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Rio de Janeiro. Ano 13. Volume 20. Número 2. Maio a Agosto de 2019
Periódico Quadrimestral da Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Processual da UERJ
Patrono: José Carlos Barbosa Moreira (in mem.). ISSN 1982-7636. pp. 159-188
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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo traçar algumas reflexões acerca da
relevância da mediação como instrumento de acesso à justiça, sob a perspectiva do CPC
2015. Utilizando-se do modelo dedutivo, o estudo justifica-se diante da necessidade de as
normas processuais atenderem a perspectiva dos direitos fundamentais. Constata-se, com a
pesquisa, a aptidão do instituto da mediação para o deslinde dos conflitos, especialmente
pelo fato de proporcionar às partes, com auxílio de uma terceira pessoa neutra e imparcial,
um ambiente de cooperação, com a possibilidade de refletirem, restabelecerem o diálogo e
construírem uma solução conjunta para o problema vivenciado.
1
Artigo recebido em 03/06/2019 e aprovado em 30/07/2019.
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ABSTRACT: This article aims to draw some reflections regarding the relevance of
mediation as an instrument of access to justice, from the perspective of the CCP 2015.
Using the deductive model, the study is justified in the face of the need for procedural rules
to meet the fundamental rights perspective. With this research, it is possible to realize the
mediation institute's ability to settle conflicts, especially because it provides the parties,
with the help of a neutral and impartial third party, a cooperative environment, with the
possibility of reflecting, re-establishing dialogue and construct a collective solution to the
problem experienced.
INTRODUÇÃO
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1. ACESSO À JUSTIÇA
2
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto
Alegre: Fabris, 2002, p. 12.
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Sob esse aspecto, a reparação do direito lesado deve ser em tempo hábil, de forma
adequada e oportuna, no intuito de assegurar, na medida do possível, a pretensão da parte
nos mesmos moldes em que teria se não precisasse dirigir-se ao Judiciário.3 Mais do que
apresentar solução às demandas, é preciso prontidão em restabelecer o equilíbrio que fora
afetado, mediante comprometimento com o ideal de justiça.
A Constituição Federal de 1988 contemplou o acesso à justiça, garantindo a
necessária tutela estatal aos conflitos decorrentes da vida em sociedade. Ela abriga a
intenção de um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos, e elege
a Justiça como um dos valores supremos de uma sociedade que se pretende fraterna e
pluralista, o que não permite deixar de anunciar a inafastabilidade do controle
jurisdicional.4
Cuida-se da bilateralidade do preceito constitucional que, por um lado, ratifica o
princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional e, por outro, confirma o princípio do
acesso à justiça, devido à possibilidade do sujeito de direito exigir a prestação
jurisdicional, utilizando meios adequados para o seu alcance, o que vem colaborar também
com a redução das desigualdades sociais, além de garantir a observância do Estado
Democrático de Direito.
Com o advento da Constituição Federal, o Direito passou a ser analisado, por
conseguinte, sob duas perspectivas: segundo as previsões trazidas pelas codificações e leis
esparsas, bem como, em conformidade com os dispositivos constitucionais. Nessas
circunstâncias, a Constituição tornou-se o centro do sistema jurídico, desfrutando já não
apenas da supremacia formal, mas também da supremacia material, axiológica,
potencializada nos princípios.
A simples remissão à legislação codificada deixa de ser suficiente para a
compreensão dos ramos e disciplinas do Direito, devendo a norma, a partir de então, ser
integrada e satisfatoriamente interpretada em equiparação com os dispositivos
constitucionais, compatibilizando, assim, com os preceitos elencados na Constituição.
3
MEDEIROS NETO, Elias Marques de. Penhora de percentual do faturamento de empresa devedora na
execução por quantia certa contra devedor solvente: uma leitura com base no princípio da efetividade do
processo. 2014. 357 f. Tese (Doutorado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, 2014, p. 14.
4
NALINI, José Renato. Novas perspectivas no acesso à justiça. Revista CEJ, n. 03, dezembro 1997.
Disponível em: <http://daleth.cjf.jus.br/revista/numero3/artigo08.htm>.
