Apostila Parasitologia
Apostila Parasitologia
Apostila Parasitologia
Apostila de
parasitologia
básica e clínica
Autora: Isadora Barboza Silva
@isaeabiomed_
sumário
Conceitos importantes...................... 4
Helmintos (9 a 44)
𝑆𝑐ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛𝑖........................... 9
𝐹𝑎𝑠𝑐𝑖𝑜𝑙𝑎 ℎ𝑒𝑝𝑎𝑡𝑖𝑐𝑎............................... 13
𝑇𝑎𝑒𝑛𝑖𝑎 sp......................................... 17
𝐴𝑠𝑐𝑎𝑟𝑖𝑠𝑚𝑏𝑟𝑖𝑐𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠..............................21
𝑇𝑟𝑖𝑐ℎ𝑢𝑟𝑖𝑠 𝑡𝑟𝑖𝑐ℎ𝑖𝑢𝑟𝑎.............................25
𝐸𝑛𝑡𝑒𝑟𝑜𝑏𝑖𝑢𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑚𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟𝑖𝑠..................... 29
𝑆𝑡𝑟𝑜𝑛𝑔𝑦𝑙𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 𝑠𝑡𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠.....................33
Ancilostomídeos..............................37
𝑊𝑢𝑐ℎ𝑒𝑟𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑏𝑎𝑛𝑐𝑟𝑜𝑓𝑡𝑖 ........................ 41
Protozoários (45 a 67)
𝐺𝑖𝑎𝑟𝑑𝑖𝑎 𝑙𝑎𝑚𝑏𝑙𝑖𝑎..................................46
𝐸𝑛𝑡𝑎𝑚𝑜𝑒𝑏𝑎 ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑙𝑦𝑡𝑖𝑐𝑎.........................49
𝑇𝑟𝑖𝑐ℎ𝑜𝑚𝑜𝑛𝑎𝑠 𝑣𝑎𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖𝑠........................52
𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚𝑜𝑑𝑖𝑢𝑚 𝑓𝑎𝑙𝑐𝑖𝑝𝑎𝑟𝑢𝑚......................55
𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 sp...................................58
𝑇𝑟𝑦𝑝𝑎𝑛𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑖.............................61
𝑇𝑜𝑥𝑜𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎 𝑔𝑜𝑛𝑑𝑖𝑖.............................65
sumário
Técnicas parasitológicas (68 a 81)
Amostra e cuidados pré-analíticos...69
Exame direto...................................71
Método de Hoffman, Pons e Janer....72
Método de Ritchie...........................73
Método de Willis............................ 74
Método de Faust.............................75
Método de Kato-Katz......................76
Método de Graham.........................77
Método de Baermann-Moraes.........78
Método de Rugai, Matos e Brisola....79
Técnica da gota espessa..................80
Xenodiagnóstico.............................81
Expressão dos resultados................82
Referências.....................................83
4
conceitos importantes
Agente Agente
etiológico infeccioso
Agente causador ou Parasitos (bactérias,
responsável pela fungos, protozoários,
origem da doença. vírus, helmintos) capazes
de produzir infecção ou
Pode ser vírus, bactéria, fungo, doença infecciosa.
protozoário ou helminto.
Cepa Contaminação
Grupo ou linhagem de um
agente infeccioso, de É a presença de um agente
ascendência conhecida, infeccioso na superfície do
compreendida dentro de corpo, roupas, brinquedos,
uma espécie e que se água, leite, alimentos etc.
caracteriza por alguma
propriedade biológica
e/ou fisiológica.
@isaeabiomed_
Endemia Epidemia
É a prevalência esperada Ocorrência de casos numa
de determinada doença região que ultrapassam a
com relação à área em incidência normalmente
determinada época. esperada de uma doença e
Considera-se endêmica a é derivada de uma fonte
doença cuja incidência comum de infecção ou
permanece constante por
vários anos. propagação.
5
conceitos importantes
Estádio Estágio
É a fase intermediária ou É a forma de transição
intervalo entre duas (imaturos) de um artrópode
mudas da larva de um ou helminto para completar
artrópode ou helminto. o ciclo biológico.
Habitat Hospedeiro
@isaeabiomed_
Hospedeiro Hospedeiro
definitivo intermediário
É o que apresenta o parasito É aquele que apresenta o
em fase de maturidade ou em
fase de atividade sexual. parasito em fase larvária
ou assexuada.
6
conceitos importantes
Parasitismo Parasito
É a associação entre monoxênico
seres vivos, em que existe
unilateralidade de É o que possui apenas
benefícios, sendo um dos o hospedeiro definitivo.
associados prejudicados
pela associação.
Parasito Parasito
heteroxênico obrigatório
@isaeabiomed_
Período de Portador
incubação
Hospedeiro infectado que
É o período decorrente alberga o agente infeccioso,
entre o tempo de infecção sem manifestar sintomas,
e o aparecimento dos mas capaz de transmiti-lo
primeiros sintomas a outrem.
clínicos.
7
conceitos importantes
Profilaxia Reservatório
São seres vivos, solo e
É o conjunto de medidas qualquer matéria orgânica
que visam a prevenção, inanimada onde vive e se
erradicação ou controle multiplica um agente infecioso,
de doenças ou fatos sendo vital para este a
presença de reservatórios e
prejudiciais aos seres sendo possível a transmissão
vivos. para outros hospedeiros
(OMS).
Vetor Vetor
biológico
É um artrópode, molusco
ou outro veículo que É quando o parasito
transmite o parasito se multiplica ou se
entre dois hospedeiros. desenvolve no vetor.
@isaeabiomed_
Vetor Zoonose
mecânico
É quanto o parasito não Doenças e infecções que
se multiplica nem se são naturalmente
desenvolve no vetor, transmitidas entre animais
este simplesmente serve vertebrados e os humanos.
de transporte.
helmintos
@isaeabiomed_
9
𝑆𝑐ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛𝑖
O 𝑆𝑐ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛𝑖 é o agente etiológico da
esquistossomose (conhecida também como xistose,
barriga-d'água ou mal do caramujo), que é
transmitida através da penetreação ativa de
cercárias na pele ou mucosas. A prevenção acontece
com combate aos caramujos vetores e com
saneamento básico. O diagnóstico laboratorial é
realizado a partir do exame parasitológico de fezes
(EPF). A técnica padrão ouro é a de Kato-Katz.
@isaeabiomed_ Morfologia
OVO: formato oval com casca espessa. Na parte
posterior (mais larga) há a presença de espículo lateral.
Em seu interior possui uma célula embrionária ou
miracídio já formado.
MIRACÍDIO: forma cilíndrica, com células
epidérmicas onde se implantam os cílios, os quais
permitem o movimento no meio aquático.
ESPOROCISTO: células germinativas em multiplicação;
possui esporocisto primário e secundário.
CERCÁRIA: é a forma infectante do 𝑆𝑐ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛𝑖.
Apresenta cauda bifurcada, possui ventosa oral com
glândulas de penetração. Quando se fixa na pele do
hospedeiro perde a cauda, passando para a fase de
esquistossômulo.
MACHO: cor esbranquiçada, possui minúsculos
tubérculos no corpo. Possui o canal ginecóforo, que
abriga e fecunda a fêmea.
FÊMEA: cor mais escura com tegumento liso.
10
𝑆𝑐ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛𝑖
Principais formas evolutivas
OVO
CERCÁRIAS
@isaeabiomed_
11
𝑆𝑐ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛𝑖
Ciclo biológico
4
5
6
3
@isaeabiomed_ 8
Ciclo heteroxênico com hospedeiro intermediário sendo os caramujos do gênero 𝐵𝑖𝑜𝑚𝑝ℎ𝑎𝑙𝑎𝑟𝑖𝑎.
Ovos são liberados pelas fezes (1). Em condições ideais vão eclodir e liberar o
miracídio (2). O miracídio nada até o caramujo (3), onde penetra, perde sua
mobilidade, se torna esporocisto primário e se multiplica até chegar em esporocisto
secundário. Os esporocistos se transformam em cercárias (4) após algumas semanas
e se soltam dos moluscos. As cércárias infectam os seres humanos por penetração
ativa (5). Dentro do ser humano, as cercárias perdem a cauda e se transformam em
esquistossômulos (6), que atingem a circulação sanguínea/linfática (7). Migram para
o fígado, vão se desenvolver até que vão para a veia porta e se tornam adultos (8).
Vão se reproduzir. As fêmeas vão migrar para a submucosa intestinal, vai colocar
ovos que passam para o lúmen intestinal e vão ser eliminados com as fezes.
