Capítulo Do Livro - Plantas Medicinais e Educação em Saúde

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PROMOÇÃO DA SAÚDE NO USO RACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS,

ATRAVÉS DE CARTILHA EDUCATIVA, NO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO – CE

HEALTH PROMOTION IN THE RATIONAL USE OF MEDICINAL PLANTS, THROUGH AN


EDUCATIVE PRIMER, IN THE MUNICIPALITY OF REDENÇÃO STATE OF CEARÁ

Marcia Regia do Nascimento Duarte*


Fernanda Pereira de Sousa*
Fábio Morais da Silva**
Emmanoel Peixoto Saraiva Lima***
Cinara Vidal Pessoa****
Jeferson Falcão do Amaral*****

RESUMO

O uso de plantas medicinais existe há muitos anos, desde o surgimento do homem até a sua
evolução. Este uso se dava pela necessidade de curar as doenças, onde eram feitos chás para o
tratamento por via oral; e essa prática tem sido transmitida através das diversas gerações. Os
curandeiros tiveram grande reconhecimento para a época devido as porções que eram
inventadas por eles junto com os ingredientes dos remédios; eram todas bem guardadas como
se fossem fórmulas secretas. Desde tempos imemoriais, na busca por alívio e cura de doenças
que acometem o homem, as plantas medicinais consistem na principal forma de utilização dos
produtos naturais. A população quando utiliza plantas medicinais com fins terapêuticos
desconhece, muitas vezes, a possível existência de efeitos tóxicos e casos de contraindicação,
pois acreditam que a “planta por ser natural não faz mal”, levando ao uso indiscriminado. O
uso irracional de plantas medicinais e suas preparações contribuem significativamente para
maiores riscos de reações adversas e toxicidade, constituindo assim um grande problema de
saúde pública. Dessa forma, o uso de remédios caseiros como chás, xaropes e lambedores são
na maioria das vezes administrados de maneira indiscriminada. Uma atividade de extensão,
utilizando uma cartilha educativa, como instrumento de Educação em Saúde, pode colaborar
para um uso mais adequado e racional de plantas medicinais e redução de intoxicações ou
agravos de saúde em doenças pré-existentes. Nota-se que a maior parte dos usuários que
conhecem um pouco sobre a temática possuem mais de 50 anos de idade e que o conhecimento
ainda é muito restrito e superficial. Conclui-se que ainda se faz necessário uma maior
divulgação para a população sobre o uso correto de plantas medicinais e fitoterápicos como
uma possibilidade de tratamento para enfermidades desde que usados racionalmente.

Palavras-chave: Cartilha. Educação. Uso Racional. Plantas medicinais.

______________________________________
*Discente do Curso de Enfermagem do Instituto de Ciências da Saúde (ICS/UNILAB)
**Biólogo. Especialista em Farmacologia pela Faculdade Antheneu.
***Enfermeiro. Administrador. Especialista em Saúde da Família e Comunidade (UECE)
****Farmacêutica. Especialista em Saúde Pública e da Família. Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente.
Docente da UNICATÓLICA
*****Farmacêutico. Especialista em Farmácia Clínica. Mestre e Doutor em Farmacologia. Docente dos Cursos de
Farmácia, Enfermagem e Saúde da Família (ICS/UNILAB)
ABSTRACT

The usage of medicinal plants exists for a long time from the emergence of the mankind to its
evolution. This use was due to the necessity to cure diseases, where teas were made for oral
treatment. And this practice has been passed through diverse generations. The healers had a
great importance for the time due to the medicinal plants portions, invented by them, along with
the remedy ingredients; they were all kept like secret formulas. Since immemorial times, in the
search for relief and healing of illnesses that attack the man, medicinal plants consist in the
main way of using of natural products. The population, when using medicinal plants with
therapeutic intent, unknows, sometimes, the possible existence of toxic effects and
contraindication, due to their belief that "plants, for being natural, won't harm", leading to its
indiscriminate usage. The irrational use and preparation of medicinal plants contribute
significantly to the raise of adverse reactions and toxicity risks, creating, therefore, a major
public health problem. So the use of homemade medicines, like teas and syrups are, mostly,
managed indiscriminately; an extension activity making usage of educative booklets, like health
education instruments, might contribute for a more appropriate and rational use of medicinal
plants and for the decrease of intoxications or aggravating factors in already existing diseases.
Most users that know a little about the theme are already over 50 years old and their knowledge
about it is still very superficial and restrict. It is concluded, therefore, that a larger divulgation,
to the population, about the correct usage of herbal medicine as a treatment possibility is still
needed.

