Monografia - Ernestina F.B. Nhampossa
Monografia - Ernestina F.B. Nhampossa
Monografia - Ernestina F.B. Nhampossa
Orientado por:
dr. Ernesto Vilanculo
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Listas de abreviaturas:
CMVQ- Conselho Municipal da Vila de Quissico.
PEU- Plano de Estrutura Urbana.
UN-HABITAT- Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos.
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
A temática dos centros urbanos tem ganho cada vez mais destaque, não somente entre o
meio científico, mas também no dia-a-dia dos habitantes e usuários. Em Moçambique, o
processo de criação dos Centros Urbanos desenvolveu-se principalmente no período colonial.
No nosso país a aceleração da urbanização e transformação das Vilas em Cidades e de alguns
Postos Administrativos em Distritos inicia na década de 1975 com a Independência Nacional.
Essas transformações estiveram diretamente relacionadas a aspetos de ordem econômica e
social, bem como aos modos de vida da sociedade.
Em Moçambique, a população urbana atingiu em 2017 uma taxa relativamente alta em
comparação aos demais países da África Subsaariana, alcançando 36% do total populacional
(INE, 2017). As projeções das Nações Unidas indicam que esta taxa deve alcançar 60% e
concentrar pelo menos 17 milhões de habitantes em áreas urbanas do país em 2030 (UN, 2016).
Outras estimativas preveem que para 2025 esta taxa atinja 50,1% do total, ou seja, a cada dois
moçambicanos, um deverá morar em cidades do país.
Um dos grandes desafios do país é a capacidade de planeamento e gestão do solo urbano.
Em quase todas as cidades o crescimento urbano é expansivo e não ordenado, com novas
construções dispersas, ocupando a periferia da cidade e sistematicamente invadindo as áreas
agrícolas.
A excessiva expansão urbana tem resultado na ocupação de áreas periurbanas e no
alastramento de subúrbios com condições ambientais deterioradas, mobilidade ineficiente,
exclusão social e segmentação urbana.
Por outro lado, as cidades e Vilas atuías, resultado de uma série de eventos e
transformações urbanas, e sociais tem sido redesenhadas a partir de instrumentos que permeiam
o urbanismo contemporâneo. Contudo não menos frequente importantes cidades e vilas têm
passado por processos de ocupação desordenadas ao longo dos últimos anos.
Normalmente, esses assentamentos informais são estabelecidos por incorporadores
clandestinos ou por novos moradores que ocupam terrenos públicos ou privados.
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A Vila de Quissico ascendeu recentemente (2014) á categoria de vila Autárquica de
acordo com o nº 1 do Artigo 7 da lei 2/97 de 18 de Fevereiro. O maior aglomerado populacional,
concentra-se na vila, por ser o local onde todos os serviços básicos se concentram. Guimarães
(2007), aponta que a crescente busca por moradia e outros serviços básicos, provenientes do
grande fluxo de pessoas, incentiva a expansão física das cidades.
O trabalho tem como tema, “ Assentamento Informal”. O estudo realizar-se-á nas zonas
periféricas dos bairros Nhangave e Ticongolo no Município (xxxx ) no Município de Quissico
Província de Inhambane, parte de um universo de 11 bairros que constituem o Município de
Quissico.
1.2 Problematização
Segundo Guerra et. al, (2002), a urbanização é um processo de transformação da
sociedade e os impactos ambientais promovidos pelas aglomerações urbanas são, ao mesmo
tempo, produto e processo das transformações dinâmicas e recíprocas da natureza e da
sociedade estruturada em classes sociais.
O planeamento urbano em Moçambique tem estado direcionado para a elaboração de
instrumentos de caracter estratégico, nomeadamente Planos de Estrutura Urbana e Planos
Gerais de Urbanização, onde são previstas intervenções ambiciosas de longo prazo. A sua
implementação é improvável, pois a capacidade financeira e institucional para realizar
transformações de grande escala é deficiente.
