1) O documento discute a evolução da sociedade do simples para o complexo e do inferior para o superior segundo a teoria darwinista.
2) Aplicou-se o darwinismo social para justificar uma sociedade de livre mercado e a superioridade da elite social.
3) Inicialmente, no Brasil, teorias racistas e deterministas biológicos foram usadas para explicar atraso social, mas depois Freyre reconheceu o papel civilizatório do negro e a formação da sociedade brasileira pela miscigenação.
1) O documento discute a evolução da sociedade do simples para o complexo e do inferior para o superior segundo a teoria darwinista.
2) Aplicou-se o darwinismo social para justificar uma sociedade de livre mercado e a superioridade da elite social.
3) Inicialmente, no Brasil, teorias racistas e deterministas biológicos foram usadas para explicar atraso social, mas depois Freyre reconheceu o papel civilizatório do negro e a formação da sociedade brasileira pela miscigenação.
1) O documento discute a evolução da sociedade do simples para o complexo e do inferior para o superior segundo a teoria darwinista.
2) Aplicou-se o darwinismo social para justificar uma sociedade de livre mercado e a superioridade da elite social.
3) Inicialmente, no Brasil, teorias racistas e deterministas biológicos foram usadas para explicar atraso social, mas depois Freyre reconheceu o papel civilizatório do negro e a formação da sociedade brasileira pela miscigenação.
1) O documento discute a evolução da sociedade do simples para o complexo e do inferior para o superior segundo a teoria darwinista.
2) Aplicou-se o darwinismo social para justificar uma sociedade de livre mercado e a superioridade da elite social.
3) Inicialmente, no Brasil, teorias racistas e deterministas biológicos foram usadas para explicar atraso social, mas depois Freyre reconheceu o papel civilizatório do negro e a formação da sociedade brasileira pela miscigenação.
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Evolução.
Grosso modo, a evolução é a passagem do mais
simples para o mais complexo, do inferior para o superior, do caos à ordem, da natureza selvagem ao mundo civilizado.
O conceito de evolucionismo, em Sociologia, se
confunde com o de darwinismo social.
Darwinismo social. Aplicação da teoria evolucionista
de Charles Darwin ao estudo das sociedades humanas.
Charles Spencer e Thomas Malthus foram os principais
adeptos da teoria de Darwin no campo das sociedades. Defendiam o capitalismo selvagem, contrário a qualquer tipo de proteção pública ou social aos pobres, contra qualquer ameaça à propriedade privada dos ricos.
A ideia chave do darwinismo social é a de que a
sociedade humana, assim como a natureza, é palco da luta incessante pela vida.
Dentro dessa concepção, é justo que a elite ocupe os
postos de comando da sociedade e as posições de maior prestígio ou importância social.
Essa concepção serviu para justificar uma sociedade de
livre mercado ou de livre concorrência. Nesse sentido, o darwinismo social se confunde muito com o liberalismo. A ideia básica do liberalismo é a de que nada justifica a interferência do estado na economia, à medida que esta é regida por leis próprias de funcionamento – as leis de mercado (leis da oferta e da procura, fundamentalmente) -, como a própria natureza.
Levada ao extremo, o darwinismo social cai no racismo,
cuja premissa básica é a de que os seres humanos são desiguais por natureza – uns possuindo qualidades inatas superiores e outros inferiores.
Nesse sentido, o darwinismo social serviu para embasar
também políticas de eugenia (“melhoramento da raça”) praticada por governos racistas, como o III Reich alemão.
Mas há uma diferença entre o evolucionismo e o
racismo. O racismo é uma forma de determinismo.
Determinismo biológico. De acordo com o racismo, as
raças são eternas ou imutáveis. Já o evolucionismo,
embora etnocêntrico, acredita na perfectibilidade das
raças humanas: todos os povos poderiam, pelo menos em
tese, alcançar os níveis de civilização apresentados
pelos povos “mais avançados”, os europeus ocidentais.
