 *3/t) na região nordeste da'ilha de Porto Rico.
A interpretação desteþarâ étro e sua comparação com o de outras áreas cársticas,
deve considerar os seguintès aspëctos, dos quais depende diretamente: regime de vazão da
drenagem fluviocarstica" tiþb 'de alimentação desta drenagem sobre o terreno cárstico
(escoamento da zona epicársiica e/ou superficial), tipo de cobertura associada ao vale e
planície do rio (cobertura não earbonátic4 alóctone ou autóctone), natûrezÀ do leito fluvial
(com depósitos aluvionares'e/ou rocha expoxta), tipo de rocha carbonática e gradiente
hidráulico da drenagem

I
U,
o 4=:-------:=-!l
=É.
o
,Z=-=7--=---
o -1. /
I
E
r,5
c,
() -2.
v,
o -2.
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C'
-4-
E
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o -5.
to
().
o
:t
o -6.
ø
o(¡, -?
0)
.!¿
o
rC
34
Dislôncio (km)

Figura 5.16 - Variação dos índices de saturação em calcita e dolomit¿ ao longo da


drenagem do sistema Pérolas-Santana" entre o contato com metapelitos e a reszurgência do
sistema. Pl- sobre o contato, P2 eP3 - sobre a planície do polie de contato, P4- no início
da caverna Pérolas e P5- na ressurgência do sistema" proximidades da entrada da caverna
Santana.

No presente estágio deste trabalho, não se dispõe de medidas do parâmetro acim4


para um codunto de drenagens alogênicas sobre metacalcários, em situações geológicas e
geomórficas variadas, o que impede uma análise interpretativa da tæra de satulle,io obtida
para.o córrego,Pérolas. Este dado deverá ser aliado à futuras medidas, permitindo então,
umainl,e¡p¡.-e,þC.ãlsi.Sni{9qt¡ya, , .,: ,,, .1;.:,,i:,: . ,, :
:
197

5.4.2 Variação sazonal do índice de saturação em calcita e dolomite de águas cársticas


Com base na variação do índice satulação em calcita e dolomita de um conjunto
{,e
de análises de água distribuídas regularmente ao longo de um ano, def;ne-se a amplitude de
variação sazonal da saturação, parâmetro útil para quantificar a duração da agressividade de
águas cársticas em relação a calcita e dolomita. Como exemplos deste parâmetro
selecionou-se a variação sazonal do"índice de saturação das águas da ressurgência em
contraste com as de percolação vadosa em fissuras do sistema Pérola-r-santana (fig 5.17a e
5 t7c).
A ressurgência do sistema Pérolas-Santana apresentou índice máximo de saturação
em calcita de +0,25 e mínimo de -0,61, o que resulta numa variação de 0,86 para o período
de junho de 1990 a fevereiro de 1991 (20 meses, fig 5.17a). Com relação ao período de
junho de 90 a maio de 91, a ressurgência apresentou vazão insaturada por cerca de 9 meses
(setembro de 90 a maio de 9l) e saturada por 3 meses (unho a agosto). Com este
resultado, afirma-se que por aproximadamente 9 meses, por ano hicirológico, o fluxo de
água subterrânea deste sistema se comporta, de modo geral, agressivo em relação à calcit4
causando portanto, abrasão química dos metacalcários ao longo da rom de fluxo da água
subterrânea deste sistema neste período, o qual é alternado por pencdos de cerca de 3
meses de fluxo quimicamente inerte em relação à calcita dos metacalcârios.
Com relação à dolomita, o escoamento da ressurgência do sisiema Pérolas-Santana
o que resulta numa variação sazonal de
apresenta índice de saturação entre -1,77 e -0,11,
1,66, permanecendo agressiva ao longo de todo ano hidrológico monitorado (fig 5.17a).
A variação do índice de saturação em calcita e dolomiø do escoamento da
ressurgência do sistema Pérolas-Santana e. conseqüentemente, da concentração em sólidos
dissolvidos, é inversamente proporcionaì a vazão do sistema carstico, conforme é
visualizado pela combinação das curvas das figuras 5.17a e 5.17b e pela relação obtida entre
a dureza total deste escoamento e sua vazão (fig 5.18).
A vazão, por sua vez, é controlada pela recarga do aqüífero com precipitação de
água meteórica. Períodos com chuvas intensas freqüentes determina¡n elevação dos níveis
de vazão do sistema. Portanto, quanto mais prolongado for o periodo de chuvas, tanto
maior será o período de vazões altas, causando períodos mais longos de ,escoaräento
corrosivo (insaturado) em relação aos minerais carbonáticos. A diminuição da,concentração
de sólidos dissolvidos (aumento da agressividade) com o aumento ð,a vazãó,:ë::resposta
direta do tempo menor de residência das águas de vazões altas, derido.ao'aùmento da
velocidade de fluxo destas, ao longo dos condutos subterrâneos (Q = i-xÀ,. v :, velocidade,
A = seção média dos condutos).
;

Del'ido a recorrência de anos mais úmidos entre períodos mais seco-s, corno o ano de
1990, com um total anual de 1792 mm de chuva, seguidos por.,13,?0,E4ino.ano de 91, o
período de agressividade do fluxo de água subterrânea para o ano de 91 foi menor que 9
Mas, por outro lado, anos muito úmidos,'como'foi1,o.{!,,,1 ir;'con,'2!00 mm de
meses.
cn*a *ooi, @,AEE, 199Ð, deven refletir peúodos aooois . is' prolongados de
agressividade do fluxo. O período de 9 meses de agressividade em relaç,ão à calcita por,ano
198

A - Ressurgênci a do Sistema Pérol as-Santana


€t .6
s
ø.2
Zer\a
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-4.2
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- zC,C 400 600

B - Ressurgênci a do Si stema Pérol as- S antana


1.6

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C - Percolaçãovadosa em fi ssuras

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YazÅ,tt (Q)-rn3is

Figura 5.1E - Relação enûe ùuezå total e vazão da ressurgência do sistema Pérolas-Santana. Coeficiente de
correlação 4,83. Envoltórias de 90 e 95 7o de probabilidade.

hidrológico, é portanto) uma primeira aproximação da duração do carâter corrosivo da água


associada à ressurgência do sistema Pérolas-Santana. A representatividade estatística desta
duração somente poderá ser testada através de vá,rios anos seguidos de monitoramento da
ressurgência.
A facies de percolação vadosa lenta ao longo de fiszuras (descontinuidades 9m parte
alargadas por dissolução) do maciço'carbonático encaixante da caverna Santana apfgs.enta
variação sazonal dos índices de saturação em calcita e dolomita respectivamente de 0,34 e

0,66. Estes valores são praticamente a metade da amplitude sazonal de SIc e, SId da.'
'':.: :. : I
percolação rápida em condutos acima descrita. , ,.:j:
".,,..
rr :.,

A percolação vadosa lenta em fissuras apresentou-se saturada a super-saturada em


relação a calcita durante todo período monitorado e, insaturada em relação a dolomila {fig'.
5.17c), o que evidencia o potencial constante desta água em precipitat calirtar,rsendo Oue
sua capacidade corrosiva está limitada aos horizontes superiores do maciço carbonático Na
curva de variação dos índices de saturação com o tempo, nota-se que no, p,eríodo,

compreendido entre agosto de 90 e fevereiro de 91 esta água apresentou saturagão f¡férior


ao período de maio de 91 a janeiro de 92 (fig 5 17c). Estes dois períodos de ¡aturaÇão.
contrastante correspondem também a fases com distintas intensidades de recarga
pluviométrica (fig 5.5). O primeiro período corresponde à pluviosidade maior e saturação
menor,enquantoosegundo,refletepluviosidademenoresaturaçãomaior'
Comf'arando a curva de variação com o tempo do índice de qaquração da,ág¡¡a,de
pe,rgolleã,9,vadosa,9,{n,fissutes cpm aqlela da, vazão da,ress¡rr"g.,Qn91u, qpt ,,!..TPo,,(!91
5.17b e 5.17c), nota-se que a partir do dia3l2l9l iniciou-se um-a,fase,{e,i,n1ensa,,re.cqga,do
llaquífero-(au:mento da, vazãd'que perdurou æé meados,aim, g.sói'(f,g.'5-17b), caindo
200

rapidamente em seguida até l9l5l9l. Esta fase de recarga do sistema foi acompanhada:pelo ,

incremento cogstante da saturação em calcita e dolomita da água de percolação lenta que


ressurge em gotejamentos na caverna, até o ponto de amostragem do dia- l9l5/91 (fig
5,17c), a partir do qual, ocorreu-,o.decréscirno da concentração de sólidos dissolvidos nestes
gotejamentos até julho de 91.
A variação acima descrita representa um exemplo didático de como o mecanismo,de
recarga do aqüífero condiciona a variação do quimismo da água de percolação lenta no
maciço rochoso carbonático. Interpreta-se que o crescimento da vazáo do sistema (fase,de
chuvas intensas) em paralelo à concentração em Ca e Mg do gotejamento na caverna,é
causado pela expulsão da água de percolação vadosa lenta que tinha sido acumulada na rede
de fissuras e capilares durante a fase de recarga anterior. Com o início das chuvas intensas,
uma nova frente de água é injetada no maciço rochoso, aumentando a pressão sobre a água
retida no fi.ssuramento menor, o-que causa a expulsão desta água mais antiga e a
substituição desta pela nova frente de infiltração. Esta água em expulsão possui alta
concentração (saturação em carbonatos) de sólidos dissolvidos devido ao tempo maior de
A substituição da água acumulada anteriormente perdura
residência no maciço carbonático.
por cerca de 2 meses (312 al9l5l9l, fig 5.17c). Logo após o escoamento desta água mais
saturada, o índice de saturação do gotejamento decresce rapidamente. Atribui-se esta queda
da concentração em Ca e Mg à chegada no nível da caverna da frente do novo pulso de
água injetada pelo último evento de recarga do maciço fissurado. Com a interrupção da
recarga pluviométrica (em 713191) e escoamento da parte inicial do pulso de recarga através
do fissuramento mais aberto e bem interconectado (fase de queda do índice de saturação
entre l9l5 e 2017191, frg 5.17c), os gotejamentos começam a ser alimentados pelo
escoamento relativamente mais lento a partir das fissuras menores e capilares, nos quais, a
água tem residencia mais prolongada, causando uma nova fase ascendente da saturação em
calcita e dolomita do gotejamento na caverna (a partir do dia 2017191, fig 5.17c).
Conforme citado anteriormente, a in-filtração vadosa em fissuras perde sua
capacidade corrosiva de minerais carbonáticos no horizonte superior do maciço calcário
(alguns metros abaixo da zona epicárstica onde evolui em sistema fechado com relação ao
CO2, segundo Williams, 1985). Esta água de infiltração é responsável pelo rebaixamento
geral da superficie de bacias poligonais fechadas através da dissolução de calcita e dolomita
principalmente na zona epicárstica. Após percolar na vertical pelo maciço rochoso (no caso
da cav, Santana, entre 100 e 250m) com quase desprezível e localizada atividade de
dissolução (p ex reativação da agressividade da água em relação a calcita através da
corrosão de mistura), esta fácies hidroquímica é responsável pela atividade construtiva de
depósitos secundários de calcita (e secundariamente de aragonita) em espaços vazios no
interior do maciço, principalmente ao atingir a rede de condutos de origem freática ou
vadosa, expostos acima do nível d'água.
Esta infiltração supersaturada em equilíbrio com alta PCO2, ao encontrar a fácies de
percolação profunda em condutos, tamtém saturada, mas com PC,O2 infetior, fornece
I ... . .. l
'

' .: . .'
201

condições localizadas para o fenômeno da corrosão de mistura (conforme analisado no'item


4.3.3.2), contribuindo assim na inieiação e ampliação de condutos freáticos.

5.4.3 Taxa de denudação química da bacia do sistema Pérolas-santana


A taxa de denudação de,terrenos cársticos por dissolução (ou simplesmente taxa de
denudação cárstica) é definida como a perda média de massa em solução de bacias de
drenagem sobre rochas earbonáticas (White, 1984), representando a taxa de rebaixamento
da superficie do relevo cárstico em função do intemperismo e erosão'
Embora a erosão química de terrenos carbonáticos ocorre tanto em superficie como
em subsuperficie, as taxas de denudação são expressas, por convenção, pelo equivalente em
espessura de rocha removida por unidade de tempo ao longo de uma superficie horizontal.
As unidades mais freqüentemente utilizaclas são milímetros removidos por mil anos (mm/ka,
oncle ka: l000anos), o que equivale tarnbém a m3lkm2xano (Ford e Williams, 1989).
As primeiras estimativas quantitativas da denudação química de terrenos cársticos
foram obtidas por Corbel (1959), através de sua clássica expressão:
x =4ET
100
onde Xé ataxa de erosão química (mm/ka), E é a pluviosidade anual em decímetros na ârea
cárstica (dm/ano) e Z corresponde a rnédia anual da dureza total (em mg/l equivalentes a
CaCO3) do escoamento da bacia.


^õ3
(()

o
ri?

1æ 110 L?g

Dureza'fotat mgl e quival ente CaCQ


Figura S.l9 - Distribuição de freqüência das aná{ises de dureza-total (mgll equivaleltes'a
julho rde
CaCq) da ressurgência da caverna Santana para o período de junho de 1990 a
:97,34 mg/I, coeficiente de variação :8,80/o' Os,três
1991. Total de23 amostras, média
grupos de freqi,iência correspondem aos regimes de' vazão alta, média e b9.i.î'
i".p.airru-"nte;: da esquerda'pæan'direita-
202

Considerando uma pluviosidade de ,1600 mm (16 dm) sobre a bacia do sistema,r.