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Aliás, o próprio Conselho Município da Vila de Quissico aprovou, em 2016, o Plano de
Estrutura Urbana (PEU), contudo não têm sido elaborados e implementados planos de detalhe
(pormenor) que respondam às necessidades mais urgentes da Vila e dos seus moradores e
concretizem as diretivas do PEU (2016).
A expansão populacional acelerada e a falta de planeamento urbano têm sido
parcialmente responsáveis pelas perdas ambientais vivenciadas nas últimas décadas nas cidades
e vilas Moçambicanas: destruição das dunas, extinção de espécies animais, erosão, alagamentos
e alterações climáticas sem precedentes.
Por um lado, a origem dos assentamentos informais está ligada a pobreza que o país
enfrenta, onde as pessoas se deslocam do campo para a cidade a procura de melhores condições
de vida. Por outro lado, o planeamento físico urbano não abrangente, conflitos armados, entre
outros contribuem grandemente para o surgimento de assentamentos informais e desordenados.
Durante muito tempo, técnicos, políticos e outros intervenientes, viam nos planos de
expansão urbana a solução para os problemas de habitação para jovens e para reduzir a
insalubridade nos bairros suburbanos, o que contribuiu para a afetação de extensas áreas, com
baixa densidade, e o aparecimento de problemas de ineficiência urbana daí decorrentes.
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que dificulta grandemente a criação de serviços básicos por parte das autoridades municipais
locais.
O processo de consolidação dos bairros Nhangave e Ticongolo tem estado a acelerar nos
últimos anos, o sistema territorial torna se mais complexo, novos desafios e novas
oportunidades são geradas. Famílias com rendas baixas têm estado a ceder parte ou a totalidade
das suas terras para novas construções convencionais sem o devido planeamento do solo;
estando estes dois bairros localizados no centro da vila municipal de Quissico e próximo dos
serviços básicos, tende a atrair aglomerados populacionais. Do exposto surge a seguinte
questão: Que impacto a ocupação espontânea e não ordenada das periferias dos Bairros
Nhangave e Ticongolo tem no ordenamento territorial da Vila de Quissico?
1.3 Justificativa
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na cultura urbana, oferecendo ainda grandes desafios que não foram vencidos mesmo com os
mecanismos legais (MELO et al., 2012).
1.4 Hipóteses
CMVQ é culpado pela ocupação espontânea e não ordenada das periferias dos Bairros
Nhagave e Ticongolo?
O CMVQ não é culpado pela ocupação espontânea e não ordenada das periferias dos
Bairros Nhagave?
1.5 Objetivos
1.5.1 Objetivos Gerais
Contribuir para o desenvolvimento de uma abordagem de planeamento urbano adequada
cidades e vilas com forte presença de assentamentos informais desordenados e com fortes
índices de crescimento urbano.
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Em Moçambique no geral, os sistemas urbanos existentes são bastante debilitados ou até
mesmo ausentes de infraestrutura e serviços públicos básicos, como o abastecimento de água,
saneamento e tratamento de esgoto, energia elétrica, recolha de resíduos sólidos, rede de
drenagem, entre outros. Nesses tipos de assentamentos há um predomínio de moradias precárias
e a maioria dos moradores não possui a habitação e/ou propriedade regularizadas, posse da terra
(DUAT).
Por outro lado, o fenómeno da globalização tem contribuído grandemente para o aumento
espontâneo da população em zonas urbanas.
A globalização foi algo que sempre existiu, sendo que ocorreu em momentos de maior e
menor intensidade. É uma acção que provoca mudanças nas estruturas políticas, económicas e
sociais, gerando pontos positivos, mas também podendo gerar inúmeros problemas e causar
sofrimento às nações e aos povos, Alvarez (2001).
Segundo a Organização das Nações Unidas ONU (2010), cada vez mais a população
mundial deve se concentrar nas cidades e, dessa forma, a urbanização será uma das tendências
demográficas mais importantes do século XXI. Pela primeira vez na história da humanidade,
desde o ano de 2008, nossa espécie estabeleceu um marco histórico, com mais da metade da
população mundial vivendo em ambientes urbanos.
