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ISSN 1414-5219 (impresso)

BOLETIM DIDÁTICO 164 ISSN 2674-9505 (on-line)


Novembro/2022

Proteções de nascentes
Governador do Estado
Carlos Moisés da Silva

Secretário de Estado da Agricultura, da Pesca


e do Desenvolvimento Rural
Altair Silva

Presidente da Epagri
Edilene Steinwandter

Diretores

Célio Haverroth
Desenvolvimento Institucional

Giovani Canola Teixeira


Administração e Finanças

Humberto Bicca Neto


Extensão Rural e Pesqueira

Vagner Miranda Portes


Ciência, Tecnologia e Inovação
ISSN 1414-5219 (impresso)
ISSN 2674-9505 (on-line)
Novembro/2022

BOLETIM DIDÁTICO N˚164

Proteções de nascentes

Suselei Brunato Weber


Juliane Garcia Knapik Justen
Éverton Blainski
Clístenes Antônio Guadagnin

Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina


Florianópolis
2022
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri)
Rodovia Admar Gonzaga, 1347, Itacorubi, Caixa Postal 502
88034-901 Florianópolis, SC, Brasil
Fone: (48) 3665-5000, fax: (48) 3665-5010
Site: www.epagri.sc.gov.br

Editado pelo Departamento Estadual de Marketing e Comunicação (DEMC).

Revisores ad hoc: Alex Caitan Skolaude, Ivanda Masson


Editoração técnica: Márcia Cunha Varaschin
Revisão textual: Laertes Rebelo
Diagramação: Victor Berretta

Capa: Proteção de fonte modelo tubo vertical (Marcelo Frosi), modelo Caxambu (Aires
Mariga), modelo com tubo de PVC com apoio de estrutura de concreto (Kátia Mello)
Proteção do entorno (Aires Mariga).

Primeira edição: Novembro de 2022


Impressão: Gráfica CS
Tiragem: 500 exemplares

É permitida a reprodução parcial deste trabalho desde que citada a fonte.

Ficha catalográfica

WEBER, S.B.; JUSTEN, J.G.K.; BLAINSKI, E.; GUADAGNIN, C.A.


Proteções de nascentes. Florianópolis: Epagri, 2022. 35p.
(Epagri, Boletim Didático, 164)

Proteção de fonte; Preservação de nascentes; Fonte Caxambu;


Recuperação de nascentes

ISSN 1414-5219 (impresso)


ISSN 2674-9505 (on-line)

O
ORGANIZADORES/AUTORES

Suselei Brunato Weber


Assistente Social, extensionista social da Gerência Regional de Tubarão, Rd. SC 370, Km
173- Rua Dolores Corrêa Goulart, S/N, 88708-808, Tubarão, SC, fone: (48) 3631-9452,
e-mail: suselei@epagri.sc.gov.br

Juliane Garcia Knapik Justen


Engenheira florestal, extensionista rural da Gerência Regional de Rio do Sul, Rua
Jaraguá,145, 89164-126, Bairro Canoas, Rio do Sul, SC, fone: (47) 3526-3183, e-mail:
julianeknapik@epagri.sc.gov.br

Éverton Blainski
Engenheiro-agrônomo, pesquisador, Epagri – Departamento Estadual de Gestão de
Pesquisa e Inovação, Rod Admar Gonzaga,1347, Bairro Itacorubi, 88034-901, Florianópolis,
SC, fone: (48) 3665-5144, e-mail: evertonblainski@epagri.sc.gov.br

Clístenes Antônio Guadagnin


Engenheiro-agrônomo, extensionista rural da Gerência Regional de São Miguel do Oeste,
Rod. SC 386 Km 03, S/N, Bairro Linha Cruzinhas, 89900-000, São Miguel do Oeste, SC,
Fone: (49) 3631-3229, e-mail: guada@epagri.sc.gov.br
SUMÁRIO

Introdução................................................................................................................... 7