12
𝑆𝑐ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛𝑖
Patogenia
Está relacionada com alguns fatores como: cepa do parasito, carga
parasitária, idade, estado nutricional e resposta imunológica do hospedeiro.
De acordo com a forma evolutiva, pode
causar diferentes alterações fisiológicas: @isaeabiomed_
As cercárias podem causar dermatite cercariana, que é caracterizada por
sensação de comichão, erupção urticariforme seguida de eritema, edema,
pequenas pápulas e dor. Os esquistossômulos podem causar linfadenia
generalizada, febre, aumento volumétrico do baço e sintomas pulmonares.
Os vermes adultos quando migram para as veias mesentéricas podem causar
lesões de migração e o vermes mortos podem causar lesões extensas no fígado.
Além disso, espoliam o hospedeiro por seu alto metabolismo. Os ovos, quando
em grande número, podem causar hemorragias, edemas da submucosa e
fenômenos degenerativos com formações ulcerativas pequenas e superficiais.
Os ovos que atingem e permanecem no fígado podem causar as alterações mais
importantes da doença, que é a reação inflamatória granulomatosa. As lesões
granulomatosas são as principais responsáveis pelas variações clínicas e pelas
complicações digestivas e circulatórias da doença.
@isaeabiomed_ Morfologia
OVO: grande, forma elíptica, cor amarelada, casca fina
e opérculo ("tampa") em uma das extremidades. No
interior do ovo há uma massa granulosa de células
vitelinogênicas. O desenvolvimento da larva ocorrerá
no ambiente em contato com água.
OVO CERCÁRIA
@isaeabiomed_
15
𝐹𝑎𝑠𝑐𝑖𝑜𝑙𝑎 ℎ𝑒𝑝𝑎𝑡𝑖𝑐𝑎
Ciclo biológico
4 5
Hospedeiro
3 acidental
6
7
2
1
8 7
@isaeabiomed_ 8
Ciclo heteroxênico com hospedeiro intermediário sendo os caramujos do gênero 𝐿𝑦𝑚𝑛𝑎𝑒𝑎.
Os ovos imaturos são liberados nas vias biliares e eliminados nas fezes de
hospedeiros definitivos (1). Os ovos embrionam-se em água doce ao longo de
aproximadamente 2 semanas. Ovos embrionados liberam miracídios (2), que
invadem um caracol hospedeiro intermediário adequado (3). No caracol, os
parasitas passam por vários estágios de desenvolvimento (esporocistos, redias e
cercárias). As cercárias são liberadas do caracol (4) e se encistam como
metacercárias na vegetação aquática ou em outros substratos (5). Humanos e
outros mamíferos são infectados pela ingestão de vegetação (ex: agrião) ou água
contaminada por metacercárias (6). Após a ingestão, a metacercária se excista no
duodeno e penetra através da parede intestinal na cavidade peritoneal . Os vermes
imaturos então migram através do parênquima hepático para os dutos biliares (7),
onde amadurecem, se tornam vermes adultos e produzem ovos (8).
16
𝐹𝑎𝑠𝑐𝑖𝑜𝑙𝑎 ℎ𝑒𝑝𝑎𝑡𝑖𝑐𝑎
Patogenia
Morfologia @isaeabiomed_
OVO: arredondado, de casca espessa (embrióforo),
com embrião hexacanto ou oncosfera em seu interior.
@isaeabiomed_
ATENÇÃO: não é possível distinguir se um ovo é de
𝑇𝑎𝑒𝑛𝑖𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑖𝑢𝑚 ou de 𝑇𝑎𝑒𝑛𝑖𝑎 𝑠𝑎𝑔𝑖𝑛𝑎𝑡𝑎 . Eles são iguais. Para
diferenciar é preciso avaliar escólex e proglotes!!
19
𝑇𝑎𝑒𝑛𝑖𝑎 sp
Ciclo biológico
Teníase
3 4 Cisticercose
5
2
2
@isaeabiomed_
Ciclo heteroxênico com hospedeiro intermediário sendo os bovinos e suínos.
Teníase: o ser humano infectado libera proglotes com as fezes (1). Quando essas proglotes chegam no
meio ambiente vão liberar os ovos, que vão aguardar os hospedeiros intermediários consumirem água ou
vegetação contaminada (2). Os ovos vão chegar no intestino desses animais, o embrióforo vai se romper e
liberar a oncosfera, que se espalha por meio das veias e linfáticos mesentéricos. A oncosfera procura por
um tecido mole (músculo esquelético, olho, cérebro). Quando encontra esses tecidos consegue desenvolver
para cisticerco (3). O ser humano ingere carne contaminada por cisticerco (4). O cisticerco sofre a ação
do suco gástrico e se desenvolve para verme adulto (5), se fixando no intestino delgado através do escólex,
onde vai crescer e liberar proglotes grávidas.
Cisticercose: o ser humano infectado libera proglotes (1). Quando essas proglotes chegam no meio
ambiente vão liberar os ovos e acidentalmente outro ser humano ingere esses ovos (2), sem passar
pelo hospedeiro intermediário e vai se alojar em diferentes tecidos. Ou seja, as larvas que eram pra
se desenvolver no hospedeiro intermediário vão de desenvolver diretamente no ser humano.
20
𝑇𝑎𝑒𝑛𝑖𝑎 sp
Patogenia
As manifestações clínicas da teníase incluem: inflamação local, alergia,
fome excessiva, perda de peso, diarreia ou constipação, fraqueza, tontura,
enjoo, dor no abdômen entre outros. Pode acometer o desenvolvimento de
crianças e a produtividade de adultos.
@isaeabiomed_
21
𝐴𝑠𝑐𝑎𝑟𝑖𝑠 𝑙𝑢𝑚𝑏𝑟𝑖𝑐𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠
O 𝐴𝑠𝑐𝑎𝑟𝑖𝑠 𝑙𝑢𝑚𝑏𝑟𝑖𝑐𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 é o agente etiológico da
ascaridíase, que é transmitida através da ingestão
de água ou alimentos contaminados com ovos
contendo a larva L3 (filarioide). Essa doença pode
ser prevenida com hábitos adequados de higiene,
educação sanitária e tratamento em massa. O
diagnóstico laboratorial é realizado a partir do
exame parasitológico de fezes (EPF), com a técnica
de sedimentação espontânea e de Kato-Katz.
@isaeabiomed_ Morfologia
@isaeabiomed_
23
𝐴𝑠𝑐𝑎𝑟𝑖𝑠 𝑙𝑢𝑚𝑏𝑟𝑖𝑐𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠
Ciclo biológico
4 6
5
3
7
2 9
@isaeabiomed_ 8
Ciclo monoxênico.
Uma pessoa infectada libera ovos não embrionados pelas fezes (1). Em condições ideais
os ovos se embrionam (2) e se espalham pelo ambiente (3), onde o embrião fica se
desenvolvendo até chegar na fase L3, que é infectante (4). O ser humano ingere os ovos
através de água ou alimentos contaminados (5). O ovo vai eclodir no intestino delgado
(6) e a larva vai passar a parede intestinal, passar pelos vasos linfáticos, chegar no
fígado (7) e depois nos pulmões (8), onde elas rompem os capilares, chegam nos
alvéolos e amadurecem em larva L5. Essas larvas vão dos alvéolos para a faringe, onde
podem ser tossidas ou deglutidas. Se forem deglutidas vão chegar no intestino delgado
já na fase L5, onde vão amadurecer em adultos (9), copular e a fêmea produzir ovos.
24
𝐴𝑠𝑐𝑎𝑟𝑖𝑠 𝑙𝑢𝑚𝑏𝑟𝑖𝑐𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠
Patogenia
Em infecções de baixa intensidade, normalmente não se observa nenhuma
alteração, mas as infecções maciças podem determinar a ocorrência de
lesões hepáticas (focos hemorrágicos e de necrose que se tornarão
fibrosados) e pulmonares (edemaciação dos alvéolos com infiltrado de
polimorfonucleares neutrófilos e eosinófilos).
@isaeabiomed_
Pode acontecer também a localização ectópica (deslocamento do
helminto do seu hábitat normal atingindo locais não habituais). Aos
vermes que fazem esta migração dá-se o nome de “áscaris errático”.
25
𝑇𝑟𝑖𝑐ℎ𝑢𝑟𝑖𝑠 𝑡𝑟𝑖𝑐ℎ𝑖𝑢𝑟𝑎
O 𝑇𝑟𝑖𝑐ℎ𝑢𝑟𝑖𝑠 𝑡𝑟𝑖𝑐ℎ𝑖𝑢𝑟𝑎 é o agente etiológico da tricuríase,
que é transmitida através do contato ou ingestão de
água ou alimentos contaminados com os ovos. A
prevenção acontece com educação sanitária, hábitos
adequados de higiene, tratamento em massa e
destino correto do esgoto. O diagnóstico laboratorial
é realizado a partir do exame parasitológico de fezes
(EPF), com a técnica de Kato-Katz.
