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net/publication/358242544
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New presentation forms and packaging for mariculture products in Santa Catarina View project
All content following this page was uploaded by Felipe Matarazzo Suplicy on 31 January 2022.
SANTA
CATARINA
SECRETARIA DE ESTADD DA
AGRICULTURA, DA PESCA E
DO DESENVOLVIMENTO RURAL
Governador do Estado
Carlos Moisés da Silva
Presidente da Epagri
Edilene Steinwandter
Diretores
Célio Haverroth
Desenvolvimento Institucional
•
Ciência, Tecnologia e Inovação
��
Epagri
Empresa de Pesquisa Agropecuária
eE.xtensãoRuraldeSanta(atarina
ISBN 978-65-990745-6-1
Ficha catalográfica
ISBN 978-65-990745-6-1
ORGANIZADOR E AUTORES
Andrei Félix Mendes
Biotecnologista
Laboratório de Imunologia e Patologia de Invertebrados (LABIPI), Departamento de Biolo-
gia Molecular, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Campus I - Jardim Universitário s/nº, Castelo Branco, 58051-900, João Pessoa, Paraíba
Fone: (83) 3216-7643
E-mail: andreifelixm@gmail.com
João Guzenski
Oceanógrafo, Dr.
Epagri, Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap)
Rod. Admar Gonzaga, 1.188, Itacorubi, 88034-901, Florianópolis, Santa Catarina
Fone: (48) 3665-5063
E-mail: guzenski@epagri.sc.gov.br
Narbal Corrêa
Pescador e mergulhador comercial
Rua Vinte e Três de Março, 169, Itaguaçu, 88085-440
Florianópolis, Santa Catarina
Fone: (48) 99938-9699
E-mail: narbalcorrea@hotmail.com
O cultivo de ostras é uma atividade que contribui para a fixação das comunidades
tradicionais costeiras em seus locais de origem através da geração de emprego e de renda,
da produção de uma iguaria de alto valor nutritivo, com diversos impactos positivos sobre
o meio ambiente. Além dos benefícios socioambientais, a produção de ostras, quando
bem planejada e executada, pode ser um negócio altamente lucrativo e uma excelente
oportunidade de investimento para os que possuem o perfil e as habilidades necessárias
para empreender neste setor.
Considerando essas necessidades, o presente livro tem como objetivo apoiar inves-
tidores, produtores, técnicos e estudantes que pretendam entender como dimensionar,
implantar e gerenciar uma fazenda de ostras.
A Diretoria Executiva
PREFÁCIO
Lá se vão 35 anos...
A abundância de outrora, que vigorava no canal que separa a Ilha de Santa Catarina
do continente – estrangulado mais ou menos no seu centro por um estreito – formando
suas duas porções denominadas baías Norte e Sul, virara escassez.
Não se ouvia mais o ronco de miraguaias ecoando nas malhas das redes, raleava o
mosaico de manjuvas no espelho do mar da quaresma, raras tainhas erravam o curso e se
perdiam dentro das baías e as feiticeiras já não emalhavam mais o camarão legítimo nos
rebojos do Nordeste de papo-amarelo.
Mas como cantam Caetano e Bethânia em um antigo vinil mais ou menos dessa
época: “é engraçado a força que as coisas têm quando elas precisam acontecer”.
Aos poucos, ingredientes necessários à elaboração de um grande projeto estavam
se juntando. Alguns homens, com o sonho de ver o mar se tornar celeiro e atentos à situa-
ção social do momento, adicionaram temperos como paciência, perseverança, resignação
e dose extra de fé e chegaram a uma receita tangível.
No cenário de penúria iminente que se vislumbrava e com a determinação dos pio-
neiros nasceu o Projeto Ostra, um trabalho que viria a se tornar o mais eminente projeto
de cultivo marinho existente até hoje no Brasil.
À medida que o tempo foi passando e a ideia ganhando corpo, muitos outros so-
nhadores passaram a sonhar o sonho sonhado. E daí a coisa foi virando realidade. Entre
esses, há que se destacar os pescadores artesanais da costa catarinense. Viram naquele
projeto que nascia uma luva que servia perfeitamente às suas mãos carcomidas e cheias
de vincos do náilon das redes e linhas de pesca.
Foram muitos, mas entre esses que embarcaram de primeira precisa ser enaltecido
o nome de José Alberto Queiroz, que nos deixou em 2020. Ele foi quem apresentou as
luvas aos pescadores, foi o elo que uniu a academia e a sociedade. Tornou viável à univer-
sidade pública e gratuita realizar seu papel preponderante.
O tempo passou e a efervescência do novo – tão novo para um estado com um povo
com tamanha tradição nas lidas do mar – fez nascer a malacocultura no Brasil.
Depois de todo esse tempo e transcorrido tanto mar e o quanto foi preciso navegar,
chega-nos para celebrar esse momento esta brilhante obra organizada por Felipe Suplicy.
Abrangente em todos os aspectos inerentes à ostreicultura, o “Manual do Cultivo
de Ostras” traz conhecimentos referendados em outras partes do mundo e, principalmen-
te, aqueles gerados e/ou adaptados em Santa Catarina e no Brasil. Tornar-se-á, com certe-
za, referência sobre o assunto para nosso país.
Felipe Suplicy tem se especializado muito bem em produzir obra bibliográfica des-
se tipo, não é a primeira. De supra importância, esta publicação condensa informações,
pesquisas, conhecimento e experiências que dão conta de um passado de mais de três
décadas.
Ele e os demais colaboradores, todos participantes desta bem-sucedida história da
ostreicultura brasileira, merecem distinção e nosso agradecimento.
Por fim, voltando àquelas baías – Norte e Sul – e metaforizando, muito do sal de
suas águas é formado pelo sal que escorreu do suor do trabalho daqueles que construíram
a maricultura do Brasil.
Com “Manual do Cultivo de Ostras”, Felipe Suplicy dá a pitada de açúcar que faltava
e torna tudo mais doce.
7.000 8.000
6.000 7.000
6.000
5.000
Toneladas x 1.000
US$ x 1.000.000
5.000
4.000
4.000
3.000
3.000
2.000
2.000
1.000 1.000
- -
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018
Volume Valor
20
EUA França outros
3% 1% 2%
Japão
3%
Coreia do Sul
5%
China
86%
Figura 2. Participação percentual dos principais produtores mundiais de ostras, incluindo a produção
da China
Fonte: FAO, 2020b
200.000
180.000
160.000
140.000
120.000
Toneladas
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
Figura 3. Volume de ostras produzidas por país em 2018, excluindo a produção da China
Fonte: FAO, 2020
21
Diferentemente de outros frutos do mar, os moluscos bivalves têm sido destinados
principalmente para o mercado doméstico, e a maior parte da produção de ostras é con-
sumida nos próprios países produtores. Apenas 8% do valor da produção mundial, que
equivale a cerca de US$613,4 milhões, é exportado para outros países (FAO, 2020b).
Apesar disso, relatórios mercadológicos da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) indicam que esse padrão pode mudar em breve,
com novos produtos de valor agregado entrando em cena. Os preços dos moluscos bival-
ves são elevados e estão aumentando ainda mais na maioria dos mercados, e os preços
elevados dos bivalves em geral vêm impulsionando a expansão do cultivo e do comércio
de ostras em várias regiões do mundo, particularmente na última década. Em 2018, o valor
somado das exportações e importações de ostras alcançou US$1,1 bilhão (Figura 4) (FAO,
2020b; FAO, 2020; GLOBEFISH, 2019).
1.200.000
1.000.000
800.000
US$ x 1.000
600.000
400.000
200.000
-
1976 1980 1984 1988 1992 1996 2000 2004 2008 2012 2016
23
24
Foto: Hog Island Oyster Co.
Capítulo 2 - ESPÉCIES DE OSTRAS CULTIVADAS
Felipe Matarazzo Suplicy,
Claudio Manoel Rodrigues de Melo
& Simone Sühnel
25
Tabela 1. Espécies, nome comum (em inglês), principais países produtores e ambiente de
cultivo predominante de ostras dos gêneros Ostrea, Saccostrea e Crassostrea
Volume
Nome comum Principais países Ambiente de produzido
Espécie em inglês produtores cultivo em 2018
predominante (t)
Ásia:
Coréia, Japão, Taiwan,
Singapura, Emirados Árabes
Europa:
França, Irlanda, Espanha,
Reino Unido, Portugal, Ilhas do
Canal, Itália e Alemanha
Oceania:
Austrália e Nova Zelândia
África:
África do Sul, Marrocos, Namíbia,
Argélia e Tunísia
Eastem oyster
Virginia oyster
Crassostrea Wellfleet oyster Estados Unidos e Canadá Marinho 134.939
virginica Atlantic oyster
American oyster
Continua...
26
continuação...
Volume
Nome comum Principais países Ambiente de produzido
Espécie em inglês produtores cultivo em 2018
predominante (t)
A Organização das Nações Unidas apresenta dados para sete espécies do gênero
Crassostrea caracterizadas através de análise molecular. Contudo, em torno de 86% da
produção mundial, em 2018, foi descrita em relação ao gênero, Crassostrea spp. Em 2019
a China foi responsável por 99,4% da produção mundial das ostras do gênero Crassostrea
spp., com um total de 5.225.595 toneladas (FAO, 2020). A classificação das ostras pro-
duzidas pela China como Crassostrea spp. está relacionada à quantidade de espécies do
gênero (26, segundo Guo et al., 2018) e à dificuldade da correta classificação das espécies
cultivadas (WANG et al., 2010). A maior parte das fazendas produtoras de ostras na China
obtém suas sementes através de captação natural (WANG et al., 2010), o que também
corrobora com a dificuldade da definição das espécies produzidas. Alguns autores suge-
rem que a produção de ostras do gênero Crassostrea na China engloba espécies como a
27
Crassostrea pliculata, Crassostrea ariakensis (GUO et al., 1999), Crassostrea gigas (LI & QI,
1994; GUO et al., 1999), Crassostrea rivularis (WANG et al., 2004), as quais são espécies
nativas na China, e a Crassostrea angulata (REECE et al., 2008, WANG et al., 2008), entre
outras.
Atualmente a Crassostrea gigas é a espécie de ostra mais cultivada no mundo, com
presença na África, América, Ásia, Europa e Oceania (Figura 1). A segunda espécie mais
produzida mundialmente é a Crassostrea virginica, cultivada nos Estados Unidos e no Ca-
nadá (FAO, 2020). As demais espécies apresentam produções abaixo de 30 mil toneladas.
Dados de produção mundial de ostras e de outros moluscos bivalves podem ser obtidos
utilizando a ferramenta de enquete on-line disponível no website da FAO (http://www.fao.
org/fishery/statistics/global-aquaculture-production/query/en).
29
Esta ostra possui uma concha sólida, com a valva esquerda (inferior) desigual e a
valva direita (superior) convexa, tendendo a ser plana, embora frequentemente dobrada
na esquerda; bicos e umbos inequilaterais, não proeminentes, tendendo a ser amplamen-
te ovais no contorno, mas frequentemente distorcidos. Ligamento interno, fixado a uma
fossa triangular central, com extensões laterais. Escultura de cristas e linhas concêntricas
com algumas nervuras irregulares radiantes na valva esquerda que normalmente não en-
contram ou recuam da margem. Linha de dobradiça sem dentes no adulto. As margens da
casca são suaves. Cor branca, branca suja ou marrom, às vezes com manchas roxas escu-
ras. Periostracum fino e marrom-escuro; interior da concha branca; cicatriz do músculo
adutor próximo à margem posterior, roxa ou marrom-avermelhada (FAO, 2020e).
O tempo de cultivo da C. iredalei nas Filipinas é de seis a oito meses. Estacas e co-
letores são instalados nas áreas naturais de desova de ostras durante os meses de maio
a agosto, quando os fatores ambientais, como salinidade e temperatura, são mais favorá-
veis. Esses meses representam o período de pico da desova de ostras nas Filipinas.
As ostras são colhidas durante os meses de março, abril e maio, período em que
estão em sua melhor condição de carne e de sabor. Esta espécie de água salobra é conhe-
cida por sua carne cremosa saborosa e seu cultivo requer uma faixa de salinidade de 15 a
25 (DEVAKIE & ALI, 2000).
30
A C. iredalei possui uma concha de tamanho médio, geralmente mal esculpida, de
forma muito variável, mas geralmente mais alta do que longa, aproximadamente arre-
dondada, triangular oblíqua ou oval alongada no contorno. A valva esquerda (inferior) é
bastante espessa, mais leve, mais convexa e maior que a valva direita (superior), com área
de fixação pequena a grande. A superfície da valva esquerda é um tanto lamelada, com
alguns sulcos radiais rasos a indistintos que vagamente recortam a comissura das válvulas.
A valva direita é achatada, concentricamente lamelada ou quase lisa. A cavidade umbonal
é moderadamente pequena sob a dobradiça da valva esquerda. Cicatriz do músculo adutor
grande, em forma de rim, um pouco côncava anterodorsalmente e um pouco mais próxima
da margem ventral do que da dobradiça. Cor externa da concha de um branco sujo, fre-
quentemente rubro com marrom acinzentado pálido. Valva direita frequentemente com
algumas faixas radiais cinza-arroxeadas mais escuras nas primeiras fases de crescimento.
Interior das valvas esbranquiçado e brilhante, muitas vezes com áreas irregulares de cor
branco-giz, e coloração marrom-púrpura na cicatriz adutora posterior (FAO, 2020d).
31
Nos últimos 60 anos, a produção de Ostrea edulis sofreu um drástico declínio des-
de 1961, quando a França produziu 30 mil toneladas, devido principalmente ao impacto
de doenças e à consequente migração dos produtores para o cultivo da ostra do Pacífico
(Crassostrea gigas). A produção mundial desta espécie foi de 1.406 toneladas em 2018,
com nove países produtores e com a França responsável por 50% deste volume (FAO,
2020) (Figura 5).
Figura 5. Evolução da produção da ostra plana europeia (Ostrea edulis) nas últimas décadas
Fonte: FAO, 2020
33
2.5.1 A ostra nativa, Crassostrea rhizophorae
A ostra nativa C. rhizophorae (Figura 6), conhecida como “ostra branca” em algumas
localidades no Brasil, apresenta distribuição desde o Caribe até o Uruguai, sendo encon-
trada em raízes da planta do mangue Rhizophorae mangle e fixada em rochas no médio
litoral, na região entremarés (RIOS, 1994). Contudo, o autor não diferencia as espécies
nativas C. rhizophorae e C. gasar, denominando-as como C. rhizophorae. Estudos mais
recentes utilizando técnicas moleculares de identificação registraram a ocorrência de C.
rhizophorae na Ilha de Martinica e na Guiana Francesa (LAPÈGUE et al., 2002) e ao longo
de toda a costa brasileira (Tabela 2).
Continua...
34
continuação...
Espécie Estado Cidade Referência
No Brasil, C. gasar (Figura 7), conhecida como “ostra do mangue”, ocorre em man-
guezais, estuários e costões rochosos, da costa do Pará até o estado de Santa Catarina
(MELO et al., 2010a; MELO et al., 2010b; LAZOSKI et al., 2011; Tabela 2). Sua ocorrência é
relatada, também, na costa oeste da África (LAPÈGUE et al., 2002), entre Senegal e Angola,
sendo abundante ao longo do delta do Rio Nilo
A ostra do Pacífico C. gigas (Figura 8) ou ostra japonesa, tem sua origem no leste
asiático, nativa na região da Coréia e Japão (MIOSSEC et al., 2009). Esta espécie foi intro-
duzida em vários países para fins de aquicultura (MANN et al., 1991; ORENSANZ et al.,
2002), como nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Nova Zelândia, Austrália,
Marrocos, Chile, Brasil, entre outros.
37
Suas características biológicas a tornam adequada para uma ampla gama de condi-
ções ambientais, embora seja geralmente encontrada em áreas costeiras e estuarinas den-
tro de seu alcance natural. Apesar de ser uma espécie euritérmica, de acordo com Quayle
& Newkirk (1989), a temperatura ideal para o desenvolvimento e alimentação de C. gigas é
em torno de 20°C. Isso também é observado com relação à salinidade, onde, apesar de ser
eurihalina, C. gigas pode ser cultivada em ambientes que variam de 18 a 35, suportando
salinidades em torno de 15, porém com um crescimento mais lento (POLI, 2004). Cross &
Kingzett (1992) citam a salinidade de 24 como ideal para o cultivo desta espécie. Dados da
FAO (2020c) apontam que a C. gigas é atualmente cultivada em diversos países dos cinco
continentes (Figura 9).
Crassostrea gigas foi introduzida no Brasil pela primeira vez em 1974, com ani-
mais oriundos do Reino Unido, pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Morei-
ra (IEAPM), no estado do Rio de Janeiro (MUNIZ et al., 1986, SILVEIRA JR., 1989; POLI
et al., 1990; POLI, 2004). Posteriormente, dois estados fizeram novas importações de C.
gigas: São Paulo, pelo Instituto de Pesca de São Paulo, em 1975, importou sementes do
Japão (AKABOSHI, 1979; AKABOSHI et al.,, 1983) e a Bahia, pelo Instituto de Pesquisa de
Biologia da Bahia, em 1981, novamente importou com animais oriundos do Reino Unido
(RAMOS et al., 1986). No ano seguinte a Fazenda Jacostra (Sostramar), localizada em Ca-
nanéia, SP, importou sementes da França e tornou-se a primeira fazenda no Brasil a pro-
duzir sementes de ostras do Pacífico. Em 1987, sementes de ostras oriundas de Cabo Frio
(IEAPM) foram introduzidas em Santa Catarina para avaliar sua performance em cultivo.
Nos anos seguintes o cultivo da ostra do Pacífico em SC continuou com sementes oriundas
38
da Sostramar, importadas do Chile e dos USA, e sementes produzidas pelo Laboratório de
Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina. Contudo, em outubro de
1998 a introdução de juvenis e adultos de ostras foi proibida no Brasil, por razões sanitá-
rias (PORTARIA IBAMA N° 145-N, DE 29 DE OUTUBRO DE 1998), e a produção passou a ser
baseada apenas na produção de sementes em laboratório, pois não há captação natural de
sementes desta espécie na costa brasileira.
Quando em condições de cultivo, mortalidades massivas da ostra do Pacífico são
relatadas em todos os locais onde são produzidas (SAMAIN & McCOMBIE, 2008). Frente a
este fato, foi desenvolvido de 2001 a 2006 um projeto de pesquisa coordenado pelo Ins-
tituto Francês de Pesquisa para a Exploração do Mar (IFREMER) (SAMAIN & McCOMBIE,
2008). Neste projeto foram avaliados aspectos ambientais, como temperatura, salinida-
de, sedimento presente na água e fatores biológicos, como ciclo reprodutivo, patologias,
aspectos imunológicos e genéticos de C. gigas e sua relação com a ocorrência de mor-
talidades. Resultados deste estudo apontam que os riscos de ocorrência de mortalidade
aumentam quando há uma combinação de fatores ambientais e biológicos. Em tempera-
turas acima de 19oC, os riscos de ocorrência de mortalidades aumentam, principalmente
se associados ao esforço reprodutivo de produção de gametas e estresse, como exposição
à alteração da salinidade (SAMAIN & McCOMBIE, 2008). Os autores também observaram
neste estudo que o fator genético tem uma grande contribuição para o aumento do risco
de mortalidade. As ostras mais susceptíveis tendem a investir mais em reprodução.
Outro aspecto relacionado à mortalidade em ostras é a época de semeadura em
clima subtropical. Um estudo desenvolvido em Santa Catarina observou maior mortalida-
de acumulada (após 6 meses de cultivo), quando as sementes são plantadas no início do
verão, sendo que maiores sobrevivências foram observadas em sementes plantadas no
início e no final do outono (SÜHNEL et al., 2017).
O cultivo de C. gigas em Santa Catarina tem tido um papel fundamental para impul-
sionar a ostreicultura brasileira. A atividade da ostreicultura catarinense tem impulsionado
os órgãos gestores federais, estaduais e municipais a realizarem ações para a regularização
da atividade, o controle sanitário das ostras produzidas e a criação de programas de apoio
financeiro para a produção de ostras. Estas ações estão sendo estendidas a outros estados,
onde a atividade tem se fortalecido.
39
40
Foto: Fernanda Bernardino/Editora Globo
Capítulo 3 - HISTÓRICO DO CULTIVO DE OSTRAS NO BRASIL
Felipe Matarazzo Suplicy
41
3.2 A introdução da Crassostrea gigas no Brasil
42
um grupo de pescadores artesanais de Santo Antônio de Lisboa, Florianópolis. A primeira
estatística oficial de produção de ostras em Santa Catarina foi divulgada pela Epagri em
1991, com um volume de 43 toneladas.
A partir de 1991 o Laboratório de Cultivo de Moluscos Marinhos (LCMM),
inaugurado em Sambaqui, inicia produção de sementes de C. gigas a partir de matrizes
oriundas do cultivo experimental. A posteriori somaram-se reprodutores doados dos
outros produtores pioneiros, da Ponta dos Papagaios (Moluskus Ltda.) e Enseada do Brito
(Walter A. S. Bensousan) (SILVEIRA JR., comunicação pessoal).
