Políticas Sociais - Acompanhamento e Análise Nº 7, 2003
Políticas Sociais - Acompanhamento e Análise Nº 7, 2003
Políticas Sociais - Acompanhamento e Análise Nº 7, 2003
políticas sociais −
Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão acompanhamento
Ministro – Guido Mantega e análise
Secretário-Executivo – Nelson Machado
Diretoria de Estudos Sociais
Conselho Editorial
Brancolina Ferreira (Diset)
Frederico Augusto Barbosa da Silva
Fundação pública vinculada ao Ministério do Guilherme da Costa Delgado
Planejamento, Orçamento e Gestão, o Ipea Jorge Abrahão de Castro
Lauro Roberto Albrecht Ramos
fornece suporte técnico e institucional às
Mário Lisboa Theodoro (Editor responsável)
ações governamentais − possibilitando a Nathalie Beghin
formulação de inúmeras políticas públicas e Paulo Corbucci
Roberto Nogueira
programas de desenvolvimento brasileiro −
e disponibiliza, para a sociedade, pesquisas Técnicos e Colaboradores
e estudos realizados por seus técnicos. Ana Carolina Querino
Ana Maria Resende Chagas
Brancolina Ferreira
Presidente
Brunu Marcus Amorim
Glauco Antonio Truzzi Arbix Daniel Cerqueira
Fernando Gaiger Silveira
Diretor de Administração e Finanças
Frederico Augusto Barbosa da Silva
Celso dos Santos Fonseca Guilherme da Costa Delgado
Helano Borges Dias
Diretor de Cooperação e Desenvolvimento
Jorge Abrahão de Castro
Maurício Otávio Mendonça Jorge Luana Simões Pinheiro
Diretor de Estudos Macroeconômicos Luciana Jaccoud
Luciana Mendes
Paulo Mansur Levy Luiz Parreiras
Diretor de Estudos Regionais e Urbanos Luiz Renato Lima da Costa
Maria Cristina Abreu
Luiz Henrique Proença Soares
Maria Martha Cassiolato
Diretor de Estudos Setoriais Manoel Moraes
Mário Lisboa Theodoro
Mário Sérgio Salerno
Nathalie Beghin
Diretora de Estudos Sociais Paulo Roberto Corbucci
Rafael Guerreiro Osório
Anna Maria T. Medeiros Peliano
Roberto Passos Nogueira
Assessor-Chefe de Comunicação Sérgio Francisco Piola
Sônia Tiê Shicasho
Murilo Lôbo
Waldir Lobão
APRESENTAÇÃO 5
CONJUNTURA E POLÍTICA SOCIAL 7
ACOMPANHAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS 15
PREVIDÊNCIA 17
ASSISTÊNCIA SOCIAL 32
SAÚDE 42
EDUCAÇÃO 52
CULTURA 61
IGUALDADE RACIAL 74
EMPREGO E RENDA 80
SEGURANÇA PÚBLICA 90
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO 96
ENSAIOS 109
SAÚDE DA FAMÍLIA, DIREITOS SOCIAIS E SUBSIDIARIEDADE 111
Roberto Passos Nogueira
Neste periódico, além da análise dos aspectos relevantes que dizem respeito à
situação de cada uma das áreas acompanhadas, um outro destaque reside na pró-
pria conformação da política social do novo governo. Com efeito, as iniciativas de
reformatação de algumas instâncias – cujo exemplo mais emblemático é o do re-
cém-criado Ministério da Assistência Social –, assim como do espírito norteador
tanto da Reforma Previdenciária quanto da Reforma Tributária, realimentam um
debate recorrente, mas nem por isso menos atual, que se refere às políticas e aos
programas de cunho universalista ou focalista. A discussão “Universalização versus
Focalização”, como cerne da ação governamental na área social, será aqui resga-
tada com a apresentação de dois ensaios sobre o tema. Além desses, um terceiro
ensaio enfoca outro tema importante: a perspectiva dos Direitos Sociais e a ques-
tão da subsidiaridade nas políticas sociais, a partir do caso do Programa de Saúde
Boa Leitura!
Após uma eleição histórica, que levou pela primeira vez um candidato oriundo da classe
trabalhadora à Presidência da República, a expectativa geral é a de que o novo governo
engendre um conjunto de políticas públicas que promova o desenvolvimento do país
com inclusão social e redistribuição da renda. Ao assumir o poder no dia 1o de janeiro
de 2003, o desafio que se apresentou efetivamente para o novo governo foi o da condu-
ção de uma estratégia que viabilizasse, ao mesmo tempo, as propostas de mudanças
compromissadas em campanha e o enfrentamento de uma situação conjuntural
problemática herdada. A convergência de um ambiente de retração da atividade econô-
mica, de enormes restrições fiscais e de um quadro social dramático – para o qual as mu-
danças propostas não podem mais esperar –, caracteriza este primeiro semestre de 2003.
Nos seis primeiros meses do governo Lula, que correspondem ao período de aná-
lise deste periódico, observou-se uma certa ortodoxia na condução da política econô-
mica, com ênfase no controle inflacionário por meio, inclusive, da restrição do gasto
público. Os resultados foram positivos na redução da inflação – chegou-se até mesmo
a registrar em julho índices negativos, configurando assim momentos de deflação –,
na obtenção dos prometidos superávits primários e na estabilização da taxa de câmbio
em patamares abaixo dos verificados ao final do governo anterior. A queda dos preços
e a estabilização econômica ocorreram, entretanto, à custa de um ambiente econômi-
co recessivo. Os reflexos da manutenção de altas taxas de juros sobre os níveis de ati-
vidade econômica já se traduziram no aumento do desemprego e na redução do
poder de compra da população.
No campo das políticas sociais, a despeito de um inesperado acanhamento, em
razão principalmente de restrições orçamentárias, assim como de uma certa falta de
sincronismo da ação governamental em seu conjunto nesses meses iniciais, o governo
do presidente Lula desencadeou, de todo modo, uma série de medidas político-
administrativas que podem ser agrupadas da seguinte forma:
• estruturação de novas políticas ancoradas em novas instituições, tais como,
a política nacional de segurança alimentar e nutricional, cujo objetivo central
é o combate à fome, coordenada pelo Ministério Extraordinário da Segu-
rança Alimentar (Mesa); a política de promoção da igualdade racial, coor-
denada pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(Seppir); a política de promoção da igualdade de gênero, impulsionada pela
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres; e a política integrada de
desenvolvimento urbano, que busca assegurar oportunidades de acesso à
moradia digna, a terra urbanizada, à água potável, ao ambiente saudável e
à mobilidade sustentável com segurança no trânsito, coordenada pelo Mi-
nistério das Cidades;
• racionalização de recursos públicos por meio, por exemplo, da unificação de
programas de transferência de renda;
Apresentação
O texto de análise conjuntural da política previdenciária encontra-se aqui organiza-
do em dois blocos bem caracterizados. No primeiro, seguindo a tradição editorial
de Políticas Sociais – Acompanhamento e Análise, aborda-se a evolução recente da
Previdência Social, com ênfase no primeiro semestre de 2003. Aí estão claramente
destacados os enfoques em “Financiamento e Gastos” e “Acompanhamento de Pro-
gramas” – que aqui fica restrito ao Regime Geral da Previdência Social e da Previ-
dência Complementar.
O segundo bloco da análise restringe-se aos chamados regimes próprios da Pre-
vidência do Setor Público. A abordagem será especificamente sobre a Reforma da
o
Previdência, destacando-se a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n 40/2003,
sua justificativa e principalmente a polêmica sintetizada em argumentos favoráveis e
contrários aos principais pontos da reforma.
Conjuntura
No período em análise, o fato que ganhou maior destaque no debate público na área
da Previdência Social foi a proposta de Reforma Previdenciária apresentada pelo go-
verno Lula. No entanto, há outros fatos igualmente importantes e que acabaram não
recebendo o merecido destaque. Serão discutidos, nesta primeira parte, esses aspectos
conjunturais. O primeiro tópico traz uma análise comparativa do financiamento e
dos gastos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2001 e 2002. No se-
gundo, apresenta-se uma discussão acerca da evolução recente da Dívida Ativa do
INSS – que voltou a atingir níveis elevados – e de duas importantes iniciativas rela-
cionadas a esse tema: a divulgação da lista de devedores do INSS e o lançamento do
Programa de Parcelamento Especial, o novo Refis. Por fim, no terceiro tópico é feito
o acompanhamento dos principais programas da Previdência Social, destacando-se
uma abordagem da previdência complementar que antecipa a análise da Reforma da
Previdência, apresentada na seção seguinte.
Financiamento e gastos
A estrutura de financiamento do INSS é composta essencialmente por quatro fontes.
Os recursos provenientes das Arrecadações englobam: i) as contribuições correntes
das empresas em geral e dos trabalhadores formais e autônomos; ii) os recursos pro-
venientes das medidas de recuperação de créditos da Dívida Ativa; iii) as receitas ge-
radas pelos Rendimentos Financeiros; e iv) as Transferências da União, que incluem
recursos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), da
Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), de Recursos Ordinários, etc. Estas são utiliza-
das quando os recursos das Arrecadações não são suficientes para efetuar o pagamento
TABELA 1
Recebimentos e pagamentos do INSS. Acumulado jan./dez. de 2001 e 2002
(Valores em R$ 1 mil de dez. 2002. Deflator: INPC)
2001 2002
Valor (%) Valor (%)
A. Arrecadações (A.1+A.2+A.3+A.4) 105.457.513 100,0 113.555.442 100,0
A.1. Contribuições Previdenciárias 75.442.080 71,0 76.218.454 67,6
A.2. Recuperação de Créditos 4.780.577 4,5 6.241.308 5,9
A.3. Rend. Finan. e Antecipação de Receitas 588.597 0,5 3.512.478 3,0
A.4. Transferências da União 24.646.282 23,4 27.583.202 24,3
B. Pagamentos (B.1+B.2) 105.275.863 100,0 110.597.448 100,0
B.1. Pagamentos de Benefícios pelo INSS 99.855.230 94,8 105.092.438 95,1
Pagamento de Benefícios Previdenciários 90.044.932 85,5 95.258.014 86,1
Pagamento de Benefícios Não Previdenciários 4.037.413 3,8 4.448.436 4,0
Outros Pagamentos 5.772.885 5,4 5.386.088 4,9
B.2. Transferências a Terceiros 5.420.632 5,1 5.505.009 5,0
Fonte: Fluxo de Caixa do INSS.
