O Período Da Globalização e A Reafirmação Das Regiões PDF
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RESUMO
As pretensões contidas no presente artigo visam entender o período atual a partir da região
e entender a região a partir do período, dialeticamente. Para tanto, partiu-se previamente
para uma contextualização referente às características do período, enquadrando neste, a
questão da reafirmação da região enquanto realidade geográfica do mundo, portanto,
passível de estudos. O enfoque é dado sobre as regiões tidas como letárgicas, ou seja,
aquelas que não têm densidades consideráveis dos aportes do meio geográfico típico da
globalização - técnica, ciência e informação. As regiões letárgicas são aquelas que ocupam
posições marginais na dinâmica capitalista, porém não são dispensadas de suas lógicas.
Ressaltam-se algumas reflexões metodológicas que buscam o entendimento do fenômeno
regional no atual período, dando destaque para a própria compreensão da globalização,
considerada como imprescindível na percepção da realidade em sua totalidade.
Palavras-chave: globalização, região, região letárgica, geografia.
ABSTRACT
The claims contained in this article aimed at understanding the current period from the
region and understand the region from the period, dialectically. For both, went up for a
previously contextualization regarding the characteristics of the period, incorporating this,
the issue of the reaffirmation of the region as geographical reality of the world, therefore,
likely to studies. The focus is given on the regions considered lethargic, or those that do
not have considerable densities from contributions of the geographical environment typical
of globalization - technical, science and information. The lethargic regions are those who
hold marginal positions in the dynamic capitalist, but they are not exempted from their
logic. Stress some methodological reflections seeking the understanding of regional
phenomenon in the current period, paying attention to the own understanding of
globalization, seen as vital in the perception of reality in its integrality.
Key words: globalization, region, lethargic region, geography.
1. INTRODUÇÃO
Nossa pretensão no presente artigo é contextualizar a questão da região frente ao
período da globalização que, para nós, constitui-se em alicerce explicativo do real.
Trabalhamos com a idéia de que a região continua existindo na atualidade, portanto ela
ainda é uma categoria geográfica válida na explicação do mundo. Após o desencantamento
1
Doutorando em Geografia no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de
Pernambuco. E-mail: santiagovasconcelos@yahoo.com.br.
2
Professor Adjunto do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE. E-mail: alcindo-sa@uol.com.br.
3
Para o sociólogo brasileiro Octávio Ianni “a globalização do mundo expressa um novo ciclo de expansão do
capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório de alcance mundial. Um processo de amplas
proporções envolvendo nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais, grupos e classes
sociais, econômicas, e sociedades, culturas e civilizações” (IANNI, 2001).
4
Vide Santos (2001, pp. 24-33).
5
Mas, para Santos e Silveira (2003), “isso não quer dizer que as empresas poderosas abdicassem da prática de
tentar convencer os governos, sugerindo políticas. Sua existência e seu desenvolvimento dependiam, de
fato, dessas políticas que os respectivos Estados adotavam, ou não, segundo o projeto de desenvolvimento
escolhido”.
6
Esse assunto da fragmentação territorial é mostrado com propriedade por alguns autores em alguns artigos
de uma obra organizada por Santos; Souza e Silveira (1998b), cf. referência no final deste trabalho.
7
Para Ianni (2001) “a sociedade global está sendo tecida por relações, processos e estruturas de dominação e
apropriação, integração e antagonismo, soberania e hegemonia. Trata-se de uma configuração histórica
problemática, atravessada pelo desenvolvimento desigual, combinado e contraditório. As mesmas relações
e forças que promovem a integração sustentam o antagonismo, já que elas sempre deparam diversidades,
alteridades, desigualdades, tensões, contradições. Desde o princípio, pois, a sociedade global traz no seu
bojo as bases do seu movimento. Ela é necessariamente plural, múltipla, caleidoscópica. A mesma
globalização alimenta a diversidade de perspectivas, a multiplicidade dos modos de ser, a convergência e a
divergência, a integração e a diferenciação; com a ressalva fundamental de que todas as peculiaridades são
levadas a recriar-se no espelho desse novo horizonte, no contraponto das relações, dos processos e das
estruturas que configuram a globalização”.
