História II
História II
História II
VOLUME 2
História Geral
Aula 19 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ....................................................................................................................... 1
Aula 20 – MOVIMENTOS SOCIAIS E IDEIAS POLÍTICAS DO SÉC. XIX ............................................................... 13
Aula 21 – IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO ................................................................................................ 24
Aula 22 – AS UNIFICAÇÕES TARDIAS ALEMANHA E ITÁLIA ............................................................................... 38
Aula 23 – OS EUA NO SÉC. XIX .............................................................................................................................. 47
Aula 24 – PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL ............................................................................................................... 60
Aula 25 – REVOLUÇÃO RUSSA .............................................................................................................................. 73
Aula 26 – A CRISE INTERNACIONAL DO CAPITALISMO ...................................................................................... 85
Aula 27 – REGIMES TOTALITÁRIOS ...................................................................................................................... 95
Aula 28 – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ............................................................................................................. 110
Aula 29 – GUERRA FRIA (PARTE 1) ..................................................................................................................... 124
Aula 30 – GUERRA FRIA (PARTE 2) ..................................................................................................................... 138
Aula 31 – REVOLUÇÃO CHINESA ........................................................................................................................ 151
Aula 32 – REVOLUÇÃO CUBANA ......................................................................................................................... 162
Aula 33 – CONFLITO ÁRABE ISRAELENSE ......................................................................................................... 173
Aula 34 – OUTROS CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO ....................................................................................... 187
Aula 35 – O COLAPSO DO SOCIALISMO E O FIM DA URSS .............................................................................. 197
História do Brasil
Aula 15 – DOMINIO OLIGARQUICO DA PRIMEIRA REPÚBLICA ........................................................................ 209
Aula 16 – CONFLITOS SOCIAIS NA PRIMEIRA REPUBLICA .............................................................................. 216
Aula 17 – CRISE DA PRIMEIRA REPUBLICA E REVOLUÇÃO DE 30 ................................................................. 222
Aula 18 – ERA VARGAS GOVERNO PROVISORIO E CONSTITUCIONAL ........................................................ 227
Aula 19 – ERA VARGAS ESTADO NOVO ............................................................................................................. 232
Aula 20 – GOVERNOS POPULISTAS DEMOCRATICOS DUTRA E VARGAS.................................................... 239
Aula 21 – CRISE DO POPULISMO JK_ JANIO_ JANGO ..................................................................................... 244
Aula 22 – DITADURA MILITAR FORMAÇÃO POLÍTICA ....................................................................................... 250
Aula 23 – DITADURA MILITAR COSTA E SILVA E MEDICI ................................................................................. 255
Aula 24 – CRISE DA DITADURA MILITAR ........................................................................................................... 261
Aula 25 – GOVERNO SARNEY .............................................................................................................................. 269
Aula 26 – GOVERNO COLLOR ITAMAR FRANCO ............................................................................................... 275
Aula 27 – GOVERNO FHC LULA ........................................................................................................................... 284
Aula 28 – GOVERNO DILMA .................................................................................................................................. 295
Respostas e Comentários Exercícios de Fixação ................................................................................................... 303
História Geral
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
INTRODUÇÃO
Na Inglaterra, a partir da segunda metade do século XVIII, tem início REVOLUÇÃO OU EVOLUÇÃO?
uma série de transformações no processo de produção. A essas Uma das discussões envolvendo a Revolução Industrial trata
transformações dá-se o nome de Revolução Industrial. Em linhas da caracterização do processo como revolução ou evolução.
gerais, a Revolução Industrial proporcionou a mecanização da Apesar do impacto que Revolução Industrial trouxe para o
indústria, com a substituição da força motriz humana por outras como mundo, não podemos esquecer que a mesma proporcionou a
o carvão, o vapor, a eletricidade, o que desencadeou grandes mecanização da indústria, que já existia (na forma de
mudanças nas relações de trabalho, no uso da tecnologia, na manufaturas). Portanto, a Revolução Industrial não foi uma
economia dos países, na organização do espaço urbano e nos ruptura, mas sim a herdeira de toda uma cadeia de inovações
próprios fundamentos do sistema capitalista. tecnológicas.
“A Revolução Industrial assinala a mais radical transformação da vida
humana já registrada em documentos escritos. Durante um breve período ela coincidiu com a história de um único país, a Grã-Bretanha (...)
que por isso ascendeu temporariamente a uma posição de influência e poder mundiais sem paralelo na história de qualquer país com as
suas dimensões relativas, antes ou desde então, e que provavelmente não será igualada por qualquer Estado no futuro previsível.”
HOBSBAWM, Eric J. da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1986, p. 13.
O PIONEIRISMO INGLÊS
A Inglaterra foi pioneira no processo de mecanização da indústria. Foi somente na segunda metade do século XIX que a industrialização se
propagou para outros países da Europa e do mundo.
“Quando o reformador chinês Huang-Tsun-Hsien visitou Londres, cerca de 1890, custou-lhe a crer que, apenas um século antes, a
economia da sua pátria e da Grã-Bretanha se tivessem basicamente parecido. Viu a Grã-Bretanha com suas indústrias florescentes, ao
passo que a China, que acabava de deixar, era ainda uma terra de artes campesinas e arrozais. (...) Foi uma das maiores transformações
da História; em cerca de cem anos, a Europa de quintas, rendeiros, e artesãos tornou-se uma Europa de cidades abertamente industriais.
Os utensílios manuais e os dispositivos mecânicos simples foram substituídos por máquinas; a lojinha do artífice pela fábrica. O vapor e a
eletricidade suplantaram as fontes de energia – água, vento e músculo. Os aldeões, como as suas antigas ocupações se tornavam
supérfluas, emigravam para as minas e para as cidades fabris, tornando-se os operários da nova era, enquanto uma classe profissional de
empreiteiros, financeiros e empresários, de cientistas, inventores e engenheiros se salientava e se expandia rapidamente. Era a Revolução
Industrial.”
HENDERSON, W. O. A Revolução Industrial, 1780-1914. Lisboa: Verbo
FIQUE POR DENTRO
Propostos por Oliver Cromwell e aprovados pelo
Vejamos os principais elementos que favoreceram o pioneirismo inglês Parlamento, os Atos de Navegação (1651) impulsionaram
na Revolução Industrial: o desenvolvimento marítimo comercial da Inglaterra, uma
• acumulação de capitais, provenientes das atividades mercantilistas vez que estabeleciam que as mercadorias inglesas só
desenvolvidas pelo país, especialmente depois que os Atos de Navegação poderiam ser transportadas em navios ingleses ou em
(1651) entraram em vigor. navios de países com quem a Grã-Bretanha
• triunfo do liberalismo político e econômico, a partir da Revolução comercializasse.
Gloriosa (1688), que sepultou de vez o Absolutismo e as práticas
intervencionistas do Estado na economia.
• os cercamentos (enclosures), que, ao promoverem a SAIBA MAIS
transformação de fazendas agrícolas em pecuaristas, provocaram A partir da segunda metade do século XVII, muitas fazendas
desemprego no campo e a consequente migração de mão de obra inglesas tiveram suas terras cercadas para a criação de ovelhas,
para as cidades. devido ao crescimento das tecelagens que produziam tecidos de
• avanços tecnológicos, como a máquina a vapor patenteada lã (era lucrativo prover essas tecelagens com sua matéria prima).
por James Watt e os teares mecânicos e hidráulicos, que Esse processo, denominado cercamentos (ou enclosures), fez
proporcionaram um significativo aumento na produção. com que milhares de camponeses ficassem sem trabalho, uma
• abundância de matérias primas, como carvão, ferro, algodão vez que a pecuária exige menos mão de obra do que a
e lã. agricultura. Sem perspectivas no campo, essa massa miserável
AS PRINCIPAIS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DA migrou para as cidades, transformando-se num exército reserva
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL de mão de obra abundante e barata.
O primeiro setor produtivo a se mecanizar foi o têxtil. O algodão foi sua principal matéria
prima e o carvão vegetal, usado para mover as máquinas a vapor, sua principal fonte de
energia.
Entre as inovações tecnológicas do período, destacam-se:
• a máquina de fiar (1767), de James Hargreaves, com capacidade para produzir
vários fios de forma simultânea, sob a assistência de um único operário.
• a máquina a vapor (1768), de James Watt, tornando possível o uso da energia
mecânica para mover diversas outras máquinas. Modelo didático da máquina a vapor, de James Watt.
Friedrich Engels, em A situação da classe trabalhadora na com o objetivo de atender ao mercado. Princípio da Idade Média.
Inglaterra, descreve o cenário de um bairro dessas cidades 2 – Sistema de corporações: produção realizada por mestres
industriais: “É uma massa de casas de três ou quatro andares, artesãos independentes, com dois ou três empregados, para o
construídas sem plano, com ruas tortuosas, estreitas e sujas onde mercado, pequeno e estável. Os trabalhadores eram donos tanto
reina uma animação tão intensa como nas principais ruas que da matéria prima que utilizavam como das ferramentas com que
atravessam a cidade com a diferença que (...) só se vêem pessoas trabalhavam. Não vendiam o trabalho, mas o produto do trabalho.
da classe operária. O mercado está instalado nas ruas: cestos de Durante toda a Idade Média.
legumes e de frutos, todos naturalmente de má qualidade, e 3 – Sistema doméstico: produção realizada em casa para um
dificilmente comestíveis, ainda reduzem a passagem e deles mercado em crescimento, pelo mestre-artesão com ajudantes, tal
emana, bem como dos açougues, um cheiro repugnante. As casas como no sistema de corporações. Com uma diferença importante:
são habitadas dos porões aos desvãos, são tão sujas no exterior os mestres já não eram independentes; tinham ainda a propriedade
como no interior e têm um tal aspecto que ninguém as desejaria dos instrumentos de trabalho, mas dependiam, para a matéria
habitar. Mas isto não é nada comparado às habitações nos prima, de um empreendedor que surgira entre eles e o consumidor.
corredores e vielas transversais onde se chega através de Passaram a ser simplesmente tarefeiros assalariados. Do século
passagens cobertas, e onde a sujeira e a ruína ultrapassam a XVI ao XVIII.
imaginação; não se vê, por assim dizer, um único vidro inteiro, as
4 – Sistema fabril: produção para um mercado cada vez maior e
paredes estão leprosas, os batentes das portas e os caixilhos das
oscilante, realizada fora de casa, nos edifícios do empregador e
janelas estão quebrados ou descolados, as portas – quando
sob uma rigorosa supervisão. Os trabalhadores perderam
existem – são feitas de pranchas velhas pregadas umas às outras
completamente sua independência. Não possuem a matéria prima,
(...). Em toda parte montes de detritos e de cinzas, e as águas
como ocorria no sistema de corporações, nem os instrumentos, tal
vertidas em frente às portas acabam por formar charcos. É aí que
como no sistema doméstico. A habilidade deixou de ser tão
habitam os mais pobres, os trabalhadores mais mal pagos, com os
importante como antes, devido ao maior uso da máquina. O capital
ladrões (...) e as vítimas da prostituição, todos misturados.”
tornou-se mais necessário do que nunca. Do século XIX até hoje.”
Em contrapartida, a classe burguesa habitava em magníficas e
LEITURA COMPLEMENTAR II: OUTRO OLHAR SOBRE A
luxuosas casas localizadas em largas alamedas, os boulevares,
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
margeadas por jardins bem cuidados, em zonas exclusivamente
residenciais, distantes da sujeira, do barulho e do burburinho dos Uma história bem conhecida da Revolução Industrial é a dos
bairros operários. trabalhadores “ludistas”, aqueles que se revoltaram contra as
máquinas por acharem que elas destruíam empregos e impunham
HISTÓRIA E ARTE
uma concorrência desleal. Esses protestos são tão antigos quanto
Pintado por Vincent Van Gogh (1885), durante a fase em que o as primeiras máquinas. Tão logo o carpinteiro e tecelão James
artista se encontrava sob a influência do realismo, “Os Comedores Hargreaves começou a vender sua fiandeira jenny, vizinhos e
de Batatas” denuncia a miséria das famílias trabalhadoras do colegas invadiram sua casa e destruíram os equipamentos. Os
século XIX. quebra-quebras ganharam força a partir de 1811, quando
costureiros da cidade Nottingham se armaram com machados e
porretes, invadiram fábricas de tecidos e arruinaram 60 fiandeiras
mecânicas.
Basta olhar para o lado para constatar como os ludistas
fracassaram. Daquela época até hoje, as fábricas foram tomadas
por uma onda inescapável de engrenagens, máquinas, motores
elétricos, esteiras rolantes, computadores e robôs; as cidades
passaram a abrigar carros, trens, tratores, aviões e lâmpadas
elétricas; o celular no bolso das pessoas tem processadores mil
vezes mais potentes que os usados na Apollo 11. E qual foi o
resultado desse enorme fracasso dos protestos dos trabalhadores?
O contrário do que eles imaginaram. O número de empregos na
Inglaterra (cerca de 6 milhões em 1750) não só não caiu como
Para conferir realismo à obra, Van Gogh destacou traços acompanhou o enorme crescimento populacional, chegando a 30
grosseiros nos trabalhadores, explorando os tons escuros, típicos milhões hoje. Foi uma elevação tão intensa que os ingleses – e
da luminosidade barroca. Para Van Gogh, a escuridão também boa parte dos países industrializados – precisaram contratar
poderia ser considerada uma cor, por isso os trabalhos que o pintor estrangeiros para cumprir a demanda por empregos.
produziu nessa fase são escuros e pesados.
O erro da idéia de que as máquinas roubam empregos é achar que
Vincent trabalhou as sombras com outros tons que, junto ao interior os desejos humanos, e os empregos para satisfazer esses
pouco iluminado pelo lampião, dão um aspecto frio ao ambiente. desejos, são finitos. Desse ponto de vista, se uma máquina tira a
LEITURA COMPLEMENTAR I: O SISTEMA DE TRABALHO função de um artesão, não vai sobrar outra atividade para
O escritor norte-americano Leo Huberman, em História da riqueza sustentá-lo. Quem primeiro espalhou esse equívoco foi Karl Marx.
do homem, apresenta uma classificação quanto à evolução do “O instrumento de trabalho, quando toma a forma de uma máquina,
sistema de trabalho, do período medieval à Revolução Industrial: se torna imediatamente um concorrente do operário. A expansão
do capital por meio da máquina está na razão direta do número de
1 – Sistema familiar: os membros de uma família produzem artigos
trabalhadores cujas condições de existência ela destrói”, escreveu
para o seu consumo, e não para a venda. O trabalho não se fazia
ele.
Não é nenhum milagre o fato de que, desde os primeiros protestos vítimas do progresso. São consumidores que usufruem dos
ludistas até hoje, o número de empregos cresceu tanto quanto o de prazeres infinitos que a inovação, a concorrência desleal e as
máquinas. A produção em série diminuiu o custo dos produtos que máquinas tornaram acessíveis.
ficaram acessíveis a mais pessoas ao redor do mundo, que criaram NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do mundo. São
uma demanda maior, que só pode ser cumprida com mais Paulo: Leya, 2013, p. 106-110.
trabalhadores para operar as máquinas, mais vendedores, LEITURA COMPLEMENTAR III: DEPOIMENTO
maquinistas e marinheiros para transportá-las, mais operários para Perante uma comissão do Parlamento inglês, em 1816, John Moss,
construir as próprias máquinas, assim como trens, navios etc. É o capataz de aprendizes numa tecelagem de algodão, prestou o
caso da produção de roupas. Feitos a mão, casacos e vestidos depoimento a seguir, acerca das condições de trabalho envolvendo
custavam quase o salário de um ano de um empregado doméstico crianças:
e constavam em testamentos e heranças. A concorrência livre e a Eram aprendizes órfãos? – Todos aprendizes órfãos.
mecanização fizeram o preço das roupas baixar continuamente. E com que idade eram admitidos? – Os que vinham de Londres
Com mais gente podendo comprar roupa, mais fábricas foram tinham entre 7 e 11 anos. Os que vinham de Liverpool tinham de 8
construídas. Em 1820, já havia na Inglaterra mais de 1.200 fábricas a 15 anos.
de tecidos de algodão, 1.300 de lã e mais de 600 moinhos de linho Até que idade eram aprendizes? – Até 21 anos.
e seda. Qual o horário de trabalho? – De 5 da manhã até 8 da noite.
Além disso, a mão de obra das pessoas que perderam o emprego Quinze horas diárias era um horário normal? – Sim
para teares movidos a vapor no século 19 ou tratores nas fazendas Quando as fábricas paravam para reparos ou falta de algodão,
do século 20 foi liberada para atividades mais produtivas ou tinham as crianças, posteriormente, de trabalhar mais para
criativas. É verdade que a “destruição criativa” das inovações recuperar o tempo parado? – Sim.
provoca falências de empresas, demissões, migrações, uma As crianças ficavam de pé ou sentadas para trabalhar? – De pé.
completa instabilidade e reorganização do trabalho. Mas, no fim Durante todo o tempo? – Sim.
das contas, há um benefício para todos. “A grande causa do Havia acidentes nas máquinas com as crianças? – Muito
aumento dos padrões de vida das nações industrializadas é o frequentemente.”
capital sendo usado para substituir trabalho, afirma o economista (HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1983, p.
americano Walter Williams. O exemplo mais evidente disso é o 191.)
sistema de produção de alimentos. Nos Estados Unidos do fim do LEITURA COMPLEMENTAR IV: O TRABALHO DAS MULHERES
século 18, mais de 90% das pessoas trabalhavam nos campos de
Depoimento de Betty Harris, 37 anos:
cultivo e pecuária. Para que alimentos chegassem à boca de quase
4 milhões de habitantes, era preciso que 19 a 20 americanos Casei-me aos 23 anos, e foi somente depois de casada que eu
adultos trabalhassem nas fazendas. Dois séculos depois, a desci à mina; não sei ler nem escrever. Trabalho para Andrew
mecanização da agricultura liberou 18 deles: hoje, apenas um em Knowles, da Little Bolton (Lancashire). Puxo pequenos vagões de
cada 20 trabalhadores americanos contribui para cultivar alimentos carvão; trabalho das 6 da manhã às 6 da tarde. Há uma pausa de
aos mais de 300 milhões de habitantes. O que aconteceria se cerca de uma hora, ao meio dia, para o almoço; dão-me pão e
alguma lei do governo proibisse a introdução de máquinas no manteiga, mas nada para beber. Tenho dois filhos, porém eles são
campo e impedisse as demissões nas plantações e fazendas? jovens demais para trabalhar. Eu puxava esses vagões, quando
estava grávida. Conheci uma mulher que voltou para casa, se
Vale imaginar um pouco mais: e se os manifestantes ingleses
lavou, se deitou, deu à luz e retornou o trabalho menos de uma
tivessem conseguido que o governo proibisse máquinas para
semana depois.
preservar empregos?
Tenho uma correia em volta da cintura, uma corrente que passa
O resultado seria que os descendentes daqueles trabalhadores
por entre as minhas pernas e ando sobre as mãos e os pés. O
teriam hoje uma vida imensamente mais difícil. Não só os
caminho é muito íngrime, e somos obrigados a segurar uma corda
alimentos e as roupas custariam mais, como não haveria gente
– e quando não há corda, nós nos agarramos a tudo o que
para projetar edifícios, carros, telefones celulares, máquinas de
podemos. Nos poços onde trabalho, há seis mulheres e meia dúzia
lavar roupa, sistemas de internet e para escrever livros. Nada de
de rapazes e garotas; é um trabalho muito duro para uma mulher.
iluminação elétrica na rua, em respeito ao emprego dos
No local onde trabalho, a cova é muito úmida e a água sempre
acendedores de lampião a gás (que trabalharam no Rio de Janeiro
cobre os nossos sapatos. Um dia, a água chegou até minhas
até 1933). Páginas da internet não poderiam mostrar mapas de
coxas. E o que cai do teto é terrível! Minhas roupas ficam
graça, para não acabar com o trabalho dos cartógrafos. Seria
molhadas durante quase o dia todo. Nunca fiquei doente em minha
preciso ligar para uma telefonista para completar cada ligação
vida, a não ser na época dos partos.
telefônica, pagar a ascensoristas nos elevadores não
automatizados, passar a maior parte do tempo na roça cultivando Estou muito cansada quando volto à noite para casa, às vezes
os próprios alimentos e usar o fim de semana para tricotar adormeço antes de me lavar. Não sou mais tão forte como antes,
casacos, já que as roupas continuariam pouco acessíveis aos mas não tenho mais a mesma resistência no trabalho. Puxei esses
pobres. Ou esperar meses até que elas chegassem à cidade por vagões até arrancar a pele; a correia e a corrente são ainda piores
meio do sistema de carroças (em respeito ao emprego dos quando se espera uma criança.”
fabricantes de carroça e dos criadores de cavalo, trens e (Depoimento extraído de um relatório parlamentar inglês, 1842.)
caminhões de carga seriam banidos). Por causa de uma lei CINEMATECA
imposta pelos sindicatos do transporte coletivo para evitar
Filmes relacionados com o tema do capítulo:
demissões, todo ônibus urbano teria, além do motorista, um
entediado cobrador (ops, esse ainda existe). • A Nós, a Liberdade (1931), do diretor René Clair, estabelece um
paralelo entre o trabalho forçado numa prisão e numa fábrica.
As pessoas que perdem o emprego para as máquinas não são
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4
Aula 19 – Revolução Industrial
• Tempos Modernos (1936), dirigido por Charles Chaplin,
apresenta uma crítica à exploração dos trabalhadores e sua
transformação em ferramenta de trabalho.
• Oliver Twist (1948), do diretor David Lean, narra a trajetória de
um garoto de 12 anos, em meio à Revolução Industrial.
• Germinal (1993), dirigido por Claude Berri, retrata o cotidiano de
uma comunidade de mineiros de carvão na França rural do século
XIX.
• Ver-te-ei no Inferno (1969), do diretor Martin Ritt, a trama gira
em torno de uma comunidade de mineiros de origem irlandesa na
Pensilvânia do século XIX.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada para designar um conjunto de transformações
econômicas, sociais e tecnológicas que teve início na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII.
Em pouco tempo, essas mudanças afetariam outros países da Europa e outros continentes, alterando
definitivamente as relações entre as sociedades humanas.
FIGUEIRA, D. G. "História". São Paulo: Ática, 2005. p. 193.
Questão 02
"Um fato saliente chamou a atenção de Adam Smith, ao observar o panorama da Inglaterra: o
tremendo aumento da produtividade resultante da divisão minuciosa e da especialização de trabalho.
Numa fábrica de alfinetes, um homem puxa o fio, outro o acerta, um terceiro o corta, um quarto faz-lhe
a ponta, um quinto prepara a extremidade para receber a cabeça, cujo preparo exige duas ou três
operações diferentes: colocá-la é uma ocupação peculiar; prateá-la é outro trabalho. Arrumar os
alfinetes no papel chega a ser uma tarefa especial; vi uma pequena fábrica desse gênero, com apenas
dez empregados, e onde consequentemente alguns executavam duas ou três dessas operações
diferentes. E embora fossem muito pobres, e portanto mal acomodados com a maquinaria necessária,
podiam fazer entre si 48.000 alfinetes num dia, mas se tivessem trabalhado isolada e
independentemente, certamente cada um não poderia fazer nem vinte, talvez nem um alfinete por dia."
FARIA, Ricardo de Moura et all. "História". Vol. 1. Belo Horizonte: Lê, 1993. [adapt.].
Questão 03
Questão 04
"O duque de Bridgewater censurava os seus homens por terem voltado tarde depois do almoço; estes
se desculparam dizendo que não tinham ouvido a badalada da 1 hora, então o duque modificou o
relógio, fazendo-o bater 13 badaladas."
Este texto revela um dos aspectos das mudanças oriundas do processo industrial inglês no final do
século XVIII e início do século XIX. A partir do conhecimento histórico, pode-se afirmar que
a) os trabalhadores foram beneficiados com a diminuição da jornada de trabalho em relação à época
anterior à revolução industrial.
b) a racionalização do tempo foi um dos aspectos psicológicos significativos que marcou o
desenvolvimento da maquinofatura.
c) os empresários de Londres controlavam com mais rigor os horários dos trabalhadores, mas como
compensação forneciam remuneração por produtividade para os pontuais.
d) as fábricas, de modo em geral, tinham pouco controle sobre o horário de trabalho dos operários,
haja vista as dificuldades de registro e a imprecisão dos relógios naquele contexto.
e) os industriais criaram leis que protegiam os trabalhadores que cumpriam corretamente o horário de
trabalho.
Questão 05
O aumento populacional, a Revolução Industrial e o crescimento das cidades proporcionaram novos
estilos de vida, tanto para a classe média urbana quanto para a classe trabalhadora urbana. Sobre
essas mudanças, pode-se afirmar que
a) o principal investimento da maioria da classe trabalhadora era a educação dos filhos, pois garantia a
mobilidade social.
b) as moradias da classe média, localizadas nas proximidades das indústrias, simbolizavam lucro e
prosperidade.
c) o acesso ao mercado de trabalho, nas fábricas, restringiu-se às mulheres oriundas da classe média,
enquanto as de classe baixa dedicavam-se ao trabalho doméstico.
d) a contratação de mulheres e crianças, em lugar dos homens, provocava desagregação no sistema
de vida familiar.
e) o aumento da produção de bens duráveis (eletrodomésticos) garantiu o acesso a esses produtos
por parte dos operários.
Questão 06
Anotações
Cenas do filme Tempos Modernos (Modern Times), EUA, 1936, Direção: Charles Chaplin, Produção: Continental.
A figura representada por Charles Chaplin critica o modelo de produção do início do século XX, nos
Estados Unidos da América, que se espalhou por diversos países e setores da economia e teve como
resultado
a) a subordinação do trabalhador à máquina, levando o homem a desenvolver um trabalho repetitivo.
b) a ampliação da capacidade criativa e da polivalência funcional para cada homem em seu posto de
trabalho.
c) a organização do trabalho que possibilitou ao trabalhador o controle sobre a mecanização do
processo de produção.
d) o rápido declínio do absenteísmo, o grande aumento da produção conjugado com a diminuição das
áreas de estoque.
e) as novas técnicas de produção que provocaram ganhos de produtividade, repassados aos
trabalhadores como forma de eliminar as greves.
Questão 07
Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas por atividades rudimentares e de baixa
produtividade. A partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento da revolução
tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor agropecuário. São, portanto, observadas
consequências econômicas, sociais e ambientais inter-relacionadas no período posterior à Revolução
Industrial, as quais incluem
a) a erradicação da fome no mundo.
b) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas urbanas.
c) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os recursos energéticos.
d) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos na agricultura.
e) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário da economia, em face da mecanização.
Questão 08
Este considerável aumento de produção que, devido à divisão do trabalho, o mesmo número de
pessoas é capaz de realizar, é resultante de três circunstâncias diferentes: primeiro, ao aumento da
destreza de cada trabalhador; segundo, à economia de tempo, que antes era perdido ao passar de
uma operação para outra; terceiro, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam o
trabalho e reduzem o tempo indispensável para o realizar, permitindo a um só homem fazer o trabalho
de muitos.
(Adam Smith. “Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações (1776)”. In: Adam
Smith/Ricardo. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984.)
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 01
Leia as informações a seguir.
Em meados do século XVIII, James Watt patenteou na Inglaterra
seu invento, sobre o qual escreveu a seu pai: “O negócio a que me
dedico agora se tornou um grande sucesso. A máquina de fogo
que eu inventei está funcionando e obtendo uma resposta muito
melhor do que qualquer outra que tenha sido inventada até agora”.
Disponível em: <http://www.ampltd.co.uk/digital_guides/ind-rev-series-3-parts-1-to-
3/detailed-listing-part-1.aspx>. Acesso em: 29 out. 2012. (Adaptado).
parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem d) tornaram-se hegemônicas dentro da organização das fábricas
vosso sangue? capitalistas sem nenhum tipo de sistema concorrente até a
SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L. História da Riqueza do atualidade.
Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
e) ao baratearem excessivamente os preços contribuíram para a
estagnação do capitalismo nas décadas de 30 a 70 do século XX.
A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico
Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições Questão 08
socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante
a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada
a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada na riqueza
dos patrões.
b) no salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços
nas indústrias.
c) na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo
proletariado.
d) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade.
e) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam.
Questão 06 Uma rua de um bairro pobre de Londres (Dubley Street); gravura de Gustave Doré
de 1872. (fonte: BENEVOLO, 1999)
Considere o papel da técnica no desenvolvimento da constituição
de sociedades e três invenções tecnológicas que marcaram esse
A gravura do artista remete a um momento de grande ruptura
processo: invenção do arco e flecha nas civilizações primitivas,
tecnológica e social ocorrida na Inglaterra como se depreende em
locomotiva nas civilizações do século XIX e televisão nas
civilizações modernas. uma das afirmativas abaixo:
a) A população também foi beneficiada de imediato pelos avanços
A respeito dessas invenções são feitas as seguintes afirmações:
I - A primeira ampliou a capacidade de ação dos braços, da criação de novas máquinas.
provocando mudanças na forma de organização social e na b) Aqueles que passavam necessidade eram na maioria pessoas
que não buscavam trabalho nas indústrias.
utilização de fontes de alimentação.
II - A segunda tornou mais eficiente o sistema de transporte, c) A falta de emprego gerada pelo avanço das máquinas gerou
fome e miséria por toda Inglaterra durante o século XVIII.
ampliando possibilidades de locomoção e provocando mudanças
d) A pobreza e a miséria eram vistas apenas nos bairros mais
na visão de espaço e de tempo.
III - A terceira possibilitou um novo tipo de lazer que, envolvendo pobres não chegando a afetar as altas classes sociais protegidas
em seus castelos.
apenas participação passiva do ser humano, não provocou
mudanças na sua forma de conceber o mundo. e) A burguesia tentando amenizar as crises sociais, rapidamente
ampliou os direitos e salários dos trabalhadores.
Está correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) I e II, apenas. Questão 09
c) I e III, apenas. O assalariado na sociedade capitalista é um homem livre. Não
d) II e III, apenas. pertence a um dono, como na escravidão, nem está preso ao solo,
e) I, II e III. como no regime feudal da servidão. (...) ele foi “libertado” não só
do senhor, mas também dos meios de produção. Vimos como os
Questão 07 meios de produção (terra, instrumentos, máquinas etc.) passaram
a ser propriedade de um pequeno grupo e já não eram distribuídos
O modelo T foi um sucesso. Ford aprimorou seus métodos de
geralmente entre todos os trabalhadores. Os que não são donos
produção reduzindo o trabalhador a uma mera engrenagem,
diminuindo o tempo de montagem – em fins de 1913 o tempo de dos meios de produção só podem ganhar a vida empregando-se –
por salários – aos que são donos. É evidente que o trabalhador
produção os chassis passara de 12 horas e meia para duas horas
e quarenta minutos – e baixando os preços. Ford aumentou os não se vende ao capitalista (isso faria dele um escravo), mas
salários e reduziu a carga horária. Um modelo T saia da linha de vende a única mercadoria que possui – sua capacidade de
trabalhar, sua força de trabalho.
montagem a cada 24 segundos e o preço estava em 290 dólares HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 21. ed. Rio de Janeiro: LTC,
quando sua produção foi interrompida em 1927. 1959.
FURTADO, Peter. 1001 dias que abalaram o mundo. Rio de Janeiro: Sextante,
2009, p.629.
A descrição do mundo do trabalho e da propriedade dos meios de
produção retratados no texto acima se refere ao contexto histórico
A respeito das inovações técnicas introduzidas nas fábricas de
Henry Ford a partir de 1908 pode-se inferir que a) das grandes navegações, quando o capitalismo comercial se
consolidou como meio de produção, impondo o modelo de trabalho
a) os resultados obtidos deveram-se muito mais a uma nova
disciplinarização da mão de obra do que da tecnologia das assalariado.
máquinas. b) do nascimento das corporações de ofícios nas cidades
medievais, que baniu o trabalho escravo da sociedade europeia.
b) não foram capazes de serem aplicados em outros tipos de
produção, ficando restritas ao setor automobilístico. c) do renascimento comercial e urbano europeu, na Baixa Idade
Média, quando o trabalho servil foi substituído pelo modelo
c) a difusão do modelo fordista garantiu o aumento significativo dos
assalariado.
salários dos trabalhadores europeus.
Questão 12
Analise os três textos seguintes.
Eu vi o ferro incandescente sair da fornalha; eu o vi como se tecer
em barras e fitas, com uma velocidade e facilidade que pareciam
maravilhosas.
(Engenheiro James Nasmyth, 1830)
(In: Divalte Garcia Figueira. "História". São Paulo: Ática, 2005. p. 193)
A partir da segunda metade do século XVIII, as chaminés ... como parecia estranho viajar naquilo, sem nenhuma causa
expelindo rolos de fumaça, como as da gravura, passaram a fazer visível do avanço a não ser a máquina mágica, com sua flutuante
parte da paisagem de algumas regiões inglesas, alterando o exalação branca e marcha ritmada, invariável, entre aquelas
equilíbrio natural. Essas chaminés eram, na verdade, apenas parte paredes rochosas ... Senti como se nenhum conto de fadas fosse
mais visível da fábrica que alterou completamente a sociedade tão maravilhoso quanto a metade do que via.
(Atriz Fanny Kemble, 1829)
humana. Dentre as alterações econômicas e sociais advindas do
fenômeno apresentado na gravura, pode-se destacar
Pobreza, pobreza, pobreza, em perspectivas quase infindáveis: e
a) o processo de desconcentração urbana, haja vista a decisão da
carência e desgraça cambaleando de braços dados por essas ruas
burguesia de construir as unidades fabris longe dos centros
miseráveis ... Ali, cerca de quinze pés abaixo da calçada,
urbanos.
agachada numa imundice indescritível, com a cabeça inclinada,
b) a melhoria do padrão de vida do trabalhador fabril, já que a
estava a figura do que fora uma mulher. Seus braços azuis cingiam
máquina o libertou das condições degradantes do trabalho rural.
no colo lívido duas coisas mirradas como crianças, que se
c) a preocupação do poder público com a questão ambiental,
inclinavam em direção a ela, uma de cada lado. A princípio eu não
impondo rapidamente uma legislação que eliminou os efeitos da
sabia se estavam vivas ou mortas.
poluição ambiental. (Herman Melville, 1839)
d) a redução do lucro dos capitalistas ingleses porque eram
obrigados a pagar elevadas indenizações aos operários que O contexto histórico dos textos apresentados refere-se
adoeciam nas fábricas. a) ao conflito entre capital e trabalho, na cidade e no campo,
e) o crescimento populacional próximo às fábricas, dando origem a provocado por migrações e pobreza nas pequenas cidades
graves problemas de urbanização, como a proliferação de cortiços. inglesas, onde estavam os antigos centros manufatureiros.
b) ao grande desenvolvimento industrial norte-americano e à
Questão 11 pobreza vivida por operários na cidade de Nova Iorque.
Leia os dois textos seguintes. c) à segunda etapa da Revolução Industrial, realizada pela
"No Ocidente Medieval, a unidade de trabalho é o dia [...] definido expansão da indústria do aço, e ao empobrecimento da população
pela referência mutável ao tempo natural, do levantar ao pôr-do- como consequência das revoltas operárias.
sol. [...] O tempo do trabalho é o tempo de uma economia ainda d) à expansão do imperialismo inglês na África e à miséria
dominada pelos ritmos agrários, sem pressas, sem preocupações desencadeada pela imposição às populações locais de um modo
de exatidão, sem inquietações de produtividade". de vida urbano e segregacionista.
(Jacques Le Goff. "O tempo de trabalho na 'crise' do século XIV".) e) às contradições geradas pela Revolução Industrial inglesa, que
promoveu desenvolvimento tecnológico e, ao mesmo tempo, gerou
"Na verdade não havia horas regulares: patrões e administradores desemprego e pobreza.
faziam conosco o que queriam. Normalmente os relógios das
fábricas eram adiantados pela manhã e atrasados à tarde e em Questão 13
lugar de serem instrumentos de medida do tempo eram utilizados
"Estas ruas são em geral tão estreitas que se pode saltar de uma
para o engano e a opressão".
(Anônimo. "Capítulos na vida de um menino operário de Dundee", 1887.) janela para a da casa em frente, e os edifícios apresentam por
outro lado uma tal acumulação de andares que a luz mal pode
Entre as razões para as diferentes organizações do tempo do penetrar no pátio ou na ruela que os separa. Nesta parte da cidade
trabalho, pode-se citar: não há nem esgotos nem lavabos públicos (...) nas casas, e é por
a) a predominância no campo de uma relação próxima entre isso que as imundícies, detritos ou excrementos de, pelo menos,
50.000 pessoas são lançados todas as noites nas valetas (...) que quais escreveu Charles Dickens, em Oliver Twist: ‘os pobres têm
não só ferem a vista e o olfato, como, por outro lado, representam duas escolhas, morrer de fome lentamente se permanecem no
um perigo extremo para a saúde dos habitantes. (...) Os depósito, ou de repente, se saem de lá’.
alojamentos da classe pobre são em geral muito sujos e ARRUDA, J. Nova História Moderna e Contemporânea. Bauru, SP: Edusc 2005, v.
2, p. 40.
aparentemente nunca são limpos (...) e compõem-se, na maior
parte das casas, de uma única sala
Quando examinei as três cabanas de barro que servem de hospital
(...) que muitas vezes é úmida e fica no subsolo, sempre mal aos nativos em Leopoldville, todas deterioradas e duas com o teto
mobiliada e perfeitamente inabitável, a ponto de um monte de de palha praticamente destruído, encontrei dezessete pacientes
palha servir frequentemente de cama para uma família inteira, com doença do sono, homens e mulheres, jogados na pior sujeira.
cama onde se deitam, numa confusão revoltante, homens, A maioria jazia no chão nu – muitos do lado de fora, em frente às
mulheres, velhos e crianças." casas e, pouco antes da minha chegada, uma mulher em estágio
(The Artisan, 1843. In: Friedrich Engels. A Situação da classe trabalhadora na final de insensibilidade tinha caído no fogo e se queimado
Inglaterra. Tradução Porto: Afrontamento, 1975. p.69.) horrivelmente.
FARIA, R.; MIRANDA, M., CAMPOS, H. Estudos de História, 2. São Paulo: FTD,
2009, p. 178. (adaptado)
O artigo da revista inglesa mostra as contradições de vida
a) dos camponeses que trabalhavam no interior das propriedades
burguesas logo após a realização dos cercamentos das terras. Os textos relatam duas manifestações do(a)
b) dos trabalhadores artesãos que viviam na periferia das cidades a) racismo dos europeus em relação aos nativos africanos.
industriais, exercendo, com seus próprios instrumentos, atividades b) espoliação dos trabalhadores na etapa imperialista do
em pequenas oficinas. capitalismo.
c) das famílias dos operários, que se aglomeravam nas cidades c) falência das políticas assistenciais propostas pelos socialistas.
industriais a partir da Revolução Industrial. d) despreparo das autoridades para lidar com moléstias pouco
d) dos mendigos de Londres que viviam marginalizados na conhecidas.
sociedade porque não se adaptavam ao trabalho disciplinado da e) insuficiência da missão civilizadora restringida à dimensão
fábrica. religiosa.
e) dos desempregados, já que não conseguiam pagar os aluguéis
das habitações sanitárias pelos industriais para as famílias
operárias.
Questão 14
"É curioso que quando a fabricação de algodão apenas começava,
todas as operações, desde o preparo da matéria-prima até a sua
transformação em tecido, se completavam sob o teto da cabana do
tecelão. O processo da manufatura determinou que o fio seria fiado
nas fábricas e seria tecido nas cabanas. Na época atual, quando a
manufatura chegou a sua etapa de maturidade, todas as
operações voltam a realizar-se em um único edifício, recorrendo-se
a meios superiores e máquinas mais complexas."
Guest, O efeito do tear mecânico sobre a produção.
Questão 15
Analise os textos:
A indústria foi modernizada na Inglaterra, durante o século XIX,
mas os velhos métodos de exploração do trabalho não mudaram:
as jornadas de trabalho foram prolongadas e os salários
diminuídos, fazendo crescer os lucros, especialmente nas minas de
carvão, com o trabalho infantil. Os escrúpulos humanitários
resumiram-se às casas para trabalhadores desvalidos, sobre as
dos trabalhadores, não questionavam a propriedade privada (com exceção de Pierre-Joseph Proudhon).
A seguir, os principais utópicos e uma síntese do que defendiam:
• Charles Fourrier – propunha a criação de comunidades
(falanges ou falanstérios), onde a divisão da riqueza seria proporcional à quantidade e qualidade do trabalho individual.
• Saint-Simon – em sua visão de mundo, a sociedade se divide em dois grupos (trabalhadores e ociosos); os trabalhadores (burgueses,
profissionais liberais, operários etc.) devem formar uma administração conjunta (governo) sobre a produção.
• Robert Owen – empresário que implantou práticas em sua fábrica, como a redução na jornada de trabalho e o aumento nos salários.
Como já foi dito, os socialistas utópicos criticavam as desigualdades e a exploração do sistema capitalista ao mesmo tempo em que
propunham reformas no sentido de humanizar o sistema (ao invés de destruí-lo, conforme Marx e Engels defendiam). É por isso que se diz
que os socialistas utópicos estavam mais para capitalistas humanizados do que para socialistas de fato.
SOCIALISMO CIENTÍFICO (OU MARXISTA)
Em 1848, quando o continente europeu estava sendo varrido por uma onda
de revoluções, os alemães Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o
Manifesto Comunista, obra que apresentou ao mundo os postulados
ideológicos daquilo que viria a ser conhecido como socialismo científico ou
socialismo marxista.
Antes de publicarem a obra, Marx e Engels mergulharam profundamente no
estudo dos mecanismos de funcionamento do sistema capitalista. A partir
desses estudos (que não se limitaram ao capitalismo, mas se estenderam
aos sistemas socioeconômicos que o precederam), Marx e Engels
elaboraram algumas importantes teorias:
• Teoria da mais-valia – em linhas gerais, a mais-valia é a diferença entre
a riqueza que o operário produz através de seu trabalho e o salário que Friedrich Engels (à esquerda) e Karl Marx.
recebe por isso (pode-se perceber um abismo colossal nessa diferença).
• Teoria do materialismo histórico – os fatos e acontecimentos são determinados pelas condições sociais e econômicas da sociedade.
• Teoria da luta de classes – as lutas de classes são o motor da história, logo conclui-se que a história da humanidade é a história da
luta de classes.
• Teoria do materialismo dialético – cada sistema ou modo de FIQUE POR DENTRO
produção carrega consigo certas contradições que acabarão por destruí- Nos países onde regimes socialistas foram instalados (Rússia,
lo, o que acarretaria sua substituição por outro. China, Cuba etc.) verificou-se a instalação de uma ditadura sobre
o proletariado, ao invés de uma ditadura do proletariado.
De acordo com o pensamento marxista, o capitalismo não pode ser
Ditaduras totalitárias e monopartidárias, controladas por uma
reformado, tem de ser derrubado por uma revolução armada do burocracia (alta cúpula do partido comunista local), passaram a
proletariado. A propriedade privada seria eliminada, mas o Estado governar esses países, num projeto de poder bem distante do que
mantido e colocado sob o governo da própria classe trabalhadora (a foi concebido por Marx e Engels. A esse modelo dá-se o nome de
ditadura do proletariado, como Marx a definiu). Posteriormente, quando socialismo real.
a figura do Estado se tornasse obsoleta, a sociedade atingiria o
comunismo. Portanto, na visão marxista, o socialismo seria a transição do capitalismo para o comunismo.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
“Com machado, lança ou fuzil
Meus valentes cortadores
Os que com apenas um só forte golpe
rompem com as máquinas cortadeiras"
O fragmento acima é parte da letra de uma canção entoada pelos ludistas, operários de fábricas que,
no início do século XIX:
a) reivindicavam significativas alterações na legislação operária vigente, a fim de reduzir a jornada de
trabalho.
b) protestavam contra a substituição da mão de obra humana por máquinas destruindo essas últimas.
c) divulgavam entre seus companheiros os princípios revolucionários da ideologia do socialismo
utópico.
d) alertavam os líderes sindicais quanto à penetração da ideologia do liberalismo econômico entre os
trabalhadores.
e) opunham-se à intermediação do Estado nas lutas conflitos entre o proletariado e a classe patronal.
Questão 02
A “Carta do Povo” ou “Cartismo” foi bastante reveladora do avanço da luta do proletariado, pois, nela
estavam presentes reivindicações de caráter político. Os trabalhadores começavam a compreender
que sua luta não era apenas econômica, mas também política. (...) O movimento cartista atingiu seu
ponto culminante em 1842, quando a “Carta” foi apresentada ao Parlamento. Este recusou qualquer
tipo de reforma (...). Reconhecendo que o simples apelo ao Parlamento não era o único caminho
possível para melhorar sua sorte, os trabalhadores, sobretudo a partir de 1850, fortaleceram a ação
sindical.
MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flavio; FARIA, Ricardo. História: Os Caminhos do Homem. 2. ed. Belo Horizonte: Lê, 1991,
p. 48.
Questão 03
Texto 01
Portanto, a propriedade privada, na forma que existe na sociedade capitalista – dando à classe dos
proprietários o direito de explorar os demais – deve ser abolida. Mas como? Pedindo-se aos donos das
propriedades que abram mão delas? Eliminando pelo voto seus direitos de propriedade? Na verdade,
não, disseram Marx e Engels. Como então? Qual o método advogado? A revolução.
HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1967, p. 242.
Texto 02
(...) Negou todo o absoluto e todas as instituições baseando-se unicamente na incondicional soberania
do indivíduo humano. Negou todas as leis naturais e uma humanidade comum. (Max Stirner)
(...) Odiou o Estado e as fronteiras ao mesmo tempo em que professou convicções nacionalistas. Uma
frase sua tornou-se slogan dos libertários do mundo inteiro: "A Propriedade é um Furto". (Pierre-
Joseph Proudhon)
COSTA, Caio Túlio. O Que é Anarquismo. 15 ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1990, p. 32-35.
b) marxistas consideram as condições materiais como expressão da verdade histórica e, por isso,
privilegiam as fontes históricas oficiais e escritas.
c) pensadores materialistas, como Marx e Engels, privilegiam a cultura e as artes em detrimento da
Anotações
revolução.
d) materialistas e anarquistas sustentam a tese da importância do Estado para a manutenção da
ordem social.
e) a revolução seria o método advogado por Marx para o proletariado destruir o capitalismo e assim
criar o Estado socialista, ao passo que os anarquistas não aceitam nenhuma forma de Estado.
Questão 04
Para nós, a autoridade não é necessária à organização social; ao contrário, acreditamos que ela é sua
parasita, que impede sua evolução e utiliza seu poder em proveito próprio de uma certa classe que
explora e oprime as outras. Enquanto houver harmonia de interesses em uma coletividade, enquanto
ninguém quiser ou puder explorar os outros, não haverá marca de autoridade;....
Enrico Malatesta
Questão 05
A cada 1o de maio, lembramos de Parsons, Spies e seus companheiros de patíbulo. Mas poucos
lembram do nome de James Towle, que foi, em 1816, o último "destruidor de máquinas" enforcado.
Caiu pelo poço da forca gritando um hino luddita [sic] até que suas cordas vocais se fecharam num só
nó.
FERRER, Christian. Os destruidores de máquinas. In: "Libertárias", n. 4, dez/1998, São Paulo, p. 5.
Sobre os destruidores de máquinas, de que trata o texto acima, é correto afirmar que eles:
a) foram trabalhadores ingleses que combateram com ações diretas a mecanização dos teares
durante a Revolução Industrial.
b) eram grupos de rebeldes irlandeses liderados pelos radicais jacobinos insatisfeitos com a
restauração da monarquia dos Bourbon na França.
c) eram integrantes das vanguardas das trade unions, os primeiros sindicatos de trabalhadores da
Inglaterra, que elaboraram a “Carta do Povo”.
d) foram trabalhadores anarquistas que morreram enforcados por terem lutado pela jornada de oito
horas durante a greve geral de Haymarket Riot, em Chicago.
e) eram grupos de indígenas do meio oeste dos EUA, entre eles os sioux, que atacavam os trens
(cavalos de aço) que dividiam as manadas de búfalos dentro de seus territórios.
Questão 06
A revolução industrial ocorrida no final de século XVIII transformou as relações do homem com o
trabalho. As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões
próximas às matérias-primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos
operários vinham da área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das
vezes em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século XIX
e a diminuição da jornada de trabalho para oito horas diárias concretizou-se no início do século XX.
Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século de decorrentes da legislação trabalhista,
estão relacionadas com
Questão 07
Documento 01
"... a conversão da propriedade privada em propriedade coletiva, tão preconizada pelo socialismo, não
teria outro efeito que não fosse o de tornar a situação dos operários mais precária, retirando-lhes a
livre disposição do seu salário... e toda a possibilidade de aumentar o seu patrimônio e melhorar a sua
situação ... A propriedade privada e pessoal é para o homem de direito natural ... O homem deve
tomar com paciência a sua condição; é impossível que, na sociedade civil, toda a gente seja elevada
ao mesmo nível ... Contra a natureza todos os esforços são vãos ... O erro capital .... é o de crer que
as duas classes são inimigas natas uma da outra, como se a natureza tivesse armado os ricos e os
pobres para se combaterem mutuamente ... Não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem
capital. A concordância engendra a ordem e a beleza ... Toda a economia das verdades religiosas... é
de natureza a aproximar ... os ricos e os pobres, lembrando às duas classes os seus mútuos
deveres..."
Documento 02
"O Congresso reunido em Saint Imier declara:
1 - Que a destruição de todo poder político é o primeiro dever do proletariado.
2 - Que toda organização de um poder que pretende ser provisório e revolucionário para efetivar
aquela destruição é um engano, e seria tão perigoso para o proletariado como todos os governos que
existem hoje.
3 - Que, rejeitando todo compromisso para chegar à realização da Revolução Social, os proletários de
todos os países devem estabelecer, fora de toda política burguesa, a solidariedade da ação
revolucionária."
Questão 08
“A maneira como os indivíduos manifestam sua vida reflete exatamente o que são. O que eles são
coincide, pois, com sua produção, isto é, tanto com o que eles produzem quanto com a maneira como
produzem. O que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais da sua produção.”
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 13.
Com base nessa citação do livro A ideologia alemã, que trata da teoria marxista para a interpretação
da sociedade, é correto afirmar que:
a) o capitalismo teve origem no modo de produção socialista, a partir de uma revolução burguesa.
b) o capitalismo teve origem em ideias religiosas, a partir do Renascimento, e no crescimento da
burguesia.
c) a produção de ideias na vida social, no decorrer da história, está separada da produção da vida
material.
d) a perspectiva de análise marxista examina a sociedade levando em consideração as relações
sociais estabelecias no modo de produção.
e) o pensamento marxista surgiu no início da revolução francesa, com a defesa da igualdade e da
fraternidade entre todos os seres humanos.
Questão 04
Na produção social que os homens realizam, eles entram em
determinadas relações indispensáveis e independentes de sua
vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio
definido de desenvolvimento das suas forças materiais de
produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura
econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual se
erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual
Analisando a imagem, é correto afirmar que a estratégia de luta correspondem determinadas formas de consciência social.
apresentada é o MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F.Textos
a) anarquismo, no qual os trabalhadores recusam-se a trabalhar 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).
até que os patrões ofereçam melhorias.
b) trotskismo, no qual os trabalhadores agridem fisicamente os Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no
patrões para negociar melhorias nas fábricas. sistema capitalista faz com que
c) ludismo, no qual os trabalhadores destroem as máquinas das a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
fábricas, consideradas símbolos da opressão. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção
d) vandalismo, no qual os trabalhadores destroem as fábricas com material.
a intenção de prejudicar o governo. c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o
e) socialismo, no qual os trabalhadores quebram a propriedade progresso humano.
privada para construir o sindicato. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao
desenvolvimento econômico.
Questão 02 e) a burguesia revolucione o processo social de formação da
“[...] o operário não se reconhece no produto que criou em consciência de classe.
condições que escapam a seu arbítrio e às vezes até a sua
compreensão, nem vê no trabalho qualquer finalidade que não seja Questão 05
a de garantir sua sobrevivência. E a própria ‘produção multiplicada
que nasce por obra da cooperação dos diferentes indivíduos sob a
ação da divisão do trabalho’ aparece aos produtores como um
poder alheio, sobre o qual não têm controle, não sabem de onde
procede e sentem como se estivesse situado à margem deles,
independente de sua vontade e de seus atos e que ‘até mesmo
dirige esta vontade e estes atos’.”
QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2 ed. Belo
Horizonte. Editora: UFMG, 2009, p. 52.
e por liberdade entendo o triunfo da individualidade, seja sobre a de interesses em uma coletividade, enquanto ninguém quiser ou
autoridade que gostaria de governar de forma despótica, seja puder explorar os outros, não haverá marcas de autoridade; mas,
sobre as massas que reclamam o direito de sujeitar a minoria à quando surgirem lutas internas e a coletividade se dividir em
maioria." vencedores e vencidos, então a autoridade aparecerá, autoridade
que, naturalmente, estará a serviço dos interesses dos mais fortes
Documento 2: e servirá para confirmar, perpetuar e reforçar sua vitória."
"Não sou socialista, porque o socialismo concentra e engole, em (Enrico Malatesta. Textos escolhidos. Porto Alegre: LPM, 1984, p. 25)
benefício do Estado, todas as forças da sociedade; porque conduz
inevitavelmente à concepção da propriedade nas mãos do Estado, O fragmento acima defende postura
enquanto eu proponho (...) a extinção definitiva do princípio mesmo a) humanista: acredita na harmonia entre os homens e opõe-se a
da autoridade e tutela, próprios do Estado, o qual, com o pretexto qualquer tipo de conflito social.
de moralizar e civilizar os homens, conseguiu (...) somente b) anarquista: rejeita a necessidade da autoridade e a vê como
escravizá-los, persegui-los e corrompê-los." instrumento de poder e de dominação.
c) autoritária: concebe a autoridade como natural e exclui qualquer
Nos documentos anteriores, estão expressas duas visões da tentativa de utilizá-la na vida em comunidade.
realidade social elaboradas no século XIX representativas das d) socialista: critica a autoridade exercida pela classe dominante e
ideias: defende o poder nas mãos dos trabalhadores.
a) do liberalismo e do socialismo utópico. e) liberal: celebra o valor universal da liberdade e recusa a
b) da doutrina social da Igreja e do socialismo científico. imposição da vontade de uns sobre outros.
c) do socialismo utópico e do anarquismo.
d) do liberalismo e do anarquismo. Questão 12
e) da doutrina social da Igreja e do socialismo utópico. Os anarquistas, senhores, são cidadãos que, em um século em
que se prega por toda a parte a liberdade das opiniões, acreditam
Questão 10 ser seu dever recomendar a liberdade ilimitada. (...)
O quadro a seguir, criado pelo italiano Giuseppe Pellizza, é uma Os anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a viver sem
expressiva representação da emergência dos movimentos sociais governo, da mesma forma como ele começa a aprender a viver
no final do século XIX, ao mostrar uma multidão de trabalhadores sem Deus.
que, determinadamente, avança para reivindicar seus direitos. Declaração dos Anarquistas, 1883.
(VOILLIARD, Odette et alii. Documents d'Histoire Contemporaine (1851-1971).
Esse fenômeno de desenvolvimento das organizações coletivas, Paris: Armand Colin, 1964.)
como o movimento sindical e os partidos políticos, teve início na
Europa e Estados Unidos do século XIX, espalhando-se por todo o No texto acima, está apresentado o seguinte princípio do
mundo ocidental. anarquismo:
a) rejeição do poder instituído, negando a necessidade do Estado.
b) recusa das eleições, substituindo-as pelo sindicalismo
revolucionário.
c) fim do Estado e da Igreja, pregando sua substituição por ações
de um cooperativismo associacionista.
d) superioridade da ação profissional sobre a da política, buscando
a independência dos partidos políticos.
Questão 13
Leia com atenção as proposições abaixo:
Qual das afirmativas a seguir corresponde às condições sociais
I. "A história de qualquer sociedade até aos nossos dias foi apenas
daquele período?
a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e
a) A rígida estratificação social impedia que os camponeses plebeu, barão e servo, mestre e companheiro, numa palavra
procurassem trabalho fora dos limites feudais. opressores e oprimidos em oposição constante, desenvolveram
b) A estagnação do setor econômico-produtivo, centralizado num uma guerra que acabava sempre ou por uma transformação
mundo agrário incapaz de atender às necessidades humanas de revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas
subsistência. classes em luta."
c) Leis trabalhistas que reconheciam os direitos dos homens, II. "Se me pedissem para responder à pergunta - 'O que é a
mulheres e crianças. escravidão?' e eu respondesse numa só palavra: 'Assassinato!',
d) As péssimas condições de vida dos mais pobres, com longas todos entenderiam imediatamente o significado da minha resposta.
jornadas de trabalho e precárias condições de habitação. Não seria necessário utilizar nenhum outro argumento para
e) A expansão dos governos democráticos, abertos à participação demonstrar que o poder de roubar um homem de suas ideias, de
popular e à inclusão dos mais pobres na política. sua vontade e sua personalidade é um poder de vida ou morte e
que escravizar um homem é o mesmo que matá-lo. Por que, então,
Questão 11 não posso responder da mesma forma a essa outra pergunta: 'O
"Para nós, a autoridade não é necessária à organização social; ao que é a propriedade?' com uma palavra só: 'Roubo'."
contrário, acreditamos que ela é sua parasita, que impede sua Assinale a alternativa CORRETA.
evolução e utiliza seu poder em proveito próprio de uma certa a) A primeira proposição reproduz um trecho de uma das mais
classe que explora e oprime as outras. Enquanto houver harmonia importantes obras do filósofo alemão Karl Marx, que serviu de base
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
22
Aula 20 – Movimento Sociais e Ideais Políticas do Século XIX
para a ideologia liberal desenvolvida no século XIX.
b) A segunda proposição refere-se ao manifesto cristão proposto
por bispos da Igreja, indignados com a miséria que assolava as
classes trabalhadoras europeias no século XIX.
c) A "luta de classes" é um dos principais aspectos da doutrina
marxista e a definição da "propriedade como um roubo" tornou-se
um dos principais lemas do anarquismo desde o século XIX.
d) A segunda proposição é de Joseph Proudhon, teórico liberal
francês, indignado com a escravidão ainda praticada em
determinados continentes no século XIX.
e) A segunda proposição refere-se à região da Palestina na
perspectiva sionista, desenvolvida na Europa ao final do século
XIX.
Questão 14
"A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a história
das lutas de classes. A sociedade moderna, burguesa, surgida das
ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes
Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de opressão,
novas formas de luta em lugar das velhas."
As opções abaixo têm relação com o fragmento do texto acima,
extraído do Manifesto Comunista redigido por Marx e Engels há
150 anos, EXCETO:
a) Solidariedade entre as classes, com a superação de suas
rivalidades para abolir as injustiças sociais.
b) Materialismo Histórico, já que a história é feita a partir das
condições materiais da vida dos homens.
c) Materialismo Dialético, quando o capitalismo, pelas suas
contradições, dá origem ao socialismo.
d) Mais-Valia, em que ficam evidentes as condições de opressão a
que a classe trabalhadora é submetida.
e) Luta de Classes, quando finalmente os oprimidos se libertam de
seus opressores.
Questão 15
Leia o texto a seguir:
"Até hoje a história de todas as sociedades que existiram até os
nossos dias tem sido a história das lutas de classes (...). A
sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade
feudal, não aboliu os antagonismos de classe (...). De todas as
classes que ora enfrentam a burguesia, só o proletariado é uma
classe verdadeiramente revolucionária."
IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO
INTRODUÇÃO
Cecil John Rhodes foi um empresário britânico que viveu no século XIX e se tornou um dos maiores
incentivadores da ação imperialista de seu país na Ásia e na África. Externando seu pensamento
sobre o assunto, Rhodes disse: “O mundo está quase todo parcelado, e o que dele resta está sendo
dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos que
jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas se pudesse; penso sempre nisso. Entristece-me
vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes.”
Rhodes não estava sozinho quanto às concepções imperialistas, ele apenas exprimiu o pensamento
de muitos homens e governos europeus de seu tempo, que se lançaram, em meados do século XIX,
a uma verdadeira corrida pela dominação e partilha de vastas regiões da Ásia e da África.
Em Précis de législation et d'économie coloniale (LegisLação específica da economia colonial), cuja
primeira edição data de 1895, Jean-Paul-Claude Rougier faz coro ao pensamento imperialista
europeu do século XIX: “Colonizar é relacionar-se com os países novos para tirar benefícios dos
recursos de qualquer natureza destes países, aproveitá-los no interesse nacional, e ao mesmo tempo
levar às populações primitivas, que delas se encontram privadas, as vantagens da cultura intelectual, Cecil John Rhodes
social, científica, moral, artística, literária, comercial e industrial, apanágio das raças superiores. A
colonização é, pois, um estabelecimento fundado em país novo por uma raça de civilização avançada, para realizar o duplo fim que
acabamos de indicar.”
AS RAÍZES DA CORRIDA IMPERIALISTA
Com a expansão do processo de mecanização da indústria (Revolução Industrial) para além dos limites da Inglaterra, na primeira metade
do século XIX, ocorreu um considerável aumento na produção européia. Esse aumento da produção foi maior do que a capacidade do
mercado europeu em absorvê-la. Além disso, as barreiras protecionistas dificultavam, nesse momento de intensa competição, o comércio
entre os países do Velho Mundo. Era clara a necessidade de ampliar mercados consumidores. A dominação de regiões na Ásia e na África
e a transformação das mesmas em áreas coloniais apresentava-se como uma solução para o problema, pois essas colônias consumiriam o
excedente dos produtos de suas metrópoles.
As regiões coloniais dominadas poderiam fornecer às metrópoles matérias primas para
suas indústrias, bem como absorver os excedentes de capitais e de mão de obra do
Velho Mundo. Cecil John Rhodes, o empresário inglês do qual já falamos, disse a esse
respeito:
“A idéia que mais me acode ao espírito é a solução dos problema social, a saber: nós, os
colonizadores, devemos, para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino Unido de
uma mortífera guerra civil, conquistar novas terras a fim de aí instalarmos o excedente
da nossa população, de aí encontrarmos novos mercados para os produtos das nossas
fábricas e das nossas minas. O Império, como sempre tenho dito, é uma questão de
estômagos. Se quereis evitar a guerra civil, é necessário que vos torneis imperialistas.”
Por fim, enumeramos a necessidade, por parte das potências européias, do Charge retratando a expansão imperialista inglesa do
século XIX.
estabelecimento de bases estratégicas para o fortalecimento de seu comércio
internacional, papel que as regiões coloniais dominadas poderiam cumprir de forma
eficiente. Na perspectiva da política internacional da época, a posse de colônias e áreas de influência era um atestado do poder e força dos
países europeus.
Na verdade, a corrida imperialista desenvolveu-se no contexto de transição do capitalismo industrial (ou concorrencial) para o capitalismo
financeiro (ou monopolista), quando algumas poderosas empresas passaram a dominar a produção e controlar o mercado, eliminando a
concorrência e monopolizando os preços dos produtos por elas fabricados.
Na obra O imperialismo, fase superior do capitalismo, o líder revolucionário russo Vladimir Ilitch, mais conhecido por Lenin, apresenta as
cinco características fundamentais do imperialismo:
1. concentração da produção e do capital, atingindo um grau de desenvolvimento tão elevado que origina os monopólios cujo papel é
decisivo na vida econômica;
2. fusão do capital bancário e do capital industrial, e criação, com base nesse ‘capital financeiro’, de uma oligarquia financeira;
3. diferentemente da exportação de mercadorias, a exportação de capitais assume uma importância muito particular;
4. formação de uniões internacionais monopolistas de capital que partilham o mundo entre si;
5. encerramento da partilha territorial do globo entre as maiores potências capitalistas.
O PRETEXTO IDEOLÓGICO PARA A DOMINAÇÃO
A ação imperialista européias sobre a África e a Ásia foi acompanhada pela crença de que os europeus deveriam assumir sua missão
civilizadora sobre o mundo. Essa crença deriva da idéia da suposta superioridade da raça branca sobre as demais, mito que se difundiu
choque armado entre as diversas etnias que disputam o poder no país, provocando um verdadeiro banho de sangue.
O caso recente no Quênia é apenas um retrato da situação que ocorre em outros países da África, continente onde as fronteiras
geopolíticas não correspondem à realidade étnica e cultural.
Observe o quadro abaixo:
Note que as fronteiras geopolíticas da África foram traçadas artificialmente pelos colonizadores europeus, que não levaram em conta a
diversidade étnica e cultural dos diversos povos africanos. Grupos étnicos que eram inimigos foram reunidos sob as mesmas fronteiras
pelos colonizadores. Enquanto o poder da metrópole pairou sobre eles, conflitos foram controlados pela força armada dos exércitos
coloniais. Após a descolonização (processo de independência), a partir da metade do século XIX e a consequente retirada dos exércitos
europeus, esses países mergulharam em guerras civis e violentos conflitos étnicos, realidade que acompanha o continente africano até os
nossos dias. Entretanto, deve-se lembrar que guerras entre tribos e povos africanos já ocorriam antes mesmo da chegada dos europeus ao
continente (e também a prática da escravidão entre os próprios africanos). Não se pode atribuir a culpa exclusiva aos europeus pelos
problemas atuais da África (ver Leitura IV ao fim do capítulo).
A partilha da África entre as potências européias ocorreu na Conferência de Berlim (1884-85). Ali foram traçadas as fronteiras artificiais de
que falamos. O mapa abaixo mostra o continente africano no início do século XX:
Inglaterra e França foram os países que mais se apoderaram de possessões naquele continente. Cerca de 90% da África caiu sob o
domínio colonial europeu. À medida em que esse domínio colonial avançou, avançou também a destruição das tradicionais formas de vida
e organização tribal dos povos da região.
“Antes do aparecimento dos europeus, todos os habitantes nativos do território eram economicamente auto-suficientes (...) Cada família
banto produzia sua alimentação, plantando e criando gado; também construía as próprias cabanas e fazia a maioria de suas roupas e
utensílios domésticos (...) Desde a vinda dos europeus, essa antiga auto-suficiência se desmoronou”, escreve Jack Woddis em África, as
Raízes da Revolta.
COLÔNIAS OU ÁREAS DE INFLUÊNCIA?
O imperialismo europeu sobre a África e a Ásia produziu não resultou apenas na organização de colônias, mas também na formação de
áreas de influência.
Quando a dominação imperialista ocorreu de forma plena, com o controle econômico e político da região subjugada pelos europeus, temos
uma colônia. A Índia é um exemplo de colônia, uma vez que foi anexada ao Império Britânico (a dominação inglesa se deu em todos os
Foi a partir desse conflito que Hong Kong se tornou um protetorado sob o domínio inglês, só retornando ao controle da China em julho de
1997.
A maior parte das telas de Duncan retrata belas vistas da costa e admiráveis embarcações, como na pintura acima reproduzida.
LEITURA COMPLEMENTAR I: A DEFESA DO IMPERIALISMO ou mantido com proveito, se tiver uma base moral. Para o povo da
mãe pátria, deve representar disciplina, inspiração e fé. Para o
George Nathaniel Curzon, estadista britânico, defendeu o domínio
povo da periferia, deve ser mais do que uma bandeira ou um
colonial inglês sobre a África e a Ásia:
simples nome; deve dar-lhe o que não pode obter de outra
“Por onde este Império estendeu suas fronteiras, miséria e maneira, nem gozar em qualquer outro lugar; não somente justiça
opressão, anarquia e desamparo, superstição e fanatismo e ordem, ou prosperidade material, mas o sentimento de associar-
tenderam a desaparecer e foram substituídas pela paz, a justiça, a se a uma grande idéia, a influência sagrada de um objetivo
prosperidade, o humanismo e a liberdade de pensamento, palavra elevado. Creio que no âmago de um empreendimento britânico
e ação (...) mas também surgiu, o que creio ser um fator único na arde essa centelha da flama celeste com que a Providência tem
história dos impérios, um sentimento de lealdade e entusiasmo, amplamente abençoado, até hoje, nossos empreendimentos.”
que faz vibrar o coração do mais remoto cidadão britânico, diante CURZON, G. N. O verdadeiro imperialismo. In: ROBERTS, J. M. História do século
da idéia do destino que ele compartilha, e faz com que reverencie XX. São Paulo: Abril, [s.d], v. 1, p. 314.
um pedaço de tecido colorido com o símbolo de tudo o que há de LEITURA COMPLEMENTAR II: UMA CRÍTICA AO
mais nobre em sua própria alma e do que há de mais importante IMPERIALISMO
para o bem do planeta. O que anima o imperialismo é (...) a idéia
suprema, sem a qual o senso do sacrifício e o conceito do dever Bernard Shaw, dramaturgo irlandês, na obra The Man of destiny
soariam falsos. O Império só pode ser satisfatoriamente efetivado, (“Homem do destino”), publicada em 1895, desfechou uma crítica
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
O mapa acima apresenta o Império Britânico no fim do século XIX, numa época em que as
possessões inglesas davam uma volta ao mundo, daí se dizer que nele “o Sol nunca se põe”. A
expansão colonial inglesa (e também de outros países europeus) está relacionada à propagação do
processo de industrialização (Segunda Revolução Industrial), que levou as potências da época a uma
verdadeira corrida imperialista. Portanto, umas das funções que os territórios coloniais assumiam era a
de
a) produzir artigos manufaturados para o consumo europeu.
b) consumir o excedente de produtos industrializados das metrópoles.
c) oferecer mão de obra escrava às colônias européias da América.
d) importar matérias primas e produtos agrícolas do continente europeu.
e) exportar excedentes populacionais e de capitais para suas metrópoles.
Questão 02
Lord Kitchener (Horatio Herbert Kitchener), renomado militar e diplomata britânico, foi um dos mais
entusiásticos defensores da política imperialista que o governo da Grã-Bretanha adotou na segunda
metade do século XIX. É dele a declaração abaixo:
“Foi essa consciência de nossa superioridade inata que nos permitiu conquistar a Índia. Por mais
educado e inteligente que seja um indiano, por mais valente que ele se manifeste e seja qual for a
posição que possamos atribuir-lhe, penso que jamais ele será igual a um oficial britânico”.
Considerando a declaração de Kitchener e o contexto histórico em que foi proferida, conclui-se que o
diplomata
a) ressalta as virtudes dos povos coloniais submetidos ao domínio imperialista inglês.
b) manifesta em suas palavras uma explícita ideologia a favor do anti-semitismo.
c) enxerga o processo de aculturação como uma barreira ao colonialismo europeu.
d) discrimina os nativos indianos, defendendo seu extermínio pelos colonizadores.
e) professa a crença na suposta superioridade do homem branco sobre as demais raças.
Questão 03
Entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX, as relações mundiais do capitalismo
sofreram uma reorganização, levando as potências europeias a dirigir uma política sistemática para
continentes como Ásia e África. O escritor inglês Rudyard Kipling (1865-1936), nascido na Índia,
abordou em seus livros as diferenças entre a Europa e o mundo oriental. São dele os seguintes
versos, que expressam um sentimento comum aos europeus da época:
Assumi o fardo do homem branco,
Enviai os melhores dos vossos filhos,
Condenai vossos filhos ao exílio,
Para que sejam servidores de seus cativos.
Apud VICENTINO, Cláudio. "História geral". São Paulo: Scipione, 2002. p. 337.
Questão 04
Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida dos países
europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa – do
século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude
estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.
ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo Cia. das Letras, 2012.
O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que
a) difundiu as teorias socialistas.
b) acirrou as disputas territoriais.
c) superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.
Questão 05
Em busca de matérias-primas e de mercados por causa da acelerada industrialização, os europeus
retalharam entre si a África. Mais do que alegações econômicas, havia justificativas políticas,
científicas, ideológicas e até filantrópicas. O rei belga Leopoldo lI defendia o trabalho missionário e a
civilização dos nativos do Congo, argumento desmascarado pelas atrocidades praticadas contra a
população.
NASCIMENTO, C. Partilha da África: o assombro do continente mutilado. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 7, n.
75, dez. 2011 (adaptado).
A atuação dos países europeus contribuiu para que a África – entre 1880 e 1914 – se transformasse
em uma espécie de grande “colcha de retalhos”. Esse processo foi motivado pelo(a)
a) busca de acesso à infraestrutura energética dos países africanos.
b) tentativa de regulação da atividade comercial com os países africanos.
c) resgate humanitário das populações africanas em situação de extrema pobreza.
d) domínio sobre os recursos considerados estratégicos para o fortalecimento das nações europeias.
e) necessidade de expandir as fronteiras culturais da Europa pelo contato com outras civilizações.
Questão 06
Ata Geral da Conferência de Berlim - 26 de fevereiro de 1885
"Capítulo I - Declaração referente à liberdade de comércio na bacia do Congo...
Artigo 6o - Todas as Potências que exercem direitos de soberania ou uma influência nos referidos
territórios comprometem-se a velar pela conservação dos aborígines e melhoria de suas condições
morais e materiais de existência e a cooperar na supressão da escravatura e principalmente no tráfico
de negros; elas protegerão e favorecerão, sem distinção de nacionalidade ou de culto, todas as
instituições e empresas religiosas, críticas ou de caridade, criadas e organizadas para esses fins ou
que tendam a instruir os indígenas e a lhes fazer compreender e apreciar as vantagens da
Civilização."
Pela leitura do texto anterior, podemos deduzir que ele
a) demonstra que os interesses capitalistas voltados para investimentos financeiros eram a tônica do
tratado.
b) caracteriza a atração exercida pela abundância de recursos minerais, notadamente na região, sul-
saariana.
c) explícita as intenções de natureza religiosa do imperialismo, através da proteção à ação dos
missionários.
d) revela a própria ideologia do colonialismo europeu ao se referir às "vantagens da Civilização".
e) reflete a preocupação das potências capitalistas em manter a escravidão negra.
Questão 07
No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as diferenças entre os povos: o racismo. No entanto,
os argumentos raciais encontravam muitas dificuldades: se os arianos originaram tanto os povos da
Índia quanto os da Europa, o que poderia justificar o domínio dos ingleses sobre a Índia, ou a sua
superioridade em relação aos indianos? A única resposta possível parecia ser a miscigenação. Em
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
32
Aula 21 – Imperialismo e Neocolonialismo
algum momento de sua história, os arianos da Índia teriam se enfraquecido ao se misturarem às raças
aborígenes consideradas inferiores. Mas ninguém podia explicar realmente por que essa ideia não foi
aplicada nos dois sentidos, ou seja, por que os arianos da Índia não aperfeiçoaram aquelas raças em
Anotações
vez de se enfraquecerem?
(Adaptado de Anthony Pagden, Povos e impérios. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-94.)
O contexto no qual se deu o domínio dos ingleses sobre a Índia no século XIX pode ser caracterizado
a) pelo Neocolonialismo, no qual as metrópoles europeias passavam a buscar colônias na África e na
Ásia a fim de explorá-las como mercado consumidor de seus produtos e fonte de mão de obra
escrava.
b) pelo Imperialismo, cuja política colonialista visava enriquecer a metrópole pela busca de metais
preciosos e uma balança comercial favorável, mantida por meio do protecionismo exercido por um
Estado interventor.
c) pelo Neocolonialismo, que se caracterizava por uma nova forma de dominação sobre a África e a
Ásia, baseada na exploração econômica e no controle ideológico, sem necessidade de dominação
política e territorial.
d) pelo Imperialismo, caracterizado por uma política colonialista, motivada pela busca de matéria-prima
e mercados consumidores para a indústria europeia, que levou ao domínio da África e da Ásia.
Questão 08
"...Nós conquistamos a África pelas armas... temos direito de nos glorificarmos, pois após ter destruído
a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no século XIX é uma vergonha para a Europa inteira, agora
temos outra missão não menos meritória, de fazer penetrar a civilização num continente que ficou para
trás..."
("Da influência civilizadora das ciências aplicadas às artes e às indústrias". Revue Scientifique, 1889)
A partir da citação anterior e de seus conhecimentos acerca do tema, examine as afirmativas a seguir.
I - A ideia de levar a civilização aos povos considerados bárbaros estava presente no discurso dos que
defendiam a política imperialista.
II - Aquela não era a primeira vez que o continente africano era alvo dos interesses europeus.
III - Uma das preocupações dos países, como a França, que participavam da expansão imperialista,
era justificar a ocupação dos territórios apresentando os melhoramentos materiais que beneficiariam
as populações nativas.
IV - Para os editores da Revue Scientifique (Revista Científica), civilizar consistia em retirar o
continente africano da condição de atraso em relação à Europa.
Questão 02
A Inglaterra deve governar o mundo porque é a melhor; o poder
deve ser usado; seus concorrentes imperiais não são dignos; suas
colônias devem crescer, prosperar e continuar ligadas a ela.
Somos dominantes, porque temos o poder (industrial, tecnológico,
militar, moral), e elas não; elas são inferiores; nós, superiores, e
assim por diante.
SAID, E. Cultura e imperialismo. São Paulo: Cia das Letras, 1995
(adaptado).
Questão 07 Questão 09
No início do século XIX, o naturalista alemão Carl Von Martius "O continente africano em seu conjunto apresenta 44% de suas
esteve no Brasil em missão científica para fazer observações sobre fronteiras apoiadas em meridianos e paralelos; 30% por linhas
a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo- retas e arqueadas, e apenas 26% se referem a limites naturais que
se ao indígena, ele afirmou: geralmente coincidem com os de locais de habitação dos grupos
"Permanecendo em grau inferior da humanidade, moralmente, étnicos".
ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o (MARTIN, A. R. Fronteiras e Nações. Contexto, São Paulo, 1998.)
excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento
progressivo (...). Esse estranho e inexplicável estado do indígena Diferente do continente americano, onde quase que a totalidade
americano, até o presente, tem feito fracassarem todas as das fronteiras obedecem a limites naturais, a África apresenta as
características citadas em virtude, principalmente,
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
35
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.
a) da sua recente demarcação, que contou com térmicas tão cara aos conquistadores do século XVI."
cartográficas antes desconhecidas. (FERRO, Marc. "História das colonizações: das conquistas às independências -
séculos XIII a XX". Trad. Rosa Freire d'Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras,
b) dos interesses de países europeus preocupados com a partilha
1996. p. 104.)
dos seus recursos naturais.
c) das extensas áreas desérticas que dificultam a demarcação dos No texto acima, que trata da partilha e da conquista da África, no
"limites naturais". século XIX, o autor defende que:
d) da natureza nômade das populações africanas, especialmente a) Os conquistadores fincavam suas bandeiras sem violar os
aquelas oriundas da África Subsaariana. direitos humanos da igualdade e da liberdade dos povos africanos.
e) da grande extensão longitudinal, o que demandaria enormes b) Os conquistadores desprezavam a glória, o heroísmo e as
gastos para demarcação. riquezas decorrentes da grande obra civilizadora na África.
c) Os conquistadores tinham a convicção de encarnar a razão e a
Questão 10 ciência e serem capazes de subjugar as sociedades africanas.
"A ideia que mais me acode ao espírito é a solução do problema d) Os conquistadores conseguiram que triunfasse a ideia de um
social, a saber: nós, os colonizadores, devemos, para salvar os 40 projeto colonial tirânico e violento, pois foram incapazes de cooptar
milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra lideranças políticas nativas.
civil, conquistar novas terras a fim de aí instalarmos o excedente e) Assim como Portugal, outros Estados europeus substituíram, na
de nossa população, de aí encontrarmos novos mercados para os África, os canhões pelas missões evangelizadoras jesuíticas.
produtos das nossas fábricas e das nossas minas."
(C. Rhodes, 1895) Questão 13
O texto anterior expõe a/o: O Imperialismo é o capitalismo chegado a uma fase de
a) única necessidade de novas áreas para o reaquecimento do desenvolvimento onde se afirma a dominação dos monopólios e do
comércio após as derrotas de 1914. capital financeiro, onde a exportação dos capitais adquiriu uma
b) problema da crise social e econômica, no Reino Unido, e a importância de primeiro plano, onde começou a partilha do mundo
opção por uma política imperialista e neocolonial; entre os trustes internacionais e onde se pôs a termo a partilha de
c) problema da desqualificação da mão de obra que leva ao todo o território do globo, entre as maiores potências capitalistas.
desaquecimento na economia do Reino Unido, provocando uma LENIN, V. I. "O Imperialismo: fase superior do Capitalismo". São Paulo, Global
política de abertura para novos mercados; Editora, 1979. p. 88.
d) busca por matéria-prima como questão fundamental para
solucionar a crise política e social no Reino Unido. A partir da definição acima, pode-se atribuir a seguinte
e) crise econômica nas colônias que deve receber uma política de característica ao Imperialismo:
incentivos aos assentamentos e à industrialização. a) a distribuição igualitária de produção e de capital, dando origem
aos monopólios, cujo papel é decisivo na vida econômica.
Questão 11 b) o desenvolvimento de pequenas empresas de capital nacional
"[...] o sentimento político contra nós na Índia, como estrangeiros e em grande parte dos países.
destruidores de tantas raças e estados, é o forte [...] O sentimento c) a divisão entre o capital bancário e o capital industrial formando
religioso contra nós e, em particular, o sentimento religioso dos o capital financeiro.
maometanos, é um elemento ainda mais perigoso". d) as maiores potências capitalistas, formando rede de apoio
(REZENDE, A. P.; DIDIER, M. T. "Rumos da História: novos tempos: o Brasil". São financeiro aos países mais pobres.
Paulo: Atual, 2005. p. 446).
e) a exportação de mercadorias, assim como a exportação de
O texto anterior é uma transcrição do depoimento de Charles capitais, assumindo grande importância.
