Colibacilose

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Brazilian Journal of Development 99696

ISSN: 2525-8761

Colibacilose Aviária: Revisão de Literatura

Avian Colibacillosis: Literature Review


DOI:10.34117/bjdv7n10-332

Recebimento dos originais: 07/09/2021


Aceitação para publicação: 25/10/2021

Karolyna Mattes Maiorki


Graduanda em Medicina Veterinária
Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR
Rua Maria José Nogueira, 989 - Jardim Coopagro – Toledo – Paraná - Brasil
E-mail: karol.mattes@hotmail.com

Nelson Massaru Fukumoto


Curso de Medicina Veterinária
Professor Doutor - Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUCPR
Campus Toledo – Paraná - Brasil
Avenida União 500, Vila Becker – Toledo – Paraná - Brasil
E-mail: nelson.fukumoto@pucpr.br

RESUMO
A indústria avícola segue crescendo no Brasil e conforme ocorre o aumento da produção
e do consumo da carne de frango, ocorre também o aumento da preocupação com saúde
e bem-estar dos animais. A prevenção de doenças e controle de microrganismos são
cuidados que devem crescer juntamente com a produção. Dentre diversos patógenos
importantes na avicultura, a Escherichia coli é um dos principais, podendo atuar tanto
como agente primário como secundário. Essa infecção causada pela APEC ocorre através
da inalação de aerossóis que contém a bactéria, podendo ocasionar uma infecção leve,
causando uma diarreia fétida, amarelada e pastosa, ou pode ocorrer de forma aguda, tendo
uma rápida evolução, atingindo vários órgãos, causando colisepticemia, podendo levar a
morte rapidamente. A perdas se devem tanto a condenações nos abatedouros, de carcaça
e de vísceras, quanto a elevada mortalidade, custos com tratamento, diminuição da
conversão alimentar e intensificação de doenças respiratórias causadas por outros
agentes. Alguns fatores podem levar ao agravamento do quadro por comprometerem a
reparação epitelial e deprimirem as defesas locais, sendo esses: estresse, poeira,
concentração de gases, doenças intercorrentes respiratórias e imunossupressoras, que
facilitam a instalação de agentes secundários como a Escherichia coli. Diversas amostras
de E.coli de origem aviária, vem apresentando resistência múltipla aos antimicrobianos,
devido a isso os probióticos, prebióticos e óleos essenciais vem se tornando boas
alternativas, pois atuam no equilíbrio e restauração da microflora intestinal.

Palavras-chave: Avicultura, Escherihia coli, APEC, colisepticemia.

ABSTRACT
The poultry industry continues to grow in Brazil and as the production and consumption
of chicken meat increases, there is also an increase in concern with the health and welfare
of animals. The prevention of diseases and control of microorganisms are precautions that
must grow along with production. Among several important pathogens in poultry

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farming, Escherichia coli is one of the main ones, which can act as both a primary and
secondary agent. This infection caused by APEC occurs through the inhalation of aerosols
that contain the bacteria, which can cause a mild infection, causing a fetid, yellowish and
pasty diarrhea, or it can occur acutely, having a rapid evolution, reaching several organs,
causing colisepticemia, it can lead to death quickly. The losses are due both to
condemnations in slaughterhouses, carcasses and viscera, as well as high mortality,
treatment costs, reduced feed conversion and intensification of respiratory diseases
caused by other agents. Some factors can lead to worsening of the condition by
compromising epithelial repair and depressing local defenses, such as: stress, dust, gas
concentration, respiratory and immunosuppressive intercurrent diseases, which facilitate
the installation of secondary agents such as Escherichia coli. Several samples of E. coli
from avian origin have been showing multiple resistance to antimicrobials, because of
this, probiotics, prebiotics and essential oils have become good alternatives, as they act
in the balance and restoration of the intestinal microflora.

Key-words: Poultry, Escherihia coli, APEC, colisepticemia.