Morfologia @isaeabiomed_
OVO: apresenta casca espessa formada por 3
membranas, formato de barril, com presença
de 2 opérculos ("tampas") nas extremidades.
@isaeabiomed_
27
𝑇𝑟𝑖𝑐ℎ𝑢𝑟𝑖𝑠 𝑡𝑟𝑖𝑐ℎ𝑖𝑢𝑟𝑎
Ciclo biológico
3 4
5
2 6
@isaeabiomed_
Ciclo monoxênico.
A pessoa infectada libera ovos não embrionados com as fezes (1). Entre 14 a 21
dias esses ovos se tornarão embrionados (2). Se o ser humano ingere esses ovos
embrionados por meio de água ou alimentos contaminados (3), os ovos vão para o
intestino delgado, onde vão eclodir (4). As larvas ficam no intestino delgado se
alimentando e desenvolvendo até o momento que vão para o ceco (5), penetram
na mucosa do intestino grosso e amadurecem em vermes adultos (6). Os adultos
copulam e as fêmeas colocam ovos, que serão eliminados pelas fezes.
28
𝑇𝑟𝑖𝑐ℎ𝑢𝑟𝑖𝑠 𝑡𝑟𝑖𝑐ℎ𝑖𝑢𝑟𝑎
Patogenia
A gravidade dessa doença depende da carga
parasitária, mas também tem influência de fatores
como a idade do hospedeiro, o estado nutricional e
a distribuição dos vermes adultos no intestino.
@isaeabiomed_
29
𝐸𝑛𝑡𝑒𝑟𝑜𝑏𝑖𝑢𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑚𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟𝑖𝑠
O 𝐸𝑛𝑡𝑒𝑟𝑜𝑏𝑖𝑢𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑚𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟𝑖𝑠 é o agente etiológico da
enterobíase (ou também conhecida como oxiuríase),
que é transmitida por via fecal-oral através de vários
mecanismos: autoinfecção externa ou direta (do ânus
para a cavidade oral por meio dos dedos), autoinfecção
indireta (ovos presentes na poeira ou alimentos
atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou),
heteroinfecção (ovos presentes na poeira ou alimentos
atingem um novo hospedeiro), retroinfecção (migração
das larvas da região anal para as regiões superiores do
intestino grosso, chegando no ceco, onde se tornam
adultas) e autoinfecção interna (rara - larvas eclodem
no reto e migram para o ceco, transformando-se em
vermes adultos). A prevenção acontece com
higienização das mãos, educação sanitária, troca de
roupas, etc. O diagnóstico laboratorial é realizado a
partir do exame parasitológico de fezes (EPF), com a
técnica de Kato-Katz, método de Graham (fita gomada)
e swab anal.
Morfologia @isaeabiomed_
OVO: apresenta formato com aspecto de “D”,
com casca espessa formada por dupla
membrana lisa e transparente.
@isaeabiomed_
31
𝐸𝑛𝑡𝑒𝑟𝑜𝑏𝑖𝑢𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑚𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟𝑖𝑠
Ciclo biológico
2
ib ente 1 3
am
6
4
@isaeabiomed_
Ciclo monoxênico.
O ser humano ingere os ovos do parasito (1), que vai passar pelo sistema
gastrointestinal e no duodeno vão eclodir (2). As larvas vão para o ceco, onde
amadurecem em vermes adultos e os adultos copulam (3). A fêmea fecundada
migra para a região anal (4) e põe os ovos (5). A presença da fêmea na região
anal causa coceira e a pessoa acaba coçando. Após coçar, pode levar a mão á
boca e ingerir mais ovos, se reinfectando (6). Os ovos também podem ficar no
ambiente e infectar a pessoa indiretamente.
32
𝐸𝑛𝑡𝑒𝑟𝑜𝑏𝑖𝑢𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑚𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟𝑖𝑠
Patogenia
Pode-se relacionar as características patológicas clínicas observadas
por alterações causadas: pelos vermes dentro do intestino, lesões
anais e perianais resultantes da presença de fêmeas grávidas e da
deposição de ovos no local, lesões decorrentes do parasitismo
ectópico e eventos secundários à esses processos.
@isaeabiomed_
O deslocamento das fêmeas grávidas do parasito pela
mucosa anal e pela pele da região perianal do hospedeiro é
frequentemente relacionado com a gênese do prurido local,
a manifestação clínica mais prevalente na enterobiose.
33
𝑆𝑡𝑟𝑜𝑛𝑔𝑦𝑙𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 𝑠𝑡𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠
O 𝑆𝑡𝑟𝑜𝑛𝑔𝑦𝑙𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 𝑠𝑡𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠 é o agente etiológico da
estrongiloidíase, que é transmitida através da
penetração de larvas filarioides através da pele por
alguns mecanismos: autoinfecção externa ou exógena
(quando larvas rabditoides presentes na região perianal
de indivíduos infectados transformam-se em larvas
filarioides infectantes e penetram nesse local,
completando o ciclo direto) e autoinfecção interna ou
endógena (quando larvas rabditoides, ainda no lúmen
intestinal, transformam-se em larvas filarioides e
penetram na mucosa intestinal do intestino grosso). A
prevenção acontece com hábitos de higiene e uso de
calçados. O diagnóstico laboratorial é realizado a partir
do exame parasitológico de fezes (EPF), com as técnicas
de Baermann-Moraes ou Rugai.
Morfologia @isaeabiomed_
OVO: formato elíptico com parede fina e transparente.
LARVA RABDITOIDE: possui cauda pontiaguda,
vestíbulo bucal curto e primórdio genital nítido.
LARVA FILARIOIDE: possui cauda entalhada,
esôfago filarioide (longo) e vestíbulo bucal curto.
MACHO DE VIDA LIVRE: corpo fusiforme, boca com 3 lábios,
esôfago rabditoide e cauda enrolada ventralmente.
FÊMEA DE VIDA LIVRE: corpo fusiforme, boca com 3 lábios e
apresenta esôfago curto rabditoide. Extremidade anterior
arredondada e posterior afilada.
FÊMEA PARTENOGENÉTICA: corpo cilíndrico e filiforme;
possui extremidade anterior arredondada e extremidade
posterior afilada. Esôfago longo filarioide.
34
𝑆𝑡𝑟𝑜𝑛𝑔𝑦𝑙𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 𝑠𝑡𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠
Formas evolutivas
@isaeabiomed_
35
𝑆𝑡𝑟𝑜𝑛𝑔𝑦𝑙𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 𝑠𝑡𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠
1 Ciclo biológico
3
11 4
2
8
13
10
5
12
7
6
9
@isaeabiomed_
Ciclo monoxênico.
Heteroinfecção direta: a larva filarioide (1) no meio externo penetram pela pele e mucosas do ser humano (2). As larvas migram até a corrente
sanguínea e vasos linfáticos (3), vão chegar no pulmão (4). Quando chega no pulmão vai penetrar nos sacos alveolares, vão subir pela árvore
brônquica e ser deglutida. Quando engole as larvas tem acesso ao trato gastrointestinal e no intestino (5) vai se desenvolver para vermes adultos,
que vão se prender na parede intestinal. A fêmea é capaz de produzir ovos sem o macho (são chamadas de fêmeas partenogenéticas). As larvas
dentro dos ovos que foram produzidas pelas fêmeas partenogenéticas são chamadas de larvas rabditoides (6). Se desenvolvem no intestino e
depois serão eliminadas pelas fezes (7). A larva rabditoide no meio exterior vai se desenvolver para filarioide (8).
Heteroinfecção indireta: a larva filarioide (1) no meio externo penetram pela pele e mucosas do ser humano (2). As larvas migram até a corrente
sanguínea e vasos linfáticos (3), vão chegar no pulmão (4). Quando chega no pulmão vai penetrar nos sacos alveolares, vão subir pela árvore
brônquica e ser deglutida. Quando engole as larvas tem acesso ao trato gastrointestinal e no intestino (5) vai se desenvolver para vermes adultos,
que vão se prender na parede intestinal. A fêmea é capaz de produzir ovos sem o macho (são chamadas de fêmeas partenogenéticas). As larvas
dentro dos ovos que foram produzidas pelas fêmeas partenogenéticas são chamadas de larvas rabditoides (6). Se desenvolvem no intestino e depois
serão eliminadas pelas fezes (7). A larva rabditoide no meio exterior (9) é capaz de se desenvolver em vermes adultos de vida livre (10). O macho e
a fêmea de vida livre vão se reproduzir no meio ambiente, produzir ovos com larvas rabditoides (11) que vão se desenvolver para filarioides (1).