Trevelyan, funcionário britânico. Após sua leitura, podemos afirmar:
a) Subjugados pela dominação britânica, os indianos estavam Questão 14
excluídos das decisões políticas, mas isso não significava que eles "Todo inglês nasce com uma espécie de poder miraculoso que o
aceitassem passivamente essa condição. torna mestre do mundo. Quando quer alguma coisa, nunca
b) O domínio britânico tornou a Índia economicamente dependente, confessa que a deseja. Espera, pacientemente, até que adquire
mas não excluiu os indianos da política institucional. não se sabe como, a convicção inflamada de que é de seu dever
c) Os governantes britânicos ignoravam completamente a moral e religioso conquistar aqueles que possuem o que ele
insatisfação dos indianos com relação à dominação britânica. deseja... Nunca lhe falta a atitude moral necessária. Na qualidade
d) Os governantes britânicos consideravam as especificidades de grande defensor da liberdade e da independência, conquista a
culturais dos territórios ocupados. metade do mundo e chama a isso de Colonização. Quando precisa
e) A coroa britânica nunca subjugou os indianos, eles é que se de um novo mercado para suas mercadorias falsificadas de
sentiam inferiores. Manchester, envia um missionário para ensinar o evangelho da
paz. Os nativos matam o missionário, e ele corre às armas em
Questão 12 defesa da Cristandade; e se apossa do mercado como uma dádiva
"Longe de serem uns monstros de espada, eles querem, do céu."
majoritariamente, ser os portadores de um grande destino. Por (Bernard Shaw apud J. M. Roberts. "História do Século XX". Trad. São Paulo: Abril,
mais que tenham passado populações inteiras pelo fio da espada - s/d., v.1, p. 314.)
como Gallieni em seus primeiros tempos - ou as tenham queimado
vivas - como Bugeaud na Argélia -, a seus olhos tais atos são O texto do dramaturgo Bernard Shaw é bastante crítico e irônico
apenas os meios necessários para a realização do projeto colonial em relação à penetração europeia (mais especificamente inglesa)
[na África], essa missão civilizadora que substitui a evangelização na África e Ásia.
Questão 15
"O mundo está quase todo parcelado e o que dele resta está sendo
dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à
noite, esses vastos mundos que jamais poderemos atingir. Eu
anexaria os planetas se pudesse; penso sempre nisso. Entristece-
me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes."
(Cecil Rhodes)
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"Fizemos a Itália, agora temos que fazer os italianos".
"Ao invés da Prússia se fundir na Alemanha, a Alemanha se fundiu na Prússia".
Estas frases, sobre as unificações italiana e alemã:
a) aludem às diferenças que as marcaram, pois, enquanto a alemã foi feita em benefício da Prússia, a
italiana, como demostra a escolha de Roma para capital, contemplou todas as regiões.
b) apontam para as suas semelhanças, isto é, para o caráter autoritário e incompleto de ambas,
decorrentes do passado fascista, no caso italiano, e nazista, no alemão.
c) chamam a atenção para o caráter unilateral e autoritário das duas unificações, imposta pelo
Piemonte, na Itália, e pela Prússia, na Alemanha.
d) escondem suas naturezas contrastantes, pois a alemã foi autoritária e aristocrática e a italiana foi
democrática e popular.
e) tratam da unificação da Itália e da Alemanha, mas nada sugerem quanto ao caráter impositivo de
processo liderado por Cavour, na Itália, e por Bismarck, na Alemanha.
Questão 02
As unificações políticas da Alemanha e da Itália, ocorridas na segunda metade do século XIX,
alteraram o equilíbrio político e social europeu. Entre os acontecimentos históricos desencadeados
pelos processos de unificações, encontram-se
a) a ascensão do bonapartismo na França e o levante operário em Berlim.
b) a aliança da Alemanha com a Inglaterra e a independência da Grécia.
c) o nacionalismo revanchista francês e a oposição do Papa ao Estado italiano.
d) a derrota da Internacional operária e o início da União Europeia.
e) o fortalecimento do Império austríaco e a derrota dos fascistas na Itália.
Questão 03
O dia 12 de setembro de 1990 marcou o fim da Segunda Guerra Mundial: a Alemanha, vencida há
quarenta e cinco anos, dividida e colocada sob a tutela de seus vencedores, encontrou através de sua
unificação a sua soberania plena e completa. A última unidade alemã tinha sido proclamada em 1871,
na galeria dos espelhos do palácio de Versalhes, depois de uma guerra vitoriosa contra a França.
("Adaptado de Le Monde", 13/09/90)
Questão 04
A unificação política da Itália, ocorrida na segunda metade do século XIX, foi um processo tardio,
considerando o contexto histórico europeu. Sobre esta unificação é CORRETO afirmar que ela:
a) possibilitou a sua participação na corrida colonial, envolvendo-a no domínio do mercado
internacional juntamente com a Inglaterra e a França.
b) contribuiu em parte para romper o equilíbrio político-militar que, a partir do Congresso de Viena, foi
estabelecido entre as nações europeias.
c) acarretou o desenvolvimento do capitalismo a partir de um intenso surto de industrialização que se
estendeu por todo o seu território.
d) permitiu o reatamento das relações político-diplomáticas com o Vaticano e a garantia do direito de
liberdade religiosa aos cidadãos.
e) impediu o surgimento de fluxos de emigração de camponeses para o Continente Americano, através
da implantação de uma política de fechamento das suas fronteiras.
Questão 05
A unificação política da Alemanha (1870-1871) teve como consequências:
a) a ruptura do equilíbrio europeu, o revanchismo francês, a revolução industrial alemã e política de
alianças.
b) enfraquecimento da Alemanha e miséria de grande parte dos habitantes do sul, responsável pela
onda migratória do final do século XIX.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
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Aula 22 – As Unificações Tardias Alemanha e Itália
c) a anexação da Alsácia e Lorena, o empobrecimento do Zollverein e retração do capitalismo.
d) corrida colonial, revanchismo francês, o enfraquecimento do Reich e anexação da Áustria.
e) o equilíbrio europeu, a aliança com a França, a formação da união aduaneira e a Liga dos Três
Anotações
Imperadores.
Questão 06
A unificação italiana, no final do século XIX, ameaçou a integridade territorial da Igreja. Esse impasse
resultou
a) no reforço dos sentimentos nacionalistas na Itália, provocando a expropriação das terras da Igreja.
b) no envolvimento da Igreja em lutas nacionais, criando congregações para a expansão do
catolicismo.
c) na adoção de atitudes liberais pelo Papa Pio IX, como forma de deter as forças fascistas.
d) na assinatura do Tratado de Latrão, em 1929, quando Mussolini criou o Estado do Vaticano.
e) no “Risorgimento”, processo em que segmentos ligados à Igreja defenderam a Itália independente.
Questão 07
Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que está correta em relação ao processo de unificação
italiana, concluída na segunda metade do século XIX.
a) O Congresso de Viena concluiu o processo de integração nacional italiano na medida em que este
veio ao encontro dos interesses das elites locais.
b) O processo de unificação nacional resultou das fortes pressões da burguesia do sul do país, cuja
economia demandava um mercado interno homogêneo, dinâmico e integrado para a colocação da sua
moderna produção industrial.
c) A construção do Estado Nacional implicou enfrentar e expulsar as tropas de ocupação pertencentes
aos impérios britânico, russo e espanhol, estabelecidas na Península Itálica desde os acontecimentos
de 1848.
d) O movimento de unificação partiu das áreas mais industrializadas, teve forte presença de uma
burguesia interessada na ampliação do mercado interno e foi sustentado pela ideologia do
nacionalismo.
e) A consolidação da formação do Estado nacional italiano ocorreu com a anuência do papa Pio IX e o
reconhecimento, pelo primeiro-ministro Cavour, da existência e da soberania do Estado do Vaticano,
após as negociações da Questão Romana.
Questão 08
No Brasil, desde 2011, tem havido diversas comemorações dos 150 anos da Unificação Italiana,
relembrando os fortes laços culturais entre os dois países. Sobre a relação entre a Unificação Italiana
e a imigração de italianos para as Américas, é correto afirmar:
a) A Unificação Italiana foi o resultado de uma série de revoltas populares, que culminaram em 1861
com a formação de uma república socialista sob a direção de Giuseppe Mazzini. A burguesia, que não
concordava com o novo regime, emigrou para as Américas, levando capital suficiente para iniciar a
industrialização em países como a Argentina, o Brasil e os Estados Unidos.
b) O processo da Unificação Italiana contou com a intensa participação do Império brasileiro, pois D.
Pedro II almejava estabelecer relações comerciais com os italianos. É notória a participação de
Giuseppe Garibaldi na política brasileira do período imperial. Após a unificação, contudo, nem o Brasil
nem os demais países aliados conseguiram levantar a Itália de uma profunda crise econômica, o que
levou a uma grande leva emigratória para as Américas de 1880 a 1930.
c) A Unificação Italiana foi um processo iniciado no início do século XIX, que se concluiu em 1871, com
uma monarquia constitucionalista, sob o comando de uma aliança entre burgueses e latifundiários, que
afastou os setores populares do poder. Muitos italianos camponeses e trabalhadores saíram
empobrecidos após a unificação, o que estimulou uma intensa emigração para as Américas entre 1880
e 1930, engrossando fileiras de trabalhadores agrícolas e operários.
d) A Unificação Italiana durou de 1861 a 1870, agregando estados independentes sob a direção do
reino de Piemonte-Sardenha. Porém, sua conclusão só foi possível após a Unificação Alemã, que
marcou o fim da ingerência de Otto Von Bismark na política europeia. Após esse processo, o monarca
instituído perseguiu duramente seus inimigos políticos, que emigraram para as Américas.
e) A emigração italiana para as Américas teve início por conta de uma série de dificuldades financeiras
causadas por problemas climáticos, que, por volta de 1850, prejudicaram as colheitas. O volume de
emigrantes intensificou-se após a Unificação em 1861, em decorrência do fato de que o governo
anarquista instituído fracassou na tentativa de reerguer o país.
Questão 13
A unificação alemã foi articulada pelo reino da:
a) Prússia, após a derrota da Comuna de Paris na Guerra Franco-
Prussiana, apoiado em uma aliança com a aristocracia austríaca e
a burguesia prussiana.
b) Áustria, devido à sua superioridade industrial e militar dentro da
Confederação Germânica, apoiado em uma aliança com a
aristocracia prussiana.
c) Áustria, como resposta à ameaça prussiana de unificação após
a instituição do Zollverein na Confederação Germânica, apoiado
em uma aliança com a aristocracia austríaca.
d) Prússia, devido ao seu poderio militar e força econômica dentro
da Confederação Germânica, apoiado em uma aliança entre a
aristocracia e a alta burguesia.
e) Prússia, devido à mobilização nacionalista da Confederação
Germânica durante a Guerra Franco-Prussiana, apoiado em uma
aliança com a grande burguesia austríaca.
Questão 14
Assinale a alternativa incorreta a respeito da unificação italiana.
a) Os franco-piemonteses venceram os Austríacos em Magenta e
Soferino em 1859, com o auxílio de Napoleão III.
b) O Reino das Duas Sicílias, governado pelos Bourbons, foi
conquistado por Giuseppe Garibaldi e seus “camisas vermelhas”
em apenas alguns meses, em 1860.
c) Vítor Emanuel II tentou, em 1861, ser proclamado rei da Itália,
mas foi impedido pelo primeiro-ministro Camilo Benso, o conde de
Cavour.
d) A unificação italiana se completou em 1870 quando, ao eclodir a
Guerra Franco-Prussiana, as tropas francesas deixaram a Itália,
possibilitando a anexação de Roma, que se tornou a capital do
reino.
Questão 15
A Unificação Alemã, habilmente arquitetada por Otto Von
Bismarck, realizou-se em torno de guerras bem-sucedidas contra
Do ponto de vista ideológico, a expansão territorial foi justificada pela crença no Destino Manifesto, muito popular no século XIX, segundo a
qual os americanos foram escolhidos por Deus para conquistar e ocupar os territórios situados entre o Atlântico e o Pacífico. As raízes do
Destino Manifesto estão na crença calvinista da predestinação absoluta (lembrar que foram os calvinistas ingleses que iniciaram a
colonização dos EUA). Assim como Deus escolhe alguns para a salvação, escolhe também algumas nações para dominar vastos territórios
e levar a luz da civilização e da fé cristã a essas terras.
Os norte-americanos acreditavam que a Divina Providência os escolheu para tal missão.
A expansão das fronteiras americanas ocorreu a partir de vários mecanismos:
• compra de territórios – Flórida, Alasca e Louisiana se encaixam nessa categoria, pois foram comprados, respectivamente, da Espanha,
da Rússia e da França;
• diplomacia - o território do Oregon foi cedido pelos ingleses aos americanos;
• guerras contra mexicanos e indígenas – Califórnia, Novo México e Texas foram
conquistados pela força militar dos EUA, que obrigou os mexicanos a assinarem o Tratado de
Guadalupe-Hidalgo, instrumento oficial da incorporação dos citados territórios.
É importante perceber que a conquista e ocupação dos territórios a Oeste foram acompanhadas
do massacre de milhares de índios (os peles-vermelhas). Os que sobreviveram acabaram
confinados em reservas indígenas. O cinema norte-americano transformou a figura dos pioneiros
brancos, desbravadores do território, na de verdadeiros heróis. Quanto aos peles-vermelhas,
digamos que eles nunca conseguiram apresentar seu lado da história...
A GUERA CIVIL AMERICANA
Em 1861 eclodiu um violento conflito civil nos Estados Unidos, que se estendeu até 1865. Essa
guerra civil, também conhecida como Guerra de Secessão, foi o mais sangrento conflito do
século XIX, com um saldo de mortos que ultrapassou 600 mil pessoas.
Esse conflito tem suas raízes nas profundas diferenças entre os estados nortistas e sulistas que Nativos peles-vermelhas, que viviam nas
compunham a União. Refletindo a respeito disso, o escritor americano Leo Huberman, em Nós, o pradarias do Oeste dos EUA no século XIX.
povo, escreveu: “O país se chamava Estados Unidos, mas só no nome, não na realidade. Os
estados do sul e os do norte trabalhavam de maneira diferente, pensavam diferente, viviam diferente. No norte havia a lavoura em pequena
escala, o transporte por navios, as manufaturas que cresciam – tudo produzido pelo trabalho do branco; no sul havia a monocultura, com o
trabalho do negro. As duas divisões, tão diversas em sua maneira de viver, tinham que se separar. O comerciante, o industrial ou banqueiro
do norte, ganhando força nova com a Revolução Industrial, tinha que se haver com as classes proprietárias de terras do sul. Essa luta se
arrastou durante 60 anos, e finalmente eclodiu com a guerra civil.”
As diferenças entre os estado nortistas e os estados sulistas podem assim ser resumidas:
• estados nortistas – experimentando um crescente processo de industrialização, eram favoráveis ao fim da escravidão e à adoção de uma
política protecionista que dificultasse a entrada de produtos industrializados europeus;
• estados sulistas – sua aristocracia rural defendia a manutenção do trabalho escravo e a adoção de uma política de livre cambismo, capaz
de assegurar suas exportações para o mercado externo.
A expansão territorial do país, que levou à conquista de possessões a Oeste, contribuiu para acirrar a rivalidade entre nortistas e sulistas.
Os novos estados que se formaram com a anexação de territórios ficaram no meio de um verdadeiro “fogo cruzado”, pois tanto os nortistas
como os sulistas queriam que esses novos estados a Oeste adotassem seu modelo socioeconômico.
Na verdade, o fator que mais pesou na eclosão do conflito civil foi o da questão alfandegária, crucial tanto na visão da burguesia industrial
nortista como na da aristocracia rural sulista. “Os nortistas tinham como motivação algo mais que interesse pelo bem estar dos pretos
sulistas”, escreveu Edward Burns em História da Civilização Ocidental.
Entretanto, não podemos ignorar que um movimento humanitário em defesa da abolição florescia nos EUA desde a primeira metade do
século XIX. Em 1833 foi fundada a Sociedade Americana Contra a Escravidão, que defendia a abolição sem indenizações aos proprietários
de escravos. Em 1852, Harriet Beecher Stowe publicava o livro "A Cabana do Pai Tomás" (Uncle Tom's Cabin), que rapidamente se torna
um dos mais vendidos da época. O romance retratava a dura vida dos escravos das lavouras do Sul, tendo como personagem principal um
escravo idoso e generoso chamado Tomás. O livro comoveu milhões de leitores e conseguiu chamar a atenção de uma significativa parcela
da população branca para a causa abolicionista
A eleição do republicano Abraham Lincoln à presidência (1860) acabou se transformando no
estopim do conflito. Lincoln representava os interesses da burguesia industrial nortista. Em sua
campanha para a presidência, prometeu adotar uma política protecionista caso fosse eleito, o
que se voltava contra os interesses da aristocracia sulista. Além disso, a posição de Lincoln
quanto à questão da escravidão era pelo seu fim. “O governo não resiste para sempre em um
país metade livre, metade escravista”, declarou Lincoln durante a campanha presidencial de
1860.
Em 1861, pouco depois da posse do 16º presidente americano, 11 estados sulistas oficializaram
seu desligamento da União, proclamando a criação dos Estados Confederados da América, com
capital em Richmond, Virgínia. Seu primeiro e único presidente foi Jefferson Davis, um ex oficial
do Exército. O ataque dos confederados ao Forte Sumter, em Charleston, Carolina do Sul,
marcou o início da Guerra de Secessão.
Abraham Lincoln
De um lado, os exércitos dos confederados, os 11 estados separatistas, com 9 milhões de
habitantes (sendo 4 milhões escravos); do outro, as tropas da União, representando 21 estados com uma população de 20 milhões de
pessoas (em sua maioria livres). A superioridade do Norte ultrapassava seu poderio militar. A União contava com ferrovias, indústrias
bélicas e toda uma infra-estrutura capaz de sustentar sua máquina de guerra.
As principais batalhas ocorreram em Antietam (1862) e em Gettysburg (1863), com a vitória dos exércitos nortistas sobre as tropas dos
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Observe o mapa abaixo:
Os Estados Unidos da América se formaram a partir das 13 Colônias Inglesas na América do Norte.
Após conquistarem sua independência política do domínio inglês, os americanos deram início a um
processo de expansão territorial que deu ao país as fronteiras que hoje possui, como se observa no
mapa acima.
Acerca do processo de formação dos Estados Unidos da América, pode-se afirmar que:
a) o modelo histórico de formação do Estado americano equipara-se ao brasileiro, pois em ambos o
bandeirismo atuou na ocupação de terras a oeste.
b) as fronteiras do país foram definidas mediante a compra de territórios, acordos diplomáticos e
guerras travadas contra indígenas e mexicanos.
c) a demarcação do território americano só foi finalizada por ocasião da Conferência de Versalhes
(1919), que reconheceu a anexação do Alaska.
d) os conflitos étnicos estiveram ausentes no processo histórico de incorporação de territórios pelo
Estado americano.
e) os traçados retilíneos das fronteiras internas apontam para a influência dos ideias de ordem e
disciplina do positivismo no processo de expansão territorial.
Questão 02
“Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de
escravos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da
fraternidade. (...)
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas
não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!”
(Martin Luther king)
No dia 28 de agosto de 1963, sobre as escadarias do Memorial Lincoln em Washington, perante uma
audiência de mais de duzentas mil pessoas, o pastor protestante e ativista político Martin Luther King
proferiu seu mais famoso discurso “Eu tenho um sonho”. O fragmento acima deve ser entendido no
contexto:
a) da luta dos norte-americanos pela abolição da escravatura, instituição preservada após a
independência das Treze Colônias Inglesas na América.
b) do esforço de ativistas americanos pela aprovação de uma emenda constitucional capaz de suprimir
o voto censitário.
c) dos protestos que marcaram, em Washington, o aniversário da Crise dos Mísseis, uma ameaça à
democracia igualitária americana.
d) dos conflitos religiosos/étnicos entre a elite branca católica e as massas populares negras
protestantes.
e) do movimento dos negros norte-americanos pela conquista de direitos civis e convivência igualitária
com os brancos.
Questão 03
Leia este trecho de documento:
Odeio-a porque impede a nossa República de influenciar o mundo pelo exemplo da liberdade; oferece
possibilidade aos inimigos das instituições livres de taxar-nos, com razão, de hipocrisia e faz com que
os verdadeiros amigos da liberdade nos olhem com desconfiança. Mas, sobretudo, porque obriga
tantos entre nós, realmente bons, a uma guerra aberta contra os princípios da liberdade civil.
Discurso de Abraham Lincoln, em 1859. Anotações
Nesse trecho de discurso, Abraham Lincoln, que seria eleito Presidente dos Estados Unidos no ano
seguinte, faz referência
a) à política de segregação racial existente nos estados do sul dos Estados Unidos, que gerou a
formação de organismos voltados ao extermínio dos negros, à destruição de suas propriedades e a
atentados constantes contra suas comunidades.
b) à posição dos estados do sul de defesa intransigente de tarifas protecionistas, o que levava os
Estados Unidos a comprometer a crença na liberdade de mercado, numa conjuntura de predomínio do
capitalismo liberal.
c) à questão da escravidão, que levou a uma guerra civil, nos Estados Unidos, entre o Norte,
industrializado, e o Sul, que lutava para preservar a mão de obra escrava nas suas plantações de
produtos para a exportação.
d) à defesa, pelos imigrantes, do extermínio dos índios nas terras conquistadas a oeste, especialmente
após a edição do "Homestead Act", visando ao desenvolvimento da agricultura e da pecuária naquelas
áreas.
Questão 04
Leia o texto que se refere à Guerra de Secessão e responda ao que se pede.
A União compreendia 23 Estados, com cerca de 28 milhões de habitantes; os Confederados tinham 11
Estados com uma população de cerca de 9 milhões de indivíduos, dos quais 3 milhões e 500 mil eram
escravos. O sistema ferroviário da União era mais extenso e de melhor qualidade que o dos
confederados. Estes dependiam de armas, munições e medicamentos importados, o que não ocorria
com a União devido ao desenvolvimento industrial do Norte. Além do mais, os estaleiros do Norte
reforçavam sua esquadra cujos navios afundaram os dos confederados e bloquearam os portos
sulistas cortando ligações com o exterior.
AQUINO, R.S.L. et alli. "História das Sociedades: Das Sociedades Modernas às Sociedades Atuais." Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico, 1983, p. 174.
Sobre a Guerra de Secessão, ocorrida nos Estados Unidos entre 1861 e 1865, é correto afirmar que
a) as suas causas encontram-se nas medidas protecionistas tomadas pelos estados do Sul em
processo de industrialização, uma vez que estes estavam sufocados pela concorrência dos produtos
mais baratos do norte industrializado.
b) ela tem início como uma reação do Norte ao predomínio de sulistas no congresso americano, o que
fez com que os estados do Norte, apesar de altamente industrializados, ficassem com a fatia menor do
orçamento da União.
c) os exércitos confederados se levantam contra a política discriminatória de sucessivos presidentes
do Norte, que praticamente excluem o Sul de quaisquer investimentos para industrializar-se, aplicando
durante anos a quase totalidade de recursos em estados do Norte.
d) a classe dominante sulista, a burguesia mercantil, objetivava a constituição de um vigoroso mercado
interno para escoar a produção agrícola de sua região, ao contrário dos estados do Norte, cuja classe
dominante, a Burguesia Industrial, tinha como objetivo primeiro a ênfase no mercado externo.
e) o conflito teve como um dos principais motivos as rivalidades cada vez maiores entre o norte
industrializado e o Sul escravocrata em torno de problemas como a libertação dos escravos, desejada
por políticos do Norte, que desorganizaria de modo central a economia agrícola sulista.
Questão 05
"Em todos os sistemas sociais, é preciso haver uma classe para desempenhar as tarefas indignas,
para fazer o que é monótono e desagradável ... nós a chamamos escravos. (...) não chamarei a classe
existente no norte usando esse termo; mas vocês também os possuem; (...) A diferença entre nós, é
que os escravos são contratados pela vida toda, e são bem recompensados; não há fome, nem
mendicância, nem desemprego entre nós, e nem excesso de empregos, também. Os de vocês são
empregados por diárias, não são bem tratados, e têm escassa recompensa, o que pode ser provado,
da maneira mais deplorável, a qualquer hora, em qualquer rua de suas cidades. Ora, pois a gente
encontrava mais mendigos em uma dia, em uma só rua de Nova lorque, do que os que se encontram
durante toda uma vida no sul inteiro. Nossos escravos são pretos, de uma raça inferior; ... os de vocês
são brancos, de sua própria raça; são irmãos de um só sangue".
Senador Hammond, Carolina do Sul.
(ln: HUBERMAN, Leo. "História da Riqueza dos EUA". São Paulo, Brasiliense, 1978. p.158.)
Questão 06
Um ex-líder do grupo Ku-Klux-Klan foi preso anteontem acusado de ter matado, há quarenta anos, três
jovens no estado americano do Mississipi. O crime ficou famoso graças ao filme "Mississipi em
Chamas", do diretor Alan Parker. Edgar Rey Killen, setenta e nove anos, foi apresentado ontem à
Justiça e se declarou inocente. O caso foi reaberto em 1999.
"Folha de São Paulo", 08/01/2005
A Ku-Klux-Klan surgiu ao final da Guerra de Secessão, como uma sociedade secreta. Aponte a
alternativa que apresenta o tipo de atuação desenvolvida por essa sociedade secreta:
a) Promoviam a intolerância contra os negros e contra os brancos que com eles simpatizavam.
b) Lutavam para garantir a integração dos negros como homens livres, com direitos defendidos por lei.
c) Nascida na cidade de Nashville, no sul dos Estados Unidos, foi extinta em 1915 tendo desaparecido
definitivamente.
d) A atuação dessa sociedade demonstra que a Guerra de Secessão sepultou qualquer tipo de
intolerância nos Estados Unidos.
e) A atuação dessa sociedade ficou sempre restrita ao sul dos Estados Unidos e limitada a ação contra
os negros.
Questão 07
Leia os trechos de notícias de jornais publicados nos Estados Unidos no século XIX:
(...) um espírito de interferência hostil [de outras nações] para conosco, com o objetivo confesso de
deformar nossa política e prejudicar nosso poder, limitando nossa grandeza e impedindo a realização
de nosso Destino Manifesto, que é estendermo-nos sobre o continente que a Providência fixou para o
livre desenvolvimento de nossos milhões de habitantes, que ano após ano se multiplicam.
(Democratic Review)
A universal nação ianque pode regenerar e libertar o povo do México em poucos anos; e cremos que é
parte de nosso destino civilizar esse belo país e capacitar seus habitantes para apreciar algumas das
numerosas vantagens e bênçãos de que dispõem. (New York Herald)
(Citados por AQUINO, R.S.L. et al. "História das sociedades americanas". Rio de Janeiro: Livraria Eu e Você, 1981. p.140 e
141.)
Questão 08
As eleições presidenciais de 1860 nos Estados Unidos foram vencidas por Abraham Lincoln, nortista e Anotações
líder do Partido Republicano. Nem todas as unidades da federação aceitaram o resultado eleitoral, e
alguns estados sulistas criaram os Estados Confederados da América. Era o início da Guerra de
Secessão, resultado das inúmeras divergências entre os estados do Norte e do Sul. Entre essas
divergências, pode-se apontar
a) a questão fundiária, na qual o Sul defendia o acesso à terra para negros libertos, e o Norte defendia
o acesso apenas por meio da compra.
b) a questão bancária, em que o Sul defendia a criação de um banco emissor nacional, e o Norte, a
formação de bancos regionais e particulares.
c) a proposta antagônica para a política alfandegária, em que o Norte defendia o protecionismo,
enquanto o Sul apoiava o livre-cambismo.
d) a questão da escravidão, na qual o Sul defendia a imediata abolição dessa instituição, e o Norte
queria o fim gradual do escravismo.
e) a defesa do Homestead Act pelo Norte e pelo Sul, apesar de que, na visão do Norte, essa lei só
deveria atender aos homens recém-libertos da escravidão.
Questão 03
O Marquês de Pombal, ministro do rei Dom José I, considerava os
jesuítas como inimigos, também porque, no Brasil, eles
catequizavam os índios em aldeamentos autônomos, empregando
a assim chamada língua geral. Em 1775, Dom José I aboliu a
escravidão do índio no Brasil, o que modificou os aldeamentos e
enfraqueceu os jesuítas. A tela de John Gast simboliza a difusão de progressos materiais,
Em 1863, Abraham Lincoln, o presidente dos Estados Unidos, como as ferrovias e o telégrafo, nos EUA, no decorrer do século
aboliu a escravidão em todas as regiões do Sul daquele país que XIX.
ainda estavam militarmente rebeladas contra a união em Essas mudanças contribuíram para a conquista de novos territórios
decorrência da Guerra de Secessão. Com esse ato, ele e foram justificadas pelo seguinte conjunto de ideias:
enfraqueceu a causa do Sul, de base agrária, favorável à a) Doutrina Monroe.
manutenção da escravidão. A abolição final da escravatura ocorreu b) Política do Big Stick.
em 1865, nos Estados Unidos, e em 1888 no Brasil. c) Política da Boa Vizinhança.
Nos dois casos de abolição de escravatura, observam-se d) Doutrina do Destino Manifesto.
motivações semelhantes, tais como
a) razões estratégicas de chefes de Estado interessados em Questão 06
prejudicar adversários, para afirmar sua atuação política. No caso da história americana, um dos eventos mais retratados
b) fatores culturais comuns aos jesuítas e aos rebeldes do Sul, pela memória social é, sem dúvida, a chamada Marcha para o
contrários ao estabelecimento de um governo central. Oeste. Mesmo antes do surgimento do cinema, esses temas já
c) cumprimento de promessas humanitárias de liberdade e faziam parte das imagens da história americana. A fronteira foi um
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.
tema constante dos pintores do século XIX. A imagem das b) após a guerra contra o México (1846-1848), houve decréscimo
caravanas de colonos e peregrinos, da corrida do ouro, dos da imigração, em função da limitação do acesso aos novos
cowboys, das estradas de ferro cruzando os desertos, dos ataques territórios anexados.
dos índios marcam a arte, a fotografia e também a cinematografia c) o surto de industrialização, ocorrido nas décadas de 1840 e
americana. 1850, aumentou a oferta de empregos na indústria, atraindo uma
(CARVALHO, Mariza Soares de. In: multidão de emigrantes europeus.
http://www.historia.uff.br/primeirosescritos/files/pe02-2.pdf, acessado em
29.08.2009)
d) os atrativos oferecidos aos imigrantes ingleses entre as décadas
de 1840-1860 justificam a sua maior porcentagem na composição
Entre os fatores que motivaram e favoreceram a Marcha para o da imigração.
Oeste está e) as décadas de menor entrada de imigrantes nos Estados Unidos
a) a possibilidade de as famílias de colonos tornarem-se correspondem ao período de apogeu da expansão para o Oeste.
proprietárias, o que também atraiu imigrantes europeus.
b) o desejo de fugir da região litorânea afundada em guerras com Questão 08
tribos indígenas fixadas ali, desde o período da colonização. A ocupação do Oeste dos Estados Unidos provocou o
c) a beleza das paisagens americanas, o que atraiu muitos pintores desenvolvimento de um imaginário relativo à ambiência da época e
e fotógrafos para aquela região. do lugar que teve amplo espaço no cinema americano, como o
d) o avanço da indústria cinematográfica, que encontrou no Oeste gênero do Faroeste. Sobre esse gênero de narrativa é correto dizer
o lugar perfeito para a realização de seus filmes. que:
e) a existência de terras férteis que incentivaram a ida, para o a) é ambientado nas regiões frias, ao norte dos EUA, com
Oeste, de agricultores que buscavam ampliar suas plantações de presença de neve nos cenários.
algodão. b) retrata um clima amistoso entre índios e colonos.
c) retrata grandes construções prediais e a figura de executivos,
Questão 07 vestidos de terno e gravata.
Observe os gráficos a seguir sobre o movimento migratório para os d) é povoado de esteriótipos, como o lugar desértico, o sheriff, o
Estados Unidos entre as décadas de 1820 e 1860. cawboy, a linha férrea, os bandidos e os índios.
e) retrata a miséria dos negros ex-escravos do Sul dos EUA.
Questão 09
“Uma casa dividida contra si mesma não subsistirá. Acredito que
esse governo, meio escravista e meio livre, não poderá durar para
sempre. Não espero que a União se dissolva; não espero que a
casa caia. Mas espero que deixe de ser dividida. Ela se
transformará só numa coisa ou só na outra.” Abraham Lincoln, em
1858.
Esse texto expressa a
a) posição política autoritária do presidente Lincoln.
b) perspectiva dos representantes do sul dos EUA.
c) proposta de Lincoln para abolir a escravidão.
d) proposição nortista para impedir a expansão para o Oeste.
e) preocupação de Lincoln com uma possível guerra civil.
Questão 10
“A Guerra Civil Norte-americana (1861- 65) representou uma
confissão de que a sistema político falhou, esgotou as seus
recursos sem encontrar uma solução (para as conflitos políticos
mais importantes entre as grandes regiões norte-americanas, a
Norte e a Sul). Foi uma prova de que mesmo numa das
democracias mais antigas, houve uma época em que somente a
guerra podia superar os antagonismos políticos.
Eisenberg, Peter Louis. Guerra civil americana. S. Paulo,
Brasiliense,1982.
Dentre os conflitos geradores dos antagonismos políticos referidos
no texto está a
a) manutenção, pela sociedade sulista, do regime de escravidão, o
que impediria a ampliação do mercado interno para o escoamento
da produção industrial nortista.
b) opção do Norte pela produção agrícola em larga escala voltada
É CORRETO afirmar que: para o mercado externa o que chocava com a concorrência dos
a) durante as décadas de 1840 e 1850, o fluxo de imigrantes sulistas que tentavam a mesma estratégia.
cresceu substancialmente, sendo a maior parte deles originária da c) necessidade do Sul de conter a onda de imigração da população
Inglaterra e Alemanha. nortista para seus territórios, o que ocorria em função da maior
Questão 13
Entre as mudanças ocorridas nos Estados Unidos, após a Guerra
de Secessão (1861-1865), destacam-se:
a) a garantia de direitos civis e políticos aos negros – incluindo o
direito ao sufrágio universal e o reconhecimento da cidadania dos
imigrantes recémchegados.
b) a consolidação da unidade nacional, a chegada de novas levas
de imigrantes, o aumento do mercado interno e um grande
desenvolvimento industrial.
c) graves desentendimentos em relação às fronteiras com o
México, levando a uma nova guerra, na qual os Estados Unidos
ganharam metade do território mexicano.
Mapa político da Europa em 1914, com os regimes que dominavam os países na época.
Segundo Hobsbawm, até 1914 nunca houvera guerras mundiais. “Tudo isso mudou em 1914. A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as
grandes potências, e na verdade todos os Estados europeus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três países da Escandinávia
e a Suíça. E mais: tropas do ultramar foram, muitas vezes pela primeira vez, enviadas para lutar e operar fora de suas regiões. Canadenses
lutaram na França, australianos e neozelandeses forjaram a consciência nacional numa península do Egeu (...), os Estados Unidos
rejeitaram a advertência de George Washington quanto a ‘complicações européias’ e mandaram seus soldados para lá, determinando
assim a forma da história do século XX.”
AS CAUSAS DO CONFLITO
Ao findar o século XIX, os europeus ainda estavam embriagados pelo clima de
otimismo, progresso e desenvolvimento daBelle Epóque (Bela Época, expressão
cunhada pelos historiadores para especificar o período de 1870 a 1914, época em
que a sociedade europeia experimentava seu apogeu). Os europeus acreditavam que
esse clima de otimismo e confiança se estenderia por muitos séculos, que nada
poderia abalar a supremacia mundial da Europa.
Entretanto, a rivalidade entre as nações europeias aumentava a cada dia. À medida
em que o processo de industrialização avançava, os países disputavam cada vez
mais novos mercados consumidores e possessões coloniais na Ásia e na África.
A unificação italiana e alemã colocou dois novos competidores na corrida imperialista, La Rue de La Paix. Quadro de Jean Béraud, pintor
acirrando ainda mais as rivalidades de um continente que mais parecia um barril de impressionista que retratou a Paris da Belle
pólvora, preste a explodir. O imperialismo é considerado, portanto, como a principal
causa que deflagrou a Primeira Grande Guerra.
Paralelamente a esse cenário, crescia a produção de armas, como se os governos estivessem pressentindo a eclosão de um conflito de
grandes proporções. Esse período (1870-1914) tornou-se conhecido como Paz Armada: foi uma época de paz entre as potências
européias, apesar da corrida armamentista entre elas.
A rivalidade e disputas coloniais entre os países europeus foi o combustível para a efervescência de nacionalismos exacerbados nesse
período. “O reforço das ideologias nacionalistas, que as classes dominantes burguesas tinham conseguido implantar em largos setores da
classe média, não contribuiu para acalmar os ânimos. Ele acaboudegenerando sob a forma de chauvinismo [fanatismo], de racismo, de
agressivi-dade imperialista”, escreveu o historiador Mario Isnenghi em História da
Primeira Guerra Mundial. Entre osprincipais movimentos nacionalistas, destacam-se:
• Pan-germanismo – sob o pretext de unir os Estados de população germânica sob sua proteção, o pan-germanismo atendia aos
interesses do Império Alemão em submeter os povos de origem germânica ao seu poderio;
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Aula 24 – Primeira Guerra Mundial
• Pan-eslavismo – defendendo a união dos povos de origem eslava sob sua proteção, o Império Russo caminhava na mesma direção do II
Reich Alemão, ou seja, desejava submeter os países de populações eslavas ao governo dos czares;
• Revanchismo – obrigada a entregar os territórios da Alsácia e da Lorena aos SAIBA MAIS: A QUESTÃO MARROQUINA
alemães (depois de sua derrota na Guerra Franco Prussiana), a França
ansiava por uma revanche e, ao mesmo tempo, pela recuperação dos Uma das principais disputas envolvendo países
territórios perdidos para a Alemanha. europeus e colônias ocorreu no Marrocos. Acordos
firmados em Madri (1880) garantiam aos franceses,
• Grande Sérvia – os sérvios, de origem étnica eslava, ambicionavam ingleses e alemães os mesmos direitos na exploração
estender seus domínios sobre a região dos Bálcãs, uma área que se comercial do país. Entretanto, a França, com o apoio
encontrava sob a influência do Império Austro-Húngaro e que era disputada da Inglaterra, passou a dominar o Marrocos, o que
por outras potências européias. desagradou aos alemães. O kaiser alemão Guilherme
Os nacionalismos exacerbados e o imperialismo alimentaram disputas entre II chegou a visitar a cidade de Tanger, declarando
as principais potências européias. Entre essas disputas, chama a atenção a seu apoio à independência do Marrocos. O impasse
rivalidade entre Inglaterra e Alemanha. Depois de se unificar politicamente sob foi resolvido na Conferência de Algeciras (1906), que
o comando da Prússia, a Alemanha rapidamente despontou como poderosa garantiu à França e à Alemanha os mesmos direitos
potência industrial, ameaçando a supremacia da Inglaterra. Em 1914, o na exploração do país. A disputa pela hegemonia
Império Alemão tinha superado a Inglaterra na produção de ferro e aço. As sobre o Marrocos continuou, até que os alemães
farpas entre alemães e ingleses se agravaram depois que a Alemanha abriram mão de explorar o Marrocos em troca do
anunciou a construção da ferrovia Berlim-Bagdá, que colocaria à disposição Congo francês. Nenhum dos lados saiu satisfeito com
dos alemães os ricos mercados do Oriente Médio, além das reservas de a solução da questão.
petróleo da região. Às vésperas da eclosão da Grande Guerra de 1914, o
jornal inglês Saturday Review publicava em suas páginas as impressionantes e hostis palavras: “Se a Alemanha fosse extinta amanhã, não
haveria depois de amanhã um único inglês no mundo que não fosse mais rico do que é hoje. (...) A Inglaterra despertou para o que é
inevitável (...). A Alemanha deve ser destruída.”
O agonizante Império Turco-Otomano (do qual restou a Turquia), apelidado à época de “O Homem Doente da Europa”, sofria uma dupla
pressão: da Rússia, que desejava controlar os estreitos de Bósforo e de Dardanelos (considerados estratégicos nas rotas de comércio
entre o Mediterrâneo e o Mar Negro, conforme mostra o mapa abaixo); e do Império Britânico, que incentivava as populações árabes sob o
domínio turco a se libertar, a fim de poder explorar as reservas de petróleo do Oriente Médio (o que levou o Império Otomano a se
aproximar da Alemanha, em busca de ajuda técnica e militar).
domínio otomano para colocar alguns deles sob sua tutela (como a Bósnia-Herzegovina);
• Sérvia – localizada na região balcânica, pretendia estender seu domínio sobre os demais povos dos Bálcãs com o objetivo de construir a
Grande Sérvia (vale ressaltar que o governo sérvio não via com bons olhos a crescente influência do Império Austro-Húngaro na região
balcânica, es-pecialmente sobre a Bósnia-Herzegovina, recentemente anexada pelos austríacos).
Todas essas disputas que anteriormente mencionamos contribuíram para a formação de um sistema de alianças secretas entre os países
europeus: a Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália, e a Tríplice Entente, formada por Grã-Bretanha,
França e Rússia.
O ESTOPIM DO CONFLITO
Em 28 de junho de 1914, Francisco Ferdinando (arquiduque, sobrinho e herdeiro do
imperador austríaco Francisco José), acompanhado de sua esposa Sofia, fazia uma
visita oficial a Sarajevo, capital da Bósnia, quando foi morto a tiros por um jovem
bósnio de origem sérvia, Gavrilo Princip.
O assassino, de apenas 20 anos, militava numa organização nacionalista
denominada Jovens Bósnios, que mantinha ligações com a organização terrorista
Ujedinjenje ili Smrt (Mão Negra). Financiada pela Sérvia, a Mão Negra agia na
região dos Bálcãs com o objetivo de desestabilizar o domínio do Império Austro-
Húngaro sobre a região, a fim de facilitar que o governo sérvio concretizasse o
projeto de construção da Grande Sérvia.
Responsabilizando o governo sérvio pelo crime, o Império Austro-Húngaro declarou
O arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa
guerra à Sérvia um mês depois do atentado de Sarajevo. De acordo com professor Sofia, momentos antes de serem assassinados em
Norman Lowe, autor de História do Mundo Contemporâneo, “os austríacos Sarajevo, Bósnia, em 28 de junho de 1914.
aproveitaram o assassinato como desculpa para uma guerra preventiva com a
Sérvia”. Lowe acredita que a construção da Grande Sérvia (projeto nacionalista e expansionista do governo sérvio na região dos Balcãs)
enfraqueceria o poder do Império Austro-Húngaro, daí a necessidade da guerra, pois “a Sérvia devia ser contida”. Como disse o professor
Cláudio Vicentino, o atentado de “Sarajevo foi apenas o gatilho que acionou uma arma há muito tempo preparada”.
Diante da declaração de guerra austríaca, os russos declararam seu apoio aos sérvios; os alemães, alegando solidariedade aos austríacos,
declararam guerra aos russos. O sistema de alianças secretas foi acionado, arrastando vários países para o conflito. Acreditava-se que a
guerra seria rápida, mas não foi o que se verificou na prática: quatro longos anos se arrastariam, milhões de vidas seriam sacrificadas, até
que se chegasse a um armistício.
O DESENROLAR DA GUERRA
Com a eclosão do conflito, o sistema de alianças se configurou da seguinte forma:
• Aliados – França, Império Britânico e Império Russo;
• Potências Centrais – Alemanha, Império Austro-Húngaro, Itália e Império Turco-Otomano.
Costuma-se dividir a Primeira Guerra Mundial em duas fases: a Guerra de Movimentos (1914-15) e a Guerra de Trincheiras (1915 em
diante). Na primeira fase os exércitos dos países em conflito se movimentaram pelo continente, ora avançando, ora recuando na ofensiva
contra as tropas inimigas. Nessa primeira fase da guerra, destaca-se o Plano Schlieffen, elaborado pela Alemanha, que visava derrotar
primeiramente a França para, em seguida, concentrar seus esforços contra a Rússia. Isso evitaria que o país lutasse, ao mesmo tempo, em
duas frentes de guerra (uma no Ocidente e outra no Oriente).
Em 1915, seduzida por promessas de compensações territoriais, a Itália abandonou o
lado das Potências Centrais (a antiga Tríplice Aliança), passando a apoiar os Aliados
(a antiga Tríplice Entente). França e Inglaterra prometeram aos italianos participação
na partilha das colônias alemãs da África, além dos territórios de Tirol, Trentino e
Ístria, em poder do Império Austro-Húngaro (esses três territórios possuíam uma
população de maioria italiana).
Ainda em 1915 uma nova fase começava no conflito: a Guerra de Trincheiras, que
duraria até 1918. Trincheiras foram cavadas por centenas de quilômetros ao longo do
continente europeu e os exércitos dos dois ladosdo conflito lá ficaram estacionados,
de forma monótona, sob sol, chuva e neve, atolados naqueles buracos, submetidos a
um racionamento de água e comida, sem poder sequer enterrar os que morriam, ora
de doenças, ora como conseqüência da própria continuidade da guerra.
Refletindo sobre essa fase do conflito, o historiador Luís de Alencar Araripe, membro
titular do Instituto de História Militar e Geografia do Exército escreveu: “Os dois lados
cavam trincheiras, para passar o inverno, até que a chegada da primavera permitisse
retomar a guerra de movimento. As trincheiras ficaram por três anos, até o fim, marca inesquecível da Grande Guerra. Os que viveram
nelas se foram, mas suas provações estão registradas nas cartas de combatentes, na literatura, no cinema. A presença constante da
morte, do ferimento, do gás tóxico, do medo, enfim, coexistia com a miséria da lama, dos piolhos, dos ratos, da imundície.”
Araripe diz que o pior momento era quando os soldados recebiam o temido co-mando “over the top” (para cima!): “Equipamento ajustado,
É importante observar que o Tratado de Versalhes representou uma clara e deliberada tentativa anglo-francesa de enfraquecer e arruinar a
Alemanha, que vinha despontando desde sua unificação política, no fim do século XIX, como uma poderosa potência européia. O Tratado
de Versalhes contribuiu para a efervescência de um sentimento de humilhação e revanche entre os alemães, criando condições favoráveis
para a eclosão de um novo conflito mundial dentro de poucos anos.
Ainda na Conferência de Versalhes foi criada a Liga das Nações, uma organização internacional que tinha como principal finalidade
assegurar a paz num mundo que mal acabara de sair de um sangrento e devastador conflito. A idéia de criação da Liga das Nações partiu
do presidente Wilson e de outros estadistas. Entretanto, o Congresso norte-americano, à época dominado pelos republicanos, vetou o
Tratado de Versalhes e o ingresso dos EUA na Liga das Nações. O veto deve ser entendido como uma retomada da política de isolamento
(ou isolacionismo), que marcara as relações dos EUA com a Europa até a Primeira Grande Guerra. Os americanos não queriam se
envolver em questões ou problemas políticos europeus no pós-guerra (o que não significa que o país desejasse se fechar do ponto de vista
comercial).
A Rússia foi outro país que também não ingressou na Liga das Nações, devido à tomada do poder pelos bolcheviques em 1917. O novo
governo, socialista, passou a representar uma preocupação para os países europeus. A solução encontrada foi a “política do cordão
sanitário”, com o objetivo de isolar a Rússia para que a ideologia socialista não se propagasse e provocasse movimentos ou revoluções no
Velho Mundo.
Além do Tratado de Versalhes, o pós-guerra testemunhou a assinatura de outros tratados, como os de Saint-Germain, Trianon, Neuilly,
Sévres e Lausane, responsáveis pela remodelação das fronteiras européias e pelo descontentamento dos que se sentiram prejudicados por
seus termos, o que abriu caminho para o revanchismo e a
efervescência de movimentos nacionalistas exacerbados
que contribuíram para a ascensão de regimes totalitários
como o nazismo e o fascismo.
Quatro impérios desapareceram: o Alemão (o país passou
a ser uma república), o Austro-Húngaro (desmembrou-
se), o Russo (com a revolução bolchevique, se
transformou na URSS) e o Turco-Otomano (desmembrou-
se).
Novos países surgiram, como resultado do
desaparecimento desses impérios: Lituânia, Letônia,
Estônia, Polônia, Finlândia, Tchecoslováquia, Iugoslávia,
Áustria e Hungria. Resumindo: as fronteiras européias
não eram mais as mesmas de 1914. A Europa após a Primeira Guerra Mundial.
“No plano econômico, a guerra destruiu 40% do potencial No quadro, as figuras foram pintadas numa simultaneidade de
industrial europeu e 30% de sua agricultura. No plano financeiro, a planos, de forma fragmentada, em estilos diferentes. Perceba que
Europa transformou-se de credora em devedora dos Estados os rostos das mulheres da esquerda apresentam traços ibéricos,
Unidos. As exportações americanas, que em 1913 orçaram 2 ao passo que as duas da direita apresentam traços de máscaras
bilhões e 400 milhões de dólares, alcançaram em 1919 a quantia rituais africanas. A tela representa uma ruptura com os padrões
de 7 bilhões e 700 milhões. Sua produção industrial cresceu 40%. que ditavam a pintura européia. Nela fica evidente que o pintor não
Seu produto nacional bruto, de 33 bilhões de dólares em 1913, tem nenhum compromisso quanto a retratar as coisas como elas
elevou-se para 63 bilhões em 1919. Suas reservas de ouro são, ou seja, as figuras são decompostas, sem a perspectiva de
passaram de 1 bilhão e 800 milhões para 4,5 bilhões de dólares.” profundidade e realidade.
(MELLO, Leonel Itaussu. COSTA, Luís César Amad. História Moderna e
Contemporânea. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1994, p. 222.)
A ruptura que o quadro trouxe no campo da arte moderna era um
prenúncio da ruptura que a Primeira Grande Guerra produziria na
HISTÓRIA E ARTE conjuntura política, social e econômica da época.
O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973) tornou-se conhecido
em seu tempo por revolucionar a pintura. Em 1907, morando em LEITURA COMPLEMENTAR I: JUVENTUDE INTERROMPIDA
Paris, Picasso pintou a tela Les Demoiselles d’Avignon (As “Em que pensam estes jovens que embarcam, aparentemente
Senhoritas de Avignon), iniciando assim um novo estilo: o cubismo. alegres, em uma guerra que conforme todos dizem será curta?
Estes meninos entregues a jogos cuja crueldade ainda não
conhecem? Estas mulheres, jovens, ou não, que agitam seus
lenços, todas tomadas pela expressão necessária de um
patriotismo com o qual não atinam. Que lenços, que amores são
rompidos? Que esperanças estilhaçadas ou oferecidas? Que
passado? E que futuro? Vidas miúdas, semelhantes e diferentes,
por um instante convergem e se confundem em um só corpo que o
movimento da história arrebata.”
PERROT, Michelle. História da vida privada: da revolução francesa à primeira
guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
LEITURA COMPLEMENTAR II: AS RAÍZES DA GUERRA
Os historiadores Anthony Rowley e Bernard Droz, autores da obra
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Aula 24 – Primeira Guerra Mundial
História do Século XX, acreditam que três antagonismos entre queriam instalar um regime socialista no país], a ala moderada do
potências européias arrastaram o mundo à Primeira Grande Partido Social-Democrata (SPD), com o apoio dos industriais
Guerra: alemães, assumiu o poder e proclamou a República [em Weimar].
“(...) O antagonismo franco-alemão, originado pela derrota [dos No dia 11 de novembro a Alemanha assinava o armistício.”
franceses para os prussianos] de 1871 e pela perda dos VISENTINI, Paulo G. Fagundes. PEREIRA, Analúcia Danilevicz. História do Mundo
Contemporâneo: da Pax Britânica do século XVIII ao Choque das Civilizações
departamentos da Alsácia-Lorena, alimenta nos dois países uma
do século XXI. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 113.
corrente nacionalista em que a ânsia de desforra rivaliza, do outro
lado do Reno, com a fobia do ressurgimento e do cerco dos LEITURA COMPLEMENTAR V: A GUERRA QUE NÃO ACABOU
franceses. (...) O antagonismo anglo-germânico, mais tardio, tem a “A Grande Guerra sacudiu e reorganizou o mundo. Durante os cem
sua origem na concorrência exercida pela Alemanha nos mercados anos seguintes, o xadrez da política global seria jogado no
mundiais e, especialmente, na ameaça que constitui o seu tabuleiro que emergiu dos escombros de 1918. Para começar, a
sobrearmamento naval. (...) Quanto ao antagonismo austro-russo, guerra pôs fim ao domínio supremo da Europa sobre o globo. Ao
sem dúvida o mais perigoso para a paz européia (pela longo do século XIX, a população europeia crescera sem parar: em
incapacidade de o controlar manifestada pelas grandes potências 1914, 40% da população global era formada por cidadãos de
não diretamente envolvidas), só irá assumir uma real gravidade a países europeus, residentes não só em seus países de origem
partir de 1906, quando a Rússia faz deslocar do Extremo Oriente como em colônias ao redor do planeta. A Grande Guerra pôs fim
para os Balcãs o eixo privilegiado da sua influência. O pan- ao crescimento demográfico do Velho Mundo: a maior parte dos 9
eslavismo russo irá então confrontar-se forçosamente com a milhões de mortos do conflito era formada por europeus.
determinação austro-húngara em manter intactas as estruturas
A Grande Guerra foi um terremoto. No meio do conflito, em 1917,
simultaneamente plurinacionais e centralizadoras herdadas do
estourou a revolução que pôs fim à monarquia nos Romanov na
dualismo.”
Rússia. Finlândia, Estônia, Látvia [ou Letônia] e Lituânia ganharam
LEITURA COMPLEMENTAR III: O CINEMA E A GUERRA DE independência do desfeito império czarista – enquanto a União
TRINCHEIRAS Soviética se preparava para espalhar a revolução pelo resto do
“Durante a Primeira Guerra Mundial, o cineasta D. W. Griffith mundo. Dos escombros do Império Austro-Húngaro nasceram a
(1875-1948) – grande mestre do cinema mudo – introduziu-se no Iugoslávia e a Tchecoslováquia – que ao longo do século XX se
front francês para rodar um filme de propaganda. O que viu foi um desmembrariam em Sérvia, Croácia, Bósnia, Kosovo, Montenegro,
conflito estático em que, para milhões de homens, a ação consistia República Tcheca e Eslováquia.
em se fixar camuflados nos territórios por meses ou até mesmo No Oriente Médio, as províncias do Império Otomano viraram butim
anos. Numa extensão de 640 quilômetros, os lados em confronto dos vencedores. Ingleses e franceses inventaram as fronteiras de
construíram uma rede de trincheiras com abrigos subterrâneos e Síria, Líbano, Iraque, Palestina e Jordânia. Alguns dos conflitos
cercas de arame farpado à frente delas. que assolam o mundo até hoje foram plantados na época – como a
Ganhos e perdas eram medidos em metros. Em 1915, por guerra entre Israel e os palestinos. Durante a Primeira Guerra, os
exemplo, após desfechar numerosos ataques, a França havia ingleses prometeram independência às terras habitadas por
conquistado uns 5 quilômetros. Mas esses pequenos ganhos lhe árabes, em troca de ajuda contra os turcos. Mas na década de 20
custaram mais de 1 milhão de vidas. passaram a estimular a imigração de judeus ao Oriente Médio – o
que levou à fundação de Israel, em 1948.
Entre as trincheiras não se via mais o combate corpo a corpo ou os
confrontos de cavalaria, elementos fundamentais da guerra até Além disso, a Grande Guerra viu o surgimento de um novo poder
então (hoje, a primeira divisão de cavalaria norte-americana, que global. Até então, os EUA seguiam uma política de não se
perseguiu um dia os índios no Oeste de seu país, é equipada com intrometer em assuntos internacionais – mas sua entrada na
helicópteros de combate). Desapontado com a realidade do campo guerra, em 1917, selou a derrota da Alemanha e abriu a era da
de batalha, Griffith retornou à Inglaterra, onde recriou as batalhas intervenção global americana. Quando a guerra terminou, em
que seu público preferia, no filme Hearts of the World, concluído 1918, o século de Washington havia começado.”
em 1918.” BOTELHO, J. F. A guerra que não acabou. Aventuras na História, São Paulo, n.
130, p. 35, mai. 2014.
CAMPOS, Flavio de. MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História. São Paulo:
Escala Educacional, 2005, p. 442. CINEMATECA
LEITURA COMPLEMENTAR IV: ALEMANHA – DO II REICH À Filmes relacionados com o tema do capítulo:
REPÚBLICA DE WEIMAR • Nada de novo no Front (1930), do diretor Lewis Milestone,
“Na Alemanha, a própria burguesia preocupava-se com a derrota conta a história de jovens que morreram nas trincheiras e campos
que se aproximava e com crise econômico-social, de batalhas da Primeira Grande Guerra.
responsabilizando os militares e o Kaiser Guilherme II por não • A Grande Ilusão (1937), de Jean Renoir, narra a história de três
obterem uma paz vantajosa. Em fins de outubro, o Comando pilotos franceses capturados pelos alemães durante a Primeira
alemão decidiu lançar uma nova batalha naval contra os ingleses, Guerra Mundial.
mas, ao receber ordem de zarpar, os marinheiros de Kiel se
rebelaram. O movimento espalhou-se rapidamente para outros • De Mayerling a Sarajevo (1939), do diretor Max Ophü, retrata a
portos e centros industriais alemães, sendo criados sovietes corte do Império Austro-Húngaro depois da morte de Francisco
[conselhos] de soldados e operários em várias cidades. A Entente Ferdinando.
[Aliados], que não se havia preocupado em responder ao pedido • Glória feita de sangue (1957), de Stanley Kubrick, conta a
de paz da Alemanha, comunicou-lhe rapidamente que aceitava a história de um general francês que, em meio à Primeira Grande
solicitação de armistício. Manobrando imediatamente para evitar a Guerra, ordena um ataque suicida contra os alemães.
radicalização revolucionária que se esboçava [os espartaquistas
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
O odor fétido nos penetra garganta adentro ao chegarmos na nossa nova trincheira, à direita dos
Éparges. Chove torrencialmente e nos protegemos com o que tem de lonas e tendas de campanha
afiançadas nos muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos estarrecidos que
nossas trincheiras estavam feitas sobre um montão de cadáveres e que as lonas que nossos
predecessores haviam colocado estavam para ocultar da vista os corpos e restos humanos que ali
haviam.
O relato acima, escrito por um soldado francês que lutou na Primeira Grande Guerra (1914-18), revela
a) os combates que marcaram o início do conflito no continente europeu.
b) a luta entre os exércitos oponentes nas terríveis trincheiras abertas no conflito.
c) os combates corpo a corpo que ocorreram na fase final da guerra.
d) a movimentação das tropas se posicionando para iniciar os combates.
e) o surto de epidemias que dizimou a maior parte das tropas francesas na guerra.
Questão 02
A Primeira Grande Guerra provocou profundos mudanças territoriais na Europa. Compare os mapas a
seguir, que retratam essas mudanças.
Com base na análise dos mapas e em seus conhecimentos, assinale a alternativa que retrata as
mudanças territoriais sofridas pela Europa em razão do conflito.
a) A Alemanha manteve seu território inalterado.
b) A França não se beneficiou da perda do território alemão.
c) Criou-se um corredor para que a Polônia tivesse acesso ao Báltico.
d) Alemanha e Áustria formaram um único território político.
e) Manteve-se o Império Alemão, abarcando a Rússia.
Questão 03
Artigos do Tratado de Versalhes (séc. XX):
Art. 45 - Alemanha cede à França a propriedade absoluta [...], com direito total de exploração, das
minas de carvão situadas na bacia do rio Sarre.
Art. 119 - A Alemanha renuncia, em favor das potências aliadas, a todos os direitos sobre as colônias
ultramarinas.
Art. 171 - Estão proibidas na Alemanha a fabricação e a importação de carros blindados, tanques, ou
qualquer outro instrumento que sirva a objetivos de guerra.
Art. 232 - A Alemanha se compromete a reparar todos os danos causados à população civil das
potências aliadas e a seus bens".
MARQUES, Adhemar Martins et all. "História Contemporânea Textos e documentos". São Paulo: Contexto, 1999.
De acordo com o texto e com seus conhecimentos, é correto afirmar que o Tratado de Versalhes:
a) Encerrou a 2a Guerra Mundial, fazendo com que a Alemanha perdesse as colônias ultramarinas
para os países dos Aliados.
b) Extinguiu a Liga das Nações, propondo a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em
1945, com o objetivo de preservar a paz mundial.
c) Estimulou a competição econômica e colonial entre os países europeus, culminando na 1a Guerra
Anotações
Mundial.
d) Permitiu que as potências aliadas dividissem a Alemanha no fim da 2a Guerra Mundial, em quatro
zonas de ocupação: francesa, britânica, americana e soviética.
e) Impôs duras sanções à Alemanha, no fim da 1a Guerra Mundial, fazendo ressurgir o nacionalismo e
reorganizando as forças políticas do país.
Questão 04
Uma ameaça que não se cumpriu em 1937, em Genebra, no plenário da Sociedade das Nações, o
embaixador japonês barão Shudo levantou a tese de que as regiões inexploradas de vários países
deveriam ser cedidas a nações ricas e populosas, como o Japão, naturalmente. Nesse caso o Brasil
Central desértico era uma preocupação crescente. (...) Os estrategistas brasileiros concluíram que a
Amazônia se autodefendia do colonizador branco com suas doenças, suas selvas e seu calor. Não
havia porquê recear ali uma investida do Eixo. A mortandade provocada nos estrangeiros pela
construção da ferrovia Madeira-Mamoré, na atual Rondônia, também corroborava essa tese.
Muito diferente, no entanto, era a situação da pré-Amazônia mato-grossense e goiana, com suas
extensas faixas de campos e cerrados habitáveis, colonizáveis sem maiores esforços. Era o caso
típico da região do Araguaia-Xingu, que continha a Serra do Roncador e seus prodígios, além dos
garimpos de diamantes do alto Araguaia, em parte contrabandeados para a Alemanha.
(Adaptado da Revista Especial Temática. O Brasil que Getúlio sonhou. Nº 4. São Paulo: Duetto, 2004. p.71)
A Sociedade das Nações mencionada no texto, também conhecida como Liga das Nações, foi criada
em 1919 com o objetivo de
a) promover a paz armada, após o Tratado de Versalhes, através da liderança do governo dos Estados
Unidos, que presidiu essa organização.
b) unir as nações democráticas e economicamente mais poderosas, para impedir a volta do nazi-
fascismo, cuja expansão causara a Primeira Guerra Mundial.
c) executar as determinações previstas pelo documento conhecido como "14 pontos de Wilson" e que
favoreciam os países da Tríplice Aliança.
d) promover o neocolonialismo na África, Ásia e Oceania, condição fundamental para a expansão
mundial do capitalismo monopolista.
e) intermediar conflitos internacionais a fim de preservar a paz mundial, fiscalizando o cumprimento
dos tratados pós-guerra.
Questão 05
"As lâmpadas estão se apagando na Europa inteira. Não as veremos brilhar outra vez em nossa
existência".
Sobre esta frase, proferida por Edward Grey, secretário das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, em
agosto de 1914, pode-se afirmar que exprime:
a) a percepção de que a guerra, que estava começando naquele momento e que iria envolver toda a
Europa, marcava o fim de uma cultura, de uma época conhecida como a Belle Époque;
b) a desilusão de quem sabe que a guerra, que começava naquele momento, entre Grã-Bretanha e
Alemanha, iria sepultar toda uma política de esforços diplomáticos visando evitar o conflito.
c) a compreensão de quem, por ser muito velho, consegue perceber que também aquela guerra,
embora longa e sangrenta, iria terminar um dia, permitindo que a Europa voltasse a brilhar;
d) a ilusão de que, apesar de tudo, a guerra que estava começando, iria, por causa de seu caráter
mortal e generalizado, ser o último grande conflito armado a envolver todos os países da Europa;
e) a convicção de que à guerra que acabava de começar, e que iria envolver todo o continente
europeu, haveria de suceder uma outra, a Segunda Guerra Mundial, antes da paz definitiva ser
alcançada.
Questão 06
Dentre as causas da Primeira Grande Guerra, destaca-se a questão balcânica, que pode ser
associada:
a) à formação de novas nacionalidades, como a Iugoslava sob a tutela da Alemanha.
b) às disputas coloniais na Ásia e na África entre a França e a Inglaterra.
c) ao interesse russo em abrir os estreitos de Bósforo e Dardanelos, o nacionalismo eslavo e ao temor
austríaco quanto à formação da Grande Sérvia.
Questão 07
Em relação às causas da Primeira Guerra Mundial é correto afirmar que
a) a incapacidade dos Estados liberais em solucionar a crise econômica do século XIX colocou em
xeque toda a estrutura do sistema capitalista. A instabilidade política e social das nações europeias
impulsionou as disputas colonialistas e o conflito entre as potências.
b) a desigualdade de desenvolvimento das nações capitalistas europeias acentuou a rivalidade
imperialista. A disputa colonial marcada por um nacionalismo agressivo e pela corrida armamentista
expandiu os pontos de atrito entre as potências.
c) o sucesso da política de apaziguamento e do sistema de aliança equilibrou os sistema de forças
entre as nações europeias, acirrando as lutas de conquistas das colônias da África e da Ásia.
d) o expansionismo na Áustria, a invasão da Polônia pelas tropas alemãs assustaram a Inglaterra e a
França que reagiram contra a agressão declarando guerra ao inimigo.
e) o desequilíbrio entre produção e consumo incentivou a conquista de novos mercados produtores de
matérias-primas e consumidores de bens-de-produção reativando as rivalidades entre os países
europeus e os da América do Norte.
Questão 08
Observe a gravura.
A imagem simboliza o fim da Primeira Guerra Mundial. Ao associar a imagem aos acontecimentos
daquele momento histórico, pode-se afirmar que
a) os conflitos prosseguiram depois da assinatura dos Tratados de Versalhes, já que a França não
concordou em ceder à Alemanha as regiões da Alsácia e Lorena.
b) não foram resolvidos os problemas que deram origem à Primeira Guerra, já que os tratados de paz
previam apenas uma trégua, com a suspensão dos conflitos bélicos.
c) na verdade não houve paz, uma vez que a Alemanha recusou-se a assinar o Tratado de Versalhes,
elaborado pela França e Inglaterra, que estabelecia o término dos conflitos.
d) os países europeus não tinham condições bélicas de prosseguir os conflitos, motivo pelo qual pode-
se explicar a rendição de todos os países envolvidos na guerra.
e) apesar da paz estabelecida, a guerra afetou profundamente a economia dos países europeus, que
tiveram que arcar com prejuízos imensos, mesmo os países vitoriosos.
sindicatos operários, a confiscar as fortunas privadas e a fechar os Estado Alemão, recuperação econômica e incorporação de
Parlamentos, pondo assim em cheque os pilares básicos da Gdansk.
sociedade liberal. c) anexação das colônias de Togo e Camarões, a afirmação dos
c) Durante a guerra foi preciso instaurar regimes autoritários e ideais liberais e democráticos e a valorização do marco alemão.
ditatoriais em países antes liberais como a França e a Inglaterra, d) prosperidade econômica, rearmamento alemão,
num prenúncio do fascismo ainda por vir. desmembramento da Alemanha e fortalecimento dos partidos
d) A guerra transformou Estados antes liberais em gestores de liberais.
uma economia militarizada que utilizou de novo o trabalho servil e) surgimento da República Democrática Alemã e da República
para a confecção de armas e munições, em flagrante desrespeito Federal Alemã, fortalecimento do nazismo, militarismo e diminuição
às liberdades individuais. do desemprego.
e) Derrotadas na Primeira Guerra Mundial, as grandes potências
liberais foram, por tal razão, impotentes para conter, a seguir, o
desafio comunista e o fascismo.
Questão 13
Em 1919, Wílson (Estados Unidos), Lloyd George (Inglaterra) e
Clemenceau (França) definiram a Paz de Versalhes, em que
a) a Alemanha foi considerada culpada pela Guerra e submetida a
indenizações e retaliações territoriais, semeando o
descontentamento e o revanchismo.
b) os bolcheviques, liderados por Lenin, tiveram apoio inglês para
assumir o governo russo, estabelecendo o primeiro Estado
socialista.
c) os russos brancos, estabeleceram uma aliança com a Alemanha
e conduziram a Rússia à Guerra Civil.
d) a Itália, sob a liderança de Mussolini pode organizar, financiada
pela França, a marcha sobre Roma.
e) estabeleceu a nazificação alemã que se fundamentou no
armamentismo e na busca do "espaço vital", ou seja, na geopolítica
da conquista territorial.
Questão 14
"Foi em 1994 que acabou o século XIX (...) De 1815 a 1914, a
Europa (...) desfrutara um século de paz (...) Nesse século, a
burguesia pôde consolidar o seu poder (...) E o imperialismo
colonialista ia bem, obrigado, na África e Ásia. A guerra de 1914
caiu como uma bomba neste paraíso.”
A 1ª Guerra Mundial descortinou uma série de conflitos camuflados
neste "paraíso" tais como:
a) a luta pelas terras conquistadas na América e a manutenção do
tráfico de escravos.
b) a disputa de mercados mundiais pelas nações europeias
imperialistas como a Inglaterra, Alemanha e França e a opressão
aos movimentos nacionalistas na África e na Ásia.
c) a difusão do movimento socialista em países como a Inglaterra e
França com o advento da Revolução Russa.
d) a disputa dos mercados consumidores europeus pelas nações
independentes da África e da Ásia.
e) a luta dos americanos e brasileiros pelo controle dos mercados
fornecedores de matérias-primas japoneses e africanos.
Questão 15
Ao término da Primeira Grande Guerra, as potências vencedoras
responsabilizaram a Alemanha pela guerra e foi-lhe imposto um
tratado punitivo, o Tratado de Versalhes, que teve como
consequências:
a) degradação dos ideais liberais e democráticos, agitações
políticas de esquerda - como o movimento espartaquista - crise
econômica e desemprego.
b) enfraquecimento dos sentimentos nacionais, militarização do
O pensamento marxista começou a penetrar na Rússia nas duas últimas décadas do século XIX. Em 1898 foi fundado o Partido Operário
Social-Democrata Russo (POSDR), de orientação ideológica socialista. Seus membros acabaram se dividindo em duas facções:
• os mencheviques (minoritários, em russo), liderados por Martov e Plekhanov, que acreditavam na implantação do socialismo de forma
gradual e pacífica, a partir da ascensão da burguesia ao poder;
• os bolcheviques (majoritários, em russo), liderados por Lenin, que defendiam a tomada do poder mediante uma revolução armada feita
por soldados, camponeses e operários.
É curioso observar que Karl Marx não acreditava na possibilidade de deflagração
de uma revolução socialista na Rússia, país agrário e com uma massa
camponesa analfabeta. O filósofo alemão teria reagido com surpresa ao saber
que seu livro O Capital fora traduzido do alemão para o russo.
Para ele, era mais provável a eclosão de uma revolução que conduziria ao
socialismo em países industrializados e com uma classe operária forte e
organizada.
Em meio às disputas ideológicas entre bolcheviques e mencheviques, a Rússia
mergulhava num turbilhão. “Para desviar a atenção do povo do atraso econômico
e dos problemas sociais, o Império Russo continuava tentando expandir-se.
Como dizia um ministro de Nicolau II, ‘precisamos de uma pequena e vitoriosa
guerra para deter a revolução na Rússia’. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro, e A família Romanov (da esquerda para a direita): Olga,
a ‘pequena guerra’, iniciada contra o Japão, resultou em uma derrota humilhante Maria, Nicolau II, Alexandra, Anastácia, Alexei e Tatiana.
para o exército russo”, escreveu Philip Clark em A Revolução Russa.
A derrota do país para o Japão agravou ainda mais a crise econômica que assolava a população. Manifestações eclodiram em vários
lugares da Rússia. Em São Petersburgo, num domingo, 22 de janeiro de 1905, uma manifestação popular pacífica, liderada pelo padre
Gapon, da Igreja Ortodoxa, com a participação de aproximadamente 200 mil pessoas, foi recebida à bala pela tropa de elite real na porta do
Palácio de Inverno do czar Nicolau II. Estima-se em mais de mil o número de mortos e feridos. O episódio, que ficou conhecido como
“Domingo Sangrento”, contribuiu para que a população deixasse de vez de enxergar o czar como o “pai protetor do povo russo”. Lenin, líder
dos bolcheviques, esboçou uma precisa análise dos acontecimentos que marcaram aquele terrível dia quando disse que “o prestígio do
czarismo foi destruído definitivamente depois do Domingo Sangrento”.
Uma onda de manifestações, greves e rebeliões varreu o país depois SAIBA MAIS: RASPUTIN E SUA INFLUÊNCIA NA CORTE
do “Domingo Sangrento”. Até nas Forças Armadas foram registradas DE NICOLAU II
rebeliões, como a dos marinheiros do encouraçado Potemkin. Uma das figuras de maior influência na corte do czar Nicolau II
Em todo o Império Russo foram organizados soviets, conselhos era Grigori Rasputin, um místico siberiano com supostos
populares formados por operários, camponeses e soldados. poderes miraculosos. A doença do príncipe Alexei (hemofilia)
Pressentindo que uma revolução estava prestes a se desencadear, o abriu caminho para que Rasputin fosse introduzido na corte
czar Nicolau II decidiu fazer algumas concessões, entre elas a criação real. Nicolau II e sua mulher Alexandra acreditavam que as
de um Parlamento (Duma). Entretanto, em pouco tempo as preces de Rasputin curaram o filho, que fora desenganado
concessões foram suprimidas, a Duma dissolvida e uma feroz pelos médicos. A partir daí se estabeleceu uma relação de
perseguição contra revolucionária desencadeada pelo governo. dependência do czar para com o místico. Dizia-se que
Diversos líderes de oposição foram obrigados a se exilar, entre eles nenhuma decisão real era tomada sem antes Rasputin ser
Lenin, líder dos bolcheviques. consultado. Essa influência despertou o ódio em vários setores
Com a eclosão da Primeira Grande Guerra, em 1914, o Império Russo da elite e do próprio povo. Responsabilizado de influenciar o
entrou no conflito contra as Potências Centrais (Império Austro- czar a colocar o país na Primeira Grande Guerra e acusado de
Húngaro, Alemanha e Império Turco-Otomano), em apoio à Sérvia, uma vida dissoluta, mergulhada em orgias, Rasputin acabou
país de população majoritariamente eslava. Para Nicolau II, o conflito sendo assassinado em 1916, numa conspiração que teve a
era uma oportunidade para a Rússia exercitar sua política participação de aristocratas e oficiais do governo.
expansionista, além de desviar a atenção do povo dos problemas
internos.
Em pouco tempo as tropas russas começaram a colecionar
humilhantes derrotas nos campos de batalhas, expondo a fragilidade
bélica do país. Além disso, faltavam provisões para abastecer os
soldados. Acredita-se que morreram mais soldados russos de fome, do
que propriamente lutando contra seus inimigos!
O ANO DE 1917 NA RÚSSIA
A guerra se tornara um desastre e o Czar Nicolau II era tido como o
grande responsável pelo sofrimento imposto ao povo. As pressões
sobre a monarquia cresciam à medida em que a crise econômica
avançava e o povo padecia de fome. Mas parecia que a monarquia
ainda não enxergara a gravidade da situação, como se percebe num
telegrama que a czarina Alexandra enviou a Nicolau II em fevereiro de 1917 (ela se encontrava em São Petersburgo e ele num quartel
militar em Moguilev): “(...) As greves e as desordens na cidade são mais do que desafiadoras (...). É um movimento de arruaceiros,
rapazinhos e meninas correm e gritam que não têm pão, só para provocar efervescência, e operários que impedem os outros de trabalhar.
Se estivesse muito frio, todos eles teriam provavelmente ficado em casa.”
Enquanto a oposição ao czarismo crescia, as manifestações populares tomavam conta das principais cidades do país. Bolcheviques,
mencheviques, burguesia liberal, camponeses, operários, todos queriam o estabelecimento de um novo governo, capaz de arrancar o país
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Aula 25 – Revolução Russa
da situação em que se encontrava. No dia 27 de fevereiro de 1917 forma-se um Governo Provisório, de caráter liberal burguês, sob o
comando de Lvov e kerensky. Pressionado, Nicolau II renuncia ao trono. É o triunfo da primeira fase da Revolução de 1917, quando a
monarquia absolutista é substituída por um governo liberal burguês, apoiado pelos mencheviques.
No entanto, o novo governo decidiu manter o país na Primeira Grande Guerra, o que frustrou as expectativas da maior parte da população.
Além da permanência do país no conflito, o Governo Provisório não foi capaz de realizar reformas sociais que impactassem a vida da
população de forma positiva. Refletindo sobre o novo governo, liberal burgês, Leon Trotsky, em A revolução russa, escreveu: “A burguesia
tomou o poder de costas para o povo. Não tinha nenhum ponto de apoio nas classes trabalhadoras, mas com o poder conseguiu algo
assim como um ponto de apoio de segunda mão: os mencheviques e socialistas revolucionários, elevados às alturas pela massa, deram
um voto de confiança à burguesia.” Essa situação fortaleceu os bolcheviques que, através
dos soviets, foram conquistando cada vez mais espaço junto à população.
Lenin, líder bolchevique, retornou do exílio em abril de 1917. Nesse mesmo mês, sob o
slogan “todo o poder aos soviets”, apresentou aos bolcheviques as Teses de Abril, uma
série de propostas que incluíam, entre outras, a derrubada do Governo Provisório, a
nacionalização dos bancos, a distribuição de terras aos camponeses e a retirada do país da
guerra.
As agitações revolucionárias se alastram, bem como a crise econômica e a escassez de
alimentos. O historiador francês Charles-Olivier Carbonell, em El gran octubre ruso, relata o
registro de um diplomata estrangeiro que vivia na Rússia e testemunhou a situação em que
se encontrava o país: “Alguns dias não há pão, nem leite, nem açúcar, nem legumes. E,
quando há, o leite tem gosto de sabão e o pão é uma coisa escura e viscosa com restos de
palha e de madeira. O vinho está hipocritamente proibido; a cerveja não aparece... e todos
aconselham: principalmente não beba água.”
Em outubro de 1917, um levante armado bolchevique finalmente derruba o Governo
Provisório. É a segunda fase da Revolução de 1917, quando o governo liberal burguês
chefiado por Lvov e Kerensky é substituído por um comandado pelos líderes bolcheviques.
Forma-se o Conselho de Comissários do Povo, chefiado por Lenin (presidente), Trotsky Lenin apresenta suas Teses de Abril aos
(relações exteriores) e Stalin (negócios internos). bolcheviques (4/4/1917).
O GOVERNO DE LENIN (1918-24)
Uma das primeiras medidas do governo de Lenin foi retirar a Rússia da guerra que se desenrolava na Europa. Para isso, os russos tiveram
que assinar o Tratado de Brest-Litovski (1918), pelo qual abriam mão de uma vasta
porção de seu Território (Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia e Finlândia) em troca da
paz com os alemães.
No plano interno, os revolucionários bolcheviques tiveram que enfrentar uma guerra
civil, combatendo os brancos (contra revolucionários financiados por potências
estrangeiras que não viam com bons olhos o triunfo dos bolcheviques e de seu
projeto revolucionário). John Reed, jornalista americano que viveu na Rússia e
testemunhou a tomada do poder pelos bolcheviques, relata em Os dez dias que
abalaram o mundo a esperança da burguesia russa de que uma intervenção Stalin (à esquerda), Lenin (ao centro) e Trotsky.
estrangeira pusesse fim à revolução socialista: “Na casa onde eu residia, durante as
refeições só se falava na próxima chegada dos alemães, que viriam restabelecer ‘a ordem, a lei’ etc. Uma tarde, tomando chá em casa de
um negociante de Moscou, perguntei às onze pessoas presentes se preferiam Guilherme II [imperador da Alemanha] aos bolcheviques. Os
votos foram dez a um a favor de Guilherme.”
Durante a guerra civil russa (1918-21), foram decisivos para garantir a vitória final dos bolcheviques:
• a atuação do Exército Vermelho Operário e Camponês, organizado sob
o comando de Trotsky; SAIBA MAIS: O DESTINO DOS ROMANOV
• o comunismo de guerra, estratégia do governo bolchevique que Desde que renunciara ao trono, em fevereiro de 1917,
centralizou a produção, eliminou a economia de mercado e confiscou a Nicolau II e sua família eram mantidos prisioneiros na
produção agrícola para garantir o abastecimento das tropas do Exército cidade de Ekaterinburg. Com a tomada do poder pelos
Vermelho na luta contra os brancos. bolcheviques, os Romanov foram executados a mando
do governo de Lenin. Nicolau II, sua mulher Alexandra,
Com o fim da guerra civil, o governo de Lenin tinha diante de si um país as filhas (Olga, Anastácia, Maria e Tatiana) e o filho
economicamente arrasado, com milhões de vidas dizimadas (tanto na (Alexei) foram fuzilados em julho de 1918. A execução
Primeira Grande Guerra como na guerra civil) e uma população padecendo da família Romanov dividiu opiniões entre os
de fome e sofrendo pela ação de doenças. Foi nesse contexto que Lenin revolucionários bolcheviques. Muitos defendiam que o
instituiu a Nova Política Econômica (NEP), que garantiria a transição de uma czar deveria ser julgado por um tribunal. Outros eram
economia de mercado (capitalista) para uma economia planificada e favoráveis a uma execução sem julgamento, uma vez
estatizada (socialista). O governo toleraria algumas práticas capitalistas que o país se encontrava em meio a uma guerra civil.
(como as diferenças salariais, a liberdade de comércio e a pequena Acredita-se que a execução tenha ocorrido sob ordens
propriedade privada), a fim de fortalecer a economia e garantir a implantação diretas de Lenin.
do socialismo. Lenin teria justificado as medidas da NEP com o argumento
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.
de que, às vezes, é necessário dar “um passo atrás, para dar dois passos à frente”. A NEP vigorou até 1928, quando o país já se
encontrava sob o governo de Stalin.