1 INTRODUÇÃO
A indústria avícola tem grande importância e segue crescendo no Brasil,
caracterizada por ter um rápido ciclo produtivo e ser uma proteína de baixo custo acaba
por atrair muitos consumidores. O bom resultado dessa produção se dá ao uso da inovação
e da tecnologia, controle das condições sanitárias no processo de criação e melhoramento
das linhagens, fazendo com que esses animais começassem a alcançar o peso desejável
em um menor espaço de tempo (RODRIGUES et al., 2014).
No cenário mundial, o país ocupa a liderança na exportação e a terceira posição
da produção de carne de frango, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China,
produzindo no total, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, 13,845 milhões
de toneladas no ano de 2020 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL
– ABPA, 2021). Desse total, 69% são destinados ao mercado interno e 31% ao externo,
exportando aproximadamente 4,23 milhões de toneladas no último ano.
Nos anos de 2016 a 2018, o Brasil atingiu o segundo lugar na produção mundial
de carne de frango, devido a influenza aviária que afetou a avicultura chinesa, fazendo
com que o país tivesse uma queda de cerca de 15% da sua produção. Após o surgimento
da Peste Suína Africana na China, aumentando a produção em 18%, o país retornou ao
segundo lugar no ranking mundial. O Paraná é o estado que mais abate frango no país,
sendo responsável por 35,47% dos abates (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
PROTEÍNA ANIMAL – ABPA, 2021).
Conforme ocorre o aumento da produção e do consumo da carne do frango, ocorre
o aumento também da preocupação com saúde e bem-estar desses animais. A prevenção

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de doenças e o controle de microrganismos são cuidados que devem crescer junto com a
produção, devido ao fato de ser uma criação intensiva e de alta densidade. Dentre diversos
patógenos responsáveis por causar infecções na avicultura, a Escherichia coli é um dos
principais, sendo que este pode atuar tanto como agente primário como secundário,
trazendo consigo grandes perdas econômicas (GOMES; MARTINEZ, 2017).
Essa infecção causada pela APEC (E. coli patogênica para aves) caracteriza-se por
uma doença sistêmica, que tem início no trato respiratório evoluindo para septicemia, e
denomina-se colibacilose avícola. A perdas se devem tanto a condenações nos
abatedouros, de carcaça e de vísceras, quanto a elevada mortalidade, custos com
tratamento, diminuição da conversão alimentar e intensificação de doenças respiratórias
causadas por outros agentes. As principais alterações causadas pela E. coli são
respiratórias, como aerossaculite, sendo o sinal mais característico, que são responsáveis
por constantes condenações durante o abate (ROCHA, 2013).
As cepas APEC vêm apresentando resistência a antibióticos, sendo que esse fato
pode ser agravado dado a que a E. coli tem a capacidade de transferir resistência para
outros membros da família Enterobacteriaceae, a qual pertence, o que acaba por dificultar
o tratamento. Portanto a melhor solução ainda consiste no controle e prevenção para se
garantir a sanidade e bem-estar das aves (GOMES; MARTINEZ, 2017).

2 ETIOLOGIA
A colibacilose é uma doença comum na avicultura, responsável por apresentar
uma infecção localizada ou sistêmica, causada por uma bactéria gram negativa, anaeróbia
facultativa, não formadora de esporos, fermentativa, denominada de Escherichia coli,
pertencente a família Enterobacteriaceae. Essa bactéria faz parte da microbiota entérica
das aves, ocorrendo a colonização logo após o nascimento (SANTOS; LOVATO, 2018).
A temperatura ideal para crescimento da bactéria é de 37°C, podendo ter bom
crescimento em temperaturas entre 18° a 44°C (ROCHA, 2017). Existem diferentes cepas
de E. coli, que são divididas de acordo com as diferentes síndromes e sinais clínicos
causados, sendo essas enteropatogênicos (EPEC), enterotoxigênicos (ETEC),
enteroinvasivos (EIEC), enterohemorrágicos (EHEC), difusamente aderente (DAEC),
meningite (NMEC), uropatogênicos (UPEC) e E. coli patogênica para aves (APEC). A
colibacilose em aves apresenta principalmente lesões extraintestinais, chamada de E. coli
patogênicas extraintestinais (ExPEC) (SILVA, 2015).