TABELA 2
Resultado financeiro do INSS – extrato do fluxo de caixa – acumulado jan./dez.
de 2001 e 2002
(Valores em R$ 1 mil de dez. 2002. Deflator: INPC)
TABELA 3
Evolução dos débitos para com o INSS – 1996-2001
(Valores em R$ milhões correntes)
Acompanhamento de programas
É possível que os redatores dessa EM não tenham se dado conta das implicações
que traz a combinação das Leis Complementares nos 108 e 109 e a PEC no 40/2003.
Mas é muito relevante esclarecer esse lado da questão.
Traduzindo essa linguagem técnica e jurídica para uma comunicação mais geral, o
que se pode inferir do que está escrito na Exposição de Motivos e na PEC no 40/2003 é
que poder-se-ia, desde que houvesse a aprovação da Emenda Constitucional, instituir
desde logo os Fundos fechados da Previdência Complementar para os servidores públi-
cos. Esses fundos, administrados por entidades de direito privado – “Fundações ou
Sociedade Civil, sem fins lucrativos” (art. 8o da Lei Complementar no 108/2001) –,
precisariam, contudo, “determinar padrões mínimos de segurança econômico-
financeira e atuarial, com fins específicos de preservar a liquidez, a solvência, e o equilí-
brio dos planos de benefícios...” (art. 3o, item III da Lei Complementar no 29/2001).
Isto significa, por seu turno, apresentar lucratividade financeira nas suas aplicações.
Esses fundos seriam constituídos pelas contribuições dos servidores públicos e do
patrocinador, este último um ente estatal, obrigado a contribuir no máximo até o
o o o
valor da contribuição do servidor (arts. 5 e 6 da Lei Complementar n 108/2001).
Como se verá mais adiante, a contribuição do servidor é aquela que excede o limite
de R$ 2.400,00.
Justificativa
A Reforma da Previdência do governo Lula veio a lume no início de maio sob argu-
mentação fortemente calcada na redução da despesa pública com os chamados regimes
próprios da Previdência do Setor Público (ver dados gerais na tabela 4). Aduz-se ainda,
TABELA 4
Despesa bruta e líquida dos regimes da previdência do setor público (% do PIB) – 2001-2003
Despesa por unidade 2001 2002 2003 (Estimado)
Despesa bruta total 4,7 4,7 4,0
Despesa líquida total 3,1 3,0 2,6
Despesa líquida da União 1,9 1,7 1,4
Despesa líquida dos estados 1,1 1,1 1,0
Despesa líquida dos municípios 0,2 0,2 0,2
Fonte: Tabela 2 E.M.I. MPS/Casa Civil – PR, em 29/4/2003.
Obs: A diferença entre “Despesa Bruta” e “Despesa Líquida” é o valor das contribuições dos servidores acrescido do valor
atribuível ao empregador (setor público).
Introdução
Desde 1988, quando foi, pela primeira vez na história brasileira, reconhecida como
direito, a Assistência Social vem buscando afirmar-se no conjunto das políticas públi-
cas. Os avanços desde então têm sido progressivos e significativos: a promulgação da Lei
Orgânica de Assistência Social (Loas) e sua regulamentação, a constituição do Fundo
Nacional de Assistência Social (FNAS), a aprovação do Plano Nacional de Assistência
Social (PNAS) e a organização da assistência como um sistema descentralizado e par-
ticipativo constituído, nas três esferas de governo, por órgãos gestores e por instâncias
deliberativas de natureza colegiada. Avanços também foram observados nos indicado-
res que acompanham a execução da política assistencial. Como foi registrado nos
números anteriores deste periódico, vem crescendo progressivamente o número de
beneficiários de vários programas assistenciais, como o Benefício de Prestação Conti-
nuada (BPC) ao idoso e à pessoa portadora de deficiência, o Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil (Peti) ou o Serviço de Atenção Continuada (SAC) ao idoso.
Contudo, em que pesem tais esforços, a Assistência Social continua sendo uma
política em processo de consolidação. Por um lado, as carências sociais da população
e, em particular, das populações vulneráveis priorizadas pela Loas, são enormes e apenas
parcialmente atendidas pelas políticas existentes, muitas das quais de curta duração ou
de caráter instável. Por outro lado, a própria consolidação da estrutura institucional
da política assistencial ainda se encontra em curso, como testemunham as constantes
mudanças na estrutura de seu órgão central gestor.1 Nesse sentido, a institucionaliza-
ção e a implementação das diretrizes da Loas ainda constituem um desafio para os
decisores e gestores da política de Assistência Social.
O próprio programa de governo do PT, apresentado durante a campanha eleitoral
de 2002, reafirma a necessidade de fortalecimento da política de Assistência Social a
partir dos princípios da Loas: descentralização, comando único, gestão compartilhada
com a sociedade civil e controle social. Visando atender a esses princípios, são ali pro-
postos a construção de uma relação qualificada com estados e municípios, o fortaleci-
mento do sistema participativo e descentralizado, a unidade da política social mediante
o fortalecimento da articulação dos programas, a ampliação da capacidade do Estado, o
entendimento de que as entidades assistenciais e as Organizações Não-Governamentais
(ONGs) são complementares e não substitutas da ação do Estado e a garantia do orça-
mento fiscal definido em lei. O debate em torno de tais desafios marca não só o início
do atual governo como provavelmente continuará sendo o pano de fundo da discussão
sobre a Assistência Social no Brasil nos próximos anos.
1. Em 1974, foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social. Entre 1989 e 1995, a Assistência Social esteve
vinculada ao Ministério do Interior, ao Ministério da Ação Social e ao Ministério do Bem-Estar Social. Em 1995, passou a ser
atribuição da Secretaria de Assistência Social (SAS) do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Em 1999, a
SAS transformou-se em Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas), com status de ministério. Em 2003, é criado
o Ministério da Assistência Social.
2. A MP no 103 foi convertida na Lei no 10.683, de 28/5/2003, que alterou a denominação inicial de Ministério da Assistência
e Promoção Social para Ministério da Assistência Social.
3. Decreto no 4.655, de 27 de março de 2003, aprova a estrutura regimental do Ministério da Assistência Social.
4. A Secretaria de Políticas de Assistência Social é composta de dois departamentos: de Desenvolvimento de Políticas de
Assistência Social e de Acompanhamento de Políticas de Assistência Social. A Secretaria de Avaliação dos Programas Sociais
tem três departamentos: de Acompanhamento e Monitoramento de Programas Sociais, de Avaliação de Programas Sociais e
de Desenvolvimento de Informações e Dados Sociais. Por fim, a Secretaria de Articulação dos Programas Sociais também é
organizada em três departamentos: de Articulação do Setor Público, de Articulação com a Iniciativa Privada e de Articulação
com Organismos Internacionais.
5. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), Seguridade Social é definida como “a proteção que a sociedade
proporciona a seus membros mediante uma série de medidas públicas contra as privações econômicas e sociais que de outra
forma derivariam no desaparecimento ou em forte redução de sua subsistência como conseqüência de enfermidade,
maternidade, acidente de trabalho ou enfermidade profissional, invalidez, velhice e morte, e também a proteção em forma
de assistência médica e de ajuda às famílias com filhos”. Citado por Maria Lúcia Werneck Viana, em Programas não-
contributivos da Seguridade Social no Brasil, mimeo, s/d.
6. A Loas prevê dois tipos de benefícios: os Benefícios de Prestação Continuada (BPC), que garantem o pagamento
de um salário mínimo ao idoso com 67 anos e à pessoa portadora de deficiência cuja renda mensal familiar seja
inferior a um quarto do salário mínimo, e os benefícios eventuais ainda não regulamentados, quais sejam, o auxílio-
natalidade e o auxílio-morte às famílias cuja renda mensal per capita seja inferior a um quarto do salário mínimo.
TABELA 5
Número de beneficiários dos programas do âmbito da Seas/MPAS – 2002
Programas 2002
Atenção à Criança
Atendimento em creches e pré-escolas 1.631.182
Atenção à Pessoa Portadora de Deficiência
Atendimento (SAC) 148.384
BPC 976.257
Renda Mensal Vitalícia 436.672
1
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – Peti 810.000
Saúde e Valorização do Idoso
Atendimento (SAC) n.d.
BPC 584.597
Renda Mensal Vitalícia 237.162
Combate à exploração sexual e comercial de crianças e adolescentes – Programa Sentinela 34.620
Brasil Jovem
Atendimento a crianças e adolescentes em abrigo (0 a 18 anos) n.d.
Agente jovem 62.203
Fonte: MPAS – Sigplan, Relatório Anual de Avaliação PPA 2000-2003; Boletim Estatístico da Previdência Social, v. 7, no 12
(tab. 8) para os benefícios BPC e RMV para idosos e pessoas portadoras de deficiência.
Nota: 1 Os beneficiários do Peti correspondem àqueles atendidos em outubro de 2002.