8
Segundo Smith (1988, p. 151) “a Geografia do capitalismo é mais sistemática e completamente uma parte
integral do modo de produção, mais do que ocorreu com qualquer modo de produção anterior”.
9
“A divisão social do trabalho é freqüentemente considerada como repartição (ou no Mundo, ou no Lugar)
do trabalho vivo. Essa distribuição, vista através da localização dos seus diversos elementos, é chamada de
divisão territorial do trabalho. Essas duas formas de considerar a divisão do trabalho são complementares e
interdependentes” (SANTOS, 2002b).
10
Segundo Santos (2002b) as formas e seus conteúdos seriam o próprio espaço, ou seja, as formas mais as
ações que lhe dão conteúdo e significado contextualizado de acordo com cada momento dinâmico da
totalidade. Com o processo permanente de totalização as formas e os conteúdos vão mudando para
formarem uma outra totalidade fugaz em sua totalização, num constante fazer-refazer-fazer.
11
“Ancorada numa concepção de escala cartográfica, a visão geométrica da geografia e do espaço pretende
definir a região a partir dos limites. Essa visão escalar e, em conseqüência, a cisão escalar se antepõem à
escolha das variáveis consideradas pertinentes à interpretação de um fenômeno. Assim, mudando-se os
limites... acabaria a região...” (SILVEIRA, 2003).
12
Ver entre outras fontes: www.avancabrasil.gov.br.
13
Nossas considerações não estão negando o conteúdo técnico da região, apenas exemplifica através do
conteúdo organizacional.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito tem se falado sobre globalização nos últimos anos. As falas partem das mais
diversas matrizes teóricas, filosóficas e ideológicas. Se por um lado há aqueles que
enxergam maravilhas nesse novo período da história, por outro, há aqueles que formulam
duras críticas aos atuais modos como está se dando o seu direcionamento político,
resultando em um processo de deterioração da condição humana.
Independente da visão de cada um sobre a globalização, o certo é que a mesma deve
ser considerada como um período histórico sustentador e explicativo da realidade. Assim, o
entendimento da região tem que acompanhar as mudanças emanadas do novo período para
que não tenhamos interpretações distorcidas e inverídicas, ou mesmo para não acharmos
que a mesma deixou de existir!
É no atual período que o meio geográfico passa a ser técnico-científico-
informacional provocando mudanças nos arcabouços regionais de outrora por ocasião das
novas possibilidades materiais e imateriais do tempo presente. No entanto, os restos do
passado oferecem grande força coercitiva na elaboração da “nova região”.
A distribuição do meio técnico-científico-informacional forma uma cartografia
composta por “regiões luminosas” e “regiões opacas”, devido os diferentes graus de
densidades e rarefações dos dados geográficos do período atual. As “regiões luminosas” e
3. REFERÊNCIAS
ALBET I MAS, A. 2001. ¿Regiones Singulares y Regiones sin Lugares? Reconsiderando
el Estúdio de lo Regional y lo Local em el Contexto de la Geografía Postmoderna. Boletín
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Meio Técnico-Científico-Informacional da Globalização. Tese de Doutorado em
Geografia Humana), Departamento de Geografia/FFLCH/USP, São Paulo. 168p.
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Internas aos Presídios: Uma Geografia do Medo. Recife. Ed. Universitária da UFPE.
______. 1997. Metamorfoses do Espaço Habitado. 5ª ed. São Paulo: HUCITEC. 124p.
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Crítica. São Paulo: EDUSP. 285p.
______. 2002b. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo:
EDUSP. 384p.
______. 2003. A Região e Invenção da Viabilidade do Território. In: SOUZA, M.A.A. de,
(Org.). Território Brasileiro: Usos e Abusos. Campinas: Ed. Territorial. pp. 408-416.