Colocação Pronomial

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Quebrando a Gramática com Betinho Português com Betinho!

SUMÁRIO
SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 2
COLOCAÇÃO PRONOMINAL .......................................................................................................... 3
CONTRAÇÃO PRONOMINAL ...................................................................................................... 6
POSIÇÕES................................................................................................................................... 7
PRÓCLISE ................................................................................................................................... 8
ÊNCLISE.................................................................................................................................... 11
MESÓCLISE .............................................................................................................................. 13
CASOS DÚBIOS ........................................................................................................................ 14
LOCUÇÕES VERBAIS................................................................................................................. 17
QUADRO RESUMITIVO ............................................................................................................ 20

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Quebrando a Gramática com Betinho Português com Betinho!

COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Colocação pronominal, topologia pronominal ou sínclise pronominal é a parte
da Gramática que trata da colocação dos pronomes oblíquos átonos em relação aos verbos
a que eles se associam.
Antes de falarmos sobre esse assunto, vamos relembrar os pronomes oblíquos áto-
nos, a que chamarei carinhosamente de POAs:

Referentes Formas
1.ª pessoa do singular me
2.ª pessoa do singular te
3.ª pessoa do singular se, o, a, lhe
1.ª pessoa do plural nos
2.ª pessoa do plural vos
3.ª pessoa do plural se, os, as, lhes

Além disso, os pronomes o, a, os e as sofrem algumas alterações gráficas depen-


dendo de como a base verbal a que ele se liga termina. Vamos ver?
 Se a base verbal termina em r, s ou z, remove-se essa consoante e usam-se as
formas lo, la, los e las.

comprar a casa > comprar + la > comprá-la


ajudas os meninos > ajudas + los > ajuda-los
faz o dever > faz + lo > fá-lo
venderiam a casa > vender-iam + la > vendê-la-iam
partimos o bolo > partimos + lo > partimo-lo

Cuidado! Há uma grande diferença entre ajuda-o e ajuda-lo. Veja:

Tu ajudas o menino > ajudas + lo > Tu ajuda-lo


Você ajuda o menino > ajuda + o > Você ajuda-o

No primeiro caso, usou-se lo porque a forma verbal terminou em s; no segundo, isso


não aconteceu, portanto usou-se a forma o normalmente.

Cuidado! Eu disse que isso dependerá da terminação da base verbal, e não do verbo
em si. Isso porque você verá, em breve, que jamais se põe o POA logo após o verbo se
ele está num futuro do indicativo. Nesses casos, ele ficará em posição intermediária.

comprará o móvel > comprar-á + lo > comprá-lo-á


compraria a casa > comprar-ia + la > comprá-la-ia

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As formas “comprará-o” e “compraria-o” estão ER-RA-DAS!

Nesses tempos, a base verbal será o infinitivo, sempre findado em r: comprará, com-
praria, daríamos, porão (pôr), veriam, haveria, repondereis, entenderás. Nos demais
tempos, a base verbal será todo o verbo: comprei, dava, pusesse, vejamos, há, repon-
dêramos, entendia.

 Se a base verbal termina em ditongo nasal, usam-se as formas no, na, nos e nas.

compram a casa > compram + na > compram-na


tem muito dinheiro > tem + no > tem-no
põe as mãos > põe + nas > põe-nas
veem os filhos > veem + nos > veem-nos
cantam a música > cantam + na > cantam-na

Cuidado! As formas tem e veem terminam sim em ditongo nasal. Nesses casos, a letra
m representa uma semivogal, que forma ditongo com a vogal e. Isso acontece quando
um vocábulo finda (termina) em am, em, en ou ens: cantam, amam, pedem, pólen,
hifens, hímen, totem, glúten.

Tenha atenção a casos de pronominalização como este:

Tens um apartamento > tens + lo > tem-lo

O vocábulo findou em ditongo nasal + s, e agora!? Conte sempre o que veio por úl-
timo! Por último veio o s, então use a regra do s: remova-o e use a forma lo.