Pérolas-Santana (média dos últimos l7 anos da pluviosidade medida no pluviomêtro do
bairro da Serra, DAEE, 1992) e dureza total média anual da ressurgência do sistema de :
97,34 mg equiv. a CaCO3 (fig 5,19), obtém-se uma taxa de denudação X = 62,3 rnm/xa,
através da equação de Corbel'(1959):
Trabalhos posteriores, çomo os de Williams (1963), Pulina (1972) e Drake e Ford
(1973), consideraram a equação de Corbel demasiadamente simplificada, sendo que as taxas
de denudação cárstica obtidas através desta, seriam superestimadas. O caráter simplificado
seria decorrente clo fato da equação de Corbel não considerar a fraçio da dureza total
gerada pela porção da bacia sobre rochas não carbonáticas e, introduzida no escoamento
final da bacia, além da perda de parte da precipitação sobre a bacia, através da
evapotranspiração, o que acaba reduzindo o volume escoado pela bacia, em relagão ao
volume total de precipitação (IMhite, 1984).
Examinando os fatores acima apontados, Pulina (1972) propôs a equação:

,P -
Ta)Q
Dm=rr.u(T
onde Dm é a taxa de denudação média da bacia cárstica (mmlha), T é a média anual da
dureza total do escoamento da bacia (mg/l equiv. a CaCOt), Ta é a dureza total do
escoamento alogênico introduzido no sistema cárstico mas captado sobre a porção não
carbonática da bacia, Q é avazio média anual do sistema (m:/s) e P a area total da bacia de
captação do sistema (km2)
Através da equação de Pulina (1972) obteve-se uma tæ<a de denudação média Dm =
21,1 mm/ka para a bacia do sistema Pérolas-Santana, com T : 97 ,34 mg/l equiv. a CaCO3,
Ta : 13 rng/l equiv. a CaCO3 (valor médio da dureza total de córregos alogênicos, tabela
5 5),9 = 0,504 m3/s ltabela 5.2) e P :25,4 km2 (área total de captação da bacia obtida
pelo balanço hídrico do sistema, item 5.2.3).
Smith e Atkinson (1976) apresentaram uma analise crítica dos resultados publicados
até. 1975 sobre a relação entre as taxas de denudação química de terrenos cársticos em
diferentes condições climáticas. Concluíram que o volume de escoamento (ou precipitação)
é o fator que mais influencia as taxas de denudação, em detrimento da temperatura,
conforme postulado anteriormente por Corbel (1959) e outros. Com relação ao clima,
mostraram que a denudação cârstica de zonas árticas a sub-árticas é inferior e facilmente
distinguível da taxa de denudação de áreas cársticas temperadas e tropicais, enquanto que
entre estas duas últimas zonas climáticas, as taxas de denudação química sâo dificilmente '

diferenciadas.
Smith e Atkinson (1976) propuseram calcular a taxa de denudação cárstica"(X)
através da expressão:
u-A. T I
"- A lo6r n
onde þ é o volume médio anual,de âgua,escoada pela bacia, em m],/ano, {é,a dur.eza total.
,,médìa deste esiòd¿;ó, ¿quil-'.u caco3), r e a densldadè:inédia'¡a,i@i?rto l..,
203

em g/cm3, ,4 é hrea total em kmz da bacia e n t fração desta årea ocupada por röchas
c¿¡bonáticas.
Aplicando a equação de Smith e Atkinson (1976) aos dados da bacia Pérolas-
Santan4 obteve-se uma taxa de denudação de 35,3 mm/ka ou m3lkm2xano, através
dos

valores de Q 16.997.796,02 m3lano, volume escoado pela ressurgência do sistema:para


o
=
período de jun. de 90 a jun. de 9l (tabela 5.8), f
:97,34 mg/l eguiv' a CaCO3,t'=2,60
metacalcâçios da área de estudo, a.: 25,4k# e n
&/"^3,densidade média adotada pafa os
: 0,71, consideranclo que do total da area de captação da bacia" no,mínimo 7,4km2'.são de
captação alogênic4 o que rezulta em no mâximo l8 km2 de captação'ãutlogênica srpo{tanto,

\Mhite (1984) confirma a dependência direta da


,r*a'...'drtà;o óa.#"n,'¿n-
volume de precipitação e, conseqüentemente, do escoaniento'fr'a1iidti',9 elo,';ist!,.f.?¡'
efetrvo,(Pr
Flotando as taxas de denudaç ão dediversas áreas do mundo ver¡us o e.s,gòamento
poito,siattlYés de uma.
-,Ev) destas bacias cârsticas (fig 5.20), obteve um melhor ajuste,dbs :..i.'i.:
regressão finear com 12 :0,92, cuja expressão é:
| - . . :r. . ,. ,:t;: r ì:,r:'..i 1.,,. ..1 ,,a.,. . ,

D = 0,049( P,.- Ev)+'6,3 ',' '-,' ¡ " ;:'1:.,,"1-''.'1 ''1 .'' "',ì...rr t ,''.
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^0 200' lt
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t-o
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0.4{r:
robo l5ôo 2ooo 25oo 3ooo
(Ev),mm
Precipiloçõo (P) - Evopotronspiroçõo

Figura5.20-Tæiasdedenudaçãocársticr(D)emfunçãod",o1^".T1111"'.efetr':yqou.
(1984). os pontos plotadgs rgrrim.'e {ol
ssc,samento da bacia (P -Ev), segundo white
á. l- Ártico "*"¿.À., Smitn (1SOZ¡; 2 e 3- Polônia Glazek e
Mækpvicz-Lo.hinovicz
Irlandl.\Ttltams 6l:,814se a,
(1e73); 4- west vrrsma EU,\ oe¿"" (1982); s- Íl?63):
Gl-tk-t,rY1ko1cz'I-ohinivicz
Markovicz, et. at. 76izi; z- rntootaonas Tatrg Polônia
(1973); B- Nova zàrao¿ii Williams .îo*rite QgTg\"g-'Noia'Z'äâ¡diq"Gu¡¡' ?.Ûll);
-é'R''Æto Ribeira'
10, Belize, Miller (1982); Il-Gunung Mulu, Molá,ia,'sweetins''{
Brasil, potrto calculado no presente trabalho'

A bacia, Pérolas-s*t*u, com, (P'E') t'tAòtia{t19.0


-t'a -i
.
ao;e p14a (fig 5 20)' A'
perfeitamente neste,alinhamenió; càm uma@-aç'oénudaçao D,=
-rä

204

pluviosidade (P) baseia-se na média dos últimos 17 anos (1600 mm) medida no pluviômetro
do bairro da Serra (DAEE, 1992). Aevapotranspiração (Ev) utilizada no cálculo æima
(900 mrn) corresponde à média dos valores da &ea de estudo, que variam ent¡e 800 e 1000
mm.
White (op. cit.), aprofundou a análise da questão clássica sobre a dependência
climática da taxa de evolução de relevos cársticos. Partindo da premissa de que a itgaa
injetacla no maciço carbonático, tanto através de infiltração difusa após percolar o solo,
conio por infiltração concentrada em fundos de dolinas ou, através de sumidouros em vales
cegos, atinge o equilíbriio com a rocha carbonática, White propôs o cálculo de uma taxa de
denudação teórica, atrar'és de uma equação que envolve as três variáveis climáticas
fundarnentais: temperatura, pressão de CO2 no solo e precipitação, conforme segue abaixo:

ffiff")''' r,or'' (r - n )
3
Dmar =

Esta texa de denudação teórica é máxima (Dmæc) pois representa o limite superior
do equilíbrio químico entre minerais carbonáticos e a árgua, onde o escoamento total da
bacia (P - ÉÌv) está saturado e equilibrado com a temperatura local e a pressão de CO2 do
ambiente de dissolução. A influência da temperatura sobre a denudação está embutida na
dependência das constantes de equilíbrio da temperatura'
Com a equação acima obteve-se uma previsão teórica de Dmæ: 49,1mm/ka para a
bacia Pérolas-Santana. Para tal, adotaram-se as constantes de equilíbrio das reações
principais envolviclas na dissolução de calcita, tabeladas por Plummer e Busenberg (1982)
para 20oC, conforme especificado abaixo:
CaCQç,o¡¡ s CaTjø+COa;ù K. = lQ-8'45

H2O+COz@q)=H2CO3 KCO, : 16-1'41

H+ K1 = lQ-6'38
FIyCO3 3 HCO; +
"
HCO;ïCO;- + H+ K2: lQ-10,38

Como densidade do metacalcário (p) utilizou-se 2,6 glcm3. Quanto à pressão parcial de
CO2 do solo seguiu-se o valor calculado ¿s 16-1,?54 atm. pela expressão de Brook et ,al,
(1983), conf'orme descrito no item 5.3.4
por último, determinou-se um valor da taxa de denudação da bacia do sistema
pérolas-santana através do cáLlculo do total de massa equivalente a CaCO3 removida,pelo,

sistema de drenagem em um ano hidrológico, ao longo do qual, monitorou-se o volume


escoado e sua dureza total. O método proposto aqui fundamenta-se nos trabalhos de
Drake

e Ford (Ig73) e ogden (1gg2). Diferencia-se destes, pelo fato de ser


aplicável a bacias cory

captaçã. mista alogênica e autogênica, devido à inclusão de um termo na fórm¡la, de


cálculo da taxa, que subtrai a contribuição em massa de carbonatos de origem alogênica-
Propõe-se a seguinte equação para calculaf ataxa dq denr¡.daç4Q:,9ui*9u
(Dq\ da,
205

(Ër..ì- @ r^)
rq=lr-f-_- 1o{
+ ¿,
onde ,='l+
.al e p=þ.Ao

Ðevido ao fato da dureza total (Z em mgll equiv. a CaCO3) do escoamento da bacia


na ressurgência do sistema variar na razão exponencial inversamente proporcional à vazio
(Q em m3ls¡, conforme é visualizado pela tabela 5.7 e figura 5.20, mas, por outro lado, o
fluxo instantâneo de sólidos^dissolvidos (Q.T em g/s, tabela 5.7) variar na razdo linear
diret¿rmente proporcional à vazão (p) deste sistema (fig 5 21), subdividiu-se a curva geral
óa v'azão do sistema versus o tempo em períodos de vazão alta, média e baixa, nos quais se
dispunha de análises de dureza total. Esta subdivisão teve como objetivo relacionar cada
períorJo de regime de vaz,ão com sua dureza total média (7), em função da variação aci¡ca
(p versus
apontacla (tabela 5.8). Cada um destes segfnentos da curva de vazão instantânea
tempo, fig 5 3) foi integrzrdo graficamente para obter o volume (l'n, m3) total de água
escoada em cada período ru (tabela 5 8). Através do produto entre 1", e T de cada período e

a somatóda destes, obteve-se a massa total equivalente a CaCO3 removida em solução da


bacia (termo 2V, T da equação acima, em g/ano). Deste total de sólidos dissolvidos
escoaclos pela ressurgência deve-se subtrair a massa equivalente a CaCO3 de origem
alogênica e introduzida no sistema cárstico através do volume de água coletada sobre a área
de captagão alogênica do sistema (ternio P.T" da equação acima). A quantificação exata
deste tenno depende da demarcação precisa da átrea de captação alogênica, pois a variável
P da equa.ção acima é obtida pelo produto entre a pluviosidade (p) e a ârea de captação
alogênica (Ao) do sistema. No caso da bacia do sistema estudado. a demarcação exata de
Ao não foi possível, sabendo-se até o estágio atual deste trabalho, que esta áiea
corresponde no mínimo a7,4 km2 (ver discussão do balanço hídrico e ârea de captação.do
sistema, rtem5.2.3). Aprecipitação (p) na ârea durante o período considerado (1116190 a
18/6/91) fbi de 1583,9 ffrm, o que sobre afueade7,4 km2 perfaz 11.721.600 m3. A dureza
total média cleste escoamento alogênico (T) injetado no sistema cárstico é de 13 mg/l
equiv. a CaCO3 (tabela 5.5), o que resulta em 152.380 800 g equivalentes'a CaCO3,.os
quais foram subtraíclos do total de sólidos dissolvidos escoados (tabela 5.8) para obtenção
do fluxo de massa (1.455.858 3319 equivalentes a CaCO3) efetivamente originado,no
maciço carbonático. Devido à impossibilidade de demarcação total da ârea alogênþp;reste
valor do fluxo de massa no período considerado deve ser ligeiramente inferior ao utiliÉàdo
no presente cálculo da denudação. A massa total equivalente a CaCO3 escoada pela bacia
sobre a densidade (d) de 2,6 glcm3 considerada para os metacalcários da área, resulta,,no
volume de 559,946 m3/ano de rocha carbonática removida em solução. Distribuindol este
volume sobre a area total de captação da bacia (A : 25,4 km2¡ obteve-se a taxa de
rienudação aparente clo sistema cár.rstico (D:22,1 mm/ka), pois e-sta.repr qqnta,a,rem,,
rle carbonatos por ¡clissolução incluqivg sobre .a,ár9a- alo9.9g9a
:'corrigida ;8s,,,9.1g,+.fp.il9,n!9,,{eWlser
pelo fator ¡UC (*"*.mante ao fator l/n,dre_Smrth e,At$d!#Ofr,iaräobtenCão,
206

da tara real de denudação quírnica (Dq) C e a razio entre a área de captaçáo autogênica
(no caso l8 km2) e a área topl da bacia (A) Desta maneira restringe-se a denudação
quínúca à fração da bacia ocupada por rochas carbonáticas. Obteve-se assim,¡um valor final
de Dq : 31,1 mm,/ka para o sistema cáL¡stico Pérolas-Santana.

Ilata de Dureza Yazã.o, Fluxo de


amostragem total T, Qmtls sólidos
mgll dissolvidos,2iO
sJ s
29/06t90 106.1 0,305 32.36
13/08/90 99.3 0.33',7 33.46
08/09/90 )
q'7 0 510 49.6
06/10/90 962 0-313 35.9
04/11/90 101.8 0.389 39.6
0s/12t90 88,9 0.506 45.0
04/0t/91 89.8 0.59',7 53.6
03/0219r 9'1.5 0.429 41.8
0'7/03/9r 80.5 I,581 t2'7.3
19/05/9t 100.s 0.430 43 24
l8/06/91 109.9 0.3 54 38.9

'Iabela 5.7 - Relação do fluxo de sóiidos dissolvidos (g/s equivalente a CaCO3) em função
clo regirne de vazão da ressurgência do sistema Pérolas-Santana.

