Av Guerra Vietnã (TEIXEIRA)
Av Guerra Vietnã (TEIXEIRA)
Av Guerra Vietnã (TEIXEIRA)
RESUMO: O emprego de meios aéreos em operações militares datam a Guerra Civil norte
americana no séc. XIX quando se empregava balões para observação. Com a invenção do
avião em 1906, logo passou a ser empregado como arma, já na 1ª Guerra Mundial. Mas é
durante os embates do Vietnã que a aviação militar, sob diversas formas, que ela é empregada
maciçamente, de forma conjunta com as outras forças. A mistura de caças a jato e a pistão,
bombardeiros táticos e estratégicos, helicópteros de ataque, transporte e apoio, logística aérea,
controle aéreo embarcado e os primeiros usos de veículos aéreos não tripulados, operando
num mesmo ambiente, formam um dos mais complexos empregos de meios aéreos da
historia.
Palavras-chave: Aviação militar, Vietnã, modernidade.
ABSTRACT: The use of aircraft in military operations dating to American Civil War in the
century XIX when employed for observation balloons. With the invention of the airplane in
1906, was soon employed as a weapon, since the first World War. But it is during the battles
in Vietnam that military aviation, in various forms, it is heavily used, jointly with other
forces. The combination of piston and jet fighters, bombers and strategic attack helicopters,
transport and support air logistics, air traffic control and embedded the first uses of unmanned
aerial vehicles operating in the same environment, they form one of the most complex jobs
aircraft in history.
Keywords: Military Aviation, Vietnam, modernity.
Introdução
Formado em Geografia. Mestrando em Historia pela Universidade de Passo Fundo. É bolsista Capes.
Contato:amatosteixeira@gmail.com
Talvez o primeiro uso do ar, para fins militares, tenha vindo do oriente. As pipas,
criadas a 1000a.C na China, foram empregadas para assustar tropas inimigas com pirotecnias
e lanternas. Nos relatos de Marco Polo, “os primeiros homens a se aventurarem para o alto
fizeram-no a bordo de grandes pipas (CROUCH, 2007, p.35)”. Durante as hostilidades da
Guerra Civil Americana (1861-1865), em 1862 houve o primeiro uso militar de balões, onde
estes foram utilizados com o propósito de patrulhamento aéreo e observações aéreas pelas
tropas da União em reconhecimento das linhas inimigas (MARTIN, 2006, p.244).
No inicio do século XX (1906), surge o avião e logo começa a se popularizar como
uma revolução de transporte, pela sua velocidade e mobilidade, se não liberdade de tráfego,
com a criação de inúmeros modelos, mas nem completara 10 anos de sua invenção e ele já é
empregado de forma militar durante as primeiras Guerras Balcânicas (1912-1913) pela
Bulgária em ataques contra as posições dos otomanos que ocupavam a região (GRANT, 2005,
p.263).
Quando eclode a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) ele já é empregado como arma.
Diante da imobilização dos combates pela guerra de trincheiras, há a necessidade da artilharia
de ambos os lados, principalmente pela precisa artilharia alemã, de reconhecimento e
identificação de alvos para posterior ataque ou no planejamento de ataques. Assim o avião
surge como elemento de observação e tão logo que é empregado em reconhecimentos aéreos,
surge à necessidade de se evitar o reconhecimento, moldando a figura do caça para evitar que
os observadores se aproximassem de suas linhas, sendo que, os alemães foram pioneiros na
construção de caças. Já que os aviões podiam voar sobre o inimigo para observá-los, logo
surgiu a possibilidade de atacarem ele a partir do ar, formando o conceito de bombardeiro e
dando origem aos primeiros aviões do tipo (PROENÇA JÚNIOR, 1999, p.140).
Os dirigíveis também tiveram participação durante o conflito ao lado dos alemães como
bombardeiros, onde estes atacaram cidades costeiras da Inglaterra com seus zeppelins
(ARARIPE, 2006, p.340).
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Diante da variedade de modelos e variantes desenvolvidos pelos atores da guerra, estes
logo foram se aperfeiçoando. A princípio consistia basicamente de biplanos (com duas asas)
em sua maioria, com a estrutura feita de madeira, revestida por tecidos. Ao fim do conflito
surge o primeiro avião totalmente metálico (Angelucci, 1974, p.29). Os motores
correspondiam ao melhor que a mecânica tinha na época, mas ainda eram pesados demais e
fracos, e pra piorara consumiam muito combustível. Um passo muito significativo veio da
Alemanha, a adoção de sincronizadores nas metralhadoras, assim o piloto podiam atirar entre
as hélices sem atingi-la, ao invés de manuseá-la no alto, sobre a asa superior (PROENÇA
JÚNIOR, 1999, p.140).
Um dos grandes impasses foi à questão do alcance e da velocidade. Durante o conflito,
a velocidade se manteve basicamente a mesma, não tendo um acréscimo significativo, mas
com o passar do tempo, o alcance foi aumentado, fazendo com que os raids (ataques) de
longo alcance fossem empregados efetivamente.