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A APEC é considerada como o patógeno de maior importância na avicultura em


todo o mundo, pode atuar como agente primário ou secundário e é responsável por causar
diferentes quadros infecciosos, podendo afetar diferentes órgãos da ave (GUASTALLI;
SOARES, 2011). Quando ocorre infecções primárias por agentes responsáveis por causar
lesões no trato respiratório superior, como o vírus da doença de Newcastle ou da
Bronquite infecciosa ou mesmo cepas de Mycoplasma gallisepticum, esses contribuem
para o desenvolvimento da colibacilose, devido destruição da integridade das barreiras
das vias respiratórias superiores, além de que a poeira e amônia também favorecem a
infecção (ROCHA, 2017).
A infecção geralmente ocorre através da inalação de aerossóis que contém a
bactéria, podendo ocasionar uma infecção leve, causando uma diarreia fétida, amarelada
e pastosa, ou pode ocorrer de forma aguda, tendo uma rápida evolução, atingindo vários
órgãos, podendo levar a morte rapidamente. A maioria das cepas não são consideradas
patogênicas, mas algumas são responsáveis por produzir infecções extraintestinais. Os
sorotipos mais importantes para aves são O1, O2, O5, O11 e O78 (ROCHA, 2017).
A estrutura da E. coli patogênica para aves (APEC) é composta de segmentos
antigênicos que contribuem para a diferenciação sorológica dos sorotipos de E. coli,
baseada na identificação dos antígenos flagelares (H), capsulares (K), somáticos (O) e
fimbrias (F) (ROCHA, 2013).
O antígeno K é um polissacarídeo capsular, este possibilita a resistência ao sistema
complemento. O antígeno somático O ou lipopolissacarídeo (LPS), está relacionado com
a liberação de endotoxinas durante a multiplicação ou destruição do microrganismo. O
antígeno fimbrial F confere especificidade de aderência de E.coli nos tecidos e órgãos do
hospedeiro e o antígeno flagelar H está envolvido com a movimentação da estirpe pela
presença de flagelos (ALMEIDA et al, 2016).
Um dos eventos iniciais da infecção consiste na adesão, sendo que a maioria das
estirpes de E. coli apresenta algum tipo de mecanismo de aderência. Existem as adesinas
fimbriais e afimbriais e ambas estão relacionadas com a invasão de APEC ao hospedeiro.
A ausência do mecanismo de aderência diminui significativamente o grau de
patogenicidade do patógeno. A adesão inicial ao trato respiratório é mediada por adesinas
fimbriais (Vidotto et al., 1997; La Ragione & Woodward, 2002).

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3 PATOGENIA
A colibacilose é resultado da interação e alteração do equilíbrio entre bactéria,
hospedeiro e meio ambiente. A principal porta de entrada do agente é o trato respiratório
superior, por inalação de aerossóis contendo a bactéria, onde vai ocorrer a aderência
através do antígeno fimbrial (F) do agente às células ciliadas do epitélio da faringe e
traqueia do hospedeiro, multiplicação e passagem para a corrente sanguínea
(colisepticemia), ocorrendo disseminação para sacos aéreos e outros tecidos como fígado,
coração e pulmão, e quanto ao antígeno capsular (K), vai promover a resistência ao
Sistema Complemento (SANTOS; LOVATO, 2018).
A disseminação do agente ocorre através do contato de outras aves com as
secreções das aves contaminadas, ou pela ingestão de água ou ração contaminadas.
Permanecem no ambiente por longos períodos, podendo ter o roedor como transmissor,
além de moscas, ácaros e cascudinho serem importantes fontes de infecção
(CAMARGOS, 2021).
A transmissão de forma vertical é considerada de importância nos incubatórios,
ocorrendo por meio dos poros da casca do ovo, devido a proximidade das membranas do
saco aéreo abdominal esquerdo com o oviduto, podendo ocorrer também pela migração
da bactéria a partir da cloaca de forma ascendente. Esse embrião pode apresentar
septicemia e crescimento deficiente caso ele sobreviva nos primeiros dias (SILVA, 2016).