Com apoio a Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional – Cida, em
1995 foi inaugurada a nova instalação do Laboratório de Cultivo Moluscos Marinhos
– LCMM da UFSC, na Barra da Lagoa, permitindo a produção de um volume maior de
sementes de ostras e uma maior regularidade na entrega deste insumo básico para os
maricultores (CARVALHO FILHO, 1995). Após um período de ajustes do novo laboratório,
e com gradual o ingresso de novos produtores na atividade, o volume de produção foi
expandido, chegando a 3.152 toneladas em 2006 (INFOAGRO, 2020).
Em 2007, foi celebrado um convênio entre a Secretaria Especial de Aquicultura e
Pesca da Presidência da República – SEAP/PR e a Epagri para dar início ao monitoramento
bacteriológico e de algas nocivas nas áreas de produção, que levou às primeiras interdições
da colheita causadas pela ocorrência de Florações de Algas Nocivas – FAN. A inovação
da gestão sanitária do setor enfrentou muitos problemas de comunicação e falta de
esclarecimento entre os produtores e consumidores que, associados de modo equivocado
à morte de um artista musical vinculada ao consumo de ostras, levaram a uma grande
retração de mercado que teve sério impacto na safra daquele ano e sofreu um decréscimo
na produção comercializada de 63,33% em relação a 2006. Entre 2008 e 2014, a produção
voltou a se recuperar, chegando a 3.670 toneladas em 2014 e envolvendo 129 maricultores.
Naquela época, a comunidade do Ribeirão da Ilha, no município de Florianópolis, já se
destacava como principal região produtora de ostras, com 2.256,8t, representando 83,4%
da produção de Florianópolis e 61,48% da produção estadual (Figura 2) (DOS SANTOS &
WINCKLER, 2015). A partir de 2015, o baixo nível organizacional dos produtores, além da
complexidade e dificuldade destes em atender individualmente os órgãos fiscalizadores
que regulam e disciplinam a produção, o beneficiamento e a comercialização, bem como
problemas no calendário de produção e atrasos no abastecimento de sementes, levaram
a uma redução do volume de produção e a uma evasão de maricultores da atividade,
resultando em uma produção de 2.472 toneladas em 2017.
43
Figura 2. Evolução da produção de ostras em Santa Catarina entre 1991 e 2017
Fonte: INFOAGRO, 2020
45
No Ceará já foram realizadas diversas iniciativas de introdução do cultivo de ostras do
mangue Crassostrea rhizophorae como alternativa de geração de renda para comunidades
extrativistas costeiras por instituições governamentais e não governamentais, como
Sebrae, Labomar, Neema, Cefet, Instituto Terramar e Instituto Netuno. O resultado de
unidades demonstrativas instaladas nos municípios de Fortim, Amontada, Trairi e Camocim
em 2005 foi comprometido por uma série de fatores de natureza socioeconômica (Figura
4). Dentre esses fatores destacam-se a falta da cultura para o trabalho participativo por
parte das comunidades envolvidas e os baixos retornos financeiros em médio prazo
oferecidos pela ostreicultura, o que desestimulou os associados, bem como a falta de
canais de comercialização estabelecidos para escoamento da produção (SEBRAE, 2005).
Uma iniciativa realizada em 2006 com o apoio do Grupo de Estudos de Moluscos Bivalves
– GEMB do Instituto de Ciências do Mar – Labomar, Universidade Federal do Ceará – UFC,
e da Fundação Alphaville, envolveu seis mulheres e obteve uma produção de 320 dúzias
de C. rhizophorae (GOMES et al., 2008, GOMES et al., 2009).
No estado do Pará, o cultivo de ostras foi iniciado em 2006 com a espécie nativa
Crassostrea gasar. Em 2014, a produção foi de apenas oito toneladas e em 2016 o volume
atingiu 42 toneladas, indicando que o Pará está despontando como estado com o segundo
maior volume de produção de ostras cultivadas, atrás de Santa Catarina. O setor envolve
sete associações de produtores em cinco municípios, onde a salinidade e as condições das
marés são adequadas. As sementes são coletadas com coletores de garrafas PET recicladas,
instaladas nos canais da floresta de mangue (Figura 5) (SAMPAIO, 2018).
46
Figura 5. Produção de ostras nativas em Nova Olinda, PA
Foto: Flávio Contente
47
Figura 6. Sistema BST: um dos sistemas alternativos de cultivo de ostras testados pelo Programa
AquiNordeste em Indiaroba, SE
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
Figura 7. Evolução da produção de ostras nos estados das regiões Norte e Nordeste
Fonte: IBGE, 2019
48
Na última década, a atividade tem apresentado um melhor desenvolvimento no
Pará e em Alagoas, estados onde os maricultores têm recebido assistência técnica de
instituições de fomento que estão auxiliando na elevação da qualidade sanitária das
ostras através da depuração, além de ajudar os produtores na formação de associações e
desenvolvimento de mercado (Figura 7).
No Rio Grande do Norte, em Tibau do Sul, destaca-se o trabalho da Primar
Aquacultura, fazenda de camarões com certificação orgânica cultivados em consórcio
com ostras e cavalos marinhos no “Sistema Primar de Aquacultura Orgânica” (Figura 8).
As ostras Crassostrea gasar foram introduzidas em 2005. Inicialmente as ostras juvenis
eram adquiridas de pescadores da região, que retiravam dos mangues ostras pequenas e
as traziam para ser engordadas nos viveiros de camarão. A Primar atingiu uma produção
de 16 mil dúzias em 2012 e, buscando uma fonte sustentável de formas jovens, em 2014
a empresa inaugurou seu próprio laboratório de produção de sementes de C. gasar, que
atingiu uma produção de 1,5 milhão de sementes em 2016 (Figura 9). Em 2017, foram
comercializadas 9.300 dúzias de ostras a partir das sementes produzidas no laboratório.
Infelizmente, limitações financeiras e a falta de demanda por sementes impediram a
manutenção de sua operação a partir de 2019, situação esta agravada pela pandemia de
Covid-19 em 2020. Somente em 2021 o laboratório voltou a ser reativado, por conta da
participação da Primar no convênio internacional AquaVitae, que aportou recursos para a
condução de pesquisas aplicadas na produção de sementes de C. gasar.
Figura 8. Fazenda de ostras consorciadas com camarões e cavalos marinhos da empresa Primar
Aquicultura, em Tibau do Sul, RN
Foto: Marcia Kafensztok
49
A B
Figura 9. Laboratório de produção de sementes de ostras nativas da Primar Aquicultura: (A) sala de
larvicultura; (B) setor de produção de microalgas
Fotos: Marcia Kafensztok
50
Com base nos relatos das iniciativas de desenvolvimento do cultivo de ostras nas
regiões Norte e Nordeste do Brasil, podemos pontuar que os principais problemas que
impediram o desenvolvimento desta atividade ao longo das últimas décadas foram:
•Ausência de um serviço continuado de extensão aquícola e descontinuidade de
projetos de fomento;
•Reduzida escala de produção dos projetos demonstrativos, impedindo a produção
de volumes que possam permitir a abertura e manutenção de mercados;
•Baixo índice de atendimento da população por serviços de saneamento básico,
ausência de programas de monitoramento sanitários das áreas de cultivo e
insegurança dos potenciais consumidores;
•Dificuldade de distinção entre as sementes das duas espécies de ostras nativas
captadas naturalmente, sendo a C. gasar com rápido crescimento e a C. rhizophorae
com desenvolvimento mais lento;
•Ausência de laboratório para a produção regular de sementes de C. gasar nessas
regiões do país.
Apesar das dificuldades apontadas, a perseverança e o empreendedorismo de
produtores do Pará, do Rio Grande do Norte e de Alagoas vêm permitindo o aumento da
oferta de ostras de cultivo e a consequente ampliação do mercado consumidor. Esta força,
aliada à boa perspectiva de retomada da produção de sementes de ostras nativas pelo
laboratório da Primar, são indicadores de que o cultivo de ostras no Norte e no Nordeste
do Brasil deverá observar um ciclo virtuoso de desenvolvimento quando a pandemia de
Covid-19 for superada.
51
52
Foto: Epagri/Cedap
Capítulo 4 - SELEÇÃO DE LOCAL
Felipe Matarazzo Suplicy
A seleção do local ideal para o cultivo de ostras é um processo crítico que pode
definir o sucesso ou o fracasso da fazenda. Cultivos instalados em locais errados podem
nunca se dar bem, apesar dos melhores esforços do maricultor, e como a obtenção de uma
concessão geralmente é um processo burocrático e demorado, não é fácil para o produtor
simplesmente reiniciar em um novo local. Por isso, a melhor abordagem é não se apressar
nesta etapa e realmente fazer uma seleção bastante criteriosa do local (MORSE & DAVIS,
2016).
Ao selecionar um local, deve-se considerar cuidadosamente uma série de fatores
que podem ser agrupados em fatores primários e secundários. Fatores físicos, ecológicos e
biológicos (fatores primários) são de importância primordial na seleção de locais adequados
de cultivo, enquanto fatores de risco e econômicos geralmente vêm a seguir em termos
de importância. É importante entender que, se os fatores primários não forem totalmente
satisfeitos, o local específico em consideração deve ser descartado, independentemente
de todos os fatores secundários serem satisfeitos (LOVATELLI, 1988).
● Salinidade ● Poluição
● Temperatura ● Roubos
● Captação de sementes
● Predadores e parasitas
53
4.2 Fatores primários
Como para qualquer outro organismo cultivável, a água do local de cultivo deve
apresentar parâmetros físicos e químicos dentro da faixa de conforto para a espécie
de ostra utilizada. Temperatura e salinidade são os fatores primários mais críticos, que
podem causar mortalidades em massa devido a choque osmótico ou estresse térmico, e o
produtor deve se assegurar de que valores médios e extremos encontrados durante o ano
estão dentro do intervalo ideal, além de verificar a ocorrência de eventos climatológicos
extremos que possam ter ocorrido no passado, como períodos de precipitação elevada
com forte redução na salinidade do estuário ou da baía (SOUZA et al., 2016).
Além disso, o local deverá ser adequado ao sistema de cultivo que se pretende
utilizar. Por exemplo, locais adequados para o cultivo com sistema de fundo podem não
ser adequados para o cultivo com longlines. Cada ambiente irá determinar qual sistema de
cultivo poderá ser empregado naquela área em particular.
O cultivo de fundo é limitado a áreas onde o sedimento marinho é firme o suficiente
para suportar algum tipo de cultivo e onde o assoreamento não seja excessivo (Vide
Capítulo 8 – Sistemas para cultivo de ostras). Este é um método tradicional de cultivo
em países do Hemisfério Norte e não adotado no Brasil. Embora não seja tão produtivo
quanto outros sistemas como balsas ou longlines, às vezes é o único sistema que pode
ser adotado devido a uma série de condições ambientais desfavoráveis ou devido à
limitação de recursos. Este método é de fato o mais barato, pois depende exclusivamente
da disponibilidade de pedras, conchas de ostra vazias ou materiais semelhantes nos quais
as ostras possam se fixar e crescer.
Para o sistema de cultivo suspenso (balsas ou longlines), a profundidade da água
pode ser um fator limitante, pois normalmente uma altura mínima de três metros de
coluna de água é essencial durante as marés baixas. Os petrechos de cultivo suspensos
com ostras nunca devem tocar o fundo, principalmente para evitar que os predadores
atinjam os moluscos. Deve-se evitar a exposição das ostras à elevada turbidez da água
perto do fundo do mar e a perda das ostras como resultado de seu atrito com o solo
marinho. Os petrechos de cultivo devem estar pelo menos um metro acima do fundo do
mar durante as marés mais baixas reportadas para o local (POLI, 2004).
A disponibilidade natural de alimentos é outro fator que pode influenciar positiva
ou negativamente o crescimento e a sobrevivência das ostras. Embora a disponibilidade
de alimento possa ser avaliada através da medição das concentrações de clorofila (µg/l),
Matéria Particulada Total (MPT, mg/l), Matéria Orgânica Particulada (MOP, mg/l) presente
na água e através da relação entre estas duas últimas variáveis (MOP/MPT), estas análises
somente podem ser realizadas em laboratórios de pesquisa e esta nem sempre é uma
opção acessível para o produtor (SUPLICY et al., 2003). Além disso, a disponibilidade de
alimento é influenciada pela variação da maré e a consequente renovação de água no
local, o aporte de nutrientes pela incidência de chuvas, a temperatura e a luminosidade,
com variações em escala de horas, dias, semanas e estações do ano. Idealmente, uma
boa forma de se fazer uma avaliação preliminar seria com a instalação de um cultivo em
escala piloto para averiguar as condições do local por um ou dois ciclos de cultivo, antes de
expandir os volumes de produção. Este cuidado pode ser ainda mais importante em locais
54
onde não existam produtores instalados na proximidade, com quem o maricultor possa
colher informações sobre o desempenho das ostras no local (LAING & BOPP, 2019)
Predadores como caramujos, baiacus, planárias e polidoras, ou organismos
incrustantes como cracas, tunicados e briozoários, podem causar grandes mortalidades,
ou gerar altos custos de mão de obra para limpeza dos petrechos de cultivo e conchas das
ostras. Vermes como a polidora perfuram a concha da ostra e, ao atingir o nácar interno, a
ostra reage ao organismo irritante secretando uma camada de conchiolina sobre o local de
contato com o tecido do manto, formando uma “bolha de lama” (Figura 1). A conchiolina
é eventualmente coberta com material calcário, mas bolhas de lama afetam seriamente
a comercialização, pois, se perfuradas durante o consumo da ostra, elas liberam um gás
sulfídrico com odor de esgoto que altera totalmente o prazer da degustação (SABRI &
MAGALHÃES, 2005).
57
governo, plantas das estruturas de cultivo e de sua disposição dentro da área aquícola
juntamente com mapas de localização da área, seguindo as orientações apresentadas na
INI nº 6/2004. O interessado deve apresentar também um Certificado de Regularidade do
Cadastro Técnico Federal (CTF/APP) – Ibama, na modalidade 20-54, que pode ser obtido
após credenciamento no site do Ibama, e a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do
responsável técnico com atuação em produção aquícola, o qual deverá assinar as plantas
das estruturas a serem instaladas, a planta da área solicitada, o mapa de localização e o
memorial descritivo da fazenda marinha. A ART é obtida junto aos conselhos de classe
profissionais, como os de Engenharia de Pesca, Engenharia de Aquicultura, Biologia ou
Medicina Veterinária, mediante solicitação e pagamento de taxa.
Uma vez protocolados todos estes documentos, o processo é enviado para a
Marinha do Brasil que avisará o interessado para agendar uma vistoria no local requerido.
A vistoria é realizada com custas para o requerente da área, que deve cobrir todas as
despesas de traslado e, se preciso, estadia de um oficial da Marinha. É preciso ainda
pagar uma taxa de análise do processo e uma taxa de vistoria, além de providenciar a
demarcação prévia da área com boias nos quatro vértices e disponibilizar uma embarcação
com registro e condutor habilitado para a realização da vistoria. Se a Marinha considerar
que o cultivo poderá oferecer risco à navegação, o processo é indeferido ou são solicitadas
alterações na posição e no tamanho da área, para uma segunda análise do processo.
Uma vez aprovado pela Marinha, a SPA/Mapa elaborará um parecer conclusivo com
o valor a ser pago pelo requerente, o qual subsidiará a análise da Secretaria do Patrimônio
da União – SPU para emissão do termo de entrega da área aquícola. Depois da emissão
do termo de entrega, a SAP realiza a assinatura do contrato de cessão de uso, conforme
disposto na Instrução Normativa SAP/Mapa nº 19, de 13/08/2020. Normalmente a cessão
é de vinte anos, renovável pelo mesmo período. A cessão é intransferível, com exceção
no caso de morte do cessionário e reivindicação de seus herdeiros dentro do prazo de 60
dias após o óbito. No caso de a área ter sido cedida para uma pessoa jurídica, a cessão é
mantida caso a empresa seja vendida para outra pessoa física.
O licenciamento ambiental é posterior à assinatura do contrato de cessão de uso. O
cessionário deverá dar entrada no licenciamento junto ao órgão estadual de meio ambiente
para a emissão das licenças ambientais. Deverá apresentar os documentos da cessão
(contrato de cessão, anuência da Marinha e termo de entrega), além dos documentos
exigidos nas normas estaduais do Mapa.
58
59
60
Foto: Leonardo Argeo Zayas Fonseca
Capítulo 5 - CAPTAÇÃO NATURAL DE SEMENTES DE OSTRAS
Rui Dias Trombeta,
Thiago Dias Trombeta
& Felipe Matarazzo Suplicy
Introdução
O tempo e a escala das estações de desova variam de acordo com o local e de ano
para ano, de acordo com o clima e as condições do mar e dos estuários, sendo difícil prevê-
las com exatidão. Existe uma tendência à reprodução contínua das ostras nativas do Brasil,
porém com picos de eliminação de gametas em períodos quentes do ano (AKABOSHI &
PEREIRA, 1981; LENZ & BOEHS, 2010; TURECK et al., 2020). Entre as ostras nativas, C. gasar
apresenta o ciclo reprodutivo influenciado por diferentes fatores ambientais ao longo da
costa brasileira. Entretanto, em maiores latitudes, onde o regime de temperatura é bem
definido durante as estações do ano, o ciclo reprodutivo é distinto das regiões de menor
latitude, havendo um período de repouso durante o inverno, quando se observa o tecido
reprodutivo em fase inicial ou ausente e o acúmulo de células de reserva de glicogênio
(GOMES et al., 2014). As estações do ano influenciam a proporção sexual de C. rhizophorae,
com animais aptos à reprodução durante o ano todo, com predominância de indivíduos do
sexo masculino durante o inverno (GOMES, 2019).
A desova de ostras não é somente induzida pela amplitude da maré ou pela fase da
lua. A distribuição vertical de larvas de ostras é controlada por vários fatores ambientais,
61
como salinidade e temperatura da água; além disso, as observações de seus movimentos
ao longo do dia sugerem que as espécies de ostras nativas do Brasil também apresentam
alguma reação à intensidade da luz solar (ARAKAWA, 1990). Tureck et al., (2020) observaram
que os quadrantes mais profundos dos coletores obtiveram resultados superiores na coleta
de C. gasar, sugerindo que a fixação das larvas desta espécie é favorecida em coletores
escuros ou coletores instalados em locais com baixa luminosidade (DIADHIOU & NDOUR,
2017).
Diversos estudos apontam a temperatura e a salinidade da água como fatores
preponderantes para estimular a desova e para a distribuição de larvas de ostras (GOSLING,
2008; NALESSO et al., 2008). Segundo Tureck et al., (2020) os principais fatores ambientais
que determinam o transporte horizontal de larvas são a temperatura, a salinidade, a
ação das ondas e a velocidade de correntes e marés. Nas regiões Sudeste e Sul do Brasil a
temperatura da água mais fria reduz a maturação dos tecidos gonadais das ostras, atuando
como uma barreira na distribuição das espécies e reduzindo a densidade de larvas nestes
locais (GOMES et al., 2014). No entanto, nas regiões Norte e Nordeste, onde a temperatura
da água é elevada e menos variável ao longo do ano, a salinidade passa a figurar como o
principal fator ambiental na maturação gonadal e no estímulo à desova (PAIXÃO et al.,
2013; TURECK et al., 2020).
No Pará, por exemplo, o período de captação de sementes é normalmente
iniciado entre os meses de julho e agosto, na transição entre as estações chuvosa e seca,
características da Região Norte. O fator monitorado que indica quando os coletores devem
ser instalados na água é a variação da salinidade do local que possui forte influência do
volume de chuva ocorrido no período de inverno, e a instalação dos coletores é realizada
quando a salinidade atinge entre 10 e 15%. Nos estuários do Pará, o aumento da salinidade
da água geralmente ocorre cerca de duas a três semanas antes do início da fixação das
larvas nos coletores. A estação de coleta de sementes vai de julho a janeiro, e durante este
período podem ser realizados entre quatro e cinco ciclos de coleta. A duração da estação
pode ser estendida devido a variações anuais ou conforme as condições de pluviosidade
na região (Figura 1).
62
Figura 1. Cronograma da estação de coleta de sementes de ostras empregado por maricultores no
Pará
A seleção do local para instalar os coletores deve considerar uma série de fatores
logísticos e ambientais. O local selecionado deve ser distante de potenciais fontes de
poluição, dispor de um bom acesso e de alguma estrutura que possa servir de apoio ao
manejo e à vigilância do cultivo.
Existe uma variedade de ambientes destinados à ostreicultura, desde baías com
maior intervenção oceânica até regiões mais abrigadas e com forte influência do aporte
de água doce como os estuários, entretanto, apesar de serem regiões destinadas para a
produção/cultivo de ostras, não são apropriadas para captação de sementes, o mesmo
ocorre ao contrário, pois as áreas de captação de sementes não possuem características
ideais para o cultivo. Em algumas regiões é comum observar alta diversidade de espécies
de ostras dos gêneros Ostrea sp., Crassostrea sp. e, recentemente, da ostra invasiva do
gênero Saccostrea sp., o que dificulta o processo de obtenção e distinção das sementes
de interesse.