TABELA 6
Execução orçamentária em programas de transferência de renda
(Valores constantes, em milhões de reais)
9. A RMV consiste em um benefício mensal no valor de um salário mínimo, tendo sido extinta em 1995 e substituída
pelo BPC, a qual, entretanto, continuará ocorrendo enquanto houver estoque de beneficiários caracterizados por idosos
e portadores de deficiência tanto do setor rural quanto do urbano, com renda igual ou inferior a um quarto de salário
mínimo per capita, com setenta anos de idade ou mais, que comprovem ter contribuído para a Previdência por, pelo
menos, dez meses.
Financiamento e gastos
A Assistência Social é financiada com recursos provenientes de contribuições sociais e,
de forma suplementar, por fontes de origem fiscal. No Ministério da Assistência Social,
o montante desses recursos é alocado no Fundo Nacional de Assistência Social
(FNAS) para o financiamento de programas finalísticos do órgão. Analisando o com-
portamento do financiamento do FNAS no período de 2002 a 2003, corrigindo-se a
inflação do período,11 observa-se um decréscimo real da ordem de 6,3%, ou seja, de
R$ 5,2 bilhões para R$ 4,9 bilhões. Ressalte-se, entretanto, que, em valores nominais,
houve um crescimento de R$ 200 milhões em 2003 em relação ao ano anterior.
Os gráficos 1 e 2 permitem a observação da participação das fontes financiadoras
desse fundo. Comparando-se os anos de 2002 e 2003, constata-se um crescimento
significativo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins),
uma leve redução do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (FCEP) e uma
retração acentuada das demais fontes12 que contribuem para a receita do FNAS.
GRÁFICOS 1 e 2
Financiamento do FNAS por fontes de recursos – 2002-2003
2002 2003
Demais
FCEP Fontes
FCEP
Demais 19,1% 1,3%
18,1%
Fontes
9,7%
Cofins COFINS
71,2% 80,6% Cofins
80,6%
10. Lobato, Ana. Subsídios para o Debate sobre a Unificação dos Programas de Transferência de Renda. Nota Técnica Ipea,
junho de 2003.
11. Os valores mencionados no texto, relativos a 2002, correspondem à dotação autorizada (lei + crédito) do orçamento do
MAS e foram deflacionados pelo INPC (média anual para janeiro de 2003).
12. Formadas por recursos ordinários do tesouro, recursos diretamente arrecadados, Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido das pessoas jurídicas (CSLL) e recursos de convênios.
TABELA 7
Programas financiados pelo FNAS por fonte de recursos
(Valores em R$ milhares deflacionados pelo INPC média anual para jan. de 2003)
2002 2003
Introdução
O Ministro da Saúde apresentou, em encontro recente, a visão da nova administração
sobre os principais problemas do Sistema Único de Saúde (SUS): i) financiamento
insuficiente, com baixa participação dos estados, e irracionalidade nos gastos; ii) defi-
ciência quali-quantitativa de recursos humanos; iii) precarização das relações de traba-
lho; e iv) baixa resolutividade dos serviços e limitações ao acesso. A fim de compor
um quadro mais amplo da orientação que deverá ser impressa, acrescentou duas dire-
trizes: o fortalecimento da gestão democrática e a busca da eqüidade na alocação de
recursos. Este primeiro semestre, no entanto, foi atípico do ponto de vista da ação
governamental, pois caracterizou-se principalmente pelo contato dos novos gestores
com a máquina administrativa e pelos esforços de reorganização. Essa reorganização
inclui uma nova estrutura administrativa na área federal e uma nova organização
dos programas e ações presentes no Plano Plurianual (PPA). Além desses aspectos
ligados à gestão, o financiamento foi outro tema presente na agenda da saúde no pe-
ríodo, principalmente quanto à operacionalização e à regulamentação da Emenda
Constitucional no 29. Além das iniciativas de acompanhamento, a regulamentação
por lei complementar, prevista no texto constitucional, traz a oportunidade de en-
frentamento dos problemas de financiamento e de interpretação identificados nesses
três anos de vigência da emenda.
Financiamento e gastos
Esses não são os únicos aspectos questionados. Em relação aos demais níveis de
governo, existem dúvidas sobre a evolução dos percentuais a serem aplicados a cada
ano, até que sejam alcançados os valores de 12% para estados e de 15% para muni-
cípios e também não se dispõe de uma interpretação única. Apesar da importância
política do posicionamento do CNS, ele não elimina a possibilidade da aceitação
por Tribunais de Contas da aplicação de valores inferiores ao mínimo imaginado ou
da contabilização de gastos explicitamente excluídos.
A necessidade de regulamentação para o período posterior a 2004, prevista no
texto constitucional, é a oportunidade de se firmar um entendimento mais comple-
to. A cada cinco anos, pelo menos, devem ser reavaliados os percentuais e a forma
de cálculo dos recursos, estabelecidos critérios de rateio para redução de disparida-
des regionais e normas de avaliação, fiscalização e controle das despesas. As possibi-
lidades abertas pelo processo de revisão, portanto, são amplas. Dois projetos de lei
complementar, de autoria do senador Tião Viana e do deputado Roberto Gouveia,
têm catalisado as discussões sobre o teor da revisão. Alguns pontos selecionados
desses projetos são apresentados no quadro a seguir.
Deve ser destacado o tratamento dado nos dois projetos à vinculação no âmbito da
União e aos critérios de distribuição dos recursos a serem repassados de uma instância
de governo para outra. O projeto do senador Tião Vianna mantém a vinculação dos
recursos federais a percentual do PIB, ao mesmo tempo em que regulamenta as ques-
tões relativas à base para aplicação da variação do PIB e ao período ao qual essa variação
deve se referir, procurando superar os motivos que geraram controvérsia entre o CNS e
a área econômica do governo. O projeto do deputado Roberto Gouveia propõe que a
participação da União seja vinculada ao percentual (11,5%) da arrecadação de tributos
e de contribuições sociais, com base na argumentação das dificuldades operacionais
para a utilização da variação do PIB e na possibilidade de um descompasso entre a evo-
lução das receitas da União e a despesa mínima estabelecida para a saúde.
Um problema identificado no cumprimento da Emenda Constitucional no 29
tem sido a dificuldade dos estados na alocação dos recursos previstos. Em 2001, por
exemplo, 18 estados não aplicaram os valores mínimos exigidos pela EC, o que signi-
ficou uma redução de aproximadamente R$ 1,0 bilhão no valor a ser aplicado por
esses estados. As dificuldades financeiras de grande parte dos estados levaram à propo-
sição, no processo de discussão da Reforma Tributária, de desvinculação de recursos
13. Costa, Humberto. Em defesa da saúde. Tendências/Debates. Folha de S. Paulo. São Paulo, 6/7/2003.
O orçamento de 2003
A aplicação dos critérios definidos pelo CNS para o cálculo do valor a ser aplicado
pelo governo federal em ações e serviços públicos de saúde resultou em 2003 em
R$ 27,6 bilhões como mínimo a ser aplicado pela União. Segundo relatório da Co-
missão de Orçamento e Finanças (Cofin) do CNS, o orçamento de 2003 destina a
ações e serviços de saúde um total de R$ 27,8 bilhões, resultante da subtração, do total
aprovado de R$ 30,5 bilhões, das despesas com inativos e pensionistas e da amortização
e do serviço da dívida, além da substituição dos recursos originários do Fundo de
Combate à Pobreza, no total de R$ 528,0 milhões, por outras fontes, uma vez que essa
fonte não é considerada nesse cálculo. Dessa forma, o orçamento de 2003 é, em princí-
pio, suficiente para atendimento do gasto mínimo se totalmente executado. Contudo,
como quase sempre acontece, o pagamento de valores incluídos em Restos a Pagar pode
afetar o cumprimento adequado dos gastos previstos para o ano.
O orçamento de 2003 (ver tabela 8) foi elaborado na gestão anterior e não reflete,
conseqüentemente, as novas diretrizes assumidas pelo Ministério da Saúde. A maior
parte do orçamento, R$ 23 bilhões, destina-se a Outras Despesas Correntes. Essa rubrica
mantém a característica de uma excessiva concentração de recursos para o financiamento
da Atenção Ambulatorial, Emergencial e Hospitalar de média e alta complexidades,
recursos esses divididos segundo as condições de gestão previstas nas normas operacio-
nais e na rede cadastrada. Para essas ações, são alocados R$ 13,4 bilhões, o que repre-
senta 58% do total previsto para Outras Despesas Correntes. O desmembramento desse
item no orçamento por nível de complexidade assistencial e/ou em recursos para assis-
TABELA 8
Ministério da Saúde – orçamento para 2003, por unidade e grupo de despesa
(Em R$ milhões)
1
Fiocruz Funasa FNS Anvisa ANS Hospitais Total
Pessoal e Encargos Sociais 251,1 1.289,3 3.520,6 80,0 25,0 259,0 5.424,9
Outras Despesas Correntes 141,8 979,3 21.724,0 110,2 49,1 0,5 23.004,9
Investimentos 59,8 648,2 907,9 16,9 1,3 4,9 1.639,0
Juros, Encargos e Amortização da Dívida - - 514,2 - - - 514,2
Inversões Financeiras - - - - 8,0 - 8,0
Total 452,6 2.916,8 26.666,6 207,1 83,4 264,5 30.591,0
Fonte: Lei no 10.640/2003.
Nota: 1 Hospital Cristo Redentor S. A, Hospital Fêmina S. A. e Hospital Nossa Senhora da Conceição S. A.