Paralelamente ao fim da guerra civil e à adoção da NEP, o governo bolchevique, através da Tcheka (polícia política) passou a perseguir
todos os opositores do novo regime. Felix Dzerjinsky, fundador e chefe da Tcheka, afirmava que a mesma tinha que “defender a Revolução
e vencer o inimigo, mesmo que sua espada caia ocasionalmente sobre as cabeças dos inocentes”.
A liberdade de crítica foi suprimida e campos de trabalhos forçados (eufemicamente chamados de “campos de reeducação”) foram criados
para abrigar todos aqueles considerados dissidentes ou inimigos do socialismo. Isso era apenas um “ensaio” do que viria na Era Stalinista
(após a morte de Lenin). A “ditadura do proletariado”, como Marx idealizou, aos poucos se transformava na “ditadura sobre o proletariado”.
Em 1922 foi adotado oficialmente um novo nome para o país: União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A mudança no nome não trouxe
consigo alteração na questão da russificação das nacionalidades. O que o
governo bolchevique prometera (autonomia para as diversas nacionalidades
que viviam no território soviético) em seus primeiros dias no poder não passou
de palavras jogadas ao vento. Os russos continuaram a impor sua língua e
seus costumes aos demais povos que formavam a URSS.
Em 21 de janeiro de 1924, Lenin faleceu. Ele tinha apenas 53 anos. À época, o
Partido Comunista Soviético divulgou como causa da morte aneurisma
cerebral.
No entanto, estudos recentes, baseados em documentos que só foram O corpo de Lenin, mumificado.
liberados depois da desintegração da URSS (registros médicos e o resultado
da autópsia) revelaram que o líder bolchevique morreu de sífilis. Isso explica a preocupação do governo soviético de encobrir a verdadeira
causa da morte, afinal de contas a imagem do líder revolucionário seria arranhada se associada à de um sifilítico.
O funeral de Lenin foi assistido por cerca de 1 milhão de soviéticos, que enfrentaram o rigoroso inverno russo para se despedir do líder
bolchevique. O corpo foi embalsamado e posto num magnífico mausoléu na Praça Vermelha, ao lado do Kremlin (sede do governo), no
centro de Moscou. Um verdadeiro culto a Lenin foi instaurado sob as bênçãos do Politiburo, o mais alto órgão executivo do Partido
Comunista Soviético.
A DISPUTA PELO PODER APÓS A MORTE DE LENIN
Com a morte de Lenin, Stalin e Trotsky passaram a disputar o poder. O primeiro era Secretário Geral do Partido Comunista Soviético; o
segundo, chefe do Exército Vermelho. A polarização ideológica entre eles envolvia, entre outras coisas, a questão da expansão da
revolução socialista:
• para Trotsky, era necessária a imediata expansão da revolução pelo mundo (tese da revolução permanente);
• para Stalin, a revolução deveria ser consolidada internamente, para depois expandir-se por outros países (tese do socialismo num só
país).
A vitória de Stalin foi possível devido às alianças que o mesmo SAIBA MAIS: O ASSASSINATO DE TROTSKY
costurou com outros lideres da alta cúpula do Partido Comunista. Depois de se exilar no México, devido às perseguições que sofreu
Perseguido por Stalin, Trotsky exilou-se no México, onde foi morto sob o governo stalinista, Leon Trotsky foi assassinado em sua
a mando do governante soviético. casa, em agosto de 1940, por um agente soviético, Ramon
Sob o longo governo de Stalin (1924-53), consolida-se o Mercader, a mando de Stalin. O assassino conseguiu se
sócialismo real (ou stalinismo): monopartidarismo, extrema aproximar de Trotsky, fingindo ser um simpatizante de suas
burocratização, ultracentralização econômica, negação da idéias. Numa certa oportunidade, Mercader foi à casa de Trotsky
existência de classes ou diferenças sociais (embora elas e lhe apresentou um artigo, pedindo-lhe sua opinião. Aproveitando
continuassem a existir), expurgos políticos (eliminação física das que o velho revolucionário se encontrava absorto na leitura do
oposições internas), glorificação da figura do líder. Estima-se que texto, Ramon o golpeou na cabeça com uma picareta de alpinista
a ditadura stalinista tenha sido responsável pelo assassinato de que trazia sob a roupa. “O homem gritou, um grito que nunca vou
30 milhões de soviéticos. O regime socialista havia se convertido, poder esquecer. Trotsky levantou-se como um louco. Atirou-se
de vez, num regime totalitário. sobre mim bateu em minha mão. Eu o empurrei e ele caiu. Mas
ele ainda se levantou do chão e, não sei como, conseguiu sair da
O historiador polonês Moshe Lewin, em O Século Soviético, disse
sala”, disse Mercader, depois que foi preso. Trostky não resistiu
que falar em “socialismo soviético” é mergulhar numa comédia de
ao ferimento e acabou falecendo no hospital, para onde fora
erros: “O que vimos na União Soviética foi a propriedade estatal
levado.
da economia e uma burocratização da economia e da nação, de
modo semelhante.
Se, ao confrontar com um hipopótamo, alguém insistir que se trata de uma girafa, ele ou ela receberia uma cátedra em zoologia? As
ciências sociais são realmente tão menos exatas que a zoologia?”
Foi durante a era stalinista que a URSS empreendeu sua indústrialização e a coletivização forçada das terras. A economia passou a seguir
os planos quinquenais, elaborados pela GOSPLAN (Comitê Estatal de Planejamento). O país lançou as bases do desenvolvimento que o
transformaria numa potência mundial após a Segunda Guerra Mundial.
A história da URSS, de Stalin à desagregação do país (1991) será objeto de estudo posterior em nosso curso.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A conduta de Kerenski também mostrava o quanto sua visão era estreita. Durante as últimas semanas
do governo provisório, seu comportamento assemelhou-se ao de Nicolau II: ambos recusaram-se a
reconhecer que tinham sua autoridade ameaçada pelo espectro da revolução. No czar, tamanha
complacência decorria de um desespero completo e de uma resignação fatalista, mas em Kerenski era
produto de um otimismo tolo. Seu prestígio nacional dos primeiros tempos da revolução subira-lhe à
cabeça. Ele passara a acreditar que recebera um “chamado providencial” para guiar “o povo” à
liberdade. Ainda a exemplo do soberano, ele se cercara de admiradores dedicados que não ousavam
contrariá-lo e mantinha seu gabinete enfraquecido por causa de constantes rumores de exonerações.
Ele não imaginava – ou simplesmente não queria fazê-lo – a exata dimensão de sua impopularidade.
Adaptado de FIGES, Orlando. A tragédia de um povo: a Revolução Russa (1891-1924). Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 594.
Questão 02
A Revolução Socialista Russa produziu de longe o mais formidável movimento revolucionário
organizado na história moderna. Sua expansão global não tem paralelo desde as conquistas do islã
em seu primeiro século. Apenas trinta ou quarenta anos após a chegada de Lenin à Estação Finlândia
em Petrogrado, um terço da humanidade se achava vivendo sob regimes diretamente derivados do
movimento revolucionário russo e do modelo organizacional de Lenin, o Partido Comunista.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremo: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (adaptado)
Poucos eventos históricos foram tão profundamente distorcidos pelo mito quanto os registrados em 25
de outubro de 1917. A Revolução Socialista de Outubro, rótulo pomposo criado pela mitologia
soviética, não passou de um acontecimento em pequena escala, nada mais que um golpe militar,
despercebido pela maior parte dos habitantes de Petrogrado. Teatros, restaurantes e bondes
funcionaram normalmente, enquanto os bolcheviques galgavam o poder.
FIGES, Orlando. A tragédia de um povo: a Revolução Russa (1891-1924). Rio de Janeiro: Record, 1999. (adaptado)
Questão 03
As fotografias abaixo apresentam o ditador Joseph Stalin, que governou a URSS de 1924 a 1953. Na
versão original, à esquerda, Stalin aparece ao lado de Nikolai Yezhov, um dos líderes da NKVD, a
polícia secreta soviética. Na versão modificada, à direita, Yezhov, vítima dos expurgos stalinistas, foi
removido da fotografia.
Questão 04
Depois de se exilar no México, devido às perseguições que sofreu sob o governo stalinista, Leon
Trotsky foi assassinado em sua casa, em agosto de 1940, por um agente soviético, Ramon Mercader,
a mando de Stalin. O assassino conseguiu se aproximar de Trotsky, fingindo ser um simpatizante de
suas idéias. Numa certa oportunidade, Mercader foi à casa de Trotsky e lhe apresentou um artigo,
pedindo-lhe sua opinião. Aproveitando que o velho revolucionário se encontrava absorto na leitura do
texto, Ramon o golpeou na cabeça com uma picareta de alpinista que trazia sob a roupa. “O homem
gritou, um grito que nunca vou poder esquecer. Trotsky levantou-se como um louco. Atirou-se sobre
mim bateu em minha mão. Eu o empurrei e ele caiu. Mas ele ainda se levantou do chão e, não sei
como, conseguiu sair da sala”, disse Mercader, depois que foi preso. Trostky não resistiu ao ferimento
e acabou falecendo no hospital, para onde fora levado.
Apostila de Ciências Humanas II, volume 2 – autor: Prof. Monteiro Jr.
No fragmento acima, identificamos uma prática que marcou o período em que Stalin governou a URSS
(1924-53), a saber:
a) o antissemitismo. d) o xenofobismo.
b) os expurgos políticos. e) o nacionalismo exacerbado.
c) o pan-eslavismo.
Questão 05
Observe o cartaz abaixo:
Sua confecção e distribuição está relacionada à história da URSS, quando a poderosa máquina de
propaganda do governo atuava no sentido de:
a) celebrar a primazia dos soviéticos na corrida especial, quando os russos lançaram o primeiro
satélite na órbita terrestre.
b) glorificar a figura de Joseph Stálin, apresentando-o como líder idolatrado e amado pelos povos
soviéticos.
c) exaltar o caráter revolucionário do movimento de 1917, que derrubou um governo de viés fascista
pela luta armada popular.
d) condenar os valores e a cultura da sociedade capitalista burguesa, associando-a à opressão e
miséria sobre as massas.
e) incutir na população o ódio e desprezo pelos povos não eslavos, considerados inferiores em relação
aos russos.
Questão 06
Leia o trecho a seguir:
"O povo estava farto da guerra e havia perdido toda a confiança no czar. (...) O próprio czar fora para o
Quartel General para proteger-se; e quando tentou voltar para Petrogrado os trabalhadores ferroviários
detiveram seu trem. Todo o mecanismo da monarquia havia parado; o czar (...) havia tentado dissolver
a Quarta Duma, tal como fizera com as anteriores, mas desta vez os parlamentares se recusaram a se
dispersar, e formaram um Comitê Provisório, que nomeou o Governo Provisório."
(Wilson, Edmund. Rumo à Estação Finlândia. SP: Companhia das Letras, 1987).
Anotações
Sobre as circunstâncias em que se desenvolveram os fatos descritos acima, é correto afirmar que
a) a derrubada da monarquia, em março de 1917, na Rússia, foi conduzida pelos bolcheviques -
parlamentares que controlaram o poder na Duma, durante todo o Governo Provisório.
b) a precipitação do processo revolucionário russo foi produzida pela manutenção desse país na
Primeira Guerra Mundial, o que resultou em 4 milhões de baixas, aproximadamente.
c) os sovietes - comitês locais de trabalhadores - funcionaram, desde sua criação em 1906, sob
liderança dos bolcheviques, que buscavam espaço de atuação no governo czarista.
d) as movimentações sociais que resultaram na queda da monarquia russa, em 1905, tornaram-se
conhecidas como "Ensaio Geral", já que funcionaram como antecâmara da revolução socialista.
e) o deputado Kerensky representou, no governo provisório, em 1917, as posições mencheviques que,
com a palavra de ordem "Todo Poder aos Sovietes", reivindicavam maior participação popular.
Questão 07
Em 1917, o governo czarista russo sofria a oposição de várias forças políticas, especialmente dos
mencheviques e dos bolcheviques. Às dificuldades econômicas e resistências ao absolutismo dos
Romanov somaram-se os efeitos da Primeira Guerra Mundial e as derrotas russas. Em fevereiro de
1917, o czar Nicolau II foi deposto com a revolução liberal liderada por Kerensky. Sobre o desenrolar
da Revolução Russa e surgimento da U.R.S.S. é INCORRETO afirmar que:
a) o governo de Kerensky, ao manter a Rússia na Primeira Guerra, enfraqueceu-se, favorecendo seus
opositores, liderados por Lênin, que defendia as "teses de abril", sintetizadas no slogan "paz, terra e
pão".
b) em outubro (novembro no calendário gregoriano) de 1917, teve início a Revolução Socialista,
liderada por Lênin, que fez o Tratado de Brest-Litovsk, que tirou a Rússia da Primeira Guerra.
c) a resistência nacional e internacional ao governo revolucionário socialista mergulhou a Rússia numa
sangrenta guerra civil, contrapondo os "vermelhos" (revolucionários) contra os "brancos"
(monarquistas, reacionários e imperialistas). Com a vitória dos seguidores de Lênin, o governo
socialista implementou a NEP (Nova Política Econômica), ao mesmo tempo que era constituída a
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.).
d) a morte de Lênin, em 1924, abriu a disputa pelo poder soviético entre Stálin, favorável ao socialismo
num só país e Trotsky, favorável à internacionalização da revolução.
e) Trotsky saiu vitorioso e implantou planos quinquenais de desenvolvimento, nos quais procurou-se a
socialização total da economia, ampla burocratização da administração e a eliminação física dos
opositores ao regime, entre eles, Stálin, assassinado em 1940, no México.
Questão 08
Um dos acontecimentos mais significativos do século XX foi a Revolução Socialista na Rússia, em
1917, por colocar em xeque a ordem socioeconômica capitalista.
Com respeito ao desencadeamento do processo revolucionário, é CORRETO afirmar que:
a) a participação da Rússia, na Primeira Guerra Mundial, desencadeou uma série de greves e de
revoltas populares em razão da crise de abastecimento de alimentos, provocando o início do
movimento
b) os mencheviques tiveram um papel fundamental no processo revolucionário, por defenderem a
implantação das Teses de Abril que consistiam, dentre outras exigências, na retirada do país da guerra
e na entrega do poder aos sovietes
c) os bolcheviques representavam a ala mais conservadora dos socialistas, chegando a ocupar o
poder com a Revolução de Fevereiro de 1917, através de Alexander Kerenski
d) Stalin, a partir de outubro de 1917, estabeleceu a tese de que era necessária a revolução em um só
país, em oposição a Trotsky, líder do exército vermelho
e) o governo revolucionário de Stálin conseguiu superar os conflitos que existiam no seu interior,
quando estabeleceu a Nova Política Econômica que representava os interesses dos setores mais
conservadores
Questão 05
Essas imagens apresentam um dos recursos utilizados pelo O retorno a uma semi-economia de mercado provocou o
stalinismo para a anulação dos "inimigos" do regime soviético. reaparecimento da moeda e, durante o ano de 1921, renasceu o
A respeito do stalinismo na União Soviética, marque a alternativa mercado propriamente dito. A desnacionalização de empresas
correta.
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começou respectivamente pelo pequeno e grande comércio, d) introdução da Nova Política Econômica, que permitiu a
atingindo, mais tarde, a indústria leve. As cooperativas foram manutenção da pequena propriedade privada e assegurou a
devolvidas aos seus antigos acionistas e, no final do ano, permanência da aliança operário-camponesa.
permaneciam nas mãos do Estado apenas os setores
economicamente estratégicos, o crédito e a indústria pesada. Questão 07
(Martin Malia. Entender a Revolução Russa.)
"Levantou-se, então, um trabalhador, de aspecto rude, terrivelmente
indignado, furibundo: - Falo em nome dos proletários de Petrogrado,
O trecho apresentado refere-se a um momento da Revolução
disse brutalmente - Somos pela insurreição. Vocês façam o que o que
Russa, no qual
bem entenderem. Mas eu os previno: se deixarem que os Sovietes
a) o Estado soviético implementa a Nova Política Econômica,
sejam destruídos, vocês morrerão para nós."
procurando superar as dificuldades econômicas e sociais advindas (John Reed)
do Comunismo de Guerra.
b) o partido bolchevista promove um processo de abertura política, O texto anterior relaciona-se com:
instaurando um regime político democrático e pluripartidário. a) a atuação dos conselhos de representantes de trabalhadores,
c) o governo leninista, enfraquecido pela guerra civil, é obrigado a soldados e camponeses, na Revolução Russa de outubro de 1917.
fazer concessões à tradicional nobreza czarista. b) a resistência dos comunistas, integrantes do Congresso dos
d) o Estado soviético aplica uma política de planificação econômica Sovietes da União, à eleição de Boris Yeltsin como presidente da
e de coletivização de terras denominada de Planos Quinquenais. URSS.
e) o conflito entre facções dentro do Estado resulta na oposição do c) a organização do Exército Vermelho por Stálin, durante a
partido bolchevista ao ideário socialista. Revolução Russa de fevereiro de 1917.
d) ao golpe político implementado por membros do Soviete
Questão 06 Supremo, em agosto de 1991, contra as reformas de Michail
Gorbatchev.
e) a resistência do proletariado e militares ao programa intitulado
Nova Política Econômica, defendida e posta em prática por Lenin.
Questão 08
A Revolução Russa, que iniciou o processo de construção do
socialismo na antiga URSS, teve o seu desfecho, em 1917,
marcado por dois momentos. O primeiro, em fevereiro, quando os
mencheviques organizaram o governo provisório e o segundo, em
outubro, quando os bolcheviques assumiram a condução da
revolução e a tornaram vitoriosa.
A respeito dos mencheviques e bolcheviques, afirma-se:
I) Os mencheviques defendiam a construção do socialismo por
meio de alianças com os burgueses ligados ao grande capital.
II) Os bolcheviques consideravam o capitalismo consolidado na
Rússia e pretendiam a mobilização das massas em direção ao
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socialismo, sem quaisquer alianças com os setores burgueses.
III) Mencheviques e bolcheviques eram denominações decorrentes
Camaradas, a vida de nosso bem-amado Stalin pertence ao povo da origem geográfica dos revolucionários: os mencheviques tinham
inteiro. Stalin é nosso guia, nosso sol. Morte a todos os restos do sua origem social nos núcleos urbanos e os bolcheviques estavam
bando fascista. ligados a bases rurais.
Sokorine, militante do Partido Comunista da URSS, 1936. Com relação a estas afirmativas, conclui-se que:
Apud FERREIRA, Jorge. O socialismo soviético. In: REIS, Daniel Aarão Filho (org.) a) Apenas a I e a II são corretas.
O século XX: o tempo das crises . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. b) Apenas a I e a III são corretas.
c) Apenas a II e a III são corretas.
O terror e a propaganda foram dois lados complementares do d) Apenas a II é correta.
regime stalinista. Contudo, muitos historiadores afirmam que eles e) Apenas a III é correta.
não são suficientes para explicar o grau de aprovação conseguido
por este regime tanto dentro como fora da União Soviética. Questão 09
O apoio político dado a Stalin dentro da URSS também é explicado Há controvérsias entre historiadores sobre o caráter das duas
pela: grandes revoluções do mundo contemporâneo, a Francesa de
a) eclosão da segunda revolução russa, que modificou as bases 1789 e a Russa de 1917; no entanto, existe consenso sobre o fato
ideológicas do bolchevismo e excluiu lideranças como a de Trotski. de que ambas
b) manipulação estatal do nacionalismo, que possibilitou a a) fracassaram, uma vez que, depois de Napoleão, a França voltou
mobilização popular e revitalizou o caráter messiânico da cultura ao feudalismo com os Bourbons e a União Soviética, depois de
russa. Gorbatchev, ao capitalismo.
c) entrada de capitais estrangeiros após a Segunda Guerra b) geraram resultados diferentes as intenções revolucionárias, pois
Mundial, que facilitou a retomada da industrialização e permitiu a tanto a burguesia francesa quanto a russa eram contrárias a todo
diminuição do desemprego. tipo de governo autoritário.
Feira Negra”, (24/10/1929), quando mais de 16 milhões de ações dos preços) - causando grade prejuízos aos empresários que
foram postas à venda de uma única vez, o que provocou forte utilizaram as tradicionais medidas liberais para solucionar o
desvalorização das mesmas. Fortunas inteiras se dissolveram, problema -, estoque da produção e demissão em massa. O Estado
projetos de aposentadoria foram jogados fora, reservas financeiras teve que abrir mão dos princípios liberais e passou a intervir na
deixaram de existir, o desespero tomou conta de todos. economia (promoveu a desvalorização da libra esterlina, para
garantir seu poder de concorrência no mercado externo e adotou
uma política de protecionismo alfandegário, prática abominada
pelos britânicos há mais de um século).
A França foi atingida pela Crise mundial de forma direta em 1931:
os preços dos seus produtos eram mais altos do que da maioria
dos demais países industrializados (dessa forma, os únicos
mercados disponíveis de fato eram suas áreas coloniais que, no
entanto, tinha sua capacidade de consumo reduzida), a renda
nacional diminuía mês a mês, e o Estado permanecia inerte. No
máximo promovia a desvalorização do franco, sua moeda nacional
à época.
A Alemanha foi o país europeu que mais sentiu o peso da Crise de
1929. Derrotado na Grande Guerra, perdeu áreas coloniais, teve
que pagar indenizações aos vencedores, foi proibido de reativar
Bolsa de Vaores de Nova Iorque (24/10/1929, Quinta-feira Negra). sua indústria bélica, um dos carros chefes de sua economia, e
O sistema bancário ianque mostrou as garras e as presas ao aumentou sua dívida externa, sobretudo com os EUA e a
mesmo tempo: temendo não recuperar seus empréstimos, Inglaterra. Com o início da Crise em outubro de 1929, os capitais
executou hipotecas de casas, lojas, fazendas e tudo mais que externos (empréstimos e empresas), decisivos na reconstrução do
tivesse direito, pois precisava, também, devolver o dinheiro aos país, deixaram a Alemanha e, ao contrário de França e Inglaterra,
clientes que haviam lhes confiado suas reservas econômicas. ela não podia recorrer às áreas coloniais ou à sobras de capitais
Nesse momento, cria-se uma “bola de neve”: os devedores não nos bancos públicos e privados. Tudo havia sido levado pela
honram seus compromissos, o banco não tem como pagar seus guerra. Em desespero, o governo alemão proibiu a retirada de
clientes/credores e muitas instituições financeiras acabaram capital estrangeiro do país e estabeleceu uma política de
falindo, entre 1929 e 1933. O número de bancos nos EUA passou protecionismo alfandegário, mas já era impossível deter a recessão
de 25 mil para 15 mil. Os credores/investidores que não receberam e a crise. O povo alemão se viu em desespero completo pela
seu dinheiro de volta dos bancos, acabaram falindo também. segunda vez em dez anos.
Apenas os donos das grandes fortunas conseguiram enfrentar a Os países tradicionalmente exportadores de alimentos e
crise de frente pois, além de terem muito dinheiro, uma boa parte matérias primas (Austrália, Nova Zelândia, Brasil e Argentina) se
dos seus investimentos fora convertidos em ouro, antes do Crack viram em apuros. Desde 1919, os produtos agrícolas sofriam com
da Bolsa. uma queda generalizada dos preços, em decorrência de uma crise
A sociedade de consumo vivia mais um momento de plena de superprodução, o que havia reduzido drasticamente seus
contradição, pois o ápice da sua produção acabou por gerar uma lucros, e agora eram atingidos por uma queda significativa do
nova crise de superprodução. Essa nova crise liberal teve consumo por parte dos países ricos. O fundo do poço foi alcançado
características únicas, até então, como: e todos tiveram que reinventar sua estrutura econômica. No caso
do Brasil, o Estado varguista adotou uma política econômica
• sua amplitude e universalidade, atingindo direta ou indiretamente industrialista, voltada para o mercado interno, sem abandonar por
dezenas de países; completo o agronegócio de exportação.
• sua diversidade econômica por ter atingido, ao mesmo tempo, a O “NEW DEAL” (OU “NOVO ACORDO”)
agricultura, as finanças e a indústria;
Desde 1926 governo dos EUA já havia percebido que a economia
• sua longa duração, pois apesar da forte intervenção do Estado na passava por sérios problemas. No entanto, o presidente Herbert
economia, sua dissipação só ocorreu, de fato, a partir de 1939, Clark Hoover, do Partido Republicano, não tomou medidas efetivas
com o início da Segunda Guerra Mundial. para combater o agravamento dos problemas econômicos;
A CRISE SE ESPALHA restringiu-se às medidas clássicas do liberalismo econômico, como
A Europa foi atingida duramente pela crise. Desde o fim da a leve desvalorização da moeda e a liberação de empréstimos para
Primeira Grande Guerra (1914-1918) sua economia passava por salvar algumas empresas, mas nada disso foi suficiente. O
dificuldades para se recuperar: vultuosos empréstimos foram feitos prestígio dos republicanos ficou em baixa, o desemprego atingiu
a bancos norte-americanos e enquanto seu parque industrial ia mais de 15 milhões de pessoas em 1930 e milhares de empresas
sendo reerguido, os países europeus compravam de tudo aos faliram. Era a vez dos Democratas tentarem solucionar a Crise de
EUA, tinham dificuldades de abastecer os mercados consumidores 1929. Nas eleições de 1932 o democrata Franklin D. Roosevelt
coloniais e foram perdendo espaço para Japão e EUA nas áreas foi eleito com grande vantagem de votos. Em seus discursos,
periféricas do capitalismo (América Latina e alguns países Roosevelt costumava passar mensagens de otimismo como: “A
independentes da África e Ásia). única coisa a temer é o próprio medo” e “Somente um otimista
A Inglaterra havia restabelecido seu ritmo de produção industrial pode negar as realidades sombrias do momento”.
de antes da Primeira Guerra em 1928, para no ano seguinte ser Sem meias palavras e com ações incisivas, Roosevelt inverteu a
atingida pela Crise de 1929. Houve forte deflação (queda brusca lógica da economia norte-americana praticada até então. Se antes
Questão 02
A história dos vinte anos após 1973 é a de um mundo que perdeu suas referências e resvalou para a
instabilidade e a crise. Só no início da década de 1990 encontramos o reconhecimento de que os
problemas econômicos eram de fato piores que os da década de 1930. Em muitos aspectos, isso era
intrigante. Por que deveria a economia mundial ter-se tornado menos estável?
Eric Hobsbawm. Era dos extremos, 1995 (adaptado).
Os problemas econômicos da década de 1930, citados no texto, derivaram, entre outros fatores,
a) dos fortes movimentos sociais e mobilizações revolucionárias na América Latina, em especial no
México, que impediram a exportação de produtos industrializados norte-americanos para a região.
b) do conjunto de reformas financeiras e sociais realizadas na União Soviética após a Revolução de
1917, que fechou os mercados do bloco socialista aos países capitalistas do Ocidente.
c) da ascensão do nazismo alemão e dos regimes fascistas na Itália, na Espanha e em Portugal, que
provocaram a Segunda Guerra Mundial e paralisaram a produção industrial europeia.
d) de uma ampla crise do liberalismo, que ganhou contornos mais nítidos após a Primeira Guerra
Mundial e desembocou na quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929.
e) do forte crescimento econômico da Alemanha na passagem do século XIX para o XX e da acirrada
competição comercial e naval desse país com a Grã-Bretanha e a França.
Questão 03
Quando se processaram as eleições de novembro de 1932, o país estava numa situação pior do que
nunca. Todas as “curas” do Sr. Hoover não conseguiram dar vigor ao paciente moribundo. Os
trabalhadores eram assolados pelo desemprego; os lavradores eram arrasados pela crise da
agricultura; a classe média tinha perdido suas economias nas falências dos bancos e temia pela sua
segurança econômica. Em 8 de novembro de 1932 o povo americano elegeu Franklin D. Roosevelt
para presidente dos Estados Unidos. O “New Deal” do Sr. Roosevelt foi chamado de revolução. Era e
não era. Era uma revolução quanto às ideias, mas não na sua parte econômica.
Leo Huberman, História da riqueza dos EUA (Nós, o povo).
c) os operários e produtores rurais não tiveram nenhum ganho importante, uma vez que os benefícios
atingiram exclusivamente as classes médias.
d) os principais causadores da crise – os grandes conglomerados oligopolistas – foram os que mais
Anotações
recursos receberam do governo americano.
e) privilegiaram-se os investimentos diretos em agentes econômicos tradicionais, como as grandes
casas bancárias e as principais corporações.
Questão 04
Esses anos [pós-guerra] também foram notáveis sob outro aspecto, pois à medida que o tempo
passava, tornava-se evidente que aquela prosperidade não duraria. Dentro dela estavam contidas as
sementes de sua própria destruição.
J. K. Galbraith, Dias de boom e de desastre In J. M. Roberts (org), História do século XX, 1974, p. 1331.
Segundo Galbraith,
a) a crise do capitalismo norte-americano em 1929 não abalou os seus fundamentos porque foi gerada
por ele mesmo, isto é, o funcionamento da economia provocou a superprodução agrícola e industrial, a
especulação na bolsa de valores e a expansão do crédito, o que garantiu os lucros aos empresários,
diminuindo a desigual distribuição de renda com o recuo do desemprego.
b) a época referida no texto diz respeito à crise dos anos 1950, pós-Segunda Guerra, portanto externa
ao capitalismo dos Estados Unidos, uma vez que os Estados europeus, endividados e destruídos,
continuaram a contrair empréstimos e a comprar produtos norte-americanos, e os empresários,
internamente, especularam na Bolsa de Valores, para minimizar os efeitos do desemprego.
c) nos fins dos anos 1920, com a economia desorganizada pela Primeira Guerra Mundial, o
capitalismo norte-americano cresceu rumo à superprodução, com investimentos na indústria, à
restrição ao crédito e ao controle da especulação na Bolsa de Valores, pois a crise foi motivada
apenas por motivos internos, o que facilitou a intervenção do Estado.
d) a crise de 1929 foi gerada pelo próprio funcionamento do capitalismo nos Estados Unidos dos anos
1920, em um clima de euforia com o aumento da produção, a especulação na Bolsa de Valores, a
concentração de renda e o crédito fácil, sem intervenção do Estado, apesar da diminuição das
importações europeias e dos crescentes índices de desemprego.
e) a crise dos anos pós-Segunda Guerra Mundial mostrou a importância da ação do Estado, na
medida em que a intervenção reduziu os desequilíbrios causados pelo próprio funcionamento da
economia norte-americana, isto é, preservou o lucro dos empresários, baixou os índices da produção
agrícola e industrial, e controlou os altos níveis do desemprego.
Questão 05
A depressão econômica gerada pela crise de 1929 teve no presidente americano Franklin Roosevelt
(1933-1945) um de seus vencedores. New Deal foi o nome dado à série de projetos federais
implantados nos Estados Unidos para recuperar o país, a partir da intensificação da prática da
intervenção e do planejamento estatal da economia. Juntamente com outros programas de ajuda
social, o New Deal ajudou a minimizar os efeitos da depressão a partir de 1933. Esses projetos
federais geraram milhões de empregos para os necessitados, embora parte da força de trabalho norte-
americana continuasse desempregada em 1940. A entrada do país na Segunda Guerra Mundial, no
entanto, provocou a queda das taxas de desemprego, e fez crescer radicalmente a produção
industrial. No final da guerra, o desemprego tinha sido drasticamente reduzido.
EDSFORD, R. America’s response to the Great Depression. Blackwell Publishers, 2000 (adaptado).
Questão 06
Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da economia cafeeira se apresentava como se
segue. A produção, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir crescendo, pois os produtores
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Aula 26 – A Crise Internacional do Capitalismo
haviam continuado a expandir as plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima
seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da depressão, como reflexo das grandes
plantações de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior para financiar
Anotações
a retenção de novos estoques, pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda
depressão, e o crédito do governo desaparecera com a evaporação das reservas.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).
Questão 07
Após a Primeira Guerra Mundial, a febre de negócios baseada na especulação provocou a Crise de
1929. Identifique, nas alternativas a seguir, os principais fatos que a produziram.
a) Aparecimento de ideologias como o Fascismo e o Nazismo.
b) Superprodução de mercadorias e saturação dos mercados consumidores.
c) Retraimento do crédito e proibição das exportações.
d) Equilíbrio entre a agricultura e o comércio.
e) Má colheita e demanda ilimitada da indústria.
Questão 08
Considerando-se a crise econômica mundial iniciada, em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova
Iorque, é CORRETO afirmar que:
a) a Alemanha sofreu impacto imediato e violento desse evento, em razão dos laços econômicos
estreitos que vinha mantendo com os Estados Unidos.
b) a escassez de matérias-primas e de crédito, entre outras causas do crash norte-americano, muito
contribuiu, na época, para alimentar a espiral inflacionária.
c) a URSS foi um dos países atingidos por esse evento, pois a recessão no mundo capitalista
prejudicou as exportações de petróleo do país.
d) os países da América do Sul sentiram os efeitos desse evento, devido à repatriação do capital
estrangeiro anteriormente investido nessa região.
Questão 12 Questão 15
"A crise atingiu o mundo inteiro. O operário metalúrgico de O 'crash' da Bolsa de Nova York em 1929 afetou a economia
Pittsburgo, o plantador de café brasileiro, o artesão de Paris e o mundial. Os Estados Unidos, sob o comando do Presidente
banqueiro de Londres, todos foram atingidos". Franklin Delano Roosevelt, adotaram o 'New Deal', como saída
Paul Raynaud - LA FRANCE A SAUVÉ L'EUROPE, T. I. Flamarion. para a crise que o país atravessava. São características do 'New
Deal':
O autor se refere à crise mundial de 1929, iniciada nos Estados I. a intervenção deliberada do Estado na economia, contrapondo-
Unidos, da qual resultou: se à tradição liberal americana.
a) o abalo do liberalismo econômico e a tendência para a prática II. a criação de um amplo plano de obras públicas, como barragens
da intervenção do Estado na economia. e autoestradas, para gerar novos empregos.
b) o aumento do número das sociedades acionárias e da III. o incentivo ao aumento da produção para alimentar a população
especulação financeira. desempregada.
c) a expansão do sistema de crédito e do financiamento ao IV. a criação de um fundo monetário destinado a financiar os
consumidor. países europeus em crise.
d) a imediata valorização dos preços da produção industrial e fim V. a adoção de medidas visando ao equilíbrio entre o custo da
da acumulação de estoques. produção e o valor final das mercadorias.
e) o crescimento acelerado das atividades de empresas industriais Das alternativas abaixo, assinale aquela que apresenta apenas as
e comerciais, e o pleno emprego. características CORRETAS:
a) I, II e V.
Questão 13 b) I, III e IV.
"Para Keynes (...) para criar demanda, as pessoas deveriam obter c) I, IV e V.
meios para gastar. Uma conclusão daí decorrente é que os salários d) II, III e IV.
de desemprego não deveriam ser considerados simplesmente e) II, III e V.
como débito do orçamento, um meio por intermédio do qual a
demanda poderia aumentar e estimular a oferta. Além do mais,
uma demanda reduzida significava que não haveria investimento
suficiente para produzir a quantidade de mercadorias necessárias
para assegurar o pleno emprego. Os governos deveriam, portanto,
encorajar mais investimentos, baixando as taxas de juros (...), bem
como criar um extenso programa de obras públicas, que
proporcionaria emprego e geraria uma demanda maior de produtos
industriais”.
O texto refere-se a uma teoria cujos princípios estiveram
presentes:
a) no "New Deal", planejamento econômico baseado na
intervenção do Estado, elaborado devido à crise de 1929.
b) na obra MEIN KAMPF, que desenvolveu os fundamentos do
nazismo: ideia da existência da raça ariana.
c) no Plano Marshall, cujo objetivo era recuperar a economia
europeia através de maciços investimentos.
d) na criação da Comunidade Econômica Europeia, organização
que visa o livre comércio entre os países.
e) no livro O CAPITAL, onde se encontram os princípios básicos
que fundamentam o socialismo marxista.
Questão 14
Sobre a crise do capitalismo, na década de 1930, e o colapso do
socialismo, na década de 1980, pode-se afirmar que:
a) a primeira reforçou a concepção de que não se podia deixar
uma economia ao sabor do mercado, e o segundo a de que, uma
economia não funciona sem mercado.
b) ambos levaram à descrença sobre a capacidade do Estado
resolver os problemas colocados pelo desemprego em massa.
c) assim como a primeira, também o segundo está provocando
uma polarização ideológica que ameaça o Estado de Bem-estar
Social.
d) ambos, provocando desemprego e frustração, fizeram aparecer
agitações fascistas e terroristas contando com amplo respaldo
popular.
e) enquanto a primeira reforçou a convicção dos defensores do
capitalismo, o segundo fez desaparecer a convicção dos
defensores do socialismo.
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REGIMES TOTALITÁRIOS busca da alternativa que achavam mais pertinente para solucionar
a Crise mundial, ou seja, indivíduos da classe trabalhadora e das
1. INTRODUÇÃO camadas médias, apoiaram, em diferentes países e momentos, o
A Europa pós Primeira Guerra Mundial é um continente em fascismo, o socialismo e o keynesianismo. Os grupos
reconstrução, não apenas material, mas também nos aspectos conservadores (alto clero, industriais, latifundiários e a grande
políticos e socioeconômicos. A desilusão com os Estados burguesia) se dividiram entre o fascismo e o keynesianismo.
nacionais, com o liberalismo, com o mundo que todos conheciam Se na Rússia, agora União das repúblicas Socialistas Soviéticas
era profunda, apesar de certa recuperação econômica entre 1920 e (URSS), o socialismo foi implantado em 1917; na Itália, Alemanha,
1927, as mentes continuavam cansadas e esperançosas de dias Espanha e Portugal, o fascismo assumiu o poder a partir de 1922 e
melhores. manteve-se no poder até a década de 1970, com reflexos na
A Crise de 1929 veio a solapar qualquer possibilidade de crença política contemporânea.
em uma recuperação plena se mantida o mesmo modelo político e 2. PRINCIPAIS IDEIAS FASCISTAS
econômico baseado no liberalismo, mudanças eram necessárias e “• Totalitarismo: o sistema fascista era antidemocrático e
urgentes, e foi nesse cenário que se digladiaram as ideologias concentrava poderes totais nas mãos do líder de governo. Este
comunista e fascista, ambas se apresentaram para o povo líder podia tomar qualquer tipo de decisão ou decretar leis sem
europeu como a solução de todos os seus problemas. consultar políticos ou representantes da sociedade.
1.1. A “ameaça comunista” • Nacionalismo Xenófobo: entre os fascistas era a ideologia
Os grupos sociais conservadores (clero católico, latifundiários, baseada na ideia de que só o que é do país tem valor. Valorização
industriais, banqueiros e grandes comerciantes) temiam o avanço extrema da cultura do próprio país em detrimento das outras, que
comunista pela Europa. A Revolução Russa de 1917 havia tirado o são consideradas inferiores.
socialismo/comunismo do papel, as teorias marxistas estavam • Militarismo: altos investimentos na produção de armas e
sendo postas em prática em um grande império, onde além de equipamentos de guerra. Fortalecimento das forças armadas como
buscar atender às necessidades dos trabalhadores (campo e forma de ganhar poder entre as outras nações. Objetivo de
cidade), ainda protegeu o país da Crise de 1929, por não estar expansão territorial através de guerras. Um homem só seria
mais inserido no mercado capitalista e isolado politicamente do completo e pleno de existência se participasse de uma guerra.
restante do continente desde o fim da sua Guerra Civil em 1922.
• Culto à força física: Nos países fascistas, desde jovens os
Tal fato estimulou o início de várias greves e manifestações jovens eram treinados e preparados fisicamente para uma possível
populares em toda a Europa. Por exemplo, a derrubada da guerra. O objetivo do estado fascista era preparar soldados fortes e
monarquia alemã em 1918 foi liderada pelo partido Social- saudáveis. O estudo intelectual era deixado de lado, ensinavam os
Democrata Alemão que proclamou a república, onde um ano jovens a obedecer de forma inconteste ao seu líder.
depois, comunistas de extrema esquerda passaram a agir de forma
mais enérgica, através da Liga Espartaquista (nome que remetia a • Censura: Hitler e Mussolini usaram este dispositivo para coibir
rebelião de escravos romanos comandada por Spartacus), liderada qualquer tipo de crítica aos seus governos. Nenhuma notícia ou
por Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, que propôs a formação ideia, contrária ao sistema, poderia ser veiculadas em jornais,
imediata de conselhos operários que assumissem a gestão das revistas, rádio ou cinema. Aqueles que arriscavam criticar o
fábricas e de territórios inteiros sem submissão qualquer ao Estado governo eram presos e até condenados a morte.
alemão. • Propaganda: os líderes fascistas usavam os meios de
O número de filiados, candidatos e eleitores comunistas se comunicação (rádios, cinema, revistas e jornais) para divulgarem
multiplicaram em toda Europa. O motivo dessa onda vermelha não suas ideologias. Os discursos de Hitler eram constantemente
deve ser entendida como uma grande “tomada de consciência” da transmitidos pelas rádios ao povo alemão. Desfiles militares eram
classe operária, mas sim como uma reação à absoluta desilusão realizados para mostrar o poder bélico do governo.
em relação ao liberalismo político e econômico, onde o comunismo • Culto à violência: A violência contra as minorias era comum na
era uma alternativa real de sobrevivência e esperança, tanto Alemanha, os nazistas perseguiram, enviaram para campos de
quanto o fascismo. concentração e mataram milhões de judeus, ciganos,
1.2. O fracasso do liberalismo homossexuais e até mesmo deficientes físicos. Além disso, eles
acreditavam que a verdade é aquilo que o mais forte determina que
Com o Crack da Bolsa de Nova York, algo ficou claro e cristalino seja a verdade, e não o resultado de uma argumentação lógica a
era necessária a imediata intervenção do Estado na economia para respeito de um tema que venha a convencer os outros dessa
solucionar os problemas econômicos e garantir o mínimo de bem verdade.
estar para a população. Nesse sentido apresentaram-se três
• Antissocialismo: os fascistas eram totalmente contrários ao
alternativas:
sistema socialista, pois afirmavam que as diferenças entre os
• o capitalismo monopolista de Estado (keyneisianismo); indivíduos é natural, a prova disso era a superioridade da raça
• o Estado fascista; ariana em relação as outras. Defendiam amplamente o capitalismo,
• o Estado socialista. tanto que obtiveram apoio político e financeiro de banqueiros, ricos
comerciantes e industriais alemães e italianos.”
Cada país, de acordo com suas realidades e conjunturas, adotou Fonte: www.suapesquisa.com/historia/fascismo.htm (adaptado)
plenamente, ou parcialmente, os princípios políticos econômicos
3. O FASCISMO ITALIANO
dessas três vertentes. Os grupos sociais caminharam divididos em
A economia italiana entrou em colapso logo após o fim da Primeira
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.
fevereiro de 1933 Hitler ordenou que o braço armado do partido objetivo demonstrar uma coesão em torno da reconstrução da
nazista, a SA (Sessão de Assalto), eliminasse as lideranças Alemanha, enquanto potência. Os espetáculos de massa serviam
comunistas e socialdemocratas. Em 1934, Hitler recebeu do também para minimizar no povo alemão os sentimentos de
Parlamento o direito de governar por decreto, e em um desses individualismo.
decretos, ele declarou dissolvido o parlamento, dando início a um
regime totalitário de partido único.
Entre 1933 e 1934 todas as instituições políticas e jurídicas da
República de Weimar foram sendo fechadas, e os membros e
organismos do Partido Nazista foram assumindo seus lugares. Não
podia haver separação entre vida privada e pública. Todas as
organizações deviam ficar sob o controle do Partido. A ideologia
nazista devia estar presente em todas as fases da vida cotidiana,
ou seja, trabalho, educação, política e família.
3.3. A propaganda nazista
O Ministério do Esclarecimento Popular, dirigido por Joseph
Goebbels, controlava a imprensa, a publicação de livros, o rádio, o
teatro e o cinema. As emoções eram utilizadas para manter os
alemães em clima de mobilização permanente. A propaganda
nazista passava a imagem de um Estado alemão sólido e Concentração nazista em Nuremberg
hierarquicamente organizado, cujo topo era ocupado pelo Führer. 3.4. O governo de Hitler
Adolf Hitler se aproveitou do sentimento de revanchismo que havia
na Alemanha em relação aos países vencedores de 1914-1918 e
tomou várias medidas no sentido de desobedecer ao Tratado de
Versalhes, como por exemplo, a convocação de um milhão de
jovens para o exercito alemão, quando o Tratado de Versalhes não
permitia um número superior a 100 mil, a reabertura das fábricas
de armas, navios e aviões de guerra, que deveriam permanecer
fechadas.
Na economia, Hitler seguiu o receituário econômico pós-Crise de
1929; muita intervenção do estado na economia com muitas obras
públicas e políticas assistencialistas aos mais pobres, se
assemelhando em muitos momentos ao New Deal dos EUA.
3.5. O Antissemitismo na prática
A ideologia fascista pregava a suposta pureza e superioridade
ariana. Para garantir que isso fosse mantido, Hitler deu inicio a um
projeto de eugenia. Várias medidas e leis foram tomadas nesse
“O estudante alemão luta pelo Führer e pelo povo” sentido: os médicos foram imbuídos dessa responsabilidade, ou
seja, impedir a “degeneração” racial alemã. Os que se negaram a
participar dessa política pública de “saúde” foram expulsos das
associações médicas e cientificas, mas a grande maioria se tornou
colaboracionista, pois, dessa maneira garantiam uma rápida
ascensão profissional. Dentre as ações/leis de promoção da
eugenia, podemos destacar:
• Os indivíduos considerados “degenerados”, como portadores de
doença mental e déficit cognitivo, criminosos e pessoas com
doenças incuráveis, foram esterilizados.
• Em 1935, pelas leis de Nuremberg, ficou determinada a divisão
da sociedade por critérios raciais: arianos puros, não arianos e
mestiços. A cidadania era exclusiva dos arianos puros, que
deveriam provar sua descendência até a terceira geração. Os
judeus perderam seus direitos civis e foram proibidos de se
casarem com alemães.
• Após a “Noite dos Cristais” as medidas contra os judeus se
tornaram mais repressivas ainda. Eles foram proibidos de
exercerem profissões liberais, de manter contato com a população
“Viva a Alemanha” ariana, todos os seus bens e propriedades foram confiscados e
Os diversos comícios, marchas e eventos públicos, todos deu-se início à transferência de judeus para os campos de
ornamentados com suásticas, águias e bandeiras carregadas de concentração.
simbolismos, que eram promovidos pelo partido, tinham por A participação consciente ou inconsciente do povo alemão na
janeiro, exibindo curtas de diretores como Alain Resnais e Emir Esses grupos motivaram estudos, tanto profissionais quanto de
Kusturica. Na ocasião, o cineasta Carlos Saura, que tem um modo amador pela sociedade em geral, que buscavam explicações
projeto de filme sobre a criação do quadro, ministrou uma aceitáveis para esse movimento.
masterclass e assumiu ser obcecado pela pintura. No início da década de 1980, em meio à ebulição do movimento
Se para uns a obra tem qualidades cinematográficas – o grande punk, o movimento neonazista surgiu no Brasil. O contexto
formato, as narrativas que se desenrolam em seu interior –, para socioeconômico do País, marcado pelo enfraquecimento do
outros, seus movimentos a aproximam da dança. É o caso da “milagre econômico” do Regime Militar e consequente perspectiva
produtora cultural Laura Haddad, diretora do espetáculo Guernica, de um futuro sombrio, facilitou a absorção da influência do
em cartaz em Curitiba até o dia 5 de março. Segundo Laura, a movimento neonazista internacional.
montagem ambiciona construir "uma tela viva" e sua itinerância Atualmente, existem mais de uma dezena de grupos neonazistas
deve chegar a Porto Alegre, embora não tenha datas fechadas. no País, espalhados sobretudo nos estados de São Paulo (com
– É uma tela universal, um clamor por justiça, contra todos os maior concentração na capital e na região do ABC), Paraná, Santa
regimes políticos totalitários que vemos ainda hoje. É só ver a Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Distrito Federal e
situação de Aleppo (Síria), do Congo, do Haiti – explica a diretora. Espírito Santo.
Um dos motivos dessa atualidade, na avaliação de Paulo Miyada, é Esses grupos são tradicionalmente divididos em duas vertentes:
que a obra não registra fatos específicos, mas utiliza alegorias uma dedicada ao ativismo político e outra mais agressiva, que
como o cavalo atormentado e a figura que segura uma lâmpada: frequentemente pratica ataques a minorias. Os trabalhadores
– É uma pintura que conta uma história, mas que faz isso numa nordestinos que migraram para o Sudeste em busca de trabalho
espacialidade inusual, com figuras sem verossimilhança, em preto são frequentemente atacados pelos neonazistas brasileiros.
e branco, usando dobras e fragmentações que são uma herança Apesar de os grupos nazistas brasileiros apresentarem
do cubismo. Isso tudo nos afasta de uma descrição documental do divergências, paradoxos e discórdias relacionadas com a ideologia
evento e enfatiza a potência emotiva e dramática da e objetivos, existem características comuns a todos, destacando-se
representação. É mais tocante reencontrar a tragédia da Guernica a apologia à intolerância. Da mesma forma que o movimento
pela pintura do Picasso do que pelas fotos dos bombardeios ou os internacional, esses grupos propagam ideais ultranacionalistas,
dados sobre os mortos. xenófobos, discriminatórios e racistas. A ideologia ligada ao
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/arte/noticia/2017/02/guernica-de- nazismo e ao fascismo, seja ela assumida ou dissimulada, também
picasso-comemora-80-anos-em-2017-e-e-celebrada-pelo-mundo-9727859.html é uma característica comum a quase todos os grupos.
LEITURA COMPLEMENTAR V: NEONAZISMO Fonte: http://www.estudopratico.com.br/neonazismo-historico-e-oneonazismo-no-
brasil/Acesso em 28 jan. 2016 (adaptado)
Associado ao resgate do nazismo, ideologia política difundida pelo
alemão Adolf Hitler, o movimento neonazista origina-se a partir da
intolerância e do racismo, promovendo, em sua maioria, a
discriminação contra minorias e grupos específicos, como negros,
homossexuais, estrangeiros, ameríndios e judeus, comunistas,
imigrantes islâmicos e caboclos, defendendo a “superioridade da
raça pura ariana”.
Existe uma importante diferença entre o nazismo clássico e o
neonazismo: o primeiro defendia o expansionismo nacional em
termos militares e imperialistas; já o segundo propunha a expulsão
dos estrangeiros (eslavos, africanos, asiáticos, árabes, turcos) da
Europa Ocidental.
Após a Segunda Guerra Mundial, o nazismo praticamente
desapareceu, no entanto, nos anos 1970, alguns pequenos grupos
denominados neonazistas começavam a aparecer na Europa. Na
década de 1990, o movimento neonazista despontou devido a
algumas razões, dentre as quais são citadas o desemprego (alguns
segmentos da sociedade culparam os estrangeiros pela falta de
emprego) e o desmantelamento da URSS e o fracasso do
socialismo.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A tela Guernica foi pintada por Pablo Picasso em 1937, em meio à Guerra Civilil Espanhola. A tela,
quase um painel (350,5 X 782,3), foi o instrumento de protesto do pintor contra:
a) a destruição da cidade basca de Guernica pela Força Aérea Alemã durante o conflito civil na
Espanha.
b) a ascensão do governo republicano, de viés socialista, sob a liderança da Frente Popular.
c) o envolvimento da Espanha na política expansionista e militarista promovida pelos países do Eixo.
d) a anexação dos Sudetos, território tcheco, pelas forças militares do Terceiro Reich Alemão.
e) o pacto de não agressão que Hitler e Stalin firmaram entre si e que acabou contribuindo para a
eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Questão 02
“A propaganda política busca imbuir o povo, como um todo, com uma doutrina. A propaganda para o
público em geral funciona a partir do ponto de vista de uma idéia, e o prepara para quando da vitória
daquela opinião". Adolf Hitler escreveu tais palavras em 1926, em seu livro Mein Kampf, no qual
defendia o uso de propaganda política para disseminar seus ideais.
No cartaz acima, vemos um exemplo do material produzido pelo Ministério do Reich para
Esclarecimento Popular e Propaganda, encabeçado por Joseph Goebbels. O cartaz apresenta uma
característica ideológica do regime nazista, a saber:
a) Antissemitismo. d) Nacionalismo.
b) Xenofobismo. e) Liberalismo.
c) Anticomunismo.
Questão 03
Ser interrogado por amadores com os dedos no gatilho em busca de contra revolucionários nunca é
uma experiência relaxante. Confesso que estava nervoso quando (...) mandaram-me caminhar pela
estrada escura de volta à fronteira da França com a arma do miliciano apontada para as minhas
costas. Assim, meu rápido contato com a Guerra Civil Espanhola terminou com a minha expulsão da
República espanhola.
(Eric Hobsbawm, "Tempos interessantes")
Para alguns historiadores, é possível considerar a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) um laboratório
da Segunda Guerra Mundial, isto porque
a) a Alemanha e a Itália optaram por não estabelecer qualquer nível de interferência na guerra
Anotações
espanhola, considerando que se tratava de uma questão interna dos espanhóis.
b) as mesmas forças político ideológicas - o fascismo e o antifascismo - que se confrontaram na
Espanha durante a Guerra Civil estiveram em conflito na Segunda Guerra.
c) esse conflito foi solucionado com a intervenção direta da Inglaterra e da França, que obtiveram o
compromisso das forças beligerantes de respeitar os acordos de paz.
d) a imponente vitória militar das forças republicanas nessa guerra civil permitiu que a Espanha tivesse
participação decisiva na Segunda Guerra, ao lado das forças aliadas.
e) a vitória das forças progressistas espanholas gerou o descrédito da Liga das Nações, incentivando
atos de rebeldia, como a invasão da Manchúria pelo Japão.
Questão 04
Ein Volk, ein Reich, ein Führer (“Um povo, um império, um líder”)
Essa frase, estampada como divisa de um cartaz de propaganda política da década de 1930, sintetiza
os ideais do Partido Nacional-Socialista, que dominou por mais de uma década a vida do povo alemão.
Uma das alternativas abaixo resume uma característica ou princípio que NÃO pertence ao movimento
nacional-socialista. Assinale-a.
a) O anti-semitismo, que sustentava serem os judeus uma “raça degenerada, cujo contágio põe em
risco a saúde do povo alemão”.
b) O belicismo, que valorizava a guerra de conquista “como caminho necessário rumo à construção da
Grande Alemanha”.
c) O socialismo revolucionário, que pregava “a superação histórica do capitalismo por meio da luta de
classes e sua consumação: a revolução proletária”.
d) O regime de partido único, identificado ao Estado e baseado na submissão incondicional à
autoridade do líder, o qual reuniria em si “um poder ilimitado e uma responsabilidade absoluta”.
e) O totalitarismo, segundo o qual não deveria haver direitos individuais opostos às “necessidades do
Estado, a que todos se acham completamente subordinados”.
Questão 05
O cartaz acima foi usado pela máquina de propaganda do governo nazista, à época chefiada por
Joseph Goebbels. No poster está escrito: “Por trás do poder inimigo: o judeu”. A mensagem
comunicada pelo cartaz costurava cuidadosamente um argumento comprovando a vilania judaica, o
que permitia ao regime nazista incitar a população do país:
a) ao militarismo;
b) ao antissemitismo;
c) ao liberalismo;
d) ao expansionismo;
e) ao unipartidarismo.
Questão 06
"Os verdadeiros chefes não têm nenhuma necessidade de cultura e ciência".
(H. Goering)
"Quando ouço a palavra cultura, ponho a mão no revólver."
(J. Goebbels)
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104
Aula 27 – Regimes Totalitários
"Os intelectuais são como as rainhas que vivem das abelhas trabalhadoras."
(A. Hitler)
"Sem espírito militar a escola alemã não poderá existir. Um professor pacifista é um palhaço ou um
Anotações
criminoso. Deve ser exterminado."
(Ministro Schewemm - Bavária)
"Professores alemães... nenhum menino e nenhuma menina da escola devem sair de vossas aulas
sem o sagrado propósito de ser um inimigo mortal do bolchevismo judeu, na vida e na morte."
(F. Weachter)
Questão 07
"O Fascismo italiano e o Nazismo alemão conquistaram o respaldo de muitos setores da população,
conseguindo um financiamento junto à alta burguesia. Assim puderam resolver a crise do capitalismo,
com a instalação de ditaduras de direita que garantiram a ordem do sistema, os lucros e as
propriedades."
Servindo de exemplo a muitos países também atingidos pelos efeitos da Grande Depressão, o
totalitarismo
a) reforçou o desenvolvimento armamentista, preparando o terreno para a eclosão da Segunda Guerra
Mundial.
b) transformou a Alemanha no país mais rico e poderoso da Europa, ameaçada em sua supremacia
apenas pela Dinamarca.
c) organizou e contribuiu para a evolução do bloco capitalista, sob o controle dos Estados Unidos.
d) desenvolveu a tendência de cooperação entre os Estados.
e) reacendeu as velhas disputas nacionalistas existentes, desde o século XIX, entre a Grécia e a
Turquia.
Questão 08
Considerando a ideologia do partido Nacional-Socialista na Alemanha nos anos 1930 e 1940, examine
as afirmativas:
I. Um dos pilares da ideologia nacional-socialista era seu apelo ao anticomunismo e a rejeição ao
projeto político que estava em curso na União Soviética.
II. O nacional-socialismo alemão conseguiu ter sucesso econômico rápido devido a medidas
direcionadas para o livre comércio e para a liberdade cambial. Com isso houve a estabilização da
moeda após a crise da hiperinflação e um período de crescimento acelerado da economia.
III. O partido Nacional-Socialista foi vitorioso nas eleições de 1932, o que demonstrou a seus líderes
que a democracia – mesmo com falhas – era o melhor sistema político para realizar seus projetos.
IV. O ideário do nacional-socialismo sempre deixou clara a ideia de “pureza racial”. Com isso, desde
os primeiros anos de governo, foram emitidas diversas leis contra judeus, homossexuais e ciganos,
consideradas – entre outras – como populações “impuras”.
Assinale:
a) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas
b) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas
c) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas
d) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas
e) se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas
Questão 08
Observe a figura a seguir.
PICASSO, P. Guemica. Pintura-mural.
Disponível em: www.museoreinasofia.es.
Questão 14
O que os líderes latino-americanos tomaram do fascismo europeu
foi sua deificação de líderes populistas com fama de agir. Mas as
massas que eles queriam mobilizar, e se viram mobilizando, não
eram as que temiam pelo que poderiam perder, mas sim as que
Retirada da última estátua equestre do General Francisco Franco,
nada tinham a perder. E os inimigos contra os quais eles as
na cidade de Santander, na Espanha, em 18 de dezembro de 2008. mobilizavam não eram estrangeiros e grupos de fora (embora seja
g1.globo.com inegável o conteúdo antissemita no peronismo e outras políticas
argentinas), mas a “oligarquia”, os ricos, a classe dominante local.
Em 2007, na Espanha, aprovou-se uma lei que possibilitou HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos, o breve século XX: 1914-1991 Trad. São
indenizar vítimas da Guerra Civil (1936-1939) e do governo de Paulo: Cia das Letras, 1991. p. 137.
Francisco Franco (1939-1975). A ação retratada na fotografia
também é decorrente dessa lei. No contexto das denúncias e O texto permite afirmar que, para o autor, os movimentos latino-
apurações acerca dos crimes cometidos pelo governo franquista, a americanos influenciados pelo fascismo,
retirada da estátua equestre está associada à seguinte proposta: a) não foram capazes de mobilizar a sociedade latinoamericana
a) rejeição da história política. como os movimentos de características nazifascistas que
b) reforço da identidade nacional. ocorreram na Europa ocidental.
c) redistribuição do patrimônio cultural. b) não possuíam caráter fascista de importância nacional,
d) redimensionamento da memória social. ocorrendo em determinadas comunidades de imigrantes que
trouxeram consigo essa ideologia.
Questão 12 c) foram incentivados pelas correntes políticas que consideravam
as democracias liberais responsáveis pela desordem social e
É possível afirmar que a Alemanha nazista desenvolveu, econômica vigente.
simultaneamente, duas guerras que, na sua perspectiva, eram d) não apresentaram as mesmas características do fascismo
complementares: europeu, podendo ser visto como parte integrante do declínio e
a) a guerra social, que afirmava a supremacia do proletariado queda do modelo liberal.
sobre a burguesia, e a guerra política, de rejeição dos valores e) foram realizados por meio de uma mobilização paramilitar
democráticos. semelhante à que ocorreu na Itália, com a marcha chefiada pelo
b) a guerra ideológica, de afirmação dos valores do comunismo, e líder fascista sobre Roma.
a guerra religiosa, de contestação ao judaísmo e ao islamismo.
c) a guerra industrial, que buscava ultrapassar a produção fabril
Questão 15
britânica, e a guerra comercial, na luta pelo controle do mercado
consumidor norte-americano. A viagem levou uns vinte minutos. O caminhão parou; via-se um
d) a guerra diplomática, desenvolvida dentro da Liga das Nações, e grande portão e, em cima do portão, uma frase bem iluminada
a guerra colonial, contra as possessões francesas e britânicas no (cuja lembrança ainda hoje me atormenta nos sonhos): ARBEIT
norte da África. MACHT FREI – o trabalho liberta.
e) a guerra de expansão territorial, levada adiante por seu aparato Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e fracamente
militar, e a guerra étnica, de perseguição sistemática a judeus, aquecida. Que sede! O leve zumbido da água nos canos da
ciganos e negros. calefação nos enlouquece: faz quatro dias que não bebemos nada.
Há uma torneira e, acima, um cartaz: proibido beber, água poluída.
Besteira: é óbvio que o aviso é um deboche. “Eles” sabem que
Questão 13
estamos morrendo de sede [...]. Bebo, e convido os companheiros
“Ou bem eles nos entregam o governo ou nós haveremos de tomá- a beber também, mas logo cuspo fora a água: está morna,
lo, ocupando Roma. É uma questão de dias, talvez de horas (...) adocicada, com cheiro de pântano.
Voltem para suas cidades e esperem nosso chamado. Se Isto é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim:
necessário, serão dadas ordens. Enquanto isso, podem se uma sala grande e vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma
dispersar e manifestar sua solidariedade com as Forças Armadas: torneira gotejante, mas que não tem água potável, esperando algo
Viva o Exército! Viva o fascismo! Viva a Itália! (...) Nós, fascistas, certamente terrível acontecer, e nada acontece, e continua não
não queremos entrar no governo pela porta dos fundos. No fim das acontecendo nada.
contas, tudo pode ser decidido pela força, pois na história é a força (Primo Levi. É isto um homem?, 1988.)
que decide tudo.”
Benito Mussolini, outubro de 1922. Apud: Donald Sassoon. Mussolini e a ascensão A descrição, por Primo Levi, de sua chegada a Auschwitz em 1944
do fascismo. Rio de Janeiro: Agir, 2009, p. 137.
revela
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108
Aula 27 – Regimes Totalitários
a) o reconhecimento da própria culpa, por um prisioneiro recolhido
a um campo de concentração nazista.
b) o alívio com o fim da viagem em direção à prisão e a aceitação
das condições de vida existentes no campo de concentração.
c) a expectativa de que, apesar dos problemas na chegada,
houvesse tratamento digno aos prisioneiros dos campos de
concentração.
d) a falta de entendimento do funcionamento do campo de
concentração e a disposição de colaborar com as autoridades
nazistas.
e) a sensação de horror, angústia e submissão que caracterizavam
a condição dos prisioneiros nos campos de concentração nazistas.
Segundo os termos do acordo, a cidade de Dantzig, localizada geograficamente na área cedida aos poloneses, teria um governo autônomo.
Como já foi dito, a criação do Corredor Polonês separou o território alemão e contribuiu para aumentar ainda mais sentimento de revanche
que a nação alemã alimentava desde a imposição do Tratado de Versalhes (1919).
Hitler sabia que se invadisse a Polônia para recuperar o Corredor Polonês, teria de enfrentar tanto a oposição da Inglaterra, que havia dado
garantias ao governo polonês, quanto a da URSS, uma vez que Stalin alimentava planos de reaver a Polônia (o país pertenceu à Rússia até
o Tratado de Brest Litovski, assinado pelo governo bolchevique em 1918).
Com o objetivo de não ter de enfrentar uma guerra em duas frentes (contra os soviéticos, a leste, e contra os ingleses, a oeste), Hitler se
aproximou de Stalin e costurou um Pacto de Não Agressão (1939). O acordo, também conhecido como Pacto Ribentrop-Molotov (numa
alusão, respectivamente, aos representantes da Alemanha e URSS que firmaram o pacto em nome de seus governos), previa a partilha do
território polonês entre os países signatários e o compromisso de que, caso eclodisse uma guerra na Europa, Alemanha e URSS não se
atacariam.
Assim, sem a preocupação de enfrentar uma guerra em duas frentes ao mesmo tempo, Hitler ordenou a invasão da Polônia pelas forças
armadas da Alemanha (Wehrmacht) em 1 de setembro de 1939. Dispostos a não mais tolerar a política expansionista da Alemanha nazista
e obrigados pelos compromissos de ajuda assumidos junto à Polônia, os governos da França e da Inglaterra declararam guerra ao Terceiro
Reich alemão, desencadeando assim a Segunda Guerra Mundial.
FATOS QUE MARCARAM O CONFLITO
No início do conflito, a Alemanha se valeu de uma estratégia denominada Blitzkrieg (ou guerra-relâmpago): ofensivas fulminantes
envolvendo blindados, aviões e navios de guerra, sem dar tempo ao inimigo reagir. Dessa forma, os alemães ocuparam a Polônia, a
Dinamarca, a Noruega, a Holanda, a Bélgica e uma significativa parte da França, encurralando o exército francês, comandado pelo general
Charles de Gaulle, em Dunquerque e forçando-o a uma retirada estratégica para a Inglaterra.
A França ficou, portanto, dividida em duas zonas: uma, ao norte (incluindo Paris), sob a ocupação nazista; outra, ao sul, livre, com o
governo sediado na cidade de Vichy (República de Vichy), nas mãos do marechal Pétain.
Pétain, durante a guerra, fez um jogo duplo, ora colaborando com os nazistas que ocupavam o norte do país, ora colaborando com os
países que lutavam contra o nazifascismo.
Voltando-se contra a Grã-Bretanha, Hitler pôs em prática a Operação Leão do Mar, com o objetivo de invadir a Inglaterra. A Luftwaffe
(Força Aérea Alemã) passou a bombardear diariamente Londres,
como parte da estratégia nazista de flagelar ao máximo os ingleses, SAIBA MAIS: CHURCHILL ESPERAVA A AJUDA DOS EUA NA
a fim de enfraquecê-los e facilitar a invasão das forças alemãs. GUERRA
Apesar das enormes perdas civis, os ingleses reagiram: os céus das “Não me tornei primeiro-ministro para presidir à liquidação do Império
Britânico”, disse Winston Churchill em meio à Segunda Guerra
ilhas britânicas testemunharam a Batalha da Inglaterra, entre a
Mundial. O premier inglês sabia que uma aliança com os EUA seria
Luftwaffe e a Royal Air Force (Real Força Aérea Britânica). Utilizan- decisiva para garantir a sobrevivência da Grã-Bretanha. Ao longo do
do radares que detectavam a aproximação dos aviões alemães, a conflito, Churchill manteve uma troca de mensagens com o presidente
RAF acabou por apresentar melhor combatividade que a Luftwaffe, Roosevelt. Numa delas, em meio ao avanço dos exércitos alemães
impedindo assim que os planos de Hitler em relação ã Inglaterra se pela Europa, escreveu: “Sr. Presidente, com grande respeito devo
concretizassem. Em reconhecimento ao esforço da RAF, o premier dizer-lhe que, na longa história do mundo, esta é uma coisa a fazer
inglês Winston Churchill proferiu uma das mais famosas frases de imediatamente (...). Sei que fará tudo o que puder, mas me sinto
sua trajetória política: “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”. habilitado e no dever de lhe expor a gravidade e urgência da situação.
A esperança de Churchill era a dos EUA entrarem na guerra. A
Apesar de ter conseguido deter a invasão alemã ao território inglês, percepção dessa esperança levou o próprio embaixador americano em
Churchill necessitava de um aliado para derrotar Hitler. “Ele Londres, Joseph Kennedy, a telegrafar ao presidente Roosevelt: “Que
precisava de um aliado para uma vitória futura (...). Ao contrário de ninguém se engane: essa guerra, do ponto de vista da Grã-Bretanha,
Hitler, Churchill precisava de um aliado a bem da sobrevivência: para está sendo conduzida daqui para a frente, com os olhos num só lugar,
a sobrevivência de uma Grã-Bretanha que, pelo menos naquele que são os Estados Unidos. A menos que haja um milagre, eles
momento, era uma causa inseparável de sua própria sobrevivência
como líder. Esse aliado não era mais a França. Eram os Estados Unidos da América. Mesmo sem a França, a Grã-Bretanha de Churchill
poderia – talvez – sobreviver a curto prazo. Sem os Estados Unidos – pelo menos a longo prazo -, a Grã-Bretanha não poderia sobreviver”,
escreveu o historiador húngaro-americano John Lukacs em O duelo: Churchill x Hitler: 80 dias cruciais para a Segunda Guerra Mundial.
Entretanto, os EUA tinham retomado, desde a Conferência de Versalhes, sua tradicional política de isolacionismo (não envolvimento em
conflitos do Velho Mundo). Seria necessário mais do que os apelos de Churchill ao presidente americano Roosevelt para que os EUA
entrassem na guerra.
Em 1941, necessitando de recursos (cereais, minérios e petróleo) para continuar na guerra, Hitler ordenou a Operação Barbarossa, nome
dado à operação militar nazista de invasão ao território da URSS. Rompia-se, assim, o Pacto de Não Agressão que alemães e soviéticos
tinham assinado em 1939, pouco antes da eclosão da Segunda Grande Guerra. Apanhado de surpresa diante da invasão alemã, Stalin
conseguiu organizar uma contra-ofensiva ao avanço das tropas nazistas sobre Moscou. “Mais do que o frio, a vitória soviética deveu-se às
motivação dos soldados e, principalmente, à capacidade organizativa da URSS, que transferiu indústrias para a Sibéria e mobilizou a
população, deitando por terra a previsão alemã de encontrar um povo apático e um regime desacreditado. Pelo imenso volume de recursos
humanos e materiais empregados na frente leste, a guerra na Europa constituía principalmente um conflito terrestre entre o III Reich e a
URSS, travado dentro do território desta última, a um custo incrivelmente elevado. Desde a invasão alemã, Churchill e Stalin começaram a
discutir uma aliança anglo-soviética, que se formalizaria posteriormente com a adesão dos Estados Unidos, após sua entrada na guerra”,
escreveram Paulo Visentini e Analúcia Pereira.
Enquanto a guerra se desenrolava na Europa, a tensão crescia na região do Pacífico. O Japão, governado por militares ultranacionalistas,
expandia-se como potência imperialista, ameaçando os interesses dos EUA na Ásia. A ocupação da Indochina (Vietnã, Laos e Camboja)
pelos japoneses levou o governo americano a impor um embargo na venda de petróleo e aço ao Japão. Era uma estratégia para
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112
Aula 28 – Segunda Guerra Mundial
desacelerar a ofensiva imperialista japonesa na Ásia.
Em represália ao embargo americano, o Japão bombardeou de surpresa a base militar
americana de Pearl Harbor, no arquipélago do Havaí, onde se concentrava a frota
americana no Pacífico. Eram 6 horas da manhã do dia 7 de dezembro de 1941. O
ataque deixou um saldo de 334 mortos, 1341 feridos, além de destruir diversos navios
e dezenas de aeronaves. A ofensiva foi um grave erro de cálculo do governo japonês,
um verdadeiro suicídio. “O Japão talvez aproveitasse sua única oportunidade de
estabelecer rapidamente seu império sulista; mas como calculava que isso exigia a
imobilização da marinha americana, a única força que podia intervir, também
significava que os EUA, com suas forças e recursos esmagadoramente superiores,
seriam imediatamente arrastados para a guerra. Não havia como o Japão vencer essa
guerra, escreveu o historiador britânico Eric Hobsbawm em Era dos Extremos: o breve
século XX.
Em resposta ao ataque japonês, o governo dos EUA, à época nas mãos do presidente O ataque japonês à base americana de Pearl
Harbor no Havaí (7/12/1941).
Franklin Roosevelt, declarou formalmente guerra não só ao Japão, mas também aos
seus aliados do Eixo (Alemanha e Itália). “Churchill estava em Chequers na noite de
domingo, 7 de dezembro, quando as notícias sobre Pearl Harbor chegaram pelo rádio. Oito anos depois, relembrou: ‘Nenhum americano
me interpretará mal se eu proclamar que contar com os Estados Unidos ao nosso lado foi, para mim, a maior alegria... Muitas desventuras,
imensuráveis perdas e tribulações se estendiam adiante, porém não havia mais dúvida quanto ao fim... depois de dezessete meses de luta
solitária e dezenove meses de minha responsabilidade na angustiosa tensão, vencêramos a guerra.’”, conta John Lukacs.
Enquanto Churchill celebrava a entra-da americana na guerra, dando como certa a vitória sobre o Eixo, na Europa Oriental o conflito entre
as tropas alemãs e as forças militares russas se intensificava. Os nazistas cercaram a cidade de Stalingrado, tendo início uma das mais
importantes batalhas da Segunda Guerra Mundial. Por quase dois anos(1942-43), as forças soviéticas e os civis que viviam na cidade
permaneceram em Stalingrado, cercados, com frio e fome, resistindo de rua em rua, lutando de casa em casa contra o invasor alemão, até
sua definitiva expulsão em 1943. A derrota dos nazistas em Stalingrado é considerado o marco na virada da guerra na frente leste. Estima-
se que mais de 500 mil solados alemães morreram na ocasião, sem contar as dezenas de milhares que caíram prisioneiros dos soviéticos.
A notícia da vitória soviética repercutiu em todo o mundo, ascendendo uma chama de esperança quanto à derrota final da Alemanha.
No Pacífico, os EUA viraram o rumo da guerra contra o Japão na batalha de
Midway (1942). Pouco a pouco as forças americanas retomaram o controle das
ilhas que ocupadas pelos japoneses. No entanto, o Japão não dava sinais de que
estava disposto a se render, mesmo que as evidências apontassem para a vitória
final dos norte-americanos. Nessa altura do conflito, os pilotos japoneses
adotaram a tática de missões suicidas (kamikaze), lançando suas aeronaves
diretamente contra navios e aviões americanos. Apesar dessasações kamikaze,
as vitórias americanas continuaram, como em Okinawa e Iwo Jima.
Na Europa, os Aliados conseguiram desembarcar tropas no sul da Itália, a partir
de uma extraordinária operação militar a partir do norte da Áfica. Mussolini foi
deposto e a Itália assinou sua rendição. No entanto, a guerra contra a Alemanha
continuava. Do leste, o exército soviético avançava em direção a Berlim. Contudo,
uma nova frente de guerra foi aberta quando os Aliados conseguiram
desembarcar mais de 185 mil homens na praia de Omaha, Normandia, norte da
França, libertando a região do país que se encontrava sob o domínio nazista
desde o início da guerra. Marines hasteiam a bandeira dos EUA no cume do monte
Suribachi, na ilha de Iwo Jima, depois de derrotar os japoneses.
Comandada pelo general norte-americano Eisenhower, a Operação Overlord (ou
Dia D) representou, portanto, a abertura da terceira frente de avanço dos Aliados sobre o Terceiro Reich.
O avanço dos Aliados despertou em muitos oficiais do alto comando alemão a percepção de que a guerra estava perdida. Aos poucos uma
conspiração foi se desenhando: assassinar Hitler e negociar um armistício com os Aliados, evitando uma derrota humilhante para o país.
Denominada de Operação Valquíria (numa alusão a uma deusa da mitologia dos antigos germânicos), a ação dos conspiradores fracassou
quando o coronel Claus von Stauffenberg entrou no quartel-general de Hitler (“Toca do Lobo”) com uma bomba escondida numa pasta,
que foi deixada sob uma mesa de reunião, perto de onde Hitler se encontrava sentado. Stauffenberg deixou a sala pouco antes do artefato
explodir. Entretanto, um dos oficiais presentes, sem dar conta de seu ato, empurrou com a perna a pasta onde se encontrava a bomba,
afastando-a de Hitler. O Führer sobreviveu ao atentado e ordenou a execução dos envolvidos, incluindo o coronel Claus von Stauffenberg.
Em 30 de abril de 1945, quando o Exército Vermelho já se encontrava em Berlim, Hitler, escondido em seu bunker (abrigo subterrâneo), se
suicidou com um tiro de pistola. Seu corpo foi queimado, de acordo com as ordens que ele mesmo deixara junto aos seus colaboradores.
Em 7 de maio de 1945 a Alemanha assinava sua rendição incondicional. Era o fim da guerra na Europa.
No Pacífico, o Japão, como já foi dito, não mostrava nenhuma disposição em se render. Decidido a forçar a rendição japonesa e, ao mesmo
tempo, demonstrar seu poderio militar aos soviéticos (a partilha do mundo em áreas de influência entre EUA e URSS já havia começado,
antes mesmo da guerra chegar ao fim por completo!), o governo norte-americano, em agosto de 1945, ordenou o lançamento de duas
bombas-atômicas: uma sobre a cidade japonesa de Hiroshima e outra sobre a cidade de Nagasaki. O poder das explosões varreu, em cada
cidade, uma área de mais de 3 quilômetros, reduzindo tudo o que se lá se encontrava a escombros. A coluna de fumaça se elevou a mais
de 10 mil metros de altura. Centenas de milhares de pessoas morreram na hora; os que sobreviveram foram expostos aos terríveis efeitos
da radiação. Em 2 de setembro de 1945, numa cerimônia oficial a bordo do encouraçado USS Missouri, representantes do governo japonês
assinaram a rendição incondicional do Japão diante do general Sutherland (EUA).
AS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA
Seis anos de guerra, mais de 60 milhões de mortos (sem contar os milhões de feridos e mutilados entre civis e militares). O número de
vítimas do conflito ultrapassa qualquer cifra dos conflitos anteriores. A URSS foi o país que mais perdeu vidas na guerra: estima-se que
pelo menos 20 milhões de sovieticos tenham morrido em decorrência da guerra.
Os prejuízos materiais também foram impressionantes: estima-se em cerca de 1 trilhão e 500 milhões de dólares o custo total da guerra.
Apesar os enormes gastos, a economia americana se beneficiou com o conflito. Os EUA gastaram 300 bilhões de dólares na guerra;
entretanto, seu PIB cresceu mais de 80% durante os anos do conflito (1939-45). Sua produção industrial aumentou em 75% e sua balança
comercial apresentou um superávit de 11 bilhões de dólares.
O fim da Segunda Guerra Mundial assinalou o declínio global da Europa e a formação de uma nova ordem geopolítica, marcada pela
bipolaridade e pela hegemonia das superpotências (EUA e URSS), conforme estudaremos no próximo capítulo.
Países africanos e asiáticos, sob o domínio colonial europeu, aproveitaram o fim da guerra para dar início a movimentos em prol de sua
emancipação política. A oportunidade lhes era favorável, afinal a devastação econômica que o conflito trouxe para a Europa criava
condições oportunas para que essas nações rompessem o jugo colonial europeu sobre as mesmas.
Merece destaque a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, substituindo a fracassada Liga das Nações. A ONU tem
como objetivo principal a manutenção da paz e da segurança internacionais, respeitando o direito dos povos à autodeterminação e
estimulando a cooperação entre as nações.
HISTÓRIA E ARTE
Por ocasião da Guerra Civil Espanhola (1936-39), conflito que precedeu a Segunda Guerra Mundial, o pintor espanhol Pablo Picasso
produziu o painel Guernica, denunciando o bombardeio da pequena cidade do norte da Espanha (País Basco) pela Luftwaffe, a Força
Aérea Alemã.
Hitler se envolveu na Guerra Civil Espanhola, enviando tropas e aviões para ajudar o general Francisco Franco, que lutava para derrubar o
governo republicano espanhol. Os nazistas aproveitaram o conflito civil na Espanha para testar armas que seriam usadas na Segunda
Guerra Mundial.
O painel tem dimensões grandiosas (3,5m X 7,82m) e foi pintado em 1937, ano em que Guernica foi destruída pelos nazistas. Picasso
escolheu matizes de branco, preto e cinza para pintar a tela, cores que conferem um aspecto sombrio à obra, evocando o desastre que se
abatera sobre a cidade espanhola. O estilo segue as linhas do cubismo e os elementos (pessoas, animais, construções) se sobrepõem,
lembrando ao observador o caos que se instaurou em Guernica à medida em que as bombas alemãs caíam sobre a cidade.
Guernica foi exibida pela primeira vez na Exposição Internacional de Paris (1937). Conta-se que um oficial alemão que estava na exposição
se aproximou do espaço onde a tela era exposta e, depois de observá-la por alguns minutos, perguntou a Picasso: “Foi você quem fez?” Ao
que o mestre do cubismo espanhol respondeu: “Não, foram vocês que fizeram!
A tela não é apenas uma denúncia dos horrores do conflito civil espanhol; ela chama a atenção, através de poderosas imagens, para a
agonia da guerra em si.
Entregue aos cuidados do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA), durante a Segunda Guerra Mundial, Guernica só retornou à
Espanha na década de 80, quando o país já se encontrava redemocratizado. Hoje a tela ocupa uma sala especial no Centro Nacional de
Arte Rainha Sofia, em Madri.
LEITURA COMPLEMETAR I: HITLER FOI O RESPONSÁVEL?
“Durante e imediatamente após a guerra, houve um consenso geral fora da Alemanha, segundo o qual Hitler era o culpado. (...)
A que conclusão chegamos? Hoje, (...) poucos historiadores aceitam a teoria de que Hitler não tivesse planos de longo prazo para a guerra.
(...) É verdade que alguns dos êxitos de Hitler se concretizaram através de um oportunismo inteligente, mas havia muito mais por trás disso.