Talvez você se pergunte “Se eu só deveria remover o s, por que houve a troca do n pelo
m? Trata-se de uma adequação ortográfica, ou seja, um ajuste para que o vocábulo
fique adequado à Ortografia da nossa língua.

Cuidado com possíveis ambiguidades! Perceba que a forma nos enclítica pode repre-
sentar uma alteração fonética do pronome os, indicador de terceira pessoa do plural, ou
o pronome nos, que indica a primeira pessoa do plural. Quando há essa ambiguidade,
recomenda-se a próclise, se ela for possível, a fim de evitar o duplo sentido.

Veja esta frase:

Os professores deixaram-nos estudar mais.

Perceba que, ao desenvolver a segunda oração, podem-se obter dois resultados:

Os professores deixaram que eles estudassem mais.


Os professores deixaram que nós estudássemos mais.

Para evitar a ambiguidade, a próclise é bem-vinda nesse caso, já que nada a impede.

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Os professores os deixaram estudar mais.


Os professores nos deixaram estudar mais.

Assim, fica clara a pessoa a que o pronome se refere: os se refere à terceira pessoa do
plural, e nos se refere à primeira pessoa do plural.

 Se o verbo não se encaixar em nenhum dos casos anteriores, usa-se o, a, os, as


normalmente.

comprei o carro > comprei + o > comprei-o


parti a torta > parti + a > parti-a
amo os filhos > amo + os > amo-os
quero as ajudas > quero + as > quero-as
há muitos meninos > há + os > há-os

Cuidado com a acentuação gráfica! Quando uma forma verbal está ligada a um POA,
ele não é contado para a acentuação, ou seja, tudo que está antes do POA é contado
como se fosse uma palavra sozinha para a acentuação. Veja:

faz a torta > faz + la > fá-la

Por que a forma “fá-la” recebeu acento? Para analisar isso, remova o POA: “fá”. Ora,
recebeu o acento por ser uma monossílaba tônica findada em a, assim como dá, lá, cá,
pá, já, há.

ajudar os amigos > ajudar + los > ajudá-los

Por que houve o acento? Porque, se removermos o POA, obteremos “ajudá”, oxítona
terminada em a, que também leva acento gráfico, assim como Amapá, gambá, sabiá,
aliás.

ajudas os amigos > ajudas + lo > ajuda-lo

Por que não houve o acento? Porque, se removermos o POA, obteremos “ajuda”, paro-
xítona terminada em a. Não há razão para acentuar essa palavra.

ajudaremos os amigos > ajudar-emos + lo > ajudá-lo-emos

Por que houve o acento? Porque a forma que antecede o POA é “ajudá”, oxítona fin-
dada em a. Entra no mesmo caso de “ajudá-los” acima.

Há, ainda, uma regra com o pronome nos: sempre que ele estiver diante de um
verbo na primeira pessoa do plural, remove-se o s final do verbo, a menos que ele esteja
num futuro do indicativo.

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ajudamos + nos > ajudamo-nos


influenciamos + nos > influenciamo-nos
controlamos + nos > controlamo-nos

Os gramáticos abonam essa visão. Porém, Napoleão Mendes de Almeida diz que o
s final de verbos na primeira pessoa do plural deve ser sempre suprimido quando eles
estiverem seguidos de qualquer POA: respondemo-lhes, influenciamo-te. Os demais
rejeitam essas formas.

Com verbos num futuro do indicativo, o POA ficará no meio do verbo, caso as condi-
ções proíbam que ele fique atrás.

interessaremos + nos > interessar-emos + nos > interessar-nos-emos


encantaríamos + nos > encantar-íamos + nos > encantar-nos-íamos

CONTRAÇÃO PRONOMINAL
Inicialmente, acho importante mostrar que, às vezes, dois POAs podem contrair-
se. Os POAs o, a, os e as podem-se contrair com me, te, nos ou vos. As contrações são
feitas assim:

o a os as
me mo ma mos mas
te to ta tos tas
nos no-lo no-la no-los no-las
vos vo-lo vo-la vo-los vo-las

Veja alguns exemplos com essas contrações:

Essa caneta é minha. Dê-ma!


Se ele trouxesse as roupas, vender-no-las-ia.
Quando você souber a notícia, conte-lha.