Considerações finais
Apesar de, em linhas gerais, haver concordâncias entre os diagnósticos da educação
brasileira formulados pelos governos anterior e atual, percebem-se diferenças nas
ações e estratégias para eliminar os problemas identificados. Além disso, os objetivos e
metas delineados pelo atual governo remetem para a necessidade de um aporte signi-
ficativo de recursos financeiros à área da educação. Portanto, não se defende apenas
que os recursos disponíveis já seriam suficientes, bastando apenas que fossem mais
bem aplicados. Trata-se, também, de ampliar o volume de investimentos na área.
Tendo em vista a contenção orçamentária que tem prevalecido nesse primeiro
semestre de governo, com implicações negativas para os níveis gerais de emprego e
renda, pode-se supor que esses investimentos adicionais dificilmente seriam auferidos
caso essa orientação de política macroeconômica viesse a ser mantida até o fim desse
mandato presidencial.
Nesse sentido, a consecução dos objetivos e metas estabelecidos pelo MEC para
os próximos anos pressupõe não só o aprimoramento de sua capacidade de coordena-
ção da política educacional, envolvendo os processos de desenho, acompanhamento e
avaliação de programas, mas também uma inflexão na tendência assumida pela política
macroeconômica, que não tarde para além do início do próximo ano, pois, do contrá-
rio, a concretização do PPA 2004-2007 estará em risco.
Belas-Artes
Quanto ao conceito de cultura, é habitual se pensar no conjunto das formas tradicionais
das belas-artes de inspiração européia, além de literatura, teatro, pintura, concertos musi-
cais, dança e, mais recentemente, cinema. Exclui-se desse universo o que por ele não pode
ser classificado como bom gosto estético. Os outros modos de viver, os saberes, os modos
de fazer, ficam em categoria à parte; o popular, folclórico, etc. ficam em outra categoria: o
exótico, o vagamente interessante, sensual, quando não primitivo e simples. O objeto de
ação da cultura nas belas-artes restringe as experiências culturais e expressivas, retirando
um sem-número de obras e de práticas culturais do circuito da intervenção e do fomento
público. Esse conceito inclui a idéia de cultura como formação intelectual e atividade
volitiva humana e não descuida de ações que ampliem as possibilidades de fruição, como
é o caso do apoio aos espaços de museus, casas e centros de cultura e fomento a projetos
nos diversos segmentos das belas-artes.
Os atuais agentes públicos federais advogam um conceito mais amplo de cultura.
Esse conceito, presente nos documentos oficiais das políticas brasileiras desde a década de
1930, é mais amplo, pois inscreve a cultura como prática de produção e de circulação de
valores sociais e estéticos expressivos dos mais diversos agentes.
TABELA 9
Empregos formais na cultura, 1995-20001
Rio de Janeiro e Outras Regiões Outras regiões não
Empregos formais do setor cultural Total
São Paulo Metropolitanas Metropolitanas
1995 2000 1995 2000 1995 2000 1995 2000
Edição de livros e leitura 160.224 153.083 63.769 63.542 124.440 154.381 348.465 371.006
Fonográfica 7.181 4.138 952 780 3.674 2.524 11.807 7.442
Publicidade 24.340 29.724 9.296 11.397 10.379 13.246 44.021 54.367
Atividades fotográficas 5.991 4.903 4.139 3.687 6.781 8.362 16.911 16.952
Atividades de cinema e vídeo 12.057 10.877 3.373 3.494 7.876 7.947 23.306 22.318
Atividades de rádio e televisão 25.221 30.296 14.406 13.213 49.866 51.374 89.498 94.883
Teatro, música e espetáculos 13.630 10.049 6.820 4.520 9.636 9.674 30.086 24.243
Conservação do patrimônio 1.489 1.019 145 262 294 629 1.928 1.910
Entretenimento e outras atividades ligadas à cultura 43.673 30.244 29.307 22.877 71.655 56.767 144.648 109.888
Total 293.806 274.333 132.207 123.772 284.601 304.904 710.670 703.009
Participação no emprego formal total 2,87 2,94 2,01 1,84 1,52 1,49 2,00 1,92
Distribuição dos empregos culturais por regiões 41,8 39,0 18,8 17,6 40,5 43,4 100 100
Fonte: Rais/MTb: Elaboração: Ipea.
Nota:1 Não são contados os trabalhadores de estabelecimentos públicos, professores e gestores de políticas culturais.
O número de pessoas no setor cultural da Rais refere-se apenas a empregados formais. A tabela refere-se ao fluxo de em-
pregos ao longo do ano (número de admissões menos número de desligamentos no ano).
14. Em março de 2001, a França registrava 460 mil pessoas trabalhando no setor cultural. O Brasil registrava, em dezembro
2000, 483 mil pessoas trabalhando formalmente no setor.
FIGURA 1
Níveis do conceito de cultura e seu campo ampliado
Setor da Economia:
Cultura popular de massas,
Antropológico (cultura como indústria cultural, rádio, TV,
experiência): Festas, práticas, cinema, livros, shows, etc.
modos de fazer, saberes tradicio-
nais, utensilagem, modos de vida,
instrumentos de produção,
folclore, mitos, etc.
Cultura/Belas-Artes:
Política Cultural:
Artes plásticas, cinema, teatro,
Federal, municipal,
literatura, dança, balé, ópera,
estadual.
preservação patrimonial, etc.
Financiamento
Recursos Orçamentários
Tudo leva a crer que as linhas do financiamento à cultura deverão sofrer mudanças.
O MinC propõe que os recursos orçamentários destinados à cultura sejam aumenta-
dos para 1%, pelo menos, do orçamento líquido da União. Claro, a centralidade da
política depende de recursos e 1% significa aproximadamente R$ 1,8 bilhão.15
A outra proposta é a loteria cultural. Não se sabe ao certo o montante de re-
cursos que seriam destinados à área, se estes seriam passíveis de corte ou contin-
genciamentos. A experiência dos últimos anos aponta que os recursos das fontes
Contribuições sobre Arrecadação dos Fundos de Investimentos Regionais e sobre
Prêmios de Concursos e Prognósticos foram penalizados com as políticas de con-
tingenciamentos. Entretanto, a previsão do presidente da Funarte é que tal loteria
poderia aportar perto de R$ 800 milhões em recursos para a área.
Por enquanto, o que se tem de efetivo é a decisão do governo em manter os
recursos orçamentários nos níveis anteriores (próximos de R$ 380 milhões) e o con-
sentimento para a implementação da idéia da Loteria da Cultura junto à Caixa Eco-
15. A Áustria destina em torno de 1,3% do seu orçamento à área cultural; a Finlândia, 0,8%; a França, 1%; a Itália, entre
0,4 % e 0,6%; os Países Baixos, 1%; e a Suécia, 0,7%.
Incentivos fiscais
As críticas mais fortemente dirigidas ao Estado em matéria de política cultural nos
anos 1990 são, em geral, de dois tipos. A primeira diz respeito à incapacidade do
poder público e à sua ausência na organização de espaços administrativos capazes de
promover a criação artística e cultural. Segundo essa crítica, o Estado não teria amplia-
do suas capacidades internas de planejamento e gestão cultural e as ações realizadas
nos períodos anteriores teriam sido francamente insuficientes.
O outro tipo de crítica direciona-se à ênfase que teria sido dada ao mercado na últi-
ma década. Tal crítica abrange dois aspectos. As críticas mais recorrentes referem-se à
omissão dos governos anteriores em relação às políticas culturais. De fato, o Estado brasi-
leiro, à exceção do cinema e do setor audiovisual, não atua sistematicamente nas indús-
trias culturais. A grande produção cultural no Brasil é privada, como as redes de televisão,
o mercado editorial e a indústria fonográfica. Em segundo lugar, as intervenções públicas
teriam sido secundarizadas pela ênfase dada às leis de incentivo e estas deixam às empresas
a decisão de investimento. Caberia ao poder público retomar sua capacidade de elabora-
ção e de orientação das políticas de produção e seu financiamento.
Qual seria o ponto mais robusto da crítica? Ele se refere sobretudo e enfatica-
mente aos usos das leis de incentivo. A decisão final no uso de recursos públicos é, de
fato, ditada pelas empresas em razão de suas estratégias corporativas e de reforço da
imagem. No entanto, a depender das regras, há aporte significativo de recursos pró-
prios das empresas. Em meados da década de 1990, as empresas aportavam recursos
novos da ordem de 60% e a renúncia representava os outros 40%. No início dos anos
2000, a contrapartida das empresas havia caído para 40%. Ademais, a participação
das empresas públicas é significativa e em nem um dos casos pode-se afirmar que haja
ingerência nos conteúdos dos projetos culturais.
Portanto, o problema não é de dirigismo. Trata-se de retomar o papel do Estado
na orientação dos investimentos feitos pelas empresas ou, pelo menos, dos investi-
mentos realizados pelas empresas estatais. Alguns pontos, independentemente das
discordâncias referentes aos significados da aplicação das leis de incentivo nos últimos
anos, podem ser considerados em geral consensuais no que concerne às necessidades
de mudança das leis de incentivos. Entre eles, cinco são aqui apontados.
Conclusões
Pode-se afirmar que o governo Lula sinalizou que deverá atuar em uma dupla dimen-
são na maneira de pensar a cultura e seu lugar entre as políticas públicas, e na cultura
como espaço institucional passível de ser organizado segundo regras, critérios públicos
e universais com grande potencial de democratização das relações sociais e simbólicas.
O mérito dos agentes públicos é o convite para não se desconsiderar os efeitos eco-
nômicos e sociais das políticas culturais e as lembranças de que estas oferecem mais
do que direitos à igualdade econômica e cultural; elas oferecem direitos à diferença,
pois além de comprometerem as sociedades com o desenvolvimento pleno dos recur-
sos simbólicos disponíveis, as políticas culturais devem proporcionar a multiplicação
de exemplos edificantes – os mais múltiplos e díspares – que aumentem as possibili-
dades de convivência democrática e criativa.