1 PROTEÇÃO DE NASCENTES COM TUBO DE CONCRETO NA POSIÇÃO HORIZONTAL..... 8


1.1 Material necessário para construção...................................................................... 8
1.2 Cuidados na execução............................................................................................ 9
1.3 Como fazer a proteção da fonte modelo Caxambu com tubo de concreto na
posição horizontal....................................................................................................... 9
1.4 Como instalar a proteção de fonte Caxambu........................................................ 10

2 PROTEÇÃO DE NASCENTES COM TUBO DE PVC NA POSIÇÃO HORIZONTAL.............. 13


2.1 Modelo com tubo de PVC e canos embutidos...................................................... 13
2.1.1 Material necessário para construção................................................................. 13
2.1.2 Como fazer a proteção da fonte........................................................................ 14
2.2 Modelo com tubo de PVC com apoio de estrutura de concreto............................ 15
2.2.1 Material necessário para construção................................................................. 15
2.2.2 Preparação dos tubos....................................................................................... 15
2.2.2 Como instalar a proteção de fonte.................................................................... 16

3 PROTEÇÃO DE FONTE MODELO TUBO VERTICAL..................................................... 21


3.1 Materiais necessários para a construção.............................................................. 21
3.2 Cuidados na execução.......................................................................................... 22
3.3 Como fazer a proteção de fonte modelo tubo vertical.......................................... 22

4 CONSTRUÇÃO DE PEQUENAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ..................................... 28


4.1 Material necessário para construção.................................................................... 28
4.2 Como fazer a proteção da fonte........................................................................... 29
5 MANUTENÇÃO DAS PROTEÇÕES DE FONTES........................................................... 31

6 AS PROTEÇÕES DE FONTES E A LEGISLAÇÃO EM SANTA CATARINA.......................... 31

7 RECUPERAÇÃO DO ENTORNO................................................................................. 32

AGRADECIMENTOS.................................................................................................... 34

LITERATURA CONSULTADA......................................................................................... 35
INTRODUÇÃO

A essencialidade do elemento água para a existência e sobrevivência da vida na


Terra em todas as suas formas é ponto pacífico. Buscar a proteção dos mananciais e a
qualidade da água para a dessedentação animal e atividades antrópicas é, portanto, um
compromisso fundamental tanto sob o ponto de vista da segurança produtiva quanto da
saúde e sobrevivência humana. Preservar água é uma prioridade da Epagri, uma vez que
o recurso natural é indispensável à vida e, consequentemente, para a agricultura. São
várias alternativas que os extensionistas e pesquisadores criaram, adaptaram e difundem
para permitir a abundância de água nas propriedades rurais familiares sem grandes
investimentos e com sustentabilidade ambiental.
A proteção de nascentes, também chamada de proteção de fonte, é uma tecnologia
ambiental e social de baixo custo utilizada em muitas propriedades rurais para impedir o
assoreamento da fonte e a queda de materiais orgânicos no seu interior, influenciando
positivamente na disponibilidade e na potabilidade da água na propriedade rural.
Confira algumas vantagens que as proteções de fontes proporcionam:
● Maior aproveitamento do manancial de água;
● Baixo custo de construção;
● Dispensa de limpeza periódica da fonte;
● Diminuição da turbidez da água em épocas de chuva;
● Impede o acesso de animais à fonte;
● Reduz a contaminação bacteriológica da água;
● Melhora as características físico-químicas da água;
● Contribui para resiliência hídrica no meio rural.
Além da colocação ordenada dos materiais na fonte previamente limpa, os modelos
têm como importante diferencial a proteção do entorno, que deve ser isolado e mantido
com vegetação nativa para melhorar a qualidade da água captada. Dependendo de seu
tamanho, é uma fonte segura de água para uma ou mais famílias.
A proteção de fonte mais conhecida é o modelo Caxambu, que foi desenvolvida no
final da década de 1980 no município de Caxambu do Sul, Santa Catarina. Esse modelo é
resultado de um trabalho conjunto entre extensionistas da Epagri, o engenheiro-agrônomo
Jandir Alberto de Amorin e da extensionista social Sandra Dambrós, da Secretaria dos
Negócios do Oeste através do geólogo Mariano José Smaniotto, da prefeitura de Caxambu
do Sul e de agricultores do município. Hoje esta tecnologia está disseminada por todo o
Estado.