Perceba que, nesses casos, o pronome anterior é o objeto indireto do verbo, e o


posterior é o indireto:

Essa caneta é minha. Dê a caneta a mim.


Essa caneta é minha. Dê [a caneta](=a) [a mim](=me).
Essa caneta é minha. Dê-ma(=me+a)!

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Além disso, veja que o pronome se não participa de nenhuma dessas contrações,
mas ele pode ser associado a outro pronome sem contrair com ele.

O cidadão queixou-se do problema ao policial.


O cidadão queixou-se-lhe do problema.

Se essa junção ocorrer proclítica ao verbo, não haverá hífen.

O cidadão se queixou do problema ao policial.


O cidadão se lhe queixou do problema.

POSIÇÕES
Na norma-padrão, há somente três posições possíveis para a colocação do POA:

1.º Próclise: posição anterior ao verbo.

Não se deixe levar pelos maus caminhos.


Quando me vir, acene!
Quem te causou tanto mal?

2.º Ênclise: posição posterior ao verbo.

Ajude-me a fazer o trabalho.


Quando você chegar a casa, telefone-me.
Deixe-nos em paz!

3.º Mesóclise: posição intermediária ao verbo.

Se eu visse aquele rapaz novamente, namorá-lo-ia.


Quando seu presente chegar, você abri-lo-á.
Eu pedir-lhe-ia algo melhor.

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Como já mencionei anteriormente, a mesóclise só ocorre com verbos no futuro do pre-


sente do indicativo ou no futuro do pretérito do indicativo. Além disso, não se permite
a ênclise com verbos nesses tempos.

Para realizar a mesóclise, encontre o r que vem à frente o radical dentro do verbo no
futuro e insira o POA logo após ela:

abrirá [infinitivo: abrir] > abrirá > abri-lo-á

Em alguns casos, a base verbal será irregular. Veja estes casos:

traremos > trar-emos > trá-lo-emos


farei > far-ei > fá-lo-emos
fará > far-á > fá-lo-á

Nesses, a regra é a mesma, mas a base verbal não coincide com o infinitivo do verbo.

A colocação dos pronomes depende de alguns fatores, como a posição do verbo e


a presença de atraiam o POA. Vê-los-emos agora!

PRÓCLISE
A próclise é obrigatória nestes casos:

1.º Quando o verbo está antecedido por uma palavra de sentido negativo (não,
nunca, jamais, sequer, nem, ninguém, etc.).

Ninguém me deixou sair da sala.


Ele nem sequer se deu o trabalho de ajudar.
Jamais te disse isso!
Nenhum me quer mais.

2.º Quando o verbo está antecedido de advérbio ou de palavra denotativa.

Ontem me dei um pouco de diversão.


Ele raramente se divertia.
Onde se meteu você!?
O rapaz apenas se amava.

3.º Quando o verbo está antecedido por um pronome substantivo indefinido (al-
guém, todos, outro, demais, etc.).

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Todos se foram sem dizer adeus.


Os demais se queixaram do problema.
Alguém me ajuda!
Poucos o ajudariam.

4.º Quando o verbo está antecedido por um pronome relativo (que, o qual e flexões,
quanto e flexões, cujo e flexões, quem, como, quando e onde).

O menino que me assistiu hoje está no topo.


O rapaz cujo olhar me cativava hoje namora-me.
O autor a quem te referiste já não está entre nós.
O momento quando o vi fez-me feliz.

5.º Quando há pronomes interrogativo (que, quem, qual e flexões e quanto e fle-
xões) antes do verbo.

A que horas nos iremos?


Quantas pessoas lhe estenderam a mão?
Quem se deixou levar por seus encantos?
Quais alunos se queixaram do professor?

6.º Quando o verbo é antecedido por uma conjunção subordinativa ou por uma lo-
cução conjuntiva subordinativa (que, se, quando, a fim de que, segundo, apesar
de que, visto que, porque, etc.).

É necessário que me ajudem os pesquisadores.


Ela estudava para que a deixassem ir à universidade.
Quando o vir, avise-me!
Ele tirava boa nota à medida que se empenhava.