63
No Brasil, a espécie de ostra nativa com maior potencial de cultivo é a
Crassostrea gasar (MACEDO et al., 2020). O sucesso na captação de sementes desta
espécie depende de algumas condições ambientais do estuário, principalmente em
relação à disponibilidade de bancos naturais na região e ao grau de conservação do
estuário, desde a sua foz até as regiões com menor salinidade da água. Na maioria
dos estuários as espécies C. gasar e Crassostrea rhizophorae coabitam, sendo este um
problema para selecionar apenas as sementes da espécie desejada nas estruturas
de captação. A extensão do estuário é fundamental para segregar naturalmente as
espécies, sendo as regiões de menor salinidade, localizadas no ambiente de transição
entre o ecossistema manguezal e mata atlântica/amazônico, as ideais para a captação
seletiva de grandes quantidades de sementes de C. gasar (CASTILHO-WESTPHAL, 2012).
De forma geral, em se tratando do cultivo de espécies nativas de ostras, as áreas
propícias para a captação de sementes não possuem as características ideais para cultivo
até o tamanho comercial, assim como as áreas ideais para a engorda não são adequadas
para a captação de sementes.
O monitoramento das variáveis ambientais é fundamental na seleção de áreas para
captação de sementes. Fatores como salinidade, temperatura, altura de maré, ondas,
correntes de maré, turbidez da água, epibiontes e predadores devem ser constantemente
monitorados (TURECK et al., 2020). Com passar do tempo e a aquisição de experiência, o
produtor passa a conhecer melhor os ciclos reprodutivos dos invertebrados marinhos em
sua região, evitando a instalação dos coletores nos períodos do ano com maior incidência
de ascídias, cracas ou algas, e instalando-os nos meses mais propensos a uma boa fixação
de larvas de ostras. Um bom indício de que o local é apropriado para a instalação de
coletores é a presença de um banco natural de ostras próximo (Figura 2).
Figura 2. Bancos naturais de ostras nativas: uma indicação de locais aptos para a instalação de
coletores de sementes
Fotos: Rui Dias Trombeta
64
As larvas de ostras têm dificuldade de assentar sobre coletores instalados em locais
onde a velocidade da corrente das marés exceda 10cm/seg. No entanto, a eficiência da
captação pode ser melhorada se o conjunto de coletores estiver disposto de modo que o
espaço entre as placas seja reduzido para 1-2cm em correntes rápidas e expandido para
mais de 5cm em condições de corrente mais lenta (ARAKAWA, 1990). Diadhiou & Ndour
(2017) observaram melhor captação de sementes de C. gasar quando a velocidade da
corrente de maré se manteve entre 0,6 a 1cm/seg.
Em alguns países os produtores monitoram a concentração de larvas presente na
água para instalar os coletores nas épocas de maior fixação. O monitoramento da atividade
larval é útil para determinar onde e quando colocar os coletores. Embora a distinção de
diferentes tipos de larvas de bivalves no plâncton seja difícil, recentemente métodos
moleculares modernos e altamente sensíveis foram desenvolvidos para isso (LAING &
BOPP, 2019).
Na Coreia do Sul, 90% da oferta de sementes de C. gigas ocorre por meio da captação
em ambiente natural (Figura 3), onde os produtores recebem informações dos serviços
marítimos sobre o estágio das larvas na coluna de água que, junto ao monitoramento
de temperatura, salinidade e disponibilidade de alimento, fornecem aos produtores
informações precisas de quando os coletores devem ser inseridos na água para captação
máxima de sementes (CHOI, 2008).
65
Na natureza, as sementes são geralmente vistas formando aglomerados sobre
conchas de ostras. As larvas de ostras são atraídas por biofilmes formados sobre as
conchas e pelo tipo de ambiente criado pelos aglomerados e bancos de ostras. Esse
comportamento é atribuído à secreção de um feromônio sedutor que é exsudado da ostra,
uma demonstração do comportamento gregário das ostras, provavelmente desenvolvido
evolutivamente para a preservação das espécies, facilitando a reprodução intraespecífica
(Figura 4) (ARAKAWA, 1990).
Figura 4. Aglomerado de ostras juvenis fixadas sobre uma concha de ostra (Crassostrea
virginica)
Foto: Wellfleet Shellfish Promotion and Tasting (SPAT)
O sistema de cultivo em cluster é descrito no capítulo sobre sistemas para cultivo de ostras.
1
66
NALESSO et al. (2008) avaliaram a coleta de sementes de ostras nativas utilizando
materiais reciclados, como conchas de ostras, telhas de argila, pneus e garrafas de plástico
polietileno tereftalato (PET), obtendo maior captação nas conchas de ostras e nas telhas
de argila, em comparação com coletores de pneu e coletores de garrafas PET.
Coletores com formato côncavo e o posicionamento com a concavidade para
baixo demonstram ser mais eficientes na captação de sementes (CHUKU et al., 2020). O
posicionamento e o espaço entre os coletores demonstram ser fatores importantes a serem
observados na hora da instalação para abrigar as larvas assentadas e prevenir contra a
predação durante as fases iniciais de desenvolvimento das sementes (EGGLESTON, 1990).
Tanto a posição na coluna de água quanto a textura do material dos coletores
são determinantes para melhor eficiência na captação de sementes de ostras. Materiais
“rugosos” apresentam melhores resultados na fixação de larvas de moluscos (PEREIRA &
GRAÇA LOPES, 1995; DIADHIOU & NDOUR, 2017; CARDOSO et al., 2020). Por este motivo,
os coletores podem ser recobertos por uma fina camada de uma mistura de cimento, cal e
areia para auxiliar na fixação. Depois de recobertos, os coletores devem ser agitados para
remover qualquer excesso de cimento, e deixados para secar por cerca de dois dias antes
de serem instalados na região entremarés (MANLEY et al., 2008; DOIRON, 2008).
De maneira geral, os materiais plásticos são mais indicados para confecção de
coletores devido à flexibilidade e facilidade de retirada das sementes de ostras. Devido
ao baixo custo, boa taxa de captação de sementes, facilidade de obtenção e praticidade
na montagem dos coletores, as garrafas PET são amplamente utilizadas nas regiões Norte
e Nordeste do Brasil (Figura 5). No estado do Pará, por exemplo, foram produzidas 2,5
milhões de sementes de ostras em 2017 utilizando exclusivamente coletores de garrafa
PET (IBGE, 2018). Como este é o principal material utilizado no Brasil, apresentaremos a
seguir neste capítulo o processo de captação de sementes com garrafas PET.
A B
Figura 5. (A) Conjunto de coletores instalados para a coleta de sementes; (B) sementes de ostras
aderidas a um coletor montado com garrafa PET
Fotos: Thiago Dias Trombeta
67
5.4 Montagem de coletores de sementes
Figura 6. Etapas da montagem de um coletor de sementes de ostras com garrafas plásticas PET
Fotos: Rui Dias Trombeta
68
A instalação dos coletores é iniciada enterrando os barrotes de 1,5m no sedimento,
até uma profundidade de 0,5m. Os barrotes podem ser instalados com espaçamento de
1,8m entre eles para posteriormente apoiar as traves com coletores. Os vinte coletores são
instalados na trave com auxílio do fio de nylon. A trave com os coletores deve ser apoiada
nas extremidades dos barrotes e amarrada com um cabo de seda. A extremidade superior
dos barrotes deve ser cortada em forma de “Y” para facilitar a amarração da trave (Figura 7).
69
É possível realizar uma coleta parcial, selecionando apenas as sementes maiores,
voltando os coletores para água até que as menores atinjam o tamanho desejado.
Durante o período de 45 dias que os coletores permanecem na água, larvas de
diversas desovas de ostras se fixam sobre o material. Por este motivo, as sementes obtidas
com coletores são de tamanho muito variável, e precisam ser classificadas antes de serem
utilizadas no cultivo (Figura 9A). A classificação, realizada com peneiras de telas plásticas
com abertura de malha de 9, 14 e 21mm (Figura 9B), é uma etapa delicada, pois as
sementes ainda possuem uma concha frágil, podendo facilmente se quebrar, tornando-as
mais suscetíveis à predação durante o cultivo. As sementes são separadas por classes de
tamanho: <10mm, 10 a 20mm, e > 20mm (Figura 10).
A B
Figura 9. (A) Diversidade de tamanho em sementes de ostras obtidas com coletores; (B) peneira de
tela plástica utilizada para a classificação das sementes
Fotos: Rui Dias Trombeta
70
Após o término da estação de coleta, os barrotes superiores com os coletores são
retirados da água, deixados ao sol por dois dias, lavados e posteriormente armazenados
para serem utilizados no ciclo produtivo seguinte (Figura 11).
71
Figura 12. Procedimento de embalagem das sementes para transporte entre locais distantes
Foto: Thiago Dias Trombeta
A B
C D
Figura 13. (A) Coletores de sementes de ostras tipo “chapéu-chinês”; (B) sementes de ostras
em coletores do tipo “chapéu-chinês”; (C e D) coletores do tipo “chapéu-chinês” recobertos
com uma fina camada de cimento
Fotos: Naberan (A) e Steelpointe Harbor (B, C e D)
72
Recentemente, novos modelos de coletores têm sido ofertados no mercado
internacional, como os coletores desenvolvidos na Austrália, que contêm cálcio embebido
no plástico para aumentar o poder de atração das larvas de ostras (Figura 14).
Figura 14. Coletor de sementes de ostras com plástico embebido com cálcio
Foto: Zapco Aquaculture, Austrália
73
Tabela 1. Vantagens e desvantagens do emprego da captação natural de sementes de
ostras, em comparação às sementes produzidas em laboratório
Além de atuar como fonte de sementes para o cultivo, os bancos naturais de ostras
desempenham diversas funções ecológicas importantes, como filtragem de água, ciclagem
de nutrientes, conectividade espacial e provisão de habitat para uma ampla comunidade
de organismos estuarinos (HERBERT et al., 2012).
No caso específico de C. gasar, seus bancos estão localizados nas regiões mais
interiores dos estuários (locais de baixa salinidade), por isso estão mais expostos aos
impactos negativos relacionados às atividades humanas, como poluição, assoreamento
e extrativismo. Em estuários que sofrem uma intensa e contínua exploração extrativista,
o volume de ostras adultas pode ser reduzido a ponto de inviabilizar a manutenção dos
bancos naturais (JACKSON, 2001). Por estes motivos, é preciso que sejam adotadas medidas
de proteção e de gestão dos bancos naturais que possuem as características adequadas
para a obtenção de grandes volumes de sementes de C. gasar (Figura 15).
74
Figura 15. Exemplo de apoio à preservação de bancos naturais de ostras nativas na comunidade de
Lauro Sodré, em Curuçá, PA
Foto: Rui Dias Trombeta
75
76
Foto: Laboratório de Moluscos Marinhos – LMM/UFSC
Capítulo 6 – PRODUÇÃO DE SEMENTES DE OSTRAS
DO GÊNERO CRASSOSTREA EM LABORATÓRIO
Guilherme Sabino Rupp,
Carlos Henrique Araujo de Miranda Gomes
& Felipe Matarazzo Suplicy
Introdução
78
de água salgada, o que elimina problemas de danos na ponteira causados pelo mar agitado
em caso de ressaca, permite uma pré-filtração por meio da percolação de água através do
solo e uma maior estabilidade da salinidade e da temperatura.
Deve ser dada preferência a bombas hidráulicas fabricadas inteiramente com
plástico de forma a evitar a oxidação de componentes metálicos causada pela água
marinha. O sistema de bombeamento deve dispor de bombas reservas já instaladas para
evitar a paralisação, em caso de necessidade de reparos ou substituição da bomba.
79
Figura 1. Sistema de tratamento de água com filtros de retenção de partículas e esterilização com
radiação ultravioleta (UV)
Foto: Laboratório de Moluscos Marinhos - LMM/UFSC
A potência da bomba de circulação e o tempo gasto para que toda a água passe
pelo sistema e seja tratada pode ser calculada por intermédio de uma fórmula simples
com base no volume total da água a tratar (V), e a velocidade de processamento da bomba
usada (B):
T = 9, 2 x (V / B)
Onde:
9, 2 = Constante
T= tempo - horas
V= Volume - litros
B= Vazão da bomba - litros/h
Por último, a água do mar deve ser aquecida ou resfriada de acordo com a
necessidade dos diversos setores do laboratório. A água refrigerada (ou à temperatura
ambiente) é frequentemente misturada com água aquecida para fornecer temperaturas
intermediárias para uma variedade de propósitos, conforme detalhado adiante. O sistema
de aquecimento/resfriamento de água deve utilizar placas de titânio para a troca de calor,
uma vez que estas são ótimos condutores térmicos, não são suscetíveis à oxidação causada
pela água salgada e não liberam compostos tóxicos aos invertebrados.
80
A distribuição da água no laboratório pode variar de acordo com o projeto, no
entanto, de maneira geral o grau de filtração e a temperatura da água a ser fornecida para
cada setor segue o disposto a seguir:
1 - Para cultivo de microalgas em larga escala recomenda-se utilizar água do mar
entre 20 e 23°C, tratadas com UV e filtrada a 1μm, sendo que para os cultivos iniciais em
alta densidade deve-se utilizar água filtrada a 0,2μm;
2 - Para cultivo larval utiliza-se água aquecida, quando necessário (preferencialmente
acima de 23oC), devendo esta ser filtrada a 1μm e esterilizada por UV;
3 - Para sementes recém-assentadas, utiliza-se nos primeiros dias água do mar em
temperatura ambiente, pré-filtrada e tratada com UV, não sendo necessário o uso de UV
dos dias subsequentes;
4 - Para maturação de reprodutores deve-se utilizar água do mar aquecida (18 a
23oC) e filtrada a 10μm; já para estocagem e manutenção de ostras aptas à reprodução a
água deve ser resfriada (16 a 18oC).
81
protândrico (GUO et al., 1998). O ciclo reprodutivo das ostras envolve uma fase de acúmulo
de glicogênio nos tecidos de reserva, seguida da formação e maturação progressiva do
tecido gonádico até o período de liberação dos gametas na água (HELM et al., 2004).
Nas espécies de regiões temperadas, como C. gigas, o acúmulo energético e a
gametogênese ocorrem durante o inverno, finalizando a gametogênese na primavera. A
desova e a fertilização externa geralmente ocorrem na primavera ou no início do verão,
quando temperaturas mais elevadas da água e florações de microalgas favorecem o
desenvolvimento das larvas. A produção de gametas é sincronizada de forma que gametas
femininos (ovócitos) e masculinos (espermatozoides) sejam liberados simultaneamente
para assegurar a fertilização e a maximização do número de zigotos (THOMPSON et al.,
1998).
Em laboratório, é possível obter a maturação gonádica de reprodutores, através
da manipulação da temperatura e do fornecimento de quantidade adequada de alimento
com alto valor nutricional (UTTING & MILLICAN, 1997; RAMOS et al., 2013). A vazão da
água através dos tanques de condicionamento deve ser superior a 25ml por minuto por
ostra e não mais de 5kg de biomassa de peso vivo de reprodutores devem ser mantidos em
um tanque com volume de 120 a 150L (HELM et al., 2004).
Os reprodutores trazidos do ambiente externo para o laboratório devem passar
por um processo de limpeza que inclui escovação da concha e retirada de incrustações,
sendo em seguida mantidos em um sistema independente de água com desinfecção dos
efluentes para evitar a contaminação do laboratório ou das demais ostras com parasitas ou
enfermidades. Esta desinfecção pode ser realizada através da adição de cloro ao efluente.
A sala de condicionamento deve ser instalada em uma área tranquila do laboratório,
onde as ostras não fiquem sujeitas a perturbações frequentes (Figura 2). A maioria das
espécies responde a estímulos de sombreamento e vibrações fechando a concha. Quanto
menos perturbação elas receberem, mais tempo permanecerão abertas e se alimentando
(HELM et al., 2004).
Figura 2. Tanques de
2.000L utilizados para
armazenamento de
reprodutores de C. gigas
com aeração, fluxo de água
e alimentação constantes
Foto: Laboratório de Moluscos
Marinhos - LMM/UFSC
82
6.3.1.1 Procedimentos para Crassostrea gigas
84
Após a obtenção dos gametas, é realizada a fertilização dos ovócitos através da
adição de espermatozoides. Em observação ao microscópio, ao redor de cada ovócito,
deve-se observar aproximadamente 5 a 10 espermatozoides. Se uma quantidade menor
for observada, deve-se adicionar espermatozoides. Após 15 a 30 minutos, deve-se tomar
nova amostra, onde será determinada a taxa de fecundação. Os óvulos fecundados
apresentarão uma ou duas pequenas esferas na periferia, denominados corpúsculos
polares, ou já apresentarão clivagens (divisões celulares). Uma taxa de fecundação
superior a 90% é considerada adequada. A temperatura de fecundação deve situar-se em
torno de 23°C. Após aproximadamente uma hora, o conteúdo do recipiente de fecundação
deve ser transferido aos tanques de incubação. Estes devem estar previamente limpos e
desinfetados, e conter água marinha filtrada e esterilizada por ultravioleta.
Os processos de desova acima descritos são usualmente empregados com sucesso
para a reprodução de C. gigas, porém não se mostraram eficientes para C. gasar. Para
estas, o método de desova natural em tanques tem proporcionado melhores resultados,
permitindo a obtenção de larvas e a produção de sementes de forma regular. Após a
obtenção de reprodutores maduros, remoção do fouling e higienização das valvas, as
ostras são mantidas em tanques com água marinha tratada com UV, em fluxo constante
por algumas horas, para que ocorram o início do estímulo à desova e a depuração do trato
intestinal dos animais, de forma a evitar o acúmulo de fezes e pseudofezes no tanque de
desova. Após esse processo as ostras são transferidas para os tanques de desova, onde
são mantidas em lanternas de um dia para o outro. Durante as duas primeiras horas
são adicionadas alíquotas dos gametas, obtidos por stripping, ao tanque com o intuito
de estimular a desova natural. Apesar dos ótimos resultados, essa técnica dificulta a
implementação de programas de melhoramento genético, pois impossibilita a fecundação
controlada durante os cruzamentos. Para a outra espécie de ostra nativa, a C. rhizophorae,
todas as metodologias de desova descritas anteriormente proporcionam bons resultados.
Independente da metodologia utilizada na desova, após as primeiras 24 horas de
cultivo, período compreendido entre a fecundação e a primeira troca de água, ocorre o
desenvolvimento embrionário. Nesta etapa ocorrem as clivagens ou divisões celulares. Nas
primeiras horas, os embriões passam pelas fases de mórula, blástula, gástrula, culminando,
após 12 a 18 horas, com a formação de uma larva trocófora, que ainda não se alimenta.
Decorridas 24 horas, podem ser observadas larvas denominadas véliger de charneira reta,
ou larva D, típica dos moluscos bivalves (Figura 3). Estas já apresentam capacidade de se
alimentar e devem ser transferidas para os tanques de larvicultura.
85
Figura 3. Larva de Crassostrea gigas em estádio véliger, ou larva D, 24 horas após
a fecundação. (Aumento 100X)
Foto: Guilherme S. Rupp
6.3.3 Larvicultura
86
Figura 4. Tanques de fibra de vidro (20.000L) utilizados na larvicultura de ostras com sistema
de cultivo estático
Foto: Laboratório de Moluscos Marinhos - LMM/UFSC
87
Figura 5. Larvas olhadas de Crassostrea gigas. A seta indica a mancha ocular. (Aumento 40X)
Foto: Guilherme S. Rupp
Com o crescimento larval, faz-se necessária a troca dos banjos com aberturas de
tela sucessivamente maiores, a fim de facilitar o escoamento da água e evitar a colmatação
das telas, causada pela deposição de larvas, seus dejetos e microalgas. Nesses sistemas é
muito importante o controle da água e do alimento ofertados, tendo como base a taxa de
renovação dos tanques, assemelhando-se aos volumes de água utilizados diariamente em
sistemas estáticos. Com a melhora das condições de cultivo proporcionada pelo sistema de
fluxo contínuo, o tempo de larvicultura é geralmente menor do que em sistema estático.
O cuidado diário pode ser estabelecido em função dos equipamentos disponíveis para
garantir a sanidade dos cultivos, entretanto, a prática de drenagem e a limpeza das unidades
de cultivo permitem o acompanhamento do desenvolvimento larval e a diminuição dos
riscos de contaminações por bactérias e protozoários.
90
6.3.4 Assentamento e metamorfose
91
Nestes tanques são dispostas bandejas, com o fundo composto de tela de nylon
de 200μm. No interior de cada uma destas é espalhado o pó de concha sobre toda a
superfície. Sobre as bandejas é colocado horizontalmente um tubo de PVC perfurado, que
provoca “chuveirinho” constante através de suas perfurações. Assim, um fluxo constante
de água marinha e alimento é levado ao interior das bandejas de assentamento. Durante
as primeiras 24 horas, não é necessário o fornecimento de alimento. As trocas de água
devem ser realizadas diariamente, sendo os tanques drenados e lavados com água doce
para eliminação de dejetos e excesso de alimento.
Deve-se observar diariamente uma amostra do conteúdo das bandejas sob
microscópio estereoscópico, para monitoramento da taxa de assentamento. Inicialmente
a alimentação pode ser realizada uma vez ao dia, na concentração máxima de 12 x 104
células ml-1. Com o passar do tempo, a alimentação pode ser dividida em duas etapas,
sendo a primeira realizada durante a manhã e a outra no final da tarde, com um intervalo
mínimo de 6 horas entre elas, com concentrações entre 14 e 25 x 104 células ml-1.