4 SINAIS CLÍNICOS
A mortalidade das aves doentes é variável, devido a fatores como idade,
imunocompetência, patógenos agravantes e patogenicidade do agente. Diferentes quadros
anatomopatológicos desenvolvidos podem ter relação com a via de infecção, condições
ambientais e de manejo, características de virulência das cepas e sistema imunológico do
hospedeiro (ALMEIDA et al, 2016).
A colibacilose pode estar associada a quadros como colisepticemia, peritonite,
pneumonia, pleuropneumonia, celulite, DCR (Doença crônica respiratória), onfalite,
salpingite, síndrome da cabeça inchada, pnoftalmia, osteomielite, sinovite e artrite.
Também pode ser encontrado aerossaculite, perihepatite e pericardite, com opacidade e
deposição de fibrina no fígado e sacos aéreos (GOMES; MARTINEZ, 2017).

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4.1 ONFALITE
A onfalite se caracteriza por uma parede de saco gema edemaciada, com coloração
castanha do conteúdo, com massas caseosas presentes, e ocorre devido a penetração de
E.coli através da casca do ovo, seja pela presença se fezes ou por aves reprodutoras
contaminadas (FERREIRA; KNÖBL, 2009; FERREIRA et al., 2009).

4.2 SÍNDROME DA CABEÇA INCHADA


Doença causada por um vírus denominado de Pneumovírus Aviário, caracterizada
por edema facial, encontrado com maior frequência em frangos com idade entre 4 e 6
semanas. O vírus entra pelo trato respiratório, infecta as células epiteliais ciliadas dos
condutos nasais, laringe e traqueia, no citoplasma o vírus se replica, atingindo a corrente
sanguínea levando a perda da atividade ciliar. Esse momento predispõe a entrada da E.
coli no tecido subcutâneo, sendo favorecida se houver acúmulo de muco na região nasal.
(RISTOW, 2017).
Alguns fatores podem levar ao agravamento do quadro por comprometerem a
reparação epitelial e deprimirem as defesas locais, sendo esses o estresse, poeira,
concentração de gases, doenças intercorrentes respiratórias e imunossupressoras, que
facilitam a instalação de agentes secundários como a Escherichia coli. (RISTOW, 2017).
A síndrome da cabeça inchada apresenta como achados macroscópicos face
edemaciada com presença de celulite no tecido subcutâneo da cabeça, além de presença
de exsudato caseoso com coloração amarelada no espaço aéreo dos ossos do crânio
(BARNES et al., 2008; FERREIRA; KNÖBL, 2009).

4.3 DOENÇA RESPIRATÓRIA CRÔNICA


Já a doença respiratória crônica tem por característica o desenvolvimento de
processos septicêmicos. Observa-se a presença de traqueite, aerossaculite, pericardite e
perihepatite. Sendo que em casos mais graves podem ocorrer pneumonia,
pleuropneumonia e peritonite (ALMEIDA et al, 2016).
Em algumas necrópsias, as aves podem apresentar fígado aumentado de volume,
com presença de pontos branco amarelados ao nível do fígado (figura 1) ou a presença de
um exsudato fibrino caseoso cobrindo a cápsula hepática, que também é indicativo de
colibacilose associada a doença respiratória crônica (LÚCIO, 2016).

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Figura 1- (A) Fígado moderadamente aumentado de tamanho com pontos esbranquiçados de 1 a


5mm, firmes, multifocais a coalescentes com aspecto estrelado, na superfície capsular. (B) Fígado
severamente aumentado e padrão lobular evidente.

