BA - Recurso de Apelação - Prescrição Cautelar - JG
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RECIFE PE
Processo nº 0037799-50.2017.8.17.2001
EXEQUENTE: NEUZA DE CASTRO MONTEIRO LOBO e outro
EXECUTADO: BANCO DO BRASIL SA
Informa que deixa de juntar a guia de custas de preparo do recurso, uma vez que
beneficiária da justiça gratuita.
Termos em que,
Pede deferimento.
Processo nº 0037799-50.2017.8.17.2001
EXEQUENTE: NEUZA DE CASTRO MONTEIRO LOBO e outro
EXECUTADO: BANCO DO BRASIL SA
I. DO PREPARO
II. DA TEMPESTIVIDADE
Portanto, este feito, em verdade, tem como origem a Ação Civil Pública nº
1998.01.1.016798-9 (já colacionada aos autos) que tramitou na 12ª Vara Cível do DISTRITO
FEDERAL e TERRITÓRIOS, na qual o INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR – IDEC demandou em face do BANCO DO BRASIL S.A objetivando a
condenação no pagamento das diferenças das correções aplicadas às cadernetas de
poupanças, em virtude do Plano Verão.
Ato contínuo, foi prolatada a sentença, decisão em que o Juízo de origem apontou
a ocorrência de prescrição, extinguindo o feito com resolução de mérito.
O que se verifica de forma clara, e apesar de não agradável aos olhos do Banco
requerido que por sua vez procederá com as mais diversas tentativas de rechaçar a
presente verdade, esta não poderia ser deixada de lado.
O mesmo rigor deve ser observado quando o magistrado estiver convencido de não
adequação ao caso concreto do respectivo “precedente” invocado pela parte, fato processual,
inclusive, já abordado pelo Fórum Permanente de Processualistas Civis - FPPC, que resultou
no enunciado 306, senão vejamos:
1
BUENO, Cassio Scarpinella (Coord.). Comentários ao Código de Processo Civil. Arts. 318 a
538 – Parte Especial. 2017, Saraiva, pg. 435
O precedente vinculante não será seguido quando o juiz ou o
tribunal distinguir o caso sob julgamento, demonstrando,
fundamentamente, tratar-se de situação particularizada por
hipótese fática distinta, a impor solução jurídica diversa.
O ratio decidendi da decisão atacada apenas registra que o Ministério Público não
teria legitimidade para propor a Medida Cautelar de Protesto nº 2014.01.1148561-3 com a
finalidade de obter a “interrupção do prazo prescricional acerca das futuras e possíveis ações
executivas e/ou cumprimentos de sentença dos poupadores, os quais são, de fato, os
legitimados para tanto”.
Mas, como visto, a sentença de mérito não fez o devido enfrentamento da natureza
jurídica da medida cautelar, no sentido de dizer se o tratamento conferido a legitimação para
propositura do cumprimento de sentença genérica deve ser o mesmo para o manejo da
cautelar de protesto, a qual, tem como eficácia a proteção dos interesses individuais
homogêneos, distinto, portanto, do pedido de conteúdo executório, que visa a individualização
do quantum debeatur.
2
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do
último ato do processo para a interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.
3
DIDIER JR, Fredie; ZANETI, Hermes Jr. Curso de Direito Processual Civil. Processo
Coletivo. 11 ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2017, pgs.82/83.
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL COLETIVA.
DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS (DIFUSOS E COLETIVOS) E
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. DISTINÇÕES.
LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ARTS. 127 E 129, III, DA
CF. LESÃO A DIREITOS INDIVIDUAIS DE DIMENSÃO AMPLIADA.
COMPROMETIMENTO DE INTERESSES SOCIAIS QUALIFICADOS.