162
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Uma subdivisão cronológica dos movimentos de acesso à justiça foi criada por
Mauro Cappelletti e Bryant Garth. Para tanto, sustentaram a existência de três vertentes
essenciais, que receberam a denominação de ondas renovatórias de acesso à justiça: “O
recente despertar de interesse em torno do acesso efetivo à Justiça levou a três posições
básicas, pelo menos nos países do mundo Ocidental.”6
A primeira enfatiza a necessidade de amparo jurídico aos economicamente menos
favorecidos, por não poderem custear as despesas de um processo. Segundo os juristas, o
auxílio do patrono seria indispensável diante de um sistema jurídico bastante extenso,
formado por legislações complexas aos olhos do cidadão comum, devendo, assim, os
cofres do governo suportar as custas processuais e a remuneração do advogado, a fim de
garantir esse direito.
Por sua vez, a segunda onda renovatória trata dos interesses difusos, coletivos e
individuais homogêneos, diante do surgimento de um cenário de mudanças que trouxeram
novos direitos a serem tutelados pelo ordenamento, tornando insuficientes as garantias
restritas às soluções de controvérsias entre interesses individuais.7
O escopo desse segundo movimento foi inserir no ordenamento jurídico meios que
assegurassem a representação dos direitos da coletividade, com objetivo final de propiciar
5
BARROSO, Luís Roberto. A constitucionalização do direito e suas repercussões no âmbito
administrativo. Disponível em: <http://www.editoraforum.com.br/ef/wp-content/uploads/2014/09/A-
constitucionalizacao_LuisRobertoBarroso.pdf>, p. 43.
6
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto
Alegre: Fabris, 2002, p. 31.
7
RIBEIRO, Igor Coelho Antunes. Teoria das Ondas Renovatórias: uma concepção tridimensional de acesso
à justiça. Revista Crítica do Direito, n. 03, vol. 55. Disponível em:
<https://sites.google.com/a/criticadodireito.com.br/revista-critica-do-direito/todas-as-edicoes/numero-3-
volume-55/igor>.
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8
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
9
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Celeridade e efetividade da prestação jurisdicional: insuficiência da
reforma das leis processuais. Revista Síntese de Direito Civil e Processual Civil. Porto Alegre: Síntese, v.
6, nº 36, p. 19-37, jul./ago. 2005, p. 33.
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ou sentença, mas sim, de meios que permitam a real satisfação do jurisdicionado, fazendo
com que a garantia do acesso à justiça ganhe uma conotação ainda mais abrangente.10
Nesse novo enfoque sugerido, visa-se adequar o procedimento judicial ao tipo de
conflito existente, uma vez que eles muito se diferem em sua complexidade. Diante disso,
em razão de subsistirem diversas espécies de litígio, também se deve atentar ao fato da
existência de diferentes formas de solucioná-los de maneira eficiente. Ademais, algumas
situações, em virtude de sua própria natureza, exigem soluções rápidas, enquanto outras
permitem suportar um tempo mais longo.11
Entendem, no entanto, que existem diversas dificuldades e limitações para a
implantação das reformas propostas, sugerindo, então, a criação de alternativas, seguidas
da utilização de procedimentos mais simplificados, acompanhados de julgadores mais
informais. Para tanto, defendem o emprego dos equivalentes jurisdicionais, como o juízo
arbitral, a conciliação e os incentivos econômicos para a solução dos litígios12.
As três ondas apontadas surgem, desse modo, como formas de adequar o processo
às exigências atuais, visando a superar empecilhos burocráticos e incentivar alternativas
diferenciadas da imposição estatal, com instrumentos que favoreçam a solução amigável
das controversas, resguardando ao Judiciário regular, em especial, as questões mais
complexas.
Logo, não basta que o Estado receba a demanda e garanta o direito de ação
processual, ou, em outras palavras, o direito de agir dirigindo-se ao órgão jurisdicional,
deve, sobretudo, responsabilizar-se por uma decisão justa e adequada, sob pena de
inobservância às garantias previstas constitucionalmente.13
Esses novos ditames foram amplamente acolhidos pelo novo Código de Processo
Civil, o qual entrou em vigor em 18 de março de 2016, onde a participação ativa do
magistrado e das partes no processo é bastante motivada, superando a concepção
individualista, com o objetivo de contornar obstáculos formalísticos que impedem a
10
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto
Alegre: Fabris, 2002, p. 67-68.