Embora provavelmente não tivesse um plano formulado passo a passo, detalhado, de longo prazo, está claro que ele tinha uma visão
Após o Holocausto muitos sobreviventes encontraram abrigo nos campos para deslocados de guerra (DP) administrados pelos poderes
Aliados. Entre 1948 e 1951, cerca de 700.000 sobreviventes emigraram da Europa para Israel. Muitos outros judeus deslocados de guerra
emigraram para os Estados Unidos e para outras nações, tais como o Brasil. O último campo para deslocados de guerra foi fechado em
1957. Os crimes cometidos durante o Holocausto devastaram a maiorias das comunidades judaicas da Europa, eliminando totalmente
centenas destas comunidades centenárias.
Fonte: http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005143
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Nossos contatos com os soldados dos dois exércitos foram igualmente diferentes. Os alemães
costumavam vir todas as manhãs até o quintal nos fundos, pedindo educadamente um pouco de água
para se barbearem... Os russos requisitavam apenas água para beber e pediam que lhes
mostrássemos nossas mãos. Era uma espécie de exame político, para descobrir se pertencíamos à
classe trabalhadora ou à detestável burguesia, o inimigo odiado... Um jovem e resoluto soldado, ao ver
as minhas mãos relativamente limpas, apesar de todas as batatas descascadas, perguntou-me:
- Ei, você, burguesa, você nunca trabalhou com as mãos?
- Sou estudante – respondi.
- E como você fala russo tão bem?
- Minha mãe era russa.
- Sua mãe era russa? E onde está ela agora, essa sua mãe russa?
- Ela está morta – era mentira...
Percebi tudo pela primeira vez. Nós estávamos vivendo na linha de frente entre o oeste e o leste...
DAVIES, Norman. Europa na guerra. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 427.
As memórias relatadas acima foram escritas por Natalie Kisovska, uma moradora de Brest, Belarus, e
remetem
a) à resistência da população de Brest, com o apoio dos russos, diante da tentativa alemã de
conquistar a cidade durante a Primeira Grande Guerra.
b) à Guerra Franco-Prussiana, no fim do século XIX, quando os exércitos alemão e russo se
enfrentaram na disputa pela Alsácia-Lorena.
c) às disputas entre russos e alemães pelo controle dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, nos anos
que antecederam à Primeira Grande Guerra.
d) aos embates entre os exércitos da Alemanha nazista e da URSS no território da Europa Oriental,
durante a Segunda Grande Guerra.
e) à disputa entre russos e alemães, durante a Primeira Guerra Mundial, pelo controle da região
conhecida como Bálcãs.
Questão 02
O objetivo de tomar Paris marchando em direção ao Oeste era, para Hitler, uma forma de consolidar
sua liderança no continente. Com esse intuito, entre abril e junho de 1940, ele invadiu a Dinamarca, a
Noruega, a Bélgica e a Holanda. As tropas francesas se posicionaram na Linha Maginot, uma linha de
defesa com trincheiras, na tentativa de conter a invasão alemã.
Para a Alemanha, o resultado dessa invasão foi
a) a ocupação de todo o território francês, usando-o como base para a conquista da Suíça e da
Espanha durante a segunda fase da guerra.
b) a tomada do território francês, que foi então usado como base para a ocupação nazista da África do
Norte, durante a guerra de trincheiras.
c) a posse de apenas parte do território, devido à resistência armada do exército francês na Linha
Maginot.
d) a vitória parcial, já que, após o avanço inicial, teve de recuar, devido à resistência dos blindados do
general De Gaulle, em 1940.
e) a vitória militar, com ocupação de parte da França, enquanto outra parte ficou sob controle do
governo colaboracionista francês.
Questão 03
Em 1938, o cartão postal exibido acima foi difundido por toda a Alemanha. Nele, encontra-se um dos
slogans da propaganda nazista: “Um povo, uma nação, um líder”. O lançamento do referido cartão
postal era parte da estratégia do governo de Hitler para justificar:
Anotações
a) a política de eliminação física de todos os judeus que viviam na Alemanha, resultando no episódio
conhecido como Holocausto.
b) a reunião de todas as populações germânicas sob o Estado nazista, como se verifica na anexação
da Áustria (Anschluss).
c) a oposição aos princípios ideológicos do marxismo, manifesto na perseguição aos partidos de
esquerda.
d) a remilitarização do país, num claro desafio às cláusulas do Tratado de Versalhes, imposto à
Alemanha ao fim da Primeira Grande Guerra.
e) a participação da Alemanha na Guerra Civil Espanhola, mediante o envio de tropas e aviões para
ajudar as forças do General Franco.
Questão 04
A CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE MUNIQUE, em 1938, às vésperas da Segunda Grande
Guerra Mundial, corresponde ao ponto mais alto da política de "apaziguamento", levada a efeito pela
Inglaterra e pela França, quando estas mais cederam diplomaticamente.
A principal decisão da Conferência consistiu em
a) reconhecer o direito alemão à posse dos Sudetos, que deveriam ser entregues pela
Tchecoslováquia.
b) reincorporar ao território alemão a região do Sarre, independentemente do plebiscito a que sua
população deveria submeter-se, em virtude do Tratado de Versalhes.
c) aceitar a remilitarização da Renânia por parte de Hitler.
d) admitir como irreversível a anexação da Áustria pela Alemanha.
e) reconhecer o direito da Alemanha ao porto de Dantzig, até então em poder da Polônia.
Questão 05
O pacto germano-soviético, satirizado pelos traços de Belmonte, representou um elemento chave para
a eclosão da 2a Guerra Mundial em 1939. E, apesar do texto da charge, podemos afirmar que uma das
intenções do acordo seria de
a) garantir para a União Soviética a posse da Ucrânia e da Bielorússia, perdidas com a saída da
Rússia da 1a Guerra Mundial no início de 1918.
b) permitir à Alemanha que, no caso de ocorrência de guerra não fosse necessário o combate em
duas frentes, evitando o conflito imediato a leste (União Soviética).
c) estabelecer com a invasão da Polônia, ocorrida logo após a assinatura do Pacto, que esta tivesse
seu território dividido por Rússia, Áustria e Alemanha repetindo o ocorrido em 1815, ao final das
Guerras Napoleônicas.
d) evitar que a União Soviética e a Alemanha, as duas superpotências de então, se destruíssem
mutuamente, fortalecendo os projetos dos governos democráticos da França e Itália no continente
europeu.
e) desestabilizar a política de alianças na Europa levando os governos francês e inglês a declararem
guerra à Alemanha, a qual acabaria reagindo com apoio italiano e soviético (Eixo Berlim/Roma/
Moscou).
Questão 07
As bombas atômicas, lançadas contra Hiroshima e Nagasaki em 1945, resultaram na morte de
aproximadamente 300.000 pessoas, vítimas imediatas das explosões ou de doenças causadas pela
exposição à radiação. Esses eventos marcaram o início de uma nova etapa histórica na corrida
armamentista entre as nações, caracterizada pelo desenvolvimento de programas nucleares com
finalidades bélicas.
Considerando essa etapa e os efeitos das bombas atômicas, analise as afirmações a seguir.
I. As bombas atômicas que atingiram Hiroshima e Nagasaki foram lançadas pelos Estados Unidos,
único país que possuía esse tipo de armamento ao fim da Segunda Guerra Mundial.
II. As radiações liberadas numa explosão atômica podem produzir mutações no material genético
humano, que causam doenças como o câncer ou são transmitidas para a geração seguinte, caso
tenham ocorrido nas células germinativas.
III. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, várias nações desenvolveram armas atômicas e,
atualmente, entre as que possuem esse tipo de armamento, têm-se China, Estados Unidos, França,
Índia, Israel, Paquistão, Reino Unido e Rússia.
Está correto o que se afirma em:
a) I, somente. d) II e III, somente.
b) II, somente. e) I, II e III.
c) I e II, somente.
Questão 08
“O inimigo é cruel e implacável. Pretende tomar nossas terras regadas com o suor de nossos rostos,
tomar nosso cereal, nosso petróleo, obtidos com o trabalho de nossas mãos. Pretende restaurar o
domínio dos latifundiários, restaurar o czarismo... germanizar os povos da União Soviética e torná-los
escravos de príncipes e barões alemães...
(...) em caso de retirada forçada... todo o material rodante tem que ser evacuado. Ao inimigo não se
deve deixar um único motor, um único vagão de trem, um único quilo de cereal ou galão de
combustível. Todos os artigos de valor (...) que não puderem ser retirados, devem ser destruídos sem
falta.”
Após 70 anos da 2ª Guerra Mundial, o discurso acima, de Joseph Stálin, nos remete
a) à invasão soviética ao território alemão, marco na derrocada nazista frente à ofensiva Aliada nos
fronts Ocidental e Oriental.
b) à Operação Barbarosa, decorrente da assinatura do Pacto Ribbentrop-Molotov, estopim para a 2ª
Guerra Mundial.
c) ao Anschluss, quando a anexação da Áustria pelo Terceiro Reich provocou a reação soviética
contra os alemães.
d) à estratégia soviética frente à invasão alemã, conhecida como tática da ‘terra arrasada’, a mesma
utilizada pelos russos contra Napoleão, no início do século XIX.
e) à Batalha de Stalingrado, uma das mais sangrentas e memoráveis de todo o conflito, decisiva para
a vitória Nazista.
Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para Como o Massacre de Katyn e a farsa montada em torno desse
apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. episódio se relacionam com a construção da chamada Cortina de
Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói com uma Ferro?
bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Führer só a) A aniquilação foi planejada pelas elites dirigentes polonesas
poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria muito a como parte do processo de integração de seu país ao bloco
chegar. soviético.
COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em : b) A construção de uma outra memória sobre o Massacre de Katyn
www.revistastart.com.br. Acesso em: 27 jan. 2012 (adaptado). teve o sentido de tornar menos odiosa e ilegítima, aos poloneses, a
subordinação de seu país ao regime stalinista.
A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão c) O exército polonês havia aderido ao regime nazista, o que levou
América demonstra sua associação com a participação dos Stalin a encará-lo como um possível foco de restauração do Reich
Estados Unidos na luta contra após a derrota alemã.
a) a Tríplice aliança, na Primeira Guerra Mundial. d) A Polônia era a última fronteira capitalista do Leste europeu e a
b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial. dominação desse país garantiria acesso ao mar Adriático.
Questão 06
Perante o Tribunal de Nuremberg (1945-46), organizado pelas
potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial (EUA, URSS,
Inglaterra e França) com o objetivo de julgar os crimes cometidos
pelos nazista durante a guerra, a promotoria leu o depoimento de
Hermann Friedrich Graeber, um administrador de construções,
alemão, civil, empregado pelo Exército Alemão na Ucrânia, país
que esteve sob ocupação nazista de 1941 a 1944:
Em 5 de outubro de 1942, perto da cidade de Dobno, (...) eu vi,
próximo a grandes montes de terra vários caminhões da SS
parados em frente a eles. (...) Aqueles que tinham acabado de sair
dos caminhões, homens, mulheres e crianças de todas as idades,
tinham que se despir, por ordem de um homem da SS que trazia
um chicote. (...) E sem gritar ou chorar, essas pessoas nuas
ficavam em grupos familiares, beijavam-se, davam adeus. Vi uma
família grande, um homem e uma mulher com seus filhos e duas
irmãs crescidas. Uma mulher idosa com os cabelos brancos como A charge de J. Carlos na capa da revista Careta representa a
a neve segurava o mais novo, talvez uma criança de um ano, em ofensiva dos aliados, em julho de 1944, que delineou os rumos da
seus braços, cantando para ele e fazendo cócegas. E a criança ria Segunda Guerra Mundial.
de prazer. Todas as pessoas ao redor olhavam com lágrimas nos No que se refere às relações internacionais, a vitória dos aliados
olhos. O pai segurava a mão de um menino de uns dez anos e provocou mudanças que tiveram como um dos seus efeitos:
falava docemente com ele. O garoto tentava não chorar. O pai a) extinção dos regimes totalitários.
apontou para o céu e tocou na cabeça do menino, para explicar b) redefinição da ordem geopolítica.
alguma coisa a ele. (...) Dei a volta no monte e me confrontei com c) controle do expansionismo tecnológico.
uma cova enorme, imensa. Pessoas deitadas umas sobre as d) multipolaridade das relações diplomáticas.
Questão 13
As agressões e os assassinatos por motivos raciais são cada vez
mais frequentes na Rússia. Segundo organizações de direitos
humanos, existem cerca de 50 mil neonazistas na Rússia, além de
outros milhares de ativistas de agrupamentos nacionalistas que
compartilham a ideologia xenófoba. Além dos estrangeiros, os
racistas atacam cidadãos russos de outras etnias, em particular os
As duas Alemanhas: RFA e RDA. Observe que a parte ocidental de Berlim pertencia à Alemanha Ocidental (apesar da cidade ficar
encravada na Alemanha Oriental).
A crescente tensão entre os blocos socialista e capitalista e as constantes fugas de cidadãos da Alemanha Oriental (socialista) para a
Alemanha Ocidental (capitalista), em busca de melhores
empregos e de uma vida mais confortável, levaram o governo da
RDA a reforçar as grades eletrificadas ao longo dos mais de 2 mil
quilômetros de fronteira entre os dois países e a construir um muro
cercando todo o setor ocidental da cidade de Berlim, que pertencia
à Alemanha Ocidental (RFA). Assim, o setor ocidental de Berlim
foi emparedado por um muro de quase 165 quilômetros de
extensão e 3,6 metros de altura, que cortou 193 ruas e avenidas
da cidade. Famílias e amigos foram separados pelo paredão de
concreto, guarnecido de arame farpado, torres de observação com
atiradores armados, soldados e armadilhas. O efeito psicológico
foi tão devastador que o Muro de Berlim acabou se transformando
no principal símbolo físico da Guerra Fria. Estima-se que cerca de
200 pessoas morreram ao tentar transpor o muro.
Entretanto, algumas poucas pessoas conseguiram a façanha de
cruzar a terrível barreira, como o farmacêutico Wolfgan Fuchs, que
se arrastou por um túnel cavado a uma profundidade de 12 O Muro de Berlim, construído em 1961.
metros, alcançando assim o setor ocidental da cidade e
escapando do regime socialista da RDA.
Discorrendo sobre a construção do Muro de Berlim, o historiador José Arbex Jr., em Guerra fria: terror de Estado, política e cultura,
escreveu: “Com o Muro, o governo socialista queria também controlar o contrabando de moedas e de mercadorias, que começavam a
inundar a Alemanha Oriental. Oficialmente, um marco alemão-oriental tinha o mesmo valor que um marco alemão-ocidental, mas no câmbio
negro a moeda capitalista valia muito mais. Muitas mercadorias só poderiam ser compradas na Alemanha Oriental com dinheiro ocidental.
Por isso, a entrada sem controle de marcos ocidentais ameaçavam desorganizar completamente a economia da Alemanha socialista. Era
algo inadmissível para o governo alemão-oriental.
(...) havia ainda questões de natureza ideológica. Berlim Ocidental era considerado um grande portão de entrada de espiões para o lado
oriental. O Muro foi uma tentativa de, pelo menos, controlar esse fluxo. E o bloco socialista estava sendo desmoralizado pelo êxodo em
massa de pessoas que buscavam melhores condições de vida no lado capitalista. Aquela situação não poderia durar muito tempo. Para
alguns historiadores, o Muro evitou um mal pior: a confrontação direta entre os blocos.”
Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O objetivo era a união dos membros da aliança contra um possível ataque proveniente do bloco
socialista.
Em resposta à organização da OTAN, a URSS e os países socialistas europeus (com exceção da Iugoslávia e Albânia) firmaram o Pacto
de Varsóvia (1955), aliança militar que visava se contrapor à organização do Tratado do Atlântico Norte.
OTAN e Pacto de Varsóvia nunca entraram num conflito direto, mas representaram, por quase quatro décadas, toda a tensão que
aterrorizava o mundo no período da Guerra Fria. O Pacto de Varsóvia foi dissolvido na década de 90, depois da desintegração da URSS. A
OTAN, entretanto, continua a existir. Além de assegurar a defesa militar do continente europeu e da América do Norte, sua atuação, hoje,
também envolve a intervenção em conflitos como a Guerra de Kosovo (1998) e a crise na Líbia (2011) que levou à queda do ditador Kadafi.
A DOUTRINA BREJNEV E A PRIMAVERA DE PRAGA
Leonid Brejnev tornou-se o novo líder da URSS em 1964, com o afastamento de Kruschev do poder pela alta cúpula do Partido Comunista
Soviético. Com a ascensão de Brejnev, ocorreu uma retomada do autoritarismo, da censura e da perseguição às oposições que marcaram
o período stalinista.
Em 1968, a Tchecoslováquia, país do Leste europeu, Estado satélite de Moscou, iniciou, sob o comando de Alexander Dubcek, uma série
de reformas internas que pretendiam construir um modelo de socialismo independente da tutela soviética. O objetivo não era o de
transformar a Tchecoslováquia num país capitalista, e sim, conforme o próprio Dubcek garantiu, “emprestar uma face mais humana ao
socialismo”. Em resposta às reformas de Dubcek, tanques e tropas do Pacto de Varsóvia (a aliança militar entre a URSS e os países
socialistas do Leste europeu) ocuparam Praga, capital tcheca. A Primavera de Praga chegava ao fim com a repressão soviética ao
movimento e a queda do reformista Dubcek. Consolidava-se a partir do episódio a Doutrina Brejnev, que apregoava o direito da URSS
promover intervenções militares nos países considerados “área de influência de Moscou”, a fim de eliminar qualquer distúrbio que abalasse
o poder soviético nas mesmas.
Tanques e tropas soviéticas ocupam Praga em 1968, enquanto a juventude tcheca, que apoiava as reformas de Dubcek, procurou fazer
oposição, de forma pacifica, à presença das tropas estrangeiras. A juventude tcheca reagiu à ocupação de forma bem humorada, ora
escrevendo nos muros da cidade frases como “Circo russo na cidade – favor não alimentar os animais” ou “Lenin, eles enlouqueceram”, ora
dirigindo-se aos próprios soldados russos, de forma sarcástica, com expressões como “Ivan, volta para casa”. Como bem definiu a jornalista
Sonia Goldfeder, em A Primavera de Praga, os conselhos dados à juventude pelos próprios líderes reformistas tchecos eram: “(...) ignorem
os soviéticos, tratem-nos como coisas, beijem e namorem sob seus narizes. Vivam. Mas façam em torno deles barragens invisíveis.”
HISTÓRIA E ARTE inventados pela ciência e pela tecnologia, como o aspirador de pó,
o liquidificador, as roupas de fibra sintética. Problemas existiam, é
Denomina-se realismo socialista à tendência artística que
claro, mas eles poderiam ser democraticamente debatidos e
predominou durante a maior parte da história da URSS
resolvidos. Já a vida do lado socialista era triste, sombria e
(especialmente durante o governo de Joseph Stalin, 1924-53).
obscura, controlada pela polícia política e pelo Partido Comunista.
Caracterizou-se como uma reação aos estilos burgueses (como o
Filmes e documentários políticos exibiam longas filas de cidadãos
impressionismo, o surrealismo, o dadaísmo e o cubismo),
amargurados que tentavam comprar pão, leite e artigos básicos de
transformando-se em política oficial do Estado soviético no período
consumo.
stalinista. Seu objetivo era o de doutrinar, através das
manifestações artísticas, a sociedade nos valores da ideologia No lado socialista, as imagens revelavam o contrário. A vida no
socialista. Assim, as pinturas sempre retratam camponeses fortes e socialismo era alegre e brilhante. Os cidadãos não precisavam
saudáveis, envolvidos com a colheita, ou paisagens industriais mais se preocupar com emprego, educação e moradia. A terra, que
exibindo a pujança da economia soviética. Stalin e seus feitos havia sido coletivizada, prometia colheitas fartas e abundantes. A
heroicos também apareciam com frequência nas obras. Era a “arte cada dia, novas conquistas tecnológicas, especialmente nas áreas
com compromisso social”, como se dizia na época. militar e espacial, mostravam a superioridade do socialismo. Se
havia problemas, eles deveriam ser resolvidos por toda a
coletividade. Segundo os socialistas, o lado capitalista garantia vida
boa para alguns, ao passo que a maioria vivia uma situação de
miséria, privações e desemprego.
Mas a ‘guerra fria das imagens’ passou por um momento de sério
descrédito nos anos 60, quando explodiram, nos dois blocos,
movimentos de jovens pela democracia e pela liberdade. Os jovens
denunciavam as hipocrisias e falsidades de discursos políticos que
falavam em felicidade e que, no entanto, não garantiam nada disso
aos cidadãos. No lado socialista foi a Primavera de Praga, na
antiga Tchecoslováquia, em 1968. No lado capitalista foram os
movimentos de jovens franceses, em maio de 1968, e em outros
centros importantes, como Londres, Los Angeles, São Francisco,
São Paulo e Rio de Janeiro. Tudo isso culminou com uma grande
A tela acima, O Primeiro Trator, de Vladímir Krijatzki, exemplifica o manifestação pacifista, contra a Guerra do Vietnã e o racismo, que
realismo socialista. Os camponses encontram-se maravilhados foi o festival de rock de Woodstock, em 1969.”
com a modernização tecnológica proporcionada pelo governo, que (ARBEX JR., José. Guerra Fria: terror de Estado, política e cultura. São Paulo:
Moderna, 1997, p. 11-13.)
lhes possibilitava utilizar, pela primeira vez, um trator em suas
plantações. A tela glorifica os valores cultuados pelo Estado LEITURA COMPLEMENTAR II: PRIMAVERA SEM FLORES
socialista, tais como o trabalho coletivo, a vida simples e a “Na antiga Tchecoslováquia, a primavera de 1968 anunciava novos
felicidade desvinculada da odiosa sociedade capitalista de ares de liberdade para o país. O céu azul, os dias mais longos, os
consumo. jardins floridos e o sorriso dos jovens refletiam a chegada não
LEITURA COMPLEMENTAR I: O IMPACTO CULTURAL DA apenas de uma nova estação, mas de um novo tempo. Em Praga,
GUERRA FRIA o ar estava perfumado de alegria e otimismo. Os estudantes
desfilavam pelo centro histórico de sua bela cidade vestidos como a
“A Guerra Fria se manifestou em todos os setores da vida e da
juventude das metrópoles da Europa ocidental: cabelos compridos,
cultura. No plano cultural, ela significou a oposição entre dois ideais
jeans, sandálias e minissaias. Clubes, boates e cafés brotavam
de felicidade: o ideal comunista ou socialista e o capitalista. Para os
como cogumelos, enchendo as ruas com o som de ritmos
comunistas, a sociedade justa é a sociedade igualitária, em que o
americanos como jazz e rock. As revistas, os jornais, o rádio e a
Estado é o dono dos bancos, das fábricas, das terras. É o Estado
televisão, apesar de totalmente controlados pelo governo,
que deve distribuir as riquezas e garantir uma vida decente aos
veiculavam, com uma liberdade até então desconhecida, notícias
cidadãos: o bem público e coletivo deve ser colocado acima do
do que acontecia pelo país e o mundo. A censura, praticamente
bem privado e individual. Para os capitalistas, o raciocínio é o
tinha deixado de existir e, na defesa dos valores democráticos, as
inverso. A felicidade individual é mais importante. O Estado justo é
publicações ousavam cada vez mais, testando cautelosamente os
aquele que garante a cada indivíduo poder procurar livremente seu
limites do que era aceitável e do que era proibido.
lucro e construir, dessa forma, uma vida feliz. A solução dos
problemas sociais vem depois. É por isso que a implantação Os acontecimentos haviam se acelerado no dia 5 de janeiro,
internacional, em termos globais, de um dos dois sistemas, só quando um discreto e cauteloso burocrata eslovaco de 46 anos
poderia acontecer mediante o desaparecimento do outro. Nenhum chamado Alexander Dubcek assumiu a liderança do Partido
país poderia ser, ao mesmo tempo, capitalista e comunista. Comunista no lugar de Antonin Novotny, um político corrupto e
oportunista que durante algum tempo comandou os destinos da
Durante os anos 40 e parte dos anos 50, o mundo foi bombardeado
Tchecoslováquia, acumulando as funções de chefe do partido e do
com imagens que tentavam provar como os indivíduos do ‘outro
Estado. (...)
lado’ eram sofredores.
Dubcek, apoiado por um grupo de jovens intelectuais comunistas,
Os capitalistas mostravam que em seu próprio setor a vida era
tinha como plataforma um plano de ação que propunha reformas na
brilhante. Os cidadãos comuns possuíam carros e bens de
estrutura política para livrá-la dos derradeiros resquícios de
consumo, gozavam de liberdade de trânsito e de opinião. As donas
autoritarismo e despotismo. Ele jamais questionava o comunismo e
de casa tinham a vida facilitada pelos novos aparelhos ou produtos
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a amizade entre os países ditos socialistas que se alinhavam sob a liberdades que floresceram no curto espaço de uma primavera
liderança do Partido Comunista da União das Repúblicas foram parar na lata de lixo da história.”
Socialistas Soviéticas. Mas, para ele, era o momento de ‘dar uma (ZAPPA, Regina. SOTO, Ernesto. 1968: eles só queriam mudar o mundo. Rio de
face humana ao socialismo’. (...) Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008, p. 184-190.)
Mesmo sendo absolutamente sincero nas suas repetidas LEITURA COMPLEMENTAR III: A CORTINA DE FERRO
declarações de fidelidade ao socialismo, Dubcek não percebia que Cortina de Ferro é uma expressão célebre utilizada para designar
os desvios e aberrações que marcavam a existência do bloco dito o domínio da extinta União Soviética sobre os países do leste da
socialista não permitiriam o desabrochar dos valores democráticos Europa. Tal nome surgiu de um discurso do primeiro-ministro
em um país atrás da Cortina de Ferro [expressão usada para britânico Winston Churchill, proferido a 5 de março de 1946 no
designar o domínio e a influência que a URSS exercia sobre os Westminster College, na cidade de Fulton, Missouri, nos Estados
países do Leste europeu] e integrante do Pacto de Varsóvia. Unidos.
Reformas políticas e econômicas, Judiciário independente,
Afirmava Churchill em seu famoso discurso que “…uma cortina de
imprensa livre, tolerância religiosa, garantia dos direitos civis,
ferro desceu sobre a Europa…”, dando a entender que havia sido
federalização efetiva que respeitasse plenamente os direitos dos
estabelecida uma severa divisão político-ideológica entre os
tchecos e eslovacos e liberdade de organização partidária (que
regimes autoritários comunistas e os sistemas liberais capitalistas,
significava o fim do monopólio do Partido Comunista) eram valores
com a imagem do bloco socialista pintada como a vilã da contenda.
impossíveis de serem aceitos pelos aliados de Moscou. (...)
A URSS, vencida as potências do eixo, era agora a principal
Terça-feira, dia 20 de agosto. Um dia quente e abafado. inimiga da coligação anglo-saxâ, defensora dos valores da
Precisamente às onze horas da noite, 165 mil soldados de cinco sociedade ocidental contemporânea.
países do Pacto de Varsóvia – Hungria, Alemanha Oriental, É neste cenário que a política dos EUA sofre então uma guinada,
Polônia, Bulgária e União Soviética – 4.600 tanques, 250 aviões pois além do já citado antagonismo com seu novo inimigo, a União
estacionados nas fronteiras norte, sul, leste e oeste e no interior da Soviética, o país abre mão de sua histórica política externa de
Tchecoslováquia foram mobilizados tendo como alvos e destinos neutralidade para iniciar um período de maior interferência nas
Praga, Bratislava e as principais cidades do país. Começava a principais questões mundiais. A única grande potência capitalista
Operação Danúbio. Informado da invasão, o governo deu ordem restante passa a atuar ativamente no plano internacional, numa
para que seu Exército não resistisse. fase esta que se estende até os nossos dias, e que recebe a
(...) Dubcek não renunciou, permaneceu no cargo e rafirmando ser denominação de “globalismo”.
o único poder legal no país, e a população indefesa reagiu com Mas é a partir da construção do Muro de Berlim, que separava os
implacável tenacidade e extraordinária coragem, enfrentando os setores comunista e capitalista da cidade de Berlim, que o termo
tanques russos com pedras e coquetéis molotov. Jornalistas da TV “cortina de ferro” ganhou renovado fôlego entre a imprensa e
tcheca conseguiram contrabandear para Viena, e dali para todo o opinião pública dos países ocidentais, sugerindo também o modo
mundo, cenas dos tanques esmagando as improvisadas ferrenho com que os países socialistas buscavam delimitar suas
barricadas, construídas às pressas, e disparando contra jovens fronteiras, evitando qualquer “contaminação” dos países
desarmados. As imagens chocaram o mundo, criaram um forte capitalistas. De certo modo, tal associação fazia sentido, pois
embaraço para os comunistas e despertaram um grande naquela parte da Europa, recortada politicamente de uma ponta à
movimento de solidariedade para com o povo da Tchecoslováquia. outra, via-se um cenário de milhares de quilômetros fortificados
com muros de concreto, arame farpado, fossas e equipamentos de
Em Praga e Bratislava, estudantes se aproximavam dos tanques ativação de armas automáticas.
tripulados por jovens russos e perguntavam o que eles estavam
Esta guerra ideológica, travada entre os dois sistemas políticos,
fazendo ali e por que não iam embora. Na tragédia ainda
causou um isolamento social, econômico e cultural que durou
sobreviveu um pouco de humor e nos muros podiam ser lidos aproximadamente 45 anos, onde em muitos casos ocorreu o
grafites que diziam: ‘Lênin, acorde! Brejnev enlouqueceu!’ e ‘O circo isolamento até mesmo de caráter emocional, dividindo famílias,
russo chegou trazendo gorilas amestrados.’ Quando os russos casais, amigos, separados pela competição ferrenha entre as
bombardearam e tiraram do ar a Rádio Praga, rádios piratas mentes dos povos da Europa.
entraram imediatamente em cena com notícias da resistência,
A cortina de ferro, por sua vez, só seria levantada entre 1989 e
passando instruções para a população e difundindo o lema
1991, com a queda dos vários regimes de esquerda que
‘Estamos com vocês. Estejam conosco.’ dominavam o leste europeu, numa espiral de revolta e
O mundo reagiu com indignação à invasão. Entre os próprios descontentamento com a falência da retórica socialista, em
países e partidos comunistas houve protestos. Apenas dez especial no campo econômico.
aprovaram a invasão. A então Iugoslávia e a Romênia protestaram Disponível em: http://www.infoescola.com/historia/cortina-de-ferro/ Acesso em: 30
abertamente. Estudantes foram às ruas em Belgrado e Bucareste. mai. 2013 (adaptado)
Alguns dos maiores partidos comunistas – o japonês, o italiano e o
francês – se manifestaram contra. Para decepção dos jovens latino-
americanos, Fidel Castro aprovou.
Milhares de tchecos foram forçados a deixar seu país e buscar
asilo. Quando o verão da liberdade chegou ao fim, o sonho que
embalara a Primavera de Praga havia acabado. Seiscentos e
cinquenta mil soldados estrangeiros e quase 7 mil tanques
ocupavam o país. A censura à imprensa havia voltado e as
O fragmento acima faz referência à instauração da Guerra Fria, que marcou a história mundial até
1991 e
a) destacou-se como período de tensão entre duas potências, os EUA e a China democrática, na
disputa pelo controle da economia mundial.
b) desencadeou a descolonização de países na África, Ásia e América, até então domínio dos
impérios europeus.
c) caracterizou-se pela bipolaridade nas relações internacionais com a hegemonia de sistemas
antagônicos - o capitalista dos EUA e o comunista da URSS.
d) ocorreu sob o signo do terrorismo das armas nucleares, monopólio da URSS contra os países do
Leste europeu, com vistas à expansão e conquista da Europa ocidental.
e) foi marcada pelo papel da União Europeia em oposição à política externa dos EUA no Oriente
Médio, sob a égide do terrorismo internacional.
Questão 02
Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a
formação de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que aglutinava os países do bloco
ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que concentrava os do bloco oriental.
É importante destacar que, na formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste
europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu igualmente os âmbitos político e
econômico que se refletia pela opção entre os modelos capitalista e socialista.
Questão 03
A condição norte-americana de superpotência consolidou-se realmente no momento da rendição da
Alemanha e do Japão e da realização das conferências de Yalta e Potsdam, que selaram o
encerramento da guerra. O crescimento do poderio soviético e a decadência das velhas potências
europeias formavam o pano de fundo para que Washington assumisse finalmente a vocação de
liderança do Ocidente capitalista.
A hegemonia global dos Estados Unidos da América (EUA) traduzia-se nas esferas econômica e
estratégica. Os conglomerados transnacionais americanos tornam-se grandes investidores. Na
condição de credores das nações capitalistas, os EUA organizam programas voltados para a
reconstrução europeia (Plano Marshall) e asiática (Plano Colombo). Os acordos de Bretton Woods
transformavam o dólar em “moeda do mundo”, ao estabelecerem um sistema de paridade fixa e
convertibilidade entre o dólar e o ouro. Cria-se uma nova arquitetura financeira global, cujos
instrumentos eram o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD, ou Banco
Mundial) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo. São Paulo: Atual, 2004, p. 71-2.
A respeito da situação geopolítica do mundo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), infere-se
que
a) os EUA saíram fortalecidos do conflito e se afirmaram como a única potência hegemônica, tanto no
cenário econômico como no militar.
b) a Europa buscou compensar seu declínio político, mantendo a repressão e o controle sobre suas
colônias africanas e asiáticas.
c) ocorreu o armamentismo nos EUA e na União Soviética, assim como, em menor escala, nos países
europeus e na China.
d) o clima de disputa e rivalidades entre os países da Europa Ocidental intensificou-se, sobretudo após
Questão 05
Durante a Guerra Fria, desenvolveu-se, nos Estados Unidos, uma ideologia conhecida como
macartismo.
Essa ideologia tinha como objetivo:
a) Caracterizar as bases da política externa dos Estados Unidos para a América Latina depois da
Revolução Cubana.
b) Definir os fundamentos da doutrina geopolítica dos Estados Unidos para as Américas e para a
região do oceano Pacífico.
c) Definir os princípios da presença das multinacionais americanas nas regiões de grande interesse
estratégico dos Estados Unidos.
d) Fundamentar organizações internacionais, como a ONU, a OEA e a OTAN, que se tornaram
grandes instrumentos de execução da política externa americana durante a Guerra Fria.
e) Vigiar e impedir que simpatizantes de ideologias de esquerda ocupassem cargos de liderança e
influência no funcionalismo público, no governo, nas universidades, nos meios de comunicação e nas
grandes corporações econômicas americanas.
Questão 06
"Naqueles tempos havia equilíbrio e medo de destruição mútua. Naqueles tempos, uma parte tinha
medo de dar um passo extra sem consultar as outras. Era com certeza uma paz frágil e assustadora,
mas vista de hoje ela nos parece suficientemente confiável. Hoje parece que a paz não é tão
confiável."
A declaração do presidente russo Vladimir Putin, dada em fevereiro de 2007, evoca:
a) O período anterior à Segunda Guerra Mundial.
b) A "belle époque", que julgava impossível uma nova guerra geral.
c) A situação vigente após a Primeira Guerra Mundial.
d) A era stalinista, auge da URSS como potência.
e) O mundo bipolarizado da guerra fria.
Questão 07
"É lógico que os EUA devem fazer o que lhes for possível para ajudar a promover o retorno ao poder
econômico normal no mundo, sem o que não pode haver estabilidade política nem garantia de paz."
(Plano Marshall 5. VI. 1947)
Esse plano
a) assegurava a penetração de capitais norte-americanos no continente europeu, sobretudo em sua
parte oriental.
b) garantia, aos norte-americanos, o retorno a uma política isolacionista, voltada unicamente para os
seus interesses internos.
Questão 08
Os quadrinhos ironizam a bipolaridade característica da Guerra Fria, ordem de poder mundial que
marcou a maior parte da segunda metade do século XX.
a) formação de blocos militares, que deu origem à política do "Big Stick"
b) corrida armamentista, que gerou a doutrina da "Destruição Mútua Assegurada"
c) conflitos bélicos diretos entre EUA e URSS, que estabeleceram o "Equilíbrio do Terror"
d) confrontos regionais manipulados pelas superpotências, que resultaram na "Détente"
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Questão 01
Todas as tardes de segundas e terças-feiras do segundo semestre,
dou aula na Universidade de Yale sobre História da Guerra Fria.
Preciso sempre lembrar a mim mesmo que quase nenhum de
meus alunos tem recordações de qualquer dos acontecimentos
que descrevo.
Quando falo de Stalin e Truman e até mesmo de Reagan e
Gorbatchev, é como se contasse histórias de Napoleão, César ou O diálogo de Mafalda com a mãe indica que
Alexandre, o Grande. A maioria da classe de 2005, por exemplo, a) as relações internacionais se baseiam na hegemonia
tinha apenas cinco anos quando veio abaixo o muro de Berlim. econômica e financeira de alguns grupos e não nos princípios
Eles sabem que a Guerra Fria lhes enformou a vida de várias éticos de autonomia dos povos.
maneiras porque ouviram dizer que ela afetou suas famílias. b) o poder de um presidente é soberano, independentemente das
Alguns – não todos – percebem que, se algumas decisões relações econômicas estabelecidas, o que garante a ética na
tivessem sido diferentes, em certos instantes críticos daquele política.
conflito, eles poderiam nem ter tido uma vida a viver. Mas meus c) nas relações políticas e econômicas o que prevalece é a
alunos se inscrevem no curso com pouquíssima noção da forma esperteza, postura que não fere princípios éticos.
como terminou. Para eles, é história: em nada diferente da Guerra d) existem instituições que, por serem internacionais, adotam
do Peloponeso. princípios éticos precisos na sua conduta.
GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, e) princípios éticos são relativos e dependem da avaliação
2005. daqueles que detém o poder em um país.
Com base no texto e em seus conhecimentos, pode-se afirmar que Questão 03
o autor
a) evidencia a grande afinidade da nova geração pós Guerra Fria Em conflitos regionais e na guerra entre nações tem sido
com o conhecimento histórico e valoriza o entendimento dos observada a ocorrência de sequestros, execuções sumárias,
fenômenos sociais e políticos e da evolução e da dinâmica torturas e outras violações de direitos. Em 10 de dezembro de
geopolítica mundial. 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração
b) entende que o enorme distanciamento do fim da Guerra Fria Universal dos Direitos do Homem, que, em seu artigo 5º, afirma:
mostra um processo de esquecimento coletivo que atinge a Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos
totalidade da nova geração. Esta estaria apenas interessada em cruéis, desumanos ou degradantes.
seu passado recente, desprezando o universo cultural do período Assim, entre nações que assinaram essa Declaração, é coerente
analisado pelo autor. esperar que
c) constata que os alunos, na maioria, têm preocupações diretas a) a Constituição de cada país deva se sobrepor aos Direitos
com o processo de formação do mundo capitalista no pós Guerra Universais do Homem, apenas enquanto houver conflito.
Fria e sabem identificar a posição histórica de cada personagem b) a soberania dos Estados esteja em conformidade com os
histórico, individualizando-os no espaço e tempo. Direitos Universais do Homem, até mesmo em situações de
d) observa que seus alunos, talvez pelo dinamismo do mundo conflito.
atual, perderam, relativamente, a noção de passado recente. c) a violação dos direitos humanos por uma nação autorize a
Apenas alguns deles conseguem distinguir a importância e a mesma violação pela nação adversária.
periculosidade, para a humanidade, de um processo como a d) sejam estabelecidos limites de tolerância, para além dos quais a
Guerra Fria. violação aos direitos humanos seria permitida.
e) entende que fenômenos sem importância como a Guerra Fria e) a autodefesa nacional legitime a supressão dos Direitos
realmente não apresentam pontos de interesse para a geração Universais do Homem.
atual, mais interessada em grandes líderes do passado e em fatos
relevantes para a cultura ocidental, como, por exemplo, a Guerra Questão 04
do Peloponeso entre gregos e persas.
Questão 02
Leia os quadrinhos a seguir, com a personagem Mafalda, de
autoria do argentino Quino.
Questão 15
Leia esta notícia de primeira página da Folha de S. Paulo de
20/08/61:
MOSCOU REJEITA OS PROTESTOS DOS ALIADOS SOBRE A
CRISE DE BERLIM.
(...) o Kremlin 'compreende e apoia plenamente o fechamento
“temporário” da fronteira, ordenado pelo governo comunista alemão
(...)
Estão corretas
a) II e III, somente.
b) II e IV, somente.
c) I, II e IV, somente.
d) I, III e IV, somente.
e) I, II, III e IV.
Soldados americanos atravessam um rio no Vietnã do Sul (1965). Calcula-se que o governo dos EUA enviou ao Vietnã do Sul, entre 1964 e 1968, mais de 500 mil
“conselheiros militares”, a fim de ajudar o governo sul vietnamita a esmagar a guerrilha vietcongue (que era apoiada pelo Vietnã do Norte e pela URSS).
Sem treinamento adequado para enfrentar uma guerra de guerrilhas, os soldados americanos enfrentaram um verdadeiro pesadelo durante
o conflito: a surpresa do ataque inimigo. Afinal de contas, o inimigo estava em toda parte, uma vez que a guerrilha vietcongue recebia cada
vez mais adesão da população do Vietnã do Sul. Em resposta, as tropas americanas começaram a promover ataques indiscriminados
contra a população civil, bombardeando aldeias no interior sob o argumento de que se tratavam de focos guerrilheiros. Um dos episódios
mais dramáticos ocorreu numa pequena aldeia sul vietnamita, My Lai, onde a população civil foi vítima de uma chacina praticada pelas
tropas americanas, que acreditavam ser o local um abrigo de guerrilheiros vietcongues.
O Vietnã do Norte também foi bombardeado pelas forças militares dos EUA, em retaliação à colaboração do governo de Ho Chi Minh à
guerrilha sul vietnamita. Foi num desses bombardeios que um fotógrafo registrou a imagem que se tornaria o maior símbolo do conflito:
crianças fugindo de sua aldeia, destruída pelas bombas americanas, com destaque para uma menina, nua, com o corpo queimado pelo
napalm que os americanos usavam em suas bombas.
Ela se transformou no símbolo da Guerra do Vietnã. A foto da menina queimada,
fugindo nua após seu vilarejo ser devastado pelos americanos, correu o mundo.
Hoje, Phan Thi Kim Phuc ainda carrega as marcas do bombardeio, mas se esforça
para superar o trauma. "Estive no inferno e percebi que, se mantivesse o ódio,
nunca sairia dele", disse a vietnamita em entrevista ao Estado durante sua
passagem por Genebra, na semana passada.
Phan conta que jamais esquecerá o dia 8 de junho de 1972. "Estávamos em casa
e, de repente, começamos a ver nossa vila sendo atacada. Corremos para um
templo, que depois também foi bombardeado. Decidimos sair correndo. Ao sair,
senti meu corpo inteiro queimar, como se estivesse em um forno. Era o napalm,
que eu, sinceramente, não tinha ideia do que fosse até aquele momento", disse
Phan, que teve 65% de seu corpo queimado.
Seu vilarejo, Trang Bang, fica no sul do Vietnã, a cerca de 40 quilômetros de
Saigon. A bomba foi lançada por soldados do Vietnã do Sul contra tropas norte-vietnamitas. A operação foi coordenada por militares
americanos, ainda que Washington jamais tenha admitido seu envolvimento.
Em 1972, ela tinha 9 anos. Hoje, aos 45, é casada e mora no Canadá com seus dois filhos. Sua foto, tirada por Huynh Cong Ut, fotógrafo da
agência Associated Press, ganhou o Prêmio Pulitzer do ano seguinte e se transformou no símbolo do conflito.
Enquanto a foto corria o mundo, sua vida mudava de forma radical. Após o ataque, ela foi levada para um hospital em Saigon pelo próprio
fotógrafo. "Só me lembro que jogava água no meu corpo."
Quando chegou ao hospital, as enfermeiras disseram que a garota não sobreviveria. "Fiquei 14 meses internada e passei por 17 cirurgias",
diz. A última ocorreu na Alemanha Oriental, em 1984. Mas, nem assim, as marcas desapareceram. "Continuo sentindo muita dor a cada
movimento."
Um ano após o ataque, ela voltou ao vilarejo. "Alguns dias depois, meu pai me trouxe um jornal e me mostrou a foto. Fiquei horrorizada e
chorei sem parar por vários dias. Foi naquele momento que comecei a entender o que eu tinha vivido. Além disso, estava muito
envergonhada. Não suportava me ver nua em uma foto que o mundo inteiro viu."
Phan relata que estava vestida com uma roupa leve no momento do ataque, a qual que foi queimada em alguns segundos. "Se estivesse
usando uma roupa mais pesada, que levasse mais tempo para queimar, estaria morta. Muitos morreram exatamente desta forma."
Aos 13 anos, ela foi estudar em Saigon. No regime comunista, obteve a autorização, alguns anos mais tarde, para estudar medicina em
Cuba, onde conheceu seu marido. Na viagem de lua de mel, o avião fez uma escala no Canadá, de onde o casal nunca mais saiu.
Phan tentou viver no anonimato, mas foi descoberta nos anos 90. "Um dia, estava andando na rua em Toronto e alguém me disse que
sabia quem eu era. Foi aí que eu entendi que não poderia mudar o passado, mas que poderia alterar o significado do que ocorreu."
A vietnamita passou a atuar como ativista de direitos humanos, tornou-se embaixadora da Unesco e criou uma fundação. Até hoje, Phan se
lembra com ironia dos comentários do então presidente americano Richard Nixon, que duvidava da autenticidade da foto.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-destino-da-menina-que-foi-a-cara-de-uma-guerra,481141,0.htm
Apesar de contar com armas mais poderosas, as tropas norte-americanas não conseguiam sufocar com eficiência a guerrilha vietcongue,
que cada vez mais contava com a simpatia da opinião pública internacional.
A própria opinião pública americana, a partir de 1968, passou a condenar a
participação do país no conflito. Quase 60 mil soldados americanos tinham
morrido no conflito até então. Nos campus universitários, jovens
organizavam grandes manifestações contra a guerra. Os pais não queriam
que seus filhos fossem enviados para lutar num país distante, numa guerra
em que sequer conseguiam compreender muito bem o motivo de
envolvimento dos EUA.
Pressionado por todos os lados, o presidente Richard Nixon ordenou, em
1973, a retirada das tropas americanas do Vietnã. A guerra entrou, a partir
daí, numa fase denominada de “vietnamização do conflito”, sem a presença
das tropas estrangeiras enviadas por Washington. Em dois anos, a guerrilha
vietcongue conseguiu derrubar o governo do Vietnã do Sul. O país foi
finalmente reunificado sob o signo do socialismo.
A GUERRA DO AFEGANISTÃO Manifestação contra a Guerra do Vietnã em Washington, 1967.
Sob a justificativa de proteger um governo alinhado a Moscou, tropas da
URSS invadiram e ocuparam o Afeganistão, país do Oriente Médio, na Ásia (1979). Começava a partir daí um conflito que se arrastaria por
dez longos anos e cujos desdobramentos teriam ligação com os atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA.
O Afeganistão possui uma longa história de Guerras e invasões. Ocupado por macedônicos, muçulmanos, mongóis, turco otomano e,
Osama Bin Laden, participando da guerrilha mujahedin no Afeganistão, nos anos 1980.
Depois de dez anos de conflitos, que resultaram na morte de mais de 15 mil soldados soviéticos, Moscou ordenou a retirada de suas tropas
do Afeganistão. É por isso que se diz que o Afeganistão foi para a URSS o que o Vietnã foi para os EUA
LEITURA COMPLEMENTAR I: O REINADO DA FAMÍLIA KIM
Três anos depois, em 1948, quando a União Soviética estabeleceu a República Democrática Popular na Coreia do Norte, como líder oficial
do Partido dos Trabalhadores Coreano, Kim Il-Sung passou a ter um poder quase que total sobre o país, ao exercer um papel similar ao
que Mao Tsé Tung (1893 – 1976) desempenhou na China. Entre 1950 e 1953, liderou os norte-coreanos na guerra contra a Coreia do Sul,
na época, protegida pelos Estados Unidos e Nações Unidas. Após o acordo de paz entre as duas Coreias, intensificou seu governo
ditatorial, tendo como base o culto à personalidade. Desde então, passou a ser tratado como "Grande Líder". Ao mesmo tempo, seu filho
Kim Jong-il (1942), ao ganhar o atributo de "Estimado Líder", acabou designado à sucessão. Embora houvesse pleitos eleitorais na Coreia
do Norte, antes de morrer de parada cardíaca em 1994, aos 82 anos, Kim Il-Sung conseguiu empossar seu filho no cargo de secretário-
geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia, partido que governa de fato a República Popular Democrática da Coreia do Norte,
assegurando a sucessão familiar. Embora, haja quem diga que essa situação tenha sido decidida de forma quase que ditatorial, o certo é
que Kim Jong-il foi preparado, desde cedo, para substituir o pai.
Ao longo de sua vida escolar, Kim Jong-il foi preparado para atuar na política, tanto que participou de grupos de estudo de teoria política
marxista e, ao entrar na universidade, dedicou-se a economia política marxista. Em 1961, juntou-se ao Partido dos Trabalhadores da
Coreia, ao mesmo tempo em que começou a acompanhar o pai em tours de orientação em fábricas, fazendas e outros locais de trabalho.
Nessa época, ele ainda era chamado de playboy, por gostar de mulheres, bebidas e filmes de faroeste. Contudo, após graduar-se em 1964,
deu inicio à própria ascensão na hierarquia do poder. Como instrutor chefe do Comitê Central do Partido, trabalhou para que as atividades
da entidade não se afastassem da linha ideológica definida por seu pai. Ele também colocou em prática medidas para garantir o sistema
ideológico do Partido, atuando sobre os meios de comunicação, escritores e artistas, enquanto supervisionava as atividades de
propaganda.
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Entre 1967-1969, voltou sua atenção para os militares, por acreditar que os burocratas do Exército do Povo Coreano oprimiam
organizações políticas do Exército. Por conseguinte, durante a Quarta Reunião Plenária do Comitê, expôs certos oficiais que foram
posteriormente expulsos. Em 1973, tornou-se encarregado de assuntos de organização e, simultaneamente, de propaganda e assuntos do
partido, posição que lhe permitiu se firmar como intérprete oficial de Kim Il-Sung. e de suas ideias. Em 1974, foi eleito para o Comitê
Político do Partido, período em que lançou um novo método de guiar a revolução que, por sua vez, ofereceu formação política, científica e
técnica em cursos de curta duração. No final da década de 1970, já estava
envolvido no planejamento econômico e em várias campanhas para desenvolver
rapidamente determinados setores da economia, ao mesmo tempo em que
trabalhava em iniciativas destinadas a construir uma massa de movimentos
políticos dentro das Forças Armadas. Também foi ativo nos esforços para criar uma
campanha para a reunificação da Coreia. Em paralelo, o governo começou a
construir o culto de sua personalidade e Kim Jong-il passou a ser regularmente
aclamado pela mídia como o "destemido líder" e "o grande sucessor à causa
revolucionária”. Surgiu, então, a figura mais poderosa por trás de Kim Il-Sung. No
final de 1991, foi nomeado comandante supremo das forças armadas norte-
coreanas. Considerando que o exército é a base real de poder na Coreia do Norte,
este foi um passo fundamental para a ascensão política, planejada pelo pai que,
em 1992, declarou publicamente que seu filho estava no comando de todos os
assuntos internos da Coreia do Norte. Logo em seguida, as transmissões de rádio
começaram a se referir a Kim Jong-il como o "Querido Pai", já sugerindo uma Mapa da Coréia, dividida em Norte e do Sul, pelo paralelo 38
promoção. Com a morte de Kim Il-Sung, o filho Kim Jong-Il que já ocupava o cargo
de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia desde 1997, também assumiu a presidência da Comissão Nacional de Defesa.
Em 1998, quando sua colocação foi declarada como sendo "o mais alto cargo do Estado", ele passou a ser considerado o líder máximo da
República Democrática Popular da Coreia do Norte, posição que ocupa até hoje.
Em junho de 2009, como já era esperado, Kim Jong-il também Na história, os monarcas sempre procuraram ser cultuados de
nomeou o seu filho Kim Jong-un para a sucessão. O jovem que diversas maneiras. Na China Imperial, no Antigo Egito, no Japão,
também é conhecido como Kim Jong-woon ou Kim Jung Woon é o no Tibete, no Império Romano, entre outros, eles eram
terceiro e mais jovem filho do atual líder coreano com sua última considerados deuses. Já os reis europeus afirmavam governar por
esposa Ko Young-hee (1953 – 2004). A informação se tornou vontade de Deus e, em consequência, exerciam o direito divino
pública por meio do impresso JoongAng Daily. Porém, pouco se sobre a Terra. Com o posterior desenvolvimento da fotografia, da
sabe de Kim Jong-un. gravação sonora, do cinema e da comunicação de massa, bem
Provavelmente, ele nasceu em 1983 ou no principio de 1984. Por como da educação pública e das técnicas de publicidade, os
muito tempo, apenas uma fotografia, de quando tinha 11 anos, líderes políticos puderam projetar uma imagem positiva de si
confirmava sua existência. É certo que estudou na Suíça, época mesmos, como nunca antes fora possível. Nessas circunstâncias,
em que usou um pseudônimo para fingir ser filho de um motorista, no século XX, surgiram os recentes cultos à personalidade, cuja
embora estivesse sob a tutela de Ri Tcheul, embaixador norte- estratégia é a propaganda política baseada na exaltação das
coreano no país. Sabe-se que, ao retornar à sua terra natal, virtudes (reais ou supostas) e na figura do governante, que passa a
renunciou às influências ocidentais. Somente em 28 setembro de se destacar em cartazes gigantescos, que impregnam a mente do
2010, sua imagem oficial foi divulgada. Fisicamente, o jovem povo que é incitado, pelos meios de comunicação, a bajulá-lo como
general de quatro estrelas do Exército Popular da Coreia do Norte, um ser perfeito, protetor da nação.
é bem parecido com o pai; inclusive, ambos partilham de alguns Na Coreia da Norte, por volta de 1950, Kim Il-Sung começou tirar
problemas de saúde idênticos, como coração e diabetes. A proveito desse recurso, de início para si próprio, depois para
imprensa noticia que parte dos preparativos para a consagração de promover a sucessão de seu filho que, por sua vez, também vem
Kim Jong-un, como sucessor de seu pai, já começou. No entanto, empregando a mesma estratégia para se consagrar como líder e
analistas de política internacional acreditam que, diante de uma projetar seu jovem sucessor. No caso do “eterno” Presidente da
morte inesperada de Kim Jong-il, devido a inexperiência do jovem Coréia do Norte, o culto à personalidade lhe rendeu mais de 500
para liderar o país de imediato, seu tio, Chang Sung-Taek (1946), estátuas, nas quais os cidadãos ainda depositam tributo anual por
vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, poderá atuar ocasião do aniversário oficial ou de morte. Sua imagem também
como regente da Coreia do Norte. De qualquer forma, no momento aparece associada ao transporte público. Cartazes e fotos se
que Kim Jong-un se tornar lider da Coreia do Norte, seu país e o destacam em cada estação de trem, nos aeroportos e nas
Nepal serão as únicas duas monarquias comunistas do mundo... passagens fronteiriças que levam a China. Se não bastasse, seu
retrato ainda estampa as notas de 100 norte won. Portanto, fica
difícil esquecê-lo, diante do bombardeio visual que, de forma direta
ou indireta, induz ao culto de sua imagem.
(Adaptado de http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/36/artigo194297-
1.asp)
LEITURA COMPLEMENTAR II: LIÇÕES DA GUERRA DO
VIETNÃ
“A Guerra do Vietnã deixou algumas lições para as duas
superpotências mundiais daquela época.
Kim Jong-um, atual dirigente da Coréia do Norte
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Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2)
Em primeiro lugar, verificou-se que o poderio armamentista não Deveria ser um regime igualitário, mas não conseguiu abolir as
evita uma derrota numa guerra prolongada. Apesar disso, a União desigualdades sociais e a exploração do homem pelo homem.
Soviética veio a se envolver mais tarde num conflito semelhante, no Sabe-se, ao contrário do que dizia a propaganda desses governos,
Afeganistão. que não só os trabalhadores eram controlados por burocratas que
Tanto os norte-americanos como os russos possuem armamentos possuíam inúmeros privilégios, como seus salários baixos
estocados, de tecnologia superavançada, como bombas nucleares, diminuíram o nível de consumo da população. Porém, os
mísseis intercontinentais, armas químicas e biológicas, que burocratas contavam com ‘lojas especiais’ onde, sem filas, tinham
poderiam exterminar a vida humana do planeta. acesso inclusive a produtos importados do exterior. Por outro lado,
Porém, numa guerra como a do Vietnã, não é possível utilizar tratava-se de governos autoritários, que não reconheciam as
armas nucleares, pois, se o pretexto para a intervenção militar no liberdades individuais e os direitos de livre organização das
estrangeiro é ‘proteger o povo’, como justificar o uso de bombas população.
que matam indiscriminadamente milhões de pessoas, tanto Com relação à hipótese do declínio do capitalismo, é verdade que
inimigos quanto aliados? no final do século XX ele tem sido atingido por uma crise quase
Além do mais, a radioatividade liberada pela explosão de tais sem precedentes, mas esse fato não significa, pelo menos até o
bombas seria carregada pelos ventos, podendo atingir países momento [1997] que ele esteja em vias de desaparecer, pelo
vizinhos - como a China e a própria União Soviética, no caso dessa contrário. Basta dizer que, após várias décadas de planificação
guerra -, com os quais não conviria entrar diretamente em choque. econômica, os países socialistas, que adotaram esse ‘modelo’ de
organização social, passaram a conduzir (quase todos) sua
Em segundo lugar, viu-se que é impossível vencer um movimento
economia pelas leis do mercado.
guerrilheiro apoiado pela população, mesmo que ele seja mais
fraco em armas e treino militar. Por outro lado, é certo que, para enfrentar as desigualdades sociais
que o capitalismo gera entre pessoas e países, a conquista de
Numa guerra como essa, os guerrilheiros nunca são
direitos democráticos é indispensável. Em outras palavras, a
completamente vencidos, pois eles sempre ressurgem a partir do
conquista da democracia é o grande desafio para os países do Sul
próprio povo. Isso acaba abatendo o moral dos invasores,
na virada do século XX, sejam os do Terceiro Mundo ou aqueles
inferiorizando-os psicologicamente, pois eles sentem cada vez mais
que recentemente abandonaram a planificação.
que não são ‘salvadores’, como apregoam, mas estranhos
rejeitados pelo povo que eles teoricamente estariam protegendo. Finalmente, a história da civilização humana mostra que a
imposição de experiências típicas de uma sociedade em outra pode
Com o final da Guerra do Vietnã surgiram alguns mitos ou
gerar situações verdadeiramente dramáticas, que tendem a levar a
explicações falsas para a derrota norte-americana. Uma delas dizia
guerras violentas. Ou seja, cada sociedade deve buscar o seu
que o principal exército do mundo foi derrotado por bandos de
próprio caminho para atingir os seus objetivos.
guerrilheiros mal armados, que apenas conheciam melhor o espaço
(VESENTINI, J. William. VLACH, Vânia. Geografia Crítica: Geografia do Terceiro
dos conflitos. Isso não é verdade. Nem o exército norte-americano Mundo. 12a. ed. São Paulo: Ática, 1997, p. 159-160.)
era o mais poderoso do mundo nem as tropas guerrilheiras eram
mal armadas. LEITURA COMPLEMENTAR III: SOVIÉTICOS INVADEM O
AFEGANISTÃO
O exército americano podia ser considerado no máximo o segundo
do mundo. Na verdade, o soviético era bem mais eficiente, tanto no Era madrugada do dia 24 de dezembro de 1979 quando os
efetivo das tropas quanto nas armas convencionais, como tanques, blindados do exército da União Soviética invadiram o Afeganistão
lança mísseis etc. Os Estados Unidos deram mais atenção ao sob o pretexto de garantir o cumprimento do Tratado de Amizade e
desenvolvimento de submarinos e navios de guerra, além dos Cooperação, assinado em 1978.
mísseis transcontinentais. Enquanto se aproximava a meia-noite de 23 para 24, os soviéticos
Por outro lado, as tropas guerrilheiras representavam um braço do organizaram também uma formidável ponte-aérea com destino à
poderoso exército do Vietnã do Norte, extremamente bem equipado capital Cabul, que seria desencadeada horas depois, envolvendo
pela União Soviética, com um grande efetivo de tropas e um aproximadamente 280 aviões de transporte de tropa e cerca de
treinamento aprimorado. três divisões com cerca de 8.500 homens cada. Em poucos dias,
os soviéticos já controlavam toda a cidade, tendo deslocado uma
Além disso, afirmar que os guerrilheiros conheciam melhor o unidade especial para tomar de assalto o palácio governamental de
terreno que os americanos não é inteiramente correto. Os mapas Tajberg. Membros do exército afegão leais ao presidente Hafizullah
militares, elaborados pelas grandes potências a partir de imagens Amin opuseram uma feroz, porém breve, resistência.
precisas de satélites espaciais, são extremamente detalhados.
Porém a grande vantagem dos guerrilheiros estava no apoio da O interesse pelo Afeganistão remonta aos tempos da Rússia
população, que os escondia, fornecia novos combatentes etc. tzarista, devido ao interesse interesse geo-estratégico,
especialmente na saída para o Mar da Arábia. Em 1972,
Outra falsa explicação dizia que o final da guerra apenas assistentes soviéticos foram enviados para treinar as forças
confirmava o declínio do capitalismo, liderado pelos Estados armadas locais. Em 1978, os governos assinaram um acordo que
Unidos, e o avanço do ‘mundo socialista’, liderado pela União permitiu o envio de 400 consultores soviéticos. Em dezembro do
Soviética. mesmo ano, a URSS e o Afeganistão assinaram o tratado de
Essa afirmativa é incorreta por vários motivos. Veja por quê. cooperação, que permitia a entrada de tropas soviéticas caso o
Era duvidoso que a economia planificada, iniciada em 1917 pela governo afegão o solicitasse.
Rússia, representasse de fato o fim do capitalismo. Como o regime de esquerda do Partido Democrático Popular do
Esse ‘socialismo’ posto em prática em alguns países era bem Afeganistão havia se tornado dependente dos equipamentos
diferente do que imaginaram seus idealizadores no século XIX. militares e da assessoria soviética, e sentindo-se ameaçado por
forças de oposição interna e de países vizinhos, autorizou
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EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A foto revela um momento da Guerra do Vietnã (1965-1975), conflito militar cuja cobertura jornalística
utilizou, em grande escala, a fotografia e a televisão. Um dos papéis exercidos pelos meios de
comunicação na cobertura dessa guerra, evidenciado pela foto, foi
a) demonstrar as diferenças culturais existentes entre norte-americanos e vietnamitas.
b) defender a necessidade de intervenções armadas em países comunistas.
c) denunciar os abusos cometidos pela intervenção militar norte-americana.
d) divulgar valores que questionavam as ações do governo vietnamita.
e) revelar a superioridade militar dos Estados Unidos da América.
Questão 02
O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma
Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando
a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano.
b) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.
c) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa.
d) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.
e) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu.
Questão 03
Para muitos norte-americanos, Vietnã é o nome de uma guerra, não de um país. Os vietnamitas
parecem figuras sombrias, sem nome nem rosto, vítimas desamparadas ou agressores cruéis. A
história começa apenas quando os Estados Unidos entram em cena.
(Adaptado de Marvin E. Gettleman et. alli (Ed.), Vietnam and America: a documented history. New York: Grove Press, 1995, p. xiii.)
Esse desconhecimento dos norte-americanos quanto a seus adversários na Guerra do Vietnã pode ser
relacionado ao fato de os norte-americanos
a) promoverem uma guerra de trincheiras, enquanto os vietnamitas comunistas movimentavam seus
batalhões pela selva. Contando com um forte apoio popular, os Estados Unidos permaneceram por
anos nesse conflito, mas não conseguiram derrotar os vietnamitas.
b) invadirem e ocuparem o território vietnamita, desmantelando os batalhões comunistas graças à
superioridade americana em treinamento militar e armamentos. Apesar do apoio popular à guerra, os
Estados Unidos desocuparam o território vietnamita.
c) desconhecerem as tradições dos vietnamitas, organizados em torno de líderes tribais, que eram os
chefes militares de seus clãs. Sem ter um Estado como adversário, o conflito se arrastou e, sem apoio
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Questão 04
Observe o mapa a seguir.
Questão 05
Observe as imagens abaixo.
Elas foram extraídas do documentário “O Grande Camarada”, produzido pela TV estatal norte-
coreana. O homem que aparece em destaque nos quadros à esquerda, ao lado do ditador Kim Jong-
um, é seu tio, Jang Song-thaek, tido como a segunda autoridade mais poderosa do regime de
Pyongyang. Acusado dos crimes de traição e corrupção, Jang foi julgado e executado por um tribunal
militar norte-coreano. Nos quadros à direita, o tio do ditador Kim Jong-um não aparece, pois as
imagens foram editadas de forma a apagá-lo do documentário, depois que o mesmo caiu em
desgraça. Essa situação remete à prática
a) da solução final, empregada pelo governo de Hitler na Alemanha nazista.
b) do culto ao líder, estimulada por Benito Mussolini na Itália fascista.
c) da revolução cultural, desencadeada por Mao Tsé-tung na China.
Questão 07
"A primeira coisa, portanto, é dizer-vos a vós mesmos: Não aceitarei mais o papel de escravo. Não
obedecerei às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com a minha
consciência. O assim chamado patrão poderá sussurrar-vos e tentar forçar-vos a servi-lo. Direis: Não,
não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça. Isso poderá implicar sofrimentos. Vossa prontidão
em sofrer acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada." (Mahatma Gandhi)
In: MOTA, Myriam; BRAICK, Patrícia. História das cavernas ao Terceiro Milênio. São Paulo: Moderna, 2005. p.119.
"Acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada" são palavras de Mahatma Gandhi
(1869-1948) que, no contexto da Guerra Fria, inspiraram movimentos como
a) o acirramento da disputa por armamentos nucleares entre os EUA e a URSS, objetivando a
utilização do arsenal nuclear como instrumento de dissuasão e amenização das disputas.
b) a reação dos países colonialistas europeus visando a diminuir o poder da Assembleia Geral da ONU
e reforçar o poder do Secretário Geral e do Conselho de Segurança.
c) as concessões unilaterais de independência às colônias que concordassem em formar alianças
econômicas, políticas e estratégicas com suas antigas metrópoles, como a Comunidade Britânica de
Nações e a União Francófona.
d) o reforço do regime de "apartheid" na África do Sul que, após prender o líder Nelson Mandela e
condená-lo à prisão perpétua, procurou expandir a segregação racial para os países vizinhos, como a
Rodésia e a Namíbia.
e) o não alinhamento político, econômico e militar aos EUA ou à URSS, decisão tomada pelos países
do Terceiro Mundo reunidos na Conferência de Bandung, na Indonésia.
Questão 08
A intervenção dos Estados Unidos da América no Vietnã, no contexto dos conflitos militares da Guerra
Fria, tinha como propósito:
a) evitar a reunificação do Vietnã sob o poder do governo socialista do Norte, o que representaria a
ampliação da zona de influência soviética.
b) garantir a realização de eleições gerais e diretas em todo o Vietnã a fim de possibilitar a
desocupação militar americana da Coréia do Sul.
c) retirar as bases militares soviéticas estabelecidas em território vietnamita com a finalidade de pôr fim
à corrida armamentista.
d) restituir o domínio colonial francês no território a fim de salvaguardar o regime democrático na
Coréia.
e) impedir o massacre de civis do Vietnã do Sul pelo governo socialista do Norte, que seguia a
orientação de práticas stalinistas.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Esta foto de Huynh Ut, chamada de The Terror of War (O Terror da
Guerra), ganhou o Prêmio Pulitzer em 1973 e tornou-se uma das
Questão 01 célebres imagens do século XX, ao mostrar a menina Kim Phuc
fugindo durante um ataque americano na Guerra do Vietnã. Com
Uma série de fotografias divulgadas recentemente do líder norte-
base na fotografia e nos conhecimentos sobre o tema, considere
coreano Kim Jong-un chamaram a atenção por um detalhe em
as afirmativas a seguir.
comum: em todas elas, ele está rodeado por oficiais e generais
I. A Guerra do Vietnã foi a primeira a ter cobertura televisiva em
fazendo anotações em cadernos idênticos.
tempo real, transmitida diretamente das frentes de batalha.
Mas quem são aqueles homens fazendo tantas anotações? Eles
II. A imprensa contribuiu para a revolta da opinião pública
não são jornalistas, e sim soldados, membros do partido ou
americana, ao divulgar imagens da guerra e oferecer espaço aos
funcionários do governo, segundo o professor James Grayson,
movimentos pacifistas.
especialista em Coreia do Norte da Universidade de Sheffield, na
III. The Terror of War documenta a dor e o desespero dos sul-
Inglaterra.
vietnamitas após o uso, pelos americanos, de armas químicas
De acordo com Grayson, o que se quer demonstrar ali é o suposto
como o napalm.
poder do líder, seu conhecimento, sabedoria e preparação. É uma
IV. A superioridade tecnológica norte-americana e o apoio dos
espécie de "aula in loco" que Kim dá a seus seguidores, uma
camponeses, enriquecidos sob o domínio colonial francês, foram
prática que começou com seu avô Kim Il-sung nos anos 1950.
decisivos para a vitória dos EUA na Guerra.
"São imagens que vão ser mostradas na televisão e na mídia
Estão corretas apenas as afirmativas:
estatal, então os homens que estão ali querem ser vistos
registrando cada palavra de Kim Jong-un", diz Grayson. a) I e IV. b) II e III. c) II e IV.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/04/28/coreia-do- d) I, II e III. e) I, III e IV.
norte-quem-sao-os-homens-que-anotam-cada-palavra-de-kim-jong-
un.htm#fotoNav=1. Acesso em: 20 jun. 2014 (adaptado). Questão 04
Entre junho de 1950 e julho de 1953, transcorreu a chamada
A prática descrita no fragmento está associada a uma Guerra da Coréia, sobre a qual é correto afirmar:
característica dos regimes socialistas que floresceram ao longo do a) O conflito foi provocado pelos interesses expansionistas do
século XX, a saber: governo sul-coreano, que procurava estabelecer sua hegemonia
a) Expurgos políticos. político-militar na região.
b) Negação da existência de classes. b) O conflito foi provocado pela negativa japonesa em aceitar a
c) Culto à figura do líder. desmilitarização imposta após a Segunda Guerra Mundial.
d) Sistema monopartidário. c) A ameaça de uma revolução socialista levou o governo da
e) Planificação da economia. Coréia do Sul a solicitar ajuda norte-americana, o que provocou a
reação do governo da Coréia do Norte.
Questão 02 d) Tratou-se de uma guerra civil que resultou na divisão da Coréia
Ao longo do período conhecido como Guerra Fria, eclodiram vários em dois Estados independentes.
conflitos nas zonas de influência disputadas pelas duas e) O conflito teve início com a tentativa de unificação da Coréia sob
superpotências que, então, pretendiam controlar o mundo. iniciativa do regime comunista da Coréia do Norte, com apoio da
Um dos conflitos gerados no contexto da Guerra Fria foi a China.
a) Guerra da Coréia, ocasionada pela invasão da Coréia do Sul,
zona de ocupação norte-americana, por tropas norte-coreanas, Questão 05
seguida da intervenção dos EUA no País. Na década de 80, a URSS enfrentou uma guerra, ao invadir o
b) Guerra da Criméia, resultante da disputa entre soviéticos e Afeganistão para apoiar o governo daquele país. Em relação a
norte-americanos pela posse da Península da Criméia, ponto essa guerra, é correto afirmar que
estratégico para o lançamento de mísseis teleguiados. I - os oponentes dos soviéticos eram identificados como os
c) Guerra do Ópio, motivada pela disputa de interesses comerciais "combatentes da liberdade" pelo presidente Reagan, sendo
entre ingleses e russos na China, em razão do enorme mercado apoiados pelos EUA.
consumidor deste país. II - os soviéticos se retiraram durante o governo de Gorbatchev,
d) Guerra dos Bôeres, iniciada com a invasão norte-americana na sem ter derrotado os guerrilheiros afegãos.
África do Sul, em função das violências do 'apartheid', regime III - a resistência afegã contou com a participação de Osama Bin
apoiado pela União Soviética. Laden, molionário saudita que teria sido treinado pela CIA.
Quais estão corretas?
Questão 03 a) Apenas I. b) Apenas I e II.
Analise a figura a seguir. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Questão 06
O Vietnã, após a rendição japonesa, em 1945, resistiu ao retorno
dos seus antigos senhores - os franceses. Daí uma sucessão de
conflitos e negociações, tais como:
I - a derrota dos franceses em Dien Bien Phu, (1954), que afastou
definitivamente a hipótese de se manter o domínio francês nessa
região;
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Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2)
II - a divisão provisória do Vietnã em duas partes, uma comunista pública dos EUA contra a guerra, o que pressionou ativamente o
(Norte), e a outra capitalista (Sul), pelos Acordos de Genebra seu fim.
(1956); e) a violência contra a população civil e o emprego de armas
III - o progressivo desenvolvimento dos Estados Unidos no conflito químicas são recursos de guerra aos quais se deve recorrer com
para conter o Vietcong e evitar a queda de toda a Indochina em moderação.
poder dos comunistas;
IV - o triunfo militar norte-americano sobre os guerrilheiros Questão 09
comunistas, prejudicado pelas manobras diplomáticas que A condição norte-americana de superpotência consolidou-se
entregaram aos comunistas o Vietnã do Sul. realmente no momento da rendição da Alemanha e do Japão e da
Assinale se estão corretas apenas: realização das conferências de Yalta e Potsdam, que selaram o
a) I e II. b) II e III. c) III e IV. encerramento da guerra. O crescimento do poderio soviético e a
d) I, II e III. e) I, III e IV. decadência das velhas potências europeias formavam o pano de
fundo para que Washington assumisse finalmente a vocação de
Questão 07 liderança do Ocidente capitalista.
A hegemonia global dos Estados Unidos da América (EUA)
traduzia-se nas esferas econômica e estratégica. Os
conglomerados transnacionais americanos tornam-se grandes
investidores. Na condição de credores das nações capitalistas, os
EUA organizam programas voltados para a reconstrução europeia
(Plano Marshall) e asiática (Plano Colombo). Os acordos de
Bretton Woods transformavam o dólar em “moeda do mundo”, ao
estabelecerem um sistema de paridade fixa e convertibilidade entre
o dólar e o ouro. Cria-se uma nova arquitetura financeira global,
cujos instrumentos eram o Banco Internacional para a
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD, ou Banco Mundial) e o
Fundo Monetário Internacional (FMI).
MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo. São Paulo: Atual, 2004, p. 71-2.
O mapa mostra a região do Sudeste Asiático e apresenta: A respeito da situação geopolítica do mundo após a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), infere-se que
a) A situação do Vietnã, em 1945, logo após o término da Segunda
a) os EUA saíram fortalecidos do conflito e se afirmaram como a
Guerra Mundial;
única potência hegemônica, tanto no cenário econômico como no
b) A situação do Vietnã após o término da Guerra da Indochina e militar.
conforme o estabelecido pela Conferência de Paz de Genebra, em b) a Europa buscou compensar seu declínio político, mantendo a
1954; repressão e o controle sobre suas colônias africanas e asiáticas.
c) A situação do Vietnã após o término da guerra em que os c) ocorreu o armamentismo nos EUA e na União Soviética, assim
vietnamitas derrotaram os Estados Unidos, em 1975; como, em menor escala, nos países europeus e na China.
d) A situação do Vietnã antes do início da Segunda Guerra d) o clima de disputa e rivalidades entre os países da Europa
Mundial, quando o seu território era dividido entre franceses e Ocidental intensificou-se, sobretudo após a construção do muro de
japoneses; Berlim.
e) A atual situação do Vietnã, país que continua dividido e sofrendo e) ocorreu o declínio econômico dos EUA em função do aumento
os efeitos da Guerra Fria. da dívida pública do governo devido a ajuda para a reconstrução
europeia e asiática.
Questão 08
A Guerra do Vietnã, polêmico e violento conflito armado da Questão 10
segunda metade do século XX, envolveu as guerrilhas do Vietnã Entre 1961 e 1973, um total de 57.939 norte-americanos morreram
do Sul e o governo comunista do Vietnã do Norte. O conflito atingiu no conflito da Indochina, a mais longa e custosa guerra externa na
maiores proporções com a participação dos Estados Unidos da história dos Estados Unidos. A Força Aérea dos EUA jogou sobre o
América (EUA) ao lado das tropas do Vietnã do Sul. Entretanto, foi Vietnã uma tonelagem de bombas mais de três vezes superior ao
também uma guerra com imagens que divulgavam, amplamente e que foi jogado na Alemanha durante a Segunda Guerra.
de forma crua, o sofrimento da população civil – crianças com os KEYLOR, William R. The twentieth-century world: an international history. New York:
Oxford University Press, 1996. p. 375.
corpos queimados por napalm, mulheres violentadas, velhos
feridos – e de jovens soldados americanos mutilados ou mortos e Considerando-se a Guerra do Vietnã, é CORRETO afirmar que
ensacados. a) o conflito foi motivado pela intenção do governo norte-americano
Considerando-se o fato histórico descrito, é correto afirmar que de impedir a expansão do comunismo no Sudeste asiático.
a) o Vietnã do Sul usava, na guerra, os mesmos métodos de b) os norte-americanos deram apoio decidido às ações de seu
combate dos comunistas do Vietnã do Norte. Governo no Vietnã e manifestaram insatisfação quando suas
b) os EUA tinham interesse direto na guerra, por sua aliança tropas foram retiradas de lá.
estratégica com o governo comunista do Vietnã do Norte. c) os vietnamitas que enfrentavam o exército dos EUA lutavam em
c) os civis, por serem ativos colaboradores dos comunistas do condições difíceis, pois não dispunham de apoio externo.
Vietnã do Norte, foram considerados alvos legítimos. d) a saída das tropas norte-americanas e a subsequente derrota
d) a imprensa, ao divulgar os fatos ocorridos, colocou a opinião das forças locais pró-Ocidente levou à divisão do Vietnã.
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Em 1927 eclodiu uma guerra civil, opondo os nacionalistas, comandados por Chiang Kai-shek, e os
comunistas, liderados por Mao Tsé-tung. No início da década de 30, o Japão ocupou a Manchúria, região ao Norte da China. Os
nacionalistas passaram, então, a lutar em duas frentes: contra os invasores
japoneses e contra os comunistas. Em 1934, acossado pelas forças militares do
Kuomitang, MaoTsé-tung ordenou a retirada dos comunistas para o Norte do país.
Foi um êxodo penoso, que envolveu o deslocamento (a pé!) de aproximadamente
100 mil homens por 10 mil quilômetros, sob ataques do Kuomitang, intempéries
climáticas, doenças e fome. Estima-se que apenas 10 mil homens tenham
sobrevivido. Apesar da perda da maior parte de suas forças durante a Longa
Marcha, os comunistas conseguiram se reorganizar e ganhar o apoio da massa
camponesa. A ocupação japonesa sobre a China, a partir de 1937, permitiu uma
trégua na guerra civil que se desenrolava entre nacionalistas e comunistas. Com a
derrota do Japão ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e a consequente
retirada das tropas japonesas do território chinês, a guerra civil é retomada. Mao Tsé-tung (montado) liderando a Longa Marcha (1934-35).
Finalmente, em 1949, dá-se a vitória final das forças comunistas, comandadas por Mao, sobre os nacionalistas do Kuomitang. A República
Popular da China é proclamada. Chiang Kai-shek e a maior parte da elite chinesa fogem para a ilha de Formosa (Taiwan), onde fundam,
com a proteção dos EUA, a China Nacionalista.
“(...) A vitória comunista na China representava para a diplomacia americana um sério revés, pois o país chinês era o principal aliado de
Washington na região da Ásia Oriental e do Pacífico.
Os Estados Unidos (...) decidiram então restaurar a economia japonesa e criar um novo centro de poder para apoiar sua política na região”,
escreveram os professores Paulo Visentini e Analúcia Danilevicz em História do Mundo Contemporâneo: da Pax britânica do século XVIII
ao Choque de Civilizações do século XXI.
De acordo com Jon Halliday e Jung Chang, em Mao: a história desconhecida, a transição para o socialismo não produziu, de imediato,
grandes rupturas. “Muitos administradores antigos permaneceram em seus
cargos, sob a nova direção do PCC [Partido Comunista Chinês], e durante um
tempo a economia marchou da mesma forma que antes. Foi dito aos empresários
que suas propriedades não seriam tocadas por muito tempo e que eles deveriam
manter suas fábricas em funcionamento e suas lojas abertas. Por alguns anos,
indústria e comércio não foram estatizados e a coletivização da agricultura só
ocorreria em meados da década de 1950. Nesses poucos anos, com grande parte
da economia ainda em mãos da iniciativa privada, o campo rapidamente se
recuperou de mais de uma década de guerra. A agricultura teve um crescimento
considerável, já que o novo governo concedeu empréstimos e investiu em
sistemas hidráulicos. Nas cidades, foram distribuídos subsídios para mitigar a
fome. As taxas de mortalidade caíram.”