As espécies normalmente utilizadas são: Isochrysis galbana (Tahiti) e Chaetoceros
muelleri. Decorridas aproximadamente duas semanas do assentamento, deve-se realizar o
peneiramento para separar as pré-sementes do pó de concha. Utilizam-se para isso peneiras
com abertura de malha com abertura de 1.000, 900, 800, 710 e 600μm. Dependendo do
tamanho, as sementes já podem ser transferidas para o mar ou para tanques em sistema
de upwellers para crescimento por um período adicional em laboratório.
Este método apresenta algumas dificuldades, tais como manter uma boa higienização
e favorecer o aparecimento de aglomerados de sementes em virtude da fixação das larvas
em uma partícula do pó de concha em comum. Já no sistema assentamento com uso de
epinefrina, as larvas são expostas a uma baixa concentração desse neurotransmissor e, em
seguida, transferidas diretamente para tanques tipo downwellers (Figura 10). A epinefrina
(333,29 g/mol) deve ser dissolvida na proporção de 0,33g em um litro de água destilada.
Para cada 5 milhões de larvas olhadas é diluído 1 litro da solução mãe de epinefrina em 9
litros de água do mar tratada, onde as larvas serão mantidas por até 4 horas.
A B
Figura 10. Tanques upweller (A) e tanque downweller (B) utilizados no assentamento de larvas de
ostras
Foto: Laboratório de Moluscos Marinhos - LMM/UFSC
92
As larvas que sofrem metamorfose passam por um processo de crescimento rápido
da dissoconcha, passando a ser chamadas de pré-sementes. Estas são facilmente separadas
das larvas remanescentes através do peneiramento com malha acima de 250µm. Desta
forma as larvas remanescentes podem receber uma nova dose de indutor à metamorfose.
Este processo pode acontecer por até três vezes intercaladas por períodos de 48 horas, até
que a maioria das larvas tenha entrado em metamorfose.
6.3.5.2 Iluminação
Existe uma variedade de lâmpadas disponíveis no mercado que podem ser utilizadas
nos cultivos de microalgas. Dentre as amplamente utilizadas destacam-se as lâmpadas
fluorescentes, as lâmpadas de vapor metálico (HQI) e as lâmpadas de LED (diodo emissor
de luz). Estas últimas têm sido aprimoradas e amplamente estudadas hoje em dia devido
à sua qualidade e seu baixo consumo (Figura 11). No passado, as lâmpadas eram avaliadas
de forma equivocada, levando em consideração apenas energia luminosa (lumens ou Lux).
Contudo, nem sempre uma lâmpada de alta potência (watt) e luminosidade irá permitir a
excitação dos pigmentos que promovem a fotossíntese na microalga. É considerada boa
iluminação aquela que propicia alta quantidade de radiação fotossinteticamente ativa (PAR)
com baixo consumo de energia (watts). Atualmente, diferentes tipos de lâmpadas têm
sido estudados nas diferentes etapas de cultivo, a fim de entender a importância de
determinadas quantidades de energia luminosa nos diferentes comprimentos de onda
luminosa.
A B
Figura 12. Tanques de fibra de vidro utilizados para produção de microalgas em sistema estático
Foto: Laboratório de Moluscos Marinhos - LMM/UFSC
97
A etapa inicial da produção de microalgas é realizada em recipientes de pequenos
volumes (Erlenmeyers) que progressivamente são transferidos para recipientes maiores
(Carboys), em função do aumento da concentração celular. A contaminação destas culturas
pode ocorrer através do manejo incorreto, suprimento de água do mar, suprimento de
ar e contaminação cruzada de culturas de algas próximas. Por esse motivo, técnicas de
transferência, assepsia e limpeza são fundamentais para uma operação saudável da
produção de algas (SARKIS & LOVATELLI, 2007).
98
99
100
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
Capítulo 7 – SISTEMAS BERÇÁRIO PARA SEMENTES DE OSTRAS
Felipe Matarazzo Suplicy
Introdução
Quando a larva de ostra deixa de ser nadante e assenta, ela passa a ser chamada
de semente e pode ser transferida para um berçário. A maneira mais rápida de fazer com
que as sementes de ostras cresçam é mantê-las com abundante e constante alimentação.
No entanto, a alimentação de sementes de ostras exige um grande volume de microalgas,
e o custo desta operação vai aumentando à medida que as sementes vão crescendo. Por
exemplo, 1 milhão de sementes com 0,3mg requer 17g de peso seco de algas por dia, o que
equivale a 85.700 milhões de células de Tetraselmis suecica, ou 85,7L de cultura colhida
a 1 milhão de células por mL. Com uma concha de 5mm de comprimento, a necessidade
de comida para o mesmo número de sementes aumenta para 9.130L de Tetraselmis na
mesma densidade de células. O aumento de 4mm no comprimento da concha é associado
a um aumento de mais de 100 vezes na biomassa, sendo necessário o mesmo aumento
na oferta de alimento (HELM et al., 2004). Por este motivo, quanto antes as larvas recém-
assentadas puderem ser transferidas para um berçário com alimentação natural, menor
será o custo de produção das sementes. Existem diversos sistemas berçários, alguns que
operam ainda dentro do laboratório e outros que mantêm as sementes já no ambiente
natural
Dentro do laboratório, os sistemas mais comuns para manutenção de sementes
recém-assentadas são conhecidos como upweller e downweller. De maneira geral, o
assentamento das larvas com tamanho entre 175 e 500µm é realizado em um sistema
downweller, onde a água rica em fitoplâncton abastece um tanque ou bandejas contendo
as sementes. As bandejas ficam apoiadas sobre um tanque contendo água do mar. Essa
técnica evita que as larvas recém-assentadas, que são extremamente leves, flutuem com
a água para fora do tanque. Quando passam de 500µm, as minúsculas sementes podem
ser transferidas para um tanque cilíndrico com sistema upweller. No upweller um cano
abastece o tanque onde o cilindro está instalado, a água entra pelo fundo de tela do
cilindro, forçando a passagem de uma corrente de água com microalgas entre as sementes
que estão acondicionadas sobre a tela, e flui para fora do cilindro e do tanque do upweller
através de um cano fixo na sua lateral superior (Figura 1).
101
As sementes permanecerão no upweller até que atinjam 1,5mm e possam ser
transferidas para o cultivo no mar. Neste tamanho as sementes já consomem um volume
muito grande de microalgas, tornando economicamente inviável sua manutenção no
laboratório. Uma forma de estender o período de manutenção das sementes em um
sistema upweller é empregando um sistema de upweller flutuante, também conhecido em
alguns países como FLUPSY (Floating Upweller System).
102
Como em qualquer sistema berçário instalado no mar, os FLUPSY requerem que as
telas dos tanques sejam limpas periodicamente. À medida que as sementes crescem, elas
são peneiradas e transferidas para tanques de fibra de vidro com telas com maior abertura
de malha, evitando que as sementes maiores compitam com as menores pelo alimento e
favorecendo uma altura de concha mais uniforme no final da fase de berçário (Figura 3).
A B
Figura 4. (A) Vista externa de um FLUPSY com cobertura; (B) vista interna de um FLUPSY coberto, com
uma ponte hidráulica para manejar os tanques com sementes de ostras
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
103
Existem vários tipos de FLUPSY, desde modelos fechados com uma cobertura como
uma garagem, modelos sem cobertura, acionados por energia elétrica ou fotovoltaica, e
com tanques fabricados em madeira, fibra de vidro, alumínio ou aço (Figuras 4 e 5).
Figura 5. Exemplo de FLUPSY sem cobertura, construídos em madeira e com tanques de alumínio
naval, e com energia fotovoltaica
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy e Brian Kingzett
104
Tabela 1. Tamanho de semente, abertura de malha, densidade e intervalo entre manejos
nas caixas berçário flutuantes
Tamanho da Intervalo entre
Abertura de malha Densidade
Fase semente manejos
(mm) (Litros/m2)
(mm) (dias)
Caixa 1 1,5 0,5 4 3
Caixa 2 2 1,5 6 6
Caixa 3 4 2,5 9 10-12
Caixa 4 13 4 12 15-21
A B C D
Figura 8. Sequência de manejo de sementes de ostras (A) utilizando espátulas de plástico, (B) água
do mar para movimentação e (C e D) peneiração realizada dentro de recipientes com água do mar
106
7.3 Cilindros flutuantes
Outro sistema berçário desenvolvido em Santa Catarina utiliza cilindros flutuantes
confeccionados em fibra de vidro, ou com o reaproveitamento de baldes ou galões plásticos
de 200 litros (Figura 9).
A B
Figura 9. (A) Cilindros berçários confeccionados em fibra de vidro; (B) com seções cortadas de um
galão plástico de 200L
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
Cilindro 2 2 1,5 2 6
Cilindro 3 4 2,5 3 8
107
De forma similar ao cilindro flutuante, o balde flutuante é um sistema berçário
muito utilizado por pequenos produtores canadenses. Este berçário é confeccionado
cortando o fundo de um balde de 20 litros e substituindo-o por tela com a abertura de
malha adequada para o tamanho de semente recebida no cultivo. Na parte superior
do balde é adicionado um disco de isopor para prover flutuação (Figura 10). Os baldes
flutuantes podem receber sementes com tamanho a partir de 200µm, que são retiradas e
transferidas para outro equipamento de cultivo quando atingem o tamanho de 1 a 2cm.
Figura 10. Baldes flutuantes empregados como berçários para sementes de ostras
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
108
109
110
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
Capítulo 8 – SELEÇÃO DE SISTEMAS PARA CULTIVO DE OSTRAS
Felipe Matarazzo Suplicy
& Francisco José Lagreze Squella
Introdução
O cultivo de ostras tem uma das maiores diversidades de técnicas de cultivo quando
comparado com outros bivalves. Em grande parte, isto é devido a uma grande resistência
ao manejo, exposição ao ar e à variação de salinidade. A escolha do sistema de cultivo está
relacionada com a fase de cultivo, as características geográficas, o nível tecnológico e até
com fatores culturais.
Ao selecionar o sistema e o equipamento de cultivo, o produtor deve ter em
mente o objetivo de acelerar o crescimento a fim de reduzir o tempo total de cultivo e, é
claro, reduzir os custos de manuseio e mão de obra. Tendo isto em mente, é importante
saber diferenciar os conceitos de preço e valor de um determinado equipamento. Como
consumidores, o comportamento natural é o de sempre buscar o equipamento mais
barato. No entanto, um equipamento um pouco mais caro pode reduzir muito os custos
de mão de obra e ainda apresentar uma maior durabilidade (BISHOP, 1996).
Três aspectos devem ser considerados ao se selecionar o sistema e o equipamento
de cultivo: 1) Qualidade do equipamento, 2) Eficiência e 3) Custo do manejo. Em relação
à qualidade, o principal aspecto é a durabilidade do equipamento. Um equipamento que
custa 50% a mais do que uma opção mais barata, porém com durabilidade três vezes maior,
significa uma economia de capital no longo prazo. Além disso, deve ser levado em conta o
risco de o equipamento quebrar e levar a perdas de produto que podem ser drásticas nos
estágios iniciais do cultivo, com perda de milhares de sementes, ou ainda mais prejudiciais
quando as perdas ocorrem nos estágios finais do cultivo, quando já foi despendida
muita mão de obra e tempo para as ostras atingirem o tamanho próximo do ponto de
colheita. No quesito eficiência, se um equipamento com preço 20% mais caro permite o
acondicionamento e o manejo de 30% a mais de ostras, o investimento adiantado na sua
compra vale a pena, porque o produtor vai aumentar o retorno sobre o capital investido. O
produtor precisa considerar qual o aumento de produtividade ou de utilização da área de
cultivo que o equipamento mais caro proporcionará (BISHOP, 1996).
O custo da mão de obra deve ser considerado não só no momento presente, mas
também para toda a vida útil esperada do equipamento. Se for possível reduzir o custo
de mão de obra em 10% a 50%, devido à facilidade ou redução do manejo, a aquisição de
um equipamento de melhor qualidade refletirá em um maior retorno do investimento.
Também é importante atentar para o fato de que o uso indevido de um equipamento
melhor pode resultar na redução do rendimento e no aumento do custo da mão de obra.
Um denominador comum para todos os sistemas é a necessidade de proteger
as ostras de predadores, maximizar o crescimento e a uniformidade do produto. Neste
capítulo serão apresentados alguns sistemas de cultivo utilizados ao redor do mundo.
Sistemas de cultivo de ostras são amplamente divulgados na Internet por empresas
111
provedoras de equipamentos. Neste capítulo, serão apresentadas informações técnicas
provenientes da experiência profissional dos autores colhidas durante visitas a produtores
em diferentes regiões do Brasil e de outros países.
A fase de cultivo se refere à idade ou ao tempo de vida da ostra. Quando são
sementes ou juvenis, na fase chamada de berçário, o cultivo pode ser realizado em sistemas
instalados em terra (upwellers3); no mar com caixas ou cestos flutuantes, lanternas berçário
submersas ou balsas com upwellers; e em sistemas entre marés com travesseiros ou cestos
berçários. Tanto upwellers como FLUPSY precisam de uma fonte de energia para realizar o
bombeamento de água. Mais informações sobre sistemas berçários são apresentadas no
Capítulo 7 desta obra.
A fase de engorda compreende o período de crescimento das ostras juvenis,
desde 5cm de altura de concha, até o tamanho comercial de 8 a 10cm. Devido ao elevado
consumo de microalgas para alimentar as ostras e o alto custo de produção deste alimento
em laboratório, a engorda é realizada exclusivamente no ambiente natural e a escolha do
sistema ideal dependerá das condições geográficas do local.
Os sistemas de cultivo são divididos em três tipos básicos de estrutura: sistemas de
fundo, sistemas fixos e sistemas flutuantes (Tabela 1).
Tabela 1. Sistema para cultivo de ostras de acordo com tipo de cultivo, estrutura,
característica do ambiente, fase, sistema e apetrechos empregados
Tipo de Tipo de Características Sistema de Apetrechos Exposição
Fase de cultivo
cultivo estrutura do ambiente cultivo de cultivo ao ar
Plataforma plana
e arenosa, na Engorda, e fase Nenhum ou
De fundo Cercados - Sim
região entre final de cultivo travesseiros
marés
Lanternas,
Mesa Sim
cestos
Travesseiros e
Tabuleiros Sim
telas
Plataforma plana Berçário e
Fixos Racks
e local raso engorda
Travesseiros Sim
Suspenso
Longline Cestos e
Sim
ajustável travesseiros
Lanternas e
Balsa Não
Locais de cestos
Berçário e
Flutuantes profundidade Lanternas,
engorda
> 3m Longline cestos ou Não
travesseiros
3
Upweller é um sistema hidráulico de montagem de tanques que promove um fluxo
ascendente de água do mar com alimento para as sementes de ostra, acelerando sua
ingestão e seu desenvolvimento.
112
Em locais rasos, com profundidade até três metros na maré alta, podem ser
empregados sistemas de fundo (Figura 1), onde os animais ficam em contato direto com o
sedimento, ou sistemas fixos, como tabuleiros com telas, mesas com lanternas, racks com
travesseiros, e o sistema de varal, com cestos plásticos (Figuras 2 e 3).
Os sistemas flutuantes geralmente são espinhéis (longlines) ou balsas, onde são
penduradas lanternas, caixas e cordas com clusters (aglomerado de ostras fixadas em uma
concha vazia). A seguir será feita uma descrição de cada uma destes sistemas.
Neste tipo de cultivo as ostras ficam em contato direto com o sedimento. Ostras
juvenis acima de 4cm são colocadas diretamente no substrato ou dentro de travesseiros
na região de entremarés, preferencialmente na zona inferior, para que permaneçam o
menor tempo possível expostas ao ar. O substrato tem que ser firme e consolidado, do
tipo pedregoso, arenoso ou areno-lodoso para evitar que as ostras sejam cobertas pelo
substrato. Outro detalhe importante neste sistema é a seleção de local, que deve ser em
fundos de baías, abrigados da alta energia de ondas e da correnteza provocada pela troca
de maré. Na maioria dos casos, as ostras são colocadas de forma aleatória e distribuídas
em aproximadamente 1kg de ostras por metro quadrado. Antes de colocar as ostras é
realizada uma limpeza retirando predadores e conchas vazias. O manejo neste tipo de
cultivo consiste basicamente no controle de predadores. No caso do cultivo de fundo com
travesseiros, estes devem ser virados periodicamente.
Este tipo de cultivo é amplamente utilizado em países como Estados Unidos,
Canadá e Austrália, entre outros. O objetivo principal do sistema é o engrossamento da
concha devido à exposição diária ao ar e ao contínuo movimento das ostras a cada ciclo de
marés. Esta não é uma prática comum no Brasil e um dos poucos locais no país onde se
tem registros desta técnica é no Complexo Estuarino de Paranaguá, no litoral do Paraná,
onde comunidades tradicionais costumam coletar ostras nativas maiores que 5cm e as
colocam enterradas pelo umbo na lama (Figura 1A).
A B
Figura 1. Cultivo de fundo: (A) sedimento areno-lodoso na Ilha Rasa, Paraná, (B) sedimento pedregoso
na Ilha Cortez, Canadá
Fotos: (A) Francisco José Lagreze Squella; (B) Felipe Matarazzo Suplicy
113
Em alguns casos são construídos cercos ao redor do cultivo para proteger as ostras
de predadores como raias e também para dificultar o roubo do estoque. Embora o sistema
de fundo proporcione um custo muito baixo de produção, esta técnica apresenta várias
desvantagens que devem ser consideradas pelo produtor, como a baixa produtividade por
metro quadrado, a elevada mortalidade por predadores ou o sufocamento por lodo, além
de perdas por fenômenos climáticos extremos ou roubos.
114
Figura 2. Sistema de cultivo de ostras em mesas fixas com lanternas expostas durante a
maré baixa. Nesta mesa as estacas verticais são de cano PVC preenchidas com concreto
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
O sistema de cultivo em tabuleiros é diferente das mesas, tem uma altura máxima
de um metro do fundo e dimensões variadas (Figura 3).
A B
Figura 3. (A) Cultivo de ostras em tabuleiros na maré baixa. Tibau do Sul, RN; (B) Produtores
manejando as ostras cultivadas em tabuleiros durante a maré baixa. Coruripe, AL
Fotos: (A) Francisco José Lagreze Squella; (B) Projeto Oceanus
115
Os tabuleiros são instalados um ao lado do outro, deixando corredores entre
as linhas para permitir o fluxo de água e facilitar o manejo. Na parte superior de cada
tabuleiro é colocada uma tela onde ficam as ostras, em alguns casos as ostras são
colocadas em travesseiros. Em regiões muito quentes é comum que sejam colocadas telas
de sombreamento para evitar o aquecimento excessivo. Em tabuleiros de 1,2m2 podem
ser colocadas 400 ostras na fase final de engorda e até 600 ostras quando estão na fase
inicial de cultivo.
Este sistema de cultivo é realizado nas margens do mangue ou em estuários
abrigados de ondas fortes. Em alguns locais, como no Brasil, os produtores aproveitam os
períodos de maré baixa para manejar as ostras, trabalhando dentro da água. No entanto,
as marés baixas duram apenas algumas horas, o que limita o tempo de dedicação ao
cultivo. Além disso, o trabalho dentro da água e sem um abrigo do sol e das chuvas é
extremamente desgastante e pouco produtivo.
A B
Figura 4. (A) Cultivo de ostra em racks na Tasmânia, Austrália; (B) Retirada de sacos com ostras de um
rack durante a maré baixa para serem manejadas dentro de um local abrigado
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
117
As ostras juvenis de 3 a 5cm são cultivadas em sacos pregados com uma ripa em
uma moldura de madeira (Figura 6). A densidade nesta fase do cultivo é de cerca de 50
ostras por sacos.
Na fase de engorda as ostras maiores do que 5cm são mantidas em cestos de tela
plástica dobrada (28 por 47cm). Os cestos são transpassados por duas estacas de madeira
(1m), que são empregadas para fixar os cestos no rack com tiras de câmara de pneu (Figura
7). Embora na fase de engorda as ostras já possuam peso individual suficiente para não
serem jogadas para fora dos cestos pelas ondas, alguns produtores utilizam uma tela de
proteção superior para evitar perdas causadas por predação.
Figura 7. Cestos plásticos utilizados para a fase de engorda de ostras cultivadas em racks para regiões
entremarés
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
118
A B
Figura 8. Poste-âncora do sistema de longline ajustável para o cultivo de ostras: (A) Utilização de uma
catraca para esticar o cabo; (B) Poste âncora e estacas de sustentação do cabo plástico
Fotos: Rui Dias Trombeta
119
O sistema de longline ajustável é geralmente instalado em módulos de dois longlines
duplos, com 4 cabos, cada cabo com 105m de comprimento e 33 estacas de madeira. O
espaçamento entre os cabos duplos é de 70cm e o espaço entre as duas estacas é de
600mm (Figura 10). Um módulo completo com dois longlines duplos utiliza 132 estacas de
pínus tratado enterradas até 1,2m no sedimento. Para definir o quanto enterrar as estacas,
o produtor deve observar os sinais naturais de incrustações que se formam sobre as rochas
ou vegetação do manguezal, e escolher uma altura ideal para que os elevadores de cabo
fiquem todos dentro desta faixa. Este sinal natural dá uma boa indicação da faixa na coluna
de água na qual a concentração de alimento é mais abundante. Normalmente, esta faixa
de incrustações é de 0,6m, portanto a capacidade de manter as ostras nesta zona ideal de
alimento natural é um aspecto central deste sistema de cultivo.
