Trabalho Acadêmico
Trabalho Acadêmico
Trabalho Acadêmico
GOIÂNIA
2022
JOÃO VITOR SOUZA LUNA
GOIÂNIA
2022
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Examinador (a) Convidado (a): Prof. (a): Titulação e Nome Completo Nota
DEDICATÓRIA
RESUMO
O conceito de família tem passado por diversas mudanças no passar dos séculos, se
desvinculando, cada vez mais do patriarcalismo social. Nesse aspecto, compreender
a sua importância para a sustentação de um Estado Democrático de Direito é
fundamental, sendo, inclusive, protegido em âmbito Constitucional. Ao analisar o
princípio da solidariedade previsto na Constituição Federal em seu artigo 3º, verifica-
se a necessidade que o Estado tem em cuidar de seus cidadãos, seja direta ou
indiretamente, no âmbito criminal ou civil, sem qualquer distinção. Portanto, ao
identificar a família como, não só membro, como também instituição acarreta uma
maior preocupação quanto à sua proteção. Portanto, providenciar meios que
viabilizem a solução de litígios além da esfera judicial é essencial, principalmente
quando há possibilidade de manter os vínculos familiares. Nesse aspecto, a
Constelação Familiar surge como um dos principais mecanismos que vem ganhando
destaque nos Tribunais, já que além de ter um grande índice de eficácia, tem
demonstrado a possibilidade de reatar vínculos e solucionar a raiz geradora dos
conflitos.
Palavras-Chaves: Direito da Família; Constituição Federal; Tipos de família; Constelação
Familiar; autocomposição.
ABSTRACT
The concept of family has undergone several changes over the centuries, becoming
increasingly detached from social patriarchy. In this aspect, understanding its
importance for the support of a Democratic State of Law is fundamental, being even
protected in the Constitutional scope. When analyzing the principle of solidarity
provided for in the Federal Constitution in its article 3, there is a need that the State
has to take care of its citizens, either directly or indirectly, in the criminal or civil sphere,
without any distinction. Therefore, when identifying the family as not only a member,
but also an institution, there is a greater concern about its protection. Therefore,
providing means that make it possible to resolve disputes beyond the judicial sphere
is essential, especially when there is the possibility of maintaining family ties. In this
aspect, the Family Constellation emerges as one of the main mechanisms that has
been gaining prominence in the Courts, since in addition to having a great rate of
effectiveness, it has demonstrated the possibility of reestablishing bonds and solving
the generating root of conflicts.
Key words: Family Law; Federal Constitution; Family types; Family Constellation;
autocomposition.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................7
1. A FAMÍLIA FACE O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO PÓS
CONSTITUIÇÃO DE 1988................................................................................8
1.1 A FAMÍLIA NA CONTEMPORANEIDADE..................................................8
1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ACERCA DA FAMÍLIA........................14
1.3 A FAMÍLIA E O DIREITO INFRACONSTITUCIONAL................................18
2. CONSTELAÇÃO FAMILIAR..........................................................................22
2.1 BERT HELLINGER, O DISSEMINADOR DA CONSTELAÇÃO
FAMILIAR.................................................................................................22
2.2 A APLICAÇÃO DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR POR MEIO DE UMA
ABORDAGEM SISTÊMICA.......................................................................22
CONCLUSÃO............................................................................................................36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................38
7
INTRODUÇÃO
(...) um conjunto, formado por um ou mais indivíduos, ligados por seus laços
biológicos e sociopsicológicos, em feral morando sob o mesmo teto, e
mantendo ou não a mesma residência (família nuclear). Pose ser formada
por duas pessoas, casadas ou em união livre, de sexo diverso ou não, com
ou sem filhos; um dos pais com um ou mais filhos (família monoparental);
uma pessoa morando só, solteira, viúva, separada ou divorciada ou mesmo
casada e com residência diversa daquele de seu cônjuge (família unipessoal);
pessoas ligadas pela relação de parentesco ou afinidade ( ascendente,
descendentes e colaterais, estes até o quarto grau, no Brasil, mas de fato
podendo estender-se) (GLANS, 2005, p.30)
diferentes conceitos, deixando de lado a crença de que uma família funcional é aquela
formada pelo homem, sua esposa e filhos.
bem-
recorrentes podem estimular abuso de subsistência, conflitos familiares e violência, e
um aumento em famílias monoparentais pobres. O impacto da privação de moradias
nas crianças e famílias é devastador (BASSUL, 2010 apud WALSH, p.18)
Desta forma, o ordenamento jurídico vem abrindo espaço para uma nova
formação de família, na qual o afeto, o amor , carinho e a convivência ganham
um lugar especial, deixando para trás os velhos ditames e se atentando ao
que realmente importa, ou seja, ao bem estar e a dignidade da pessoa,
entendendo que, os laços familiares não são apenas biológicos, mas também
aqueles que são criados no decorrer da vida, nascendo a multiparentalidade.
nesse tipo familiar reconhece a legitimidade do pai ou mãe solteira que criam sua prole
independente de qualquer relação com terceiros.
