As Relacoes Entre Linguagem e Verdade PDF
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CRÁTILO DE PLATÃO
Marcílio Bezerra Cruz1; Anastácio Borges de Araújo Junior2
1
Estudante do Curso de Licenciatura em Filosofia; E-mail: mbc_cilio@hotmail.com
2
Docente/pesquisador do Departamento de Filosofia – CFCH – UFPE. E-mail: abaraujojr@gmail.com
INTRODUÇÃO
Dentre os inúmeros pensadores que de fato auxiliaram no desenvolvimento reflexivo e
científico da humanidade, poucos tem tanto destaque na trajetória histórica do homem
quanto Platão. O filósofo Grego é, sem dúvida, um dos pensadores mais citados desde o
seu século V a.C. – influenciando tanto diretamente quanto indiretamente importantes e
brilhantes mentes no curso da trajetória histórica da humanidade. Não obstante, mesmo
sendo continuamente citado e discutido, ainda é quase impossível afirmar diretamente qual
foi o seu real posicionamento diante dos infindáveis problemas filosóficos encontrados em
seus diálogos. E isso se dá justamente pelo fato do filósofo ter escrito diálogos e dissipar
suas reais hipóteses por entre as falas de suas personagens. É certo a influência de Sócrates
na vida do filósofo e isso pode ser visto, por exemplo pelo seu reflexo que perpassa quase
todo o corpus platonicum. No entanto, mesmo sendo a personagem principal na maioria
dos diálogos, não podemos sempre designá-lo como porta voz da filosofa de Platão – isso
por que o filósofo tinha a sua própria filosofia. O que podemos e devemos fazer, contudo, é
investigar – de modo hermenêutico – em que medida Platão se evidencia tanto através de
Sócrates quando das suas demais personagens.
Os estudiosos vêm, ao longo de todos esses séculos, tentando justamente extrair o
seu pensamento por de trás dessas máscaras. Mas foi somente com a estilometria, no final
do século XIX, que fora possível ordenar sequencialmente os diálogos de Platão e
descobrir, a partir daquele que seria seu último e inacabado escrito (As Leis), aqueles que
continuam as suas possíveis teorias acercas dos temas debatidos. Descobriu-se, por
exemplo, que dentre as mais diversas e interessantes pesquisas realizadas pelo filósofo da
academia, o filósofo dedicou um grande número de obras ao tema da “verdade”. Desde sua
juventude até a velhice, o tema da verdade parece ter feito parte das suas investigações
filosóficas – encontrando diversas tentativas de defini-la. Isso pode ser explicado, em
parte, por conta do movimento sofistas que, no século V a.C., pregava o relativismo sobre
tudo e qualquer coisa. Seguindo a esteira de Sócrates, Platão procurou efetivar a
importância de uma verdade imutável. No Político (300c), por exemplo, o filósofo
compreendia a verdade (Alethéia) como o conhecimento verdadeiro das coisas –
distanciando energicamente dos discursos pregados pelos sofistas de que “o homem é a
medida de todas as coisas”.
Essa necessidade de uma verdade imutável pode ser encontrada desde os seus
primeiros diálogos. Quando Sócrates busca encontrar uma definição para a “virtude” ou
para a “temperança”, por exemplo, ele parece estar atrás de uma verdade que seja, de fato,
imutável. Todavia, no interior dos diálogos da juventude, Platão não parece se posicionar
para além dessa investigação. Esses diálogos ganharam o título de “aporéticos” justamente
pelo fato de não trazerem qualquer resposta para a pergunta “o que é...?” realizada com
tanto empenho por Sócrates. Somente nos diálogos mais maduros podemos encontrar
alguns possíveis posicionamentos diante dessas questões. O primeiro diálogo em que isso
ocorre, segundo a estilometria e uma variedade de estudiosos sobre o assunto, é o Crátilo –
um diálogo que versa sobre a linguagem no mundo antigo. Nele, encontramos, manifestado
em duas personagens emblemáticas, duas concepções antagônicas da linguagem e suas
possíveis relações com a verdade.
A personagem homônima ao diálogo, por exemplo, acredita que a linguagem tem
uma relação direta com as coisas. O chamado naturalismo que ele defende é, talvez, a
concepção mais antiga da humanidade sobre o tema – encontrada, por exemplo, na maneira
como os poetas e os adivinhos antigos se relacionavam com o divino. Ela é a linguagem
inspirada pelas Musas que inspiram o poeta a construir e a modelar a realidade através dos
seus discursos. Já em contraposição a ela, encontramos a personagem Hermógenes que,
defendendo uma concepção oriunda dos sofistas e guerreiros arcaicos, compreendida a
linguagem de maneira convencional, implicando num profundo distanciamento da
linguagem com a realidade. É, em meio a esse debate, que Platão parece se posicionar pela
primeira vez – refutando ambas as teorias e lançando a base de sua própria interpretação.
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS
Até o relatório parcial, buscamos entender como a linguagem era trabalhada no mundo
antigo. Mapeando as duas importantes vertentes trabalhadas no próprio diálogo em
questão, conseguimos compreender que as origens das teorias contemporâneas da
linguagem – como a teoria referencial, por exemplo – são oriundas ainda de uma
interpretação grega que acreditava que a linguagem e as coisas tinham uma necessária
relação entre elas. Após esse período de análise do mundo grego, procuramos entender o
próprio pensamento de Platão acerca da linguagem e visamos extrair do interior do diálogo
apontamentos de sua teoria. Conseguimos, por exemplo, identificar em que momentos
Sócrates parece refutar seus interlocutores fazendo-os perceber suas contradições. Por fim
e, especialmente, conseguimos no término da pesquisa ter uma posição diante do diálogo
que, durante boa parte da sua trajetória histórica, é dito como de difícil interpretação.
DISCUSSÃO
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTO
REFERÊNCIAS
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Fontes secundárias
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