No período entre guerras, a aviação desenvolveu-se muito enquanto ciência
aeronáutica, principalmente pela tentativa de travessia sem escala do Oceano Atlântico,
realizada por Charles A. Lindbergh em 20 de janeiro de 1927, percorrendo 5.780 quilômetros
entre Nova York – EUA e Paris – França em 33h e 30 min. (ANGELUCCI, 1974, p.60) e
pelas corridas aéreas, como o troféu Schneider e tantos outros, onde os aviões eram testados
em sua máxima velocidade.
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poupados somente os depósitos de suprimentos militares que poderiam vir a serem úteis às
tropas franquistas após os ataques (LOPES, 2006, p.33).
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a aviação teve sua participação decisiva
no campo de batalha, sendo empregada em quase todos os combates, tanto terrestres quanto
navais nos teatros da Europa e Pacifico.
Os alemães empregavam a aviação em apoio a suas divisões Panzer (blindadas) onde os
aviões atacavam na vanguarda as posições inimigas e os blindados consolidavam as posições,
conhecida como Blitzkrieg (Guerra Relâmpago) resultando num dinamismo e velocidade aos
combates terrestres, aliado a isso também efetuavam raids contra alvos estratégicos,
consolidando o tipo de ação a ponto de saturar alvos e imediações, elevando o ataque a nível
total, onde os civis eram parte dos alvos como forma de ataque psicológico (PROENÇA
JÚNIOR, 1999, p.157).
O caça teve destaque já que os bombardeiros realizavam incursões destruidoras, onde,
pela necessidade de defesa, foi empregado em massa em todas as frentes de combate.
Também, surgem novas especialidades as aeronaves como aerotorpedeiro (antinavio),
antitanques, bombardeiros táticos e de mergulho (aviões leves que dispunham de algumas
bombas para ataques rasantes e de mergulho contra alvos táticos).
Nesse período a aviação já dispunha de tecnologia madura para a época resultando num
aumento da capacidade tanto de carga quanto alcance e velocidade, já possuindo motores
mais eficientes e leves se comparados com os da guerra anterior, com a aerodinâmica já
aperfeiçoada e estruturas todas em metal, salvo alguns casos em que pela falta de metal se
construía em madeira. Em sua maioria são monoplanos e metálicos como já dito.
O desenvolvimento tecnológico da época e até anterior a ela auxiliou em muito as
ações militares, como na defesa contra os raids, como o caso do radar, os foguetes sendo
empregados em ataques e dos motores a jato que entraram em combate no final da guerra, e
foram melhorados a ponto de se tornarem peças chave das políticas militares do pós-guerra. A
bomba atômica desponta como arma decisiva para os futuros conflitos. Foi durante este
conflito que o helicóptero surge no campo de batalha, em 23 de abril de 1944, onde as Forças
Armadas Norte-Americanas realizaram a primeira missão resgate de um piloto abatido atrás
das linhas inimigas. Pelo bom desempenho da missão, resultado do emprego do helicóptero e
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assim garantindo a ele seu espaço dentro da aviação militar (ANGELUCCI, 1974, p.201),
principalmente no apoio as operações de superfície1.
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Operações realizadas a baixa altitude, próximas a superfície marítima ou terrestre.
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Ho Chi Minh – líder da resistência vietnamita a ocupação estrangeira que estruturou uma série de trilhas
entre o Vietnã do Norte até o Vietnã do Sul para a logísticas dos guerrilheiros vietcongs.
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também neste cenário, mas do lado norte-vietnamita, a presença de grande resistência a estas
operações, com rede de radares, mísseis e baterias anti-aéreas, de origem soviética
(NEWDICK, 2010, p.210).
O amadurecimento do emprego da aviação neste conflito é correlata ao
amadurecimento da eletrônica. Para se fazer frente as sofisticadas ameaças soviéticas e aos
rústicos guerrilheiros, foram desenvolvidos inúmeros sistemas de apoio e inteligência as
ações.
No Vietnã do Sul, a superioridade aérea até meados de 1972 é inquestionável. Mas no
combate a trilha de Ho Chi Minh, a historia é diferente, já que “usaram-se jatos para atacar
homens em bicicletas numa entre tantas que cortavam a floresta” (Tudo sobre Aviões de
Combate, nº 9, 1997, p.114). Para combater estes guerrilheiros, as forças ocidentais
empregaram diversos sensores, tais como sismógrafos para monitorar os movimentos das
trilhas e bombardeá-la (NEWDICK, 2010, p.228; BASTOS, 2005, p.4). Aeronaves de escuta
eletrônica captavam os sinais dos transmissores e, assim que detectado a movimentação,
bombardeiros táticos eram vetorados ao local e logo despejavam suas munições sobre a área.