SEGURO DPVAT. AFIRMAÇÃO DA LEGITIMIDADE ATIVA. 1. Os
direitos difusos e coletivos são transindividuais, indivisíveis e sem titular
determinado, sendo, por isso mesmo, tutelados em juízo
invariavelmente em regime de substituição processual, por iniciativa dos
órgãos e entidades indicados pelo sistema normativo, entre os quais o
Ministério Público, que tem, nessa legitimação ativa, uma de suas
relevantes funções institucionais (CF art. 129, III). 2. Já os direitos
individuais homogêneos pertencem à categoria dos direitos subjetivos,
são divisíveis, tem titular determinado ou determinável e em geral são
de natureza disponível. Sua tutela jurisdicional pode se dar (a) por
iniciativa do próprio titular, em regime processual comum, ou (b) pelo
procedimento especial da ação civil coletiva, em regime de substituição
processual, por iniciativa de qualquer dos órgãos ou entidades para
tanto legitimados pelo sistema normativo. 3. Segundo o procedimento
estabelecido nos artigos 91 a 100 da Lei 8.078/90, aplicável
subsidiariamente aos direitos individuais homogêneos de um
modo geral, a tutela coletiva desses direitos se dá em duas
distintas fases: uma, a da ação coletiva propriamente dita,
destinada a obter sentença genérica a respeito dos elementos que
compõem o núcleo de homogeneidade dos direitos tutelados (an
debeatur, quid debeatur e quis debeat); e outra, caso procedente o
pedido na primeira fase, a da ação de cumprimento da sentença
genérica, destinada (a) a complementar a atividade cognitiva
mediante juízo específico sobre as situações individuais de cada
um dos lesados (= a margem de heterogeneidade dos direitos
homogêneos, que compreende o cui debeatur e o quantum
debeatur), bem como (b) a efetivar os correspondentes atos
executórios. [...] (RE 631.111/GO, Relator o Ministro Teori Zavascki,
Tribunal Pleno, DJe 29/10/14)
É exatamente com fulcro nessa teoria estruturante do direito coletivo que diversos
Tribunais de Justiça corroboram a tese do apelante, conforme segue abaixo a jurisprudência
atualizada da matéria ora debatida:
TJSP
4
GIDI, Antonio. Coisa Julgada e litispendência em ações coletivas. P.20
TRIBUNAL FEDERAL E DO INFORMATIVO Nº 0484 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTICA - ACAO PROPOSTA APOS O PRAZO QUINQUENAL
- EXISTENCIA, TODAVIA, DE CAUTELAR DE PROTESTO INTERRUPTIVO
DO LAPSO PRESCRICIONAL - LEGITIMIDADE ATIVA DO PARQUET PARA
O AJUIZAMENTO DA MENCIONADA MEDIDA CAUTELAR - INTELIGENCIA
DA ALINEA "C", DO INCISO VII, DO ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR
Nº 75/1993 C.C. OS ARTIGOS 82 E 83 DO CODIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR - RECURSO PROVIDO” (TJSP. Recurso de Apelação – Proc.
1131551-24.2016.8.26.0100. Publicado em 06/06/2017. Apelante: Jose
Mamedio Ferreira - Apelado: Banco do Brasil S/A)
TJDF
TJMG
TJES
Não há dúvida que a Medida Cautelar aqui discutida é meio processual adequado.
O caso em tela, indubitavelmente, afeta relação de consumo de grande relevância nacional,
visto que diz respeito à diferença de correção monetária advinda de implementação do
Plano Verão, reconhecida em sentença transitada em julgado (ACP), na qual milhares de
poupadores/consumidores terão seu direito ao ressarcimento prescrito, de modo que é
inegável a legitimidade do Ministério Público para propor a referida medida cautelar.
Além disso, o próprio Código Civil aponta que qualquer interessado poderá dar
causa a interrupção, nos termos do artigo 203.
O artigo 203 mostra que a prescrição pode ser interrompida por qualquer
interessado, no presente caso, a interrupção foi suscitada através da 1ª Promotoria de Justiça
de Defesa do Consumidor (PRODECON), pelo MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO
FEDERAL E TERRITORIOS.
De outra banda, considerando do fato de que o Juiz de Direito da 12ª Vara Cível da
Circunscrição Especial Judiciária de Brasília-DF, recebeu a Medida Cautelar de Protesto
(processo 2014.01.1148561-3) e, reconhecendo o motivo relevante, expediu a notificação, sem
ter resistência do Banco do Brasil, é crível que o melhor entendimento é aquele que firmado na
apreciação do motivo relevante (legítimo) pelo juízo onde fora proposta a medida cautelar.
Insta também salientar a falácia da parte apelada ao dizer que, caso seja acatada a
matéria da interrupção do protesto, estar-se-ia ofendendo a segurança jurídica, ante a
perpetuação dos direitos. Ora, isto não é verdade, pois, em que pese o Código Civil reconhecer
a possibilidade da interrupção, como é o caso do protesto, tal interrupção só possível por uma
única vez, de modo que resta impossibilitada a realização de um novo protesto, ou qualquer
outra causa de interrupção. (artigo 202, inciso II caput).
Desta forma, ante tudo o que foi aqui exposto, necessário se torna a reforma da
sentença de piso para que seja afastada prescrição, haja vista a sua interrupção com a Medida
Cautelar de Protesto nº 2014.01.1148561-3 proposta pelo MPDFT.
Por isso, a Constituição Federal, pelo seu artigo 127, em conúbio com os artigos
1° e 5° da Lei 7.347, consagraram definitivamente a legitimidade ativa do MINISTÉRIO
PÚBLICO para a defesa de interesses transindividuais, sejam eles coletivos, difusos ou,
ainda, os tidos por direitos ou interesses individuais homogêneos tratados coletivamente.
Nota-se que a presente ação tutela beneficia não um único consumidor, mas
todos os consumidores em âmbito nacional que detinham conta poupança as quais não
receberam a correção monetária advinda da implementação do Plano Verão, que
devidamente reconhecido o direito na sentença da Ação Civil Pública 1998.01.1.016798-9.
Termos em que,
Pede deferimento.