Proteções de nascentes 7
Visando aperfeiçoar o projeto, foram se incorporando adaptações e melhorias
surgidas ao longo dos anos. O modelo Caxambu recebeu variações principalmente para
se adaptar à diversidade das condições naturais de relevo, acesso ao afloramento d’água,
declividade e diferentes tipos de solo. Além das variações desenvolvidas para o modelo
Caxambu, que utiliza a estrutura física de um tubo, outros tipos ganharam importância:
alguns têm como base uma estrutura de concreto ou tijolos, outros modelos utilizam o
tubo na posição vertical.
Esse documento apresenta procedimentos básicos para a instalação dos principais
modelos de proteções de fontes utilizados em Santa Catarina, reconhecidos pelo Conselho
Estadual de Meio Ambiente (Consema) como atividades eventuais e de baixo impacto
ambiental.

1 PROTEÇÃO DE NASCENTES COM TUBO DE


CONCRETO NA POSIÇÃO HORIZONTAL
Também chamado de modelo Caxambu ou Caxambu tradicional, é a proteção de
nascentes mais conhecida, na qual se utiliza uma estrutura composta por um tubo de
concreto com diâmetro mínimo de 200mm contendo saídas de água feitas com canos de
PVC.

1.1 Material necessário para construção

● Um tubo de concreto de 200mm de diâmetro;


● Dois canos de PVC de 30cm de comprimento e 40mm de diâmetro, para o cano-
ladrão e o de limpeza;
● Um tampão (cap) de 40mm para o cano de limpeza;
● Dois canos de PVC ou cano soldável, de 30cm de comprimento e 25mm de
diâmetro (ou mais, igual à quantidade de saída de água), para o encanamento;
● Pedra-de-mão (pedra-ferro);1
● Brita nº 2;1
● Pedaços de telha ou de tijolo (cacos);1
● Mangueira para escoamento de água durante a construção;
● Mangueira para encanamento de água até o reservatório.2

1
A quantidade varia de acordo com o tamanho da fonte.
2
O comprimento pode variar em função da distância da nascente até o reservatório.

8 Proteções de nascentes
1.2 Cuidados na execução

● Aproveitar todas as nascentes do local;


● Assentar bem o tubo;
● Garantir que toda a água saia somente pelos canos;
● Proteger o cano-ladrão com tela para evitar o acesso de animais;
● Colocar tampão (cap) no cano de limpeza;
● Quando a fonte tiver quantidade grande de água, deixar um lado do tubo sem
concretar para facilitar a saída da água na enxurrada;
● Passar massa de barro ou cimento entre as pedras que ficam aparentes.

1.3 Como fazer a proteção da fonte modelo Caxambu com tubo de


concreto na posição horizontal

Figura 1. Concretar os canos de PVC no tubo de


concreto de acordo com os seguintes passos: cano-
ladrão, na parte superior do tubo; cano de limpeza, na
parte inferior do tubo; o(s) cano(s) para saída da água
(encanamento), na parte central do tubo

Proteções de nascentes 9
Figura 2. Layout de construção da estrutura física utilizando tubo de concreto e canos menores de
PVC
Fonte: Epagri (2017)

1.4 Como instalar a proteção de fonte Caxambu

Figura 3. Escolher uma


nascente perene e preparar
o local para instalação da
proteção. Limpar o local de
captação de água. A instalação
deve ser feita manualmente
ou, excepcionalmente, com
máquina de forma a mobilizar
o mínimo possível o solo

10 Proteções de nascentes
Figura 4. Construir a base
onde será instalado o tubo
na posição horizontal e
assentar o tubo nivelado
usando massa de barro
ou cimento – conforme o
local, proteger com pedras
maiores a entrada da boca
do tubo

Figura 5. Preencher com pedras após a instalação do tubo de concreto, até cobrir totalmente o
tubo e fazer a lavagem e a higienização do local utilizando água sanitária