Às vezes, a conjunção aparece elíptica. Nesses casos, a próclise continua obrigatória.

Desejo me ajudem os alunos.


Desejo (que) me ajudem os alunos.
Quero me deem respostas!
Quero (que) me deem respostas!

7.º Na verdade, recomenda-se a próclise em qualquer oração subordinada não re-


duzida, mesmo que haja um distanciamento entre a palavra atrativa e o POA. Essa
é a visão adotada ao menos na maioria dos concursos públicos.

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É importante que os alunos se ajudem mais.


Não gostei do modo como ele se referiu ao professor.
Ela não entendia a matéria embora seus amigos a ajudassem.
Não sei quando ele se sentará.

Se houver vírgula entre a palavra atrativa e o POA, usa-se a ênclise.

Agora, deixe-me ir.


Não, distancie-se de mim!

Se, contudo, houver uma intercalação que separe a palavra atrativa do POA, a coloca-
ção será facultativa, permitindo-se a próclise e a ênclise (ou a próclise e a mesóclise,
caso o verbo esteja no futuro).

Quem, em sã consciência, me trataria (ou tratar-me-ia) assim?


Meu namorado, a quem quero, se queixou (ou queixou-se) do emprego.

Até aqui, vimos as denominadas palavras atrativas, ou também conhecidas como fa-
tores de próclise. Para lembrá-los, use o mnemônico PIRICANO.

PIRICANO

 PIRI: pronomes indefinidos, relativos e interrogativos


 C: conjunções (ou locuções conjuntivas) subordinativas
 A: advérbios (ou palavras denotativas)
 N: palavras negativas
 O: orações subordinadas

8.º Em orações coordenadas sindéticas aditivas e adversativas que sejam ligadas por
nexos correlativos (não só/apenas/somente...mas/como/senão (também/ainda);
tanto...quanto/como; ou...ou; ora...ora; seja...seja; já...já; etc.).

Ou me ajuda, ou não fica aqui!


Ora se diverte, ora se irrita.
Não só me ajuda, como também participa.
Ele tanto me ama quanto se ama.

9.º Em orações optativas (que exprimem desejo) e nas exclamativas.

Deus te guarde!
Que se dane!
Que nós nos salvemos disso tudo.
Você que se lasque!
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10.º Na construção em + gerúndio.

Em se tratando de futebol, não entendo nada!


Em se valendo de norma-padrão, isso não é permitido.
Em se precisando de ajudantes, sempre haverá opções na internet.
Em se desejando suporte, estamos disponíveis.

Veja este caso:

A namorada falou o que pensava, pouco se importando com a opinião do rapaz.

Nesse caso, a próclise é obrigatória, porque “pouco” é um advérbio e, consequente-


mente, um fator de próclise, uma palavra atrativa. Portanto, a regra do em + gerúndio
vale apenas para essa construção; contudo, se houver uma palavra atrativa antes de um
verbo no gerúndio – estando ele antecedido pela preposição em ou não –, a próclise
será igualmente obrigatória.

ÊNCLISE
Antes de mais nada, vale ressaltar que a ênclise jamais é permitida com verbos no
futuro do presente do indicativo ou no futuro do pretérito do indicativo; portanto, nada de
“cantarei-o” ou de “cantaria-o”, beleza? Você verá a colocação com esses verbos na
parte de mesóclise.
A ênclise é obrigatória nestes casos:

1.º Quando o verbo está no começo da oração.

Deixe-me sair daqui.


Entrega-te ao teu deus!
Alugam-se casas aqui.
É necessário amar-se mais.

Cuidado! Isso também se estende ao período composto. Analise atentamente o último


caso:

É necessário amar-se mais.

Nesse, a ênclise é obrigatória porque as orações se dividem assim:

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É necessário/ amar-se mais.


1.ª oração 2.ª oração

Dessa forma, o POA está associado a um verbo que começou uma nova oração. Por
isso, a ênclise é obrigatória.

2.º Quando há pausa marcada (vírgula, ponto e vírgula, dois-pontos, etc.) antes do
verbo, desde que não haja palavra atrativa.