Autoinfecção externa: a pessoa infectada não fez a correta higiene e as larvas rabditoides ficam no perímetro
anal, onde podem evoluir para larva filarioide e penetrar novamente a pessoa, na região anal (12).
@isaeabiomed_
Intestinal: as fêmeas, com a finalidade de se fixar ou se alimentar, localizam-se principalmente
na mucosa do duodeno e jejuno. Fêmeas partenogenéticas, ovos e larvas no intestino delgado
ou ocasionalmente no intestino grosso podem determinar, em ordem crescente de gravidade:
Enterite catarral: os parasitos são visualizados nas criptas glandulares e ocorre uma
reação inflamatória leve, caracterizada pelo acúmulo de células que secretam mucina
e, portanto, acompanhada por aumento de secreção mucoide, com caráter reversível.
Enterite edematosa: os parasitos são visualizados em todas as túnicas da parede intestinal
e ocorre reação inflamatória com edema de submucosa e desaparecimento do relevo
mucoso, caracterizado por síndrome de má absorção intestinal; considerado de certa
gravidade, porém de caráter reversível.
Morfologia
@isaeabiomed_
OVO: elipsóide de casca fina e transparente, de
forma ovóide com massa embrionária no interior.
VERME ADULTO DE
𝑁𝑒𝑐𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑎𝑚𝑒𝑟𝑖𝑐𝑎𝑛𝑢𝑠
6 5
@isaeabiomed_
Ciclo monoxênico.
Uma pessoa contaminada elimina ovos pelas fezes (1). Em condições ideais,
esses ovos vão ficar embrionados (2) e a larva vai se desenvolver até o estágio
L3, que é infectante. As larvas penetram no ser humano (3), chegam nos
vasos linfáticos/sanguíneos (4), vão chegar nos pulmões onde a oxigenação
dos alvéolos ajuda a larva a passar pro estágio L4 (5). As larvas vão passar
pela traqueia, faringe e serem deglutidas. Vão chegar no intestino delgado, se
fixam com a cápsula bucal, atingem a maturidade sexual (6) e a fêmea vai
produzir muitos ovos, que serão eliminados com as fezes.
40
Ancilostomídeos
Patogenia
A penetração das larvas pode causar
dermatite local e prurido (coceira).
@isaeabiomed_
Morfologia
@isaeabiomed_
42
𝑊𝑢𝑐ℎ𝑒𝑟𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑏𝑎𝑛𝑐𝑟𝑜𝑓𝑡𝑖
Formas evolutivas
MICROFILÁRIAS
@isaeabiomed_
FILÁRIAS
Fêmea
Macho
43
𝑊𝑢𝑐ℎ𝑒𝑟𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑏𝑎𝑛𝑐𝑟𝑜𝑓𝑡𝑖
Ciclo biológico 4
2 3
6
1
5
@isaeabiomed_
Ciclo heteroxênico com hospedeiro intermediário sendo os mosquitos 𝐶𝑢𝑙𝑒𝑥 𝑞𝑢𝑖𝑛𝑞𝑢𝑒𝑓𝑎𝑠𝑐𝑖𝑎𝑡𝑢𝑠.
@isaeabiomed_
A elefantíase geralmente acomete os membros inferiores e a região
escrotal, e está associada a episódios inflamatórios recorrentes com
hipertrofia do tecido conjuntivo e fibrose crônica do órgão atingido.
protozoários
@isaeabiomed_
46
𝐺𝑖𝑎𝑟𝑑𝑖𝑎 𝑙𝑎𝑚𝑏𝑙𝑖𝑎
A 𝐺𝑖𝑎𝑟𝑑𝑖𝑎 𝑙𝑎𝑚𝑏𝑙𝑖𝑎 é agente etiológico da giardíase, que
é transmitida através da ingestão de cistos em água
ou alimentos contaminados, por via feca-oral, por
contato com animais com a doença. A prevenção
acontece com saneamento básico, higiene pessoal e
tratamento dos doentes e portadores assintomáticos.
O diagnóstico laboratorial é realizado a partir do
exame parasitológico de fezes (EPF), com a
demonstração de cistos ou trofozoítos do parasita.
Pode ser utilizado o método de Faust para fezes
formadas e MIFC para fezes diarreicas.
Morfologia
@isaeabiomed_
47
𝐺𝑖𝑎𝑟𝑑𝑖𝑎 𝑙𝑎𝑚𝑏𝑙𝑖𝑎
Ciclo biológico
2 3
1
6
5
@isaeabiomed_
Ciclo monoxênico.
Uma pessoa não infectada ingere alimentos ou água contaminados e ingere os cistos
do parasito (1). Quando esses cistos chegam no intestino delgado (2), vai acontecer o
desencistamento e cada cisto dá origem a 2 trofozoítos (3), que vão se aderir a parede
do intestino delgado e se multiplicar (4) até o momento que vão se encistar novamente
(5) para para ser eliminado nas fezes (6). Na diarreia também saem trofozoítos para
o ambiente, mas eles são destruídos rapidamente, enquanto os cistos são resistentes.
48
𝐺𝑖𝑎𝑟𝑑𝑖𝑎 𝑙𝑎𝑚𝑏𝑙𝑖𝑎
Patogenia
A giardíase apresenta um espectro clínico diverso que inclui desde indivíduos
assintomáticos até pacientes sintomáticos que podem apresentar um quadro
de diarreia aguda e autolimitante, ou um quadro de diarreia persistente, com
evidência de má absorção e perda de peso, que muitas vezes não responde ao
tratamento específico, mesmo em indivíduos imunocompetentes.
@isaeabiomed_
49
𝐸𝑛𝑡𝑎𝑚𝑜𝑒𝑏𝑎 ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑙𝑦𝑡𝑖𝑐𝑎
A 𝐸𝑛𝑡𝑎𝑚𝑜𝑒𝑏𝑎 ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑙𝑦𝑡𝑖𝑐𝑎 é o agente etiológico da
amebíase, que é transmitida de forma direta (de
pessoa para pessoa) e indireta (veiculação mecânica
por insetos, pela água contaminada com dejetos
humanos, adubo e contaminação pelas mãos sujas
de um eliminador de cistos). A prevenção acontece
com saneamento básico, educação em saúde, higiene
pessoal, correta higienização de alimentos e
tratamento da água. O diagnóstico laboratorial é
realizado a partir do exame parasitológico de fezes
(EPF), com técnicas de concentração.
Morfologia @isaeabiomed_
Cisto: possui formato oval ou Trofozoíto: tem forma irregular
periférico. Pode apresentar e apresenta 1 núcleo. Pode
de 1 a 4 núcleos. haver hemácias no seu interior.
6 5
@isaeabiomed_
Ciclo monoxênico.
@isaeabiomed_
Forma disentérica - colites amebianas: aparece mais frequentemente
de modo agudo, acompanhada de muco ou de sangue, cólicas
intensas, tenesmo, náuseas, vômitos, podendo haver calafrio e febre.
Usualmente ocorrem oito a dez ou mais evacuações por dia. Pode
acontecer desidratação intensa e perfurações no intestino.
Morfologia
@isaeabiomed_
53
𝑇𝑟𝑖𝑐ℎ𝑜𝑚𝑜𝑛𝑎𝑠 𝑣𝑎𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖𝑠
Ciclo biológico
@isaeabiomed_
Ciclo monoxênico.
@isaeabiomed_
Os homens podem ser assintomáticos ou apresentar disúria, dor ao
ejacular, cabeça do pênis/prepúcio edemaciado, dor, vermelhidão, uretrite
com fluxo leitoso ou purulento e uma leve sensação de prurido na uretra.
Mesmo assintomático, deve tratar.
Morfologia @isaeabiomed_
Trofozoíto: o trofozoíto Gametócitos: podem ser
imaturo tem aspecto de fone arredondados ou alongados,
de ouvido no interiro do com granulações. Participam
eritrócito; o trofozoíto maduro do ciclo sexuado.
tem grânulos maláricos no
interior do eritrócito).
hepatócito
5 2
8 trofozoíto maduro
7 trofozoíto imaturo
4 3
@isaeabiomed_
Ciclo heteroxênico com hospedeiro intermediário sendo o ser humano e definitivo o 𝐴𝑛𝑜𝑝ℎ𝑒𝑙𝑒𝑠.
