Cartilha CNPTC Fixação de Subsídios e A LC Nº 173
Cartilha CNPTC Fixação de Subsídios e A LC Nº 173
Cartilha CNPTC Fixação de Subsídios e A LC Nº 173
OUTUBRO/2020
Goiânia
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CNPTC
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente
CONSELHEIRO JOAQUIM ALVES DE CASTRO NETO
Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás – TCMGO
Vice-Presidente
CONSELHEIRO SEVERIANO COSTANDRADE DE AGUIAR
Tribunal de Contas do Estado de Tocantins – TCE-TO
Secretário-Geral
CONSELHEIRO ADIRCÉLIO DE MORAES FERREIRA JÚNIOR
Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina – TCE-SC
MEMBROS
MINISTRO JOSÉ MUCIO MONTEIRO FILHO – TCU
CONSELHEIRO ANTÔNIO CRISTOVÃO CORREIA DE MESSIAS – TCE-AC
CONSELHEIRO OTÁVIO LESSA DE GERALDO SANTOS – TCE-AL
CONSELHEIRO MÁRIO MANOEL COELHO DE MELLO – TCE-AM
CONSELHEIRO MICHEL HOUAT HARB – TCE-AP
CONSELHEIRO GILDÁSIO PENEDO FILHO – TCE-BA
CONSELHEIRO JOSÉ VALDOMIRO TÁVORA DE CASTRO JÚNIOR – TCE-CE
CONSELHEIRA ANILCÉIA LUZIA MACHADO – TC-DF
CONSELHEIRO RODRIGO FLÁVIO FREIRE FARIAS CHAMOUN – TCE-ES
CONSELHEIRO CELMAR RECH – TCE-GO
CONSELHEIRO RAIMUNDO NONATO DE CARVALHO LAGO JÚNIOR – TCE-MA
CONSELHEIRO MAURI JOSÉ TORRES DUARTE – TCE-MG
CONSELHEIRO IRAN COELHO DAS NEVES – TCE-MS
CONSELHEIRO GUILHERME ANTÔNIO MALUF – TCE-MT
CONSELHEIRO ODILON INÁCIO TEIXEIRA – TCE-PA
CONSELHEIRO ARNÓBIO ALVES VIANA – TCE-PB
CONSELHEIRO DIRCEU RODOLFO DE MELO JÚNIOR – TCE-PE
CONSELHEIRO ABELARDO PIO VILANOVA E SILVA – TCE-PI
CONSELHEIRO NESTOR BAPTISTA – TCE-PR
CONSELHEIRA MARIANNA MONTEBELLO WILLEMAN – TCE-RJ
CONSELHEIRO FRANCISCO POTIGUAR CAVALCANTI JÚNIOR – TCE-RN
CONSELHEIRO PAULO CURI NETO – TCE-RO
CONSELHEIRA CILENE LAGO SALOMÃO – TCE-RR
CONSELHEIRO ESTILAC MARTINS RODRIGUES XAVIER – TCE-RS
CONSELHEIRO ADIRCÉLIO DE MORAES FERREIRA JÚNIOR – TCE-SC
CONSELHEIRO LUIZ AUGUSTO CARVALHO RIBEIRO – TCE-SE
CONSELHEIRO EDGARD CAMARGO RODRIGUES – TCE-SP
CONSELHEIRO SEVERIANO JOSÉ COSTANDRADE DE AGUIAR – TCE-TO
CONSELHEIRO PLÍNIO CARNEIRO DA SILVA FILHO – TCM-BA
CONSELHEIRO JOAQUIM ALVES DE CASTRO NETO – TCM-GO
CONSELHEIRO THIERS VIANNA MONTEBELLO – TCM-RJ
CONSELHEIRO JOÃO ANTÔNIO DA SILVA FILHO – TCM-SP
CONSELHEIRO FRANCISCO SÉRGIO BELICH DE SOUZA LEÃO – TCM-PA
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ELABORAÇÃO
Presidência do CNPTC
Colaboração
Marcello Terto e Silva – PGE-GO/Advocacia Setorial TCMGO
Paula Pereira Cunha, TCMGO
Thiago Rafael da Cruz Peixoto, TCM/PA
Vinícius Nascimento Santos, TCMGO
Diagramação
Arthur Henrique Rosa Naves, TCMGO
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APRESENTAÇÃO
Com a recente e profunda modificação legislativa, diante da necessidade de se combater à Covid-19,
foram criadas leis e outros instrumentos normativos que afetaram alguns conceitos e matérias mais ou
menos consolidados no entendimento doutrinário e/ou jurisprudencial.