O presente trabalho conta com uma base bibliográfica de diversas obras com conteúdos
relacionados ao tema como das informações colhidas aos órgãos públicos através da entrevista.
Tendo em vista a dimensão do tema e buscando um maior aprofundamento, para além de
publicações científicas usou-se também a legislação específica sobre lei de Terras, lei do
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ordenamento territorial e decretos, Plano de Estrutura Urbana da Vila de Quissico, entrea otros,
de modo a dar resposta ou orientação nas diversas questões relacionadas ao tema.
Com o aumento da população urbana, sobretudo nas áreas periféricas, não planeadas e
desprovidas de infraestruturas, serviços e equipamentos básicos e nem áreas disponíveis para
sua inclusão, a maior parte da população urbana do país passou a viver em áreas com condições
precárias.
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Os próprios assentamentos informais estão em expansão constante. Trata se de um
crescimento por contiguidade, um processo de extensão do malha urbana preexistente, através
da ocupação dos territórios na sua volta, sem um plano de urbanização. Um processo de
urbanização que vários atores o apelidam de “mancha de óleo”, quanto mais se afasta do centro
urbano, as ocupações tornam se mais dispersas,(geralmente residencial), a intensidade do uso
do solo é baixa, e com alta dependência em relação aos serviços básicos de visa de acesso,
abastecimento de agua e saneamento.
Deste modo, ineficiente controlo do crescimento urbano tem contribuído para esta
expansão periurbana informal e frequentemente caótica, proliferação de moradias informais e
atividades de subsistência, congestionamento do tráfego e ineficiência energética.
De acordo com o INE (2017), Moçambique tem uma taxa de urbanização de 36%. Em
2005, estava entre os países menos urbanizados da África Austral, mas espera se que, em 2025,
seja o quarto país mais urbanizado da região, depois do Botswana, África do Sul e Angola, e
aproximadamente 20 dos 53 municípios têm uma população superior a 100 000 habitantes.
Forjaz et al. (2006) identificam as mais destacadas iniciativas públicas deste período:
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• Programa de Promoção de Habitação Própria (PPHP) 1987 - contribuiu para a criação do
Fundo de Fomento de Habitação (FFH), cuja linha de ação era apoiar a autoconstrução de
habitações, através de loteamentos e de fornecimento de serviços básicos.
• Projeto de Reabilitação Urbana (PRU) 1987 – 1997 – com a perspetiva de realojar as
famílias residentes em áreas ambientalmente sensíveis das cidades de Maputo e da Beira.
Foram demarcados cerca de 4 mil novos lotes e construídas cerca de 1000 casas evolutivas.
• Reestruturação dos Órgãos Locais – O projeto foi lançado no ano 1991, no contexto do
desenvolvimento físico urbano e da habitação foram propostas cinco cidades piloto
nomeadamente em Maputo, Beira, Nampula, Quelimane e Pemba.
Estudos conduzidos pelo Banco Mundial (BIRD, 2017) demostram haver uma
correlação entre a pobreza urbana e o (não) acesso a infraestruturas. Os moradores dos bairros
periféricos com défice de infraestruturas e serviços tendem a ser mais pobres que os que vivem
em áreas consolidadas com melhor oferta de serviços.
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Alguns das intervenções realizadas nesse período são apresentadas na Tabela 1.