Ciclo exoeritrocítico no vertebrado: a fêmea do 𝐴𝑛𝑜𝑝ℎ𝑒𝑙𝑒𝑠 pica e injeta a forma esporozoíta do 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚𝑜𝑑𝑖𝑢𝑚 (1), que é
móvel e migra para o fígado e invade o hepatócito(2). Dentro do hepatócito vai se reproduzir assexuadamente por esquizogonia
e tem-se a formação do esquizonte, que libera vários núcleos e vão formar merozoítos (3), que vão parasitar hemácias.
Ciclo eritrocítico no vertebrado: os merozoítos parasitam as hemácias (4) e vão se transformar em trofozoítos imaturos e
maduros (5), que vão se reproduzir por esquizogonia. Quando formar vários merozoítos dentros das hemácias vai provocar
sua lise (6). Acontecem vários ciclos. Vai chegar o momento que ao invés do trofozoíto imaturo se transformar em trofozoíto
maduro, vai se transformar em gametócito (7), que faz reprodução sexuada e só acontece no 𝐴𝑛𝑜𝑝ℎ𝑒𝑙𝑒𝑠).
Ciclo no 𝐴𝑛𝑜𝑝ℎ𝑒𝑙𝑒𝑠: quando a fêmea pica uma pessoa infectada acaba ingerindo o 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚𝑜𝑑𝑖𝑢𝑚. Precisa ter
gametócitos para dar continuidade ao ciclo. Os gametócitos chegam na membrana peritrófica e se reproduzem por
gametogênese, sendo que o gametócito feminino vai dar origem a 1 macrogameta e o gametócito masculino vai dar
origem a 8 microgametas (8). Quando o macrogameta encontra o microgameta forma o zigoto (9). Esse zigoto é imóvel
e precisa de transformar em oocineto, que é uma forma móvel. O oocineto se liberta da membrana peritrófica e se
instala na parede do intestino do mosquito. Quando se instala, vai se transformar em oocisto (10), onde se multiplica
por esporogonia, dando origem aos esporozoitos (11), que vão se deslocar até as glândulas salivares do mosquito (12).
57
𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚𝑜𝑑𝑖𝑢𝑚 𝑓𝑎𝑙𝑐𝑖𝑝𝑎𝑟𝑢𝑚
Patogenia
A sintomatologia inicial é inespecífica (mal-estar, dor de cabeça, dores
musculares). O sintoma característico é o acesso malárico com a febre
terçã (a cada 48 horas o ciclo eritrocítico se completa no caso do
𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚𝑜𝑑𝑖𝑢𝑚 𝑓𝑎𝑙𝑐𝑖𝑝𝑎𝑟𝑢𝑚). Pode apresentar anemia.
@isaeabiomed_
58
𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 sp
As espécies de 𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 são agentes etiológicos da
leishmaniose, que é transmitida através da picada
de mosquitos do gênero 𝐿𝑢𝑡𝑧𝑜𝑚𝑦𝑖𝑎 (vetorial),
compartilhamento de seringa, transfusão sanguínea.
A prevenção acontece com uso de repelente, telas em
janelas, mosquiteiro e borrifar inseticida. O
diagnóstico laboratorial é realizado a partir da
técnica da gota espessa e de exames imunológicos.
Morfologia
@isaeabiomed_
59
𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 sp
4 Ciclo biológico
6 7
5
8
3
2 10
1
9
@isaeabiomed_
Ciclo heteroxênico com hospedeiro intermediário sendo os mosquitos do gênero 𝐿𝑢𝑡𝑧𝑜𝑚𝑦𝑖𝑎.
Ciclo no hospedeiro intermediário: a fêmea pica o hospedeiro vertebrado e se ele estiver contaminado com o parasito
quando ela realizar o repasto sanguíneo, vai captar esse parasita através dos macrófagos e se infectar (1). Após a
ingestão, os macrófagos contendo amastigotas vão para a membrana peritrófica no intestino do flebotomíneo, onde as
amastigotas se libertam do macrófago (2), se transformam em promastigotas (3) e se reproduzem assexuadamente (4).
Após alguns dias vão romper a membrana peritrófica e passar por várias transformações até chegar na sua forma de
promastigota metacíclica, que é a forma infectante (5). Se esse parasito sai da membrana peritrófica e passa por essas
transformações no intestino posterior do inseto e só depois vai para a faringe é do subgênero Leishmania; se esse
parasito sai da membrana peritrófica e passa por essas transformações já na faringe é do subgênero Viannia.
Ciclo no hospedeiro vertebrado: a fêmea do flebotomíneo faz o repasto sanguíneo (6), as promastigotas
metacíclicas vão ter acesso a corrente sanguínea e serem fagocitadas pelo macrófago (7). No interior do
macrófago vão mudar rapidamente para a forma amastigota (8) e vão se reproduzir até o macrófago se romper
(9). As amastigotas caem na corrente sanguínea e encontram mais macrófagos, continuando o ciclo (10).
60
𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 sp
Patogenia
Leishmaniose tegumentar
Pode ser causada pela 𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 (𝑉𝑖𝑎𝑛𝑛𝑖𝑎) 𝑏𝑟𝑎𝑧𝑖𝑙𝑖𝑒𝑛𝑠𝑖𝑠, 𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎
(𝑉𝑖𝑎𝑛𝑛𝑖𝑎) 𝑔𝑢𝑦𝑎𝑛𝑒𝑛𝑠𝑖𝑠 e 𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 (𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎) 𝑎𝑚𝑎𝑧𝑜𝑛𝑒𝑛𝑠𝑖𝑠. O primeiro
sinal é uma lesão na pele, que começa a ulcerar e forma bordas
mais elevadas. Se manifesta de 3 formas diferentes:
Leishmaniose visceral
Pode ser causada pela 𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 (𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎) 𝑑𝑜𝑛𝑜𝑣𝑎𝑛𝑖 e 𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 (𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎)
𝑖𝑛𝑓𝑎𝑛𝑡𝑢𝑚 ou 𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎 (𝐿𝑒𝑖𝑠ℎ𝑚𝑎𝑛𝑖𝑎) 𝑖𝑛𝑓𝑎𝑛𝑡𝑢𝑚 𝑐ℎ𝑎𝑔𝑎𝑠𝑖. O início da infecção pode ser
assintomática ou sintomática, com manifestações no fígado, baço,
linfonodos e medula óssea. Na forma aguda pode ocorrer febre, palidez
nas mucosas, aumento do fígado e baço. Já na fase crônica os sintomas são
mais intensos, a febre é persistente, pode apresentar anemia, palidez,
perda de peso, esplenomegalia, hepatomegalia, fadiga e dores
abdominais. O sistema imunológico do indivíduo está afetado e pode ser
uma porta de entrada para doenças infecciosas oportunistas. Se não
tratada, a leishmaniose visceral causa morte.
@isaeabiomed_
61
𝑇𝑟𝑦𝑝𝑎𝑛𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑖
O 𝑇𝑟𝑦𝑝𝑎𝑛𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑖 é agente etiológico da doença de
Chagas, que é transmitida através da picada do
barbeiro (vetor), por via oral (alimentos contaminados,
leite materno), via congênita (da mãe para o feto), por
transfusão sanguínea, transplantes e acidentes de
laboratório. A prevenção acontece com educação
sanitária para a população, melhoria das condições de
moradia, manipulação correta de açaí e caldo de cana,
inseticidas e correta seleção de doadores. O diagnóstico
laboratorial é realizado a partir de métodos de
concentração, pesquisa a fresco ou gota espessa na fase
aguda (alta parasitemia) e na fase crônica (baixa
parasitemia) pelo xenodiagnóstico. Em ambas as fases
também podem ser realizados exames sorológicos.
Morfologia @isaeabiomed_
Tripomastigota: é a forma infectante; é extracelular,
alongada e móvel. O flagelo emerge e se adere ao
longo do corpo do parasito, tornando-se livre na região
anterior. O cinetoplasto tem formato arredondado e
está localizado na região posterior ao núcleo.
TRIPOMASTIGOTA AMASTIGOTA
Esta forma pode ser encontrada no inseto Esta forma pode ser encontrada no interior
vetor, sangue e espaço intercelular dos de células em hospedeiros infectados. Nesse
hospedeiros vertebrados. caso, é em músculo cardíaco.
EPIMASTIGOTA
Como saber se é
tripomastigota ou
epimastigota?
Observando a localização do cinetoplasto!
Para isso, pegue como referência a
localização do flagelo, pois ele fica na parte
anterior. Se o cinetoplasto estiver do lado
oposto do flagelo (posterior ao núcleo) é
tripomastigota. Se o cinetoplasto estiver do
mesmo lado do flagelo (anterior ao núcleo)
é epimastigota!