Uma típica execução chinesa, praticada em público (o costume
Apesar da economia não ter sofrido mudanças imediatas, o mesmo não ocorreu remonta ao governo de Mao Tsé-tung).
com outros setores, como a Justiça e os meios de comunicação, controlados de
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imediato pelo Partido Comunista. Em seguida, o novo regime lançou-se, como relatam Halliday e Chang, contra os inimigos internos da
revolução: “O alvo eram os remanescentes do regime nacionalista, rotulados de ‘inimigos de classe’ (...). Em torno de 3 milhões de pessoas
pereceram vitimas de execuções, violência da multidão ou suicídio. Mao queria que as matanças fossem feitas com o máximo impacto e
isso significava execuções públicas. Em 30 de março de 1951, instruiu: ‘Muitos lugares [...] não ousam matar contra-revolucionários em
escala grandiosa com publicidade. Essa situação deve ser mudada’. (...) Mao queria que a maio-ria da população – adultos e crianças –
testemunhassem a violência e as mortes. Seu objetivo era atemorizar e brutalizar toda a população, em um grau que ia muito mais longe do
que Stálin ou Hitler, que mantiveram a maior parte de seus crimes fora de vista. (...) No total, o durante o regime de Mao, o número dos que
foram executados e tiveram morte prematura em prisões e campos de trabalho forçado pode ter chegado a 27 milhões. (...) Mao disse
várias vezes que suas matanças ‘eram extremamente necessárias’. ‘Somente depois que essa coisa é feita de forma correta, nosso poder
pode estar seguro’, declarou.”
Uma das estratégias de Mao para “fazer as serpentes saírem de suas
Cartaz de propaganda oficial enaltecendo o Grande Salto
tocas”, ou seja, para descobrir quem se opunha, no plano interno, ao seu para a Frente.
governo, foi a Campanha das Cem Flores. O líder chinês estimulou a
população a expressar livremente suas críticas e reivindicações. “Que
cem flores desabrochem, que cem correntes de pensamento rivalizem
entre si”, disse Mao ao lançar oficialmente a campanha. Entretanto,
quando as críticas e reclamações começaram a chegar, Mao as utilizou
para perseguir seus supostos inimigos.
Na segunda metade da década de 1950, o governo chinês lançou o
Grande Salto para a Frente, um plano cujo objetivo principal era o de
acelerar o desenvolvimento econômico do país, tanto no plano agrícola
quanto no plano industrial. Para isso, Mao Tsé-tung contava com a
cooperação da URSS, de quem a China se aproximou depois da vitória da
Revolução de 1949. A ajuda soviética não se limitou ao plano financeiro;
técnicos e especialistas russos foram enviados à China para assessorar
as autoridades na execução do projeto de Mao.
O Grande Salto para a Frente acabou sendo apenas um “passinho adiante”, ou seja, fracassou. Nos dois primeiros anos de
implementação do programa, a produção agrícola experimentou uma brutal queda. “O resultado foi uma epidemia de fome que matou cerca
de 20 milhões de pessoas entre 1959 e 1962! Isso ocorreu em decorrência do desequilíbrio entre a parcela da renda nacional investida na
indústria e as necessidades de alimentação do povo”, escreveram os professores José Mao Junior e Lincoln Secco em A Revolução
Chinesa.
Outro elemento que também contribuiu para o fracasso do Grande Salto para a Frente foi o rompimento das relações diplomáticas entre
China e URSS em 1960 (conflito sino-soviético). Com isso, os russos retiraram seus técnicos e seus capitais da China, privando os
chineses da assessoria e ajuda financeira necessárias ao processo.
As relações entre Moscou e Pequim começaram a se desgastar com a subida
de Nikita Khrushchev ao poder na URSS (1955). O novo líder soviético
abraçou a coexistência pacífica, ou seja, adotou uma política externa que
pregava a aproximação diplomática entre os blocos capitalista e socialista, a
qual Mao Tsé-tung não era favorável. Para o dirigente chinês, a coexistência
pacífica, baseada na diplomacia, corrompia a essência revolucionária do
socialismo (“A revolução é uma insurreição, é um ato de violência pelo qual
uma classe derruba a outra”, disse Mao). Além disso, Khrushchev iniciou a
desestalinização na URSS, denunciando os crimes da ditadura de Stalin e
combatendo o culto à personalidade do ex líder soviético, morto de 1953. Mao Cartaz oficial de propaganda do governo de Mao criticando a
Tsé-tung “vestiu a carapuça”: sentia-se incomodado com a desestalinização política do dirigente soviético Khrushchev.
porque perseguia seus opositores na China, ao mesmo tempo em que erigia
um culto em torno da sua própria personalidade entre os chineses.
Outros fatores que agravaram a crise sino-soviética:
• disputas pela liderança dentro do bloco socialista;
• recusa soviética em transferir tecnologia nuclear aos chineses.
O rompimento de relações com a URSS produziu um isolamento da China que só
seria rompido no início da década de 1970, quando o governo de Pequim começou
a se aproximar dos EUA. Logo os frutos começaram a ser colhidos: a China foi
admitida na ONU (1971) e o presidente americano Richard Nixon visitou o país
(1972).
Na metade da década de 1960, preocupado com o crescimento das disputas
dentro do PCCh, Mao lançou a Revolução Cultural, com o objetivo de fortalecer O engajamento da juventude foi decisivo para a Revolução
seu poder e expurgar aqueles considerados uma ameaça à sua autoridade. Para Cultural (na foto, jovens erguem o Livro Vermelho,
isso, uma estratégia foi traçada: a mobilização da juventude, mediante uma exaus- demonstrando seu fervor pelo movimento).
A abertura econômica que a China experimentou não foi acompanhada de uma abertura política. É comum entre os historiadores se dizer
que a China experimentou uma “perestroika sem glasnost”, numa alusão às reformas que Mikhail Gorbatchev implementou na URSS na
segunda metade da década de 1980 (“perestroika”, em russo, significa restruturação; “glasnost” significa transparência). As reformas
econômicas avançaram, os salários e as condições de vida melhoraram de forma significativa (pelo menos nas ZEEs), mas o Partido
Comunista Chinês continuou a controlar a estrutura política com mão de ferro, como numa típica ditadura socialista.
Em 1989 eclodiu um movimento que ficou conhecido como Primavera de Pequim. Entusiasmados com os ventos de liberdade política
e mudanças que sopravam no Leste europeu e na URSS, universitários, professores e intelectuais da Universidade de Pequim ocuparam a
Praça Tiananmen (ou Praça da Paz Celestial), no centro da capital chinesa, exigindo do governo reformas políticas, fim da corrupção,
transparência nos atos do governo, liberdade de imprensa e respeito aos direitos humanos.
A ocupação da Praça da Paz celestial pelos manifestantes começou em abril de 1989. Em maio, o movimento havia atingido proporções
gigantescas, pois o número de manifestantes ali reunidos ultrapassara um milhão de pessoas, chamando cada vez mais a atenção da
comunidade internacional e despertando preocupação no governo de Deng Xiaoping.
Em junho de 1989, a tolerância do governo ao movimento chegou ao fim:
tropas fortemente armadas do Exército Vermelho marcharam até Tiananmen,
avançando sobre os manifestantes ali concentrados. Milhares de pessoas
foram mortas no episódio que ficou conhecido como o Massacre da Praça
da Paz Celestial. Um dos mais poderosos registros desse trágico episódio
está na foto ao lado, quando o jovem chinês Wang Weilin tentou deter uma
coluna de tanques que se aproximava do local onde os manifestantes
estavam reunidos. Ele foi preso e executado poucos dias depois da
repressão armada aos manifestantes.
Comentando, à época, o episódio do jovem que tentou deter os tanques em
Pequim, o jornalista Augusto Nunes escreveu no jornal O Estado de São
Essa imagem se tornou o símbolo da repressão do governo chinês à
Paulo (18/06/1989): “(...) sozinho no meio da praça, o corpo magro Primavera de Pequim.
modestamente emoldurado pela calça escura e a camisa branca, um jovem
chinês, desarmado, detém uma coluna de tanques. Imobilizados os mamutes de aço, o chinesinho sobe ao dorso do primeiro deles e grita
algo para o soldado que o pilota. Desce em seguida para o chão e novamente hasteia o próprio corpo diante da coluna. O tanque se move
para a direita, o chinesinho acompanha seu movimento. É possível adivinhar a perplexidade do soldado que comanda a máquina assassina
– a perplexidade que precede a fúria. O tanque avança alguns centímetros, o jovem o encara desafiadoramente. Há uma tragédia em seu
começo: o soldado não poderá recuar. Mas alguns braços providenciais convergem para o meio da praça e resgatam o combatente solitário
(...).”
A repressão à Primavera de Pequim desencadeou uma onda de críticas da comunidade internacional ao governo chinês. Entretanto, Deng
Xiaoping não recuou em sua postura de recrudescimento político, deixando claro que seu governo não faria concessões democráticas.
Estava definitivamente consolidada a “perestroika sem galsnost” da China.
A morte de Deng Xiapoping, em fevereiro de 1996, não afetou o porcesso de abertura econômica. Jiang Zemin, que o sucedeu no poder,
deu continuidade à política reformista em vigor no país, marcada pela mescla de uma economia de mercado com a ditadura
monopartidária.
Hoje, sob o governo de Xi Jinping, a China avança em sua trajetória para a definitiva
consolidação como potência mundial. O incontestável sucesso dos Jogos Olímpicos
de 2008, sediados em Pequim, foram uma prova defi-nitiva do espaço que o país
conquistou no cenário internacional.
“A nação que sediou o maior evento esportivo do planeta não lembra em nada a China
de 1968. O contraste entre as duas realidades, separadas por apenas quarenta anos,
fica evidente quando se compara a vida dos jovens chineses naquele tempo e hoje.
Um rapaz ou uma moça típicos de 1968 não estudava, porque as instituições de
ensino superior haviam sido fechadas pelo líder comunista Mao Tsé-tung. Era
integrante das Guardas Vermelhas maoístas e havia passado os meses anteriores
participando como claque de expurgos de intelectuais, professores universitários, O dirigente chinês Xi Jinping.
membros do Partido Comunista e dirigentes de estatais. Além disso, preparava-se
para trabalhar numa colônia rural, a fim de ‘purificar-se’ ideologicamente por meio do contato diário com camponeses. Em suma, o jovem
de 1968 vivia o fim da Revolução Cultura, iniciada por
Mao em 1966, para exterminar o que o Grande Timoneiro considerava ser uma classe de políticos e intelectuais corrompida por valores
ocidentais e, portanto, fora dos trilhos do socialismo. (...) O jovem chinês de 2008 [e de hoje] vive em outro país – um país em que a
Revolução Cultural é um assunto tabu. Ele usufrui de uma economia aberta e que mantém, desde o fim da década de 90, o título de
segundo maior receptor de investimentos externos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. (...) A universidade não é o centro de
doutrinação marxista, mas trampolim para uma profissão bem remunerada. Além disso, ele tem acesso aos bens de consumo – em
especial, produtos eletrônicos – que fazem a alegria da juventude ocidental. (...) Diz-se que o século XXI será da China, da mesma forma
que o século XX foi dos Estados Unidos. Se a tendência de crescimento se mantiver, em uma década os chineses terão a segunda maior
economia do mundo.”
(Revista Veja, edição especial de 40 anos. São Paulo: Abril, 2008, p. 204-05.)
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A foto acima, capturada pelas lentes da câmera de um fotógrafo da agência de notícias Reuters,
tornou-se o principal testemunho da repressão do governo chinês à Primavera de Pequim, movimento
de jovens estudantes universitários por uma abertura política, na noite de 3 a 4 de junho de 1989, na
Praça da Paz Celestial (Tiananmen, em mandarim). No entanto, o governo chinês mantém até hoje um
silêncio sobre o episódio. Vinte anos depois, o massacre de Tiananmen continua condenado ao
esquecimento da sociedade e do governo chineses, mas com a comunidade internacional a aumentar
a pressão para que Pequim liberte os participantes dos protestos que ainda permanecem detidos.
Sobre a Primavera de Pequim (1989), infere-se que
a) as autoridades chinesas agem em função das pressões da própria população, visto que o
movimento refletia os interesses e insatisfações de parte da cúpula do partido comunista chinês e de
seus apoiadores.
b) hoje, passados mais de vinte anos do episódio “Massacre da Praça da Paz Celestial”, o governo
chinês já permite que, nas escolas, se estude sobre tal acontecimento.
c) o uso da repressão e da censura pelo partido comunista chinês é uma estratégia que visa reprimir a
memória sobre o movimento e reforçar o poder governamental no país.
d) o movimento de Pequim contou com a participação de ativistas tibetanos, que aproveitaram a
oportunidade e conseguiram a emancipação do Tibet em relação ao domínio chinês.
e) apesar de terem reprimido brutalmente o movimento de 1989, as autoridades chinesas não
impedem que a população acesse sites que tratam sobre o assunto e nem proíbe debates sobre o
mesmo.
Questão 02
Observe as imagens abaixo.
As fotos da senhora chinesa revelam uma prática da cultura daquele país que dava aos pés femininos,
uma vez calçados, uma aparência delicada e diminuta, tal qual sapatinhos de boneca. A tradição foi
banida com a Revolução Socialista de 1949. Entretanto, milhares de mulheres ainda são um
testemunho vivo de uma prática dolorosa que deformava seus pés, conferindo-lhes a aparência
conhecida como “flor de lótus”, que tanto agradava aos homens.
Refletindo sobre a prática dos “pezinhos de chinesa”, podemos associá-la
a) a um costume tribal que os chineses herdaram dos mongóis quando seu império caiu sob o domínio
desse povo asiático.
b) a um procedimento da tradicional medicina chinesa, que acreditava que o mesmo traria mais força e
resistência às mulheres.
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156
Aula 31 – Revolução Chinesa
c) às dificuldades da economia chinesa, que exigia esforços no sentido de economizar matérias primas
na fabricação de calçados.
d) à subjugação feminina na sociedade chinesa imperial, uma vez que os pés atrofiados contribuíam
Anotações
para a submissão da mulher ao homem.
e) a um costume que os chineses herdaram da tradicional sociedade japonesa, assentada
ideologicamente sobre o pensamento xintoísta.
Questão 03
O principal articulador do atual modelo econômico chinês argumenta que o mercado é só um
instrumento econômico, que se emprega de forma indistinta tanto no capitalismo como no socialismo.
Porém os próprios chineses já estão sentindo, na sua sociedade, o seu real significado: o mercado
não é algo neutro, ou um instrumental técnico que possibilita à sociedade utilizá-lo para a construção e
edificação do socialismo. Ele é, ao contrário do que diz o articulador, um instrumento do capitalismo e
é inerente à sua estrutura como modo de produção. A sua utilização está levando a uma polarização
da sociedade chinesa.
OLIVEIRA, A. A Revolução Chinesa. Caros Amigos, 31 jan. 2011 (adaptado).
No texto, as reformas econômicas ocorridas na China são colocadas como antagônicas à construção
de um país socialista. Nesse contexto, a característica fundamental do socialismo, à qual o modelo
econômico chinês atual se contrapõe é a
a) desestatização da economia.
b) instauração de um partido único.
c) manutenção da livre concorrência.
d) formação de sindicatos trabalhistas.
e) extinção gradual das classes sociais.
Questão 04
“A China é agora a segunda economia do mundo, superando o Japão. Nesse inacreditável laboratório
da modernidade, há muitos perigos à espreita, quer eles venham da ecologia, do sistema político ou
do próprio crescimento vertiginoso da economia. Mas a China é hoje um lugar onde acontecem coisas
surpreendentes....”
HORTA, Luiz Paulo. “O Império do Meio manda chamar Confúcio”.
O Globo. Caderno Opinião, 1º caderno, 22/08/2010, p.06.
Com as reformas econômicas iniciadas por Deng Xiaoping, a partir de 1979 e do início da década de
80, a China deixou de ser um país atrasado e agrícola para se converter numa potência industrial,
ingressando, já no início do século XXI, na Organização Mundial do Comércio (OMC). Ao combinar
uma economia de mercado com a ditadura de um partido único, a China ainda possui desafios para se
sustentar e se integrar ao cenário da economia mundial.
Com base nos conhecimentos das mudanças geoeconômicas atuais, afirma-se que a(o)
a) China se tornou um centro produtor e exportador mundial de produtos têxteis e manufaturados de
baixo valor, a partir do crescente uso de mão de obra barata, do amplo mercado consumidor e de altos
investimentos, vindos dos países asiáticos.
b) manutenção das Zonas Econômicas Especiais é uma das metas do novo modelo de
desenvolvimento econômico, cujo principal objetivo é a aproximação da China com países africanos,
como Angola e Nigéria, fornecedores de petróleo, produto essencial ao crescimento industrial.
c) início do processo de abertura da China ao comércio exterior se deu com a implantação do
socialismo, logo após o término da Guerra do Ópio, mas retroagiu com a eclosão do movimento
xenófobo conhecido como Guerra dos Boxers.
d) novo modelo de desenvolvimento chinês para o século XXI aponta para a diminuição da
desigualdade social com o aumento do consumo interno e investimentos em setores estratégicos de
produção, como os de alta tecnologia e serviços, apesar da recente expansão de sua economia e
dependência em relação ao comércio exterior.
e) rompimento das relações sino-soviéticas na década de 70, a partir da desestalinização promovida
na União Soviética, favoreceu a autonomia chinesa e ampliou os investimentos na produção, até
então, controlados exclusivamente pelos russos.
Questão 05
"Questiona-se atualmente qual o fôlego do desenvolvimentismo do peculiar socialismo chinês e se
suas reformulações econômicas exigirão iguais mudanças políticas, dando os contornos a uma
verdadeira 'glasnost' chinesa."
VICENTINO, Cláudio e SCALZARETTO, Reinaldo. "Cenário Mundial. A nova ordem internacional". São Paulo: Scipione, 1992.
Questão 06
Em 1842, Hong Kong foi cedida para o Reino Unido pelo Tratado de Nanquim. No ano de 1984, após
inúmeras negociações, um comunicado conjunto (China - Reino Unido) aceita a reincorporação de
Hong Kong à China a partir de 1997.
A reincorporação
a) gerou forte oposição da Rússia, que se sentiu ameaçada pela economia chinesa.
b) ocasionou o boicote, pelo Japão, aos produtos vindos de Hong Kong, por temor da concorrência.
c) ocasionou um acordo recusado pela população de Hong Kong, que se declarou anexada a
Formosa.
d) fez com que Hong Kong, após anos de domínio imperialista americano, finalmente voltasse a fazer
parte do território chinês.
e) gerou apreensão nos habitantes de Hong Kong, receosos de medidas chinesas de restrição aos
direitos democráticos e à economia capitalista.
Questão 07
O mundo todo se volta para o Oriente para entender o "milagre chinês", fruto da política reformista de
Deng Xiaoping.
Sobre a China hoje, é correto afirmar que, EXCETO:
a) a abertura da economia aos investimentos externos está associada ao planejamento e controle do
Estado.
b) no campo político, há um profundo desrespeito aos direitos humanos e um forte autoritarismo
governamental.
c) o grande desenvolvimento industrial é o responsável pelo declínio acentuado da economia agrária.
d) a mão de obra farta e barata é um dos grandes atrativos para os investimentos estrangeiros.
e) a prosperidade é regionalizada, havendo ainda grandes bolsões de pobreza e de arcaísmos no
interior.
Questão 08
"O drama foi tão vasto quanto a própria China. Encorajados pelos ventos da libertação vindos de
Moscou e da Europa do Leste, quase um milhão de manifestantes foram se juntando na Praça da Paz
Celestial, em Pequim, para pedir reformas. Após sete semanas, sobrou um núcleo de três mil
estudantes que pediam a democracia.
(Revista "Veja" - Editora Abril)
O trecho acima refere-se à:
a) Revolução Cultural, na qual grupos políticos antagônicos assumiram posições marcadas pelo
radicalismo.
b) proclamação da República Popular da China, após o vitorioso movimento liderado por Mao Tse-
Tung.
c) cisão entre a China e a União Soviética, devido a divergências relativas à tese de coexistência
pacífica.
d) manifestação que obrigou os seguidores de Chiang Kai-Shek a fundar a China nacionalista em
Taiwan (Ilha de Formosa).
e) repressão comunista contra o movimento por abertura política e contra a corrupção e privilégios de
altos funcionários do Partido Comunista Chinês.
b) o Tratado de Versalhes, em 1919, definiu a soberania chinesa realmente um marxista, enquanto outros argumentaram que seu
diante do Japão, o que permitiu a formação de um governo de pensamento estava baseado no stalinismo e não acrescentava
coligação nacional com o apoio popular, do qual participavam os nada de novo no marxismo-leninismo. As ideias de Mao só foram
"senhores da guerra", o Kuomintang e os comunistas. reconhecidas internacionalmente pelo termo “maoísmo” depois da
c) a Longa Marcha, em 1934-35, foi uma reação popular contra a Revolução Cultural.
invasão da Manchúria pelos Russos, em 1931, que reuniu as Adaptado de LAWRENCE, Alan. China under communism. Londres/Nova Iorque:
Routledge, 2000, p.6.
forças militares do Kuomintang e do Partido Comunista Chinês
para a libertação dessa região.
d) ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, acirraram-se as O fato dos estudiosos ocidentais questionarem a filiação marxista
rivalidades entre o Partido Comunista Chinês e a União Soviética dos ideais de Mao Tsé-tung estava relacionado:
Stalinista, que passou a ajudar militarmente o Kuomintang em sua a) ao chamado conflito sino-soviético, que resultou na ruptura de
luta contra os comunistas, lançando a China em um período de relações entre China e URSS.
guerra civil. b) à aliança de Mao e do Partido Comunista Chinês com Chang
e) após a vitória dos comunistas, em 1949, foram implantadas Kai-shek e o Kuomintang durante a II Guerra Mundial.
diversas reformas, que não conseguiram atender às exigências c) à organização da Revolução Chinesa a partir de uma base
sociais, o que provocou críticas crescentes que ameaçavam o camponesa e não operária.
governo do Partido Comunista, culminando no "Movimento das d) à Revolução Cultural e às críticas que surgiram à burocracia do
Cem Flores", em 1956. Partido Comunista Chinês.
Questão 06 Questão 08
A China atravessava grandes dificuldades econômicas em 1966, A Grande Marcha empreendida nos anos 30 por Mao Tsé-tung e
quando Mao Tsé-tung deu início à Revolução Cultural, que se seus seguidores foi:
declarava contrária a “quatro velharias”: velhas ideias, velha a) uma fuga dos contingentes comunistas que estavam sendo
cultura, velhos costumes e velhos hábitos”. perseguidos pelas tropas do Kuomitang.
Apesar de propagar transformações nessas áreas, a revolução b) uma fuga dos seguidores de Mao perseguidos pelas tropas
Cultural foi também um movimento político, pois: japonesas que invadiram a Manchúria.
a) fortaleceu o poder de Mao Tsé-tung, em razão da repressão aos c) uma tentativa das tropas comunistas de cortar as linhas de
líderes acusados de direitistas e do expurgo dos que faziam abastecimento das tropas nacionalistas.
d) uma tentativa das tropas de Mao de cercar as tropas japonesas
(a) Movimento de contestação do que haviam invadido a Manchúria e o norte da China.
poder do Partido Comunista, que e) a marcha empreendida pelos comunistas sobre Nankim para
I - Grande Salto em Frente posteriormente foi liderado por Mao derrotar as tropas do Kuomitang.
Tsé-tung, colocando-o contra seus
inimigos. Questão 09
(b) Recuo das forças do Partido Para conseguir estimular a industrialização chinesa, Mao Tsé-tung
Comunista Chinês pelo território do lançou um programa de planejamento econômico que ficou
II – Kuomintang
país, durante a guerra civil contra os conhecido como:
nacionalistas.
a) Plano Quinquenal.
(c) Plano quinquenal que pretendia
b) Grande Marcha.
III - Grande Marcha impulsionar a industrialização
c) Plano Salte.
chinesa.
d) Revolução Cultural.
e) Grande Salto Adiante.
(d) Partido Nacionalista da China,
liderado por Chiang Kai-shek, e que
IV - Revolução Cultural Questão 10
governou entre as décadas de 1920
e 1940. Utilizando seus conhecimentos sobre a Revolução Chinesa,
relacione as duas colunas abaixo:
oposição ao grupo maoísta.
A alternativa que indica corretamente a relação das duas colunas
b) possibilitou a consolidação da Guarda Vermelha no poder, a
é:
qual reimplantou o burocratismo, o autoritarismo e o nepotismo
a) I-d; II-a; III-b; IV-c.
típico do modelo soviético.
b) I-b; II-a; III-c; IV-d
c) ampliou a influência do modelo soviético sobre o comunismo
c) I-c; II-a; III-d; IV-b
chinês, com o investimento de muitos capitais e contando com a
d) I-c; II-d; III-b; IV-a
cooperação de técnicos soviéticos no planejamento da economia.
d) traçou uma nova diretriz para o país, com a qual Mao Tsé-tung
Questão 11
buscava o desenvolvimento de relações internacionais que
atraíssem capitais e empresas estrangeiras. “Em 1976, esgotava-se na China o fôlego da Revolução Cultural,
iniciada em 1966. Nesse ano morria Mao Tsé-tung, seu principal
Questão 07 idealizador. Em 1978, sob a liderança de Deng Xiaoping, o país
começaria a flexibilizar o regime socialista. Buscava-se então uma
No Ocidente, as relações de Mao Tsé-tung com o marxismo foram
difícil conciliação entre a abertura econômica em direção à
objeto de discussão. Alguns estudiosos questionaram se Mao era
economia de mercado e à preservação do regime político
Mapa da Cuba (repare na proximidade geográfica da ilha em relação ao estado da Flórida (EUA).
No século XIX os EUA já eram uma nação independente e começavam sua trajetória de crescimento e desenvolvimento rumo ao “topo do
mundo”. A proximidade geográfica com o território cubano (menos de 200 Km separam Cuba de Key Islands, ao Sul da Flórida) levou a
uma aproximação econômica dos norte-americanos com o empreendimento açucareiro cubano. Os EUA financiaram a modernização da
produção açucareira cubana, obtendo da Espanha permissão para comprar diretamente dos cubanos o açúcar que os mesmos produziam
(o que, em tese, violava o pacto colonial: “a colônia só pode comercializar diretamente com sua própria metrópole”).
No final do século XIX, o governo norte-americano iniciou sua política de dominação das regiões do Caribe e América Central (Porto Rico,
Panamá e Cuba) como parte de uma estratégia de controle da região de ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Os EUA sempre
tiveram clara a importância da posição geográfica de Cuba dentro dessa política. Thomas Jefferson, um dos líderes do movimento de
independência norte-americana, disse em 1817: “Se nós conquistarmos Cuba, seremos senhores da América”.
que nós possamos progredir se não nos entendermos com os Estados Unidos”. Ainda em abril de 1959, Fidel esteve em Nova Iorque, nos
EUA. No dia 27 de abril, num discurso em pleno Central Park, disse: “A vitória só nos foi possível porque nós reunimos os cubanos de
todas as classes e de todos os setores em torno de uma única e mesma aspiração”.
Os primeiros meses após a chegada do novo governo ao poder foram de euforia e, ao mesmo tempo, de pânico. Fidel tomou várias
medidas de grande simpatia popular (fim da polícia política de Batista, nulidade da Emenda Platt e a volta da Constituição de 1940, a mais
democrática que Cuba havia tido). No entanto, a decisão do governo quanto à implementação de um programa de reforma agrária (que
incluía a indenização dos proprietários) entrava em choque não só com os interesses da elite latifundiária, mas também das grandes
companhias norte-americanas instaladas na ilha. A nacionalização de empresas estrangeiras, especialmente refinarias norte-americanas, o
êxodo de milhares de cubanos para Miami e a postura nacionalista e independente do novo governo provocaram a ruptura nas relações
entre Havana e Washington.
Os planos de Fidel, ao assumir o governo em janeiro de 1959, não eram no sentido de implantar o socialismo e se aliar à União Soviética.
Entretanto, a postura dos
EUA diante do governo castrista acabou “empurrando” Cuba para a esfera de influência da URSS. Eis um resumo do que aconteceu:
• Em 1960, o governo norte-americano parou de importar o açúcar cubano e se recusou a fornecer crédito a Cuba.
• Em 1961, a URSS já era o maior comprador do açúcar cubano e maior
fornecedor de petróleo para a ilha. Refinarias norte-americanas se recusaram a
refinar o petróleo soviético. O governo cubano resolveu a questão
nacionalizando tais empresas.
• Ainda em 1961, um grupo de exilados cubanos, armados pela CIA, tentou
dessembarcar na praia Girón, na Baía dos Porcos, em Cuba, para iniciar um
levante contra o novo governo, mas acabou derrotado e expulso em apenas 72
horas após a invasão. A Casa Branca acreditava que a população cubana
apoiaria o ataque e derrubaria o governo de Fidel, o que não se confirmou (pelo
contrário, o episódio demonstrou a disposição dos cubanos em proteger o novo
regime!). Fidel não perdeu a oportunidade de usar, na tensa ocasião, sua
retórica: "Armaremos até os gatos", pilheriou ele, "se pudermos ensiná-Ios como
segurar uma arma." Cubanos se preparam para enfrentar a invasão dos dissidentes
do regime na Baía dos Porcos (1961).
• Foi nesse mesmo ano (1961) que Fidel proclamou oficialmente uma revolução
socialista no país e o alinhamento de Cuba com a URSS.
• Em 1962, a URSS iniciou a instalação de ogivas nucleares em Cuba, capazes de atingir Washington em apenas 15 minutos. Isso gerou a
chamada Crise dos Mísseis, considerada o momento mais tenso de todo o
period da Guerra Fria, quando o governo norte-americano, à época presidido
por John Kennedy, exigiu a imediata retirada das ogivas. A crise foi solucionada
com um acordo segundo o qual o governo de Moscou, à época sob a liderança
de Khrushchev, retiraria seu arsenal nuclear de Cuba em troca da promessa
norte-americana de que não invadiria ou ocuparia a ilha.
• A expulsão de Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos) ocorreu
em 1962, por pressão dos EUA sobre os demais países.
• Com o alinhamento cubano ao governo de Moscou, Fidel proibiu o
pluripartidarismo, instalando um sistema monopartidário. O único partido
legítimo passa a ser o Partido Comunista Cubano.
A partir de seu alinhamento com a URSS (1961), Cuba pode contar com a ajuda Charge satirizando a Crise dos Mísseis (à esquerda, Khrushchev,
de um significativo parceiro. Os soviéticos, para manter o regime cubano, líder da URSS; à direita, o presidente americano John Kennedy).
compravam o açúcar produzido pela ilha por um preço até três vezes mais caro
que o valor de mercado, fornecendo aos cubanos, por preços reduzidos,
petróleo e outros produtos. Foi isso que permitiu ao Estado cubano estender à
população os serviços de educação, saúde e previdência que tanto marcaram a
história da ilha até os anos 80.
No entanto, com o colapso do socialismo e a desintegração da URSS (1991),
Cuba mergulhou em crescentes dificuldades. Como o bloqueio econômico dos
EUA persiste, a solução foi buscar no turismo e nas relações com a América
Latina e com a União Européia os sonhados recursos. O potencial turístico da
ilha, posto de lado desde a chegada de Fidel ao poder, foi ressuscitado. Com
praias de areia branca e um mar de águas transparentes, Cuba vem atraindo
cerca de 2 milhões de turista ao ano. Muitos dos que visitam a ilha o fazem
atraídos também por história, música e cultura. Hotéis e resorts internacionais
tiveram permissão do governo para se estabelecer em Cuba, proporcionando Fidel Castro discursando perante uma multidão em Havana.
uma estrutura capaz de receber o fluxo crescente de visitantes.
A ditadura castrista sufocou internamente as oposições. Desde o início começaram as prisões e fuzilamentos de desertores e opositores do
regime. Em 2003, 75 “contra-revolucionários” foram condenados a penas de
até 28 anos de prisão e 3 homens foram fuzilados por terem sequestrado um
barco para tentar chegar aos EUA. Esses atos motivaram protestos em todo o
mundo. Até mesmo simpatizantes do governo cubano, como o escritor
português José Saramago, romperam publicamente com o regime. Em abril de
2004, a ONU, através de sua Comissão dos Direitos Humanos, aprovou uma
moção de censura à ditadura de Fidel Castro pelo desrespeito aos direitos dos
dissidentes políticos.
A partir de 2004, o governo americano, sob a liderança do presidente George
W. Bush, aprovou medidas que restringem as visitas de cubanos radicados nos
EUA a parentes em Cuba (de uma por ano para uma em cada três anos). Isso
Cubanos tentam deixar a ilha em direção aos EUA, transformando
visa conter a entrada de dólares em Cuba, já que a maior parte deles entra no
um caminhão numa espécie de balsa (flagrante de 2003).
país através dos cubanos que vivem nos EUA. O objetivo, claro, é o de
enfraquecer ainda mais o combalido governo cubano, visando à queda da ditadura castrista e a redemocratização do país.
Muitos culpam o embargo econômico dos EUA pelos problemas que Cuba enfrenta. No entanto, não há unanimidade de opinião quanto a
isso. O sociólogo cubano Héctor Palacios Ruiz, dissidente do regime castrista, assim se posicionou, numa entrevista ao repórter Thomaz
Favaro, da revista Veja, em relação ao embargo americano: “O embargo econômico a Cuba não é significativo, pois os Estados Unidos são
um dos maiores parceiros comerciais da ilha. Cuba importa dos americanos quase 500 milhões de dólares por ano. As compras incluem
produtos agrícolas, subsidiados, que são revendidos por um preço muito mais alto no país. Os Estados Unidos são um grande negócio para
Cuba, mas na cabeça das pessoas persiste a idéia de que há um boicote. Ou seja, o embargo americano só dá mais força a Fidel. O
verdadeiro embargo é o do governo ao povo cubano. Quem pode imaginar que
neste século, na América, onde todos já lutaram pela democracia, possa ainda
existir um sistema de partido único?”
O que acontecerá agora, uma vez que Fidel morreu em novembrode 2016? Essa é
uma pergunta difícil de responder, dada as condições nebulosas de transição do
poder em ditaduras socialistas. O que se pode afirmar com certeza é que a
população cubana está cansada da repressão político ideológica e da penúria
material em que o país se encontra.
Diante de toda essa incerteza, vários cenários parecem possíveis. Há quem
acredite que a morte de Fidel provocará a gradativa abertura da ilha para os ventos
da democracia, uma vez que isso conta com as bênçãos dos EUA e da
comunidade cubana que vive em Miami. Há os que falam na adoção do modelo Fidel Castro (à direita) e seu irmão Raul, que lhe sucedeu na
liderança do regime cubano.
chinês por Cuba, o chamado “socialismo de mercado” (uma abertura econômica
com a manutenção do poder concentrado no Partido Comunista). E há também os que acreditam que o governo cubano não realizará as
reformas políticas e econômicas necessárias, o que desencadeará protestos e manifestações da população, culminando numa revolução
que restabelecerá a democracia e o capitalismo na ilha.
LEITURA COMPLEMENTAR I: UM PAÍS DE MUITO PASSADO Muitos políticos americanos acreditam que o embargo é
AGORA TEM ALGUM FUTURO contraproducente e fornece uma desculpa para o fracasso
“O desafio de suceder a Fidel é grande. O regime perdeu a econômico e social de Fidel Castro. Melhor seria revogá-lo e afogar
lealdade dos jovens. Num encontro recente, transmitido pela o regime comunista num banho de dólares. Não é má idéia. Mas
televisão, dois jovens universitários colocaram Ricardo Alarcón, o há razões para tanta hostilidade. O embargo foi uma resposta
presidente da Assembléia Nacional, numa saia-justíssima. Eles direta ao confisco de propriedades americanas no valor de 2
fizeram isso com umas poucas perguntas básicas: bilhões de dólares no início da revolução. Além do mais, é bom
lembrar, num momento de absoluto fanatismo, Fidel tentou
• Por que os cubanos não podem viajar para fora do país? deflagrar a III Guerra Mundial. Em 1962, ele conseguiu que Nikita
• Por que os produtos de consumo são cobrados em pesos Kruchev instalasse mísseis nucleares em Cuba. Nos treze dias
conversíveis, que têm seu valor atrelado ao dólar, se os febris que se seguiram, a humanidade esteve perto da aniquilação.
trabalhadores cubanos recebem em pesos normais, que não valem Por fim, Moscou aceitou retirar o armamento em troca da promessa
quase nada? de que a ilha não seria invadida. Sabe-se que Fidel tentou
• Por que os cubanos não podem freqüentar os hotéis e os empurrar a União Soviética a levar o confronto até o limite do
restaurantes abertos só para turistas? inimaginável. Assustados com a gravidade do que tinham vivido,
John Kennedy e Kruchev deram início ao processo de coexistência
• Que sentido faz realizar eleições para a Assembléia Nacional se
pacífica entre as superpotências. Vamos ver a figura por este
os eleitores desconhecem totalmente quem são os candidatos?
ângulo: Fidel Castro é um sobrevivente daqueles tempos
É compreensível que Alarcón não tenha conseguido articular tenebrosos. Já vai tarde.”
respostas inteligíveis. A verdadeira resposta veio dias depois. Os Fonte: http://veja.abril.com.br/270208/p_068.shtml.
jovens foram forçados a se retratar diante das câmeras da
LEITURA COMPLEMENTAR II: O QUE AINDA IMPEDE A
televisão oficial.
APROXIMAÇÃO ENTRE EUA E CUBA?
Nesse quadro tormentoso, surpreende como ainda se repete que ‘é
preciso preservar as conquistas da revolução’. O mito
propagandista sugere que Fidel tomou o poder em Uganda e agora
o está devolvendo na Suíça. Na verdade, os indicadores sociais
cubanos pré-Fidel eram excelentes nos quesitos educação e
saúde. A contribuição castrista consiste sobretudo na destruição da
infra-estrutura física e humana da ilha, que já foi rica em escritores,
artistas e músicos e hoje é um deserto de idéias. O motivo da
tolerância existente em relação a Cuba é de difícil explicação. O
ensaísta argentino Mariano Grondona atribui esse fascínio pelo
ditador caribenho ao realismo fantástico que domina não apenas
na literatura, mas também no campo minado da política latino-
americana. Esse pensamento se traduz basicamente pela crença
de que nossos fracassos não são produto de nossos erros, mas Governos anunciaram reabertura de embaixadas, mas ainda há temas
uma conseqüência de algo maior, a opressão americana. Seria a espinhosos a debater.
utopia cubana como uma terra a salvo dos americanos que Na foto, Barack Obama (EUA) e Raul Castro (Cuba).
entusiasma políticos e intelectuais que, em sua própria terra, fazem Um "passo histórico". Foi como o presidente dos Estados Unidos,
questão de viver num regime democrático. Barack Obama, descreveu o restabelecimento da embaixada do
Os índices sociais de Cuba são razoáveis para uma ilha do Caribe. país em Havana e da embaixada de Cuba em Washington, que
acontecerá no próximo dia 20 de julho.
O país não reproduz os altos índices de criminalidade da vizinha
Jamaica ou a pobreza abjeta do Haiti. Sem Fidel talvez o país Histórico, mas não definitivo. O anúncio desta quarta-feira (1º)
fosse socialmente mais desigual. Mas implantar uma realidade de sobre a reabertura das embaixadas é somente mais um passo no
caminho longo e difícil para normalizar as relações diplomáticas
zoológico – ou seja, aquela em que todos têm comida, escola e
entre os dois países depois de meio século sem elas.
saúde, mas vive enjaulado – não paga o preço do atraso, da falta
de liberdade e da pequenez intelectual. Sobretudo por ser falsa a "É um passo positivo, mas, de nenhuma maneira, final no processo
existência de uma dicotomia entre democracia e justiça social. A de normalização", disse Eduardo Gómez, especialista em Cuba e
Costa Rica desfruta uma posição melhor que a de Cuba no IDH, professor de Desenvolvimento Internacional e Economias
sem ter para isso abolido as eleições livres, prendido opositores ou Emergentes do King's College, em Londres, à BBC Mundo.
impedido seus cidadãos de viajar para o exterior. Entre os mitos Praticamente ao mesmo tempo em que Obama fazia seu discurso,
mais divulgados por Havana está o de que a pobreza cubana é o governo de Raúl Castro publicava no Granma, jornal oficial, a
uma conseqüência direta do embargo comercial decretado pelos declaração onde confirmava o processo e expressava
Estados Unidos nos anos 60. Trata-se de uma balela, visto que o concretamente os temas ainda pendentes entre os dois governos.
restante do mundo está ávido por negociar com Cuba. O próprio "Não poderá haver relações normais entre Cuba e os Estados
embargo não é tão fechado quanto parece. Os cubanos compram Unidos enquanto se mantenha o bloqueio econômico, comercial e
500 milhões de dólares em alimentos e remédios americanos. financeiro", afirmou o governo cubano. E esta não é a única
Outro 1 bilhão de dólares, uma das três maiores fontes de renda da condição.
ilha, é enviado pelos cubanos que vivem nos Estados Unidos a "Para alcançar a normalização, será indispensável também que se
seus parentes em Cuba. devolva o território ilegalmente ocupado pela base naval em
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A Revolução Cubana foi uma revolução socialista? Não, a princípio. Nos primeiros momentos foi,
seguramente, um movimento nacionalista. No dia 17 de abril de 1959, numa conferência à imprensa,
Fidel castro afirmou: “Eu disse de maneira clara e definitiva que nós não somos comunistas (...). É
absolutamente impossível que nós possamos progredir se não nos entendermos com os Estados
Unidos”. Ainda em abril de 1959, Fidel esteve em Nova Iorque, nos EUA. No dia 27 de abril, num
discurso em pleno Central Park, disse: “A vitória só nos foi possível porque nós reunimos os cubanos
de todas as classes e de todos os setores em torno de uma única e mesma aspiração”.
Os primeiros meses após a chegada do novo governo ao poder foram de euforia e, ao mesmo tempo,
de pânico. Fidel tomou várias medidas de grande simpatia popular (fim da polícia política de Batista,
nulidade da Emenda Platt, a volta da Constituição de 1940, a mais democrática que Cuba havia tido
etc.). No entanto, a decisão do governo quanto à implementação de um programa de reforma agrária
(que incluía a indenização dos proprietários) entrava em choque não só com os interesses da elite
latifundiária, mas também das grandes companhias norte-americanas instaladas na ilha. A
nacionalização de empresas estrangeiras, especialmente refinarias norte-americanas, o êxodo de
milhares de cubanos para Miami e a postura nacionalista e independente do novo governo provocaram
a ruptura nas relações entre Havana e Washington.
Trecho da apostila de História Geral da Vestcursos, elaborada pelo Prof. Monteiro Jr.
Questão 05
"Não há esperança de que o velho modelo estatal tenha muito tempo de sobrevida. Os cubanos
parecem apenas desejar que a transição não seja muito dramática e se conservem as conquistas nos
campos da educação e da saúde, os dois principais cartões de visita do regime."
(Luiz Zanin Oricchio. "A Ilha de Fidel. Estado de S. Paulo", 05/01/97)
A Revolução Cubana de 1959 emergiu no contexto da Guerra Fria, elevando ainda mais as tensões
existentes entre as superpotências a partir do alinhamento de Cuba à URSS, em 1961. No fim da
década de 1980, a crise do socialismo real no Leste Europeu provocou grandes repercussões
econômicas e políticas na Ilha. Com base no conhecimento histórico e no texto, pode-se afirmar que,
nos últimos anos, Cuba
a) conseguiu manter suas realizações no âmbito das políticas públicas sociais.
b) superou os entraves econômicos impostos pelo Bloqueio dos EUA.
c) realizou as reformas democráticas que viabilizarão a transição política.
d) mostrou seus melhores resultados econômicos após libertar-se da URSS.
e) adotou um modelo econômico cujo princípio básico consiste na não intervenção estatal.
Questão 06
Com o afastamento de Fidel Castro do poder, muitos especulam sobre o destino de Cuba sem Fidel.
Sobre a história de Cuba, desde a independência, é correto afirmar que
a) a guerra de libertação contra a Espanha ocorreu somente no final do século XIX, com apoio da Grã-
Bretanha, maior investidora de capital na produção de açúcar na ilha, e também dos Estados Unidos.
b) a imposição da Emenda Platt à Constituição de Cuba assegurou aos Estados Unidos o direito de
nomear os presidentes cubanos, de intervir na ilha e de instalar bases, como a de Guantánamo.
c) o movimento guerrilheiro, que derrubou o ditador cubano Fulgêncio Batista, liderado por Fidel Castro
e Che Guevara, declarou-se comunista desde o início, o que provocou a imediata oposição norte-
americana.
d) a instalação de mísseis soviéticos em Cuba desencadeou, além da invasão à baía dos Porcos, um
conflito militar entre os Estados Unidos e a União Soviética, no auge da Guerra Fria.
e) o fim da União Soviética fez Cuba perder seu grande parceiro comercial, o que agravou os efeitos
do bloqueio norte-americano e forçou o país a buscar novos mercados e a atrair o turismo.
Questão 07
Em janeiro de 1959, tropas revolucionárias comandadas por Fidel Castro tomaram o poder em Cuba.
A luta revolucionária:
a) foi dirigida por uma guerrilha comunista que pôde derrotar o exército de Fulgêncio Batista, graças ao
apoio militar oferecido pela União Soviética.
b) foi dirigida pelo Partido Comunista de Cuba, que conseguiu mobilizar camponeses e trabalhadores
urbanos contra a ditadura de Fulgêncio Batista.
c) foi dirigida por dissidentes do governo de Fulgêncio Batista, com apoio inicial do governo dos
Estados Unidos, interessado em democratizar a região do Caribe.
d) foi dirigida por uma guerrilha nacionalista e anti-imperialista, que angariou apoios da oposição
burguesa e de setores da esquerda cubana.
e) foi dirigida por um movimento camponês espontâneo que, gradativamente, foi controlado pelos
comunistas liderados por Fidel Castro.
Questão 08
No contexto do início dos anos 1960, quando a Revolução Cubana soava como uma nova
possibilidade de mudança política radical no continente americano, o Brasil teve um momento de
aproximação formal com Cuba. Esse momento foi:
a) o fornecimento de armas a Cuba por parte das Forças Armadas Brasileiras.
b) o estabelecimento de acordos revolucionários entre Brasil e Cuba para a formação de uma liga
única pelo comunismo na América.
c) a condecoração de Ernesto “Che” Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul.
d) a participação do Brasil em defesa de Cuba na “Crise dos Mísseis”.
e) a participação de Cuba junto no “Golpe de 1964”.
a) Guerra de independência contra a Espanha. apoiaremos qualquer amigo, obstaremos qualquer inimigo, para
b) Eleição de Fulgêncio Batista como presidente cubano. assegurar a sobrevivência e o triunfo da liberdade."
c) Guerra Fria, após a Revolução Cubana. John F. Kennedy, Discurso de Posse. Citado por NEVINS, A. e COMMAGER, H.S.
"Breve História dos Estados Unidos", S.P.: Alfa-Omega, 1986, p. 591.
d) Independência das colônias latino-americanas.
e) Anexação pelos Estados Unidos do território mexicano.
Baseando-se na citação e na política externa do governo norte-
Questão 13 americano na década de 1960, assinale a alternativa INCORRETA.
a) No início do governo Kennedy, ocorreram intervenções e
conflitos envolvendo Cuba e União Soviética. Os Estados Unidos
apoiaram a invasão da Baía dos Porcos, promoveram o bloqueio
naval e aéreo à ilha e exigiram a retirada dos foguetes soviéticos
instalados em Cuba.
b) Ao enfatizar a aplicação do Plano Marshall e da Doutrina
Truman, o governo Kennedy foi marcado pelas negociações com a
União Soviética e a China, que objetivaram solucionar os conflitos
envolvendo a Coréia e o Vietnã e evitaram a expansão do
comunismo na Ásia.
c) Em relação à América Latina, o governo norte-americano
formulou a Aliança para o Progresso, cuja proposta era conceder
A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores ajuda e financiamentos para o desenvolvimento econômico, a fim
potências do século XX. de evitar o crescimento da influência comunista sobre as
O momento mais tenso dessa disputa foi provocado pela populações latino-americanas.
a) ampliação da Guerra do Vietnã. d) O governo norte-americano organizou iniciativas de treinamento
b) construção do muro de Berlim. das forças armadas e dos serviços de repressão da América
c) instalação dos mísseis em Cuba. Latina, a fim de reprimir manifestações populares e opositores aos
d) eclosão da Guerra dos Sete Dias. governos favoráveis à influência norte-americana.
e) invasão do território do Afeganistão.
Questão 14
[...] A CIA [Agência Central de Inteligência norte-americana] e o
arcebispo titular da arquidiocese de Miami arquitetaram um plano
de transferência massiva de crianças de Cuba para os Estados
Unidos, para o qual contaram com o apoio da Igreja cubana. Bati-
zada de Operação Peter Pan, inspiradora de livros e filmes, a ação
teve início numa noite de outubro de 1960. Um locutor da rádio de
uma estação da CIA, instalada em território hondurenho, transmitia
a seguinte mensagem: “Mães cubanas! O governo revolucionário
está planejando roubar seus filhos! Quando fizerem 5 anos, seus
filhos serão retirados de suas famílias e só retornarão aos 18 anos,
transformados em monstros materialistas!” Segundo uma ONG
norte-americana, foram retirados de Cuba cerca de 14.000
menores, de ambos os sexos, que foram instalados em orfanatos
católicos e em instituições de caridade. No começo de 1962
chegava ao fim a Operação Peter Pan.
(Texto adaptado: MORAIS, Fernando. Os últimos soldados da Guerra Fria. São
Paulo: Companhia das Letras, 2011. p.64,66,68.)
Questão 15
Leia o trecho do discurso a seguir.
"Que toda nação saiba... que pagaremos qualquer preço,
suportaremos qualquer fardo, enfrentaremos qualquer privação,
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
172
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.
CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE
INTRODUÇÃO
Desde a criação do Estado de Israel (1948), uma série de conflitos armados tem ocorrido na região conhecida, desde os tempos bíblicos,
como Terra Santa. Localizada no Oriente Médio, numa área geograficamente estratégica, no entroncamento de três continentes (Ásia,
Europa e África), a Terra Santa foi, ao longo da história, um cenário de sucessivas invasões e conflitos pela sua posse.
A área em destaque é o Estado de Israel. Na Antiguidade, a região recebeu várias denominações: Terra Santa, Canaã, Reino de Israel e Judá. Os romanos a
chamavam de Judéia, uma das províncias de seu vasto império. Na Idade Média, os árabes a chamaram de Palestina (“terra dos filisteus”), numa alusão a um dos
povos que ocuparam a região na Antiguidade.
No século XX, o mundo testemunhou quatro violentas guerras entre árabes e judeus pela posse dessa região. A perspectiva de paz entre
esses povos parece ser algo cada vez mais remoto.
Para entendermos melhor o conflito entre os dois povos, retrocederemos dois mil anos antes de Cristo, quando os judeus, povo que se diz
descendente do patriarca Abraão, se estabeleceram na região.
RECORDANDO UM POUCO DA HISTÓRIA
“Por volta de 1850 a.C., um velho mercador da cidade de Ur, na Mesopotâmia (atual Iraque), recebeu um chamado de Deus. O Senhor
ordenou-lhe que juntasse todos os seus pertences, abandonasse seu país natal e partisse em busca de um novo lar, rumo ao oeste: a terra
de Canaã. Lá o mercador devia estabelecer sua descendência e dedicar-se ao culto de seu benfeitos, Jeová, o Deus único – uma novidade
naqueles tempos politeístas. E lá se foi Abraão, com seu séquito de parentes, escravos e concubinas.
Ao longo da jornada, o favorito divino teve dois filhos. O mais velho, nascido de sua serva Agar, foi batizado de Ismael. O segundo, filho de
Sara, esposa legítima do patriarca, recebeu o nome de Isaac. O país prometido aos descendentes de Abraão era uma terra de desertos e
oliveiras, banhada pelas águas do rio Jordão. Ficou conhecida ao longo dos séculos como a Terra Santa – paisagem dos grandes dramas
da Bíblia, adorada pelas três maiores religiões do planeta e, hoje, palco do conflito mais importante de nosso tempo. Segundo a lenda, os
tataranetos de Abraão deram origem a dois povos de aparência, língua e cultura muito parecidas, mas que agora se entrincheiram em
lados opostos no front da política internacional: árabes e judeus.
(...) Essa história vem inteiramente de relatos religiosos. A Torá, livro sagrado judaico que corresponde ao Velho Testamento cristão,
aponta Isaac como o antepassado dos judeus. O Alcorão, por sua vez, remonta a genealogia dos árabes até Ismael, o primogênito de
Abraão. (...) o estreito parentesco entre árabes e judeus é consenso científico. Em 2000, cientistas europeus, israelenses e africanos
coletaram os cromossomos de 1,3 mil homens de ambas as etnias, em mais de 30 países ao redor do mundo. A conclusão dos estudos é
que os DNAs árabe e judeu são idênticos. As duas nações descendem de uma mesma tribo que viveu em algum lugar do Oriente Médio
por volta de 4000 a.C. – muito antes de Abraão. Israelenses, palestinos, sírios, egípcios e libaneses não são apenas primos. São irmãos
genéticos.
(...) Por volta do ano 2000 a.C., a Terra Santa era habitada por diversas tribos aparentadas, que lutavam entre si pela posse de fontes de
água e pasto para os animais: amoritas, canaanitas, jebulitas, hebreus. Os últimos levaram a melhor: em 1030 a.C., unificaram a região,
criando os poderosos reinos de Judá e Israel. (...) Jerusalém virou a capital dos judeus e tornou-se uma das maiores cidades da época. No
século I a.C., a região – conhecida como Judéia, caiu sob o domínio de Roma. [Em 70 d.C., os romanos, com o objetivo de sufocar o
crescente nacionalismo judaico, arrasaram Jerusalém e espalharam os judeus por diversas províncias de seu vasto império, proibindo-os
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.
de retornar à terra de seus antepassados. Esse evento ficou conhecido como Diáspora.]
Após a queda do Império Romano, a antiga Judéia foi conquistada pelo Islã. Saídos dos desertos da Península Arábica (...), os árabes
espalharam-se pelo Oriente Médio na Antiguidade, como guerreiros e comerciantes. (...) Exércitos muçulmanos unificaram o Oriente Médio
a partir do século 7° d.C., criando um império gigantesco que se estendia das fronteiras da Índia até a Espanha.
O califa árabe Omar, sucessor de Maomé, ocupou Jerusalém (...), sem derramamento de sangue, e permitiu famílias judias voltassem a
habitar a cidade. Os árabes deram o nome de Jund Filistin à região que fica entre o rio Jordão e o mar mediterrâneo – o que hoje equivale
mais ou menos a Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Durante a Idade Média, os judeus da Terra Santa viveram sob governo
muçulmano. O convívio foi marcado por alguns surtos de perseguição e longos períodos de convivência pacífica.
A partir do século 13, o poder do Império Árabe decaiu. Pouco a pouco,
SAIBA MAIS: O SIONISMO
os árabes e judeus do Oriente Médio foram subjugados por outro povo No século XIX, quando a Terra Santa encontrava-se sob o domínio do
muçulmano: os turcos. No século 15, a região foi unificada sob o Império Império Turco Otomano, foi organizado o Sionismo (do hebraico “Sion”,
Turco Otomano, com capital em Istambul (atual Turquia), que dominou a um dos nomes bíblicos de Jerusalém) um movimento político liderado por
antiga Terra Santa até o final da Primeira Guerra Mundial. Theodor Herzel, um jornalista judeu austro-húngaro. O Sionismo defendia
o direito do povo judeu retornar à terra de seus antepassados, de onde
Os atuais conflitos no Oriente Médio são em grande parte consequência foram expulsos pelos romanos no primeiro século da Era Cristã. Herzel
de um terremoto político e social que abalou o mundo no início do século foi um visionário ao sonhar com uma pátria judaica numa época em que
20: a queda do Império Turco Otomano. Na época, esse estado imenso a maioria dos judeus que viviam na Europa encontravam-se acomodados
e aculturados. Sua principal obra, O Estado Judeu, repercutiu junto à
dominava uma bela fatia do Oriente Médio, o norte da África e o leste da comunidade judaica e inspirou a realização do Primeiro Congresso
Europa –incluindo as regiões que hoje formam a Síria, o Iraque, Israel e Sionista (1897) em Basle, Suíça. Herzel morreu em 1904, sem ver com
os territórios palestinos. Mas, na metade do século 19, o gigante turco já seus próprios olhos a criação do Estado de Israel (1948).
andava mal de saúde – tanto que os diplomatas europeus se referiam a
ele como “o Homem Enfermo do Oriente”. Empobrecido, o Estado otomano entrou em colapso e, pouco a pouco, foi perdendo território
para as potências europeias. A partilha culminou em 1919, logo após a Primeira Guerra Mundial. Os turcos aliaram-se ao lado perdedor
[Alemanha e Império Austro-Húngaro] e perderam a maior parte de suas posses. Assim, o Líbano e a Síria viraram “protetorados”
franceses. Já a Palestina, que havia sido província dos otomanos durante 600 anos, ficou sob a administração inglesa.
O problema é que a região era habitada por dois povos cansados do jugo estrangeiro. Árabes e judeus queriam chutar os colonizadores e
formar seus próprios estados. Foram à luta – primeiro contra os britânicos, e depois uns contra os outros. Foi durante o período de
dominação inglesa que o conflito entre os dois povos tomou forma, até explodir com a controversa criação do Estado de Israel, em 1948.”
(Aventuras na História. Coleção Grandes Guerras. São Paulo: Abril, novembro de 2006, p. 30-33.)
A PARTILHA DA TERRA SANTA
Como vimos no tópico anterior, com o fim da Primeira Guerra Mundial e a SAIBA MAIS: A DECLARAÇÃO BALFOUR
desintegração do Império Turco Otomano, a Terra Santa caiu sob o domínio A Declaração Balfour foi um documento expedido pelo Ministro das
da Inglaterra. Foi no período do protetorado que a imigração judaica para a Relações Exteriores da Grã-Bretanha Arthur Balfour, em 1917, onde
o mesmo afirma a disposição do governo inglês de apoiar a criação
região experimentou um significativo crescimento, estimulada pela influência
de uma pátria judaica na Terra Santa, desde que isso não fosse
do Sionismo e pela repercussão da Declaração Balfour (veja o quadro ao prejudicial aos direitos das comunidades não judaicas que viviam na
lado). região. Ao tornar público seu apoio à criação de um Estado judaico
na Terra Santa, o governo britânico indiretamente estimulou a
Essa emigração judaica foi acelerada nas décadas de 30 e 40, devido à imigração judaica para a região, uma vez que a mesma foi colocada
perseguição aos judeus que a Alemanha nazista passou a promover. Estima- sob o protetorado inglês a partir de 1919.
se que por volta de 1940, metade da população da Terra Santa era composta
de judeus. Não tardou para que eclodissem os primeiros conflitos entre a população árabe e os judeus que não paravam de chegar. O
governo britânico, preocupado com a possibilidade dos conflitos aumentarem, tentou, sem sucesso, limitar a imigração judaica.
Terminada a Segunda Guerra Mundial (1945), todo o horror do Holocausto judaico,
promovido pelos nazistas, veio à tona. À medida em que as imagens dos campos de
concentração e de seus sobre-viventes corriam o mundo, crescia a simpatia da
comunidade internacional para a solução do problema judaico (“um povo sem uma
pátria”). Em novembro de 1947, numa sessão da ONU presidida pelo brasileiro Osvaldo
Aranha, foi aprovado um plano de partilha da Terra Santa em dois Estados: um para a
população judaica e outro para a população palestina, ou seja, de origem árabe. A cidade
de Jerusalém, apesar de localizada na área destinada ao Estado palestino, ficaria sob
uma administração internacional. Apesar do plano de partilha contemplar o Estado judaico
com mais terras do que o palestino, este último recebeu as melhores e mais férteis
regiões da Terra Santa. Por outro lado, o território reservado ao Estado palestino não se
constituía uma área contínua; era fragmentado em três porções, o que não foi aceito
pelos árabes. Os britânicos teriam um
prazo para se retirar da Terra Santa, deixando a região livre para a constituição dos dois
Estados.
A proposta da ONU foi recebida com entusiasmo pela comunidade judaica, que
oficializou, sob a liderança de David Ben Gurion, a fundação do Estado de Israel em 14 de maio de 1948. Entretanto, os países da Liga
Árabe (Egito, Líbano, Síria, Iraque e Jordânia) rejeitaram o plano da ONU e incentivaram os palestinos a pegarem em armas e se juntarem
aos seus exércitos na luta contra o recém criado Estado judaico.
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Aula 33 – Conflito Árabe Israelense
A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA (1948-49)
O primeiro conflito eclodiu um dia depois dos judeus proclamarem a fundação do Estado de Israel. De um lado, as forças armadas de um
país que mal acabara de nascer; do outro, os exércitos dos cinco países da Liga Árabe, reforçado por voluntários da população palestina.
“A maioria das pessoas esperava que os árabes vencessem com facilidade,
mas, contra probabilidades aparentemente muito grandes, os israelenses os
derrotaram e conquistaram ainda mais territórios do que a divisão lhes tinha dado,
acabando com cerca de três quartos da Palestina, mais o porto egípcio de Eilat, no
Mar vermelho. Os israelenses venceram porque lutaram desesperadamente, e
porque muitos de seus soldados tinham adquirido experiência lutando no exército
britânico na Segunda Guerra Mundial (cerca de 30.000 homens judeus se ofereceram
para lutar pelos britânicos como voluntários). Os países árabes estavam divididos
entre si e mal equipados. Os próprios palestinos estavam desmoralizados (...)”,
relembra o historiador Norman Lowe em História do Mundo Contemporâneo.
Observe o mapa ao lado: ele mostra a situação das fronteiras após a vitória
israelense. O Estado de Israel passou a controlar cercade 70% do total do território.
Quanto ao que restou daquilo que deveria ter sido o Estado palestino, os países
árabes não demoraram em dividir o despojo entre si. O Egito anexou a Faixa de
Gaza, enquanto a Jordânia fez o mesmo em relação à Cisjordânia. A cidade de
Jerusalém ficou dividida: uma parte sob o controle israelense, outra parte sob o
controle da Jordânia. As fronteiras após a vitória israelense na Guerra de
Apesar do cessar-fogo e da fixação das fronteiras, os países árabes derrotados não Independência (1948-49).
reconheceram o Estado judaico e começaram apreparar um novo ataque.
A primeira guerra árabe-israelense produziu uma multidão de meio milhão de refugiados palestinos. “Embora alguns tivessem sido
expulsos, um grande número, inclusive a liderança palestina árabe, partiu por conta própria. A maioria dos refugiados foi para a Jordânia.
Outros escaparam para a Faixa de Gaza. Desde o primeiro momento o governo de Israel se opôs ao retorno desses refugiados a seus
lares”, escreveram Dan Cohn-Sherbok e Dawoud El-Alami em O Conflito Israel-Palestina.
A GUERRA DE SUEZ (1956)
A derrota dos países da Liga Árabe para o Estado de Israel não foi bem digerida
pela liderança dos cinco membros da referida liga. No Egito, o presidente Nasser,
encabeçando um movimento em prol da unidade do mundo árabe (panarabismo) e
da causa palestina, decidiu nacionalizar o Canal de Suez (que faz a ligação entre o
Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho, criando assim uma via navegável ao Oceano
Índico), construído no século XIX por um consórcio anglo-francês.
O objetivo de Nasser era o de utilizar os Lucros da travessia do canal para construir
uma barragem em Assuã. A nacionalização do Canal de Suez (1956) feria
interesses da França e da Inglaterra, que investiram capitais na construção do canal
e eram seus controladores. Segundo o professor Norman Lowe, franceses, ingleses
e israelenses estabeleceram, a partir de negociações secretas, um plano: “Israel
invadiria o Egito pela península do Sinai e tropas britânicas e francesas ocupariam o canal com o pretexto de que o estariam protegendo de
sofrer danos na luta. O controle anglo-francês do canal seria restabeleci-do e
a derrota, esperava-se, derrubaria Nasser do poder.” SAIBA MAIS: O PAN-ARABISMO
O pan-arabismo foi um movimento nacionalista que pregava a
A ofensiva israelense sobre o Egito foi fulminante: em poucos dias as tropas união dos países de maioria árabe-muçulmana, a fim de fortalecê-
de Israel controlavam toda o Sinai. Entretanto, a ONU negociou um cessar- los política, econômica e culturalmente. Tendo no presidente
fogo e a retirada das tropas israelenses do Sinai, mantendo as fronteiras de egípcio Gamal Abdel Nasser seu principal articulador, o pan-
arabismo floresceu no contexto da descolonização afro-asiática,
1949. No entanto, o Egito manteve seu controle sobre a zona do canal, encampando em seu discurso a luta contra o colonialismo e o
frustrando os planos dos franceses e ingleses. Além disso, o presidente sionismo. A morte de Nasser (1970) representou um declínio para o
Nasser saiu fortalecido do conflito, o que reforçou seu discurso acerca do movimento.
nacionalismo árabe.
A CRIAÇÃO DA OLP (1964)
“Durante quase toda a década de 50, a insatisfação dos palestinos com a situação de ser um povo sem
terra levou-os a fazer ataques esporádicos contra Israel. No entanto, eles não tinham uma organização que
definisse, de modo claro, seus objetivos e suas estratégias de luta. Só em 1959 é que surgiu a primeira
organização voltada para a criação de um estado palestino – a Al Fatah, liderada por Yasser Arafat, um
engenheiro nascido em Jerusalém.
Desde o início a Al Fatah definiu-se como anti sionista, anti-imperialis-ta e com o objetivo de criar um
estado laico e democrático na antiga Palestina. Em 1964, com o patrocínio de vários países árabes como o
Egito, a Argélia e a Tunísia, era criada a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que englobaria
a Al Fath e todos os pequenos grupos palestinos existentes. Em sua carta de fundação, a OLP destacava Yasser Arafat, líder da OLP.
os seguintes pontos:
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.
• ‘A Palestina é a pátria do povo palestino, parte indivisível da vasta pátria árabe, e o povo palestino é parte da nação árabe.’
• ‘Ao povo palestino assistem direitos legais à sua terra natal, onde, libertada a pátria, exercerá a autodeterminação segundo sua vontade.’
• ‘A luta armada é o único caminho para libertar a Palestina.’
• ‘A libertação da Palestina é dever nacional, necessária para repelir a agressão sionista e imperialista contra a vasta pátria árabe. Ela tem
por meta a eliminação da presença sionista na Palestina.’
• ‘A partilha da Palestina em 1947 e a criação do Estado de Israel são inteiramente ilegais, independentemente do decorrer do tempo,
porque foram contrárias à vontade do povo palestino e ao seu direito natural à pátria.’
• ‘O povo árabe palestino, atuando na revolução armada palestina, rejeita qualquer solução que não a libertação total da Palestina.’
Ficava claro que a OLP estava vinculada ao conjunto do mundo árabe e pregava a luta armada e a destruição de Israel. A partir de 1965
teria início sua ação guerrilheira e, também as consequentes represálias israelenses (...).
(...) [A partir da 1974] a OLP começou a descartar o terrorismo como arma política (a não ser nos territórios ocupados de Gaza, da
Cisjordânia e Israel) e passou a buscar seus objetivos pela via diplomática. Os reflexos dessa estratégia política se fizeram sentir logo em
1974, quando Arafat falou pela primeira vez à Assembleia Geral da ONU e a OLP foi admitida como ‘observador permanente’ daquele
organismo.
Até o início da década de 90, mais de 120 países reconheciam a OLP como a única e legítima representante do povo palestino, mantendo
com ela relações diplomáticas e intercâmbio culturais. A partir do momento em que a OLP passou a seguir uma estratégia mais
diplomática, começou a tomar corpo a ideia da criação de um estado palestino não mais em toda a Palestina, mas apenas na Faixa de
Gaza e na Cisjordânia.”
(OLIC, Nelson Bacic. Oriente Médio: uma região de conflitos. 5a. ed. São Paulo: Moderna, 1991, p. 70-72.)
A GUERRA DOS SEIS DIAS (1967)
A ofensiva israelense sobre o Egito na Guerra de Suez (1956) aumentou ainda mais o
clima de tensão no Oriente Médio. Egito, Síria, Jordânia e Líbano começaram a
concentrar tropas em suas fronteiras com Israel. A resposta de Israel foi rápida: suas
forças armadas atacaram de surpresa, por terra e ar, o Egito, a Síria e a Jordânia. Em
apenas 6 dias (5 a 10 de junho de 1967), as tropas israelenses conquistaram a Faixa
de Gaza e a península do Sinai (em poder do Egito), a Cisjordânia (em poder da
Jordânia) e as Colinas de Golan (em poder da Síria). Assim, o Estado de Israel
passou a controlar toda a superfície da Terra Santa, o que agravou a situação dos
palestinos, pois os israelenses construíram assentamentos na Faixa de Gaza e na
Cisjordânia, fazendo com que as esperanças palestinas de um Estado próprio se
tornassem cada vez mais remotas.
Uma das principais consequências desse conflito foi a unificação de Jerusalém,
dividida desde 1949, quando terminou a Guerra de Independência (o setor ocidental
ficou em poder dos israelenses e o setor oriental em poder da Jordânia). Com o
controle sob a totalidade da cidade, os israelenses tiveram acesso aos lugares
sagrados da fé judaica, como o Muro das Lamentações, resquício do templo sagrado
que foi destruído pelos romanos no ano 70.
“Consta que, algumas horas após o fim da guerra-relâmpago, Moshe Dayan [Ministro
da Defesa de Israel] levou o já velho Ben Gurion para um passeio de helicóptero sobre
os territórios anexados. Voaram sobre Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental. Quando
o helicóptero aterrissou, o fundador de Israel segurou Dayan pelo braço e disse-lhe
algo que, hoje, é quase um consenso entre os estudiosos: se Israel quisesse um dia ter paz, devia devolver a maior parte do que
conquistara em 1967.”
(Aventuras na História. Coleção Grandes Guerras. São Paulo: Abril, novembro de 2006, p. 47.)
A GUERRA DO YOM KIPPUR (1973)
Yom Kippur (ou “Dia do Perdão”) é o mais importante feriado religioso na religião
judaica. Em 6 de outubro de 1973, o Egito e a Síria, dispostos a recuperar os territórios
perdidos na Guerra dos Seis Dias (1967), lançaram um ataque surpresa a Israel,
exatamente no referido feriado, quando os israelenses estavam absorvidos nas
cerimônias que envolvem jejum, orações e pedidos de perdão pelos pecados.
Apesar de acumular um grande número de perdas nos primeiros momentos da guerra,
as forças militares de Israel conseguiram virar o jogo em seu favor e impor sua
superioridade aos dois exércitos inimigos. As fronteiras de 1967 foram mantidas ao fim
do conflito.
Durante o conflito, países árabes produtores de petróleo, com o intuito de pressionar
os EUA e a Europa Ocidental a se colocar contra Israel, iniciaram um embargo na Da esquerda para a direita: Sadat (Egito), Carter (EUA) e
venda de petróleo. Isso provocou uma grande crise de desabastecimento do produto Begin (Israel) firmam os Acordos de Camp David (1979).
no Ocidente, fazendo com que a OPEP (Organização dos Países Exportadores de
Arafat iniciaram negociações em Washington (1993), que foram esten-didas a Oslo (1994).
Do encontro em Washington foi redigido um importante documento, a Declaracão de Princípios, que estabelecia uma gradual concessão de
autonomia para os palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Ao mesmo tempo, os palestinos reconheciam o direito de existir de Israel
e se comprometiam a abrir mão do terrorismo.
Vale mencionar que a Declaração de Princípios não estabelecia nenhuma jurisdição palestina sobre Jerusalém. O próprio Yitzak Rabin foi
muito claro quando disse que Jerusalém permaneceria sob a soberania israelense, portanto fora de qualquer esfera de negociação com os
palestinos.
As negociações continuaram no ano seguinte (1994), em Oslo, quando os líderes de Israel e da OLP ratificaram as decisões firmadas em
Washington, o que abriu caminho para o estabelecimento de um autogoverno palestino sobre Gaza e Cisjordânia. Nascia assim a
Autoridade Palestina (AP).
Entretanto, em novembro de 1995 o premier israelense Yitzak Rabin foi assassinado por Yigal Amir, um judeu extremista que se opunha às
concessões feitas por Israel aos palestinos.
A SEGUNDA INTIFADA E OS DESDOBRAMENTOS DA QUESTÃO JUDAICO-PALESTINA AOS NOSSOS DIAS
Em 2000 irrompeu uma nova revolta palestina: a segunda intifada. Também
conhecida como intifada de Al-Aqsa (numa alusão à mesquita de Al-Aqsa, em
Jerusalém, local onde teve seu início), a nova revolta palestina foi precipitada de-
pois que o general Ariel Sharon, à época um dos líderes da direita radical israelense,
contrária à paz com os palestinos, visitou, num ato de provocação, a esplanada das
mesquitas em Jerusalém. O ato de Sharon foi provocativo porque o governo
israelense estudava a possibilidade de incluir Jerusalém nas futuras negociações
com os palestinos.
A visita de Sharon à esplanada das mesquitas desencadeou uma onda de violentos
confrontos entre palestinos e judeus. Ao contrário da primeira intifada (1987), onde
os manifestantes se valiam de paus e pedras, na segunda intifada foram utilizados A provocativa visita de Ariel Sharon (de terno e óculos
fuzis, metralhadoras e armas de grosso calibre. A revolta vitimou milhares de escuros, ao centro) à esplanada das mesquitas, em
palestinos (quase 4 mil ao todo). Também do lado israelense ocorreram perdas Jerusalém, desencadeou a segunda intifada (2000).
(cerca de mil pessoas).
Com o objetivo de conter a onda de violência e a entrada de terroristas palestinos em seu
território, o governo israelense ordenou a construção de uma cerca na fronteira com a Faixa
de Gaza e de um muro na fronteira com a Cisjordânia. As duas obras aumentaram ainda
mais as hostilidades entre as partes, além de tornar insuportável a vida dos palestinos que
precisam atravessar diariamente essas fronteiras. Nos postos de fiscalização a rotina é
estressante, tanto para os soldados israelenses, cuja missão é a de impedir a entrada de
terroristas em Israel, como para os civis palestinos, que ficam à mercê de longas filas e
horas de espera (veja a Leitura Complementar III).
Em 2004 Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestina (AP) morreu. Em janeiro de
2005 Mahmud Abbas foi escolhido como seu sucessor. Nesse mesmo ano, o governo de
Israel removeu todos os assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e também alguns da
Cisjordânia, prometendo aumentar o número para os próximos anos. Entretanto, isso não
foi suficiente para o apetite dos radicais palestinos.
O muro que separa Israel da Cisjordânia.
Hoje os territórios palestinos (Gaza e Cisjordânia) se encontram sob governos diferentes:
• a Cisjordânia é governada pela Autoridade Palestina, sob a presidência de Mahmoud Abbas, favorável à retomada das negociações com
Israel;
• a Faixa de Gaza é governada pelo Hamas e seu líder Khaled Mashaal , contrários a qualquer tipo de acordo de paz com os israelenses.
O que o futuro reserva à Terra Santa? Essa é uma resposta que os historiadores e cientistas políticos gostariam de ter. Israelenses e
palestinos serão capazes, algum dia, de viver juntos, em paz?
LEITURA COMPLEMENTAR I: OS MASSACRES EM SABRA E SHATILA
“Por volta de 1982, Israel tinha se retirado do Sinai (...). Mesmo com o assassinato de Sadat por fundamentalistas egípcios em setembro de
1981, as fronteiras com o Egito estavam pacificadas, bem como as áreas fronteiriças com a Síria e a Jordânia. No norte, porém, Israel
enfrentava novas dificuldades. A Organização para a Libertação da Palestina tinha estabelecido seu quartel-general em Beirute e quartéis
no sul do Líbano, de onde lançava repetidos ataques ao norte de Israel. Adicionalmente, terroristas da OLP conseguiram penetrar nas
fronteiras israelenses e realizar ataques a vítimas inocentes.
Em retaliação, Israel atacou campos de refugiados palestinos e outros alvos. Determinado a defender a nação contra seus inimigos ao
norte, Sharon [Ariel Sharon, Ministro da Defesa de Israel] elaborou um plano para expulsar a OLP do Líbano e ao mesmo tempo fortalecer
os cristãos libaneses que poderiam ser persuadidos a expulsar tanto a OLP como as tropas sírias que estavam estacionadas no país.
Numa reunião com Sharon, em janeiro de 1982, o líder da Falange (as forças cristãs libanesas), Bashir Gemayel, concordou em unir-se a
Israel nas ações contra os palestinos.
Em 6 de junho de 1982, oitenta mil soldados israelenses invadiram o Líbano numa tentativa de estabelecer uma zona de segurança de 25
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Aula 33 – Conflito Árabe Israelense
milhas. Entretanto, no terceiro dia, o exército de Israel tinha penetrado 25 milhas ao norte com o objetivo de unir-se às forças da Falange
em Beirute para cortar a auto estrada Beirute Damasco. Perturbada por esse avanço, a Síria interrompeu a incursão de Israel. Mas na área
de Beirute, as tropas israelenses puderam se unir com a Falange. Depois de uma semana de luta, as tropas israelenses acamparam fora
de Beirute.
Como resultado dessa batalha, as forças da OLP retornaram ao lado ocidental de Beirute. Embora Sharon estivesse ansioso por expulsar
esses combatentes, houve relutância em arriscar a vida dos soldados israelenses. Apesar de ter sido acordado que a Falange
empreenderia essa operação, ela se recusou. Quando Begin [Menachem Begin, premier israelense] insistiu que os palestinos se
retirassem, Arafat [Yasser Arafat, líder da OLP] recusou. Os israelenses, então, lançaram uma ofensiva com a qual esperavam persuadir a
OLP a partir. Devido à intervenção americana, os combatentes se retiraram por mar. Mesmo que essa retirada parecesse ser uma derrota
para a OLP, eles partiram como guerrilheiros triunfantes. Sharon, porém, estava determinado a expulsar as forças da OLP do Líbano. Em
face das negativas dos palestinos, ele insistiu que cerca de dois mil homens estavam escondidos em campos de refugiados. (...) Com o
apoio do exército israelense, tropas da Falange entraram nos campo palestinos de Sabra e Shatila, ao sul de Beirute. De acordo com
testemunhas, esses soldados não fizeram qualquer tentativa de distinguir palestinos de libaneses, ou homens de mulheres e crianças. Mais
de trezentos refugiados foram massacrados.”
(COHN-SHERBOK, Dan. EL-ALAMI, Dawoud. O Conflito Israel-Palestina. São Paulo: Palíndromo, 2005, p. 84-85.)
LEITURA COMPLEMENTAR II: AS COLINAS DA DISCÓRDIA
“Território onde ficam as nascentes de vários rios, como as do Jordão, o mais
importante da região, as Colinas de Golã estão no centro de uma longa disputa entre a
Síria e Israel, que ocupou militarmente o local após vencer a Guerra dos Seis Dias, em
1967. A área está logo ao norte do Estado judeu, que lá implantou diversas colônias.
Para tentar coagir o governo de Israel a devolver a região, a Síria há anos financia a
guerrilha islâmica do Hezbollah, que ataca o norte israelense de suas bases no sul do
Líbano. Israel responde aos ataques, fazendo da fronteira uma terra em perene conflito.
Na década de 1990, na época do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, o mundo
assistiu esperançoso ao início das negociações sobre as colinas. As duas nações, no
entanto, não conseguiram chegar a um acordo, sobretudo no ponto relativo ao domínio
das fontes de água – Israel exige o controle das regiões próximas às nascentes do rio
Jordão.
Em 2000, com o início da segunda Intifada palestina, pararam as conversações. Para a Síria, um pré-requisito para qualquer negociação é
a devolução completa da área, exigência não aceita por Israel.”
(Almanaque Abril - Atualidades Vestibular 2006. São Paulo: Abril, 2006, p. 63.)
LEITURA COMPLEMENTAR III: A TENSÃO NOS POSTOS DE juntamente com a propaganda anti-Israel, sugerem que Israel está
FISCALIZAÇÃO constrangendo mulheres palestinas nos postos de verificação.
Infelizmente, as mulheres não podem ser ignoradas como
“É comum que as nações protejam suas fronteiras e estabeleçam
ameaças potenciais à segurança. Policiais de fronteira de um posto
postos de inspeção para impedir que pessoas entrem ilegalmente
de verificação ao norte de Jerusalém, por exemplo, prenderam
em seus países. Os Estados Unidos têm postos em suas fronteiras
uma mulher palestina empurrando um carrinho de bebê que
e aeroportos e, como os americanos puderam ver em 11 de
continha uma pistola, dois pentes de munição e uma faca.
setembro (de 2001), estas são precauções de segurança
necessárias, embora não infalíveis. Bens comerciais, comida, medicamentos, ambulâncias e
profissionais da área de saúde continuam a circular livremente,
No caso de Israel, a necessidade de postos foi criada pelos
impedidos tão somente pelos ataques contínuos. Os trabalhadores
palestinos. Ao realizarem uma violenta campanha de terror contra
palestinos que têm empregos em Israel também podem passar
cidadãos israelenses, eles forçam Israel a erguer barreiras que
pelos postos de verificação com a devida identificação; as
dificultem o máximo possível que terroristas entrem no país ou
restrições são impostas apenas quando necessárias, devido à
viajem ao longo dos territórios com o objetivo de cometer atos de
questão da segurança.
violência. Os postos são inconvenientes para os palestinos
inocentes, mas eles de fato evitam o terror e poupam vidas. As barreiras não existem para humilhar palestinos, mas para
garantir a segurança de cidadãos israelenses. Infelizmente, toda
Por exemplo, em 2 de novembro de 2002, uma perua carregada de
vez que Israel relaxa esta prática, os terroristas palestinos tiram
caixas de calças jeans foi retida em um destes postos. Os soldados
vantagem da oportunidade para lançar novos ataques contra
verificaram as carteiras de identidade dos homens que estavam na
israelenses inocentes.”
perua e descobriram que um dos passageiros era procurado. A
(BARD, Mitchell G. Mitos e Fatos – A verdade sobre o conflito árabe-israelense. São
perua foi esvaziada e, quando os soldados abriram a última caixa, Paulo: Sêfer, 2004, p. 259.)
descobriram um cinto com explosivos que estava sendo enviado a
um homem-bomba. Duas semanas depois, um táxi foi detido no LEITURA COMPLEMENTAR IV: MEU INIMIGO SOU EU
mesmo posto. Os soldados encontraram dois computadores no “Um jornalista judeu, Yoram Binur, fez uma experiência bastante
bagageiro que pareciam pesados demais. Eles abriram as caixas e interessante sobre as relações entre palestinos e judeus. Repórter
encontraram dois cintos com explosivos. Foi encontrada também respeitado, resolveu passar por palestino durante algum tempo e
uma sacola com um revólver. olhar a questão com outros olhos. Ex- militar, especialista em
As reportagens sensacionalistas dos meios de comunicação, combates antiterroristas, Binur passou a vestir-se como palestino:
‘...deixei o rosto sem barbear e carreguei comigo meu velho e fiel (FREITAS NETO, José Alves de. TASINAFO, Célio Ricardo. História geral e do
Brasil. São Paulo: Harbra, 2006, p. 801.)
keffiyeh vermelho, o tradicional pano que os árabes usam na
cabeça’. LEITURA COMPLEMENTAR VI: O TERRORISMO PALESTINO É
Binur empregou-se num salão de festas pertencente a um judeu de APENAS PARTE DE UM CICLO DE VIOLÊNCIA?