Ontem, deixaram-me sem opções.


Antes de sair, deseje-nos boa sorte.
Quando você chegar a casa, telefone-me.
O átomo, antigamente visto como indivisível, decompõe-se em várias partes.

3.º Quando o verbo está no imperativo afirmativo, desde que não haja palavra atra-
tiva.

Ergam-se!
Agora, calem-se todos!
Vocês aquietem-se!
Vá-se já daqui.

4.º Quando se usam os pronomes o, a, os ou as com verbos no infinitivo seguidos da


preposição a.

Eles nos obrigaram a ajudá-los.


O rapaz já estava acostumado a vê-las fugir aos compromissos.
Rejeitá-lo equivale a fazermo-lo triste.
Eu já estava apto a acompanhá-la nos compromissos.

5.º Quando o verbo está no gerúndio, desde que não haja palavra atrativa.

Ela ouvia envolvendo-se com o assunto.


Alugando-se as casas, ganharei dinheiro.
Eu consolava-a importando-me com o problema.
Eles gritavam atacando-nos.

Cuidado! Em todos esses casos, a próclise será obrigatória se houver uma palavra atra-
tiva. Veja cada um com um fator de próclise:

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1) Não me deixem sair daqui.


2) Ontem me deixaram sem opções.
3) Agora se ergam!
4) Ela ouvia não se envolvendo com o assunto.

MESÓCLISE
Antes de vermos os casos, relembremos o mais importante: a mesóclise ocorre
apenas com verbos no futuro do presente do indicativo ou no futuro do pretérito do indi-
cativo. Além disso, essa posição tem uso muito restrito no atual estágio da língua.
Ela é obrigatória nestes casos:

1.º Quando o verbo estiver no começo da oração, desde que não haja palavra atrativa.

Trá-lo-emos de volta à realidade.


Responder-lhe-emos a pergunta, professor.
Inspirar-nos-íamos, se não fosse sua arrogância.
Havê-la-á aqui hoje?

2.º Quando, antes do verbo, houver uma pausa marcada, desde que não haja palavra
atrativa.

Antes disso, querer-lhe-ia um beijo.


No teu livro, far-me-ás referência?
Se eu estivesse aí, procurar-me-ias?
A música, cantá-la-á alegremente.

Cuidado com o verbo querer! Já caiu em prova questões sobre sua flexão, e tenho
medo de que caia sobre a colocação pronominal também.

A colocação “quer-me-ia” parece estranha? Eu sei que parece, mas, às vezes, você se
confunde na prova e pensa que o processo é este:

queria > quer-ia > *quer-me-ia

Isso está ER-RA-DO! O que acontece é que a forma “queria” termina da mesma ma-
neira como “seria”, “venderia”, “aconteceria”, “haveria” e vários outros no futuro do
pretérito do indicativo. Contudo, “queria” está no pretérito imperfeito do indicativo,
e você já sabe que a mesóclise ocorre somente com verbos no futuro!

Betinho, qual é, então, o futuro de “querer”? O futuro do presente é quererá (quererei,


quererás, quererei, quereremos, querereis, quererão), e o futuro do pretérito é quereria
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(quereria, quererias, quereria, quereríamos, quereríais, quereriam). Eu sei que parece


estranho, mas essas são as formas que permitem a mesóclise. Portanto, se aparecer na
prova quê-lo-ia, está ER-RA-DO! Porém, se aparecer “querê-lo-ia”, “querer-me-á” ou
algo parecido, estará correto, ao menos quanto à colocação, desde que não se firam as
regras gerais.

CASOS DÚBIOS
Alguns casos são duvidosos, porque não são abordados por uma maioria gramati-
cal ou porque são divergentes entre os gramáticos. Em alguns casos, a colocação verbal
será facultativa; em outros, dependerá da visão gramatical adotada. Veremos esses casos
agora.

1.º Segundo Rocha Lima, a próclise é permitida – isso significa dizer que ela é fa-
cultativa – após pausa marcada se houver pronomes repetição de POAs em estru-
tura de coordenação.

O professor me levou, me ajudou e me trouxe de volta.