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Tabela 2: Caracterização dos instrumentos de ordenamento territorial
Nivel de Instrumentos de Caracterização
intervenção Ordenamento Territorial
Plano Nacional de Define e estabelece as perspetivas e
Desenvolvimento Territorial diretrizes gerais de uso de todo o território
Nacional nacional
Planos Especiais de Estabelecem os parâmetros e condições
Ordenamento do Território de uso de zonas com continuidade
(PEOT) espacial, ecológica ou económica de
âmbito interprovincial
Definem as orientações, medidas e ações
Provincial Planos Provinciais de necessárias ao desenvolvimento territorial
Desenvolvimento Territorial assim como os critérios específicos para a
Planos Interprovinciais de ocupação e utilização do solo de acordo
Desenvolvimento Territorial com as estratégias, diretrizes e normas de
nível nacional
Planos Distritais de Uso da Estabelecem a estrutura da organização
Distrital Terra espacial do território de um ou mais
Planos Interdistritais de Uso distritos, com base na identificação de
da Terra áreas preferenciais e definem normas e
regras a observar na ocupação e uso do
solo
Planos de Estrutura Urbana Estabelecem a organização espacial da
(PEU) totalidade do território do município, os
parâmetros e as normas para a sua
utilização, tendo em conta a ocupação
atual e a sua integração regional
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Em relação às áreas de ocupação espontânea, o ordenamento territorial deve “promover
e estratégias de planeamento … que privilegiem … o melhoramento das condições de vida nas
zonas discriminadas em termos da sua qualidade ambiental, das suas carências em
infraestruturas e serviços e a da sua baixa qualidade ambiental, residencial e a localização
periférica” (número 3.4, da Resolução no 18/2007 de 30 de Maio).
As regras de acesso à Terra em Moçambique são definidas pela Lei de Terras (Lei no
19/97 de 01 de Outubro), considerado o estabelecido pela Constituição da Republica (de 2004),
segundo a qual, “a terra é propriedade do estado, e não pode ser vendida ou, por qualquer forma
alienada, hipotecada ou penhorada, e como meio universal de criação da riqueza e do bem-estar
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social, o uso e aproveitamento da terra é direito de todo povo moçambicano.” (Artigo 109º da
Constituição da República).
De acordo com Negrão (2004), embora em Moçambique a terra seja propriedade do
Estado, este não tem o papel de adjudicador exclusivo da terra).
O Artigo 12, da Lei de Terras, prevê três modalidades de aquisição de direito de uso e
aproveitamento da terra pelas seguintes formas:
• Por ocupação segundo normas e práticas costumeiras pelas comunidades locais, desde
que não contrariem a Constituição da Republica,
• Por ocupação de boa-fé, por pessoas singulares nacionais, que estejam a utilizar a terra
há pelo menos dez anos,
• Por autorização de pedido apresentado por pessoas singulares ou coletivas.
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O próprio acesso à terra é na maior parte das situações através de mecanismos não
oficiais, envolvendo estruturas governativas de nível local, os secretários de bairros e líderes
comunitários e venda ilegal da terra.
De acordo com o Banco Mundial & Forjaz Associate Architects (2008), o negócio de
terra não está regulado (já que a terra é propriedade do Estado), com altos níveis de especulação
e variação de preços para aquisição de lotes especialmente nas áreas suburbanas e cintura verde
da cidade.
Desta forma, denota se uma necessidade de melhorar e simplificar os mecanismos de
acesso e registo da terra. Outra constatação é em relação à terra ociosa nos centros urbanos,
embora esteja previsto que o direito de posse extingue-se se o titular não iniciar no prazo de
dois anos as obras a que se destina o terreno, muitas são as parcelas nos centros urbanos que
continuam ociosas. Como resultado, aumenta a especulação dos preços, e a procura de terra em
áreas mais distantes dos centros urbanos.
Segundo o Banco Mundial - BIRD (2017), o uso ineficiente da terra contribui não só para
inflacionar os preços artificialmente, mas também para o custo e complexidade da provisão de
infraestruturas e serviços urbanos. A terra ociosa e que não está à venda contribui para a
diminuição da oferta e, numa cidade em que a procura tem vindo a crescer substancialmente,
isso faz aumentar artificialmente os preços globais da terra.
Novos planos municipais são elaborados, pelos próprios governos locais, e são lançadas novas
diretivas de desenvolvimento urbano.