11
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto
Alegre: Fabris, 2002, p. 71-72.
12
NALINI, José Renato. Novas perspectivas no acesso à justiça. Revista CEJ, n. 03, dezembro 1997.
Disponível em: <http://daleth.cjf.jus.br/revista/numero3/artigo08.htm>.
13
BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e Arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. Coleção Saberes do
Direito, p. 39.
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14
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Acesso à Justiça: condicionantes legítimas e ilegítimas. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011, p. 55.
166
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15
SOUZA, Artur César de. Código de processo Civil: anotado, comentado e interpretado. Parte geral (arts. 1
a 317). vol. 1. São Paulo: Almedina, 2015, p. 80.
16
SOUZA, Artur César de. Código de processo Civil: anotado, comentado e interpretado. Parte geral (arts. 1
a 317). vol. 1. São Paulo: Almedina, 2015, p. 80
17
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil:
artigo por artigo de acordo com a Lei 13.256/2016. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016, p. 54.
18
SOUZA, Artur César de. Código de processo Civil: anotado, comentado e interpretado. Parte geral (arts. 1
a 317). vol. 1. São Paulo: Almedina, 2015, p. 966.
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2. A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO
19
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil:
artigo por artigo de acordo com a Lei 13.256/2016. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016, p. 399.
20
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil:
artigo por artigo de acordo com a Lei 13.256/2016. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016, p. 735.
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21
MNOOKIN, Robert H. Why Negotiations Fail: An Exploration of Barriers to the Resolution of Conflict.
The Ohio State Journal on Dispute Resolution, 1993, p. 02.
22
BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e Arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. Coleção Saberes do
Direito, p.85.
23
CALMON, Petronio. Fundamentos da mediação e da conciliação. 2 ed. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013,
p. 180.
24
MORAIS, José Luis Bolzan de; SPENGLER, Fabiana Marion. Mediação e arbitragem: alternativa à
jurisdição! 3. ed. rev. e atual. com o Projeto de Lei do CPC/2015 brasileiro (PL 166/2010), Resolução
125/2010 do CNJ. Porto Alegre: Livraria do Advogado. Editora, 2012, p. 145.
169
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25
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Método, 2015,
p.52.
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26
TARTUCE, Fernanda; FALECK, Diego. Introdução histórica e modelos de mediação. Disponível em:
<http://www.fernandatartuce.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Introducao-historica-e-modelos-de-
mediacao-Faleck-e-Tartuce.pdf>, p.3-4.
27
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Método, 2015, p.
183-184.
28
HALE, Durval; PINHO, Humberto Dalla Bernardina de; CABRAL, Trícia Navarro Xavier. O Marco
Legal da Mediação no Brasil: comentários à Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2016. São Paulo: Atlas, 2016,
p. 42-43.
29
ALMEIDA, Rafael Alves de; ALMEIDA, Tânia; CRESPO, Mariana Hernandez. Tribunal Multiportas:
investindo no capital social para maximizar o sistema de solução de conflitos no Brasil. Rio de Janeiro: FGV,
2012. Disponível em:
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<http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10361/Tribunal%20Multiportas.pdf;sequence=
1>, p. 32.
30
ALMEIDA, Rafael Alves de; ALMEIDA, Tânia; CRESPO, Mariana Hernandez. Tribunal Multiportas:
investindo no capital social para maximizar o sistema de solução de conflitos no Brasil. Rio de Janeiro: FGV,
2012. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10361/Tribunal%20Multiportas.pdf;sequence=
1>, p. 18.
31
FISCHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como chegar ao sim: negociação de acordos sem
concessões. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Imago, p. 16.
32
FISCHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como chegar ao sim: negociação de acordos sem
concessões. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Imago, p. 28.
33
SALLES, Carlos Alberto de (coord.). As Grandes Transformações do Processo Civil Brasileiro:
homenagem ao Professor Kazuo Watanabe. São Paulo: Quartier Latin, 2009, p.595-596.
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34
SALLES, Carlos Alberto de (coord.). As Grandes Transformações do Processo Civil Brasileiro:
homenagem ao Professor Kazuo Watanabe. São Paulo: Quartier Latin, 2009, p. 596.