4 5
3
7
9
8
2 1
@isaeabiomed_
Ciclo heteroxênico com hospedeiro intermediário sendo os triatomíneos (barbeiros).
Ciclo no hospedeiro intermediário: o barbeiro vai se infectar pela primeira vez quando
ingerir o sangue de um hospedeiro definitivo, Se o hospedeiro tiver infectado ele vai
ingerir a forma tripomastigota (1). No estômago vai evoluir para epimastigota (2), vai
se reproduzir, multiplicar (3) e passar pro reto do inseto, onde se diferenciam em
tripomastigotas (4). Quando o barbeiro encontrar um novo hospedeiro, vai picar,
defecar e urinar no local (5). Quando o hospedeiro definitivo coça, as tripomastigotas
vão entrar pelo local da picada e ter acesso a corrente sanguínea.
Ciclo no hospedeiro definitivo: quando o parasita chega na corrente sanguínea, vai
procurar uma célula para parasitar (para se proteger). As células escolhidas fazem
parte do sistema mononuclear fagocitário (6). Quando é fagocitado, fica preso
dentro de um vacúolo, funde com o lisossomo e forma o fagolisossomo, se
transformam em amastigotas (6), que é uma forma de proteção. Elas secretam
substâncias que estouram esse vacúolo para que não sejam digeridas. No citoplasma
da célula começa a se multiplicar (7), transformam-se em tripomastigotas (8) e
estouram a célula, propagando para outras células e tecidos (9).
64
𝑇𝑟𝑦𝑝𝑎𝑛𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑖
Patogenia
A fase aguda pode ser sintomática ou não. Quando sintomático,
pode apresentar sintomas inespecíficos como diarreia, dor de
cabeça, dores musculares e febre. Os sintomas característicos são o
chagoma de inoculação (inchaço e vermelhidão no local da picada)
e o sinal de Romaña (inchaço em um dos olhos quando o parasita
chega na conjuntiva - coçar os olhos). Pode aparecer insuficiência
cardíaca e miocardite. Essas condições são mais susceptíveis em
crianças, idosos, transplantados e pessoas com baixa imunidade.
@isaeabiomed_
Forma mista: manifesta tanto a forma cardíaca como a digestiva.
65
𝑇𝑜𝑥𝑜𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎 𝑔𝑜𝑛𝑑𝑖𝑖
O 𝑇𝑜𝑥𝑜𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎 𝑔𝑜𝑛𝑑𝑖𝑖 é agente etiológico da toxoplasmose,
que é transmitida através da ingestão de oocistos (em
água, verduras ou solo contaminados), ingestão de
cistos na carne crua, ingestão de taquizoítos no leite,
através de transplante, de transfusão sanguínea e via
transplacentária. A prevenção acontece com realização
de exames pré-natais em gestantes, evitar comer carne
crua ou mal cozida, proteger as caixas de areia e
incineração das fezes dos gatos. O diagnóstico
laboratorial é realizado a partir de exames sorológicos.
Morfologia @isaeabiomed_
7
cérebro
olhos 2
coração
placenta
cisto com
bradizoítos
4
6 oocisto imaturo
3
5 zigoto
macrogametas
microgametas
@isaeabiomed_
Ciclo heteroxênico com hospedeiro intermediário sendo o ser humano/animais domésticos e definitivo os felídeos.
Ciclo no hospedeiro definitivo: o ciclo começa quando um gato que nunca se infectou antes entra em contato com o
𝑇𝑜𝑥𝑜𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎 que pode ser através de oocistos despejados por outro gato que estava doente ou por cistos quando o
gato/felídeo caça um hospedeiro intermediário infectado (1). Os oocistos e cistos são formas infectantes e vão penetrar
nas células intestinais do gato, onde vão fazer sua primeira reprodução assexuada por esquizogonia, onde há a formação
do esquizonte com vários merozoítos se reproduzindo (2); os merozoítos se libertam dos esquizontes e vão infectar outras
células. Depois de vários ciclos alguns merozoítos vão se transformar na forma sexuada do parasita: alguns vão formar o
macrogameta (gameta feminino) e outros o microgameta (gameta masculino). Os microgametas fecundam o macrogameta
e forma o zigoto (3). O zigoto vai se desenvolver em oocisto imaturo, que é eliminado pelas vezes do gato (4). No ambiente
externo, esse oocisto vai começar a maturação por esporogonia. Dentro de cada oocisto vão formas 2 esporocistos e dentro
de cada esporocisto tem 4 esporozoítos (5). Esse processo de maturação ocorre de 1 a 5 dias e quando finalizado
chamamos o oocisto de oocisto maduro (ou esporulado). O gato vai eliminar esses oocistos por até 2 semanas.
Ciclo no hospedeiro intermediário: o humano entra em contato com os oocistos em água ou verduras contaminadas ou
come carne crua com bradizoítos, que é mais comum (6). Tanto os esporozoítos (oocistos) quanto os bradizoítos (cistos)
vão se libertar das formas de resistência, penetrar nas células intestinais, vão se reproduzir assexuadamente e dar origem
aos taquizoítos (7), que vão se locomover pelo sangue e linfa, alcançando todo o corpo (8). Alguns taquizoítos vão se
transformar em bradizoítos e nisso vão se formar cistos resistentes ao sistema imune (9).
67
𝑇𝑜𝑥𝑜𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎 𝑔𝑜𝑛𝑑𝑖𝑖
Patogenia
A fase aguda pode ser sintomática ou não. Geralmente são
sintomas inespecíficos (mal-estar, dor de cabeça, mialgia).
@isaeabiomed_
técnicas
parasitológicas
@isaeabiomed_
69
colheita e preservação
da amostra fecal
A maioria dos parasitos intestinais é diagnosticada pelo exame parasitológico de fezes (EPF).
Os estágios usuais de diagnóstico são:
ovos e as larvas de helmintos trofozoítos, cistos, oocistos e esporos de protozoários
A identificação segura e correta de um parasito depende de critérios morfológicos, os quais
estão sujeitos a uma colheita bem feita e uma boa preservação dos espécimes fecais.
Um material fecal inadequadamente colhido, velho ou mal preservado terá pequeno valor para o
diagnóstico. A amostra submetida ao exame deve estar em ótimas condições, deve ser colhida
recentemente, sem contaminação e convenientemente preservada.
Artefatos como fragmentos de alimentos, células vegetais, grãos de pólen, leucócitos, células de tecido animal
e outros presentes nas fezes podem ser confundidos com certas espécies de parasitos. Por isso, o EPF deve ser
cuidadosamente realizado para avaliar características que determinarão o diagnóstico do parasito.
Na colheita da amostra alguns fatores devem ser considerados, como:
O tipo do recipiente (deve ser limpo, seco, de boca larga, com capacidade de 250 mL e
que tenha vedação hermética para impedir derrame e preserve a amostra da umidade);
Idade da amostra (como dito anteriormente, se a amostra estiver velha terá pouco valor diagnóstico);
Drogas ou compostos químicos (podem interferir na realização
dos exames, como os antibióticos que afetam a flora intestinal).
O paciente deve receber instruções para facilitar a colheita.
A colheita pode ser feita por fezes emitidas espontaneamente ou com uso de laxantes (pois em alguns
casos fezes liquefeitas obtidas pela administração de laxantes, são necessárias para estabelecer e
confirmar os diagnósticos de amebíase, giardíase e estrongiloidíase; o uso de laxantes requer
solicitação médica e é indicado nos casos em que uma série de exames for negativa).
Cada amostra deverá conter nome do paciente, nome do médico, data e horário da colheita.
A amostra fecal pode ser submetida ao diagnóstico laboratorial na forma de espécime fresco ou preservado.
O espécime fresco oferece a oportunidade de exame e de avaliação macroscópica de todo o bolo fecal,
enquanto o material preservado fornece somente informações do material submetido ao exame parasitológico.
Para preservar a morfologia dos protozoários e prevenir um contínuo desenvolvimento de alguns ovos e larvas de helmintos,
as amostras fecais que não forem entregues ao laboratório imediatamente após a passagem deverão ser preservadas. Os
espécimes não preservados podem ser temporariamente refrigerados (3°C a 5°C) em recipientes hermeticamente fechados
para evitar o dessecamento e imediatamente após, enviados ao laboratório. Nessas temperaturas os ovos, as larvas e os
cistos mantêm-se viáveis durante vários dias, enquanto as larvas de S. stercoralis e dos ancilostomídeos poderão sofrer
alterações morfológicas. A preservação permanente de trofozoítos, cistos, ovos e larvas é realizada através de vários
preservadores, como formalina, mertiolato-iodo-formaldeído (MIF), acetato de sódio-ácido acético-formaldeído (SAF),
álcool polivinílico (fixador APV), líquido de Schaudinn e fenol-álcool-etílico-formaldeído (PAF).