Dureza total CaCO¡


Feníodo Volume esc.oadoÍ'n, m média T,mgll removido em solução,
equivalente a V.T,8
CaCO..
Il/06/90 a ï6/01/90 948219.5"i, 106.1 100606090
1610'7190 a 19/08/90 1,42r540-'18 99.3 141 158999.5
l9/08/90 a 12109190 989003.? 91.2 9613 r 159,64
l2l09l9A a 13/10/90 7,+62625.43 96-2 140104566.4
l3/10/90 a 1'7171190 1675014,84 10r.8 1705r6510.7
i'7lrrl90 a 27112/90 2043012:7',7 88.95 18r725985.9
21112190 a 79/01191 t252906.23 89.8 112s10979.5
29l0Il9l a 02103197 I 53 8s78.s6 91 5 15001 1409.6
02103191 a 0310419r 265',7230.28 80-5 2L3907037.5
03104/91 a 05/05/91 1003221,3 I 90 90289917.59
0s/0s/91 a 1510519 1003221.31 100 100322130:7
I 5,/05/91 a 78106197 100322" 1.31 110 I 10354343.7
,,1699'1796,02 m'/ano = 160823913telarLo

Tabeta S.S Relação clos períodos com vazão alta, média e baixa e os totais
-
correspondentes ern volume escoado \p) massa equivalente a CaCO3 removida em
"
soluçãcr {V.T) pelo sistema Pérolas-Santana durante o período monitorado

Após calcular a taxa de denudação cárstica por diferentes método,s,,,obtendo

resultados que oscilam entre 2l e 62 mm/ka (tabela 5 .9), surge a questão, ,de qual resùltádo
t t'--
é mais significativo. , ., l,..','- .'t.,'
201

f.i.fr

(J
rJ :t.fr5
t..). .

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Õ 88
tì 8.4 8.8 l.z 1-6
-
vazao,m /s
3,
F.lgura 5.21 - Vanação da ch¡reza total em função da vazão na ressurgência da caverna
Saitana para o periodo de 29/6/90 a 181619l. Coeficiente de correlação de -0,88 e R2
:
16,8o/o.

,J: 15ø
50

t¿8
.-1
.J: '.,/
-'., 7
-{* a. :/
:"'
')ø
U :

d 2
e

)
,J:

z.
8.4 L.Z

Vazão,mr /s
vazi.o, na
Figura 5"22 - Fluxo cle massa equivalente a ds de CaCO3 em-lrnção
-{a
ressulgôrlcia da cavetna Saff-ana. Coeficiente de córrelação de 0,99 e*:98,9o/o'

A equação de Corbel (1959) não considefa a perda de água por evapoffansp!1ação,


induzindl,aqsi&,llPg
o que resulta num excesso do volume de escoada pela reszurgênci4
é reforçado'pelo
tåxa de deuudação super-estimada em relação à realidade. Este exagero
208

faro des1.e cáiculo oão subtrair o vohime equivalente a CaCO¡ introduzido no sistema no
caso de bacias com parte d.a captação alogênica
No cálculo seg3m,Jc Pulina (1972.), onde a dureza total média do- escoamento
I
ti
alogônica é rfeduzida da concentt'açáo rnédia equivaiente a CaCO¡ da ressurgência, a taxa
I
de denudação cárstica é n¡bestimacla. Isto ocorre porque a subtração direta entre estas
li
.ìi
J conÇerrtraç<5es rilescorrsidera a climinuição da concentração em CaCO¡ da água alogênica ao
esta all'ave$s¿tr o sistema carstico, devido à adição contínua de água ao sistema captada

sçbre o terlerro cárstico. Por exemplo, a dureza total de 13 mg/l medida no escoamento
alogênicc dr: sisteina FéLolas-Santana, será drasticamente diluída até a ressurgência, em
funç:ão dci aumento clo volume de água nesta travessia. A subtração de 13 mgt da
ccnce¡t;:;rc¡ã.a cquivalente CaCLìc na ressurgênci4 acarreta portanlo, uma correção
a
excessi'r'a, reclu¿indo a clureza tc¡tal da ressurgência abaixo do valor real, subestimando
assirn, a taxa tle denuriaç.äro quírnjca.

Método cle T'¿xa de


cálculo ut¡liz*.do denudação Deficiência do método
cárstica,
mrn/Ka
Corùel (1959) 62.3 - Descottsidera a perda por Ev no escoamento da bacia
- Desconsidera adição alogênica de CaCO¡
- Desconsidera variação de T com Q da
lìilina (19?)-) 21.1 - Co¡rsidera a adição atogênica de CaCO¡ mas não a diluição desta
até a ressursência
Surith e Atkínso¡t 'ì{ 1 - Desoonsidera variaSo de T com Q da ressurgência
- f¡esconsidera. em parte, a adição alogênica de
_ _G9rU* -40.6
\&'hile (1984) - Relação empínca entre o escoarnento da bacia e a denudação.
reiação c:nire @-Iiv) - Acaba superestimando a denudação
-""g.$spriüu-4sl*-
wú1e (1984) - Cálculo teórico que considera PCOz do solo constante
Denudação máxima - Desconsidera variat'o de T com Q
- Considera o escoamento saturado em CaCO¡ dwante o ano

Este trabalho I zuo-pièrente cálculo não foi possível determinar a áre¿ total cle

T¿b,ela S.g - Quadro res'umrrlo d¿rs laxas de denudação química calculadas segundo mstodos
diferentes païâ a bacia dc siste'ma Pcrolas-Santana

d) rnétodo de Smith e Atkinson (1976) reresenta um avanço no cálculo :da

denudação cárstica, pois no Çaso de bacias mistas (alogênicas e autogênicas), Gorrige


a

derrudação, ciistribuindo o vohlme de caco¡ removido somente sobre a área carbonâtica'da


cáLlculo incorre
bacia, cleduzindo a fi'ação de área alogônica desta bacia. Por outro lado, este
regimes de
em erïo, pelo fato de não considerar a vanaçia da dvreza total nos diferentes
duièza
vazão rlo sistema, simplificamdo esta variação ao utllnar somente o valor médio da
totalemrelaçãoaovolumetotaldeáguaescoada.
: :' ì'':r:rrr':'''"'"' , 'l'''"
, ,,, l
209

O cálculo da denudação mâxima teórica segundo White (1984), conforme ressaltado


pelo próprio autor, representa um valor relativamente superestimado da denudação, pelo
fato de envolver a premissa de que o escoamento do sistema se mantém saturado em
relação a calcita durante o ano de precipitação considerado, o que não ocore,na,realidade,
conforme foi demonstrado na análise da sazonalidade do SL da vazão do sistema Pérolas-
Santana (item 5.4.2). Fato semelhante ocorre com a pressão de COz, a qual,.ta.rnbém varia
em função de períodos com maior e menor recarga de ágUa no .-,
,,1,', ', solo.
A denudação química obtida através do cálculo proposto neste trabdla'(adepte.n¡o
o método de Ogden, 1982), onde respeita-se a diminuição da dureza to.lalt'd,ò. escoamenlo
em função do aumento da vazão, subtrai-se o volume de carbonato de"õrigern alogênica,
além de abstrair-se a ârea de captação alogênica na distribuição do'.v e",:de carbonato

lixiviado da bacia, deve representar o valor mais próximo da realidaäe;,:,4þesar de ser


ligeiramente superestimado, no caso do sistema Pérolas-Santana, -pelo-fa,! o.1cálculo ter
considerado somente a íreamínima de captação alogênica da bacia. ì r. , ,
i ' i'

Neste quadro geral de resultados obtidos para o sistema:.P.ér9,l ,l$t*u (tabela.,,


5.9), conclui-se que os valores de denudação entre 40 e 62 Sã=qj erestimados, ; ,

enquanto que 2t mm/ka é subestimado. A denudação .. tornu"ae;i,ri:¡$9/k+ al,lender',


representar a média dos extremos calculados, é considerada também,,como a maiq'p¡9.9,t!ai,-..,
devido ao método de cálculo utilizado. Deve-se lembrar aindá;,.qugio yalor de"DiQ-:'3I:,,r1';,',
mm/ka insere um erro de até 20% (Dq: 31,lt 6 mm/ka), em,füngãó,,,.do.s,9rros,.4culnuladbi
:

:- :' : .' '


' ,1.'

nas medições de vazÃo (-lO%), nas anárlises químicas C57')_ètnà:.medição Ca'!.,.: ot,,.9....e;

captagão da bacia (-5%). ,, I -,,"¡*i$,


,i ,, .i ',,, '
Comparando a taxa de denudação cárstica obtida atravéS.a-ó.ba*ço de massa:de r.. ì:

rocha carbonática removida em solução (entre 2l e 62maitae øia de 31,1 mmlkalgf,:


i:;li'.:

a taxa mádma de entalhamento vertical de condutos vadosoi,.calcul através da d{ffi.'.


de níveis fluviais subterrâneos (entre 29 e 54 mmlka, eoq:'o,;i,lo'i dio de 42 @ka', '

tabela 4.8), nota-se que ambos resultados variam nu rn.tøóià'èþ.,


: :r:i. . ì.. r:ì
'gandeza. ,,,,:.,
::j j:.:: i::.rì

Esta semelhança representa uma confirmaçao aores"liàdå$ o mesmo fti,.oÞ


o.

através de métodos completamente distintos.


Suporta também, o ponto de vista expresso .t
G.t.oy*' Ford e Schryarø:(19.83)
qrr".u
de que a região de máxima dissolução de rocha carbsnátida,,éiâiab rdo solo;,,¡e..}dQ

mesma velocidade com que a dissolução entalha os


L¿{rlLO a
tanto desumidouros
íryua Utr
A ABUA alogênicos vvuv
ùtlüllLl\rl¡¡Lrù orvéeuvvù água c.ol'þ!
como *a sÞee
' -'ã'¡ffi¿*'¿$E;uiffi
co,¡dùto.Ð. so.,,, ncl¡-,,.q..¡
Y,v.1Yl*Yif.:i- ---¡r-:--:::
: :.;,,, -,...1'tutoti',r,. .,t.,
15.:¡l_'::.'r,..i::,:r:,:...'::,., ,

':;l:lì : r:'
,,,:

5.5 Conclusões ,ii..*i:ir:.,.,..11',


,,,.1i;ifj+¡¡i.ri¡ffi:,
A ressurgência cárstica do sistema de drenagem$err,1¡r,9 ,t.:dt+!,ï.'..!$iuor_".
tipo fluxo totat permanente (full ftow, classificação de Worthipgt!¡+ fæt¡,',on4e,.,,;;p.''{i/..9e,
coltl
vazáo total .anual, Çoresponde a escoamento básico e 1'7;197o,ao lscoamentg'' diteto,'
,,,. -:¡., : .l ' : . . ,. :.jt:
..:::. i:..'.:
: i':_.- ;
Qx(vazãolm.a m1-)lQn(vazão mínima) = 19,7 pæa o ano:'hidrolgqiÔo de
1990-l:f---------------nt

.i.::.jt:r:,i..t:a
2to

A anáLlise dos coeficientes de recessão do escoamento básico (sobre períodos de,até,


32 dias sem recarga) do sistèma.,Pérolas-Santana, permitiu classificar sua ressurgência
(classificação de Milanovic, t9X6),como sendo associada a um aqüífero cárstico com alto
grau de fissuramento interconectado, responsável pelo acumulo de um grande volume de
água freática, a qual é lentamente drenada em épocas de estiagem
Ainda segundo a classificação de Worthingfon (1991), o monitoramento hidrológico
permitiu confirmar o carëiiêi'altamente carstificado do aqüífero, classificando-se a

ressurgência como do sub-tipo gaining-underflow (sistema com suplementação de água por


um sistema I'izinho de drenagem subterrânea), com base nas características de deflúvio do
sistema.
Através do balanço hídrico do sistema Pérolas-Santana concluiu-se que a área de
captação da bacia do sistema definida pelos divisores topográ.ficos (14,8 km2) é insuficiente
para alimentar a vazão medida na ressurgência. Estabeleceu-se uma área de captação de
25,4 kmz, dos quais 9,6 km2 pertencem a íxea de captação do sistema vizinho (sistema
Grilo). Comprovou-se assim, uma conexão subterrânea entre sistemas cárrsticos vizinhos, os
quais, através de uma análise da drenagem superficial, seriam independentes.
Os resultados das aná,lises químicas e dos parâmetros hidroquímicos calculados
associados aos diferentes ambientes hidráulicos de circulação das águas coletadas ao longo
dos sistemas cársticos Pérolas-Santana e Temimina-Pescari4 permitiram diferenciar as
seguintes fäcies hidroquímicas: escoamento superficial alogênico, escoamento superficial
fluviocárstico, percolação autogênica vadosa em fissuras, percolação autogênica vadosa em
condutos, circulagão freática em condutos profundos e escoamento de ressurgências
cársticas, cada uma caractenzada pela sua dureza total (em mg/l equivalentes a CaCO3),
alcalinidade (mg/l de HCO¡), pH, pressão parcial de COz e índices de saturação em calcita e

dolomita.
Em função desta diferenciação de fácies hidroquímicas foi possível traçar uma
evolução geoquímica das águas ao longo das rotas de fluxo da água no sistema cárstico em
ambiente subtropical úmido.
Com base nas características hidroquímicas, concluiu-se que o sistema ciírstico
Pérolas-saotana, amostra representativa do carste do Alto Ribeira, tem sua evolução
controlada pela ação de água meteórica enriquecida em ácido carbônico no solo e horizonte
epicarstico, onde as reações do sistema CaCO¡ + HzO + COz controlam essencialmente a
carstificação. Localmente na zona vadosa, e principalmente em rotas de circulação mais
profundas, a carstificação pelo ácido carbônico é reduzida e provavelmente acompanhada
por um incremento da capacidade corrosiva da água pela ação de ácido sulftrrico produzido
pela oxidação de sulfetos (pirita) disseminados em certos estratos da rocha'metacalcária.
Esta ação é evidenciada pela presença de SO¿ na íryta profunda e sulfatos como gipsita em
cavernas vadosas.
A identificação da fäcies de circulação freática profunda, com temperatura média

anual de 20$eC em contraste com 18"C da água superficial, confirmou, a previsão.,,do


mo'delo.,r.ôe.¡tp¡Qfundidades de condutos, segundo o qual, estma-seique.','os,,çondutos
t
,,i ,,.
r,,..
," ,'.,',.-ìit,..,;'.,,.,,,,: ,,..;.r,'.'
.'.,-.''.,¡-l,i'ri-1.i1.,,..":...
2tt

associados à rota de fluxo 9....1*1 subteùânea atingem máximos de 200 a 350 m de


l:.: ìr i. :
!]":tr
protundidade abaixo do ¡ívelidiá$â;'
Com relação à dinâmica atual do sistema cárstico, concluiu-s-e que a fácies
hidroquímica de ressurgênqiä;4ii:esentæse corrosiva em relação à calcita por cerca de 9
meses por ano hidrológi Ì:lConftrmando um comportamento sazonal semelhante às
nascentes cársticas importdi* def outras áreas, em climas desde tropicais à subfu-ticos,
conforme Ford e Williamsl"(' 9):'A percolação vadosa lenta em fissuras, por outro lado,
apresenta-se saturada em.calèite ao longo de todo ano hidrológico. A partir da sazonalidade
química do gotejamentor,em cavernas vadosas, determinou-se que a substituição' dal
infiltração lenta em fissur¿S'äa,zoîa vadosa, em função de eventos de recarga do aqüífero '

envolve cerca de 2 mesestici'sistema Pérolas-Santana.