Os racistas são eugenistas. Eugenia é a “ciência” de “melhoria das qualidades hereditárias” das populações. A eugenia tem a finalidade de reconhecer nas sociedades os elementos mais dotados, física e intelectualmente, para incentivar a sua reprodução e identificar os elementos desfavorecidos a fim de impedir a sua reprodução.
Esse trabalho de “aprimoramento” das raças não deveria
ser feito, entretanto, pela educação ou por meio de um processo de seleção natural, mas através do trabalho dos cientistas (segundo o próprio eugenista Francis Galton, primo de Darwin).
De acordo com os eugenistas, o talento é
essencialmente determinado pela transmissão genética.
No Brasil, evolucionismo e determinismo biológico, ou
racismo, se misturaram. A elite intelectual brasileira, de extração agrária e escravagista, adaptou o evolucionismo às suas necessidades.
Os primeiros intérpretes da realidade social
brasileira, a elite pensante da época, eram deterministas, tanto do ponto de vista biológico ou racial, como do ponto de vista geográfico ou climático. Assim, dois fatores fundamentais explicavam o atraso da sociedade brasileira Clima e raça explicam a natureza indolente do brasileiro, a sexualidade desenfreada do mulato ou da mulata. Não é à toa que Os sertões, o livro mais importante e famoso de Euclides da Cunha, sobre a guerra de Canudos, começa com dois capítulos (chatíssimos) sobre a terra e o homem.
A frase famosa de Euclides da Cunha em Os sertões é “o
nordestino é um forte” é de um determinismo geográfico sem tamanho.
Euclides acredita que a força do mestiço do interior
vem da distância do sertão em relação ao litoral. O sertanejo é forte porque foi obrigado a se adaptar às condições existes da caatinga, do semiárido nordestino.
Essa crença no determinismo provocado pelo meio
resulta aí numa perspectiva pessimista em relação às possibilidades de realização do brasileiro como povo, e do Brasil como país.
As teorias racistas europeias do século XIX e início
do XX não eram tanto contra os negros, que, entretanto, não deixavam de ser notados como donos de poucas qualidades positivas enquanto “raça”. Mas, sobretudo, contra a mistura racial, a miscigenação. As teorias racistas defendiam uma ordem natural que graduava e hierarquizava as raças humanas, como se dava com as outras espécies de animais e plantas. O branco se situava no alto da escala, com o branco europeu assumindo a posição de liderança da espécie humana.
Um dos principais defensores dessas ideias racistas
foi o Conde de Gobineau, que, inclusive, morou no Rio de Janeiro como cônsul da França e se tornou amigo e interlocutor intelectual do imperador D. Pedro II.
Uma das previsões de Gobineua era a de que o Brasil
levaria menos de 200 anos para se acabar como povo, com a mistura irresponsável entre as raças. A miscigenação exterminaria a população brasileira, que ele chamava de “multidão de macacos”.
Na teoria racista, o contato íntimo, sexual, entre
pessoas de raças diferentes levava à degeneração da espécie. Daí a palavra “mulato”, que vem de mulo, o animal que resulta do cruzamento de tipos genéticos muito diferentes.
O mestiço ou o mulato, enquanto produto do cruzamento
entre raças desiguais, apresenta todos os defeitos transmitidos pela herança biológica. A apatia, a imprevidência, o desequilíbrio emocional. Essa tese será confrontada no Brasil, pela primeira vez, por Gilberto Freyre, no livro Casa-grande & Senzala. É o primeiro trabalho da sociologia brasileira crítico ao racismo.
Freyre é um dos primeiros a reconhecer o papel
civilizador do negro no Brasil. Ele dirá que “a formação social brasileira se deve ao negro”; que “todo brasileiro é racial ou culturalmente negro”.
Nas palavras de Freyre: “todo brasileiro, mesmo o
alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro (...) A influência, vaga ou remota, do africano. (...) Na ternura ... na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno ... da escrava ou sinhama que nos embalou, que nos deu de mamar, da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal assombrado ... da mulata que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem”.