Tel-Aviv e passou a trabalhar intensamente, ganhando pouco. “A suposição subjacente ao argumento do ciclo de violência é que
Descobriu, então, como a mão de obra barata palestina é o terrorismo é um ato de vingança, de motivação emocional, no
importante na economia israelense. Num novo emprego, uma qual se envolvem indivíduos frustrados que não tem outro recurso.
oficina elétrica, o jornalista narra a seguinte cena entre o A história do terrorismo contra Israel solapa essa suposição e
empregador judeu e o suposto palestino: prova que o terrorismo palestino é uma tática racional, escolhida
‘- Você limpa chão e faz café? – perguntou. por líderes, porque se provou eficaz.
- Sim, senhor, mas sou muito bom mecânico, faço revisão e Pode ser mais fácil recrutar homens-bomba no meio de uma
conserto em todos os motores. população de indivíduos frustrados à procura de vingança, mas
homens-bomba e outros terroristas não partem por conta própria
- Você esteja aqui toda manhã das oito em ponto até as cinco da para missões de morte. Eles são enviados por líderes de elite que
tarde, e ganha dez shekels. fazem um cálculo racional baseado em custos e benefícios. Os
Para não levantar a menor das suspeitas, tentei barganhar o custos são bastante baixos, uma vez que os grupos terroristas
salário, que não era suficiente para a minha subsistência, o que radicais se beneficiam de cada morte, tanto de israelenses como
dirá para sustentar uma família. de palestinos. Os palestinos são tratados como mártires e suas
- Os árabes aqui valem um centavo a dúzia, e estão todos famílias são homenageadas e bem pagas.
procurando trabalho. Não há razão para eu lhe pagar o que devo – Um dos objetivos dos terroristas é provocar uma reação exagerada
afirmou Yosi com determinação, mas sem nenhum sinal de dos israelenses, de modo a gerar apoio à própria causa terrorista.
malícia.’ Essa foi certamente a consideração mais forte na bem planejada
Passando por vários locais e situações, Binur traça um quadro escalada de bombardeios-suicidas que se seguiu à rejeição feita
ainda mais curioso por ter sido feito por um jornalista judeu. A obra, por Arafat às ofertas de [Ehud] Barak e [Bill] Clinton em Camp
que leva o título de Meu inimigo sou eu, apresenta uma conclusão David e Taba em 2000-2001. A comunidade internacional, que
interessante: estava se voltando contra Arafat por rejeitar essas ofertas
razoáveis, logo se virou contra Israel, em seguida às respostas de
‘No fim, as impressões que acumulei formaram um quadro
Israel aos ataques suicidas.
deprimente de medo e desconfiança dos dois lados. Os palestinos,
empregados como mão de obra barata, são obrigados a Um outro objetivo – em particular dos que se opõem radicalmente
desempenhar o papel de observadores ativos da sociedade à paz, como o Hamas – é encaminhar o eleitorado israelense para
israelense, enquanto os judeus israelenses não fazem sequer isso a direita a fim de reduzir a possibilidade de uma paz negociada que
e se satisfazem em governar sem demonstrar a menor curiosidade tornaria Israel um Estado judeu. Esse foi, certamente, um efeito
sobre como vive o outro lado. Minha conclusão mais definitiva é importante na escalada dos bombardeios suicidas que ajudou a
que uma continuação da presença militar na Cisjordânia e na faixa assegurar a eleição de [Ariel] Sharon, para a satisfação do Hamas
de Gaza arrisca transformar Israel num lugar em que algumas e de outros que rejeitam o direito de Israel de existir.
pessoas, inclusive eu, acharão insuportável viver.’” Um terceiro objetivo é matar tantos israelenses quantos for
(KARNAL, Leandro. Oriente Médio. São Paulo: Scipione, 1994, p. 51-52.) possível e tentar atemorizar Israel para levá-lo à submissão. Um
LEITURA COMPLEMENTAR V: OS PRINCIPAIS GRUPOS quarto objetivo é satisfazer o povo árabe, que por excessivas
TERRORISTAS PALESTINOS vezes aprendeu nas escolas, nas mesquitas e na mídia que
derramar sangue judeu é uma obrigação. Apenas o primeiro
“Hezbollah – criado em 1982 para combater as forças israelenses
desses objetivos pode ser influenciado por respostas mais
no Líbano, contou, na época, com o apoio da Arábia Saudita. É
moderadas de Israel, mas a um custo alto. Israel deveria ser
muito popular entre os jovens palestinos, que são recrutados como
moderado e proporcional na sua resposta ao terrorismo porque
seus militantes. Tem como objetivos destruir Israel e criar um
essa é a coisa certa a fazer. Mas acreditar que a moderação
Estado islâmico sob o controle dos palestinos. Recebe apoio do
israelense reduziria de modo significativo o terrorismo é supor
Irã.
erroneamente que este é parte de um ciclo de violência mais do
Hamas – foi o primeiro a usar homens-bomba na região (1992). que uma tática de primeira escolha que funcionou para os
Fundado em 1987, visa destruir Israel e criar um Estado islâmico palestinos.”
sob o controle dos palestinos. Por fazer um trabalho social intenso (DERSHOWITZ, Alan. Em defesa de Israel. São Paulo: Nobel, 2004, p. 239-240.)
nos campos de refugiados, tornou-se muito popular entre os
palestinos e mantém um verdadeiro exército de voluntários com
mais de 2 mil integrantes. No poder desde 2006, controlando o
Parlamento Palestino, continuou com o discurso agressivo, mas
deu uma trégua em suas ações terroristas. A crise entre o
Hezbollah e Israel, nesse mesmo ano, deixou a ação política em
segundo plano.
Jihad Islâmica – é o grupo terrorista mais independente que atua
contra Israel, embora também seja financiado pelo Irã. Não tem
grande popularidade entre os palestinos, embora seus objetivos
sejam os mesmos das demais facções extremistas acima citadas.”
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que
previa a criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe em aceitar a decisão
conduziu ao primeiro conflito entre Israel e países árabes.
A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia
interesses anglo-franceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a Península do Sinai. O
terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da
vitória de Israel.
Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), forças
egípcias e sírias atacaram de surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora. A intervenção
americano-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de outubro.
A partir do texto acima, assinale a opção correta.
a) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada pela ação bélica de tradicionais potências
europeias no Oriente Médio.
b) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a terceira guerra árabe-israelense, Israel
obteve rápida vitória.
c) A guerra do Yom Kippur ocorreu no momento em que, a partir de decisão da ONU, foi oficialmente
instalado o Estado de Israel.
d) A ação dos governos de Washington e de Moscou foi decisiva para o cessar-fogo que pôs fim ao
primeiro conflito árabe-israelense.
e) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel mantém suas dimensões territoriais tal como
estabelecido pela resolução de 1947 aprovada pela ONU.
Questão 02
O Estado de Israel, que completou 60 anos em maio deste ano, teve suas fronteiras definidas a partir
de várias guerras com países vizinhos. A esse respeito, avalie as afirmativas a seguir:
I - O plano de Partilha da ONU (Resolução 181) de 1947 previa a retirada das tropas do Império russo,
a criação de um Estado judaico e de um Estado independente árabe-palestino na região da Palestina.
II - Os árabes rejeitaram o plano de partilha da Palestina aprovado pela Assembleia Geral das Nações
Unidas e atacaram o recém-formado Estado de Israel em 1948: era o começo dos conflitos árabe-
israelenses e do dilema dos refugiados palestinos.
III - A vitória israelense na Guerra dos Seis Dias (1967) permitiu a ocupação de quase toda a
Palestina, isto é, do Sinai, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia, de Jerusalém e o do Iraque.
IV - A partir de 1987, a população civil palestina começou a série de levantes (Intifada) contra a
ocupação israelense usando paus, pedras e atentados.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
b) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
e) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
Questão 03
Em discurso proferido em 20 de maio de 2011, o presidente dos EUA, Barack Obama, pronunciou-se
sobre as negociações relativas ao conflito entre palestinos e israelenses, propondo o retorno à
configuração territorial anterior à Guerra dos Seis Dias, ocorrida em 1967.
Sobre o contexto relacionado ao conflito mencionado é correto afirmar que:
a) a criação do Estado de Israel, em 1948, marcou o início de um período de instabilidade no Oriente
Médio, pois significou o confisco dos territórios do Estado da Palestina que existia até então e
desagradou o mundo árabe.
b) a Guerra dos Seis Dias insere-se no contexto de outras disputas entre árabes e israelenses, por
causa das reservas de petróleo localizadas naquela região do Oriente Médio.
c) a Guerra dos Seis Dias significou a ampliação territorial de Israel, com a anexação de territórios,
justificada pelos israelenses como medida preventiva para garantir sua segurança contra ações
árabes.
d) o discurso de Obama representa a postura tradicional da diplomacia norte-americana, que defende
a existência dos Estados de Israel e da Palestina, e diverge da diplomacia europeia, que condena a
existência dos dois Estados.
Questão 04
Quanto aos conflitos entre árabes e israelenses, podemos dizer que: Anotações
I - se aceleram com a partilha da Palestina realizada pela ONU em 1947, que deu origem ao Estado de
Israel e de que decorreu a guerra de 1948/49, que terminou com um acordo de cessar fogo em que
ficava estabelecida a divisão de Jerusalém e a fixação das fronteiras entre Israel e os países árabes.
II - na década de 1960, os conflitos adquirem maior violência em função do aumento dos atos
terroristas palestinos e da aliança militar e política entre Egito, Síria e Jordânia, o que leva à eclosão
da Guerra dos Seis Dias.
III - na década de 1970, os conflitos determinam a explosão da Guerra do Yom Kippur, em 1973, de
que resulta a fixação dos limites territoriais no Oriente Médio e o reconhecimento por parte de Israel,
da OLP, comandada por Arafat, como representante legítima dos interesses palestinos.
Assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) correta(s):
a) Apenas I b) Apenas I e II c) Apenas II
d) Apenas II e III e) Apenas III
Questão 05
Um fator preponderante que deu origem às tensões e lutas entre palestinos e israelenses é
apresentado na seguinte alternativa:
a) diáspora palestina ocorrida a partir de 1945, acarretando a migração de palestinos para os kibutzin
israelenses
b) movimento sionista surgido a partir de 1917, definindo a Palestina como o "lar nacional" de judeus e
palestinos
c) fundação da Organização para a Libertação da Palestina na década de 1950, iniciando o processo
de luta liderado por Yasser Arafat
d) partilha da Palestina aprovada pela Organização das Nações Unidas na década de 1940,
provocando rejeição pelos países árabes
Questão 06
"[...] o Estado israelense anexou a Península do Sinai e a Faixa de Gaza (então pertencentes ao
Egito), a Cisjordânia (da Jordânia) e as Colinas de Golam (da Síria). A guerra foi particularmente
trágica para os palestinos. Novos contingentes de dezenas de milhares engrossaram a diáspora."
ARBEX JR., José. Guerra Fria: terror de Estado, política e cultura. 3a ed. São Paulo: Moderna, 1997. [adapt.].
Os textos referem-se à
a) ocupação israelense sobre o sul do Líbano (2006), antiga Fenícia, aprofundando a Diáspora
hebraica como forma de contenção à ação do Hezbollah.
b) Guerra dos Seis Dias (1967), quando Israel expandiu seu território, promovendo um continuado
conflito.
c) Guerra do Yom Kippur (1973), quando Egito e Síria, embasados pelo nacionalismo de Nasser,
ameaçaram a soberania israelense.
d) formação do Estado de Israel (1948), apoiada pela ONU, na região onde, na Antiguidade, se
localizaram os reinos de Israel e Judá.
e) Guerra do Yom Kippur (1973), quando a OLP (Organização para a Libertação da Palestina),
liderada por Yasser Arafat, entrou em conflito com os sionistas.
Questão 07
No Oriente Médio, as disputas políticas existentes mostram o fortalecimento das crenças Islâmicas nas
últimas décadas. Uma análise histórica da trajetória do Islamismo nos afirma que essa religião:
a) teve uma atuação pouco importante para a vida cultural do povo árabe na Idade Média, mas foi
aceita pelos grupos mais tradicionais.
Questão 08
Os conflitos entre o Estado de Israel e os países árabes no decorrer da segunda metade do século
XX, entre outros desdobramentos, influenciaram na ampliação das fronteiras territoriais israelenses,
frente ao que havia sido estabelecido, originalmente, em 1948. Sobre tais conflitos, podemos afirmar
que:
I - no momento da criação do Estado de Israel, houve enfrentamentos militares entre o novo país e a
Liga Árabe; a intermediação da ONU estabeleceu o controle da Cisjordânia pelo Governo da Jordânia
e o da faixa de Gaza pelo Egito.
II - na Guerra de Suez (1956), desentendimentos entre o governo do Egito, que declarou a
nacionalização do Canal de Suez, e o governo de Israel levaram esse último a controlar a península
do Sinai, posteriormente desocupada em função de pressões soviéticas e norte-americanas.
III - na Guerra dos Seis Dias (1967), envolvendo Israel contra os governos do Egito, da Jordânia e da
Síria, o Estado de Israel ocupou a Península do Sinai, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e as Colinas de
Golã.
IV - na Guerra do Yom Kippur (1973), o Estado de Israel, respondendo a ataques militares dos
governos do Egito e da Síria, conseguiu manter o controle sobre as áreas ocupadas como resultado
da Guerra dos Seis Dias.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
b) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
A oposição norte-americana de ajuda a Israel, desde sua criação guerra do Yom Kippur (1973).
em 1948, em oposição ao mundo árabe, é explicada pelo seguinte e) legalização da ocupação militar e administrativa exercida pela
fato: Síria sobre o sul do Líbano e a Palestina, reconhecida pelos
a) constituição de Israel como um estado democrático, situado num Estados Unidos nos acordos de Camp David (1979).
território concedido aos palestinos pela ONU
b) situação estratégica de Israel como baluarte do ocidente, Questão 13
encravado numa região de conflitos, como o Oriente Médio As dificuldades de construção da paz no Oriente Médio estão
c) desempenho de Israel como ponto de apoio para o mundo ligadas a diversos conflitos históricos que marcaram a convivência
capitalista, localizado numa área alinhada ao mundo comunista dos povos da região ao longo do século XX.
d) formação de um Estado Livre Palestino como sustentáculo do Assinale a opção que apresenta corretamente um desses conflitos:
mundo árabe, num região pertencente, por direito, a Israel a) Na Palestina, a origem do conflito árabe-israelense remonta à
Declaração Balfour (1917) que, ao final da Primeira Guerra
Questão 11 Mundial, submeteu esse país à administração inglesa
Os mapas abaixo descrevem o crescimento territorial de Israel comprometida com a criação do Estado de Israel.
muito além do que a ONU havia estipulado em 1947. b) No Egito, o protetorado francês sobre a monarquia árabe
reinante impediu o golpe de estado liderado por Gamal Nasser,
reconhecendo a soberania de Israel sobre o canal de Suez (1956).
c) Em Israel, a Guerra dos Seis Dias (1967) acarretou a perda dos
territórios da península do Sinai e da faixa de Gaza para a
Coligação Árabe, o que agravou os conflitos na região até a
devolução desses territórios pelos acordos de Camp David.
d) No Líbano, a guerra civil (1975), que opôs cristãos, palestinos e
muçulmanos, encerrou-se com a invasão jordaniana do território
libanês e a divisão do norte do país entre a Síria e a Turquia.
e) No Irã, a revolução liderada pelo aiatolá Khomeini (1979)
substituiu a dinastia Pahlevi, aliada política e militarmente à União
(adaptado de Leandro Kamal. "Oriente Médio".São Paulo:Scipione.1994.p26.) Soviética, por uma República Islâmica fundamentalista.
OUTROS CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO opositor dos Estados Unidos e também da União Soviética. Por se
tratar de um Estado fundamentado nas doutrinas religiosas do
REVOLUÇÃO ISLÂMICA islamismo, a questão em vigor era declarar inimizade com os
A Revolução Islâmica fez do Irã uma república baseada nos “infiéis”, fossem capitalistas ou socialistas. A revolução mudou a
preceitos religiosos do islamismo. vida dos iranianos, os castigos corporais foram liberados, a pena
O Irã é um país do Oriente Médio muito presente nos noticiários de morte entrou em vigor contra os defensores do xá, prostitutas,
por conta de seu governante autoritário e agressivo. Muito do que o homossexuais, marxistas e judeus, além de hábitos ocidentais
país é hoje é fruto de uma revolução ocorrida na década de 1970 como vestuário, minissaia, maquiagem, música ocidental, jogos e
que colocou os dogmas da religião islâmica acima de todos os cinema.
valores democráticos comuns nos outros países do mundo. A postura do governo iraniano se manteve radical mesmo após a
Na década de 1970 o Irã era governado pelo xá Reza Pahlevi, o Guerra Fria, Bill Clinton chegou muito perto de reabrir diálogos
qual desenvolvia um governo concentrando os poderes em um com o Irã, mas seu sucessor na presidência dos Estados Unidos,
pequeno círculo de amigos e aliados. Desde a década de 1940 o George W. Bush, colocou o país no “eixo do mal”, juntamente com
líder do país se mantinha no governo do Estado, sem se preocupar Iraque e Coréia do Norte. Desse modo, as relações voltaram a uma
muito com as diferenças entre os pobres e os ricos, esta se situação extrema, até hoje o diálogo do Ocidente com o Irã é
intensificou no decorrer da década de 1970. O regime do xá Reza complicado.
Pahlevi gerava críticas ao plano econômico, mas principalmente Fonte: http://www.infoescola.com/historia/revolucao-islamica/
quanto ao seu modo autoritário de conduzir a política no país. GUERRA ENTRE IRÃ E IRAQUE
A monarquia autoritária do xá possuía grande afinidade com o A rivalidade que durante séculos pautou a convivência entre persas
Ocidente, o que suscitava mais críticas dos opositores. O e árabes nunca permitiu que a fronteira entre o Irã e o Iraque fosse
personagem com voz mais expressiva na oposição ao governante um território tranquilo. Mas, em 1980, a animosidade entre os dois
do Irã era o aiatolá Ruhollah Khomeini. O líder religioso e da países se transformou numa guerra de grandes proporções: no dia
oposição vivia exilado em Paris e de lá mesmo comandou as 22 de setembro, movido por uma série de disputas políticas e
forças de oposição ao governo do xá, defendendo reformas sociais territoriais, o Iraque invadiu o país vizinho. O governo de Saddam
e econômicas no Irã, além de recuperar os valores religiosos e Hussein queria se precaver contra a "exportação da revolução
tradicionais do islamismo. islâmica" pregada pelo Aiatolá Khomeini, líder do movimento
Somente no ano de 1979 que o líder da oposição conseguiu fundamentalista que derrubara, em 1979, o governo pró-ocidental
retornar ao Irã, no dia 1º de fevereiro, o que intensificou um quadro do Irã.
de estabilidade social e protestos. Nas vésperas do retorno de Saddam temia que os fundamentalistas iranianos instigassem, não
Khomeini ao Irã, a população do país deu início a um levante de só com palavras, mas também com armas, uma revolta da maioria
oposição ao tipo de governo desenvolvido pelo xá Pahlevi, a xiita da população iraquiana. No campo territorial, Saddam
chegada de Khomeini fez aguçar os protestos. Por vários lugares desejava reafirmar a soberania iraquiana sobre o canal de Shatt al-
estouraram os confrontos entre os opositores e os partidários do Arab, via crucial de acesso ao Golfo Pérsico, e cobiçava o
regime vigente. Cuzistão, província iraniana rica em petróleo.
O clima de enfrentamento no país se intensificou e atingiu níveis O Iraque atacou aproveitando-se da aparente confusão política
cruéis para o Irã. Além dos protestos violentos, greves foram provocada pela mudança de governo no Irã, mas não atingiu seu
deflagradas em protesto e atingiram em cheio o seio da economia principal alvo no Cuzistão, a refinaria de Abadã. Militarmente
iraniana. Opositores de esquerda, liberais e xiitas, todos se uniram menos preparado, o Irã se organizou em pouco tempo, contando
contra o governante em função e deram início a um processo com uma motivação difícil de ser mensurada em números: o
revolucionário. fanatismo da população, inflada pelos argumentos de que aquela
Finalmente, em 1979, o xá Pahlevi foi deposto do poder, no dia 1º não era uma guerra comum, mas uma guerra santa, do Islã, contra
de abril, e o Irã foi declarado uma República Islâmica. Reza Pahlevi o "infiel Hussein".
fugiu do país e o aiatolá Khomeini assumiu o cargo de chefe Com a ajuda da guarda revolucionária do regime fundamentalista,
religioso e governante do país. A Revolução Islâmica alterou o Exército iraniano retomaria, em 1982, as posições perdidas. A
profundamente a estrutura social do país, estabelecendo novas partir daí, foi o impasse — militar e político. Saddam tentou um
doutrinas que passavam em primeiro lugar pela questão religiosa. acordo, mas Khomeini, imbuído da missão de derrubar o regime
O processo revolucionário que inicialmente era guiado por anseios iraquiano, insistia no confronto.
democráticos e de melhorias das condições de vida dos iranianos,
Os dois continuaram a atacar, esporadicamente, cidades inimigas
resultou no governo de um chefe religioso que transformou o país
e navios-tanque estacionados no Golfo Pérsico. Finalmente, em 11
em um Estado teocrático.
de março de 1988, quando o conflito contabilizava um milhão de
A postura do governo assumida pelo novo chefe do país foi mortos e 1,7 milhão de feridos, o Irã concordaria com um cessar-
extremamente radical, novas leis, baseadas no islamismo, fogo mediado pela ONU. Em 1990, uma década depois do início da
entraram em vigor, e uma ação de militantes islâmicos tomou guerra, Irã e Iraque reataram relações. Saddam retirou-se do
americanos como reféns na embaixada dos Estados Unidos em território vizinho e dividiu com Teerã a soberania sobre Shatt al-
Teerã. O Irã decretava o fim das afinidades com os Estados Unidos Arab. Em 5 de março de 1991, o Iraque libertou todos os
e o rompimento das relações. prisioneiros da Guerra do Golfo.
Ao longo da Guerra Fria, o governo iraniano se posicionou como Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/guerra-ira-iraque-durou-dez-
anos-contabilizou-um-milhao-de-mortos-10264306
Questão 02
Foi na tevê de uma lanchonete do aeroporto de Curitiba que vi a imagem, um tanto onírica, de uma
das torres do World Trade Center perfurada no terço superior e emitindo labaredas que subiam num
rolo de fumaça contra o límpido céu azul de uma manhã de outono. (...)
Naquele dia, George Bush se escondeu. Quando reapareceu, o mundo estava irremediavelmente
transformado. Começava a “primeira guerra do século 21”, um conflito que a Casa Branca crismou,
numa desastrada declaração inicial, como uma “cruzada” em defesa da “civilização” (...).
MAGNOLI, Demétrio. Terror Global. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 5-6.
Questão 03
No dia 1˚ de maio de 2011, Barack Obama comunicou ao mundo a morte de Osama bin Laden.
Enclausurado numa casa-bunker situada na cidade paquistanesa de Abbottabad, o líder da al-Quaeda
foi morto a tiro durante uma invasão noturna montada pelos agentes do SEAL, a tropa especial naval
americana. Obama também revelou que os comandos resgataram o cadáver de bin Laden,
transportando-o para o porta-aviões USS Carl Vinson, e, depois, observados os ritos fúnebres
islâmicos, lançaram-no ao Mar da Arábia. Chegava assim ao término da caça ao homem que quase
uma década levou os Estados Unidos a prosseguir em um “guerra global contra o terrorismo”,
dispendiosa e repleta de sangue.
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Aula 34 – Outros Conflitos no Oriente Médio
Não obstante as esporádicas manifestações de regozijo popular que acompanharam o anúncio do
presidente Obama, a morte de Osama bin Laden suscitou uma interrogação mais profunda e Anotações
consideravelmente mais premente: terminara a guerra global contra o terrorismo desencadeada por
George W. Bush na sequência dos ataques a Nova York e Washington?
RATO, Vasco. Compreender o 11 de Setembro. São Paulo: Babel, 2001, p. 13.
A morte do terrorista Osama bin Laden, responsável por comandar os ataques de 11 de setembro de
2001 contra alvos civis e militares nos EUA, encerra uma etapa da “guerra global contra o terrorismo”
empreendida pela Casa Branca como parte da política externa conhecida como
a) Destino Manifesto. d) Doutrina Truman.
b) Doutrina Bush. e) Aliança para o Progresso.
c) Política do Big Stick.
Questão 04
“No próximo domingo, o atentado terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e
a outros alvos nos Estados Unidos completa 10 anos. O ataque mudou a história do país e marcou o
mundo todo.
Em 11 de setembro de 2001, dois aviões sequestrados por terroristas da Al Qaeda foram jogados
contra as torres gêmeas. Outra aeronave caiu no prédio do Pentágono, em Washington DC. Um
quarto avião foi derrubado em uma cidade do estado da Pensilvânia. Ele ia em direção a Washington,
mas caiu quando os passageiros e a tripulação tentaram dominar os terroristas e retomar o controle.
Quase três mil pessoas morreram nos ataques. Quem tinha idade suficiente para se dar conta do
impacto daquele acontecimento ainda hoje consegue se lembrar de onde estava quando recebeu a
notícia. Com a ajuda da cobertura ao vivo da imprensa internacional, as cenas da tragédia ganharam o
mundo e chocaram até os que não eram exatamente fãs dos EUA.”
(Disponível em: <http://exame.abril.com.br/economia/mundo/album-de-fotos/11 de-setembro-cenas-do-dia-que-mudou- a-
historia-dos-eua>. Acesso em: 3 set. 2011).
A imprensa tem divulgado muitas notícias acerca dos atentados terroristas, nos Estados Unidos, há
dez anos. O governo norte-americano vem tomando medidas no sentido de evitar que novos ataques
aconteçam.
Sobre esses ataques, podemos afirmar que:
a) foram planejados por Saddam Hussein, notável inimigo dos Estados Unidos, que se aliou à rede
terrorista Al Qaeda.
b) no dia 11 de setembro de 2001, dois aviões foram jogados sobre o principal símbolo religioso dos
norte- americanos, o World Trade Center, lugar que estava repleto de pessoas em oração.
c) o ódio da Al Qaeda aos Estados Unidos se justifica, em grande parte, devido à perseguição norte-
americana ao Estado de Israel.
d) os atentados de 11 de setembro mudaram a forma de os norte-americanos se comportarem,
desencadeando uma verdadeira caça aos comunistas.
e) os atentados de 11 de setembro mostraram ao mundo a vulnerabilidade dos Estados Unidos e
despertaram nos norte-americanos um sentimento de ódio a Osama Bin Laden, culminando com sua
morte, no Paquistão, em maio de 2011.
Questão 05
O site Wikileaks, que tem como fundador o australiano Julian Paul Assange, ficou conhecido em 2010
por revelar milhares de documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA.
Uma mensagem da Secretaria de Estado dos EUA à embaixada americana em Assunção relatou a
preocupação do governo americano da época, com a suposta presença de organizações como Al
Qaeda, o Hizbollah e o Hamas na tríplice fronteira (entre Brasil, Argentina e Paraguai), o que nunca foi
confirmado.
Estas três organizações são, respectivamente:
a) uma organização paramilitar então chefiada por Osama bin Laden, uma milícia fundamentalista
islâmica xiita sediada no Líbano e uma organização palestina, de orientação sunita, que governa a
faixa de Gaza.
b) uma organização paramilitar sediada no Afeganistão, uma milícia fundamentalista chechena e uma
organização palestina xiita que controla a faixa de Gaza.
c) um grupo paramilitar iraquiano xiita, uma milícia fundamentalista saudita e um grupo paramilitar
iraniano.
d) uma milícia fundamentalista iraniana, uma organização palestina que controla a faixa de Gaza e
uma organização terrorista Líbia que era controlada por Muammar al-Gaddafi.
e) uma organização terrorista síria, um grupo paramilitar afegão e uma organização palestina de
orientação sunita, que comanda a faixa de Gaza.
Questão 06
A imagem acima foi capturada no mês de julho de 2010, na região conhecida como Times Square, em Anotações
New York, EUA. Patrocinado pela organização UANI, o gigantesco painel foi instalado numa área de
grande movimentação de pessoas. Estima-se que seja visto, diariamente, por mais de 200 mil
transeuntes, incluindo norte-americanos e estrangeiros que visitam a cidade.
Questão 07
A Guerra anglo-americana contra o Iraque desconsiderou os apelos internacionais por uma saída
diplomática e a posição do próprio Conselho de Segurança. Entre os argumentos dessa coalizão para
a guerra, estão:
I - a suspeita de que o Iraque tivesse armas de destruição em massa.
II - a suspeita de que o governo iraquiano estivesse dando apoio aos vários grupos terroristas.
III - a suspeita de que o Iraque estivesse se preparando para atacar Israel, seu inimigo mais próximo.
IV - a necessidade de atacar preventivamente o Iraque antes que ocorressem outros ataques
semelhantes ao 11 de Setembro.
V - o “estado de exceção”, argumento usado pela coalizão para desconsiderar as convenções de
guerra e a posição do Conselho de Segurança da ONU.
Assinale a alternativa correta:
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas I, II, IV e V estão corretas.
d) Somente as afirmativas III, IV e V estão corretas.
e) Nenhuma das afirmativas está correta.
Questão 08
Em março de 2002, duas colunas de luz preencheram os lugares vazios das Torres Gêmeas
destruídas no 11 de setembro de 2001. Na solenidade, que assinalou os seis meses dos atentados,
rodeado por parentes das vítimas e representantes dos Estados que participaram da “coalizão contra o
terror”, o presidente dos EUA evocou a “causa e a missão” nacionais: “Cada uma das nações deve
saber que, para os Estados Unidos, a guerra ao terror não é apenas uma política – é um
compromisso”. Nessa guerra, “não há imunidade e não pode existir neutralidade”.
Fonte: Magnoli, Demétrio. O Grande Jogo – Política, Cultura e Idéias em Tempo de Barbárie. São Paulo: Ediouro, 2006, p. 42
(com cortes e adaptado)
Considerando as relações de poder entre as nações, o episódio descrito no texto acima apresenta o
seguinte significado histórico-geográfico:
a) Crise do capitalismo no continente asiático.
b) Derrubada do regime fundamentalista islâmico.
c) Crescimento do poder da Organização das Nações Unidas.
d) Expressão de nascimento e consolidação da Doutrina Bush.
e) Adoção de normas éticas de conduta para o fortalecimento do direito internacional.
Questão 03
Em janeiro de 1979, Reza Pahlevi, Xá do Irã, frente à crescente
oposição política e popular, fugiu do país criando uma crise política
que culminou com a vitória dos partidários do clérigo xiita Ruholá
Khomeini.
Assinale a alternativa que indica corretamente a política da
República Islâmica do Irã após a revolução:
a) A nacionalização dos recursos naturais impedia o processo de
exploração do petróleo pelas grandes empresas multinacionais
Em relação aos conflitos religiosos do Oriente Médio, é possível que, até então, tinham sede no país.
afirmar que b) A adesão do Irã à União das Repúblicas Socialistas Soviética, o
a) a disputa religiosa entre judeus e muçulmanos nunca que agravou ainda mais tensões da chamada segunda Guerra
atrapalhou o amplo intercâmbio comercial na região. Fria.
b) os muçulmanos se mantêm politicamente unidos e xiitas e c) A criação de um sistema político multipartidário e democrático.
sunitas jamais se opuseram ou se enfrentaram. d) A imediata declaração de "guerra santa" contra os sunitas do
c) islamismo, judaísmo e cristianismo nasceram na região, mas só Iraque, governado nessa época por Saddam Hussein.
os muçulmanos conservaram seus lugares santos. e) Aceitação da existência de um Estado judeu na Palestina e o
d) os judeus reivindicam o controle territorial completo do Oriente estabelecimento de relações diplomáticas com Israel.
Médio, pois são maioria em todos os países da região.
e) a maior população muçulmana não impediu a formação de um Questão 04
Estado judeu, nem proporcionou a criação de um Estado O fundamentalismo islâmico começa a ser mais comentado como
palestino. fenômeno político e religioso a partir do final da década de 70
deste século.
Questão 02 Identifique a opção que contém os principais eventos que
Leia o texto a seguir: inauguraram tal notoriedade:
"As religiões, que em princípio, deveriam servir para aperfeiçoar o a) Invasão do Kuwait pelo Iraque e Guerra do Golfo.
ser humano, aproximando-o da divindade têm sido responsáveis b) Exílio do xá do Irã e proclamação de uma República Islâmica
por manifestações acabadas de fanatismo. Massacres, torturas, naquele país, sob liderança dos aiatolás.
guerras, perseguições, intolerância e outras atitudes e práticas c) Crise de Suez e intervenção franco-britânica na Zona do Canal.
deploráveis têm testemunhado o que de pior o ser humano d) Deposição do rei da Líbia e estabelecimento de um regime
apresenta, e muitas vezes tais atrocidades são feitas em nome de islâmico por Muammar Khadafi.
Deus." e) Deposição do rei Farouk do Egito e proclamação de uma
(PINSKY, J.; PINSKY, C. Orgs. "Faces do fanatismo". São Paulo: Contexto, 2004. República Islâmica por Gamal Abdel Nasser.
p.15.)
Questão 05
Sobre os conflitos históricos e religiosos que ocorrem no período
contemporâneo, é correto afirmar: As dificuldades de construção da paz no Oriente Médio estão
a) A derrubada pelos aiatolás xiitas da monarquia iraniana ligadas a diversos conflitos históricos que marcaram a convivência
protegida do governo estadunidense, reacendeu na região uma dos povos da região ao longo do século XX.
série de conflitos de caráter religioso, político e cultural, tendo se Assinale a opção que apresenta corretamente um desses conflitos:
desdobrado em um conflito contra o Iraque. a) Na Palestina, a origem do conflito árabe-israelense remonta à
b) Os cristãos ortodoxos radicados em Istambul são resultantes da Declaração Balfour (1917) que, ao final da Primeira Guerra
diáspora árabe e utilizam-se de sua concepção política e religiosa Mundial, submeteu esse país à administração inglesa
para combater, ao lado dos aliados, a presença militar sionista que comprometida com a criação do Estado de Israel.
ocupou a Cisjordânia para explorar os poços de petróleo da b) No Egito, o protetorado francês sobre a monarquia árabe
região. reinante impediu o golpe de estado liderado por Gamal Nasser,
c) No período da Guerra Fria, a URSS, aliada dos Talebans, reconhecendo a soberania de Israel sobre o canal de Suez (1956).
infiltrou-se no Afeganistão com uma ideologia religiosa e, ao c) Em Israel, a Guerra dos Seis Dias (1967) acarretou a perda dos
territórios da península do Sinai e da faixa de Gaza para a
Coligação Árabe, o que agravou os conflitos na região até a b) Guerra Irã-Iraque, entre 1980 e 1989, conflito típico da Guerra
devolução desses territórios pelos acordos de Camp David. Fria, pois os dois países representavam, respectivamente, os
d) No Líbano, a guerra civil (1975), que opôs cristãos, palestinos e interesses dos Estados Unidos e da União Soviética, em sua
muçulmanos, encerrou-se com a invasão jordaniana do território disputa pelo controle global.
libanês e a divisão do norte do país entre a Síria e a Turquia. c) ocupação do Kuwait, país vizinho, por tropas do Iraque, em
e) No Irã, a revolução liderada pelo aiatolá Khomeini (1979) 1990, na disputa por campos petrolíferos, com a intenção explícita
substituiu a dinastia Pahlevi, aliada política e militarmente à União de aumentar a produção de petróleo iraquiana e diminuir seu preço
Soviética, por uma República Islâmica fundamentalista. no mercado internacional.
d) Primeira Guerra do Golfo, em 1991, quando os Estados Unidos
Questão 06 atacaram o Iraque a pedido dos governos iraniano e kuwaitiano,
"Depois de enfrentar problemas financeiros, que repercutiram na depuseram o regime islâmico e implantaram uma democracia
situação política interna, as monarquias do Golfo Pérsico se representativa.
beneficiam de um fluxo extraordinário de divisas, graças ao alto e) Segunda Guerra do Golfo, em 2003, quando a Organização das
preço do petróleo. (...) em todos esses países, há dois Nações Unidas (ONU) convocou os Estados Unidos e a Inglaterra
denominadores comuns: Estados ineficientes e perdulários e para que invadissem o Iraque e expropriassem suas áreas
desemprego alto. O desemprego atinge a geração jovem, do petrolíferas.
chamado baby boom da alta do petróleo dos anos 70. Os
desempregados se escoram no generoso sistema de proteção Questão 09
social, outro traço comum dessas monarquias, que têm como O Governo do Presidente Jimmy Carter (1977-1980) correspondeu
tradição, calcada nos petrodólares, garantir o conforto dos a um contexto em que
cidadãos do nascimento à morte. (...) Essas regalias, que sempre a) a política externa dos EUA encobriu as denúncias de violação de
amorteceram qualquer descontentamento político, tiveram que ser direitos humanos, como torturas, prisões políticas e assassinatos
revistas nos últimos anos, por causa do alto custo da Guerra do cometidos pelas ditaduras militares latino-americanas.
Golfo, bancado sobretudo pela Arábia Saudita..." b) a Revolução Islâmica no Irã, liderada pelo Aiatolá Khomeini,
O texto permite estabelecer uma relação de causa e efeito entre derrubou o governo do Xá Reza Pahlevi, aliado dos EUA, para
a) miséria e dívida externa. implantar um regime antiocidente e que defendia os fundamentos
b) austeridade e petrodólares. do islamismo.
c) preço do petróleo e estabilidade política. c) a Revolução Sandinista, na Nicarágua, de inspiração Marxista,
d) gastos excessivos e baixo preço do petróleo. terminou com o longo período de dominação da família Somoza,
e) incompetência administrativa e esgotamento do petróleo. instalando um governo aliado dos EUA.
d) na América Central, intensificou-se a Guerra Fria, pois o governo
Questão 07 de Carter financiou guerrilhas pró-EUA na Nicarágua e em El
"O Oriente Médio é, sem dúvida, o local mais explosivo do mundo Salvador.
contemporâneo. A região fazia parte do Império Otomano, e) no Brasil, a Ditadura militar não permitiu qualquer medida para a
tornando-se protetorado franco-britânico após a I Guerra Mundial. abertura política e anistia àqueles que tinham participado da luta
Tal como ocorria na Ásia e na África, após a II Guerra iniciou-se o armada.
processo de descolonização, mas, em função da Guerra Fria e dos
interesses petrolíferos, esse processo foi extremamente Questão 10
tumultuado."
(Marques,A.; Berutti, F. e Faria, R. História do tempo presente,Textos e Documentos
7. São Paulo: Ed. Contexto, 2003, p.169.)
Questão 08
Do final dos anos 1970 até hoje, Irã e Iraque estiveram
constantemente no noticiário internacional.
Entre outros motivos, devido à:
a) revolução no Irã, em 1978-1979, que acabou com a monarquia
pró-Estados Unidos no país e instalou um regime islâmico xiita,
controlado pelos aiatolás, que passaram a pregar a guerra santa
contra seus opositores.
Disponível em: www.oglobo.globo.com, capturado em 25/08/2009.
O COLAPSO DO SOCIALISMO E O FIM DE URSS Porém, alegando que os países do Ocidente estariam conspirando
para que as forças anti-socialistas assumissem o poder, a URSS
INTRODUÇÃO forjou para que os governos de coalizão fossem substituídos por
No fim da década de 80 e início dos anos 90 do século XX, o regimes de um só partido, controlados pelos partidos comunistas
mundo testemunhou um turbilhão de acontecimentos e locais.
transformações na URSS e nos países do Leste europeu (à época Assim, a escolha do caminho socialista não foi resultado da opção
pertencentes ao bloco socialista) que alterou o mapa geopolítico da da maioria dos povos do Leste Europeu, mas fruto da imposição
Europa e da Ásia, pôs fim aos regimes socialistas nesses países, pela URSS de um modelo de vida em sociedade.
encerrou mais de quatro décadas sob a Guerra Fria, sepultou a
ordem mundial bipolar e redefiniu um novo cenário no panorama (...) Esse sistema, chamado mais tarde de ‘socialismo real’ (em
internacional. oposição ao ‘socialismo ideal’, pensado no século XIX por Karl
Marx), tinha as seguintes características principais:
Para os professores Paulo Visentini e Analúcia Pereira, em História
do Mundo Contemporâneo, o colapso do socialismo na URSS e no 1) Politicamente a vida era dividida e regulada por um só partido, o
Leste europeu ocorreu “de forma desconcertante, tomando de que caracterizava os regimes políticos da região em foco como não
surpresa inclusive os serviços de inteligência ocidentais e muitos democráticos ou totalitários, já que não se abria a possibilidade de
analistas renomados. A segunda superpotência, detentora de alternância de partidos no poder. Os regimes de partido único
imensos recursos econômico sociais e político militares, permitiram que os comunistas mantivessem o controle de
desapareceu de forma insólita, deixando um vazio de poder, de praticamente todas as instituições políticas e organizações sociais.
forma relativamente pacífica. Foi um caso inédito de ‘renúncia de Assim, o partido se confundiu com o Estado a ponto de as
poder’ e desorganização por parte da envelhecida elite soviética, principais figuras desses regimes serem quase sempre os
que se tornara uma espécie de ‘gerontocracia’ (governo de secretários-gerais desses partidos.
velhos).” 2) A economia era extremamente centralizada e planificada. Um
O SOCIALISMO NO LESTE EUROPEU grupo de técnicos e burocratas decidia, sem nenhuma consulta ou
oposição, o que produzir, quanto e quando produzir, isto é, a priori
“O socialismo se implantou no Leste Europeu após a Segunda estabelecia todas as instâncias de produção (fábricas, fazendas
Guerra Mundial como resultado da expulsão dos nazistas, que bancos etc.) estavam nas mãos do Estado. Como não havia
haviam ocupado a região. Isso aconteceu na Bulgária, na concorrência, a maior parte dos bens produzidos deixava muito a
Romênia, na Polônia, na Tchecoslováquia, na Hungria e em desejar em termos de qualidade.
algumas regiões da Alemanha e foi resultado do avanço do
Exército soviético sobre essas regiões. 3) A industrialização nos países do leste europeu teve um
expressivo crescimento. Esse crescimento, no entanto, mostrava
Na Iugoslávia e na Albânia isso não aconteceu. Nesses dois países uma clara distorção: quase sempre valorizavam-se mais as
as forças de ocupação alemãs não foram expulsas pelo Exército indústrias de bases (indústrias que fornecem matérias primas para
vermelho, mas sim por movimentos guerrilheiros que tinham a sua outras indústrias, como a siderúrgica, por exemplo), em detrimento
frente líderes de esquerda. das indústrias de bens de consumo. Uma das consequências
Por conta desse fato a Iugoslávia e a Albânia, apesar de no pós- dessa estratégia foi a falta crônica de bens de consumo para a
guerra terem adotado o mesmo sistema dos outros países da população, fato que era agravado pela baixa qualidade dos
região, tiveram evoluções políticas posteriores bem diferenciadas, produtos oferecidos. Assim, em muitos países do Leste Europeu,
o que resultou na maior independência desses dois países em os cidadãos eram obrigados muitas vezes a enfrentar longas filas
relação a Moscou. para comprar uma parte considerável dos bens de consumo de que
necessitava.
4) Como a industrialização era quase sempre a prioridade, a
agricultura recebia menos incentivos. Além disso, a coletivização
forçada das terras resultou, em muitos casos, na diminuição da
produção e da produtividade e em contínuos fracassos do setor.
5) Por fim, insistia-se na ideia de que nos países socialistas
inexistiam classes sociais, ou melhor, existiria apenas a classe
trabalhadora. Mas na realidade não era bem assim: um grupo de
privilegiados usufruía de uma série de regalias que a maioria dos
cidadãos nem de longe podia ter. Essa ‘camada social’, formada
basicamente por técnicos e burocratas ligados ao aparelho
administrativo do Estado (e, portanto, do partido), podia adquirir,
Na conferência de Yalta, realizada quando a Segunda Guerra por exemplo, produtos de consumo em lojas especiais, ter acesso
estava por terminar (fevereiro de 1945), discutiu-se sobre o destino a carros e residências de forma facilitada etc.
dos países do leste da Europa. Nessa conferência ficou Como todas essas características foram ‘testadas’ e cristalizadas
estabelecido a formação de governos provisórios, que deveriam na URSS durante a época stalinista (período entre 1923 e 1953,
representar todo o espectro das forças políticas que haviam quando os soviéticos foram governados com ‘mão de ferro’ por
combatido o nazismo. Além disso, seriam garantidas a realização Stalin), existe muita simetria entre a implantação do socialismo no
de eleições e condições para o pleno funcionamento das Leste Europeu e o stalinismo. Deve-se lembrar que para estreitar
instituições democráticas. ainda mais os laços entre a URSS e os países do Leste Europeu
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foram criados o Conselho de Assistência Econômica Mútua (Caem Uma das primeiras medidas do novo chefe soviético foi declarar,
ou Comecom), em 1949, e o Pacto de Varsóvia. em agosto de 1985, que a União Soviética suspenderia
O Comecom permitiu que a URSS isolasse a economia do Leste imediatamente os testes nucleares subterrâneos. A moratória
Europeu do resto dos países do continente, criando um esquema nuclear unilateral surpreendeu o mundo, mas ainda parecia mais
de interdependência entre os estados membros dessa uma peça de propaganda comunista. Ninguém apostava, ainda,
organização. que as reformas eram pra valer. Mas, em fevereiro de 1986,
quando se realizou o vigésimo sétimo Congresso do Partido
O domínio de Moscou tomou formas definitivas quando foi criado o
Comunista, Gorbatchov causou estardalhaço no mundo ao expor
Pacto de Varsóvia. Essa organização político-militar unia a URSS
um audacioso programa de reformas políticas e econômicas. No
aos países do Leste Europeu e visava dar uma resposta conjunta
plano político, Gorbatchov já falava em uma ‘nova era’, que
em caso de ameaça à integridade territorial de algum dos países
enterraria a corrida armamentista e estabeleceria um processo de
membros. Entretanto essa organização era usada sobretudo como
colaboração entre as nações. No plano econômico, o dirigente
instrumento de pressão ou de intervenção quando algum
fazia duras críticas à era Brejnev [1964 a 1982, quando a URSS foi
componente da organização não seguia as linhas políticas
governada por Leonid Brejnev], por ele qualificada como ‘período
traçadas por Moscou.”
de estagnação’, e propunha um plano de ‘revitalização’ da
(OLIC, Nelson Bacic. A desisntegração do leste: URSS, Iugoslávia, Europa Oriental.
São Paulo: Moderna, 1993, p. 13-15.)
sociedade e do país.
COMEÇAM AS MUDANÇAS NA URSS SAIBA MAIS: AS REPÚBLICAS QUE FORMAVAM A URSS
“No início dos anos 80, a economia soviética, que era totalmente 1. Federação Russa
controlada pelo Estado, estava à beira de um colapso. Informações 2. Geórgia
que são hoje conhecidas, mas que na época eram consideradas 3. Cazaquistão
segredo de Estado, mostram que a maior parte da indústria 4. Turcomênia
soviética estava obsoleta, os níveis de produção caíam a cada ano, 5. Quirguistão
a qualidade de vida era cada vez pior. Embora, oficialmente, não 6. Uzbequistão
houvesse desemprego no país, a verdade é que em algumas 7. Tadjiquistão
regiões, como no Cáucaso (formada pela Armênia, Arzebaijão e 8. Azerbaijão
Geórgia), mais de um terço da população ativa estava sem 9. Armênia
trabalho. Mesmo em alguns bairros de Moscou havia fome, falta de 10. Ucrânia
médicos e precariedade de serviços elementares, como telefone, 11. Moldova
água e luz. Por causa do desabastecimento, formavam-se filas 12. Bielorrússia
gigantescas para comprar pão, leite e outros produtos essenciais. 13. Lituânia
A vida, em resumo, ‘ia de mal a pior’ para a imensa maioria da 14. Letônia
população. 15. Estônia
Não se falava, ainda, em abolição do socialismo, do estatismo e
muito menos em pluralismo político. Mas algo de novo estava
acontecendo, isso era evidente. Os conceitos de glasnost e
perestroika começavam a se tornar frequentes nos jornais do
mundo inteiro. Glasnost, em russo, significa ‘transparência’. Com
esse conceito, Gorbatchov queria expressar uma nova relação
entre o poder e a sociedade. Ele dizia que a censura deveria ser
abolida, de tal forma que os problemas pudessem aparecer e ser
discutidos sem medo da repressão e da polícia. Perestroika quer
dizer ‘reconstrução’. O termo indicava a necessidade de reconstruir
(...) Finalmente, em março de 1985, quando [Konstantin] a economia soviética sobre novas bases. Embora Gorbatchov
Tchernenko [dirigente soviético] morreu, o Partido Comunista tinha defendesse o estatismo socialista e o igualitarismo econômico, ele
um nome para apresentar ao mundo. Seu novo chefe seria um já dizia que tudo isso era compatível com a iniciativa criadora dos
advogado de 54 anos, relativamente jovem para os padrões indivíduos e que o Estado não deveria ser uma camisa de força
soviéticos e portador de algumas ideias realmente inovadoras. para aqueles que quisessem progredir.
Começava, então, a era de Mikhail Sergueievitch Gorbatchov. Esses conceitos, que hoje nos parecem óbvios e corriqueiros, na
época tiveram o efeito de uma bomba. O único dirigente soviético
que havia tentado fazer algumas reformas no sentido proposto por
Gorbatchov fora Nikita Khrushev, nos anos 50, e isso lhe havia
custado o cargo. Dentro da própria União Soviética, aliás, muitos
apostavam que Gorbatchov teria o mesmo destino de Khrushev,
caso prosseguisse naquela linha.
(ARBEX JÚNIOR, José. Guerra fria: terror de Estado, política e cultura. São Paulo:
Moderna, 1997, p. 178-182.)
GLASNOST E PERESTROIKA: NOVOS VENTOS SOPRAM NA URSS
“Gorbatchov não queria acabar com o (...) [socialismo], e sim
substituir o sistema existente, que ainda era basicamente stalinista,
O líder soviético Mikhail Gorbatchov. por um sistema socialista que fosse humano e democrático. Ele
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Foi em meados da década de 70 que a União Soviética começou a perder o “bonde da história”.
Ficava evidente, mesmo para os próprios soviéticos, que o império vermelho era uma superpotência
apenas pelo poderio militar, pelo arsenal nuclear e pela capacidade de destruição em massa. Devido
ao seu baixo dinamismo econômico, a produtividade industrial não acompanhava, nem de longe, os
avanços dos países capitalistas desenvolvidos mais competitivos. Seu parque industrial, sucateado,
era incapaz de produzir bens de consumo em quantidade e qualidade suficientes para abastecer a
própria população. As filas intermináveis eram parte do cotidiano dos soviéticos e o descontentamento
se generalizava.
Em outras palavras, na União Soviética,
a) a falta de dinamismo econômico e de progresso social era devida à economia liberal.
b) o parque industrial era obsoleto, não atendendo à demanda da população.
c) o descontentamento popular expressava-se em imensas filas de protesto contra a carência de
certos bens.
d) a incapacidade de produzir bens de consumo era compensada pela indústria pesada, em qualidade
e em quantidade.
e) o descontentamento popular foi agravado pela política de incentivo à importação de produtos
ocidentais.
Questão 02
As meninas da família Salikhov vivem perto da fronteira da Rússia com a Géorgia e o Azerbaidjão.
Quando os funcionários da escola local – situada no extremo leste de Stavropol, região esparsamente
povoada – anunciaram que as meninas que usam hijab (espécie de véu que cobre toda a cabeça e os
cabelos das mulheres islâmicas) não poderiam mais frequentar escolas do governo, os Salikhov
tiveram que fazer algumas mudanças. Raifat, 15, chorou com a notícia de que ela seria enviada para
estudar na região vizinha do Daguestão.
BARRY, Ellen. Proibição do véu em região da Rússia revolta população muçulmana.
Disponível em: www.noticias.uol.com.br (acesso em 22 abr. 2013)
Questão 03
"O novo secretário-geral do PC soviético, Mikhail Gorbachev, de 54 anos, assumiu o poder (...).
Gorbachev é o mais jovem líder soviético desde Josef Stalin (...)."
(Jayme Brener, "Jornal do século XX")
Questão 04
Desde o início da década de 90 (séc. XX), a área assinalada no mapa tem sido palco de sangrentos Anotações
conflitos.
Uma das causas desses conflitos e o país ao qual pertenciam as regiões retratadas no mapa são
respectivamente identificados numa das alternativas abaixo:
a) Ideal sérvio de construir a Grande Sérvia; Tchecoslováquia.
b) Rivalidades étnicas, religiosas, históricas, culturais e territoriais; Iugoslávia.
c) Domínio estrangeiro e exploração econômica; União Soviética.
d) Ideais separatistas reforçados pela glasnost; Bulgária.
e) Abertura econômica (perestroika); Romênia.
Questão 05
Em meados de 1980, as estratégias político-econômicas conduzidas pelo novo secretário-geral do
Partido Comunista, Mikhail Gorbachev, acabaram contribuindo para o colapso da União Soviética e de
seu regime socialista.
Sobre essas estratégias, considere as seguintes afirmações.
I - A "Glasnost" tinha por finalidade revitalizar o socialismo através, entre outras reformas, de uma
relativa democratização do sistema.
II - A não-concessão de maior independência política aos Estados membros da União Soviética rendeu
a Gorbachev o apoio da ala conservadora do partido.
III - A "Perestroika" buscou reestruturar a economia estatal planificada, com o objetivo de impedir a
crescente privatização dos meios de produção e a concentração fundiária.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III. e) I, II e III.
Questão 06
Sob a liderança de Mikhail Gorbachev, a "perestroika" buscou criar nova economia na URSS e a
"Glasnost" buscou abertura política. Desapareceu a URSS e foi criada a CEI (Comunidade de Estados
Independentes). Na política externa, o resultado mais importante das reformas no Leste Europeu foi:
a) o aumento do poderio bélico americano com a "Guerra nas Estrelas".
b) a militarização do Japão em função das ameaças da Coréia do Norte.
c) o enfraquecimento da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
d) o fim da Guerra Fria.
e) a reestruturação do Pacto de Varsóvia.
Questão 07
Questão 08
A ilustração, de autoria do cartunista norte-americano Peter Kuper, nos remete à nova ordem mundial
pós-guerra fria, que apresenta as seguintes características:
a) apesar da resistência iraquiana à ocupação norte-americana do Iraque, os EUA demonstram
respeito aos Direitos Humanos com o fechamento das prisões de Abu Ghraib (Iraque) e Guantanamo
(Cuba).
b) a desintegração de blocos regionais que buscam submeter-se ao poderio norte-americano, como é
o caso da União Europeia.
c) decadência econômica e militar na China, que combina um sistema político de partido único com
uma economia que se abre, seletivamente, ao capital externo.
d) adoção do neoliberalismo em países latino-americanos como Brasil e Argentina, com aumento do
papel do Estado na economia, através das privatizações de empresas estatais e maior despesa em
gastos sociais, diminuindo o desemprego.
e) os EUA assumiram a condição de única superpotência mundial, sem considerar a posição da ONU,
como no caso da invasão do Iraque, em 2003.
Questão 05
Sobre a importância e o significado políticos da queda do Muro de
Berlim (nov/1989), assinale a afirmativa CORRETA:
a) A queda do Muro significou a extensão do socialismo para
Berlim ocidental.
b) A queda do Muro foi o primeiro momento no processo de
unificação da Europa.
c) A queda do Muro ampliou o turismo na Alemanha Oriental.
Essas significativas mudanças nas fronteiras de paises da Europa d) A queda do Muro deu início ao processo de reunificação da
Oriental nas duas ultimas décadas do século XX, direta ou Alemanha.
indiretamente, resultaram: e) A crise política provocada pela queda do Muro quase levou as
a) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus países aliados, duas Alemanha à guerra.
na ordem internacional.
b) da crise do capitalismo na Europa, representada principalmente Questão 06
pela queda do muro de Berlim. “No outono de 1989, a expressão revolução de veludo foi cunhada
c) da luta de antigas e tradicionais comunidades nacionais e para descrever uma mudança de regime pacífica, teatral e
religiosas oprimidas por Estados criados antes da Segunda Guerra negociada em um pequeno país da Europa central que não existe
Mundial. mais. Esse rótulo sedutor foi então aplicado de forma retrospectiva
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"Voto de cabresto", "curral eleitoral", "eleição a bico de pena", "juiz nosso", "delegado nosso",
"capangas" e "apadrinhamento" são expressões que lembram em nosso país o:
a) liberalismo.
b) totalitarismo.
c) messianismo.
d) coronelismo.
e) comunismo.
Questão 02
Considere os excertos a seguir.
I. "... a classe dos fazendeiros de café se conservava e se eternizava no Governo graças a uma
máquina eleitoral que se estendia por todo o país, mergulhando suas raízes na terra..."
II. "... o Estado (...) é todo ele marcado pelo arbítrio dos governantes contra setores populares que se
organizavam para reduzir a exploração..."
III. "... a política dos governadores permitia às classes dominantes dos Estados mais poderosos (...)
preservar e fortalecer o poder do grupo que dominava o aparelho estatal..."
Os governos da Primeira República Brasileira ficaram conhecidos como oligárquicos, em virtude de
apenas um grupo estar ali representado. Esses governos estão corretamente identificados em
a) apenas II
b) apenas I e II
c) apenas I e III
d) apenas II e III
e) I, II e III
Questão 03
A identificação dos governos da República Velha com os interesses da economia cafeeira pode ser
expressa pelo(a):
a) financiamento, através do Banco do Brasil, para o plantio de novas lavouras, no Encilhamento.
b) estatização das exportações, com o objetivo de garantir os preços, durante a Primeira Guerra
Mundial.
c) adoção de uma política de valorização, reduzindo a oferta do produto, a partir do Convênio de
Taubaté.
d) controle da mão-de-obra camponesa e apoio à imigração, com a Lei Adolfo Gordo.
e) isenção de tributos assegurada no programa de estabilização de Campos Sales.
Questão 04
"Cabo de enxada engrossa as mãos - o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis
são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais
(...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima
do patrão, a gente vira pessoa."
(Palmério, Mario. "Vila dos Confins")
Questão 06
Recentemente as páginas de um jornal paulista foram ocupadas pela polêmica entre um renomado
filósofo e um conhecido político do nordeste brasileiro. Este último foi apontado por seu debatedor
como sendo praticante de "coronelismo".
A expressão "coronelismo", cunhada na década de 30, no Brasil, diz respeito a uma prática política
que se define
a) pela articulação de governadores dos estados mais poderosos com o objetivo de sustentar algum
candidato ao poder executivo.
b) pelo controle político regional exercido através de favorecimentos e constrangimentos pessoais.
c) pelo comando de "lobbies" no Congresso Nacional com a finalidade de assegurar posições
pessoais.
d) pela aliança de proprietários de terras com setores politizados do Exército.
e) pela utilização de canais de comunicação de massa com objetivos políticos.
Questão 07
Leia o texto.
"Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até o
presidente da república, eram eleitos por sufrágio universal e, lá, como aqui, de há muito que os
políticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento perturbador
- 'o voto'. Julgavam os chefes e capatazes políticos que apurar os votos dos seus concidadãos era
anarquizar a instituição e provocar um trabalho infernal na apuração porquanto cada qual votaria em
um nome, visto que, em geral, os eleitores têm a tendência de votar em conhecidos ou amigos. Cada
cabeça, cada sentença; e para obviar os inconvenientes de semelhante fato, os mesários de
Bruzundanga lavravam as atas conforme entendiam e davam votações aos candidatos, conforme
queriam. (...) Às vezes semelhantes eleitores votavam até com nome de mortos, cujos diplomas
apresentavam aos mesários solenes e hieráticos que nem sacerdotes de antigas religiões".
(BARRETO, Lima. OS BRUZUNDANGAS. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. p. 65-66)
Todas as alternativas contêm afirmações que confirmam o comportamento eleitoral criticado na sátira
de Lima Barreto, EXCETO
a) O domínio político dos coronéis rurais garantia a mecânica eleitoral fraudulenta operada através do
voto de curral.
b) O interesse das elites agrárias e a exclusão das demais classes sociais da política estavam
garantidos nesse sistema político-eleitoral.
c) O sistema eleitoral descrito como corrupto estava na base da política dos governadores, posta em
prática pelas oligarquias na chamada República Velha.
d) O sistema eleitoral fraudulento foi consolidado, no fim dos anos 20, através da ação decisiva da
Aliança Liberal.
e) O voto de cabresto era uma forma de manipulação do eleitorado seja através da compra de voto
seja através da troca do voto por favores.
Questão 08
A POLÍTICA DOS GOVERNADORES, instituída no governo Campos Sales (1898-1902), significou a Anotações
resolução da contradição instituída pela Constituição de 1891.
Essa contradição se dava entre
a) a naturalização compulsória e a livre escolha da cidadania brasileira.
b) a política de valorização do café e a indústria nascente.
c) o bicameralismo e a democracia indireta.
d) o federalismo e o presidencialismo.
e) os presidentes militares e os cafeicultores paulistas.
botinas, uma camisa de chita e um chapéu de palha desabado." O Estado de Minas acha-se destinado a representar o mais
O texto, que narra um dia de eleição no período da República importante papel na verificação dos poderes da futura Câmara. A
Velha, refere-se DIRETAMENTE reforma do regimento, ao findar-se a passada legislatura, deu ao
a) à política do café-com-leite e dos governadores. Dr. Vaz de Melo, deputado mineiro, a investidura da presidência
b) ao coronelismo e ao voto de cabresto. interina desta casa do Congresso na próxima sessão. A ele caberá
c) à oligarquia do café e ao curral eleitoral. formar a comissão, à qual incumbe o início, a base dos trabalhos
d) à política dos governadores e ao coronelismo. na verificação dos poderes. É deste ponto de partida que
e) ao curral eleitoral e ao direito de voto do analfabeto. dependerá essencialmente a constituição legítima do mais
importante ramo do Congresso, principalmente se, como presumo,
Questão 08 o presidente interino firmar o prestígio da sua ação preliminar no
Durante a República Velha no Brasil (1889-1930), vigorou o apoio decidido e resoluto da poderosa representação mineira, da
conhecido "voto de cabresto", que se relaciona com, EXCETO: qual ele faz parte".
(Carta de Campos Sales a Silviano Brandão - 8/2/1900, citada em Manuel Ferraz
a) pouca politização das camadas populares rurais e urbanas. Campos Sales, DA PROPAGANDA À PRESIDÊNCIA. Brasília, Ed. Univ. de Brasília,
b) utilização de formas de violência por parte dos coronéis. 1983).
c) votação aberta, permitindo a formação dos "currais eleitorais".
d) predomínio de interesses dos grandes proprietários rurais. "Nesta república monstruosa, onde não há justiça, nem instrução,
e) troca de favores, melhorando as condições de vida dos nem eleição, nem responsabilidades, a bandeira da federação é a
trabalhadores. bandeira negra do corso cobrindo todas as depredações da
pirataria política".
Questão 09 (Martim Soares, O BABAQUARA. SUBSÍDIO PARA A HISTÓRIA DA OLIGARQUIA
NO CEARÁ. Rio de Janeiro, s/ed., 1912).
I. "Para sua 'clientela', isto é, para a massa de agregados que
dispunha de seus favores em troca de absoluta fidelidade, (...) era
Estes são dois documentos relativos à organização política da
cedido terras para o cultivo, ajuda nas doenças, proteção nos
Primeira República. No primeiro documento, o presidente Campos
problemas policiais etc., para os amigos e membros da família, (...)
Sales promove entendimentos com o governador de Minas Gerais
ele distribuía cargos na administração pública, arranjava
no sentido de interferir no processo de verificação de poderes para
empréstimos."
a composição da Câmara dos Deputados. Estabelecido o acordo
II. "As disputas eleitorais também davam origem às chamadas
do governo federal com Minas Gerais e outros importantes estados,
eleições a bico de pena, ou seja, eleições fraudulentas onde se
entrava em Vigor um dos mais importantes acordos políticos da
registravam votos de pessoas que não existiam ou que já haviam
Primeira República - a política dos governadores. O segundo
falecido..."
documento é um pequeno trecho de um vigoroso libelo contra o
predomínio das oligarquias na Primeira República.
Os textos I e II descrevem fenômenos que identificam, no Brasil, o
a) Explique de que forma a política dos governadores contribuiu
a) populismo e a Nova República.
para o fortalecimento das oligarquias estaduais.
b) tenentismo e o Regime Militar.
b) Justifique a indignação do autor do segundo documento por meio
c) mandonismo e o Estado Novo.
de dois exemplos.
d) coronelismo e a República Velha.
e) parlamentarismo e o Segundo Império.
Questão 12
Questão 10 O Convênio de Taubaté, em 1906, inaugurou a primeira política de
valorização do café.
Tratava-se de reduzir o poder das oligarquias nas áreas onde isto
Considere tal política e analise as ocorrências enumeradas a
parecia mais fácil e onde eram mais chocantes as desigualdades
seguir:
sociais. Tendo muitos laços com a política local, não conseguiram
I) manutenção dos lucros em todo o setor cafeeiro nacional e seu
mais do que substituir velhas oligarquias por novas.
reinvestimento na própria cafeicultura;
(Boris Fausto)
II) descompasso entre os padrões de desempenho da cafeicultura
nas distintas regiões produtoras do centro-sul do país;
O texto identifica uma política característica da República Velha e
III) manutenção dos lucros da cafeicultura paulista e diversificação
utilizada pelo governo Hermes da Fonseca, através de
agrícola das demais regiões produtoras de café;
interventores militares. Assinale-a nas alternativas abaixo.
IV) fortalecimento do Partido Republicano fluminense e mineiro.
a) Política do Café com Leite
Dentre estas ocorrências, as que são consequências da política
b) Política de Valorização do Café
mencionada estão indicadas por:
c) Política das Salvações
a) I e II d) II e III
d) Política dos Governadores
b) I e III e) III e IV
e) Política de Parceria
c) I e IV
Questão 11
Questão 13
"Espero que a representação mineira, correspondendo aos nobres
"Diante do meu charuto muito doutor de lei ficou menor do que um
intuitos de V.Ex.a., virá trazer o importante concurso do seu apoio
anão de circo de cavalinho"
para a realização da grande obra que o meu governo tem em mãos (Ponciano de Azeredo Furtado, personagem criado por José Candido de Carvalho,
e que, felizmente, para levá-lo a conclusão, não carece senão da em O CORONEL E O LOBISOMEM).
firmeza dos bons elementos que constituírem o futuro Congresso. Tomando como referência o texto, identifique o fenômeno nele
(...) retratado e explique suas raízes e permanências.
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214
Aula 15 – Domínio Oligárquico da Primeira República
Questão 14
"Entendi que não era lícito assistir indiferentemente a esta luta
[política na Câmara Federal], cujos resultados poderiam acarretar a
ruína da República. Dirigi-me para este fim aos governadores dos
Estados, onde reside iniludivelmente a força política deste regime.
(...) Outros deram à minha política a denominação de Política dos
Governadores. Teriam acertado se dissessem Política dos
Estados."
(Campos Sales: DA PROPAGANDA À REPÚBLICA)
Questão 15
Qual a situação econômica do Brasil quando Campos Sales
assumiu a presidência? Que medidas adotou frente a esta
situação?
CONFLITOS SOCIAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA perseguidos pelas patrulhas volantes das policias estaduais, essas
forças agiam com tanta brutalidade quanto os cangaceiros, e no
(1889-1914) meio da luta quem mais sofria eram os sertanejos.
GRUPOS SOCIAIS E CRISE DA REPUBLICA VELHA URBANOS
REVOLTAS RURAIS REVOLTA DA VACINA
CANUDOS No mandato de Rodrigues Alves foi articulado um programa de
Canudos representou um movimento messiânico, ligado ao reurbanização do Rio de Janeiro, objetivando transformar a então
catolicismo popular, sob a liderança de Antônio Conselheiro, que capital em um cartão postal internacional. Com a destruição de
significava para os nordestinos uma saída, diante do panorama de casebres e cortiços principalmente no centro da cidade, para
profunda miséria e opressão do coronelismo. Antônio Conselheiro aumentar as tensões foi implantada a lei de vacinação obrigatória.
fazia oposição a separação entre a Igreja e o Estado, e ao fato do O desconhecimento sobre o efeito da vacina, mais a imoralidade
Estado estar desempenhando funções que eram da Igreja. de sua aplicação somado ao autoritarismo do governo com as
Conselheiro nunca foi monárquico mas defendia a princesa Isabel reformas urbanas, provocou a revolta da Vacina.
como a protagonista da abolição, além de defender o
REVOLTA DA CHIBATA
sebastianismo.
No governo de Hermes da Fonseca eclodiu a revolta da Chibata,
O movimento acabou representando uma ameaça para a Igreja
causada pela combinação de diferentes fatores que geraram o
pelo fato de retirar parte dos fieis do controle do clero, e batia de
caos na marinha brasileira, os baixos salários, os castigos
frente com os interesses dos fazendeiros por tirar mão-de-obra e
corporais, a péssima alimentação além das humilhações pela
eleitores dos seus currais eleitorais.
condição da maioria dos marinheiros serem pobres e negros.
Depois de intensas batalhas e de incrível resistência, a quarta
Os marinheiros liderados por Joao Candido, o mestre-sala dos
expedição conseguiu que a comunidade fosse exterminada mas
mares, tornaram o encouraçado Minas Gerais, ameaçando
sua existência foi depois mantida pela Os Sertões de Euclides da
bombardear o Rio de Janeiro. Foram rendidos depois de um
Cunha.
acordo falso na cadeia tentaram um motim e foram condenados.
CONTESTADO
A região do Contestado era disputada por Santa Catarina e Paraná
devido a rica floresta e a extensa plantação de erva-mate. A área
atraiu grandes companhias, que expulsavam os posseiros locais. A
situação agravou-se com a construção de um trecho de uma
estrada de ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. No final da obra,
grande parte dos trabalhadores contratados tinha o projeto de
permanecer na região.
A multiplicação de trabalhadores sem-terra criou um clima propicio
a agitações e conflitos. Foi nesse contexto que surgiu Miguel
Boaventura ex-soldado conhecido como monge Jose Maria. Beato
e curandeiro, o monge ajudava os caboclos e pregava uma
sociedade igualitária. No povoado de Taquaruçu ele organizou um
grupo chamado Os doze pares da França mais tarde criou a
Monarquia Celeste, seu proposito era resistir aos que pretendiam
expulsar a população cabocla, que seguiu i líder na promessa da
justiça divina.
Os primeiros choques armados ocorreram em 1912, de um lado os
pelados, os soldados da Monarquia Celeste e do outro os peludos,
que eram os jagunços contratados pelas empresas, policiais e
soldados do exército. Apesar de inferior em armas a irmandade
cabocla resistiu até 1915. A guerra matou mais de 6 mil pessoas e
estendeu-se por mais de 20 mil quilômetros.
CANGAÇO
O movimento do cangaço teve início no final do século XIX, e
estendeu-se até meados da década de 1940, os cangaceiros
integravam grupos armados violentos, que sobreviviam por meio
de saques e pilhagens. Em geral, homens e mulheres do sertão
que aderiram para fugir da miséria ou para vingar-se de alguém
poderoso.
Os primeiros bandos de cangaceiros atuavam vinculados as
ordens de um coronel, na defesa de seus interesses, mais tarde
formaram-se grupos independentes. Os cangaceiros eram
De acordo com o texto, a Revolta da Vacina, o movimento de Canudos e o do Contestado foram vistos
internacionalmente como
a) provocados pelo êxodo maciço de populações saídas do campo rumo às cidades logo após a
abolição.
b) retrógrados, pois dificultavam a modernização do país.
c) decorrentes da política sanitarista de Oswaldo Cruz.
d) indícios de que a escravidão e o império chegavam ao fim para dar lugar ao trabalho livre e à
república.
e) conservadores, porque ameaçavam o avanço do capital norte-americano no Brasil.
Questão 02
"Na manhã do dia seis
Canudos foi destruída
Com bombardeios e incêndios
Não ficou nada com vida
Dizem que o Conselheiro
Tinha morrido primeiro
Na Belo Monte querida"
(FRANÇA, Antônio Queiroz de e RINARÉ, Rouxinol do. "Antonio Conselheiro e a Guerra de Canudos." Fortaleza, Tupynanquim,
2002, p 32.)
Questão 03
Veja a tabela a seguir:
Mortalidade pelas Principais Moléstias Transmissíveis
Rio de Janeiro (DF) - 1886-1910
(Damazio, Sylvia. "Retrato Social do Rio de Janeiro na Virada do Século", RJ, UERJ,1996.)
I - Rodrigues Alves (1902-1906) adotou uma política de saúde, com base nas reformas de Pereira
Passos e na participação de Oswaldo Cruz, o que fez diminuir a mortalidade pelas doenças
transmissíveis.
Anotações
II - As reformas sanitárias e as campanhas de vacinação, realizadas por Oswaldo Cruz, não tiveram
efeito positivo na queda da mortalidade.
III - A mortalidade por moléstias transmissíveis não sofreu uma queda percentual progressiva.
IV - A ação governamental concentrou esforços no combate à febre amarela.
Podemos afirmar que a opção correta é:
a) I e IV
b) III e II
c) IV e III
d) I e III
e) II e IV
Questão 04
Comparando-se os movimentos sócio-político-religioso de Canudos e do Contestado, semelhanças e
diferenças podem ser estabelecidas.
A respeito do tema, assinale a alternativa correta.
I - Ambos tinham ideologia definida no que se refere à propriedade privada da terra, que consagravam.
II - Ambos apresentam-se como reflexo do determinismo geográfico, tendo em vista a aridez do solo,
sua pequena fertilidade e prolongadas secas.
III - Enquanto os rebeldes de Canudos mostravam-se simpáticos à forma de governo republicana
instalada pouco tempo antes, no Contestado essa simpatia era ainda mais ampliada.
IV - Os dois movimentos foram finalmente derrotados por tropas do exército.
V - O misticismo, sob a forma de um catolicismo em que ocorria a ausência de sacerdotes na vida
comunitária, estava presente nos dois movimentos de contestação à República Oligárquica.
Estão corretas:
a) II, III e V
b) I, III e IV
c) apenas III e IV
d) apenas IV e V
e) apenas I e II
Questão 05
Em 1904, o governo brasileiro decretou a vacinação obrigatória contra a varíola, suscitando tensões
sociais na cidade do Rio de Janeiro. Nesse contexto histórico emergiu um movimento popular
conhecido por Revolta da Vacina, cujos anseios acabaram se traduzindo numa luta contra
a) o movimento grevista dos funcionários dos postos de saúde, que impedia a população pobre de
tomar a vacina.
b) a cobrança do imposto sindical e a modernização patrocinada pelos cafeicultores nas regiões
centrais da cidade do Rio de Janeiro.
c) o alto custo de vida, o desemprego, a falta de liberdade política, a opressão do poder público e a
demolição dos cortiços naquela cidade.
d) o presidente do Congresso Nacional que aprovou a lei da vacina, mas não garantia a sua aplicação
para toda a população.
e) as fábricas que produziam as vacinas, em razão da desorganização da distribuição do medicamento
aos postos de saúde.
Questão 06
Leia este texto referente ao Arraial de Canudos:
O arraial foi crescendo num ritmo espantoso, à custa tanto da vizinhança, quanto de pontos
longínquos do sertão: de Pernambuco, do Piauí, do Ceará, de Alagoas, de Sergipe, de Minas Gerais e
até de São Paulo. A zona nordestina, porém, dava-os em maior quantidade e a mais atingida pelo
êxodo era a região das secas e das fazendas de criação. No seu apogeu calculava-se em oito mil a
quantidade de habitantes do Império de Monte Belo. Sua composição era heterogênea [...] Tipos
físicos os mais diversos; raros os brancos puros, os negros puros; em grande e maioria toda sorte de
mestiços [...] Econômica e socialmente eram em sua maioria indivíduos de algumas posses.
(QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. "O messianismo no Brasil e no mundo". São Paulo: Alfa-Omega, 1976. p.229-230.)
Com base na leitura desse trecho, é INCORRETO afirmar que o temor dos proprietários de terra e das
autoridades políticas com a movimentação em torno de Antônio Conselheiro relacionava-se
Questão 07
A submissão do trabalhador rural ao poder do violento chefe local, "coronel", a expulsão de posseiros,
a política opressora, o isolamento das culturas rústicas, geraram na Primeira República movimentos
místicos que foram dizimados pelo governo republicano. Identifique estes movimentos nas alternativas
abaixo.
a) Revoltas de Chibata e Quebra Quilos.
b) Revoltas de Canudos e Contestado.
c) Revoltas de Armada e Federalista.
d) Revoltas de Vacina e Tenentista.
e) Intentona Comunista e Greve Geral de 1917.
Questão 08
Na República Velha, pobres, marginais, desempregados, filhos rebeldes eram praticamente forçados a
ingressar na Marinha, onde não podiam dar baixa antes de 15 anos de serviço; sujeitos a trabalho
pesado, disciplina rigorosa, castigos físicos. Tais fatos provocaram a revolta liderada pelo marinheiro
João Cândido, conhecida por:
a) Revolta da Vacina.
b) Revolta do Contestado.
c) Revolta de Juazeiro.
d) Revolta da Chibata.
e) Revolta do Caldeirão.
Questão 05 Questão 09
No final do século XIX e no início do século XX, ocorreu, no oeste Em março de 1897, assim se pronunciou o jornal carioca O PAIZ
de Santa Catarina e do Paraná, o conflito conhecido como Guerra sobre o movimento de Canudos:
do Contestado. Algumas de suas causas foram: "O que de um golpe abalava o prestígio da autoridade constituída e
01. surgimento de líderes religiosos carismáticos. abatia a representação do brio de nossa pátria no seu renome, na
02. criação de novos municípios, como Mafra e Porto União. sua tradição e na sua força era o movimento armado que, à sombra
04. conflito de fronteiras entre Brasil e Bolívia. do fanatismo religioso, marchava acelerado contra as próprias
08. construção da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul. instituições (...).
16. a revolução de 1893 em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Não há quem a esta hora não compreenda que o monarquismo
revolucionário quer destruir (...) a unidade do Brasil."
(citado por Euclides da Cunha em OS SERTÕES)
Questão 10 Questão 14
"O bandido social é, em geral, membro de uma sociedade rural e, "Em abril de 1897 organizou-se a chamada 4ª Expedição, sob o
por razões várias, encarado como proscrito ou criminoso pelo comando do General Arthur Oscar de Andrade Guimarães. Desde
Estado e pelos grandes proprietários. Apesar disso, continua a que essa tropa - uma poderosa máquina de guerra - foi posta em
fazer parte da sociedade camponesa de que é originário e é funcionamento, até outubro do mesmo ano, quando Canudos foi
considerado herói por sua gente, seja ele um justiceiro, um arrasada, 8 mil homens lutaram contra os conselheiristas, usando o
vingador, ou alguém que rouba dos ricos." mais moderno equipamento".
(Carlos Alberto Dória, SAGA. A GRANDE HISTÓRIA DO BRASIL) (Douglas T. Monteiro. "UM CONFRONTO ENTRE JUAZEIRO,
CANUDOS E CONTESTADO". IN. HISTÓRIA GERAL DA CIVILIZAÇÃO
BRASILEIRA. O BRASIL REPUBLICANO; SOCIEDADE E INSTITUIÇÕES (1889 -
Utilizando a definição anterior, explique o movimento do cangaço
1930), Tomo III, 2º vol. Rio de Janeiro - São Paulo. Difel. 1977, p. 61.)
brasileiro.
A partir do texto, explique o movimento de Canudos levando em
Questão 11 consideração os conceitos de Messianismo e Mandonismo Local.
A República Brasileira, na última década do Século XIX, caminhava
para a consolidação da oligarquia dos coronéis-fazendeiros. A crise Questão 15
econômico-financeira agravava as condições de vida na cidade e "O nome CANGAÇO vem do conjunto de armas carregadas por
no campo. A rebelião de Canudos pode ser entendida como homens que prestavam serviços de proteção e defesa a chefes
movimento de: políticos locais. Suas armas eram tantas que pesavam sobre seus
a) hesitação dos mandatários políticos em desfechar medidas ombros como pesa a CANGA sobre o pescoço do boi. Daí o nome
repressivas contra a gente oprimida. CANGACEIROS. Entretanto, nem sempre estiveram à disposição
b) tensão social agravada pela expulsão dos camponeses que dos chefes políticos locais".
atuavam nas frentes pioneiras catarinenses e paranaenses. Responda:
c) resistência da população sertaneja contra a estrutura agrário- a) Qual era a zona de ação do cangaço?
latifundiária e as medidas repressivas oficiais. b) Por que surgiu esse fenômeno social?
d) descontentamento dos fanáticos que buscavam efetivar práticas c) Quais acontecimentos e transformações estruturais concorreram
liberais burguesas. para seu fim?
e) rebeldia dos jagunços que se opunham à rede de açudes e às
campanhas de combate às secas.