Proteções de nascentes 11
Figura 6. Preencher
com pedras colocando,
inicialmente, cacos de
telha ou tijolo em cima
das pedras maiores. Em
seguida, colocar uma
camada de brita nº 2
para cobrir os cacos

Figura 7. Instalar uma


lona de proteção após
a colocação das pedras
e cacos, tendo cuidado
de cobrir tudo e evitar
de cobrir a parte frontal
do tubo. Finalizar com
a colocação de solo
sobre a lona plástica e
recomposição do local

12 Proteções de nascentes
2 PROTEÇÃO DE NASCENTES COM TUBO DE PVC NA
POSIÇÃO HORIZONTAL
É uma alternativa orientada para condições de difícil acesso, com pouca mão de
obra e que requer materiais mais leves. É recomendada também para nascentes pequenas.
A utilização de tubo de PVC ocorre de duas formas, com os canos de saída d’água
e ladrão embutidos no tubo maior, ou de forma paralela ao tubo central, com apoio de
uma estrutura de concreto.

2.1 Modelo com tubo de PVC e canos embutidos

Neste modelo, a única adaptação ao modelo Caxambu, que utiliza originalmente o


tubo de concreto, é a utilização do tubo de PVC.

2.1.1 Material necessário para construção

● Um pedaço de 1 metro de tubo de PVC, preferencialmente de 200mm de


diâmetro;
● Dois canos de PVC de 40cm de comprimento e 40mm de diâmetro, para cano-
ladrão e o de limpeza;
● Um tampão (cap) de 40mm para o cano de limpeza;
● Um cano de PVC ou cano soldável de 25mm de diâmetro (ou mais, igual à
quantidade de saída de água), para o encanamento;
● Pedra-de-mão (pedra-ferro);1
● Brita nº 2;1
● Mangueira para encanamento de água até o reservatório.

1
A quantidade varia de acordo com o tamanho da fonte.

Proteções de nascentes 13
2.1.2 Como fazer a proteção da fonte

Figura 8. Conectar os
canos menores de PVC no
tubo de PVC de 200mm:
o cano-ladrão, na parte
superior do tubo; o cano
de limpeza, na parte
inferior do tubo; o(s)
cano(s) para saída da água
(encanamento), na parte
central do tubo

Figura 9. Instalar o tubo de


PVC, seguindo os mesmos
passos do Modelo Caxambu
com tubo de concreto na
posição horizontal

14 Proteções de nascentes
2.2 Modelo com tubo de PVC com apoio de estrutura de concreto

É uma variação da proteção de fonte Caxambu, desenvolvida pela equipe de


extensionistas do Escritório Municipal da Epagri de Timbó, e por isso também conhecida
como Modelo Timbó (MELLO & BARELLA, 2012). Neste modelo, uma pequena estrutura
de concreto apoia os tubos de PVC.

2.2.1 Material necessário para construção

● 1 Tubo de PVC* de 50mm com tampão (cap); finalidade ladrão;


● 1 Tubo de PVC* de 200mm com tampão (cap); finalidade captação e limpeza;
● 1 Tubo de PVC* de 100mm com tampão (cap); finalidade limpeza;
● 1 Tubo de PVC* soldável de 50mm com tampão (cap); finalidade desinfecção.
*Comprimento dos tubos próximo de 1 metro

2.2.2 Preparação dos tubos

Figura 10. Perfurar o tubo


de 200mm. De posse de um
lápis e uma régua flexível,
demarcar os pontos de
perfuração, distanciados 1
centímetro quadrado um do
outro. Perfurar com broca
3mm, inclusive o tampão
(cap) posterior de 200mm.

Proteções de nascentes 15
Figura 11. Montagem da estrutura: Parte frontal da proteção com 2 canos
ladrão – 50mm, abaixo tubo de limpeza – 100mm e tubo captação com duas
saídas – 25mm e 1 limpeza 40mm

2.2.2 Como instalar a proteção de fonte

Figura 12. Limpe o local de captação da água. Deve ser feito


manualmente ou, excepcionalmente, com máquina de forma a
mobilizar o mínimo possível o solo

16 Proteções de nascentes
Figura 13. Remover o
material lodoso para
preparo de caixaria,
colocação dos canos
e concreto. Quando
possível, concretar o
fundo e as laterais,
tomando cuidado
para não obstruir
a nascente. Para
proteger o tubo,
assente-o usando
massa de barro ou
cimento, conforme o
local.