Segundo Forjaz et al. (2006), o Programa de Desenvolvimento Municipal, lançado em
1998, visava criar capacidade técnica; contribuir para o pleno e eficaz funcionamento das
autarquias; responder e garantir o desenvolvimento das mesmas através de intervenção em 4
principais componentes que são a reform legal e institucional, capacitação Municipal, apoio às
finanças, gestão urbana, Cadastro e Solo urbano e fundo de subvenção Municipal.
Cabe aos municípios a coleta de impostos e taxas sobre o solo urbano e prédios urbanos,
incluindo terra ociosa que tenha os direitos de aproveitamento previamente atribuídos,
adicionalmente têm os municípios outras várias responsabilidades incluindo a provisão de
transporte publico, áreas de lazer, bibliotecas, museus, proteção de pessoas vulneráveis e na
resposta a significantes problemas urbanos, como a má qualidade do saneamento, do acesso a
água e eletricidade, insegurança pública e de direito de posse de terra. Contudo, a capacidade
dos municípios para lidar com estas questões é fraca, por limitações financeiras e recursos
materiais e défice de técnicos qualificados.
Segundo o IESE (2018), o défice técnico é ainda mais gravoso nas áreas técnicas como o
planeamento urbano. Segundo um estudo realizado pela Agencia Cidades e Governos Locais
Unidos (CGLU, 2015), que analisava a situação dos municípios de Moçambique e Brasil,
constatou se que nos municípios de Moçambique o número médio de habitantes por funcionário
é de 800 habitantes enquanto que no Brasil é de cerca de dez vezes inferior (80 habitantes). Em
termos financeiros, constatou-se que o gasto médio anual por cidadão é de 30 dólares em
Moçambique e no Brasil é trinta vezes mais (900 dólares).
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Em relação ao planeamento urbano, com a aprovação da legislação sobre o ordenamento
do território, os municípios passam a ser obrigados por lei, a elaborar planos de estrutura urbana
(PEU), devendo ser revistos decorridos 10 anos da suca vigência (Artigo 64, Regulamento da
Lei do Ordenamento do Território). Dada esta obrigatoriedade, a maior parte dos municípios
passou a dispor de planos de estrutura urbana, elaborados por consultores externos a custos
substancialmente altos.
Embora tenham sido feitos grandes investimentos na elaboração dos PEU, geralmente
não têm sido usados para tomada de decisões estratégicas. Há uma tendência de elaborar PEU
muito ambiciosos, desfasados das reais capacidades dos municípios para os implementar, e no
nível do detalhe, pouco investimento é feito na elaboração de planos de pormenor, que
concretizem as determinações dos instrumentos estratégicos.
Com o crescimento da taxa de urbanização, é cada vez mais importante recriar a forma de
gestão da cidade e dos seus habitantes. O desafio é assegurar que as cidades e vilas se possam
adaptar para acomodar o rápido crescimento da sua população, melhorando a sua capacidade
de exercer eficientemente as suas funções urbanísticas, oferecer habitação condigna, emprego,
infraestruturas, vitalidade económica e social assim como salvaguardar o equilíbrio ambiental.
O planeamento urbano em Moçambique deve ser direcionado para as questões mais urgentes.
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2.4 Ocupação irregular ou desordenada do solo Urbano
Segundo pinto Pinto (2003), afirma que os loteamentos clandestinos são construídos à
margem da legislação ambiental, urbanística, penal e civil, onde são abertas ruas, demarcando
lotes sem qualquer controle do Poder Público.
Contudo, tendo em vista que, o crescimento desordenado das cidades e vilas, junto à
grande parte da população que migra para zona urbana em busca de melhores condições de
vida, vive abaixo da linha da pobreza, onde não possuem condições financeiras para adquirirem
a moradia própria, devido às diversas restrições impostas pela Lei, aos altos custos, além da
grande burocracia para se obter o DUAT e a ausência de políticas governamentais adequadas,
faz com que ocorra um constante aumento da ocupação irregular no país.