4 di¡¡âmica atuali,dcii'sistema carstico Pérolas-Santana é expressa sintéticamente'
através da tæra de rebaixamento da superficie epicarstica em torno de 31,1 t 6 mrn/ka, a

qual, é semelhante a taxa de entalhamento fluvial do leito de condutos vadosos, tambémr'


determinada neste trabalho.
A taxa de denudação cárstica determinada para a bacia do sistema Pérolas-Santana, :

amostra representativa de um sistema cárstico de clima subtropical ilmido, confirma asr:


conclusões de Smith e Atkinson (1976), Ogden (1982) e'White (1984), de que as taras de
evolução entre terïenos cársticos temperados e tropicais (com algumas excessões como o
carste de Gunong Mulu, Malásia) são dificilmente distinguíveis, sendo consideradas
semelhantes, dependendo essencialmente da taxa pluviométrica das áreas.

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CAPITULO 6
- CONSTDERAÇOES FII{AIS

Os trabalhos aqui desenvobidos, sobre uma área de amostragem do alto vale do rio
Ribeira de lgu.ape, permitiram,ao autor, obter uma visão ampla sob o ponfo de vista
geocientífico, do carste comor sistema de relevo e dos principais processos envolvidos na
evolução geomórfiea e hidrogeológica desta categoria de paisagem natural.
Através.,,da cartografia e.análise morfométrica das formas de relevo, foi possível
distinguir diversas unidades',morfológicas de relevo, cada qual, associada a um estágio
evolutivo distinto:da superficie.cárstica. Esta evolução da paisagem cárstica é marcada pela
transição entre. a paisageri fluvial para a de carste poligonal, em função do aumento
gradativo da per.meabilidade,':secundária nas rochas carbonáticas, através da instalação de
sistemas de cavernas. . ,:,' ,1, :, ,:

A integfação:;:entre;a anárlise,de relevo e os estudos geoespeleológicos, mostrou que


a zona de carste;poligonal "mais desenvolvida reflete a presença preferencial de condutos
associados à',,sistema.s:de:caVèrnas em profundidades de até 200m abaixo da superficie. Um
dos resultados,.maisr.significativos,obtido através da integração do estudo do relevo e da
evolução de,.,sistemâs, de:.caver¡as é a estimativa da idade de vales fluviais adjacentes a
canyons subtèrrânêos:rEsta idade:foi obtida através da geocronologia (pelo método Th/U)
de calcita secundáriàrdepositada,sobre níveis fluviais antigos ao longo de cønyons vadosos
subterrâneos e;.dap,osterior,oorrelação entre ataxa, de entalhamento fluvial subterrâneo e a
taxa de rebaixamçntoi,érosivo,,de leitos fluviais externos. Desta maneira, propõe-se neste
trabalho, uma¡idade¡4ínirq4,de. 6:;: Ma para o vale do rio Betari, junto a ítrea carbonática
encaixante do,..5l5p6a:de,cavernas Pérolas-Santana. Este resultado, além de quantificar a
velocidade de;:,entalhamento ,do relevo, contribui para o esclarecimento da evolução
geomorfológica regional, atfavés da obtenção de uma idade mínima entre 24 e 13 Ma para o
início do entalhamento.,daisuperficie de erosão Japi (definida originalmente por dlmeida,
1964), caraçteinzadâna área'de,estudo, pelo nivelamento das cristas entre as,cotas de,900,a
I100 m.
O mapeamento morfológico e geológico de fragmentos acessíveis de'sistemas de
'
cavernas, revelou,,ser, uma.ferrarnenta valios a para decifrar a história espeleogenética,de
aqüíferos cársticos. Através deste mapeamento foi possível relacionar os padrões
morfológicos,,definidos em planta, em seções longitudinais e transversais, com-ia estrutura
(padrão de fraturamento superposto ao ângulo de mergulho do acamamento:e variabilidade
da direção deste) da,,,rocha ca¡bonática hospedeira das cavernas. Forneceu,também, os
elementos fundamentais para, definir os fatores condicionantes da iniciação de proto-
cavernas no carste estudado þroto-condutos guiados principalmente ,pela intersecção de
fraturas longas sobre planos de estratificação do metacalcário).
Adaptando os modelos atuais de espeleogênese (sintetizados em Ford e Williams,
1989 e Worthingtoa 1991) aos dados obtidos neste,trabalho,, elaborou-se uma seqüência
evolutiva da espeleogênese do sistema de cavernas,Pérolas=Santanar desde a fase de pré-
2t3

iniciação até a fase de desenvolvimento avançado, atualmenfe observada. Neste quadro


evolutivo, foi possível apresentar idades (apesar de preliminares) das etapas do processo'
Este procedimento poderá servir de base metodológica para ser aplicada em outros
sistemas
com
de cavernas do Alto Ribeira e, principalmente, em outras áreas cársticas brasileiras,
situações geomorfiológicas e tectônicas diferentes, detalhando e/ou reformulando
os

conceitos e o modelo evolutivo de aqüíferos cársticos, proposto neste trabalho'


Especialmente com relação à., geocronologia de calcita, método neste trabalho
apenas

iniciado de forma preliminar; múito campo de pesquisa é previsto' com o objetivo


de

integrar os dados de evolução de iavernas com estudos da dinâmica erosiva


externa.
quaternários (e
Espera-se contribuir assim;:na,cronologia de eventos e processos tectônicos
por extrapolação, até terciários) envolvidos na modelagem das paisagens cársticas e'
por

correlação, de terrenos não cársticos adjacentes'


condutos'
Um dos produtos mais importantes obtidos com a aná'lise morfológica dos
aliada ao levantamento da geologia estrutural da rocha encaixante e da
distância entre

sumidouros e ressurgências, foi a confirmação e adaptação' para a area


de estudo' do
do local de
método de Worthington (1991), no sentido de contribuir na previsibilidade
carbonáticas. Desta
ocorrência e da provâvel profundidade de condutos carsticos em rochas
de sistemas de
maneira, este trabalho representa o início do estudo geológico sistemático
cavernas no Brasil, com o objetivo geral de contribuir na aplicação
no Brasil, a médio
que é
prazo,da questão clássica da geoespeleologia e geomorfologia de terrenos cársticos,
através da observação
a de prever a ocorrência de fenômenos Çomo cavernas (não evidentes
Esta possibilidade
da drenagem superficial) e zonas potenciais de subsidência catastrófica.
áreas cársticas, assim
de previsão deverá contribuir no planejamento do uso e ocupação de
como, na orientação da exploração de aqüíferos cársticos.
O monitoramento hidrológico e hidroquímico do sistema cárstico Pérolas-Santana,
principal, o
típico da região do alto vale do rio Ribeira de lguape, teve como resultado
cárstica associada ao sistema
cáilculo da taxa de denudação química da bacia de drenagem
de cavernas. O valor obtido de 31,1 + 6 mrn/1000anos representa
o primeiro exemplo
em ambiente subtropical
quantitativo da dinâmica de rebaixamento da superficie carbonática
contribuição para o quadro
úmido da América do sul. Este resultado é uma importante
distintos' a nível
comparativo da dinâmica erosiva de sistemas cáLrsticos, em ambientes
mundial.
para a abertura de um vasto
O presente trabalho representa apenas o primeiro passo
potencial de aplicação prâtica no manejo
campo de pesquisas, tanto acadêmicas, como com
por exemplo' pesquisas
de âreas cársticas e seus aqüíferos. Na area da geoespeleologia,
fatores geológicos, estruturais e
futuras deverão ser concentradas no tema relativo aos
com o objetivo de refinar o modelo
hidrotógicos, condicionantes de sistemas de cavernas'
de previsão de ocorrência de condutos. No campo da hidrolo
ga e hidrogeologia de
de bacias deverão ser monitoradas.!1an1o
aqüíferos cârsticos, um número mais significativo
brasileiraÐ, no sel.t¡9ir d9
no cafste do vale do Ribeira como em outras áreas cársticas
apnmgrar as tgcnicas de demarcação dos sistemas de
drenagem.-"ffia e de ávaliäØo
2t4

dos volumes de água armazenada e transmitida por aqüíferos cârsticos.


O monitoramento
hidrológico e hidroquímico de nascentes e ressurgências cáLrsticas deverá ser aliado à
ensaios com traçadores (por exemplo, corantes), o que desenvolverâ' a
capacidade de
associados' Com
interpretação hidrodinâmica e hidrogeológica dos aqùíferos cársticos
minerais carbonáticos
relação à geoquímica dos processos de dissolução e precipitação de
dos controles fisico-
em ambiente cárstico, investigações deverão ser dirigidas na definição
diagenéticas em
químicos da deposição de minerais secundários e de suas transformações
(aspecto não abordado nesta
cavernas. Inclusive com estudos da sua composição isotópica
tese) associados à geocronologia de calcita secundária, visando a aplicação
destes

geologia quaternária de
resultados, no estudo de flutuações paleoclimáticas recentes e da
geológicas em áreas
terrenos cársticos, seþindo as tendências internacionais das pequisas
cârsticas.
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' ' ' ;¡:'',,'r

Ì: r-: .,,i
do
Anexo 5.2 Exemplo de cáLlculo de vazão pelo método de diluição de sal através
-
programa elaborado por Karmann (1989) em Turbo Pascal ó.0 (profissional).

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il --¡--------'¡---++---_È_

ll e ráf i co Concentr'rcåo X Condrrtrvidad¡'r

0s dados de Ëntrada devenr estar oravados em disco

13 pares de Î elemento(E) no Arran.io' ' "[Jrdenando os

- Ëspecificacöes do Eixo-X - Condr"rtividades


I'lenor condtttividade = 185
I'laior condtttividade = 251
l'lirnrers de r,arcas PrirrÁriaE c, Ei xur-X ?

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A eer"racào lrnear valc' y= u,tlLrllu/¿{ó-¡j/tt x + -ur,kttsqjEJt{;fts7

0r'ioinal 0rioinal Estimado Residltat Yo - Ynr


XYo Ye Yo-Ye
185,ø0 E. ørì0048øB0ag ø.ø488534171? -ø. øtrø853C171'¿ -ø.øgg66qr3q48
18ó.95 E| BBøü7984ø3i ø ,øøø16 I 388s9 -0. øøø8i1 54777 -ø.øBø584i841é
1 88. E9 ø . ø88I 1ç'ó4 1ø8 B.ø4414935?8ó -Ø .øttøçr797 7798 -Ø .8ØØ'-t444 8348
r89.87 0. Bøa1 593ó2S5 ø.øø017314455 -ø.ØØøttt39Bi0ø -ø.sBø58476193
19t.7ó A . ¿'00178ø 53ó2 ø.øØg'769?.8649 8 . Øgøuø87 67 t3 -8.'09ø18ó87[1ß6
I 9é. ó8 Ø . ØØrt7:9 6Ø39 6Ø ø.aøø54124295 Ø .OØØØ'¡47 9óó5 -ø, øÊ'82óBB948B
d tr¿ ¡ JiJ ø . øürì 311:it67:' 6. øR84851 55Ëó g.Øçrtrg78776}9 -ø. BBtl 5þ79773
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?J 8. 11 F.Bø889931574 ø. øBøBó892363 Ø . øØBø3ø3g7t t''' :ø':øç¡,AZl51 91 26

2t5 .89 ø.44r88949416 ø, Bø18óø48751 a . øøøø?8686¿ 5 " Ìt ø ;'øø-øq¡ ¡S¿ç¿g


;34 .6ó ø .Bøt?77831.=.'6 ø.øaL27667687 ø . øøøøør1 54 ó9',ø.:.:ø,,._B.qó 7.37 87 øI
î.4 i .4'¿ ø.6ø14ó435453 B. Bø1492 54624 -ø .øøøØî.8t917 t ..,q:.4ø.BgøB?3øø 5
¡l-.1J. ' ¡l I a.Bø1ó49ÊS917 ø.88168443013 -ø,øøBÉ3534ø96 ø,'sÊ898q96469

LJricinal ûriqinal Estin'ada Residual Yo-Ym 1r1i;lóo


X Yo Ye Yo-Ye
185. ËE A. EBÊBBFÊÊËEIT ø.EBBB5l4l71i *E . BEBS 5] 417 L2 -8.øøø66412448
lErÁ.95 É, BFË87ç94ø32 ø . 6ËE 1E 1388git -ø:ø'øøgr1547?7 -E . EgB 584t84 1 ú
r ftc . il r Ê,ËËÈ11ç64188 B. BITÊ14935?86 -E. EBeür9717t4 -É. Ë885444834Ë
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191 .7ó B, BBET79853é-d Ê. ÊBB2år28649 ø . øÊBAEr87ó713 -6.80839óø7ü8ó
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B. øA1177831 5ó ø.681I?ó67ó87 ø,6BFEEi 1 ¡46e ø.81ìBó137Ë708
i43.4? Ë .8614 ó43 "-,4 Ff, a .øç174ç;¿14¿,74 -g.Bøøfr2619171 E. BÈÉA6E?38ø5
¿*rr, ¿l- E. ø81ó4?88P17 E. ß916S44381 3 -F ¡ ØÊËE-] 534ü?ó ø.8ø8Vú4?&4é9

Yttr B. BEgóó4 1i448


VariaÇåo total 8.6ûÉEB3SÊtó3
Variaçåo nåo-explícada &,,86&Ø88877.97
Variaçåo explicada ø.089883789éó
Goeficiente de correlaçåa 8.79879748743
A equacåo linear vale -.'Y = ø.øEJ€1824ó337C X + -ø,øø4:'ø39î589
Te¡rpo crlR Concen tracåo calculada
ø 185. ø 0.aøBøs34r71e
t
187.ø B. ø0ø18îó84ó1
1ø 188. ø ø.8øø127i1835
15 195. ø ø.ØøB'¿?W5414
îø 7Ø8.ø ø. øøø422?i3?5
¿-l 72çi.ø 8. ABE9l 559888
3S 21 5,9 ø,øø87974?937
?E
r! rl 7?ø.t ø.øøFt?7 559808
qø 238. E ø . øø1 1 ó1 93556
45 ?4ø.ø ø.øøt4Ø827797
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23ø. ø ø.ø911¿.193556
Êc '¿7ø.ø ø.øøø91559888
6ø ?1ø, ø ø.øs8669?6ø67

I'lensagem : Diqite ':.EÌ.lTER.:''

1 ; 1-:i; I:ip

A eqlraçåc I inear vale -i' Y = 8,688824¿,3374 X + -8.Êø4583Sî58?