Figura 14. Aguardar a secagem e em seguida realizar a remoção da caixaria

Proteções de nascentes 17
Figura 15. Instalar o cano de limpeza

Figura 16. Construir o leito filtrante com preenchimento do local com pedras
de rio ou brita nº4, lavadas e desinfetadas. Completar com pedras até cobrir
completamente o tubo

18 Proteções de nascentes
Figura 17. Realizar a desinfecção do leito filtrante antes do fechamento com lona
plástica

Figura 18. Instalar a lona plástica sobre as pedras na


fonte

Proteções de nascentes 19
Figura 19. Cobrir com pedras e solo firme que devem ser bem colocados para
evitar entrada de insetos e outros animais, como roedores, cobras, rãs, etc.

Figura 20. Após o término da proteção, se necessário, abrir valas nas partes
superior e lateral da nascente para evitar a entrada de enxurrada com sedimentos
provenientes de erosão no interior da fonte

20 Proteções de nascentes
3 PROTEÇÃO DE FONTE MODELO TUBO VERTICAL
É uma proteção de fonte de água semelhante ao modelo Caxambu. No entanto,
neste modelo a nascente se localiza em uma área de baixada e geralmente possui acúmulo
de água no entorno. Devido a esta condição, o tubo é posicionado de modo vertical, pois
geralmente exige captação e bombeamento da água para um reservatório. A proteção de
fonte modelo tubo vertical não interfere no curso natural da nascente, protege a fonte de
água e seu entorno de fatores contaminantes, contribui para a conservação da quantidade
de água existente e disponibiliza água de qualidade para a gestão dos usos múltiplos da
propriedade.

3.1 Materiais necessários para a construção

● Um ou mais tubos de concreto de 80cm de diâmetro;


● Tampa de concreto para fechar a abertura do tubo;
● Pedra-ferro (rachão de pedra basáltica) de diferentes tamanhos em quantidade
variável conforme o tamanho da fonte;
● Brita nº 2, em quantidade variável conforme o tamanho da fonte;
● Lona plástica nova resistente a impactos;
● Cal virgem para desinfecção do local;
● Terra para cobrir o local no entorno do tubo e reconstituir a vegetação.

Figura 21. Esquema de construção da proteção de fonte Modelo Tubo


Vertical

Proteções de nascentes 21
3.2 Cuidados na execução

● Revolver o mínimo possível o local de construção para evitar impactos ambientais


e “a fuga” da água para outras áreas;
● Retirar todo o solo no local definido para colocar o tubo;
● Desinfetar o local com cal virgem;
● Colocar o tubo vertical com cuidado de modo que permaneça pelo menos 50cm
acima da superfície para impedir a entrada de materiais que possam contaminar a fonte;
● Colocar pedras em torno do tubo de concreto, maiores no fundo e menores
acima, deixando espaços entre elas para manter e aumentar o volume de água disponível;
● Colocar a lona plástica sobre as pedras para evitar a entrada de possíveis
materiais contaminantes;
● Colocar terra sobre a lona e revegetar o local.

3.3 Como fazer a proteção de fonte modelo tubo vertical

Figura 22. Escolher bem o local, onde a nascente deve ser perene e com bom potencial de
fornecimento de água em quantidade e qualidade

22 Proteções de nascentes
Figura 23. Realizar a
limpeza do local, com
a retirada de solo e
materiais orgânicos. Deve
ser feita manualmente
ou, caso necessário,
com o uso de máquina,
de forma a mobilizar o
mínimo possível o local
da fonte até atingir uma
camada impermeável e
evitar a “fuga” da água.