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pode causar tanto ao ambiente quanto, a médio ou a longo prazo, às próprias pessoas
responsáveis pela ocupação desordenada.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-
Habitat), a população urbana foi multiplicada por cinco entre 1950 e 2011 no mundo todo. Esse
crescimento exponencial da população urbana em tão pouco espaço de tempo, teve como
consequência a ocupação desordenada das áreas urbanas, que receberem um enorme número
de novos moradores sem, porém, estar preparada para tanto.
Por outro lado falta de planeamento para o crescimento populacional urbano faz com que,
sem possuírem lugares adequados para se alocarem, as pessoas passem a ocupar locais
inapropriados, como morros, encostas, planícies fluviais (margens de córregos e rios) e
periféricas, acarretando não só a ocupação desordenada do espaço urbano das cidades, como
também dando início ao processo de favelização.
Nos bairros Nhangave e Ticongolo, objectos da presente pesquisa, o fenómeno de
assentamentos informais é bastante comum e verificável ao olho nu.
3.1 Metodologia
A pesquisa documental assim como Vergara descreve, foi realizada a partir de PEU do
Município da Vila de Quissico e o respetivo relatórios disponibilizados pelo Conselho
Municipal da Vila de Quissico, o que foi de grande importância para esta pesquisa, visto que
possibilitou o levantamento de diversos dados que ofereceram subsídios para que nos fosse
possível atingir os objetivos propostos no trabalho.
Para que fosse possível desenvolver análises de maior profundidade, optou-se pelo estudo
de caso do fenómeno de ocupação de uma das áreas dos bairros Nhangave e Ticongolo.
Segundo Moresi (2003), a pesquisa de campo quantitativa, é a pesquisa que considera que
tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las.
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Este tipo de pesquisa segundo Gil aproxima o investigador á realidades novas que pouco
ou nunca foram exploradas, e o objectivo da realização desta pesquisa é procurar perceber como
se desenvolvem os assentamentos informais nos Bairros Nhangave e Ticongolo.
De acordo com o CMVQ (2016), os bairros Nhangave e Ticongolo juntos possuem uma
população avaliada em cerca de 7.990 habitantes estratificadas de acordo com a tabela abaixo:
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3.1.5 Amostra
O tamanho da amostra foi calculado com base no modelo de Magalhães (Anexo I ) por ser
o modelo mais adequado e completo para a pesquisa em causa. Para o sustento visual, foi usada
uma máquina fotográfica digital e um bloco de notas para o registo de todas as ocorrências que
fazem parte da pesquisa.
Para fins desta pesquisa, entendeu se necessário obter informação sob a perspetiva dos
atores sociais, agrupáveis em três classes:
• Técnicos municipais, para efeitos deste estudo, foram considerados fonte importante de
informação, por representarem o município, que é a instituição com competência para
gestão do solo urbano. Esperava se recolher informação e perceções sobre a situação
atual da área de estudo, intervenções realizadas e programadas, capacidade técnica e
institucional para realizar. Foram entrevistados 3 técnicos do sector de urbanização e
infraestruturas.
• Secretários dos bairros Nhangave e Ticongolo, a sua relevância para este estudo é
grande, por serem uns agentes fundamentais de governação de nível comunitário. Tem
importância na organização social a nível comunitário, e faculta a interação entre a
comunidade e as instituições. Representa os moradores na persecução dos seus
interesses, e espera se que detenha informações sobre a realidade do bairro e as
necessidades dos moradores
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Tabela 4: Pessoas entrevistadas
Grupos Pessoa Entrevistada Data Código de
Dia/Mês/Ano Referencia
Funcionários do Técnico do Conselho Municipal-1 08/02/2022 TCM-1
Conselho Técnico do Conselho Municipal-2 08/02/2022 TCM-2
Municipal
Técnico do Conselho Municipal-3 08/02/2022 TCM-3
Secretários dos Secretário do Bairro Nhnagave 16/02/2022 SBN
Bairros Secretário do Bairro Ticongolo 16/02/2022 SBT
Morador do Bairro Nhangave -1 21/02/2022 MBN-1
Morador do Bairro Nhangave -2 21/02/2022 MBN-2
Morador do Bairro Nhangave -3 21/02/2022 MBN-3
Moradores do Morador do Bairro Nhangave -4 21/02/2022 MBN-4
Bairros Morador do Bairro Ticongolo-1 29/02/2022 MBT-1
Morador do Bairro Ticongolo-2 29/02/2022 MBT-2
Morador do Bairro Ticongolo-3 29/02/2022 MBT-3
Morador do Bairro Ticongolo-4 29/02/2022 MBT-4
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3.2 Enquadramento regional e caracterização da Área de Estudo.