Questão 12
"...o maior líder sertanejo do Brasil e comandante do maior e mais
importante movimento camponês de luta pela posse da terra e de
resistência à opressão dos latifundiários da história brasileira."
A frase acima refere-se a:
a) Manoel Vinagre, líder da Cabanagem.
b) Francisco Sabino Alvares da Rocha Vieira, líder da Sabinada.
c) Raimundo Gomes, líder da Balaiada.
d) Antonio Conselheiro, líder de Canudos.
e) Luis Carlos Prestes, líder Tenentista.
Questão 13
Em 1893, o peregrino Antônio Conselheiro se instalou, com seus
seguidores, na fazenda abandonada de Canudos, às margens do
rio Vaza-Barris, no nordeste da Bahia.
Todas as alternativas apresentam afirmações corretas sobre o
movimento de Canudos, EXCETO
a) A República proclamada em 1889 mostrou a sua face ditatorial
na crueza com que massacrou Canudos, onde praticamente não
deixou sobreviventes.
b) Belo Monte ou Canudos foi criado como refúgio sagrado contra
as secas da região e as leis seculares da República.
c) Canudos se destacou, entre outros movimentos messiânicos da
época, pela oposição frontal à Monarquia e pela adoção da
República como sistema de governo.
d) Euclides da Cunha, enviado ao front como correspondente de O
Estado de São Paulo, escreveu uma série de reportagens, ponto de
CRISE DA PRIMEIRA REPUBLICA E A REVOLUÇÃO levantes como o episodio dos 18 do Forte de Copacabana, a
revolução tenentista de São Paulo e Rio Grande do Sul.
DE 30 (1914-1930)
Depois de rebeliões tenentistas fracassadas, os participantes
POLITICA EXTERNA uniram suas forças e formaram a Coluna Prestes, um
O Brasil ganhou um novo referencial ao criar o cargo de diplomata, destacamento militar que atravessou mais de 24 mil quilômetros do
o Barão do Rio Branco foi o pioneiro. Em 1903, foi assinado o território brasileiro, escapando a sucessivos cercos das policias,
Tratado de Petrópolis, que oficializava a anexação do Acre, em tropas estaduais e federais.
troca o governo brasileiro indenizaria monetariamente e construiria O caráter elitista dos tenentes impediu que os integrantes do grupo
uma ferrovia. fossem aclamados pela descontente com a ordem vigente, como
Em 1906, o Rio de Janeiro sedia a Terceira Conferencia Pan- líderes e representantes populares.
Americana, aproximando o Brasil de relações cordiais com a REVOLUÇAO DE 30
América Latina e os EUA.
A crise dos anos 20 principalmente depois da crise de 29, agravou
O fato de maior relevância da política externa foi a entrada do a política interna dividindo as oligarquias, segundo o esquema
Brasil na Primeira Guerra Mundial, motivada pelo afundamento de café-com-leite, inesperadamente, o presidente Washington Luís
navios brasileiros. O que fez nosso país romper relações preferiu apoiar para seu sucessor outro paulista ao invés de indicar
diplomáticas com a Alemanha. Nossa participação no conflito foi o um mineiro como era de regra.
fornecimento de alimentos, envio de médicos, um corpo de
Descontentes, as elites mineiras romperam com o governo e
aviadores e a presença de nossa marinha no patrulhamento do
aliaram-se aos políticos do Rio Grande do Sul, Paraíba e grupos de
Atlântico Sul.
oposição de outros estados e formaram a Aliança Liberal. Foi
QUESTAO OPERARIA lançado a candidatura de Getúlio Vargas a presidência e Joao
Em 1906, com a criação da Confederação Operaria Brasileira que Pessoa a vice. A campanha ocorreu em um clima de tensão, com
buscava reunir os trabalhadores para reivindicarem justiça social agressões verbais e até choques armados, mas a força política do
diante da condição de trabalho que estavam submetidos, os governo deu vitória ao candidato paulista.
patrões começaram a combater as organizações operarias e a Alguns líderes da Aliança Liberal estavam conspirando, quando
produção de revistas e jornais. Joao Pessoa foi assassinado por um de seus adversários na
É nesse contexto que nasce a Lei Celerada, uma lei de repressão política paraibana. Surgiu o boato de que Washington Luís tinha
ao anarquismo autorizando a expulsão de líderes operários do encomendado o crime, foi o estopim da rebelião.
Brasil. Os choques entre as tropas federais e os revoltosos se espalharam
POLITICA INTERNA por todo o país, as próprias forças governamentais aconselhavam
Washington a reconhecer a derrota e renunciar.
Uma das políticas mais notáveis foi a criação do Serviço de
Proteção ao Índio, defendendo que os índios poderiam viver
segundo os seus costumes, o que acabou levando a preservação
de várias comunidades indígenas.
No governo de Hermes da Fonseca foi criada a Política das
Salvações, esta derrubava as oligarquias regionais contrarias ao
governo federal, em outras palavras, não poderiam ser oposição ao
executivo federal, pois se corria o risco de ser acusado de
confabular fraudes e, portanto ser destituído da governabilidade da
política dos governadores.
A semana de arte moderna pregava a ruptura com a república,
ousava arquitetar uma produção cultural alicerçada nos valores
nacionais. O movimento verde-amarelo esboçava um nacionalismo
exacerbado, acabou estimulando politicamente o fascismo no
Brasil. O movimento antropofágico, buscava utilizar os padrões
culturais diferentes e transforma-los em valores nacionais.
TENENTISMO
No contexto da republica oligárquica, o movimento tenentista
expressou o inconformismo político dos setores médios urbanos
contra a ordem oligárquica. Ao mesmo tempo que reclamava os
baixos salários e sua marginalização política. Eles exigiam voto
secreto e o fim da corrupção oligárquica.
A insatisfação militar começou a vir a tona com a campanha
eleitoral de 22, publicação de cartas falsas atribuídas a Arthur
Bernardes insultando o exército. Bernardes venceu as eleições o
que era já previsível sendo ele o candidato das oligarquias. Os
militares opositores a política do café-com-leite, realizaram vários
Questão 01
O tema central do texto refere-se:
a) ao mundo das fábricas no Brasil até 1930, destacando o cotidiano na vida dos trabalhadores.
b) à organização do movimento operário no Brasil, no período que antecede a Era Vergas.
c) à exploração do trabalho infantil em substituição ao trabalho adulto nas fábricas brasileiras.
d) às dificuldades do operariado frente ao empresariado, devido à falta de organização sindical.
e) à expansão da atividade industrial no Brasil a partir da crise da economia agrário-exportadora.
Questão 02
Sobre as condições de trabalho do operariado brasileiro no período anterior a 30, é correto afirmar
que, EXCETO:
a) não há legislação social, garantindo os direitos trabalhistas aos operários.
b) os baixos salários dos trabalhadores urbanos reduzem o seu poder de compra.
c) os regulamentos das fábricas objetivam a disciplina e a produtividade do trabalho.
d) a vida dos operários e da população urbana é motivo para sua organização social.
e) as mulheres operárias são discriminadas e excluídas dos direitos trabalhistas.
Questão 03
Sobre o cotidiano dos trabalhadores nas vilas operárias, é correto afirmar que, EXCETO:
a) os operários, nessas vilas, vivem a extensão da vida das fábricas.
b) a empresa exerce forte controle sobre a vida privada dos trabalhadores.
c) a igreja faz parte das instituições responsáveis pela submissão do operariado.
d) as instituições como a creche e a escola estão a serviço do empresariado.
e) o lazer é a forma encontrada pelo operariado para burlar a vigilância do patrão.
Questão 04
Sobre o Movimento Tenentista é correto afirmar:
01. o tenentismo foi o braço armado do movimento comunista na República Velha.
02. as revoltas tenentistas ocorreram principalmente em Mato Grosso e Bahia.
04. o tenentismo tem sua origem no descontentamento militar com a política oligárquica.
08. a ideologia política do tenentismo pode ser classificada como conservadora e elitista.
16. o tenentismo expressou os anseios do movimento operário na Primeira República.
Soma ( )
Questão 05
Ao negar apoio à Aliança Liberal, Luís Carlos Prestes manifestava-se a respeito do movimento
contestatório, nos seguintes termos:
"Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram sacrificados e vilmente mistificado todo um
povo por uma campanha aparentemente democrática, mas que no fundo não era mais que uma luta
entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas."
Prestes referia-se ao movimento que ficou conhecido como:
a) Revolução de 1964. d) lntentona Comunista.
b) Revoltas Tenentistas. e) Ação lntegralista.
c) Revolução de 1930.
Questão 06
É um homem calmo numa terra de esquentados. Um disciplinador numa terra de indisciplinados. Um Anotações
prudente numa terra de imprudentes. Um sóbrio numa terra de esbanjadores. Um silencioso numa
terra de papagaios.
(Érico Veríssimo)
A descrição refere-se ao líder da Revolução de 1930, Getúlio Vargas, que chegou ao poder através:
a) da vitória nas urnas sobre o candidato oficial Júlio Prestes.
b) do movimento armado, que se seguiu a derrota da Aliança Liberal nas eleições, agravada pelo
assassinato de João Pessoa.
c) da coluna Prestes e do apoio incondicional à liderança tenentista.
d) da formação de um grupo homogêneo, composto de novas lideranças políticas e sem vínculos com
as velhas oligarquias.
e) da definição de uma política voltada exclusivamente para o setor agrário, atingido pela crise do café.
Questão 07
A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha e inaugurou uma nova forma de atuação do
Estado frente às transformações da sociedade brasileira, como exemplifica o
a) atendimento de demandas de diferentes setores sociais como operários e empresários.
b) afastamento do Estado da gestão da economia.
c) abandono dos setores produtores agrícolas tradicionais.
d) controle da alta hierarquia militar sobre os principais órgãos estatais.
e) apoio às oligarquias dominantes nos Estados.
Questão 08
A revolução de 1924, movimento tenentista, relacionou-se:
a) aos desejos de reformas econômicas e sociais de caráter socialista que acarretassem a superação
da República oligárquica e elitista.
b) à violência praticada pelos governos republicanos controlados pelas oligarquias paulista e mineira
contra lideranças operárias e camponesas.
c) aos anseios por reformas políticas moralizadoras de cunho liberal que não se chocavam com os
princípios de ordenação constitucionais da República.
d) ao caráter conservador do governo Epitácio Pessoa, cuja política repressiva desencadeou o
movimento de intervenção federal nos estados oposicionistas.
e) à luta pela superação de caráter espoliativo e dependente da economia brasileira, visando obter
maior prestígio no concerto internacional.
a) relação entre o crescimento da indústria e o declínio das vendas IV - A greve, apesar de contar no início com a adesão apenas da
do café, após o Convênio de Taubaté. metade da classe trabalhadora da cidade de São Paulo, constituiu-
b) instalação de empresas multinacionais no Brasil, desde o século se em grande sucesso, todas as reivindicações foram atendidas
XIX, atraídas pelo fim da escravidão. pelas entidades patronais e as lideranças operárias elogiadas
c) adoção de políticas protecionistas, desde o Império, tornando publicamente pela realização do movimento.
proibitivas as importações. V - O município sofreu intervenção do governo federal, as
d) transferência maciça de mão-de-obra industrial e capitais norte- lideranças operárias detidas e enviadas para campos de
americanos para o Brasil. prisioneiros em outros estados do país e a jornada de 8 horas de
e) expansão industrial, durante a Primeira Guerra Mundial, quando trabalho foi legalizada.
ficaram restritas as importações pelo Brasil. É correto afirmar apenas o contido em:
a) I, II, III. d) I, III, IV.
Questão 12 b) I, II, IV. e) II, IV, V.
No Brasil, a década de 20 foi um período em que: c) II, III, V.
a) velhos políticos da República, como Rui Barbosa, Pinheiro
Machado e Hermes da Fonseca, alcançaram grande projeção Questão 15
nacional. O tenentismo foi um movimento empreendido por jovens oficiais
b) as forças de oposição às chamadas "oligarquias carcomidas" se militares durante a Primeira República. Dentre as alternativas a
organizaram, sem contudo apresentar alternativas de mudança. seguir, aponte a que se identifica com as aspirações desse
c) as propostas de reforma permanecendo letra morta, não se movimento.
configurou nenhuma polarização político-ideológica. a) A moralização dos costumes e a ideia de soldados-corporação.
d) a aliança entre os partidos populares e as dissidências b) A ideia do soldado-cidadão que devia intervir no processo
oligárquicas culminou com a derrubada da República Velha nas político, a defesa do voto secreto, a centralização do poder e a
eleições de 1º de março de 1930. independência do poder judiciário, e o ensino público.
e) ocorreram agitações sociais e políticas, movimentos armados, c) A defesa do voto secreto e universal, incluindo os analfabetos e
entre eles a Coluna Prestes, e várias propostas de reforma foram mulheres e a reforma administrativa na direção da descentralização
debatidas. do poder.
d) A centralização do poder do Estado, a reforma do Ensino e a
Questão 13 intervenção "moderadora" nos movimentos populares e nos
A crise da dominação oligárquica, que culminou com a Revolução governos civis despreparados, dentro do princípio do "soldado-
de 1930, resultou de um processo crescente de transformações profissional."
vividas pelo país dentre os quais se destaca: e) Apoio às oligarquias locais, incentivo ao ensino privado e
a) a lenta politização dos trabalhadores rurais, após a Abolição, religioso, moralização da administração pública e o recolhimento
contestando o domínio dos "coronéis". dos militares aos quartéis.
b) a emergência de uma classe operária ligada à industrialização,
que assumiu na década de 1920 formas políticas mais organizadas,
como o BOC (Bloco Operário Camponês).
c) o movimento Tenentista, disputa política no interior do Estado,
sem ligação com as classes da sociedade.
d) o caráter modernizante dos setores oligárquicos, cada vez mais
ligados aos empreendimentos urbano-industriais.
e) a crescente insatisfação dos Estados mais pobres contra o
domínio do eixo "café-com-leite", expressa em rebeliões como as
"guerras" do Cariri e de Princesa, ocorridas no Nordeste.
Questão 14
Acerca da greve geral de 1917, em São Paulo:
I - A greve teve início em duas fábricas têxteis, abrangendo
praticamente toda a classe trabalhadora da cidade, num total de 50
mil pessoas e, durante alguns dias, controlando os bairros
operários do Brás, da Moóca e do Ipiranga.
II - O comitê de Defesa Proletária, formado em São Paulo no curso
da greve geral de 1917, tinha como pontos principais de seu
programa: aumento dos salários, proibição do trabalho de menores
de 14 anos, abolição do trabalho noturno de mulheres e menores
de 18 anos, jornada de 8 horas de trabalho, garantia de emprego e
respeito ao direito de associação.
III - O governo mobilizou tropas, a Marinha mandou dois navios de
guerra para Santos e, com a mediação de um comitê de jornalistas,
os trabalhadores obtiveram um aumento salarial e promessas de
atendimento das demais reivindicações.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"Maria, filha de Maria (...) tem trinta e um desgostos. Lava a roupa, lava a louça, varre que varre, e a
patroa - Jesus Maria José! - a patroa ralhando. (...) Sempre em casa estranha, dormindo em cama-de-
vento, comendo em pé ao lado do fogão. Trabalhadeira, de confiança, não tem boca pra pedir."
("As Marias", de Dalton Trevisan.)
A personagem citada retrata um tipo social presente na fase de crescimento da cidade industrial. Esse
tipo social encontra no líder populista um
a) porta-voz da inserção brasileira ao capitalismo internacional.
b) incentivador da luta de classes e do fim da exploração.
c) pai protetor, agente de um Estado emancipador dos trabalhadores.
d) redentor da economia agrária e dos camponeses sem terra.
Questão 02
"Em outubro de 1930, iniciou-se um largo período - podemos dizer um quarto de século - em que
Getúlio Vargas foi a figura predominante no cenário político nacional; isso parece propiciar uma certa
ideia de continuidade para uma história política vista a partir das grandes figuras, como a que
predominou muito tempo na historiografia e permanece até hoje no senso comum."
(BORGES, V. P. Anos trinta e política: história e historiografia. In: FREITAS, M. C. (org.) "Historiografia brasileira em
perspectiva". São Paulo: Contexto, 1998. p.159.)
Questão 03
Em 3 de outubro eclodiu a Revolução de 1930, pondo fim à República Velha. Dentre as causas deste
episódio histórico destacamos:
a) a vitória da oposição nas eleições e o temor de revanchismos nas oligarquias derrotadas.
b) a dissidência das oligarquias nas eleições de 1930, fortalecendo a Aliança Liberal, derrotada,
contudo, pela fraude da máquina do governo.
c) o programa da Aliança Liberal não identificado com as classes médias urbanas.
d) a sólida situação econômica do núcleo cafeeiro no início da década de trinta.
Questão 04
Luiz Carlos Prestes fundou, em 1935, a Aliança Nacional Libertadora, frente de oposição ao fascismo
e ao imperialismo, que se confrontava no plano interno com a organização criada pelo escritor Plínio
Salgado, a Ação Integralista Brasileira, de declarada inspiração fascista, cujo programa político
propunha:
a) combate ao comunismo, extração dos partidos políticos, nacionalismo extremado e fiscalização das
atividades artísticas.
b) instauração de um governo popular, Estado onipotente, ampliação das liberdades civis e hegemonia
de um único partido.
c) suspensão do pagamento da dívida do Brasil, ampliação das liberdades civis, nacionalização das
empresas Imperialistas e reforma agrária.
d) proteção aos pequenos e médios proprietários de terras, combate ao comunismo, pluripartidarismo,
suspensão do pagamento da dívida do Brasil.
A partir desse texto, pode-se afirmar que a Constituição Brasileira de 1934 inspirou-se no
a) anarquismo.
b) comunismo.
c) corporativismo.
d) sindicalismo.
Questão 06
Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus membros, os não moderados,
organizaram a insurreição comunista que foi abafada pelo Governo Vargas. Assinale a alternativa que
apresenta a ação política subsequente e relacionada com a referida insurreição.
a) A proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi completamente
abandonada.
b) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia ao comunismo.
c) Dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julgamento, foram
colocados em liberdade.
d) A campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas abandonasse seus
planos continuístas.
Questão 07
O governo instalado com a Revolução de 1930 distinguiu-se do Estado Oligárquico por promover:
a) o modelo liberal defendido pelo Partido Democrático, porta-voz da classe média paulista.
b) uma economia exclusivamente agroexportadora e a descentralização das decisões econômico-
financeiras.
c) as reformas preconizadas pelos Tenentes, sobretudo a partir de 1932.
d) a industrialização, tendo como suporte o aparelho do Estado, as forças armadas e a aliança entre
burguesia e setores do operariado.
Questão 08
Os anos trinta do século XX foram marcados por disputas ideológicas, por propostas revolucionárias e
pela emergência de regimes centralizadores e autoritários. No Brasil, a polarização ideológica
intensificou-se em 1935, opondo
a) a Ação Integralista Brasileira, partido político simpatizante do fascismo, à Ação Nacional
Libertadora, que lutava pela instalação de um governo popular revolucionário.
b) os anarco-sindicalistas, líderes do movimento operário em toda a Primeira República, ao Partido
Comunista do Brasil, de tendência revolucionária bolchevista.
c) os católicos ultramontanos do Centro Dom Vital, situado no Rio de Janeiro, aos partidários do
fascismo italiano e, sobretudo, do nazismo hitlerista.
d) a social-democracia, representada pelo Partido Democrático de São Paulo, às tendências políticas
autoritárias do movimento tenentista.
e) os constitucionalistas paulistas, que haviam combatido na Revolução de 1932, ao Estado Novo,
dominado pelo presidente Getúlio Vargas.
Questão 13
A Revolução de 1930, ponto de partida de uma nova fase da
História brasileira, atingiu principalmente São Paulo, que perdeu
sua tradicional hegemonia política realizada pela "política do café
com leite". O sistema de interventorias, posto em prática pelo
governo provisório, em nada melhorou o relacionamento deste com
São Paulo.
Como consequência disso ocorreu:
a) a revolução constitucionalista a favor da imediata
constitucionalização do país, o que abriria possibilidades de retorno
dos paulistas ao poder.
b) a Intentona Comunista, liberada pela exterma-esquerda cujo
lema era "Deus, Pátria, Família".
c) a Intentona Integralista, que chegou a ocupar o palácio
presidencial, controlado poder por quatro dias.
d) convocação imediata da Assembleia Constituinte que colocaria
em prática a Constituição de 1935.
e) o movimento tenentista, cujos revoltosos de Minas Gerais
exigiam a formação de um governo provisório, a eleição de uma
Constituinte e a adoção do voto secreto.
Questão 14
A justeza de seu programa, difundido de extremo a extremo do
País, conquistou vertiginosamente amplas camadas da população
das cidades e dos campos. Em três meses de existência, essa
frente popular acolhia, sob a bandeira heroica que desfraldara,
cerca de 3 milhões de brasileiros. Seu quadro social estava, em
maio de 1935, aumentando numa média de 3 mil membros por dia,
ou seja, 90 mil por mês. Mantido esse ritmo, teria ultrapassado um
milhão em um ano.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Inconformado com a dissolução de seu partido, inspirado nas ideias fascistas, liderado por Belmiro
Valverde e Severo Fournier, na madrugada de 11 de maio de 1938, atacou o Palácio Guanabara
sitiando o Presidente Vargas. Tratava-se de um grupo:
a) comunista.
b) aliancista.
c) integralista.
d) queremista.
Questão 02
Leia o texto abaixo.
"O par de interlocutores legítimos estava formado: de um lado o povo, a quem se apelava como fonte
e base do governo e que era identificado na população de trabalhadores corporativamente
hierarquizada; de outro, o Estado, corporificado funcional e pessoalmente na figura do presidente
Getúlio Vargas."
(GOMES, Ângela de C. "A política brasileira em busca da modernidade: na fronteira entre o público e o privado". ln
SCHWARCZ, Lilia M. (org.) "História da Vida Privada no Brasil". Vol. 4: Contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998, p.525.)
A partir da citação acima, assinale a alternativa que indica corretamente as relações mantidas, no
contexto do trabalhismo, entre a população trabalhadora no Brasil e o presidente Vargas.
a) As campanhas destinadas aos trabalhadores enfatizavam a necessidade de organização em torno
dos sindicatos e partidos políticos, principais interlocutores do Presidente.
b) As liberdades políticas permitiam o estabelecimento, durante o Estado Novo, de uma permanente
negociação entre os trabalhadores e o governo através do Parlamento.
c) O sindicalismo corporativo era combatido pelo governo, pois permitia a livre expressão das lutas de
classes e dos conflitos no interior da sociedade brasileira.
d) A ideologia do Estado Novo pretendia estabelecer uma ligação direta entre o governante e o povo,
através de cartas, programas de rádio e outros mecanismos de comunicação.
Questão 03
Em 1939, o Estado Novo criou um Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que estava
encarregado de realizar a censura às ideias contrárias ao regime e difundir a propaganda política do
governo. O DIP lançou mãos de vários meios de comunicação para atingir o maior número de
cidadãos com a ideologia do Estado Novo, visando mobilizar a sociedade em torno de seu programa
político. Entre esses meios de comunicação e propaganda, podemos destacar um novo meio, que, em
especial, permitiu às ideias estado-novistas atingirem as classes médias urbanas e o operariado.
Estamos nos referindo
a) à imprensa operária.
b) ao rádio.
c) à televisão.
d) ao cinema.
Questão 04
Em 1937, com a instauração do Estado Novo por Getúlio Vargas, o Brasil passou a viver sob uma
nova Constituição, que ficou conhecida como "Polaca", em virtude de sua clara inspiração na
Constituição da Polônia. Essa Constituição deu ao presidente Getúlio Vargas os poderes para a
organização política, econômica e administrativa do Estado Novo.
Dentre as alternativas a seguir assinale a que apresenta uma característica da Constituição de 1937:
a) Instauração do direito de greve e de locaute.
b) Instauração do direito de livre associação em sindicatos oficialmente reconhecidos.
c) Descentralização administrativa.
d) Internacionalização da economia.
Questão 05
Analise as seguintes afirmativas referentes ao Estado Novo (1937-1945).
I- Os dois principais partidos políticos existentes no período do Estado Novo eram a AIB (Ação
Integralista Brasileira) e a ANL (Aliança Nacional Libertadora).
II- O pretexto utilizado por Vargas para o desfecho do golpe de Estado de 1937 foi o Plano Cohen,
Questão 06
No Brasil, o Golpe de Estado de 1937 revelou um importante e poderoso componente no jogo político:
o aperfeiçoamento da propaganda como instrumento de dominação. Sobre a máquina de propaganda
no Estado Novo, assinale a alternativa correta.
a) Atuava na perseguição e punição dos adeptos da ideologia nacionalista, considerados inimigos da
pátria.
b) Com a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), democratizou-se o acesso aos
meios de comunicação, que passaram a atuar com maior liberdade de expressão.
c) A propaganda do Estado Novo procurou vincular a liderança de Getúlio à imagem do político
generoso e conciliador.
d) O DIP teve como função disseminar a cultura independente e criativa dos músicos, artistas e
literatos nacionais.
Questão 07
"O aspecto técnico-consumista do americanismo não era visto com bons olhos por uma significativa
fração do oficialato das Forças Armadas brasileiras. Os militares identificavam a produção em massa
das indústrias de bugigangas dos norte-americanos com os desvarios de uma sociedade
excessivamente materializada e mercantilizada. Naquele momento, o modelo autárquico
experimentado pela Alemanha nazista era um paradigma aparentemente mais adequado para muitos
militares brasileiros."
(Antônio Pedro Tota, "O Imperialismo Sedutor." São Paulo, Companhia das Letras, 2000, p.23.)
O fragmento acima retrata divisões nos meios militares brasileiros dentro do contexto da Segunda
Guerra Mundial. Essa divisão
a) manifesta-se na primeira metade da década de 1930 e é provocada, sobretudo, pela presença, nas
Forças Armadas brasileiras de grande quantidade de oficiais formados na Alemanha nazista.
b) ocorre nos últimos anos de guerra e é fruto das vitórias obtidas pela Alemanha nessa fase,
associadas, principalmente, ao medo de que a vitória aliada significasse o início do expansionismo
militar dos Estados Unidos sobre a América Latina.
c) inicia-se com o final da guerra e dá ao Brasil uma posição neutra no cenário da Guerra Fria que se
instalou após os acordos de paz assinados pelos países participantes no conflito armado.
d) ilustra a posição ambígua que o Brasil teve nos primeiros anos da guerra, oscilando entre o apoio às
forças aliadas e a simpatia, inclusive de setores governamentais, pelos países do Eixo.
.
Questão 08
O Estado Novo, período que se seguiu ao golpe de Getúlio Vargas (10/11/1937 até 29/10/1945)
caracterizou-se:
a) pela centralização político-administrativa, eliminação da autonomia dos estados e extinção dos
partidos políticos;
b) pela proliferação de partidos políticos, revogação da censura, descentralização político-
administrativa;
c) pelo apoio ao comunismo internacional;
d) pelo movimento tenentista, reconhecimento dos partidos de esquerda e estabelecimento das
eleições diretas;
e) pela formação de uma Assembleia Constituinte que votaria a Constituição de 1937, conhecida como
a mais liberal da República.
Questão 15
O Estado Novo (1937 - 1945) representou um dos regimes
ditatoriais destacados pela História do Brasil Republicano. Em
alguns aspectos é considerado como uma forma brasileira do
fascismo europeu.
a) Indique uma característica legal que dê suporte a tal
comparação.
b) Analise o Estado Novo, tomando como foco principal as
conquistas efetivadas pelas legislações trabalhista e sindical por ele
consagradas.
GOVERNOS POPULISTAS DEMOCRÁTICOS DUTRA- que ficou conhecido como Atentado da Rua Toneleros, foi morto o
major da aeronáutica Rubens Vaz. O exercito exigia a renuncia do
VARGAS (1945-1954) presidente, pressionado pelos militares e alguns setores da
POPULISMO - GOVERNO DUTRA (1946-1950) sociedade Vargas redigiu uma carta-testamento e suicidou-se com
Foi promulgada uma nova constituição em 46, prevalecendo um tiro no peito.
características liberais com sentido conservador, manutenção da Com a morte de Vargas a presidência passou para o vice Café
republica, voto secreto e universal. Filho, o PSD e PTB lançaram a candidatura de Juscelino e Joao
Goulart. Com o afastamento de Café Filho por motivos de saúde
Dutra procurou apoiar-se em vários partidos afim de combater o assumiu o cargo o presidente da câmara Carlos Luz que era
crescimento do PCB e de movimentos populares, adotando adversário de Juscelino. Suspeitando de um golpe o então ministro
medidas que proibiam a existência do Movimento Unificador dos da Guerra Lott, ordenou que as forças do exercito ocupassem
Trabalhadores (MUT), decretou, em seguida, a suspensão das prédios públicos, estações de rádio e os principais jornais do Rio
eleições sindicais, determinou a ilegalidade do PCB. de Janeiro.
Em relação a política externa Dutra acentuou seus vínculos com os
EUA, o governo decretou o rompimento das relações com a União
Soviética. Em 1948 fundou-se a Organização dos Estados
Americanos (OEA), com a forte participação do Brasil.
Dutra tentou colocar em pratica o primeiro planejamento global de
nossa economia, o plano SALTE (saúde, alimentação, transporte e
energia), no campo econômico foram consumidos os saldos
acumulados durante a Segunda Guerra, principalmente graças a
liberação das importações.
Verificou-se também uma pesada inflação, pois o papel-moeda e o
crédito cresceram muito rápido. Diminuiu o poder aquisitivo da
maioria da população, a partir de 48, as importações passaram a
depender de uma licença previa do governo, o que favoreceu a
indústria nacional.
GOVERNO VARGAS (1951-1954)
De volta ao poder, Getúlio procurou direcionar a economia para
uma linha intervencionista e nacionalista, preocupado
principalmente com o desenvolvimento da indústria de base. Em
dezembro de 51, Getúlio projetou o monopólio estatal do petróleo
com uma campanha sob o slogan O PETROLEO É NOSSO,
mobilizando a população resultando na criação da Petrobras,
empresa estatal monopolizadora da exploração e refinaria do
petróleo.
A ampliação do setor industrial de base implicava o aumento de
divisas, para prosseguir com o crescimento econômico da
indústria, era preciso acabar com os privilégios do capital
estrangeiro e reduzir relativamente os salários, além disso seria
necessário criar canais de transferência das divisas do setor
agroexportador para o setor industrial.
A estratégia econômica resultou também em uma rápida espiral
inflacionaria. Os reajustes salariais deixaram de acompanhar o
ritmo do custo de vida, provocando descontentamentos entre os
trabalhadores. O governo de Getúlio estava em crise.
No início de 54, o ministro do Trabalho Joao Goulart concedeu um
aumento salarial de 100%, a pressão oposicionista foi violenta
fazendo o ministro renunciar e o governo a suspender o aumento.
Os grupos de oposição se manifestavam através da imprensa
acusando Vargas de querer criar uma república sindicalista. No dia
do trabalho o governo cedeu o aumento salarial usando os
trabalhadores a participarem da política nacional. O nível de
conscientização e organização dos trabalhadores não era
suficiente para mobiliza-los.
Embora nunca tivesse ficado provado a participação de Getúlio,
pessoas ligadas a ele tentaram assassinar Lacerda, no episódio
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Em 1945 Getúlio Vargas foi deposto, após exercer o poder desde 1930. Cinco anos depois, em 1950,
foi eleito com 48,7% dos votos do povo para o novo mandato. Sobre esse novo período de Getúlio
Vargas, é correto afirmar que:
01) Foi um período de absoluta centralização do poder, prescindindo do Congresso Nacional.
02) Caracterizou-se pelo nacionalismo e pelo populismo. Ideologicamente, buscava-se associar os
interesses da burguesia com os de todo o povo.
04) A estratégia política e econômica não exigia o rompimento com o capital internacional.
08) A industrialização voltou a ser a meta fundamental do Estado e a "política de massas" foi o maior
instrumento político de Getúlio.
16) A campanha "O Petróleo é nosso" e a criação da Petrobrás exemplificam o nacionalismo
econômico desse período.
Soma = ( )
Questão 02
Questão 03
"Bota o retrato do velho outra vez
Bota no mesmo lugar
O sorriso do velhinho
Faz a gente se animar, oi
Eu já botei o meu
E tu não vais botar?
Já enfeitei o meu
E tu vais enfeitar?
O sorriso do velhinho
Faz a gente trabalhar"
(RETRATO DO VELHO, de Mário Pinto e Haroldo Lobo)
Esse samba, muito popular na época, foi utilizado como instrumento de propaganda pelo movimento
político que visava o retorno do seu líder. Identifique esse movimento e seu líder.
a) Jacobinismo e Floriano Peixoto.
Questão 05
Os governos de Getúlio Vargas (1930-45/1951-54), no Brasil, de Juan Domingo Perón (1946-55), na
Argentina, de Victor Paz Estensoro (1952-56/1960-64), na Bolívia, e de Lázaro Cárdenas (1934-40), no
México, foram, alguns dos mais significativos exemplos do populismo latino-americano que se
caracterizou notadamente:
a) pela aliança com as oligarquias rurais na luta contra os movimentos de caráter socialista.
b) pelo predomínio político do setor agrário-exportador em detrimento do setor industrial.
c) pelo nacionalismo, e intervenção do Estado na economia, priorizando o setor industrial.
d) por propostas radicais de mudanças nas estruturas sócio-econômicas, em oposição ao capitalismo
internacional.
Questão 06
"(...) é fenômeno das regiões atingidas pela intensificação do processo de urbanização. Estabelece
suas raízes mais fortes em São Paulo, região de mais intenso desenvolvimento industrial no país (...)
é, no essencial, a exaltação do poder público; é o próprio Estado colocando-se através do líder, em
contato direto com os indivíduos reunidos na massa. (...) A massa se volta para o Estado e espera
dele o sol ou a chuva ou seja, entrega-se de mãos atadas aos interesses dominantes."
Este texto de F. Weffort
a) faz considerações sobre o coronelismo no Brasil.
b) caracteriza a política brasileira pós-64.
c) descreve uma forma de dominação política que emergiu com a revolução constitucionalista de 1932.
d) trata do populismo no Brasil.
Questão 07
A Segunda Guerra Mundial e as transformações subsequentes abalaram profundamente o equilíbrio
de poderes até então existente, abrindo caminho para uma nova ordem político-econômica e militar,
com evidentes implicações no Terceiro Mundo. Neste contexto, a política externa do Governo Eurico
Gaspar Dutra expressava:
a) favorecimento ao bloco socialista.
b) alinhamento à política norte-americana.
c) postura neutralista.
d) visão terceiro-mundista de resistência ao imperialismo.
Questão 08
A redemocratização do Brasil, em 1945, e o fim da Segunda Guerra Mundial consolidaram uma política
externa, já esboçada durante o conflito Mundial, que pode ser caracterizada pelo(a):
a) "pragmatismo responsável", no qual os interesses econômicos prevaleceram sobre as posições
políticas.
b) alinhamento aos Estados Unidos e ao Bloco Capitalista no contexto da Guerra Fria.
c) "política externa independente", que priorizava a aproximação com as antigas colônias recém-
independentes.
d) valorização da integração e formação de blocos, dentro de uma concepção latino-americanista.
Questão 02
O desenvolvimento foi um dos elementos de maior importância nos
Fonte: SANTOS, Wanderley Guilherme dos. QUE BRASIL É ESTE? Manual de
debates políticos e intelectuais ocorridos no Brasil, a partir da indicadores políticos e sociais. Rio de Janeiro: UPER/Vertice, 1990 p.40. apud:
década de 40, sendo também a preocupação das políticas FAUSTO, B. História do Brasil. 2. ed. São Paulo: EDUSP/FDE, 1995. p. 409.
governamentais do período.
Assinale a opção que NÃO expressa uma política governamental I. A forte alta dos preços internacionais do café gerou um aumento
no período. da receita em divisas que, convertida na moeda da época
a) O segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954) imprimiu um (cruzeiros), resultam em aumento do volume de moeda em
caráter nacional ao desenvolvimentismo com restrições ao capital circulação, estimulando a procura de bens e a elevação de preços.
estrangeiro e criação de empresas estatais. II. A eclosão de guerra da Coréia levou o governo a endividar-se no
b) Os "cinquenta anos em cinco", "slogan" do Programa de Metas exterior, financiando importações, em decorrência do conflito.
de JK, caracterizado por um rápido crescimento industrial, foi III. Entre as principais razões que explicam o aumento dos preços
facilitado pela atração de capitais estrangeiros. estavam os gastos governamentais com a construção de Brasília e
c) A política desenvolvimentista, em todas as suas etapas, foi o atendimento às reivindicações salariais de setores do
acompanhada por crescente interferência do Estado no domínio funcionalismo, aprovados pelo Congresso.
econômico através da formulação de planos, criação de agências Os dados da tabela confirmam o que está afirmado em APENAS,
de financiamento e de empresas estatais. a) I b) II c) III d) I e II e) II e III
d) A abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro, a partir
do Estado Novo, com a participação dos Estados Unidos no Questão 06
desenvolvimento da siderurgia, foi o principal fator de estímulo ao "... criou em 1945 um partido social-democrata que, como todos
desenvolvimento brasileiro. sabemos, se consolidou como o mais importante partido agrário do
e) As empresas estatais de grande porte criadas no período, como país. (...) criou também um partido trabalhista, e há quem diga que
a Vale do Rio Doce, a Petrobrás e a Eletrobrás, colocavam sob o buscou inspirar-se no Labour Party..."
controle do governo setores de base considerados estratégicos, O texto permite associar
que exigiam vultosos investimentos. a) Jânio Quadros ao PDS e ao PSB.
b) Eurico Gaspar Dutra ao PCB e ao PFL.
Questão 03 c) Juscelino Kubitschek ao PRM e ao PDT.
A redemocratização do Brasil, em 1945, e o fim da Segunda Guerra d) Getúlio Vargas ao PSD e ao PTB.
Mundial consolidaram uma política externa, já esboçada durante o e) João Batista Figueiredo ao MDB e ao PRN.
conflito Mundial, que pode ser caracterizada pelo(a):
a) "pragmatismo responsável", no qual os interesses econômicos Questão 07
prevaleceram sobre as posições políticas. "Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do
b) alinhamento aos Estados Unidos e ao Bloco Capitalista no povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia
contexto da Guerra Fria. não abateram meu ânimo. Vos dei a minha vida. Agora vos ofereço
c) "política externa independente", que priorizava a aproximação a minha morte ( .. ). "
com as antigas colônias recém-independentes. O trecho acima está relacionado aos acontecimentos de 24 de
agosto de 1954, que culminaram:
d) valorização da integração e formação de blocos, dentro de uma
a) na morte do recém eleito Presidente Tancredo Neves, em função
concepção latino-americanista. de graves problemas de saúde.
e) aproximação com os países europeus, visando a recuperar os b) no fim do período populista, com a queda do Presidente João
mercados perdidos durante a Segunda Guerra. Goulart.
Questão 10 Questão 13
DESASTRE NO PARANÁ: 4 MILHÕES DE LITROS DE ÓLEO NO Na década de 1950, durante o segundo governo de Getúlio Vargas
AMBIENTE (1950-1954), setores da sociedade brasileira se mobilizaram numa
"Até quando? campanha:
Petrobras - Acidentes acontecem, mas a paciência tem limite!" a) por uma política externa independente, que fez com que o
("Superinteressante", nº 8, agosto, 2000, p. 26.) Presidente criasse, sem a ajuda de capitais estrangeiros, a
Companhia Siderúrgica Nacional.
O ESPÍRITO SANTO NA CORRIDA DO PETRÓLEO b) pela nacionalização da pesquisa, exploração e refino do
"Os novos desafios estão lançados. Na corrida do petróleo a petróleo, que culminou com a criação da Petrobrás, símbolo do
Petrobras procura definir sua linha de atuação no Estado." nacionalismo econômico.
("Talismã", edição 32, 2000, p. 11.) c) que exigia reformas de base, forçando o Congresso a votar leis
que permitissem a reforma agrária o a nacionalização das
As citações acima referem-se aos problemas que a Petrobras vem empresas estrangeiras.
enfrentando e ao propósito de ampliar sua atuação no Espírito d) pela entrada sem restrições do capital estrangeiro no país, que
Santo. A Petrobras foi criada na década de 50, no seguinte culminou com a formulação, por setores governamentais, do Plano
contexto: de Metas.
a) Estado Novo, decretado por Getúlio Vargas, com base no e) pela modernização tecnológica do país, que resultou no
autoritarismo político e no nacionalismo econômico. investimento estatal em novas fontes de energia e na criação de
b) Governo de João Figueiredo, cuja política populista previa a usinas nucleares.
prospecção petrolífera em várias partes do Brasil.
c) Presidência de Getúlio Vargas, eleito pelo voto no seu segundo Questão 14
governo, com grande apelo nacionalista. Explique o contexto histórico brasileiro do aparecimento da
d) Governo de Juscelino Kubitschek, marcado pelo anti- expressão "O petróleo é nosso!" e os resultados da campanha que
nacionalismo e voltado para os interesses norte-americanos no se seguiu.
setor automobilístico.
e) Governo provisório de Getúlio Vargas, numa situação de Questão 15
colaboração ao esforço de guerra imposto pelos ingleses e
americanos. Nos governos latino-americanos caracterizados como populistas,
"... os humilhados e ofendidos, os homens simples, ou LOS
Questão 11 OLVIDADOS no sistema oligárquico, adquirem alguns direitos".
Esses direitos expressam o limite da participação política desses
A estratégia econômica resultou também em uma rápida espiral homens trabalhadores nas lutas relativas tanto aos problemas de
inflacionaria. Os reajustes salariais deixaram de acompanhar o classe quanto às questões nacionais.
ritmo do custo de vida, provocando descontentamentos entre os a) DEFINA Populismo.
trabalhadores. O governo de Getúlio estava em crise. A crise de b) IDENTIFIQUE os direitos adquiridos pelos trabalhadores nos
agosto de 1954, que terminou com o suicídio do Presidente Vargas, governos populistas latino-americanos.
teve como antecedentes: c) EXPLIQUE por que, apesar dos direitos adquiridos, os
a) a oposição dos setores conservadores e anti-populistas à política trabalhadores encontraram limitações à sua participação política
nacionalista de Vargas na criação da Petrobrás e no aumento de nos governos populistas.
100% do salário mínimo.
b) o apoio de Vargas à remessa de lucros sem limites das
CRISE DO POPULISMO (1955-1964) GOVERNOS JK; reprimidas, Joao Goulart foi obrigado a se exilar no Uruguai tinha
início o período da Ditadura Militar.
JANIO; JANGO
GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961)
Teve seu governo marcado por intenso e acelerado
desenvolvimento econômico, sua política econômica delineada no
plano de metas, privilegiou o setor industrial. A política econômica
adotada por Juscelino baseava-se na realização de investimentos
diretos, quase sempre precedidos de intensa emissão monetária e
na abertura ao capital estrangeiro. Tal estratégia econômica
resultou na expansão e consolidação de um capitalismo
dependente.
A intensa emissão monetária agravou o processo inflacionário,
enquanto a expansão do capital estrangeiro atraído por privilégios
ocasionou uma desnacionalização econômica. Os lucros obtidos
eram enviados para o exterior, muitas vezes burlando as leis
locais. A política econômica de Juscelino era bem diferente de
Vargas.
A gestão de Juscelino foi marcada pela construção de um
programa de obras públicas na qual se destacou a construção da
nova capital Brasília. Foi criada a SUDENE, órgão com finalidade
de auxiliar o nordeste e integra-lo ao Brasil, criou-se também o
GEIA, visando estabelecer a indústria automobilística.
GOVERNO JANIO QUADROS (1961)
Tomado posse, Jânio passou a governar um país marcado por
uma grave crise financeira, inflação e forte dívida externa. Para
enfrentar essa crise criou uma política anti-inflacionária restringindo
os créditos, congelando salários e incentivando exportações.
Sofrendo forte oposição.
Em relação a política externa tentou estabelecer uma política
neutra em relação aos EUA, buscou um relacionamento mais
próximo com a URSS, condecorou com a Ordem do Cruzeiro do
Sul ao Che Guevara. Lacerda lidera um movimento de oposição
alegando que o presidente estava preparado para um golpe de
Estado. Sem apoio dos setores de direita e esquerda Jânio
renuncia acreditando que retornaria ao poder nos braços do povo.
O que não aconteceu.
GOVERNO DE JOAO GOULART (1961-1964)
O congresso aprovou um ato adicional estabelecendo o sistema
parlamentarista, essa medida limitava os poderes do presidente, foi
a condição para que Jango assumisse o poder, com forte apoio
popular convocou um plebiscito que decidiu a favor do retorno do
presidencialismo devolvendo os poderes a Jango.
Foi montado o Plano Trienal para combater a inflação e realizar o
desenvolvimento econômico principalmente da indústria. As
tensões ressurgiram agravadas pela proposta da criação do 13
salário. O congresso recusou e os trabalhadores entraram em
greve.
Jango então prepara as Reformas de Base, que incluía reforma
agraria, reforma eleitoral, reforma educacional e a lei de remessas
de lucros limitando o envio dos lucros para o exterior. As
manifestações do governo para a aprovação das Reformas se
tornaram comícios populares, provocando a reação dos
latifundiários e de setores da burguesia utilizando inclusive a
Marcha da Família com Deus e pela Liberdade.
O governo Jango acabou sendo abandonado pelos militares
legalistas, a greve geral fracassou e as manifestações civis foram
Questão 02
Presidente Bossa Nova
Bossa Nova mesmo é ser Presidente
Desta terra descoberta por Cabral
Para tanto basta ser tão simplesmente
Simpático, risonho e original (...)
(Juca Chaves)
A letra da música se refere ao presidente JK, e o termo Bossa Nova, que aparece no final da década
de 50 como movimento musical, passa a designar tudo que é novidade, diferente, inusitado, inclusive
o Presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), segundo Juca Chaves.
As novidades na cultura, nessa fase, se davam paralelamente à euforia desenvolvimentista, resultante
da política econômica, que tinha como um dos objetivos:
a) nacionalizar o setor mineral e transformar o setor estatal e o privado nacionais em principais
agentes do desenvolvimento econômico.
b) acelerar o desenvolvimento econômico, em particular o das indústrias, ainda que por meio de uma
política inflacionária e de abertura para o capital estrangeiro.
c) desencadear um surto de progresso industrial e agrícola, com a redistribuição de terras, resolvendo
todos os problemas estruturais do campo.
d) transformar os camponeses em trabalhadores assalariados com a consequente elevação da
produtividade agrícola e dos investimentos no setor.
e) possibilitar o desenvolvimento agrícola, por meio de um vigoroso monopólio nacional dos chamados
setores de ponta da nossa economia, obtendo grande apoio da burguesia nacional.
Questão 03
Afirmou o economista Luís Carlos Bresser Pereira sobre o período em que Juscelino assumiu a
Presidência do Brasil:
"... as empresas estrangeiras exportadoras de produtos manufaturados (...) em face do surgimento de
empresas nacionais e às barreiras cambiais e tarifárias à entrada de seus produtos no Brasil, viram-se
diante da alternativa de ou realizar grandes investimentos industriais no Brasil ou perder o mercado
brasileiro. É evidente que optaram pela primeira solução".
Nesse período,
a) a entrada maciça de investimento foi dificultada pela Instrução de 113 da SUMOC
(Superintendência da Moeda e do Crédito).
b) a vertiginosa expansão industrial ocorrida entre 1956 e 1961 significava que a chamada Revolução
Industrial Brasileira, iniciada nos anos 30 por Getúlio, consolidava-se e encerrava a primeira fase.
c) pela Instrução 113, as empresas estrangeiras eram prejudicadas em relação às empresas
nacionais.
d) visando ao "desenvolvimento", o governo cercou-se de uma equipe de técnicos, notadamente
economistas, ligados à Comissão do Petróleo Brasileiro para a América Latina (CEPAL).
e) diminuíram as diferenças entre as populações dos grandes centros industrializados (como São
Paulo e Rio de Janeiro) e as esfomeadas populações do Norte-Nordeste, concentradas em latifúndios,
pois estes também receberam investimentos externos.
Questão 04
"No plano da política partidária, o acordo entre o PSD e o PTB garantiu o apoio aos principais projetos
do Governo Juscelino Kubitschek no Congresso."
O traço comum que aproximava os dois partidos era:
a) A preocupação dominante com a sorte das camadas médias urbanas, articuladas em torno dos
sindicatos de serviços e de funcionários autônomos.
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245
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)
Questão 05
A base do programa administrativo do governo de Juscelino Kubitschek era constituída pelo trinômio:
a) estradas, energia e transportes.
b) comércio, educação e privatização.
c) indústria, exportação e importação.
d) agricultura, pecuária e reforma agrária.
e) saúde, estabilidade monetária e habitação.
Questão 06
Leia o texto.
"O IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais) foi fundado no final de 1961, por empresários e
militares do eixo Rio-São Paulo que, unidos em torno do projeto de readequação e reformulação do
Estado nos moldes ambicionados pelo setor multinacional-associado, procuraram estimular em todo o
país uma 'reação empresarial ao que foi percebido como a tendência esquerdista da vida política-
brasileira'."
(STARLING, Heloísa Maria Murguel. OS SENHORES DAS GERAIS. Petrópolis: Vozes, 1986. p.46)
Questão 07
As Reformas de Base, propostas no Governo João Goulart, não tiveram um sentido revolucionário,
correspondendo, na verdade, às necessidades da consolidação do capitalismo industrial.
Todas as alternativas contêm objetivos das Reformas de Base, EXCETO
a) A ampliação do mercado interno para os bens manufaturados.
b) A criação de novas condições institucionais.
c) A estatização do sistema bancário.
d) O aumento da produção agrícola.
e) O controle dos conflitos sociais através da redistribuição de terras.
Questão 08
Leia o texto.
"... Espero que nestas circunstâncias V.Exa. sentirá que o seu país deseja unir-se ao nosso,
expressando os seus sentimentos ultrajados frente a este comportamento cubano e soviético e que
V.Exa. achará por bem expressar publicamente os sentimentos do seu povo."
"Quero convidar V.Exa. para que suas autoridades militares possam conversar com os meus militares
sobre a possibilidade da participação em alguma base apropriada com os Estados Unidos e outras
forças do Hemisfério em qualquer ação militar que se torne necessária pelo desenvolvimento da
situação em Cuba..."
(Do arquivo pessoal de João Goulart, citada por Moniz Bandeira.)
Questão 12
Em 1963 o eleitorado brasileiro foi convocado para um plebiscito
para se manifestar a favor ou contra uma proposta do governo.
a) Sobre qual questão os eleitores deveriam opinar?
b) Qual o resultado da consulta
c) Qual a consequência política imediata desse resultado?
Questão 13
A famosa portaria 113 da SUMOC, Superintendência da Moeda e
do Crédito, do Ministério da Fazenda, na gestão de Café Filho, foi
uma das bases para a implantação dos "cinquenta anos em cinco"
de JK porque:
a) possibilitou a ampliação das exportações brasileiras para atrair
divisas.
b) atraiu investimentos estrangeiros para o setor agroindustrial, que
precisava modernizar-se.
c) inseriu o Brasil no mercado econômico internacional, por alterar
as taxas cambiais.
d) possibilitou a atração do capital estrangeiro associado ao capital
nacional.
e) diminuiu a oferta de moedas e dificultou a concessão de
empréstimos para conter a inflação.
Questão 14
Em 06 de janeiro de 1963, realizou-se o plebiscito que reuniu os
votos de mais de 12 milhões de cidadãos. Após o resultado do
plebiscito, Goulart assumiu plenamente o poder presidencial.
Que questão foi discutida no plebiscito anterior citado?
a) A validade da eleição de João Goulart.
b) A implementação das reformas de base por Jango.
c) O sistema de governo (presidelicialista X parlamentarista).
d) A renúncia do Presidente Jânio Quadros.
e) A Lei de Remessa de Lucros, reforma urbana e tributária.
FORMAÇÃO DA DITADURA MILITAR (1964-1967) salários. Entre 1964 e 1967 várias empresas de pequeno porte
faliram.
O Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco era cearense, Enquanto isso, a classe média industrial e a nata rural se
de Fortaleza, veio ao mundo no dia 20 de setembro de 1897. beneficiavam com as aplicações estrangeiros no país, estimuladas
Entrou para a carreira militar e em 1962 ele foi elevado à classe de pelo governo, com o aumento nas exportações e na produção
general-de-exército. Nos anos de 1963 e 1964 exerceu o cargo de interna de bens duradouros. O mercado consumista desenvolveu-
Chefe do Estado-Maior do Exército e foi um dos que contribuíram se consideravelmente, porém tais benefícios foram usufruídos
para instituir o golpe militar que destituiu o presidente João Goulart apenas por aqueles que pertenciam às classes médias – os únicos
em 1964. que tinham dinheiro em mãos para gastar. A centralização da
Desferido o golpe militar, foi estabelecido o Ato Institucional n◦1 – receita nas mãos de poucos não permitiu que as camadas
AI-1 – e chamou-se eleições indiretas para presidente. O Ato populares fossem favorecidas.
Institucional n◦1 suprimiu a constância dos cargos públicos Em 1965 é determinado por decreto o AI n◦2 – as eleições para
determinada pela Constituição, o Presidente teria também o poder presidente tornam-se indiretas e todos os partidos políticos são
de invalidar mandatos e a faculdade legal de suspender por dez suprimidos. Deste momento em diante só é permitida a existência
anos os poderes políticos de qualquer indivíduo que possuísse de dois partidos políticos no país: Arena (situação) e MDB
direitos civis e políticos - nomes como João Goulart, Leonel Brizola, (oposição). O AI-3 estabelece eleições indiretas também para
Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros sofreram essa restrição. Ele governadores e prefeitos das capitais. O AI-4 reabre o Congresso
podia igualmente impor retificações à Constituição e, se preciso, Nacional, fechado desde 1966, para a aprovação da nova
decretar estado de sítio. Constituição.
Associações sindicais e artífices toleraram a interposição dos Para substituir o Marechal Castelo Branco foi indicado o Marechal
militares, várias alianças campesinas foram abolidas. As Costa e Silva, considerado um militar radical. No Congresso
persecuções e as prisões se intensificaram. Foram aprisionados Nacional pôs-se em cena novamente um plebiscito que o elegeria
líderes sindicais, operários, religiosos, bem como estudantes, indiretamente. Não era da vontade de Castelo Branco tal eleição,
professores, campesinos e militares acusados de agitação. porém ele lhe passou o cargo. Costa e Silva seria o presidente a
Durante o governo do marechal Castelo Branco o Brasil aprovar o temido AI-5, que limitou a liberdade de expressão, de
interrompeu sua relação diplomática com Cuba, contando a partir associação, entre outros.
de então com amparo econômico, político e militar dos Estados Castelo Branco viria a falecer somente quatro meses depois de
Unidos. deixar a presidência, em uma colisão aérea com um avião militar
O Golpe de 1964 não foi aceito com fogos de artifício, ao contrário, fora da rota.
ocorreram vários conflitos com o povo. O governo militar se
contrapôs interpondo sua autoridade e intervindo nas atividades
dos sindicatos, na supressão das instituições estudantis, ocupando
as universidades e decretando prisões injustas, levando muita
gente a optar pelo exílio.
A gestão do Marechal Castelo Branco caracterizou-se pela
obrigatoriedade de se cumprir leis impostas pelos Atos
Institucionais, as quais pretendiam fortalecer, gradualmente, o novo
sistema político que governaria a nação. Os Atos Institucionais
foram responsáveis também pela expansão dos poderes do
Executivo.
Em seu governo, mais precisamente no ano de 1964, ele criou o
SNI – Serviço Nacional de Informações –, órgão responsável por
manter o governo informado de tudo que se passava à sua volta, o
Conselho Monetário Nacional e o Banco Central. Em 1966 o
governo instituiu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS) e o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Em 1967, estabeleceu duas leis essenciais para deliberar os limites
do novo sistema político vigente: a Lei de Imprensa, que abrandava
a liberdade de expressão, e a Lei de Segurança Nacional.
Foi também durante o governo de Castelo Branco que se pôs em
prática o PAEG – Plano de Ação Econômica do Governo –, o qual
tinha por objetivo refrear a inflação, recuperar o crescimento
econômico do país e principalmente melhorar a imagem do Brasil
lá fora, ampliando assim as possibilidades de se contrair
empréstimos. A economia era conduzida pelo então Ministro do
Planejamento, Roberto Campos. Este, na intenção de controlar a
inflação, levou o Brasil a uma onda de desemprego com
consequências desastrosas, como uma queda abrupta dos
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Aula 22 – Ditadura Militar Formação Política
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Leia o texto.
"A situação brasileira apresenta assim perspectiva de agravamento das principais contradições entre o
povo e o governo, entre a esmagadora maioria da nação e o imperialismo norte-americano, tendendo
a adquirir caráter mais agudo. Qualquer das saídas presentemente tentadas pelas classes dominantes
não amainará as divergências entre os grupos políticos em choque e muito menos o
descontentamento e a luta popular. Os imperialistas ianques, aliados à reação interna, se esforçarão
para consolidar o que obtiveram a 1º de abril e intensificarão sua atividade neocolonialista no Brasil."
(Extrato de documento do Partido Comunista do Brasil, 1966)
Questão 02
O golpe político-militar de 1964 acarretou transformações na economia brasileira originadas das
mudanças nas relações de trabalho, das novas necessidades do desenvolvimento capitalista no país e
das mudanças na conjuntura internacional.
Todas as alternativas apresentam indicadores corretos das transformações na economia brasileira
pós-64, EXCETO
a) A abertura do país às empresas multinacionais a partir da abolição das restrições à remessa de
lucros para o exterior.
b) A adoção de uma nova política salarial e a implantação do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) substituindo o sistema de estabilidade no emprego.
c) A consolidação do setor industrial nacional através da elevação dos salários urbanos e do aumento
da oferta e do consumo de bens não duráveis.
d) A elevação do volume de impostos e a consequente falência de um grande número de pequenas e
médias empresas.
e) A expansão da indústria petroquímica, siderúrgica e do alumínio, realizada sob o patrocínio do
Estado, com a participação de conglomerados nacionais e estrangeiros.
Questão 03
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) esteve no centro da crise que resultou no golpe político-militar
de 1964.
Todas as alternativas apresentam afirmações corretas sobre o PTB, EXCETO
a) Alguns setores do PTB, após o suicídio de Vargas, conseguiram uma grande autonomia e
defenderam a formação de uma frente popular, a Frente Parlamentar Nacionalista, para neutralizar a
ala de centro do Partido.
b) O fortalecimento da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) junto às classes trabalhadoras urbanas
deslocou o PTB de sua posição hegemônica e rompeu o equilíbrio político da década de 60.
c) O partido surgiu como instrumento de manipulação do governo Vargas e buscou, em especial,
conter o avanço do Partido Comunista Brasileiro no controle da classe trabalhadora.
d) O PTB manteve uma coligação eleitoral histórica com o PSD (Partido Social Democrático), que tinha
sua base política no campo e era sustentado pelo localismo e coronelismo.
e) O PTB tinha características marcadamente nacionalistas, defendia uma política estatizante em
relação à economia e apresentava feição reformista.
Questão 04
A vitória do golpe militar de 1964 foi fruto da:
a) decisão dos militares de implementarem o programa nacionalista e reformista proposto pelo
Governo Goulart, desde que o povo não participasse ativamente das decisões políticas.
b) crise do Estado Populista, da radicalização do movimento de massas exigindo reformas de base a
da retirada do apoio ao Governo Goulart de significativos setores da burguesia nacional.
c) incapacidade do Governo Goulart de levar avante a luta anti-imperialista e do compromisso dos
militares com o programa de nacionalização das empresas estrangeiras, defendido pela burguesia
nacional.
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251
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)
d) união dos interesses dos militares e do capital estrangeiro contra a totalidade dos interesses da
burguesia nacional, defensoras ferrenhas do nacionalismo econômico.
e) decisão da maioria absoluta do Congresso de votar as reformas de base o do descontentamento
Anotações
dos militares, que representavam as forças conservadoras e os interesses americanos.
Questão 05
Considere as seguintes características do Regime Militar instaurado no Brasil em 31 de março de
1964.
I - Intervenção do Estado na economia.
II - Regime de cunho autoritário, baseado na Doutrina de Segurança Nacional.
III - Poder controlado pela cúpula militar, órgãos de informação e repressão e burocracia técnica do
Estado.
Quais estão corretas?
a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas II e III e) I, II e III
Questão 06
Quanto aos planejamentos econômicos, após o movimento político-militar de 1964, podemos afirmar
que
I - os planos econômicos baseavam-se no binômio "segurança e desenvolvimento".
II - os governos apresentavam um modelo econômico baseado na redistribuição da renda e na
privatização das empresas estatais.
III - logo após a posse de Castelo Branco, foi apresentado o PAEG - Plano de Ação Econômica
Governamental.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III.
Questão 07
A respeito dos traços gerais do regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985, julgue os itens
seguintes.
( ) Os militares que comandaram o regime dividiram-se em diversas correntes, como os
castelistas, a linha-dura e os nacionalistas.
( ) Um condomínio de poder que envolvia não apenas militares, mas também civis, permitiu formar
um grupo decisório composto por uma burocracia técnica de Estado e dirigentes de empresas estatais.
( ) Apesar de seu caráter autoritário, o regime conviveu com o pluripartidarismo e a liberdade de
imprensa.
( ) O regime de 1964 manteve, e até ampliou, o princípio da firme presença do Estado na atividade
econômica e na regulação da economia
a) VFVV b) VVVF c) VVFV d) FVFV e) FFVV
Questão 08
“A ditadura brasileira, assim como qualquer outra, não está desvinculada da sociedade. Ao contrário,
constituiu-se e organizou-se em função de referências nela enraizadas. É, antes de tudo, seu produto.
A permanência do regime militar por tantos anos não se explicaria, exclusiva nem fundamentalmente,
devido à repressão, à tortura, à censura, ao arbítrio, etc., e sim por relações de identidade, afinidade,
consenso e consentimento – de variados matizes e que se alteraram ao longo do tempo –, de parcelas
expressivas da sociedade com ideias, valores e propostas ao regime”
(ROLLEMBERG, Denise. Prefácio. In: CORDEIRO, Janaína Martins. Direitas em movimento. Rio de Janeiro: FGV, 2009, p. 15).
O estudo do período da história brasileira recente (1964-1985), governado por presidentes militares
(generais do Exército), passa por uma importante revisão. A respeito podemos inferir que:
a) os militares agiram sozinhos e os civis foram submetidos pelos militares contra a sua vontade, o que
caracterizou a imposição de frequentes atos institucionais.
b) a memória negativa sobre o regime militar é uma realidade comprovada e irrestrita, já que os
militares executaram seu projeto de modernização conservadora do país com o intuito mal disfarçado
de prejudicar significativos setores sociais.
c) os Importantes setores sociais organizados respaldaram o golpe de 31 de março de 1964, contudo
se ausentaram de qualquer sustentação política aos governos que se instalaram desde então.
d) a chamada “resistência” ao golpe foi numericamente insignificante no âmbito das principais forças
políticas do país, na conjuntura do acontecimento.
e) o golpe de 64 foi inexpressivo na conjuntura política nacional, fato naturalmente explicado pela
confrontação de grupos que atuaram em sentidos contrários.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO seu significado central: sabe-se que a palavra se aplica para
designar mudanças drásticas e violentas na estrutura da
Questão 01 sociedade."
(Florestan Fernandes. "O que é Revolução". S.P.: Brasiliense, 1981, p.7 e 8.)
Leia atentamente as afirmativas a seguir:
I - Nos anos 60, sob o regime da ditadura militar, iniciou-se no Explique por que, segundo o conceito proposto por Florestan
Brasil uma fase de desenvolvimento na agricultura caracterizada Fernandes, o movimento político de 1964 não foi uma revolução.
como "modernização conservadora".
II - O governo JK pautou-se por um projeto de crescimento Questão 07
econômico baseado no setor industrial, pela implementação do
"Estávamos, pois, diante de três alternativas. A primeira ceder aos
Plano de Metas que privilegiava os setores de geração de energia,
exaltados e mergulhar na ditadura total (...) A segunda, era
transportes, alimentação, educação e construção civil.
desamparar o presidente e deixá-lo a mercê dos que haviam
III - O Plano Trienal do governo João Goulart compreendia as
desencadeado a guerrilha de inspiração comunista. A terceira era
Reformas de Base, entendidas como um projeto de caráter
aceitar um Ato Institucional para conter a contrarrevolução (...)."
conservador.
Sobre as afirmativas apresentadas é CORRETO afirmar que:
Questão 08
a) somente a afirmativa I é correta.
b) somente a afirmativa II é correta. Na década de 60, um grupo teatral paulistano se destacou por
c) somente a afirmativa III é correta. produções não tradicionais apresentadas em um espaço cênico
d) são corretas as afirmativas I e II. diferenciado do edifício teatral "a italiana" (que tem como modelos
e) são corretas as afirmativas I, II e III. em Santa Catarina, por exemplo, o TAC e o teatro CIC). Esse
grupo, chamado Arena, aproximou o palco da platéia, encenando
Questão 02 textos como "Eles não usam black tie" e "Marido Magro, Mulher
Chata", além de criações coletiva importantes para a vida teatral
A imagem a seguir retrata a cena de um período recente da História
recente do país.
do Brasil.
a) Que dois grandes autores brasileiros contemporâneos
a) Qual o regime político vigente no Brasil nesse período?
encenaram o Arena e qual o cunho ideológico de seus textos,
b) Considerando a imagem anterior, cite 3 características desse
responsável pela ruptura dessa nova dramaturgia com a praticada
regime político.
até então?
b) Duas criações coletivas do grupo contam as estórias de dois
Questão 03
mitos da história do Brasil. Qual o título das peças quem são esses
Manifestações de repúdio ao Governo Goulart precederam o personagens históricos?
movimento militar que golpeou as instituições do país a partir de 31
de março de 1964. Nos protestos veiculavam soluções Questão 09
salvacionistas sobre a pátria, a ordem democrática, a liberdade,
O Ato Institucional nº 2, baixado em outubro de 1965 pelo regime
Deus e a família, habilmente articuladas por forças políticas de
militar brasileiro, extinguiu os partidos políticos então existentes,
direita, membros da Igreja Católica, grandes proprietários rurais,
abrindo caminho para a instituição do bipartidarismo.
banqueiros e empresários nacionais e estrangeiros, que visavam a
Aponte as características básicas do bipartidarismo e suas
adesão do povo. Ao final de 1965, estava na praça a seguinte peça
principais consequências.
musical de Zé Queti: 'Marchou com Deus pela democracia, agora
chia, agora chia (...)'.
Questão 10
Com base no texto:
a) esclareça o rumo que os militares, detentores do poder, "Intensa radicalização política e cultural caracterizou o processo
imprimiram ao regime instalado; político brasileiro entre 1964 e 1968".
b) a partir da expressão 'agora chia', procure indicar a quem o autor Essa afirmação pôde ser observada
da composição dirigia sua sátira. a) nas manifestações artísticas e culturais, e no movimento
estudantil consubstanciado nas passeatas.
Questão 04 b) nos movimentos estudantis de apoio à revisão constitucional e
ao novo regime.
A Proclamação da República, o Estado Novo e o Golpe Militar de
c) na formação da "Frente Ampla", que abocanhava os Partidos de
1964 são algumas das balizas convencionais da história política do
apoio ao Governo.
Brasil contemporâneo. Identifique e contextualize quatro marcos
d) por meio da promulgação do AI-5, que liberalizou o regime
significativos no campo cultural, dentro do mesmo período histórico.
autoritário introduzido pelo AI-1.
e) na radicalização da política externa, que se manifesta no
Questão 05
afastamento em relação aos Estados Unidos.
O regime político instalado em 1964 conseguiu, em cinco anos,
reduzir consideravelmente a inflação. Enumere alguns problemas Questão 11
graves que os governantes militares não conseguiram resolver,
No período imediatamente anterior ao golpe de 31 de março de
apesar dos poderes excepcionais que a legislação lhes conferia.
1964, podemos visualizar dois grandes grupos políticos, formados
por:
Questão 06
1 - aqueles que apoiam o governo João Goulart e seu programa de
"A palavra revolução tem sido empregada de modo a provocar reformas;
confusões... No essencial, porém, há pouca confusão quanto ao
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
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CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)
2 - aqueles que conspiram para a derrubada do governo João d) O seu objetivo era despolitizar a classe operária obrigando os
Goulart. desobedientes a lutar na clandestinidade.
Relacione os nomes a seguir com as orientações políticas e) O silêncio imposto à classe operária foi mantido com a
numeradas anteriormente: aquiescência de suas principais lideranças.
Questão 13
"Quem manda agora não são os políticos profissionais, nem o
Congresso, é uma instância decisória importante. Mandam a alta
cúpula militar, os órgãos de informação e repressão, a burocracia
técnica de Estado (...) O regime pôs fim ao populismo."
Boris Fausto
Questão 14
O estado "autoritário e militarista que se instalou no pós-64 não
permitia qualquer mobilização ou qualquer sinal de vida combativo
por parte movimento operário".
Tendo em vista esse Estado, assinale a opção INCORRETA:
a) A sua preocupação era manter o controle social através de
mecanismos de repressão e coerção.
b) A eleição de diretorias autênticas para os sindicatos era proibida
com rigor.
c) Incentivava a prática de uma política assistencialista com o
objetivo de controlar os operários.
FORMAÇÃO DA DITADURA MILITAR (1967-1974) Entre a população civil, houve essa mesma preocupação com o
estabelecimento de grupos visivelmente contra setores de
GOVERNO COSTA E SILVA 1967-1969 esquerda. O Centro de Caça aos Comunistas (CCC); o grupo
Após a saída de Castelo Branco do governo, em março de 1967, o católico Tradição, Família e Propriedade (TFP) e o Movimento Anti-
aumento dos protestos contra o regime militar abriu caminho para que Comunista (MAC) completava esse processo de vigília permanente
os militares da chamada “linha dura” guiasse a vida política do país contra os possíveis inimigos da ditadura. Contudo, seria outra
com o objetivo de desarticular as oposições. Dessa maneira, a medida autoritária do governo que garantiria a desarticulação dos
candidatura de Arthur Costa e Silva – expressivo líder dos setores mais comunistas.
repressivos – ganhou força para que as liberdades democráticas No final do ano de 1968, o presidente Costa e Silva anunciou a
fossem aniquiladas e o regime finalmente consolidado. instalação do Ato Institucional nº 5. Mais conhecido como AI-5, o
No campo econômico, o governo Costa e Silva buscou aplicar uma decreto federal dava fim a todos os direitos civis, permitia a
política de desenvolvimento capaz de aproximar os setores médios cassação dos mandatos parlamentares e o fechamento do
ao novo regime. Por isso, Costa e Silva convocou os tecnocratas Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e Câmaras
para assumir dois importantes postos ministeriais: Delfim Neto para Municipais sob a ordem direta do presidente. Ao mesmo tempo,
o Ministério da Fazenda e Hélio Beltrão no Ministério do limitava os poderes do Judiciário ao suspender o direito de hábeas
Planejamento. Com o apoio dessas duas figuras, o governo corpus em crimes que iam contra a “segurança nacional”.
desenvolveu o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG). Com tal medida, a perseguição política entrava em seus “anos de
Esse plano tinha como principais metas conter o processo chumbo”, marcados pelas torturas, mortes e prisões que
inflacionário e a retomada do crescimento econômico nacional. comporiam os sombrios “porões da ditadura”. Enquanto a
Para tanto, o governo empreendeu uma série de mudanças que repressão se fortalecia, um novo episódio autoritário tomou conta
reduziam o consumo por meio do congelamento salarial e a do governo com o afastamento do presidente Costa e Silva, então
abertura da economia ao capital estrangeiro. Ao mesmo tempo, os vítima de um derrame cerebral.
militares favoreceram os trabalhadores especializados de classe O vice-presidente, Pedro Aleixo, foi impedido de assumir o cargo
média abrindo a concessão de créditos para que essa parcela da presidencial pelas lideranças militares que dirigiam o regime e
população vivesse uma eufórica possibilidade de consumo. indicaram o ex-chefe do Serviço Nacional de Informações, Emilio
No cenário político da época observamos uma interessante Garrastazu Médici, como novo presidente do Brasil. Dessa forma, o
movimentação onde apoiadores do regime passaram a se voltar grupo da chamada “linha-dura” impediu a flexibilização do regime e
contra o mesmo. Carlos Lacerda, um dos colaboradores do golpe, deu início a um dos períodos mais radicais da ditadura militar
se uniu a outras figuras políticas da época para formar a chamada Após a saída de Castelo Branco do governo, em março de 1967, o
Frente Ampla, grupo político que exigia a reinstalação dos aumento dos protestos contra o regime militar abriu caminho para
governos civis e a preservação da soberania nacional. Entretanto, que os militares da chamada “linha dura” guiasse a vida política do
a extinção dos direitos políticos e o fechamento dos partidos país com o objetivo de desarticular as oposições. Dessa maneira, a
enfraqueceu a continuidade da Frente. candidatura de Arthur Costa e Silva – expressivo líder dos setores
O fechamento das vias oficiais de atuação política acabou mais repressivos – ganhou força para que as liberdades
transferindo um importante papel de oposição aos estudantes, que democráticas fossem aniquiladas e o regime finalmente
passaram a criticar a repressão e o desmando dos militares. O consolidado.
enfrentamento acabou provocando um grave incidente, o estudante
secundarista Edson Luís de Lima Souto acabou sendo morto pelas
autoridades. Sua morte acabou incitando um grande protesto
contra o regime militar que tomou as ruas do Rio de Janeiro e ficou
conhecido como a Passeata dos Cem Mil.
O endurecimento do regime também motivou os grupos políticos a
adotarem a luta armada como via de combate aos militares.
Inspirados pela Teoria do Foco Guerrilheiro, que garantiu a vitória
da Revolução Cubana, esses oponentes pegaram em armas
esperando empreender a derrubada do regime militar. Entre outros
movimentos armados podemos destacar a Ação Libertadora
Nacional (ALN), O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)
e a Ação Popular Marxista Leninista (APML).
Em contrapartida, o próprio governo e determinados grupos civis
organizaram ações para desestabilizar a ação dos grupos de
esquerda no país. As Forças Armadas criaram serviços de
informação responsáveis pelo controle das atividades. O Centro de
Informações do Exército (CIEX), o Centro de Informações da
Aeronáutica (CISA) e o Centro de Informações da Marinha
(CENIMAR) eram os três órgãos que investigavam as atividades
políticas daqueles que eram considerados “uma ameaça à ordem
nacional”.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
CENSURA AO 'PARALAMAS' TRAZ TESOURA DE VOLTA
Extinta oficialmente em 1985, a censura treina novos cortes nos tempos de abertura: o grupo
Paralamas do Sucesso foi proibido de cantar a música "Luís Inácio" num show em Brasília.
("O Globo", 19-07-95)
O conteúdo da notícia, embora em situação e contexto diferentes, faz-nos lembrar a época em que a
censura foi aplicada com intensidade na ditadura militar, especialmente após 1968, quando a
repressão se tornou mais rigorosa com o AI-5, imposto num ambiente marcado por vários fatores,
dentre eles o
a) fim oficial do FGTS, o que irritou os trabalhadores pela perda dos valores depositados.
b) enfraquecimento da base política do governo no Congresso, com a recusa dos parlamentares em
permitir a perda da imunidade de um deputado para processo judicial.
c) apoio do chamado Tropicalismo, manifestação cultural de defesa da ditadura, principalmente por
meio da música.
d) movimento de revolta de Jacareacanga, no Pará, que contestava o regime, conseguindo, entre os
militares, cada vez maior número de adeptos.
e) apoio garantido pela compra pelo Brasil de um porta-aviões para ser incorporado à Marinha como
suporte aeronaval às medidas repressoras do governo.
Questão 02
... que várias vezes seguidas procederam á imersão da cabeça do interrogado, a boca aberta, num
tambor de gasolina cheio d’água, conhecida essa modalidade “banho chinês”.
... que, inclusive, ameaçaram de tortura seus dois filhos, que torturaram seu marido também; que seu
marido foi obrigado a assistir as torturas que fizeram consigo...
... sofreu violências sexuais na presença e na ausência do marido...
Questão 03
Sobre a cultura no Brasil e no mundo nos anos 1960 e 1970, analise as afirmações abaixo:
I - As instituições mais contestadas no período foram à família tradicional e as igrejas, com exigências
como a do controle de natalidade, incluído o aborto e o direito ao divorcio.
II - Uma peculiaridade da cultura juvenil do período foi o seu intenso nacionalismo, que levava os
jovens a recusarem estilos de vida e gostos artísticos de outros países.
III - Os leitores e a crítica da Europa e dos Estados Unidos descobriram a literatura latino-americana,
especialmente o chamado realismo fantástico, valorizando autores como o argentino Borges, o
colombiano Garcia Márquez e o brasileiro Guimarães Rosa, entre outros.
IV - A identificação política com os valores da esquerda prejudicou a formação de grupos com outras
identidades como etnia e gênero, enfraquecendo movimentos como o dos negros e das mulheres.
V - Os ídolos da juventude no Brasil eram, entre outros, músicos como Roberto Carlos, Chico Buarque,
Caetano Veloso e, vindos de fora, os Beatles.
Questão 04
Na Copa do Mundo de 1958, o povo cantou a vitória brasileira com:
"A taça do mundo é nossa!
Com brasileiro, não há quem possa!
Eeeta, esquadrão de ouro
(...), é bom no samba, é bom no couro (...)"
Em 1970, cantou-se:
"Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil, do meu coração
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, salve a seleção
De repente é aquela corrente pra frente (...)"
Essas duas formas de celebrar a vitória brasileira estão relacionadas, em 1958 e em 1970,
respectivamente, aos contextos de:
a) alienação frente aos valores nacionais - investimentos do governo no setor esportivo
b) ênfase na capacidade criativa do brasileiro - tentativa de legitimação do governo militar
c) reconhecimento do subdesenvolvimento nacional - exaltação à arrancada para o desenvolvimento
d) mobilização após a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial - campanha popular pela superação
da pobreza
Questão 05
“O golpe militar de 1º de abril de 1964 causou perplexidade na esquerda e nos nacionalistas
brasileiros. Neste sentido, alguns impasses se colocaram para os criadores culturais identificados com
a esquerda cuja consciência política envolvida diretamente as tarefas culturais.”
NAPOLITANO, Marcos. Seguindo a Canção, engajamento político e industrial cultural na MPB (1959- 1969).
Questão 06
Observe atentamente os dois cartuns de Ziraldo.
O cartunista ironiza alguns aspectos da política governamental do período da ditadura militar no Brasil.
Observando os seus detalhes, pode-se afirmar que os cartuns revelam
a) as contradições da política governamental que, apesar da repressão à liberdade de manifestação e
Anotações
expressão, se baseava nos princípios de igualdade social, promovendo a distribuição equitativa da
renda.
b) a intolerância do governo em relação à oposição e a utilização da conquista do tricampeonato para
encobrir as desigualdades sociais, oriundas do modelo econômico adotado.
c) que a "repartição do bolo", apregoada pelos idealizadores do modelo econômico do regime, foi
concretizada, motivo pelo qual os brasileiros saíram às ruas para grifar frases como "Brasil: ame-o ou
deixe-o".
d) que os brasileiros comemoraram com ardor o tricampeonato mundial de futebol, num clima de
fraternidade, onde até mesmo os setores oposicionistas saudaram o esforço do governo para alcançar
essa vitória.
e) que o governo respeitou as diferenças ideológicas que existiam no interior da sociedade brasileira, o
que garantiu a execução das medidas econômicas de promoção da igualdade econômica.
Questão 07
Em 1969 e 1973, combinando crescimento econômico e taxas baixas de inflação, o país viveu o
chamado "milagre econômico". Dentre seus aspectos negativos, ressaltamos:
a) o crescimento do déficit público e a redução do comércio exterior.
b) a redução das exportações agrícolas, sobretudo da soja.
c) a ausência de inflação limitando a expansão econômica.
d) o desenvolvimento sustentável, preservando-se a natureza e evitando-se o endividamento externo.
e) o descompasso entre os avanços econômicos e os programas sociais além da alta concentração
de renda.
Questão 08
No período de 1968 a 1973, conhecido como a época do "milagre econômico", o Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro obteve crescimento em torno de 11%, taxa que, em meados de 2001, esteve em torno
de 3,0% ao ano.
Das alternativas abaixo, aquela que NÃO se refere ao período do "milagre brasileiro" é:
a) o crescimento da indústria automobilística, da construção civil e, em menor escala, da produção
agrícola.
b) a instituição da Constituição de 1969, que, dentre outros direitos, estendeu o voto aos analfabetos e
aos jovens entre 16 e 18 anos.
c) a forte repressão militar sobre os movimentos de estudantes, de trabalhadores e de artistas que se
opunham ao regime militar.
d) a construção de grandes obras como a Transamazônica e a ponte Rio-Niterói com o intuito de
integrar e controlar as várias regiões do país.
e) a concentração da renda em benefício das elites ligadas ao setor urbano-industrial, ao mesmo
tempo em que ocorria contenção salarial.