Fonte: CASAGRANDE et al (2017, p.952)

4.4 SALPINGITE
Uma inflamação do oviduto, mais frequentemente observada em galinhas
poedeiras que em frangos de corte. A infecção se dá através da ascensão da bactéria da
cloaca ao oviduto, resultando na queda de produção de ovos. (ALMEIDA et al, 2016).
Em frangos de corte pode ocorrer associada a lesões sistêmicas, ou ao comprometimento
inicial dos sacos aéreos abdominais (BORGES, 2006).

4.5 CELULITE
A celulite aviária ocorre principalmente em frangos de corte de criação intensiva,
ocorrendo uma reação inflamatória difusa no subcutâneo, podendo se estender ao tecido
muscular. Ocorre principalmente na região abdominal, contendo acúmulo de exsudato
caseoso. (ALMEIDA et al, 2016).
Não ocorres sinais clínicos evidentes ou mortalidades, mas é responsável por
importantes perdas econômicas, já que resulta na condenação parcial ou completa das
carcaças em abatedouros, além de reduzir a velocidade no processamento para que seja
removido as partes afetadas (BARBIERI, 2010).

4.6 COLISEPTICEMIA
A infecção sistêmica causada por E. coli é denominada colisepticemia. Após a
colonização do trato respiratório, as bactérias entram na circulação sanguínea e invadem
órgãos tais como o fígado e baço. A septicemia frequentemente gera a morte do animal
(ROCHA, 2013).
Alguns achados macroscópicos da colisepticemia consiste na deposição de
material úmido, granular, com aspecto de coalhada e odor característico nos sacos aéreos,

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pericárdio e superfície do fígado das aves com septicemia por infecções de APEC
(ALMEIDA et al, 2016).
Ocorre também sinais clínicos inespecíficos que são responsáveis por causar
prejuízos econômicos, dentre esses podemos citar o aumento da mortalidade e da
conversão alimentar, sonolência ou prostração, queda no consumo de ração e do ganho
de peso, baixa uniformidade do lote, aumento de refugos e diarreia. Aves jovens são mais
suscetíveis e tendem a desenvolver quadros mais severos da doença (GOMES;
MARTINEZ, 2017).

5 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico confirmatório é realizado através do isolamento e identificação de
E.coli patogênica das amostras de órgãos e tecidos das aves com sinais clínicos, sendo
possível identificar genes associado a patogenicidade através de técnicas de biologia
molecular, possibilitando a identificação de isolados de APEC. Porém os fatores de
virulência que mais correlacionam a patogenicidade são os sorogrupos e a resistência
sérica (FERREIRA e KNOBL, 2009).
A bactéria cresce rapidamente em meios simples como MacConkey, formando
grandes colônias vermelhas. Outras características úteis na identificação são: ndol
positivo, teste negativo para produção de urease e sulfeto de hidrogênio e falha em utilizar
citrato como única fonte de carbono (GOMES; MARTINEZ, 2017). As colônias
formadas em meios de cultivo sólidos são lisas, convexas, brilhantes e com bordas
regulares (BARBIERI, 2010).
Realiza-se o diagnóstico diferencial, já que pode-se encontrar lesões semelhantes
a outras enfermidades como micoplasmose, clamidiose, pasteurelose, Salmonelose entre
outros, incluindo alguns vírus (GOMES; MARTINEZ, 2017).