Para isso, as políticas culturais devem se valer tanto das possibilidades de recon-
textualização do passado quanto da constante recontextualização do presente, ou seja,
devem disponibilizar recursos simbólicos que permitam a constante reflexão. A arte e
a cultura têm a capacidade de prover os indivíduos de criatividade crítica necessária
para imaginar e construir uma boa sociedade na qual estes possam usufruir de uma
vida satisfatória, do ponto de vista cultural, social e político.
Esta sétima edição do presente periódico marca a estréia de uma nova área a ser
acompanhada regularmente: a da promoção da igualdade racial. Dado o caráter ainda
embrionário das políticas de promoção da igualdade racial, optou-se por descrever
neste texto inaugural a história da institucionalização da temática, que culminou na
criação, pelo novo governo, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igual-
dade Racial (Seppir), órgão da Presidência da República com status ministerial. Desde
já, tal criação pode ser vista como um marco na história das relações raciais no Brasil,
na medida em que representa uma iniciativa inédita no âmbito do governo central.
Um pouco da história
Durante o regime militar, o establishment governamental, refratário a qualquer sinali-
zação de incongruências entre a auto-representação da sociedade brasileira como uma
democracia racial e a realidade de extremas desigualdades entre negros e brancos, su-
primiu do sistema oficial de informações dados sobre a cor dos indivíduos. Assim, o
Censo de 1970 ficou sem o quesito cor, o que impediu a constatação e a denúncia das
desigualdades raciais já verificadas nos poucos dados sobre cor divulgados nos Censos
de 1940, 1950 e 1960. Sendo as desigualdades entre negros e brancos atribuídas ao
fato de que os primeiros, por terem sido escravos, estavam mais representados nas
classes baixas, acreditava-se, conforme o arcabouço teórico da época, que aquelas de-
sigualdades seriam mitigadas ou mesmo suprimidas pelo desenvolvimento econômico.
Todavia, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada pelo IBGE
em 1976 levantou evidências sólidas que contrariavam tais expectativas. Entretanto,
foi somente em 1985, isto é, quase dez anos depois, que o IBGE, sob nova direção e
exposto aos ventos da abertura democrática, publicou as informações contundentes
da Pnad de 1976.
Posteriormente, a mobilização criada em torno da Assembléia Nacional Consti-
tuinte, cuja instalação coincidiu com o Centenário da Abolição, em 1988, contribuiu
para o surgimento da primeira instituição governamental federal voltada aos negros, a
Fundação Cultural Palmares. Apesar de representar um efetivo avanço, pois, pela pri-
meira vez, havia no governo federal uma instituição dedicada especificamente à defesa
dos interesses da população negra, sua vinculação ao Ministério da Cultura reflete uma
visão marcadamente cultural das relações raciais. Tal visão ainda não havia incorporado
as denúncias das desigualdades raciais e de sua perpetuação por meio dos processos de
mobilidade social e de realização socioeconômica que começaram a surgir na década
de 1980. E, embora a Fundação Palmares contemplasse uma parte das reivindicações
do Movimento Negro, que recrudescia, havia muitas demandas novas do segmento em
relação ao Estado, parte delas estruturada em torno dos novos conhecimentos sobre as
desigualdades raciais no Brasil produzidos a partir da década de 1980. Tal situação fez
que, progressivamente, a Fundação Palmares fosse ganhando outras atribuições que
destoavam bastante dos propósitos originais para os quais fora criada. Um exemplo foi
Conjuntura
O legado encontrado na área de emprego e renda não é dos mais positivos. A tendên-
cia que se afirmara nos anos 1990 e que se consolida no início desta nova década con-
figura um mercado de trabalho mais afetado pela informalidade, com taxas de
desemprego em patamares mais elevados, além de rendimentos mais concentrados,
cujo patamar médio reduziu-se de forma efetiva.
Ainda que, durante o período inicial da gestão FHC, os indicadores da área te-
nham se caracterizado por um comportamento positivo, representado pelo crescimen-
to na ocupação e nos rendimentos médios anuais, pela queda das taxas de desemprego
aberto e pela diminuição das desigualdades de rendimento, cedo o mercado de traba-
lho teve seu comportamento completamente alterado em conseqüência de uma con-
junção de fatores, tais como a sobrevalorização do real e as taxas elevadas de juros
(que acabaram por reduzir a atividade econômica), assim como as dificuldades eco-
nômicas geradas pelas crises asiática, em 1997, e russa, em 1998.16
A partir de 1997, iniciou-se um processo no qual o comportamento dos indica-
dores do mercado de trabalho sofreu uma significativa inflexão. A taxa de desemprego
passou a aumentar significativamente, elevou-se de 5,7% da População Economica-
mente Ativa (PEA) em 1997 para 7,15%17 em 2002, ao mesmo tempo em que os
rendimentos médios dos trabalhadores entraram em forte tendência declinante.18 Ou-
tra tendência que se fortaleceu a partir da década de 1990 e se mantém durante os
primeiros anos desta década é a precarização das relações de trabalho, representada
pelo aumento nos níveis de informalidade, expressos, principalmente, pelo crescimen-
to da proporção de empregados sem carteira assinada (que passaram de 20,8% em
1991 para 27,5% em 2002) e de trabalhadores por conta própria (que passaram de
20,1% em 1991 para 22,4% em 2002, apesar de uma queda verificada em 2000).
Essas grandes tendências continuam fortemente presentes neste início do gover-
no Lula. Os seis primeiros meses de 2003 foram marcados por taxas de desemprego
crescentes. Segundo dados divulgados pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME),19 a
proporção de pessoas desocupadas nas principais regiões metropolitanas do país atin-
16. Para maiores detalhes sobre o comportamento do mercado de trabalho na gestão Fernando Henrique Cardoso, ver
número anterior desta publicação.
17. Os valores referentes às médias anuais ainda seguem a metodologia antiga da Pesquisa Mensal de Emprego (PME),
utilizada pelo IBGE. Os dados mensais referentes a 2002 e 2003, utilizados no decorrer do texto, já seguem a nova
metodologia, aplicada a partir do fim de 2001. Nota explicativa sobre a alteração na metodologia da Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE encontra-se disponível no Anexo Estatístico deste periódico.
18. Ver Boletim Mercado de trabalho – Conjuntura e Análise. Ipea/MTE. Ano 8, n. 21, fev. 2003.
19. Os valores das taxas de desemprego divulgadas pela PME referem-se às seis seguintes regiões metropolitanas do país:
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A partir de março de 2002, a PME passou a
aplicar uma nova metodologia, o que motivou a adoção da série apresentada no gráfico 3.
GRÁFICO 3
Taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do
Brasil – março/2002-junho/2003
8
%
0
junho-02
junho-03
maio-02
novembro-02
maio-03
março-02
julho-02
outubro-02
março-03
agosto-02
dezembro-02
abril-02
abril-03
setembro-02
janeiro-03
fevereiro-03
Fonte: PME/IBGE.
20. Os valores dos rendimentos médios efetivamente recebidos pelos trabalhadores estão em valores de junho de 2003.
Os programas e o financiamento
O quadro preocupante do mercado de trabalho brasileiro mostrado anteriormente,
decorrente em parte das políticas macroeconômicas que vêm sendo adotadas, coloca a
geração de emprego como uma das prioridades fundamentais. A análise das diretrizes
gerais que delineiam a ação governamental dos próximos anos aponta alguns elemen-
tos importantes.
Neste primeiro momento, já se percebe que a maioria dos programas existentes
será mantida, embora já estejam constituídos grupos de trabalho para discutir mu-
danças em vários programas como seguro-desemprego e qualificação profissional, por
exemplo. Pode-se apontar, porém, três programas/ações novas do MTE: o Programa
Primeiro Emprego (que será comentado a seguir), o Programa de Economia Solidária
em Desenvolvimento e a criação de um Fórum Nacional do Trabalho.
O Fórum Nacional do Trabalho, cuja estrutura será tripartite e paritária, fun-
cionará em três fases distintas. A primeira será destinada aos trabalhos das reformas
sindical e trabalhista e na qual serão elaborados projetos para serem apresentados ao
Congresso Nacional. A segunda fase envolverá o acompanhamento da consistência
das reformas e a análise de situações de normatização específicas e/ou especiais.
A terceira fase será a de consolidação das práticas concertadas, compostas basicamente
de reuniões mensais entre os integrantes do fórum.
A discussão das reformas será certamente controversa. O governo dá sinais de
que a Reforma Trabalhista deve incluir medidas para desonerar a folha de pagamento,
dado o volume excessivo de impostos, esperando assim contribuir para a geração de
empregos. Isso significa que as discussões ocorridas no governo anterior, tais como a
existência da multa do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), devem
voltar à pauta. Em números anteriores deste periódico, já se questionou neste espaço
se, em um cenário em que os salários dos trabalhadores são baixos e as políticas ma-
croeconômicas têm um peso muito grande na determinação dos resultados do merca-
do de trabalho, tais ações podem ser realmente efetivas para gerar emprego, mas, de
qualquer forma, o governo parece ver méritos nesse diagnóstico.
21. Ver discussão sobre isso em Theodoro, M. Participação Social em Políticas Públicas: os Conselhos Federais de Política
Social – o caso do Codefat. Brasília: Ipea, 2002. (Texto para Discussão, n. 931).