Apaixonado, o rapaz se destruiu, se construiu, se destruiu, se construiu, sem parar.
A moça se refez, se levantou, se ergueu e continuou.
A garota o quis, o namorou e o largou, em piedade.

Cuidado! Veja este caso:

Se me quer, me telefone.

Essa colocação está ER-RA-DA! Ela não entra no que Rocha Lima propõe. Perceba
que o próclise é facultativa quando o pronome é repetido em estruturas de coordena-
ção. Porém, no caso acima, trata-se de uma subordinação, já que a oração “Se me
quer” é subordinada em relação à “me telefone”. Logo, a forma correta é esta:

Se me quer, telefone-me.

Já que, pela regra geral, não se usa a próclise após pausas marcadas.

2.º Após pronomes indefinidos adjetivos, a colocação é facultativa.

Muitos rapazes se apresentaram na festa.


Muitos rapazes apresentaram-se na festa.
Poucas pessoas me viram.
Poucas pessoas viram-me.

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3.º Para a maior parte da doutrina gramatical, a próclise é obrigatória se o verbo está
no infinitivo flexionado e se está precedido de preposição.

Os rapazes foram ao bar para nos trazerem bebidas.


Ao nos darmos o luxo de responder à pergunta, chamam-nos arrogantes.
Por vos intrometerdes no assunto, sois obrigados a falar!
Traga-o aqui para o ajudarmos.

4.º Rocha Lima, contudo, afirma que a ênclise é permitida nesse caso, tornando a
colocação facultativa.

Os rapazes foram ao bar para trazerem-nos bebidas.


Ao darmo-nos o luxo de responder à pergunta, chamam-nos arrogantes.
Por intrometerdes-vos no assunto, sois obrigados a falar!
Traga-o aqui para ajudarmo-lo.

5.º A colocação pronominal com infinitivos não flexionados é sempre facultativa.

Seus amigos o ajudaram a não perder-se.


Seus amigos o ajudaram a não se perder.
Levantei a mão para responder-lhe a pergunta.
Levantei a mão para lhe responder a pergunta.

Perceba que os fatores de próclise não afetam os infinitivos não flexionados, ou


seja, mesmo na presença deles, a colocação é facultativa.
6.º Há, para essa regra, uma exceção: se o infinitivo iniciar uma oração, a próclise é
proibida.

É necessário amar-se mais.


Rejeitá-lo pode fazê-lo ficar triste.
O aluno foi à universidade falar-lhes a verdade.
Cantá-las é importante.

7.º Para Celso Cunha, a próclise é obrigatória após o numeral ambos, substantivo ou
adjetivo; portanto, ele considera ambos um fator de próclise, uma palavra atrativa.

Ambos se deram por vencidos.


Ambos os rapazes se fizeram de desentendidos.
Ambas se desentenderam na festa.
Ambas as frutas se tornaram impalatáveis.
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8.º Uma minoria gramatical mais moderna considera os pronomes demonstrativos


(este e flexões, esse e flexões, aquele e flexões, isto, isso e aquilo) palavras atra-
tivas. Segundo a maior parte dos gramáticos, os pronomes demonstrativos facul-
tam a próclise.

Isso me faz passar mal.


Isso faz-me passar mal.
Aquilo se foi porque o tempo o deixou ir-se.
Aquilo foi-se porque o tempo o deixou ir-se.

Para a tal minoria, apenas a primeira e a terceira frases estão adequadas à norma-
padrão; para a maioria, todas estão adequadas.

9.º Quando o sujeito tem núcleo substantivo ou pronominal com valor substantivo –
à exceção dos pronomes atrativos –, a colocação pronominal é facultativa. Alguns
autores, como Rocha Lima, creem que a posição natural do POA é a enclítica;
portanto, a ênclise é obrigatória nesses casos.

Ele se queixou do problema.


Ele queixou-se do problema.
O rapaz me deu um presente.
O rapaz deu-me um presente.

Para uma parte da doutrina gramatical, apenas a primeira e a terceira frase estão
corretas; para a outra, todas estão adequadas.