Nada obsta que a união de pessoas do mesmo sexo possa ser reconhecida
como entidade familiar apta a merecer proteção estatal, concluindo que deve
seguir as mesmas regras e com idênticas consequências da união estável
heteroafetiva, aplicando interpretação conforme o artigo 1723 do Código Civil
Decisão
DECISÃO AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1)
IMPROCEDÊNCIA DA ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 93,
INC. IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 2) ART. 5º, INC. XXXV, DA
CONSTITUIÇÃO: AUSÊNCIA DE OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. 3)
GRATUIDADE DE JUSTIÇA E IMPENHORABILIDADE DO BEM
DE FAMÍLIA. QUESTÕES INFRACONSTITUCIONAIS. SÚMULA N. 279 DO
SUPREMO TRIBUNAL. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.
Relatório 1. Agravo nos autos principais contra decisão que inadmitiu recurso
extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da
Constituição da República. O recurso extraordinário foi interposto contra o
FAMÍLIA.
IMPENHORABILIDADE. ALCANCE LEGAL E CONSTITUCIONAL. O bem
de família a que alude o art. 1º da Lei nº 8.009/90 é protegido contra penhora
para garantia de dívidas contraídas pela família unipessoal ou pluripessoal
ou por membros desta, inclusive as de natureza trabalhista, exceto em
relação as ressalvas previstas na mesma norma jurídica (...). No caso
concreto, a alegação de que o Agravante destina a renda auferida com a
locação do imóvel penhorado (de sua propriedade) para o pagamento do
aluguel da residência (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ARE 653824, Rel.
Min. Carmen Lúcia, Jul. 23/08/2011 publ. Em 30/08/2011)
Carta Magna Brasileira uma alta carga de princípios, que irão sustentar todo o
ordenamento jurídico vigente e que ainda entrarão.
Mas, por qual razão teria o legislador em criar princípios a serem seguidos?
Com a saída de uma ditadura em que os direitos dos cidadãos foram amordaçados,
notória a necessidade de proteger a sociedade do poder excessivo dos poderes,
delimitando limites que não podem ser ultrapassados.
Ao abordar o âmbito familiar, não há dúvidas que como uma das principais
instituições sociais, o Direito da Família surge como objetivo de garantir a proteção da
15
com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles
apenas como protetor. Essa conciliação deve ser feita por meio de uma
hermenêutica comprometida com os princípios fundamentais do Direito de
Família, especialmente o da autonomia privada, desconsiderando tudo aquilo
que põe o sujeito em posição de indignidade e o assujeite ao objeto da
relação ou ao gosto de outrem sem o seu consentimento. (p.189 apud
FARACO, 2014, p. 236)
Este princípio traz consigo a obrigação dos pais de educar e suprir todas
as necessidades dos menores, sejam elas morais ou materiais. Visto que, a partir do
momento que o Estado divide a responsabilidade do cuidado dos menores para com
a família, os pais tornam-se os principais responsáveis de arcar e suprir as
necessidades diretas e indiretas das crianças até sua maioridade. Guilherme Calmon
Nogueira Gama complementa:
Inúmeros remendos foram feitos, o que, ainda assim, não deixou o texto com
a atualidade e clareza necessárias para reger a sociedade dos dias de hoje.
Sua desordem estrutural decorre da inclusão retalhada da nova concepção
do direito das famílias. Foram inseridas sem técnica alguma, na fase final de
sua elaboração, certas regras do direito material preexistentes. (DIAS, 2012,
p.31)
Assim, os casais formados por pessoas do mesmo sexo, que até então tinham seus
direitos negligenciados no âmbito familiar, passaram a poder se constituir
formalmente.
que há uma aplicação conjunta quanto a valoração dos princípios constitucionais ante
a necessidade de suprir as demandas sociais.