Figura 24. Fazer a desinfecção com o uso de cal virgem aplicada em toda a extensão
do local da fonte

Proteções de nascentes 23
Figura 25. Detalhe da distribuição da cal hidratada. Por possuir características coagulante,
adensante, precipitante e neutralizante de pH, a cal ajuda a separar os sólidos que estão na água,
facilitando a decantação e contribuindo para a remoção de impurezas

Figura 26. Assentar o tubo na posição vertical sobre uma camada de pedras. Pode-se utilizar mais
de um tubo sobreposto, dependendo da profundidade da fonte

24 Proteções de nascentes
Figura 27.
Posteriormente,
colocar pedras em
volta do tubo para
fixá-lo “em pé” e
preencher todo o
espaço existente. A
extremidade do tubo
deve ficar 50cm acima
da superfície do solo

Figura 28. Colocar pedras-ferro (rachão de basalto) previamente limpas. As


pedras maiores no fundo e menores acima. O espaço entre as pedras deve
permitir a manutenção do fluxo natural de água existente

Proteções de nascentes 25
Figura 29. Após colocação das pedras maiores, cobrir as pedras com brita nº 2

Figura 30. Cobrir todo o local no entorno do tubo com lona plástica nova, limpa e
resistente para evitar infiltrações e contaminações da fonte de água

26 Proteções de nascentes
Figura 31. Sobre o tubo deverá ser colocado uma tampa de concreto
para impedir a entrada de agentes contaminantes. Colocar uma
camada de solo de boa qualidade sobre a lona plástica para posterior
recomposição da vegetação

Proteções de nascentes 27
4 CONSTRUÇÃO DE PEQUENAS ESTRUTURAS DE
CONCRETO
É uma alternativa recomendada para locais com muitas pedras, onde a colocação
de outros materiais, como o tubo de concreto ou PVC, não garante total vedação. É
também conhecida como proteção de fonte modelo Botuverá, por ter sido desenvolvida
pela equipe de extensionistas do Escritório Municipal da Epagri de Botuverá.

4.1 Material necessário para construção

● Saco de cimento de 25kg;


● Areia para massa;
● Madeira para caixaria;
● Dois canos de PVC de 40cm de comprimento e 40mm de diâmetro, para cano-
ladrão e de limpeza;
● Um tampão (cap) de 40mm para o cano de limpeza;
● Um cano de PVC ou cano soldável de 25mm de diâmetro (ou mais, igual à
quantidade de saída de água), para o encanamento;
● Pedra-de-mão (pedra-ferro);1
● Brita nº 2;1
● Mangueira para encanamento de água até o reservatório.

1
A quantidade varia de acordo com o tamanho da fonte.

28 Proteções de nascentes
4.2 Como fazer a proteção da fonte

Figura 32. Após escolher o local, construir uma estrutura em alvenaria e assim criar
um pequeno reservatório de água. A mesma poderá ser construída totalmente
em concreto, utilizando para isso formas de madeira (caixaria) ou de tijolo. Nessa
estrutura, concretar os canos de PVC: o cano-ladrão, na parte superior; o cano de
limpeza, na parte inferior; o(s) cano(s) para saída da água (encanamento), na parte
central da estrutura

Figura 33. Preencher o local com pedras-ferro (pedras-de-mão) até cobrir totalmente
a fonte na altura da estrutura em alvenaria

Proteções de nascentes 29
Figura 34. Após a colocação das pedras, cobri-las totalmente com lona
plástica, deixando livre a parte frontal com as saídas de água; cobrir a lona
plástica com uma boa camada de solo