35
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Método, 2015, p.
183-184.
36
BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Dispõe sobre a Política Nacional de Incentivo à
Autocomposição no âmbito do Ministério Público e dá outras providências. Resolução nº 118, de 01 de
dezembro de 2014. Disponível em:
<http://www.cnmp.mp.br/portal/images/Normas/Resolucoes/Resolu%C3%A7%C3%A3o_n%C2%BA_118_
autocomposi%C3%A7%C3%A3o.pdf>.
37
BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Dispõe sobre criação de Núcleo de Solução
Alternativa de Conflitos e dá outras providências. Resolução nº 150, de 09 de agosto de 2016. Disponível
em: < http://www.cnmp.mp.br/portal/atos-e-normas/norma/4315>.
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38
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Método, 2015, p.
220.
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Sob essa perspectiva, ao possibilitar que o conflito seja resolvido sem a necessidade
do julgamento, constatam-se excelentes vantagens com a adoção do instituto da mediação,
como a alcance da solução rápida com custos reduzidos, pautada em concessões mútuas, o
que viabiliza a aceitação da decisão, assim como a restauração do relacionamento entre as
partes o que, consequentemente, evita-se a sobrecarga de processos no Judiciário.
Para tanto, é primordial, da mesma forma, que o mediador esteja preparado para
trabalhar com as resistências pessoais e com os posicionamentos antagônicos, para que
realmente consiga alcançar seu papel de facilitador da comunicação, o que demanda
grande preparo, estudo, sensibilidade, assim como habilidade, devendo ter o cuidado,
inclusive, de evitar a concretização de acordos inexequíveis.
Podem, ainda, ser incluídos no procedimento da mediação os patronos eleitos pelas
partes, que assim desejarem, uma vez que, embora seja bastante importante o
acompanhamento e auxílio do profissional, prevalece o entendimento de que o instituto
não exige a presença de advogados, especialmente em razão da prevalência do princípio da
autonomia da vontade das partes, conforme também disposto no artigo 10 da Lei de
Mediação (Lei nº 13.140/15), devendo o mediador, no entanto, suspender a sessão caso
uma das partes compareça acompanhada e a outra não, garantindo oportunidade para que
ambas estejam devidamente assistidas.
A postura adotada por esse profissional deve ser a de maximizar o sucesso do
procedimento e a satisfação dos envolvidos que, nesse contexto, possuem maior
participação e controle, uma vez que o resultado deriva de uma decisão construída
conjuntamente, cabendo ao patrono assessorar seu cliente de forma adequada, para que aja
de maneira colaborativa em busca de um resultado satisfatório.39
Nesse sentido, cabe ressaltar os esforços liderados por Gary Friedman e Jack
Himmelstein, os quais surgiram como forma de modificar as bases da advocacia
adversarial predominante e, de maneira mais jusfilosófica, a natureza dos conflitos tratados
no âmbito do Poder Judiciário, procurando, assim, uma saída mais humanista (portanto
envolta nos fatores psicológico, emocional e valorativo) a tais enfrentamentos,
39
MOTTA JÚNIOR, Aldemar de Miranda et al. Manual de Mediação de Conflitos para Advogados:
escrito por advogados. Ministério da Justiça, Brasil, 2014, p. 82
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40
FRIEDMAN, Gary; HIMMELSTEIN, Jack. Challenging Conflict: Mediation Through Understanding.
Washington: American Bar Association, 2009, p. 05.
41
FRIEDMAN, Gary; HIMMELSTEIN, Jack. Challenging Conflict: Mediation Through Understanding.
Washington: American Bar Association, 2009, p. 29.
42
CÂMARA DE COMÉRCIO BRASIL–CANADÁ – CCBC. Disponível em:
<http://www.ccbc.org.br/Home/SessionSite?_site=1>.
43
CÂMARA DE COMÉRCIO BRASIL–CANADÁ – CCBC. Disponível em:
<http://www.ccbc.org.br/Home/SessionSite?_site=1>.
44
CÂMARA DE MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM CIESP-FIESP. Disponível em:
<http://www.camaradearbitragemsp.com.br/pt/res/docs/Regimento_Interno-ago16.pdf>.