O uso do micrômetro ocular deve ser uma prática padrão obrigatória no diagnóstico parasitológico. O tamanho
é uma importante característica na identificação de ovos de helmintos, cistos e oocistos de protozoários.
As amostras fecais não preservadas devem ser examinadas macroscopicamente para determinar a consistência, o
odor, a cor, a presença ou a ausência de sangue, de muco, de proglotes e de vermes adultos ou outras condições
anormais. O exame macroscópico sempre antecede o exame microscópico. O material fecal varia quanto a sua
consistência e, geralmente, é classificado em fezes formadas, semiformadas, pastosas ou líquidas (diarréicas).
Os trofozoítos são usualmente encontrados nas fezes líquidas, nas pastosas ou nas mucossanguinolentas, ao passo que os
cistos são diagnosticados nas fezes formadas ou semiformadas. Os ovos e as larvas de helmintos podem estar presentes
em todos os tipos de amostras fecais. As formas móveis de protozoários se degeneram mais rapidamente do que as formas
císticas; por esta razão, é de extrema importância que o estudo dos espécimes fecais seja realizado o mais rápido possível.
As fezes devem ser distribuídas no laboratório quanto a sua consistência. O material fecal líquido ou pastoso deve ser
examinado primeiro, sendo seguido pelos espécimes semiformados e formados. Registrar a presença de sangue e muco nas
amostras fecais, os quais podem indicar manifestações patológicas do trato gastrointestinal. O sangue oculto nas fezes
pode estar relacionado com uma infecção parasitária, ou ser um resultado de outras condições anormais. A ingestão de
diferentes produtos químicos, medicamentos ou alimentos pode atribuir às fezes colorações variadas.
O exame macroscópico pode ser realizado pela simples observação (examinar e revolver com bastão de vidro todo o material
fecal evacuado. Anotar todas as características observadas e coletar os vermes adultos ou proglotes de tênias dejetadas. Usar
luvas durante todas as etapas do procedimento) ou pela tamização (emulsionar as fezes com água e coar a emulsão com peneira
metálica. Este procedimento deve ser realizado em uma pia utilizando-se um jato fraco de água corrente. Vermes adultos, como
Ascaris lumbricoides e Enterobius vermicularis, são encontrados freqüentemente misturados ou na superfície das fezes, como
também as proglotes de tênias), as quais, em muitos casos, são suficientes para estabelecer um diagnóstico final.
@isaeabiomed_
71
exame direto
O exame direto avalia a carga parasitária dos pacientes
infectados proporcionando um diagnóstico rápido dos
espécimes nas infecções maciças, permitindo observar os
trofozoítos vivos dos protozoários. Fundamenta-se na
homogeneização do material fecal em soluções salina e de
iodo (lugol). A amostra utilizada deve ser espécimes fecais
frescos que não tenham sido refrigerados. Os esfregaços
deverão ser examinados sistematicamente e completamente
através da objetiva do microscópio de pequeno aumento
(10X) e a confirmação dos parasitos deve ser realizada com a
objetiva de grande aumento (40X). Quando a solução de
iodo é adicionada às preparações os organismos são mortos
e perdem a motilidade, entretanto o núcleo dos cistos é
realçado. Realizar a morfometria com micrômetro ocular.
@isaeabiomed_
72
método de hoffman, pons e janer
Também é conhecido como Método de Lutz. A técnica se
fundamenta na sedimentação espontânea em água, pela ação
da gravidade. É indicada para pesquisa de ovos e larvas de
helmintos e cistos de protozoários. Apresenta como vantagens:
baixo custo, é utilizada em inquéritos epidemiológicos, usa
poucas vidrarias e não precisa de reagentes nem
centrifugação. Como desvantagem, destaca-se a grande
quantidade de detritos fecais no sedimento, o que dificulta a
identificação dos parasitas nas lâminas.
Amostra
Fezes frescas (material fecal não preservado).
Procedimento
Em um frasco pequeno homogeneizar a amostra fecal e o formol
(ou água) com a ajuda de um palito de madeira (figura 1). Passar o
homogeneizado por uma peneira com gaze dobrada quatro vezes
para um cálice de fundo cônico (figura 2). Por fim, adicionar água
filtrada até completar ¾ do volume do cálice (figura 3). Deixar em
repouso por pelo menos 1 hora. O ideal é que seja por 24 horas.
1 2 3
@isaeabiomed_
73
método de ritchie
Existem algumas variações da técnica de centrífugo-sedimentação.
A técnica de Ritchie se fundamenta na centrífugo-sedimentação em
um sistema formol-éter. É indicada para pesquisa de ovos e larvas
de helmintos e cistos de protozoários. Apresenta como vantagens o
tempo de execução curto, sua boa sensibilidade e a baixa
quantidade de detritos fecais. Como desvantagem destaca-se a
utilização do éter, que é um reagente tóxico.
Amostra
Fezes frescas (material fecal não preservado).
Procedimento @isaeabiomed_
Inicialmente, faz-se o mesmo procedimento da sedimentação
espontânea. Mas ao invés de deixar em repouso, retira-se 2 mL do
homogeneizado com uma pipeta de Pasteur e transfere para um
tubo de centrífuga com tampa (figura 4), onde adiciona-se 4 mL de
éter e homogeneiza por inversão. Levar para a centrífuga por 4
minutos a 1500 rpm. Após a centrifugação observará a formação
de 4 fases no tubo: o sedimento no fundo, seguido pela camada de
formol, tampão de detritos fecais e por último a camada de éter
(figura 5). O conteúdo do tubo é descartado, sobrando apenas o
sedimento, que será ressuspendido com água filtrada. Por fim,
com o auxílio de uma pipeta de Pasteur, coletar uma amostra para
confeccionar a lâmina juntamente com 1 gota de lugol. Colocar a
lamínula e levar ao microscópio para observação.
4 5
74
método de willis
A técnica se fundamenta na flutuação espontânea em
solução saturada de cloreto de sódio (densidade=1,20). É
uma técnica simples indicada para pesquisa de ovos leves.
Ovos pesados podem não flutuar. Não é recomendado para
pesquisa de cistos de protozoários, pois se retraem e ficam
irreconhecíveis. Deve-se ter cuidado com a homogeneização
(se for incompleta, não vai flutuar).
Amostra
Fezes frescas (material fecal não preservado).
Procedimento @isaeabiomed_
Colocar uma quantidade de fezes frescas em um frasco de borel.
Homogeneizar com um pouco de solução saturada de cloreto de
sódio (NaCl) e depois de homogeneizado, completar o frasco até
transbordar e formar um menisco. Colocar uma lâmina sobre a
borda do frasco, de modo que fique em contato com o líquido. A
lâmina deve ficar em contato com o menisco por pelo menos 5
minutos. Depois desse tempo, remover a lâmina e inverter
rapidamente sua posição, de modo que a parte que esteve em
contato com o líquido fique para cima. Adicionar lugol e lamínula
por cima e examinar ao microscópio com objetiva de 10X e 40X.
75
métod0 de faust
A técnica se fundamenta na centrífugo-flutuação em
solução de sulfato de zinco (densidade= 1,18). É uma
técnica indicada para pesquisa de cistos de protozoários e
ovos leves de helmintos. Essa técnica é imprópria para
espécimes fecais que contenham grande quantidade de
gorduras. A solução de sulfato de zinco pode deformar
cistos de protozoários ou ovos de helmintos com casa fina.
Amostra
Fezes frescas (material fecal não preservado).
Procedimento
@isaeabiomed_
76
método de kato-katz
A técnica se fundamenta no esfregaço espesso de material fecal
clarificado pela solução de verde de malaquita glicerinada. É
uma técnica quantitativa, simples e eficiente indicada para
pesquisa de estruturas com envoltório bem marcante e rígido,
como, ovos de 𝑆𝑐ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛𝑖, 𝐴𝑠𝑐𝑎𝑟𝑖𝑠 𝑙𝑢𝑚𝑏𝑟𝑖𝑐𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠, 𝑇𝑟𝑖𝑐ℎ𝑢𝑟𝑖𝑠
𝑡𝑟𝑖𝑐ℎ𝑖𝑢𝑟𝑎, entre outros. Não é recomendada para diagnosticar
larvas de helmintos nem cistos de protozoários. Não é
recomendado o uso de fezes diarreicas nem preservadas.