Terrpo CI'IF: f,rrr¡ cÉF¡ traçäo cål cLtl ådå


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Flensaqefrr ¡ Diqite "ENTER,T


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GrÁ f i co Te'roo X ton cen traçåo
0E dados de Entreda devem estar Qravados em disco . 1.,,r.;:

i4 nares de ? elemento(s) no Arren.io. ...0rden¿ndo os dados. . ,


- E=oecÍfiraçöeE do Eiro-X - TemFc,

f'lenor Tempo = fl
I'laior Terrrpo = 115
Nûmero de ¡narcasprimårias FarÀ o Ei ro-X :
Título perà o Eixo-X I
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I'lensaqarn !

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Vazåo para VSS = 3C7.67377488Ê59 Litros por seortndo


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Vazäo para VS5 = ø.34767177C8ø l'letroE Citbi cos por seqttndc'

I'lens.¿een : Diqite'.El.lTER.r

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Listagem das amætras de agua odenada


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E11 E Þ
No, tocal de colela Data pH Tenrp Cord. eaÈ| lqri ca/rq Hc!3' N03' S04-- Na+ K+ Cl- SIc $Id pPc02 PC02 SÀTc $ÀIU IBE 0bsermcao
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1.3 1.5 0,5 1.6 0,14 -0.i9 3'03 0'00093 138',04 64',5i {'33 PAîÀ
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2 CAV. SÀI|TAÌ{A Zg106190
3 CÀV, SÀI{TÀIü 2sl06ls0 8.07 18.5 165-1
8,07 18,4 165-1 34.0 5.i 6'0 120,0 1.3
33.5 5.8 5.8 123.0 1,3 1'3 1,4 0,5 1,6 0.14 -0,16 3'02 0'00095 138'04
4CAy,pBot¡s 30/06/90 7,7611,4182-1 42,0 {,7 8'9139.0
0.5 0.5 1.3 1.2 0,6'0.03'0.712.66 0.00219 93'33
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3,7 3.2 60.0 0.8 0'5 5'0 1,3 2'i '1'02 '2',24 2'90 0',00126
9'55 0',s8 3'19 2001{ DÀ ENInÀDÀ
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4'23 STÀGE RE.'RD[R gE'i
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- KÀRST liÀTm Àl'lÀUSIS RXP0RI - by IVO I{ÀR}lNl{ Cations e anions ell PPn ou ng/l PC02 em atn. Iþnp 'C Pag. I 2

USP / GEO
Dat¡ : t2l09/94
Listagerr das anostras de agua ordenada plo nmero Cond. [ -l = pl'lH0/cm ] [ -2 I pS/c¡t ] SÀTc & SATd EM T

No, Local de coleta Data pfl Tenrp Cond, Car*l lg++ Ca/l'fg I|C03- N03- S0{-' llal f+ C]' SIc SId pPCt2 PC02 SÀTc SÀ1U IBE Ohervacao

5,9 5,8 i20,0 i.3 1,2 1,6 0'6 i'8 -0.23 '0'87 2.62 0.00240 58,88 13,49 4'7{
ULTI}IA ESCÀDÀ
39 CåV, $AI{TANÀ 04/1v90 7.68 20.0 193'1 34'0
4.7 6,4 110,0 1,1 1.i 1.5 0.5 1,6 '0'13 '0.75 2.8i 0,00135 74,13 t7.i8 1,90 RPS$IRCillcn
40 cÀv. sNTÀl{A 04lrll90 7,88 18'5 166-1 30,0
{,8 17.5 247,0 0,7 I.t 2,3 ,0.1 3.0 0,i6 '0,60 2,07 0.00851 144i5{ 25'1? 5'79 ESIÀIÀC:'ru$.
41 CA\|, SNTNÀ 04/1v90 7,42 19,0 420-,1 84.0
42 CAlt, PmftÀS 03i1v90 7,90 18,8 92-1 19.0 4'0'4i8 90,0 1'Q 0,8 L5 b;5 2''0 '0'38 :l'tl 2;97 0;0010i : 4!.69 7.J6 4'.¡21STÀGE,RmOnD[R

{,0'l;0.' 55,0 0;? 0.7: 1.i 0.i 2,0 -1'39 '2'9j 2?56' 0.00275.
,4.07 '0,12 I.80 OUffiÀ ÀGUÀ
43 CAl', Pm0[AS 03/11/90 i.28 18,8 98''1 12'0
{{ cÀrl, Pm0Hs 03111/90 7,00.2?¡018È---l 3310. 5,5 6'0.120.0 0.4' 1.1 1.4 0,,2 2'l '0!02' .0'45 2181 0,0015i l'6,t1 35.{8 ?;63'InÀy;.'\lRfiXI¡0
i95.50
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45 mR. PROIAS 03/11/90 7,4? 19,0,108:1 13;0 3.5 ,3,? ,,55.0 0,6 0,6 f i 0.J 2,3 'L:ZT 72ï,7 2J0 0;0020û r,2.{5'0.slul,JltÀ,BCÀDÀ
46 CÀl¡l'$ÀNT¡NÀ: 01'lI2:190 7.48 ?0,0 142:i' 28;0 i,ã i.l toi,o' a.o I.4 1,5 0.e i¡9 -0.56 '1.61 2.49 0;0.0321 27,5{
{7 CÀV;:SÀI{TÀllÀ ll3fi?"190 ?'56 19;0 1{8:i 28'0 ;:0 ;.; iöé,ó ;:o i.i
i,¡ r;0 r;B 10.51 't;44 2'5el 0,0025i,':30.90 3.63 3.81'R¡SSUreHCIÀ'
16,60 0'u ESTÀIÀC; Ìnm.
48 CÀV; $AllIåNÀ 03:ß2190 7'38 18.8 348'1 73'0 4.5 16;2'2{2.0 1.0 1'8 2,5 0'2 3.4 '0'06 -0'i8 2;04 0.0091i 1i4.8a
4.1 3,7 63,0 2,6 3.4 1.9 0.6 7.1 '1.Ù2 '2,29 2.14 0.00182 9.55 0.51
-6.10 STÀGE R[t0RDER
49 CAr, Ptsol,AS 02lr',2l9a 7.51 18.4 124-1 i5.0 ,6.{6
3,5 4.9 63.0 0.9 0.8 1.8 0.5 2.2 -1'19 -2.75 2'49 0.0032{ 0,18 4.33 oUTn ÀGUÀ
50 cÀv, PR0LN 02lrzl90 7.27 18'8 90-1 17.0
51 cAV. PmüÀS 02112190 8,05 15,8 168'1 37'0 5.8 6.4 132,0 0.2 0,4 1.5 0.1 2'5 0.16 '0'20 2.99 0,00102 144.54 63.10 3.20 TX[V. Vm'f[I,H0

4.0 3.1 60,0 0.7 0,6 1.8 0.5 2'0 -1.11 '2'39 2.i4 0.00182 7.76 0,41 -0.93 PIÀl{, S0l'lID'
52 CrR, Pmü,Às 02112190 7.50 19'0 99-1 12.5

53 mRl{ffRÀ/TANDiR I I 12,1 2,7 >>>>> 1,1 3,7 4,0 0.9 5.0 >>>>>>> >>>)>>>

5.0 5,8 113,1 0.5 1,0 0.5 1.6 0'5 -0.46 '1'36 2,53 0.00295 34,6? 4.37 0.69 ULTII{À ISCADA
54 CÀ\t, SÀNTÀNA 0{/0ve1 7.$ 18,5 160'1 29'0
55 CÀlt, SAIITÀI{A 04/0v91 7.54 l8'5 158'1 2i.0 4,6 5,9 107,0 0,5 1,0 0,5 t'5 0.5 '0.52 '1,{9 2'5{ 0.00288 30,20 3.?{ '0.30 RE$$RCNCIA
ESTÀLÀC, lüÌft.
56 CÀ\/. SNTÀt'lÀ 04/01/91 7,41 19,0 330-1 i1.4 4,6 15,5 238,0 0,5 1.0 0.1 ?.4 0.5 0.08 '0,73 2,07 0.00851 120.23 18,62 0.77
PB0I,ÀS 05/0v9i 7.$ 18,0 90-i 13.0 3.6 3,6 60.0 0.2 1,0 0.5 1,7 0.5 -1.22 '2.68 2.6{ 0.00229 6,03 0,21 -0,80 PLAN. SUl'.{ID'
57 CÀ\|. -4.53
6.3 5,2 143.0 0.5 I.0 0.1 1,4 0,5 '0.82 '2.04 1.92 0.01202 15,14 0.91 TRÀV. \ImüEIIl0
58 CÀ\¡, PB0IAS 05/0v91 7.04 i8.5 ii0'1 32.5
3,8 9.5 131.0 0.5 1.0 0.3 1'3 0.5 -0,26 -1,20 2'52 0.00302 54.95 6,31 '0.44 SIÀgE Rm0RDER
59 CÀ\/. Pmol,N 05/0v91 7.60 18.0 110-1 36'1
4.0 3.5 60,0 0.5 1,0 0,5 1.7 0'5 'f i0 '2.42 2.73 0,00i86 7,94 0,38 3,67 oUTnÀ ÀGUA
60 cAV, PmüÀS 05/0v91 i'48 18'0 90'1 14.0
-0.26 4'02 0.0022{ 54,95 9.55 -I,52 IITHA ISCÀDÀ
61 CÀV, SÀNIANÀ 03/0u91 7.70 1?.9 16h1 30.9 4.9 6.3 122,0 1.{ 1,0 1,6 0'6 1'5 2'65

62 CÀV, SàllTÀNÀ 01102191 7,60 19,0 165-1 31,0 4.9 6,3 122,0 >>>> 1.0 1,5 0,5 t'{ -0.34 '1.i6 2'54 0,00288 45,71 6,92 0,19 RESSURGB{CIÀ

-0.01 -0'92 0,0i148 91,72 1?.02 -2.33 E$TÀI,ÀC. !ßm'


63 C¡\r. SNTÀl.lÀ |.3l02l9r ?,30 18.0 326'1 72,0 4,6 15,7 256.0 0.9 0.5 2,2 0.1 1.5 1'94

5,2 13.8 24i.0 0.5 1.0 1.7 0.2 1.0 0,50 158,49
0'20 2'{4 0.00363 316,23 0,38 ESIAIÀC, RIo
64 C[V; SANTÀllÀ 03l0zl9l 7.80 21.0 330-1 71.8
165,96 -1,95
4.0 10.5 158.0 >>>> 0,5 1.? 0.1 >>>> 0'22
-0.26 2,18 0,00166 54,95 TnÀ\¡. FI¡RES
65 CÀV. SNTÀNÀ $l}2l9r 7,94 19.0 220-i 42,0

66 coRR, F1'RÌ'IÀS 03l0ll9r 8.24 20.0 160-1 29.0 6.2 4,7102.0 1.0 2.5 L7 1;4 1'5 0;19 0;0{ l'26 0.00055 15{.88 I09,65 i.08 cÀl{I. SNTAIü

67 Crit, Pmol,As' 04102191 8.10 19,0 99-1 38.0 3.9 9.7 i34,0 0.5 0.5 1.6 0,4 1,5 0.27 '0.13 3.01 0,0009s 186.21 74.13 i,07 sÎÀGE Rm0RDER

6S CÀV, PmfiAS 0[10?,19t 7.10 21'0 100-1 21.0 3.8 5.5 74,0 0,5 i,2 1.8 0'6 ?,0 '1'18 '2,76 2'24 0.00575 5.61 0,17 5.53 oUlAÀ ÀffiÀ

160'1 5.? 5.6 122,0 0.5 1.0 1.3 0.1 0,6 '0'37 -1.20 2,57 0,00?69 42.66 6,31 2.0{ Tn¡V, VITÍELH0
6e cÀv. PmüÀs 04102191 7.60 16,0 32.1
4,0 4.5 ?3,0 0.5 1.0 1'7 0'6 0,5 '1,28 -2.88 2.26 0,00550 5,25 0.13 2,71 PLAI{, SU'íIDüJA0
i0 crR, PR0],ÀS 01102191' 7'10 19'0 100-1 18.0
-0.61 -1.i7 0.00288 24,55 1,?0
71 CÀV. SNTAliÀ At l}ïler i.s0 19'0 150'1 26'4 3.5 ?,5 96,0 1,2 1.0 1,6 0'6 1.2 2.54 1,29 RESSIIRGIIiCIA

72 CÀV, SNTANA 0tl03l9r 7.52 19'0 165'1 26'5 3,5 7.6 96,0 i.3 1,2 1,5 0'5 1'2 -0.s8 '1.73 2.56 0,00275 26.30 1,86 1.06 0tTüÀ HCÀDA
3.8 11,3 1{7.0 0,5 0.5 1,7 0,1 0,8 0'10 '0.53 2.n 0,00195 125.89 29,51 1,51 TRÀV,
PI0RIS
?3 CÀV. S¡NTA}IA 07l}Jlgr 7.84 19.0 225-1 42'8
i4 IïRI{ÀS 07/03/91 8,10 20,0 165-1 29,0
rCIRRmo 5,4 5,4 112,0 L0 2,0 1.5 0,8 0,6 0'09 '0'21 3,08 0,00083 123,03 61,66 1,62 PolllTE'$ÀlìTNÀ
75 CÀV. PBolAS 07l}3ler 7.83 18,0 160-1 34,5 3,2 10,8 115,1 0,7 0,6 1,3 0,3 1.5 -0'il -0.94 2,81 0,00155 n,62 11,48 2.{3 STAGI RECORDER
i6 cÀv, pmolÀs vl03l9r 7,20 i9,0 105-1 1{.i 3,0 4,9 5S.0 1.0 0,8 1,5 0'5 1.5 -1'35 -3,07 2'46 0.00347 4,47 0,09 1,58 omRÀ AGt]À
USP i Gm 'IARST I{ATIR Àlül,T$IS AXÐRT - by M mffi¡Nl,l Cations e a¡ions en ppn ou ng/I PC02 em atm, Tery 'C Pag' : 3