Nas ações sobre o Vietnã do Norte, os Estados Unidos e a aviação sul-vietnamita
tentaram impor a superioridade, mas o apoio soviético que o norte dispunha, impediu o feito.
O que se viu foi um impedimento de ações estratégicas a favor de uma resolução política,
onde o governo norte-americano em Washington escolhia os alvos sem ter a noção do
desenrolar dos combates, causando inúmeras baixas às forças sulistas (FLORES JR., 2004,
p.72).
Com a presença de jatos MiG-17 e MiG-21 operados pelas forças comunistas,
aeronaves-radar (AEW) também passaram a operar naquele teatro de operações. Mas em vez
de controlar o espaço aéreo, eles apenas informavam a posição dos inimigos, fazendo com
que os pilotos tomassem as decisões (NEWDICK, 2010, p.218).
Aeronaves especializadas em monitoramento, identificação (Elint) e interferência
(Jammer) eletrônica eram empregados maciçamente nas operações de ataque ao território do
norte, na tentativa de fazer frente a ameaça de mísseis, artilharia e radares comunistas, e
reduzir as perdas causadas por elas(NEWDICK, 2010, p.210), já que a pouca ameaça dos
MiG´s, logo era dissuadida ou eliminada. A pesada artilharia faria com que os americanos
pagassem caro, já que os MiG´s e os mísseis (SAM) causassem apenas um pequeno
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percentual do total das perdas (NEWDICK, 2010, p.211). A capacidade anti-radar passa a ser
necessária nas operações, tanto com aeronaves de proteção eletrônica, perturbando os radares,
quanto a mísseis anti-radar, eliminando os sítios.
Num teatro de operações onde a guerra se desenrola em todo um país, quando alguma
aeronave é abatida em território inimigo, há a necessidade de se resgatar aquele piloto
abatido. Assim, numa era de jatos velozes e bombardeiros voando a grandes altitudes,
pequenos aviões a hélice, lentos e voando muito baixo, auxiliavam os helicópteros nas
missões de resgate. Vale dizer que das 13 medalhas de Honra, concedidas a USAF (Força
Aérea dos EUA), 6 foram dadas a tripulantes de helicópteros e observadores aéreos das
equipes de busca e resgate (CROUCH, 2007, p.613)
Os helicópteros desempenharam um papel importante na estratégia do exercito. Alem
de transportar mais rápido e seguro as tropas para as áreas de combate, eles apoiavam as
tropas em terra com suas armas.
É também neste conflito que as aeronaves não tripuladas passaram a ser utilizadas,
primeiramente como reconhecimento tático e depois como iscas de radar, para as aeronaves
de guerra eletrônica poderem lançar seus mísseis anti-radar (também uma inovação que
evoluiu no conflito) (NEWDICK, 2010, p.215). As munições guiadas engrossaram o caldo
das inovações. As munições Walleye (guiada por TV) e a Paveway (guiada por laser), fizeram
suas estréias em 1968 durante a campanha de bombardeio maciço Linebaker (NEWDICK,
2010, p.227). A precisão que estas armas conferiam era a chave para o ataque aos sítios SAM
e possuíam poucos efeitos colaterais, tais como a morte de civis em ataques com munições
convencionais, alem da capacidade de mudar a trajetória e alcançar alvos fora do alcance
convencional.
Quando as forças comunistas ocuparam o Vietnã do Sul e cercando as cidades do
entorno de Saigon, anunciando o fim próximo da guerra e a derrota dos EUA na sua aventura
asiática viu-se uma ponte-aérea para evacuar a capital, onde inúmeros vôos de aeronaves
cargueiras saiam de Saigon lotados de refugiados, seguindo para países vizinhos. Assim que
eles entraram na cidade, o desespero tomou conta e seguiu com uma leva de helicópteros, já
que os vôos não podiam mais ser realizados com segurança, voando em direção aos porta-
aviões norte-americanos, que ficaram entulhados deles, sendo necessário jogar no mar
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algumas aeronaves para que outras pudessem pousar, sendo que dos 130 mil refugiados da
guerra, 57.507 saíram por via aérea (Aviões de Guerra, 1985, p.304).
Por mais que boa parte da tecnologia já existisse a pelo menos 20 anos, como o avião a
jato, a guiagem eletrônica, o radar de bordo, o que se vê na verdade é o incremento da
flexibilidade, multi-função, velocidade e precisão das aeronaves. Enquanto nos conflitos
anteriores só se operavam aeronaves com função especifica, até pelo carater do emprego dito
estratégico, no Vietnã, o que se vê é o emprego das aeronaves multi-função, com a capacidade
de bombardeio, reconhecimento e engajamento de aeronaves inimigas por uma mesma
aeronave e até em uma mesma missão. No Vietnã as missões táticas deixaram de ser
auxiliares e passaram a ser o pivô das estratégias de poder aéreo (OVERY, 2005, p.278).
Considerações Finais
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