6 TRATAMENTO
Um meio para se reduzir o impacto causado por essa doença, é a utilização de
antibióticos e quimioterápicos. Estudos mostram que diversas amostras de E.coli de
origem aviária, apresentam resistência múltipla aos antimicrobianos. A utilização de
antibiograma é uma ferramenta importante para escolher o medicamento a ser utilizado
(CAMARGOS, 2019).
Alguns antimicrobianos que podem ser utilizados para tratamento são,
tetraciclina, cloranfenicol, ampicilina, neomicina, nitrofuranos, gentamicina

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sulfa/trimetropim, ácido nalidíxico, espectinomicina, sulfas e fluoroquinolonas. É


indicado que seja realizado o antibiograma e observação dos resultados a campo no
momento da seleção (BACK, 2010).
A restrição ao uso de antibióticos na produção é uma das medidas tomadas para
que diminuam as taxas de resistência bacteriana, já que o uso indiscriminado pode
aumentar o número de genes resistentes desenvolvidos pela E.coli, podendo ser
compartilhado com outras bactérias dentro das granjas, o que dificulta o controle das
mesmas (FERREIRA e KNOBL, 2009).
Além de que a procura por proteína de origem animal sem uso de medicamento
vem crescendo, sendo assim, algumas empresas optam por criar programas de controle e
restrição do uso de antibióticos (CAMARGOS, 2019).
Os Probióticos, prebióticos e óleos essenciais vem se tornando boas alternativas, pois
atuam no equilíbrio e restauração da microflora intestinal. Enquanto os probióticos são
microrganismos vivos, que quando ingeridos melhoram o equilíbrio microbiano
intestinal, competindo com patógenos, estimulando o sistema imune do hospedeiro, O
prebiótico é um alimento das bactérias ou cepas fúngicas consideradas benéficas ao
intestino, que não são digeridos pelo hospedeiro. Esses favorecem o crescimento das
bactérias benéficas que competem com bactérias patogênicas no intestino (POINTS et al.,
2014).

7 PREVENÇÃO E CONTROLE
O controle e prevenção da colibacilose é de suma importância, já que a maioria
das infecções são causadas por falhas de manejo, estresse e outras enfermidades que
atuam concomitantemente. Deve-se controlar a qualidade microbiológica das rações,
tendo restrições no uso de antibióticos e promotores de crescimento, deve-se elaborar
boas práticas de fabricação, tratamento térmico, aquisição de ingredientes de qualidade e
local de armazenagem para se ter sucesso no controle de microrganismos na ração
(GOMES; MARTINEZ, 2017).
Realizar a manutenção do ambiente, evitando deficiência na ventilação, reduzindo
gases como CO2, amônia e a poeira em suspensão, cama de boa qualidade, manter um
correto vazio sanitário entre os lotes, realizando limpeza e desinfecção dos aviários,
assegurando a saúde e bem-estar das aves. Utilizar probióticos, cloração da água e
peletização das rações, controlar a movimentação de aves silvestres como aves
migratórias, pombos e outras aves domésticas, pois podem ser portadoras do agente, se

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tornando fonte de infecção. Essas medidas fazem com que os resultados sejam
maximizados reduzindo perdas ocasionadas por enfermidades (CAMARGOS, 2019).
Para a prevenção da colibacilose aviária, existem bacterinas e vacinas vivas
modificadas, no entanto, com a falta de proteção cruzada entre os sorotipos existentes,
acaba-se tornando um fator limitante para o uso extensivo na indústria avícola (GOMES;
MARTINEZ, 2017).

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visto que o Brasil é um importante produtor e exportador de carne de frango no
mundo, deve-se manter um padrão de qualidade na produção, visando sempre a sanidade.
As Infecções por E. coli são responsáveis por causar perdas econômicas
significativas, tanto em abatedouros, devido aos diferentes quadros anatomopatológicos
apresentados, como aerossaculite, quanto no campo, devido a um aumento da mortalidade
e queda em ganho de peso desses animais. A resistência a antibióticos por esses patógenos
vem gerando uma preocupação e obrigando a escolha de novas alternativas para combater
a enfermidade, como probióticos, prebióticos e óleos essenciais. A manutenção do
ambiente, o manejo, são ferramentas essenciais para que se tenha um controle e prevenção
da enfermidade, maximizando assim a produção e os resultados obtidos, elevando índices
zootécnicos, visando sempre o bem-estar animal.

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