B
Figura 10. Esquema de um cultivo de ostras com longline ajustável com as principais dimensões e
espaçamentos: (A) Forma padrão de disposição dos cestos com ostras; (B) disposição alternativa
transversal dos cestos com ostras
Fonte: Esquema ilustrativo e fora de escala adaptado de BST Oyster Supplies, Austrália
120
Os cestos podem ser instalados perpendiculares aos longlines ajustáveis, totalizando
210 cestos, ou transversais aos longlines, o que aumenta a capacidade para 280 cestos por
longline duplo (Figura 11).
Figura 11. Sistema de cultivo de ostras com longline ajustável com cestos instalados
longitudinal e transversalmente
Foto: BST Oyster Supplies
Uma vantagem interessante deste sistema é que, apesar de fixo, ele pode ter sua
altura ajustada com os grampos elevadores instalados nas estacas. Os elevadores devem
ser instalados com pregos ou parafusos de aço inox na porção da estaca que estará
desenterrada, começando a partir de 45cm da extremidade superior. Três elevadores
devem ser instalados em cada estaca e devem estar fixados aproximadamente 15cm um
do outro (Figura 12).
121
A grande vantagem deste sistema é a capacidade ajustar a altura dos cabos com
os cestos, o que permite que o produtor controle o crescimento das conchas e a condição
da carne das ostras. Quando os cabos com cestos são abaixados, as ostras permanecem
imersas e se alimentando, o que contribui para acelerar o crescimento das conchas. Ao
erguer o cabo com cestos, as ostras são expostas por mais tempo ao ar e a uma maior
energia das ondas. O balanço faz com que as ostras rolem de um lado para outro, gastando
a borda das conchas e promovendo o desenvolvimento de ostras mais profundas e com
maior conteúdo de carne. Esta é uma técnica de manejo conhecida como tumbling (mais
detalhes sobre o tumbling são apresentados no Capítulo 9 – Manejo no cultivo de ostras).
Nestas condições as ostras tendem a direcionar sua energia para a produção de carne, ao
invés de promover o crescimento das conchas (Figura 13).
Este rolar das ostras também ajuda a limpar um pouco as conchas que já atingiram
o tamanho comercial. Esta capacidade de manejo permite a produção de ostras com
excelente formato de concha e rendimento de carne (LA PEYRE et al., 2017). Quanto mais
baixa a linha, maior será o crescimento de concha e o desenvolvimento; quanto mais alta
a linha, mais a ostra colocará seu esforço para a produção de carne. A elevação dos cabos
nas semanas que antecedem a colheita, bem como a maior exposição ao ar durante as
marés secas, permitem um condicionamento das ostras para que se mantenham mais
tempo com a concha fechada, aumentando assim o seu tempo de prateleira.
Neste sistema é possível instalar 3 mil metros de cabo com 3 mil cestos em um
hectare. Usando uma média de seis dúzias de ostras de tamanho comercial (70mm -
122
85mm) por cesto, esta quantidade de cestos permite a manutenção de 18 mil dúzias por
hectare. O número de ostras por cesto não é fixo e deve ser ajustado para melhor atender
às condições naturais da área de cultivo selecionada. Com este sistema, uma fazenda de
10 hectares pode produzir uma média de 166 mil dúzias por ano.
Figura 14. Sistema de cultivo flip bag. As ostras são acondicionadas em travesseiros plásticos com
uma boia na extremidade inferior, fazendo com que elas sacolejem com o subir e o descer das marés
Foto: Hama Hama Company, Lissa Monberg
123
8.3 Cultivos suspensos flutuantes
124
A disposição e o tamanho das balsas devem estar de acordo com as condições de
circulação de água do local de cultivo. Para facilitar e baratear sua instalação, as balsas
podem compartilhar o uso de poitas e ser instaladas em conjuntos de dez ou mais balsas
unidas em série. A ancoragem das balsas deve ser realizada nas extremidades, a favor e
contra a maré ou corrente determinante do local e, quando as balsas são colocadas em
série, somente as extremidades são fixadas (Figuras 17 e 18).
Figura 17. Foto aérea mostrando a disposição de balsas de cultivo de ostra na costa oeste do Canadá.
Na imagem é possível notar como as balsas são instaladas em séries, alinhadas e compartilhando
poitas
Foto: Francisco José Lagreze Squella
Figura 18. (A) Esquema para mostrar a forma de instalação e ancoragem de um conjunto de balsas
para cultivo de ostras; (B) detalhe com dimensões da balsa e espaçamento recomendado
125
Como ponto positivo da utilização de balsas, podemos mencionar a possibilidade
de trabalhar sobre elas, permitindo realizar o manejo das estruturas e, em alguns casos,
até o armazenamento das estruturas de cultivo sobre elas (Figura 19).
Figura 19. Balsas para o cultivo de ostras instaladas em linhas, com um pequeno depósito e com as
bandejas de cultivo empilháveis armazenadas sobre as balsas
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
Figura 20. Bandejas empilháveis para cultivo de ostras. (A) Montagem da pilha com eixo
central visível; (B) pilha montada com 15 bandejas
Fotos: Francisco José Lagreze Squella
Figura 21. Barco de alumínio equipado com pau de carga e guincho elétrico para a
movimentação de pilhas de bandejas com ostras
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
127
8.3.2 Cultivo com longline
128
cada espaço. Para a ancoragem no fundo podem ser utilizadas estacas, trados ou poitas,
estas últimas devem ser de 1.000kg em cada extremidade e podem ser divididas em duas
de 500kg em cada lado (Figura 23). A densidade de ostras em cada fase de cultivo com
longlines e lanternas é apresentada na Tabela 1.
Figura 23. Desenho esquemático de longlines para cultivo de ostras: (A) longline simples de superfície;
(B) longline de meia-água ou submerso
Desenho: Serena Sühnel Lagreze
Tabela 1. Altura da concha, abertura de malha e densidades de ostras nas fases de cultivo
com lanternas de 5 andares
Densidade
Fase Abertura de malha Altura da concha
(ostras por andar da lanterna)
Berçário 4mm 1 a 3cm 1.000 a 2.000
Intermediário 16mm 3 a 5cm 150 a 200
Definitivo 27mm 5 a 8cm 60
129
Já o longline duplo pode ser montado com dois cabos torcidos de 24mm com
comprimento de 100m. Em locais com muita força de correntes, o cabo pode ser de 26
ou até 28mm de espessura. O longline duplo utiliza boias rotomoldadas de 60, 90, 180 ou
250L (Figura 24). No Brasil, um longline duplo de 100m utiliza 60 boias de 60L, com quatro
lanternas entre cada par de boias. Nesta configuração de montagem, o longline duplo
carregado pode manter 3 mil dúzias de ostras.
No Chile, um longline duplo de 100m emprega 14 boias de 250L para manutenção
de 400 bolsas de tela plástica com 120 ostras de tamanho comercial. Ou seja, cada
longline duplo pode manter 4 mil dúzias de ostras. As bolsas utilizadas possuem diferentes
aberturas de malha (4, 10, 12, 21 e 24mm), que são empregadas de acordo com a fase de
cultivo e o tamanho das ostras. A densidade de cultivo, que inicia com 375 sementes por
bolsa, é ajustada a cada manejo e classificação até chegar a 120 ostras nas bolsas com
abertura de 24mm (Figuras 24 e 25).
A B
Figura 24. (A) Cultivo de ostras com longline duplo com boias de 60 litros; (B) longline
duplo com boias de 250 litros em cultivo no Chile
Fotos: (A) Felipe Malagoli; (B) Alberto Paredes
Figura 25. Cestos de tela plástica empregados em longline duplo para cultivo de ostras
no Chile
Fotos: Alberto Paredes
Em geral são instalados 20 longlines simples por hectare para obter uma produção
de 80 mil dúzias/ano, ou 10 longlines duplos para uma produção de 40 mil dúzias/ano.
130
8.3.3 Cultivo em cluster
Figura 26. Saco de rede com sementes de ostras aderidas a conchas vazias, após duas semanas de
transferência para o mar. As sementes estão indicadas pelas setas
Figura 27. (A) Concha de ostra com sementes de 2 a 3cm; (B) instalação da concha distorcendo o
cabo de 5mm; (C) instalação das conchas no cabo de 5mm, intercaladas com pedaços de mangueira
plástica
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
A B
Figura 28. (A) Cabos com clusters de ostras instalados em uma balsa; (B) cabos com clusters de ostras
instalados em um longline
Fotos: (A) Felipe Matarazzo Suplicy; (B) Miyagi Prefecture Fisheries Research and Development Center
Uma vez montadas as cordas, elas podem ser penduradas em um longline, balsa ou
mesa, onde permanecerão até o final do ciclo de cultivo, que leva cerca de 8 meses (Figura
25). O comprimento dos cabos e a quantidade de clusters em cada cabo dependerão da
profundidade do local de cultivo.
132
8.3.4 Cultivo com travesseiros flutuantes
Figura 29. Esquema de instalação e principais dimensões do sistema de cultivo de ostras com
travesseiros flutuantes
Desenho: Felipe Matarazzo Suplicy
Neste sistema o único trabalho é o de fixar as boias nas duas laterais maiores de cada
cesto. As boias são fixadas aos travesseiros com lacres plásticos de 40cm de comprimento,
que passam por dentro da tela plástica e ao redor da boia, e são posicionados nas
concavidades que ela tem para este propósito (Figura 30D). Os travesseiros são instalados
com 1,4m de cabo torcido (5mm), dobrado ao meio e com um nó de calão para evitar que
o travesseiro corra para o lado no espinhel (DOIRON, 2008).
133
A B
C D
Figura 30. Sistema de cultivo de ostras com travesseiros flutuantes instalado em Indiaroba, SE: (A)
espinhel instalado com flutuadores de PVC; (B) espinhel com travesseiros instalados; (C) travesseiros
para fase de engorda e berçário (com flutuadores); (D) detalhe da fixação do flutuador ao travesseiro
com um lacre plástico resistente à radiação UV
Fotos: Rui Dias Trombeta
134
Este sistema de cultivo é economicamente interessante, uma vez que os travesseiros
têm um custo unitário de R$12,00 em comparação com o custo de R$50,00 das lanternas.
Além de diminuir as despesas com manutenção, o sistema é mais fácil de manejar, de
limpar e possui maior vida útil do que as lanternas.
Uma opção interessante é adotar um sistema misto de cultivo, iniciando com
travesseiros flutuantes na fase de berçário, passando-as para o cultivo com lanternas em
sistema fixo ou flutuante para a fase de engorda e crescimento até o tamanho comercial.
Neste caso, as ostras juvenis passam por três malhas de travesseiro até atingirem a altura
de concha de 50mm, o que ocorre entre 45 e 60 dias (Tabela 2). Ao atingir 50mm, as
ostras são transferidas para lanternas de rede e penduradas no sistema suspenso fixo que,
segundo o proprietário da fazenda, proporciona um desenvolvimento melhor das ostras
a partir desta fase. As ostras acondicionadas em lanternas são peneiradas a cada 30-45
dias, até atingirem a altura de concha de 80mm. Neste sistema misto, é possível colher as
primeiras ostras do lote dentro de quatro meses de cultivo.
135
136
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
Capítulo 9 - MANEJO NO CULTIVO DE OSTRAS
Felipe Matarazzo Suplicy
& Simone Sühnel
Introdução
O manejo apropriado das ostras durante todo ciclo de produção é tão importante
quanto a seleção do local, do sistema de produção e dos equipamentos de cultivo. Para
obter um melhor retorno econômico, é preciso empregar técnicas de cultivo que produzam
maiores rendimentos com despesas controladas. Em outras palavras, é necessário usar
técnicas que tornem o cultivo de ostras um negócio lucrativo. Manejando corretamente o
cultivo de ostras, o produtor obterá:
● Crescimento mais rápido das ostras;
● Maior sobrevivência das ostras;
● Melhor controle de incrustações tanto nos animais como nos petrechos de cultivo;
● Melhor formato e aparência da concha;
● Maior rendimento de carne das ostras;
● Maior uniformidade do produto;
● Melhor utilização e rotatividade dos equipamentos (capital);
● Maior controle da produção;
● Maior lucratividade.
Além das características do local e da espécie cultivada, o sistema de cultivo irá
definir qual técnica de manejo poderá ser empregada e com que frequência. Embora as
ostras sejam filtradoras e se alimentem sozinhas, o cultivo desses moluscos requer um
manejo contínuo em busca dos indicadores de produtividade relacionados acima.
Uma boa forma de adotar um manejo eficiente do cultivo pode ser seguir o sucesso
de alguém que esteja utilizando o mesmo sistema de cultivo e possua um manejo que
esteja apresentando bons resultados na produção, adaptando seu manejo lentamente,
de acordo com as características encontradas no seu local de cultivo. O importante aqui
é não ser tão rápido para se adaptar aos métodos que são bem-sucedidos, a menos que
você tenha um entendimento completo sobre como adaptar as práticas de manejo para
o seu local.
As medidas das conchas das ostras foram descritas por Galtsoff (1964) como sendo
a altura a distância entre o umbo e a margem extrema da parte ventral; o comprimento
a distância máxima entre a extremidade anterior (onde estão as brânquias) e a posterior
(onde está o reto), paralela ao umbo; e a largura a maior medida entre as valvas fechadas
(Figura 1A). Recentemente, outra terminologia para biometria de ostras do gênero
Crassostrea foi proposta por Mizuta & Wikfors (2018) e vem sendo empregada por alguns
produtores, comerciantes e consumidores de ostras (Figura 1B).
137
A
A B
Figura 2. Efeito do manejo no formato da concha de Crassostrea gigas: (A) ostra com
formato de concha adequado; (B) ostra cultivada em alta densidade e concha com
formato “banana”
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
139
9.2 Classificação das ostras
Manter as ostras classificadas por tamanho e nas densidades adequadas são aspectos
básicos de um bom manejo do cultivo. Seja com sementes produzidas em laboratório, seja
com sementes captadas na natureza, devido principalmente à variabilidade genética, as
ostras de um mesmo lote de cultivo não crescem todas na mesma velocidade (SINGH, 1978).
Uma parte menor delas se desenvolve mais rápido e atinge o tamanho comercial em um
menor tempo de cultivo em relação aos demais animais do mesmo lote (ex. seis meses de
cultivo). Estas ostras são chamadas pelos produtores como a “cabeça” do lote. Uma porção
maior do lote cresce mais lentamente e atinge o tamanho comercial posteriormente (ex.
de seis meses a um ano de cultivo), e são chamadas pelos produtores de “meio” do lote. Já
o “rabo” do lote corresponde às ostras que levam de um ano a um ano e meio para chegar
ao tamanho de venda, apresentando um crescimento lento. A classificação a cada manejo
permite separar as ostras de crescimento mais rápido e acondicioná-las com densidade
menor em um petrecho com uma malha de maior abertura.
A classificação por tamanho das ostras é realizada através do peneiramento manual
ou mecanizado, sendo este um aspecto fundamental no cultivo de ostras. O peneiramento
manual deve ser realizado com as ostras dentro da água, preferencialmente da água do
mar. De maneira geral, as máquinas para classificação de ostras utilizam telas vibratórias ou
cilindros com aberturas de diferentes tamanhos, mas existem máquinas mais sofisticadas
que podem classificar por peso individual, ou por formato de concha, empregando leitores
óticos. Além de proporcionar uma classificação muito mais precisa do que o peneiramento
manual, o emprego de máquinas permite uma limpeza externa das ostras e reduz
consideravelmente os custos de produção, dado que a mão de obra despendida no manejo
representa cerca de 35% do custo total (Figura 3).
A B
Figura 3. Classificação de ostras durante o manejo: (A) classificação manual das ostras com peneira
dentro da água; (B) máquina para classificação de ostras
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
140
9.3 Ajuste de densidade e periodicidade de limpeza
141
produtor pode variar para cima ou para baixo a partir desta densidade para descobrir qual
é a mais adequada para as suas condições. Experimentar com petrechos carregados com
100, 150, 200, 250 e 300 ostras ajudará a fornecer informações valiosas e acelerar a base
de conhecimento do produtor sobre as densidades que proporcionarão as melhores taxas
de crescimento das ostras. Testando várias densidades logo no início do cultivo, o processo
de observação é acelerado, reduzindo assim o tempo para avaliar qual densidade funciona
melhor para a sua área.
Tendo apresentado estes conceitos básicos, exporemos a seguir alguns protocolos
de manejo empregados no cultivo de ostras no Brasil que poderão servir de ponto de
partida para o produtor realizar seus próprios testes e identificar a melhor densidade de
cultivo para suas condições.
O primeiro e mais crítico manejo ocorre na fase de berçário, quando o produtor
recebe as sementes do laboratório de reprodução. Com tamanho de 300µm a 1,5mm,
as sementes produzidas em laboratório são extremamente frágeis e suscetíveis, crescem
rapidamente e requerem manejo frequente para evitar aglomeração. Considerando
que nesta fase milhares de ostras são acondicionadas em poucos petrechos, a limpeza
frequente das malhas e o peneiramento das sementes em intervalos regulares aumentam
enormemente as chances de o produtor obter uma boa taxa de sobrevivência ao final do
ciclo de cultivo. Exemplos de estruturas berçárias, como baldes flutuantes e caixas são
apresentados no Capítulo 7 – Sistemas berçários para ostras. Apresentamos na Tabela 1
um protocolo de manejo de sementes empregado por produtores de C. gigas em Santa
Catarina.
A B
C D
Figura 4. Exemplo de malha de travesseiros com diferentes aberturas de malha para cada
fase de cultivo: (A) 2mm, (B) 4mm (C) 9mm e (D) 27,5mm
Fotos: Simone Sühnel
143
No cultivo utilizando lanternas na fase de berçário, o manejo de limpeza da
malha das lanternas inicia com periodicidade de 3 a 7 dias, em seguida a cada 15 dias e
concomitante com o peneiramento das ostras até a fase intermediária I, quando passa a
ser realizada a cada 30 dias até a fase definitiva (Tabela 3).
145
Um método rápido e fácil para determinar o número de ostras colocadas em cada
petrecho é a utilização de um recipiente com volume conhecido (ex. de 1 ou 2L) para medir
o volume de ostras estocadas. A quantidade de ostras é determinada através da contagem
em alíquotas menores de 100 ou 200ml, quando se estiver trabalhando com sementes,
ou contando todas as ostras do recipiente, quando o manejo estiver sendo realizado
com ostras juvenis e adultas. O produtor deve fazer a contagem pelo menos 5 vezes para
calcular o número médio de ostras, como no exemplo abaixo:
Contagens de ostras em um recipiente de 1L:
# 1 - 245 ostras
# 2 - 255 ostras
# 3 - 229 ostras
# 4 - 261 ostras
# 5 - 267 ostras
A soma das 5 contagens é 1.257 ostras, que divididas pelo número de amostras,
dá uma média de 251 ostras por litro. Se a densidade alvo é de 1.000 ostras por petrecho,
então deverão ser colocados quatro litros de ostras em cada um.
A periodicidade de limpeza da malha está muito ligada à qualidade da água, podendo
variar de acordo com o local de cultivo. Em locais com maior turbidez, a periodicidade
de manejo tende a ser com intervalo de tempo menor. Assim, o importante é manter a
malha do petrecho de cultivo limpa para uma boa circulação de água. Algas filamentosas
crescem rapidamente sobre as malhas dos petrechos, entupindo-as rapidamente (Figuras
6 e 7). Impedir que as malhas dos petrechos fiquem entupidas é um aspecto fundamental,
pois, se não houver uma circulação de água, não haverá uma boa renovação de alimento
e de oxigênio para as ostras. A frequência e o tempo de controle de incrustações nas
estruturas de cultivo podem ser fatores determinantes da lucratividade de uma fazenda
(PIT & SOUTHGATE, 2003).
146
Embora a limpeza do equipamento com jato de água remova as algas, deixando a
malha limpa e pronta para ser reutilizada, o ideal é trocar o petrecho que estava sendo
utilizado do mar por outro que se encontre armazenado e seco. Agindo desta forma, o
produtor consegue retardar o crescimento das algas, que se desenvolvem a partir de
qualquer resquício que possa ter permanecido no petrecho, mesmo após a limpeza.
Sistemas de cultivo que permitem a exposição regular dos petrechos ao sol e ao ar também
contribuem para redução de algas e incrustações que causam o entupimento das malhas.
A B
Figura 8. Crassostrea gigas: (A) ostra com borda de crescimento da concha bem desenvolvida;
(B) concha de ostra submetida a manejo que causou a quebra da borda de crescimento
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
A B
O sistema de cultivo com longline ajustável e o sistema flip-bag (ver mais detalhes
no Capítulo 8 - Sistemas de cultivo) proporcionam o tumbling das ostras devido à constante
agitação do mar e ao subir e descer das marés (Figura 10). Ostras submetidas ao tumbling
têm um crescimento de altura de concha retardado, mas desenvolvem conchas mais
côncavas e largas, bem como maior conteúdo de carne (DAVIS, 2013) (Figura 11).