2.CONSTELAÇÃO FAMILIAR
A constelação familiar foi uma ferramenta criada por Bert Hellinger que,
após vivenciar diversas situações no Direito da família, identificou a necessidade de
desenvolver uma terapia familiar que fosse eficaz para a solução de conflitos internos
e externos. Nesse aspecto, tal método sistêmico é uma abordagem psicoterápica
fenomenológica, que coloca os relacionamentos como principal fonte dos problemas
a serem dirimidos, sendo que também é a principal forma para solução de possíveis
conflitos.
A alma também nos une a outras pessoas. Em primeiro lugar, ela nos une
nossa família: a nossos pais, irmãos e antepassados, ela nos une a eles como
se tivéssemos uma alma comum, uma alma maior. Nossa alma pessoal atua
em função dessa alma maior que, por sua vez, atua na alma que vivenciamos
como pessoal. (Hellinger, 2008, p. 38)
adentra uma estrutura familiar, terá um papel único perante os demais, devendo
exercer sua função de forma mais equilibrada possível.
de cada membro e família. No entanto, não se pode olvidar que um dos maiores
problemas identificados nas Instituições brasileiras é a dificuldade de lidar com
comportamentos diversos daqueles previamente estabelecidos pela cultura patriarcal.
Ora, deve-se ter em mente que a Abordagem sistêmica tem como base o
fornecimento de uma análise complexa das variáveis envolvidas em um conflito. Ou
seja, tem-se a compreensão dos desejos e sentimentos das partes; um olhar subjetivo
e tratamento objetivo.
Visto isso, fica claro que a constelação familiar tem como objetivo analisar
o presente, o passado e o futuro dos membros familiares, como forma de alcançar o
equilíbrio e a paz da sociedade.
Os sistemas familiares têm uma força tão grande, vínculos tão profundos e
algo tão comovente para todos os membros independentemente de como
se comportem em relação a eles , que eu confio totalmente neles. A família
dá a vida ao indivíduo. Graças à família, ele nasce no seio de um determinado
povo, em uma determinada região e é vinculado a determinados destinos e
tem que arcar com eles (HELLINGER, 2017, p. 81)
entre as partes, na hipótese em que positiva será homologada pelo judiciário como
objetivo de evitar e resguarda o poder judiciário de possíveis arrependimentos.
Silva (2003), afirma que a atuação dos psicólogos nas Varas da Infância e da
Juventude e nas Varas de Família tem como objetivo destacar e analisar os
aspectos psicológicos das pessoas envolvidas no processo jurídico, que
digam respeito a questões afetivo-comportamentais da dinâmica familiar,
ocultas por trás das relações processuais, e que garantam os direitos e o
bem-estar da criança e/ou adolescente, a fim de auxiliar o juiz na tomada de
uma decisão que melhor atenda às necessidades desses sujeitos. (MAIA,
2015, p.9)
No entanto, não se pode olvidar que a psicologia é uma ciência, que sua
atuação está interligada com a técnica, praticidade e comprovações. Assim, a
psicologia tem atuado, cada vez mais, com o objetivo de alcançar o equilíbrio entre
regras e a particularidade de cada indivíduo e da família envolvida.
imaginário de cada um dos indivíduos e identificar a raiz dos problemas. Por essa
razão o método da Constelação Familiar, dentre outros, tem ganhado destaque no
sistema judiciário.
CONCLUSÃO
diferentes conceitos, deixando de lado a crença de que uma família funcional é aquela
formada pelo homem, sua esposa e filhos.
para solucionar o real problema, pelo contrário, só funciona como mero véu para
tampar as verdades dos fatos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAIA, Camila Yamaoka Mariz. A psicologia jurídica atuando junto ao direito de família
/ Camila Yamaoka Mariz Maia. Cabedelo, PB: [s.n], 2015.1. 12 p.. Acessado em
40
STORCH, Sami. Por que aprender o Direito Sistêmico? Direito Sistêmico, maio,
2017. Disponível em: 10 https://direitosistemico.wordpress.com/2017/04/10/por-que-
aprender-direitosistemico/. Acesso em 17 DE MARÇO DE 2022
TERRA, Ana Paula Ricco. Crítica ao método das consteções familiares coo forma
alternativa de resolução de conflitos. Revista Eletrônica Migalhas. Publ. 21 de julho de
2021. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/348914/critica-ao-metodo-
das-constelacoes-familiares--resolucao-de-conflitos