Aula 02 - Forma e Estrutura - Motivo - Frase - Etc-4
Aula 02 - Forma e Estrutura - Motivo - Frase - Etc-4
Aula 02 - Forma e Estrutura - Motivo - Frase - Etc-4
Motivo
O motivo (inciso ou célula) é a mínima unidade musical significante, ou seja, a
menor unidade melódica reconhecível de uma determinada peça de música. O motivo
é incompleto em si mesmo, sendo utilizado como ponto de partida para a construção
de unidades mais extensas. Fazendo um paralelo com a linguagem verbal, o motivo
seria equivalente à palavra. Considera-se tradicionalmente que a extensão de um
motivo pode variar de três notas, no caso de um motivo curto, a oito ou nove notas, no
caso de um motivo longo.
Figura 1. Motivo longo de oito notas. J. S Bach (?), Minueto em Sol Maior.
Figura 2. motivo curto de três notas. F. Mignone, Aquela modinha que o Villa não escreveu.
Figura 3.
Um motivo não precisa conter uma grande diversidade de intervalos: por
exemplo, o tema principal da Sinfonia n. 4 de Brahms, apesar de também conter sextas
e oitavas, é formado por apenas uma sucessão de sextas.
Figura 4.
Semi-frase
A semi-frase, que é também chamada de membro de frase, é composta pela
justaposição de diversos motivos. A semi-frase, assim como o inciso, não apresenta
uma ideia completa, sendo relativa à sentença ou oração na linguagem verbal. A semi-
frase pode ser binária, quando é formada por dois motivos, ou ternária, quando é
composta por três motivos.
Frase
Para Schoenberg, Frase é a menor unidade estrutural, uma espécie de molécula
musical constituída por algumas ocorrências musicais unificadas, dotada de uma certa
completude e bem adaptável à combinação com outras unidades similares. O termo
frase significa, do ponto de vista da estrutura, uma unidade aproximada àquilo que se
pode cantar em um só fôlego.
A frase é uma ideia musical completa que finaliza com uma cadência. Assume a
função organizadora do discurso musical, sendo possível de ser classificada de
diversas formas:
a). quanto ao tipo de cadência com que determinada frase é finalizada, ela pode ser
uma frase suspensiva quando termina com uma cadência suspensiva, ou uma frase
conclusiva que finaliza com uma cadência conclusiva.
Figura 7. frases suspensiva e conclusiva. R. Schumann, O Cavaleiro Selvagem.
b). quanto ao número de semi-frases que compõem uma frase, esta pode ser
classificada de frase binária, quando é composta por duas semi-frases, ou de frase
ternária, quando resulta da conexão de três semi-frases.
c). do ponto de vista qualitativo, ou seja, quando se leva em conta o conteúdo das
semi-frases que constituem uma frase, esta será chamada de frase afirmativa quando
as semi-frases que a compõem são iguais ou semelhantes, ou seja, são construídas
com base no mesmo material. Quando os membros de frase diferem entre si, isto é,
são compostos de material diferente, a frase é chamada de frase contrastante. A
frase regular é aquela que possui semi-frases com a mesma extensão. A frase
irregular é aquela na qual as semi-frases diferem em sua duração, possuindo
diferentes extensões de tempo.
Figura 10. frase binária afirmativa. W. A. Mozart, Sinfonia n.º 40, III.
d). quadratura – as frases mais comuns são aquelas que têm a extensão de quatro
compassos, chamadas de frases quadradas. As frases de oito e dezesseis
compassos também são consideradas quadradas, pois estes números são múltiplos de
quatro. A construção musical com frases quadradas (quadratura) é a mais comum na
música do século XVIII, períodos Barroco Tardio e Clássico. No século XX, a escola
neoclássica também utilizou abundantemente este tipo de frase.
Figura 15.
O ritmo é um elemento importante na construção de uma frase: contribui para
deixá-la interessante e variada.
O final de frase é, em geral, ritmicamente de modo a estabelecer uma
pontuação. Podem ter diferentes combinações; redução rítmica, uso de intervalos
menores ou um número menor de notas, ou por qualquer forma adequada de
diferenciação.
O comprimento de uma frase pode variar, sendo que o tempo e compasso
influem diretamente em sua extensão. Nos compassos compostos, uma extensão de
dois compassos pode ser considerado um padrão médio; nos simples, quatro
compassos podem ser considerados o mais normal. Em tempos lentos, uma frase pode
ser reduzida a meio compasso; e em tempos muito rápidos, oito ou mais compassos.
É raro que a frase seja um múltiplo exato da duração do compasso; ela
geralmente, varia em um ou mais tempos e quase sempre atravessa as subdivisões
métricas sem que tenha preenchido totalmente os compassos.
Figura 16.
Bibliografia Básica:
COOK, N. A Guide to Musical Analysis. London: J. M. Dend & Sons. 1987.
HODEIR, A. As Formas da Música. Lisboa, Edições 70, 1970.
SCLIAR, E. Fraseologia Musical. Movimento, Porto Alegre, 1982.
SCHOENBERG, A. Fundamentos da Composição Musical. São Paulo: Edusp, 1991.
Bibliografia Complementar:
BENNETT, R. Forma e Estrutura da Música. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1980.
GIANELLI, A. M. A disciplina de análise em instituições de ensino superior do
estado de São Paulo. 2012. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual Paulista.
São Paulo, 2012.
VERSOLATO, J. C. Rumos da Análise Musical no Brasil (análise estilística 1919-
84) São Paulo. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista. São Paulo.
2008.