148
A B
Figura 10. Sistemas de cultivo que promovem o tumbling das ostras: (A) Sistema fixo com longline
ajustável; (B) Sistema flip-bag
Fotos: BST Oyster Supplies (A) e Lissa Monberg (B)
A B
Figura 11. Ostras submetidas ao manejo com tumbling no sistema de cultivo com longline ajustável:
(A) formato largo e côncavo das conchas de ostras; (B) carne das ostras ocupando uma grande
concavidade da valva inferior
Fotos: BST Oyster Supplies
149
9.6 Banhos de imersão e exposição ao sol
Mais cedo ou mais tarde, dependendo da época do ano e das especificidades do
local, o produtor terá que lidar com parasitas e incrustações, especialmente se o cultivo
estiver instalado em águas relativamente rasas e se o tempo de permanência das ostras
no cultivo, para atingir tamanho comercial, for longo (exemplo: de 1,5 a 2 anos). Para
o controle de alguns parasitos e incrustações, podem ser adotadas práticas profiláticas,
chamadas pelos maricultores de “castigos”, que auxiliam na redução desses organismos
nas conchas das ostras. As práticas profiláticas podem ser através da imersão das ostras
em soluções como água hipersalina (água saturada com sal), água doce, cal, vinagre, banho
de calor (60°C), exposição ao sol, limpeza com água pressurizada, raspagem das conchas,
entre outras técnicas (Figura 12).
O tratamento com água hipersalina é uma prática empregada em vários países
produtores, principalmente na fase juvenil, onde as ostras são imersas em água hipersalina
por alguns minutos a uma hora, para eliminar parasitas como poliquetas, antes das ostras
entrarem na fase de engorda. Este método foi primeiramente descrito em 1960 nos
Estados Unidos por Loosanoff (LOOSANOFF, 1960) para o controle de esponjas e outros
organismos incrustantes de moluscos comerciais e foi patenteado (patente número
US2955068A). Um aspecto importante descrito por Loosanoff (1960) para este método de
controle é assegurar que a solução de imersão continue hipersalina, uma vez que, junto
com os animais, vem água do mar e esta pode diluir a solução, tornando-a menos efetiva.
Uma forma de garantir que a solução continue hipersalina é adicionar sal após a realização
de 2 ou 3 banhos de diferentes lotes de ostras.
Outro método de controle de parasitos e incrustantes, além do sal, é a imersão das
ostras em uma solução de cal. Em um estudo realizado com a ostra Crassostrea virginica
em Nova Jersey, EUA, pelo Sustainable Agriculture Research & Education e apresentado
no Relatório Anual da FNE13-780 de 2013 (SARE, 2014), foram testadas imersões de água
hipersalina (90g de sal L-1) e água doce durante 15 minutos e de água com cal (0,2% de
hidróxido de cálcio - HC; 2g de HC L-1) por cinco minutos como método de controle do
poliqueta Polydora cornuta.
A B
Figura 12. (A) Tanque empregado para banho hipersalino em ostras juvenis, em British Columbia,
Canadá; (B) produtor acondicionando caixas com ostras em tanques para banho com solução de
água com vinagre, em Florianópolis, SC
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
150
No nordeste do Brasil, produtores relatam a utilização da imersão de C. gasar em
água hipersalina por seis minutos para o tratamento contra Cliona spp. a cada 60-90 dias,
de acordo com a intensidade da infestação. O tempo de imersão precisa ser testado por
cada produtor, pois ele pode variar em função do parasito-alvo (espécie, prevalência e
infestação), da frequência e do local de cultivo.
O banho de imersão de ostras em água doce é estratégia de controle de Polydora
websteri, apresentada por Hood et al., (2020) para o cultivo de ostras em Maryland nos
Estados Unidos. Um informativo descrito por Morse et al., (2018) cita que a infestação
de Polydora pode ser reduzida submergindo as ostras em água doce por três a seis horas
e subsequentemente expondo-as ao ar por uma hora. A imersão de animais adultos em
água doce também já foi utilizada pelos ostreicultores em Santa Catarina. Atualmente esta
técnica é mais utilizada para sementes durante o peneiramento.
Uma prática bastante empregada em Santa Catarina é o banho de imersão com
vinagre de álcool nas sementes de ostras para redução de protozoários e profilaxia contra
Polydora. A concentração utilizada é de 10ml L-1, por cerca de 10 a 30 minutos. Esta
técnica também é empregada por alguns produtores para ostras adultas, onde o banho
com vinagre de álcool também combate parasitas como Polydora e planária. Neste caso, a
concentração utilizada é de 60 ml L-1, e as ostras são deixadas de um dia para outro imersas
na solução.
O tratamento por calor é uma técnica mais cara e que exige que um grande volume
de água seja mantido a uma temperatura de 60 a 70°C. Nel et al., (1996) citam que o banho
de ostras em recipientes com água salgada a 70°C por 40 segundos reduziu a infestação de
Polydora sem afetar a sobrevivência das ostras.
Além dos banhos de imersão, o método de exposição ao ar também é uma
medida profilática muito empregada. Nos cultivos em sistema fixo, onde as estruturas de
cultivo ficam expostas ao ar e ao sol na maré baixa, esse tratamento profilático ocorre
naturalmente. Em sistemas de cultivo onde os animais ficam submersos, é necessário
retirar os animais da água para sua exposição ao ar. Neste caso, os petrechos de cultivo com
as ostras são colocados fora da água por período de 12 a 24 horas. Neste sistema, alguns
maricultores deixam as estruturas de cultivo de um dia para outro em balsas flutuantes ou
em local de manejo em terra. As sementes são bastante frágeis e a exposição prolongada
ao sol durante a maré baixa pode afetar a sobrevivência delas. A exposição ao ar na fase
final do cultivo, além de reduzir as incrustações e parasitos, também condiciona o músculo
adutor das ostras para que elas se mantenham fechadas por mais tempo, o que aumenta
o seu tempo de vida na fase de comercialização (Figura 13).
151
A B
Figura 13. Exemplo de medida profilática (exposição ao ar) de ostras: (A) sistema fixo durante a
maré baixa; (B) travesseiros expostos ao ar para condicionamento das ostras antes de serem
comercializadas
Fotos: (A) Felipe Matarazzo Suplicy; (B) Alberto Paredes
152
necessário manter as ostras por mais tempo no cultivo antes da comercialização fazendo
manejo de quebra da borda de crescimento com frequência. Cabe destacar que em outras
localidades o crescimento de C. gigas não é o mesmo, dependendo do sistema de cultivo
e das características de qualidade da água. Como exemplo, na Carolina do Norte, Estados
Unidos, ostras da mesma espécie atingem o tamanho comercial (acima de 60mm) após 12
meses de cultivo e somente após 24 meses de cultivo a maioria dos animais, de um mesmo
lote, atinge o tamanho comercial.
Em alguns países, como os Estados Unidos e a França, as ostras podem ser
classificadas em 5 classes de tamanho comercial por peso de carne, sendo a classe 0 a
maior delas (acima de 150g de ostra-1), a classe 5 a menor (de 30 a 45g de ostra-1) e a classe
3 a média (em torno de 66 a 85g de ostra-1). Ostras pequenas são comercializadas como
ostras cocktail, ou seja, tamanho de aperitivo (BEHIND THE FRENCH MENU, 2021). Esta
prática é muito benéfica para a malacocultura, pois o menor tempo de cultivo reduz os
custos de produção e a exposição das ostras a parasitos e incrustantes.
Na Região Sul do Brasil, onde a temperatura do mar pode variar de 12 a 31°C, a
ostra nativa C. gasar apresenta um crescimento mais lento e atinge o tamanho comercial
(60-70mm) após onze meses de cultivo (LOPES et al., 2013; LEGAT et al., 2017). Nas
regiões Norte e Nordeste do Brasil, esta espécie apresenta um crescimento similar ao de
C. gigas em Santa Catarina, atingindo tamanho comercial dentro de seis meses de cultivo.
Entretanto, com seis meses de cultivo, C. gasar ainda apresenta uma concha fina, sendo
necessário permanecer mais tempo no cultivo para o engrossar da concha.
153
deste efeito nessa região (Figura 14) (PROENÇA et al., 2011). Na Carolina do Norte, nos
Estados Unidos, também são produzidas ostras de borda verde, como a American JadeTM,
produzida em baixa salinidade e a Atlantic EmeraldTM, produzida em salinidades maiores.
Figura 14. Ostra Crassostrea gigas com coloração verde causada pela presença da alga Haslea
ostrearia na região de Florianópolis, SC
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
154
155
156
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
Capítulo 10 - CONTROLE SANITÁRIO DE OSTRAS
Felipe Matarazzo Suplicy
10.1 Padrões de qualidade em ostras
157
Esta pirâmide reflete a priorização de fatores de qualidade na cadeia produtiva de
moluscos bivalves. O primeiro e o mais importante nível da pirâmide é a qualidade sanitária
das áreas de cultivo, pois este deverá prover uma sólida base para os demais fatores de
qualidade que um produtor de ostras deve assegurar em seu produto. Por mais que a
proximidade de alguma propriedade na costa possa prover uma vantagem em termos de
apoio ao manejo e na vigilância do cultivo, se o local não tiver padrões bacteriológicos
apropriados para a produção de moluscos filtradores, o produto será inadequado para o
consumo, ou, se o nível de contaminação for moderado, o produtor terá um acréscimo de
custo para purificar as ostras através da depuração (SUPLICY, 2019)
No segundo nível, é necessário comprovar, através da coletas e análises regulares
de amostras de carne e de água do mar, que o local é apto ao cultivo e se enquadra dentro
dos limites permissíveis para a coleta e o consumo de ostras cruas. O monitoramento
precisa incluir o controle de bactérias fecais indicadoras de poluição, como E. coli, na carne
dos moluscos e na água do mar, além da análise da presença de toxinas produzidas por
microalgas (as ficotoxinas), através da contagem de algas unicelulares ou da análise regular
da carne das ostras. No Brasil, atualmente somente Santa Catarina possui um programa
regular de monitoramento bacteriológico e toxicológico das áreas de maricultura executado
pelo governo estadual. Nos demais estados, o produtor de ostras precisará incluir o custo
destas análises em seu plano de negócio para comprovar a qualidade sanitária de seu
cultivo e produto (SUPLICY, 2019).
O terceiro nível da pirâmide de qualidade em moluscos consiste no controle
sanitário das etapas de processamento e distribuição, utilizando estabelecimentos com
inspeção sanitária para processar moluscos e assegurando que as ostras serão mantidas
na cadeia de frio ao longo do transporte, do armazenamento e da distribuição. Uma regra
máxima geral quando se trata de moluscos bivalves é MOVA-OS RÁPIDO E MANTENHA-OS
LIMPOS E FRIOS! (UNIVERSITY OF DELAWARE, 2021). A exposição ao sol e ao calor, em
qualquer etapa da cadeia produtiva, reduz drasticamente o tempo de vida e de prateleira
das ostras frescas (BUZIN et al., 2011).
No nível acima da pirâmide estão os padrões de qualidade dos consumidores
que envolvem aspectos como embalagem, uniformidade das ostras, formato de
concha, condição de carne e outros aspectos relacionados à segurança de consumo e
desenvolvimento de confiança do consumidor do produto, como rastreabilidade das ostras
desde a área de cultivo e certificações de sustentabilidade, comércio justo ou de produto
orgânico (SUPLICY, 2019).
O último nível da pirâmide de qualidade é o marketing, que deve ser feito somente
quando os níveis inferiores estiverem bem equacionados e permitirem uma sólida base
por trás da qualidade ofertada em uma boa campanha de marketing para as ostras. Se
o produtor não tiver abordado adequadamente as etapas anteriores da pirâmide, ou
invertê-la, começar com ações de marketing de um produto sem ter assegurado antes a
sua qualidade sanitária, o negócio não prosperará e o produtor estará passível de pagar
indenizações às pessoas que possam vir a ser intoxicadas pelo consumo de suas ostras
(SUPLICY, 2019)
158
10.2 Monitoramento e classificação das áreas de cultivo
159
A classificação inicial de uma área deve ser feita após a obtenção de um número
mínimo de resultados e a manutenção dessa classificação é condicionada ao monitoramento
periódico. A frequência do monitoramento periódico varia, sendo maior na fase inicial de
classificação e diminuindo com o tempo e/ou aumento da série temporal de dados. Na UE,
a recomendação é que a primeira classificação só seja estabelecida após os primeiros 12
resultados (mínimo de seis meses de monitoramento) e a frequência de coletas seja pelo
menos quinzenal ao longo do primeiro um ano e meio (18 meses) de monitoramento, e
pelo menos mensal para áreas de produção com mais de três anos de dados disponíveis.
Em casos específicos de áreas não afetadas por contaminação de origem humana (áreas
remotas), essa frequência pode ser bimestral. Nos EUA, o número de coletas anuais pode
ser de cinco a seis amostras, dependendo do padrão de coleta empregado, e são requeridas
apenas duas ou três coletas anuais em áreas remotas (SUPLICY et al., 2018).
A B
Figura 2. (A) área afetada por uma Floração de Algas Nocivas – FAN, com uma coloração alaranjada
da água do mar; (B) microalga Dinophysis acuminata, presente em altas concentrações durante
FANs, causadora de síndrome diarreica
Fotos: Luis Antônio de Oliveira Proença
A prevenção de perigos de origem alimentar exige cada vez mais colaboração entre
órgãos reguladores e produtores de alimentos para garantir que os produtos sejam tão
seguros quanto possível para os consumidores. A chave para isso é a prevenção, e esta pode
161
ser incorporada às práticas de uma fazenda de ostras, identificando onde poderá ocorrer a
contaminação do produto e tomando medidas para eliminar o risco. A estratégia preferida
para isso é a adoção de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (Traduzido do
inglês Hazard Analysis & Critical Control Point - HACCP), onde cuidados são tomados ao
longo do processo produtivo, em oposição à estratégia tradicional de inspeção somente
do produto ao final do processo (PEDRO, 2008).
Além dos aspectos relacionados aos controles bacteriológico e toxicológico
das áreas de cultivo já mencionados acima, existem outros pontos críticos de controle
que devem ser monitorados ainda na fazenda de ostras, antes de seu processamento,
embalagem e distribuição. O principal risco é a redução na qualidade do produto devido à
exposição das ostras ao sol e às temperaturas elevadas. Por isso, no momento da colheita
no mar, o produtor deve retirar as ostras do sol o quanto antes. Ainda durante o transporte
embarcado é preciso cuidado para que as ostras não sejam expostas à água com óleo
ou combustíveis, os quais poderiam penetrar nas conchas entreabertas e contaminar o
produto. Uma vez em terra, o lote de ostras deve ser mantido em local arejado e abrigado
do sol, sem a presença de animais como cães e gatos, que poderiam urinar sobre o produto
sem que o produtor perceba e causar leptospirose ou toxoplasmose nos consumidores
(SILVA et al., 2020).
162
Origem Animal (Sisbi-Poa) é voluntário e pode ser solicitado junto às Superintendências
Federais de Agricultura (SFAs). Com a adesão, os produtos podem ser comercializados em
todo o Brasil, diferentemente dos que possuem apenas selos municipais ou estaduais,
cuja comercialização é apenas interna. Estados e municípios incluídos no sistema têm os
serviços de inspeção reconhecidos como equivalentes ao Serviço de Inspeção Federal (SIF).
As ostras são consumidas preferencialmente cruas e vivas, na forma in natura, e
são comercializadas com as suas conchas. A menos que o produto seja carne de ostra sem
conchas, ou pratos à base de ostras, como ostras gratinadas ou outra forma de apresentação
similar, as ostras vendidas in natura necessitam apenas de uma limpeza externa com água
potável hipoclorada, antes de serem embaladas e despachadas para o comércio. Apesar
de ser um processamento muito simples, alguns cuidados precisam ser tomados para
evitar a contaminação do produto durante este processo. A área de recepção e limpeza
das ostras deve ser abrigada do sol, com paredes e piso de fácil higienização e sistema de
drenagem da água utilizada (Figura 3). Esta área deve ser externa e não possuir acesso
direto para a sala de embalagem, a qual pode ser acessada somente por funcionários que
higienizaram as botas, as mãos e que estiverem com touca para evitar a queda de cabelos
sobre o produto (Figura 4).
Figura 3. Limpeza externa das ostras com jato de água hipoclorada, em área externa coberta e com
paredes e piso de fácil higienização
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
163
Figura 4. Área de higienização das mãos e limpeza de botas com funcionário utilizando uma touca
para os cabelos. Na imagem da direita é possível ver um lavador de botas
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
A B
Figura 5. (A) óculo para passagem das ostras da área de lavação para a área de contagem e
embalagem; (B) sala higienizada para contagem e embalagem de ostras in natura
Fotos: Felipe Matarazzo Suplicy
164
10.5 Depuração de ostras
165
Figura 6. Depuradora de pequena escala com tanque de 660 litros, para depurar até 60 dúzias de
ostras
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
166
Figura 8. Planta de depuradora industrial com caixas empilháveis
Foto: Manuel Portela
A depuração deve sempre ser realizada com um rigoroso controle dos lotes de
moluscos. Uma vez iniciado um ciclo de depuração, o processador não pode adicionar mais
ostras ao tanque. Concluído o ciclo, os tanques devem ser drenados antes da retirada das
caixas com ostras, e os tanques de depuração devem ser limpos e higienizados. Em cada
depuração deve ser registrada ao menos a data, a origem do lote, os horários inicial e final
da depuração e o volume de ostras. Em depuradoras médias e grandes é recomendável
também ter um registro do oxigênio dissolvido na água de depuração (SEAFISH, 2018).
A planta de processamento deve ter sempre um fluxo unidirecional no sentido
da área de recepção e lavação externa, para a área de depuração, área de contagem e
embalagem, e área de armazenamento e despacho do produto (Figura 9). Antes de
construir uma planta de processamento de pescados, é recomendável procurar orientações
junto ao serviço de inspeção sanitária municipal e, se este não estiver disponível em sua
cidade, o serviço de inspeção sanitária estadual ou federal. De maneira geral, a aprovação
do projeto e a concessão do selo de inspeção tende a ser facilitada quando o interessado
busca orientação e até mesmo quanto à localização do terreno. No caso da depuração, há
de se considerar ainda o acesso à água do mar livre de contaminação ou moderadamente
contaminada que, após tratamento esterilizador, possa ser utilizada no processo de
purificação das ostras.
Uma alternativa para pequenos e médios produtores que desejam ter um produto
com inspeção sanitária, depurado ou não, e que não disponham de recursos para montar ou
construir uma planta de processamento de pescados, é a terceirização do processamento
para um estabelecimento com inspeção. Neste caso, o produto processado pode ter uma
embalagem com o rótulo e a marca do produtor, com informações e número de inspeção
sanitária do estabelecimento processador. O registro de rótulo pode ser solicitado ao
serviço de inspeção sanitária municipal, estadual ou federal.
167
Figura 9. Leiaute de uma depuradora de média escala com dois tanques de 4.000 litros. As ostras são
lavadas externamente na área assinalada com “1”, passando por óculos em um sentido unidirecional
até a saída do produto. Planta baixa da depuradora de Coruripe, AL
Projeto: Felipe Matarazzo Suplicy e Marcel Boaventura
168
169
170
Foto: Sandra Puente
Capítulo 11 – ANÁLISE ECONÔMICA DO CULTIVO DE OSTRAS
Felipe Matarazzo Suplicy
& Luis Augusto Araujo
Introdução
171
11.1 Caracterização dos produtores analisados
Tipo de entidade Pessoa jurídica Pessoa jurídica Pessoa física Pessoa física Pessoa física
Inspeção
SIM/SISB Sem inspeção Sem inspeção Sem inspeção Terceirizada
sanitária
Distribuidores,
Peixarias e Restaurante
Canais de delivery,
restaurantes Processador Processador próprio e
comercialização restaurantes e
locais distribuidores
peixarias locais
172
11.2 Contextualização da análise econômica
Volume anual de
5.000.000 4.000.000 3.000.000 1.000.000 400.000
sementes
Funcionários 14 7 8 1 -
174
Tabela 3. Valores e participação percentual dos componentes do Custo Operacional Efetivo
(COE) dos cinco produtores analisados
Componentes
Produtor 1 Produtor 2 Produtor 3 Produtor 4 Produtor 5
do COE
Insumos 150.000 (11%) 120.000 (24,3%) 90.000 (16,6%) 30.000 (19,3%) 12.000 (14%)
Desp. Gerais 116.960 (8,6%) 23.340 (4,7%) 76.220 (13%) 5.760 (3,7%) 4.980 (5,7%)
Despesas
6.840 (0,5%) 6.840 (1,4%) - - -
financeiras
Despesas com
305.000 (13,1%) 91.308 (18,5%) - - 16.854 (19,7%)
comercialização
Manutenção 76.800 (5,6%) 10.500 (2,1%) 33.600 (6,2%) 12.436 (8%) 3.800 (4,4%)
Pró-labore 240.000 (17,5%) 36.000 (7,3%) 74.400 (13,8%) 36.000 (23,1%) 48.000 (56,1%)
Com o menor volume de produção entre as fazendas analisadas, e uma com despesa
com processamento terceirizado em outro estabelecimento que dispõe de inspeção
sanitária, o Produtor 5 apresentou um custo de comercialização de 19,7% do COE, sendo
este o maior gasto percentual com processamento e comercialização entre os produtores
analisados. Com um volume de produção de 200 mil dúzias/ano, sua própria planta de
processamento com inspeção sanitária e o maior número de funcionários entre as fazendas
estudadas, o Produtor 1 apresenta uma participação do custo de comercialização no COE
175
menor do que os Produtores 2 e 5. De fato, realizando simulações de aumento ou redução
no volume de produção, nas planilhas elaboradoras com os dados levantados na pesquisa,
os dados indicam que o volume mínimo para uma fazenda de ostras ser rentável com sua
própria planta de processamento e inspeção sanitária seria de 150 mil dúzias por ano.