Questão 05
O Ato Institucional nº 5, editado durante o governo do General
Costa e Silva, permitiu a esse presidente da República, entre outras
medidas:
a) convocar uma Assembleia Nacional Constituinte
b) criar novos ministérios e empresas estatais
(01) Legislação autoritária e imprensa amordaçada compuseram a c) decretar o recesso parlamentar e promover cassações de
conjuntura política do Brasil tricampeão, enquanto a luta pela mandatos e de direitos políticos
cidadania ganha espaço no Brasil tetracampeão. d) contratar maiores empréstimos no exterior
(02) Crescimento econômico e reajuste salarial demonstram que, e) promover uma reformulação do sistema partidário
tanto no Brasil tricampeão quanto no tetracampeão, a renda
nacional é equitativamente distribuída. Questão 06
(04) Elevados níveis de pobreza, no Brasil do tricampeonato, Em 1968, Caetano Veloso, ao defender num festival a sua
persistem no Brasil do tetracampeonato, provocando a composição "É Proibido Proibir", assim respondeu às vaias do
multiplicação das "doenças da miséria", como a malária e a cólera. público: "Mas é isso que é a juventude que quer tomar o poder.
(08) Repressão armada e tortura de presos políticos marcaram o Vocês tem coragem de aplaudir este ano uma música que vocês
Brasil tricampeão, enquanto crises de governabilidade e não teriam coragem de aplaudir o ano passado! São a mesma
escândalos políticos estão presentes no Brasil tetracampeão. juventude que vai sempre, sempre matar o velhote inimigo que
(16) Soluções emergências, algumas de caráter assistencial, como morreu ontem. Vocês não estão entendendo nada, nada, nada
a Campanha contra a Fome, procuram, no Brasil tetracampeão, Absolutamente nada (...) O problema é o seguinte: estão querendo
combater a situação de apartheid social, já grave no Brasil policiar a música brasileira. Mas eu e o Gil já abrimos o caminho
tricampeão. (...). Nós, eu e ele tivemos coragem de enfrentar em todas as
(32) Pluripartidarismo e eleições diretas para preenchimento de estruturas e sair de todas. E vocês? E vocês? Se vocês em política
todos os cargos eletivos caracterizam tanto o Brasil do forem como estética estamos feitos."
tricampeonato quanto o Brasil do tetracampeonato. (HOLLANDA, Heloisa Buarque e GONÇALVES, Marcos A. Cultura e
Participação. Anos Sessenta, COLEÇÃO TUDO É HISTÓRIA, vol.41, Brasiliense,
são Paulo, 1982, p.6)
Soma ( )
Questão 08 e) exercido por uma Junta Militar das três armas, devido à
A vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970 desconfiança dos militares em relação aos civis.
a) não teve qualquer repercussão no campo político, por se tratar
de um acontecimento estritamente esportivo. Questão 12
b) alentou o trabalho das oposições que deram destaque à Em 13 de Dezembro de 1968, foi decretado no Brasil o Ato
capacidade do povo brasileiro de realizar grandes proezas. Institucional nº 5. Entre outras medidas, o AI-5:
c) propiciou uma operação de propaganda do governo Medici, I. dava ao presidente poderes para fechar o Congresso Nacional,
tentando associar a conquista ao regime autoritário. as Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais e suspender
d) favoreceu o projeto de abertura do general Geisel, ao criar um direitos políticos de qualquer cidadão por 10 anos;
clima de otimismo pelas realizações do governo. II. suspendia a garantia do Habeas-Corpus;
e) alcançou repercussão muito limitada, pois os meios de III. foi escrito por Gama e Silva e teve a sua redação modificada
comunicação não tinham a eficácia que têm hoje. pelo Marechal Castelo Branco;
IV. permitia que o presidente pudesse demitir ou aposentar
Questão 09 sumariamente funcionários públicos e juízes de tribunais.
Em dezembro de 1968, o governo militar editou o Ato Institucional Estão corretos apenas os itens:
nº5 (AI-5), que determinava: a) I e II d) I, II e IV
a) que o Presidente da República teria poderes para fechar o b) II e IV e) II, III e IV
Congresso, intervir nos Estados e suspender os direitos políticos de c) I, II e III
qualquer cidadão.
b) as eleições para Governadores dos Estados e Presidente da Questão 13
República passariam a ser decididas no Colégio Eleitoral. "Brasil, ame-o ou deixe-o" foi um dos célebres 'slogans' do regime
c) a extinção dos partidos políticos existentes até então, e a criação militar, em torno de 1970, época em que o Governo Médici
do Movimento Democrático Brasileiro - MDB - e da Aliança divulgava a imagem do "Brasil Grande" e proclamava o "Milagre
Renovadora Nacional - ARENA. Econômico" que faria do país uma grande potência. Assinale a
d) a obrigatoriedade da transmissão, por todas as emissões de opção que melhor caracteriza a política econômica correspondente
rádio, do programa "A Voz do Brasil" e do horário eleitoral gratuito ao chamado "Milagre".
no rádio e TV. a) Fusão do capital industrial e do bancário, gerando monopólios
e) a concessão habeas-corpus pelo Supremo Tribunal Federal e a capazes de impor preços inflacionários, dos quais resultaram o
cassação de mandatos de deputados e senadores pelo Congresso crescimento econômico e o aumento do mercado consumidor nos
Nacional. grandes centros urbanos.
b) Desenvolvimento de obras de infraestrutura, a exemplo de
Questão 10 hidrelétricas e rodovias, com base na poupança nacional e no
Na década de 70, slogans ufanistas (do tipo "Brasil: ame-o ou investimento de bancos públicos.
deixe-o") evidenciavam uma tentativa do regime militar em ganhar c) Crescimento econômico e aquecimento do mercado de bens
popularidade e apoio popular. Marque a alternativa que expressa duráveis ancorados em políticas salariais redistributivas e na
corretamente o contexto político em que estas iniciativas indexação de rendimentos do mercado financeiro.
aconteceram: d) Elevados investimentos no setor de bens de capital e na
a) era o momento da "abertura", em que já se havia decretado a indústria automobilística combinados a uma vigorosa agricultura
anistia aos presos políticos e se admitiu a eleição direta de comercial de médio porte.
governadores e prefeitos e) Incentivo à entrada maciça de capitais estrangeiros combinada
b) o AI-5 proporcionou ao governo militar a habilidade de derrotar ao arrocho salarial, resultando em elevados índices de crescimento
politicamente seus adversários, sem os recursos da repressão, o econômico e inflação baixa.
que ocasionou grande euforia popular
c) após 1968 e o AI-5, a repressão aos opositores políticos Questão 14
aumentou, assim como a resistência armada aos militares,
colocando a opinião pública contra o governo Em 13 de dezembro de 1968, o governo brasileiro promulgou o Ato
d) sem base parlamentar e sem apoio popular, o governo partiu Institucional nº5, que, segundo opiniões da época, transformava o
para uma campanha de massas para obter o apoio da população regime militar em uma ditadura "sem disfarces".
ao processo de abertura política a) Qual o pretexto utilizado pelo regime militar para editar este Ato?
b) Cite duas das principais medidas adotadas por esse Ato.
Questão 11 c) Caracterize dois elementos da democracia que a diferenciam da
ditadura.
Em agosto de 1969, quando o presidente Costa e Silva adoeceu
gravemente, ficando impedido de exercer o governo, o poder foi
Questão 15
a) devolvido ao grupo político civil rival do governo Goulart, que
havia apoiado o Golpe de 1964. Durante o regime militar no Brasil (1964-1985), a oposição à
b) passado ao vice-presidente civil Pedro Aleixo, que reabriu o ditadura também se expressou por meio da arte (música, literatura,
Congresso Nacional, fechado pelo AI5. cinema, teatro).
c) delegado ao Congresso Nacional, até a eleição do general Comente a afirmação, dando, pelo menos, dois exemplos dessas
Médici para um novo mandato. formas artísticas de expressão.
d) equilibrado entre a ARENA e o MDB, que passaram a exercer o
poder de forma colegiada.
CRISE DA DITADURA MILITAR (1974-1985) agravou a situação interna, propulsando o projeto do Pró-Álcool.
Acordos com a Alemanha para a criação da usina de Angra
GOVERNO GEISEL (1974-1979) também foram profundamente criticados, visto que o país deveria
Com a saída de Médici da presidência, o regime entrou em uma inicialmente resolver seus problemas internos, como o
fase de distensão de forma lenta e gradual, controlada congelamento dos salários e as greves no ABC Paulista. O
rigorosamente pelo Estado. O novo presidente Ernesto Geisel fazia governo ainda construiu a Usina Hidrelétrica de Itaipu em um
parte do grupo castelista, e o início de seu governo foi marcado acordo binacional com o Paraguai.
pela tentativa de diálogo com os grupos de oposição e pela Por um lado, as atitudes democráticas mostravam a flexibilização
abertura à democracia. As próprias circunstâncias pelas quais o do regime com o reconhecimento de Angola como país
país atravessava naquele momento, em 1974, obrigavam uma independente, o reatamento de relações diplomáticas com a China,
mudança no comportamento e na forma de governar do Regime a extinção do AI-5 e o fim das bases do “milagre econômico”,
Militar. invalidando o aparelho repressivo. Por outro, atitudes arbitrárias,
A guerrilha armada estava praticamente desarticulada, mas o como prisões, cassações e mortes, fizeram o governo entrar em
crescimento do MDB era latente. Em 1973, Ulisses Guimarães contradição.
concorreu à eleição para presidência da República, tendo como Das mortes dos opositores, duas foram bastante significativas. A
vice Barbosa Lima Sobrinho. A “anticandidatura”, como ficou primeira foi a do operário Manoel Fiel Filho, metalúrgico
conhecida a campanha, era inviável porque não havia eleição assassinado sob tortura, preso em 1976, na fábrica onde
direta para presidente; no entanto, era uma forma da oposição, trabalhava, acusado de pertencer ao Partido Comunista Brasileiro.
sem violência, conseguir contrapor-se às forças da ARENA. Em No dia seguinte, os órgãos de segurança emitiram uma nota oficial
1974, o MDB venceu a eleição para prefeito em 90 cidades com afirmando que o metalúrgico havia se enforcado em sua cela com
mais de 100 mil habitantes. No Senado, o partido conseguiu as próprias meias. Desculpa semelhante foi dada pela morte do
praticamente 60% de todos os votos válidos no país, o que jornalista Vladimir Herzog, que tinha sido chamado para prestar um
contribuiu para que o regime criasse o Pacote de Abril e a Lei simples depoimento e foi, posteriormente, apresentado como
Falcão. suicida em uma cela da Polícia do Exército. Os jornalistas, a
O Pacote de Abril foi um conjunto de leis e decretos-leis Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os estudantes ligados à
outorgados em abril de 1977, que permitiam ao presidente fechar o UNE e outros setores iniciaram uma campanha a fim de denunciar
Congresso temporariamente. Entre os dispositivos, foram criadas os abusos e crimes praticados pelos governos militares.
medidas para evitar as eleições de 1978 e, com a renovação do Para os mais radicais, as mudanças que o governo se propunha a
Senado, o pacote estabeleceu que metade das vagas seria fazer eram intoleráveis. Nos quartéis, circulavam ideias para tentar
escolhida pelo voto indireto do recém-criado Colégio Eleitoral, dar o poder ao militar Sylvio Frota, que pertencia à linha mais dura.
composto por membros da Assembleia Legislativa e por delegados O próprio Sylvio Frota começou uma campanha a seu favor,
das Câmaras Municipais. Dessa forma, um terço do Senado seria levando Geisel a demiti-lo. A reação do ministro consistiu em
indicado pelo presidente, o que permitia a continuidade do regime. enviar a todos os quartéis um manifesto acusando o presidente de
Eram os chamados “senadores biônicos”. Entre os slogans estar coligado com forças da esquerda, tendo comunistas no alto
difundidos pelo governo, estavam também: “Pra frente Brasil”, escalão do seu governo. Estabeleceu-se, a partir disso, um
“Ninguém segura esse país” e “Este é um país que vai pra frente”. cronograma do processo de abertura que determinava que os
Ernesto Geisel e Armando Ribeiro Falcão, ministro da Justiça do próximos dois presidentes seriam eleitos pelo voto indireto do
Brasil na época. Colégio Eleitoral.
O pacote também estabeleceu a extensão do mandato presidencial Nas eleições de 1978, para sucessão de Geisel, o MDB e a
de cinco para seis anos, a manutenção de eleições indiretas para ARENA praticamente empataram no número de votos, mas o
governador e o aumento da representação dos estados menos partido do governo obteve a maioria dos votos do Congresso,
populosos no Congresso Nacional. Outra medida repressiva foi a conseguindo, assim, controlar o Colégio Eleitoral e eleger como
mudança no quórum para as votações, que passou de 2/3 para a sucessor o general João Baptista Figueiredo.
maioria simples. A Lei Falcão proibia, na propaganda, os debates
políticos e restringia a ação das campanhas a meras formalidades
de apresentação, tirando dos opositores a possibilidade de
divulgação mais ampla de suas ideias tanto no rádio como na
televisão.
Nesse período, o “milagre econômico” estava marcado pela
imagem do grande fracasso social, e as taxas do PIB caíram
acentuadamente. O governo optou pela formulação do II Plano
Nacional de Desenvolvimento, definido pelo ministro Mário
Henrique Simonsen, substituto de Delfim Neto.
O objetivo do plano era conter a inflação e manter o crescimento
industrial, investindo maciçamente no setor estatal, com o intuito de
elevar a taxa de juros. A crise do petróleo em 1974, devido à
elevação do preço do barril pela OPEP (Organização dos Países Vladimir Herzog foi encontrado enforcado em uma cela do DOI-
Exportadores de Petróleo), que subiu de 2,8 para 9,5 dólares, CODI, em 1975.
Diretas Já!
A oposição, aproveitando-se de tais acontecimentos, articulou-se
para gerar maior conscientização na sociedade, nos sindicatos,
nas universidades, nas associações e no próprio Congresso sobre
a necessidade do fim da Ditadura. Em 1982, o PMDB elegeu 10
Os versos acima pertencem à música Vai Passar, composta por Chico Buarque em 1984, num
momento da realidade histórica brasileira que pode ser associado
a) à campanha das “Diretas Já”, que marcou o auge da luta pela redemocratização, embora o fim da
Ditadura Militar só ocorresse por meio do Colégio Eleitoral.
b) aos movimentos estudantis liderados pela UNE, que adotaram os versos e a música como hino nas
manifestações contra o governo militar.
c) ao repúdio manifestado pela intelectualidade do País ao ufanismo difundido pelos órgãos de
publicidade do governo militar e encampado por parte das elites.
d) às greves operárias do ABC, deflagradas na década de 1980, que contribuíram para a implantação
do período conhecido como "anos de chumbo".
e) às manifestações populares contra a arbitrariedade dos Atos Institucionais, que limitaram o
exercício da cidadania durante o governo militar.
Questão 02
A lei que marcou o fim da ditadura
José Renato Salatiel*
de crimes de violação dos direitos humanos. Esta interpretação é contestada judicialmente e a decisão
- se a Lei da Anistia perdoa ou não abusos da ditadura - ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal
(STF).
Anotações
A respeito do tema, depois do período mais duro da repressão, sob vigência do Ato Institucional nº 5, o
governo militar iniciou uma abertura política lenta e gradual no Brasil.
A abertura política lenta e gradual no Brasil adotada no final da década de 1980 foi pressionada pelas
manifestações populares que tomavam conta do país, bem como uma crise interna no regime devido
aos assassinatos do jornalista Vladimir Herzog e da campanha das Diretas Já
O projeto foi aprovado numa sessão tumultuada na Câmara dos Deputados em 1979. Na época, havia
apenas dois partidos legitimados pelo governo: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que fazia
oposição, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que apoiava a ditadura e tinha maioria no
Legislativo
Desde o início do regime, em 1964, todos os políticos e intelectuais que se opunham ao golpe militar
tiveram seus direitos políticos cassados. Outros militantes viram na clandestinidade e na luta armada a
única forma de combater a repressão.
O Estado dosou o fim da ditadura, a lei foi usada para que crimes de tortura e assassinato de presos
políticos não fossem a julgamento.
Questão 03
O refrão Um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos eleger o presidente do Brasil! foi entoado nos
vários comícios do movimento Diretas Já, iniciado em fins de 1983 e que tomou conta das ruas do país
em 1984. Sobre esse movimento, é correto afirmar que
a) resultou na eleição do Presidente Fernando Collor de Mello, que não chegou a terminar o seu
mandato.
b) preocupou os militares, que tentaram acalmar os ânimos por meio da lei que anistiou os presos
políticos.
c) renovou o cenário político nacional, pois foi a causa do surgimento de novos partidos e lideranças
políticas.
d) contou com o apoio do Presidente Figueiredo, que autorizou a realização dos comícios e retirou o
exército das ruas.
e) terminou por não atingir seus objetivos, pois não se obtiveram os votos necessários para alterar a
Constituição então em vigor.
Questão 04
O processo de redemocratização brasileiro, no final da década de 1970, combinou pressões da
sociedade civil e a estratégia de distensão/abertura do próprio regime militar, como pode ser
observado na(no):
a) vitória do movimento popular das "Diretas Já", permitindo eleições gerais diretas em 1982.
b) concessão de anistia "ampla, geral e irrestrita", por lei de iniciativa do governo, mas que excluía as
principais lideranças ligadas ao governo derrubado em 1964.
c) total autonomia do movimento sindical, forçada pelas greves do ABCD paulista.
d) revogação dos Atos Institucionais, por iniciativa do governo, após negociação com setores
representativos da sociedade civil.
e) "pacote de abril" de 1977, que transformou o Congresso Nacional em Assembleia Constituinte.
Questão 05
O governo Ernesto Geisel associou-se ao processo de abertura política, definida, pelo presidente,
como lenta, gradual e segura. Contudo, sérios obstáculos dificultaram sua proposta. Entre eles,
destacam-se:
a) A aprovação da Lei de Anistia, incluindo, por pressões da Linha Dura, os acusados de práticas de
tortura.
b) O envio de carta-bomba à OAB e o sequestro de lideranças da sociedade civil.
c) As mortes de Wladimir Herzog e Manuel Fiel Filho, que desencadearam seria crise com o
comandante do II Exército em São Paulo.
d) A emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas e colidia com a abertura lenta e
gradual.
e) O episodio do Riocentro e a manipulação do inquérito a ele referente, pelas autoridades.
Questão 06
O chamado “pacote de abril”, conjunto de medidas promulgadas pelo presidente Ernesto Geisel em
1977, representou:
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
264
Aula 24 – Crise da Ditadura Militar
a) A institucionalização da ditadura militar, na medida em que criava mecanismos de repressão à
oposição, através se uma serie de atos institucionais, entre eles o Al-5.
b) A inauguração da política de abertura lenta e gradual, na medida em que estabelecia o voto direto e
Anotações
universal para a escolha se senadores e deputados.
c) A reação do governo às conquistas eleitorais da oposição, na medida em que impunha restrições,
como a eleição indireta de um terço dos senadores por colégios eleitorais estaduais.
d) O retrocesso na política de abertura lenta e gradual, na medida em que empunha a censura, ate
então inexistente, a todos os órgãos de comunicação.
e) O fim da ditadura militar, na medida em que estabeleceu as eleições diretas para todos os cargos
de governo, inclusive a presidência da República.
Questão 07
"A anistia, portanto, não é apenas um reencontro de pessoas. É também uma luta onde trabalhadores,
estudantes e intelectuais, profissionais liberais, bancários, comerciários e todos os que se movem hoje
no Brasil, vão se encontrar para trocar suas idéias, para juntar suas forças. Anistia é união. Unir
brasileiros já em um passo da luta contra a ditadura que desde 64 não busca outra coisa a não ser a
separação, seja pela morte, seja pela cadeia, seja pelo exílio ou mesmo pela desconfiança, o medo e
a delação.
(Fernando Gabeira, 1978)
Questão 08
Questão 07
"O rancho da goiabada / os bóias-frias / Quando tomam umas
biritas / Espantando a tristeza / Sonham com bife a cavalo / Batata
frita / E a sobremesa. / É goiabada cascão / com muito
queijo / Depois café, cigarro / E um beijo da mulata [...] / Ai, são
paus-de-arara ... (João Bosco e Aldir Blanc).
A charge anterior, do cartunista Chico Caruso, diz respeito às Nesses versos da música "Rancho da goiabada", composta durante
dúvidas do general João Figueiredo no início do seu governo, sobre o regime militar brasileiro, os compositores
como deveria conduzir o principal projeto da sua administração: a a) retratam pejorativamente o bóia-fria e mascaram o problema da
"abertura política". O novo presidente tanto poderia vestir a farda fome, indo ao encontro dos interesses dos governos militares.
militar e acentuar a face dura do regime, por meio de medidas b) ironizam o bóia-fria, por migrar do Nordeste para São Paulo e
discricionárias, como se compor com trajes civis dando Rio de Janeiro, o que era bem visto aos olhos dos governos
prosseguimento à política de "distensão gradual e segura" militares.
desenvolvida pelo governo anterior. c) apresentam a fome e o desemprego como os problemas mais
Ao longo do seu governo, João Figueiredo terminou por se utilizar imediatos a serem solucionados com a criação do salário mínimo
de ambos os trajes: ora fez questão de demonstrar força por meio pelo governo militar.
segurança, reconhecido desde logo que, em essência, o primeiro é Não tem beleza para se ver
dominante (...) para a nação brasileira (...)." E a gente morre sem querer morrer!"
(Geisel, E. Discursos. Brasília, Assessoria de Imprensa da Presidência da
República, 1976)
O cantor e compositor Zé Ketti, na letra que você acabou de ler:
a) clama por justiça diante da violência observada nos morros
A ideia de desenvolvimento está presente nos dois textos acima, dominados pelos traficantes.
representativos de dois momentos históricos distintos, os dos b) conclama a população carente a se mobilizar e derrubar o
governos João Goulart (1961-1964) e Ernesto Geisel (1974-1979), regime vigente no país.
respectivamente. Em ambos, essa ideia refere-se a projetos c) aborda a questão social, em que o lirismo se entrelaça com o
políticos orientados por concepções bem definidas no que diz desânimo em face às injustiças.
respeito aos compromissos sociais desses governos. d) denuncia o descaso dos postos de saúde instalados pelo
a) Indique uma iniciativa do governo João Goulart que evidencie governo nas favelas e nas periferias.
seu projeto de desenvolvimento.
b) Compare as visões dos projetos de desenvolvimento expressas
nos documentos apresentados.
Questão 13
A crise do petróleo, em 1973, atingiu toda a economia mundial.
Nesse ano, os países integrantes da OPEP (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo), que respondiam por mais de
60% da produção mundial e quase 90% das exportações, tomaram
medidas unilaterais para controlar a produção e distribuição dessa
matéria-prima.
a) Quais foram as medidas tomadas pela OPEP que resultaram na
crise do petróleo de 1973?
b) Quais foram as consequências dessas medidas sobre a
economia brasileira?
Questão 14
"A vontade geral contra a vontade do general"
(Censier)
Questão 15
Leia, com atenção, a letra que se segue. Ela é de uma música de
protesto surgida durante a repressão desencadeada pelos
governos militares brasileiros.
"Acender as velas já é profissão
Quando não tem samba tem desilusão
É mais um coração que deixa de bater
Um anjo que vai ao Pai do Céu
Deus me perdoe
Mas vou te dizer
O doutor chegou tarde de mais
Porque no morro não tem automóvel
Para subir
Não tem telefone para chamar
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Sobre o governo José Sarney (1985-1990) pode-se afirmar:
a) Para manter a ordem social, lançou mão de um governo autoritário, abolindo conquistas políticas
anteriores.
b) Durante os cincos anos desse governo, o país enfrentou recordes de taxas de inflação, diversas
crises ministeriais (só da Fazenda foram quatro) e vários planos econômicos que alteraram as regras
da economia.
c) Cancelou a moratória, que havia sido requerida no governo anterior.
d) Devido às grandes agitações sociais, Sarney não conseguiu renegociar a dívida externa, e a
redução dos juros só foi possível com o auxílio do FMI.
Questão 02
O agravamento da questão da dívida externa, o Plano Cruzado que visava estabilizar a economia do
país, a legalização dos partidos clandestinos, o reatamento diplomático com Cuba e maior ênfase a
problemas sociais foram características de um governo da história recente da república brasileira.
Identifique-o.
a) Fernando Collor de Mello
b) José Sarney
c) Itamar Franco
d) Fernando Henrique Cardoso
Questão 03
A 15 de janeiro de 1989, foi criado pelo presidente Sarney o Plano Verão, cujas principais medidas
foram:
a) combate ao déficit público; realização de eleições municipais; criação do cruzado novo; diminuição
das taxas de juros.
b) aumento da quantidade de dinheiro em circulação; fim da OTN e da URP; novo mecanismo de
reajustes mensais de salário, de acordo com a inflação do mês anterior; realização de eleições
municipais.
c) congelamento de preços e salários; criação do cruzado novo; fim da OTN e da URP; elevação das
taxas de juros.
d) assinatura de um novo acordo externo normalizando as relações do país com o mercado financeiro
internacional; criação do cruzado; fim das taxas de juros; congelamento de preços e salários.
Questão 04
A economia brasileira, desde o final da década de 1970, apresenta índices de inflação alta, redução do
crescimento econômico e dificuldades com endividamento externo e interno que caracterizam os anos
80 como a chamada "década perdida". Assinale a opção que expressa corretamente uma
característica do período.
a) Os planos de estabilização (Cruzado, Bresser, etc.) eliminaram momentaneamente a inflação, mas
seus resultados foram de curta duração.
b) A elevação da inflação brasileira está ligada à diminuição da produção de alimentos, decorrente do
direcionamento da produção agrícola para o mercado externo.
c) O crescente endividamento brasileiro no exterior não repercutiu na economia interna, porque foi
compensado pelos investimentos estrangeiros no país.
d) A Constituição de 1988 agravou a crise brasileira, ao reduzir a carga de impostos e limitar os
benefícios trabalhistas e previdenciários.
Questão 05
No mesmo dia da morte de Tancredo Neves, José Sarney assumiu a Presidência da República do
Brasil. O consenso sobre o processo democrático foi uma das válvulas mestras que impulsionaram
Sarney a enviar ao Congresso, em maio de 1985, uma série de medidas democratizantes,
transformadas em lei.
Com essas medidas,
a) restabeleceram-se as eleições diretas para prefeito das capitais, das áreas consideradas de
segurança nacional e das estâncias hidrominerais.
b) restabeleceram-se as eleições diretas para presidente e vice, e consequentemente manteve-se o
colégio eleitoral.
Questão 06
A Constituição Brasileira de 1988 ficou conhecida como a “Constituição cidadã”. Dentre suas decisões,
instaurou e possibilitou a vigência de medidas e de códigos legais relacionados aos direitos de grupos
específicos, entre os quais pode-se identificar os seguintes.
I. O Estatuto da Criança e do Adolescente.
II. O Estatuto do Idoso.
III. A afirmação do racismo como crime inafiançável.
IV. A demarcação das terras indígenas.
Questão 07
CONSTITUIÇÃO DE 1937
Dos Direitos Sociais
Art. 139 – A greve e o lockout [paralisação de empresários] são declarados recursos antissociais,
nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional.
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Dos Direitos Sociais
Art. 9º – É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre os interesses
que devam por meio dele defender.
Com base nas citações extraídas das Constituições de 1937 e 1988, é possível afirmar que o direito
de greve
a) ajudou a desenvolver a indústria nacional depois de 1937, durante a ditadura de Getúlio Vargas.
b) é uma conquista social recente, concedida pela ditadura militar dos anos 60 e confirmada durante o
processo de redemocratização que se seguiu.
c) foi proibido durante a ditadura de Getúlio Vargas e reconquistado em 1988, dentro de um contexto
de abertura democrática.
d) foi concedido em 1937 a apenas algumas categorias profissionais, estendendo-se a todas elas
somente em 1988.
e) é pouco utilizado atualmente, dadas as boas relações existentes entre patrões e empregados.
Questão 08
Sobre a eleição presidencial de 1989, considere as seguintes afirmações:
I - A eleição em dois turnos objetiva fazer com que o eleito some sempre a maioria absoluta (metade
mais um) dos votos. Se esse resultado não for obtido por qualquer um dos candidatos no primeiro
turno, os dois primeiros colocados disputam o segundo, evitando assim que o chefe do poder
legislativo (municipal, estadual ou federal) chegue a esse posto contando apenas com os votos de
uma parcela do eleitorado.
II - Um dos efeitos políticos da eleição em dois turnos é possibilitar que as diversas correntes políticas
apresentem candidaturas próprias no primeiro turno, deixando as composições e articulações eleitorais
para o segundo turno.
III - Na eleição presidencial de 89, a primeira em dois turnos do país, apresentaram-se 22 candidatos
para a disputa do primeiro turno.
A respeito dessas afirmações devemos dizer que:
a) apenas a II e a III estão corretas. d) apenas a I e a II estão corretas.
b) apenas a I está correta. e) todas estão corretas.
c) apenas a I e a III estão corretas.
Questão 06 Questão 09
“Sarney assume como vice-presidente no exercício da Presidência Em relação à Nova República, é COERENTE afirmar que:
da República. É efetivado em 21 de abril de 1985, devido à morte a) o Plano Cruzado, no governo Sarney, marcou o processo de
de Tancredo Neves, atribuída à infecção generalizada, após sete estabilização da economia brasileira, pondo fim à especulação
cirurgias e 38 dias de agonia, em tragédia que une e comove o financeira e à centralização da renda
país. A travessia está concluída. A transição se completou. Não foi b) no processo eleitoral de 1989, confirmou-se a implantação da
apenas o governo que mudou, mas o regime político. A maior democracia no Brasil, com a participação de candidatos de várias
prioridade agora é consolidar a transição”. tendências políticas, em que o vencedor, no final do segundo turno,
COUTO, Ronaldo Costa. História indiscreta da ditadura e da abertura – Brasil: 1964- foi o candidato do PT, Lula, que assumiu a presidência pela
1985. São Paulo: Editora Record, 1999. p. 443.
primeira vez
c) o Plano Real, lançado no primeiro ano de governo de Fernando
O fator que definiu esse processo de transição no Governo Sarney Henrique Cardoso, deixou o povo brasileiro num período de
(1985-1990) foi a(o) expectativa de consumo; após as eleições de 1998, foi substituído
a) fomento de reformas políticas para eliminar o pluripartidarismo por outro plano que causou grande frustração na população, com a
existente no país. perda do poder aquisitivo
b) emergência de uma nova carta constitucional para restabelecer o d) o Plano Collor, que ficou marcado pelo confisco das poupanças,
processo democrático. tanto garantiu a segurança dos direitos sociais dos trabalhadores
c) incremento da reforma econômico-financeira para estatizar o como rejeitou as imposições neoliberais do FMI
sistema bancário do país. e) no governo Lula, um dos principais aspectos da política social é
d) retomada dos atos institucionais dos governos da década o programa Fome Zero, que caracteriza muito claramente a
anterior para garantir a organização social. preocupação do governo com as camadas mais humildes do país
Questão 07 Questão 10
Lei do Máximo, de 29/09/1793. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Fixa limites para os preços e salários, aprovada sob pressão Condições de moradia do operário industrial
popular pela Convenção Nacional. À medida que as novas cidades industriais envelheciam,
multiplicavam-se os problemas de abastecimento de água,
Plano Cruzado saneamento, superpopulação, além dos gerados pelo uso de casas
"[...] Se, por um lado, lançou o Plano Cruzado congelando preços e para serviços industriais, culminando com as estarrecedoras
salários, reduzindo bruscamente a inflação que penalizava os condições reveladas pelas investigações sobre moradia e
trabalhadores de baixo poder aquisitivo, por outro foi extremamente condições sanitárias, na década de 1840. Essas condições, nas
inoperante em relação às elites quando estas iniciaram o boicote ao vilas rurais ou nas aldeias têxteis, eram, muito precárias, mas a
Plano e passaram a reter produtos provocando a escassez no dimensão do problema era certamente maior nas grandes cidades,
mercado, assim pressionando para a elevação dos preços através pela facilidade de proliferação de epidemias.
da formação de mercado paralelo. Com isso, a corrosão dos (...) Os habitantes das cidades industriais tinham frequentemente
salários se manifestava na prática, sem entrar, contudo, nos de suportar o mau cheiro do lixo industrial e dos esgotos a céu
cálculos oficiais da inflação." aberto, enquanto seus filhos brincavam entre detritos e montes de
AQUINO, Rubim et al. "Sociedade Brasileira: uma história através dos
movimentos sociais. Da crise do escravismo ao apogeu do neoliberalismo". Rio de esterco. Na verdade, alguns desses fatos persistem ainda hoje
Janeiro: Record, 2000. (década de 1960), no panorama industrial do norte e da região
central da Inglaterra. (...)
A legislação brasileira contemporânea imitou aquela estabelecida Adaptado de: E. P. Thompson. A formação da classe operária inglesa. In: Alceu
Pazzinato e Maria Helena Senise. História moderna e contemporânea. São Paulo:
pela Convenção Nacional.
Ática, 2003. p.102
As conjunturas históricas a que correspondem os textos,
respectivamente, são Em São Paulo, um grande surto de desenvolvimento econômico,
a) a da Revolução Francesa e a do governo Sarney. que levou à formação de parques industriais e ao aumento da
b) a da Revolução Industrial e a do governo Collor de Mello. população nordestina, vivendo em condições não muito diferentes
c) a da Revolução Americana e a do governo Itamar Franco. das descritas no texto, ocorreu nos anos
d) a da Revolução Inglesa e a do governo Fernando Henrique a) 20, com acúmulo de capital decorrente da produção cafeeira.
Cardoso. b) 30, com o incentivo às indústrias de bens de consumo promovido
e) a do Império Napoleônico e a do governo João Figueiredo. pelo Estado Novo.
c) 50, com a execução do Plano de Metas e da política
Questão 08 desenvolvimentista.
A resposta à crise econômica, vivenciada pelo Brasil no governo d) 60, com a implementação das Reformas de Base por João
Sarney (1985-1990), foi a elaboração e a implantação do Plano Goulart.
Cruzado. Esse plano e) 80, com a aplicação de planos econômicos pelo governo Sarney.
Questão 11 Questão 14
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO A respeito da transição democrática no Brasil, assim escreveu o
O FIM DE UMA ERA historiador Marcos Napolitano:
Em seu discurso de despedida do Senado, em dezembro de 1994, “Se a transição democrática começou contrariando a vontade de
o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou o fim da Era milhões de brasileiros que não puderam influenciar no destino
Vargas, como um prenúncio das mudanças que estavam por vir. político do país, os valores democráticos exercitados nos últimos
Supunha-se sepultado um modelo econômico que tinha como anos pela oposição civil como um todo marcaram época e foram o
principal ator o intervencionismo do Estado, como atração política o contraponto das dinâmicas políticas do regime. Aquela derrota não
paternalismo de cooptação e como modelo social a previdência poderia apagar a presença de amplos setores da sociedade que
pública e a legislação trabalhista. desejavam participar, após 21 anos de coerção social e política em
(NOGUEIRA, Octaciano. "Jornal da Tarde", 11/11/1998.) nome da Segurança Nacional”.
Marcos Napolitano. O regime militar brasileiro, 1964-1985.
Embora a citação acima apresente a legislação trabalhista de São Paulo: Atual, 1998, p. 99.
Getúlio Vargas como parte de um ultrapassado modelo econômico,
é possível apontar aspectos que, no sentido contrário, revelem o Quais os impactos da emenda Dante de Oliveira sobre a campanha
significado da contribuição trazida pela Consolidação das Leis do das Diretas Já.
Trabalho - CLT - para as relações de trabalho.
Um aspecto dessa contribuição está indicado em: Questão 15
a) manutenção da ação sindical e de direitos trabalhistas durante a A década de 80 no plano econômico brasileiro ficou conhecida
ditadura militar como década perdida, por conta dos fracassos sucessivos em
b) estabelecimento da pluralidade sindical e de partidos trabalhistas tentar recuperar nosso país. Comente sobre a década perdida da
durante o Estado Novo economia brasileira.
c) criação de normas legais para os aumentos salariais reais e do
gatilho salarial durante o governo Sarney
d) instituição do estatuto político dos trabalhadores e do Tribunal
Superior do Trabalho durante o segundo governo Vargas
Questão 12
Observe a charge.
Questão 13
A constituição de 1988 é considerada a constituição cidadã por
todas prerrogativas legais que ela implantou. Analise o contexto
político brasileiro da época.
Este texto apresenta algumas reflexões sobre a crise que desencadeou o impedimento do Presidente
Fernando Collor de Mello.
A crítica política que apóia as preocupações do autor acerca daquele período pode ser traduzida por:
a) O predomínio da imagem pública é prejudicial à democracia.
b) A propaganda positiva é fundamental na consolidação dos governos atuais.
c) A ênfase na pessoa privada decorre da fragilidade das instituições públicas.
d) A imagem pública fica prejudicada com a difusão dos meios de comunicação.
Questão 02
Responder à questão numerando a coluna II de acordo com os planos econômicos citados na coluna I.
COLUNA I
1. Plano Cruzado
2. Plano Collor
3. Plano Real
4. Plano Bresser
COLUNA II
( ) Volta do cruzeiro como moeda nacional, bloqueio por 18 meses dos saldos de contas
correntes, poupanças e investimentos financeiros, e abertura da economia ao capital estrangeiro.
( ) Retenção de 15% de todos os impostos e contribuições federais pelo Fundo Social de
Emergência, controle da emissão de moeda e criação da URV como indexador diário vinculado ao
dólar comercial.
( ) Congelamento de preços, tarifas e salários pelo prazo de um ano e criação do gatilho salarial, a
ser disparado sempre que a inflação acumulada superasse os 20%.
A sequência correta dos números na coluna da direita, de cima para baixo, é a seguinte:
a) 2 - 3 – 4 b) 1 - 4 – 3 c) 2 - 3 – 1 d) 3 - 2 – 1
Questão 03
O desemprego nas áreas metropolitanas cresce, impulsionado por uma selvagem política de redução
de custos e de modernização tecnológica posta em prática especialmente no setor industrial. (...) A
tendência ao crescimento do trabalho autônomo, precário, de remuneração incerta e baixa se acentua.
(...) Em contrapartida assistimos à crescente imobilização do Estado, dilapidado pelas altas taxas de
juros, afogado em dívidas, incapaz de levar avante políticas de desenvolvimento ou políticas sociais.
Fernando A. Novais e João M. Cardoso de Mello
Questão 04
As eleições presidenciais brasileiras, ocorridas neste ano, envolveram oito candidatos, concorrendo
por partidos ou alianças diversas. Alguns dos candidatos fizeram, em suas campanha, referências a
episódios ou a personagens da história política brasileira do século XX.
Entre tais referências pode-se mencionar a lembrança do
a) nascimento de vários partidos entre 1979 e 1982, momento da "reforma partidária", quando
surgiram, entre outros, o PMDB de Orestes Quércia e o PRN de Carlos Gomes.
b) golpe militar de 1964, defendido àquela época pelo PFL e pelo PSC, que instalou no poder o
almirante Fortuna, presidenciável nas últimas eleições.
c) desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek, que governou de 1956 a 1961, e que fez aparecer a
Anotações
proposta social-democrata, defendida por Esperidião Amin e por Enéas Carneiro.
d) "impeachment" do presidente Fernando Collor de Mello, ocorrido em 1992 e que contou com a
participação favorável, entre outros, de Luis Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso.
Questão 05
Ao assumir a presidência em março de 1990, Collor tinha um efetivo apoio dos meios de comunicação.
O governo norte-americano sugeria ao presidente a adoção de uma política neoliberal. Em julho de
1992, 69% desaprovam o governo de Collor. Em setembro desse ano a Câmara dos Deputados vota o
impedimento do presidente. Collor renunciou horas antes da votação no Senado que reitera o
impedimento. São características desse curto período presidencial:
a) o congelamento das contas de poupança de todos os brasileiros, o aumento das tarifas de
importação e a proteção da indústria nacional.
b) a definição de uma política de privatização das empresas estatais, um amplo plano de combate às
desigualdades sociais e as boas relações entre os poderes executivo e legislativo.
c) o uso permanente das "medidas provisórias", a desenfreada corrupção em todos os escalões do
governo e a política anti-privatista das empresas estatais.
d) o congelamento de poupança de todos os brasileiros, a redução drástica das tarifas de importação e
a política de defesa da privatização das empresas estatais.
Questão 06
"Estudos mostram avanço positivo do Plano Real: com a queda da inflação e o crescimento
econômico, o País reduziu significativamente o número de miseráveis. (...) é fundamental, no entanto,
que não se cometa o erro absurdo e imperdoável de avaliar que já somos menos injustos..."
Tendo em vista a realidade brasileira pode-se afirmar, a partir das idéias do texto, que
a) apesar dos aspectos positivos, possuímos uma das maiores desigualdades de renda do mundo.
b) a queda da inflação foi acompanhada pela redução no consumo de bens das camadas populares.
c) o crescimento econômico permitiu solucionar o problema do déficit habitacional nos grandes
centros.
d) a população situada na categoria de miseráveis é pequena e concentrada nas zonas rurais.
e) a injustiça social permanece, pois os índices de analfabetismo foram reduzidos apenas para 50% do
total de habitantes.
Questão 07
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira [30/5] que o
impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello foi apenas um “acidente” na história do
Brasil. Sarney minimizou o episódio em que Collor, que atualmente é senador, teve seus direitos
políticos cassados pelo Congresso Nacional. “Eu não posso censurar os historiadores que foram
encarregados de fazer a história. Mas acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente que não
devia ter acontecido na história do Brasil”, disse o presidente do Senado.
Correio Braziliense, 30/05/2011.
Sobre o “episódio” mencionado na notícia acima, pode-se dizer acertadamente que foi um
acontecimento
a) de grande impacto na história recente do Brasil e teve efeitos negativos na trajetória política de
Fernando Collor, o que faz com que seus atuais aliados se empenhem em desmerecer este episódio,
tentando diminuir a importância que realmente teve.
b) nebuloso e pouco estudado pelos historiadores, que, em sua maioria, trataram de censurá-lo,
impedindo uma justa e equilibrada compreensão dos fatos que o envolvem.
c) acidental, na medida em que o impeachment de Fernando Collor foi considerado ilegal pelo
Supremo Tribunal Federal, o que, aliás, possibilitou seu posterior retorno à cena política nacional,
agora como senador.
d) menor na história política recente do Brasil, o que permite tomar a censura em torno dele,
promovida oficialmente pelo Senado Federal, como um episódio ainda menos significativo.
e) indesejado pela imensa maioria dos brasileiros, o que provocou uma onda de comoção popular e
permitiu o retorno triunfal de Fernando Collor à cena política, sendo candidato conduzido por mais
duas vezes ao segundo turno das eleições presidenciais.
Questão 05
02) O governo Collor promoveu a suspensão ou a diminuição d) Os escândalos deixados por Collor no governo de Alagoas, que
drástica de tarifas de importação de alguns produtos e impulsionou só foram descobertos após ele ter assumido a presidência.
uma abertura que possibilitou uma modernização da economia
brasileira. Questão 12
04) A política econômica do Governo Collor gerou uma permanente A partir de 1985, o Brasil está em fase de redemocratização. Deste
estabilidade na economia brasileira, com o fim definitivo das altas momento em diante, governos civis passam a exercer a soberania
taxas inflacionárias. republicana do País. Neste sentido, leia os itens abaixo e assinale a
08) O Plano Collor de estabilização e de modernização econômica opção que estiver correta com relação ao período.
promoveu um confisco temporário das contas de poupança, dos a) Na presidência de Itamar Franco, foi realizado o plebiscito que
depósitos nas contas correntes e um congelamento de preços e de decidiu pela continuidade do sistema republicano presidencialista
salários. que o Brasil vive atualmente.
16) Durante o governo Collor, foi criado o Mercosul, formado por b) Em 1985, o governo José Sarney, objetivando conter a inflação,
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de ser um elaborou o seu plano econômico mais famoso: plano real.
bloco econômico regional. c) Em 1988, foi aprovada a primeira Constituição do Brasil
republicano, cujo documento final foi chamado de “Constituição
Questão 10 Cidadã”.
Na primeira metade da década de 1980, o Brasil passou por d) O governo de Fernando Collor, praticando uma administração
grandes agitações sociais, que provocaram mudanças significativas neoliberal, iniciou o processo de privatização das empresas de
no campo político. Entre elas, estão as "campanhas das Diretas capital privado brasileiras.
Já", que resultaram em mudanças importantes sobre a escolha e) A presidência de Fernando Henrique Cardoso se caracterizou
para presidente através do voto direto, no entanto, mesmo pelo processo de retomada, pelo Estado, das empresas
acontecendo as eleições no ano seguinte, a população não teve privatizadas no Governo Collor de Mello.
direito à escolha do presidente com o voto direto, pois só houve
eleições diretas para presidente em 1989. Questão 13
O primeiro presidente eleito com o voto direto foi O escândalo é um fenômeno produzido por ações que envolvem
a) Tancredo Neves. transgressões de códigos morais levadas ao domínio público,
b) Collor de Melo. provocando reações que podem afetar a reputação de pessoas ou
c) José Sarney. instituições. Na esfera política, em geral os escândalos estão
d) Itamar Franco. associados à corrupção e ao suborno e constituem materiais
e) Luís Inácio (Lula). explorados pela imprensa. No Brasil, neste ano de 2012, o
Supremo Tribunal Federal julgou o escândalo do “Esquema de
Questão 11 compra de votos de parlamentares”, conhecido por “Mensalão”,
Eleito em novembro de 1989, chega ao poder, no Brasil, um denunciado durante o governo do presidente Lula.
presidente de raízes cariocas e de carreira política em Alagoas Anteriormente, os dois maiores escândalos políticos da história
(onde administrou o Gazeta Alagoana), vindo de um pequeno republicana brasileira haviam acontecido no segundo governo
partido, o PRN (Partido da Reconstrução Nacional). Durante o Vargas (1951-1954) e no governo Collor (1990-1992). Ambas as
governo de Fernando Affonso Collor de Mello, vários escândalos situações suscitaram crises políticas que afetaram os governantes.
eclodiram, enfraquecendo a base aliada e a aceitação popular, em Caracterize a crise política (seus motivos e efeitos) em cada um
meio aos protestos dos “caras pintadas”, nome pelo qual ficou destes momentos:
conhecida a juventude desse período, que saiu às ruas clamando a) Segundo Governo Vargas
pelo impeachment do presidente. O movimento popular surtiu b) Governo Collor
efeito, e o presidente Collor deixou o poder.
Questão 14
Recentemente, em julho de 2011, faleceu o ex-presidente Itamar
Franco. A respeito da sua chegada ao poder e do seu governo, é
correto afirmar:
a) Venceu Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno das eleições
disputadas em 1994, graças ao sucesso do Plano Real,
implementado no governo de Fernando Henrique Cardoso.
b) Venceu Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 1989 e
organizou um governo de coalizão nacional, do qual participaram
O que motivou a retirada de Fernando Collor da presidência da todos os demais partidos políticos brasileiros, inclusive o PT.
república? c) Assumiu a presidência após o processo de impeachment do
a) A rede de corrupção montada por Collor e por seu tesoureiro, presidente Fernando Collor de Mello e, com seu ministro Fernando
Paulo César Farias, conhecida como "Esquema PC". Henrique Cardoso, implementou o Plano Real.
b) A demissão de uma grande aliada de Collor, a ministra Zélia d) Foi eleito em janeiro de 1985, em eleição direta pelo colégio
Cardoso de Mello, que, temendo sofrer represália, deixou o eleitoral, e organizou um governo de reformas políticas e
Ministério da Fazenda. econômicas que permitiram sua reeleição em 1994.
c) O fracasso da abertura econômica para produtos importados, e) Foi eleito em 1994 devido ao sucesso do Plano Real
que reduziu impostos para promover a modernização da indústria implementado no governo do presidente Fernando Henrique
brasileira. Cardoso, do qual participou como ministro da Fazenda.
GOVERNO FHC – LULA (1995- 2010) entregá-lo ao seu sucessor com as finanças devidamente
organizadas.
ECONOMIA As principais marcas positivas do governo FHC foram a
A política de estabilidade e da continuidade do Plano Real foi a continuidade do Plano Real, iniciado por Itamar Franco que tinha o
principal bandeira da campanha eleitoral de 1998 para a reeleição próprio Cardoso como Ministro da Fazenda; o fim da hiperinflação,
de FHC. Ele foi reeleito já no primeiro turno. Promoveu inúmeras e a criação de programas sociais pioneiros como o bolsa-escola, o
privatizações em setores como telecomunicações, distribuição de vale-gás e o bolsa-alimentação. Além de mudanças amplas no
energia elétrica, mineração e financeiro. Essas privatizações essas Estado brasileiro, com a implementação da Advocacia Geral da
contestadas por sua oposição, principalmente do PT. União, da Lei de Responsabilidade Fiscal, do Ministério da Defesa
Ao longo de seu mandato presidencial a economia brasileira[ se e a implantação do PROER - programa de restruturação do
manteve estável, em consequência do controle da inflação sistema financeiro brasileiro - concentrando e transformando os
conseguido com o Plano Real. bancos brasileiros em instituições fortemente fiscalizadas o que
INÍCIO DA EXPANSÃO ECONÔMICA rendeu elogios do próprio presidente Lula na ocasião da crise
econômica mundial de 2008.
Durante o Plano Real e sucessivamente, houve um maciço
ingresso de investimentos externos na área produtiva, sendo essa LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
entrada de dólares uma das âncoras do plano. Só na área da A Lei de Responsabilidade Fiscal provocou uma mudança
indústria de automóveis, entraram com fabricação no país durante substancial na maneira como é conduzida a gestão financeira dos
o governo de Fernando Henrique nada menos que onze marcas três níveis de governo. Até então, o governo federal não tinha
(Peugeot, Renault, Citroën, Audi, Mitsubishi, Nissan, Land Rover, mecanismos para medir o endividamento total do país. Como
Toyota - até então uma pequena fabrica artezanal de jipes, Honda, medida de contingênciamento para a implantação da LRF, o
Mercedes-Benz automóveis, Dodge-Chrysler, fora a (na época) governo tomou para si as dívidas públicas estaduais e municipais,
brasileira Troller. Ainda no setor de caminhões a Volkswagem tornando-se credor dos estados e municípios altamente
implantou fábrica em Resende-RJ, a Iveco em Minas e a endividados. Com a LRF, impediu que os prefeitos e governadores
Internacional/Agrale no Rio Grande do Sul. Entraram em atividade endividassem novamente os estados e municípios além da
também montadoras de motocicletas como Kasinski e Sundown capacidade de pagamento.
em Manaus. A produção de veículos no país cresceu SAÚDE
expressivamente ultrapassando a marca de 2 milhões/ano. O programa de combate à AIDS foi copiado por outros países e
Investimentos perderam fôlego por causa das crises em vários apontado como melhor programa de combate a Aids pela ONU[ No
países emergentes que ainda afetavam o Brasil. período, foi criada também a lei de incentivo aos medicamentos
Nesse período o país começava a viver uma expansão econômica, genéricos, o que possibilitou a queda preço dos medicamentos no
depois de sofrer os efeitos de várias crises internacionais nos anos Brasil. Eliminou os impostos federais dos medicamentos de uso
anteriores. A expansão econômica embrionária, no entanto, trouxe continuado. Foi regulamentada ainda a lei de patentes, com
efeitos colaterais sérios, gerados pela ausência de investimento e resolução encaminhada à Organização Mundial do Comércio para
planejamento em produção de energia no Brasil, que não se licenciamento compulsório de fármacos em caso de interesse da
organizara para seu crescimento. saúde pública. Foi organizado também o Sistema Nacional de
FHC enfrentou diversas crises mundiais durante seu governo, Transplantes e a Central Nacional de Transplantes
como a crise do México em 1995, a crise asiática em 1997-98, a Durante o Governo FHC, foi sancionado a Lei nº 10.167, de 2000
crise russa em 1998-99 e, em 2001, a crise argentina, os atentados que tornou mais rigorosa a política antitabagista no Brasil, com a
terroristas nos EUA em 11 de setembro de 2001, a falsificação de proibição da publicidade e a introdução das imagens de impacto
balanços da Enron/Arthur Andersen. Internamente, enfrentou uma em embalagens de cigarro. Também foi introduzida a vacinação
crise em 1999, quando houve uma forte desvalorização do real, dos idosos contra a gripe e criada a Agência Nacional de Saúde
depois de o Banco Central abandonar o regime de câmbio fixo e Suplementar (ANS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
passar a operar em regime de câmbio flutuante. Em 2002, a (Anvisa). Também tinha os "Mutirões da Saúde".
própria eleição presidencial no Brasil, em que se previa a vitória de CRISES E ACUSAÇÕES DE CORRUPÇÃO
Lula, causou mais uma vez a fuga de hot-money, elevando o preço
do dólar a quase R$ 4,00. Reeleição
Opositores de seu governo afirmam entretanto que tendo Fernando No primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, foi aprovada
Henrique incentivado o fluxo de capitais externos especulativos de uma emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos
curto prazo no Brasil (hot-money) - que supostamente inundariam o executivos em todos os níveis. Tornando-se FHC o primeiro
país para equilibrar o balanço de dólares, exatamente o oposto do presidente brasileiro a ser reeleito posteriormente. Gravações
desejado se deu: a cada crise que surgia em outros países colocaram sob forte suspeita a emenda que permitiu a reeleição do
emergentes, a economia brasileira sofria uma retirada abrupta FHC. Dois deputados do PFL admitiram terem desembolsado
desses capitais internacionais especulativos, o que obrigava FHC a dinheiro junto a Sérgio Motta(Ministro das comunicações) para
pedir socorro ao FMI, o que fez três vezes. sendo a última já com votar a favor da emenda. Os deputados acusados, após serem
concordância de Lula, recem-eleito. Seus defensores lembram que investigados pela Comissão de Constituição e Justiça, se viram
FHC pegou o país falido, praticamente sem divisas em dólar e com obrigados a renunciar para evitar a cassação de seus mandatos.
uma hiper-inflação que chegou a mais 70% em um único mês, Tendo formado uma base de sustentação coesa, principalmente
tendo que abrir mão de diversas frentes para estabilizar o país e através do apoio total do PFL e de parte do PMDB, FHC manteve
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Segundo o diagnóstico do Governo Fernando Henrique Cardoso, a globalização era um processo
inevitável: ou os países se ajustavam a ela ou ficariam à margem das grandes transformações que o
mundo estaria vivendo no final do século XX. As medidas que visavam adaptar o Brasil às condições
requeridas por esse processo consistiam em
a) elevar o nível de emprego, praticar juros baixos no mercado interno e investir na infraestrutura
nacional.
b) ampliar os gastos públicos, estimular o combate da inflação e consolidar o processo de substituição
de importações.
c) valorizar a herança nacionalista, aprofundar o reajuste de preços e salários e abrir o país para a
entrada de capitais externos.
d) promover a desregulamentação financeira, reduzir o papel do Estado na economia e implementar
programas de ajustes fiscais.
Questão 02
Em outubro de 1994, embalado pelo sucesso do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito
Presidente da República. Em seu discurso de despedida do Senado, se comprometia a acabar com o
que denominava “Era Vargas”: “(...) Eu acredito firmemente que o autoritarismo é uma página virada
na história do Brasil. Resta, contudo, um pedaço do nosso passado político que ainda atravanca o
presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas.” (14/12/1994)
O presidente eleito governou o Brasil por dois mandatos, iniciando a consolidação da política
neoliberal no país, principiada pelos presidentes ColIor e Itamar Franco. Sobre os dois mandatos
(1995-2002), pode-se afirmar que se caracterizam
a) pela manutenção do poder aquisitivo dos que se aposentavam; estabelecimento do monopólio
nacional sobre as telecomunicações, através das empresas estatais; e nacionalização do sistema
financeiro.
b) pelo elevado crescimento econômico, com média anual de cerca de 5% ao ano; grande
investimento em infraestrutura e educação; distribuição de renda; e aumento da capacidade
econômica do Estado.
c) pela política social de inclusão, com a criação da Bolsa Família; facilitação do ingresso de carentes
na Universidade; restrição aos investimentos estrangeiros; e elevados incentivos à agricultura familiar.
d) pelo rompimento com a política econômica originada pelo “Consenso de Washington”; consolidação
do sistema financeiro estatal; e reforço da legislação trabalhista gestada na primeira metade do século
XX.
e) pelo limitado crescimento econômico; privatização das empresas estatais; diminuição do tamanho
do Estado; e apagão energético, que levou ao racionamento e ao aumento do custo da energia.
Questão 03
Nas eleições para a Câmara do Deputados (1994) mostrado na tabela acima, o Estado de São Paulo
elegeu 70 parlamentares através de 13 partidos políticos. Acerca dessas eleições é possível afirmar
que nesta unidade da Federação:
a) PT, PC do B e PDT, partidos com forte representação em todo o território nacional, conseguiram
eleger mais de 30% dos parlamentares paulistas à Câmara dos Deputados.
b) PSB, PRN e PT, partidos com programas de governo praticamente idênticos, elegeram em conjunto
menos de 20% dos deputados federais do Estado de São Paulo.
c) PPR, PTB, e PSD elegeram, conjuntamente, dezoito deputados, o que representa cerca de 50% do
total dos representantes de São Paulo eleitos pelos três maiores partidos.
d) PSDB, PMDB e PFL, partidos que em nível federal apoiam o governo Fernando Henrique Cardoso,
elegeram em conjunto cerca de 45% dos deputados federais por São Paulo.
Questão 05
Analise os textos.
"Diante dos documentos internacionais que começam a expor a verdadeira situação do Brasil, depois
das reformas neoliberais da Constituição e da economia, o único álibi que os responsáveis pelo
resultado clamoroso podem invocar é que o 'processo não está concluído'."
(Janio de Freitas. "Folha de S. Paulo". 19/09/99. Cad. 1. p. 5)
"Nos anos 80 e 90, sob o paradigma neoliberal, diluiu-se a 'legitimidade' dos projetos de
desenvolvimento e debilitaram-se os Estados nacionais. Liberalização, desregulação e privatização
passaram a constituir os pilares de uma suposta 'nova ordem' que promoveria a modernização e o
progresso por força das virtudes da eficiência alocativa dos mercados de capitais".
(Luciano Coutinho. "Folha de S. Paulo", 12/9/99. Cad. 2. p. 2)
Os dois autores referem-se ao Projeto Neoliberal implantado no Brasil pelos últimos governos da
Federação. A partir da análise dos textos, pode-se depreender que o Projeto Neoliberal, no Brasil,
a) acelerou o processo de distribuição de renda no país.
b) fortaleceu o poder de intervenção do Estado na economia.
c) não alcançou ainda os objetivos pretendidos pelos seus idealizadores.
d) ultrapassou a fase de implantação do progresso e da modernização econômica.
Questão 06
Leia os textos.
"A crise econômica recente no Brasil demonstra que qualquer país está ameaçado por turbulências
informativas e movimentos especulativos nos mercados financeiros globais."
(Manuel Castells. "Folha de S. Paulo", 23/05/99. Cad. Mais, p. 5)
(...) uma crise aguda da economia brasileira seria transmitida a toda a América Latina e provocaria
uma catástrofe nos Estados Unidos, que destinam 20% de suas exportações a essa região. A Europa,
evidentemente, também não seria poupada por uma crise geral da economia. Foi menos o futuro do
Brasil do que o medo de uma tal crise mundial que mobilizou uma ajuda internacional considerável
para livrar o país dos apuros."
(Alain Touraine. "Folha de S.Paulo". 31/01/99. Cad. Mais. p. 5)
O Plano Real, adotado pelo Governo de Itamar Franco, em 1994, contribuiu para a eleição do
Presidente Fernando Henrique Cardoso. No início de 1999, o Plano Real sofreu uma crise que fez cair
os índices de popularidade do Presidente.
De acordo com os textos, essa crise estava relacionada, principalmente,
a) à fuga de capitais ocorrida no final de 1998, que provocou uma redução nas divisas e a
desvalorização cambial.
b) aos conflitos entre Brasil e Argentina, na definição das taxas alfandegárias para
importação/exportação de alimentos.
c) aos baixos investimentos do Governo nas áreas sociais, especialmente na saúde, educação e
moradia.
d) à falta de decisão política do Governo para enfrentar os problemas decorrentes da baixa oferta de
trabalho.
Questão 07
I. "Na relação Estado/mercado, o presidente opta pelo privilégio deste, fonte do dinamismo, da
modernização, dos gastos racionais - o mercado como 'melhor alocador de recursos', em
contraposição ao Estado ineficiente, desperdiçador, irracional. Bastaria o Estado ser passado a limpo,
para que a crise brasileira fosse superada, conduzida pela economia privada, livre das travas do
Estado."
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289
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)
II. "Não é uma estabilidade ancorada num desenvolvimento econômico que, ao expressar a força de
nossa economia, pudesse determinar a paridade com o dólar pela equiparação das duas economias.
É um mecanismo basicamente financeiro, que se apoia na entrada maciça de capitais especulativos,
Anotações
pressionando o preço do dólar para baixo."
Os textos identificam, respectivamente, uma crítica à política
a) intervencionista do presidente Ernesto Geisel e ao 11 Plano Nacional de Desenvolvimento.
b) autoritária do presidente João Batista Figueiredo e ao Plano Cruzado II.
c) liberal do presidente Fernando Collor de Mello e ao Plano Brasil Novo.
d) neoliberal do presidente Fernando Henrique Cardoso e ao Plano Real.
Questão 08
A crítica feita através da charge refere-se um aspecto da política econômica adotada pela
administração FHC.
assumia a presidência da República por dois mandatos. A partir da tira, é possível inferir, a respeito do impacto das novas
d) Logo que assume, o novo presidente acaba com as políticas tecnologias nas sociedades contemporâneas,
sociais, como o programa bolsa-família, criada pelo governo de a) o aumento do tempo dedicado ao lazer, devido à diminuição da
Fernando Henrique. jornada de trabalho.
e) O presidente “Lula” não foi reeleito em 2006, devido à queda do b) a diminuição das horas de trabalho e a massificação do uso de
PIB e ao crescimento do desemprego, fazendo com que a fontes de energia alternativas, associadas à valorização do ócio e
desigualdade social aumentasse durante o seu governo. da vida natural.
c) a transformação das cidades em espaços de vida
Questão 07 socioeconômica harmonizados com os ritmos do corpo e da
Luiz Inácio Lula da Silva, ou simplesmente Lula, foi líder sindical e natureza.
esteve à frente das famosas greves do ABC Paulista no final dos d) a presença constante dos meios de comunicação na vida
anos 70, chegando à Presidência da República brasileira em 2003, cotidiana e a difusão de ideologia anticonsumista.
após vencer as eleições em que tinha por oponente o paulista José e) a aceleração do tempo histórico, devido a mudanças
Serra. Com relação ao governo Lula, no seu primeiro mandato, econômicas, sociais e políticas cada vez mais rápidas.
analise as seguintes proposições.
( ) Um dos atos iniciais do Presidente Lula foi a reforma da Questão 10
Previdência Social, pela qual aumentaram-se as exigências para os
trabalhadores se aposentarem.
( ) A estabilidade da moeda e o controle da inflação foram
objetivos concretizados pelo seu governo.
( ) Instituiu o Plano Real como forma de conter a histórica
inflação que se abatia sob o país, desde os governos militares.
( ) No meio da primeira fase de seu governo, surgiram, na
imprensa, alguns escândalos políticos, entre os quais sobressaía a
acusação de que parlamentares eram pagos para aprovar projetos
do governo.
( ) Considerando os carros de fabricação nacional verdadeiras
“carroças”, o governo passou a favorecer a importação de
automóveis e outros produtos de luxo. Um slogan busca divulgar uma ideia importante de forma simples e
direta, além de traduzir valores e intenções, sobretudo se utilizado
Questão 08 para fins de propaganda política.
Em janeiro de 2003, o presidente Lula assinou a Lei 10.639 que As propostas do governo Médici e do governo Lula relacionadas
instituiu a obrigatoriedade do ensino de cultura e história africanas aos slogans acima estão identificadas, respectivamente, na
nas escolas brasileiras. NÃO foi objetivo norteador dessa lei seguinte alternativa:
a) valorizar os saberes de origem afro-descendentes. a) defesa da segurança nacional − integração sociocultural
b) promover a autoestima de estudantes negros do país. b) distribuição equilibrada de renda − socialização da riqueza
c) favorecer o desenvolvimento de uma cidadania inclusiva. c) diminuição das desigualdades jurídicas − democracia racial
d) garantir o acesso a uma renda mínima para os desfavorecidos. d) qualificação da mão de obra fabril − desenvolvimentismo
e) problematizar a visão eurocêntrica presente nos livros didáticos. econômico
Questão 09 Questão 11
Observe a figura: Leia o fragmento do texto e, após, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).
“Em maio de 2006, uma organização criminosa ligada ao tráfico de
drogas e comandada de dentro de presídios desencadeou uma
onda inédita de violência, com o ataque em larga escala a forças
policiais e civis, atingindo pelo menos seis estados brasileiros. A
cidade de São Paulo foi paralisada; a população se recolheu a suas
casas e a polícia iniciou operações de represália, com violência
sem precedentes. Outros ataques do crime organizado continuaram
acontecendo tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro.”
(VICENTINO, Cláudio e DORIGO,Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo:
Scipione, 2010, p.805).
Questão 15
Em 2005, a população acompanhou mais uma grave crise da
história política recente no Brasil. A esse respeito, analise:
UMA semelhança e UMA diferença entre a crise política do governo
Lula e a vivenciada em 1992 pelo governo Collor, no chamado
"Collorgate".
GOVERNO DILMA ROUSSEF (2011- 2016) educação, além de uma insatisfação causada pela corrupção
desenfreada e pelos excessivos gastos com as obras da Copa do
GOVERNO DILMA ROUSSEFF Mundo de 2014. Foi um momento de ampla rejeição à classe
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), proposto por política.
Lula, não atingiu seu objetivo totalmente, pois várias obras ficaram Esses protestos contaram com a participação de milhões de
inacabadas e outras não saíram do papel, mas foi por meio dele e pessoas, os quais reivindicavam melhorias para o Brasil. O impacto
das ações tomadas à frente da Casa Civil que se projetou o nome de tudo isso foi uma queda vertiginosa de 27% na popularidade de
de sua sucessora, Dilma Rousseff, para as eleições de 2010. Dilma Rousseff.
Os conflitos internos entre Aécio Neves e José Serra e a demora Como resposta ao conjunto de manifestações, a presidente propôs
na escolha de um candidato desgastaram as estratégias políticas a ampliação da desoneração de impostos para o óleo diesel, que
do PSDB e de seus aliados. Já o PT, com um grande leque de abastece os ônibus, e para a energia elétrica usada nos trens; o
alianças, coligado ao PMDB, lançou a campanha de Dilma investimento de R$ 50 bilhões para obras de mobilidade urbana,
Rousseff e de seu vice, Michel Temer. Fazendo uso da máquina do como metrôs e corredores de ônibus; a realização de um plebiscito
Estado e da forte aceitação popular do presidente Lula no país, a sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte para tratar da
campanha manteve certa vantagem sobre a de Serra, no entanto reforma política; a transformação de atos de corrupção em crimes
foi insuficiente para vencer no 1o turno, pois atingiu apenas 46% hediondos; a contratação de médicos estrangeiros, como medida
dos votos válidos. emergencial para áreas mais remotas, observando-se a prioridade
A ida das eleições para o segundo turno, promoveu o acirramento dos profissionais brasileiros; a ampliação das vagas nas
da disputa política, com Serra enfatizando as denúncias de universidades e nos hospitais para médicos residentes; e a
corrupção do governo anterior e Dilma salientando a ideia de destinação de 100% dos royalties do petróleo e de 50% dos
continuidade do Governo Lula, que alcançou ótimos índices de recursos do pré-sal para a educação. Dilma Rousseff reafirmou
aceitação. Dilma Rousseff, aos 63 anos, foi eleita a primeira mulher ainda o compromisso com o controle da inflação e dos gastos
presidente do Brasil com pouco mais de 56% dos votos válidos, públicos.
contra quase 44% de José Serra. Nesse contexto, o pleito eleitoral de 2014 foi bastante conturbado.
Dilma abriu espaço para a Comissão Nacional da Verdade, que fez Dentro do PT, havia um grupo que defendia o retorno de Lula, fato
um levantamento de casos de desaparecimento e de tortura entre que foi contornado pelo próprio ex- presidente.
1946 e 1985 e criou novos modelos de apoio às classes menos Durante o período eleitoral, no dia 13 de agosto de 2014, um
favorecidas. O governo passou a manter uma linha governamental acidente aéreo vitimou fatalmente o presidenciável do Partido
mais ligada ao neoliberalismo e a priorizar ações assistencialistas. Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, gerando um clima de
comoção nacional e elevando a ex-senadora Marina Silva, vice da
campanha de Eduardo, ao segundo lugar nas pesquisas e com
possibilidades de vitória em um possível segundo turno. No
entanto, a candidata Marina, na reta final, começou a declinar nas
pesquisas de intenção de votos. Mais uma vez, a disputa eleitoral
ficou entre petistas e tucanos.
O senador Aécio Neves surpreendeu, no primeiro turno, ao obter
33% dos votos, contra 41% da presidente Dilma. O clima mostrava-
se favorável ao senador mineiro, porém o governo petista foi mais
forte e, na mais disputada eleição presidencial da história do Brasil
redemocratizado, a presidente Dilma Rousseff foi reeleita com
51,64% (54 501 118 votos), contra 48,36% (51 041 155 votos) de
Aécio Neves.
Nesse mesmo ano, dois temas tomaram os noticiários e os
debates políticos do Brasil. O primeiro foi a deflagração da
Lula passa a faixa presidencial para Dilma Rousseff, primeira Operação Lava Jato, a maior investigação de corrupção e lavagem
mulher a comandar o Brasil, durante a cerimônia de posse no de dinheiro da história do Brasil; o segundo, a pressão pós-eleição
Palácio do Planalto, em 1o de janeiro de 2011. à presidente reeleita Dilma Rousseff.
Fabio Rodrigues Pozzebom/Abr/Wikimedia Commons
A Operação Lava Jato prosseguiu no dia a dia da vida política e
Os dois primeiros anos do governo de Dilma Rousseff foram de judiciária do Brasil, com um histórico de centenas de prisões e
relativa estabilidade política e econômica e com boa aceitação depoimentos de empresários, funcionários dos setores público e
popular. No entanto, no ano de 2013, que marcou o início de uma privado e ex-políticos.
nova disputa eleitoral ao Palácio do Planalto, ocorreram intensas
manifestações por todo o Brasil. As pressões de grande parte dos grupos políticos e de uma parcela
da população brasileira conduziram a presidente ao processo de
Tendo início em São Paulo, devido ao aumento da tarifa do impeachment. Apesar das manifestações dos grupos partidários,
transporte coletivo urbano, as manifestações propagaram-se pelas Dilma foi denunciada por crime de responsabilidade fiscal. O
cidades mais populosas do país, demonstrando uma insatisfação processo de impeachment de Dilma Rousseff transcorreu de
de parte da sociedade brasileira em relação à precariedade dos dezembro de 2015, quando o pedido foi aceito na Câmara dos
serviços públicos fundamentais, como saúde, segurança e Deputados, até 31 de agosto de 2016, quando ela foi afastada
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Questão 02
Observe a charge a seguir
A charge, inserida no contexto das reflexões sobre os 50 anos do golpe militar que instituiu a Ditadura
no Brasil, indica que
a) as pesquisas acadêmicas do século XXI confirmaram a tese de que o “golpe militar” foi na verdade
uma “revolução” que plantou as bases do atual desenvolvimento do país.
b) a anistia, realizada durante a década de 1980, foi implementada num ambiente de ódio e rancor
político contra os militares e, por isso, deve ser revista.
c) o contexto atual é caracterizado pela mobilização de um segmento da juventude que defende ideais
políticos conservadores e se afasta dos ideais da esquerda.
d) o impeachment do presidente Collor de Mello abriu os olhos da juventude para a mobilização
política e para retomada dos ideais comunistas da década de 1960
Questão 03
Durante a realização da Copa das Confederações em 2013 ocorreram manifestações por todo o Brasil.
As “manifestações de junho” foram comparadas, muitas vezes, a manifestações realizadas em outros
momentos da história recente do país.
Em relação às manifestações ocorridas nos últimos 50 anos, assinale a alternativa correta.
a) As manifestações pelo impeachment do presidente Collor se deviam à desaprovação das suas
políticas neoliberais, que quebraram a indústria nacional e geraram muito desemprego e inflação,
fazendo com que fosse necessária a intervenção militar para conter os saques aos supermercados.
b) Após o golpe militar de 1964, com a derrota da oposição civil nas urnas, houve em 1968 uma ampla
mobilização de setores da classe média contra o regime, culminando em junho com a “Passeata dos
Cem Mil” no Rio de Janeiro, que pedia o impeachment do presidente Costa e Silva e a convocação
imediata de eleições presidenciais.
c) Em 1979, com o processo de reabertura democrática, uma das preocupações dos militares era com
a falta de mobilização da classe trabalhadora, que se encontrava apática diante do processo político e
eleitoral, desorganizada e incapaz de reivindicar melhorias até mesmo em relação aos seus próprios
salários.
d) A manifestação ocorrida na frente da Estação Ferroviária Central do Brasil, em 13 de março de
1964, convocada pelo presidente João Goulart para apoiar o seu anúncio dos decretos que dariam
início às Reformas de Base, provocou ampla reação de setores conservadores que aderiram às
“marchas da família com Deus pela Liberdade” para impedir a implantação do comunismo no Brasil,
embora o programa de governo de Jango não tivesse esse objetivo.
e) Durante as manifestações pelas eleições diretas em 1984, não era permitido que bandeiras de
partidos políticos fossem erguidas, nem que os líderes dos partidos políticos, criados em 1979,
falassem no palanque, já que o principal objetivo dos organizadores era não partidarizar o movimento.
Anotações
Questão 04
A partir do início de junho de 2013, testemunhamos no Brasil intensas manifestações nas principais
capitais e regiões metropolitanas do país para protestar contra o aumento das passagens de ônibus,
trem e metrô e reclamar contra o aumento dos alimentos, dos aluguéis, e contra o empobrecimento da
qualidade dos serviços públicos no Brasil (saúde, educação, moradia e respeito aos direitos civis).
Sem lideranças unânimes, sem predomínio de grandes partidos políticos, as manifestações surgiram
como uma forte onda social nas principais praças e ruas, reunindo milhares de pessoas que
compartilhavam a pergunta já presente no consciente coletivo há tempo:
“Como um país que financia 20 bilhões de reais para construção de estádios para a Copa 2014 não
pode financiar e investir a nossa verba para construção de escolas de alto nível, hospitais de
excelência e segurança pública?”.
Fernando Rebouças
Disponível em: <http://www.infoescola.com/atualidades/ensaio-sobre-as-manifestacoes-no-brasil-em-2013/> [Adaptado]
Acesso em: 16 out. 2013.
Questão 05
O Brasil conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e um
clima de otimismo e euforia cerca o país. Esse clima, no entanto, esconde um processo que ocorre
internamente, desde pelo menos o início da década de 1990, a chamada desindustrialização.
No Brasil, o atual processo de desindustrialização caracteriza-se, especificamente, pela
a) retração da flexibilização das relações trabalhistas nas últimas décadas.
b) Entrada de indústrias multinacionais, concorrentes das empresas brasileiras.
c) Desvalorização atual do real, face à alta generalizada de moedas estrangeiras.
d) Persistência de taxas de juros baixas, vinculada à alta rotatividade no emprego.
e) Diminuição da proporção de empregados no setor industrial, frente aos demais setores.
Questão 07
Leia o excerto abaixo, retirado da “Carta do MST [Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra] aos Candidatos e Candidatas [à
presidência da República]”, publicada em 02 de setembro de 2014:
O PT foi apeado do governo e, de uma maneira geral, abriu espaço tem efetuado prisões, proferido sentenças e acordado delações
para quem nunca saiu dele. premiadas com envolvidos no escândalo do “Petrolão”. O PT
Folha de São Paulo; 24/08/2016. (Partido dos Trabalhadores), ao lado do PMDB e outras siglas, tem
sido alvo das investigações a cargo da justiça brasileira. Sobre o
Assinale a alternativa com o nome de um ministro do governo Partido dos Trabalhadores, considere as afirmativas que se
interino de Michel Temer que confirma a constatação apresentada seguem.
no texto: I. Foi fundado em 1980, no contexto da “abertura política”
a) Alexandre Moraes. d) Renan Calheiros. promovida ainda pelos últimos presidentes do regime militar.
b) Raul Jungmann. e) Mendonça Filho. II. Tem, entre seus destacados representantes, o ex-presidente
c) Gilberto Kassab. Luis Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, afastada
recentemente do poder num processo de impeachment.
Questão 13 III. Devido às suas propostas claramente de cunho socialista,
No doloroso processo político que uma parcela da sociedade elegeu, na última eleição de 2014, governadores para a imensa
brasileira reconhece como impeachment, enquanto outra denúncia maioria dos estados brasileiros.
como golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, a alternativa IV. Criado pelo presidente Getúlio Vargas, na década de 1940,
que identifica corretamente a(s) personagem(ns) envolvida(s) é: ressurgiu com a Nova República, notabilizando-se por suas
a) Ex-procurador geral da República, José Eduardo Cardoso atuou propostas assistencialistas, a exemplo do “Bolsa Família”.
como advogado da ex-presidente. V. Se apresenta como um partido de extrema esquerda,
b) Os juristas Janaína Pachoal, Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo defendendo uma revolução proletária no País e a abolição do
foram os responsáveis pela elaboração do processo que culminou sistema capitalista nacional.
com a cassação do mandato da presidente. Está(ão) CORRETO(S)
c) O ministro do supremo Ricardo Lewandowski coordenou os a) apenas I e II. d) apenas III e IV.
trabalhos do processo na Câmara dos Deputados, uma vez que b) apenas V. e) I, II, III, IV e V.
esse é o precedente jurídico para cassação do chefe do Executivo. c) apenas II, III e V.
d) O presidente Michel Temer assumiu com a legitimidade de quem
fora um dos deputados federais mais bem votados do estado de
São Paulo nas últimas eleições.
e) O senador pelo PSDB e ex-candidato à presidência da República
Aécio Neves foi o elaborador da ação que culminou com a perda de
mandato da ex-presidente.
Questão 14
A Operação Lava Jato, que começou a partir das investigações da
Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro por uma rede de doleiros
no Brasil, acabou descobrindo um esquema de corrupção na
Petrobras que envolve inúmeros políticos e partidos brasileiros.
Com relação a esse tema, assinale o que for correto.
01) Alberto Youssef, doleiro que já havia sido processado por
lavagem de dinheiro no processo de privatização do Banestado, é
considerado um dos principais operadores do esquema de
corrupção na Petrobras.
02) Até agora, a Polícia Federal já prendeu executivos de diversas
empreiteiras acusadas de participação no esquema de corrupção.
Entre eles estão diretores de duas das maiores empreiteiras do
país: Andrade Gutierrez e Odebrecht.
04) O juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações sobre
corrupção na Petrobras, abriu inquérito contra a presidente Dilma
Rousseff por compreender que existem elementos que apontam
para o envolvimento pessoal dela com o esquema de desvio de
dinheiro na estatal.
08) Antonio Anastasia (PSDB), Antônio Palocci (PT), Eduardo
Cunha (PMDB) e Sérgio Cabral (PMDB) são alguns dos políticos
que tiveram seus nomes citados durante as investigações da
Operação Lava Jato.
Questão 15
Nos últimos meses, a sociedade brasileira tem convivido com
inúmeras denúncias de corrupção envolvendo altos escalões da
administração pública, além de renomados políticos de diversas
siglas partidárias. É atuante a famosa “Operação Lava Jato” que
Questão 03: 01 + 04 + 08 = 13. universalizantes, a saber: a idade mínima passa a ser de 18 anos e
o voto tornava-se secreto.
Questão 04:
Resolução: Em Atenas eram considerados cidadãos os homens, Questão 11: Alternativa C
maiores de 21 anos e que fossem atenienses natos, ou seja, 15% Questão 12: Alternativa C
da população; Questão 13: Alternativa B
No Brasil atual, o acesso à cidadania, no que tange ao direito ao Questão 14: 01 + 02 + 08 = 11.
voto, é amplo: todo e qualquer cidadão brasileiro (nascido ou Questão 15: Alternativa A
naturalizado), ao atingir a idade mínima necessária, pode votar.
Questão 07:
Resolução: Desde a Antiguidade Clássica Ocidental, Grécia e
Roma, ocorreu um processo de concentração fundiária nas mãos
da aristocracia agrária surgindo uma oligarquia que monopolizava
a economia e a política. Na Roma, durante o período da República,
509-27 a.C. surgiram lideranças políticas que defenderam a
reforma agrária como forma de resolver os problemas sociais,
segurar o homem no campo evitando o êxodo rural, gerando
alimento para abastecer as cidades e aliviar as tensões sociais. Os
irmãos Gracos, Tibério e Caio, lutaram pela causa dos
camponeses, no entanto, foram mortos pela elite agrária que não
possuía nenhum interesse na reforma agrária. No Brasil, desde o
Período Colonial, em 1534 com a criação das Capitanias
Hereditárias, iniciou-se o processo de concentração fundiária nas
mãos de poucos. Este modelo de concentração fundiária perpetuou
por toda a História do Brasil. No início da República Brasileira
desenvolveu-se a ideia de fazer uma reforma agrária visando
“mudanças na relação com os bens da natureza, na produção de
alimentos e nas relações sociais no campo. (...). A terra precisa ser
democratizada e cumprir com sua função social. (...) Lutamos e
exigimos uma política efetiva, estruturante e massiva de Reforma
Agrária Popular, indispensável para a permanência das famílias no
campo, com produção e distribuição de riquezas.” Tanto em Roma
no período da República quanto na história do Brasil recente, os
trabalhadores entendem a necessidade da democratização da
terra. Vale destacar que ocorreu e ainda ocorre um processo
violento contra estes trabalhadores rurais bem como contra índios
e quilombolas que lutam por suas terras e direitos. Historicamente,
a posse da terra é monopólio da elite e os pobres buscam seus
direitos