Figura 35. Finalizar a proteção com pedras e recompor a


vegetação em torno da nascente

30 Proteções de nascentes
5 MANUTENÇÃO DAS PROTEÇÕES DE FONTES
As proteções de fontes possibilitam melhorar as condições de qualidade da água.
No entanto, a sua potabilidade pode, muitas vezes, ficar comprometida pela presença de
contaminantes biológicos, tais como os coliformes termotolerantes (também conhecidos
como coliformes fecais). Assim, torna-se necessário o tratamento adicional da água,
que pode ser realizado através de fervura ou cloração, eliminando-se os contaminantes
biológicos e permitindo um uso seguro desta água.
Recomenda-se que a manutenção de todos os modelos de proteção de fonte seja
feita ao menos duas vezes por ano, procedendo-se a abertura do cano de limpeza para
a retirada de sedimentos e outros materiais acumulados no fundo do tubo e da fonte.
Em todos os modelos também pode ser colocado um cano para desinfecção, por onde é
possível adicionar o cloro e assim efetuar uma melhor limpeza da fonte de água.
Deve ser dada atenção também ao armazenamento da água em caixas d’água, que
devem receber limpeza e desinfecção, no mínimo, a cada 6 meses. Também se recomenda
a realização de análises tanto químicas como biológicas da água.

6 AS PROTEÇÕES DE FONTES E A LEGISLAÇÃO EM


SANTA CATARINA
Conforme a Resolução CONSEMA nº 192, de 1º de abril de 2022, que altera o
Anexo único da Resolução CONSEMA 128/2019, a implantação de fonte de água visando
ao abastecimento da propriedade, conforme modelos técnicos elaborados pela Epagri
com a denominação Modelo Caxambu com Tubo Horizontal, Modelo Caxambu Horizontal
com Tubo de PVC, Modelo Caxambu com Tubo Vertical e Modelo Botuverá, objetos desta
publicação, é atividade de baixo impacto ambiental, não necessitando de licenciamento
ambiental, desde que atendam aos seguintes critérios:
a) Característica qualitativa da solução alternativa individual (SAI) de
abastecimento de água para consumo humano; A SAI é a modalidade de abastecimento
de água para consumo humano que atenda a domicílios residenciais com uma única
família, incluindo seus agregados familiares; É feita através do Cadastro no SISAGUA –
Vigilância Sanitária Municipal, com realização de análises de água periódica e gratuita e
uso do Hipoclorito de Sódio. Nota: Quando a fonte se destinar ao abastecimento coletivo
de famílias, deve atender ao Anexo XX da Portaria de Consolidação nº 05 GM/MS de 2017,
alterado pela Portaria GM/MS 888 de 04/05/2021 (BRASIL, 2021).

Proteções de nascentes 31
b) Sem a supressão da vegetação nativa; Caso seja necessário o corte de vegetação
para acesso ao local da nascente, é necessário solicitar a Autorização junto ao órgão
ambiental.
c) Obter a outorga de direito de uso dos recursos hídricos e o licenciamento
ambiental quando o uso assim o exigir; Para este item realizar o Cadastro de Usuário de
Água através do Sistema de Outorga Online (SIOUT SC, 2022). Quem realiza o cadastro é
o próprio usuário, ou por identificação de responsável que realiza o cadastro por outro
usuário.
d) Nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente
no entorno de nascentes e olhos d’água intermitentes ou perenes, será admitida a
manutenção de atividade agrossilvipastoril, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo
obrigatória a recomposição do raio mínimo de 15 (quinze) metros; Ver o capítulo sobre
recuperação do entorno.
e) A execução da obra deverá seguir os critérios técnicos, conforme tecnologias
elaboradas e publicações técnicas da Epagri (NR).

7 RECUPERAÇÃO DO ENTORNO
Proteger a nascente é uma medida que pode ajudar a preservar a qualidade e
disponibilidade da água para o consumo humano e para outros usos. Outras medidas que
devem ser observadas:
● Evitar a contaminação da água por lixo, agrotóxicos, dejetos humanos ou animais;
● Evitar o desmatamento de encostas e áreas próximas de qualquer recurso hídrico
ou manancial existente;
● Conservar o solo com vegetação para aumentar a infiltração e disponibilidade
de água;
● Preservar e recuperar a vegetação nativa das encostas e áreas do entorno dos
mananciais de água.