Amostra
Fezes frescas (material fecal não preservado).
Procedimento
Colocar a amostra fecal sobre um pedaço de papel higiênico.
Comprimir a tela metálica na porção de fezes, fazendo com que
parte passe através das malhas. Retirar as fezes que passaram
pela tela e transferir para o orifício central do cartão colocado
sobre a lâmina de vidro. Depois de encher o orifício central,
remover com cuidado o cartão, deixando as fezes sobre a lâmina.
Cobrir as fezes com a lamínula de papel celofane embebida em
solução de verde de malaquita, inverter para que fique contra a
folha de papel higiênico e pressionar a lâmina sobre o papel.
Deixar a preparação em repouso durante 30 minutos a 34 a 40º
ou à temperatura ambiente por 1 a 2 horas. Examinar ao
microscópio. Para o cálculo é preciso contar o número de ovos
presentes na lâmina e multiplicar pelo fator 24. O resultado será
aproximadamente o número de ovos por grama (OPG) de fezes.
@isaeabiomed_
77
MÉTODO DE GRAHAM
OU DA FITA GOMADA
Consiste em aplicar uma fita adesiva sobre a região perianal. Os
ovos e fêmeas, quando presentes, aderem à superfície adesiva da
fita. Quando essa fita é removida, ela pode ser colada em uma
lâmina e observada ao microscópio. Essa técnica é indicada para o
diagnóstico da enterobíase e, eventualmente, da teníase. Os ovos
são mais facilmente colhidos se o exame for realizado algumas
horas após o paciente ter se deitado, ou pela manhã, antes de
defecar ou banhar-se. A colheita deve ser realizada em dias
consecutivos (no mínimo uma série de 3 a 7 colheitas).
Colocar um pedaço da fita de celofane adesiva e transparente
(fita gomada transparente) em uma lâmina de microscopia.
Colocar etiquetas nas extremidades da fita que excedam o
tamanho da lâmina (A). Para obter a amostra da região
perianal, retirar a fita celofane adesiva da lâmina e fazer com
que esta contorne um abaixador de língua de madeira, ficando a
superfície gomada voltada para fora (B). Pressionar
cuidadosamente a fita adesiva na região perianal (C). Recolocar
a fita de celofane adesiva na lâmina, com a face gomada para
baixo, evitando a formação de pregas ou bolhas (D e E).
@isaeabiomed_
78
MÉTODO DE BAERMANN-MORAES
Essa técnica se fundamenta no termohidrotropismo positivo das
larvas de nematelmintos. Tem o objetivo de concentrar larvas de
nematelmintos (em particular as larvas de 𝑆𝑡𝑟𝑜𝑛𝑔𝑦𝑙𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 𝑠𝑡𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠 ou
Ancilostomideos). As larvas migram para a água a 45º e pela
gravidade se depositam no fundo do funil.
Amostra
Fezes frescas (material fecal não preservado). Fezes
armazenadas sob refrigeração não deverão ser utilizadas.
Procedimento
O aparelho é constituído de funil de vidro ou de plástico, tendo a haste
ligada a um tubo de borracha fechado com uma pinça de Mohr (a). O
conjunto é colocado em suporte apropriado. Colocar sobre o funil uma
tela metálica ou usar um coador de plástico (b). Um pedaço de gaze
dobrada duas vezes é colocado sobre a tela de metal (c). A gaze pode
ser substituída pelo filtro descartável com alça de segurança. Encher o
funil com água corrente, aquecida a 40-45°C. Abrir a pinça de Mohr,
deixando escorrer uma pequena quantidade de água para evitar a
formação de bolhas de ar na haste e no tubo de borracha. Colocar 8 a
10g de fezes, recentemente emitidas, sobre gaze dobrada duas vezes e,
se necessário, juntar mais água, até que as fezes fiquem submersas.
Deixar em repouso durante 2 horas. Abrir a pinça e coletar parte do
líquido em vidro de relógio. Coletar em tubo cônico de centrífuga e
centrifugar. Examinar o sedimento corado com lugol entre lâmina e
lamínula para a identificação das características morfológicas das
larvas e examinar ao microscópio com aumento de 10X e 40X.
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MÉTODO DE RUGAI,
MATOS E BRISOLA
Essa técnica se fundamenta no termohidrotropismo positivo das
larvas de nematelmintos. Tem o objetivo de concentrar larvas de
nematelmintos (em particular as larvas de 𝑆𝑡𝑟𝑜𝑛𝑔𝑦𝑙𝑜𝑖𝑑𝑒𝑠 𝑠𝑡𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠 ou
Ancilostomideos). As larvas migram para a água a 45º e pela
gravidade se depositam no fundo do funil.
Amostra
Fezes frescas (material fecal não preservado). Fezes
armazenadas sob refrigeração não deverão ser utilizadas.
Procedimento
Estender, sobre a abertura de um recipiente contendo fezes, gaze
dobrada duas vezes, e repuxar as extremidades para trás, a fim
de formar uma “trouxinha”. Encher, com aproximadamente 70 a
100ml de água corrente aquecida a 40-45°C, um copo cônico de
sedimentação. Transferir o recipiente com as fezes para o interior
do copo cônico de sedimentação, de modo que o líquido alcance
toda a extensão da abertura do recipiente, cuidando para não
formar bolhas de ar. Deixar em repouso durante 2 horas. Colher
o sedimento, no fundo do copo cônico, com pipeta capilar longa,
colocar sobre a lâmina com lugol e lamínula. Examinar o
sedimento nas objetivas de 10X e 40X.
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TÉCNICA DA GOTA ESPESSA
É uma técnica simples e de baixo custo utilizada para o
diagnóstico de doença de Chagas, malária, leishmaniose e
filariose. O esfregaço espesso deve ser de arredondado a oval
com aproximadamente 2cm de área, ocupando obliquamente
uma extremidade da lâmina. combinação entre o esfregaço
delgado e espesso resulta em melhores resultados. A escolha
da coloração é importante para visualização e identificação/
diferenciação dos hemoparasitas.
Amostra
Procedimento
Colocar em lâmina de microscopia três a quatro gotas de sangue
fresco (a), colhidas por punção venosa ou digital. Com a ponta de
outra lâmina e com movimentos circulares e contínuos, reunir as
gotas, criando uma área de aproximadamente 2cm de diâmetro
(b); continuar com os movimentos circulares, do centro para a
periferia, durante 30 segundos, para evitar a formação de fibrina,
a qual poderá obscurecer as preparações coradas. Terminar os
movimentos circulares no centro do círculo de sangue; por meio
desse procedimento o esfregaço apresenta a borda fina e o centro
espesso (c). Deixar secar à temperatura ambiente e mergulhar a
preparação em água corrente ou em solução salina a 0,85%, para
que se produza a hemólise. Secar à temperatura ambiente e corar.
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xenodiagnóstico ou
método de brumpt
É um método indireto de diagnóstico da doença de Chagas na
fase crônica. Consiste na exposição do paciente com indícios de
infecção por 𝑇. 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑖 às picadas do barbeiro (vetor) para apurar
a possível contaminação. Nesta técnica, os insetos cultivados em
laboratório e livres da infecção sugam o sangue do paciente por
cerca de 20 a 30 minutos (a). A partir da análise dos barbeiros
se verifica a presença ou não do 𝑇. 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑖. Em caso de recusa do
paciente, é possível fazer o xenodiagnóstico artificial (b), onde
colhe-se o sangue do paciente com anticoagulante e oferece aos
insetos através de uma membrana. A multiplicação do 𝑇. 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑖 no
trato digestivo do triatomíneo permite sua detecção nas fezes ou
na urina dos insetos alimentados com sangue do paciente ou de
animais suspeitos após um período de um a dois meses.
a b
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expressão dos resultados
Tem como objetivos fornecer informações úteis ao
diagnóstico, ao tratamento, aos estudos epidemiológicos
e fornecer elementos básicos para corrigir as deficiências
nos programas de profilaxia do meio ambiente.
gênero;
estágio de diagnóstico (ovos,
larvas, cistos, oocistos).
espécie;
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Referências
Parasitologia Humana. 13ª edição. David Pereira Neves.
Parasitologia Clínica. Geraldo Attilio De Carli
Fiocruz
Considerações
Espero que você tenha gostado desse material. Que ele
te ajude e te acompanhe nos seus estudos e revisões da
parasitologia! Qualquer dúvida, comentário ou sugestão
estou à disposição no Instagram e no e-mail. Bons
estudos e conte comigo!
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