10.º Quando, antes do verbo, houver uma intercalação, a próclise sempre será permi-
tida. Algumas bancas, porém, rejeitam a possibilidade de haver próclise após pau-
sas marcadas.

Betinho, mentor de Gramática, despediu-se dos alunos.


Betinho, mentor de Gramática, se despediu dos alunos.
O estudante, irritado, queixou-se de suas notas.
O estudante, irritado, se queixou de suas notas.

11.º Vale, aqui, falar sobre uma colocação especial, denominada apossínclise. Ela é
uma posição diferente das três que foram apresentadas no começo deste tópico. A
apossínclise é uma posição anterior à próclise e ocorre majoritariamente no ambi-
ente literário, antes de palavras negativas.

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Quebrando a Gramática com Betinho Português com Betinho!

“Quem rosas colhe sem lhe a mão sangrar.”


“Já se me a luz de todo anuviava.”
"Há muito que me não negam o amparo."
"Se lhe não parecer engano, pode concordar comigo?"

12.º Cuidado com verbos no particípio. O particípio admite somente a próclise, ou


seja, jamais ocorre ênclise com verbos no particípio.

Não me entregues os pagamentos, terei de consultar o chefe.


Não lhe dadas as oportunidades, procure seus direitos.
Não nos pedida a ajuda, não lha daremos.

13.º Caso o particípio introduza uma oração, deve-se usar a forma tônica do pronome.
Isso se deve a uma contradição: no início de uma oração, a próclise é rejeitada,
porém o particípio aceita somente a próclise. Então, troca-se a forma átona pela
tônica nesse caso.

Entregues a mim os pagamentos, não terei de consultar o chefe.


Dadas a ele as oportunidades, já terá seus direitos.
Pedida a nós a ajuda, dar-lha-emos.

LOCUÇÕES VERBAIS
Antes de falar sobre a colocação, relembremo-nos que uma locução verbal é a
junção de dois ou mais verbos que formam uma unidade verbal, ou seja, que constituem
uma única oração. Nas locuções verbais, temos o verbo principal, que sempre estará numa
forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio), e o verbo auxiliar, que pode estar con-
jugado ou não.
Dessa forma, temos de entender que a locução verbal é resultado da união de dois
verbos. Portanto, será possível realizar colocações com ambos. Ainda, se os dois verbos
constituem uma unidade verbal, associar o POA ao auxiliar ou ao principal é indiferente
ao sentido. Vejamos as posições possíveis para a posição do POA nas locuções verbais.

Próclise Ênclise ou
Próclise com Ênclise com
com o AUXILIAR mesóclise PRINCIPAL
o principal o principal
auxiliar com o auxiliar

A rigor, há uma diferença de posição entre “Você pode-me ajudar” e “Você pode
me ajudar”: na primeira, o POA está enclítico ao auxiliar; na segunda, está proclítico ao
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principal. Isso significa dizer que, na primeira frase, o me está ligado ao pode e, na se-
gunda, está ligado ao ajudar. Portanto, “se liga”: o hífen faz muita diferença!
Por fim, vale ressaltar que uma parte da doutrina gramatical rejeita a próclise com
o principal, aceitando apenas as outras três posições. Essa afirma, portanto, que o hífen é
obrigatório quando o POA vem no meio da locução, já que ele está enclítico ou mesoclí-
tico ao auxiliar. Sempre esteja prono para esses purismos na sua prova, beleza?
Vamos às regrinhas?

1.º Todas as colocações com o verbo principal são permitidas, independentemente da


presença de palavras atrativas antes da locução verbal.

Vocês devem lhe obedecer.


Vocês devem obedecer-lhe.
Vocês não devem lhe obedecer.
Vocês não devem obedecer-lhe.
Estive me olhando no espelho.
Estive olhando-me no espelho.
Não estive me olhando no espelho.
Não estive olhando-me no espelho.
Eles tinham me ajudado.
Eles não tinham me ajudado.
Foram nos dadas as oportunidades.
Não foram nos dadas as oportunidades.
Os alunos poderão me ajudar.
Os alunos poderão ajudar-me.
Os alunos não poderão me ajudar.
Os alunos não poderão ajudar-me.