TABELA 10
Demonstrativo da execução financeira1 do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) – 2002
(Em R$ milhões)
Valor
absoluto (%)
2
Receitas Arrecadação PIS/Pasep-FAT (A) 12.300,5 -
Empréstimos BNDES - 40% (B) 4.986,6 34,78
Pagamento (C) 7.006,5 48,87
Seguro-Desemprego
Apoio Operacional (D) 163,9 1,14
Pagamento (E) 1.515,5 10,57
Abono Salarial
Apoio Operacional (F) 30,0 0,21
Despesas
Qualificação Profissional (G) 184,5 1,29
Intermediação de Mão-de-Obra (H) 110,5 0,77
Apoio Operacional ao Proger (I) 23,8 0,17
Outros Projetos/Atividades (J) 315,2 2,20
Total (K) 1.4336,5 100,0
Saldo (L) = (A) - (K) -2.036,0 -
Fonte: CGFAT/SPOA/SE/MTE.
Notas: 1Valores expressos em moeda de poder aquisitivo de 31/12/2002.
Não estão incluídos os valores equivalentes à arrecadação do último decêndio de dezembro de cada ano.
2
Receita de arrecadação das contribuições para o PIS-Pasep, pelo regime de caixa, repassada ao FAT.
22. Índice correspondente à soma dos percentuais das linhas C e E na referida tabela.
23. No Distrito Federal, de acordo com pesquisa realizada por Theodoro e Girard (2000), apenas cerca de 30% das
empregadas domésticas tinham carteira assinada.
Conclusões
Em resumo, deve-se ter em mente que, para estabelecer uma nova sistemática de ação
para o MTE, respeitadas as diretrizes gerais tanto constitucionais quanto da ação de
governo, é preciso atentar para os dois pontos seguintes.
− As fontes de recursos com que conta o MTE devem ser ampliadas e/ou diversi-
ficadas. Como origem básica e praticamente única dos recursos do ministério,
o FAT sofre dois tipos de limitações: por um lado, sobrecarrega o trabalhador
assalariado na medida em que este representa, em última análise, a única fonte
alimentadora do fundo; por outro lado, a própria característica de fundo pa-
trimonial limita o alcance do FAT como base de uma política social na área de
trabalho. Além disso, a necessidade de alcançar retorno financeiro torna o FAT
uma fonte proibitiva para ações de política social de largo alcance;
− A necessidade da efetiva constituição de um Sistema Público de Emprego que
dê conta da complexa realidade do mercado de trabalho brasileiro e que conju-
gue ações de treinamento/capacitação, assistência ao trabalhador desemprega-
do, intermediação da mão-de-obra, geração de emprego e renda, tudo isso
numa ótica inclusiva, que contemple igualmente os trabalhadores formais e a-
queles ligados às chamadas atividades informais.
Conjuntura
Dois elementos marcaram o primeiro semestre de 2003. Em primeiro lugar, uma
série de atos proto-terroristas perpetrados por segmentos do crime organizado trau-
matizaram a sociedade, não apenas pelas tragédias em si, mas por representarem a
continuidade de um movimento, iniciado em 2002, de utilização do crime como
meio de afirmação política por tais grupos organizados, ligados principalmente ao
narcotráfico. Entre esses atos, destacam-se as mortes dos dois juízes de Presidente
Prudente, em São Paulo, e de Vitória, no Espírito Santo, além de inúmeros movi-
mentos orquestrados para paralisar o comércio no Rio de Janeiro, os quais envolve-
ram até incêndios a ônibus urbanos. Por outro lado, a reação desencadeada pela
ousadia dos delinqüentes, ao mesmo tempo em que se renovava a política de seguran-
ça pública do governo federal, provocou a discussão de inúmeras propostas e idéias
para a elaboração de programas e políticas de segurança pública no Brasil. Tal discus-
são se deu em bases minimamente consistentes, que fogem ao antigo e reducionista
debate que confronta as longas penas de aprisionamento e a polícia dura – com direi-
to a matar – com o pressuposto da exclusividade da raiz social do problema criminal.
Essas discussões foram capitaneadas pelo (novo) Plano Nacional de Segurança Pública
(PNSP)24 e envolveram vários aspectos relacionados ao combate à lavagem de dinhei-
ro, à política antidrogas, à reforma policial, bem como a programas de cunho social
com interface com a questão da segurança pública.
Pouco se fez, contudo, para desenvolver um sistema mínimo de informações em
segurança pública que pudesse servir de termômetro para a mensuração da criminali-
dade no país, numa perspectiva temporal ou inter-regional, a despeito dos esforços
envidados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), que disponibilizou
a taxa de sete crimes selecionados, por cem mil habitantes, ocorridos nos estados fede-
rativos em 2002. Segundo tais informações,25 o Espírito Santo possuiu nesse ano a
maior taxa de homicídios (55,1), seguido por Rio de Janeiro (42,3), Rondônia (34,6)
e São Paulo (31,0). Em relação às taxas de furtos e roubos de veículos e de outros
objetos, as maiores taxas situaram-se em Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e
Rio Grande do Sul, que revezaram de posição a depender do delito, conforme apon-
tado na tabela 11.
Entretanto, tais informações devem ser observadas com cautela. Diante da ine-
xistência de séries temporais de crimes reportados à polícia minimamente confiáveis,
para a maioria dos estados, restaria alguma análise acerca da distribuição espacial dos
delitos. Essa, por sua vez, fica totalmente prejudicada ante a questão da diferença das
taxas de subnotificação e ante a heterogeneidade de taxonomia dos delitos por unida-
24. Preferiu-se a utilização do termo “novo” para distinguir do (antigo) Plano Nacional de Segurança Pública, de julho
de 2002.
25. Disponíveis em <http://www.mj.gov.br/senasp/noticias/rls260603%20mapacrime.htm>.
TABELA 11
Taxa de criminalidade para alguns crimes e estados selecionados em 2002
(Por 100 mil habitantes)
Roubo de Veículo Furto de Veículo Total Veículos
Homicídios Outros Furtos Outros Roubos
(a) (b) (= a + b)
DF 23,2 73,1 295,7 368,8 2843,3 1107,3
RJ 42,3 233,8 140,7 374,5 728,5 779,1
RS 12,5 75,9 172,1 248 2031 560,5
SP 31 224,8 276,8 501,6 1485,4 811,1
Fonte: Disponível em <www.mj.gov.br>
Com essa discussão, objetiva-se apontar um real perigo de esse conjunto de polí-
ticas e programas subjacentes ao Novo Plano Nacional de Segurança Pública – que,
de forma inédita no Brasil, introduz um planejamento governamental na segurança
pública consistente e orientado para as causas do problema (melhor do que exclusi-
vamente para suas conseqüências,) – vir a sofrer um enorme desgaste e não engendrar
aos resultados esperados, uma vez que está sendo erigido em bases frágeis. Um sistema
de informações em segurança pública eficaz é peça crucial para a elaboração dos diag-
nósticos precisos e para a avaliação da efetividade e da relação custo-benefício dos
vários programas, o que, em última instância, permite que os recursos sejam alocados
eficientemente e que eventuais erros de estratégia e de tática não venham a ser siste-
máticos, já que é possível identificar e aprender com o próprio erro.
28. O ciclo Plan, Do, Check and Action (PDCA) de controles e processos é um método de gestão que representa o caminho a
ser seguido para que as metas estabelecidas possam ser atingidas.
Conclusões
Ressaltada a importância e os acertos do novo PNSP, alguns pontos adicionais
mereceriam maior atenção. Em relação a questões tópicas, na lista de prioridades das
reformas institucionais deveria constar também uma proposição de um efetivo mode-
lo socioeducativo para jovens infratores da lei. Com efeito, um esforço concentrado
que envolvesse toda a sociedade poderia ser empreendido para o desenvolvimento em
31. O governo federal, por exemplo, gastou cerca de R$ 2,3 bilhões, entre 2000 e 2002, no âmbito do Plano Nacional de
Segurança Pública, que consistiu num conjunto de 124 programas e ações, desprovido de prioridades, metas, tessitura
interna que garantisse a organicidade das ações, indicadores de aferição da eficácia e eficiência1 e que, no máximo
representou aporte de recursos para a replicação do modelo exaurido, vigente até então. Para maiores detalhes, ver Políticas
Sociais – Acompanhamento e Análise no 5. Ipea, 2002.
32. Ver Cerqueira e Lobão. Planejamento Estratégico da Segurança Pública. Revista Conjuntura Econômica. Rio de
Janeiro: FGV, março de 2003.
Introdução
A agenda da Reforma Agrária não está esgotada, tampouco dá sinais de que vai exau-
rir-se tão cedo no Brasil. Embora com ritmo e sentido diferentes, há anos consta da
agenda governamental e tem tido significativo incremento nos últimos anos. Sua im-
portância e atualidade decorrem tanto da busca em corrigir a excessiva concentração
da estrutura da propriedade, quanto da necessidade de estabelecer um instrumento de
justiça social numa área em que a igualdade de direitos é débil e corre riscos, constituin-
do-se, assim, simultaneamente, em uma política social e econômica.
As áreas de agricultura familiar, reformadas ou não, sempre cumpriram uma im-
portante função de abastecimento e ainda respondem pelo abastecimento alimentar
de cidades de pequeno porte. Por outro lado, os assentamentos não só são promisso-
res, como, nos locais em que se institucionalizaram, têm sido responsáveis pela eleva-
ção da renda das famílias rurais e pela melhora significativa de sua condição de vida
em relação à época em que eram "sem-terra". Essa melhora afeta positivamente o
desenvolvimento econômico e social do país e tem efeitos multiplicadores de emprego
e renda nas respectivas regiões.
Nos últimos oito anos, as ações governamentais concentraram-se, primeiramente,
nas áreas onde os conflitos eram mais agudos, especialmente nas regiões Norte e Nordes-
te. Posteriormente, o governo tentou reduzir o papel do Estado na solução do problema.