32 Proteções de nascentes
Figura 36. Plantio de árvores nativas no entorno das nascentes

Para todos os modelos de proteções de fonte com as construções de barreiras


físicas, é necessário também tomar outras medidas para recuperação do entorno quando
necessário. Para isto observar a legislação vigente.
De acordo com o Código Florestal (BRASIL, 2012), as áreas no entorno das nascentes
e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, possuem uma
Área de Preservação Permanente de raio de no mínimo de 50 (cinquenta) metros. Nos
casos de áreas rurais consolidadas, ou seja, onde é admitida a manutenção de atividade
agrossilvipastoril, de ecoturismo ou turismo rural previstas na lei, a recomposição é de no
mínimo um raio de 15 (quinze) metros.
A recomposição poderá ser feita, isolada ou conjuntamente, pelos seguintes
métodos considerados pelo Código Florestal:
1 - Condução de regeneração natural de espécies nativas. Este método é possível
quando há fragmentos florestais próximos; grande número de plântulas ou rebrotas de
espécies regenerantes nativas; e, pouca cobertura de espécies invasoras exóticas.
2 - Plantio de espécies nativas. Os espaçamentos mais usuais são 2m x 2m
(2.500 plantas/ha) e 3m x 2m (1.667 plantas/ha). Os plantios podem ser feitos de várias
formas de arranjos de espécies em função da ecologia e da disponibilidade de mudas.

Proteções de nascentes 33
Exemplos: plantio de espécies de rápido crescimento, como algumas leguminosas que
são recuperadoras de solo, alternando com linhas com espécies de maior diversidade,
como espécies frutíferas nativas, que também atraem a avifauna. Realizar o controle de
gramíneas e espécies indesejáveis, no mínimo por dois anos, ou até que o capim seja
sombreado.
3 - Plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural
de espécies nativas. Alternativa viável para locais que possuem fragmentos florestais
próximos e o solo ainda possuir um banco de sementes. Realiza-se um enriquecimento
com plantio de espécies nativas em menor número.
4 - Plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, exóticas
com nativas de ocorrência regional, em até 50% (cinquenta por cento) da área total a
ser recomposta. Permitido no caso dos imóveis de pequena propriedade ou posse rural
familiar.
Além de favorecer a regeneração nos arredores, muito importante é o isolamento
da área para evitar entrada de animais domésticos com a utilização de cercas. Também
o monitoramento, muitas vezes sendo necessário realizar ações de irrigação das mudas,
coroamento, controle de pragas como as formigas cortadeiras e substituição de plantas
mortas.
E, por fim, preservar as nascentes pode garantir a continuidade do negócio,
principalmente em épocas de estiagem. Muitos produtores sofrem com secas rigorosas,
que acabam impactando na produção. Com as nascentes protegidas, é possível minimizar
esse problema de uma forma sustentável, econômica e perfeitamente viável.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos que, nestes mais de 60 anos de extensão rural em Santa
Catarina, nunca deixaram de trabalhar com a conservação e a proteção da água e sua
oferta em qualidade e quantidade para as famílias rurais catarinenses, dando condições
de saneamento, segurança alimentar e produtiva e assumindo compromisso com a
sustentabilidade do planeta e de nossas atividades econômicas.

34 Proteções de nascentes
LITERATURA CONSULTADA

BRASIL. Lei 12.651/2012. Código Florestal Brasileiro [online] http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em 21set2022.

BRASIL. PORTARIA GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021. Disponível em: https://


bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2021/prt0888_07_05_2021.html. Acesso em
21set2022.

EPAGRI. Água da fonte - Proteção de fonte modelo Caxambu. 2ª edição. Florianópolis,


SC, 2017. (Epagri. Folder).

MELLO, K.M.Z. de; BARELLA, N. Proteção de nascentes. Florianópolis, SC, 2012. (Epagri.
Folder).

RESOLUÇÃO CONSEMA Nº 192, de 1º de abril de 2022. https://www.sde.sc.gov.


br/index.php/biblioteca/consema/legislacao/resolucoes/2022-1/2150-resolucao-
consema-n-192-2022-1/file. Acesso em 21set2022.

SIOUT SC. Sistema de outorga da água de Santa Catarina. Disponível em: http://siout.
aguas.sc.gov.br. Acesso em 21set2022.

Proteções de nascentes 35
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