Nas últimas décadas, as habitações construídas em materiais precários têm estado a ser
substituídas por construções duráveis. Predominam edifícios para fins habitacionais, com um
único piso, em muitos casos resultante de autoconstrução, e por vezes inacabados. Nos locais
onde o edifício principal está construído há, geralmente, vários anexos, que na maior parte dos
casos têm usos complementares ao edifício principal, como cozinhas, quartos, casas de banho.
A malha urbana é irregular, com labirintos e ruas estreitas, a maior parte delas não
pavimentadas. As infraestruturas e serviços são precários e insuficientes. Há uma forte
dependência dos serviços instalados na área consolidada da Vila.
A ocupação informal está presente em boa parte área ocupada da Vila, estima-se que cerca
de 60% da área urbana consolidada dos Bairros Nhangave e Ticongolo é considerada
assentamento informal, resultante da contínua ocupação não regulada das periferias. A maior
parte das ocupações não tem o direito de propriedade formalmente reconhecido.
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Figura1: Localização Geográfica dos Bairros Nhangave e Ticongolo
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3.3 Características Físicas e Geográficas.
3.3.1 Geomorfologia
A área de estudo é a zona circunjacente à zona cimento da vila de Quisisco, com cotas que
variam de 25 a 145m. Ela é geomorfologicamente acidentada e constituída por formações
dunares fossilizadas. É entremeada por zonas impróprias caracterizadas por pendentes
acentuadas e por bolsas inundáveis que acabam levando a Vila a ocorrências de erosão e a
requerer altas tecnologias de drenagem de águas pluviais.
Trata-se de uma área sujeita à dinâmica eólica, caracterizada pela sobreposição de vários
corpos de dunas, com as mais recentes a altitudes mais elevadas e mais próximas da costa.
As depressões de terrenos, também características da zona são geralmente do tipo palustre e
encontram-se ligadas a dinâmica eólica combinada com variações do nível do mar.
3.3.2 Clima
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Gráfico 1: Gráfico Pluviométrico da Vila de Quissico.
3.3.3 Hidrografia
A vila de Quissico não possui nenhum curso de água que mereça algum destaque
entretanto, há que referir a existência das lagoas naturais dentre elas, a lagoa Quissico que
originou o nome da Vila, que dista a aproximadamente 5 km em relação ao centro da vila. Dada
a sua posição geográfica, Quissico apresenta alguns cursos em forma de ravinas que se vão
desenvolvendo ao longo do território.
3.3 4 Solos
De uma forma geral ao nível territorial da Vila de Quissico, os solos são na sua maioria
arenosos, de fertilidade baixa à intemédia de origem eólica. O principal traço físico da zona de
Quissico é a cintura de dunas parabólicas que se estendem para o interior e ao longo de toda a
linha da costa. Os outros traços físicos naturais presentes na Vila são as lagoas inter-dunares
por trás das colinas de dunas.
As dunas interiores são constituídas por areias grossas a finas, mal consolidadas com cores
esbranquiçadas a avermelhadas, fixadas pela vegetação e resultantes de sucessivos processos
de consolidação. Uma das características principais deste tipo de solos é que são solos
problemáticos do ponto de vista físico-ambiental e a condições complexas do subsolo como
solos colapsíveis e areias de dunas muito soltas e altamente erodíveis o que com a excessiva
interferência humana nos processos naturais determinam grandemente a ocorrência de
problemas ambientais de natureza geológica (PEU-2015).
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