O melhor exemplo disso foi a criação do Banco da Terra, em 1998, com a finalidade de
prover recursos para o financiamento da compra de imóveis.
Se, por um lado, o governo apregoou ter realizado a maior Reforma Agrária do
mundo, por outro, os movimentos sociais vêm contestando os dados apresentados,
pois estes estariam superdimensionados. No entanto, ainda que sejam descontados
possíveis exageros das estatísticas de ambas as partes, não se pode negar que houve um
grande avanço no processo de criação de assentamentos e de distribuição de terras.
Não é só o número de assentados, porém, que deve ser levado em consideração.
Apesar da importância da Reforma Agrária, os problemas da agricultura familiar, em
geral, e dos assentados, em especial, são imensos. Existe um passivo enorme em assen-
tamentos que precisam de infra-estrutura básica, assistência técnica, instrumentos de
comercialização.33
Em sua posse, o atual ministro defendeu o assentamento, em regime de urgên-
cia, das famílias acampadas, cujo número total ainda é impreciso, variando, conforme
a fonte, de 80 mil a 180 mil famílias (ou 96 mil – ver box sobre acampamentos, a
seguir). Também prometeu atuar no sentido de propiciar o fortalecimento da agricul-
33. Nesse sentido, ver: Sparoveck, Gerd. A qualidade dos assentamentos de reforma agrária brasileira. São Paulo: Páginas &
Letras Editora e Gráfica, 2003.
O governo
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, reconhece que no gover-
no de Fernando Henrique Cardoso foram ampliados os limites da Reforma Agrária
no país com o aumento do número de assentamentos. Nesse sentido, afirma que pre-
tende continuar as ações de assentamento das famílias, especialmente as que estão em
acampamentos, mas que o maior desafio do atual governo é de outra natureza: prover
os assentamentos de condições suficientes para que possam tornar-se unidades produ-
tivas sustentáveis.
Herança
O governo anterior informa ter deixado recursos orçados para 2003 suficientes para o
assentamento de 37 mil famílias, o que é contestado pela equipe técnica do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra): os recursos previstos, na melhor
das hipóteses, seriam suficientes para assentar menos de 10 mil famílias. A fim de
atingir a meta prometida pelo presidente da República para este ano (60 mil famílias),
em discurso perante os trabalhadores rurais durante a jornada que encerrou o evento
“O Grito da Terra”, organizado pela Contag para a apresentação de sua pauta anual
de reivindicações ao governo, a direção do Incra acredita que se deve obter recursos
em outras fontes e baratear os custos dos assentamentos.
Propostas de ação
• Fortalecimento das políticas de extensão rural para melhorar a produção e a
produtividade dos agricultores familiares por meio de um modelo articulado de
assistência técnica com os estados e municípios, centrado nas vocações e poten-
ciais de cada região.
• Realização de uma extensa auditoria no Incra a fim de reestruturar o órgão.
• Definição de um novo Plano Nacional de Reforma Agrária.
• Cadastramento das famílias acampadas em todo o país, a fim de que se conheça
o número efetivo de famílias que aguardam assentamento.
• Inovação de mecanismos de obtenção de terras para a Reforma Agrária. Entre
esses mecanismos tem-se as seguintes possibilidades:
a) o pagamento das dívidas dos proprietários devedores do INSS e de bancos
públicos seriam negociado com terras;
b) as terras de área pública, localizadas na faixa de 150 quilômetros ao longo
da fronteira com outros países, cujos proprietários não apresentem o regis-
tro de posse, seriam retomadas;
c) todos os proprietários de imóveis com mais de 10 mil hectares teriam de
apresentar documentação, sob o risco de perder suas terras; e
d) as áreas presumivelmente devolutas dos estados poderiam ser alvo de Re-
forma Agrária: os governos estaduais disponibilizariam as terras e o governo
federal encarrega-se-ia de implementar os projetos de assentamento.
Os sem-terra
Desde a vitória eleitoral do atual governo, o meio rural brasileiro tem assistido o re-
crudescimento das ações que reivindicam a ampliação e o aceleramento do Programa
de Reforma Agrária. Encontram-se em atividade no campo mais de três dezenas de
diferentes organizações de sem-terra, embora as mais importantes ainda sejam aquelas
vinculadas à Contag e ao MST. A atual onda de protestos e reivindicações guarda
uma similaridade àquela verificada logo após a ocorrência das mortes de trabalhadores
rurais sem-terra em Eldorado de Carajás, que ainda hoje motivam os sem-terra na
promoção de atos públicos pela Reforma Agrária, mas apresenta, também, algumas
diferenças básicas. Em primeiro lugar, tais manifestações representam menos um pro-
testo antigovernamental e mais uma cobrança pela realização do que entendem ser
um compromisso histórico do partido do governo: a promoção de uma Reforma
Agrária ampla e rápida. Outra diferença está na orientação dada pelo MST aos seus
membros para que cessem as ocupações de prédios públicos, embora tenham realiza-
do ações desse tipo nos primeiros meses do ano, quando foram ocupadas agências
bancárias e escritórios regionais do Incra.
Em 1998, a fim de encerrar as ações de ocupações de terras e de prédios públi-
cos, o governo deu início à implementação de uma série de medidas com o objetivo
de conter as manifestações de conflito. Assim, em maio de 1998, o então ministro da
Justiça, Renan Calheiros, anunciou a abertura de três inquéritos policiais contra líde-
res do MST, acusando-os de incitação à violência e saques. Em setembro do mesmo
ano, o presidente Fernando Henrique Cardoso comparou o movimento a "um grupo
de assaltantes comuns". Entretanto, a medida mais dura veio em abril de 2000, com a
edição da medida provisória que tornou indisponíveis para qualquer providência de
Reforma Agrária, por dois anos, as propriedades invadidas (MP n° 2.027/38, de 4 de
maio de 2000, atualmente MP n° 2.183/56, de 24 de agosto de 2001).
MP n° 2.027/38 (atualmente MP n° 2.183)
Essa MP proíbe, por dois anos, as avaliações e vistorias em terras invadidas e ex-
clui do Programa de Reforma Agrária os que participarem de ocupações, além de
suspender os processos em tramitação durante as ocupações.
Esse dispositivo vinha sendo apontado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrá-
rio (MDA) e pelo presidente do Incra como um empecilho para a Reforma
Agrária. No entanto, os estudos para sua revogação estão, pelo menos por enquanto,
suspensos, a fim de manter sob controle a desconfiança dos ruralistas em relação ao
governo petista.
O relacionamento entre o governo e os movimentos sociais – em especial a Con-
tag, o MST e a Pastoral da Terra –, em anos recentes, foi sempre eivado de ambigüi-
dades. De certa forma guardam uma relação de dependência funcional: o governo
reage às pressões e os movimentos sociais não sobrevivem sem as políticas públicas e a
boa vontade do governo para com suas reivindicações, mesmo que nunca possa aten-
dê-las em sua plenitude. Ao relacionamento conturbado por mútuas acusações de
incompreensão e intolerância ao fim do governo de FHC, abriu-se, na perspectiva
dos movimentos sociais, uma nova e promissora era de negociações, quando enfim as
34. Aliás, decisão recente do STF confirmou a liminar anteriormente concedida em favor dos proprietários.
Os ruralistas
Os ruralistas vêm se posicionando firmemente contra as ocorrências de ocupações de
terras, de bloqueio de estradas e de postos de pedágio promovidas pelos sem-terra.
Cobram do governo o cumprimento dos dispositivos legais que penalizam as ocupa-
ções e seus agentes. Para muitos deles, o governo, em especial o ministro do MDA,
estaria sendo conivente com o crime. Segundo relatos da imprensa, estariam descon-
Justiça
O Supremo Tribunal Federal (STF), recentemente, considerou legal MP antiocupa-
ções. Nesse sentido deve publicar em breve no Diário da Justiça a decisão tomada em
abril de 2002 que deu aval para a medida provisória editada pelo então presidente
Fernando Henrique Cardoso que suspende por dois anos as vistorias em terras rurais
invadidas. Essa decisão resultou do questionamento de inconstitucionalidade que lhe
foi encaminhado pelo PT e pela Contag. Com a publicação, oficializa-se a posição do
STF contrária às ocupações.
No entanto, a maioria dos ministros entendeu que o direito à propriedade não
tem caráter absoluto e os proprietários têm o dever de cultivar as terras e explorá-las
adequadamente, sob pena de desapropriação. Apesar desse entendimento, eles concluí-
1. Ver o artigo A família e a sociedade: as organizações internacionais e a defesa da família. Disponível em < http://www.
aciprensa.com/glendon.htm>.
As estratégias e o acesso
A idéia de que as famílias e as comunidades estão acostumadas a lidar, por sua
própria conta e risco, com um conjunto de problemas de saúde, não é nada estranha
ao PSF em suas origens e definições oficiais. Na formulação dos modos de interven-
ção do programa, tem-se tido consciência daquilo que as mães e as famílias fazem, no
recinto doméstico, para cuidar de seus filhos, de seus enfermos e de seus idosos, usando
recursos naturais ou adquiridos. Tem-se consciência também da auto-ajuda esponta-
neamente desenvolvida por certas lideranças comunitárias que, muitas vezes, prestam
orientação e cuidados de saúde a seus vizinhos, como uma espécie de vocação, que
pode ou não adquirir uma conotação religiosa. Uma série de ações, que vão desde a
amamentação até a internação domiciliar, passando por todo o trabalho realizado
pelo agente comunitário, leva em consideração esse fato na forma de um pressuposto
doutrinário (Nogueira, Barbosa da Silva e Ramos, 2000). O auto-cuidado no lar, ou
seja, a solidariedade primária de sangue mediante trabalho gratuito do pai, da mãe,
das avós, etc. estende-se como solidariedade social na comunidade.