Listagen das anætras de agua ordenada peio nmero cond, [ -t = lrilH0/cî ][ -2 r t¡s/m SÀfþ t SAId en t
] Dat¡ : Llll.elel

No, tnøl de colela Datn pH Tenp Cond, ea++ l,tg++ Ca/lt HC03- l'l03- S04-- l:la+ (r Ci- SIc SId pPClz PC02 SÀTc SÀIU IBE 0hervacao

7? CÀlr,Pm0HS 47,2
07l03le| 7.54 17,0 220:1 5,6 8.4 172'6 0,5 0.5 1.6 0,1 2,0 -0,12 -0,86 2,35 0,00447 75,86 13,80 -0,27 În¡V. VmlßlJ{o
78 CoR. Pm0[AS 12,9
0710]l9r i,28 19,0 81-1 3.0 4,3 51,2 1,0 1.0 1.5 0,5 1,0 -1,38 -3,07 2,$ 0.00257 4,i7 0,09 3,44 PIÀÏ. SUIIID.
7e cÀ\', sÀNTÀlü le/ovel 7.80 18.7 169-1 32.0 5.0 6,{ 120,0 1.2 i.5 1.6 0.5 1,0 -0.15 -0,78 2,75 0.00178 70,79 16 ,60 1.10 WTIIIÀ ESCADÀ

80 cÀv, sNrAIü 19/05/91 7,80 18.7 170:i 32.0 5,0 6'{ 1i5'0 0'5 1.5 l'6 0,5 1.0 -0,16 '0.81 2,77 0.00170 69 , i8 15 .49 3.{5 RPS$IreNiCIÀ
81 CAV, SÀNTÀIü Lelsslg| 7.60 19.1 348-1 90,0 4,8 18,8 224,0 0.5 2.0 2.{ 0.1 1,5 0.33 -0.28 2.29 0,00513 213 ,80 52,48 14,33 EST¡I,ÀC. m6.
82 CÀV, SNÏÀM 19105191 7.60 19.8 343-1 80,0 5.3 15,1 240,0 0,5 1.5 1.9 0.9 1,0 0.32 -0,212,26 0,00550 208 .93 61,66 6.30 ..:'.''.]
ESIÀI,ÀC.,.RIO

83 CAV, SANrÀrü lel|sler 8.28 19,2 ?10--1 {3.0 4,0 10,8 140,0 0.5 1.0 1.8 0,1 1,5 0.51 0,31 3.18 0,00066 323 .59 20{ ,17 3.9{
' TRÀV. FI.ORES
'::l.J: ,,1:1
84 C0mm0 nrRl,lÀs 19/05/91 8,{{ 19.0'21!i9, 30¡5 6.7 4.6 104.0 1,5 {.0 1.7 0.i 2.0 0.39 0,44 3.47 0,00034 245.4i 275.42 7.33.,. CÀlfiNflo
,,j.. :i
SNTÀIü
: :r' t,;.
85 RroBETÀRI r9ll5l9t 8.35 19.1 13I'1 24.0 3.9 6.2 80.0 1,0 1,S 2.0 0,5 2,0 0.11 -0.24 3.49 0,0003? 128,82 57.54 6,57 t{ü{T, RoNeÀmR
86 CÀv, PmüÀS 1S/0v91 7,29 18,1 183:1 39,0 3,9 10,0 123,0 0.5 0,8 1.3 0,3 1.2 '0.55 -1,81 2,21 0.0061i 28.i8 1,55 2.62 SÎÀCE RmonDER
87 CÀV. Pm0H8 18/05/91 7,80 16,8 1?8.,1
1 . . r .i
,.
24,0 4.9 4,9 95.0 1.0 0.8 1.7 0.5 1.5 -0.38 -1.16 2.87 0.00135 41,69 6,92 i.68 OUTRÀ:ÀGUA

88 CÀIl, Pmü¡J 18/05/91 8.26 15,9 181.1 38.0 6,0 6,3 135,0 0,5 0,6 1,4 0,1 i.5 0,39 0,25 3,20 0.00063 245.{i t7i,83 3.84 InÀ\I. VIRIíELR0
8e coR, PBoIAS 18/0V91 i.64 17,1 i3ftI ?4.0 4,6 5,2 90.0 0.5 1,0 1.6 0.5 0.6 -0.56 -1.52 2,73 0, 00186 27 .5 4 3 ,02 4.02 PHN. SIJüID,
90 BAnR0 DÀ SERR¡ 2rl05l9l 7,80 2i.0 438-1, 3i,0 11,4 3.2 155,0 1,0 6.0 ?,,7 0.9 1,5 0.03 -0.10 2,63 0,00234 107,15 79,43 3.62 P0C0 SÀBESP
91 CoRREo ¡URNAS 16/06i91 8,29 ii.7 190:1 37,0 6,,6 5.6 140,0 1,0 2.0 1.7 0.5 0,6 0.44 0.42 3.20 0.00063 275,42 263,03 2,26 t{otiT, DÀ tfiNÀ
92 eÀI¡. D0 sRU,0 t6l06l9r 8,30 18,0 l8pil; ,381,2., L5 5.1 135,0 1.0 2'0 2.0 0,8 1.5 0.44 0,49 3.22 0,00060 2i5,42 309,03 6,{O R$SUreHCIÀ
93 CÀV. PR0ràS n ll6l9L 7.85 17.3 1i!:1 43'0 4.0 10,8 135,0 0.5 1,0 t.i 0.5 1.6 0.06 -0,622,77 0.00170 I14.82 23,99 5.72 STÀGE RP¡ORDER

94 CÀV. PmfiÀS r7l06lel 8.04 15,0 i32-1 28,0 5.2 5.4 105,0 0,3 0.5 1,6 0.8 0.7 -0.06 -0.59 3,08 0,00083 87.10 25,70 4.38 oUTnÀ AGUA
95 erv. PmoiÀs r7l06ler 8,00 16,0 155:1 3{,1 4,0 7.1 115.0 0,5 1.0 1.5 0.6 1,0 0,03 -0.52 3,00 0.00100 107,15 30.20 5,66 JUZNTE.STGE.RC
96 coR, Pmo[AS n l06ler 7.50 14.3 ¿9,-1'
9.ìt2,,
Z,r 3,0 30.0 0.4 0.3 1,5 0.8 0,7 -1.75 -3.70 3.08 0,00083 1.78 0,02 {.02 PIÀN. SU}IID,
97 CoR. PmüÀS ú 10619r 7,00 l{.9 ,1.5¡i, 316., 0.8.,1,r!, 1,9,0 0.4 0.3 1,5 0,8 0,7 -2.68 -5.75 2,79 0.00162 0.21 0.00 0.57 PIÀN. SI'I,IID. 2

98 BÀnRo DA SERRÀ IEl06l9I 7,i6 20.1 231-t 36,0, 10,2,3,t135,0 0,5 4.0 2.0 0.5 1,5 -0.14 -0.49 2,60 0,00251 72,44 32.36 7,76 P0C0 SÀBESP
99 BÀARo DÀ $ERRA 1810619r i.80 19,6 155.1 ll;2 '4;8.6;5 105,0 0,5 3.5 1.0 0.5 1,5 -0.20 -0.88 2.Bl 0,00i55 63.10 13.18 1, 30 [Àf 0¡
100 cÄv. sANTÀrü L8l06lel 8,16 19,6'205:1,,41ìi., 4i2i10;fr1{0,Q, 0,{ 0.5 l,i 0.t 0,8 0.41 0,13 3.05 0,00089 257.04 l3{,90 6,35 TRÄV, fl,oRns
10i cåv. $àlrTÄt{À Lsll,ile| 8,10 18,8 162:l:r.39.5, ,5.2,6'8 120;0,r1.5 1,5 1.5 0.5 1.7 0.i9 -0,14 j,06 0.00087 154.88 12,41 1,84 UTTilÀ ESCÀDÀ

r02 cÀv, SÀNTÀM 1810619l 7,{6 19.0 330-t.i9;3 .4.8 16 5'235:0, lr0 ,?.0 i,6 0,1 2.0 0.16 -0.58 Z,13 0,007{1 144.54 26,30 5,51 ES',IÀIÀC, ¡ßtfr.
103 cÀv. sÀlrTÀrü 1810619r 8,.0'!. lQ;.9 170;l':35.3: .5.2r 6.8 120,0'_1,5r'f.5 1,5 0,5 1.7 0,18 -0,15 3,05 0.00089 151,36 70,79 {.61 RESSïrcm,tCIÀ
104 r,[¡ü D[ ¡Ï¡Rl{¡S 1S/0619l 8i03118.{.,,20tr10,38;0 ,:0.7 4,{ 140 0.,1,5 6,0 2,0 0.5 2,0 0.20 0,07 2,93 0.00117 158.49 117,{9 4.15 C0ND. i'R.rAC,
105 r'flrü Dt ruRNÀs 18/0E/91 7.90 19,3 21h1¡,39.'0, lli6' 314 150,0:,L5 8;0 2.0 0,5 2.0 0.tZ 0,03 2,76 0.00174 131,83 107,15 5.27 ÀGUÄ m ütNmio
106 CÀV. Pm0[AS I9l07l9L 7.90 17.5 189-l; 3110 .4,0¡ 9,8 125,0 '0.5 1.0, ?,0 0.5 1.6 0.04 -0.61 2.85 0,00141 109.65 24,55 5.66 STÀGE RECODM
10i cÄv. PmolÀs Lellllgt 8,03ii5,6
l1g-1. ll,9 :,1 ,1:!,ll:1:l.g
r.5 t;5 0;5 1,2 -0,15 -û.71 3,11 0,00078 70,79 19,50 3.43 0IIIRA À0trÀ
ros c¡yl ENTNÀ zlllllïr 8.10 18.4 170.1 3|0 5r0 6,,2,119,;0. 1.5,1.8 ,1'5'0:5, 1,7 0.09 -0.29 3.10 0,00079 123,03 51.29 3.18 U[îüÀ ESCÂDÀ
g,05'1¡.4 170-1,31.0 5.0 ,6,2,106,0 1.S i.5: t,S 0.t 1,g 0,03 -0,42 3,06
109 CÀ\l, SÀI{TÀM 2010719r 0,0008i i0i.15 38,02 5.03 RXSSUTm{Cn
110 cAIt. SA¡¡TÀM 2'10¡ls.- 7.42 tB,e 3{s-I 7?;0 '5,0 14,4
ll9;9 i.9 2.0. ti6 0,1 i,5 0.0i -0.70 z.t0 0,00i94 117,{9 19.95 2,62 ISTÀIÀC. ]nrc,
111cÀV, SNTÀNA zllnlgt 7,98 18,7 172-1 3'7.0 5.5 6.7 130:0 2,2,'2.0 >>>>)>>> 2.i 0,12 -0,25 2,g0 0¡0.!.126,1 131;83 54,95 3r84;,W!ü¡, ESCÀDÀ
112 CÀV¡ SÀNTÀNÀ 28;lt0l9r i.90 18.9 litrl 38,0 5.4 7,0 130,0 1,9 1,9 >>>> >> 2.0 0;06r -0;41 2,Bz 0¡00,i5i.114,q2 38,90 {;74. i RESSUKH'ICIA,
: .. r I :r,. ,. ,,. .,.. j.
i13 cÀv, sNrÀrü zslri,lgr ?,45 19.2 321-1 84.0 5,0 16.8 255.0 1,3 1.2 >>>) >>> 3,0 0,21 -0,49 2.08 q;00832 162.18 32,36 {.85 ESTÂI,ÀC¡,lfllfG,
114 CAV. SNIÀÌü 28ll0l9l 7.55 20.0 350-1 83,0 {,5 18,4 2{6,0 1,4 1,5'>>>> >>> 3.ó ó.il' -0:i{ t:i; 0;006{6 199.53 45,i1 5.66 ESTAIÀC, DISCo'
IlsP / GrO - ÍARST liÀTm ÀNAtTsIs nfmRî - by I1lO KÀXllÀNN Cations e anions en pprr ou ng/l K02 errt atn, Tery 'C Pag, : 4

listagenr das anætras de agua odenada pelo nunero Cond, [ -i ] [


= ¡tlH0/ctn ]
-2 I ItS/m SÀÎc & SMd en t Data:12/09/9{

No. local de coleta Data pH Tenrp cond. cat+ ]tg# ca/üg Hc03- N03- s04-- Ìla+ f+ ct- slc sld pPC!Z PC02 SÀTc SÀm IBE Ohervaoao

i15 CÀV, SAI{TAM 28lI0lg1 8.11 18,7 I?trl 40,0 5.0 8.0 140.0 2.0 i,0 >>>> >>>> 2.2 0,31 '0.04 3,01 0.00098 204'17 91'20 2.44 TRÀV, Pt0R[$
116 C0RR[ç0 FUR}IÀS 2Sl10/91 8.12 20.0 195-i 41,0 i,0 5,9 145.0 i,3 2.3 >>>> >>>> 2.0 0,36 0,28 2,99 0,00i02 229.09 190.55 {.99 IIONT. DÀ IIINÂ
tli cÀi¡. D0 cRilo zl:,lrlilgt B.tg tg.o 199-i 40.0 B.z 4.9 148.0 2.6 5.0 >>>> >>> 2,0 0,39 0.39 3,06 0,00087 245'47 245'47 {,90 RËSuren'¡fiÀ
pB BAaRo DÀ sERnÀ zdlu;lgt i.Bo tg.i ttz-t 41.0 5,s 7.s i40,0 2.6 2.0 >>>> >>>> 2.0 0,03 -0,48 2.68 0'00209 107.15 33.11 {,29 tÀGoÀ
119 cÀtl, pmons zdltlilgr 7,90 17,4 208-t 49,0 4.i 10.4 t$.0 2,6 i.8 >>)> >>>> 2.0 0.22
-0.29 2,76 0.00174 165.96 5i'29 5.{8 STÀGE RECORDER

tz¡ cÀv, pmotås '