Um desses institutos é o subsídio dos agentes políticos, sobre o qual pairam dúvidas relevantes,
sobretudo pela aprovação da Lei Complementar nº 173/2020, que alterou alguns mecanismos da
conhecida Lei de Responsabilidade Fiscal, ampliando o leque de controles a serem adotados.
Mais que isso, a pandemia nos atingiu em ano eleitoral, para prefeitos e vereadores, último ano de
mandato e final de legislatura. Perguntam-se os atores quais as mudanças, o que pode fazer, se pode
fixar, se deve deixar para depois, se pode pagar, se pode alterar, quando se pode... enfim, uma série
de questionamentos que levam o CNPTC a pensar num modo prático de fornecer orientação aos
jurisdicionados de todos os Tribunais de contas que controlam os gestores municipais.
Essa matéria sempre está de volta à pauta dos tribunais ao chegar o período eleitoral. Com as
intempéries decorrentes da pandemia, é mister, mais uma vez, se debruçar e definir um núcleo
orientativo central, de modo a permitir aos jurisdicionados ancorarem suas decisões sem ferir a norma
maior e as legislações infraconstitucionais.
É recomendável que não sejam impostos aos jurisdicionados restrições não expressas na legislação ou
nas interpretações jurisprudenciais dos Tribunais Superiores.
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SUMÁRIO
FIXAÇÃO DE SUBSÍDIOS DE AGENTES POLÍTICOS E A LC Nº 173/2020........................................................................ 2
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................... 7
QUESITOS................................................................................................................................................................... 10
3 – O que é subsídio?.................................................................................................................................................. 10
4 – O que a Constituição prevê sobre o subsídio de prefeitos e agentes políticos do poder executivo no
município?.................................................................................................................................................................. 10
5 – Em que época deve ser fixado o subsídio do prefeito e agentes políticos do executivo municipal?.................... 11
13 – A fixação de subsídios de agentes políticos municipais se submete, em 2020, aos critérios permanentes do
artigo 21 da LRF ou aos critérios temporários da LC nº 173/2020?............................................................................ 12
15 – De que forma as restrições trazidas pela Lei Complementar nº 173/2020, especialmente o art. 8º, inciso I,
impactaram a fixação dos subsídios dos agentes políticos?....................................................................................... 13
17 – Após passar o prazo do artigo 8º da LC nº 173/2020, pode haver complementação retroativa dos valores
fixados e não pagos em 2021?.................................................................................................................................... 16
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................. 16
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................................................................................... 17
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Goiânia, 1º de outubro de 2020.
QUESITOS
Da análise deste conjunto opinativo surgiu a ideia de extrair o substrato e fornecer um guia simples
e didático, sem discrepar das normas de conteúdo legal, sob a forma de perguntas e respostas,
apresentadas a seguir.
R – É a pessoa que age em nome do Estado ou qualquer de suas entidades, na União, Estados Distrito
Federal e Municípios.
Para os efeitos da Lei nº 8.429/1992 (improbidade administrativa), art. 2º, é “todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função...” em
qualquer entidade estatal.
Esses mesmos parâmetros constam no art. 73, § 1º da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997).
R – a expressão “agente político” aparece na Constituição Federal, art. 37, XI, em meio a uma
categorização de agentes públicos que inclui os membros de poder, os detentores de mandatos eletivos
e outros.
Consta no Portal das Corregedorias que “os agentes políticos são os integrantes da alta administração
governamental, titulares e ocupantes de poderes de Estado, cuja competência advém da própria
Constituição”.1
3 – O que é subsídio?
4 – O que a Constituição prevê sobre o subsídio de prefeitos e agentes políticos do poder executivo
no município?
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f) incidência do imposto de renda (art. 153, III), informado pelos critérios da generalidade, da
universalidade e da progressividade (art. 153, § 2º, I).
5 – Em que época deve ser fixado o subsídio do prefeito e agentes políticos do executivo municipal?
Outra recomendação é verificar a Lei Orgânica do Município, pois podem trazer disposições específicas
a respeito.
R – A Constituição manda que seja fixado numa legislatura, para vigorar na subsequente (art. 29, VI),
por ato próprio da Câmara. A Constituição não estabelece termos, porém manda observar os próprios
critérios (limites, percentuais) e da lei orgânica do município.
A Constituição Federal não se refere ao momento da fixação dos subsídios, mas a jurisprudência pátria
é pacífica no sentido de que isso deve ocorrer antes das eleições. Essa também é a recomendação dos
tribunais de contas.