Keywords: Booklets. Education. Rational use. Medicinal plants

1 INTRODUÇÃO

O uso de plantas medicinais existe há muitos anos desde o surgimento do homem


até a sua evolução. Segundo Firmo e colaboradores (2011), os primeiros registros sobre a
utilização de plantas medicinais são datados de 500 a.c. Este uso se dava pela necessidade de
curar as doenças, onde eram feitos chás para o tratamento por via oral. E essa prática tem sido
transmitida através das diversas gerações. Os curandeiros tiveram grande reconhecimento para
a época devido as porções que eram inventadas por eles junto com os ingredientes dos remédios;
eram todas bem guardadas como se fossem fórmulas secretas.
Aos poucos, os remédios medicinais foram sendo testados e utilizados pelo homem
do campo e principalmente pelos índios, em doenças como: gripes, ferimentos, dores de cabeça,
estômago e ansiedade. As plantas medicinais apresentam grande importância na vida da
população para manter a saúde, pois além de serem fonte terapêutica acessível, os pacientes
relatam que os remédios feitos através das plantas apresentam bons resultados e uma margem
de segurança satisfatória para as pessoas que as utilizam (ACCORSI, 2000).
O uso dessas poderosas plantas ainda não é bem aceito por muitos profissionais da
área de saúde, porque não se tem comprovação científica de todas as plantas. E é por essa razão
que não é confiável o uso de chás ou lambedores com alguns medicamentos, por exemplo,
psicotrópicos; pois esse hábito pode resultar em um efeito colateral não agradável podendo até
prejudicar o paciente por causa da mistura de substâncias (ALVIM et al., 2006).
Atualmente existe um programa de medicamentos fitoterápicos feitos através de
vegetais e são testados a sua ação farmacológica e toxicológica onde o principal órgão
responsável é a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Infelizmente nem todas
as pessoas têm esse conhecimento ou acesso aos medicamentos fitoterápicos, o que os leva
ainda a utilização da planta medicinal por questão de baixo custo financeiro e porque é de fácil
cultivo. A única preocupação com uso dessas ervas medicinais é que pouco se sabe sobre elas
e mesmo assim a população as utiliza porque alguém usou e obteve resultados satisfatórios
(BRASIL, 2012).
Certamente, a informação sobre as plantas medicinais as formas de como utilizá-
las devem ser resgatadas e estudadas para a cura de enfermidades, pois cada planta possui uma
estrutura química e substâncias que apresentam seu poder paliativo e/ou curativo. A grande
preocupação não é inibir o uso de plantas medicinais, mas orientar a população sobre a forma
correta de utilização das mesmas (ELDIN, 2001).
Dessa forma, os objetivos deste trabalho foram orientar a população de um
município do interior do Estado sobre o uso correto de plantas medicinais, através de cartilha
educativa, para que o uso correto possa favorecer a promoção da saúde prevenindo efeitos
colaterais e intoxicações; objetivou, ainda, elaborar cartilha educativa sobre o uso mais
adequado e racional de plantas medicinais e redução de intoxicações ou agravos de saúde em
doenças pré-existentes; esclarecer os riscos do uso desordenado de plantas medicinais e
correlatos para tratamento de patologias em geral, tais como efeitos colaterais, intoxicações e
possíveis interações com outros fármacos utilizados em tratamentos que o indivíduo esteja
fazendo; orientar a população através de palestras sobre o uso racional de plantas medicinais e
correlatos, através de folheto explicativo.
2 METODOLOGIA

O processo de realização ação de Educação em Saúde sobre Uso Racional de


Plantas Medicinais foi composto por três etapas:

I - A princípio, foi realizada a elaboração de cartilha educativa sobre o uso mais adequado e
racional de plantas medicinais e redução de intoxicações ou agravos de saúde em doenças pré-
existentes. A cartilha versou em seu conteúdo sobre uso mais adequado e racional de plantas
medicinais e redução de intoxicações ou agravos de saúde em doenças pré-existentes. Essa
cartilha foi utilizada como instrumento de Educação em Saúde nas palestras a fim de avaliar a
didática do material para posteriormente ser validada por professores especialistas.

II - Foram realizadas campanhas educativas por meio de palestras com alunos da Universidade
da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB utilizando-se de mídias
visuais (data show) para transmitir o conteúdo da cartilha e para realizar uma troca de saberes
sobre plantas medicinais e o uso de fitoterápicos, além de mensurar o nível de conhecimento
dos acadêmicos, uma vez que essas informações, na maioria das vezes, são inerentes da
população mais idosa, adquiridas por seus ancestrais. Essa mensuração aconteceu por meio de
perguntas sobre o nível de conhecimento de cada um, onde cada resposta era anotada em diário
de campo.

III - Já com a comunidade externa, foi trabalhado sobre o uso correto de Plantas Medicinais e
os principais problemas de saúde relacionados ao uso indiscriminado e sem orientação
profissional. Foi preenchida a ficha que continha a idade, o sexo e o nível de conhecimento de
cada participante como sendo, pouco, muito ou nenhum.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

3.1 Elaboração das cartilhas educativas

A elaboração da cartilha educativa foi realizada com a finalidade de abordar a


descrição de algumas plantas comuns na região do Maciço de Baturité, assim como a parte
usada como remédio, forma adequada de uso, indicações, contraindicações e efeitos adversos.
Esta cartilha foi utilizada como instrumento de educação em saúde, visando informar aos
usuários sobre alguns pontos essenciais sobre o uso racional de plantas medicinais, promovendo
prevenção e promoção da saúde de forma coletiva.
As plantas utilizadas na ação foram escolhidas a partir de pesquisa verbal, realizada
com pessoas da comunidade, quanto as plantas mais utilizadas na região para alívio de dores e
cura de doenças. Inicialmente foram utilizadas cinco plantas (boldo, babosa, canela, moringa
e folha de graviola), e apresentadas na cartilha o modo de uso, as partes usadas, indicações,
contraindicações e possíveis efeitos tóxicos.