O Custo Operacional Total (COT) por unidade produzida variou de R$5,70 para o
Produtor 3 até R$8,34/dz. para o Produtor 1. O COT médio entre os cinco produtores foi
de R$6,96/dz. (Tabela 4).
Tabela 4. Componentes do custo operacional por dúzia de ostras produzidas por cinco
produtores de ostras em Florianópolis, Brasil. Os valores em verde e vermelho indicam o
menor e o maior custo por unidade entre os cinco produtores, respectivamente.
176
Tabela 5. Medidas de lucratividade de cinco produtores de ostras em Florianópolis, SC
Produtor 1 Produtor 2 Produtor 3 Produtor 4 Produtor 5
Receita Bruta (RB) 2.400.000,00 1.000.000,00 600.000,00 143.000,00 150.000,00
Custo Operacional Total
1.667.836,67 602.878,83 570.490,00 165.485,64 96.764,97
(COT)
Lucro Operacional (LO) 724.841,70 397.121,17 57.510,00 - 22.485,64 53.235,03
Margem Líquida (ML) 30,2% 39,7% 9,6% -15,7% 35,5%
Preço de venda
12,00 10,00 6,00 7,15 12,00
(R$/dz.)
177
Os Produtores 1 e 5, que possuem produtos com inspeção sanitária, vendem
as ostras com um valor superior ao dos valores praticados pelos três produtores sem
inspeção. O preço praticado pelo Produtor 1 contribui para ampliar em pelo menos 20%
sua RB, em relação ao preço praticado pelos demais produtores. Entre os produtores sem
inspeção, o Produtor 3 possui o menor preço, sendo que este é ligeiramente superior ao
seu custo de produção unitário de R$ 5,70/dz. Já o Produtor 4 tem vendido sua produção
por um preço inferior ao seu custo de produção unitário de R$ 8,27/dz. A definição de um
preço de venda próximo ou abaixo do custo de produção explica em grande parte a baixa
lucratividade destes dois produtores.
A Figura 2 mostra o resultado da análise de sensibilidade da margem líquida de
lucro (%) para variação de mais ou menos 10% e 20% no preço de venda, considerando-se
o preço médio, entre os cinco produtores, de R$9,03/dz. O negócio do Produtor 4 se revela
com prejuízo, sendo lucrativo apenas caso ocorra aumento de 20% no preço da ostra. O
negócio do Produtor 3 passa a ter prejuízo com uma redução de apenas 10% no preço de
venda. Já o negócio dos Produtores 1, 2 e 5 são menos sensíveis a variações no preço de
venda e mantêm uma margem líquida de lucro mesmo com uma redução de 20% no preço.
178
±10% e 20% no preço de venda demonstra que os cultivos dos Produtores 2 e 3 poderiam
apresentar uma lucratividade próxima a 60%, com um preço de venda de R$14,40/dz.
(Figura 3).
Esta comparação de preços igualados visa demonstrar que não só o preço de venda,
mas também a eficiência na utilização dos recursos empregados, são determinantes para
se obterem lucratividades elevadas nas fazendas de ostras.
179
empregado. A Tabela 7 apresenta algumas medidas de eficiência econômica que devem
ser consideradas na análise econômica do cultivo de ostras.
Eficiência de capital
Razão de despesa operacional 0,62 0,49 0,82 1,09 0,57
Razão de depreciação 0,07 0,11 0,08 0,07 0,07
Razão de lucro operacional 0,31 0,40 0,09 - 0,16 0,35
Eficiência de mão de obra
Receita por colaborador
(R$ x 1.000) 160 111 75 48 75
Eficiência pecuniária
Dúzias produzidas por
75 120 90 150 80
R$100,00 de insumo
181
11.8 Remuneração de capital e produção mínima de nivelamento
Taxa de remuneração do
149% 127% 10% -48% 74%
capital
Produção de nivelamento
138.986 60.288 95.082 23.145 9.676
(dz.)
182
11.9 Considerações finais
183
184
Foto: Felipe Matarazzo Suplicy
Capítulo 12 - PATOLOGIAS DE OSTRAS
DE INTERESSE COMERCIAL
Fernando Ramos Queiroga,
Patricia Mirella da Silva
& Andrei Félix Mendes
185
de tratamentos em campo, recomenda-se o monitoramento patológico periódico em
populações de ostras cultivadas.
Na ocasião da observação de uma mortalidade anormal (>20%), a coleta e a
conservação de animais, mortos, moribundos e vivos, assim como o envio das mesmas a
um laboratório de diagnóstico ou de referência, devem ser feitas o mais rápido possível.
Existem inúmeros agentes infecciosos, por isso, cada um deles possui um método
de diagnóstico específico. Entretanto, alguns procedimentos são comuns a todos e
são aplicados como rotina para monitorar simultaneamente uma ampla diversidade
de patologias que acometem as ostras. Estes métodos não utilizam microscopia e
serão descritos nesta sessão. Será comentado de forma breve o papel da observação
macroscópica que, apesar de não ser capaz de detectar um patógeno, pois a maioria deles
é invisível a olho nu, pode auxiliar na avaliação de sintomas externos e do estado de saúde
do animal.
Algumas patologias podem causar alterações no aspecto externo da concha, ou
nos tecidos moles do animal. As alterações macroscópicas mais comuns da concha são:
presença de perfurações e tubos, coloração amarelada ou amarronzada e modificação do
tamanho de ambas ou de apenas uma das valvas. Quanto ao aspecto dos tecidos moles,
as alterações mais comuns são: redução ou transparência da glândula digestiva, presença
de nódulos, redução da condição gonadal e retração do manto. Estas alterações podem,
portanto, indicar a presença de um agente patogênico ou estado fisiológico debilitado do
animal que deve ser avaliado.
As análises microscópicas são as mais indicadas para o diagnóstico das patologias
de ostras. Podemos dividir estas análises em três tipos: o imprint de tecidos sólidos, o
esfregaço de tecidos líquidos e o corte histológico.
A preparação de um imprint é simples, rápida e de baixo custo; basta retirar um
fragmento (0,5-1cm2) do tecido de interesse de uma ostra, secá-lo em um papel absorvente
e pressioná-lo na superfície de uma lâmina histológica – pode-se repetir esse procedimento
em vários pontos da lâmina – a fim de deixar uma camada de células do animal e, caso
esteja infectado, do parasita. A lâmina deve ser fixada (metanol ou etanol) e corada com
corantes para células (Giemsa). A observação é feita ao microscópio óptico (MO). Se
houver necessidade de arquivar a amostra, deve-se cobrir com uma lamínula utilizando
um líquido próprio para esta montagem. Para o diagnóstico que visa ao monitoramento de
rotina, pode-se fazer imprints de diferentes tecidos em uma mesma lâmina.
O esfregaço é usado basicamente para tecidos líquidos, como a hemolinfa. Mas
pode ser usado para a observação de patógenos no muco da superfície branquial ou ainda
no líquido da cavidade paleal. O líquido deve ser espalhado sobre a lâmina com auxílio
de outra lâmina ou pipeta, deixando secar ou, no caso da hemolinfa, esperar a adesão
das células por 15-30 minutos e depois proceder a fixação, coloração e montagem como
descrito acima. No caso da hemolinfa, é possível fazer a observação direta da amostra, sem
fixação ou coloração, ao microscópio de contraste de fase.
O corte histológico é o método mais indicado e utilizado para a avaliação global
da saúde das ostras e para a detecção da presença de agentes patogênicos. Por isso é
muito utilizado, isoladamente ou em associação com outros métodos mais específicos.
A elaboração de um corte histológico está descrita em detalhes e de forma ilustrada no
186
livro “Técnicas histológicas para moluscos bivalves marinhos e crustáceos” (HOWARD et
al., 2004), que também fornece as composições de soluções fixadoras e corantes.
Cortes histológicos têm vantagens frente às demais preparações, pois permitem
avaliar diversos tecidos do animal em uma única preparação, além de identificar um ou
mais parasitas, os tecidos afetados e a extensão das lesões em cada um deles.
A reação em cadeia da DNA polimerase (do inglês, Polymerase Chain Reaction,
PCR) é a técnica de biologia molecular mais usada para o diagnóstico específico dos
parasitas. No que se refere aos parasitas de ostras, diversos pares de iniciadores específicos
foram desenvolvidos para a PCR convencional e suas variações. Eles podem ser facilmente
encontrados na literatura científica, e alguns no Manual de Testes de Diagnóstico para
Animais Aquáticos da OIE (vide https://www.oie.int).
A manutenção da saúde das ostras é a condição imprescindível para obter-se altas
taxas de produtividade. Para alcançar esta condição, deve-se primariamente selecionar um
ambiente propício de cultivo. No entanto, mesmo nestas condições, alguns microrganismos
presentes ou introduzidos podem provocar doenças e causar surtos de mortalidades,
afetando a produção e trazendo prejuízos econômicos. Neste capítulo serão abordadas
as doenças com maior impacto na ostreicultura mundial e nacional, incluindo neoplasias,
infecções virais e infecções por protozoários.
12.2.1 Neoplasia
187
da capacidade do sistema imunológico em defender-se de eventuais agentes infecciosos
invasores. Ainda, em casos avançados da doença, a alta quantidade de células neoplásicas
nos tecidos, consumindo nutrientes, leva a uma disfunção dos órgãos que pode levar à
morte do animal. A ND pode ser detectada por dois métodos microscópicos, o esfregaço
de hemolinfa e cortes histológicos.
A B
C D E
Figura 1. Neoplasia Disseminada em ostras Crassostrea gasar: (A) esfregaço de hemolinfa, contendo
células neoplásicas (n) bem maiores que os hemócitos hialinos (ponta de seta) e os granulares (seta);
(B) células neoplásicas (n) e hemócitos (setas) no tecido conjunto; (C) célula neoplásica em divisão
(metáfase); (D) e (E) note o grande núcleo e nucléolo proeminente nestas células neoplásicas. Barra:
10µm para todas as imagens, exceto B que é 20µm.
Fonte: Imagem modificada de da Silva et al., (2018)
188
12.2.2 Herpes-vírus
12.2.3 Bactérias
190
12.2.4 Protozoários
O ciclo de vida mais aceito para os parasitas do gênero Perkinsus está esboçado na
Figura 2. Algumas destas fases estão ilustradas em cortes histológicos na Figura 3.
A transmissão da Perkinsiose entre os hospedeiros se dá principalmente através da
filtração pelas brânquias, embora estudos mais recentes sugiram que o muco dos palpos
labiais aumente a proliferação e a infectividade de P. marinus.
O processo patológico induzido por Perkinsus spp. se dá após a entrada no
hospedeiro, com a progressiva invasão dos tecidos até o ponto de causar alterações
profundas nos órgãos, afetando o estado fisiológico do animal. Nos casos mais graves,
as alterações podem culminar com a morte. Na prática, a patologia é evidenciada pela
redução drástica no crescimento das ostras, perda do potencial reprodutivo e aumento da
suscetibilidade a outros patógenos como vírus e bactérias.
A dinâmica de infecção por Perkinsus spp. numa dada população e região é
influenciada por diversos fatores ambientais, sendo os principais e mais estudados
a salinidade e a temperatura da água. Salinidades e temperaturas altas favorecem a
proliferação, a sobrevivência e a infectividade do parasita. Quanto à salinidade, pode-se
afirmar que ambientes com baixa salinidade (em torno de 12‰) são historicamente livres
da Perkinsiose. Contudo, a elevação da salinidade por um período longo, por exemplo,
na ocorrência de secas, pode propiciar a proliferação no P. marinus na ostra C. virginica.
Com relação à temperatura, estudos realizados em zonas temperadas, principalmente nos
191
Estados Unidos e na Europa, demonstram que a infecção progride com o aumento das
temperaturas. Em regiões tropicais, onde as variações de temperatura e salinidade são
menos dinâmicas e menos flutuantes que nas regiões temperadas, a dinâmica de infecção
por Perkinsus spp. foi pouco estudada.
C A
F
B
A B C
194
em ostras C. gasar de ambiente natural e de cultivo de Sergipe (DA SILVA et al., 2014).
Em seguida, amostras de ostras (C. rhizophorae) coletadas em 2011, no estuário do Rio
Paraíba (PB), revelaram prevalências alcançando 100% e intensidades elevadíssimas de P.
marinus, o que culminou com o primeiro isolamento e cultivo in vitro deste parasita (DA
SILVA et al., 2013). Este foi o primeiro caso de notificação à OIE para bivalves do Brasil. Na
ocasião também houve a publicação de uma portaria para a restrição de movimentação
de ostras a partir da PB.
Além das três espécies citadas anteriormente, Perkinsus chesapeaki foi registrada
em 2012 no CE infectando ostras C. rhizophorae com baixos índices parasitários (prevalência
e intensidade de infecção) (DANTAS-NETO et al., 2016).
Em Santa Catarina, estado que detém a maior produção nacional de bivalves,
recentemente se registrou a primeira ocorrência de P. marinus nas ostras C. gasar e C.
gigas, e P. beihaiensis na ostra C. gasar (LUZ CUNHA et al., 2019). Estas detecções sugerem
uma possível introdução do parasita ocorrida posteriormente ao ano 2008, quando um
monitoramento específico da Perkinsiose foi realizado em ostras (C. gigas e C. rhizophorae)
na Ilha de Santa Catarina (SABRY et al., 2009).
Tabela 2. Ocorrências dos primeiros casos de Perkinsus spp. em ostras no Brasil até o
presente momento
C. gasar
RN Perkinsus sp. (DA SILVA et al., 2016; SILVA et al., 2018)
C. rhizophorae
P. beihaiensis
C. rhizophorae (DA SILVA et al., 2013;
PB P. marinus
C. gasar QUEIROGA et al., 2015)
P. olseni
P. beihaiensis
C. rhizophorae (DA SILVA et al., 2014;
SE P. marinus
C. gasar SCARDUA et al., 2017)
P. olseni
P. beihaiensis C. rhizophorae
SC (LUZ CUNHA et al., 2019)
P. marinus C. gigas
195
Apesar dos inúmeros registros de Perkinsus spp. no Brasil, alguns onde o parasita
infectou com prevalências e intensidades elevadas, não há confirmação de mortalidades
associadas. Um estudo revelou que Perkinsus sp. causa alterações na capacidade de defesa
da ostra C. gasar nas intensidades de infecção avançadas (QUEIROGA et al., 2013), o que
pode causar uma imunossupressão e favorecer infecções oportunistas. Em um prognóstico
de aumento expressivo dos casos de intensidade avançada em uma população de ostras
cultivadas, pode-se prever consequências negativas na produtividade do cultivo. Somente
dois estudos, realizados no NE, avaliaram o efeito da Perkinsiose em parâmetros de
produção (mortalidade e crescimento) e concluíram que há pouco ou nenhum impacto
da doença (DA SILVA et al., 2016; SCARDUA et al., 2017). No entanto, nestes exemplos,
prevaleceram infecções por Perkinsus spp. muito leves, leves ou moderadas, como visto
em outros estudos no NE (BRANDÃO et al., 2013; DA SILVA et al., 2015; DANTAS-NETO
et al., 2015; DANTAS-NETO et al., 2016; QUEIROGA et al., 2015). Portanto, pode-se, de
certa forma, concluir que na atualidade, nos cultivos de ostras do NE, está havendo um
equilíbrio entre parasita-hospedeiro (Perkinsus spp.- ostras). Ainda que hoje a Perkinsiose
não pareça representar uma ameaça à ostreicultura, a intensificação dos cultivos pode
mudar esta situação, como visto em outros países. Uma medida preventiva é proibir as
transferências de ostras entre locais para evitar a introdução do parasita em áreas livres.
O trabalho de (DA SILVA et al., 2016) mostrou que é possível comercializar sementes de
ostras C. gasar livres de Perkinsus spp. produzidas em laboratórios de reprodução.
Quanto à dinâmica da infecção, no Brasil, pouco ainda se conhece, mas os dados
obtidos até hoje indicam que salinidades e temperaturas baixas não são favoráveis à
proliferação do parasita, o que ocorre no inverno do NE com o predomínio de chuvas
(BRANDÃO et al., 2013; DA SILVA et al., 2014; LUZ et al., 2018). Um estudo com isolados P.
marinus de ostras do Brasil também sugere que salinidade e temperatura baixa (5 e 15°C,
respectivamente) não favorecem à proliferação do parasita, enquanto a salinidade de 20
e temperatura de 25°C foram satisfatórias ao crescimento in vitro do parasita (QUEIROGA
et al., 2016). No entanto, ainda são escassos os estudos da Perkinsiose nas populações
cultivadas de ostras em diversas regiões do Brasil. Desta forma, é recomendável a realização
de um monitoramento constante dos índices parasitários e das taxas de mortalidade. Em
caso de uma mortalidade superior a 20%, deve-se contatar o laboratório de referência
nacional de moluscos para uma avaliação do estado de saúde da população e realização
de estudos do agente etiológico.
Este parasita foi identificado pela primeira vez em 1968 na ostra plana europeia O.
edulis após surtos de mortalidade em massa que ocorreram nas décadas de 60 e 70 em
Aber Wrac’h, na França. Inicialmente a doença foi denominada doença Aber ou da glândula
digestiva, que é o órgão afetado. Os episódios consecutivos de mortalidade causaram um
declínio abrupto nas populações de ostras da França. Depois a doença se espalhou por
vários países da Europa (CARRASCO et al., 2015).
Células primárias uninucleadas aparecem inicialmente no epitélio dos palpos labiais
e do estômago. Estas células se dividem dentro do citoplasma da célula mãe e formam oito
196
células secundárias internas denominadas pré-esporângios. Os pré-esporângios migram
para os túbulos da glândula digestiva, onde sofrem divisões internas formando quatro
células terciárias, denominando-se agora de esporângio. As células terciárias amadurecem
formando esporos, que rompem a célula primária e são liberados no lúmen do túbulo
digestivo, indo para as fezes e posteriormente para a água do mar. A esporulação é
observada nos estágios avançados de infecção (Figura 5).
Sinais clínicos da infecção por M. refringens são a descoloração da glândula digestiva
e a redução na assimilação de nutrientes, levando à perda das reservas de glicogênio,
a qual afeta diretamente a gametogênese e indiretamente o crescimento. As alterações
histopatológicas mais evidentes são observadas nas células epiteliais do estômago e,
principalmente, dos túbulos digestivos que, nos casos avançados da doença, sofrem
desintegração e alterações necróticas, levando o animal à morte.
A dinâmica da infecção está associada com a temperatura da água. O início das
infecções ocorre no final da primavera, quando as temperaturas alcançam 17°C, que é o
gatilho para a multiplicação do parasita e para a transmissão entre as ostras. No verão e no
início do outono ocorre o pico das prevalências e das mortalidades, ocasionadas pela alta
intensidade de infecção nos túbulos digestivos. Inúmeros esporos são liberados na água do
mar após a ruptura dos túbulos digestivos. No inverno ocorre o recuo da infecção.
Para o diagnóstico de infecções por M. refringens estão os métodos não específicos
por análise microscópica de macerados da glândula digestiva ou das fezes e o imprint
de glândula digestiva. Estes métodos são especialmente úteis em estágios avançados da
doença. Nestes preparados deve-se observar corpos esféricos (esporângios maduros)
contendo grânulos refringentes em seu interior (esporos). A PCR é feita para confirmar
o diagnóstico, utilizando preferencialmente a glândula digestiva e o par de iniciadores é
M2A-M3AS. Não há casos de M. refringens em ostras no Brasil.
A B
Figura 5. Marteilia refringes em ostras Ostrea edulis: (A) túbulo digestivo com estágio avançado de
infecção mostrando vários esporângios (setas). Barra: 100µm; (B) esporângio no lúmen de um túbulo
digestivo mostrando esporos refringentes. Barra: 10µm
Fonte: Imagens cordialmente cedidas por Dr. Antonio Villalba (CIMA, Galicia, Espanha).
197
12.2.4.3 Haplosporidium nelsoni
A B C
Figura 6. Haplosporidium nelsoni em Crassostrea virginica: (A) tecido conjuntivo contendo plasmódios
do parasita (setas). Barra: 10µm; (B) glândula digestiva mostrando dois túbulos digestivos infectados
com esporocistos (setas). Barra: 100µm; (C) ampliação de um esporócitos mostrando esporos
(pontas de seta) Barra: 10µm
Fonte: Imagens cordialmente cedidas por Dr. Antonio Villalba (CIMA, Galicia, Espanha).