Então, se a LOM de um município estipular data limite para fixação, p. ex., antes das eleições municipais,
esse prazo deve ser atendido, sob pena de a lei violar a norma orgânica. Mesmo que a LOM não
estabeleça explicitamente, é entendimento pacífico que a fixação ocorra antes das eleições.
Ainda, deve-se estar atento ao fato de que havendo aumento de despesa, o ato de fixação deverá
observar o prazo de 180 dias anteriores ao final do mandato (art. 21 da LRF).
R – Sim. A Lei de Responsabilidade Fiscal declara expressamente (art. 18) e o coloca no rol espécies
remuneratórias que a compõem.
R – Não. As normas da Constituição já faladas não foram modificadas. O que houve foi uma alteração
da Lei de Responsabilidade Fiscal, pela Lei Complementar nº 173/2020, que instituiu novos critérios de
geração de efeitos, alguns temporários (art. 8º para os entes que declararam situação de calamidade
pública em decorrência da pandemia) e outros permanentes (art. 7º, que alterou art. 21 da LRF).
² O TCMGO, por exemplo, recomenda na sua Instrução Normativa nº 004/2012, art. 1º, que esses atos sejam fixados até 30 dias antes das
eleições.
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9 – Que dispositivos da LRF foram alterados pela LC 173/2020?
R - A LC 173/2020, pelo seu artigo 7º alterou os artigos 21 e 65 da LRF, deixando mais rigorosos os
critérios para que um ato que aumenta a despesa de pessoal seja considerado válido.
R - Os critérios anteriores declaravam nulo de pleno direito o ato que provocasse aumento da despesa
com pessoal e não atendesse:
Além disso, o antigo parágrafo único dizia que era nulo o ato expedido nos 180 dias finais do mandato
do titular. Nesta hipótese, a simples adoção do ato no período de final de mandato já era inválida, sem
considerar os efeitos (isto é, o impacto efetivo na despesa). Ou seja, a fixação deveria ocorrer até o
dia 30 de junho do último ano de mandato, independentemente do impacto na despesa com pessoal
nesse período.
R – Sim. É preciso atender a todas as exigências anteriormente previstas, tanto em relação aos artigos
16 e 17 da LRF, quanto do art. 169, § 1º da Constituição Federal.
R - Uma grande modificação trazida pela LC nº 173/2020 é que há duas classes de proibição a considerar:
a) uma restrição temporária de aumento de despesa com pessoal, para os entes que declararam
situação de calamidade pública com base no artigo 65 da LRF, encontrada no art. 8º e incisos da
LC 173/2020, com prazo de vigência estendido até 31 de dezembro de 2021; e
b) uma restrição com critérios permanentes de nulidade para atos que provoquem aumento da
despesa com pessoal, por força da modificação do art. 21 da LRF, pelo art. 7º da LC 173/2020.
R – Vai depender da inclusão ou não do ente no estado de calamidade pública, reconhecido pelo
Congresso Nacional, conforme art. 65 da LRF.
Por serem, os arts. 21 e 65 da LRF, recentemente alterados, além do conjunto de critérios temporários
do art. 8º da LC nº 173/2020, ainda há discussão e posicionamentos diversos sobre a matéria.
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14 – Qual a data-limite para fixação de subsídios
R - Os atos normativos de fixação dos subsídios dos vereadores para a próxima legislatura (2021-2024),
para serem considerados válidos, devem ser aprovados e publicados em 2020, em atenção ao princípio
da anterioridade da legislatura, estabelecido no art. 29, VI, da CF, com observância ainda do lapso
temporal fixado na Lei Orgânica do Município.
15 – De que forma as restrições trazidas pela Lei Complementar nº 173/2020, especialmente o art.
8º, inciso I, impactaram a fixação dos subsídios dos agentes políticos?
R - Quanto à incidência da restrição prevista no inciso I do art. 8º na fixação dos subsídios para a
legislatura 2021-2024, quatro posicionamentos mais têm se destacado. Como, em regra, os tribunais
de contas possuem orientações normatizadas sobre a fixação de subsídios, é na necessário atentar ao
conteúdo específico de cada realidade.
O primeiro entendimento pondera que, diante da entrada em vigor da LC nº 173/2020, nada pode ser
alterado, os valores de subsídios terão de ser exatamente iguais aos da legislatura atual. Não parece ser
o mais adequado, por seu grau de restrição excessivo.