FIGURA 1
Instâncias Provedoras
Referências bibliográficas
ESPING-ANDERSEN. Social Foundations of Postindustrial Economies. New York:
Oxford University Press, 1999.
ILLICH, I. Medical Nemesis – The expropriation of health. New York: Pantheon
Books, 1985. (original: 1976).
MENDES, E. V. Uma Agenda para a Saúde. São Paulo. Hucitec, 1986.
NOGUEIRA, R. P., BARBOSA DA SILVA, F. e RAMOS, Z. A Vinculação Institu-
cional de um Trabalhador Sui Generis – O Agente Comunitário de Saúde. Brasília: Ipea,
2000. (Texto para Discussão, n. 735).
NUNES, C. B. e BARBOSA, M. A. M. Nossa História Rumo à Saúde da Família.
Revista Brasileira de Enfermagem, v. 53, n. especial, p. 103-106, dez. 2000.
Sousa, M. F. et alii. Gestão da Atenção Básica: redefinindo contexto e possibilidades.
Divulgação em Saúde para Debate, Rio de Janeiro, n. 21, p. 7-14, dez. 2000.
Como deve ser estruturada a política social de um país? A resposta a essa pergunta
independe do grau de desenvolvimento do país, da porcentagem de pobres nele exis-
tente, do grau de desigualdade na distribuição da renda? Qual é o papel dos gastos
sociais do Estado na redução da desigualdade e da pobreza? Essas são perguntas que
estão na raiz do debate entre universalização e focalização dos gastos sociais que tem
dominado as discussões em torno da forma de se estruturar os programas sociais no
Brasil e em outros países.
A fim de responder a essas perguntas, é necessário definir qual é o objetivo que
se pretende ao definir os programas sociais. Em outras palavras, por que um Estado
decide taxar seus cidadãos e utilizar os recursos assim obtidos para desenvolver pro-
gramas públicos nas áreas de saúde, educação, previdência social, assistência social e
trabalho? Existem diferentes respostas a essa pergunta.
Uma resposta seria considerar como o objetivo dos programas sociais reduzir as
desigualdades na distribuição da renda e da pobreza decorrentes do funcionamento de
uma economia de mercado. O objetivo, nesse caso, seria utilizar os programas de tal
forma que fossem igualadas as oportunidades no mercado de trabalho. Nesse contex-
to, os programas sociais deveriam ser desenhados para atender fundamentalmente aos
grupos relativamente mais pobres da população.
Outra alternativa seria responder que os programas sociais têm por objetivo criar
uma rede de proteção social para todos os cidadãos do país, evitando assim que, dian-
te de imprevistos como desemprego, acidentes de trabalho, doença, etc., ou diante de
situações previsíveis, mas que os cidadãos, por alguma razão, não conseguiram anteci-
par adequadamente, como a perda da capacidade de trabalho em virtude de idade
avançada, pouco investimento em educação, etc., estes consigam manter um padrão
de vida mínimo adequado à sua sobrevivência.
Uma terceira possibilidade seria considerar como objetivo dos programas a ma-
nutenção do padrão de vida de todos os cidadãos, diante de situações imprevistas ou
previsíveis mas não devidamente antecipadas, o mais próximo possível daquele vigen-
te antes que tais situações se manifestassem.
A outra pergunta a que devemos responder é se a questão da focalização versus
universalização deve ser colocada entre a primeira e a segunda alternativas ou entre a
segunda e a terceira alternativas. Ou seja, quando nos referimos à universalização dos
programas sociais, estamos falando de universalização do acesso mínimo aos serviços
sociais, indispensável para a sobrevivência do cidadão (o que corresponde à segunda
1. Ver Camargo, J.M. Pobreza e Garantia de Renda Mínima, Folha de S. Paulo, 26/12/1991, e Os Miseráveis, Folha de S.
Paulo, 27/3/1993; Camargo, J.M. e Almeida, H. Human Capital Investment and Poverty. Rio de Janeiro: Departamento de
Economia da PUC, 1994. (Texto para Discussão, n. 319).
Mário Theodoro*
Guilherme Delgado*
Projeto Alvorada
o
Decreto n 3.769, de 8 de março de 2001 – estabelece diretrizes para a execução de
projetos voltados para a área social em localidades com baixo Índice de Desenvolvi-
mento Humano e cria o Comitê de Gestão e Acompanhamento do Projeto Alvorada.
Portaria no 880, de 3 de dezembro de 2001/MPAS – cria, no âmbito da Assistên-
cia Social o NAF Alvorada, como estratégia de trabalho com famílias e divulgação dos
programas inseridos no Projeto Alvorada nos municípios com Índice de Desenvolvi-
mento Humano abaixo de 0,500. Estabelece suas normas e diretrizes, republicadas na
Portaria no 881, 3 de dezembro de 2001, que corrige incorreções da portaria anterior.
Trabalho voluntário
Lei no 9.608, de 18 de fevereiro de 1998 – dispõe sobre o serviço voluntário.
Anos 1950
Lei no 1.390, de 3 de julho de 1951 – “Inclui entre as contravenções penais a prática
de atos resultantes de preconceitos de raça ou de cor”. Conhecida como Lei Afonso
Arinos.
Anos 1960
o
Decreto Legislativo n 23, de 21 de junho de 1967 – “Aprova a Convenção Inter-
nacional sobre a eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, adotada
pela Resolução no 2.106 (XX), da Assembléia Geral das Nações Unidas, de 21 de
dezembro de 1965.”
Decreto no 62.150, de 19 de janeiro de 1968 – Presidência da República “Pro-
mulga a Convenção nº 111 da OIT sobre discriminação em matéria de emprego e
profissão”.
Decreto no 63.223, de 6 de setembro de 1968 – Presidência da República
“Promulga a Convenção relativa à luta contra a discriminação no campo de ensino”.
Anos 1980
Decreto, de 9 de agosto de 1985 – Presidência da República “Estabelece restrições ao
relacionamento com a República da África do Sul.”
Lei no 7.437, de 20 de dezembro de 1985 – “Inclui, entre as contravenções pe-
nais, a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
civil, dando nova redação à Lei no 1.390 , de 3 de julho de 1951 – Lei Afonso Arinos.”
Lei no 7.668, de 22 de agosto de 1988 – Presidência da República “Autoriza
o Poder Executivo a constituir a Fundação Cultural Palmares (FCP) e dá outras
providências”.
Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989 – Presidência da República “Define os
crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor”.
Anos 1990
Lei no 8.081, de 21 de setembro de 1990 – “Estabelece os crimes e as penas aplicá-
veis aos atos discriminatórios ou de preconceitos de raça, cor, religião, etnia ou pro-
cedência nacional, praticados pelos meios de comunicação ou por publicação de
qualquer natureza”.
Decreto no 428, de 17 de janeiro de 1992 – Presidência da República “Modifica
o Decreto no 91.524, de 9 de agosto de 1985, que impôs restrições ao relacionamento
com a África do Sul.”
Lei no 8.882, de 3 de junho de 1994 – “Acrescenta parágrafo ao artigo 20 da Lei
no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceitos de
raça ou de cor”.
Lei no 9.029, de 13 de maio de 1995 – Presidência da República “Proíbe práticas
discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica, por
motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade, e dá outras
providências”.
Decreto, de 20 de novembro de 1995 – Presidência da República “Institui o
Grupo de Trabalho Interministerial, com a finalidade de desenvolver políticas para a
valorização da população negra e dá outras providências”.
Decreto, de 20 de março de 1996 – Presidência da República “Cria, no âmbito do
Ministério do Trabalho, o Grupo de Trabalho para a Eliminação da Discriminação no
Emprego e na Ocupação (GTEDEO) e dá outras providências”.
Decreto, no 1.904, de 13 de maio de 1996 – Presidência da República “Institui o
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH)”.
Decreto, de 13 de junho de 1996 – Presidência da República “Inclui inciso IV
ao artigo 3o do Decreto de 20 de novembro de 1995, que institui o grupo de traba-
lho interministerial com a finalidade de desenvolver políticas de valorização da po-
pulação negra”.
Anos 2000
Portaria no 604, de 1o de junho de 2000 – Ministério do Trabalho e Emprego “Insti-
tui, no âmbito das Delegacias Regionais de Trabalho, os Núcleos de Promoção da
Igualdade de Oportunidades e de Combate à Discriminação”.
Portaria no 202, de 4 de setembro de 2001 – Ministério do Desenvolvimento
Agrário “estabelece cotas para negros e negras em cargos de direção, no preenchimen-
to de vagas em concurso público, na contratação por empresas prestadoras de serviço
e por organismos internacionais de cooperação técnica”.
Decreto, de 8 de setembro de 2000 – Presidência da República “Cria o comitê
nacional para a preparação da participação brasileira na Conferência Mundial contra
o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.”
Decreto no 3.912, de 10 de setembro de 2001 – Presidência da República “Re-
gulamenta as disposições relativas ao processo administrativo para identificação dos
remanescentes das comunidades dos quilombos e para o reconhecimento, a delimita-
ção, a demarcação, a titulação e o registro imobiliário das terras por eles ocupadas”.
Portaria no 222, de 28 de setembro de 2001 – Ministério do Desenvolvimen-
to Agrário “Institui a vertente de raça/etnia no Programa de Ações Afirmativas do
MDA/Incra e determina suas funções”.
Portaria no 224, 28 de setembro de 2001 – Ministério do Desenvolvimento
Agrário “Altera o Regimento Interno do Incra incluindo o Programa de Ações Afir-
mativas”.
EDITORIAL
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