lzg;irllgr 8.00 tB,5 160-1 30.0 6.0 s.0 120.0 t.t 1,3 >>>> >>>> 2.6 0.02 -0.3{ 2,96 0'00110 104.71 {5'71 0,61 omnÀ ÀGUÀ
tzt eÀv, pm$Às zlilto4lt B.1z 15.0 192-1 38,0 6,2 6,1 135.0 1.0 1,? >>>> >>>> 2,9 0,25 >>>)>> 3'05 0'00089 177,83 100.00 4.26 TnÀV. VmmH0
122 c!R. PBotAs ZgltO,lgt 7.60 19.2 155-1 ?8.0 5,7 {.9 110.0 1'0 1'2 >>>> >>>> 2'{ '0.43 '1.22 2.59 0.00257 37'15 6'03 i.73 PIÀN. SUI'llD.
i23 CgR. PmQtN Zl¡71,¡g¡ l,OO 2O,t 99-1 15.0 5.0 3,0 65.0 0,9 1,2 >>>> >>>> 2,7 -1.39 '2.91 2,30 0'00501 4.07 0'12 {.25 PtÅN. SU}IID, 2
tzt sIsT, pEsc¡RIA'¡titoTgo l;'Boilg;¡itto-t t9.o 4,0 4,8 84.0 0,4 0,6 3,2 t.t 2.1 '0,50 -1r34 2.90 0,00126 31.62 4.57 -0,36 Sljll, $s. PESC,
8.04 te;o 130:t zz.0 t.z s,i BB.0 0,5 0,7 2,9 1,0 1.7 .0;19 i0iì0007{ 64.5i 16.98 2,6i R[S$URG, I+II
I
iis sisr,'inscmr¡ '
or)rriso
gtoi'ig.o'195.1 0,4 2.3 0.32
'0;?? 3.13
0.00115 208,93 162.18 4.88 RESSüreINCIÀ II
126 SI$, mscÀRiÀ 01/11/iso '42,0 ?.5 5.6 1s0,0 0.5 1.4 2,2 0,21 2;94
lzT sIsT. msc¡nit 0t/It/90 s.09 20.0 235!i {t.0 t6.s 2,6 r98.0 1.5 0,6 1,1 0,2 1.4 0,{6 0.8{ 2,83 0j001{8'288.40 691,83 3.86 InÀV, PESC.
pEscARrÀ 0t/11/90 8.05 19,0'Izz;t â3.0 4,2 5,5 93,0 0.6 0,? 3,0 1,0 1.7 -0.14 -0.69 3.11 ;0,00078 72.44 20,42 1.65 RßS. SIST. PES.
tz6 sIsT,
129SrS, Tmf, DESt'f,31/10/90 6,53 19.5 35:1 ?,0 2.1 1.0 21.0 0.4 0.4 2,5 1,1 1.6 '3,29 -6.222'22 0'i0603 '0'05 0'00 0,67 ÀfirÀ m GRÀNIT.

130 SIS, TIil, D[$!t, 02/11i90 7,28 t9,S 65-1 6,0 1.4 4,3 28,0 0,3 0,5 3,0 1,1 1,?
-1,94 -4.18 2,84 0,00145 1,15 0'01 4,68 [MR. TE{IilINÀ

131 SIS, TIX'!, DESI{. OZ,lttlgO 7.9? 17.0 230-1 35.0 13.0 2.7 lil,0 0.8 0,8 3,8 1,5 1.5 0,17 0.20 2.79 0.00162 1{7.91 158.49 1.99 CHIJV, TI}IT{INA

132 SIS. TIfi. DESil. |jZ,lttl([ 7,45 19,0 {5-r 7.0 1,8 3,9 30,0 0.6 0.7 2.9 1.1 1.8
-1,69 -3.65 2.99 0.00102 2.04 0'02 7.OO SÀIDÀ TIIIüII{A

133 SIS, TIil, DESI{. 01/1v90 7.82 19,8 76-t 9,0 3.0 3,0 {8.0 0,7 0.7 3,0 1,0 1.7
-1.01 4,17 3,15 0.000i1 9.71 0.58 -0, 50 sÅIDÀ D[Sl'foR0ll,

134 SISI, mso¡nn 07lltln 7,75 20.0 i00-1 20,0 3,7 5,4 84.0 >>>> >>>> 3.0 1,0 >>>>
-0,52 -1,43 2.84 0.00145 30.20 3.7?, 2,90 SUtl. SIS. PESC,
-0.26 -0.89 3.00 0.00100 54.95 12.88 -0.29
115 SIST. mSCÀRtÀ 08/01i91 7.95 19,0 127-1 21,0 {.3 4,9 95.0 >>>> >>>> 2,9 0,8 >>)>
RFS$AG. I+II
136 SIST. PE$CÀRIÀ 0S/0i/91 8.00 19,0 202-1 48.0 7.8 6.2 152,0 >>)> >>>> 2.2 0,4 >>>> 0,31 0.I5 2.86 0.00138 204.17 I{I.25 I1.73
RES$IreH{EIÀ II
137 SIST, pESeÀRIÀ 0S/0Vn 7.90 19,0 127-1 21,0 {,0 5.3 90,0 >>>> >>>> 3,0 i,0 >>>> -0,33 -1.06 2,97 0.00107 16'77 8.71 1.94 RESSWMCIA I

138 SIST, mSC¡RIA 08/01/91 7.91 19,0 250-1 38,0 18.5 2,1 200,0 >>>> >)>> 1,]' 0.1 >>>> 0.n 0.46 2,65 0,00224 169,82 288.{0 2.88 TRÀ\'. PESC,

139 SIST, PESCÀRIÀ 0Si0tl91 7.90 i9,1 130-1 22.0 4.1 5,{ 96.0 >>>> >>)> 2,9 1,0 ))>> -0,28 -0,97 2.95 0,00t12 52,48 l0'72 0.{3 Rls. slsT. PEs,
140 sIS. TIlt. DESü, 01l01ln 6,60 20,0 4O-l 1.0 0.9 1,1 15,0 >>>> >>>> 2,{ 0,8 >>>)
-3,65 t,00 2.{2 0,00380 0'02 0.00 0,6O À61JÀ M GRÀI,IIT.

l{t sls. TE't, DESil. 06i0il91 6.97 18.0 40-1 1.0 1.0 1.0 2{.0 >>>> >>>> 5.7 1,2 >>>> -3.11 -5.90 2.61 0.002{5 0.08 0.00 2.17 À61JA m GnÅ¡lIL
-0.01 EM'R. T$lll'lilÀ
i42sIs.TBl.DEs}l.,06/0V91?.{019.04Þ16.01,54.034'0>>>>>>>>
i43 SIS. T¡X|l, DEStt. 06/0v91 i.i3 17,0 250-1 46,0 13.1 3,5 ?03,0 >>>> >>>> 3,0 0.3 >>>> 0,12 -0,02 2.48 0.00331 131.83 95'50 2.72 CIIIV. THIüII{À

1{4 SIS, TBt, DES|'Í. 06101191, 7,60 19,0 40-1 i0.0 1.6 6.3 38.0 >>>> >>>> 2,5 0.9 >)>> -1.29 -3.05 3.04 0.00091 5.13 0'09 10,10 SÀIDÀ TilII{ilA
1{5 SIS, TE't. 08/01/91 7,20 19,0 70-1 8.0 2.0 4.0 4i,0 >>>> >>>> 2,8
DESt't. 0,8 >>>> -1.69 -3,65 2,54 0.00288 2.04 0,02 -4.36 SÀIDÀ Dtsr{0Rol,l.
146CÀV. pmüÀS r7llr.lsz ?.3018.5185-1 36.0 4.8 7,5118.0 1.6 1,1 1.0 0.3 2.2 -0.60 -1.76 2.26 0.00550 2s,IZ 1.74 5.5i STÀGE RECORDER

14? CÀV, SNTAl.lÀ 18/0V92 7,95 19.0 195-1 34.0 5,0 6,8 12.0;0 2,1 2.5 0,5 1,5 2,2 0,03 -0.45 2,90 0.00126 107,15 35,48 3.54 UtT[fÀ E5CÀDÀ

148 CA\¡, SNTAllÀ 18/0v92 7,90 19.2 200-1 34.0 {,8 7.1 llq'0 2,0 2,2 0,5 i,0 2.0 -0.03 -0,58 2.87 0,00135 93,33 26,30 {,82 RTSSURGII{CIÀ

149 CA\¡.SNTÀI{A I8l0ll92 7.65 i9,0 3{0-l ii,0


4.4 li,5 232.0 1,{ i,1 0,5 1.0 2,9 0.33 -0.26 2,33 0,00{68 213.80 54,95 5.06 E$Tà[AC. ]ffÌË,

i50cÄv'SNTÀNÀI8l0Ll92i,6019.2340.i80,03,622,2240.0>>>>>>>>>>>> 4.35 ESTÀ],ÀC. DISCo

151 C0RREG0 tTRllLs 19/0v92 ?,90 22,0 200-i 34,0 5.5 6,2 120.0 1.0 2,0
>>>> >>>) 1.9 0.02 -0,39 2.83 0,00148 i04,71 40,74 4,{7 lfot,lT, DÀ I'{INA

152 cÀV, D0 Gtu,0 tg,lOtlgz 8.00 18,0 215-1 34,0 i,6 4,5 132,0 2,1 5,2 >>>> )>>> 2.0 0,i0 -0,I4 2.92 0,00i20 12s'89 72'44 3.58 RESSUAGtrCIÀ
iitl¡;¡i;lil
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USP / ßm - ruRff liÄTm ÀNAtYsIs REmRT - by IVo fiARl'lÀl{N Cations e anions en ppn ou tng/l PC02 Bn atn, Terp'C Pag, : 5

Listagern dag anostras de agua ordenada Flo nunero cond. [ -1 = ¡ltH0/cn ] [ -? : N/cm ] SÀTc I SÀTd eltr I Dat¿ r tl,lf/e 19|'

No. tnæl de colela Data pll Ternp Cord, Ca+r ¡q++ Cail{g llc03' N03' $04-- Na+ Kl Cl'

1553 SrsT, mSCMIÀ 05102192 i,13 19,8 0.8 6.3 tS.0 0,2 0.8 1,5 0,5 2,2 -2,15 -5.18 2,88
40-1 s.0 0iqo13? 0.45 o,"0o 5,34 ÀGrÀ p G8åUro

3.5 8,4 91.0 0.{ 1,0 >>>> i>>> 1,1 -0.31 -1.22''2.b{ 0.001{5' 48.98 6.03 8.30 ÀG. GnÄ[.]{Ne.

1555 SI$T. PESCÀRiA 05102192 8,06 19.7 n1-l {0,0 7.2 5,6 139,0 0.3 1,5 >>>> >>>> 1.5 A,27 0,12 2,95 0.00112 i86.21 131,S3 6.4i C0RR. tio CÀf,C.
156 Sr$. PESCARIA 05102192 8.0i 18.7 295-i 58.6 8.2 ?,1 195,0 0,9 i.0 >>>> >>>> i.8 0,55 0.57 2.83 0.00148 354.8i 3i1,54 6,04 CoR. eÀ[C, 2
157 $i$t, mscÀRlÀ 05102192 8.13 19,9 250-1 32,0 6,5 4.9 118.0 0,4 1.4 >>>> >)>> 1,8 0.18 0.01 3.09 0.00081 151,36 102,33 4.93 CoR, CÀlf. 3

158 sI$. PEscÀRIÀ 06102192 8'29 19;9 160-1 30.5 4.3 7.1 9S.0 1,4 1.2 >>>> >>>> 2,2 0.25 -0.03 3,33 0.0004i 177.83 93.33 i,87 RES. $S. PBSC,

159 SrSl, PESCÀRIA 07102192 8.1{ i9.2 260-1 46,0 1.2 6.4 150.0 2.9 1.8 >>>> >>>> 3.3 0.43 0.37 3,01 0.00098 269,15 234.42 6.65 RES, IllT. CÀV'1

160 Sr$. mscARIÀ 07102192 8.23 19.9 170-1 30.0 4.1 7.3 102,0 i,0 1,5 >>>> >>>> 0,5 0,20 '0,14 3'25 0,00056 158.49 72.44 2.88 RFS. nn. CÀV,2

161 SIS, TH, DES1'!, 07102192 7.10 19'5ì' 70:1 i.0 1.2 5.8 23,0 0,6 0.7>>>>>>>> 1.5 -2,14 -4.722,75 0,001i8 0,72 0.00 3.25 ÀGrA m GRÀI{IT.

i62 sI$. PESCARIA 07102192 7.63 19i8 155:1 18.2 2,4 7.6 69.0 0.6 0.8 0,5 0,5 1.9 -0.75 -?.05 2,81 0.00155 17,18 0.89 0,41 R. PESCÆSÎRADA

163 CÀV. CmPEU Og,l\ilgZ 7.69'17.'8:tiO:l 16.5 3.1 5.3 62,0 1.0 0,7 >>>> >>>) 2.1 -0.80 -2.0{ 2,93 0,00117 15.85 0,91 2.60 2001'f DA EI{IRÀDÀ

i64 CAV,,SNT4Iü Ot¡OZ¡lZ 8.,0! 10i!,ffi,,3?'1,, ,{.4 8.5 125.0 2,7 2,0 i,5 0,5 2,2 0,19 '0.23 3'00 0.00100 154,88 58,88 3,89 ULTilÀ ESCÄDÀ

165 CÀV, SÀl,lTÀNA 08102,192 8'14'18;9 230f1' 37.5' 4.3 8.7 120,0 2.4 1.6 1,5 0,5 2,0 0,25
-0.11 3.10 0,00079 ln,83 n,62 5,69 R$$',reffCiÀ

166 cÀV, SNTÀIü 08l02lsz 7.62,19,6 39.0;l', i.4;5ii ,4;0.18.6 223,1 1.5 0.8 >>>> >>>> 2,7 0'28 '0.38 2.3i 0.00490 190.55 4i.69 5.12 ESTÀLÀC. l,ßl'lc.

167 BÀnR0 DÀ SERRÀ 0lgl02l92 8'04 2i.2 295:1 43,0 8,3 5.2 155,0 3,9 3,6 )>>> >)>) 2.9 0.34 0,31 2,87 0.00135 218.78 20{.17 5,{5 P0C0 SÀBESP

168 CAV. SAl,lTÀÌ{A 20ll-7l9r 6,0 ls.0


169 CÀV. r. BRNCÀ ßr1l9r 6.0 14.2
170 CÀV, t. BR¡NCA leltTlgr 30.0 2,7 >>>>>)> >>>>>>> >>>>>>) )>>>>> G0I. ÀRAG0{ITÀ

lil cÀV. L, BRNCA 06109192 >>>>> )>>> >>>)> 81.5 35.5 2,3 >>>)>>> >>>>>>> >>))>)> >)>>>> GûL ARAGü{ITÀ

172 CAV, t. BRANCÀ 06109192 >))>> )>>> >>>>) 37.5 35.5 i .i >>>)>>> >>>>>>> >>>))>) >>>)>) GoI. ÀRÂGoNIIÀ

'l''

i
_l
Anero 5.4 - Listagem da dureza total (mfi equivalentes a CaCO3), condutividade corrigida
para 20oC e razão molar CaÂvfg das amostras de água coletadas.