Um terceiro entendimento, intermediário, aponta que os subsídios podem ser fixados, inclusive
referenciando atos orientativos já existentes, emitidos pelos tribunais de contas. Porém os valores
teriam de ser mantidos nos mesmos patamares fixados para a Legislatura 2017/2020, acrescido
somente do percentual inflacionário do período, correspondente à revisão geral anual, não podendo
haver pagamento superior mesmo após 31/12/2021, fixado no caput do art. 8º da LC nº 173/2020,
submetendo-se, ainda, aos seus incisos I, VI e VIII, respectivamente:
a) não conceder vantagens, aumentos e afins, aos agentes públicos, salvo sentença judicial ou
determinação legal anterior à calamidade pública;
b) não criar ou majorar auxílios, vantagens, bônus, abonos, etc. a membros de poder, MP ou
Defensoria; e
c) não adotar medida de reajuste de despesa obrigatória acima da inflação medida pelo IPCA.
O problema desse entendimento é que essas restrições do art. 8º não estarão mais em vigor no dia
1º de janeiro de 2022 e também admitem a existência de ente federativo não atingido pela situação
de calamidade. Elas foram criadas para evitar aumento de despesa de pessoal nesse regime fiscal
temporário, enquanto durar o estado de calamidade reconhecido pelo Congresso Nacional. Não faz
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sentido que após 2021 os entes permaneçam sob essa restrição.
Esse pensamento também admite que os subsídios sejam fixados em valores que apenas expressam a
aplicação dos percentuais inflacionários passados, sob a forma de revisão geral anual autorizada pela
Constituição Federal, art. 37, X.
Também fixar subsídio tendo como parâmetro tão somente os índices inflacionários induziria, sobretudo
para os vereadores, o uso de critério de limite máximo diverso do estabelecido nas alíneas do inciso VI
do art. 29 da Constituição Federal e nas Constituições dos Estados, o que não parece adequado a uma
primeira vista.
O quarto e último andamento, aqui abordado e adotado por este Conselho, também é intermediário.
Seus defensores concordam, como o terceiro, que os subsídios podem ser fixados, observando os
preceitos das Constituições Federal, Estaduais e as Leis Orgânicas. Todavia ponderam que as regras
transitórias de restrição contidas no art. 8º da LC nº 173/2020 não devem ser mantidas em período
posterior.
Ou seja, para os que defendem esse posicionamento, o ato pode ser praticado. Os efeitos financeiros é
que ficam suspensos até 31/12/2021 (LC nº 173/2020, art. 8º, caput), mas a restrição se aplica apenas
aos entes reconhecidamente atingidos pela declaração de calamidade pública.
Quer dizer, eventualmente pode haver um ente federado, (em 2020 um município, mais precisamente)
que não necessite submeter-se a essa restrição, por não estar abrangido pela calamidade declarada.
Essa posição parece mais acertada, pois não admite a aplicação conjugada do art. 21 da LRF e do art.
8º da Lei Complementar nº 173/2020 após 31/12/2021.
Vale lembrar que o art. 8º, § 3º da LC nº 173/2020 dispõe que a LDO e a LOA poderão conter dispositivos
e autorizações que versem sobre as vedações nele contidas (no art. 8º). Todavia, os efeitos somente
poderão ser implementados após a data de 31/12/2021.
a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o disposto no inciso XIII do caput do
art. 37 e no § 1º do art. 169 da Constituição Federal; e
II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores
ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;
III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem
implementadas em períodos posteriores ao final do mandato do titular de Poder ou órgão
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referido no art. 20;
IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Executivo, por Presidente e demais
membros da Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de Tribunal
do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados, de norma legal
contendo plano de alteração, reajuste e reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição
de ato, por esses agentes, para nomeação de aprovados em concurso público, quando:
a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao
final do mandato do titular do Poder Executivo; ou
b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem implementadas
em períodos posteriores ao final do mandato do titular do Poder Executivo.
I - devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondução ou reeleição para o cargo de
titular do Poder ou órgão autônomo; e
II - aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo dos Poderes referidos no art. 20.
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos de nomeação ou de provimento
de cargo público aqueles referidos no § 1º do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que,
de qualquer modo, acarretem a criação ou o aumento de despesa obrigatória.