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45
CÂMARA DE MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM CIESP-FIESP. Disponível em:
<http://www.camaradearbitragemsp.com.br/pt/index.html>.
46
CENTRO DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO AMCHAM. Disponível em: <http://cbar.org.br/site/wp-
content/uploads/2015/01/Amcham_Regulamento_arbitragem_mediação_pt_2014.pdf>.
47
CENTRO DE ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO AMCHAM. Disponível em:
<http://www.amcham.com.br/centro-de-arbitragem-e-mediacao>.
48
CONSELHO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM – CONIMA.
Disponível em: <http://www.conima.org.br/>.
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Rio de Janeiro. Ano 13. Volume 20. Número 2. Maio a Agosto de 2019
Periódico Quadrimestral da Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Processual da UERJ
Patrono: José Carlos Barbosa Moreira (in mem.). ISSN 1982-7636. pp. 159-188
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Patrono: José Carlos Barbosa Moreira (in mem.). ISSN 1982-7636. pp. 159-188
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50
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo
Civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. v. 2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p.
175.
51
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Método, 2015, p.
287.
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DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução do direito processual civil, parte
geral e processo de conhecimento. 18. ed. Salvador: Jus Podivm, 2016, p. 272.
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WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil:
artigo por artigo de acordo com a Lei 13.256/2016. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016, p. 735.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo das civilizações demonstrou que para a boa convivência humana foram
válidas as criações de normas de conduta que, com o passar dos tempos, juntamente com a
institucionalização das sociedades, passaram a conceber o próprio direito, que busca
garantir a subsistência de determinados valores e a proteção dos denominados bem da vida.
Sob esse aspecto, o Direito passou a constituir uma maneira de controle social, enquanto
que o Estado Democrático de Direito configurou o mecanismo institucionalizado de
dirimir divergências, por meio da figura do Estado-juiz.
Adquiriu-se certo vício de se cogitar a solução dos conflitos a partir da ótica do
Poder Judiciário, encarregado de entregar a solução adjudicada e heterocompositiva.
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Entretanto, a solução válida da controvérsia pode advir tanto da jurisdição legal, quanto
por outros instrumentos de composição de conflitos, que tenham por objetivo primordial a
efetiva realização da Justiça, levado à reflexão de ser mito pensar que o monopólio do
Estado será o meio sempre justo e adequado para a efetiva resolução das controvérsias.
A presente pesquisa não teve qualquer intenção de mitigar o relevante papel do
Poder Judiciário, o qual continua tendo a significativa função de guardião das garantias
constitucionais. O objetivo primordial foi fomentar, como procedimento adequado, outros
mecanismos de resolução de conflitos, em especial a mediação, pelo fato de se mostrarem
mais aptos e flexíveis para serem utilizados em determinadas situações, por estimularem a
compreensão dos reais interesses e questões dos envolvidos, ao restabelecer um importante
ambiente de diálogo.
Essa nova visão apresentada apenas veio contrapor o costume competitivo
arraigado durante décadas, na busca de soluções colaborativas, alcançando, desse modo, o
sentido mais amplo do escopo jurisdicional, que é a distribuição da Justiça, resguardada a
garantia da pacificação social.
Com o presente estudo, foi possível constatar a união de esforços das atuais
legislações promulgadas, tais como a Resolução 125/2010 do CNJ e o CPC 2015, na busca
de medidas suficientemente eficientes para assegurar aos cidadãos brasileiros o efetivo
acesso aos órgãos jurisdicionais, com resultados satisfatórios.
As disposições do CPC/2015 evidenciaram a procura acirrada pela divulgação e
incentivo dos métodos alternativos de solução de demandas, especialmente os consensuais,
como a mediação, uma vez que nesse instituto há efetiva participação das partes na busca
pela solução do problema enfrentado, possibilitando, certamente, que o resultado
alcançado seja mais satisfatório do que aquele advindo de uma imposição judicial que,
muitas vezes, ao invés de finalizar um litígio, faz crescer ainda mais a animosidade entre
os envolvidos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rafael Alves de; ALMEIDA, Tânia; CRESPO, Mariana Hernandez. Tribunal
Multiportas: investindo no capital social para maximizar o sistema de solução de
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