Universida'de Paulo. Inst. Geoc ienc i as


de Sao Page ! ,, ..
Total Hardness, Conductivity at 20'C and I'lolar Ca/Mg Report Date : l?/09/9

No. Col lecting Site Total Hardness Corrected Conductìvity l'lolar Callllg

1 CAV. SANTANA 10?.19 171.11


2 CAV. SANTANA I 08.43 l7l .34
3 CAV. SANTANA 107.60 170.93
4 CAV. PEROLAS 124.31 193.60
5 CAV. PTROLAS 51.45 t26.77
6 CORR."FURNAS 112. l0
7 CAV. PTROLAS l0l .33 165.36
8 OOR. P]EROLAS 26.92 61.19
9 CAV.. SANTANA 107 .84 165.06
1O SI5. TEM. DISM. ?7.79 42.05
11 SIS,. TEM. DESI'|. 146.83 204.09
12 S,IS. 'iEt4. Dtsl'|. 12 .83 5t.56
13 S'1S. 'Ttl'|. DESM. 13. l6 48.34
]4 SIST....PESCARIA 129.31 175.91
15 5IST.:'.PESCARIA 55.64 109. 56
16 SI'ST.,,'.PESCARIA 63.27 106.89
17 cAv. ,cHAPtU 45.22 76.?7
1S CÂV. ilRANHAS 10. 35 28.99
19 CNV. SANTANA 99.26 167 .7 4
20 CAV. SANTANA 212.13 333 .88
21 CAV.. SANTANA 205 .04 329.46
22 CAU. PER0LAS 66.45 I28.90
23 CAV,. PIR0LAS 54. 34 95.98
24 CORRECO FURNAS 109. 23 t7 4 .87
25 'TAV: SANTANA 97.17 I68.79
.CAV.ii SANTANA 97 .17 168.79
26
27 CAV.... SANTANA 191.75 321.36
28 CAV. 'PTRoLAS 66 .40 t24.76
29 CAV. PEROLAS 55. 17 112 . 08
30 'CAV. PEROLAS 96. 14 r87.78
':i 31 COR. PEROLAS 49.93 103.88
..
,..:l
r:i
32 CAV. SANTANA 95 .50 100.00
.:j:]
33 CAV. SANTANA 96.75 192.9'l
t.:i
34 CAV. SANTANA 213.36 317 .66
,:i
:t:1:ì
35 CAV. PEROLAS 54.75 t?7 -34
i,ìii
36 CAV. PEROLAS 51 .82 103.24
:rlr1
.ìl
37 CAV. PEROLAS 108.79 180.66
38 COR. PEROLAS 51 .4i 104.84
39 CAV. SANTANA 109.26 193.00
40 CAV. SANTANA 94.3? 17r.96
41 CAV. SANTANA 229.68 429.96
42 CAV. PTROLAS 63.95 94.63
43 CAV. PEROLAS 46.46 I 00 .80
,ì.
:
.,. .::i:
44 CAV. PEROLAS 105. I 1 l7I . 96
'.':.i.
.r . .,ll
45 COR. PTROLAS 46.90 Ì 10. 56
..ìl:..:ìl
.:;.:ìi5: 46 CAV.. SANTANA 87.?6 ' 142.00
r:: ,:'l: 151 .51
47 CAV: SANTANA 90.56
48 CAV. SANTANA 200.95 357 .94
'¡:.:. ,ì: 128.76
49 CAV. PEROLAS 54.36
. ì :':...':
'r, :-,j1: 50 CAV. PEROLAS 56 .89 92.57
'CÀV. PEROLAS
5I I 16.34 185.90
,..-..,r,:1..
,':t:.:..jìj', 52 COR. .PTROLAS 47 .71 101.35
, .'iì:f-, 53 TORNE]IR.A/VANDIR I 37 .25
'i¿,. .cAV. :S-ANTANA 93 .06
::, :.1::i1i.1
54
55 CAV. SAN:IANA ,'.96'.41
:'.t11
:ir-i , 56 ii4{r'.,iSANiiÂNA : ,;1ä7,...37
,..:t1
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' . 57 cAv - ,:PEROL'AS, ,. , .. i:.47:31 1

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rì:l;rjìì:'.,ii::',1 . ,..,-:,.=.- .l ', .-1,:...t. :.......jf i,f '.'" .,,, . ::,1,:,.,.
Universìdade de Sao Paulo. Inst. Geoc ienc ias Page : , .;,2
Totaj Hardness, Conductivity at 20'C and l¡lolar Ca/Mg Report Date : t2/oe/s4
No. Collecting Site Total Hardness Corrected Conductivity l'lolar Ca/t4g

59 CAV. PEROLAS 105.86 I 15.32 5.77


60 CAV. PEROLAS 51 .45 94.36 2.13
6] CAV. SANTANA 97.39 170.?5 3 .83
62 CAV. SANTANA 97 .64 1 68.91 3.84
63 CAV. SANTANA 1 98 .87 34i .78 9. 50
64 CAV. SANTANA 200.84 32?.49 8. 38
65 CAV. SANTANA r21.43 225.22 6.38
66 CORR. FURNAS 98. 00 r60. 00 2.84
67 CAV. PEROLAS 111 .02 101.35 5.92
68 CAV. PEROLAS 68.72 97.72 3.36 i

69 CAV. PEROLAS 103.68 176.17 3.42


70 COR. PEROLAS 61 .45 702.37 2.73
71 CAV. SANTANA 80.38 153.56 4. s8
72 CAU. SANTANA 80.63 168- 91 4,,60
73 CAV. SAI.¡TANA 122.60 230.33 6,84
74 CORREGO FURNAS 94.70 r 65. 00 3. 26
75 CAV. PEROLAS 99.39 167 .74 6.55 , ,,,
76 CAV. PEROLAS , 49.09 r07.49 2-98'
77 CAU. PEROLAS 141.01 236.32 5. 12,: '

78 CoR. PEROLAS 44.59 82.92 2.61 , ;,:,

79 CAV.. SANTANA 100.5s 4.24


L7 3.89, ,''

80 CAV. SANTANA 100.55 t75.?7 3,89. :,

8I CAV. SANTANA ?44.67 355.41 11.38,, :,.


82 CAV. SAN.TA¡¡A 2?1.7 4 344.60 9. 16 . ':'
83 CAV. SANTANA I 23.93 ?r3.97 ,6::,53...
"''
84 CORREGO .FURNAS I 03 .80 214.98 11i76',,,,ri
85 RIO BETARI 76.03 133.79 . .',¡3;,1{.:,. 1r,.

86 CAV. PEROLAS I 13. 52 19I.40 ' ,:,:i6:i07i-.ìi:,


87 CAY. PEROLAS 80. 15 I38. 17 :'2' 97
88 CAV. PEROLAS I 19.66 tgg.|g: ' .l ,-,3;85', ,
t,,.:lt.9,..,.;
89 COR. PEROLAS 78.91 139.30.. i' i '
''1,',.
90 BAIRRO DA STRRA 139.40 426i07 ':' l.'ii..' 97':-,' ::

I
;

91 CORREGO FURNAS I 19.64 200,.64t ':,.';,-3 .r{0-,,,:


92 CAV. DO GRILO 126-.34 l97.l0, .113¡:,09¡
93 CAV. PEROLAS I23-93 189:i81 ,:6.,53
94 CAV. PTROLAS 9'1..38, 149i 04 3':,27
95 CAV. PIROLAS 10.4,9& 170.66 t4,31
96 COR. PEROLAS .2,4,.I$, 33.34 t.79
97 COR. PEROLAS .',72..29i. 16.98 2.73
98 BAIRRO DA STRRA I31,.96 ?30.46 2.14
99 BAIRRO DA STRRA 97,"73 156.45 3.95
lOO CAV. SANTANA I 28. 50 206.92 6.43
lOI CAV. SANTANA I 10. t2 166.63 4. 15
102 CAV. SANTANA 217.93 337 .82 10.03
103 CAV. SANTANA 109.62 17 4 .44 4.1?
104 Ì.IINA DE FURNAS 130.78 ?07.68 2.65
105 IIIINA DE FURNAS r45.22 243.96 2.04
106 CAV. PIROLAS I 13. 93 200.56 5.92
I07 CAV. PEROLAS 83.88 I 55. 70 2.9?
108 CAV. SANTANA 98. 05 176.53 3.76
109 CAV. SANTANA 98.05 176.s3 3. 76
110 CAV. SANTANA 200. 5 I 357. 09 8.7 4
I11 CAV. SANTANA 115. I I 177 .33 4.08
112 CAV. SANTANA I 17. Ì9 17 4 -44 4.?7
I13 CAV. SANTANA 230.50 327.06 10. 20
]14 CAV. SANTANA 225.94 350. 00 1i .20
1I5 CAV. SANTANA 120.55 175.?7 4.86
J16 CORREGO FURNAS r31.28 195.00 3.56
':'.i
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ji..l.
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il. -. .: ;i:l;.t,;:.1
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Universidade de Sao Pau'lo . I nst . Geoc ienc i as Page ,.''3
Total Hardness, ConductivitY at 20'C and Moìar Ca/t'lg RePort Date 1?/09:/,94

No. Collecting Site Total Hardness Corrected ConductivitY Molar Ca/M9 - :,

117 CAV. D0 GRILO 133.72 208.63 ' 2.96 ::,;

1I8 BAIRRO DA SIRRA 125.10 183.28 4.53 ;t.:..':l

I19 CAV. PEROLAS 141.80 ?21.26 6. 33 i+.'':


120 cAv. PEROLAS 99.67 165.75 3 .04 .,¡,,,',

12I CAV. PEROLAS I20.49 2i1.40 3 .7? i, :,..

122 CoR. PIR0LAS 93.44 I s7 .93 2.98 .1.' '

r23 CoR. PERoLAS 58.07 98.77 I .82 ,,;i.


2. BB ...,u-:
124 SIST. PESCARIA 63.95 r 1l .81
3. 18 '{r:,,:,
125 SIST. PESCARIA 72.?7 133.08 :."',i'"
126 SIST. PESCARIA 135.84 199.62 3.40
I27 SIST, PESCARIA 17-6.62 235.00 I .55 .,;'''1.

128 SIST. PESCARIA 74.77 124.89 3.33 '::'; ;:'


129 SIS. TEÈ|. DESM. , 13.64 35.41 0.58 :':"' ::.¡-,:

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I3I SIS. TIM. DESM. ?47.06 I .64 .'''
132 SIS. TEt'l. DESM. 24.90 46.07 2.36 . .,'.'
133 SIS. TEl'|. DtSl-|. ' ' 34.84 76.35 r.92 ,, ,'
I34 SIST. PESCARIA 65.21 100.00 3.28 . " '.
135 SIST. PESCARIA 70.18 130.01 2.97 :,:','.:ì l
136 SIST. PESCARIA 152.06 206.79 3.74 ',,,1-ì ,

137 SIST. PESCARIA 68.95 130.01 3.I 9,:,,,..,:,,:,.i,,..,,


25 "'ì-"t'p"'
138 SIST. PESCARIA 17].13 255.93 1'

139 SIST. PESCARIA 71.86 132.77 3.26 ,.';.,t,,i¡',, .

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147 CAV. SANTANA 105-55 199.62 ....;:'.
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*tu UNIDADIiS LITOESTRATIGRÁFICAS
(Oepoiitos de coberluro nõo representodos)
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/--- PMSsM;.-' JURÁSSICO - CNETACEO
2,F3O'
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PROTERCZOTCo
f-Þs€"ril
suprRtoR A EOFALEOZdtCo
Gronirciides pós-rectônicos i, rtocíco v, Vorgem
Gronde
PROTER6ZO¡CO SUPERIô'R
L-e f ps.c] Gobro de Apioí

5:- ,ílz 4o PROTEROZOICO rurÉOIO A SUPERIOR


'træ * ?$9ur
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-ttJ,Sontono
9j ,o/ t PMS"] xistos (X) e Mormores (M) Apioí

FORMAçõES LITOLOGIA
'/ Boirro dd I t--_
j I I pltS9SJ
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S erro Gorurubo-Metorrirmiros peliro_corbonoticos
?rù5tl
P ã frMSeM] eos.o Vinre - Merocdccírios doromíricos e cdcí,icos
PMSsM
^/ ããiTt\4sú] s.rro cro Boo Visro-Merore¡iros
J--
/,, ;E Boirro Lojeodo
'J_ ,r/ I gLIMSIM,J uino de Furnos-Metocohdrios cotcíricos bondodos

Boirro g,ÊL¡lItjLJ dero Sujo- Fitiros e metossitriros


Belo¡i
PMSsM | 5tffi]
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eoirro do serro -Merocobcírios corcíricos

35 ,o/ I LtllSbS J Betori-Metossititos e fititos


tooronqo-Metossitriros, merorgititos ê mst6rs¡i¡e5
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perou-Fititos, xistos verdes,
'. PS€ofi
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I í-PMSe--]
-l Seruuo -Xistos,
merossittiros
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L f ititos e quortzilos

CONVENçõi: S
I
+) I A- I
( --*,Anliclinoi seçõo do f¡s 2.3
\ Sinctinot
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.¿-Ç -*- ^. -. Anliclinol com rnergulho do plono oxiol
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./ -*- J9 Alilude de ocomomenlo
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/-// -u --- _ ,¿¿ Zono de cisolhomento defin¡do e provcivel
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;i? __^ ^ d,.' Folha com movimenlo inverso predominonle
- - Contolo liloldgico def inido e oproximodo
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Å,-L i-iã-romento RrÞerro -_, +, f-* Con lo lo I ronsic ionol
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PM Sp -'- :::-:?):z lntercoloções o : melorenito cg,meloconglomerodo
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Adoprodo de Componha, lggl

conte :rto geo rógico t Jtäiit* carbonáticas esrudadas.

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