3.2 Ação educativa com o uso da cartilha

Como forma de promover educação em saúde coletiva, foi realizado uma ação
educativa com a comunidade, em um “Dia D” de promoção à saúde, na cidade de Redenção-
CE. O local escolhido, foi uma praça pública (Praça do Obelisco), com o propósito de que
tivesse uma maior visibilidade pela população local, facilitando assim, a disseminação do
conhecimento. Para este dia foram exibidas algumas plantas de relevância na região como:
moringa, canela, boldo, babosa e folha de graviola. Foram distribuídos alguns folhetos
explicativos, elaborados a partir da cartilha, como forma de focar nos pontos principais para
que a leitura não se tornasse cansativa.
Figura 1- Cartilha educativa sobre o uso racional de plantas medicinais
Figura 2- Folheto explicativo, distribuído na ação, elaborado a partir da cartilha.
3.3 Resultados obtidos na ação educativa com o uso da cartilha

Ao todo, foram abordadas 112 pessoas que transitavam no local. Observou-se que,
dos que fazem uso de plantas medicinais, a maioria considera utilizar o chá como medicamento,
enquanto que, uma pequena parcela, alega fazer a utilização do mesmo como alimento. Entre
os que foram abordados, os participantes que demonstraram um maior interesse em fazer o uso
de plantas medicinais, seja para alimento, ou para alívio de dores, 95% foram de mulheres e os
outros 5% de homens.

Gráfico 1 – Relação do sexo com o interesse em uso de plantas medicinais

É importante ressaltar que a população que mais fazia uso de plantas medicinais,
concentrou-se na faixa etária acima de 50 anos. A maior concentração nesta faixa etária pode
ser justificada, pois em geral constituem-se de pessoas que possuem principalmente os
conhecimentos populares herdados dos antepassados. De acordo com as abordagens, percebeu-
se também que os indivíduos mais jovens se interessam menos pelo tratamento com plantas
medicinais.

Gráfico 2 – Idade dos participantes da ação


Quanto ao uso racional de plantas medicinais e os riscos de reações adversas e
intoxicações, muitos ficaram surpresos com a nossa intervenção, e de certa forma felizes, pois
muitos não tinham conhecimento das possíveis consequências do uso indiscriminado das
mesmas, assim também como desconheciam que a falta de padronização ou até mesmo o
manejo inadequado das plantas para determinada doença, houvesse a redução de sua eficácia.

Gráfico 3 – Relação do nível de conhecimento dos participantes da ação

Quanto ao nível de conhecimento dos acadêmicos dos cursos de Administração,


Farmácia e Enfermagem presentes na palestra, observou-se que a maioria dos presentes tinham
pouco ou nenhum conhecimento acerca da forma correta do uso das plantas medicinais ou seus
malefícios quando utilizados de forma indiscriminada. A maioria se mostrou surpreso com as
informações apresentadas.

Gráfico 4 - Relação do nível de conhecimento dos acadêmicos presentes na palestra


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ação educativa propiciou a exploração de um tema muito importante, mas pouco


abordado na comunidade local, o uso racional de plantas medicinais, favorecendo também uma
visão científica e cultural mais apurada que resultou numa melhor abordagem do tema.
Além disso, foi possível observar que a comunidade não tem acesso a informações
seguras e concretas sobre o assunto abordado, no qual muitas vezes são compartilhados mitos
e técnicas errôneas envolvendo o uso e plantas medicinais, o que pode gerar um grande
problema de saúde pública com a possibilidade de intoxicações severas. Desta forma, a
atividade de Educação em Saúde buscou promover a redução de intoxicações ou agravos de
saúde em doenças pré-existentes, trazendo informações detalhadas e de fácil compreensão para
usuários de plantas medicinais que buscam alívio e cura de doenças.

REFERÊNCIAS

ACCORSI, W.R. Medicina natural, um novo conceito: a fórmula: guia de negócios. Revista
Espaço para a Saúde, v. 2, n. 4, p. 5-8, 2000.

ALVIM, N.A.T. et al. O uso de plantas medicinais como recurso terapêutico: das influências
da formação profissional às implicações éticas e legais de sua aplicabilidade como extensão da
prática de cuidar realizada pela enfermeira. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.
14, n. 3, 2006.

BRASIL, Ministério da Saúde- Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Práticas integrativas e complementares plantas medicinais e fitoterapia na atenção
básica. Brasília – DF. 2012.

ELDIN, S.; DUNFORD, A. Fitoterapia na atenção primária à saúde. São Paulo: Manole, 2001.

FIRMO W.C.A., et al. Contexto histórico, uso popular e concepção científica sobre plantas
medicinais. Cad. Pesq., São Luís, v. 18, n. especial, dez. 2011.

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