O mito da democracia racial é atribuído à Casa Grande
& Senzala. Freyre considera que a miscigenação diminuiu a distância social entre o negro e o branco, entre a casa-grande e a senzala, integrando uma e outra na base da estrutura social brasileira. A miscigenação impediu que explodisse no Brasil o conflito entre senhores e escravos, contribuindo para uma “democratização racial” do país.
O organicismo. A Sociologia, como modelo de ciência, é
derivada das ciências da natureza. Não por acaso, assim, a sociologia é organicista. Ou seja, a sociedade é pensada pelos primeiros sociólogos como um imenso organismo vivo.
Essa visão da sociedade será chamada de organicista. A
analogia entre o biológico e o social será proposta por vários pensadores da época. Não por acaso também esses pensadores chamarão a Sociologia de Fisiologia Social.
A sociedade era compreendida por eles como um imenso
organismo vivo. As pessoas que fazem parte deste grande organismo, que é a sociedade, não vivem como querem, da maneira como bem entendem, mas são interdependentes umas das outras, e tanto mais interdependentes quanto maior o grau de complexidade da vida social.
Essa ideia será desenvolvida, na virada do século, por
Émile Durkheim, que assinala a relação entre o aumento da divisão do trabalho social, fruto da industrialização e da urbanização das sociedades, e a interdependência econômica dos indivíduos. O organicismo vai se misturava com o evolucionismo. Herbert Spencer, impactado por Darwin, dirá que, como os organismos, as sociedades evoluem do homogêneo e simples para o heterogêneo e complexo. O estado industrial das sociedades modernas é encarado como o ponto máximo da evolução humana.
Esta evolução, para Spencer, marcava a mudança das
sociedades militares do passado para as sociedades industriais da etapa moderna, fundadas sobre a divisão do trabalho.
Valendo-se da metáfora organicista, Spencer comparou
as instituições sociais com os órgãos do corpo, que desempenham funções específicas e atuam juntos para benefício do todo.
Nessa visão, não há, portanto, lugar para o conflito
nas sociedades industriais, já que os indivíduos, sem abrir mão de seus assuntos particulares, cooperam entre si e concorrem juntos para o equilíbrio e a harmonia do “corpo social”. Daí se segue que, para Spencer, a base da existência das sociedades é o consenso.
Marx, outro evolucionista, não via consenso nas
sociedades, e sim conflito de classes. Mesmo que forjado o consenso social, o conflito entre classes inimigas é latente. Em momentos críticos e decisivos da história, esse conflito se torna mais agudo e explode em rupturas institucionais, as revoluções, ou golpes de Estado, de uma classe contra outra classe. A luta de classes é, pois, o motor da história.
À maneira de seus contemporâneos, contudo, não deixou
de enxergar a mudança social em termos de etapas sucessivas e invariáveis. Também como eles, procurou descobrir as leis gerais de funcionamento das sociedades, dando ao socialismo do século dezenove caráter marcadamente científico.
Marx considerou como as leis gerais do movimento
histórico o desenvolvimento das forças produtivas (máquinas, técnicas) e o conflito entre classes inimigas. Uma e outra lei, segundo ele, não podiam ser entendidas separadamente, já que todo progresso das forças produtivas era impulsionado pela ascensão de uma nova classe social que reclamava um novo modo de organização da produção. Nessa linha de entendimento, com a ascensão da burguesia no seio da sociedade feudal, o moinho manual foi substituído pelo moinho a vapor, que permitiu o surgimento da sociedade industrial, na qual o antagonismo de classes já não se dava mais entre senhores e servos, mas entre burgueses e proletários. O acirramento do conflito classista ligado ao progresso contínuo das forças produtivas provocaria, de acordo com Marx, a passagem do capitalismo, baseado na exploração do trabalho, à sociedade sem classes - numa palavra, o comunismo.