198
A infecção está associada com o aumento da temperatura. O início das infecções
se dá no final da primavera, ocorrendo um aumento progressivo até o verão e o outono.
As mortalidades ocorrem no inverno. A salinidade também tem um papel fundamental na
proliferação do parasita, o qual resiste a salinidades inferiores a 10 e tem uma expressiva
proliferação em salinidades próximas de 20. Não há casos registrados de H. nelsoni no
Brasil.
Cortes histológicos e o imprint do coração são usados para a detecção (FORD et
al., 2018), assim como amostras de brânquias para a confirmação por PCR com o par de
iniciadores MSX-A’-MSX-B’ (STOKES et al., 1995).
Figura 7. Bonamia spp. em Ostrea edulis: (A) esfregaço de hemolinfa mostrando hemócitos (setas)
infectados (setas), alguns contendo até quatro células de B. ostreae (pontas de seta). Barra: 10µm;
(B) grande quantidade de hemócitos infectados infiltrados no tecido conjuntivo. Barra: 100µm. Na
ampliação, um hemócito contendo inúmeras células do parasita (pontas de seta). Observe o núcleo
excêntrico; (C) tecido conjuntivo infectado por B. exitiosa (pontas de seta), observe o núcleo que, ao
contrário de B. ostreae, posiciona-se no centro da célula. Barra: 10µm
Fonte: Imagens cordialmente cedidas por Dr. Antonio Villalba (CIMA, Galicia, Espanha).
12.3.1 Vírus
12.3.2 Bactérias
12.3.3 Protozoários
12.3.4 Metazoários
12.3.4.2 Polidariose
12.3.5 Fungos
202
203
204
Foto: Sandra Puente
Capítulo 13 - A IMPORTÂNCIA DAS OSTRAS
NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS
João Guzenski
Introdução
Fonte: Elaborado a partir de Millenium Ecosystem Assessment (2005), Pollack et al., (2013)
208
de regulação de remoção de carbono, que também pode ser chamado de biosequestro
de carbono, pois as ostras incorporam este elemento químico em suas conchas por muito
tempo. O óxido de cálcio (CaO) da concha das ostras pode sequestrar o CO2 ambiental
para a produção de carbonato de cálcio (CaCO3) (CERCO, 2015). De acordo com Hinckey
(2008), em 100g de conchas de ostras do Pacífico se encontram 12g de carbono absorvido
permanentemente. Em experimentos realizados com ostra-do-mangue em Cananéia,
Miraldo (2015) observou que mais de 2,63t em dióxido de carbono são absorvidas por
tonelada de ostra produzida. Para efeitos de avaliação do serviço regulador de remoção
de carbono prestado pelo cultivo de ostras, baseado na produção local, somente em Santa
Catarina há uma absorção próxima de 7.500t de CO2 por ano.
Por absorver gases do efeito estufa, como gás carbônico e metano, o cultivo de
ostras contribui para a redução do aquecimento global. Este mecanismo produz efeitos
positivos no meio ambiente e os produtores deveriam ser compensados por esse serviço,
participando no mercado de créditos de carbono. Além disso, o cultivo de moluscos
tem sido reconhecido desde a década de 1980 como uma das medidas para melhorar a
qualidade das águas costeiras (SHUMWAY, 2011). As ostras se alimentam do fitoplâncton
e de partículas de matéria orgânica presentes na água. Portanto, a adição de alimento ao
sistema não é necessária, e todos os nutrientes utilizados pelos animais são oriundos do
ambiente. Desse modo, após a despesca, todos os nutrientes adquiridos pelos animais,
como nitrogênio e fósforo, são retirados permanentemente do ambiente (RICE, 2008),
o que pode reduzir a concentração de nutrientes do corpo de água onde o cultivo está
inserido (MANN & RYTHER, 1977; SHUMWAY et al., 2003; RIMMER, 2008). Assim, o cultivo
de moluscos filtradores pode ser usado para biorremediação em ambientes eutrofizados
(MIRALDO, 2015).
209
longo da vida. Isso proporciona uma sensação de lar e melhora a relação com a natureza,
valoriza a espiritualidade, a consciência de que se está fazendo algo com e para o ambiente
marinho e para sustentar a produção de alimentos saudáveis em um ecossistema costeiro
sadio (KRAUSE et al., 2019).
Avaliações indicam que os serviços globais não alimentares do cultivo de moluscos
bivalves valem em média 6,47 bilhões de dólares por ano. No entanto, é provável que
esteja subestimado o verdadeiro valor destes serviços ecossistêmicos, uma vez que
existem lacunas significativas na evidência do valor de vários serviços essenciais. A análise
apresentada pode ser usada para indicar uma escala provável de pagamentos por serviços
ecossistêmicos fornecidos, antes de avaliações mais detalhadas (SCHATTE OLIVIER et
al., 2020). Outros serviços culturais se manifestam, como a recreação, a produção de
fotografias, os livros, as pinturas e as feiras para a promoção da ostreicultura e sua crescente
participação nas comunidades locais, como, por exemplo, o Rock Oyster Festival, que
ocorre anualmente na cidade de Wishtable, Província de Kent, no Reino Unido, reunindo
80 mil visitantes, o Washington Oyster Festival, que acontece em Shelton, no estado de
Washington, EUA, com 15 mil visitantes e no Brasil, onde se promove a Festa Nacional
da Ostra (Fenaostra) (Figura 1), maior evento dedicado à gastronomia de ostras do Brasil,
realizada anualmente em Santa Catarina, na cidade de Florianópolis, há mais de 21 anos.
Em sua edição de 2019, a Fenaostra reuniu 70 mil pessoas, segundo a imprensa local.
210
13.6 Serviços de suporte
211
Tabela 2. Estimativa das quantidades potenciais de alguns constituintes na produção da
malacocultura em 2015 (em toneladas)
Santa Catarina Santa Catarina
Região Américas Mundo
(moluscos) (ostras)
Fonte: Elaboração própria baseada em Epagri/Cedap (2020) e Schatte Olivier et al., (2020)
Neste estudo foi estimado que são gerados anualmente aproximadamente 4,5
milhões de toneladas de resíduos de conchas no mundo, que possuem um valor estimado
de 5,3 bilhões de dólares, se bem utilizados. Além disso, os moluscos cultivados removem
anualmente 49,2 mil toneladas de nitrogênio com um valor estimado em 985 milhões de
dólares e 5,8 mil toneladas de fósforo, que equivalem aproximadamente a 211 milhões
de dólares do ambiente marinho costeiro. Além disso, outros serviços ecossistêmicos de
regulação, culturais e de apoio, passíveis de serem monetizados, teriam um valor estimado
em 6,5 bilhões de dólares.
Serviços de
2.300.791.000 101.476.000 15.043.399 23.919.193.000
abastecimento
Outros serviços
197.777.000 8.723.000 1.293.000 6.471.217.000
ecossistêmicos
Soma dos serviços
2.498.564.000 118.922.000 17.644.697 30.390.410.000
ecossistêmicos
Fonte: Elaboração própria baseada em Epagri/Cedap (2020) e Schatte Olivier et al., (2020)
212
Como forma de comparar a importância da malacocultura catarinense em um
cenário global, estimamos a contribuição estadual, na qual obtivemos uma remoção anual
de nitrogênio por meio da ostreicultura em Santa Catarina, na ordem de 14,7 toneladas
com um valor de 295 mil dólares e de fósforo de 1,4 toneladas, representando cerca de 50
mil dólares, além de outros serviços ecossistêmicos avaliados em aproximadamente 1,3
milhão de dólares anualmente. A soma de todos os serviços ecossistêmicos realizados pela
ostreicultura de Santa Catarina possíveis de serem estimados equivalem a 17,6 milhões de
dólares (baseado em dados da produção de 2015).
Portanto, aumentar o reconhecimento, a compreensão e a contabilização da
provisão de serviços ecossistêmicos pela ostreicultura por meio de políticas inovadoras,
possibilidades de financiamento da atividade e esquemas de certificação pode incentivar a
entrega ativa de benefícios e possibilitar efeitos em uma escala ainda maior das vantagens
da atividade para as pessoas e para a natureza (ALLEWAY et al., 2018).
213
214
Foto: Eonir Teresinha Malgaresi
Capítulo 14 - O PRAZER DE CONSUMIR OSTRAS
Narbal Correa
& Felipe Matarazzo Suplicy
Introdução
215
14.1 A qualidade e segurança em ostras
Antes de comprar as ostras, inspecione-as para se certificar de que estão vivas e com
a concha intacta. As valvas devem estar bem fechadas, ou devem fechar-se rapidamente
assim que forem tocadas. As ostras começam a perder líquido assim que saem do mar.
Por isso, as ostras que parecem densas e pesadas na mão indicam que estão cheias de
líquido e, portanto, mais frescas. Elas devem estar com um doce e agradável odor de mar.
Descarte as ostras que não se fecharem ou que estiverem com mau odor.
O maior valor agregado de uma ostra é o seu frescor. A regra com estes moluscos
é “mova-as rápido e mantenha-as frias”. Em casa, as ostras podem ser mantidas em uma
tigela grande na parte inferior da geladeira, posicionadas com a parte côncava para baixo
para evitar a perda de líquido interno e cobertas com um pano úmido. Armazenadas desta
forma, as ostras podem sobreviver por até sete dias. As ostras possuem alguma respiração
aérea e por isso não devem ser guardadas em sacos plásticos selados. Elas também
morrerão se forem mantidas mergulhadas em água doce ou no gelo derretido.
216
A forma mais popular de consumo de ostras é certamente a crua, ainda vivas, regadas
ou não de algumas gotas de sumo de limão, ou com algum molho de acompanhamento.
As ostras cruas devem sempre ser servidas sobre uma camada de gelo para que sejam
saboreadas bem geladas.
Outro fator importante a ser considerado é a condição da ostra em relação a sua
maturação sexual, e isto varia de acordo com a espécie e a região onde são cultivadas.
As gônadas das ostras são formadas por reservas de glicogênio que lhes dão um sabor
adocicado. Quando as gônadas estão cheias, as ostras estão em sua melhor condição de
sabor e textura. É possível saber se as ostras estão com as gônadas maduras, virando-
as dentro da concha após cortar o músculo adutor e observando-a. Quando as ostras
estão maduras, elas ocupam quase toda a cavidade da concha e a glândula digestiva está
totalmente coberta pela gônada (Figura 1). Salgadas, cremosas, doces, picantes e ácidas,
as melhores ostras têm esses cinco traços de sabor em perfeito equilíbrio. No caso de
ostras do mangue, a intensidade do sabor salgado dependerá da localização do cultivo
dentro do estuário, quanto mais próxima do oceano, mais salgado será o seu sabor.
Figursa 1. Ostra com as gônadas repletas de glicogênio, em sua melhor condição (A), e uma ostra com
as gônadas parcialmente cheias (B). A Glândula digestiva está apontada por uma flecha na ostra B
Foto: Daniel Honan
217
Chamado por alguns como “um beijo do mar”, saborear uma ostra crua é uma
experiência sensorial intensa e única. Esta experiência foi descrita de maneira criativa e
poética por McKean & Whitbeck (2000) da seguinte forma:
Molhadas e trêmulas, cada suculenta ameixa-do-mar se desdobra em uma explosão
de sabor, florescendo como um buquê na sua língua. Quando você mastiga a ostra
lentamente, o poder do mar é subitamente liberado, surgindo através dos sentidos
em ondas espumosas de gostos e emoções. Seu paladar é vibrante e vivo, como
crispas de pepino arrepiadas com o sabor salgado do surf. Camadas de sabor caem
em seus sentidos – cogumelos da terra, minerais atrevidos, névoa fria e úmida do
oceano. Você persegue a ostra com um gole frio e refrescante de vinho acerado. Ele
corre através de você como o vento, levando consigo todos os aromas e sabores do
mar, deixando-o alegre e clamando por mais.
218
1 - Insira a ponta da faca no ligamento
localizado no umbo da ostra. A única coisa
que deve se mover é a ponta da sua faca,
que deve ser introduzida gradualmente,
ao invés de usar toda a força de uma só
vez. Durante a abertura, é preciso alguma
sensibilidade, combinando força e cuidado
para não quebrar a concha;
Observação: Existe uma outra técnica para abrir as ostras, pela lateral da concha. Porém, esta técnica
possui um risco maior de deixar resíduos de concha na carne, e por isso não será apresentada neste
capítulo.
219
14.4 Receitas com ostras
Esta é a receita mais simples com ostras. Basta abrir as ostras frescas conforme
a explicação da seção anterior e dispô-las em uma travessa ou prato com gelo picado.
Acrescente alguns pedaços de limão e sirva imediatamente após elas serem abertas.
220
14.4.2 Ceviche de ostras
Ingredientes
•12 ostras frescas
•12 tiras de cebola pigmentada (veja receitas básicas, abaixo)
•12 tiras de gengibre
•½ pimenta dedo-de-moça, sem sementes, cortada em cubos pequenos
•Salsa bem picada
•12 cubos de 5mm de batata-doce cozida
•6 pimentas biquinho
•3 colheres (sopa) de azeite
•1 colher (sopa) de sumo de limão siciliano
Modo de preparo
Abra as ostras seguindo o procedimento descrito acima. Arrume sobre cada ostra
uma tira de cebola e uma tira de gengibre formando um “X”. Salpique a pimenta dedo-de-
-moça e a salsa sobre as ostras. Corte as pimentas biquinhos ao meio. Distribua as pimentas
biquinho e os cubos de batatas sobre as ostras. Misture o azeite com o sumo de limão
siciliano e regue as ostras. Sirva-as sobre uma camada de sal grosso, que tem a finalidade
de mantê-las equilibradas e voltadas para cima, com o líquido dentro da concha.
221
14.4.3 Ostras no vapor
Ingredientes
•12 ostras frescas
•12 gomos de limão
•Água
Modo de preparo
Distribua as ostras, em uma caçarola, com a parte côncava (valva inferior) para
baixo. Coloque água até uma altura que não alcance a abertura das ostras, para evitar que
a água entre no interior da concha. Leve ao fogo até que a ostra abra. Neste ponto, retire
do fogo e sirva as ostras, com ou sem a concha superior, em um prato sobre uma cama de
sal grosso. Guarneça com limão e molho de pimenta (opcional).
222
14.4.4 Ostras estaladas com ouriços e molho oriental
Ingredientes
•12 ostras frescas
•1 pepino japonês
•12 “ovas” (gônadas) de ouriços
•Molho oriental (veja receitas básicas, abaixo)
•2 colheres (sopa) de nata fresca
•1 colher (sobremesa) de sumo de limão siciliano
•1 colher (chá) de açúcar branco
Decore com mostarda wasabi, repolho roxo, rúcula ou nabo branco
Modo de preparo
Acenda a churrasqueira e forme uma camada regularmente distribuída de brasa
forte. Prepare o molho oriental misturando a nata, o sumo de limão e o açúcar. Retire
a casca e as sementes do pepino e corte-o em cubos de 2cm. Leve os cubos de pepino
ao freezer por dez minutos, antes do momento de montar o prato. Leve as ostras à
churrasqueira sobre uma grelha próxima da brasa. Mantenha as ostras na churrasqueira
até elas começarem a estalar. Arrume as ostras sem concha superior em um prato com
uma camada de sal grosso. Regue com uma colher (chá) de molho oriental e distribua
uma colher (chá) de pepino sobre cada ostra. Com o auxílio de uma manga de confeiteiro
recheada com o creme com limão, disponha aproximadamente uma colher (café) sobre o
pepino e cubra com uma ova de ouriço. Decore com o ingrediente de sua preferência entre
os sugeridos na receita.
223
14.4.5 Ostras gratinadas (sem queijo)
Ingredientes
•12 ostras frescas
•1 colher (sopa) de ervas picadas (salsa, manjericão, tomilho e alecrim)
•6 colheres (sopa) farinha panko ou migalhas de pão
•100 gramas de manteiga
•12 gomos de limão
Modo de preparo
Abra as ostras, descarte a concha superior e o líquido interior. Leve as ostras a uma
assadeira com sal grosso no fundo para manter as ostras equilibradas. Derreta a manteiga
e misture com as ervas e com a farinha. Cubra as ostras com a mistura e leve ao forno até
dourar. Sirva em um prato sobre uma camada de sal grosso. Guarnecer com limão e molho
de pimenta (opcional).
224
14.4.6 Ostras gratinadas (com queijo)
Ingredientes
•12 ostras frescas
•1 colher (sopa) de manteiga
•½ colher (sopa) de cebola bem picada
•3 colheres (sopa) de nata fresca
•3 colheres (sopa) de molho branco (veja receitas básicas, abaixo)
•3 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado
•1 colher (sopa) de salsa e alfavaca bem picadas
•12 gomos de limão
Modo de preparo
Abra as ostras, descarte a concha superior e o líquido interior. Retire a carne das
ostras. Reserve as conchas inferiores. Em uma panela branqueie a cebola na manteiga.
Acrescente as ostras, a nata, uma colher (sopa) de queijo parmesão, molho branco e
ervas, mantendo no fogo por três minutos. Posicione as conchas inferiores das ostras em
uma assadeira com sal grosso. Preencha as conchas com as ostras e o molho. Distribua o
parmesão restante sobre as ostras recheadas e leve ao forno, preaquecido a 200°C, por 10
minutos ou até que o queijo doure. Sirva com gomos de limão.
225
14.4.7 Ostras cobertas com pâte brisée (massa podre)
Ingredientes
•12 ostras frescas
•1 colher (sopa) de manteiga
•½ colher (sobremesa) de alho bem picado
•3 colheres (sopa) de nata fresca
•3 colheres (sopa) de molho branco
•1 colher (sopa) de alfavaca bem picadas
•Pâte brisée (massa podre) (veja receitas básicas, abaixo)
•2 gemas
•12 gomos de limão
Modo de preparo
Abra as ostras, descarte a concha superior e o líquido interior. Retire a carne das
ostras. Reserve as conchas inferiores. Em uma panela frite o alho na manteiga até começar
a dourar. Acrescente as ostras, a nata, o molho branco e a alfavaca, mantendo no fogo
por três minutos. Posicione as conchas inferiores das ostras em uma assadeira com sal
grosso. Preencha as conchas com as ostras e o molho. Retire a massa da geladeira e corte
retângulos maiores que as ostras. Cubra cada ostra com o retângulo, pressionando nas
laterais para lacrar, fazendo assim uma tampa de massa podre para o molusco. Bata a
gema e pincele sobre a massa. Leve ao forno, preaquecido a 180°C, entre 15 a 20 minutos
ou até que a massa esteja cozida e dourada. Sirva com limão.
226
14.5 Receitas básicas
Ingredientes
•50ml de vinagre de arroz
•Sumo de 1 limão
•25ml de saquê mirim
•25ml de saquê
•1 colher (sopa) de óleo de gergelim
•50ml de água
•Sumo de ½ laranja
•1 colher (café) de sal
Modo de preparo
Leve o saque e o mirim ao fogo em uma panela e ferva por um minuto para que o
álcool evapore. Retire do fogo e misture os ingredientes restantes. Conserve na geladeira.
Ingredientes
•1 cebola cortada em tiras de 3mm
•½ xícara de vinagre de álcool
•1 colher (sopa) açúcar branco
•1 beterraba pequena cortada em quatro
•500ml de água
Modo de preparo
Coloque todos os ingredientes em uma panela e cozinhe em fogo médio por 20
minutos. Neste ponto, retire do fogo e deixe esfriar. Retire as beterrabas e coloque as tiras
de cebola com o líquido em um vidro de conserva. Mantenha na geladeira.
Ingredientes
•100g de gengibre cortado em tiras de 2mm
•½ xícara de vinagre de álcool
•2 colheres (sopa) de açúcar branco
•1 colher (chá) de cúrcuma (açafrão da terra)
•500ml de água
Modo de preparo
Leve todos os ingredientes em uma panela e cozinhe em fogo médio por 30 minutos.
227
Neste ponto, retire do fogo e deixe esfriar. Coloque as tiras de gengibre com o líquido em
um vidro de conserva. Mantenha na geladeira.
Ingredientes
•300ml litro de leite em temperatura ambiente
•1 colher (sopa) de farinha de trigo
•1 colher (sopa) de manteiga
•1 colher (café) de noz-moscada
•Sal e pimenta-do-reino moída na hora, a gosto
Modo de preparo
Derreta a manteiga em uma panela, junte a farinha e mexa vigorosamente com
um batedor de arame, por cerca de três minutos, para que cozinhe a ponto de não deixar
gosto de farinha na mistura. Neste ponto acrescente o leite mexendo até que crie um
molho espesso. Tempere com noz-moscada, sal e pimenta.
Ingredientes
•400g de farinha de trigo
•200g de manteiga sem sal cortada em cubos
•2 ovos
•1 colher (chá) de sal
•4 colheres (sopa) de água gelada
Modo de preparo
Misture a farinha peneirada com o sal e a manteiga gelada até formar uma farofa.
Neste ponto acrescente os ovos batidos, misturando o mínimo possível. Coloque a água
aos poucos e incorpore à massa obtida até dar liga. Esticar com rolo entre dois plásticos até
obter a espessura de 3mm. Leve à geladeira.
228
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