Cuidado! Há uma exceção a essa regra.

Como já afirmei anteriormente, os particípios rejeitam completamente a ênclise. Por-


tanto, a ênclise ao verbo principal será proibida se ele estiver no particípio. Na
última frase, essa posição seria assim:

Eles tinham “ajudado-me”.


Eles não tinham “ajudado-me”.
Foram “dadas-nos” as oportunidades.
Não foram “dadas-nos” as oportunidades.

Essas colocações estão ER-RA-DAS! Particípios rejeitam a ênclise. Nesse caso, apenas
a próclise é aceita com o principal. Perceba que, se o verbo principal estiver no infini-
tivo ou no gerúndio, ambas as colocações são permitidas.

2.º Para posicionar o POA em relação ao verbo auxiliar, basta analisá-lo como um
verbo simples. As regras valem da mesma forma, ou seja, se estiver iniciando
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oração, a próclise é proibida; se houver palavra atrativa, a próclise é obrigatória;


se o verbo estiver após uma pausa marcada e estiver no futuro do presente, usa-se
a mesóclise.

Vocês devem-lhe obedecer.


Vocês lhe devem obedecer.
Vocês não lhe devem obedecer.
Estive-me olhando no espelho.
Não me estive olhando no espelho.
Eles tinham-me ajudado.
Eles me tinham ajudado.
Eles não me tinham ajudado
Foram-nos dadas as oportunidades.
Não nos foram dadas as oportunidades.
Os alunos poder-me-ão ajudar.
Os alunos me poderão ajudar.
Os alunos não me poderão ajudar.

Perceba que, nesse caso, nem todas as colocações eram possíveis. Entenda o porquê!

Vocês não devem-lhe obedecer.


Não estive-me olhando no espelho.
Eles não tinham-me ajudado.
Os alunos não poder-me-ão ajudar.

Essas colocações estão ER-RA-DAS! Isso porque o verbo auxiliar deve ser tratado
como um simples, e não é permitida a ênclise nesse caso, porque “não” é um fator de
próclise (uma palavra negativa) e ele atrai o POA.

Me estive olhando no espelho.

Essa colocação também está equivocada, porque jamais se inicia uma oração com POA.

Os alunos não poderão-me ajudar.

Por fim, essa colocação também está equivocadíssima, porque não ocorre ênclise com
verbos no futuro do indicativo. Perceba, porém, que é possível esta construção:

Os alunos poderão me ajudar.

Já que, nesse caso, o POA está associado ao verbo principal, e não ao auxiliar.

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QUADRO RESUMITIVO

Pronome relativo
Pronome indefinido
Pronome interrogativo
Antes de palavra atrativa
Advérbio
É obrigatória
Conjunção ou locução subordinativas
Palavra negativa
Próclise

Na construção em+gerúndio
Em frases optativas ou exclamativas
Quando o verbo inicia a oração
Logo após pausas marcadas (vírgula, dois-pontos, ponto e vírgula...)
É proibida Quando o verbo vem antecedido da preposição a e está associado ao pronome o, a, os
ou as
Quando o verbo está no gerúndio e não há palavra atrativa
Pode ocorrer com todos os verbos que não estejam num futuro do indicativo
Mesóclise

Ênclise
Ênclise/

Exceção: verbos no particípio, que podem fazer somente próclise


Mesóclise Só pode ocorrer com verbos que estejam num futuro do indicativo

A ênclise é sempre permitida, a menos que o verbo esteja no particípio

Com o verbo principal


A próclise será sempre permitida. Se houver uma vírgula antes, será proibida. Se hou-
Locuções verbais

ver palavra atrativa, será obrigatória.

Deve ser analisado como se fosse um verbo simples

O verbo auxiliar
Então, se estiver no início da oração, a próclise é proibida; se houver palavra atrativa, a
próclise é obrigatória etc.
Infinitivo

As palavras atrativas nunca afetam o infinitivo, mesmo que ele seja flexionado. Isso
Palavras atrativas
significa dizer que, mesmo com palavra atrativa, a próclise com ele é facultativa.

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