Trazendo a norma para o seu sentido positivo, vale dizer que o ato, para ser considerado válido necessita:
2. guardar adequação orçamentária financeira com a LOA e compatibilidade com LDO e PPA);
b) No tocante ao art. 169, § 1º da Constituição Federal, contar com prévia dotação orçamentária
suficiente para atender às projeções e acréscimos decorrentes da despesa, além de autorização
específica na LDO;
d) não afetar o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo;
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remuneração de pessoal (CF, art. 37, XIII);
f) não aumentar a despesa nos últimos 180 dias do mandato do titular do poder ou órgão;
h) não ser norma legal contendo plano de alteração, reajuste ou reestruturação de carreiras,
aprovada, editada ou sancionada por Chefe do Executivo, Presidente e membros da Mesa ou
equivalente no Poder Legislativo, Presidente de Tribunal do Judiciário, Chefe do Ministério
Público da União e dos Estados que:
Além disso, as regras dos incisos II, III e IV se aplicam para o período de recondução ou reeleição para o
cargo de titular do Poder ou órgão autônomo, e ocupantes de cargo eletivo referidos no art. 20 da LRF.
17 – Após passar o prazo do artigo 8º da LC nº 173/2020, pode haver complementação retroativa dos
valores fixados e não pagos em 2021?
R - Não. O art. 8º, § 3º da LC nº 173/2020 veda expressamente que a LDO e a LOA contenham cláusula de
retroatividade, na hipótese de os municípios terem sido afetados pela calamidade pública decorrente
da pandemia da Covid-19.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta colaboração não pretende exaurir a matéria, até porque a LC nº 173/2020 já enfrenta ações diretas
de inconstitucionalidade, tal a abrangência das restrições, sobretudo ao afetar inclusive a contagem de
prazos para recebimento de direitos como anuênios, quinquênios, progressão etc.
Fato é que, na hipótese de alguma Câmara Municipal ainda não haver fixado os subsídios dos agentes
políticos para a nova legislatura, é recomendável que o faça antes do pleito eleitoral, excepcionalmente
deslocado para o dia 15 de novembro próximo, ciente, naturalmente, das restrições impostas tanto
pelo art. 21 da LRF quanto pelo art. 8º da LC nº 173/2020.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ARAÚJO, Reycilane. ATHAYDE, José Gustavo. Parecer nº 3322/2020, emitido em Consulta nos autos
do Processo nº 08130/20. Goiânia: Ministério Público de Contas perante o Tribunal de Contas dos
Municípios do Estado de Goiás, 24/set/2020.
BRASIL. Constituição (1988). Atualizada até EC nº 108, de 26/8/2020. Brasília, DF: Senado Federal:
Centro Gráfico.
BRASIL. Controladoria-Geral da União (CGU). Agentes Públicos e Agentes Políticos: perguntas frequentes.
Brasília: Portal das Corregedorias. Disponível em https://corregedorias.gov.br/assuntos/perguntas-
frequentes/agentes-publicos-e-agentes-politicos#:~:text=O%20agente%20pol%C3%ADtico%20
%C3%A9%20aquele,de%20Secret%C3%A1rios%20nas%20Unidades%20da. Acesso em 30/9/2020.
BRASIL. Manual de Apoio à Gestão Municipal. 1. ed. Brasília: Presidência da República – Subchefia de
Assuntos Federativos, 2008. Disponível em http://www.portalfederativo.gov.br. Acesso em 29/9/2020.
ESTADO DE GOIÁS. Constituição (1989). Atualizada até Emenda Constitucional nº 65, de 21/12/2019.
Goiânia, 1989. Disponível em: http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/constituicoes/constituicao_1988.
htm. Acesso em 28/9/2020.
FRANCO, Carolina Menezes. Parecer nº 00946-20, emitido em Consulta nos autos do Processo nº
09224e20. Salvador: Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia, 18/jun/2020.
ISOBE, Ivone. SILVA, Andrea Calassa da. SANTOS. Vinicius Nascimento. Parecer nº 00001-20-SAP,
emitido em Consulta nos autos do Processo nº 08130/20. Goiânia: Tribunal de Contas dos Municípios
do Estado de Goiás, 31/ago/2020.
PEIXOTO. Thiago Rafael da Cruz. Fixação de Subsídio de Vereador e Prefeito – Legislatura 2021-2024.
Artigo científico. Belém: 2020. 46p.
TCE-MG. Cartilha de Orientações Gerais para fixação dos subsídios dos Vereadores: Legislatura 2013-
2016. Belo Horizonte: setembro de 2013. Disponível em https://www.tce.mg.gov.br/img_site/cartilha_
subsidios_vereadores.pdf. Acesso em 30/9/2020.
SILVA, Marcello Terto e. DESPACHO Nº 123/2020 - ADSET-TCM- 15897, emitido em consulta nos autos
do Processo nº 06193/2020. Goiânia, Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás, 14/
ago/2020.
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